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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Page 1: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA ......Título: Geometria Projetiva e a Arte no Ensino da Matemática Autor: Nellen Luciane Martins de Campos Mehl Disciplina/Área: Matemática

Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Page 2: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA ......Título: Geometria Projetiva e a Arte no Ensino da Matemática Autor: Nellen Luciane Martins de Campos Mehl Disciplina/Área: Matemática

Título: Geometria Projetiva e a Arte no Ensino da Matemática

Autor: Nellen Luciane Martins de Campos Mehl

Disciplina/Área: Matemática

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Padre Cristóforo Myskiv - Ensino Fundamental e Médio, situado na

rua Das Perdizes s/n0.

Município da escola: Prudentópolis

Núcleo Regional de Educação: Irati

Professor Orientador: Profa. Ms. Izabel Passos Bonete

Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO

Relação Interdisciplinar: Matemática e Arte

Resumo:

A presente Unidade Didática será utilizada para a implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica, no Colégio Estadual Padre Cristóforo Myskiv – Ensino Fundamental e Médio, tendo como foco os alunos do 9o ano, turmas A e B. O material está estruturado em duas partes: uma que apresenta os fundamentos teóricos metodológicos para a prática pedagógica a ser desenvolvida na implementação e a outra que apresenta as atividades a serem exploradas em sala de aula, subdividida em 5 ações: Incentivando a leitura matemática, Matemática evolutiva, Desenho técnico e a matemática, Geometria Projetiva e avaliação. A expectativa é que esta unidade didática promova a aproximação do saber empírico ao conhecimento a ser adquirido através da geometria não euclidiana, bem como, a conceitualização da Geometria Projetiva e, desta forma, levar os alunos a raciocinar matematicamente construindo seu próprio conhecimento.

Palavras-chave: Geometria Projetiva - arte - matemática

Formato do Material Didático: Unidade Didática de Matemática

Público: Alunos do 9o. Ano do Ensino Fundamental

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PARANÁ

GOVERNO DO ESTADO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS – DPPE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO - OESTE - UNICENTRO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UNIDADE DIDÁTICA

NELLEN LUCIANE MARTINS DE CAMPOS MEHL

2013

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UNIDADE DIDÁTICA

Geometria Projetiva e a Arte no Ensino da

Matemática

Unidade Didática apresentada para o

Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE, Universidade

Estadual do Centro-Oeste –

UNICENTRO .

Orientadora: Profa. Ms. Izabel Passos

Bonete

IRATI - PR

2013

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AGRADECIMENTOS

A DEUS

Agradeço primeiramente a Deus, refrigério de minha alma, por sua presença

constante em minha vida, pelas alegrias, pelas tristezas, pela saúde e

principalmente pelo meu crescimento espiritual, intelectual e pessoal.

À minha família

Meu porto seguro, vocês são sinônimo de amor, de companheirismo, de

dedicação, carinho e de respeito. Obrigada por tudo, principalmente pela

compreensão das minhas ausências. Amo muito vocês!

À minha orientadora

Quero de agradecer à minha orientadora, a Profa. Ms. Izabel Passos Bonete,

pelo empenho, dedicação, confiança, apoio e amizade. Professora, você é um

exemplo de vida, receba a minha admiração e o meu respeito.

Aos meus amigos

Agradeço aos meus amigos que participaram direta ou indiretamente deste

trabalho, pois nossos caminhos se cruzaram diante de um ideal comum. Quebramos

marasmos. Partilhamos desafios, descobertas e conquistas. Dividimos incertezas e

muitas caronas... Mas somamos alegrias, forças e entusiasmos. Hoje temos um

pouco do outro em cada um de nós. Obrigada, amigos, por tornar este ano

inesquecível.

Enfim, a todos que de alguma maneira contribuíram para que a elaboração

desse trabalho fosse possível, seja pela ajuda constante ou por palavras de

incentivo!

Muito Obrigada!

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“(...) através da seleção natural a

nossa mente se adaptou às condições do mundo externo. Adotou a geometria mais vantajosa para a espécie ou, em outras palavras, a mais conveniente. Geometria não é uma verdade, ela é vantajosa.”

Poincaré

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 7

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 9

2.1. EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ........................................................................... 9

2.2. A GEOMETRIA PROJETIVA E SUA IMPORTÂNCIA NA AMPLIAÇÃO DO

CONHECIMENTO E DO PENSAMENTO GEOMÉTRICO DO ALUNO ................ 11

2.3. A MATEMÁTICA E A ARTE ......................................................................... 13

3. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO .................................................................................. 16

4. APRESENTAÇÃO DA UNIDADE ........................................................................ 17

1ª AÇÃO - INCENTIVANDO A LEITURA MATEMÁTICA ................................... 17

2ª AÇÃO – MATEMÁTICA EVOLUTIVA ............................................................. 19

3ª AÇÃO – DESENHO TÉCNICO E MATEMÁTICA ............................................ 21

4ª AÇÃO – GEOMETRIA PROJETIVA ................................................................ 22

5ª AÇÃO – AVALIAÇÃO MATEMÁTICA ............................................................. 25

5. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 27

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1. INTRODUÇÃO

A Matemática, como área de conhecimento e disciplina curricular, tem por

objetivo contribuir para que os alunos desenvolvam e aperfeiçoem competências

para a vida em sociedade, desenvolvendo o raciocínio lógico. De acordo com as

Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCEs) do Paraná (PARANÁ, 2008), o

processo de ensino e aprendizagem na disciplina de Matemática visa promover o

contato do aluno com os conhecimentos historicamente produzidos, possibilitando

oportunidades ao aluno de ampliar o seu conhecimento e, por conseguinte,

contribuir para o desenvolvimento da sociedade.

A disciplina de Matemática, por muitas vezes, é considerada vilã pelos alunos,

que a qualificam como difícil e sem aplicação prática. Mas, quando vista e entendida

como um saber real, propicia a aproximação do saber de senso comum ao

conhecimento sistematizado cientificamente. Santos (2008, p.3) corrobora essas

premissas:

No âmbito escolar, a educação da matemática é vista como uma linguagem capaz de traduzir a realidade e estabelecer suas diferenças. Na escola a criança deve envolver-se com atividades matemáticas que a educam nas quais ao manipulá-las ela construa a aprendizagem de forma significativa, pois o conhecimento matemático se manifesta como uma estratégia para a realização das intermediações criadas pelo homem, entre sociedade e natureza.

Desse modo, a construção do conhecimento matemático deve ser um

processo em que os alunos se apropriem dos conteúdos curriculares de maneira

motivadora e significativa. Para tanto, é fundamental que o professor aperfeiçoe a

sua prática, buscando métodos inovadores e promovendo práticas pedagógicas

interdisciplinares. Skovsmose (2008, p. 03) relata que:

A Educação Matemática se enquadra tradicionalmente no paradigma do exercício, que possui a premissa central de que existe uma, e somente uma resposta correta para questões, desafios e problemas. Acredito que mais importante do que fazer exercícios, é analisar os diferentes tipos de situações, aprendendo a construir estratégias utilizando os conceitos matemáticos.

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O professor deve proporcionar ao aluno uma ação que promova o

desenvolvimento do seu pensamento lógico, no intuito de que ele construa um

aprendizado verdadeiro e com significado. A construção do conhecimento

matemático, dentro da lógica-matemática, assegura um aprendizado muito mais

satisfatório, pois a lógica não trabalha só o raciocínio, mas todo o processo,

envolvendo estudo e compreensão, entendimento e aprendizado. Scolari e Bernardi

(2009, p. 03) salientam que:

Da mesma forma que na leitura ou escrita, o raciocínio lógico na resolução de problemas matemáticos é um fator de extrema importância, é fundamental que os alunos compreendam e raciocinem sobre o que está sendo proposto e não somente decorem e apliquem fórmulas.

Com o desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático, os conteúdos

curriculares deixam de ser apenas decorados e memorizados para serem realmente

compreendidos, entendidos e internalizados pelos alunos. Nesse contexto, o

professor é visto como o facilitador e mediador do ensino: aquele que desenvolve

oportunidades ricas de aprendizado.

As DCEs incluíram no currículo de Matemática da educação básica a

abordagem das geometrias não euclidianas, sendo que essa inserção é ainda um

desafio para os professores, pois muitos alegam não terem tido conhecimento de tal

conteúdo durante a formação. Barreto e Tavares (2007), em pesquisa realizada em

2005, com 43 instituições de Ensino Superior do Brasil, concluíram que somente 5

(cinco) cursos de formação abordavam conceitos de geometrias não euclidianas nas

suas matrizes curriculares.

Desse modo, considerando as propostas das DCEs com relação ao conteúdo

estruturante “Geometrias”, o presente estudo justifica-se pela abordagem e

contribuição no entendimento da aplicação da Geometria Projetiva no processo

ensino e aprendizagem da Matemática, por meio da articulação interdisciplinar com

a Arte. Pretende-se elaborar uma Unidade Didática composta por fundamentação

teórica e atividades que reflitam um ensino contextualizado e crítico que contribua

para a aplicação da teoria no cotidiano dos alunos.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

A Matemática, enquanto disciplina que compõe o currículo escolar, possui na

sua estrutura conceitos e conhecimentos que devem ser abordados para que o

aluno aprenda os conhecimentos historicamente produzidos e, através da

socialização dos conhecimentos, possa desenvolver-se intelectualmente.

Os conteúdos matemáticos devem ser apropriados pelos alunos de maneira

que eles possam interligar e aplicar o que aprendem na escola, na resolução de

problemas de sua vida cotidiana, tornando o processo educativo significativo e

relevante para a vida em sociedade. Segundo Pinheiro (2005, p.74).

Como conhecimento em geral, a Matemática é resposta às preocupações do homem com a sobrevivência e a busca de novas tecnologias, que sintetizam as questões existenciais da vida. Ou seja, é a necessidade que leva o homem a aprender mais, sendo que a matemática não é desvinculada desse processo.

Desse modo, ao longo do processo histórico, vários conhecimentos foram

sendo produzidos, apropriados e aplicados dentro do contexto social e cultural onde

foram construídos. Com os avanços da humanidade, a Matemática adquiriu forma e

desenvolveu uma estrutura interna própria passando a possuir um caráter científico

presente em nossa vida diária. Essa evolução do conhecimento matemático chegou

até a escola, provocando alterações no currículo e, necessariamente, na prática

pedagógica.

As atuais propostas pedagógicas visam melhoria do processo de ensino e

aprendizagem da Matemática e fomentam discussões nas escolas sobre o tema.

Enfatizam a necessidade de que os conteúdos sejam desenvolvidos a partir de

práticas pedagógicas dinâmicas que permitam o desenvolvimento do pensamento

abstrato e da sistematização do conhecimento através de práticas contextualizadas

na vivência dos alunos. Fiorentini e Lorenzato (2006, p.09) explicam que:

Para isso é necessário considerar o processo educativo da disciplina no âmbito da Educação Matemática, ou seja, a partir de múltiplas relações e determinações entre ensino, aprendizagem e conhecimento matemático em um contexto sociocultural específico.

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Na escola, a educação matemática deve contribuir para a formação de

crianças e jovens questionadores e críticos, que saibam agir com autonomia e

utilizem os conhecimentos matemáticos adquiridos em situações diversas do seu

dia-a-dia, relacionando teoria e prática. Quando o processo de aprendizado traz

situações do cotidiano deixa de ser maçante e cansativo ao aluno.

Assim, ao trabalhar com a matemática crítica, “é possível o professor mostrar

ao aluno outra faceta da Matemática na sociedade, tornando-a importante

ferramenta na busca de uma sociedade mais justa” (FLEMMING, LUZ e MELLO,

2005, p.16).

O professor deve saber a importância do estudo dos conteúdos em cada série

e, sempre que possível, evidenciar a sua aplicação na resolução de problemas

matemáticos que surgem na vida prática. Segundo Santos (2008, p. 01):

Infelizmente o ensino da Matemática, em muitas escolas e por muitos professores, ainda está direcionado para atuar como um instrumento disciplinador e excludente. Uma grande maioria de professores tem como único objetivo ensinar a Matemática sem se preocuparem em repassar para o aluno um conhecimento matemático significativo.

O ensino da Matemática deve permitir aos alunos o aprendizado das

informações que recebem cotidianamente e, ao mesmo tempo, proporcionar aos

alunos as oportunidades de aprenderem a utilizar e a incorporar os mais diversos

instrumentos científicos de maneira crítica, dentro da proposta da educação

matemática crítica.

A construção do conhecimento matemático é um processo que precisa

ganhar novo significado, partindo dos conceitos e objetivos da disciplina de

Matemática.

Neste sentido, uma das preocupações da educação matemática crítica é o

desenvolvimento de uma concepção problematizadora e libertadora de educação,

como a proposta de Freire, que possibilite uma “reflexão sobre a realidade de

maneira que auxilie os alunos a pensar e atuar de maneira crítica no mundo em que

vivem” (FREIRE, 2005, p. 53).

Portanto, o aluno colocado diante de uma situação envolvente, problemática,

interessante, desafiante e inovadora é estimulado a construir seu conhecimento, por

meio do “aprender no aprendido”. Esse processo envolve um aprendizado por parte

dos professores em prol do exercício de ação – reflexão – ação promovendo um

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movimento intra e inter na construção do conhecimento que, por sua vez, propicia

uma práxis pedagógica consistente.

Para que essa nova visão da educação matemática realmente se concretize é

necessária uma avaliação da prática pedagógica. Torna-se necessário abandonar

uma linha de trabalho que não contribui para a construção de uma aprendizagem

voltada para a realidade dos alunos e inserir diferentes temáticas dentro da

disciplina de Matemática, embasadas pelas DCEs.

2.2. A GEOMETRIA PROJETIVA E SUA IMPORTÂNCIA NA AMPLIAÇÃO DO

CONHECIMENTO E DO PENSAMENTO GEOMÉTRICO DO ALUNO

Seara (2010, p.02) relata que com a implantação das Diretrizes Estaduais de

Educação (DCEs), alguns conteúdos matemáticos foram, formalmente, incluídos no

currículo, entre eles as geometrias não euclidianas clássicas de Lobachevsky e

Riemann, a geometria projetiva e os fractais. Acontece que, muitos professores

relatavam a sua “falta de bagagem” e, consequentemente, a dificuldade em abordar

esses conteúdos em sala de aula.

A geometria projetiva surgiu na Itália, no século XV, porém, somente no

século XIX, na França, é que o engenheiro e matemático francês Jean-Victor

Poncelet, dá início à verdadeira criação da geometria projetiva, ao estabelecer as

bases geométricas para a representação sobre uma superfície plana, de uma

imagem como percebida pelo olho.

Watermann e Franco (s/d, p.02) salientam sobre a origem da geometria

projetiva afirmando que:

A história da geometria projetiva começa na Itália no século XV; nasceu do esforço de criar uma teoria racional onde as regras práticas que os artistas e os pintores da Renascença (Leon Battista Alberti, Paolo Uccelo, Leonardo da Vinci, Piero della Francesca, Dürer, etc.) tinham descoberto, para representar na teoria, de modo correto, a imagem suscitada em nossos olhos pelos objetos do mundo exterior.

Enquanto a geometria euclidiana preocupa-se com o mundo em que vivemos,

a geometria projetiva aborda o mundo que vemos. Na prática, os trilhos de trem não

são retas paralelas, mas retas que se encontram no horizonte, no infinito. Essa é

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uma das características marcantes da geometria projetiva, duas retas quaisquer

sempre se intersectam, segundo Auffinger e Valentim (2003, p.02).

Ao contrário da geometria euclidiana, a geometria projetiva pode ser

desenvolvida usando apenas uma régua não graduada. Com a mudança nas DCEs

de Matemática e a inserção no currículo das geometrias não euclidianas, os

professores também consideraram a existência de outras, além das euclidianas,

iniciando um trabalho diferenciado nas aulas de Geometria. De acordo com

Watermann e Franco (s/d, p.4):

No processo ensino-aprendizagem o aluno deve realizar experiências com materiais concretos, usando a intuição que desperta curiosidade e instiga a capacidade de generalizar, projetar, prever e abstrair, vivenciando de forma dinâmica os conteúdos, descobrindo conceitos e interiorizando-os, que servirão como auxiliares no desenvolvimento de seu raciocínio lógico, a estruturação do pensamento e a melhoria na qualidade de ensino.

O ensino da Matemática é o meio que conduz o homem a compreender o

processo histórico e evolutivo da construção do conhecimento matemático, bem

como a apropriar-se e utilizar-se deste mesmo conhecimento nas relações que

estabelece com a realidade em que vive. Desse modo, o trabalho com a geometria

projetiva em sala de aula deve possibilitar ao aluno a compreensão e apropriação

desse conhecimento relacionando com sua aplicação prática.

A aplicação da geometria projetiva na arte, segundo Auffinger e Valentin

(2003), foi inicialmente utilizada para que as obras dos artistas estivessem

representando melhor a realidade, de modo que os artistas introduziram os

conceitos de ponto de fuga e perspectivas, levando tempo para que essas ideias se

tornassem conceitos matemáticos. Arsie e Medina (2011, p.8667) explicam que:

Os trilhos, apesar de serem paralelos, se encontram em algum ponto do horizonte. Tomando como plano a tela do artista, estas linhas se encontram, confrontando assim com a Geometria de Euclides, cujas paralelas nunca se tocam. Na Geometria Projetiva, elas se encontram no infinito.

Com a inserção da geometria projetiva no ensino fundamental, o professor

deve buscar uma prática contextualizada, inserindo novas metodologias e

instrumentos de ensino que propiciem o aprendizado desse tema. Essa estratégia é

fundamental para abandonar as aulas centradas apenas no livro didático, dosando

seu uso na sala de aula e incluindo novas tecnologias como TV, vídeo,

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computadores, Internet, câmera digital e outros recursos tecnológicos, buscando

tornar as aulas dinâmicas, motivadoras e contribuindo para o aprendizado mais

eficaz e representativo para os alunos dentro do conteúdo de geometria projetiva.

2.3. A MATEMÁTICA E A ARTE

Os primeiros conhecimentos referentes à Matemática provêm das antigas

civilizações. Registros de épocas remotas sugerem que a “passagem do estágio de

coleta para a produção de alimentos, por meio da atividade agrícola, foi uma

transformação fundamental, que gerou progressos acerca do conhecimento de

valores numéricos e de relações espaciais” (PARANÁ, 2008, p.50).

Cabe destacar que os saberes históricos possibilitam a compreensão de que

a Matemática surgiu em contextos específicos de cada época, advindos das

necessidades práticas do homem e, posteriormente, do desenvolvimento teórico e

abstrato da própria Matemática, tornando-a uma ciência viva e envolvente, trazendo

inúmeros benefícios aos cidadãos.

Toda a evolução histórica, considerando o contato com operações e conceitos

matemáticos, mesmo que informalmente, sem formulações e teoremas, foi

fundamental para a construção do saber matemático entre os povos. Cada qual

buscou adaptar as descobertas matemáticas de acordo com suas necessidades e,

assim, os povos foram construindo sistemas de numeração, alternativas para

operações concretas e desenvolvendo o pensamento crítico.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, de 5ª a 8ª séries

(BRASIL, 1998, p. 24):

A Matemática é uma ciência viva, não apenas no cotidiano dos cidadãos, mas também nas universidades e centros de pesquisas, onde se verifica, hoje, uma impressionante produção de novos conhecimentos que, considerando seu valor intrínseco, de natureza lógica, tem sido instrumento útil na solução de problemas científicos e tecnológicos de grande importância.

A Matemática, cada vez mais, vem sendo utilizada em diversos setores do

conhecimento, contribuindo para outros saberes das ciências em geral. É uma área

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que fortalece o desenvolvimento da produção e das tecnologias e colabora para

transformação da organização social e para a melhoria da qualidade de vida.

D’ Ambrosio (2005) contribuiu para definir os termos máthema e techné,

destacando que máthema é ensinar e, dessa forma, equivale a conhecer, entender,

explicar e, techné ou tica, corresponde a técnica e arte. Assim, a Matemática

envolve o conhecimento de técnicas, ensinar arte, ou ainda entender técnicas e arte.

Berro (2008, p. 97) afirma que:

Para cativar, abrir e despertar o interesse dos nossos alunos e para o público geral em Matemática, uma das alternativas é fazer esta ligação com a Arte através de propostas de trabalho com os alunos que transcendam o formalismo da apresentação de conteúdos. Normalmente, isso é executado nos trabalhos escolares com os livros paradidáticos, que dão pistas de como podemos usar recursos educacionais, os mais distintos possíveis, para trabalharmos com metodologias adequadas para fins educacionais. E neste aspecto temos que traçar algumas considerações.

Desse modo, o professor que leciona a disciplina de Matemática deve se

manter sempre atualizado, sendo um constante pesquisador na busca de

alternativas pedagógicas que possibilitem aos educandos a aquisição dos

conhecimentos de forma reflexiva e questionadora e dentro da prática pedagógica

insira os conhecimentos de outras áreas.

O ensino de Matemática “implica olhar a própria Matemática do ponto de vista

do seu fazer e do seu pensar, da sua construção histórica e implica, também, olhar o

ensinar e o aprender Matemática, buscando compreendê-los” (MEDEIROS, 1987, p.

27). Portanto na escola, o ensino da Matemática deve contribuir para a formação de

crianças, jovens e/ou adultos questionadores e críticos, que saibam agir com

autonomia e utilizem os conhecimentos matemáticos adquiridos em situações

diversas para o bem comum. Santos (2008, p.1) destaca que:

Profissionais da área que se preocupam em desmistificar o ensino da Matemática acreditam que é possível alcançar esses objetivos desde que seja levada em consideração a realidade das influências sofridas pelos alunos em sala de aula de Matemática. Para eles, em verdade está a influência de pelo menos quatro elementos: 1º o professor – 2º o conhecimento lógico-matemático – 3º o ambiente (pais, administração escolar, colegas e espaço físico) – 4º o aluno.

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O objetivo principal é contribuir para a formação intelectual do aluno, para o

aprimoramento de sua capacidade de interpretação, análise e dedução, de forma

que tenha condições de se posicionar de maneira responsável, crítica e construtiva

nas diferentes situações sociais, utilizando-se de fontes de informação e recursos

tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos.

Analisando, a Matemática, assim como a Arte, comporta a razão e a intuição,

considerando uma relação onde se complementam de maneira simultânea dentro da

geometria projetiva. Nessa relação, não existe privilégio da Matemática sobre a Arte

ou vice-versa, ambas são importantes, pois têm no pensamento mecanismos para

aquisição do conhecimento. Afirma Polya (1994, p.93) que:

Mas devemos acrescentar que muitos fatos matemáticos foram primeiro encontrados por indução e demonstrados depois. A Matemática, apresentada com rigor, é uma ciência sistemática, mas a Matemática em desenvolvimento é uma ciência indutiva experimental.

Considerando que a Arte surge no mundo como forma de transformar a

experiência vivida em objetos de conhecimento que demonstram sentimentos,

percepção e imaginação, na educação ela tem a função de inserir saberes culturais

estéticos, na produção e apreciação artística, fundamentais para o desempenho do

cidadão. A função da Arte é a de expressar o modo de ver o mundo, dar forma e

colorido à imaginação. Segundo Ferraz e Fusari (2001, p. 19):

A Educação através da Arte é, na verdade, um movimento educativo e cultural que busca a constituição de um ser humano completo, total, dentro dos moldes do pensamento idealista e democrático. Valorizando no ser humano os aspectos intelectuais, morais e estéticos, procura despertar sua consciência individual, harmonizada ao grupo social ao qual pertence.

Dessa forma, pode-se perceber que a Arte contribui e auxilia no

aprimoramento da linguagem visual. Sua colaboração oferece subsídios para

explorar o saber artístico e, dessa forma, representar e fazer, podendo interagir com

o conhecimento matemático. Desse modo, o ambiente escolar torna-se um espaço

significativo, visto que, proporciona oportunidades de desenvolver capacidades

artísticas e estéticas, além do fato de haver interação entre os colegas e a

construção do saber.

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A Arte e a Matemática não estão totalmente separadas, são duas formas de

conhecimento que se desenvolvem paralelamente e contribuem para compreender a

história do homem, com destaque para a arte e o espírito matemático. Desse modo,

deve-se considerar que “o homem fez arte usando matemática, e construiu

matemática observando as artes” (BARCO, 2005, p.14).

Vantongerloo apud Sá (2005) explica que não há necessidade de expressar a

arte em termos de natureza, a arte pode, perfeitamente, ser expressa em termos da

geometria e das ciências exatas.

Desse modo, essa integração de Arte e Matemática vai além de uma

alteração nos temas a serem abordados nas aulas de Matemática e Arte, mas na

proposta de elaborar atividades que contribuam para que os alunos aprendam a

argumentar, questionar, experimentar, demonstrar, testar e construir seu

conhecimento.

A proposta dinâmica e diferenciada para as aulas de Matemática, procurando

uma atuação integrada entre as disciplinas de Matemática e de Artes, contemplando

o conteúdo geometria projetiva, envolve um processo colaborativo e integrado

fundamental para o desenvolvimento da educação matemática.

3. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

A implementação da presente proposta contemplará procedimentos

metodológicos embasados em pesquisa bibliográfica e de campo e, segundo as

DCEs, abordará os seguintes conteúdos estruturantes de Matemática: Geometrias,

Números e Álgebra e Grandezas e Medidas. A aplicação do mesmo ocorrerá de

forma concomitante ao Grupo de Trabalho em Rede – GTR/2014.

Os participantes do GTR/2014 que são professores da Rede Pública Estadual

do Paraná analisarão os textos e participarão das atividades, das unidades didáticas

e dos fóruns disponibilizados. Desta forma, poderão conhecer a proposta e contribuir

com relatos, sugestões e críticas.

Na escola, o público alvo dessa aplicação serão duas turmas de 9º ano do

Ensino Fundamental da Escola Padre Cristóforo Myskiv – Ensino Fundamental e

Médio, turno matutino, compostas por, aproximadamente, 35 alunos cada, localizada

no Município de Prudentópolis – Paraná. As atividades realizar-se-ão no primeiro

semestre de 2014, sendo a carga horária de 16 horas/aulas em cada turma,

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totalizando 32 horas/aulas. Esta implementação será supervisionada pela direção,

orientação e equipe pedagógica da escola mencionada.

A expectativa desta produção didático-pedagógica é de promover a

aproximação do saber empírico ao conhecimento a ser adquirido através da

geometria não euclidiana, bem como a conceitualização da Geometria Projetiva e,

desta forma, levar os alunos a raciocinar matematicamente construindo seu próprio

conhecimento.

Em consonância as esses pressupostos epistemológicos de encaminhamento

das atividades, salienta-se que o público alvo necessita de estímulos, incentivos à

participação na descoberta e aprendizado do conteúdo abordado, visto que estão na

faixa etária maturacional da adolescência e passam pela adaptação da

pluridocência. Considerando essas premissas, as aulas contemplarão atividades de

arte, lúdicas e de motivação, visando suprir essas necessidades inerentes ao

alunado atendido no Ensino Fundamental.

4. APRESENTAÇÃO DA UNIDADE

Serão desenvolvidas 05 (cinco) ações, sendo que cada ação será composta

por uma variedade de atividades. Algumas atividades deverão ser realizadas em

grupos de, no máximo, 4 (quatro) integrantes, e estas equipes serão reorganizadas,

esporadicamente, para que ocorra uma maior interação entre os alunos.

1ª AÇÃO - INCENTIVANDO A LEITURA MATEMÁTICA

Carga horária: 3 horas/aulas

Conteúdo: Geometrias: Euclidiana e Não Euclidiana

Interdisciplinaridade: Arte e Língua Portuguesa

Objetivo: Despertar o interesse pela leitura matemática e aguçar a percepção dos

alunos para que compreendam noções básicas de Geometria Projetiva.

Material de apoio: Livro, Xerox, compasso, quadro e giz.

Discussão inicial: Consciente de que a leitura é um ato valioso que propicia ao

indivíduo o crescimento intelectual, pessoal e profissional e que através dela

desenvolve-se o senso crítico, aumenta-se a compreensão e amplia-se os

conhecimentos gerais, será solicitado aos alunos a leitura do LIVRO: Matemática

Divertida e Curiosa (Malba Tahan).

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Tendo em vista que encontrarão neste livro: problemas numéricos, anedotas,

sofismas, contos e frases célebres (TAHAN, 1998), uma das atividades desta 1ª

ação contemplará uma pesquisa e uma discussão sobre o mesmo.

Assim, os alunos serão divididos em grupos e cada grupo receberá um

Xerox contendo três atividades, conforme sequência abaixo, as quais deverão ser

realizadas sem a interferência do professor.

Durante o período da correção, será discutida com os alunos a

interdisciplinaridade dos conteúdos. Também serão revistos os conhecimentos

prévios dos alunos sobre Geometria Euclidiana, abordados os conceitos

fundamentais de circunferência e círculo, esclarecer a que tipo de geometria as

espirais pertencem e abordar a existência das geometrias não euclidianas.

Sequência de Atividades:

1ª Atividade: Interpretação Visual

a) A figura ao lado é arte ou matemática?

b) Registre quais figuras geométricas você consegue

identificar no desenho.

c) Ela é uma sequência de círculos ou uma espiral?

Figura 1- Espiral e/ou círculos.1

d) Observe a figura que está a sua esquerda e anote o

que você observa em relação à altura do homem, da

mulher e do menino.

e) Com o auxílio de uma régua graduada meça as três

alturas e compare-as com a sua resposta.

f) Como você justifica as suas respostas nos itens (d) e

(e)?

g) Em sua opinião, as tábuas do assoalho são paralelas

Figura 2- Três pessoas2 ou convergentes?

1 - TAHAN, Malba. Matemática Divertida e Curiosa, 10ª. ed. Rio de Janeiro. Record, 1998. Pág.11.

2- _____________, Matemática Divertida e Curiosa, 10ª ed. Rio de Janeiro. Record, 1998. Pág.39.

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2ª Atividade: Os grandes Geômetras

1º Momento: Após a leitura do livro “Matemática Divertida e Curiosa” os alunos

deverão elaborar uma pesquisa sobre as curiosidades dos Grandes Geômetras que

são mencionadas no livro.

2º Momento: Exposição e debate sobre as curiosidades pesquisadas.

3ª Atividade: Explorando a imaginação e a percepção visual

1º Momento: Utilizando apenas a memória e a imaginação, os alunos deverão

desenhar os seguintes objetos: Um tijolo, um armário e uma pirâmide de base

triangular.

2º Momento: Deverão desenhar os mesmos objetos, porém observando cada um

deles.

3º Momento: Os alunos deverão desenhar o seu próprio quarto.

4º Momento: Discutir a respeito das dificuldades encontradas nos momentos

anteriores.

2ª AÇÃO – MATEMÁTICA EVOLUTIVA

Carga horária: 3 horas/aulas

Conteúdo: Geometria Euclidiana e Não euclidiana

Objetivo: Compreender os axiomas da Geometria Euclidiana e demonstrar

historicamente o surgimento de outras geometrias.

Material de Apoio: Computador, internet, TV e pendrive, quadro e giz.

Discussão inicial: Esta ação será dividida em duas atividades com dois momentos

cada uma:

- na primeira será passado um vídeo sobre Euclides na forma de um resgate

histórico, e, na sequência será realizada uma discussão sobre os fundamentos da

geometria construída por Euclides.

- a segunda atividade terá, como primeiro momento, uma pesquisa na internet sobre

a geometria e, no segundo momento, ocorrerá a discussão sobre o assunto. Dados

relevantes que não tenham sido abordados serão acrescentados, no intuito de

complementar e sanar dúvidas encontradas pelos alunos durante a pesquisa.

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Sequência de Atividades:

1ª Atividade: Euclides, um grande pensador. (vídeo)

1º Momento: Assistir o vídeo: "Grandes pensadores: Euclides”, com tempo de 2 min.

54 seg., disponível no site: http://www.youtube.com/watch?v=QM3HUpIwaYs.

2º Momento: Questionar os alunos sobre o que Euclides estava se referindo quando

definia:

a) Aquilo que não tem partes.

b) Aquilo que tem comprimento, mas não tem largura.

c) Aquilo que tem comprimento e largura, mas não altura.

d) Aquilo que tem comprimento, largura e altura.

2ª Atividade: Pesquisando a geometria

1º Momento: Os alunos deverão formar grupos de pesquisa e utilizar a internet para

responder as seguintes questões:

a) Qual é o segundo livro mais produzido e estudado na história do mundo

ocidental?

b) Quantos livros fazem parte desta obra?

c) A geometria plana elementar é tratada em quais volumes desta obra?

d) O que significa Axioma ou Postulado?

e) Qual é a diferença entre Teorema e Axiomas?

f) Quais Postulados são a base da Geometria Euclidiana?

g) Sobre o que fala o quinto Postulado de Euclides?

h) Existem outros tipos de Geometria? Cite três delas.

i) Por que foram criados outros tipos de Geometrias?

2º Momento: Exposição e debate das informações pesquisadas pelos alunos e,

apresentação de dados relevantes da história da geometria que não foram bem

compreendidos durante a pesquisa.

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3ª AÇÃO – DESENHO TÉCNICO E MATEMÁTICA

Carga horária: 4 horas/aulas

Conteúdo: Geometria Descritiva

Objetivo: Aguçar a percepção visual dos alunos e despertar o interesse pelo

desenho técnico.

Material de apoio: Sólidos geométricos, TV e pendrive, slides e câmera fotográfica.

Discussão inicial: Esta terceira ação estará dividida em duas atividades, sendo que

a primeira “Descobrindo o objeto secreto” tem como finalidade mostrar ao aluno que

para representar um objeto é necessário uma descrição clara e precisa do tamanho

e da forma do objeto, e que a Projeção Ortogonal, através das vistas, permite a

representação bidimensional de um objeto tridimensional.

A segunda atividade será uma “missão fotográfica” e terá dois momentos. O

primeiro subdivide-se em cinco itens: O item (a) tem como objetivo a fixação e a

constatação do aprendizado dos alunos em relação à Projeção Ortogonal. No item

(b) serão realizadas fotos de objetos diversos, as quais servirão como fonte de

estudo para o segundo momento no qual os alunos irão: medir, comparar e

relacionar distância e tamanho do objeto, revendo os conceitos de

proporcionalidade. Os itens (c), (d) e (e) também se referem à realização de fotos

que serão utilizadas na 4ª ação.

Sequência de Atividades:

1ª Atividade: Descobrindo o objeto secreto.

1º Momento: Todos os grupos receberão sólidos geométricos na mesma quantidade

e formato e deverão, através das dicas, montar o objeto secreto. Poderão ser

usados quantas peças julgarem necessárias e, estas, deverão ser sobrepostas ou

justapostas.

2º Momento: Cada grupo receberá a primeira dica: uma folha contendo apenas a

vista frontal do objeto secreto e deverão construí-lo em 5 minutos. Após o término

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do prazo, o professor visitará cada grupo para verificar se conseguiram montá-lo e,

caso não tenham conseguido, entregará a segunda pista que será a vista lateral

esquerda e procederá da mesma forma. Caso ainda não consigam descobrir o

objeto secreto, será entregue a vista superior como a terceira dica, a vista lateral

direita como a quarta dica, a vista inferior como a quinta dica e como última dica

será entregue a vista posterior.

Observação: Esta atividade pode ser repetida até que todos os grupos participem

da descoberta do objeto secreto, ou até que o professor perceba que todos os

grupos já compreenderam o conteúdo.

2ª Atividades: Missão fotográfica

1º Momento: Disponibilizar a cada grupo uma câmera fotográfica e propor a eles

que registrem com ela, as seguintes situações:

a) Vista frontal, lateral e superior de um objeto proposto pela professora.

b) A imagem frontal de um mesmo objeto estando a 10 cm, a 100 cm e a 500 cm

do fotógrafo, utilizando o mesmo ponto de vista.

c) Paisagem que apareça a linha do horizonte por trás de uma janela.

d) Rua, avenida ou estrada capturando a imagem mais longínqua que

conseguirem.

e) Uma residência que possua um poste de luz localizado exatamente em frente

da mesma.

2º Momento: Após a impressão das fotos do item (b), os alunos deverão elaborar

tabelas relacionando as grandezas: distância, altura e largura do objeto fotografado

e através das medições e comparações deverão verificar se a proporcionalidade

ocorre nesta situação.

4ª AÇÃO – GEOMETRIA PROJETIVA

Carga Horária: 5 horas/aulas

Conteúdo: Geometria Projetiva, História.

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Objetivo: Explorar a Geometria Projetiva e os conhecimentos empíricos dos alunos

na construção de conceitos matemáticos.

Material de Apoio: Slides, fotos, revistas, notebook e data-show.

Discussão inicial:

Será explanado aos alunos que a Geometria Projetiva surgiu no século XV,

período muito conturbado, no qual as pessoas eram subordinadas às suas crenças e

religiões e que na Arte o tamanho das pessoas era retratado de acordo com sua

hierarquia política e/ou religiosa. No entanto, buscando mais realismo em suas

obras, os pintores Renascentistas (Leon Battista Alberti, Paolo Ucelo, Leonardo da

Vinci, Piero della Francesca, Dürer, etc) introduziram os conceitos do ponto de fuga

e da perspectiva. É interessante mostrar para os alunos que a geometria Projetiva

retrata o nosso dia-a-dia, porém da forma em que a vemos.

Sequência das Atividades:

Nesta etapa serão realizadas quatro atividades.

1ª Atividade: A Geometria no período Renascentista

1º Momento: Apresentação, em Power Point, de um breve histórico da Geometria

Projetiva, destacando os conceitos de profundidade, planos de fundo, perspectiva,

ponto de vista, ponto de fuga, linha do horizonte e as técnicas de perspectiva mais

utilizadas.

2º Momento: Discussão sobre os conteúdos apresentados em slides sobre a

Geometria Projetiva.

2ª Atividade: Analisando os axiomas da Geometria Projetiva

1º Momento: Será exposta na lousa a seguinte afirmação:

Segundo Janos (2011, p. 233) os axiomas da Geometria Projetiva são:

• Todos os pontos do plano não pertencem à mesma reta.

• Existe pelo menos uma linha em um plano.

• Se A e B são dois pontos distintos em um plano, não existe mais de uma

reta contendo A e B.

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• Se A e B são dois pontos em um plano, existe pelo menos uma reta

contendo A e B.

• Qualquer duas retas em um plano se interceptam em pelo menos um

ponto.

2º Momento: Serão formados grupos e estes deverão: analisar, discutir e identificar

qual afirmação anterior é considerada a principal da Geometria Projetiva.

3ª Atividade: Estudando as imagens

1º Momento: Serão formados grupos e estes receberão as imagens fotografadas por

eles nos itens (c), (d) e (e) da Ação anterior.

2º Momento: Cada grupo deverá Identificar os planos de fundo na foto do item (c) e

através de recortes de revistas montarão um cenário que contenha três planos de

fundo.

3º Momento: Com a foto do item (d), os alunos deverão marcar a linha do horizonte

(LH), as linhas de fuga, o ponto de vista e o ponto de fuga (PF), analisar o que

ocorre com as retas paralelas e relacionar com o 5º Axioma de Euclides.

4º Momento: Marcar os traços principais da foto E, reproduzi-los em uma folha de

papel e explorar a técnica da sobreposição de objetos.

4ª Atividade: Desenhando em perspectiva

1º Momento: Com o auxílio do Data-show e do programa Paint, será demonstrado

como desenhar passo a passo um ambiente em perspectiva cônica com um ponto

de fuga.

2º Momento: Cada aluno desenhará manualmente o seu próprio quarto, porém

agora utilizando as técnicas da Geometria Projetiva.

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3º Momento: A atividade será finalizada com a exibição do vídeo do Arquiteto David

Sosa, com 8 minutos e 20 segundos de duração, disponível no site:

http://www.youtube.com/watch?v=NMLSZeFox6Q.

5ª AÇÃO – AVALIAÇÃO MATEMÁTICA

Carga Horária: 1 hora/aula

Conteúdo: Geometrias.

Objetivo: Verificar se os objetivos propostos nas atividades anteriores foram

alcançados.

Material de Apoio: Xerox.

Discussão inicial: A avaliação é um processo indissociável da aprendizagem,

portanto, os estudantes serão avaliados, continuamente, através das suas

produções e discussões. Como forma de verificar se ocorreram modificações

evolutivas em relação a este conteúdo, eles deverão resolver as seguintes

atividades avaliativas:

Sequência das Atividades:

Nesta etapa, os alunos serão avaliados por meio de oito atividades.

Atividades: Avaliando seus conhecimentos

1) Qual é a diferença marcante entre Geometria Euclidiana e a Geometria

Projetiva?

2) Qual é o principal postulado da Geometria Projetiva?

3) O que é perspectiva?

4) No processo da perspectiva o que se distorce naturalmente?

5) Em que período surgiu a Geometria Projetiva?

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6) Dada as figuras abaixo marque o Ponto de fuga (PF), a linha do horizonte

(LH) e indique a posição do observador (PO).

Figura 1 - Lago Municipal Figura 2 - Avenida São João Fonte: autora Fonte: autora

7) Existem vários tipos de geometrias, encontre nove delas neste embaralhado de

letras:

A V F R E C P R O L M I F

R U B O V P R E E N U A R

X O P S A N A L I T I C A

L U Q U V L N E P A X I C

E U C L I D I A N A R U T

S E N T T G S A E N T U A

F J U I E D R G I T E A L

E V M L J R E A N I L N U

R C E T O P O L O G I C A

I M O E R T I A L E P V O

C A R G P C O M R A T I I

A A C I L O B R E P I H M

R T A C I T E A M E C T N

P R O C T A X I S T A H V

8) Relate sua experiência durante a implementação desta Unidade Didática.

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