os desafios da escola pÚblica paranaense na perspectiva do ... · para silva e kare (2012, p.601)...

14
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

Upload: others

Post on 02-Jun-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · Para Silva e Kare (2012, p.601) o predomínio do diabetes tipo 2, é maior se comparado ao tipo I, em decorrência

Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Page 2: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · Para Silva e Kare (2012, p.601) o predomínio do diabetes tipo 2, é maior se comparado ao tipo I, em decorrência

¹ Professora de Biologia Colégio Estadual José de Anchieta - Planalto, PDE 2013/2014

² Professora de Genética - Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Cascavel.

CÉLULAS -TRONCO COMO ESPERANÇA DE CURA DO DIABETES

¹ Maria Yara de Castro Kinner

² Luciana Paula Gregio d' Rodrigues

RESUMO: O objetivo deste trabalho é discutir a possível utilização de células-tronco para a cura do diabetes. Dessa forma foram utilizadas diferentes estratégias a fim de que a informação passasse a fazer parte do dia-a-dia dos educandos. E que o conhecimento adquirido fosse repassado a seus familiares. O trabalho foi pautado em palestras, pesquisas e leituras de diversos artigos sobre células-tronco e diabetes, para que os alunos tivessem acesso ao conhecimento pedagógico e científico. Para o desenvolvimento do trabalho, vários objetivos foram planejados e desenvolvidos: foi proporcionado aos alunos momento de reflexão para verificar seus conhecimentos prévios sobre o tema abordado; compreender através de leitura de textos o que são Diabetes e Células-Tronco; compreender o que é Diabetes e quais suas complicações, através de palestra com um profissional do Centro Municipal de Saúde; através de uma conversa com um portador de diabetes tipo I, ter conhecimento de sua rotina; analisar o nível de açúcar no sangue de alunos do 3º ano do Ensino Médio, através de teste de glicemia em jejum; levar os educandos a observar a importância das contribuições das pesquisas realizadas com células-tronco para a possível cura do Diabetes tipo I; produzir material para esclarecimento a fim de sensibilizar a comunidade escolar quanto aos hábitos alimentares, sedentarismo e suas relações com o diabetes. O desenvolvimento das atividades ocorreu em uma turma do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual José de Anchieta do município de Planalto. Sempre que o professor oferece diferentes metodologias e novas estratégias, as aulas tornam-se dinâmicas e os educandos mais motivados

Palavras - chave: biologia, células-tronco, pesquisas

1. INTRODUÇÃO

A busca de informações é uma constância nos dias atuais e a escola é um

dos lugares onde o conhecimento se processa.

O presente artigo tem como objetivo apresentar o resultado das atividades

desenvolvidas no Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, da Secretaria

de Educação (SEED). A escolha deste tema ocorreu devido ao fato da escola

apresentar alunos portadores de diabetes, e tendo em vista o crescente número de

casos, torna-se necessário a informação aos estudantes e familiares.

Page 3: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · Para Silva e Kare (2012, p.601) o predomínio do diabetes tipo 2, é maior se comparado ao tipo I, em decorrência

O objetivo deste trabalho é discutir a possível utilização de células-tronco

para a cura do diabetes tipo I. O Diabetes Mellitus vem crescendo de forma

assustadora, acometendo crianças e adultos. Entretanto, apresenta poucos

sintomas e na maioria das vezes é diagnosticado tardiamente, fazendo com que

poucas pessoas consigam padrões adequados de controle. Ele não possui cura,

apenas tratamento, e desta forma, torna-se imprescindível a informação aos

estudantes.

Por essa razão, buscaram-se maiores esclarecimentos a fim de sensibilizar os

educandos quanto aos hábitos por eles praticados, pois sabe-se que a adoção de

estilos de vida pouco saudáveis, como sedentarismo, dieta inadequada e obesidade,

levam ao aumento da incidência do diabetes em todo o mundo. Além disso, uma das

únicas formas de possível cura para o diabetes é com células-tronco. Sendo assim,

é importante que os alunos tenham conhecimento sobre este tema. As atividades

ocorreram através de investigação dos conhecimentos prévios dos alunos, leituras

de textos referentes à diabetes e células-tronco, vídeos que trouxeram informações

atuais sobre o assunto, debates, palestra e produção de relatórios.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

ENSINO DE BIOLOGIA

A busca de informações é uma constância nos dias atuais, e a escola é um

dos lugares onde o conhecimento se processa. E para tanto Kuenzer (2005, p.177-

178) diz que a função da Biologia é o de favorecer para a compreensão do mundo e

suas mudanças, colocando o homem como indivíduo participativo e integrante do

Universo.

Para Mayr (1998 – apud DCE 2008, p.44), a necessidade do entendimento de

sistemas biológicos complexos implicou na necessidade de separar seus

componentes, o que por um lado, favoreceu a análise de tais sistemas e, por outro,

exigiu a combinação de diferentes abordagens para a compreensão da natureza

como um todo. Assim, a Biologia, expandiu sua área de atuação e se modificou,

principalmente com o avanço das técnicas de biologia molecular, as quais permitem

Page 4: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · Para Silva e Kare (2012, p.601) o predomínio do diabetes tipo 2, é maior se comparado ao tipo I, em decorrência

intervir na estrutura do material genético e, assim, conhecer, manipular e modificar a

estrutura físico-química dos indivíduos.

A grande quantidade de informações provenientes das descobertas científicas

atuais tem avançado progressivamente do meio acadêmico para o público geral

(Pedrancini et al.,2007). Isso contribui para que os indivíduos possam compreender

os conceitos biológicos, a importância da ciência e da tecnologia na vida moderna,

utilizando esses conhecimentos para tomar decisões, levando em conta o papel do

homem na biosfera (Krasilchik , 2004).

DIABETES

Por volta de 1500 a.C, médicos egípcios, relataram casos de indivíduos que

urinavam muito e perdiam peso até a morte. Aretaeus, médico que viveu na Grécia

entre os anos 80 e 138 d.C, estabeleceu o termo diabetes mellitus para fazer

menção ao gosto adocicado da urina dessas pessoas.

Lamentavelmente, os avanços na medicina não traduzem a realidade da

saúde pública. Enfrenta-se hoje uma epidemia mundial de diabetes que aumenta de

forma assustadora, seguindo os passos da obesidade e do sedentarismo (Varella,

2012).

Para Fráguas et al. (2009, p. 94) o diabetes mellitus é caracterizado por um

grupo diverso de doenças que tem como característica comum a hiperglicemia

resultante da resistência à ação da insulina, secreção insuficiente deste hormônio,

ou as duas situações. Está relacionada também a distúrbios do metabolismo lipídico

e protéico. Acomete cerca de 7% da população brasileira.

De acordo com Brasil (2006, p.12) o termo tipo I refere-se à destruição da

célula beta que geralmente leva ao quadro de carência absoluta de insulina, quando

a aplicação da mesma é obrigatória para prevenir cetoacidose, coma e morte. A

devastação das células beta é normalmente causada por um processo auto-imune.

O progresso do diabetes tipo I pode acontecer de forma rápida, preferencialmente

em crianças e adolescentes (pico de incidência entre 10 e 14 anos), ou de forma

mais lenta, geralmente em adultos. O termo tipo 2 é usado para indicar uma

carência relativa de insulina. O uso de insulina nesses casos, quando ocorre, não

visa evitar cetoacidose, mas promover controle do quadro hiperglicêmico.

Page 5: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · Para Silva e Kare (2012, p.601) o predomínio do diabetes tipo 2, é maior se comparado ao tipo I, em decorrência

Para Silva e Kare (2012, p.601) o predomínio do diabetes tipo 2, é maior se

comparado ao tipo I, em decorrência do excesso de peso e do sedentarismo em

função dos países estarem mais industrializados. De acordo com a Sociedade

Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2008, p.477), diabetes gestacional é

identificada como qualquer nível de intolerância a carboidratos dando origem a

hiperglicemia de intensidade variada, com início ou diagnosticada na gravidez.

Para Lojudice e Sogayar (2008, p.19), o grande desafio no tratamento do

diabetes é proporcionar aos pacientes uma fonte de insulina com efetivo controle

sobre os níveis de glicose no sangue.

CÉLULAS-TRONCO E DIABETES

De acordo com César, Sezar e Caldini (2010, p.187), células-tronco são

aquelas que dão origem aos diferentes tipos de células do organismo, por ainda não

terem se diferenciado.

Sobre esta questão Yarak e Okamoto (2010), argumentam que:

Quanto ao potencial de diferenciação, as células-tronco se classificam em cinco categorias básicas: a) totipotentes, capazes de se diferenciarem em todos os tecidos que formam o corpo humano, incluindo a placenta e membranas embrionárias (derivadas do zigoto); b) pluripotentes, presentes na massa celular interna do blastocisto e capazes de se diferenciarem em células dos três folhetos germinativos humanos (ectoderma, mesoderma e endoderma); c) multipotentes, que se diferenciam em vários tipos de células de um mesmo folheto embrionário; d) oligopotentes, que se diferenciam em poucas células de um mesmo folheto embrionário e e) onipotentes, que se diferenciam em um único tipo de células de um mesmo folheto embrionário (p.648).

Lojudice e Sogayar (2008) destacam que:

A descoberta de métodos para isolar e cultivar células-tronco embrionárias humanas em 1998 por James Thomson renovou as esperanças de médicos pesquisadores e pacientes diabéticos e suas famílias de uma cura para o diabetes tipo I e, talvez, até mesmo, para o diabetes do tipo II. Em teoria, células-tronco embrionárias podem ser cultivadas e tratadas para se diferenciarem em qualquer tecido/célula do corpo, até mesmo em células beta pancreáticas produtoras de insulina (p.20).

Sobre esta questão, Pereira (2008, p.8) comenta que as células-tronco se

mostram como uma fonte potencialmente inesgotável de tecidos para transplante.

Page 6: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · Para Silva e Kare (2012, p.601) o predomínio do diabetes tipo 2, é maior se comparado ao tipo I, em decorrência

Mas em seus escritos, Pereira (2008, p.12) ressalta ainda que para o tratamento de

doenças genéticas com células-tronco, sejam elas embrionárias, da medula ou do

sangue do cordão umbilical, a melhor forma é conseguir um doador de parentesco

próximo que tenha maior possibilidade de ser compatível com o paciente.

Para Couri (2013):

O transplante de células-tronco, não é uma fuga, mas sim uma pesquisa muito séria que avalia uma das principais promessas da humanidade no tratamento de uma doença comum que é o diabetes tipo1.

Couri (2013), em suas pesquisas relata que infelizmente não se pode

promover cura da diabetes, mas sim, apenas, conseguir uma forma inovadora e

singular na sua abordagem. Espera-se, ao menos, que no futuro, o uso de insulina

possa ser suspenso pelos pacientes que fazem uso crônico desse medicamento.

Pereira (2008, p. 20), considera que as pesquisas com os diversos tipos de células-

tronco devem ser vistas com entusiasmo e cautela. Ainda, Pereira (2008, p. 14)

reforça que,

Estas deverão ser disponibilizadas para toda a população. Com frequência

as técnicas médicas mais avançadas ficam restritas a uma pequena parcela

da população que pode pagar por ela. Porém, no caso das células-tronco,

as novas terapias provavelmente substituirão as atuais, mais caras e

ineficientes.

Para Kuenzer (2005, p.180), quando se trata do emprego de novas

tecnologias, surge preocupação quanto ao uso dos avanços biológicos envolvendo

aspectos sociais e raciais. Para que essas questões não gerem medo, é direito de

todos saber mais sobre esses novos procedimentos, com o intuito de que todos

tenham acesso a eles, de modo que não fiquem restritos a pequenos grupos ou sob

o controle de grandes potências.

2. DESENVOLVIMENTO:

A implementação deste caderno pedagógico ocorreu durante o primeiro

semestre de 2014, em uma turma de 3º ano do Ensino Médio com 20 alunos, no

Colégio Estadual José de Anchieta – EFM, Planalto – PR, como parte das atividades

do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, oferecido pela Secretaria de

Estado da Educação (SEED). O tema abordado foi “Células – tronco como

Page 7: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · Para Silva e Kare (2012, p.601) o predomínio do diabetes tipo 2, é maior se comparado ao tipo I, em decorrência

esperança de cura do diabetes”, cujo objetivo era discutir a possível utilização de

células – tronco para a cura do diabetes tipo 1, bem como levar informação aos

educandos e seus familiares.

No período em que ocorria a Implementação, acontecia simultaneamente o

desenvolvimento do GTR – Grupo de Trabalho em Rede, onde professores de

diferentes regiões participaram efetivamente contribuindo para a realização da

atividade proposta. Os participantes fizeram suas observações indicando que a

unidade didática estava bem elaborada; atividades diversificadas; com sugestões

ricas para se trabalhar células - tronco e diabetes; que o tema células-tronco é

polêmico, pois envolve conceitos de religião, ética e ciência, mas que trabalhados na

forma proposta, serão bem aceitos pela comunidade escolar; a sequência de

atividades permite a construção do conhecimento efetivo.

Várias observações também foram feitas sobre os maus hábitos alimentares

dos alunos, bem como o sedentarismo; disseram que nós educadores temos a

função de informar nossos educandos e duas aulas semanais tornam-se

insuficientes. Ressaltaram que é importante desenvolver o trabalho de forma

multidisciplinar. Vários professores citaram casos de diabetes entre seus alunos e

familiares. Trouxeram também diferentes sugestões para se trabalhar o assunto,

dentre elas a ludicidade para facilitar o entendimento de um tema tão complexo,

como células-tronco.

Os professores que participaram do grupo de trabalho em rede – GTR

contribuíram com ideias, sugestões, metodologias e abordagens diferenciadas,

mencionados em seus apontamentos proporcionados pelas atividades dos fóruns e

diários, mostraram seriedade em seus trabalhos e anseio por uma educação de

qualidade. E mediante novas ideias podemos tornar nossas aulas mais dinâmicas e

interessantes, favorecendo o aprendizado de nossos educandos. Também

elogiaram a proposta: O tema é “interessante e com certeza despertará muita

curiosidade aos alunos tendo em vista ser assunto muito comentado nos meios de

comunicação e que os livros didáticos não contemplam informações precisas a

respeito”.

As atividades propostas foram organizadas no segundo semestre de 2013,

contendo todas as informações detalhadas sobre cada ação e o tempo utilizado para

Page 8: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · Para Silva e Kare (2012, p.601) o predomínio do diabetes tipo 2, é maior se comparado ao tipo I, em decorrência

a realização das mesmas e a ciência da equipe pedagógica e a observação do

professor orientador. As diferentes propostas instigam os alunos a buscarem mais

sobre o assunto. Segundo Paulo Freire (2011, p. 121) é necessário, portanto, que a

escola provoque constantemente a curiosidade do educando.

Na semana pedagógica de fevereiro de 2014, quando o projeto foi

apresentado a todos os professores, funcionários e membros da APMF, todos

acharam o projeto importante por se tratar de um tema bastante delicado, e, um dos

professores presente deu contribuições significativas, pois é um portador de

diabetes. Todos os presentes se mostraram solidários para que o projeto se

efetivasse de fato.

A implementação se deu início a partir de investigação dos conhecimentos

prévios dos alunos, revisão bibliográfica através de leituras de textos sobre diabetes

e células – tronco, utilização de vídeos com informações atuais sobre o assunto,

debates, produção de relatórios, e também materiais que foram expostos no Colégio

a fim de sensibilizar toda a comunidade escolar sobre a gravidade do diabetes.

Houve, então, a apresentação do projeto aos alunos da turma do 3º ano do Ensino

Médio e partiu-se para o uso de algumas questões problematizadoras para serem

discutidas em grupo. Foi ofertado aos educandos um momento de reflexão sobre

seus conhecimentos. Segundo Gil (2008, p.121), o questionário pode ser definido

“como a técnica de investigação composta de algumas questões, apresentada por

escrito aos alunos, com o propósito de obter informações sobre seus

conhecimentos”. As questões abordadas foram: Você já ouviu falar sobre células-

tronco? Sabem onde é encontrada e para que servem? Você já ouviu falar sobre

diabetes? Possui em sua família ou conhece algum portador de diabetes? Sabe o

que essa doença causa? Percebeu-se então, que a grande maioria dos alunos

possuía alguma informação sobre células-tronco, relataram que estas podem ser

usadas para a cura de doenças, mas admitiam que precisavam de maiores

esclarecimentos. Quanto ao diabetes muitos possuíam familiares ou conheciam

alguém que tinha a doença e eram capazes de relacionar alguns sintomas

provocados pela mesma.

Em seguida foi utilizado um vídeo “Diabetes” como forma de sensibilizar os

educandos e levá-los a um entendimento sobre o assunto. Krasilchick (2005, p.63),

Page 9: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · Para Silva e Kare (2012, p.601) o predomínio do diabetes tipo 2, é maior se comparado ao tipo I, em decorrência

argumenta que “a tecnologia faz parte da vivência do aluno e sempre que pertinente

é conveniente complementar as aulas com a sua exibição”. O vídeo mostra o que a

doença causa no organismo, qual a diferença entre diabetes tipo I e tipo II e qual a

importância da insulina no organismo. Porém, muitos professores GTR,

mencionaram ter casos de diabetes entre os alunos e também com seus familiares e

foram unânimes em afirmar a dificuldade de incluir no dia a dia dos alunos um

cardápio saudável, bem como a prática de atividades físicas.

Na sequência, os alunos realizaram leitura de textos sobre diabetes e células-

tronco. A turma foi dividida em 6 grupos, e 6 textos diferentes foram distribuídos.

Cada grupo fez um relatório destacando o que achou interessante sobre seu texto,

observando quais as expectativas em relação ao uso das células-tronco, e expôs o

que de mais relevante encontrou. Os grupos prepararam cartazes com as

informações obtidas nos textos, os quais foram expostos no Colégio.

Para Freire (1996, p. 32):

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Enquanto ensino

continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, busco porque

indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando

intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que

ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade.”

A pesquisa é uma forma de propiciar ao aluno a compreensão do que está

sendo discutido, para tanto os participantes do GTR destacam que devemos

fortalecer nos educandos o desejo de aprender, pesquisar e conhecer sobre temas

atuais, nas áreas da saúde.

Os alunos assistiram, também, a uma palestra com um profissional do Centro

Municipal de Saúde e tiveram a oportunidade de compreender o que é diabetes e o

que essa doença pode causar no organismo e quais complicações poderá ter um

portador. De acordo com o PCN + Ensino Médio (2002, p.55), “diversos são os

artifícios que favorecem a instalação de uma relação provocante em sala de aula”.

Sobre o tema, foram abordados diabetes tipo I e II, quais os principais órgãos

afetados e que se precisa ter uma alimentação saudável sempre e não apenas

quando se está doente. Muitas das dúvidas dos alunos foram sanadas pelo

profissional, e depois, um relatório foi entregue à professora. Os professore GTR em

Page 10: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · Para Silva e Kare (2012, p.601) o predomínio do diabetes tipo 2, é maior se comparado ao tipo I, em decorrência

suas contribuições comentaram sobre o lanche servido aos alunos, sendo estes

muitas vezes industrializados. Prega-se a alimentação saudável, mas muitas vezes

na prática, ocorre de outra forma.

Outra atividade interessante, foi a conversa com um portador de diabetes tipo

1. Ele transmitiu aos alunos como era o seu dia-a-dia, em que momento descobriu

ser um portador de diabetes tipo I, quais foram os sintomas apresentados, e a partir

de então, quais cuidados foram necessários. Comentou sobre suas limitações em

termos de alimentação e trabalho. Relatou que em determinado período seu estado

de saúde se agravou bastante, apresentando problemas nos rins e de visão. A turma

gostou muito dessa atividade, pois tiveram a oportunidade de ouvir sobre todos os

problemas pelos quais ele vem passando desse os nove anos de idade, quando

descobriu a doença. Foi nítida a preocupação demonstrada pelos alunos. Eles

ficaram apreensivos diante de todos os problemas que a doença pode causar.

Segundo a (DCE 2008, p. 66), “diferentes estratégias de ensino como a aula

dialogada, a leitura, entre tantas outras devem contribuir para a manifestação dos

alunos (...) diante das diferentes ideias reproduzidas em sala de aula”. Os

participantes do GTR pontuaram ser esta uma atividade relevante, pois o

testemunho chama a atenção, e vivenciando cada relato, percebem o quanto o

problema é de fato muito sério.

Na próxima ação, fez-se o teste de glicemia. Os alunos foram orientados pela

professora para que fizessem jejum por um período de 8h à 12h, sendo neste tempo

permitido somente a ingestão de água. Os alunos foram encaminhados ao Centro

Municipal de Saúde para que realizassem o teste de glicemia. Ao retornarem para a

sala de aula fizeram grupos de 4 alunos e analisaram o resultado obtido no teste de

glicemia, logo após cada integrante socializou para a turma o resultado, tendo em

vista que os valores aceitos são de 70mg/dl à 100mg/dl. Os materiais utilizados para

a realização do teste foram disponibilizados pelo Centro Municipal de Saúde. Esta

atividade nos permitiu associarmos a teoria à prática. Para Krasilchik (2005, p. 87),

“o entusiasmo, o benefício e o comprometimento dos alunos compensam todo

empenho e a sobrecarga de trabalho para o professor que possa adivir das aulas

práticas”.

Page 11: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · Para Silva e Kare (2012, p.601) o predomínio do diabetes tipo 2, é maior se comparado ao tipo I, em decorrência

Na sétima ação os alunos assistiram ao vídeo “Milagre da células-tronco nos

diabéticos”. Em seus relatos Krasilchick (2005, p.63), afirma que “mesmo sendo

imensamente reconhecido a importância dos recursos audiovisuais no ensino de

biologia, dados indicam que são poucos usados”. Este vídeo relata a técnica

utilizada no transplante de células-tronco para o tratamento de Diabetes tipo I. Após

o vídeo discutiu-se sobre a importância das pesquisas para tentar solucionar um mal

que acomete milhares de pessoas e que até o momento não possui cura,

despertando nos alunos curiosidade e interesse pelo assunto em questão. Os

professores do GTR mencionaram que as pesquisas são de fato importantíssimas,

mas demoradas demais e dessa forma muitas pessoas continuam nessa angústia a

espera da cura.

Na oitava ação os alunos produziram material para esclarecimento a fim de

sensibilizar a comunidade escolar quanto aos hábitos alimentares, sedentarismo e

suas relações com o diabetes. Os materiais confeccionados foram expostos no

Colégio a título de informação a toda a comunidade escolar. Para realizar esta

atividade utilizaram todas as informações obtidas no decorrer da implementação.

Professores que realizavam o GTR acompanhavam as ações e deixando suas

contribuições. Afirmaram que o trabalho em equipe torna a atividade prazerosa, e

que essa estratégia e a produção de materiais possibilita que mudanças de

comportamento envolva a comunidade escolar que vai além dos alunos. Para Rios

(2008) apud Didática e Docência 2011, p. 169), quando professor e aluno fazem a

aula juntos, ambos ensinam e aprendem, vivenciam experiências, constroem,

reconstroem, criam algo.

Quando os alunos, ao término do semestre, retomaram as questões do

primeiro momento, evidenciou-se que todas as atividades contribuíram para o

processo de aprendizagem. Foi notável a diferença nas respostas. Após análise das

avaliações realizadas pelos alunos pode-se constatar que o conteúdo foi absorvido e

que o conhecimento sobre o tema proposto se efetivou, principalmente quando se

tratava de levar esse aprendizado para seus familiares. Durante as aulas alguns

alunos demonstravam preocupação com seus hábitos alimentares. Dessa forma

tornou-se evidente a assimilação do conteúdo e percebeu-se que houve uma

construção coletiva, pois vários indivíduos foram agentes nesse momento de

construção do conhecimento.

Page 12: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · Para Silva e Kare (2012, p.601) o predomínio do diabetes tipo 2, é maior se comparado ao tipo I, em decorrência

O tema trabalhado foi bem aceito pelos alunos, embora o conteúdo células-

tronco, mais especificamente o transplante delas, seja de tamanha complexidade,

mas ao mesmo tempo instigador. Despertou nos alunos curiosidade e vontade de

saber mais, e, por essa razão sentiram-se motivados a buscarem maiores

informações. A colaboração de todos os alunos foi de grande importância. No início

ficaram meio apreensivos, mas, a medida que o trabalho foi sendo executado

ficaram tranquilos. Tiveram algumas situações em que era preciso expor suas

conclusões, então, alguns se sentiram menos à vontade, mas tudo dentro da

normalidade. Na elaboração de materiais informativos para serem expostos no

Colégio alguns demonstravam pouco interesse, mas eram motivados pelos colegas

e professora.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa oportunizou aos educandos um melhor entendimento sobre

células-tronco e diabetes, e através de estudos foram capazes de compreender a

diferença entre diabetes tipo1 e diabetes tipo II e quais as complicações que estas

doenças causam no organismo. E que o transplante de células-tronco é a única

forma de cura para o diabetes tipo 1.

No decorrer do trabalho os alunos mostraram-se motivados e interessados, isso se

deveu a diferentes metodologias adotadas, pois favoreceram a aquisição do saber,

as aulas tornaram-se dinâmicas e o professor deixou de ser um mero transmissor do

conhecimento. Passou a ser o mediador, incentivando os alunos a irem à busca do

conhecimento e passou a ter um contato mais direto com seus alunos.

A turma aceitou muito bem as atividades propostas, apesar do tema ser de

difícil compreensão, principalmente quando se trata de células-tronco.

Todos participaram a contento e a informação recebida por meio de diferentes

fontes propiciou a obtenção do saber.

REFERÊNCIAS

Page 13: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · Para Silva e Kare (2012, p.601) o predomínio do diabetes tipo 2, é maior se comparado ao tipo I, em decorrência

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Diabetes Mellitus/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à

Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde,

2006.64p.il. – (Cadernos de Atenção Básica, n16) (Série A. Normas e Manuais

Técnicos) ISBN 85-334-1183-9.

COURI, C. E. B. Por que o transplante de células-tronco não é a cura para o

diabetes tipo I. Disponível em

http://carloseduardocouri.blogspot.com/2013/03/por-que-o-transplante-de-células-

tronco.html. Acesso em: 19/05/2013.

FARIAS, I. M. S; SALES, J. de O. C. B; BRAGA, M. M. S. de C; FRANÇA, M.do

S.L.M. Didática e docência aprendendo a profissão. 3º ed. nova ortografia- Brasília.

Liber Livro, 2011.

FRÁGUAS, R; SOARES, S. M. de S. R; BRONSTEIN, M. D. Depressão e diabetes

mellitus. Revista de Psiquiatria Clínica, v. 36, n. 3, p.93-9, 2009.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 20º

ed. São Paulo. Paz e Terra, 1996.

GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6º ed. São Paulo. Atlas, 2008.

JÚNIOR, C. da S; SASSON, S; JÚNIOR, N. C. Biologia. 9 ed. São Paulo: Saraiva,

2010.

KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2004.

KUENZER, A. Z. (Org.) Ensino médio: construindo uma proposta para os que vivem

do trabalho. 4º ed. São Paulo: Editora Cortez, 2005.

LOJUDICE, F. H; SOGAYAR, M. C. Células-tronco no tratamento e cura do diabetes

mellitus. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, n. 1, p.15-22, 2008.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares da educação

básica: Biologia. Curitiba; Secretaria da educação, 2008

PEDRANCINI, V. D.; NUNES, M. J. C; GALUCH, M. T. B; MOREIRA, A. L. O. R;

RIBEIRO, A. C.Ensino e Aprendizagem de Biologia no Ensino Médio e a

Apropriação do Saber Científico e Biotecnológico. Revista Electronica de Enseñza

de lãs Ciências, V. 6, n. 2, 2007. Disponível em: <http://www.saum.uvigo.es/reec>

Acesso em: 19 de Junho de 2013.

PCN+ Ensino Médio: Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros

Curriculares Nacionais. Secretaria da Educação Média e Tecnológica – Brasília :

MEC; SEMTEC, 2002.

Page 14: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · Para Silva e Kare (2012, p.601) o predomínio do diabetes tipo 2, é maior se comparado ao tipo I, em decorrência

PEREIRA, L. V. A importância do uso das células tronco para a saúde pública.

Ciência & Saúde Coletiva,v. 13, n. 1, p. 07-14, janeiro-fevereiro, 2008

SILVA, M. B. G.; SKARE, T. L. Manifestações musculoesqueléticas em diabetes

mellitus. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 52, n. 4, p.594-609, 2012.

SOCIEDADE Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Diabetes Mellitus

Gestacional. Revista Associação Médica Brasileira, v. 54, 6, p.477- 480. São Paulo

nov/dez. 2008.

VARELLA, D. A história do diabetes. Disponível em

<http://www.envolverde.com.br/saúde/artigo-saúde/a-história-do-diabetes/2012.

Acesso em:24/05/2013.

YARAK, S; OKAMOTO, O. K. Células-tronco derivadas de tecido adiposo humano:

desafios atuais e perspectivas clínicas. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 85, n.

5, p. 647-56, set/out, 2010.