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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
¹ Professora de Biologia Colégio Estadual José de Anchieta - Planalto, PDE 2013/2014
² Professora de Genética - Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Cascavel.
CÉLULAS -TRONCO COMO ESPERANÇA DE CURA DO DIABETES
¹ Maria Yara de Castro Kinner
² Luciana Paula Gregio d' Rodrigues
RESUMO: O objetivo deste trabalho é discutir a possível utilização de células-tronco para a cura do diabetes. Dessa forma foram utilizadas diferentes estratégias a fim de que a informação passasse a fazer parte do dia-a-dia dos educandos. E que o conhecimento adquirido fosse repassado a seus familiares. O trabalho foi pautado em palestras, pesquisas e leituras de diversos artigos sobre células-tronco e diabetes, para que os alunos tivessem acesso ao conhecimento pedagógico e científico. Para o desenvolvimento do trabalho, vários objetivos foram planejados e desenvolvidos: foi proporcionado aos alunos momento de reflexão para verificar seus conhecimentos prévios sobre o tema abordado; compreender através de leitura de textos o que são Diabetes e Células-Tronco; compreender o que é Diabetes e quais suas complicações, através de palestra com um profissional do Centro Municipal de Saúde; através de uma conversa com um portador de diabetes tipo I, ter conhecimento de sua rotina; analisar o nível de açúcar no sangue de alunos do 3º ano do Ensino Médio, através de teste de glicemia em jejum; levar os educandos a observar a importância das contribuições das pesquisas realizadas com células-tronco para a possível cura do Diabetes tipo I; produzir material para esclarecimento a fim de sensibilizar a comunidade escolar quanto aos hábitos alimentares, sedentarismo e suas relações com o diabetes. O desenvolvimento das atividades ocorreu em uma turma do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual José de Anchieta do município de Planalto. Sempre que o professor oferece diferentes metodologias e novas estratégias, as aulas tornam-se dinâmicas e os educandos mais motivados
Palavras - chave: biologia, células-tronco, pesquisas
1. INTRODUÇÃO
A busca de informações é uma constância nos dias atuais e a escola é um
dos lugares onde o conhecimento se processa.
O presente artigo tem como objetivo apresentar o resultado das atividades
desenvolvidas no Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, da Secretaria
de Educação (SEED). A escolha deste tema ocorreu devido ao fato da escola
apresentar alunos portadores de diabetes, e tendo em vista o crescente número de
casos, torna-se necessário a informação aos estudantes e familiares.
O objetivo deste trabalho é discutir a possível utilização de células-tronco
para a cura do diabetes tipo I. O Diabetes Mellitus vem crescendo de forma
assustadora, acometendo crianças e adultos. Entretanto, apresenta poucos
sintomas e na maioria das vezes é diagnosticado tardiamente, fazendo com que
poucas pessoas consigam padrões adequados de controle. Ele não possui cura,
apenas tratamento, e desta forma, torna-se imprescindível a informação aos
estudantes.
Por essa razão, buscaram-se maiores esclarecimentos a fim de sensibilizar os
educandos quanto aos hábitos por eles praticados, pois sabe-se que a adoção de
estilos de vida pouco saudáveis, como sedentarismo, dieta inadequada e obesidade,
levam ao aumento da incidência do diabetes em todo o mundo. Além disso, uma das
únicas formas de possível cura para o diabetes é com células-tronco. Sendo assim,
é importante que os alunos tenham conhecimento sobre este tema. As atividades
ocorreram através de investigação dos conhecimentos prévios dos alunos, leituras
de textos referentes à diabetes e células-tronco, vídeos que trouxeram informações
atuais sobre o assunto, debates, palestra e produção de relatórios.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
ENSINO DE BIOLOGIA
A busca de informações é uma constância nos dias atuais, e a escola é um
dos lugares onde o conhecimento se processa. E para tanto Kuenzer (2005, p.177-
178) diz que a função da Biologia é o de favorecer para a compreensão do mundo e
suas mudanças, colocando o homem como indivíduo participativo e integrante do
Universo.
Para Mayr (1998 – apud DCE 2008, p.44), a necessidade do entendimento de
sistemas biológicos complexos implicou na necessidade de separar seus
componentes, o que por um lado, favoreceu a análise de tais sistemas e, por outro,
exigiu a combinação de diferentes abordagens para a compreensão da natureza
como um todo. Assim, a Biologia, expandiu sua área de atuação e se modificou,
principalmente com o avanço das técnicas de biologia molecular, as quais permitem
intervir na estrutura do material genético e, assim, conhecer, manipular e modificar a
estrutura físico-química dos indivíduos.
A grande quantidade de informações provenientes das descobertas científicas
atuais tem avançado progressivamente do meio acadêmico para o público geral
(Pedrancini et al.,2007). Isso contribui para que os indivíduos possam compreender
os conceitos biológicos, a importância da ciência e da tecnologia na vida moderna,
utilizando esses conhecimentos para tomar decisões, levando em conta o papel do
homem na biosfera (Krasilchik , 2004).
DIABETES
Por volta de 1500 a.C, médicos egípcios, relataram casos de indivíduos que
urinavam muito e perdiam peso até a morte. Aretaeus, médico que viveu na Grécia
entre os anos 80 e 138 d.C, estabeleceu o termo diabetes mellitus para fazer
menção ao gosto adocicado da urina dessas pessoas.
Lamentavelmente, os avanços na medicina não traduzem a realidade da
saúde pública. Enfrenta-se hoje uma epidemia mundial de diabetes que aumenta de
forma assustadora, seguindo os passos da obesidade e do sedentarismo (Varella,
2012).
Para Fráguas et al. (2009, p. 94) o diabetes mellitus é caracterizado por um
grupo diverso de doenças que tem como característica comum a hiperglicemia
resultante da resistência à ação da insulina, secreção insuficiente deste hormônio,
ou as duas situações. Está relacionada também a distúrbios do metabolismo lipídico
e protéico. Acomete cerca de 7% da população brasileira.
De acordo com Brasil (2006, p.12) o termo tipo I refere-se à destruição da
célula beta que geralmente leva ao quadro de carência absoluta de insulina, quando
a aplicação da mesma é obrigatória para prevenir cetoacidose, coma e morte. A
devastação das células beta é normalmente causada por um processo auto-imune.
O progresso do diabetes tipo I pode acontecer de forma rápida, preferencialmente
em crianças e adolescentes (pico de incidência entre 10 e 14 anos), ou de forma
mais lenta, geralmente em adultos. O termo tipo 2 é usado para indicar uma
carência relativa de insulina. O uso de insulina nesses casos, quando ocorre, não
visa evitar cetoacidose, mas promover controle do quadro hiperglicêmico.
Para Silva e Kare (2012, p.601) o predomínio do diabetes tipo 2, é maior se
comparado ao tipo I, em decorrência do excesso de peso e do sedentarismo em
função dos países estarem mais industrializados. De acordo com a Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2008, p.477), diabetes gestacional é
identificada como qualquer nível de intolerância a carboidratos dando origem a
hiperglicemia de intensidade variada, com início ou diagnosticada na gravidez.
Para Lojudice e Sogayar (2008, p.19), o grande desafio no tratamento do
diabetes é proporcionar aos pacientes uma fonte de insulina com efetivo controle
sobre os níveis de glicose no sangue.
CÉLULAS-TRONCO E DIABETES
De acordo com César, Sezar e Caldini (2010, p.187), células-tronco são
aquelas que dão origem aos diferentes tipos de células do organismo, por ainda não
terem se diferenciado.
Sobre esta questão Yarak e Okamoto (2010), argumentam que:
Quanto ao potencial de diferenciação, as células-tronco se classificam em cinco categorias básicas: a) totipotentes, capazes de se diferenciarem em todos os tecidos que formam o corpo humano, incluindo a placenta e membranas embrionárias (derivadas do zigoto); b) pluripotentes, presentes na massa celular interna do blastocisto e capazes de se diferenciarem em células dos três folhetos germinativos humanos (ectoderma, mesoderma e endoderma); c) multipotentes, que se diferenciam em vários tipos de células de um mesmo folheto embrionário; d) oligopotentes, que se diferenciam em poucas células de um mesmo folheto embrionário e e) onipotentes, que se diferenciam em um único tipo de células de um mesmo folheto embrionário (p.648).
Lojudice e Sogayar (2008) destacam que:
A descoberta de métodos para isolar e cultivar células-tronco embrionárias humanas em 1998 por James Thomson renovou as esperanças de médicos pesquisadores e pacientes diabéticos e suas famílias de uma cura para o diabetes tipo I e, talvez, até mesmo, para o diabetes do tipo II. Em teoria, células-tronco embrionárias podem ser cultivadas e tratadas para se diferenciarem em qualquer tecido/célula do corpo, até mesmo em células beta pancreáticas produtoras de insulina (p.20).
Sobre esta questão, Pereira (2008, p.8) comenta que as células-tronco se
mostram como uma fonte potencialmente inesgotável de tecidos para transplante.
Mas em seus escritos, Pereira (2008, p.12) ressalta ainda que para o tratamento de
doenças genéticas com células-tronco, sejam elas embrionárias, da medula ou do
sangue do cordão umbilical, a melhor forma é conseguir um doador de parentesco
próximo que tenha maior possibilidade de ser compatível com o paciente.
Para Couri (2013):
O transplante de células-tronco, não é uma fuga, mas sim uma pesquisa muito séria que avalia uma das principais promessas da humanidade no tratamento de uma doença comum que é o diabetes tipo1.
Couri (2013), em suas pesquisas relata que infelizmente não se pode
promover cura da diabetes, mas sim, apenas, conseguir uma forma inovadora e
singular na sua abordagem. Espera-se, ao menos, que no futuro, o uso de insulina
possa ser suspenso pelos pacientes que fazem uso crônico desse medicamento.
Pereira (2008, p. 20), considera que as pesquisas com os diversos tipos de células-
tronco devem ser vistas com entusiasmo e cautela. Ainda, Pereira (2008, p. 14)
reforça que,
Estas deverão ser disponibilizadas para toda a população. Com frequência
as técnicas médicas mais avançadas ficam restritas a uma pequena parcela
da população que pode pagar por ela. Porém, no caso das células-tronco,
as novas terapias provavelmente substituirão as atuais, mais caras e
ineficientes.
Para Kuenzer (2005, p.180), quando se trata do emprego de novas
tecnologias, surge preocupação quanto ao uso dos avanços biológicos envolvendo
aspectos sociais e raciais. Para que essas questões não gerem medo, é direito de
todos saber mais sobre esses novos procedimentos, com o intuito de que todos
tenham acesso a eles, de modo que não fiquem restritos a pequenos grupos ou sob
o controle de grandes potências.
2. DESENVOLVIMENTO:
A implementação deste caderno pedagógico ocorreu durante o primeiro
semestre de 2014, em uma turma de 3º ano do Ensino Médio com 20 alunos, no
Colégio Estadual José de Anchieta – EFM, Planalto – PR, como parte das atividades
do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, oferecido pela Secretaria de
Estado da Educação (SEED). O tema abordado foi “Células – tronco como
esperança de cura do diabetes”, cujo objetivo era discutir a possível utilização de
células – tronco para a cura do diabetes tipo 1, bem como levar informação aos
educandos e seus familiares.
No período em que ocorria a Implementação, acontecia simultaneamente o
desenvolvimento do GTR – Grupo de Trabalho em Rede, onde professores de
diferentes regiões participaram efetivamente contribuindo para a realização da
atividade proposta. Os participantes fizeram suas observações indicando que a
unidade didática estava bem elaborada; atividades diversificadas; com sugestões
ricas para se trabalhar células - tronco e diabetes; que o tema células-tronco é
polêmico, pois envolve conceitos de religião, ética e ciência, mas que trabalhados na
forma proposta, serão bem aceitos pela comunidade escolar; a sequência de
atividades permite a construção do conhecimento efetivo.
Várias observações também foram feitas sobre os maus hábitos alimentares
dos alunos, bem como o sedentarismo; disseram que nós educadores temos a
função de informar nossos educandos e duas aulas semanais tornam-se
insuficientes. Ressaltaram que é importante desenvolver o trabalho de forma
multidisciplinar. Vários professores citaram casos de diabetes entre seus alunos e
familiares. Trouxeram também diferentes sugestões para se trabalhar o assunto,
dentre elas a ludicidade para facilitar o entendimento de um tema tão complexo,
como células-tronco.
Os professores que participaram do grupo de trabalho em rede – GTR
contribuíram com ideias, sugestões, metodologias e abordagens diferenciadas,
mencionados em seus apontamentos proporcionados pelas atividades dos fóruns e
diários, mostraram seriedade em seus trabalhos e anseio por uma educação de
qualidade. E mediante novas ideias podemos tornar nossas aulas mais dinâmicas e
interessantes, favorecendo o aprendizado de nossos educandos. Também
elogiaram a proposta: O tema é “interessante e com certeza despertará muita
curiosidade aos alunos tendo em vista ser assunto muito comentado nos meios de
comunicação e que os livros didáticos não contemplam informações precisas a
respeito”.
As atividades propostas foram organizadas no segundo semestre de 2013,
contendo todas as informações detalhadas sobre cada ação e o tempo utilizado para
a realização das mesmas e a ciência da equipe pedagógica e a observação do
professor orientador. As diferentes propostas instigam os alunos a buscarem mais
sobre o assunto. Segundo Paulo Freire (2011, p. 121) é necessário, portanto, que a
escola provoque constantemente a curiosidade do educando.
Na semana pedagógica de fevereiro de 2014, quando o projeto foi
apresentado a todos os professores, funcionários e membros da APMF, todos
acharam o projeto importante por se tratar de um tema bastante delicado, e, um dos
professores presente deu contribuições significativas, pois é um portador de
diabetes. Todos os presentes se mostraram solidários para que o projeto se
efetivasse de fato.
A implementação se deu início a partir de investigação dos conhecimentos
prévios dos alunos, revisão bibliográfica através de leituras de textos sobre diabetes
e células – tronco, utilização de vídeos com informações atuais sobre o assunto,
debates, produção de relatórios, e também materiais que foram expostos no Colégio
a fim de sensibilizar toda a comunidade escolar sobre a gravidade do diabetes.
Houve, então, a apresentação do projeto aos alunos da turma do 3º ano do Ensino
Médio e partiu-se para o uso de algumas questões problematizadoras para serem
discutidas em grupo. Foi ofertado aos educandos um momento de reflexão sobre
seus conhecimentos. Segundo Gil (2008, p.121), o questionário pode ser definido
“como a técnica de investigação composta de algumas questões, apresentada por
escrito aos alunos, com o propósito de obter informações sobre seus
conhecimentos”. As questões abordadas foram: Você já ouviu falar sobre células-
tronco? Sabem onde é encontrada e para que servem? Você já ouviu falar sobre
diabetes? Possui em sua família ou conhece algum portador de diabetes? Sabe o
que essa doença causa? Percebeu-se então, que a grande maioria dos alunos
possuía alguma informação sobre células-tronco, relataram que estas podem ser
usadas para a cura de doenças, mas admitiam que precisavam de maiores
esclarecimentos. Quanto ao diabetes muitos possuíam familiares ou conheciam
alguém que tinha a doença e eram capazes de relacionar alguns sintomas
provocados pela mesma.
Em seguida foi utilizado um vídeo “Diabetes” como forma de sensibilizar os
educandos e levá-los a um entendimento sobre o assunto. Krasilchick (2005, p.63),
argumenta que “a tecnologia faz parte da vivência do aluno e sempre que pertinente
é conveniente complementar as aulas com a sua exibição”. O vídeo mostra o que a
doença causa no organismo, qual a diferença entre diabetes tipo I e tipo II e qual a
importância da insulina no organismo. Porém, muitos professores GTR,
mencionaram ter casos de diabetes entre os alunos e também com seus familiares e
foram unânimes em afirmar a dificuldade de incluir no dia a dia dos alunos um
cardápio saudável, bem como a prática de atividades físicas.
Na sequência, os alunos realizaram leitura de textos sobre diabetes e células-
tronco. A turma foi dividida em 6 grupos, e 6 textos diferentes foram distribuídos.
Cada grupo fez um relatório destacando o que achou interessante sobre seu texto,
observando quais as expectativas em relação ao uso das células-tronco, e expôs o
que de mais relevante encontrou. Os grupos prepararam cartazes com as
informações obtidas nos textos, os quais foram expostos no Colégio.
Para Freire (1996, p. 32):
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Enquanto ensino
continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, busco porque
indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando
intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que
ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade.”
A pesquisa é uma forma de propiciar ao aluno a compreensão do que está
sendo discutido, para tanto os participantes do GTR destacam que devemos
fortalecer nos educandos o desejo de aprender, pesquisar e conhecer sobre temas
atuais, nas áreas da saúde.
Os alunos assistiram, também, a uma palestra com um profissional do Centro
Municipal de Saúde e tiveram a oportunidade de compreender o que é diabetes e o
que essa doença pode causar no organismo e quais complicações poderá ter um
portador. De acordo com o PCN + Ensino Médio (2002, p.55), “diversos são os
artifícios que favorecem a instalação de uma relação provocante em sala de aula”.
Sobre o tema, foram abordados diabetes tipo I e II, quais os principais órgãos
afetados e que se precisa ter uma alimentação saudável sempre e não apenas
quando se está doente. Muitas das dúvidas dos alunos foram sanadas pelo
profissional, e depois, um relatório foi entregue à professora. Os professore GTR em
suas contribuições comentaram sobre o lanche servido aos alunos, sendo estes
muitas vezes industrializados. Prega-se a alimentação saudável, mas muitas vezes
na prática, ocorre de outra forma.
Outra atividade interessante, foi a conversa com um portador de diabetes tipo
1. Ele transmitiu aos alunos como era o seu dia-a-dia, em que momento descobriu
ser um portador de diabetes tipo I, quais foram os sintomas apresentados, e a partir
de então, quais cuidados foram necessários. Comentou sobre suas limitações em
termos de alimentação e trabalho. Relatou que em determinado período seu estado
de saúde se agravou bastante, apresentando problemas nos rins e de visão. A turma
gostou muito dessa atividade, pois tiveram a oportunidade de ouvir sobre todos os
problemas pelos quais ele vem passando desse os nove anos de idade, quando
descobriu a doença. Foi nítida a preocupação demonstrada pelos alunos. Eles
ficaram apreensivos diante de todos os problemas que a doença pode causar.
Segundo a (DCE 2008, p. 66), “diferentes estratégias de ensino como a aula
dialogada, a leitura, entre tantas outras devem contribuir para a manifestação dos
alunos (...) diante das diferentes ideias reproduzidas em sala de aula”. Os
participantes do GTR pontuaram ser esta uma atividade relevante, pois o
testemunho chama a atenção, e vivenciando cada relato, percebem o quanto o
problema é de fato muito sério.
Na próxima ação, fez-se o teste de glicemia. Os alunos foram orientados pela
professora para que fizessem jejum por um período de 8h à 12h, sendo neste tempo
permitido somente a ingestão de água. Os alunos foram encaminhados ao Centro
Municipal de Saúde para que realizassem o teste de glicemia. Ao retornarem para a
sala de aula fizeram grupos de 4 alunos e analisaram o resultado obtido no teste de
glicemia, logo após cada integrante socializou para a turma o resultado, tendo em
vista que os valores aceitos são de 70mg/dl à 100mg/dl. Os materiais utilizados para
a realização do teste foram disponibilizados pelo Centro Municipal de Saúde. Esta
atividade nos permitiu associarmos a teoria à prática. Para Krasilchik (2005, p. 87),
“o entusiasmo, o benefício e o comprometimento dos alunos compensam todo
empenho e a sobrecarga de trabalho para o professor que possa adivir das aulas
práticas”.
Na sétima ação os alunos assistiram ao vídeo “Milagre da células-tronco nos
diabéticos”. Em seus relatos Krasilchick (2005, p.63), afirma que “mesmo sendo
imensamente reconhecido a importância dos recursos audiovisuais no ensino de
biologia, dados indicam que são poucos usados”. Este vídeo relata a técnica
utilizada no transplante de células-tronco para o tratamento de Diabetes tipo I. Após
o vídeo discutiu-se sobre a importância das pesquisas para tentar solucionar um mal
que acomete milhares de pessoas e que até o momento não possui cura,
despertando nos alunos curiosidade e interesse pelo assunto em questão. Os
professores do GTR mencionaram que as pesquisas são de fato importantíssimas,
mas demoradas demais e dessa forma muitas pessoas continuam nessa angústia a
espera da cura.
Na oitava ação os alunos produziram material para esclarecimento a fim de
sensibilizar a comunidade escolar quanto aos hábitos alimentares, sedentarismo e
suas relações com o diabetes. Os materiais confeccionados foram expostos no
Colégio a título de informação a toda a comunidade escolar. Para realizar esta
atividade utilizaram todas as informações obtidas no decorrer da implementação.
Professores que realizavam o GTR acompanhavam as ações e deixando suas
contribuições. Afirmaram que o trabalho em equipe torna a atividade prazerosa, e
que essa estratégia e a produção de materiais possibilita que mudanças de
comportamento envolva a comunidade escolar que vai além dos alunos. Para Rios
(2008) apud Didática e Docência 2011, p. 169), quando professor e aluno fazem a
aula juntos, ambos ensinam e aprendem, vivenciam experiências, constroem,
reconstroem, criam algo.
Quando os alunos, ao término do semestre, retomaram as questões do
primeiro momento, evidenciou-se que todas as atividades contribuíram para o
processo de aprendizagem. Foi notável a diferença nas respostas. Após análise das
avaliações realizadas pelos alunos pode-se constatar que o conteúdo foi absorvido e
que o conhecimento sobre o tema proposto se efetivou, principalmente quando se
tratava de levar esse aprendizado para seus familiares. Durante as aulas alguns
alunos demonstravam preocupação com seus hábitos alimentares. Dessa forma
tornou-se evidente a assimilação do conteúdo e percebeu-se que houve uma
construção coletiva, pois vários indivíduos foram agentes nesse momento de
construção do conhecimento.
O tema trabalhado foi bem aceito pelos alunos, embora o conteúdo células-
tronco, mais especificamente o transplante delas, seja de tamanha complexidade,
mas ao mesmo tempo instigador. Despertou nos alunos curiosidade e vontade de
saber mais, e, por essa razão sentiram-se motivados a buscarem maiores
informações. A colaboração de todos os alunos foi de grande importância. No início
ficaram meio apreensivos, mas, a medida que o trabalho foi sendo executado
ficaram tranquilos. Tiveram algumas situações em que era preciso expor suas
conclusões, então, alguns se sentiram menos à vontade, mas tudo dentro da
normalidade. Na elaboração de materiais informativos para serem expostos no
Colégio alguns demonstravam pouco interesse, mas eram motivados pelos colegas
e professora.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa oportunizou aos educandos um melhor entendimento sobre
células-tronco e diabetes, e através de estudos foram capazes de compreender a
diferença entre diabetes tipo1 e diabetes tipo II e quais as complicações que estas
doenças causam no organismo. E que o transplante de células-tronco é a única
forma de cura para o diabetes tipo 1.
No decorrer do trabalho os alunos mostraram-se motivados e interessados, isso se
deveu a diferentes metodologias adotadas, pois favoreceram a aquisição do saber,
as aulas tornaram-se dinâmicas e o professor deixou de ser um mero transmissor do
conhecimento. Passou a ser o mediador, incentivando os alunos a irem à busca do
conhecimento e passou a ter um contato mais direto com seus alunos.
A turma aceitou muito bem as atividades propostas, apesar do tema ser de
difícil compreensão, principalmente quando se trata de células-tronco.
Todos participaram a contento e a informação recebida por meio de diferentes
fontes propiciou a obtenção do saber.
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