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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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COMPREENSÃO DA LINGUAGEM ORAL NO COTIDIANO ESCOLAR

E A BUSCA DA VALORIZAÇÃO DA LÍNGUA INGLESA

Autora; BENCK, Vera Lopes Orientadora; Profª Drª Elaine Ferreira do Vale Borges

RESUMO:

O presente artigo tem como objetivo relatar e divulgar a implementação do

projeto desenvolvido no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/2013, do

Estado do Paraná, na área de língua inglesa. O projeto foi aplicado em uma turma

do 9º ano do Ensino Fundamental, no turno vespertino, no Colégio Estadual Dr.

Marcelino Nogueira na Região dos Campos Gerais no Município de Telêmaco Borba

em que auto como docente.

A partir da opção da produção de um trabalho com o gênero textual fábula

(Rapunzel), associado à abordagem de ensino de línguas baseado em tarefas

(MOTA et al, 2011b), foram desenvolvidas e aplicadas atividades com o objetivo de

oportunizar uma aprendizagem integral, com foco na compreensão da oralidade e

também contemplando outros eixos da disciplina língua inglesa, ligados à

compreensão e produção do inglês, como a leitura e a escrita.

A metodologia de implementação do projeto incluiu o uso das tecnologias

disponíveis na escola, como o laboratório de informática. As atividades

desenvolvidas em sala de aula foram divididas em três módulos, cada um prevendo

os procedimentos do uso abordagem de ensino de língua baseado em tarefas

(MOTA et al, 2011), quais sejam: pré-tarefa (preparação dos alunos), tarefa

(execução) e pós-tarefa (foco na linguagem), com ênfase nas estratégias de

compreensão oral (ALMEIDA FILHO; EL DASH, 2002). Para a análise dos dados

coletados buscou-se a fundamentação da pesquisa qualitativa de natureza

interpretativista (BORTONI-RICARDO, 2008).

Palavra-chave: Compreensão da linguagem oral – gênero fábula

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INTRODUÇÃO

O estudo da compreensão da oralidade em língua inglesa é um procedimento

primordial e indispensável à aprendizagem dessa língua. Com a minha experiência

docente de mais de 20 anos na Rede Pública de Ensino, percebo que o maior

desafio que se tem enfrentado, na disciplina de língua inglesa, é a constante e

crescente desmotivação dos alunos, principalmente na compreensão da oralidade.

Com isso, tem-se a percepção diária da desvalorização do idioma. Um agravante

importante nessa questão é a carga horária reduzida de inglês em relação a outras

disciplinas e as salas de aula com muitos alunos.

O presente artigo objetiva relatar o resultado de um projeto de pesquisa

realizado durante o curso de formação continuada “Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE”, do ano de 2013, – instituído pela Secretaria de Estado de

Educação (SEED) do Paraná. Como estratégia para a concretização do artigo e

alcance de resultados aqui divulgados, foi desenvolvido (e aplicado na escola em

questão) o que é denominado pelo PDE de Produção Didático Pedagógica (e/ou

sequência didática) com base na busca de subsídios que nos dessem parâmetros

para ir ao encontro da valorização da língua inglesa no contexto da escola pública. O

projeto também foi aplicado no GTR, Grupo Total em Rede, no site da SEED-PR

(www.diadiaeducacao.gov.br.pr), momento em que houve socialização de todo o

trabalho com professores da rede pública, via e@escola, portal da secretaria de

educação.

A sequência didática1 neste trabalho foi desenvolvida em três módulos com

propostas de atividades que focaram estratégias de compreensão oral (ALMEIDA

FILHO; EL DASH, 2002) e procedimentos (pré-tarefa, tarefa e pós-tarefa) do ensino

de línguas baseado em tarefas (MOTA et al, 2011), instrumentos que oportunizaram

estimular a produção oral em língua inglesa em sala de aula.

Optou-se pelo do gênero fábula, pois é um gênero muito versátil, que permite

diversas versões e maneiras para se expor o assunto, contextualizando-o com o

cotidiano dos alunos. Foram trabalhadas as fábulas da personagem Rapunzel e os

três módulos ficaram assim divididos: 1º Módulo - O filme da fábula original dos

1 Sequência Didática, segundo Zabala (1998, p. 18) é “um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas, para realização de certos objetivos educacionais, que tem um princípio e um fim (...)”

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irmãos Grimn; 2º Módulo - O filme da Disney “A princesa e o Sapo”; 3º Módulo - O

filme da Disney “Rapunzel Enrolados”

De forma geral, os módulos foram (pré-tarefa); 2) Reprodução do filme, com

retomada do tema em discussão oral em inglês de aspectos linguísticos que

nortearam o enredo e que proporcionassem um contato mais efetivo dos alunos com

a oralidade (tarefa); 3) Contextualização da análise linguística nas produções com

explicações das dúvidas dos alunos (pós-tarefa).

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A escolha do tema oralidade em língua inglesa se deve ao intuito de

pesquisar e procurar entender – tomando como ponto de partida a preocupação da

desmotivação na participação oral – a desvalorização do idioma em escolas da rede

pública de ensino. Através de estratégias de compreensão oral (ALMEIDA FILHO &

EL DASH, 2002) na aplicação e desenvolvimento de tarefas orais dentro da

contextualização e procedimentos da abordagem de ensino baseada em tarefas

(MOTA et al, 2011) procurou-se despertar o gosto pela participação e, como

consequência, uma possível mudança de hábito e sentimento em relação à língua

inglesa. Para tanto, foram usados os referenciais teóricos que seguem.

1.1. Estratégias para a compreensão oral

Segundo Almeida Filho & El Dash (2002, p. 1), a compreensão da linguagem

é dada pelo processo de reconstrução dos sentidos. Além do objetivo de obter

informação e conhecimento, a linguagem também tem a finalidade de estabelecer as

relações sociais. Já se tratando da língua materna a aquisição oral se dá,

naturalmente no convívio social, o bebê no caso com a mãe e familiares. Por outro

lado, na aprendizagem de uma outra língua, a compreensão oral e a leitura,

necessitam de uma instrução. Assim, quando o ensino de uma língua estrangeira

(LE) é facilitado por uma pedagogia, há uma aquisição de habilidade de

compreensão com resultados mais satisfatórios.

Ainda de acordo com os autores, o sentido é “aprendido“ ou capturado por

estar no texto, oral ou escrito – essa é a ideia de transporte do texto falado/escrito

para a mente do indivíduo que ouve/lê. Desta forma, o ensino da compreensão da

língua oral se dá primordialmente em três níveis de procedimentos para

entendimento dos textos: 1) compreensão direta (reconhecimento e identificação das

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ideias principais); 2) interpretação com inferência (tende a identificar o propósito e

atitudes do autor fazendo interligações das ideias), e; 3) avaliação e extensão (o

ouvinte apoia-se em recursos lógico-dedutivos, analisando contradições, verdades

ou falsidades, sucesso ou fracasso interno ao texto e os possíveis efeitos externos

almejados ou não pelo locutor). Isso nos leva a nove estratégias de compreensão

oral sugerida por Lundsteen (1979, apud Almeida Filho & El Dash, 2002, p. 14-15) e

apresentadas a seguir:

• seleção e lembrança de fatos e detalhes significativos;

• acompanhamento de sequências na narrativa ou no argumento;

• seleção da ideia principal;

• formulação de resumos e paráfrases;

• compreensão do significado (conotação) de palavras no contexto;

• reconhecimento de implicações (contexto, mensagens explícitas);

• formulação de inferências sobre o conteúdo;

• predição do que pode acontecer;

1.2. Ensino baseado em tarefas

Willis (1996, apud MOTA et al., 2011, p. 240-1) define tarefa, no ensino-

aprendizagem de LE, como uma

“[...] atividade voltada para um objetivo que permite aos alunos usar a língua-alvo para chegar a uma resposta verdadeira. Em outras palavras, os alunos usam quaisquer recursos da língua-alvo a fim de resolver um problema, solucionar um enigma, jogar um jogo ou compartilhar experiências”.

Antes de aplicar as atividades com tarefas o professor prepara os alunos com

pré-tarefas – ou seja, apresenta o tópico ou assunto, com vocabulário ou

questionamento do que eles sabem sobre o assunto –; em seguida vem o ciclo de

tarefas: a execução das tarefas que podem ser em grupos; e, por último, a fase do

foco na linguagem (pós-tarefa), com o relato do desempenho oral ou escrito dos

alunos, por exemplo, e discussão das dúvidas e dificuldades. Utilizando-se do

recurso das tarefas, o professor circula pela sala dando uma atenção se necessário,

mas deixa que os alunos aos poucos adquiram autonomia. Ao concluírem as tarefas,

os alunos sentem-se motivados ao perceberem que podem executá-las sem muita

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interferência do professor. Na continuidade, o professor pode aprofundar mais no

ensino de um conteúdo já previsto nas tarefas como, por exemplo, trabalhar verbos

implícitos.

O benefício da abordagem de ensino baseado em tarefas é que pode ser

aplicada com alunos de vários níveis, ou seja:

“em pares ou grupos de níveis diferentes, estudantes mais fracos foram beneficiados ao ouvir o que os estudantes melhores dizem e, estudantes melhores também melhoram através da necessidade de parafrasear e explicar. (WILLIS, 1996 apud MOTA et al., 2011, p. 244-5)

Nas estratégias de ação de intervenção pedagógica, do presente projeto,

foram aplicadas atividades baseadas em tarefas focadas em estratégias de

compreensão da oralidade (compreensão direta, interpretação com inferência e

avaliação e extensão – citadas no tópico 1.1, acima) com atividades em grupo. Os

alunos participaram de atividades orientadas pelo professor com filmes, jogos,

músicas, diálogos em duplas ou grupos entre outras. Antes da distribuição das

tarefas foram aplicadas pré-tarefas antecipando os assuntos, para que houvesse um

melhor aproveitamento da tarefa em questão e, ao final, resgatou-se a análise

linguística presente nas atividades com a pós-tarefa.

2. METODOLOGIA

Este projeto de pesquisa, realizado durante o Projeto de Desenvolvimento

Educacional – PDE/2013, teve como objetivo minimizar problemas de ordem

educacional, no contexto escolar, procurando despertar nos discentes o gosto pela

participação oral e a valorização da língua inglesa.

A metodologia de implementação do projeto incluiu o uso das tecnologias

disponíveis na escola, como o laboratório de informática. As atividades

desenvolvidas em sala de aula foram divididas em três módulos, cada um prevendo

os procedimentos do uso da abordagem de ensino de língua baseado em tarefas

(MOTA et al, 2011), quais sejam: pré-tarefa (preparação dos alunos), tarefa

(execução) e pós-tarefa (foco na linguagem), com ênfase nas estratégias de

compreensão oral (ALMEIDA FILHO; EL DASH, 2002). Para a analise dos dados

coletados buscou-se a fundamentação da pesquisa qualitativa de natureza

interpretativista (BORTONI-RICARDO, 2008). O interpretativismo tem como

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fundamento a interpretação das práticas sociais, como resultado do olhar do

pesquisado, ressaltando o significado que as pessoas impõem as ações na vida

social (ERICKSON, 1990 apud BORTONI-RICARDO, 2008).

As atividades dos três módulos implementados visaram auxiliar a

compreensão da oralidade de uma maneira mais lúdica, com vídeos, músicas e

jogos on line. Ao final de cada módulo houve o propiciamento de uma reflexão com

os alunos, com a contextualização da análise linguística, já que um dos fundamentos

do ensino baseado em tarefas é que não se interrompa o desenvolvimento das

atividades (tarefa) para corrigir possíveis “erros” dos alunos. Isso para que não haja

o desenvolvimento da timidez e sim o despertar da naturalidade.

2.1. Divulgação do projeto

Em Reunião Pedagógica, no início do ano letivo em fevereiro de 2014, foram

apresentados os projetos PDE-2013, aos professores e equipe pedagógica. Na

segunda quinzena de fevereiro 2014, o projeto de implementação a que se refere

este artigo foi oficializado através de ata com a Direção do colégio frente a equipe

pedagógica da escola.

Em seguida, foi feito o convite aos alunos em sala de aula e distribuição de

bilhete para autorização dos pais, já que o projeto seria em contra turno. Houve

inscrição, em principio, tímida e com uma divulgação mais efetiva, e atividades

contemplando o gênero fábula em sala de aula os alunos foram vindo aos poucos,

mas alguns que tinham interesse não puderam continuar, pois como o colégio é

composto, na sua grande maioria, de alunos carentes, eles não puderam continuar,

pois tinham que cuidar de irmãos para as mães trabalharem.

Após formar um grupo de 14 alunos, o trabalho foi desenvolvido como

demonstrado no tópico a seguir.

3. IMPLEMENTAÇÃO

Tendo em vista a divulgação preliminar do projeto na escola, os discentes

iniciaram as atividades dos módulos já com a compreensão de que o projeto seria

com o gênero textual fábula, com ênfase na fábula da personagem Rapunzel.

Durante a aplicação dos módulos na escola, em meados de maio de 2014, o

projeto de Implementação foi postado no e@escola, no GTR na página da

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PDE/SEED (www.diadia.gov.pr.br), onde eu pude interagiram com os participantes

(professores de outras escolas) e compartilhar as experiências deste projeto.

Durante essa interação os participantes postaram comentários elogiaram a

implementação deste gênero com ênfase no gênero fábula. A seguir alguns desses

comentários e algumas de minha resposta à interação:

“Estou curiosa para saber os resultados... estou aplicando em um Colégio da Zona Rural e eles estão gostando, só estou preocupada com o tempo... acho que não vai dar tempo de aplicar (...)”. Professor/a A “Não há necessidade de aplicar tudo eu planejei para minha aplicação, que tenho tempo hábil, porém você pode aplicar um módulo somente, com testagem”. Minha resposta “Confesso que não conhecia essa abordagem de trabalhar com o gênero fábula com ênfase em oralidade, estou achando interessante”. Professor/a B

Outra professora, a professora C, comentou que achava difícil trabalhar com a

fábula com o vídeo em inglês. Respondi que temos que ser ousados e tentar de

qualquer forma superar a falta da oralidade em sala de aula, e a valorização da

Língua inglesa. Como resultado da interação no e@escola, as postagens do GTR

foram ótimas, somente dois participantes não concluíram as tarefas e atribuo este

fato a lentidão do portal fazendo com que muitos professores deixassem para

postar as atividades na última hora, e não foi possível postar em tempo hábil.

3.1. MÓDULO 1 – O filme da fábula original dos irmã os Grimm

3.1.1. Pré-tarefa – Apresentação e compreensão da a tividade

A aula inaugural foi a socialização entre os alunos, momento em que houve a

apresentação do projeto de implementação ministrada pela professora e a discussão

da aplicação dos módulos, tudo através de um banner ilustrativo. Foi informado aos

participantes que seria trabalhado o gênero textual fábula, baseado na obra do conto

alemão “Rapunzel” dos irmãos Grimm, como também as versões das fábulas

“Disney A princesa e o sapo”, e “Tangled (enrolados)”. Comuniquei, ainda, que o

trabalho com o gênero se desenvolveria através de tarefas previamente explicadas,

com o objetivo de desenvolver a valorização da língua inglesa e o desenvolvimento

da oralidade. Salientei que as atividades seriam lúdicas e trabalhadas através de

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filmes projetados no telão da sala de informática, com pesquisas on line em inglês.

Haveria, ainda, debates desenvolvendo diálogos entre eles para que pudessem

perder a timidez no uso da oralidade.

3.1.2. Tarefa – Watching and listening

Os alunos acessaram o conceito do gênero fábula em sites da internet nos

computadores da escola. Foi enfatizado que este processo seria primordial para o

entendimento e desenvolvimento das atividades, pois o conceito de fábula ia além

da noção que eles tinham de que fábula quase sempre é com animais e com uma

lição de moral; ou seja, a fábula também contempla qualquer narrativa inverossímil

ou imaginária, que é o caso da fábula “Rapunzel”.

Para que houvesse um melhor entendimento efetuou-se a introdução da

fábula, via a conceituação na Wikipédia (www.wikipedia.org.br) que, resumidamente

e em minhas palavras é o que segue:

”Rapunzel é uma princesa de um conto de fadas Alemão, dos Irmãos Grimm, publicado pela primeira vez em 1812 e compilado no livro Contos para a infância e para o lar. A história dos Irmãos Grimm é uma adaptação do conto de fadas Persinette escrito por Charlotte-Rose de Caumont de La Force e foi publicado originalmente em 1698”.

Em seguida, os alunos, primeiro, assistiram ao filme “Rapunzel” na versão em

português pela internet. Após, solicitou-se a produção de um resumo e, em seguida,

fez-se um debate. Num segundo momento, assistiram ao vídeo do filme “Rapunzel

da Disney” em inglês. Para uma melhor compreensão do vídeo em inglês, utilizou-se

estratégias de compreensão oral, sendo elas: acompanhamento das sequências da

fábula; selecionar os fatos e detalhes significativos, como personagens, local;

seleção da ideia principal; predição do que pode acontecer e formulação de resumo

e paráfrase. Anotações de dificuldades de ordem gramatical, como tempos verbais,

para análise linguística, no momento da pós-tarefa, foram feitas por mim durante a

atividade.

Uma das percepções que os alunos tiveram foi que, na história original, o

nome Rapunzel (um conto alemão) refere-se a “rapum”, quer dizer rabanete em

alemão. Reza a lenda que é a origem do nome da personagem principal, pois a mãe

dela teve o desejo de comer rabanete quando estava grávida. Por isso, seu pai foi

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colher rabanetes no quintal de uma vizinha esquisita. Ao perceber a presença do pai

da Rapunzel em seu quintal, a vizinha pediu que ele entregasse o bebê a ela

quando de seu nascimento em troca de ter entrado no seu quintal várias vezes sem

autorização.

Ainda como tarefa do módulo 1, os alunos assistiram ao vídeo do youtube

Rapunzel Talkig Book2, Chttps://www.youtube.com/watch?v=o2btbpvezs4 - livro

ilustrado e narrado. Como tarefa também relacionada a esse vídeo pediu-se que

anotassem dúvidas de pronúncia e gramática. Foram feitas repetição do vídeo e

interrupções para exercícios orais de pronúncia.

Após seguirem estas etapas descritas na pré-tarefa e tarefa, fez-se um

debate em equipe em que procurou-se focar a sequência da fábula, os personagens

e as ideias implícitas. Nessa atividade, os alunos debateram o fato da mãe da

Rapunzel ser mãe adotiva dela prendendo-a na torre e não deixando-a saber do

mundo lá fora. A mãe adotiva havia obrigado o pai de Rapunzel a entregar a filha a

ela. Os alunos compararam esse drama familiar com os dias de hoje onde algumas

pessoas deixam crianças sozinhas em casa ou aos cuidados de menores, para

poderem trabalhar. Comentaram também o fato de Rapunzel receber um homem no

seu aposento. Houve um debate acirrado.

3.1.3. Pós-tarefa – Foco na linguagem

O desenvolvimento da oralidade foi contemplado com a discussão das

anotações feitas por mim (e pelos alunos) das dificuldades de compreensão do

vídeo Rapunzel Talking Book. Retomamos o vídeo que foi interrompido várias vezes

para sanar as dúvidas de pronúncia. Com essa atividade, os alunos perceberam as

diferenças da história entre a obra original (onde a mãe da personagem Rapunzel

teve na gravidez vontade de comer rabanete) e a versão no “Talking Book”

(em que a mãe teve vontade comer maçã).

Com as anotações do professor no momento que os alunos assistiram ao

vídeo da fábula Rapunzel, da Disney e dos slides do Talking Book, fez-se a análise

linguística dos tempos verbais, artigos, entre outras classes gramaticais através de

explicação ministradas pela professora e também exercícios escritos que

contemplaram as dúvidas dos alunos. Houve correção das atividades na sequência. 2 TALKING BOOK – Livro ilustrado e narrado da fábula Rapunzel, através de site do youtube. Chttps://www.youtube.com/watch?v=o2btbpvezs4

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4.2. MÓDULO 2 – O filme da Disney “A princesa e o Sapo”

4.2.1. Pré-tarefa – Apresentação e compreensão da a tividade

Explicações foram ministradas pela professora aos alunos. Eles deveriam

assistir ao vídeo “A princesa e o Sapo”. O vídeo seria projetado no telão e, enquanto

assistiam, deveriam anotar as diferenças e as semelhanças com fábula original

Rapunzel, assistida durante o módulo 1. Foi explicado ainda que haveria uma

contextualização entre as duas fábulas. Comentei o propósito dessa fábula: a

“Princesa e o Sapo” é a primeira fábula da Disney que há uma princesa negra. A

questão da afrodescendência é um dos temas que temos que contemplar no projeto

político pedagógico da escola pública.

4.2.2. Tarefa – Watching and listening

A tarefa foi assistir ao filme “A princesa e o Sapo”. Os alunos deveriam, ainda,

(1) anotar as diferenças e as semelhanças entre esse vídeo e a fábula original

“Rapunzel” (assistida no módulo 1), (2) reconhecer as mensagens implícitas, (3)

formular referências sobre gramática, como tempos verbais.

Ao reconhecer mensagens implícitas, os alunos indagaram que não haviam

percebido princesas negras em outros filmes.

Outro contexto comentado pelos alunos foi que na fábula a princesa negra

(Tiane), queria seguir a profissão do pai que foi um cozinheiro, sendo que no filme

da fábula Rapunzel a princesa era loira e de posses, devido a adoção. Ainda foi

trabalhado o desenvolvimento da autoestima e estereótipos de beleza com os

alunos, pois o príncipe e a princesa, da fábula a Princesa e o Sapo, mesmo na forma

de sapos, se amavam incondicionalmente.

Após um debate sobre o filme fez-se resumo do mesmo em português.

4.2.3. Pós-tarefa – Foco na linguagem

Como pós-tarefa, retomamos as diferenças e semelhanças entre a fábula

original e a fábula “A princesa e o sapo”. Houve questionamento dos alunos

principalmente da questão afro, pois é primeira princesa negra dos filmes da

Disney.

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Em seguida, retomei as anotações feitas por mim durante da aula das

indagações dos alunos para a análise linguística. Com essas anotações percebi que

havia muita defasagem de conteúdos gramaticais entre eles e que não daria tempo

de sanar todo esse conteúdo no decorrer do projeto. Essas questões teriam que ser

retomadas e complementadas em sala de aula no período de aulas normais, pois o

projeto tinha tempo reduzido de implementação. Todavia, pude sanar algumas das

dúvidas dos alunos através de pesquisa nos site da internet feita por eles mesmos, e

posteriormente com exercício gramaticais e anotações no quadro de giz feitas pela

professora.

A prática da oralidade deu-se através de músicas da trilha sonora dos filmes,

ou seja, com o uso de fones de ouvido os alunos puderam seguir e cantar a música,

desenvolvendo assim a pronúncia de uma forma mais lúdica.

Paralelamente à aplicação do projeto, num debate dos professores no GTR,

eu postei que havia debatido com os alunos a questão afro da princesa e comentei

que foi tranquila essa abordagem. Uma professora (professora A) comentou: “nunca

é tranquilo debater esse assunto no grupo multidisciplinar da minha escola, eu já

tentei e deu a maior polêmica”. Tendo eu respondido que na comunidade em que

atuo esse contexto e bem elaborado e absorvido.

4.3. MÓDULO 3 – O filme da Disney “Rapunzel Enrolado s”

4.3.1. Pré-tarefa – Apresentação e compreensão da a tividade

Explicações ministradas pela professora aos alunos que deveriam: 1) assistir

ao filme da fábula “Rapunzel Tangled”; 2) anotarem as diferenças e semelhanças

entre a fábula original “Rapunzel” e “A Princesa e o Sapo”. Tudo para posterior

discussão em grupo.

4.3.2.Tarefa – Watching and listening

Ao assistirem ao filme da fábula “Rapunzel Tangled”, projetado no telão na

sala de informática, os alunos fizeram anotações, atentando para o detalhe que logo

seria feito visando uma contextualização entre as três fábulas: “Rapunzel” original

do irmãos Grimm; “A Princesa e o Sapo”; “Rapunzel Tangled” (enrolados) uma

versão moderna da Disney, mais voltada para os dias atuais.

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Ao assistirem eles já perceberam e anotaram várias diferenças e

semelhanças e logo tivemos o group discussion, onde contextualizamos as três

fábulas. Os discentes comentaram a evolução da fábula que começou baseada no

conto alemão dos irmãos Grimm, com a simplicidade, e chegou até a versão

moderna da Disney Enrolados, com personagem fugitivo, onde Rapunzel corta o

cabelo e luta para conseguir amizade e amor, uma versão voltada para

adolescentes. Disseram no debate que tiraram muitas lições para a vida prática,

como lutar pelos seus ideais e respeitar as diferenças.

Nesse módulo houve ainda a oportunidade para jogos on line sobre outros

príncipes e princesas da Disney, bem como o acesso a músicas da trilha sonora dos

filmes. Os alunos puderam cantar em inglês com o uso de fone de ouvido e, ao

cantarem, sentiram-se realizados e aquela timidez inicial da oralidade foi sendo

superada; o que deu lugar para a naturalidade.

4.3.3 Pós-tarefa – Foco na linguagem

Retomada da contextualizamos das três fábulas: a original dos irmãos Grimm,

A Princesa e o Sapo e Rapunzel Tangled. No group discussion puderam realmente

entender e debater outros aspectos culturais e sociais das fábulas. Após a

contextualização fizemos uma análise linguística rápida contemplando as anotações

da professora referente as dúvidas dos alunos de todo o projeto.

Com a realização dessas atividades percebeu-se uma melhor compreensão

da oralidade e valorização do idioma.

4.4. ENCERRAMENTO DOS MÓDULOS

No evento de encerramento dos módulos houve uma apresentação dos

alunos à comunidade escolar no período noturno. Os alunos participaram da

apresentação com diálogos do Talking Book da fábula Rapunzel em inglês e usaram

alegorias das princesas com trajes e adereços.

Com a apresentação à comunidade escolar, os pais que participaram pediram

a continuidade do projeto e também manifestaram o desejo de participar das aulas

do projeto. Respondendo a eles disse que o projeto em questão faz parte do CELEM

(Centro de Línguas Estrangeiras: um projeto do Governo Estadual) que oferece

aulas de idiomas à comunidade.

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Com essa apresentação, dei por encerrada a Implementação do Projeto de

Intervenção Pedagógica. Ele foi desenvolvido em tempo hábil com conclusão da

carga horária total prevista. Ficou a sensação de dever cumprido e uma vontade de

continuar com esse projeto na escola que atuo.

5. RESULTADOS OBTIDOS

Os resultados obtidos no início deste projeto foram tímidos, mas durante seu

desenvolvimento percebi o interesse dos alunos na participação das atividades do

projeto. Era notória a descontração estabelecida, pois as atividades foram

diferenciadas através do gênero fábulas e o uso das mídias que é um contexto que

os discentes estão em contato atualmente e no qual eles podem interagir. A

comunidade escolar elogiou a implementação do projeto e o mesmo será incluído no

Projeto Político Pedagógico para futuras reaplicações do gênero fábula e o

desenvolvimento da oralidade, bem como a valorização da língua inglesa no

contexto escolar.

Sendo que os principais objetivos foram melhorar a desenvoltura dos

discentes, despertar o gosto pela aprendizagem da língua inglesa, e a valorização

do idioma, percebi que estes objetivos foram alcançados; já que os discentes

sentiram-se mais à vontade com a oralidade, tendo em vista a timidez inicial.

Constatei também uma participação mais efetiva dos alunos em sala de aula, isso

no período das aulas normais, em relação aos alunos que não participaram do

projeto.

Segundo Almeida Filho & EL Dash (2002), a compreensão direta da língua

abrange o reconhecimento de vocabulário, fatos pormenores do texto oral e a

identificação das ideias principais do texto, e; neste sentido, houve aquisição da

habilidade percebida na interpretação do gênero fábula, onde foram contempladas

as estratégias de compreensão oral, como a seleção de ideias significativas,

sequências narrativas, seleção de ideias implícitas, e predição do que pode

acontecer. Ainda assim, com o uso da abordagem de ensino baseada em tarefas, os

alunos puderam interagir, sob a intervenção da professora. Estes fatores foram

primordiais nos resultados obtidos.

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Houve também uma compreensão dos educandos com relação à valorização

do idioma e a sua possível aplicabilidade na vida prática, como no uso de celulares,

computadores, jogos on line; onde é frequente o uso do vocabulário em inglês.

As atividades (tarefas) foram desenvolvidas com o auxílio e percepção do

professor das participações e indagações dos educandos, com a posterior

contextualização linguística e a adequação da oralidade usando muito da noção de

sensu de plausibilidade que, segundo Prabhu (1987), significa a pedagogia intuitiva

do professor, em que ele pode interagir para chegar até os discentes.

O desenvolvimento da testagem das estratégias de compreensão oral deu-se

na seleção das ideias implícitas do contexto dos filmes e no momento de ouvir e

cantar as músicas da trilha sonora das fábulas em inglês.

No debate em equipe, notou-se que, com essas atividades, houve uma

melhora na desenvoltura da compreensão oral e também de uma diminuição da

timidez em sala de aula que foi sendo superada a cada atividade. Ao sanar as

dúvidas com o auxílio da professora sempre procurou-se contextualizar os diálogos

dos filmes; proporcionar pesquisas na internet dos temas do filme como amor e

amizade.

A análise linguística (pós-tarefa) deu-se na última etapa da aplicação de cada

módulo, com o resgate das anotações do professor e dos alunos, como, por

exemplo, de tempos verbais entre outros conteúdos. Procurou-se desenvolver essa

parte de forma lúdica, desmistificando a rejeição que os alunos sentem em relação à

forma tradicional de análise linguística nas aulas de língua inglesa.

Tendo cumprido as atividades propostas e o calendário de aplicação do

projeto, dei por encerrada as atividades. Porém, considerando que os discentes

convenceram outros colegas a participarem do projeto, o projeto fará parte do

planejamento anual do colégio. Isso também se deu tendo em vista um aumento

considerável no uso da habilidade oral e a valorização da língua inglesa na escola

Por fim, pude perceber com a implementação deste projeto que os discentes

adquiriram uma relação de aprendiz, na comunicação social, que poderá torná-los

cidadãos atuantes na sociedade.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Projeto de Intervenção Pedagógica contemplou a compreensão da

oralidade e a busca para a valorização da língua inglesa, através do gênero fábula, e

foi muito gratificante constatar uma melhora na desenvoltura dos discentes na

compreensão da oralidade e uma participação posterior em sala de aula. Notou-se

que eles participaram das atividades de uma forma lúdica, não imposta e sim

educativa ao mesmo tempo, minimizando a timidez e a falta de compromisso com a

disciplina de língua inglesa percebida antes do projeto.

Ao concluir a implementação deste projeto e a produção deste artigo, não

pretendo dar por finalizada minha luta em prol da compreensão da oralidade e a

busca incessante pela valorização da língua inglesa na escola pública. Tenho sim

um desejo imenso de continuar a lutar para que haja um empoderamento dos

discentes, através da continuidade da aplicação desse projeto na escola por meio da

inserção dele como parte do planejamento anual do colégio em que atuo. Quiçá isso

ocorra em outras escolas da rede pública também. Pretendo, ainda, que esse

trabalho contribua para pesquisas acadêmicas, pois é um assunto bem atual devido

à valorização da língua estrangeira inglês.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA FILHO, J. C. P. & El DASH, L. G. Compreensão de linguagem oral no

ensino de língua estrangeira. Revista Horizontes de Linguística Aplicada ,

LET/UnB, vol. 01, no. 01(p. 19-37), Brasília, 2002.

BORTONI-RICARDO, S. M. O Professor Pesquisador. Introdução à Pesquisa

Qualitativa. São Paulo, Parábola Editorial. 2008.

MOTA, M. B.; SCHADECH, T. S. & CARDOSO, G. L. Implementação de tarefas

orais em inglês no ensino fundamental: uma experiência. In: BERGSLEITHNER, J.

M.; WEISSHEIMER, J. MOTA, M. B. (orgs.). Produção oral em LE: múltiplas

perspectivas . Campinas-SP: Pontes Editores, 2011a, p. 237-260.

PRABHU, N. S. Second language pedagogy . Oxford: Oxford University Press,

1987.

ZABALA-ANTONIO, A Prática Educativa – Como Ensinar , Porto Alegre, Artes

médicas Sul Ltda, Editoras, 1998.