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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA ESCOLA INCLUSIVA: ADAPTAÇÃO

CURRICULAR

Denise Lopes da Silva1

Maria Lúcia Vinha2

RESUMO

O objetivo deste artigo foi o de analisar os fatores que refletema dificuldade dos docentes na realização das Adaptações Curriculares inviabilizando que a Educação Inclusiva seja concretizada. Para tal, se teve como referência 20 docentes e 62 alunos do CEEBJA – ProfªGeni Sampaio Lemos, localizado no município de Jacarezinho, Estado do Paraná, em que foram realizados, durante o período de março a julho de 2015,levantamentos e pesquisano sentido de proporcionar informações e apreender o conhecimento destes profissionais acerca da educação inclusiva e adaptação curricular. Paraatingiro objetivo da pesquisa, foram utilizados, palestras,levantamento de dados através de questionários, tanto para os professores, como para os alunos, atendimento individual aos professores com alunos com necessidades educacionais especiais e assessoria em sala de aula para acompanhar os alunos e apoiar os professores em sua prática pedagógica. Constatou-se dos estudos realizados que a educação inclusiva, segundo a concepção dos docentes analisados, não se concretiza por conta da limitação encontradanos próprios docentes noatendimento ao aluno com necessidades educacionais especiais, condição esta que o tornam contemporizados à sua realidade pedagógica, ou seja, não dispõem de conhecimento e meios necessários para que realmente se desenvolva uma educação inclusiva, como a adaptação curricular; aliado a isso se soma aestrutura do próprio sistema educacional que não atua no sentido de transformar esta realidade, mantendo uma situação que não inclui este aluno. Para se transformar este cenário, é necessário repensar o processo de formação inicial docente, igualmente que a instituição tenha o compromisso político e social, desenvolvendo um projeto político pedagógico que priorize a flexibilização do currículo a fim de atender os alunos com necessidades educacionais especiais, para que a lei seja cumprida. Palavras-chave: Adaptação curricular. Educação Inclusiva.Educação Especial.

1Professora do CEEBJA – ProfªGeni Sampaio Lemos Participante do Programa de Desenvolvimento

Educacional - PDE/2015. E-mail: [email protected] 2Pós Doutora em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora adjunta da

Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) e Orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE/2015. E-mail: [email protected]

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1 INTRODUÇÃO

Com o advento da Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação

vislumbrou-se, no Brasil, a possibilidade da inclusão escolar dos alunos com

necessidades educacionais especiais, na qual trouxe um título específico sobre tal

proposta.

A partir dos pressupostos da lei, a inclusão escolar trata-se de uma ação

de relevância incisiva para o aprimoramento de condutas e do desenvolvimento

social e educacional dos alunos com alguma necessidade especial, em que a

família destes indivíduos busca incansavelmente os direitos e conquistas sociais, no

entanto, tratar deste tema requer a reflexão sobre o verdadeiro sentido a que se

atribui à educação.

Para a real concretização da inclusão do aluno com necessidades

educacionais especiais no contexto educacional, a proposta da adaptação curricular

vem sobressaindo como fundamental, no entanto, tal condição exige a diligência de

docentes e instituições escolares, a fim de que não somente o currículo

sejaflexibilizado, mas sim que estes também possam estar inclinados a tal

condição, de modo que seja realmente efetivada a inclusão escolar.

Diante do exposto, o objetivo deste trabalho é enfatizar os aspectos que

proporcionam dificuldades ao docente na viabilidade da educação inclusiva, tendo

como referência os docentes do CEEBJA – ProfªGeni Sampaio Lemos, localizado

no município de Jacarezinho, Estado do Paraná, em que foram realizados estudos

nosentidode analisar os fatores que refletem a dificuldade dos docentes na

realização das Adaptações Curriculares inviabilizando que a Educação Inclusiva

seja concretizada.

Para atingir o objetivo da pesquisa, foram utilizados, palestras,

levantamentos através de questionários, tanto para os professores, como para os

alunos, atendimento individual aos professores com alunos com necessidades

educacionais especiais e assessoria em sala de aula para acompanhar os alunos e

apoiar os professores em sua prática.

Observando que há uma diversidade de contrapontos ao que se alude ao

discurso e a efetivação da prática em sala de aula, bem como considerar que o

docente em sua prática pedagógica é preterido de estrutura razoável para

proporcionar a educação a este público, suprindo suas necessidades e desejos

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educativos, bem como levando em deferência a significativa demanda de alunos

com necessidades especiais em instituições de ensino regular, fundamental é tratar

deste tema para que se possa desenvolver uma reflexão acerca da importância da

otimização das práticas pedagógicas para a escola inclusiva, visando melhor o

processo de ensino e aprendizagem, assegurando, com isso a concretização do

aprendizado de forma eficiente e a consolidação do que determina a Lei 9394/96,

promovendo assim o que defendia Freire (1987), um sistema de ações inclinadas

para a promoção de uma educação libertadora, humana e humanizante.

2 REVISÃO DA LITERATURA

Na Conferência Mundial Sobre Necessidades Educativas Especiais,

realizada em Salamanca, na Espanha, em junho de 1994, patrocinada pela

UNESCO, onde se reuniram 92 governos e 25 ONG's, conforme exposto por

Carvalho (2008), foram reafirmados o direito à educação de cada indivíduo,

conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e resgatadas as

várias declarações das Nações Unidas que culminaram no documento que contém

as regras padrões sobre a equalização de oportunidades para pessoas com

necessidades especiais.

A Conferência propôs a adoção de linhas de ação em Educação Especial,

sendo o princípio norteadoro de que:

Todas as escolas deveriam acomodar as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos em desvantagem ou marginalizados. [...] No contexto destas Linhas de Ação o termo "necessidades educacionais especiais", refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades se originam em função de deficiências ou dificuldade de aprendizagens. Muitas crianças experimentam dificuldades de aprendizagem e têm, portanto, necessidades educativas especiais em algum momento de sua escolarização. As escolas têm que encontrar a maneira de educar com êxito todas as crianças, inclusive as que têm deficiências graves. (CARVALHO, 2008, p. 58)

A relevância da Declaração é o respeito às diferenças individuais que são

consideradas como condições inatas dos indivíduos. Entende-seque não se trata de

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considerar as diferenças individuais como “desculpa da desatenção da escola para

com os alunos com necessidades especiais”. Nem, tampouco, por fatalismo, aceitar

que a acentuada diferença de alguns justifica atribuir-lhesa responsabilidade de seus

insucessos e, com isso, deixar de oferecer-lhes o atendimento educacional para

suas necessidades. (GADOTTI, 2005).

A inclusão escolar, regulamentada no Brasil pela Lei de Diretrizes e

Bases 9394/96, tem como princípio fundamental que todas as crianças devem

aprender juntas, sempre que possível, independente de quaisquer dificuldades ou

diferenças que elas possam ter. ParaGadotti(2005), trata-se de um espaço de

convivência de diferentes diferenças. Um espaço de apropriação do saber centrado

na necessidade das crianças, buscando o pleno desenvolvimento de suas

potencialidades.

Para o sucesso da inclusão escolar, os aspectos do ambiente escolar

precisam ser desenvolvidos de acordo com a proposta, como currículos, espaços

físicos sem barreiras, organização escolar, pedagógica que explore conteúdos

significativos e os processos de avaliação do aprendizado do aluno, das respostas

educativas que a escola oferece e, principalmente, da formação de professores com

competências para administrar a conjuntura, conforme preconiza a LDB 9394/96.

O movimento de inclusão escolar tendo como referência métodos

tradicionais foi contraproducente, excluindo ainda mais o aluno com necessidades

especiais; com isso prevaleceuà necessidade de se considerar as singularidades de

cada aluno, a fim de que se possa assegurar a qualidade do processo de

ensino/aprendizagem destes alunos e não somente para os que apresentam

dificuldades mais inequívocas. (FREITAS, 2006).

Na verdadeira proposta educacional inclusiva, o currículo deve estar

estribado na concepção de diferença e não o aluno que se ajusta a ele, ou seja, o

aluno que se adapta às condições de ensino, mas a concepção da inclusão

educacional faz o caminho oposto; isto é, é a escola que promove as alterações

necessárias para que o aluno tenha o acesso ao currículo. (ARANHA, 2003).

Assim sendo, a partir destes pressupostos, é possível compreender que

nas práticas inclusivas tende-se a permitir que todos os alunos, sem distinção

tenham acesso ao processo ensino/aprendizagem, sem desconsiderar aqueles que

necessitam de uma atenção especial, como os alunos com necessidades

educacionais especiais, esta forma de conduta se trata de uma educação voltada

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para a ética, na valorização de situar todos no mesmo patamar, mesmo que

determinados alunos emancipem de um pseudo-padrão de normalidade.

Serra (2006, p. 33) expõe que: [...] promover a inclusão de deficientes significa, sobretudo, uma mudança de postura e de olhar acerca da deficiência. Implica quebra de paradigmas, reformulação do nosso sistema de ensino para a conquista de uma educação de qualidade, na qual o acesso, o atendimento adequado e a permanência sejam garantidos a todos os alunos, independentemente de suas diferenças e necessidades.

Diante desta realidade, a viabilização da inclusão escolar depende da

diligência de todos os que estão envolvidos com o processo de educação, do docente

à equipe pedagógica, uma vez que, de acordo com Carvalho (2008), muito embora a

criação de meios legais para criar a escola inclusiva, não houve o suporte necessário

para que tal condição se concretizasse de fato, ou seja, não foram retirados os

obstáculos conceituais, de atitudes, político e administrativa resultantes de diversos e

complexos fatores que colocam em situação de desigualdade os alunos

comnecessidades educacionais especiais.

Portanto, a inclusão escolar se concretiza a partir do instante em que o

docente tenha ciência da necessidadede atender as especificidades dos alunos com

necessidades educacionais especiais adaptando o currículo de modo que possam

ter acesso real ao conhecimento.

3 ADAPTAÇÃO CURRICULAR

O termo “adaptação” pode ser interpretado como uma forma de

flexibilização, pois traz em sua essência a necessidade de alteração, ajustes ou

modificações no processo de ensino no âmbito do currículo; de modo que este

instrumento deve ser a referência para se identificar determinadas alterações em

virtude de necessidades educacionais especiais dos alunos.

De acordo com Blanco (2004), a educação consuetudinária tem como

perspectiva focar a atenção em atender as necessidades comuns, traçar objetivos

preterindo as singularidades dos alunos, condição esta observada pela conduta rígida

e homogeneizadas que não levam em consideração diversos contextos em que

ocorre o processo de ensino/aprendizagem.

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Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN -Adaptações Curriculares em

ação (2002) trazem o contexto da adaptação curricular para a harmonia do processo

ensino/aprendizagem no sentido de promover a educação inclusiva, segundo este

documento as adaptações curriculares devem ser compreendida em um processo que

se realiza em três níveis, a saber:

A partir do Projeto Político Pedagógica da instituição, na qual vai permitir

identificar e analisar as adversidades da instituição, bem como determinar

metas e objetivos dos docentes, funcionários, gestores e outros envolvidos

com o aluno;

A partir do currículo a ser aplicados em sala de aula, construindo uma

proposta que possa atender as expectativas de todos os alunos com

necessidades educacionais especiais ou não;

A partir da perspectiva individual, elaborando e implementando um

Programa Educacional Individualizado.

Consoante exposição de Aranha (2003), na educação inclusiva, o currículo

deve estribar-se, igualmente, na concepção da diferença e não no ajuste do aluno ao

currículo, ou seja, o caminho deve ser inverso, o currículoque se adapta às

necessidades do aluno; mais especificamente, é a equipe escolar que deve atuar no

sentido de promover as mudanças necessárias para que o aluno acesse o currículo.

A partir desta perspectiva, compreender que adaptações curriculares são

definidas como sendo:

[...] possibilidades educacionais de atuar frente às dificuldades de

aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se realize a adaptação do

currículo regular, quando necessário, para torná-lo apropriado às

peculiaridades dos alunos com necessidades especiais. Não um novo

currículo, mas um currículo dinâmico, alterável, passível de ampliação,

para que atenda realmente a todos os educandos. Nessas

circunstâncias, as adaptações curriculares implicam a planificação

pedagógica e as ações docentes fundamentadas em critérios que

definem o que o aluno deve aprender; como e quando aprender; que

formas de organização do ensino são mais eficientes para o processo

de aprendizagem; como e quando avaliar o aluno (BRASIL, 2002,

p.33).

A partir dessa conceituação, compreender que a adaptação curricular

permite criar condições físicas, ambientais, materiais e metodológicas para que o

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aluno com necessidades educacionais especiais, na escola tenha um melhor

aproveitamento no processo ensino/aprendizagem, ou seja, propicia melhores

aspectos de comunicação, interação e mobilidade, privilegiando a participação

efetiva na educação.

De acordo com Abreu (2013), a adaptação curricular reflete como sendo

possibilidades educacionais diante das dificuldades de aprendizagem dos alunos,

tornando-os próprio e adequado às singularidades dos alunos com necessidades

especiais; não se trata de um novo currículo, mas sim um que tenha em sua

essência a possibilidade de ser dinâmico e flexível para que possa atender a todos

os alunos.

Assim, de acordo com essa autora, as adaptações no currículo implicam

na planificação pedagógica e as ações docentes fundamentadas em critérios que

definem aquilo que o aluno deve aprender, como e o momento certo de aprender,

as formas que o ensino será organizado de modo a ser eficiente para o processo

de aprendizagem, bem como a forma de avaliação a ser direcionada.

Portanto, não há a necessidade da criação de um novo currículo, mas

sim a existência de um currículo dinâmico que seja suscetível à ampliação e

flexibilização para que possa satisfazer todos os educandos, de modo que alunos

com necessidades especiais educacionais possam participar do processo

ensino/aprendizagem.

A partir das informações expostas, na sequência serão analisadas as

atividades aplicadas conforme a Unidade Didática proposta com o mesmo título

deste artigo.

4 METODOLOGIA

Para consolidação dos objetivos propostos, foram realizadas sete ações

com os 20 professores, equipe pedagógica, e 62 alunos do ensino comumdo

CEEBJA – ProfªGeni Sampaio Lemos, do município de Jacarezinho, entre os meses

de março a julho, do ano de 2015. A Instituição oferta a EJA – Educação de Jovens

e Adultos, ensino fundamental e médio, nos turnos vespertino e noturno, com 543

estudantes no ano letivo de 2015.

As atividades consistiram na realização de reuniões, exposições de

slides, debates, conversações e aplicação de uma série de perguntas, com o

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pressuposto de levantar subsídios que permitisse desenhar cenário acerca da

concepção dos docentes a respeito da adaptação curricular para um melhor

atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais.

A seguir, apresenta-se um breve relato das ações desenvolvidas:

1ª ação:

Apresentação do Projeto de Intervenção pedagógica, para os professores

da EJA, professores da Educação Especial e para a Equipe Pedagógica do CEEBJA

– ProfªGeni Sampaio Lemos, sendo que neste evento participaram 20 profissionais

da educação, aproveitando-se o momento de uma Reunião Pedagógica para atingir

um número maior de participantes.

Esclarecimentos sobre a problematização que levou o intento da

pesquisa, seus objetivos propostos, explanando o conteúdo a ser desenvolvido e a

quantidade de encontros necessários para a realização do trabalho ofertado aos

professores, a equipe pedagógica e os alunos do estabelecimento em questão.

2ª ação:

Aplicação de um questionário, contendo 09 questões objetivas e de

múltipla escolha, retirado da internet, “Teste seu poder de Inclusão” (Mantoan,

2006), onde as perguntas simulavam situações nas quais o professor deveria

escolher a ação que ele adotaria em sala de aula no atendimento ao aluno com

deficiência.

A finalidade dessa ação, que ocorreu no mês de março de 2015, com a

participação de 20 professores, foi a de obter dados a respeito do nível de

conhecimento dos professores da educação em relação à Inclusão e a realização

das Adaptações Curriculares para alunos com necessidades educacionais especiais,

para posterior orientação da melhor forma a ser trabalhada em sala de aula.

3ª ação:

Análise dos resultados da pesquisa e, elaboração de possíveis ações a

serem desenvolvidas na implementação para oportunizar aos professores e demais

participantes, um maior contato com os alunos com necessidades educacionais

especiais, com o movimento da Inclusão e principalmente com a realização das

adaptações curriculares para acesso ao currículo e a uma aprendizagem efetiva.

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4ª ação:

Atividades em sala de aula com os alunos do ensino comum, através de

mini-palestras, abordando o tema: Inclusão e Adaptações Curriculares, através de

vídeos de motivação, promovendo a solidariedade, slides sobre o assunto para

debate, charges sobre deficientes, levando em conta o contexto em que está

inserido. Essa ação foi realizada com quatroturmas da EJA, sendo duas do ensino

fundamental II, duas do ensino médio, do período vespertino, totalizando 62 alunos,

pois nessa modalidade de ensino os alunos fazem matrícula por disciplinas,

podendo frequentar no máximo quatro disciplinas ao mesmo tempo.

Na finalização dessa ação, foram utilizadas15 perguntas acerca dos

“Mitos e Verdades sobre as pessoas com deficiência”, da revista online Sentidos,

nas quais os alunos deveriam colocar “V” para verdade ou “M” para mito,

dependendo da situação apresentada nas questões, visando destacar o

conhecimento que possuem a respeito dos alunos com necessidades educacionais

especiais e seus direitos legais.

5ª ação:

Atendimento individual aos professores para esclarecimentos de dúvidas

a respeito da realização das Adaptações Curriculares para alunos com

necessidades educacionais especiais, ressaltando o respeito à individualidade, ao

tempo e as especificidades de cada um.

Essa ação foi realizada em momentos diversos, nas horas atividade dos

cinco professores do ensino fundamental fase II, envolvidos com a implementação

do referido projeto de intervenção pedagógica por possuírem alunos com

necessidades educacionais especiais em sala de aula, cuja maior deficiência

detectada é a deficiência intelectual.

Os esclarecimentos se referiam a detectar o nível dos alunos, sua

deficiência e como poderiam adaptar o conteúdo sem empobrecê-lo, e que

houvesse uma aprendizagem efetiva.

6ª ação:

Assessoria em sala de aula, realizada a dois professores de alunos com

necessidades educacionais especiais para orientá-los em sua prática pedagógica e

a necessidade de avaliação diferenciada.

Essa ação ocorreu no primeiro semestre de 2015, porque além dos

alunos com deficiência intelectual, havia dois alunos com TGD – Transtornos

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Globais do Desenvolvimento, cujo comportamento atrapalhava o andamento da sala

e a aprendizagem destes e dos demais alunos.

Observou-se que esses alunos não paravam dentro da sala, uma vez

que, o tempo de concentração era muito curto, então, foi sugerida a realização de

avaliações diferenciadas, no sentido de serem orais, objetivas, pesquisa, e

aproveitando a atuação nas atividades em sala de aula, porque eram alunos

inteligentes, com apropriação de conhecimentos, porém,na avaliação convencional,

ou seja, memorização de respostas, não obtinham sucesso.

7ª ação:

Palestra com o tema: Adaptações Curriculares, tendo como público

alvo,20 profissionais da educação, dentre eles, os professores, equipe pedagógica e

gestão escolar.

Nesta ação, foi destacadaa classificação das Adaptações Curriculares, ou

seja, as Significativas (que são modificações mais profundas, requerem o

envolvimento de toda a escola e de órgãos superiores) ou as Não Significativas (que

são modificações menores, de fácil realização, executada mais pelo professor da

sala).

Outro ponto a ser discutido abordou os elementos curriculares que podem

ser modificados como: conteúdo, objetivos, procedimentos didáticos e nas

atividades, na temporalidade e na avaliação, para que os alunos com deficiência

tenham acesso ao conhecimento organizado no currículo, procurando incentivar e

sanar as dúvidas dos profissionais da educação.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A implantação do Projeto de Intervenção Pedagógica com o tema

“Práticas Pedagógicas na Escola Inclusiva: Adaptação Curricular”teve como

propósito fomentar as discussões e os debates acerca das adaptações curriculares

nas escolas, por se tratardo caminho de acesso ao currículo e, consequentemente,

uma aprendizagem de qualidade, sendo direito de todos, independentemente do

aluno ser deficiente ou não.

Levando em deferência o objeto desta pesquisa e a proposta levantada

anteriormente, inclinou-se para o método de revisão integrativa de referências

bibliográficas, cujo fim é o de cooptar informações e sintetizar resultados sobre

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temas específicos, de forma sistemática e organizada, colaborando, assim, para que

se possa aprofundar no tema investigado, possibilitando, com isso sumariar estudos

já realizados e auferir conclusões específicas em relação ao tema, problema e

objetivos propostos, propiciando condições, posterior análises dos estudos

previamente selecionados, construir uma posição subjetiva.

Assim, as ações dessa implementação desenvolveram-se tendo como

público alvo, 20 profissionais da educação, sendo eles, os professores do ensino

comum, professores da Educação Especial, equipe pedagógica da escolae os62

alunos da Educação de Jovens e Adultos das quatro turmas do período vespertino

do CEEBJA – Profª. Geni Sampaio Lemos, município de Jacarezinho.

A implementação iniciou com a realização de uma reunião com 20

participantes sendo eles, os professores do ensino comum e professores da área da

educação especial, bem como, com a equipe pedagógica e a gestão do CEEBJA –

ProfªGeni Sampaio Lemos, no município de Jacarezinho, para apresentação do

projeto, seus objetivos, através de slides com explicações sobre o tema central:

Adaptações Curriculares.

O objetivo da ação foi esclarecer aos docentes acerca da

InclusãoEscolar e as Adaptações Curriculares, debatendoas necessidades

educacionais que a escola atende, as especificidades de cada

deficiência,salientando as capacidades e potencialidades dos alunos.

Nesta ação, foi trabalhado um vídeo de animação, “Romper

Paradigmas”,no qual retrata uma sociedade homogênea, com todas as pessoas

fazendo a mesma coisa, numa sincronia perfeita, até que todos se chocam com

uma criança cujo comportamento não atende aos padrões pré-estabelecidos pela

sociedade.

O intuito foi levar o professor a refletir que as diferenças devem ser

encaradas como uma oportunidade de crescimento, tanto para os alunos, que

aprendem com as diferenças, como para o professor que busca novos caminhos

para a aprendizagem, beneficiando a todos.

A receptividade foi boa por parte dos professores, participando, emitindo

opiniõesdiversas, algumas vezes concordando e outras com receio de

mudanças,debatendo e discutindo sobre o assunto apresentado.

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A próxima ação juntos aos docentes, foi ade levantar dados,através de

um questionário com 09 perguntas objetivase de múltipla escolha, “Teste seu Poder

de Inclusão” (MANTOAN, 2006),com a finalidade de buscar o nível de

conhecimento dos mesmos em relação à inclusão e adaptações curriculares, tendo

como base, suas experiências com alunos deficientes e como realizam sua prática

pedagógica no atendimento aos alunos com necessidades especiais presentes em

sala de aula.

As perguntas simulavam situações nas quais o professor deveria

escolher a ação que ele adotaria em sala de aula no atendimento dos alunos com

necessidades educacionais especiais. Responderam ao questionário 20

professores.

Após esse levantamento, efetuou-se a analise dos dados coletados e

sentiu-se a necessidade de uma ressignificação da inclusão escolar, pois de acordo

com os resultados, entende-se que de 65 a 70% dos profissionais da educação que

responderam ao questionamento, pode-se dizer que estão“no meio do caminho”, ou

seja, “no seu limite”, uma vez que, as respostas coletadas indicam que o professor

tem medo de mudanças, de sair de sua área de conforto e por isso se esquiva no

enfrentamento dos obstáculos encontrados no atendimento ao aluno com

necessidades educacionais especiais.

Para a correção das perguntas era necessário seguir uma tabela de

pontos, onde “a”, “b” e “c”, dependendo do enunciado da questão, tinha um peso

que correspondia a “1”, “2” ou “3”. A maior pontuação seria de 23 a 27 pontos, para “

imune a exclusão”, de 16 a 22 pontos, para “no limite” e de 09 a 15 pontos, para

“altamente contaminado”.

Da mesma maneira, quando o professor foi levado a refletir sua prática

pedagógica ao responder as questões que se referem a incluir um aluno em sua

turma, incentivando-o a tomar uma decisão, o que fazer com alunos que cursam a

mesma série por três vezes, que atitude tomar com o aluno desinteressado, e

outras questões que refletem os problemas cotidianos da sala de aula, ele

respondeu-as sem pensar muito, só levando em conta sua experiência profissional.

As questões 1 e 8 obtiveram a menor pontuação (1), a primeira, o

professor teria que incluir um aluno em sua turma e a segunda, como o professor

deveria agir diante de uma aluno agressivo, desobediente e que não se submete a

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autoridade. Percebe-se que o professor não está preparado para lidar com essas

situações, encontradas no dia a dia da escola, ou pode-se dizer que, a escola não

dá conta do aluno indisciplinado e os alunos com necessidades educacionais

especiais estão ficando no mesmo patamar.

Tendo em vista que o questionário tinha a finalidade de levantar dados

sobre o conhecimento do professor em relação a Inclusão e Adaptação Curricular

para a elaboração das ações a serem desenvolvidas posteriormente, com a sua

aplicação, o professor demonstrou estar fragilizado ao lidar com situações

diferentes, achando que certas situações adversas irá comprometer a sua

capacidade de ensinar e a possibilidade dos demais aprenderem.

Diante do exposto, buscou-se entender a concepção que os alunos da

Educação de Jovens e Adultos – EJA, tinham sobre os alunos com necessidades

educacionais especiais e se o conhecimento que detém abrange asleis vigentes no

país, sobre os deficientese a garantia de seus direitos.

No desenvolvimento dessa ação, trabalhou-se com quatro turmas da

EJA, sendo duas do ensino fundamental, fase II e duas do ensino médio do período

vespertino, totalizando 62 alunos. Iniciou-se com uma conversação, explicando para

os alunos sobre os deficientes, suas especificidades, buscandosaber se eles

conheciam algum deficiente, se mantinham contato e como tratavam os deficientes

que frequentavam a mesma escola que eles. Utilizou-se de vários slides com

imagens para que os alunos descrevessem o que entendiam daquela situação e

trouxessem para a realidade o que acontece na prática dentro do contexto da

sociedade. Vídeos de motivação, demonstrando que devemos sempre, acreditar

que o aluno deficiente tem suas capacidades e limitações como todos nós.

Após as explicações, conversação, vídeos e debates, para finalizar foi

aplicado uma série de 15 questões sobre os “Mitos e Verdades acerca da pessoa

com deficiência. Ao responderem as questões, os alunos deveriam marcar “V” para

verdadeiro ou “M” para mito, de acordo com as situações que se apresentavam no

enunciado das questões que compreendiam os direitos das pessoas deficientes.

Em perguntas comoa relação da escola pública e particular com os

alunos com deficiência, a respeito das cotas, as políticas públicas, ou quando o

aluno precisa de um especialista na área, e outras questões pertinentes, os alunos,

em sua maioria mostraram ter compreensão de seus direitos.

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A pergunta com maior índice de erro, em média 30%,e que também foi a

que estava fora da realidade deles, como a resposta da questão nº 15, pois citava a

compra de um apartamento na planta se o deficiente tinha direito de um banheiro

adaptado sem ter que pagar por isso.

Logo em seguida, o maior índice de erro vem a questão nº 04, cuja teor

perguntava se o governo prefere que crianças com deficiências estudem em

escolas especiais. Como a APAE existe praticamente em todos os municípios, eé

mantida pelos órgãos governamentais, por isso, eles entendem que é essa a

intenção do governo.

As três primeiras questões foram as mais assertivas, pois os alunos se

colocam no lugar do deficiente, uma vez que as perguntas se referem ao direito do

aluno deficiente estudar com material adaptado ofertado pela faculdade, a

reprodução de obras literárias em braille e a utilizar o sorobã em exames de

matemática.

Os aspectos mais relevantes que se percebe com as respostas

assertivas dos alunos do ensino comum é que, conhecendo os direitos dos alunos

com deficiência, reconhecem seu próprio direito e existe uma maior probabilidade

de aceitação e de respeito pelo próximo no exercício de sua cidadania.

O resultado obtido foi surpreendente, pois a maioria dos alunos em suas

observações relataram experiências compatíveis com os direitos das pessoas com

deficiência, apesar de não conhecerem as leis que foram apresentadas a eles,

percebe-se que são mais receptíveis a mudanças e as inovações.

Após a apresentação do Projeto de Intervenção Pedagógica para os

professores e o trabalho desenvolvido com os alunos, optou-se por trabalhar com

atendimento individual para os professores, ação essa, realizada em diversos

momentos, ou seja, quatro encontros, nas horas atividade, na sala dos professores,

contando com a participação de cinco professores do ensino fundamental fase

II,que possuem alunos com necessidades educacionais especiais em sala de aula.

A ação consistia em esclarecer dúvidas sobre o atendimento a esses

alunos, as especificidades das deficiências dos mesmos, e como realizar as

adaptações curriculares de modo a oportunizar o acesso ao currículo e

consequentemente a uma aprendizagem de qualidade.

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Assessoria em sala de aulafoi a ação subsequente, e ocorreu para dois

professores que possuíam alunos com necessidades educacionais especiais em

sala de aula. O objetivo dessa ação foi marcadopela necessidade de dois alunos

com TGD – Transtorno Geral do Desenvolvimento, serem atendidos em sala de aula

acompanhados pela professora da sala de recursos existente na escola. Esses

alunos não paravam na carteira, nem na sala, e apesar de serem inteligentes não

estavam acompanhando a aprendizagem dos demais, melhor, atrapalhavam o

andamento de toda sala.

Sugeriu-se para os professores que trabalhassem atividades variadas,

que despertasse o interesse dos alunos, que fossem prazerosas, como, por

exemplo, utilizassemjogos (bingo, dominó, etc.) voltados para a aprendizagem do

assunto em questão, e que não fosse atividades demoradas, porque os alunos

tinham um tempo de concentração curto, então se não houvesse uma mudança de

estratégia e de atividade que despertasse o interesse dos mesmos, eles já

desconcentravam e começavam a atrapalhar a aula. Sendo assim, se

propôsavaliações diferenciadas, orais, objetivas, de pesquisa, e que se

aproveitassem as atividades realizadas no dia a dia da sala de aula porque muitas

vezes, sem a pressão de ser uma avaliação, respondiam corretamente.

Pode-se dizer que o resultado foi promissor, mas o trabalho deve ser

contínuo, não para poucas sessões.

Mediante essa situação, foi proposta uma palestra, com a participação de

20 profissionais da educação, dentre eles, os professores do ensino da EJA,

professor da Educação Especial, a Equipe Pedagógica e o Gestor do

estabelecimento de ensino.

O tema abordado foi sobre a Inclusão e Adaptações Curriculares,

utilizando-se vídeos, slides, charges, mensagens motivacionais, para que os

participantes fossem suscetíveis ao assunto em questão.Elencou-se os elementos

curriculares que podem ser modificados para que o aluno com deficiência tenha

acesso ao conhecimento organizado no currículo, como: conteúdos, objetivos,

procedimentos didáticos e nas atividades, na temporalização e na avaliação.

Explanou-se sobre a classificação das Adaptações Curriculares, que

podem ser Significativas (envolvem modificações mais profundas, no sistema, com

a participação de toda escola e apoio dos órgãos superiores) e não Significativas

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(envolvendo modificações mais simples, que geralmente são realizadas pelo

professor em sala de aula com apoio da equipe pedagógica da escola).

O propósito dessa ação foi sanar as dúvidas dos profissionais da

educação para colocar em prática a realização das adaptações curriculares, dando

ênfase à importância de se trabalhar com um currículo flexível, dinâmico, com

conteúdos significativos, de modo que os docentes participantes deste projeto

viabilizem ajustes em sua prática pedagógica, a fim de promover a inclusão escolar.

Conforme se pode compreender da realidade levantada a partir das

ações efetivadas, ficou evidente que mesmo com a política de inclusão escolar e da

proposta de adaptação curricular prevista legalmente tendo como referência o artigo

59 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação3, os docentes ainda não vivenciam

esta realidade, não se sentindo aptos e confortáveis para a promoção da inclusão

do aluno com necessidades educacionais especiais, bem como, para trabalhar com

o currículo adaptado.

Para Almeida (2012, p. 151):

Constata-se, assim, uma escola desenhada para promover a homogeneidade e negar a diversidade inerente à pessoa humana. Uma escola que, embora se expandindo pormeio de um processo de universalização do ensino, contribui ainda para a manutenção da exclusão por dentro de seus muros, por meio de metodologias descontextualizadas e descompassadas, programações lineares, temporalidade inflexível e categorias como de sucesso e insucesso, normalidade e anormalidade,atraso e fracasso escolar, bem como docentes sem o conhecimento necessário para a promoção da inclusão do aluno portador de necessidades especiais.

3Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III- professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.

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A qualificação dos docentes é a primeira condição relevante para se

concretizar a inclusão, igualmente, assegurar recursos didáticos, bem como

instalações adequadas, permitindo que os alunos com necessidades especiais

tenham o acesso à educação; contudo os docentes devem diligenciar-se em

inserirem-se nesta circunstância e desvelar novas práticas pedagógicas para que a

educação inclusiva se efetive, uma vez que são os docentes que podem ensinar o

que os alunos podem aprender.

Pimenta (2006, p. 28) comenta:

Portanto os currículos de formação de profissionais deveriam proporcionar o desenvolvimento de capacidades de refletir. Para isso, tomar a prática existente de outros profissionais e dos próprios professores é um bom caminho a ser percorrido desde o início da formação, e não apenas ao final, como tem ocorrido com o estágio.

Diante desta realidade identificada na realidade constatada no CEEBJA –

ProfªGeni Sampaio Lemos e nos outros estudos expostos, ficou inequívoco que a

limitação constatada serve como empecilho para a realização da adaptação

curricular, consequentemente, da concretização da inclusão escolar.

Cada aluno possui necessidades específicas e que os docentes têm que

estar pedagogicamente preparados para lidar, cumprindo com o seu papel de

garantir acesso a todos de igual maneira. Assim, é imprescindível que um novo olhar

paire sobre esses alunos e sobre as suas necessidades, bem como deve surgir

também um novo olhar sobre o papel da escola.

Jalbut (2011, p. 79) destaca que;

Para que essas mudanças possam ser consideradas inovação, portanto, devem alterar as concepções centrais e materializar-se em resultados, devendo, para isso, ser incorporadas a um novo paradigma ou nova proposta, deparando-se com um conjunto de ações estabelecidas, que as respalde desde o próprio princípio epistemológico.

A situação atual em que se encontram os sistemas educacionais, ainda

estribados em uma metodologia estanque, voltada para o trabalho com alunos sem

necessidade especiais vai de encontro à perspectiva da educação inclusiva, a

transformação deste cenário requer além da formação docente para esta

perspectiva, um projeto político pedagógico flexível, que de acordo com a Defensoria

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Pública do Estado de São Paulo (apud MATOS, 2013), tragaa previsão de diversas

formas de aprendizagem, considere as singularidades dos alunos, suas

manifestações subjetivas e o potencial diferenciado de cada aluno.

O que se pode afirmar é que a educação inclusiva, mesmo depois de

duas décadas de sua proposta ainda não foi efetivada, existindo somente no texto

da lei, as propostas para a sua real viabilização, como, por exemplo, da adaptação

curricular, são válidas, no entanto, exige a mudança de postura de docentes e do

próprio sistema educacional, cujas transformações ainda são incipientes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa se propôs a analisar os fatores que refletem a dificuldade

dos docentes na realização das Adaptações Curriculares inviabilizando que a

Educação Inclusiva seja concretizada.

Sendo assim, procurou-se desenvolver ações que contribuíssem para

alcançar esse objetivo, com palestras atendendo os profissionais da educação,

dentre eles, professores da EJA, professores da Educação Especial, Equipe

Pedagógica e num segundo momento atendendo os alunos da escola no período

vespertino.

Realizou-se uma pesquisa onde os professores tiveram a oportunidade

de refletir sua prática pedagógica respondendo perguntas pertinentes a Inclusão e

Adaptações Curriculares que serviram para perceber o nível de conhecimento dos

participantes em relação ao assunto em questão, como também para desencadear

as ações posteriores.Portanto, houve a necessidade de decorreratendimento

individual aos professores que possuíam alunos com necessidades educacionais

especiais, aproveitando a hora atividades desses professores para sanar dúvidas.

Sucedeu-se assessoria em sala de aula para viabilizar o acesso ao

currículo e culminando em uma palestra voltada para a realização das Adaptações

Curriculares e necessidade de mudanças na práticado professor.

Portanto, a educação inclusiva somente se concretizará a partir de

mudanças de comportamento, dentre as quais, a formação docente para o trabalho

com aluno com necessidades educacionais especiais, bem como a adoção da

adaptação curricular, constando no projeto político pedagógico.

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A educação inclusiva não se concretiza enquanto docentes

permanecerem limitados em sua prática, bem como contemporizados a ela,

impedindo o direito à educação dos alunos com necessidades educacionais

especiais, de modo que a intervenção desde o processo de formação inicial do

docente se torna fundamental para que a realidade encontrada seja transformada,

bem como o compromisso político-social da própria instituição em querer que a

educação inclusiva seja consubstanciada, bem como se cumpra o que preconiza a

lei.

O cenário encontrado no CEEBJA – ProfªGeni Sampaio Lemos não se

trata de uma realidade isolada, a maior parte das escolas disseminadas pelo Brasil

identificam-se com esta realidade, portanto, a transformação deve ser ampla, a fim

de que realmente a educação inclusiva seja evidente e a realização das adaptações

curriculares se torne uma realidade, assegurando assim, o direito dos alunos com

necessidade educacionais especiais a uma educação de qualidade.

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