os desafios da escola pÚblica paranaense na … · cristo, a passeata do dia pátria, o futebol,...

16
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

Upload: truongkhuong

Post on 07-Feb-2019

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

[Digite aqui]

A ARTE POPULAR BRASILEIRA DE ANTÔNIO POTEIRO: VIVÊNCIAS EM SALA DE AULA

Rosimar RECHE 1

Carmen Fabiana BETIOL2

RESUMO

O tema desse artigo denominado “A Arte Popular Brasileira de Antônio Poteiro: Vivências em sala de aula” foi elaborado tendo como referência projeto anterior, com a mesma identificação, onde se indicava uma ação pedagógica para a área de educação artística no Colégio Estadual Unidade Polo de Arapongas-Paraná, com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental do período vespertino. Nesse artigo, em face desse conhecimento anterior, está explicito, como finalidade, registrar aspectos indispensáveis sobre a linguagem da arte e a cultura popular desenvolvida por um artista brasileiro. Mediante o acima descrito se considera que, para o conteúdo desse artigo, foi necessário optar pela inclusão de: um breve conhecimento do artista e suas obras, organizando uma Unidade Didática onde se destacam os procedimentos adequados para o desenvolvimento da prática de educação artística. A Unidade Didática foi construída a partir da exploração do conhecimento e valorização da arte popular produzida por Antônio Poteiro; a relação desse conhecimento com valores e costumes da vida cotidiana dos alunos participantes da proposta educacional; o entendimento do estudo sobre a vida de um artista popular mediante a observação de suas esculturas, pinturas e cerâmicas caseiras, preservadas em muitas cozinhas mineiras. Na prática pedagógica para o ensino da linguagem da arte no espaço foi necessário realizar a integração do conhecimento visando conteúdos que pudessem oportunizar o acesso cultural relacionado ao cotidiano.

Palavras-Chave: unidade didática, linguagem artística, obras de arte, teoria; Antonio Poteiro.

1 INTRODUÇÃO

A organização de uma proposta de estudo sobre a linguagem da arte para

alunos do 9º ano se caracterizou como uma unidade didática que reflete a ação do

professor quanto à organização do tema que pretende desenvolver junto com os

alunos.

Uma ferramenta desafiadora para se trabalhar a linguagem da arte, na

formação educacional de alunos, é utilização de elementos para desenvolver a

percepção, o sentimento e as vivências que elas possam despertar. Compreende-se,

então, que a função básica da arte é a expressão e comunicação do que representa o

que diz respeito ao convívio sociocultural. O professor deve preparar um programa e

instigar seus alunos quanto a produção e construção de atividades artísticas que eles

[Digite aqui]

podem desenvolver. Isso é explorar o ato do fazer artístico de cada aluno. (BEDIN e

BINOTTO)

Assim, as aulas relacionadas às artes como pintura, leitura, cerâmica, etc,

devem ser direcionadas com a organização de propostas de atividades que estimulem,

incentivem e levem o aluno a pesquisar e coletar dados.

E partindo daí, exercitem a percepção, observação, experimentação e

imaginação. Quanto maior o número de informações e vivências sobre suas produções

elas podem tornar mais ricas os formatos de desenhos, pintura e modelagem.

Bedin e Binotto colocam que:

Quando uma pessoa pinta, desenha ou cria uma escultura, organiza espaços, define formas, compõe planos, escreve sua história, enfim, produz artisticamente, estrutura e articula o sentir e o pensar, por meio da construção visual. Nesse processo, estão presentes o conhecimento e a leitura dos elementos visuais, a organização e a ordenação do pensamento, a significação, a construção da imagem, a história pessoal e social de vida. Neste sentido, ressalta-se o fato de que as histórias pessoais são diversas, sendo também diversas as possibilidades de construção e expressão dessas manifestações visuais no processo educacional”.

A citação do autor acima interpreta as características das artes – a pintura, o

desenho, a criação de uma escultura. Para realizar uma obra de arte seja visual,

musical, de criação de uma escultura ou da escrita de livros ou poemas o artista

prepara e organiza espaços, escolhe as formas planeja, e registra nas artes a sua

história.

É no processo de criação que se organizam os pensamentos e se constroem os

significados. Na realidade o artista escreve, de maneiras diversas, a sua história

pessoal que em cada obra sua está impressa. E com suas obras ele encanta o mundo.

Considerando os aspectos acima relacionados foi elaborada uma unidade

didática na área da leitura sobre educação artística se caracterizando pelo trabalho

conjunto entre alunos e professor, visando a apropriação da teoria, linguagem da arte e

cultura popular do artista Antônio Poteiro, discutindo o valor de suas obras e

procurando identificar nelas o cotidiano os valores e costumes da vida real.

Para a obtenção de resultados significativos foram organizadas oficinas de

discussões em aula onde foram abordados os conhecimentos e noções sobre o

[Digite aqui]

entendimento da teoria artística e da pratica, entre o saber e o fazer, e como

compreender a linguagem artística das obras produzidas por Antônio Potreiro.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Um referencial teórico registra o conhecimento disponível na vasta bibliografia

que vem sendo armazenada pelos seres humanos desde os primórdios da civilização.

Na história remota da humanidade o homem vem criando artefatos, instrumentos e

códigos de linguagens e sempre transmitiu tais saberes aos demais grupos humanos.

Esses grupos, por sua vez, criaram novos formatos sobre o conhecimento e os

saberes mais antigos foram preservados pela memorização e transmissão dos mesmos

aos demais grupos humanos. É evidente que o conhecimento disponível, a manutenção

do cuidado com o interesse a preservação da memória da humanidade e como isso

deveria ser processado estabeleceu um vínculo permanente com a educação. Uma vez

que as civilizações continuam a produzir saberes diversificados em todas as áreas do

conhecimento, se considera importante responder á seguinte indagação: Todo esse

processo de preservação, assim então memorização e transmissão da memória coletiva

de grupos humanos constitui o que na atualidade se denomina cultura? Para entender

esta questão, assim então se percebe que a cultura de um povo envolve a arte

também. Elas guardam as características dos artistas que, em seu tempo, pelas obras

de arte que produziram ou vão produzir, se constituem num patrimônio artístico, pois

são um legado da humanidade.

No contexto escolar é imprescindível entender o papel significativo da arte

como elemento indispensável para que o processo educacional possa tornar os alunos

interessados em arte, como exercício de uma disciplina aliada à educação e como

proposta pedagógica necessária à qualidade de conhecimento e vida para toda a

turma.

Para Duarte Junior (1995):

arte-educação não significa o treino para alguém se tornar artista, não significa a aprendizagem de uma técnica, num dado ramo das artes. Antes, quer significar uma educação que tenha a arte como uma das suas principais aliadas. (DUARTE JUNIOR, 1995, p. 12)

[Digite aqui]

Nesta citação o autor explica o significado da arte na área educacional. Se

percebe que, para ele, a arte não pretende ser uma técnica diferenciada no contexto

escolar, nem busca encontrar nos alunos artistas. Na realidade se deseja que a arte se

torne uma aliada importante de todo o processo educacional num exercício coletivo de

promover a educação.

Esse autor, na mesma época (1995, p.111), afirmou que: “o ponto fundamental

da arte para crianças, é que ela constitui muito mais numa atividade, num fazer, do que

num objeto a ser fruído e ela têm importância na medida em que constitui uma ação

significativa”. Assim o autor nos faz refletir as crianças nas aulas de arte podem

desenvolver atividades que adquirem importância quando se tornam ações que trazem

para elas algum significado, integrando a aprendizagem coletiva. Nesse aspecto do

pensamento ou possibilidades nas aulas, se promova o diálogo com os alunos para

que, havendo onde o objetivo não esteja centralizado em fazer um trabalho artístico,

mas sim, que as atividades sejam ações comprometidas com o conhecimento

conectado com a realidade social de outras as disciplinas e, especialmente, da arte.

2.1 Cultura Popular

Como se pode conceituar o que é cultura?

A cultura é conceituada “como tudo que resulta da criação humana”.

(PIMENTEL, 2009)

Esse conceito reflete o cuidado com o que se refere aos interesses dos seres

humanos seja, material ou imaterial. A preservação material inclui objetos

confeccionados com materiais diversos, produtos de uso geral vários tipos de

instrumentos. Já a preservação imaterial abriga linguagens, ideias, produções artísticas

símbolos, valores, pensamentos, religiões, costumes, instituições. Ambos os resultados

preservados material e imaterial - fazem parte da cultura.

A cultura nos dias de hoje se subdivide em duas vertentes:

A cultura erudita que pode se representada pela produção acadêmica e

que tem suas raízes no sistema educacional, especialmente na

universidade e é fruto de um pequeno número de intelectuais.

[Digite aqui]

Cultura popular que tem requisitos afetos à tradição o que lhe dá uma

característica conservadora. Mas, ao mesmo tempo, ela inova pela

inclusão de elementos mais atuais e modernos. Independente de

qualquer de uma dessas vertentes a cultura tem um espaço essencial

entendido como “o cultivo do espírito” e sua subjetividade. (PIMENTEL

et all, 2009, pgs.12, 13 e 15)

Marilene Chauí define a cultura popular como o cultivo da verdade e beleza. O

artista identifica a verdade naquilo que produz como arte e a leveza das peças mais

delicadas, alegres e coloridas, impregnadas da natureza do que é mais sagrado. Ela é

“cultivada para a verdade e a beleza inseparáveis da natureza e do sagrado”. (CHAUÍ

1986, p.11)

Arantes considera que o conceito de cultura popular tem movimentos e forças,

diferentes entre si e por isso permitem uma visão ampla em sua concepção. Arantes

(1990,p .7) descreve que a expressão cultura popular remete a “pontos de vista que vão

desde a negação (implícita ou explícita) de que os fatos por ela identificados contenham

alguma forma de “saber”, até o extremo de atribuir-lhes o papel de resistência contra a

dominação de classe.” (ARANTES, 1990 in FREITAS, 2012)

O conceito de cultura popular pontua ou nega, com clareza ou não, que é

possível expressar diversos aspectos que podem representar saberes humanos ou

apenas se identificar com aspectos negativos das vivências observadas. Nesta

perspectiva a cultura popular busca resistir à dominação observada nas classes sociais.

Para Arantes cultura é um processo dinâmico. Ele menciona que no Dicionário

Brasileiro da Língua Portuguesa de A. Buarque de Hollanda, cultura é “saber, estudo,

elegância, esmero”. Essa menção, contida no Dicionário expressa de forma abrangente

o que o termo cultura reflete o conhecimento adquirido pela busca e estudo, a leveza

elegante encontrada no traço de uma pintura, o som divino de uma música e a

perfeição de uma obra de arte. (ARANTES, 1990, pg.10)

2.2 Arte Popular

[Digite aqui]

A arte popular brasileira, ou seja, os costumes, as religiões (procissões, missas,

batismo, vivencia da fé, outros.), festas (carnaval, festas juninas. Pascoa, natal,

outros.), ritos (procedimentos que sustentam eventos como a comunhão, a paixão de

Cristo, a passeata do dia pátria, o futebol, as roupas e comidas típicas, etc.) e a tal

organização, assim servem de inspiração e são revelados, por meio destes temas, os

artistas populares se tornam um espaço complexo e dinâmico. As obras são produzidas

em todas as regiões do Brasil. Os autores utilizam materiais que têm à mão, como barro

ou madeira, e ainda outros, como areia, palha, contas, tecidos e penas de aves.

(MASCELANI, 2011, pg. 1)

“Para muitas pessoas, prestar atenção nos diversos estilos, cores e materiais que compõem as obras dos artistas populares pode descortinar um mundo de arte desconhecido. Conhecer essa produção também é conhecer melhor o Brasil e os brasileiros. E significa, sobretudo, empreender uma fascinante aventura pelos caminhos da imaginação humana.” (MASCELANI, 2011, p.1)

As obras de arte popular se caracterizam pela grande diversidade que

apresentam. Elas podem estar registradas em objetos comuns, nas paredes de ruas

com (grafites), e em tantas outras formas que podem ser consideradas como arte

popular. Ao conhecer a arte popular brasileira se vive uma aventura, sem igual na trilha

do imaginário dos seres humanos, suas diferenças, capacidades e afetividades.

Quando se conhece a forma da arte popular enquanto produção toma

conhecimento dos materiais utilizados se pode compreender a diversidade do país, as

diferenças e costumes regionais, a cultura local, a grandeza da extensão geográfica e a

inigualável beleza da sua natureza de diversas regiões. Assim, se conhece melhor o

país e os brasileiros, ao se defrontar com a arte popular praticada no Brasil.

Um dos aspectos importantes se refere à arte popular como tendo uma

identidade. Em nosso país, dentro do espaço da cultura se destaca a “arte popular” que

se caracteriza por cerâmicas (esculturas e modelagens) produzidas por homens e

mulheres que apesar de não terem ingressado nas escolas de arte criam peças

impregnadas de valor estético e artístico. Neste contexto os artesões são pessoas

com poucos recursos, vivem no interior e periferias urbanas.

[Digite aqui]

Mesmo com raízes na cultura e forma de viver das pequenas comunidades, a

arte popular consegue exprimir o olhar de pessoas que tem experiências de vida

únicas. Ao trabalhar artisticamente temas da vida social e do imaginário, na criação de

seres fantásticos ou simples cenas do cotidiano.

As obras dos artistas populares apresentam diversos estilos, cores, materiais

utilizados nas suas composições. Elas podem desvendar um universo, desconhecido

para outras regiões do nosso país. É na realidade descortinar uma aventura memorável

pela trajetória que cerca a imaginação dos seres humanos.

A arte popular expressa a importância, riqueza e tradições cultuadas na

trajetória das inúmeras gerações de seres humanos. Os elementos da arte popular

conservam os diferentes saberes e expressões das pequenas comunidades, seus

hábitos, suas crenças, sua alegria, as fantasias e histórias de vida que se tornam

lendas e se transformam pela pintura, cerâmica, escrita e tantas outras manifestações

artísticas. Manifestações que não necessitam da complexidade da ciência para aflorar

ideias aos artistas populares que trabalham expressando arte.

Utilizando a diversidade de elementos disponíveis na vida diária das famílias e

comunidades é produzida a arte popular que é realizada por artesãos que retratam o

cotidiano em telas, esculturas, cerâmicas, rendas, bordados, que muitos deles utilizam

outros matérias aproveitados do lixo urbano. Podemos observar conforme Weiss (1989,

p.37):

O brinquedo/sucata ao qual me refiro é brinquedo construído pelo artesão popular é aquele confeccionado pela própria criança é o brinquedo/objeto elaborado pelo artista plástico diferencia-se dos brinquedos industrializados pois não é feito em escala industrial (mesmo o artesão que repete os brinquedos, não conseguem fazer dois absolutamente idênticos), e talvez com exceção do artesão, tanto a criança quanto o artista não os fabricam com propósitos comercias.

2.3 Antônio Poteiro – um artista popular

Entre os artistas populares que se destacam pelos formatos incomuns e

reconhecimento obtido pelas suas obras se inclui Antônio Poteiro do Brasil. Entre suas

[Digite aqui]

obras descata-se uma tela a óleo denominada Central na Rússia de 1984, pertencente

a uma coleção particular. Antônio Batista de Sousa (1925-2010) nasceu na Aldeia

Santa Cristina da Pousa, Província do Minho, em Portugal e ainda menino veio para o

Brasil, onde morou primeiro em São Paulo, um ano e meio na ilha do Bananal entre

índios Carajás, e ao final, fixou residência em Goiânia. Poteiro foi um artista autodidata.

Aprendeu a arte de trabalhar com a cerâmica com sua família seu trabalho artístico

como artesão foi a tarefa de produzir no começo utensílios para uso doméstico,

máscaras e bonecos. Pela produção de cerâmica utilitária adquiriu o sobrenome

artístico de Poteiro.

Com o passar dos anos os potes confeccionados por ele passaram a se tornar

esculturas de cerâmica e adquiriram o caráter de obras de arte popular. Dos utensílios

domésticos simples seus trabalhos passaram a apresentar a arte complexa de uma

mente exaltada e fértil de ideias passaram a ser ornamentados. O artista tinha uma

mente imaginativa que, aplicada á sua arte, enfocava histórias retiradas da bíblia, cenas

eróticas e o encanto das festas populares.

Mais tarde, em 1972 já sendo conhecido como um artista seus amigos, entre

eles Siron Franco, ligado a questões sociais emergentes, e outros amigos incentivaram

Antônio Poteiro a pintar em telas. Em uma de suas fases ele transferia os elementos

que usava nas suas peças de cerâmica para suas telas. Gradativamente suas obras

passaram a revelar motivos regionais e temas bíblicos.

Poteiro se caracterizou como um artista internacional pela exposição de suas

obras em mais de vinte países.

No Rio de Janeiro, no ano de 1978, se tornou professor de cerâmica no Centro

de Atividades do SESC. Foi também professor de cerâmica em 1980 lecionou cerâmica

nas Feiras Internacionais de Hannover e Düsseldorf, na Alemanha.

Foi um dos mais conhecidos e apreciados em países do exterior. Esse fato

ocorreu em fase ao grande número de exposições internacionais frequentadas. Além

disso, realizou, desde 1976, inúmeras exposições individuais e coletivas em todos os

pais e no exterior.

Esteve presente por duas vezes na Bienal de São Paulo (1981 e 1991) e

realizou exposições individuais nos seguintes estados do Brasil (Belo Horizonte,

[Digite aqui]

Brasília, Cuiabá, Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília, Porto Alegre, São Paulo, João

Pessoa, etc.). No exterior esteve presente em (Washington, Quito, Cuenca e

Guayaquil).

Foi agraciado em 1985, com um prêmio da Associação Paulista de Críticos de

Arte (APCA 1984) na categoria escultura. Em 1997 recebeu a Comenda da Ordem do

Mérito Cultural, do Ministério da Cultura, Brasil e do Conselho Estadual de Cultura de

Goiás, em 1999, recebeu a Medalha Gustavo Ritter. (GALIAZZI, 2009, pg.01)

2.4 Antônio Poteiro e sua arte no Paraná

Ao buscar informações sobre Antônio Poteiro no Estado do Paraná se

encontram apenas curtas menções sobre suas obras o que dificulta esclarecer os

motivos por que não se tem aqui um conhecimento aprofundado sobre o artista. De

acordo com a Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais menções de sua estadia no

Paraná registram que ele realizou em Curitiba/Paraná duas exposições individuais,

nos anos de 1983 - Curitiba PR denominada “80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR”

e em 1998 - Curitiba PR na - “Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da

Caixa. (Itaú Cultural)”

“Tudo na obra de Poteiro tem um sentido ligado à história do povo, suas

aflições e seus sonhos de felicidade” escreveu o poeta, crítico e colunista da Folha

Ferreira Gullar apud Marti (2010), sobre a obra do artista.

De todo o trabalho realizado nesta pesquisa o mais importante é conhecer e

apreciar a reprodução de belas obras de arte popular. Ele se apresentava

pessoalmente com barbas longas parecendo um dos profetas da Bíblia. Lia as

Sagradas Escrituras e conhecia história com profundidade, sua aparência despojada

escondia um criador de formas excepcionais em sua visão pessoal. É possível que o

seu despojamento tenha proporcionado um mundo de ideias únicas, sem nenhuma

semelhança com as obras de outros artistas.

Morais apud Mattos (2003, pg.20) coloca o seguinte:

O mundo que Poteiro constrói em seus quadros e cerâmicas é rigorosamente lógico, a começar pela sua simetria. Nele temos o céu e a terra, o alto e o baixo, a esquerda e a direita, o dentro e o

[Digite aqui]

fora, Deus e o diabo, o bem e o mal, o leve e o pesado. São vários níveis, planos, andares. Há o mundo de dentro. Poteiro põe um presépio dentro de um chapéu de couro nordestino, imagem que lembra uma nave ou gruta e o de fora.

O mundo de Antônio Poteiro reproduz um amplo sentido de fé impresso em

suas obras artísticas. Para isso o artista usa a lógica da vida humana. Ele representa

na arte suas vivências, sua crença em Deus e sua origem nordestina. As cores são

vivas refletindo a exuberância da natureza brasileira. Ele expressa em sua arte a beleza

do agreste, do que é simples e encanta pela capacidade de retratar de forma artística a

vida do povo, suas crendices e sonhos.

3 Metodologia

O projeto foi desenvolvido com os alunos do 9º Ano do Colégio Estadual

Unidade Polo de Arapongas, a sala é composta de 35 alunos

Diante da proposta foi desenvolvido o projeto de intervenção da seguinte forma:

Apresentar o projeto para o Colégio (slides);

Divulgar o projeto para os alunos do 7º Ano;

Apresentar e discutir com os alunos o que é cultura, cultura popular (

cerâmica, pinturas e esculturas de Antônio Poteiro);

Recursos audiovisuais foram desenvolvidos com textos, filmes, vídeos e

documentários;

As peças foram desenvolvidas com argila, E.V.A e outros materiais;

Pesquisa na Internet no laboratório de informática do Colégio os alunos

fizeram a pesquisa sobre a produção de Antônio Poteiro;

Os alunos olharam e estudaram os potes, e esculturas cerâmicas de

Antônio Poteiro.

Foi pedido aos alunos para criarem uma escultura em argila.

Os alunos trabalharam na criação individual de potes inspirados nas obras

de Antônio Poteiro.

Abriu-se um debate tendo participação dos alunos, de forma oral e

registrou-se os principais tópicos desenvolvidos;

A avaliação foi contínua durante o processo desenvolvido e finalizado.

[Digite aqui]

4 Resultados e discussões

Para a obtenção de resultados significativos foram organizadas oficinas de

discussões em aula onde foram abordados os conhecimentos e noções sobre o

entendimento da teoria artística e da pratica, entre o saber e o fazer, e como

compreender a linguagem artística das obras produzidas por Antônio Potreiro.

Para iniciar as oficinas que compuseram a unidade didática se entendeu ser

indispensável a realização de uma aula expositiva se utilizando vídeos sobre “Antônio

Poteiro” e ‘’Shoko Suziki’

Antõnio Poteiro, escultor, pintor ceramista. Iniciou a atividade de ceramista

produzindo peças utilitárias. O nome Antônio é um apelido com que ele assina suas

cerâmicas. Mais tarde se dedica à pintura de temas regionais passando a desenvolver

esculturas em barro e terracota. Foi um artista bastante conhecido no país e no exterior.

.Suas obras são belas peças concebidas com sentimento e rara beleza.

Partindo do conhecimento sobre um artista que trabalhou com uma diversidade

de artes se pode compara–lo a ‘’Shoko Suziki’, mestre ceramista de origem japonesa

para identificar pontos comuns e suas diferenças.

Na condução do estudo que serviu de base ao desenvolvimento desse artigo se

optou por utilizar a pesquisa bibliográfica qualitativa na definição dos termos básicos

deste referencial teórico, se escolhendo eventuais citações e definições de autores e

especialistas o que possibilitou escolher referenciais teóricos que embasaram a análise

e entendimento dos objetivos específicos adiante especificados elaboração da unidade

didática e que são a definição de teoria, de linguagem da arte, leitura das obras de arte

da cerâmica, pintura e escultura do artista analisado; apreciação das obras de Antônio

Poteiro, e ao final proceder à apreciação geral do trabalho realizado em sala de aula.

Após efetuar algumas aulas expositivas foi organizada uma unidade didática

para se trabalhar a leitura e as demais discussões sobre os aspectos mais significativos

que foram questionados e respondidos pelos alunos.

[Digite aqui]

5 Considerações Finais

Com base nos estudos teóricos e a implementação da unidade didática que

propôs um tema por meio do “ Estudo sobre o acervo no Paraná e sobre a Arte Popular

Brasileira das obras de Antônio Poteiro” aprofundando-o de forma teórica e

metodológica. Compreende um ou mais conteúdo da disciplina/área em foco,

desenvolvidos sob uma perspectiva metodológica para o público alvo da

implementação do Projeto de Intervenção na escola.

A Unidade Didática é apresentada como um Caderno Pedagógico ou um

Caderno Temático. (SEED/SUED/PR)

O escritos e registros do caderno foram construídos através da observação de

fatos ocorridos na sala de aula enquanto conhecimento. Nesse sentido, uma teoria é

uma expressão sistemática e formalizada de todas as observações prévias, que são

previsíveis, lógicas e testáveis. Em princípio, teorias científicas são sempre tentativas, e

sujeitas a correções ou inclusão numa teoria mais abrangente. (WONS, 2010)

Para Wons a teoria é considerada fato e válida quando: ‘’Mas essas observações e experimentações não tem fim, sempre é possível

avançar mais no entendimento de algum fenômeno.’’(wons, 2010, p 53)

A arte é uma criação humana com valores estéticos (beleza, equilíbrio,

harmonia) que sintetizam as suas emoções, sua história, seus sentimentos e a sua

cultura. É um conjunto de procedimentos utilizados para realizar obras e no qual

aplicamos nosso conhecimento. (FROZZA, 2011: 1)

De acordo com Frozza (2011) a arte tem várias linguagens, dentre elas a

Linguagem visual: As artes desta linguagem normalmente lidam com a visão como o

seu meio principal de apreciação costumam ser chamadas de artes visuais.

Consideram-se artes visuais as seguintes: pintura, desenho, gravura, fotografia e

cinema. Além dessas, são consideradas ainda como artes visuais: a escultura, a

instalação, a arquitetura, a novela, o web design, a moda, a decoração e o paisagismo,

instalação (interferência de ambientes) e, grafite entre outros.

[Digite aqui]

Esses três referenciais acima são o suporte operacional das leituras específicas

a cada uma das leituras a serem observadas nas obras de arte da cerâmica, pintura e

escultura do artista Antônio Poteiro. Considerando os aspectos acima relacionados para

a elaboração de uma unidade didática na área da leitura sobre educação artística ficou

caracterizado pelo trabalho entre alunos e professor, visando à apropriação da teoria,

linguagem da arte e cultura popular do artista Antônio Poteiro, discutindo o valor de

suas obras e procurando identificar nelas o cotidiano os valores e costumes da vida

real.

Através da aplicação dessa unidade didática, das discussões propostas pelo

grupo de trabalho em rede (GTR), 2015 , a participação entusiasmada dos alunos em

todas as atividades , foi que constatou-se que é possível o trabalho com Antonio

Poteiro na escola pública, por ser suas obras tão atraentes que envolvem e ensinam de

forma significativa alunos e professor. As vivencias em sala de aula com o tema

Antônio Poteiro resultaram em criações plásticas dos alunos além das aprendizagens

significativas no decorrer de todo o projeto.

.

6 REFERÊNCIAS

ARANTES, A. A. O Que É Cultura Popular. São Paulo: Ed. Brasiliense S.A, 1990, 83

p.

CHAUÍ, Marilena. Conformismo e resistência: aspectos a cultura popular no Brasil.

São Paulo: Brasiliense, 1986.

DUARTE JUNIOR, João Francisco. Por que Arte-educação? 19ª ed. Papirus:

Campinas-SP, 2008.

DUARTE JUNIOR, João Francisco. Fundamentos estéticos da educação. Campinas

[Digite aqui]

SP: Papirus, 1995.

EJA Moderna: Arte: ensino médio: Educação de Jovens e Adultos / organizadora:

Editora Moderna, editora responsável Virgínia Aoki. 1. Ed. São Paulo: Moderna, 2013.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia saberes necessários á pratica educativa.

25ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GALIAZZI, Ivete. Antônio Poteiro: profeta do barro. São Paulo, 3 de março de 2009.

Disponível em< http://ceramica-da-ivhe.blogspot.com> acesso 28/05/2014

MARCONDES, Maria Célia de Campos. Pluralidade cultural. In: Ensino fundamental e

médio. Didática Paulista: São Paulo.

MARTI, Silas. Morre artista plástico Antônio Poteiro. Folha de São Paulo, quarta-

feira, 09 de junho de 2010. Disponível em

<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0906201027.htm> acesso 28/05/2014

MASCELANI, Ângela. Arte Popular Brasileira. Museu Casa do Pontal. Rio de Janeiro,

2011.

MATTOS, Rosilene Adriano. A Grande Mãe nas Criações de Antonio Poteiro, João

Alves, Noemisa Batista dos Santos e Isabel Mendes da Cunha. Monografia

apresentada à Universidade Cândido Mendes, Pós-Graduação Lato-Sensu, Projeto Voz

de Mestre. Rio de Janeiro, 2003.

MORAIS, Frederico. In FIGUEREDO, Aline. Artes Plásticas no Centro-Oeste. Cuiabá:

UFMT/MACP, 1979.

PIMENTEL, Graça, CARNEIRO, Liliane Bernardes e GUERRA, Jacinto. Oficinas

Culturais. Brasília: Universidade de Brasília, 2009.

[Digite aqui]

WEISS, Luise. Brinquedos e Engenhocas Atividades Lúdicas com Sucata. São

Paulo. Scipione, 1989.

CD

CD-Rom 500 anos de Pintura Brasileira

As fabulas de Antônio Poteiro

SITES

http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia

http://www.pitoresco.com/brasil/poteiro/poteiro.htm

www.antoniopoteiro.com