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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL: NECESSIDADES URGENTES, TEMPO E
ESPAÇO PARA FORMAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR *
Cleicimara Aparecida Cretella**
Orientador: Prof. Dr. Oséias Oliveira dos Santos***
RESUMO
Fonte de investigação em várias pesquisas científicas, a formação de docentes em serviço, tem sido avaliada como uma prática fragmentada que não atende a complexidade dos aspectos peculiares da profissão docente e tão pouco os selves substanciais e profissionais, considerados fundamentais para o desenvolvimento profissional dos professores, uma vez que encravam necessidades intelectuais e de motivação. E, apesar de ser tomada como um elemento de forte impacto sobre os resultados da educação, os problemas relacionados a formação de docentes se agravam quando se trata de articular tempo e espaço de formação, dentro de uma estrutura de trabalho engessada na rotina e formatada por agentes exteriores ao ambiente escolar. Diante da necessidade de estimular o interesse pela formação contínua em serviço, as ações desenvolvidas neste trabalho tiveram como objetivo levantar as necessidades de formação do coletivo educador do Colégio Estadual Humberto Alencar Castelo Branco, localizado em Pinhais/PR, com vistas a elaboração de uma proposta de formação mais significativa. Deste modo, pressupostos da andragogia e o cotidiano escolar são colocados como princípios norteadores desta proposta. No entanto, implantar um processo de formação contínua no local de serviço, dentro de uma concepção onde o professor seja protagonista do próprio desenvolvimento profissional, exige ações preliminares como o repensar a organização da escola e o modelo de gestão. Além disso, identifica-se ser necessário transpor certas formas de cultura presentes no ambiente escolar, como o individualismo e a colaboração confortável, uma vez que são consideradas entraves para os processos de mudança e desenvolvimento.
Palavras-chave: desenvolvimento profissional docente, cultura escolar, modelo de gestão, tempo e espaço de formação contínua em serviço.
*Artigo apresentado na conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2014/2015, Área de Gestão Escolar, promovido pela Secretaria de Educação do Paraná. **Professora do QPM da SEED/PR, com atuação em turmas do Ensino Fundamental e Médio, na disciplina de Arte. Licenciada em Educação Artística, com habilitação em Artes Plásticas, pela Faculdade de Artes do Paraná; Pós-Graduada em Pedagogia nas Organizações e História da Arte. *** Professor Adjunto do Ensino Superior na UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Câmpus Curitiba; Doutor em Educação, pela UFSM; Mestre em Educação pela UPF; Pós-graduado em: Língua Portuguesa, Supervisão Escolar, Gestão Pública Municipal, Letras Língua Portuguesa e Respectivas. Bacharel em Teologia.
INTRODUÇÃO
De modo geral, os processos de formação vêm sendo submetidos a muitos
estudos onde se revelam inconsistentes, principalmente quando se trata da formação
de professores em serviço. Realizados em momentos pontuais e tidos por vários
autores e, principalmente por aqueles que a vivenciam, como práticas desvinculadas
da realidade cotidiana e dos mais diversos contextos em que as escolas estão
inseridas. Estes processos são criticados por não atender as necessidades
intelectuais e de motivação dos professores e, tão pouco, os componentes
emocionais, representados pelos selves1 substantivos e profissionais.
Por outro lado, ao lançar um olhar mais atento para o interior da escola pública
é possível perceber algumas inquietações provindas de um ambiente que se faz em
ambiguidades. Se por um lado cobra-se dos professores uma postura mais
contemporânea, um ensino que ultrapasse a transmissão de informações e que
atenda as diversas perspectivas dos alunos, por outro, isso é renegado aos
professores nos cursos ofertados a nível de formação continuada. As experiências
vivenciadas pelos professores nestes cursos revelam propostas de desenvolvimento
que objetivam instrumentalizar o professor para a aplicação de conteúdos em sala de
aula por meio de uma metodologia de ensino baseada na transmissão-recepção.
Dentro deste modelo, onde a ênfase é centrada nos conteúdos, anula-se qualquer
discussão acerca da prática pedagógica do professor e dos problemas escolares e
sociais relacionados ao exercício da profissão.
Em contraposição a este traçado da formação continuada em serviço, foi
elaborado um projeto de intervenção para o Colégio Estadual Humberto Alencar
Castelo Branco, localizado no município de Pinhais-PR, que propõe a construção de
uma proposta de desenvolvimento profissional docente, mediante a organização e
articulação do coletivo educador. Este surge como uma proposta pautada nas
necessidades reais dos professores, a partir dos problemas encontrados no dia a dia
1 Selves correspondem aos componentes emocionais de uma pessoa. Os “eus substantivos” estão
ligados a autoimagem, autoestima, motivação profissional, realização profissional, percepção de tarefas e perspectivas futuras, enquanto os “eus profissionais” se referem a vontade de ir para além do cumprimento do dever, a comunicação eficaz, o sentir-se realizado no ensino, os relacionamentos com os colegas, a satisfação com sucessos específicos dos alunos, as perspectivas dos alunos e a aprendizagem através da reflexão sobre a prática. (In Day, 2001, p.86-87)
do trabalho docente e, ainda, que considerasse o professor e não os conteúdos como
figura central do processo de formação.
A organização do coletivo para discutir tal proposta, previa inicialmente, a
utilização dos períodos de formação previstos em calendário escolar. Porém, o ano
letivo de 2015 iniciou com muita turbulência no interior das escolas e antes mesmo de
terminar a Semana Pedagógica os profissionais da educação de todo o Estado
entraram em greve. Após breve retorno, nova greve foi deflagrada, o que levou a
retomada das atividades escolares, somente para a segunda semana do mês de
junho. Mas isso não significou dias melhores, pois para recompor o calendário escolar
foi necessário a inserção de mais uma hora/aula diária e de sábados letivos.
Consequentemente todos os planejamentos foram abortados, sendo o projeto de
intervenção aplicado de modo fragmentado e em pequenas doses nos momentos de
hora-atividade.
Diante destes eventos, as atividades programadas no Caderno Temático
também necessitaram ser ajustadas, e em decorrência dos diálogos e reflexões,
novos estudos foram exigidos, o que serviu para corroborar com a proposta de
desenvolvimento profissional docente.
1- FORMAÇÃO DOCENTE EM SERVIÇO
A realidade escolar traz muitas inquietações aos professores, pois apesar de
todos os esforços, o resultado do trabalho docente deixa um sentimento de impotência
diante das demandas colocadas à escola pública. Nóvoa (2012) aponta em seus
discursos que a sociedade pede tudo aos professores e no entanto dá-lhes quase
nada. Acrescenta em sua fala a necessidade da valorização da profissão docente, não
só na questão salarial, mas também no que diz respeito ao estatuto social e
profissional. Neste sentido sugere que a figura do professor seja colocada acima dos
recursos e instrumentos metodológicos, e que seja revisto a maneira como são
colocados os dispositivos de apoio e de aprendizagem aos professores.
É, portanto, o questionamento sobre os processos de formação contínua em
serviço o foco de estudo deste projeto. Não só pelo fato de vários autores se
dedicarem a investigação neste campo, mas principalmente pela narrativa dos
professores em cada encontro de formação continuada. Locuções que explicita a
urgência da escola em ganhar autonomia para discutir suas práticas e se reorganizar
para enfrentar as demandas da sua realidade e dos problemas vivenciados pelos
professores dentro de sala.
A não eficiência dos processos de formação docente, segundo Day (2001),
decorre do pouco caso dado as histórias de vida dos professores, de suas
necessidades de aprendizagens e de desenvolvimento. As necessidades intelectuais
e de motivação dos professores, seus componentes emocionais, representados pelos
selves substantivos e profissionais, são normalmente desconsiderados nos processos
de formação continuada. No entanto, são elementos que constituem aspectos
fundamentais da vida dos professores e que precisam ser considerados quando da
organização de processos de formação e desenvolvimento profissional docente.
Segundo Day (2001) é importante ainda, considerar na elaboração de uma
proposta de formação continuada, a fase da carreira em que se encontra o professor,
pois a medida que os anos de trabalho avançam ocorre um esgotamento e uma
acomodação, uma vez que
as dificuldades inevitáveis do ensino interagem com assuntos pessoais e com a sua vulnerabilidade, bem como com a pressão social e outros valores, resultando num sentimento de frustração e conduzindo a uma reavaliação das possibilidades da profissão e do investimento que nela se tenciona fazer (FARBER, 1991:36 apud DAY, 2001, p.86).
Outro fator importante a ser considerado nos cursos de formação continuada
está relacionado aos pressupostos andragógicos posto por Rocha (2015). Por ser um
um processo direcionado para um público adulto, o ensino promovido por estes cursos
exige levar em conta alguns elementos como autonomia, humildade, iniciativa, dúvida,
mudança de rumo, contextos, experiência de vida, busca, objetividade e valor
agregado. Dentro destes pressupostos entende-se que o adulto aprende mais e
melhor quando percebe que lhe é dada a autonomia para o seu crescimento pessoal
e profissional; que na humildade reside o referencial para o ouvir e descobrir suas
limitações, fraquezas e aceitação do outro; que na iniciativa reside a capacidade de
assumir novas competências, novos desafios e descobertas; que a dúvida propicia
uma atitude crítica-reflexiva; que é preciso ter consciência das possibilidades e
necessidades de mudanças para o atingimento das metas; que é preciso estabelecer
uma coerência entre o campo teórico e as realidades encontradas; que a experiência
de vida serve como referência aos processos de reflexão, conclusão, análise,
avaliações e decisões; que aprendemos quando temos a oportunidade de investigar,
trilhar novos caminhos, de buscar o que é preciso; que como participante ativo o
adulto dispensa rodeios, falácias e perda de foco. E por fim, e talvez o pressuposto
mais forte, que o adulto aprende o que realmente precisa saber, que sua
aprendizagem precisa ter aplicação prática na sua vida diária.
Por outro lado, com vistas ao enfrentamento dos problemas levantados nas
formações continuadas, muitos autores teorizam novas propostas, inclusive
modernizando o conceito de formação. Ao longo dos tempos, vários foram os
conceitos utilizados: formação permanente; formação continuada; formação em
serviço; desenvolvimento de recursos humanos; aprendizagem ao longo da vida
reciclagem ou capacitação. No entanto, Marcelo e Vaillant (2012) consideram a
expressão desenvolvimento profissional docente ser a que melhor se adapta a
concepção do docente como profissional de ensino. Entendem que o conceito de
desenvolvimento “tem uma conotação de evolução e continuidade que supera a
tradicional justaposição entre formação inicial e aperfeiçoamento dos docentes” (Idem,
p. 167). Neste sentido, também tem sido utilizada a denominação “formação contínua”
para vincular a formação dos professores a um processo que não se encerra, uma
vez que diante das crescentes mudanças sociais, “o desenvolvimento profissional,
longe de ser uma questão voluntária e casual, transformou-se em uma necessidade
de qualquer profissional, incluindo os docentes” (Ibdem, p. 167).
Nesta perspectiva, o desenvolvimento profissional docente também deve ser
entendido como “a capacidade de um docente para manter a curiosidade sobre a sala
de aula; identificar interesses significativos no processo de ensino e aprendizagem;
valorizar e buscar o diálogo com colegas experientes” (RUDDUCK apud MARCELO
E VAILLANT, 2012, p.167), o que representa uma atitude constante do professor de
análise, questionamento, troca e reflexão.
Mas, independentemente dos conceitos de formações e dos motivos que levam
o professor a buscar ou não se desenvolver profissionalmente, foram os fatores tempo
e espaço para formação que, no decorrer do trabalho de intervenção, apresentaram
ser os maiores empecilhos para um trabalho coletivo dentro da escola. A organização
do tempo está intrinsicamente ligada ao trabalho docente, onde cada um precisa estar
no seu posto para que a escola siga um fluxo ordeiro. Isto significa que dentro da
organização escolar não se prevê a falta de nenhum profissional, como se os
professores não sofressem com as intempéries da vida. Quando, por exemplo, um
professor adoece, sua ausência não é suprida de imediato, pois para tal é preciso
atender os preceitos burocráticos de contratação temporária e, enquanto isto não
ocorre, a escola precisa dar conta de reorganizar o dia ou período letivo. Diante disto,
muitas vezes os professores acabam adentrando a sala de aula no seu período de
hora atividade. Portanto, somente nas datas previstas em calendário escolar, como
Semana Pedagógica, Reunião Pedagógica e Formação Continuada, que o coletivo se
reúne, o que traz implicações diretas no trabalho docente e compromete qualquer
processo de formação que vise um processo sistematizado e contínuo.
Os dias destinados em calendário escolar, em específico para formação
continuada, contempla dezesseis horas distribuídas em dois momentos distintos, um
em cada semestre - tempo considerado ínfimo para um processo de desenvolvimento
profissional, diante da complexidade da profissão docente. Nestes momentos os
professores realizam suas discussões dentro da proposta formatada pela Secretaria
de Educação e não a partir das necessidades encontradas no cotidiano escolar. São,
portanto, processos esporádicos e superficiais, que como já apontado por Marcelo e
Vaillant (2012), ao não se ajustar as necessidades que surgem nos diferentes
contextos, tornam-se esforços que não garantem um desenvolvimento profissional
sustentável.
Diante deste quadro e da carência por uma formação que toma a prática
docente como princípio norteador, foi projetado uma Intervenção Pedagógica no
Colégio Estadual Humberto Alencar Castelo Branco, cujo intento precedeu de um
plano elaborado em forma de Caderno Temático. As ações previstas neste caderno
foram assentadas na ideia de construção de uma proposta de desenvolvimento
profissional docente que proporcionasse aos educadores um interesse maior pelos
cursos de formação em serviço. Deste modo o Caderno Temático, que leva título de
Gestão Escolar: articulação e organização do coletivo educador na perspectiva do
desenvolvimento profissional docente, foi formatado a partir de conteúdos que
contemplam reflexões sobre a escola, o professor, a profissão, o desenvolvimento
profissional, modelos de formação e o trabalho coletivo. Temas estes distribuídos em
três unidades, onde na Unidades I - Sensibilização do Coletivo Educador - o objetivo
tenciona mobilizar o corpo docente para o desenvolvimento profissional, por meio de
reflexões sobre: Sentido de Pertença; Cultura Organizacional, Cultura Escolar;
Identidade Docente; Crenças Educacionais; Profissão Docente; e Ser Professor. Na
Unidade II – Desenvolvimento Profissional Docente – busca aprofundar o
conhecimento sobre a profissão docente por meio de reflexões sobre:
Desenvolvimento Profissional; Fases da Carreira Docente; Desenvolvimento e
Experiências de aprendizagem; e A Escola, O Ensino e O Que queremos. Por último
na Unidade III, as ações são dirigidas para construção de uma proposta coletiva de
desenvolvimento profissional, abordando temas como: Aprender a aprender O Quê?
Pra Quê e Por Quê?; Conhecimentos de Conteúdos Que Se Ensina; Conhecimentos
Didáticos e Metodológicos; Conhecimentos sobre o Processo Educativo e o Papel da
Escola na Contemporaneidade; Conhecimentos Sobre as relações entre o Processo
de ensino, A Escola e a Cultura; Conhecimentos Para se Pensar em Como Responder
as Situações de Desigualdade e Adversidade cultural; Finalidades da Educação;
Facetas do Educador; Caminhos Para Uma Proposta de Desenvolvimento Profissional
Docente; Modelos de Formação; Oficinas Pedagógicas; e Programa Para
Desenvolvimento das Oficinas Pedagógicas.
A inserção desta proposta na escola, possibilita a tomada de consciência sobre
os aspectos constitutivos da profissão, da responsabilidade social que deve ter o
professor, dos conhecimentos necessários para a prática docente, bem como a
necessidade de apoio e motivação para se desenvolver profissionalmente. Mas, isto,
segundo Jacobucci et al (2007) tem efeito inócuo se não for acompanhado por outras
ações como
... melhoria da infra-estrutura escolar, contratação de bibliotecários, técnicos de laboratório e outros profissionais para o funcionamento de serviços especiais em todos os períodos de funcionamento da escola; carreira digna para professores e especialistas, com salários decentes; jornada de trabalho docente dividida em 50% em sala de aula e 50% destinada à preparação de aulas, organização de projetos coletivos, interface com a comunidade, participação em programas de formação; escolas de tempo integral, em cujo período complementar as crianças e adolescentes sejam devidamente assistidos por professores (JACOBUCCI et.al, 2007, pg. 82).
A jornada de trabalho, dividida em 50% para o trabalho em sala de aula e 50%
a atividades extraclasse, defendida por Jacobucci et al (2007), permitiria uma proposta
diferenciada da elaborada pelos professores do Colégio Estadual Humberto Alencar
Castelo Branco, uma vez que o tempo destinado à formação dentro dos princípios da
investigação, na, sobre e acerca da ação, não possibilita trabalhar com expectativas
de médio e longo prazo. O contido em nossa proposta contempla apenas os
problemas urgentes e importantes, consideradas dentro da tabela quadrante de
tempo, como crise. Pois o tempo de serviço destinado a hora-atividade conquistado
até aqui, mostra-se insuficiente para agregar a formação em serviço. E a dificuldade
de utilizar parte desta carga horária para formação se justifica ao considerarmos que
a hora-atividade contempla inúmeras atividades, como correção de atividades, provas
e trabalhos apresentados pelos alunos; estudos e pesquisas para preparação de
plano de aula - com conteúdo, objetivo, critérios de avaliação, metodologias
inovadoras, recursos tecnológicos, sem deixar de lado, o perfil da turma e a gestão de
sala de aula; o atendimento aos pais; o tempo para discussão de problemas com a
equipe pedagógica ou até mesmo com outros professores; a procura, seleção ou
confecção de material didático; o atendimento a turma sem professor, entre outros.
Um professor, por exemplo, com uma carga horária semanal de 20h e com duas aulas
semanais por turma, terá a seus cuidados, tomando por baixo, uma média superior a
200 alunos e em torno de seis ou sete horas de trabalho extraclasse para atender
todas essas questões. Diante disto, cabe questionar em que tempo o professor
poderia participar de um processo formativo?
2- INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA
Considerando o objeto de estudo proposto no Projeto de Intervenção e a
necessidade de se trabalhar com o coletivo, foi solicitado ao final de 2014, junto a
equipe pedagógica, espaço para dar início as atividades de implementação no início
do ano letivo de 2015, nos dias reservados à Semana Pedagógica, visto ser um dos
poucos momentos em que a escola consegue reunir quase todo o corpo docente em
um mesmo tempo e espaço.
Assim, com o aval da equipe pedagógica, foi elaborado um plano de trabalho
docente para ser ministrado nas 24 horas destinadas à Semana Pedagógica, sendo
um dia para cada Unidade. No entanto, dois dias antes do início do ano letivo, novas
orientações chegaram à escola, adiando o início do ano letivo e reduzindo o período
destinado a Semana Pedagógica. Com isso, um novo plano de trabalho docente teve
que ser elaborado a fim de adequar os conteúdos a nova carga horária disponível.
Em atendimento ao novo cronograma de atividades pedagógicas da Secretaria
de Educação, deu-se início ao projeto de intervenção. O primeiro tema trabalhado,
abordou a questão do sentido de pertença, pois este representa no ambiente de
trabalho uma interação positiva, onde o reconhecimento responde a uma das
necessidades mais urgentes do ser humano. E é na acolhida, na estima e na
valorização de seu trabalho pelos alunos, colegas e gestores e, ainda, na consciência
de que suas ideias e sugestões são ouvidas e consideradas, que os professores
experimentam o sentido de pertença. Por outro lado, o sentido de pertença pode
elucidar um sentimento contrário de querer ser parte. Este sentimento pode aflorar
diante de uma percepção de incompetência e desconforto quando da explanação de
resultados negativos sobre o processo educativo, que muito aquém dos desejados,
são indissociáveis da responsabilidade que deve ter o todo. Assim, com vistas a
levantar o grau de pertença dos professores, foi aplicado um questionário cujos
resultados são apresentados na Tabela 1.
Este questionário, como pode ser observado na Tabela 1, contempla seis
questões, onde dentro de uma escala de 1 a 10, um significa menos pertencente e
dez mais inserido ao contexto. A média geral de 7,59 da pesquisa, foi considerada
boa, uma vez que os professores vinham de um período de entraves, onde grupos se
organizavam para disputar o cargo de diretor. No entanto, ao se pensar na aplicação
do Projeto de Intervenção, a situação se torna mais preocupante, pois a questão que
apresentou menor resultado foi a que buscava saber o quanto o professor se sentia
motivado e com energia para estudar, pesquisar e inovar.
Outro item que chamou a atenção por apresentar média acima de 8, foi o que
diagnosticava o quanto o professor se sentia comprometido com a escola e procurava
se envolver na resolução de problemas. Resultado que diante da rotina da escola,
permite deduzir preliminarmente que, apesar dos esforços, as ações são de cunho
imediato, onde a investigação e o juízo crítico não validam a tomada de decisões. Tal
postura apresenta características de uma cultura de colaboração confortável, a qual é
apontada por Day (2001) como um dos entraves para as oportunidades de
desenvolvimento.
No entanto, cabe ressaltar que, os dados obtidos nessa pesquisa, representa
o julgamento de aproximadamente cinquenta por cento do corpo docente, pois devido
ao fechamento de turmas após a redistribuição de aulas, muitos professores ainda
estavam procurando completar sua carga horária em outra escola. Além disso,
prenúncio de novas medidas que viriam afetar drasticamente a carreira docente
remexiam com os ânimos, de modo que em pouco tempo, os educadores paralisaram
suas atividades.
Após alguns dias de paralisação, as atividades foram retomadas. E, com apoio
da equipe pedagógica, foi possível, em um sábado letivo, reunir novamente o coletivo
educador e ampliar os diálogos. Mas, nova paralisação acontece e mais uma vez o
planejamento teve que ser readequado ao novo calendário escolar.
Diante dessa jornada ampliada de trabalho, foi necessário desenvolver novas
estratégias de intervenção, visto que os professores, sobrecarregados de trabalho,
não dispunham de tempo para participar das ações previstas no Projeto de
Intervenção. Deste modo, a solução foi uma atitude de intervenção fracionada e de
suaves interferências nos momentos de hora-atividade dos professores, onde, em
conversas individualizadas ou em pequenos grupos, procurou-se inserir a
necessidade de uma proposta de desenvolvimento profissional que levasse em conta
os problemas encontrados no dia a dia de sala de aula. E, para subsidiar essa prática
de diálogos e reflexões, parte dos conteúdos constantes no Caderno Didático e de
novas pesquisas realizadas no período de intervenção, após seleção, formatação e
impressão, foram previamente expostas na sala dos professores.
3- PROPOSTA DE FORMAÇÃO EM SERVIÇO
Para a construção da proposta de desenvolvimento profissional foi planificado
a realização de cinco oficinas pedagógicas, uma vez que estas são concebidas como
uma ação coletiva de construção de saberes provenientes de análises e reflexões.
Desta forma, as oficinas foram formatadas dentro de uma tabela diretriz, montada a
partir da metodologia dos 5W e 2H.
etapas “por
quem” e “recursos”, mediante discussão sobre a necessidade de inclusão de agentes
e instituições externas para fomentar o processo de desenvolvimento profissional no
campo emocional, físico e intelectual. E por fim a Oficina 5 – Avaliação, cronograma
e referencial bibliográfico, tem como objetivo principal a discussão sobre os modelos
de avaliação, critérios e objetivos deste processo.
Apesar dessa organização não ser seguida conforme planejado, as ações da
tabela diretriz, mesmo em abordagens suaves e fragmentadas, como já exposto,
foram contempladas. Como a metodologia incluía a narrativa, os conteúdos foram
sendo definidos aos poucos, uma vez que o desabafo e as justificativas pelo desgaste
emocional do professor e o fracasso do aluno tomavam a maior parte das falas. Assim,
as informações levantadas foram organizadas dentro da tabela “quadrante de tempo”,
o que possibilitou definir os conteúdos que se fazem urgentes serem inseridos na
formação docente.
Partindo desta organização foi detectado que os maiores problemas que estão
interferindo no processo de ensino aprendizagem são decorrentes da indisciplina e
das incivilidades. Essas questões comportamentais exigem intervenção constante do
professor e consequentemente atraso no processo de ensino. Junto a isto aparece
nos Conselhos de Classe elementos como a preguiça, falta de atenção, o não
cumprimento ao que é solicitado, entre outros. Estas justificativas, apontadas também
pelos professores de várias partes do Estado participantes do Grupo de Estudo em
Rede - GTR, são citadas praticamente em mesmo grau da falta de motivação, de
perspectiva, de querer, de pensar no futuro. Ligado a isto está a falta de persistência
para fazer algo mais elaborado, que exige mais dedicação, a falta de organização do
aluno em agendar entrega de trabalhos, avaliações, atividades que exigem materiais
específicos para sua realização, ou seja o não comprometimento com o seu processo
de formação. Entende-se, portanto, que de modo geral, os alunos apresentam uma
falta de expectativas quanto ao futuro e, cada vez mais, deixam de executar regras e
respeitar as hierarquias, o que pode ser consequência da falta de acompanhamento,
limites claros e firmes, bem como de uma intervenção adequada a cada tipo de
problemas.
Estes dados nos levaram a inserir na proposta de desenvolvimento profissional,
as competências socioemocionais, visto que pesquisas realizadas por estudiosos de
vários setores, demonstraram que as competências que trabalham a persistência, a
tomada de decisão consciente, o pensamento crítico, a cooperação e a capacidade
de resolução de problemas, impactam positivamente o desempenho dos estudantes,
dentro e fora da escola.
Já a prática docente, na atualidade, exige um entendimento mais aprofundado
sobre os temas como disciplina, indisciplina, incivilidades e a terceirização de
responsabilidades. Acredita-se que uma compreensão melhor sobre estes temas
permitirá a inserção de novos modos de enfrentamento as adversidades e de
relacionamento interpessoal. Tal mudança deve afetar positivamente o trabalho da
equipe pedagógica de modo que esta consiga investir nas ações de apoio pedagógico
aos professores.
Também essencial é a inserção de novos estudos sobre os fundamentos da
aprendizagem e das teorias motivacionais, pois atualmente tem se colocado a
motivação como um problema de ponta na educação, pois sua ausência tem sido
relacionada com a queda de qualidade na aprendizagem. E, ao considerar que a
organização da escola e da sala de aula atuam como agentes motivadores, entende
ser necessário aprofundar a compreensão sobre a cultura escolar, o papel das
crenças educacionais e suas implicações para o processo de ensino-aprendizagem.
A cultura escolar segundo Day (2001) representa o nível mais profundo de ideias
e crenças de uma organização e na concepção de Silva (2006) informam os processos
pedagógicos, organizacionais, de gestão e de tomada de decisão.
Outro tema relevante inserido nesta proposta é a gestão de sala de aula diante
do atual contexto. Ela vai além das questões de disciplina ou indisciplina das turmas.
Gerenciar a sala de aula está relacionado também com a metodologia e os métodos
de ensino, com os procedimentos e uso de recursos, pois quando não adequados ao
conteúdo e ao perfil da turma, por mais rotineiros que sejam, podem comprometer os
resultados, principalmente se mal elaborados, executados e monitorados.
Com relação ao “onde?”, o “quando?” e recursos, estes foram discutidos em
um sábado destinado às atividades sem aluno, onde foi possível trabalhar com o
coletivo - professores, pedagogos e diretores. Assim o coletivo educador propõe a
readequação da distribuição do tempo previsto anualmente em Calendário Escolar,
de modo que este venha promover os diálogos e reflexões pertinentes aos episódios
vivenciais da prática docente. Isso significa aproximar os momentos de formação
coletiva em serviço, de modo a tornar uma prática sequenciada e sistematizada que
atenda os princípios de reflexão na, sobre e acerca da ação.
Cientes de que tal proposta, interfere na organização do calendário escolar,
elaborado anualmente para todo o estado pela mantenedora, o coletivo propõe, em
caráter experimental, que o Colégio Humberto Alencar Castelo Branco, possa utilizar
as dezesseis horas de formação continuada prevista em calendário, em momentos
diferenciados das demais escolas. Assim, o tempo de formação contínua em serviço,
seria organizado pela escola de acordo com suas necessidades. A princípio, esta
organização estaria vinculada as reuniões de Conselho de Classe, cuja finalidade é
avaliar e discutir de forma coletiva a aprendizagem dos alunos, os resultados das
estratégias de ensino empregadas, a adequação da organização curricular, entre
outros elementos que configuram o processo de ensino e de aprendizagem.
Outro ponto a considerar nesta proposta de formação é a questão da
certificação. Tal elemento foi citado durante a intervenção como um motivador que
leva os professores a participarem de cursos de formação.
Para responder a ação da tabela diretriz que trata do método a ser utilizado no
processo de formação em serviço, o coletivo aponta ser viável a utilização de oficinas
pedagógicas como uma metodologia de trabalho em grupo, já que representam uma
“construção coletiva de um saber, de análise da realidade, de confrontação e intercâmbio de experiências” (CANDAU, 1999, p.23), em que o saber não se constitui apenas no resultado final do processo de aprendizagem, mas também no processo de construção do conhecimento (MOITA & ANDRADE, s/d, p.5).
Também se entende que a investigação-ação e a narrativa, apontados por Day
(2001) como meios para sustentar o pensamento crítico e a inteligência emocional,
poderão ser usados em certos momentos para determinados propósitos. Tal
entendimento se dá pelo fato da investigação-ação ser considerada como
uma forma de investigação auto-reflexiva, desenvolvida pelos participantes em situações sociais (incluindo educacionais), com vistas a melhorar a racionalidade e justiça (a) das suas próprias práticas sociais ou educacionais, (b) da sua compreensão sobre essas mesmas práticas e (c) das situações em que essas práticas se realizam (CARR e KEMMIS apud DAY, 2001, p.65).
Esta forma de pensar nos propósitos e processos de ensino, segundo Day
(2001), contribui não só “para melhorar a prática”, mas também, constitui um meio de
“gerar teorias de ação que incluam uma consideração crítica do papel desempenhado
pelo ambiente escolar ao condicionar ou ao moderar essa mesma ação” (Idem, p.65).
Como a investigação-ação no âmbito escolar pode não se ajustar de forma
direta ao dia-a-dia do trabalho docente, alguns autores sugerem a adoção da
investigação narrativa por ser um modo menos constrangedor de explorar a prática,
uma vez que os professores aprendem ao ouvirem e contarem suas histórias. É,
portanto, “uma forma particularmente natural de os professores se conhecerem a si
próprios e à sua prática” (JOHNSTON apud DAY 2001, p.67).
Também foi considerado que as atividades experimentais podem ser um
importante componente de formação. Elas são tidas como um meio para desenvolver
o aprendente e aumentar a capacidade de aprendizado. Para Hodson (apud Silva
et.al, 2014), as atividades experimentais são ferramentas que podem contribuir com
as ações de explicação, problematização e discussão dos conceitos, uma vez que, ao
permitir discutir tentativas de explicação, criam condições favoráveis para interação e
intervenção pedagógica do professor.
No entanto, para que os professores ampliem o seu conhecimento sobre a
prática ao longo da carreira Day (2001) defende a necessidade dos professores se
envolverem individual ou coletivamente em diferentes tipos de reflexão, pois considera
que a reflexão na, sobre e acerca da ação, possibilita aos professores reinterpretar e
reenquadrar o seu trabalho de forma a torna-lo mais eficaz. Neste ponto, será preciso
desenvolver uma cultura em que os professores possam contar com apoio de seus
pares, da escola e da mantenedora.
Já em relação aos recursos humanos a sugestão inicial foi a de atribuir a gestão
do pedagógico aos profissionais responsáveis por dar atendimento aos professores,
ou seja, os pedagogos. Porém, foi de consenso que estes profissionais têm seu tempo
tomado por atividades que envolvem atendimento aos pais, alunos, organização das
ações pedagógicas, gerenciamento de professores, turmas e atividades extraclasse,
entre outros, e, portanto, não teriam tempo para atender a intenção da proposta de
promover a reflexão sobre a prática docente. Sendo assim, o coletivo entende ser
necessário ter uma pessoa para administrar, organizar, pesquisar e levantar dados de
modo a suprir os encontros com materiais teóricos e práticos, de modo que os
professores se sintam inseridos neste processo e o configurem como algo significativo
para o seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Assim, o coletivo decide por propor à mantenedora, acrescentar um percentual
de hora-atividade para a pessoa que se propuser a realizar a atividade de gestor ou
tutor do curso de formação contínua, ou outra forma de incentivo que a motive a
desempenhar tal atividade.
Quanto ao espaço de formação, a direção informou que já estava em análise a
construção de um miniauditório, e com isto a sala de multiuso, hoje utilizada para todos
os eventos, poderia ser usada para formação em serviço.
Enfim, após a discussão dos elementos previstos na tabela diretriz, a proposta
de formação para o Colégio Estadual Humberto Alencar foi formatada e entregue à
direção, como contribuição deste trabalho de intervenção, para posterior
encaminhamentos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de planejamento, organização de materiais e de intervenção
apresentado neste artigo, aplicado no Colégio Estadual Humberto Alencar Castelo
Branco e partilhado no Grupo de Estudo em Rede -GTR, proporcionou um olhar mais
alargado sobre a escola. Serviu ainda de instrumento de análise coletiva sobre a
prática docente, permitindo clarificar os componentes que corroem o processo
educativo, bem como apontou necessidades de formação para o enfrentamento as
demandas urgentes da escola. Também, foi possível revelar algumas formas de
culturas que trazem implicações sobre o trabalho docente e nas oportunidades de
desenvolvimento, como a do individualismo, da balcanização, do colegiado artificial e
da colaboração confortável. Dentre estas, a colaboração confortável é, na avaliação
dos professores, a que aparece em primeiro lugar. Tal colaboração no espaço escolar
deve ser entendida como um tipo de cultura voltada para ações imediatas, de curto
prazo e práticas, onde a investigação e o juízo crítico não validam a tomada de
decisões e projetos de longo prazo. Esta questão pode ser vinculada a organização
do trabalho escolar, pois dentro de um formato engessado, pouco tempo é dedicado
as atividades coletivas.
Também foi possível, a partir das discussões, perceber a importância do papel
do gestor. Professores participantes do grupo de estudo “Pacto Nacional pelo
Fortalecimento do Ensino Médio”, sustentam que o papel da coordenadora do grupo,
foi fundamental para a eficácia dos estudos, uma vez que a postura democrática, ativa,
propositora, organizada e conhecedora possibilitou a adesão e participação efetiva de
vários professores. Isto reforça a necessidade de se ter na escola, além do gestor
escolar a figura de um gestor pedagógico para fomentar o desenvolvimento
profissional docente. Ligado a isto, são colocados como elementos motivadores que
levam os professores a se inserirem num processo de formação, a certificação e a
bolsa-auxílio.
Nesta vertente, insere-se na discussão a gestão escolar, considerada como um
dos pilares de transformação da educação. Esta deve suscitar possibilidades de
mudanças na maneira de se pensar a escola e na autonomia de atuação a partir da
descentralização educativa. Para Krawczyk (1999) as escolas concebidas por esta
política educacional tomam como conceitos de sustentação das unidades educativas
a autonomia, a flexibilização, a individualização, o poder local, entre outros,
correspondendo a um modelo que representa uma nova governabilidade para
gestores. Em seu trabalho “A Gestão Escolar: um campo minado...” a autora coloca
como uma das grandes vitórias das escolas “a conquista da liberdade de ação e
decisão em relação aos órgãos superiores da administração e a maior participação da
comunidade escolar nos espaços de poder da escola, por meio de instâncias como os
conselhos de escola” (KRAWCZYK, 1999, p.113).
Defende-se, portanto, nesta perspectiva a autonomia da escola, para que esta
possa trabalhar em cima das demandas provindas do contexto social em que está
inserida e das necessidades educativas e comportamentais presentes em seu
cotidiano. Que com isto possa pensar não só investir no desenvolvimento dos alunos,
mas também no professor enquanto adulto e eterno aprendente. Pois ao focar na
formação contínua em serviço, no desenvolvimento e nas necessidades de
aprendizagens dos professores, destinando tempo e espaço para que possam se
envolver em diálogos e reflexões sobre a prática docente, dentro de um método que
contempla a investigação-ação e a narrativa, que segundo Day (2001), sustentam o
pensamento crítico e a inteligência emocional, a escola tende a elevar os níveis de
aprendizagem, de motivação e afetividade. Isto significa professores mais preparados
para o enfrentamento das demandas contemporâneas e consequentemente mais
valorizados, recuperando o status quo da profissão defendido por Nóvoa (2001).
Mas, seja qual for a intervenção tencionada na área de Gestão e que envolva
ações coletivas, é preciso ter em mente que os tempos e espaços se mostram como
fortes empecilhos, sendo urgentemente necessários abrir caminhos para, no cotidiano
escolar, possa haver a troca de saberes, diálogos e reflexões coletivas. Que é
necessário investir na mudança da cultura escolar e para tanto é preciso rever crenças
e hábitos enraizados no consciente coletivo.
De outro lado, os professores precisam ser valorizados como agentes sociais,
pois, tamanha é sua contribuição para transformação de indivíduos e da sociedade. A
valorização dos professores e da profissão docente, parte do conhecimento que se
tem dos complexos componentes que alicerçam o processo educativo. Parte ainda,
do entendimento de que a cada movimento político, econômico e social o processo
educativo exige novas posturas e conhecimentos do docente, novos recursos e novos
modelos de formação. Exige levar em conta que cada escola precisa ter autonomia
para administrar e organizar os processos formativos de acordo com sua realidade,
para que resultados positivos possam ser evidenciados, por ela e pela sociedade
local. Portanto, não basta apenas investir em cursos, é preciso atender as diversas
realidades e contextos em que as escolas estão inseridas, para que de fato os
processos de formação contínua, direcionados aos profissionais da educação,
promova a tão desejada melhoria da educação pública e consequentemente eleve
status quo da profissão docente.
REFERÊNCIAS:
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KRAWCZYK, Nora. A gestão escolar: Um campo minado...Análise das propostas de 11 municípios brasileiros. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/es/v20n67/v20n67a04.pdf>. Acesso em 29 março 2014.
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