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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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DROGAS: FATORES DE RISCO E PREVENÇÃO NA COMUNIDADE

ESCOLAR

BOSTOKOSKI, Maria de Fátima1

RODRIGUES, Roseli Viola2

RESUMO: Na passagem da infância para a adolescência ocorrem grandes mudanças

comportamentais no adolescente, tanto na sua relação com o outro, como de seus valores. E é na escola o primeiro contato com a diversidade de valores e costumes. Percebe- se que nas instituições escolares o comportamento dos jovens está cada vez mais conflituoso, sendo assim é necessário nortear os alunos para a prevenção do uso do álcool e outras drogas, identificando fatores de riscos e proteção para orientá-los juntamente a comunidade escolar através de ações preventivas, reparadoras, propiciando um ambiente escolar que juntamente com a família oportunizará aos adolescentes serem cidadãos conscientes do seu papel na sociedade. Ao desenvolver esta pesquisa, através da interdisciplinaridade com os demais educadores da escola, objetivou-se socializar as ações que cada um desenvolve na área da prevenção ao uso de drogas, discutir os resultados sobre a pesquisa, ampliar os conhecimentos visando obter resultados positivos a favor dos educandos e de toda a comunidade escolar.

Palavras-chave: Drogas. Prevenção. Fatores de Risco. Comunidade Escolar

1 INTRODUÇÃO

Na passagem da infância para a adolescência ocorrem grandes mudanças

comportamentais no adolescente, tanto na sua relação com o outro, como de seus

valores. E é na escola o primeiro contato com a diversidade de valores e costumes.

Percebe- se que nas instituições escolares o comportamento dos jovens está

1 Graduada em Pedagogia, pós-graduada em Comunicação Escrita e Falada, Mestranda do Programa

de Desenvolvimento Educacional – PDE, Pedagoga na Escola Estadual Elias Abrahão, Honório Serpa. E-

mail: [email protected]

2 Mestre em Educação, Professora orientadora da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná –

UNICENTRO. E-mail: [email protected]

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cada vez mais conflituoso, motivo este, que originou a realização desta unidade

didática, pois parte da necessidade de nortear os alunos para a prevenção do uso do

álcool e outras drogas, identificando fatores de riscos e proteção para orientá-los

juntamente a comunidade escolar através de ações preventivas, reparadoras,

propiciando um ambiente escolar que juntamente com a família oportunizará aos

adolescentes serem cidadãos conscientes do seu papel na sociedade.

Sabe-se que a adolescência é uma fase do desenvolvimento humano em que

ocorrem muitas mudanças, uma fase conflituosa da vida devido às transformações

físicas e emocionais vividas.

Surge a curiosidade, os questionamentos, a vontade de conhecer, de

experimentar o novo mesmo sabendo dos riscos, é um sentimento de ser capaz de

tomar as próprias decisões. É o momento que o adolescente procura sua identidade,

não mais se baseando nas orientações dos pais, mas também nas relações que

constrói principalmente com o grupo de amigos. É um momento especial na vida do

adolescente. Nessa etapa, o jovem não aceita orientações, pois está testando a

possibilidade de ser adulto, de ter poder e controle sobre si mesmo.

Assim, com o desenvolvimento deste projeto junto aos alunos do 9º ano do

Ensino Fundamental da Escola Estadual Elias Abrahão, no município de Honório Serpa,

buscou-se desenvolver um trabalho junto aos alunos e comunidade escolar que os

levasse a perceber que as drogas fazem com que o adolescente fique alienado e

esqueça dos seus conflitos e é principalmente por isso que o adolescente busca-as,

como forma de fuga à realidade.

Sabe-se que fisicamente e psiquicamente as drogas alteram o comportamento

do adolescente, trazem efeitos que acalmam e excitam que as consomem, mas em

contrapartida o consumidor tem alucinações e volúpia.

Sensações essas que, segundo Zagury (1999), produzem efeitos no sistema

nervoso central e podem alterar a percepção, a inteligência, a memória, o raciocínio e o

autocontrole.

Assim a presente pesquisa foi desenvolvida primeiramente através de um

enfoque bibliográfico acerca da temática da adolescência e das drogas, e uma pesquisa

de campo na Escola Estadual Elias Abrahão com a realização de um trabalho de

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sensibilização junto aos alunos sobre as drogas, perigos, importância de conhecer e

prevenir o seu uso.

Além disto, este estudo se propõe a partir da sensibilização e dos resultados

concretos do trabalho junto aos alunos inserir o desenvolvimento de ações pertinentes

ao tema no cotidiano da escola.

2 ADOLESCÊNCIA

É um período de novas descobertas com o corpo, atitudes, emoções e é uma

fase que é comum que muitos adolescentes queiram correr riscos e busquem prazeres

imediatos. As más companhias, as decepções, a frustração para lidar com as perdas,

timidez, falta de informação, desentendimento entre os pais são alguns motivos que

podem facilitar para o uso das drogas.

É um momento de diferenciação em que “naturalmente” afasta- se da família e adere ao seu grupo de iguais. Se esse grupo estiver experimentando ou usando drogas, o pressiona a usar também. Ao entrar em contato com drogas nesse período de maior vulnerabilidade, expõe- se também a muitos riscos, como o de contrair doenças transmissíveis pelo compartilhamento de seringas, HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis. (MARQUES, 2000, p. 1)

A curiosidade natural dos adolescentes é um dos fatores de maior influência na

experimentação de álcool e outras drogas. Essa curiosidade o faz buscar novas

sensações e o efeito das drogas vai ao encontro a isto, proporcionando prazer

momentâneo.

E aí que entra o trabalho de prevenção que passa necessariamente por

mudanças de postura da família e da escola, sendo antes de tudo a necessidade de

uma educação preventiva de todos: alunos, pais, professores e comunidade. Assim,

com um trabalho diferenciado junto aos jovens e familiares, ficará mais fácil à

identificação das causas e consequências do uso indevido de substâncias químicas, e

como as mesmas afetam não somente o lado físico, mas o psíquico e social.

“De um modo geral, a prevenção ao uso indevido de drogas deve ser uma

preocupação de vários grupos sociais, em vários ambientes e níveis” (VARGAS, et al

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1993, p.47).

Priorizar o diálogo, o respeito e a compreensão entre pais e filhos, sem dúvida

contribuirá para a formação de indivíduos mais preparados para a rejeição de modelos

artificiais e imediatistas de satisfação pessoal. Para demonstrar que a droga não

resolve problema algum, apenas agrava os que já existem, devem-se mostrar as

situações de risco, o percentual elevado de pessoas envolvidas com o uso do álcool,

tabaco, bem como diversas drogas ilícitas como maconha, cocaína e outras mais.

3 DROGAS

Nome genérico de substâncias químicas, naturais ou sintéticas que provocam

alterações psíquicas e podem causar danos físicos e psicológicos a seu consumidor. O

uso constante pode provocar mudanças de comportamento e causar dependência. Na

dependência psíquica, há um desejo compulsivo de usar a droga regularmente, por

seus efeitos psicotrópicos. Na física, o usuário apresenta problemas orgânicos

decorrentes da falta da substância. O consumo excessivo de algumas drogas – a

overdose – pode levar à morte.

Segundo Zagury (1999), o trabalho dos pais em relação às drogas é o de

prevenir, pois esse leva a melhores resultados do que tentar curar. Transmitir

conhecimento sobre o assunto sempre dentro de um contexto de amor e diálogo,

transmitindo desde a infância valores sólidos aos filhos sobre proteção contra às

drogas. Vale lembrar que pais equilibrados, carinhosos, atentos e seguros são

essenciais ao equilíbrio dos filhos.

O adolescente pode vir a abusar no uso das mesmas, este abuso está

relacionado ao tipo da droga ingerida, quantidade, como foi usada, como se encontrava

o indivíduo no momento em que consumiu, física e mentalmente, bem como o que o

levou a consumir. Portanto as drogas, como fora dito, podem ajudar tanto o jovem

quanto até mesmo o adulto, a ficarem mais relaxados em relação aos seus problemas.

A insatisfação e o estresse constantes a que o homem moderno vive submetido, bem como o estímulo crescente ao consumo e à posse de mais e

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mais bens materiais, incentivam a busca de novos produtos e prazeres – e as drogas podem ser um deles. (ZAGURY,1999 p. 100).

Mas vale ressaltar que as drogas nunca irão ajudar e resolver os problemas, por

alguns minutos elas irão afastar as pessoas de sua realidade, mas quando passar o

torpor o problema estará ainda lá, com o passar do tempo elas farão com que as

pessoas aumentem seus problemas e se afastem cada vez mais da solução para os

mesmos. Entre as drogas mais utilizadas estão o álcool, a maconha e o tabaco, essas

drogas são as mais conhecidas para os jovens e são chamadas de drogas de entrada,

pois são elas que na maioria das vezes levam o jovem ao consumo de drogas mais

pesadas como a cocaína, heroína, LSD e outros.

Muito se tem feito nos últimos tempos para que as pessoas se previnam contra o uso de drogas. Mas também muito se tem feito, legal ou ilegalmente, para que elas sejam usadas. O resultado final é que as pessoas estão consumindo cada vez mais drogas. Usar drogas significa em primeira instância, buscar prazer. (TIBA, 2007, p. 32)

É muito difícil lutar contra o prazer, porque foi ele que sempre norteou o

comportamento dos seres vivos para se autopreservarem e perpetuarem sua espécie. A

droga provoca o prazer que engana o organismo, que então passa a querê-lo mais,

como se fosse bom. Mas o prazer provocado pela droga não é bom, porque ele mais

destrói a vida do que ajuda na sobrevivência. A prevenção tem de mostrar a diferença

que há entre o que é gostoso e o que é bom.

Todo usuário e principalmente sua família têm arcado com as consequências

decorrentes desse tipo de busca de prazer.

Cabe enfatizar que apesar de serem drogas, elas trazem uma sensação de

prazer a muitas pessoas. Por isso, muitos têm dificuldades em se afastar das mesmas.

Além disso, tanto o álcool quanto o fumo, quando usados em excesso, causam

dependência química no organismo, o que requer, na maioria dos casos, auxílio de

profissionais de saúde para deixar de consumi-los.

Tabagismo e Alcoolismo:

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A nicotina do cigarro e o álcool das bebidas mesmo que tragam um prazer

passageiro são drogas que causam dependência, a mesma dependência causada pela

maconha, heroína e outras drogas.

Segundo Carline e Pinsky (1989, p. 48),

A prática da ação efetiva na diminuição dos ricos no espaço escolar pode ser realizada através de cinco modelos básicos de prevenção: conhecimento científico, educação afetiva, oferecimento de alternativas, educação para a saúde e modificação das condições de ensino. Essas práticas não se excluem entre si, mas, suas adaptações e combinações ficam a cargo de melhor servir a realidade de cada escola.

Carline e Pinsky (1989) propõem algumas formas de ação que podem ser

adotadas pela escola:

Modelo do conhecimento científico: Defende que o “fornecimento de informações

sobre drogas deve ser de modo imparcial e científico. A partir dessas informações os

jovens podem tomar decisões racionais e bem fundamentadas sobre as drogas”

(CARLINI-COTRIM, 1998, p. 20), pois através do conhecimento fica mais fácil o diálogo

e a intervenção.

Suas principais ações são: oficinas e debates com profissionais de saúde; leitura

de livros; discussão de filmes são algumas alternativas eficientes para essa proposta.

Modelo de educação afetiva: Propõe a modificação de fatores pessoais que são tidos

como passíveis de predispor o uso de drogas. Constitui- se de conjunto de técnicas que

visam melhorar ou desenvolver a autoestima, a capacidade de lidar com ansiedades, a

habilidade de decidir e interagir em grupo, a comunicação verbal e a capacidade de

resistir às pressões de grupo.

“Partindo do pressuposto de que jovens mais estruturados e menos vulneráveis

psicologicamente são menos propensos a fazer uso de substâncias psicoativas”

(CARLINI-COTRIM, 1998, p. 20),

Modelo de oferecimento de alternativas: Ressalta a importância de se oferecer aos

adolescentes formas alternativas de obtenção de prazer e realização, por meio de

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atividades que estimule a autoestima estimulando prazeres e realizações

proporcionadas por outros meios que não incluam o consumo de drogas.

De modo objetivo recomenda: atividades artísticas, culturais e esportivas;

inserção em programas de orientação escolar para alunos de séries anteriores e ainda

o estímulo ao desenvolvimento de um perfil empreendedor através da criação de

núcleos empresarias ou programas comunitários.

O modelo da educação para a saúde: Prega que a prevenção ao uso de drogas deve

ser apenas mais um dos temas trabalhados visando à adoção de um estilo de vida

saudável, onde também seriam incluídas questões como reeducação alimentar e

alimentação alternativa; preservação do meio ambiente; realização de atividades

antiestresse e orientação sobre sexualidade, entre outros temas transversais.

Nesta perspectiva, é importante sincronizar as ações dos professores de cada disciplina fazendo com que estes, propiciem aos alunos não só a aplicação de conhecimentos adquiridos em sala de aula, como também a oportunidade de compreender o problema sobre óticas variadas. Dessa forma pretende formar um cidadão consciente em relação aos riscos que está exposto e com capacidade de escolher uma vida mais saudável. (PEREIRA e SILVA, 2003, p. 1)

Modelo de modificação das condições de ensino: Neste a preocupação incide na

formação integral do jovem, a vivência escolar da pré-escola ao ensino médio vai ser

fundamental para o desenvolvimento de um adolescente e adulto sadio. As iniciativas

devem ser intensas e duradouras; as ações devem iniciar na pré-escola e abranger pais

e a comunidade.

Esse modelo tem seis orientações básicas, que podem ser aplicadas em conjunto: modificação das práticas de ensino; melhoria da relação professor-aluno; melhoria do ambiente escolar; incentivo ao desenvolvimento social; oferta de serviços de saúde; envolvimento dos pais em atividades curriculares. (PEREIRA e SILVA, 2003, p. 1)

Não se deve considerar apenas um modelo, mas dependendo da realidade de

cada escola é possível abranger um pouco de cada com o objetivo de reduzir o índice

de uso dessas substâncias. Igualmente, o desenvolvimento da autonomia e da

capacidade de escolha dos adolescentes deve ser o foco principal do trabalho da

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escola.

3.1 A ESCOLA E O TRABALHO DE PREVENÇÃO AO USO DE DROGAS

Segundo Abramovay e Castro (2005), a escola é o local propício para ajudar na

prevenção das drogas, no sentido que reúne várias qualificações que colaboram para a

difusão de tal perspectiva na comunidade e na sociedade. Portanto, o compromisso dos

educadores é possibilitar o entendimento dos alunos nas ações que desenvolvam um

ser crítico, reflexivo inteirando-o dentro do ambiente escolar, esclarecendo e

prevenindo-os dos perigos de consumir tais substâncias.

Para Freire (1981), a educação deve ser problematizadora e libertadora, à

medida que ela é uma constante busca visando que os indivíduos transformem o

mundo em que vivem. Para tanto, os mesmos devem compreender a realidade que os

cerca através de uma visão crítica da mesma, reconhecendo e respeitando sua cultura

e história de vida.

Essa concepção educacional baseia- se na estimulação da criatividade dos

educandos e numa relação de mediação com seu educador, pois segundo o autor

“ninguém educa ninguém e ninguém educa- se a si mesmo, mas os homens educam-

se em comunhão, mediatizados pelo mundo”. (FREIRE, 1981, p. 24)

Cabe então à comunidade escolar formar um ambiente favorável para combater

o uso de drogas através de ações preventivas. A proposta de mobilização das redes

sociais implica ações de otimização dos potenciais e de minimização dos riscos,

incluindo todos os atores no processo.

As ações preventivas devem assumir uma postura inclusiva de todos os

adolescentes, em especial daqueles em condição de vulnerabilidade social,

implementando as políticas protetivas de adolescentes envolvidos com drogas e outros

comportamentos de risco, por meio do acolhimento que promove o fortalecimento dos

vínculos e o sentimento de pertencimento;

Somente se o adolescente se sentir acolhido, é que poderá confiar e aceitar sua condição de usuário e a necessidade de acompanhamento e tratamento. A

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abordagem preventiva citada por muitos autores caracteriza- se como uma das melhores formas de enfrentar o problema das drogas, pois esta aposta na capacidade de discernimento do cidadão bem formado e informado. (PEREIRA e SILVA, 2003, p. 1)

A escola tem um papel fundamental nas redes de proteção. Segundo Ferreira

(1986, p. 45) a Adolescência é um:

Período que se estende da terceira infância até a idade adulta caracterizando- se psicologicamente por intensos processos conflituosos e persistentes esforços de autoafirmação. Corresponde a fase de observação dos valores sociais e elaboração de projetos que impliquem plena integração social.

Compreende- se assim, as mudanças bruscas e desafios tão desconhecidos

para a família e a sociedade. É próprio na faixa etária dos adolescentes a busca de

identidade e a curiosidade, realizar novas experiências e interagir com o outro. A

adolescência faz parte de construção histórica e uma produção cultural.

Tem valores próprios e expressa formas singulares de como cada pessoa é.

Sendo assim o trabalho interdisciplinar poderá promover ações que valorizem a

autoestima dos educandos, que desenvolvam atividades saudáveis e enriquecedoras

mostrando o quanto são amadas pelas famílias, escola, comunidade e sociedade.

A escola possui um papel fundamental no desenvolvimento da criança e do

adolescente contribuindo para a formação global, incentivando a cidadania, a

responsabilidade social, garantindo que incorporem hábitos saudáveis no seu cotidiano.

Para muitos adolescentes e jovens, aquilo que aprendem na escola acaba servindo de critério verdadeiro para avaliar seus conhecimentos sobre o assunto. Em nossa sociedade, além de outros argumentos de autoridade, como a tradição, a religião, o poder físico, a lei, o que confere valor de verdade a um determinado discurso é geralmente o seu caráter científico. A escola apresenta- se como um meio de fazer circular o conhecimento científico. (PEREIRA e SILVA, 2003, p. 1)

Ao tratar-se de prevenção às drogas a escola deve criar estratégias,

metodologias que possibilitem o educando a conhecer seu próprio corpo, e assim

reduzir os danos sociais, à saúde e à vida causada pelo consumo de drogas, bem como

as situações de violência e criminalidade associadas ao uso prejudicial de bebidas

alcoólicas, fumo e entorpecentes.

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Segundo Freire (2005) os educandos vão se transformando em reais sujeitos da

construção e reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeitos

do processo. Sendo assim, é importante que se considere que nem todas as pessoas

têm os mesmos interesses e habilidades, nem aprendem da mesma maneira, então

cabe à escola garantir essa mediação, trabalhando com a individualidade e

especificidade juntamente com a diversidade buscando a formação do aluno para que o

mesmo possa compreender gradativamente a realidade do mundo em que vive

tornando-se atuante no contexto que está inserido não se desviando dos princípios

éticos e morais, sendo capaz de influenciar criticamente na construção de um mundo

melhor.

Cabe a nós professores, contribuir e garantir aos alunos o acesso, o

conhecimento, proporcionar informações e estimular a adoção de comportamentos

favoráveis do estilo de vida relacionado à saúde.

Vive-se numa sociedade que está em constantes mudanças em todas as

dimensões (econômicas, sociais, culturais) e isso desafia os docentes a ter

conhecimentos que vá além da sua disciplina e assim possibilite despertar nos

educandos a possibilidade de fazer a relação com os demais saberes que eles têm

acesso, portanto exigem do mesmo, maior conhecimento e melhor preparo para

trabalhar com metodologias diferentes, utilizar-se de recursos tecnológicos e demais

mecanismos que favoreçam o ensino/aprendizagem, na sala de aula.

Ensinar e o aprender compõe o processo de aquisição de conhecimento, assim,

professor e aluno necessitam estar juntos, cada qual com suas histórias, sonhos,

desafios e saberes (cotidianos e científicos), e junto, de forma coletiva sistematizar e

construir o conhecimento com outras áreas.

Segundo os PCNS:

A interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários (BRASIL, 2002, p. 88-89).

A prática docente interdisciplinar exige do docente conhecimento de ciência,

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política, cultura e postura ética.

Para Ferreira (1993), a interdisciplinaridade precisa ser norteada por eixos

básicos como: a intenção, a humildade, a tonalidade, o respeito pelo outro. Também

ressalta que o que caracteriza uma pratica interdisciplinar é o sentimento intencional

que ele carrega. Não há interdisciplinaridade se não há intenção consciente, clara e

objetiva por parte daqueles que a praticam.

Pode-se perceber que houve a política interdisciplinar na concepção do

conhecimento quando o mesmo for integrado com os desafios da vida humana, de

modo que o mesmo possa contribuir para mudanças de comportamento em prol da vida

pessoal e convivência coletiva com responsabilidade e autonomia.

O comportamento do ser humano dos dias atuais é resultante do processo

cultural de apropriação de comportamentos e atitudes que foi transformando-o, gerando

mudanças tanto nos aspectos físicos, quanto no aspecto mental do homem, por este ter

de se adaptar a maneira de se sentir, pensar e agir conforme os costumes pré-

determinados por uma determinada sociedade.

As técnicas ou atividades participativas geram um aprendizado emancipador

permitindo no coletivo, discussões, analogias e reflexões, propiciando auto

desenvolvimento, também, ampliar, enriquecer, criar, formar e transformar o

conhecimento onde todos são sujeitos ativos na elaboração quanto na execução.

4 IMPLEMENTANDO UMA AÇÃO INTERDISCIPLINAR NA ESCOLA

As ações práticas do projeto foram desenvolvidas na Escola Estadual Elias

Abrahão, no município de Honório Serpa numa integração entre os professores do 9º

ano do Ensino Fundamental.

As ações desenvolvidas estão articuladas com o contexto histórico, político e

sociocultural da região, as atividades foram integradas no currículo escolar e

desencadeadas pelos (as) professores (as) e a comunidade escolar o que fez com que

a pesquisa se caracteriza-se como um instrumento facilitador da ação educativa,

baseando-se ainda nas diretrizes pedagógicas e levando professores a uma maior

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comprometimento com seu papel profissional, munindo-se de diversos recursos, com

antecedência, selecionando-os criteriosamente e em quantidade suficiente, sem

improvisar.

Neste sentido o Portal da Educação (SANTA CATARINA, 2009, p. 1) destaca

que:

A escola tem um papel fundamental no desenvolvimento sadio do adolescente e do adulto, pois contribui para a formação global do jovem e da sociedade. A prevenção ao uso de drogas é uma atitude a ser adquirida desde a infância e promovida durante toda a vida. Assim, o papel da escola na prevenção é educar crianças e jovens a buscarem e desenvolverem sua identidade e subjetividade, promover e integrar a educação intelectual e emocional, incentivar a cidadania e a responsabilidade social, bem como garantir que eles incorporem hábitos saudáveis no seu cotidiano. Trata-se de discutir o projeto de vida dos alunos e da sociedade, ao invés de dar ênfase às consequências como a doença e a drogadição, por exemplo.

Com esta intenção o projeto de intervenção passou a ser desenvolvido na escola

no mês de fevereiro de dois mil e quatorze, teve duração total de sessenta e oito horas

aulas.

No mês de fevereiro as ações desenvolvidas foram a apresentação do Projeto

“Drogas: Fatores de Risco e Prevenção na Comunidade Escolar” para todos os

professores e funcionários da escola. Num segundo momento foi realizado um

levantamento de dados, sobre os assuntos que os alunos gostariam que fossem

abordados durante a execução do projeto.

Após este levantamento foi apresentado aos alunos do 9º ano a proposta de

trabalho, entregando para eles um convite impresso para que os levassem aos seus

responsáveis legais para que comparecessem na escola para que pudéssemos prestar

os esclarecimentos necessários sobre o projeto e para que pudéssemos compartilhar

idéias e sugestões sobre o mesmo.

Benevides (2004, p. 4) enfatiza a importância de fazer este contato com os pais

de alunos antes de iniciar um trabalho sobre a temática das drogas na escola:

A comunicação aos pais ou responsável deve ser feita antes de se iniciar o trabalho, de preferência em forma direta, em reuniões nas quais os pais possam fazer todos os seus questionamentos, ter suas dúvidas esclarecidas e se posicionar, contribuindo para a montagem do trabalho. A

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partir do consentimento dos pais ou responsável pode-se iniciar o trabalho, lembrando sempre que em nenhum momento a intimidade do aluno deve ser exposta no grupo, assim como o educador deve garantir a não colocação de posições pessoais ou argumentos de nenhum aluno junto a seus familiares, direção da escola ou outros alunos.

Assim, na sequência foi realizado o encontro com os responsáveis legais e com

a comunidade escolar os quais demonstraram interesse em conhecer e compartilhar a

proposta de trabalho detalhadamente de todo o processo pedagógico que iria ser

implantado.

As sugestões coletadas tanto de alunos, pais, responsáveis e comunidade

escolar foram agregadas ao projeto e posteriormente iniciou-se o trabalho junto aos

alunos, publico alvo desta pesquisa onde a primeira atividade foi desenvolvida no

laboratório de informática o onde os alunos puderam navegar pelo site: “Contra as

drogas”, onde realizaram uma pesquisa sobre o que são drogas, tipos e causas.

Iniciar por esta atividade foi uma escolha que

O uso de drogas consiste num fenômeno complexo que resulta da combinação de, pelo menos, três fatores fundamentais: o sujeito, o produto (droga) e o contexto sociocultural. Desta forma, é preciso considerar os conceitos de drogas, de uso indevido, de dependência, de tolerância e de síndrome de abstinência, entre outros, os quais devem ser explicitados, a fim de que se tenha o entendimento da concepção da drogadição na sociedade contemporânea e por extensão na escola. Considera-se importante abordar neste tópico sobre as drogas: a classificação quanto à origem (naturais, semi sintéticas e sintéticas); os mecanismos de ação nos organismos (depressoras, estimulantes e alucinógenas); a legalidade (lícitas e ilícitas); e os tipos de usuários quanto a frequência (experimentadores, ocasional, habitual e dependente). Esta abordagem precisa ser discutida à luz de um referencial teórico crítico e consistente, o qual permitirá compreender as relações de poder que se estabelecem acerca da produção, distribuição e consumo.

Todas as atividades desenvolvidas no mês de fevereiro constavam do

planejamento inicial e pode-se a partir delas destacar que ao apresentar o projeto aos

professores e funcionários houve grande aceitação ao tema, pois é uma realidade

presente na instituição escolar e que necessita ser trabalhada na orientação dos nossos

educandos. Nos encontros houve conversação sobre a proposta de trabalho, dúvidas,

curiosidades a respeito do tema.

Os alunos demonstraram ótima receptividade na apresentação do projeto.

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Entrega do convite para os familiares se fazerem presente no dia combinado. No

levantamento feito junto aos alunos sobre suas principais curiosidades observou-se que

as dúvidas existentes versaram sobre o uso indevido de substâncias lícitas e ilícitas

prejudiciais á saúde dos educandos.

Ao abordar a temática das drogas sobre este enfoque vai-se ao encontro do que

coloca Aratangy (1998, apud MÜLLER, PAUL e SANTOS, 2008, p. 611)

Metodologias preventivas que se utilizam somente de uma abordagem mais racional, que enfatiza o saber científico dos efeitos químicos das drogas, ou uma metodologia moralista e de enfoque religioso sobre esse tema, que busca definir as drogas em termos de bem ou mal, também não obtêm resultados preventivos adequados. Do mesmo modo, palestras proferidas por ex usuários podem ser contraproducentes, pois podem alimentar a sensação de onipotência, tão característica da fase da adolescência, e provocar nos alunos um sentimento de que é possível experimentar, fazer uso e sair facilmente da drogadição.

No mês de março as atividades desenvolvidas junto aos alunos foram pesquisa

no laboratório de informática, onde os alunos procuraram e baixaram vídeos sobre

drogas no site do You tube, a pesquisa objetivou ainda pesquisar os efeitos de drogas

no organismo e na vida pessoal e social das pessoas, e a escolha viver sem drogas.

A partir desta seleção de vídeos feita pelos alunos passou-se a organização dos

vídeos baixados de forma a organizá-los de acordo com seu conteúdo, duração e

objetivos. Posteriormente os vídeos foram assistidos com os alunos e foi realiada uma

conversação sobre que tipos de drogas que viram quais as influências para a vida do

usuário e de sua família, quais as drogas lícitas e ilícitas.

Retornamos ao laboratório de Informática onde junto com os alunos acessamos

sites de jogos sobre as drogas e o cérebro e desenvolvemos uma aula prática sobre

jogos relacionados às drogas. Para fechar esta primeira sessão de atividades foi

desenvolvida uma roda de conversa com policial Barbosa com o tema Drogas.

Tudo isso com o objetivo de conduzir à prevenção primária ao uso de drogas por

parte dos adolescentes, pois conforme destacam Castro e Rosa (2010, p. 11) o trabalho

de prevenção se dá em três níveis:

Na prevenção primária o objetivo é evitar que o uso de drogas se

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instale ou retardar o seu início. A prevenção secundária destina-se a pessoas que já experimentaram drogas ou usam-nas moderadamente e tem como objetivo evitar a evolução para usos mais frequentes e prejudiciais. Isso implica um diagnóstico e o reconhecimento precoce daqueles que estão em risco de evoluir para usos mais prejudiciais. Já a prevenção terciária diz respeito às abordagens necessárias no processo de recuperação e reinserção dos indivíduos que já têm problemas com o uso ou que apresentam dependência.

Observa-se assim que quanto antes o trabalho for feito os resultados podem ser

mais produtivos e nãos e precisará chegar ao nível mais avançado da prevenção.

Nas atividades desenvolvidas no mês de março houve muita participação,

entusiasmo e conversação, onde os alunos interagiram com grande satisfação. Ao

acessar jogos sobre as drogas, os educandos participaram ativamente utilizando as

tecnologias com grande satisfação. Na roda de conversa houve muitos

questionamentos, dramatizações de situações observadas nos vídeos assistidos e nos

relatos de fatos vividos pelo policial.

No mês de abril as atividades foram assistir a um vídeo sobre drogas do Dr.

Içami Tiba após os alunos foram organizados em grupo, para dissertar sobre como a

família deve agir em relação ao dependente de drogas. Na sequência foi efetuada o

registro e leitura das atividades dos educandos.

Outra atividade desenvolvida foi com a história em quadrinho da Turma da

Mônica: “Uma história que precisa ter um fim”. Os alunos foram organizados em grupos

de quatro integrantes onde realizaram a discussão no grupo das drogas citadas na

história e quais efeitos que causam no organismo. Cada grupo ficou responsável por

um tipo de drogas, e deveria realizar uma pesquisar sobre as drogas lícitas e ilícitas. Na

sequência foi feita a apresentação de cada grupo sobre sua pesquisa, utilizando

cartazes e outros. Para finalizar as atividades do mês foi assistido o filme: “O bicho de

sete cabeças” com posterior análise e discussão do mesmo.

Nas atividades desenvolvidas no mês de abril os alunos interagiram sobre como

a família deve agir em relação ao dependente de drogas e chegaram á conclusão de

que necessita- se de muita ajuda dos familiares e amigos. Houve também muita

interação com e entre os alunos, os quais foram incentivados a sempre conversar com

os pais, aceitando conselhos e afastando-se dos “amigos” que lhes oferecem drogas.

Na apresentação das pesquisas feitas eles utilizaram-se de cartazes, frases e paródias.

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No mês de maio foram elaborados junto aos alunos cartazes para campanha

contra as drogas, leitura de artigos, notícias de jornais e revistas, apresentação do

filme: Diário de um adolescente com análise do mesmo. Em todas as atividades houve

participação ativa dos educandos.

No mês de junho as atividades desenvolvidas para finalizar o projeto foram

pesquisa na internet, livros, revistas sobre o cigarro/álcool e os efeitos que causam e

posterior reflexão, encenação e dramatização e análise geral dos trabalhos. Nas

atividades o envolvimento, o debate, participação e interação dos alunos foram

excelentes.

Salienta-se que todas as ações planejadas foram desenvolvidas e durante todo

processo houve relatórios, avaliações e encontros com a equipe pedagógica para

reflexões e mudanças possíveis pertinentes no realizar a conduta pedagógica e

melhorias na aplicação da produção didática pedagógica.

Os momentos reflexivos e as atividades desenvolvidas permitiram a exploração

das linguagens diversificadas como: cartazes, jogos, vídeos, slides, expressão corporal,

filmes, dramatização, etc, provocando reflexões sobre o contexto social e despertando

a crítica, dando-nos a certeza de que a semente plantada fará com que frutos sejam

colhidos futuramente.

A diversidade metodológica que procurou-se desenvolver também é defendida

por Fonseca (2006, p. 1) quando escreve que:

A atuação dos professores é fundamental na educação preventiva, ajudando os alunos a constituírem um sistema de valores pessoal que lhes animem a adotar um estilo de vida, em que o abuso de drogas não encontre ressonância. Acreditamos que o trabalho docente tem mais probabilidade de sucesso com a inserção, no currículo, de conteúdos significativos de prevenção. Também contribui a adoção métodos ativos que incluem oficina, simulação, debate, discussão, diálogo, dinâmica de grupo, psicodrama, jogo dramático, dramatização. Deste modo, é possível proporcionar aos alunos a aquisição de habilidades e experiências que tenham efeito protetor

A partir do desenvolvimento deste projeto pode-se perceber que o tratamento

pedagógico com relação a prevenção ao uso indevido de drogas é um desafio para

as escolas, pois o contexto das drogas tem invadido os espaços escolares afetando o

cotidiano dos profissionais que atuam nas escolas, assim como das famílias.

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Mesmo sendo um desafio se faz necessário que este tema seja abordado nas

escolas e não de forma estanque durante o ano, mas que o trabalho seja sistemático

durante o ano letivo e que aconteça de forma interdisciplinar, onde os professores

possam apoiar-se uns aos outros na orientação aos alunos, assim como busquem fora

dos espaços escolares um trabalho em rede que possibilite um aprofundamento do

debate entre os envolvidos e que os resultados sejam mais eficazes, resultado de um

trabalho crítico.

Assim, as intervenções pedagógicas realizadas no seio da escola precisam

conduzir à prevenção ao uso de drogas e levar em consideração a realidade, o

contexto, o que é vivenciado e pensado pela comunidade escolar

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir deste estudo pode-se verificar que os adolescentes devem receber todas

as orientações necessárias com relação aos diversos temas que envolvem sua

formação, e isso envolve inclusive as questões relacionadas ao tema drogas, que tem

se mostrado um tema atual, devido ao alto envolvimento de adolescentes e jovens com

estas substâncias.

Esta orientação deverá ser feita primeiramente pela família e receber sequencia

na escola, já que esta segunda instituição não pode se eximir de contribuir para a

formação de cidadãos críticos, responsáveis e participativos, com consciência de suas

atitudes tem consequências que podem ou não ser benéficas, tanto para si quanto para

suas famílias e sociedade.

A orientação aos adolescentes deve ter um cunho preventivo e podem, na escola

ser realizadas através de debates, discussões, conscientização, enfim atividades

diversas que conduzam o adolescente a refletir sobre suas escolhas e sobre sua

postura diante de temas, como o uso de drogas.

Pais e escola precisam estar atentos para as particularidades de cada

adolescente, observando suas necessidades e dando a ele o suporte necessário para

saber fazer suas escolhas com responsabilidade.

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O tema das drogas precisa ser abordado no contexto da escola, tendo em vista

que a escola está inserida em um contexto onde o uso de drogas faz parte do cotidiano

de muitos de nossos alunos. Além do que é um tema que está a todo o momento nos

meios de comunicação, nas redes sociais.

É preciso que os pais também tenham conhecimento dos motivos que levam um

adolescente a se tornar suscetível e vulnerável ao uso das drogas, o que pode ocorrer

por carência afetiva, medo, abandono, curiosidade, prazer, insegurança, e outros

elementos que se tornam fatores de riscos ao uso de drogas.

Através da implementação do plano de ação deste projeto de estudo do PDE

acreditamos que conseguimos despertar nos educadores da Escola Estadual Elias

Abrahão uma sensibilização para a necessidade de se abordar esta temática em sala

de aula e nos demais espaços da escola. Por outro lado, o grupo de alunos com os

quais foi desenvolvida esta implementação, os resultados nos parecem ter sido

satisfatórios, pois conseguimos envolver os educandos num processo de debate e

reflexão muito produtivo.

Os educandos do 9º ano participaram de forma ativa de todo o processo, com

sugestões, criticas, reflexões e um constante repensar suas atitudes, assim como de

seus colegas, amigos e famílias, sobre a situação de vulnerabilidade ao uso de drogas.

6 REFERÊNCIAS

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(Coleção de A a Z) ZAGURY, Tania. Encurtando a adolescência. 9 ed. Rio de Janeiro: Record, 1999