os desafios da escola pÚblica paranaense na … · 3º texto - pesquisa na escola – o que é...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
A PRÁTICA PEDAGÓGICA NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA: UM1
DIÁLOGO COM A PESQUISA AÇÃO
Maria Helena de Souza Silva1
RESUMO: Este artigo pretende apresentar os resultados obtidos de discussões
feitas no primeiro semestre de 2014 com professores que atuam nos anos
finais do Ensino Fundamental, matutino, do Colégio Estadual São Cristovão
EFM, no município de São José dos Pinhais - PR. A idéia inicial era buscar
uma forma responsável, comprometida e significativa de repensar a prática, e
esta seria a de ter o professor refletindo sobre o que faz antes, durante e
depois da sua aula, de forma crítica e com vistas a mudar sua prática quando
necessário. Este artigo mostra a transformação do professor executor em um
professor pesquisador e reflexivo, que reflete constantemente sobre sua ação
em sala de aula e transforma esse espaço em um ambiente de pesquisa de
sua própria ação. Só foi possível chegar a essa conclusão após a análise de
observações feitas pelos professores que participaram no GTR – Grupo de
Trabalho em rede, algumas destas presentes neste trabalho como exemplo
dessa transformação.
Palavras-chaves: Professor reflexivo, pesquisa ação, prática pedagógica.
Introdução
O presente artigo trata da intervenção pedagógica aplicada no primeiro
semestre de 2014 aos professores que atuam nos anos finais do Ensino
Fundamental, matutino, do Colégio Estadual São Cristovão EFM, no município
de São José dos Pinhais - PR. A implementação contou com etapas distintas, a
saber: aplicação de questionário inicial aos professores de Língua Inglesa
(VIDE ANEXO 1), concomitantemente à escolha de textos teóricos voltados ao
tema que se propunha investigar nesta pesquisa, além da posterior discussão 1 Professora da Rede Pública Estadual do Estado do Paraná, participante do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) 2013.
destes textos com vistas a instigar os professores a refletirem sobre sua prática
docente. No entanto, convém ressaltar que o objetivo inicial deste projeto
tomou um novo rumo, após a aplicação do questionário inicial. Este novo
direcionamento se deu em função do desinteresse apresentado pelos
professores, para os quais o questionário foi aplicado. As respostas dadas por
eles aos questionamentos apresentados foram superficiais, e o não
envolvimento destes professores com o tema dificultou muito o prosseguimento
da pesquisa. Este fato nos levou a repensar o encaminhamento deste trabalho,
abordagem que trataremos a seguir.
Ao constatar o desinteresse do público alvo a que se destinava esta
pesquisa, buscou-se uma alternativa junto ao Grupo de Trabalho em Rede. O
intuito do Grupo, conhecido como GTR é estimular a troca de experiências
entre professores de Língua Inglesa que tivessem como objetivo comum a
pesquisa-ação e o propósito de serem professores reflexivos. Além disso,
buscava-se despertar no professor uma reflexão constante sobre sua ação em
sala de aula e transformar esse espaço em um ambiente de pesquisa de sua
própria ação. Foi proposta uma reflexão conjunta tomando como base para
esta ação três textos de autores, pesquisadores de Linguística Aplicada, que
são referência na discussão da pesquisa-ação.
Na seqüência indicamos os textos teóricos propostos para reflexão com o
grupo liderado pela pesquisadora desta implementação. Estes foram
apresentados aos participantes do GTR para as discussões dirigidas.
1º Texto - Aspectos políticos da formação do professor de línguas
estrangeiras - Vilson J. Leffa – texto selecionado do livro O Professor de
Línguas Estrangeiras - construindo a Profissão.
2º Texto – capítulo 12. A formação teórica crítica do professor de
línguas: O professor-pesquisador – Luis Paulo da Moita Lopes – texto
selecionado do livro Oficina de Linguística Aplicada.
3º Texto - 3.1 O que é um projeto, 3.2 Um projeto para ensinar a
pesquisar, 4 – Discutindo o projeto - Marcos Bagno – texto selecionado do livro
Pesquisa na Escola – o que é e como se faz.
A escolha dos textos apontados justificou-se pela inquietação causada após
constatar que a maior parte dos professores não refletia sobre sua prática em
sala de aula. Os professores não conseguiam perceber que analisando e
refletindo sobre sua prática, bem como buscando novos conhecimentos a
respeito do ensino e da aprendizagem de LE estariam dando forma a um
professor pesquisador e reflexivo. O pesquisador Vilson Leffa aponta que
[o] conhecimento evolui, não é apenas um armazenamento de fatos, mas também é reflexão de como estes fatos podem ser obtidos, avaliados e atualizados. Isso é formação. O treinamento tem um começo, um meio e um fim. A formação, não. Ela é contínua. (LEFFA, 2008, p. 357)
Consolidando a citação acima, o excerto do participante A exemplifica de
maneira significativa o que propõe o autor quando fala da junção do
conhecimento recebido com a prática docente:
Percebo que me encaixo no perfil de professor reflexivo, pesquisador e que, consequentemente, produz conhecimento ao passo que a prática docente da racionalidade técnico-científica desagrega as ciências da vida, enquanto a prática do professor da racionalidade religa essas construções culturais... (Participante A, 2014)
A relação que o participante A estabelece da prática com a teoria mostra
o que Leffa propõe para a formação do professor: que este receba a
informação, avalie e atualize, em um processo de repensar contínuo.
Apresentamos a seguir um breve resumo a respeito de cada um dos
textos escolhidos, para compreendermos melhor as discussões feitas e
reflexões geradas a partir das proposições abaixo. Disponibilizamos também
algumas das questões que foram trabalhadas com o grupo.
1º Texto – Vilson J. Leffa - O que se pode fazer para melhorar?
Aspectos políticos da formação do professor de línguas
estrangeiras, p 353 a 357 – parte 4 - texto selecionado do livro O
Professor de Línguas Estrangeiras - construindo a Profissão - 2008.
O autor acredita que sem investimentos “não se obtém um profissional
dentro do perfil desejado/esperado: reflexivo, critico e comprometido com a
educação”. Também ressalta os dois pontos fundamentais para a prática
docente, a saber: o domínio da língua que se vai ensinar e a metodologia.
Surge uma discussão interessante sobre as divergências entre formação e
treinamento, ou seja, ele acredita que os professores vêm sendo treinados para
a docência, recebendo informações sobre técnicas e estratégias para o ensino
de Inglês, metodologia esta que deve ser dominada e reproduzida em sala de
aula.
O autor aponta que o treinamento inicia e termina com a prática, não há
retorno e tampouco reflexão sobre a prática empregada. Por outro lado,
apresenta a possibilidade da formação do professor, onde o que se enfatiza é
uma preparação mais complexa, que envolve a junção do conhecimento
recebido, o teórico, com o conhecimento experimental, a prática. Segundo o
autor, é a reflexão sobre esses dois tipos de conhecimento que realimenta a
teoria iniciando-se assim um novo ciclo.
2º Texto - Cap.12. A formação teórica crítica do professor de
línguas: O professor-pesquisador. Luiz Paulo da Moita Lopes.
Texto selecionado do livro - Oficina de linguística aplicada: A
natureza social e educacional dos processos de
ensino/aprendizagem de Línguas, 1996.
Em consonância com o que aponta Vilson Leffa (2008), Luiz Paulo da
Moita Lopes (1996), coloca também que os “professores são treinados na
utilização de técnicas, típicas de métodos específicos de ensino. São treinados
a partir de certos modismos sobre como ensinar línguas, isto é, recebem uma
formação pautada por dogmas.” (1996, p.180) Percebemos que treinamento
tanto para Leffa quanto para Moita Lopes estão carregados do mesmo
significado. Para além disso, Moita Lopes acredita que o professor deve atuar
como um pesquisador da sua própria ação, pois ao refletir sobre sua prática
estaria produzindo conhecimento. A percepção da participante B sobre o que
apontam os dois autores em questão reafirma o proposto.
Não percebemos que temos um verdadeiro laboratório em nossa frente e que podemos nos valer de experiências positivas e negativas para redirecionar o nosso trabalho. É importante
lembrarmos que também somos pesquisadores e devemos realimentar a nossa práxis com novas idéias, adaptando-as a realidade na qual estamos inseridos. (Participante A, 2014)
Conforme avançamos as discussões percebemos que a leitura dos
textos e as reflexões que surgem a partir deles causam o efeito desejado, pois
alguns dos participantes, que não assumiam uma postura de professor
pesquisador reflexivo, constatam a importância de atuar da maneira proposta
nesta pesquisa.
O excerto do Participante A comunga com o que estabelece Moita Lopes
quando este define o professor reflexivo:
O professor-pesquisador-reflexivo (re)constrói o permanente encontro entre os diversos saberes. Sua prática é o movimento ininterrupto que (re)cria, (re)pensa e (re)articula os conteúdos científicos e tecnológicos com a complexidade da vida empírica e científica. Sua práxis, a todo momento, baseada na relação pesquisa/ensino/reflexão/mundo, (re)faz a corporeidade dos saberes culturais das brincadeiras, dos jogos, dos modelos, como meio de (re)produzir, deste modo, os conhecimentos da língua estrangeira moderna – Inglês. Pesquisando a sua prática, o professor pesquisador e reflexivo intervém científica, tecnológica e politicamente, tanto no contexto da escola como no contexto da comunidade (Participante A, 2014).
As palavras do participante A confirmam que o perfil do professor
reflexivo contribui para uma nova forma de aprender e ensinar. Este movimento
de pensar e repensar a sua prática pedagógica é fundamental para a produção
de novos conhecimentos como aponta Moita Lopes.
O nosso terceiro texto discorreu sobre a importância da pesquisa.
Apresentamos uma proposta de trabalho de pesquisa que foi realizada de
maneira conjunta, com as disciplinas de Arte e Biologia/Ciências. Convém
ressaltar que um dos aspectos abordados é uma pesquisa junto a pessoas
mais experientes sobre o assunto tratado.
3º texto - Pesquisa na Escola – o que é como se faz, Marcos Bagno
Cap. 3.1 O que é um projeto, 3.2 Um projeto para ensinar a
pesquisar, 4 – Discutindo o projeto.
Estimular a investigação sobre um tema de interesse dos alunos é o que
defende Marcos Bagno. O pesquisador precisa gostar de seu tema, se tiver prazer pela
pesquisa de assuntos que lhe interessam, ele aprenderá a pesquisar todos e quaisquer
assuntos. A discussão em sala com alunos a respeito de como organizar a pesquisa é
importante, pois juntos, professor e aluno descobrem como planejar, estruturar e
construir o conhecimento (BAGNO, ano, p 25). A partir da contribuição da Participante
C, identificam-se os elementos que o autor aponta como cruciais para o
desenvolvimento de uma pesquisa junto aos alunos.
Normalmente trabalho com pesquisa em minhas aulas de LEM, principalmente porque dou um enfoque especial ao aspecto cultural. Geralmente lanço o tema gerador da pesquisa, sugiro algumas ações e também peço sugestões. É feita uma coleta de idéias e essa é compartilhada entre todos os alunos envolvidos na ação. Cada equipe escolhe a maneira e o conteúdo que vai apresentar do tema e após um tempo pré-determinado, cada equipe apresenta o seu trabalho para a própria turma. (Participante C, 2014)
Em seu texto, Marcos Bagno também fala do papel do professor neste processo,
papel este também exercido pela Participante C, conforme podemos constatar a partir
do excerto que segue:
Durante todo o processo atuo como orientadora, fazendo intervenções, quando necessário. Eu aposto no processo de pesquisa, pois este envolve o aluno, demonstra que ele tem um conhecimento prévio e que é capaz, produz conhecimento. Os resultados dessas ações realimentam a minha prática pedagógica, me fazem refletir e tomar decisões. (Participante C, 2014)
A pesquisa-ação e o professor reflexivo
Considerando que o título deste trabalho nos remete a pesquisa-ação, é
mister estabelecermos a definição deste conceito. Segundo o professor Carlos
Henrique Brandão, (1981) a pesquisa-ação propõe fazer uso da prática do
professor, como instrumento de pesquisa e fonte de conhecimento.
As considerações de alguns participantes do GTR vão ao encontro do
que estabelecem alguns dos autores escolhidos para embasar esta pesquisa.
O excerto a seguir retirado de uma das participações do GTR confirma o que
propõe Brandão:
Ao adotar a proposta pedagógica da pesquisa-ação em minhas aulas posso perceber que as experiências cotidianas nos contextos culturais contribuem para (re)pensar e (re)construir o pensamento teórico, com a presença do professor-pesquisador-reflexivo. Assim, a experiência cotidiana reúne plenas possibilidades de mediar o diálogo da empiria com a ciência no sentido de instituir o (re)encontro com o mundo. (Participante A, 2014).
Vale lembrar que o conhecimento aqui mencionado é aquele produzido a
partir da realidade dos sujeitos professor e aluno. Desta forma, o professor
assumiria uma postura de produtor do conhecimento advinda da reflexão sobre
sua ação pedagógica e levando em conta a sua realidade.
Essa postura de produtor do conhecimento pode surgir por meio do
professor pesquisador, que usa a sua sala de aula como objeto de pesquisa,
aliando o conhecimento aprendido em textos teóricos ao longo de sua
formação à investigação da sua prática pedagógica antes e durante a aula. É
nesse viés também que surge o professor reflexivo no modelo proposto por
Moita Lopes (2001, p.184).
Para que o professor deixe de ser um mero executor de métodos desenvolvidos por outros - pesquisadores que estão fora da sala de aula -, o que o transforma no profissional dogmático, é necessário que o professor ainda em formação envolva-se na reflexão crítica sobre seu próprio trabalho.
Não há como pensarmos no professor pesquisador sem nos remetermos
ao conceito da educação emancipatória, pois esta entende a pesquisa como
instrumento de ensino, que assume um movimento dialético, constante e que
sofre alterações o tempo todo. O professor pesquisador questiona, com o
objetivo de obter respostas a partir da sua prática, buscando transformar a
informação em perguntas que se movimentam para outras questões e que
geram novos conhecimentos e informações. Neste processo ele volta para a
sua práxis com outro olhar, mais informado e reflexivo.
Segundo Ademar de Lima Carvalho (2005, p.69) “[o] diálogo é a fonte
geradora de reflexão, e o encontro com o outro é a primeira condição da
instauração do diálogo em sala de aula”. Essa condição dialética para a qual
aponta Carvalho é que resultará em uma educação com caráter emancipatório
como também indica Moita Lopes (2001. p. 184).
[...].Uma visão de conhecimento como processo. Nessa visão a sala de aula deixa de ser o lugar da certeza, ou da aplicação de um conhecimento pronto e acabado, e passa a ser o espaço de procura do conhecimento... onde professor e aluno passam a ter papel central na prática social de construção do conhecimento sobre a sala de aula. Este conhecimento, por envolver o professor na produção de conhecimento sobre sua prática social, tem inclusive, um caráter emancipatório.
Esse caráter dialético e emancipatório apontado por Carvalho e por
Moita Lopes encontra respaldo também em Paulo Freire e Marcos Bagno. As
idéias de Paulo Freire surgem quando percebemos que se inicia também a
preocupação com a formação do aluno que é peça fundamental nesta
construção do conhecimento, enfoque este também assinalado em Moita
Lopes no excerto: “professor e aluno passam a ter papel central na prática
social de construção do conhecimento sobre a sala de aula.” (2001. p. 184).
Não há como idealizarmos um professor pesquisador sem a
contribuição do aluno neste processo. A partir do excerto da Participante B,
reafirma-se o que propõem os autores desta pesquisa.
O seu projeto também fala da importância do aluno no processo de ensino-aprendizagem, a necessidade de formarmos alunos autônomos, competentes e críticos e coloca em evidência a pesquisa como uma aliada em todo esse processo. Concordo com você, quando promovemos situações em que o aluno muda a posição de ouvinte para agente do conhecimento, percebemos o quanto ele pode contribuir na ação aprender. Aliando as idéias: reflexão e capacitação do professor e participação efetiva do aluno no processo de aprendizagem, percebemos quanto trabalho ainda temos pela frente para uma educação de qualidade. (Participante B, 2014)
Nesta mesma linha temos a educação emancipadora também prevista
por Freire (1996, p.14), que visa promover a autonomia do educando quando
ele argumenta sobre a prática educativo-progressista em favor da autonomia
do ser educando. Essa prática somente acontecerá a partir do momento em
que tenhamos uma formação docente coerente com os pressupostos teóricos
que permeiam o conceito de educação emancipadora.
Ainda em Freire, encontramos suporte para as reflexões a respeito da
formação docente, quando o pesquisador propõe:
Na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a
prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. (FREIRE, 1996, p. 44)
Foi possível constatar, a partir das contribuições dadas pelos
participantes do GTR, que eles vêm assumindo a postura desejada pelos
autores desta pesquisa e que o objetivo deste trabalho começa a se
concretizar.
Novos Encaminhamentos
Uma das fases do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE
compreende a discussão e a reflexão de temas a partir do GTR2. Como
sugestão da orientadora desta pesquisa, a ação seria realizada então junto aos
professores inscritos neste grupo. Vale ressaltar que a inscrição destes
participantes aconteceu por interesses voltados ao tema que seria abordado, o
que não nos colocaria novamente diante do problema que tivemos com os
professores na escola, no primeiro momento, já relatado no inicio deste artigo.
Tomando conhecimento deste conceito de GTR, passamos ao segundo
momento que seria esclarecer o objetivo da pesquisa; relatar como se daria a
reflexão dos professores de LEM a respeito da sua prática pedagógica, tendo
como aliada para este processo a pesquisa ação. Foi disponibilizada aos
professores participantes do Grupo de Trabalho em Rede uma sugestão de
trabalho de pesquisa a ser desenvolvida em sala de aula, a qual nomeamos
“step by step”
Para viabilizar a aplicabilidade desta sugestão seguiu-se a concepção do
ensino aprendizagem de Língua inglesa presente nas Diretrizes Curriculares da
Educação Básica - Língua Inglesa do Paraná (2008). Foram sugeridos alguns
passos para o desenvolvimento do projeto com os alunos, os quais detalhamos
a seguir.
2 O GTR – Grupo de Trabalho em Rede se constitui como uma das atividades do programa e
configura-se pela interação virtual entre o professor PDE e professores da rede pública estadual em processo de formação continuada. O projeto é disponibilizado no site da SEED, ambiente Moodle, e os professores podem se inscrever no GTR, conhecer a proposta, interagir e emitir opiniões, bem como sugerir maneiras de aplicar as propostas.
Pesquisa – Ressaltar que a pesquisa não é somente aquela realizada
nos livros ou na internet, que uma conversa com alguém mais experiente
também é uma forma de pesquisa. Unir o conhecimento científico ao
conhecimento empírico traz significado para a aprendizagem do aluno.
Discussão – De posse das informações coletadas nas entrevistas,
valorizar o material trazido pelos alunos para sala de aula, compará-los para
então aprofundar a questão realizando uma pesquisa mais detalhada sobre
determinado tema.
Produção textual – Produção de vídeos, imagens, cartazes, cartões, etc.
Propor o uso da língua inglesa de forma direta e clara nessas produções.
Conforme o andamento da pesquisa foi evoluindo, pensou-se em expor
aos professores algo que eles pudessem aplicar em sala de aula, e que desse
conta do que a proposta pretendia desenvolver. O material que fez parte da
Produção Didático-Pedagógica e que foi uma das etapas do Programa, obteve
uma aceitação significativa. Neste, não só a sala de aula como também o
ambiente escolar tornam-se espaços de pesquisa. A construção do
conhecimento acontece de forma prazerosa, que é um dos preceitos
defendidos pelo escritor Marcos Bagno. O respeito aos passos estabelecidos
nas Diretrizes também ocorre. Por fim, conforme podemos constatar a partir do
relato da Participante B, a proposta foi eficaz.
Achei ótimo o seu projeto, pois ele demonstra a necessidade que temos, enquanto professores, de refletir e avaliar a nossa prática pedagógica. Aliando as idéias: reflexão e capacitação do professor e participação efetiva do aluno no processo de aprendizagem percebemos quanto trabalho ainda temos pela frente para uma educação de qualidade. (Participante B, 2014).
O material didático sobre o qual a Participante B expôs sua opinião
abordou a temática do amor. A idéia era traçar um paralelo sobre o Dia dos
Namorados no Brasil e o Valentine’s Day nos Estados Unidos. Valorizou-se a
interdisciplinaridade estabelecendo uma relação entre as disciplinas de
Ciências/Biologia e Sociologia. Cabe aqui definirmos que abordagem
pretendemos assumir quanto à interdisciplinaridade. Entendemos que a forma
como estão estabelecidas as disciplinas hoje, isoladamente, dificulta ainda
mais a aprendizagem do aluno. É preciso uma integração de conteúdos onde a
disciplinas conversem. Segundo Edgar Morin (2000, p.45), “[o] parcelamento e
a compartimentação dos saberes impedem apreender o que está tecido junto”.
A integração das disciplinas mencionadas ocorreu da seguinte forma:
quanto à Biologia foi proposto um estudo de comportamento dos pássaros,
tendo em vista a relação do acasalamento destes no período em que acontece
o Valentine´s Day. Quanto ao estudo de comportamento humano, este
aconteceu na disciplina de Sociologia, onde os alunos tiveram a oportunidade
de entrevistar pessoas mais velhas a respeito da forma de cortejo na época em
que estas eram mais jovens. Em relação a estas propostas, a avaliação foi bem
positiva, conforme ilustrado pelas contribuições dos participantes do GTR
abaixo identificados:
Gostaria, em primeiro lugar, de relatar o quanto estou animada em descobrir que ensinar Inglês pode passar de uma tarefa árdua para algo tão interessante e abrangente. Podemos tornar nossas aulas muito mais interessantes e atrativas quando juntamente com nossos alunos aprendemos e admitimos nossos erros e acertos. Quando descobrimos o que vai bem e o que deve ser mudado. Isso chama-se ter consciência e flexibilidade. (Participante C, 2014)
Quanto ao projeto da Professora Maria Helena, com Valentine's Day, vou desenvolvê-lo no próximo dia dos Namorados, com certeza! Mas já pude trabalhar dentro das orientações do projeto a Páscoa, bem como seu significado, o porquê dos ovos de chocolate e enfim trabalhar o contexto Ressurreição de Jesus. Nesse trabalho acabei descobrindo em alunos de sexto e sétimo ano que ainda não sabiam o verdadeiro significado da Páscoa. Alguns trouxeram até mesmo a Bíblia para pesquisar dentro das passagens Bíblicas o antes, o durante e o depois da Páscoa. Posso concluir que foi realmente um trabalho produtivo. (Participante D, 2014)
Marcos Bagno (2002) defende que ao propor aos alunos uma atividade
de pesquisa é fundamental que esta trate de um assunto que é do interesse
deles. Lembramos que o encaminhamento metodológico para o material
didático que foi proposto pela pesquisadora deste trabalho e apresentado aos
participantes do GTR, sob a tutoria desta pesquisadora também atendeu ao
objetivo geral deste trabalho, que era o de despertar no professor o interesse
pela pesquisa-ação, fazendo-o perceber que a sua própria realidade escolar
poderia ser utilizada como objeto de pesquisa e reflexão. Com base nesse
pressuposto, uma das participantes do GTR fez as afirmações que seguem e
que reafirmam o objetivo geral mencionado:
Ser um professor reflexivo, pesquisador e que produz conhecimento é igual ser um "professor completo", a meu ver. Confesso que estou longe de ser, porém com os textos que já li depois de ter iniciado este GTR, com a leitura e análise deste projeto, bem como as atividades desenvolvidas em sala de aula que nos foi dada como exemplo, acredito que posso, a partir de agora, mudar o meu perfil na minha modesta prática pedagógica. Na faculdade somos treinados para ir para a sala de aula, mas o que conta realmente é a formação, a pesquisa, a reflexão da nossa prática pedagógica, o antes, o durante e o depois da sala de aula, a interação professor/aluno e aluno/professor. (Participante C, 2014)
É perceptível e significativa a mudança pela qual a professora em
questão está passando. A constatação de que a leitura dos textos teóricos e a
sugestão de pesquisa apresentada provocaram mudanças em seu perfil como
professora é visível em seu texto.
Considerações finais
Cabe ressaltar que o GTR foi composto por um grupo de 16
participantes, dos quais quatro se inscreveram, porém nunca acessaram o
ambiente virtual de aprendizagem. Dos doze restantes, somente quatro
apresentaram contribuições relevantes para o desenvolvimento desta pesquisa,
o que nos fez entender que o problema enfrentado no início, o da não adesão
de professores na escola onde implementaria o projeto, persistiu. Constatamos
que os outros oito participantes possuíam muitas limitações e pouca leitura o
que dificultou o desenvolvimento do trabalho. O senso comum e o insistente
relato de experiências permeava os textos destes oito participantes, o que nos
fez eleger as contribuições de somente quatro participantes para a produção
deste artigo.
Porém, mesmo com relatos superficiais os oito professores mencionados
demonstraram interesse na leitura dos textos e apresentaram contribuições
para reflexões propostas, ainda que um pouco rasas de conteúdo. Acreditamos
que o pontapé inicial para uma mudança de postura frente as aulas de Língua
Inglesa foi dado. Todos os participantes mencionaram que após a participação
neste GTR jamais seriam os mesmos, que a pesquisa-ação e a vontade de
aplicar um novo encaminhamento para o desenvolvimento com pesquisas em
sala de aula a partir de agora fariam parte de sua prática pedagógica. Foi
possível constatar que houve relevância deste projeto para a escola pública,
pois ainda que com uma participação ínfima, demos início à transformação que
buscávamos de um professor executor para um professor pesquisador e
reflexivo e que fará uso da pesquisa-ação para chegar a esta transformação.
Referências Bibliográficas:
BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola. O que é como se faz. 10.ed. São
Paulo: Edições Loyola, 2002.
BRANDÃO, Carlos Henrique. Pesquisa participante. São Paulo: Brasiliense,
1981.
CARVALHO, Ademar de Lima. Os caminhos perversos da educação: a luta
pela apropriação do conhecimento no cotidiano da sala de aula. Cuiabá:
EDUFMT, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. (Coleção leitura).
GARCIA, Carlos Marcelo. Formação de professores para uma mudança
educativa. Porto: Porto Editora, 1999.
LEFFA, Vilson José. O Professor de Línguas Estrangeiras.Construindo a
profissão. 2.ed. Pelotas, RS: Editora da Universidade Católica de Pelotas-
UCPEL, 2008.
LIBÂNEO, José Carlos. Tendências pedagógicas na prática escolar. Revista
Ande nº 6, p.11 - 9. 1982.
LOPES, Luiz Paulo da Moita. Oficina de linguística aplicada: A natureza
social e educacional dos processos de ensino/aprendizagem de Línguas. 3. ed.
Campinas, São Paulo: Mercado de Letras Edições e Livrarias Ltda, 1996. (II).
PARANÁ, SEED. Diretrizes Curriculares da Rede de Educação Básica do
estado do Paraná (DCE). Língua Estrangeira Moderna. Curitiba: Secretaria de
Estado da Educação, Superintendência da Educação, 2008.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro. 2. ed.
São Paulo: Cortez, 2000.
INVESTIGAÇÃO PARA INÍCIO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO PDE 2013
Prezado(a) professor(a)
Gostaria da sua colaboração para a realização de uma pesquisa que vai contribuir e muito para
a proposta de um projeto de intervenção que pretendo desenvolver nesse ano de 2013 e no
próximo pelo Programa de Desenvolvimento Educacional. Por favor, responda as questões
abaixo com o máximo de detalhamento possível. E se você tiver alguma dúvida, não hesite em
entrar em contato.
Obrigada por sua colaboração.
Professora: Helena
Email: [email protected]
Celular: 8403-2036 - OI / 9709-0274 - TIM
Residencial: 3283-7538
1. Em que ano você se formou, e qual é a sua graduação?
2002. Letras Português - Inglês
2. Há quanto tempo você atua como professor de Inglês? Você leciona
outra disciplina?
Há 10 anos. Trabalho com Língua Inglesa e Portuguesa.
3.Para que anos/séries você dá aula?
Anos Finais do ensino Fundamental e Ensino Médio.
4. Em qual/quais escola(s) você atua?
E.E. São Cristovão - EFM
5. Com que habilidades você costuma trabalhar na sala de aula:
compreensão oral (listening), ( x )
compreensão escrita (reading), ( x )
produção oral (speaking), ( x )
produção escrita (writing)? ( x )
5.2. Por quê?
Porque ao trabalharmos as diferentes habilidades percebi (cic) que os
alunos têm mais estímulo e interesse pela disciplina, melhorando o
aprendizado.
5.3 Você conseguiria apontar um 'ranking' de importância para essas
atividades que você desenvolve em sala?
Compreensão escrita
Produção escrita
Compreensão Oral
Produção Oral
5.4 De acordo com o ‘ranking ‘ que você estabeleceu acima, você
poderia relatar porque acredita que algumas habilidades são mais
importantes que outras?
Nas escolas públicas predomina a compreensão e produção escrita com a
finalidade de preparar o aluno para o vestibular.
5.5 Como você trabalha atividades de oralidade em sala de aula?
Dentro de um contexto inicio as atividades com listening para trabalhar a
pronúncia e, em seguida promovo um diálogo.
Apresentação de trabalhos (LI e LP).
5.6 Caso não o faça, gostaria de inserir nas suas aulas exercícios de
oralidade?
6. Você lê artigos científicos ou livros sobre ensino e aprendizagem de
inglês? Pode citar algum lido no último ano?
Sim... (cic)
7. Você participa de congressos, eventos, semanas pedagógicas, cursos de
aperfeiçoamento? Onde? Com que frequência?
Sim, nas reuniões pedagógicas das escolas e nos cursos cedidos pelas editoras.
INVESTIGAÇÃO PARA INÍCIO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO
PDE 2013
Prezado(a) professor(a)
Gostaria da sua colaboração para a realização de uma pesquisa que vai contribuir e muito para
a proposta de um projeto de intervenção que pretendo desenvolver nesse ano de 2013 e no
próximo pelo Programa de Desenvolvimento Educacional. Por favor, responda as questões
abaixo com o máximo de detalhamento possível. E se você tiver alguma dúvida, não hesite em
entrar em contato.
Obrigada por sua colaboração.
Professora: Helena
Email: [email protected]
Celular: 8403-2036 - OI / 9709-0274 - TIM
Residencial: 3283-7538
1. Em que ano você se formou, e qual é a sua graduação?
Formei-me em Letras e minha graduação é em Português e Inglês.
2. Há quanto tempo você atua como professor de Inglês? Você leciona outra
disciplina?
Há 18 anos. Sim, Português.
3. Para que anos/séries você dá aula?
Atualmente 6º, 7º e 8º.
4. Em qual/quais escola(s) você atua?
Escola Municipal Omar Sabbag e Colégio Estadual São Cristóvão.
5. Com que habilidades você costuma trabalhar na sala de aula:
• compreensão oral (listening), ( X )
• compreensão escrita (reading), ( X )
• produção oral (speaking), ( X )
• produção escrita (writing) ( X )
5.1 Por quê?
Porque eles precisam ter uma compreensão, mesmo que básica das quatro
habilidades.
5.2 Você conseguiria apontar um 'ranking' de importância para essas atividades
que você desenvolve em sala?
Depende do objetivo de cada professor ou escola. Creio que todas têm a
mesma importância.
5.3 De acordo com o ‘ranking‘ que você estabeleceu acima, você poderia
relatar porque acredita que algumas habilidades são mais importantes que
outras?
5.4 Como você trabalha atividades de oralidade em sala de aula?
Perguntas chaves e frases que os alunos poderão usar em sala de aula. Faço
duplas ou trios dependendo do conteúdo, para apresentação ao professor.
Todas as permissões são feitas em inglês quando o aluno precisar.
5.5 Caso não o faça, gostaria de inserir nas suas aulas exercícios de
oralidade?
6. Você lê artigos científicos ou livros sobre ensino e aprendizagem de inglês?
Pode citar algum lido no último ano?
Não.
7. Você participa de congressos, eventos, semanas pedagógicas, cursos de
aperfeiçoamento? Onde? Com que frequência?
Sim. Cursos ofertados pela prefeitura de Curitiba ou estado. Duas vezes ao
ano ou mais, quando o horário e data são compatíveis com o meu tempo
disponível.