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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE
II
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
TURMA PDE/2014
Título: Administração ou gestão escolar: qual a visão e prática dos membros
dos segmentos da gestão?
Autora Andréa de Fátima Bueno Murbach
Disciplina/Área Pedagogia
Escola de Implementação do
Projeto e sua localização
Colégio Estadual “Emilio de Menezes”
Rua José Zaleski, 450 – Capão Raso, Curitiba, PR
Município da Escola Curitiba
Núcleo Regional de Educação Curitiba
Professor Orientador Douglas Ortiz Hamermüller
Instituição de Ensino Superior UFPR
Relação Interdisciplinar
(indicar, caso haja, as
diferentes disciplinas
compreendidas no trabalho)
Gestão Escolar, Pedagogia
Resumo Sabe-se que a gestão não é neutra. Por ela perpassam questões de ordens sociais, políticas e pedagógicas que se disseminam em várias outras. Diante disso decidiu-se pesquisar a administração/gestão escolar. Nas primeiras leituras, constatou-se que os conceitos de administração e de gestão escolar vêm sendo empregados como sinônimos quando se trata da condução dos trabalhos do diretor escolar. No entanto, ao se aprofundar nos estudos dos dois conceitos, percebeu-se empiricamente que eles são diferentes, mas o fato de serem diferentes não significa que são totalmente desconectados. Pelo contrário, eles são intimamente ligados e mantêm estreita relação. Sendo assim, este trabalho visará elucidar a questão: Há diferença entre os processos de administração e de gestão escolar no campo da pesquisa (Colégio Estadual Emilio de Menezes)?
Palavras-Chave Direção;gestão;administração;pedagogia;educação
Formato do Material Didático Caderno Temático
Público Alvo Diretores, Pedagogos e Demais Interessados
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
Administração ou gestão escolar: qual a visão e prática dos
membros dos segmentos da gestão?
Caderno Temático para diretores, pedagogos e demais interessados da Rede Estadual de Ensino do Estado do PR
PROFESSORA PDE: Andréa de Fátima Bueno Murbach PROFESSOR ORIENTADOR IES: Douglas Ortiz Hamermüller
NRE: Curitiba
RECADO DA AUTORA
Tive a oportunidade de atuar em várias escolas durante minha trajetória na
carreira do magistério. Por isso, presenciei diferentes estilos de administração/gestão.
A cada experiência pedagógica pude verificar que a condução do diretor gerava
diferentes resultados para o processo educacional, afetando alunos, professores,
funcionários e demais integrantes da comunidade escolar.
Cada diretor, com seu estilo, tratava as questões da escola com uma dinâmica
diferenciada, nas quais ficava claro que o papel do administrador/gestor se tornava,
inegavelmente, um sinalizador de como a escola e seus componentes se enxergavam
como agentes de mudança da sociedade em que estavam inseridos e para a qual
formavam seus estudantes.
Por isso, decidi pesquisar se há diferenças entre os conceitos e as práticas de
Administração e Gestão Escolar.
Ao longo deste Caderno Temático pretendo dialogar com vocês, abordando com
maior profundidade a fundamentação teórica do tema, objetivando maiores
esclarecimentos em relação aos preceitos do assunto estudado, com foco nas práticas
sociais, políticas e pedagógicas.
Espero que tenhamos um excelente estudo!
Andréa Murbach
SUMÁRIO
RECADO DA AUTORA 3
APRESENTAÇÃO 5
ORGANIZAÇÃO 7
METODOLOGIA 9
MATERIAL DIDÁTICO 10
CAPÍTULO I – ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR 10
CAPÍTULO II – GESTÃO ESCOLAR 16
CAPÍTULO III – GESTÃO DEMOCRÁTICA 23
CAPÍTULO IV – TRANSIÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO PARA
GESTÃO ESCOLAR
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REFERÊNCIAS 37
APRESENTAÇÃO
“Todos juntos somos fortes
somos flecha, somos arco
todos nós no mesmo barco
não há nada pra temer...”
(Chico Buarque, Enriquez e Bardotti)
Sabe-se que a gestão não é neutra. Por ela perpassam questões de ordens
sociais, políticas e pedagógicas que se disseminam em várias outras. Diante disso, cabe
ao gestor possuir a capacidade de gerir todas estas facetas, no sentido de direcionar o
trabalho coletivo para que se atinja efetivamente o processo ensino-aprendizagem.
Ao pesquisar a administração/gestão escolar, constatei nas primeiras leituras, que
os conceitos de administração e de gestão escolar vêm sendo empregados como
sinônimos quando se trata da condução dos trabalhos do diretor escolar. No entanto, ao
se aprofundar nos estudos dos dois conceitos, percebi que eles são diferentes, mas o fato
de serem diferentes não significa que são totalmente desconectados. Pelo contrário, eles
são intimamente ligados e mantêm estreita relação. Talvez o que colabore para esta
dificuldade em dissociar um termo do outro seja o fato de que nos dois casos há
processos operacionais similares ou até mesmo idênticos, e as diferenças estejam na
maneira como é exercida a influência sobre os administrados/geridos. Essas influências
podem ser mais rígidas ou mais democráticas.
Portanto, o diretor de escola não deve perder de vista que sua atuação sempre
será em torno de, no mínimo, dois aspectos de suma importância em uma escola, o
administrativo e o pedagógico, procurando equilibrar as ações entres ambos.
Sendo assim, este Caderno Temático visa elucidar a questão: Há diferença entre
os processos de administração e de gestão escolar no campo da pesquisa?
Para tanto, elenquei os objetivos de pesquisar e evidenciar as diferenças entre
administração e gestão escolar por meio:
- dos conceitos de administração escolar;
- dos conceitos de gestão escolar;
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- da relevância da gestão democrática; e
- do paralelo entre as nomenclaturas – administração e gestão escolar.
O material pretende produzir processos reflexivos e interativos, pois é focado à
realidade escolar, que fala diretamente aos atores escolares. O conteúdo foi distribuído
em quatro capítulos, da seguinte forma:
No primeiro tratei da Administração Escolar, trazendo uma busca bibliográfica
sobre o conceito.
No segundo abordei a Gestão Escolar, no qual procurei evidenciar ao longo da
história da educação o termo “gestão”, aplicado à educação.
No terceiro aprofundei os conceitos de Gestão Democrática, buscando traçar uma
linha de evolução dos preceitos da gestão democrática e a importância no
encaminhamento das ações da equipe diretiva.
No quarto e último busquei traçar um paralelo entre as nomenclaturas –
Administração e Gestão Escolar, demonstrando através da pesquisa, a transição do
entendimento dos conceitos.
O presente Caderno poderá ser utilizado pelos diretores e pedagogos. Afinal os
pedagogos, cientistas da educação, são profissionais polivalentes e coadjuvantes ao
diretor, os quais atuam de maneira bastante efetiva nas decisões da escola e podem fazer
uso das conceituações teóricas que estão contidas na pesquisa.
Ao longo de sua leitura/estudo serão indicadas paradas intencionais, as quais se
darão pelas proposições de exercícios, vídeos e de leituras de textos complementares,
buscando a expressão da realidade por meio das concepções teóricas tratadas, centradas
no objetivo da problematização, que toma como foco as ocorrências naturais e concretas
dos afazeres de gestão da escola.
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ORGANIZAÇÃO
Serão distribuídos boxes ao longo do Caderno, assim denominados:
“BÔNUS!” serão frases de autoria de importantes teóricos estimulando ao cursista
uma pausa reflexiva na leitura do texto, para que se torne sujeito do processo ensino e
aprendizagem aqui proposto, construindo seu conhecimento por meio da relação teoria e
prática de uma forma mútua.
“PARA PENSAR:” serão oportunidades de parada para efetuar uma leitura mais
detalhada sobre o tema;
“MÃOS À OBRA!:” serão paradas para proposta de exercícios;
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“LEITURA COMPLEMENTAR!” serão links para leitura de textos, na íntegra, que trarão
maior embasamento teórico acerca do tema que está sendo trabalhado e por vezes
poderá propiciar exercício na sequência; e
“VÍDEO” oportunidades nas quais serão ofertados links de vídeos disponíveis que
ilustrarão os temas estudados, por vezes seguidos de propostas de reflexões e/ou
exercícios.
Para abrir os links, basta manter apertada a tecla “ctrl” de seu teclado ao
mesmo tempo em que clica sobre o link. Automaticamente será aberto o arquivo
correspondente, se o computador estiver acessando a Internet.
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METODOLOGIA
Baseando-se num dos objetivos do Programa de Desenvolvimento Educacional –
PDE, articulação da teoria com a prática no contexto do ambiente de pesquisa,
principalmente voltado para a realidade escolar, o presente conteúdo será implementado
ao público alvo: diretores, pedagogos e demais interessados.
A carga horária total será de 64 horas, distribuídas da seguinte forma:
Apresentação do tema, da proposta de estudo e do material do curso aos
componentes da comunidade escolar durante a Semana Pedagógica de Fevereiro de
2015.
Debate inicial, incentivando que todos falem o que pensam sobre o tema, se há
diferenças, quais são elas e até que ponto interferem no andamento das atividades do
Colégio.
Aplicação de questionário com o objetivo de obter a intenção de participação no
curso bem como sugestão de melhor momento de aplicação dele ao longo do primeiro
semestre letivo.
Curso de 32 horas, no formato de grupo de estudos, nos quais ocorrerão
momentos de discussão e execução das atividades propostas, após os cursistas terem
efetuado os estudos dos temas propostos, por este Caderno Temático para
aprofundamento teórico.
Avaliação do curso, no formato de auto avaliação, com a utilização de rubricas –
método bastante utilizado em cursos na modalidade a distância –, que auxilia a observar
os capítulos que devem ser revisados, permitindo, ao mesmo tempo, uma visão integral
dos critérios empregados e das ações que devem ser desenvolvidas, objetivando uma
parada para observação de novas práticas e mudanças de postura frente aos conflitos do
cotidiano.
Momento de feedback aos componentes da comunidade escolar sobre as
conclusões atingidas após a aplicação da intervenção.
Coleta de materiais para embasamento e construção do trabalho final – artigo
científico –, ao longo do primeiro semestre.
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MATERIAL DIDÁTICO
CAPÍTULO I –
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
“Seria uma atitude muito ingênua
esperar que as classes dominantes
desenvolvessem uma forma de educação
que permitissem às classes dominadas
perceberem as injustiças sociais
de forma crítica.”
(Paulo Freire)
Em todas as leituras efetuadas é possível perceber que a Administração teve
origem na necessidade de organizar os meandros do trabalho fabril. Porém, advinda do
processo evolutivo social traz em seu bojo a divisão do trabalho como sendo intrínseca ao
ser humano, negando, por sua vez, que fosse na verdade originária de um produto social.
Sendo assim, a Administração Escolar, indubitavelmente, sofreu grande influência
da Administração Geral, ou seja, teve forte vínculo com o sistema de produção capitalista.
Num sentido restrito, nessa visão, o administrador estaria limitado a comandar e
controlar, numa visão prática de quem opera sobre a unidade escolar e nela interfere de
modo distanciado dos desejos e sentimentos alheios, objetivando a manutenção de sua
própria autoridade, centrada em sua figura de diretor.
Porém, a partir da década de 60, com o advento das Pedagogias Críticas, houve
severos questionamentos a esse modelo de organização.
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Anísio Teixeira defendia esse modelo de gestão e afirmava que (1961, p. 2):
Sem administração, a vida não se processaria. Mas há dois tipos de administração: e daí é que parte a dificuldade tôda. Há uma administração que seria, digamos, mecânica, em que planejo muito bem o produto que desejo obter, analiso tudo que é necessário para elaborá-lo, divido as parcelas de trabalho envolvidas nessa elaboração e dispondo de boa mão-de-obra e boa organização, entro em produção. É a administração da fábrica. É a administração, por conseguinte, em que a função de planejar é suprema e a função de executar, mínima. E há outra administração - à qual pertence o caso da Administração Escolar - muito mais difícil.
Entretanto, é inegável que este modelo de regime acabou por ser efetivo, não do
enfoque da participação coletiva, mas da organização, disciplina e cumprimento de metas.
Russo (2004, p. 37), baseado em Paro, discorre sobre o assunto:
A irracionalidade observada na escola decorre dos conflitos e contradições entre os pressupostos da administração capitalista e a natureza do processo de produção pedagógica. Este último é restritivo à aplicação integral dos pressupostos da administração empresarial na escola, segundo Paro (op. cit). Não se trata, como esclarece o autor, de não reconhecer a importância que a administração empresarial teve para o desenvolvimento do capitalismo, e sim de reconhecer que sua aplicação na escola é produtora de dificuldades ao desenvolvimento do processo educativo em razão de seu caráter de prática social fundada na exploração do trabalho e no uso da manipulação ideológica para ganhar a adesão dos trabalhadores aos interesses das empresas. A educação, como prática humana de formação de sujeitos históricos, exige formas de organização do trabalho que priorizem as relações solidárias e cooperativas, fundadas nos princípios do diálogo e da persuasão, isto é, de relações entre iguais.
Dessa ideia pode-se concluir que a administração quando é executada com base
no enfoque da educação será muito mais efetiva ao pleno exercício da cidadania, do que
no sentido da organização. Entretanto, a efetivação deste processo estará sempre sujeita
a quem a pratica, pois, como afirmou Teixeira (1961, p. 1) “A função de administrador é
função que depende muito da pessoa que a exerce; o administrador depende de quem
êle é, do que tenha aprendido e de uma longa experiência. Tudo isto é que faz o
administrador.”
Com o passar dos anos e, principalmente, com a reabertura político-democrática
em nosso país, houve um movimento de novas elaborações sobre a administração
escolar, dando-se maior destaque ao enfoque sociológico, numa busca pela democracia,
cidadania e participação popular, em detrimento ao enfoque tecnocrático, enfatizado até
então.
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Miguel Arroyo foi um dos autores que mais defenderam esta mudança de caráter
da administração, conforme o texto de (1979, p. 46):
O problema, pois, é como encontrar mecanismos que gerem um processo de democratização das estruturas educacionais através da participação popular na definição de estratégias, na organização escolar, na alocação de recursos e, sobretudo, na redefinição de seus conteúdos e fins. Fazer com que a administração da educação recupere seu sentido social.
Pode-se perceber, claramente, que a abordagem capitalista, visando entender a
escola como empresa vai perdendo terreno. Muitos outros autores estudiosos da
educação passam a dar maior visibilidade à administração como meio de fazer com que a
escola seja instrumento de equalização social.
Agora proponho que você assista aos vídeos sugeridos abaixo:
VÍDEOS:
- “Princípios gerais de administração escolar”; e
- “Pink Floyd – The Wall (legendado)”.
Disponíveis em: https://www.youtube.com/watch?v=qBcYm_1c1rg
https://www.youtube.com/watch?v=vrC8i7qyZ2w
Acessados em 24/11/2014
Reflita, traçando um paralelo entre os conceitos de administração da fábrica e sua
aplicação na escola, principalmente sob os aspectos do controle, organização e
atingimento de metas.
Discorra sobre sua reflexão, apontando os pontos de culminância que localizou:
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Paro também defende veementemente esta vertente, criticando a escola a serviço
do capitalismo, encarada como empresa e não como entidade isenta, que visa levar o
conhecimento científico socialmente acumulado aos estudantes. E nesse caminhar de
essência política e de cuidado com o pedagógico que começa a surgir o enfoque na
gestão escolar, como uma maneira de dar ênfase à abordagem técnica que neste ínterim,
vinha tendo a administração escolar.
BÔNUS!
A pior decisão colegiada é sempre melhor do que a melhor das decisões individuais do
administrador, porque, afinal, ninguém se sente inteiramente responsável por uma proposta de
cuja formulação não participou. Ou nos convencemos disso, ou nossos sistemas normativos
continuarão constituindo ameaças, ao invés de instrumentos de relações de trabalho, quando
não ocorre o pior: a maioria das normas não é cumprida e passa a fazer parte do nosso
“cemitério de leis”.
José Eustáquio Romão, 2002, p.45.
Na escola, há que ficar claro que a atuação do diretor não pode se basear no
autoritarismo, na força de sua posição hierárquica, mas na proposição do trabalho
coletivo, que é muito diferente do egocentrismo carregado de arbítrios individuais,
causadores da inclinação à fragmentação das ações.
Conforme Lück (2000, p. 15),
[...] Essa mudança de consciência está associada à substituição do enfoque de administração, pelo de gestão. Cabe ressaltar que não se trata de simples mudança terminológica e sim de uma fundamental alteração de atitude e orientação conceitual. Portanto, sua prática é promotora de transformações de relações de poder, de práticas e da organização escolar em si, e não de inovações, como costumava acontecer com a administração científica.
A partir desse contexto, percebe-se a tendência acentuada do uso do termo
gestão, em detrimento ao da administração e o anseio de uma sociedade democrática e
participativa. Esse processo de mudança será abordado com maiores detalhes na
sequência deste Caderno.
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MÃOS À OBRA!
Você teve oportunidade de acompanhar no primeiro vídeo, Paro discorrendo sobre a administração e o
ambiente escolar, diante disso, responda:
- O que existe de administrativo no processo de formação de um sujeito histórico?
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LEITURA COMPLEMENTAR!
Para saber mais e se aprofundar no assunto,
sugiro que leia o texto intitulado:
“A educação, a política e a administração: reflexões sobre a prática do diretor de escola”.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ep/v36n3/v36n3a08
Acessado em 28/11/2014
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MÃOS À OBRA!
- Com base no que foi estudado até aqui, relate o que foi mais significativo para seu aprendizado
neste Capítulo:
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PARA PENSAR:
“Empenhem-se no domínio das formas que possam garantir às camadas populares o ingresso
na cultura letrada, vale dizer, a apropriação dos conhecimentos sistematizados. E, no interior das
escolas, lembrem-se sempre de que o papel próprio de vocês será provê-las de uma
organização tal que cada criança, cada educando, em especial aquela das camadas
trabalhadoras, não veja frustrada a sua aspiração de assimilar os conhecimentos metódicos,
incorporando-os como instrumento irreversível a partir do qual será possível conferir uma nova
qualidade às suas lutas no seio da sociedade.”
Este é o recado que os formandos de Pedagogia da Universidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro, receberam de seu patrono, Dermeval Saviani.
O que pode ser aplicado de forma geral a todos os educadores.
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CAPÍTULO II –
GESTÃO ESCOLAR
““A teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim como a prática sem teoria, vira ativismo.
No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis,
a ação criadora e modificadora da realidade.” (Paulo Freire)
No âmbito educacional, pode-se afirmar que a análise de um conceito contém,
pelo menos implicitamente, uma infinidade de respostas possíveis, pois irão depender de
muitas variáveis, tais como concepções, pontos de vista, práticas realizadas e/ou
vivenciadas, além de imensuráveis interpretações.
Diante desse fato, este trabalho não pretende esgotar todos os conceitos
existentes acerca do tema, tão pouco pretende defender a ideia de que um ou outro é a
mais importante.
Em se tratando da Gestão Escolar o conceito é relativamente novo e vem sendo
empregado no sentido de defender uma escola que atenda os anseios da população, que
possua vida social ativa e que deseja formar cidadãos participativos e comprometidos
com a comunidade em geral.
Neste sentido, verificou-se que segundo Lück, (2006, p. 33-34):
A gestão educacional é uma expressão que ganhou evidência na literatura e aceitação no contexto educacional, sobretudo a partir de década de 1990, e vem se constituindo em um conceito comum no discurso de orientação das ações de sistemas de ensino e de escolas. [...] O conceito de gestão resulta de um novo entendimento a respeito da condução dos destinos das organizações, que leva em consideração o todo em relação com as partes e destas entre si, de modo a promover maior efetividade do conjunto.
Almeida (2009, p. 25), por sua vez, conceitua gestão escolar como sendo:
A gestão escolar, como área de atuação, constitui-se, pois, em um meio para a realização das finalidades, princípios, diretrizes e objetivos educacionais orientadores da promoção de ações educacionais com qualidade social, isto é,
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atendendo bem a toda a população, respeitando e considerando as diferenças de todos os seus alunos, promovendo o acesso e a construção do conhecimento a partir de praticas educacionais participativas, que fornecem condições para que o educando possa enfrentar criticamente os desafios de se tornar um cidadão atuante e transformador da realidade sociocultural e econômica vigente, e de dar continuidade permanentemente aos seus estudos.
Portanto, numa visão ampla, a gestão escolar abarca o trabalho da direção da
escola, dos pedagogos, dos professores, dos agentes educacionais (I e II), dos alunos e
dos pais, enfim, todos aqueles que fazem parte da comunidade escolar, numa busca
efetiva de uma educação que privilegie os conceitos da democracia, cidadania, autonomia
e respeito à diversidade, o que ficará evidente ou não, pelo comprometimento de todos
nas tomadas de decisões.
Freire, citado por Castells (1996, p. 58), enfatiza a necessária participação de
todos para que se efetivem as decisões pedagógicas colegiadas:
[...] constitui uma franca contradição, uma clara incoerência, uma prática educativa que se pretende progressista, que é realizada, porém, dentro de modelos tão rígidos, verticais, nos quais não existe lugar para a menor possibilidade de dúvida, de curiosidade; de crítica, de sugestão, de presença viva, com voz, de professores e professoras que devem ficar submissos aos ‘pacotes’; dos alunos, cujo direito se resume ao dever de estudar sem indagar, sem duvidar, submissos aos professores; dos zeladores, dos cozinheiros, dos vigilantes, que, trabalhando na escola, também são educadores e necessitam ter voz; dos pais, das mães, que são convidados a visitar a escola ou para festas nos fins de semestres ou para receber queixas sobre seus filhos ou para encarregar-se dos consertos, das reparações do prédio escolar ou até para ‘participar’ dos pagamentos do material escolar, etc. Nos exemplos que dou, temos por lado, a proibição ou inibição de participação; de outro, a falsa participação.
Não é uma questão de quantidade de participação e envolvimento, mas uma
questão de qualidade, em que fique clara a importância de cada sujeito envolvido no
processo, pois segundo Mendonça (1998, p. 76), um diretor comprometido com seu
trabalho,
participa (da gestão) como presidente do Colegiado, quando se coloca como um líder participativo, socializando informações, compartilhando os problemas e tarefas, dando um enfoque prospectivo à gestão pela antecipação de eventuais dificuldades que poderão surgir no decorrer do processo, utilizando de seu próprio potencial de liderança, comunicação, negociação, planejamento e avaliação, assumindo o papel de aglutinador do processo de co-gestão.
Sob outro enfoque Lima (2002, p. 40), enfatiza a necessidade de o diretor
envolver-se também com as questões pedagógicas da escola, priorizando seu lado
professor, que deve estar concatenado com as questões curriculares e principalmente na
condução do Projeto Político Pedagógico,
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o diretor é um educador e, se nas últimas décadas, a função de direção assumiu um caráter exclusivamente burocrático, agora é o momento exato de recuperar sua dimensão pedagógica. Sem a atuação do diretor como educador, não há possibilidade de se levar adiante nenhum projeto pedagógico.
A escola é o ponto de encontro entre as politicas e as diretrizes do sistema e o
trabalho direto na sala de aula, enquanto o diretor tem a atribuição de agregar sua
organização interna, de forma a estabelecer relações positivas entre ambas. É de suma
importância que suas formas de encaminhamento das situações peculiares, ou não,
ocorridas sobre o currículo, os métodos de ensino, as relações interpessoais de
professores, pedagogos, alunos, funcionários, pais e sua própria, sejam efetuadas sob o
aspecto da mediação e incentivo ao bom relacionamento e atingimento da grande meta
da escola: a aprendizagem dos alunos.
Agora faremos uma parada para assistir a um vídeo da série "Fazendo Escola",
na qual professores discutem conceitos e apresentam propostas de trabalho referentes à
gestão democrática a partir de documentários que retratam experiências bem sucedidas
em escolas brasileiras do ensino médio.
O vídeo “Função do Diretor” conta com a presença dos debatedores Professores
Maria Beatriz Luce, Francisco de Moura Teixeira Filho e Rogerio de Andrade Cordova.
Solicito que detenha seu foco de atenção do ponto 15’00’’ até o 33’15’’ do vídeo.
VÍDEO:
- “Função do Diretor”.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=i2G0JkMOi1c
Acessado em 29/11/2014
A partir da explanação dos debatedores, aponte qual a função do diretor escolar,
enfatizando as qualidades/características citadas pelos Professores Maria Beatriz Luce,
Francisco de Moura Teixeira Filho e Rogerio de Andrade Cordova.
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BÔNUS!
O conceito de autonomia da escola está relacionado com tendências mundiais de
globalização e mudança de paradigma que têm repercussões significativas nas concepções de
gestão educacional e nas ações dela decorrentes. Descentralização do poder, democratização
do ensino, instituição de parcerias, flexibilização de experiências, mobilização social pela
educação, sistema de cooperativas, interdisciplinaridade na solução de problemas são estes
alguns dos conceitos relacionados com essa mudança. Entende-se, nesse conjunto de
concepções, como fundamental, a mobilização de massa crítica para se promover a
transformação e sedimentação de novos referenciais de gestão educacional para que a escola e
os sistemas educacionais atendam às novas necessidades de formação social a que a escola
deve responder, conforme anteriormente apontado.
Heloísa Lück, 2000, p. 19/20
BÔNUS!
O fim da educação é a formação do indivíduo autônomo. Mas o que é um indivíduo
autônomo? E, no plano coletivo, o que é uma sociedade autônoma?
Pensa e age autonomamente o individuo que não é dominado pelo discurso ou pela
vontade do outro.
Ora, a escola precisa trabalhar justamente na transmissão-assimilação do discurso do
outro, os conteúdos. Mas pode fazê-lo de muitas formas. A escola cidadã, formadora do
indivíduo autônomo, alimenta-se do discurso do outro, mas o reelabora para torna-lo seu, para
que o outro não pense por mim, não fale por mim, como ocorre com o indivíduo alienado.
Autonomia conduz diretamente à cidadania.
Autônomo não é o indivíduo isolado. Pelo contrário, autônomo é o sujeito ativo, sujeito
da práxis. Se lutamos pela autonomia é a que desejamos para todos. Uma sociedade autônoma
é uma sociedade auto controlável, autodirigida, onde suas instituições promovem e facilitam a
autonomia individual. Nas condições atuais, pode a escola fazer alguma coisa nesse sentido.
Moacir Gadotti, 2001
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A partir dos recortes de textos contidos nos “Bônus” estudados neste capítulo e,
tendo em vista que a gestão escolar também deve, antes de tudo, ter a preocupação de
levar o estudante à autonomia, apresente sugestões de ações cotidianas, para
ampliar/melhorar o trabalho escolar:
Vamos retomar o vídeo “Função do Diretor”. Agora solicito que foque sua atenção
do ponto 40’00’’ até o 52’05’’.
Nele, o debate se volta para questões latentes na escola, como a necessidade do
diretor ter contato com o pedagógico e o administrativo na mesma proporção. O Professor
Rogerio de Andrade Cordova, faz menção a um grande debate na educação que se trata
da função da escola.
A partir da reflexão do Professor Rogerio: “-Trabalhar cidadania ou educação?
Instrução ou cidadania?”. Aborde a colocação, destacando sua opinião sobre tão
polêmica questão.
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E com relação ao trabalho do diretor? Ele deve privilegiar o pedagógico ou o
administrativo? Qual o melhor caminho se tomar para uma boa gestão?
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MÃOS À OBRA!
- Discuta com seus colegas de que forma podem contribuir para o fortalecimento da organização da gestão
da escola, conforme o que foi estudado neste Capítulo. Após registre as principais ideias apontadas:
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LEITURA COMPLEMENTAR!
Para saber mais e se aprofundar no assunto, sugiro que leia o texto,
intitulado:
“Políticas e Gestão da Educação Básica no Brasil: limites e perspectivas”.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v28n100/a1428100
Acessado em 29/11/2014
Conclui-se que a autonomia e a participação são conceitos edificados
mutuamente, mediante processos que têm a democratização sob aspecto central.
Portanto, na sequência deste Caderno, vamos aprofundar nosso estudo sobre a gestão
democrática.
23
CAPÍTULO III –
GESTÃO DEMOCRÁTICA
“É preciso diminuir a distância
entre o que se diz e o que se faz,
até que, num dado momento,
a tua fala seja a tua prática.”
(Paulo Freire)
Ao se fazer uma análise no sentido histórico da Gestão Democrática, constata-se
que após a reabertura político-democrática em nosso país, pós Ditadura Militar (1964 -
1985), principalmente com o advento da Constituição Federal de 1988, o início da
abordagem do termo “gestão democrática do ensino público, na forma da lei”, foi
demarcado como sendo um de seus princípios (Art. 2006, Inciso VI).
Já em 1996, o princípio da gestão democrática foi reforçado como matéria da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN 9394 – de 20 de Dezembro de
1996, que em seu artigo 14, reza que:
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
Diante disso, houve grande evolução no aspecto da gestão dos estabelecimentos
de ensino. Este tema foi extensamente estudado por diversos autores, os quais fazem
diferenciadas abordagens, porém todos compactuam com a afirmativa de que a gestão
democrática não se efetiva por meio de decretos e leis. O fato de ela estar assegurada
tanto na Carta Magna como na Lei maior da educação nacional, não garante sua plena
efetivação em todas as escolas do território nacional.
24
Saviani, autor que estudou com ênfase este tema, afiançou em (2000, p. 77) que
“o grau de democratização atingido no interior das escolas deve ser buscado na prática
social”.
Ainda neste sentido, ele afirma que esta prática social deve ser vivenciada por
todos os componentes da comunidade escolar, visando o atingimento da prática social
global em uma via de mão dupla, ou seja, como “[...] condição de se distinguir a
democracia como possibilidade no ponto de partida e a democracia como realidade no
ponto de chegada.” (2000, p. 78).
Não apenas com a participação dos pais e demais integrantes da comunidade
escolar na formalização de decisões já tomadas pelo diretor em sua sala e conforme suas
conveniências, mas o incentivo da verdadeira participação e interesse dos usuários da
escola, de forma consistente, visando seu desenvolvimento e sucesso, buscando a
participação advinda do interesse e não apenas da mera obrigação.
A participação na escola pode e deve ser encarada como um fim e um meio. É
por meio dela se dá a sensação de continuidade, de responsabilidade com o processo
educacional. Quanto mais participação acontece, mais o processo democrático vai sendo
instituído verdadeiramente, vão se criando ambientes de reflexão, de trocas e de ajuda
recíproca.
Evidencia-se aí um trabalho grande do diretor, para que juntamente com os
demais componentes da comunidade escolar, principalmente o pedagogo, realize uma
gestão democrática e participativa que propicie a participação coletiva, efetivamente, pois
segundo Cury (2005, p.18), “a gestão democrática da educação é, ao mesmo tempo,
transparência e impessoalidade, autonomia e participação, liderança e trabalho coletivo,
representatividade e competência”.
Ou seja, não é um trabalho solitário, mas uma ação que pressupõe a participação
dos diversos componentes da escola, numa atitude de compromisso com o avanço
escolar de todos os estudantes, sem deixar de lado as demais pessoas que estão em
atividade naquele ambiente escolar, buscando o exercício de pensar juntos todas as
ações da escola, evitando compartimentalizar a relação do pedagógico com o burocrático
e do burocrático com a comunidade escolar, numa mudança de mentalidade e modo de
agir, sem a qual a escola não se concretiza em seu papel social.
25
PARA PENSAR:
Segundo Gadotti, (1994, p. 3) [...] É preciso, contudo reconhecer que a gestão democrática é um
processo sempre inacabado e que os limites são enormes. Esses limites se encontram:
a) nas próprias pessoas, com pequena experiência de democracia;
b) na mentalidade que atribui aos técnicos e apenas a eles a capacidade de governar e considera que o
povo é incapaz de exercer o governo de qualquer coisa;
c) na própria estrutura de nosso sistema educacional que é vertical;
d) no autoritarismo que impregnou nosso ethos educacional;
e) no tipo de liderança que tradicionalmente domina nossa atividade política.
Escolha um dos limites descritos pelo autor e descreva de forma clara e objetiva
como isso afeta o andamento das ações democráticas em sua escola.
A gestão democrática não é uma tarefa fácil, pois a educação institucional pela
qual a maioria dos atuais atores que dirigem as escolas passou, foi carregada dos
resquícios da escola tradicional que existia durante a ditadura militar, quando se devia
obedecer e não questionar em nada as decisões tomadas pelos superiores. Diante desse
fato pode-se afirmar que está implantado um processo de mudança gradativo e lento, no
qual os novos preceitos poderão ser incorporados e colocados em prática pela grande
parte da população.
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Percebe-se diante disso que há muitos ranços arraigados na escola, tanto de
autoritarismo, como de permissividade.
Diante disso Paro (2003, p. 101), afirma que:
Não há dúvida de que, se o problema é a falta de tradição democrática, é com a insistência em mecanismos de participação e de exercício da democracia que se conseguirá maior envolvimento de todos em suas responsabilidades.
O mesmo autor (2003, p. 126) defende ainda que para se reforçar o processo
democrático de gestão, possibilitando a existência de um diretor que atue como:
[...] coordenador geral da escola que não seja o único detentor da autoridade, mas que esta seja distribuída, junto com a responsabilidade que lhe é inerente, entre todos os membros da equipe escolar.
Portanto, refletir sobre a gestão democrática da educação, faz com que seja
necessário repensar suas características, as quais são complexas em virtude da
pluralidade que pode propiciar possíveis disputas e até mesmo interesses opostos,
levando-se em conta que não é o processo de escolha de diretores pela comunidade que
em si democratiza a escola, mas sim, o entendimento de todos de que esse procedimento
é apenas uma parte do processo de participação da comunidade.
BÔNUS!
A gestão democrática é demonstrada por uma certa atmosfera* que se respira na escola,
na circulação de informações, no processo de elaboração e criação de novos cursos, na formação
de grupos de trabalho, na capacitação de recursos humanos, etc. [...]
Enfim, a gestão democrática apoia-se em alguns princípios*:
a) desenvolvimento de uma consciência critica;
b) envolvimento das pessoas;
c) participação e cooperação;
d) autonomia.
Moacir Gadotti (1994, p. 2) * grifo do autor
Sendo assim, há que se considerar uma forma de gestão que vise à evolução,
não ignorando os possíveis conflitos que poderão advir de opiniões diversas dos
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componentes da comunidade escolar, antagonismos estes que deverão ser bem geridos
pelo diretor e pelo pedagogo para que se garanta a transformação de embates em novas
possibilidades, gerando assim uma escola que forme cidadãos críticos, socialmente ativos
e comprometidos com suas ações e decisões, assim como, capazes de tomarem
decisões pautadas em conhecimentos aprendidos durante sua estada na instituição
escolar de forma participativa, criativa e bem sucedida.
Infelizmente, perdura na educação a dificuldade em se ouvir os estudantes. Eles
geralmente são afastados dos momentos de discussão e decisões coletivas sobre os
planos da escola, tanto no sentido estrutural como curricular. Porém ao agir assim, a
escola perde a oportunidade de trabalhar junto aos estudantes os aspectos de auto-
organização, autogestão, de que construam sua personalidade de forma autônoma.
Afinal, se o jovem aprender durante o processo educacional a ser autônomo em
sua formação geral e integral, ele vai se encontrar mais preparado para as questões de
fora da escola, do mundo lá de fora. Ser autônomo por um lado e entender a construção
coletiva por outro, isso leva a propiciar a gestão democrática verdadeira e por
consequência, a formação e promoção da cidadania.
Para aprofundar estes conceitos, sugiro mais um vídeo da série "Fazendo
Escola", na qual professores discutem conceitos e apresentam propostas de trabalho
referentes à gestão democrática a partir de documentários que retratam experiências bem
sucedidas em escolas brasileiras do ensino médio.
O vídeo “A História e os Caminhos da Gestão Escolar” conta com a presença dos
debatedores Professores Erasto Fortes Mendonça, Maria Abádia da Silva e Celio da
Cunha e promove uma retrospectiva da história da educação brasileira, enfatizando a
importância e a necessidade da gestão democrática.
VÍDEO:
- “A História e os Caminhos da Gestão Escolar”.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IcTVOtoCH-4
Acessado em 29/11/2014
28
MÃOS À OBRA!
- Com base no que foi estudado neste Capítulo, descreva sobre como provocar nos estudantes o anseio e a
confiança de que eles podem, efetivamente, ter seu lugar na aprendizagem, na sociedade e na gestão da
escola:
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LEITURA COMPLEMENTAR!
Para saber mais e se aprofundar no assunto, sugiro que leia o texto, intitulado: “Gestão Democrática da Escola: bases epistemológicas, políticas e pedagógicas”.
Disponível em: http://29reuniao.anped.org.br/trabalhos/trabalho/GT05-2114--Int.pdf
Acessado em 29/11/2014
Na sequência deste Caderno haverá uma análise, traçando um paralelo entre as
nomenclaturas – Administração e Gestão Escolar, demonstrando por meio da pesquisa, a
transição do entendimento dos conceitos.
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CAPÍTULO IV –
TRANSIÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO
PARA GESTÃO ESCOLAR
“Isso de a gente querer ser
exatamente o que a gente é,
ainda vai nos levar além.”
(Paulo Leminski)
Para realizar esta abordagem, pesquisaram-se vários autores, principalmente
Klaus, que em sua tese de doutorado, mencionada com maiores detalhes nas referências
do presente trabalho, efetuou extensa pesquisa histórica para encontrar o ponto focal da
alteração da visão administrativa para a visão de gestão sofrida pela educação em nosso
país.
Historicamente, os termos administração e gestão escolar vêm sofrendo
alterações, sendo que se evidencia principalmente entre as décadas de 30 a 70 uma
visão estritamente administrativa da educação, demarcando a necessidade de controle e
disciplina. De 1930 até 1945, aproximadamente, houve um momento educacional bem
demarcado, período em que foi focada a contabilização da população educável.
A lógica piramidal foi primordial nesta época. O que se visava eram a linearidade,
a rotina e o planejamento da educação.
Assim, a educação vai evoluindo e ao longo das décadas de 70 e 80, o enfoque
passa a ser reestruturação econômica e o ajuste político e social. Porém, o viés
administrativo continuava bastante ativo, até mesmo na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação 5692/71, o termo administração era utilizado, reforçando as condições de
amplo controle das ações da escola por parte do administrador que devia centralizar o
poder, bem como, as decisões.
Ao longo dos anos, com a queda da Ditadura Militar, os marcos econômicos,
sociais e políticos se alteraram e houve um avanço no significado das ações
30
educacionais. O neoliberalismo se assentou no cenário nacional e com sua conjuntura as
concepções mudaram, trazendo o termo gestão que passa a ser utilizado por ser
considerado mais amplo.
Dessa forma, foi possível ao diretor de uma escola abarcar e realizar as várias
tarefas, sozinho ou em conjunto com sua equipe diretiva. Essa questão foi abordada na
Constituição Federal de 1988 e na atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
– 9394/96, já citadas neste Caderno.
Neste sentido Kuenzer (2014, p.1), aborda a mudança epistemológica ocorrida:
Estabelecem-se novas relações entre trabalho, ciência e cultura, a partir das quais constitui-se historicamente um novo principio educativo, ou, seja um novo projeto pedagógico por meio do qual a sociedade pretende formar os intelectuais/trabalhadores, os cidadãos/produtores para atender às novas demandas postas pela globalização da economia e pela reestruturação produtiva. O velho principio educativo decorrente da base técnica da produção taylorista/fordista vai sendo substituído por um outro projeto pedagógico, determinado pelas mudanças ocorridas no trabalho, o qual, embora ainda hegemônico, começa a apresentar-se como dominante.
Há, porém, que se ter o cuidado de evitar o simplismo em afirmar que um termo
foi sendo usado como substituto do outro. Conforme afirma Vieira (2000, p. 41).
Assim, não por acaso, o diretor e/ ou a unidade administrativa dirigente, passam a ser chamados de ‘gestor’, ‘núcleo gestor’ e expressões congêneres. Não se trata, aqui, de uma simples troca de nomes. Na verdade, o que está a ocorrer é o reconhecimento da escola enquanto instituição caracterizada por uma cultura própria, atravessada por relações de consenso e conflito, marcadas por resistências e contradições.
As mudanças citadas levaram anos para ocorrer, aliás, em educação o tempo é
sempre figura constante, as ações efetivadas hoje, acarretarão resultados em longo
prazo. Conforme Saviani (2000, p. 73), “A educação, portanto, não transforma de modo
direto e imediato e sim de modo indireto e mediato, isto é, agindo sobre os sujeitos da
prática”.
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MÃOS À OBRA!
- Registre: Você julga que sua escola funciona segundo os princípios da gestão democrática de forma ampla
e irrestrita? Se negativo, o que falta para que isso ocorra, em sua opinião?
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Seguindo neste princípio, é importante salientar a responsabilidade do diretor em
gerir sua comunidade escolar de forma que se atinja o pleno desenvolvimento
educacional de seus alunos, como afirma Alonso (2004, p. 2):
Os modernos conceitos de gestão, contrariamente ao proposto pela administração clássica não separam o planejamento da execução, de tal forma que não se pode pensar em dois grupos distintos de trabalhadores. Uma das premissas dessa concepção clássica é que ao dividirem-se responsabilidades entre aqueles que concebem, ou planejam, e aqueles que executam o que foi planejado, se isenta o trabalhador da responsabilidade pelo sucesso ou fracasso constatado nos resultados finais do seu trabalho. Essa divisão de responsabilidades traz como conseqüência um desconcerto geral no desempenho escolar e coloca os dois grupos – planejadores e executores - em campos separados, às vezes antagônicos, por sustentarem pontos de vista divergentes sobre a importância das medidas a serem adotadas, o que dificulta, ou pelo menos impede, a liberação de recursos e o provimento das condições essenciais à realização do trabalho pedagógico.
Infelizmente, porém, por vezes, ao longo desta pesquisa, notou-se uma vertente
de diretores que acabam por priorizar o aspecto administrativo financeiro em detrimento
do pedagógico. Isto se justifica pela responsabilidade que os diretores sofrem com a
descentralização de recursos financeiros por meio do MEC e demais entidades
financiadoras das escolas. Fato este bem evidenciado por Fernandes e Muller (2006, p.
131-132):
O que deve ficar claro para o gestor escolar é que o administrativo deve estar a serviço do pedagógico, isto é, deve servir de suporte para a consecução dos objetivos educacionais da unidade escolar. Entretanto, na gestão de uma escola, a
32
preponderância dos aspectos pedagógicos sobre os aspectos administrativos ainda é, para muitos gestores, um grande desafio a ser vencido. Isso se dá devido à forma como a gestão das escolas públicas está estruturada. O papel que o diretor deve ocupar, nesse momento, difere, em muito, daquele burocrata, centralizador do poder, que está a serviço da burocracia e do Estado ou do Município. Ao diretor, cabe romper com essa postura autoritária e de passividade diante das orientações vindas de cima para baixo, como se fosse um funcionário burocrático do sistema. Esse diretor, aqui entendido como sinônimo de gestor deve enxergar em si mesmo um representante de um projeto político-social de educação que passa pela ruptura com um sistema seletivo, excludente, e forjar uma gestão escolar mais aberta, arejada para os anseios populares.
Não se pretende com esta afirmação macular a imagem dos diretores escolares,
mas pelo contrário, ir a sua defesa, evidenciando os diversos gargalos pelos quais
passam ao longo de seus mandatos, para dar o melhor de si à comunidade escolar que
os elegeram para protagonizar os interesses comuns.
Ainda neste sentido, Alonso (2004, p. 2-3) considera que:
[...], nunca é demais advertir que o trabalho de gestão não comporta separação das tarefas administrativas e pedagógicas nos moldes em que costuma ocorrer. Mesmo porque, o trabalho administrativo somente ganha sentido a partir das atividades pedagógicas que constituem as atividades-fim, ou propósitos da organização escolar. Assim vista a questão, torna-se inaceitável a divisão, muito frequente, de atribuições em que o diretor responde pelo trabalho administrativo rotineiro, burocrático e de representação, sem qualquer compromisso com o trabalho pedagógico, visto como responsabilidade exclusiva dos professores e especialistas do ensino.
Souza (2006, p. 276), em sua pesquisa de doutorado, evidencia que:
[...] O perfil do diretor e da gestão escolar são elementos que se somam a um
conjunto de outros aspectos responsáveis pelos resultados escolares, mas não deixam de ser variáveis importantes para a compreensão dos resultados estudantis, permitindo-se concluir que ha uma espécie de efeito gestão nas escolas publicas de educação básica no Brasil [..]
Outra abordagem possível de se demonstrar é a evolução tecnológica a que os
alunos têm tido acesso e que acabam por alterar sobremaneira o público alvo da
educação. Sobre isso Kuenzer (2014, p. 9), afirma que:
Essas mudanças permitem uma série de reflexões sobre o espaço escolar. A primeira delas respeito à constatação da vertiginosa ampliação dos espaços pedagógicos propiciados pelo avanço científico e tecnológico em todas as áreas, reduzindo os espaços e tempos nas comunicações, agora on line e permitindo o acesso imediato a qualquer tipo de informação pelos mais diversos meios. Mais do que nunca, o processo de aprender escapa dos muros da escola para realizar-se nas inúmeras e variadas possibilidades de acesso ao conhecimento presentes na
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prática social e produtiva. Surgem novas tecnologias educacionais e novos materiais, o que, se não diminuem a importância da escola e o papel da relação entre professor e aluno, as transformam substancialmente.
Portanto, o diretor cada vez deve que ter uma postura agregadora que possibilite
o sucesso no processo ensino aprendizagem a todos, e não apenas garantir o acesso e a
permanência dos alunos na escola. Nossa sociedade está em constante evolução e
alteração, o que exige constantes atualizações de pensamentos e de ações pedagógicas.
Como resolução dessa questão é possível investir na formação continuada em
serviço, a ser ofertada aos diretores. Isso certamente viria ao encontro dos anseios de
vários profissionais que ainda têm muitas dúvidas acerca de suas funções e atividades
possíveis de serem executadas, pois Alonso (2004, p. 7), afirma com propriedade que:
“Os gestores, por sua vez, nada mais são do que educadores que, em dado momento, se
tornaram responsáveis pela condução desse processo.”
Sendo assim, nada mais justo que ao longo de seu mandato ele receba
informações e bases teóricas que venham a sustentar suas ações práticas como dirigente
da escola, pois segundo Russo (2004, p. 34):
[...] a teoria, ao mesmo tempo que reflete a realidade, da qual se nutre para isso, tem de servir de guia orientador das ações que se realizam na prática com vistas ao seu aperfeiçoamento, segundo uma opção axiologicamente determinada. Essas transformações que, orientadas pela teoria, introduzirão mudanças na realidade, precisam ser reincorporadas por ela para que possa continuar refletindo a nova realidade daí resultante. Por sua vez, a teoria modificada orientará novas transformações, criando-se, assim, um movimento circular de etapas sucessivas, de idas e vindas entre teoria e prática que, combinado com o movimento permanente da transformação qualitativa de ambos, resultará num movimento espiral.
Nesse sentido, proponho mais uma exibição da série "Fazendo Escola", na qual
professores discutem conceitos e apresentam propostas de trabalho referentes à gestão
democrática a partir de documentários que retratam experiências bem sucedidas em
escolas brasileiras do ensino médio.
O vídeo “Princípios e bases da gestão democrática” conta com a presença dos
debatedores Professores Helena de Freitas, Walter Garcia e Adilson José Araujo e
fomenta discussões sobre as características de uma boa gestão escolar, ressaltando as
características das boas escolas brasileiras, bem como a função e responsabilidade dos
professores em relação ao sucesso do processo ensino e aprendizagem e da construção
da cidadania.
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Solicito que se detenha ao trecho do vídeo a partir do ponto 15’20’’ até o ponto
34’30’’.
VÍDEO:
- “Princípios e bases da gestão democrática”.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-S_dGiu8Ul4
Acessado em 29/11/2014
A partir da explanação do Professor Walter Garcia, quando apresenta as dez
características das boas escolas, segundo a Unesco, solicito que você descreva de
maneira breve sobre cada uma delas enfatizando como elas acontecem em sua escola.
Caso ainda não existam, relate como seria possível implementar as características
citadas.
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Ao encerrar o presente Caderno Temático, pretendo deixar claro que ao se falar
em administração ou gestão escolar, o veio central diz respeito à organização do trabalho
pedagógico nas instituições de ensino públicas estaduais do Estado do Paraná.
Não há a pretensão de esgotar os conceitos possíveis diante de tema tão
importante e de possibilidades intrincadas, conforme o contexto ideológico em que é
entendido ou abordado, muito menos, de exaltar um em detrimento de outro, o que não
cabia no contexto desta pesquisa.
Pretendi, portanto, fomentar a reflexão sobre o papel dos diretores frente às suas
escolas, voltando o olhar para a sua prática, a qual deve envolver tanto o aspecto
administrativo, quanto o pedagógico.
BÔNUS!
De minha parte aprendi muitas lições numa caminhada de 30 anos de magistério. Uma
delas é que não existe um único modelo capaz de tornar exitosa a ação educativa da escola.
Cada escola é fruto de seus próprias contradições. Existem muitos caminhos, inclusive para a
aquisição do saber elaborado. E o caminho que pode ser válido numa determinada conjuntura,
num determinado local ou contexto, pode não sê-lo em outra conjuntura ou contexto. Por isso, é
preciso incentivar a experimentação pedagógica e, sobretudo, é preciso que tenhamos uma
mentalidade aberta ao novo. Não vamos ativar pedras no caminho de ninguém que queira inovar
em educação.
Moacir Gadotti, 1994, p. 7.
36
MÃOS À OBRA!
Você constatou no estudo propiciado ao longo deste Caderno uma série de questões acerca da
administração e da gestão escolar.
Agora, trace um paralelo entre os conceitos aprendidos e suas ações na escola. Como podemos sintetizar a
relação entre administração e gestão escolar?
Exponha de forma objetiva sua compreensão:
Conto com sua participação!
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LEITURA COMPLEMENTAR!
Para aprofundar os conhecimentos estudados até aqui,
sugiro a leitura do texto:
“As publicações da ANPAE e a trajetória do conhecimento
em administração da educação no Brasil”.
Disponível em: http://29reuniao.anped.org.br/trabalhos/trabalho/GT05-1720--Int.pdf
Acessado em 24/09/2014
37
REFERÊNCIAS
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