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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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  • OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

    Artigos

    Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

    I

  • A DANÇA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UMA EXPERIÊNCIA COM A ABORDAGEM CRÍTICO SUPERADORA1

    Denides Romilda Amadei Piovezan2 Profª Drª Ieda Parra Barbosa Rinaldi3

    Resumo O presente artigo apresenta os resultados de uma experiência pedagógica, desenvolvida com os alunos do 8º ano do Ensino Fundamental realizada na Escola Estadual Jardim Universitário de Município de Goioerê – Pr, durante a realização do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, disponibilizado aos professores do Quadro Próprio do Magistério da Secretaria de Estado da Educação do Paraná - SEED. O estudo teve como objetivo principal apontar algumas possibilidades pedagógicas e didáticas para o desenvolvimento da Dança nas aulas de Educação Física: uma experiência com a abordagem crítico-superadora, levando em consideração as características e traços culturais da comunidade em que o aluno está inserido e buscando reconhecer este estilo como um elemento propiciador, mediador e transformador para o trato pedagógico da escola. A proposta foi iniciada com momentos de estudo e reflexão sobre o contexto histórico da Dança sempre dando ênfase nos valores como disciplina, educação, respeito, amor próprio. O bom resultado do trabalho realizado foi verificado no seu encerramento que mobilizou a comunidade escolar na abertura dos jogos interclasses. Neste evento a participação dos alunos foi de grande expressão na apresentação da coreografia criada pelos alunos que homenagearam os esportes. Foi possível chegar à conclusão de que a utilização da dança de maneira contextualizada pode contribuir para uma aprendizagem significativa e ao mesmo tempo viabilizar o sentimento de cidadania, propiciar a socialização e melhorar o rendimento escolar, estreitando os laços afetivos entre família, escola e comunidade. Palavras – chaves: Educação. Educação- Física. Dança. Valores. Corpo.

    1. Introdução

    Em busca de conhecer e desenvolver todos os benefícios que a dança

    apresenta dentro da escola e de que forma esta pode contribuir com a

    formação dos alunos, profissionais da Educação tem se debruçado sobre o

    assunto. Assim, estudar sobre a dança e os elementos que a compõem indicou 1 Artigo científico apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional 2014/2015. 2 Professora do Programa de Desenvolvimento Educacional 2014/2015. E-mail: . 3Orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional e Professora Doutora do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá. E-mail: .

  • a necessidade de desenvolver e aplicar o projeto de intervenção pedagógica

    que deu corpo ao presente artigo.

    A dança oferece aos professores de Educação Física várias

    oportunidades de trabalho, sem ser apenas de forma mecânica, mas como

    proposta educativa a ser efetivada, expressão e comunicação, realizando

    ligações entre a crítica, a estética, o educativo, entre outros. As atividades

    devem levar os alunos a desenvolverem suas habilidades e conhecimentos

    para que possam ter condições de observar, criar, modelar e estruturar

    movimentos dançantes que expressem seus sentimentos e ideias. Assim,

    serão capazes de criar coreografias mais complexas a partir de temas

    relacionados ao seu cotidiano, sendo direcionado para a educação do ser

    social, por meio da instrumentalização e da construção do conhecimento, pois

    nossos alunos compreendem o mundo mais por imagens e movimentos do que

    por palavras.

    Este estudo teve como objetivo analisar, por meio de uma pesquisa de

    campo, a viabilidade do trabalho com a dança a partir da abordagem crítico

    superadora, em aulas curriculares de educação física escolar, com vista à

    formação humana dos alunos do 8º ano do ensino fundamental, por se

    perceber a desmotivação de muitos alunos, dificuldades de socialização,

    indisciplina, carência de respeito e ética, baixo rendimento escolar, o que

    compromete a aquisição de conhecimentos.

    Diante do exposto, buscou-se, por meio da dança, oferecer aos alunos

    possibilidades para uma vivência diferenciada e significativa, de movimentos

    expressivos, alegres, dinâmicos e interativos, permitindo meios para o

    desenvolvimento progressivo de sua autonomia, autoconfiança e criatividade.

    2. A Abordagem crítico- superadora

    Na obra “Metodologia do Ensino de Educação Física”, publicada em

    1992, por um grupo de pesquisadores, tradicionalmente, denominados por

    coletivo de autores, a abordagem crítico-superadora é retratada e baseada nos

    pressupostos da pedagogia histórico crítico de Dermeval Saviani (2008) e tem

  • uma concepção propositiva, pois estabelece critérios para a sistematização da

    disciplina de Educação Física no âmbito da escola.

    A abordagem crítico-superadora tem inspiração no materialismo histórico

    dialético de Karl Marx e compreende a Educação Física escolar como uma

    disciplina que trata, pedagogicamente, de um tipo de conhecimento

    denominado cultura corporal, na qual visa a aprendizagem da expressão

    corporal como linguagem. Em termos gerais, a abordagem acima citada, [...] Busca desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo deformas de representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos,danças,lutas,exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica e outros, que podem ser identificadas como formas de representação simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criados e culturalmente desenvolvidas (SOARES et al., 1992, p. 39).

    É preciso que o aluno entenda que o homem não nasceu executando

    movimentos, tais como: pular, saltitar, correr, lançar, arremessar, balançar,

    jogar, entre outros. Todas essas atividades corporais foram construídas no

    decorrer da trajetória histórica da humanidade, como respostas a determinados

    estímulos, desafios ou necessidades humanas e, com o tempo os movimentos

    foram aprimorados, pois o homem percebeu que, com esse aperfeiçoamento,

    tornava-se privilegiado em relação aos outros animais. Assim, a educação do

    físico tornou-se uma necessidade e preocupação para preparação do homem

    frente às suas necessidades e, esta evoluiu até chegar à educação física tal

    como a conhecemos atualmente.

    E do conhecimento de muitos que a Educação Física é uma disciplina

    que trata, a cultura corporal como uma linguagem e a trata pedagogicamente

    dentro da escola. Entende e valoriza que o homem se apropria dessa cultura,

    dispondo suas intencionalidades produzidas pela consciência social. O aluno

    tem a oportunidade de se expressar, através de seu corpo, exteriorizando

    significados relacionados com a sua própria realidade e da realidade do

    contexto social em que vive.

    Gasparin (2002) na pedagogia histórico-crítico, a define como uma

    metodologia do processo de ensino e de aprendizagem com características

    distintas, exigindo uma maneira própria de planejar as atividades docentes e

    discentes, requerendo do professor a execução de uma prática pedagógica

  • baseada no processo prática-teoria-prática, oportunizando aos alunos a

    apropriação significativa dos conteúdos para benefício e utilização em sua vida,

    uma vez que essa pedagogia, ao adotar a teoria dialética do conhecimento e a

    teoria histórico cultural como suporte epistemológico, possibilita o acréscimo e

    enriquecimento do saber já obtido pelo aluno, ou seja, ele amplia seu

    conhecimento superando o senso comum. Cabe aqui ressaltar que essa

    pedagogia é articulada em cinco momentos: prática social inicial,

    problematização, instrumentalização, síntese e prática social final.

    Ao refletir sobre a abordagem crítico superadora, que tem como objeto

    de estudo a reflexão sobre a cultural corporal, observa-se que esta propõe

    recursos didáticos pedagógicos que possibilita à educação física uma prática

    que conduz o aluno a reflexão crítica para a apreensão da realidade,

    entendendo a dinâmica da sala de aula como um espaço intencionalmente

    organizado para possibilitar a direção da apreensão, pelo aluno, do

    conhecimento específico da Educação Física e dos diversos aspectos das suas

    práticas na realidade social (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    Para esses autores a dança se apresenta como a capacidade da

    expressão corporal desenvolvida por meio de experiências contínuas a serem

    iniciadas na interpretação espontânea ou livre, evoluindo para interpretação de

    temas da dança formalizada, onde conscientemente o corpo é o suporte da

    comunicação, permitindo, no decorrer de seu desenvolvimento, uma

    compreensão clara do que a dança significa e da exigência expressiva nela

    contida.

    Além disso, nessa abordagem, a aula aproxima o aluno da percepção da

    totalidade das suas atividades, uma vez que lhe permite articular uma ação (o

    que faz), com o pensamento sobre ela (o que pensa) e com o sentido que dela

    tem (o que sente) (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    3. A dança na escola

    Diversos estudos indicam que a dança é entendida como uma forma de

    comunicação que define as ideias por meio do corpo como as emoções,

  • sentimentos e valores, podendo ser apenas de um sujeito, como também de

    um grupo social, por meio de gestos.

    Nesta perspectiva de humanização, de descoberta e utilização de

    valores, a dança é utilizada, como elemento constituinte da cultura corporal e

    faz parte dos Conteúdos Estruturantes da Educação Física escolar. Podendo-

    se utilizar as aulas de Educação Física para trabalhar este conteúdo, como

    forma de expressão corporal, naturalmente, pois o ser humano é natureza e

    ainda favorece o surgimento de novos movimentos, a partir daqueles

    construídos culturalmente. Verderi (2000, p. 34) escreve sobre a dança nas

    aulas de Educação Física e destaca que: A Dança na escola, associada à Educação Física, deverá ter um papel fundamental enquanto atividade pedagógica e despertar no alunado uma relação concreta sujeito-mundo. Deverá propiciar atividades geradoras de ação e compreensão, favorecendo a estimulação para ação e decisão no desenrolar das mesmas, e também reflexão sobre os resultados de suas ações, para assim, poder modificá-las defronte a algumas dificuldades que possam aparecer e através dessas mesmas atividades, reforçar a auto-estima, a auto-imagem, a autoconfiança e o auto-conceito. O professor não deve ensinar o aluno como se deve dançar, mas sim favorecer a aprendizagem. Não deve demonstrar os movimentos, mas sim criar condições para que o aluno se movimente. Aqui, a dança não tem regras, não tem certo, não tem errado.

    A autora ainda destaca que, por meio das atividades da dança, se

    deseja que “a criança evolua quanto ao domínio de seu corpo, desenvolvendo

    e melhorando suas possibilidades de movimentação, descobrindo novos

    espaços, formas, superação de suas limitações e condições para enfrentar

    novos desafios em relação aos aspectos motores, sociais, afetivos e

    cognitivos”. (2000, p. 35).

    Nesse sentido, o grande número de atividades que a dança possibilita

    deve permitir o máximo de integração com os processos de ensino-

    aprendizagem a fim de atender aos objetivos gerais propostos, criando

    oportunidades para a criança se expressar, se mover, ser criativa, espontânea

    e conviver com os colegas e consigo mesmo.

    BARRETO (2005, p.116) afirma que, “os PCNs inserem a dança na área

    de Educação Física, no bloco das atividades rítmicas e expressivas,

    considerando–a uma manifestação da cultura corporal, que tem como

  • característica as intenções de comunicação e de expressão, por meio de

    gestos e estímulos sonoros.”

    Ainda segundo os PCNs (1996), pretende-se que a escola forme

    cidadãos autônomos, críticos e participativos, que manifestem seus valores de

    dignidade e responsabilidade na comunidade que está inserido, cabendo a

    escola a parte de desenvolver as capacidades físicas, afetivas e cognitivas do

    aluno para que este se humanize e se torne um ser como um todo. Desenvolver um conhecimento ajustado em si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva física cognitiva ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social para agir com perseverança na busca do conhecimento e no exercício da cidadania. Utilizar – se de diferentes linguagens – verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal – como meio para expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções de cultura. Conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos de qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva (BRASIL, 1996, p.4).

    A educação corporal por meio da dança possibilita o desenvolvimento da

    capacidade perceptiva, que permitirá ao aluno agir sobre o meio em que vive e

    adaptar-se a ele de maneira crítica e saudável, uma vez que desenvolvendo

    seu próprio conhecimento, terá percepção do que é bom e do que não lhe

    convém. Desse modo, o professor deve preparar o aluno para vida toda, não

    somente para o momento da aula, o aluno deverá sim, durante estas aulas,

    adquirir o próprio autoconhecimento e pertencimento. [...] a dança na escola deve proporcionar oportunidades para que o aluno possa desenvolver os domínios do comportamento e complexidade do movimento como expressão histórico-social. A atividade de trabalho proposta pelo professor na escola deve ter como fundamento o movimento e sua contextualização. (VERDERI, 2000, p. 33).

    A autora ainda acrescenta que: [...] por meio das atividades da dança evolui [o aluno] evolui no domínio do seu corpo, desenvolvendo e melhorando suas possibilidades de movimentação, descobrindo novos espaços, formas, superação de suas limitações e condições para enfrentar novos desafios em relação aos aspectos motores, sociais, afetivos e cognitivos. (p. 35).

    Diante do exposto, considera-se que a dança é importante componente

    curricular, pois auxilia na criação de uma consciência crítica e ativa, além disso,

  • a dança é uma das comunicações que une homem, mundo e sociedade, por

    meio da expressão corporal.

    Através dela é possível que o homem exteriorize o que o aflige, torna-o

    um criador e sonhador, fato que, atualmente está ausente da vida de alguns

    jovens, desse modo, comunga-se da ideia de Bertazzo (2004, p.31), quando

    explicita que “é importante desenvolver o imaginário do adolescente” situação

    que pode ser gerada por meio da dança.

    3.1 Utilizando a dança na conscientização corporal

    A dança é uma linguagem do corpo que se viabiliza a partir de gestos e

    movimentos para expressar sentimentos, sensações, emoções e pensamentos.

    Essa manifestação, considerada a mais antiga das artes, surgiu pela

    necessidade humana de expor suas emoções, sendo de grande presença e

    importância na vida do homem, pois antes de se comunicar com palavras as

    pessoas já se expressavam com movimentos corporais.

    A especificidade da dança é reconhecida principalmente pelas

    proposições teóricas de autoras como: Brasileiro (2003), Fiamoncini (2003),

    Marques (1997), Soares (2001), entre outras que trazem a importância da

    discussão da arte e da estética, o trabalho com a expressividade e criatividade.

    A arte é complexa, mas este é apenas mais um motivo para que os alunos não

    fiquem sozinhos num trabalho de reprodução ou espontaneismo, o educador

    pode trazer a dança como cultura, no contexto do aluno e da sociedade,

    incrementar as vivências desta manifestação, esclarecer os significados, enfim,

    pode colaborar na sua educação de forma efetiva, sejam estes educadores

    formados em Educação Física, Arte, Pedagogia ou outros.

    A inserção do conteúdo dança na Educação Física está presente na

    maioria das propostas pedagógicas críticas (crítico-superadora, crítico-

    emancipatória entre outras) e também em outras propostas como a dos PCN’s.

    Os professores já não podem fechar os olhos a este como também a outros

    conteúdos não hegemônicos como a ginástica, os jogos tradicionais, o

    atletismo.

    Na atualidade, as propostas pedagógicas das escolas têm como objetivo

    a formação de pessoas autônomas, que possam transformar a realidade em

  • que vivem e reconhecer seu papel na sociedade. A Escola Estadual Jardim

    Universitário reconhece a importância da produção de saberes e vivência

    cultural, considerando a bagagem do aluno, e reconhecendo o papel dos

    profissionais da educação como agentes da inovação, em uma constante

    reflexão sobre sua prática, intervindo e mudando as estruturas excludentes e

    seletivas. A Escola declara em seu PPP ( Projeto Político Pedagógico) a busca

    por uma sociedade mais democrática objetivando um planejamento

    participativo, com momentos de reflexão, discussão e análise crítica dos

    conteúdos e da realidade escolar.

    As proposições acima elencadas convergem na confirmação de que a

    dança se torna um conteúdo necessário para se atingir o objetivo proposto pela

    educação escolar, uma vez que esta, enquanto arte possibilita trabalhar

    capacidade de criação, imaginação, sensação e percepção agregando o

    conhecimento corporal ao intelectual

    O movimento em dança influencia na imagem, causando também uma

    mudança nas atitudes psíquicas, incentivando a interiorização das informações,

    fazendo com que o sujeito sinta-se capaz de descobrir a razão de ser das

    coisas, servindo, conforme a ideia de Freire (1981), como um contexto

    organizado para conscientizar esse aluno em suas ações corporais.

    Para tanto, identificamos a importância das atividades dançantes no

    processo educacional, no caso a escola e a educação física, uma vez que esta

    não se resume simplesmente na aquisição de habilidades, mas sim, contribui

    para o aprimoramento de capacidades básicas para o desenvolvimento das

    potencialidades humanas e sua relação com o mundo.

    4.Experenciando com a dança na escola

    Esse artigo se originou da implementação do projeto intitulado “A dança

    nas aulas de educação física escolar: uma experiência com a abordagem

    crítico- superadora, para tanto foi elaborada uma Unidade Didática onde foram

    apresentadas atividades variadas para se trabalhar com alunos do 8º ano do

    ensino Fundamental,pautadas na reflexão e investigação e ludicidade.

  • O presente trabalho teve como objetivo buscar subsídios que

    proporcionem para os alunos vivencias e experiências com a dança,

    potencializar materiais de apoio para as aulas de educação física, identificando

    os valores presentes no contexto escolar dos alunos e suas opiniões em

    relação a prática do “dançar” já conhecidas por eles a fim deque percebam o

    quanto a dança pode interferir no dia a dia e como pode tornar as aulas de

    Educação Física mais agradáveis e prazerosas.

    Para que se realizasse essa experiência foi elaborada uma unidade

    didática contendo atividades diversificadas tendo a dança como ponto chave

    destas. A unidade didática foi sistematizada por meio de rodas de bate papo,

    pesquisas, atividade lúdicas, dando muita importância e valor ao relato de cada

    aluno fazendo-os perceber a importância do bom convívio em sociedade e o

    respeito de uns pelos outros.

    O projeto foi desenvolvido no período vespertino durante um período de

    32 horas aulas e contou com boa participação dos alunos. Encerrou-se com a

    apresentação de uma coreografia elaborada e executada por eles na abertura

    dos jogos interclasses da escola tendo significativa participação da comunidade

    e dos alunos da escola Estadual Jardim Universitário de Goioerê – PR .

    É importante ressaltar que, para o planejamento das atividades

    ministradas, utilizou-se a abordagem metodológica crítico-superadora que se

    baseia nos pressupostos da pedagogia histórico-crítica.

    A Unidade Didática elaborada percorreu os seguintes momentos:

    • Estudar diferentes abordagens metodológicas da Educação Física,

    com ênfase na abordagem crítico-superadora destacada nas

    Diretrizes Curriculares para a Educação Básica do Paraná, por meio

    do referencial teórico da área, com vistas a subsidiar a pesquisa em

    questão;

    l Identificar os conceitos teóricos existentes sobre danças, por meio do

    referencial teórico da área;

    l Diagnosticar quais tipos e estilos de dança faz parte da comunidade

    escolar/ realidade onde vivem os alunos pesquisados;

    l Pesquisas, leituras sobre dança, confecção de materiais e realização

    de questionários para serem respondidos sempre voltados para

    dança sem perder de vista a questão dos valores humanos a serem

  • desenvolvidos.

    l Participação em palestras.

    l Elaboração de estratégias e desenvolvimento de atividades

    individuais ou em grupo com os alunos, para que cada um

    desenvolvesse a criatividade criando seu próprio movimento.

    l Execução de atividades motoras e psicomotoras para o

    desenvolvimento de movimentos dançantes dos alunos.

    l Exibição de filmes, a fim de e discutir a relação deste com a

    realidade de cada um.

    l Incursionar pela literatura disponível sobre dança no sentido de

    identificar conceitos teóricos existentes e conhecer a história da

    dança;

    l Desenvolver o gosto pela dança, conhecer e criar passos

    coreográficos.

    4.1 Análise dos Resultados

    Nos encontros iniciais, os conteúdos de dança foram abordados por

    meio da metodologia dialética de construção do conhecimento, a fim de que os

    alunos pudessem adquirir um novo conceito e uma nova consciência crítica

    sobre o tema.

    Na Pedagogia Histórico Crítica Gasparin (2002) reforça que, a prática

    social inicial consiste no primeiro contato que o aluno mantém com o conteúdo

    sistematizado que será trabalhado pelo professor, desse modo, o primeiro

    contato dos alunos com o conteúdo foi a discussão sobre o que já conheciam

    sobre dança. Atividade que os desafiou a mostrarem todo o conhecimento que

    possuíam sobre o tema, por meio da sua vivência cotidiana.

    Nesse momento, percebeu-se que os alunos pouco sabiam falar sobre

    dança na escola, no entanto, sabiam muito sobre danças apresentadas pela

    mídia, e associaram-na a movimentos, saltos, gestos, alongamentos, entre

    outros.

    Na problematização os alunos discutiram as principais proposições

    levantadas para que pudessem ser verificadas algumas questões, e quais eram

  • importantes para serem resolvidas. Considera-se esse momento de suma

    importância para o processo de ensino e de aprendizagem, como orienta

    Gasparin (2002) a teorização é um processo fundamental para a apropriação

    crítica da realidade, uma vez que, ilumina e supera, o conhecimento imediato e

    conduz a compreensão da totalidade social.

    Após a reflexão realizada passou-se ao momento da prática, que se deu

    por meio de atividades de contato, aproximação, sempre ressaltando que na

    dança ou em qualquer tipo de atividade é preciso responsabilidade, superação

    de limites, respeito a si mesmo e ao semelhante.

    A sistematização do conhecimento adquirido deu-se por meio de

    atividades lúdicas com músicas e movimentos onde os alunos puderam

    interagir entre eles, socializar-se e trocar ideias. Ainda neste momento

    construíram um painel com perguntas relevantes ao tema. Com essa atividade

    percebeu-se que os alunos tiveram dificuldades em dissertar sobre o tema que

    envolve dança e educação, respeito.

    Considera-se que esse fator se deve isso ao fato de que, no cotidiano,

    os alunos pouco vivenciam o assunto, resumindo as experiências destes com

    as danças apresentadas pela mídia sem nenhum valor pedagógico.

    Ainda dentro das atividades para que se pudessem concretizar o

    assunto os alunos participaram de uma palestra que enfatizou muito o respeito,

    educação e a superação de limites, assim, tiveram contato com uma realidade

    bem distante da que eles vivem, não sendo este um quesito para a rejeição dos

    alunos, pois estes ficaram bastante envolvidos e realizaram as atividades

    relacionadas. Percebe-se então a dificuldade de se tratar uma questão quando

    não se tem vivência com a mesma.

    A prática social final ocorreu à medida que, os alunos compreenderam

    que a dança pode ser praticada por qualquer pessoa sem fins competitivos e

    que é um saber importante a ser tratado nas aulas de Educação Física escolar.

    O segundo momento priorizou o uso de tecnologia em que assistiram o

    filme: ”Vem Dançar” e assim pode-se perceber claramente que os alunos se

    envolveram com a trama, e entenderam que é preciso acreditar em uma

    mudança e que a mudança deve partir deles.

    O conteúdo em questão foi abordado de modo que o aluno pudesse ter

    a oportunidade de conhecer e vivenciar, alguns fatos, partindo do pressuposto

  • de que, a dança aliada com respeito e cooperação é fundamental para que se

    melhore a autoestima.

    Na problematização foram levantados alguns questionamentos para,

    posteriormente, serem discutidos e feito a análise do filme. O momento da

    catarse ocorreu por meio da expressão oral de que a perseverança, os sonhos,

    a educação também faz parte do mundo da dança e que é necessário a

    colaboração para que se alcance o almejado.

    A catarse, para Gasparin (2002) é a expressão mais evidente de que o

    aluno se modificou intelectualmente, haja vista que nesse momento, o

    conteúdo empírico torna-se concreto. A prática social final deu-se com a

    compreensão de que se pode dançar sem medo de ser visto e analisado, que a

    cooperação é fundamental nesse tipo de atividade. Nesse momento, os alunos

    relataram que a cooperação é essencial em situações cotidianas.

    O terceiro momento objetivou a leitura e fundamentação do texto sobre a

    História da Dança. Na prática social inicial foram levantados questionamentos

    com o intuito de identificar o que os alunos sabiam sobre o tema. Neste

    momento percebeu-se que os alunos não se interessavam muito pelos estilos

    de danças e sentiam até dificuldade em falar sobre ela. No momento da

    problematização foi possível selecionar as principais questões levantadas no

    momento inicial da aula e verificar quais precisavam ser resolvidos. A

    instrumentalização deu-se com a realização de atividades lúdicas com músicas

    de diferentes ritmos, com sons bastante alegres, com a exploração individual e

    em grupo do espaço em duplas, trios e quartetos e, construção e apresentação

    de diferentes movimentos, em várias direções.

    Em consequência disso, os alunos passaram a se sentir mais a vontade

    e sentiram-se mais estimulados à criatividade e a participação. Isso pode ser

    comprovado por meio de expressões dos alunos tal como: “como é bom fazer

    essas atividades” e perceberam as possibilidades de movimentos que se pode

    criar em grupo.

    A catarse deu-se por meio da expressão oral, na qual os alunos

    relataram que gostaram muito de fazer a atividade com isso a prática social

    final ocorreu com a compreensão que a dança supera qualquer tabu.

    O quarto momento priorizou uma pesquisa via internet em que os alunos

    puderam encontrar uma música que fosse relevante para a criação de uma

  • coreografia. O momento caracterizado como prática social inicial deu-se por

    meio de questionamentos sobre o conteúdo em questão, que tipo de música

    pesquisar, qual a melhor música para apresentação da coreografia entre

    outros. Por meio desses questionamentos constatou-se que os alunos não

    conheciam e nem tinham vivenciado atividades em que pudessem fazer

    escolhas próprias, algumas opiniões foram emitidas e a instrumentalização foi

    realizada com ações pedagógicas de pesquisa e discussões. Neste momento

    se percebeu que os interesses e gosto musical de cada um era bem diferente

    uns dos outros, mas entenderam que é preciso a colaboração de todos para se

    chegar a um consenso. A catarse foi manifestada por meio de opiniões, nesse

    momento, os alunos puderam expressar o quanto podiam contribuir na

    elaboração da coreografia, e aos poucos os primeiros movimentos da

    coreografia começaram a destacar e assim perceberam que sem a

    colaboração de todos não conseguiriam chegar a um bom resultado. Segundo

    Gasparin (2002) nesse momento, o aluno expressa sua maneira de ver o

    conteúdo e prática social. Além disso, é capaz de entendê-los em um novo

    patamar, mais elevado, mais consistente e mais estruturado.

    A prática social final ocorreu por meio da compreensão de que a

    cooperação é necessária para qualquer atividade em grupo, em virtude, de se

    tratar de muitas sugestões de músicas, de passos coreográficos que culminou

    com a apresentação da coreografia criada por eles à comunidade escolar, que

    compareceu expressivamente na escola.

    Sentimos que, de forma geral, experimentar a abordagem crítico-

    superedora foi importante para concretizarmos a sua viabilidade como prática

    pedagógica progressista. No entanto, percebemos que se quisermos

    mudanças significativas na educação física escolar, há a necessidade de

    estudos complementares. Em síntese, para que tenhamos uma prática

    pedagógica que compreenda e construa um homem sujeito histórico, inserido

    numa realidade dinâmica, na qual seu corpo e seus movimentos sejam vistos

    não, apenas, limitados a dimensão fisiológica e mecânica, mas, também,

    articulados à dimensão sociocultural (ALBUQUERQUE et al., 2007) faz-se

    necessário que mudemos às referências sobre as quais a educação física

    escolar, historicamente, se estabeleceu. Isso não é tarefa fácil, uma vez que,

  • precisamos assumir uma nova postura metodológica frente aos conhecimentos

    da cultura corporal.

    Considerações Finais

    Realizando essa pesquisa tivemos a oportunidade de conhecer e

    entender um pouco melhor como a dança é tratada pela metodologia crítico-

    superadora e como esta pode contribuir com o desenvolvimento desse

    conteúdo.

    Quando nos propusemos realizar este estudo, procuramos um método

    que viesse de encontro com nossos anseios, que pudesse buscar na realidade

    cotidiana dos alunos, subsídios que direcionasse a condução dos conteúdos

    pensados e selecionados previamente, com o intuito de alcançar os objetivos

    estabelecidos. Durante as aulas de educação física, seja teórica ou prática, os

    alunos encontram momentos que oportunizam a vivenciar e receber

    conhecimentos que poderão estabelecer transformações, pois conseguem

    colocar seus sonhos e expectativas, daí vemos a importância de que os

    saberes aplicados na educação física também sejam voltados para a formação

    do cidadão.

    Essa pesquisa procurou apresentar uma das possibilidades de trato do

    conhecimento da dança na escola, mostrando que esse saber pode se

    concretizar nas aulas de educação física de maneira significativa. Essa

    metodologia mostrou que quando o aluno é questionado e tem a oportunidade

    de expor suas ideias sua participação nas aulas é mais autêntica, ou seja, as

    questões são orientadas e direcionadas intencionalmente, e ele é envolvido por

    um interesse que o faz buscar na memória todas as lembranças de episódios e

    fatos vivenciados/visualizados que de alguma forma estabeleçam relação com

    o tema da aula, seus conhecimentos e objetivos.

    As questões levantadas serviram para provocar no aluno o desejo de

    saber algo a mais oportunizando no aluno a releitura da realidade, conferindo a

    ele conhecimentos que permitam entender a importância das práticas corporais

    para melhorar a auto-estima, e a valorização humana. Após os

    questionamentos, o aluno, recebe informações, contidas nos saberes, que

    serão empregadas por ele nas inúmeras situações experimentadas na vida,

  • como, solucionar problemas que poderão emergir no decorrer das explanações

    teóricas ou atividades práticas, nas aulas ou para entender como e porque

    aprender esse conhecimento, ou, ainda para fazer parte de seus

    conhecimentos em que a memória lança mão quando for solicitado nos

    momentos mais imprescindíveis e que constituem o conhecimento

    sistematizado, apreendido na escola.

    Os elementos de dança, como conhecimentos históricos e práticos,

    contemplam de maneira ímpar essa difícil tarefa de relacionar os saberes

    históricos da educação física e a realidade vivida, tentando elucidar ao aluno

    que o conhecimento é produzido pelo homem e acompanha a evolução

    histórica, servindo em cada época a determinados condicionantes sócio-político

    e econômicos. A metodologia crítico-superadora trabalhada na escola, nas

    aulas de educação física, por meio do conhecimento de dança, visa promover

    no aluno a leitura da realidade, conferindo a ele conhecimentos que o levem a

    entender a importância das práticas corporais na história desde a antiguidade.

    No transcorrer das atividades práticas, o maior destaque coube à

    valorização dos sentimentos humanos, trazidos à tona, de maneira oportuna,

    sempre que necessário auxiliando na solução de problemas, levando os alunos

    a repensar atitudes e posturas frente aos colegas. Também foi possível notar

    que os alunos possuíam algum conhecimento, porém muito superficial sobre os

    elementos da dança, experimentados fora das aulas de educação física na

    escola. É possível afirmar então que a dança é um conhecimento indispensável

    nas aulas de educação física escolar, pois seu campo de conhecimento é

    amplo e merece destaque junto aos demais saberes da cultura corporal nas

    escolas.

    Ainda nos resta refletir sobre a metodologia aplicada e podemos concluir

    que a metodologia crítico-superadora é dinâmica e abrangente e pode

    contribuir com o cotidiano das aulas de educação física e em especial com o

    conteúdo da dança e seguramente pode ampliar nossos conhecimentos e

    incentivar investigações futuras voltadas a elucidações acerca do trato

    metodológico, o hábito de se adotar uma metodologia, entre as já existentes e

    aprofundar os estudos sobre a sua aplicação poderá ser muito produtiva e

    indispensável para enriquecer e valorizar a aprendizagem de dança nas aulas

    de educação física escolar.

  • Referências ALBUQUERQUE, J. de O.; CASAGRANDE, N.; TAFFAREL, C.; ESCOBAR, M. O. A prática pedagógica da educação física no MST: possibilidade de articulação entre teoria pedagógica, teoria do conhecimento e projeto histórico. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Campinas. v.28, n. 2, jan, 2007, p. 121-129. BARRETO, Débora. Dança: ensino, sentidos e possibilidades na escola. 3. ed. São Paulo: Autores Associados, 2008. 161 p. BERTAZZO,I .Espaço e corpo:guia de reeducação do movimento. São Paulo:Sesc,2004. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: educação física. – Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASILEIRO, Lívia Tenório. O conteúdo “Dança” em aulas de educação física: temos o que ensinar? Pensar a Prática, Goiânia. Vol.6, p. 45-58, Julho/junho, 2002/2003. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. FIAMONCINI, Luciana. Dança na educação: a busca de elementos na arte e na estética. 2003. 106 f. Dissertação (Mestrado) - UFSC, Florianópolis, 2003. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 12ªed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. MARQUES, Isabel A. Dançando na escola. MOTRIZ - Revista de Educação Física– UNESP, v.3, n.1, p.20-28. Jun. 1997. GASPARIN, J. L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. Campinas, SP: Autores Associados, 2002. PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Educação Física. Curitiba: SEED, 2008. SAVIANI, Demerval. Pedagogia histórico crítica: primeiras aproximações. 10. ed. Campinas: Autores Associados, 2008. SOARES, Carmem Lúcia. Corpo, Conhecimento e Educação: notas esparsas. In: Carmen Lúcia Soares. (Org.). Corpo e Educação. 1a. ed. Campinas: Autores Associados, 2001, v. 1, p. 109-129. VERDERI, Érica. Dança na Escola: uma abordagem pedagógica. São Paulo: Phorte, 2000.