os desafios da escola pÚblica paranaense …...e fora do ambiente escolar, favorecendo o diálogo e...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2013
Título: Formação para a cidadania: jovens do grêmio estudantil nocombate à violência escolar
Autor: Maria Regina Pereira Gandin
Disciplina/Área:
(ingresso no PDE)
Gestão Escolar
Escola de Implementação doProjeto e sua localização:
Colégio Estadual São Paulo Apóstolo
Município da escola: Curitiba
Núcleo Regional de Educação: Curitiba
Professor Orientador: Suzana Cini Freitas Nicolodi
Instituição de Ensino Superior: Universidade Federal do Paraná
Relação Interdisciplinar:
(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)
Resumo:
(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)
Esta produção tem por objetivo investigar osdeterminantes das relações de violênciadentro e fora da escola envolvendo oseducandos, através do fomento à cidadaniaao grêmio estudantil, para que estes sejammultiplicadores da cultura da não violênciadentro e fora do ambiente escolar,favorecendo o diálogo e a paz entre osalunos. É nesse sentido que este projeto sejustifica na busca de contribuir para o bemestar dos menos favorecidos, os que têm osseus direitos violados e sua cidadaniaafrontada. A sociedade reflete na escolainúmeros fatores que podem desencadear aviolência dentro e fora do ambiente escolar,como condições sócio econômicas dapopulação, baixa empregabilidade, exclusãosocial, baixa escolaridade, pouca valorizaçãoda escola. É nesse viés que entendemos queo grêmio estudantil, como representaçãodiscente e organizadora dos interessesestudantis, seja um importante e profícuoespaço de aprendizagem, cidadania,convivência e responsabilidade que merece
mais investimentos pedagógicos. Odesenvolvimento dos conteúdos serãorealizados em contra turno por meio deoficinas, debates, slides, filmes, relatos,apresentações e avaliação.
Palavras-chave:
(3 a 5 palavras)
Cidadania, Violência escolar, Grêmio estudantil.
Formato do Material Didático: Unidade didática
Público:(indicar o grupo para o qual o material didático foi desenvolvido: professores, alunos, comunidade...)
Grêmio estudantil.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
Contrato de Cessão Gratuita de Direitos AutoraisPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
Pelo presente instrumento particular, de um lado Maria Regina Pereira Gandin,brasileira, viúva, professora, CPF nº 316.619.399-53, Cédula de Identidade RG nº2058721-0, residente e domiciliado à Rua Raul Ferreira Leite nº 504, na cidade deCuritiba, Estado Paraná, denominado CEDENTE, de outro lado a Secretaria de Estado daEducação do Paraná, com sede na Avenida Água Verde, nº 2140, Vila Izabel, na cidadede Curitiba, Estado do Paraná, inscrita no CNPJ sob nº 76.416.965/0001-21, neste atorepresentada por seu titular Flávio Arns, Secretário de Estado da Educação,ou, no seuimpedimento, pelo seu representante legal, doravante denominada simplesmente SEED,denominada CESSIONÁRIA, têm entre si, como justo e contratado, na melhor forma dedireito, o seguinte:
Cláusula 1ª – O CEDENTE, titular dos direitos autorais da obra “Formação para acidadania: jovens do grêmio estudantil no combate à violência escolar”, cede, a títulogratuito e universal, à CESSIONÁRIA todos os direitos patrimoniais da obra objeto dessecontrato, como exemplificativamente os direitos de edição, reprodução, impressão,publicação e distribuição para fins específicos, educativos, técnicos e culturais, nostermos da Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 e da Constituição Federal de 1988 – semque isso implique em qualquer ônus à CESSIONÁRIA.
Cláusula 2ª – A CESSIONÁRIA fica autorizada pelo CEDENTE a publicar a obra autoralao qual se refere a cláusula 1.ª deste contrato em qualquer tipo de mídia, comoexemplificativamente impressa, digital, audiovisual e web, que se fizer necessária parasua divulgação, bem como utilizá-la para fins específicos, educativos, técnicos e culturais.
Cláusula 3ª – Com relação a mídias impressas, a CESSIONÁRIA fica autorizada peloCEDENTE a publicar a obra em tantas edições quantas se fizerem necessárias emqualquer número de exemplares, bem como a distribuir gratuitamente essas edições.
Cláusula 4ª – Com relação à publicação em meio digital, a CESSIONÁRIA fica autorizada
pelo CEDENTE a publicar a obra, objeto deste contrato, em tantas cópias quantas sefizerem necessárias, bem como a reproduzir e distribuir gratuitamente essas cópias.
Cláusula 5ª - Com relação à publicação em meio audiovisual, a CESSIONÁRIA ficaautorizada pelo CEDENTE a publicar e utilizar a obra, objeto deste contrato, tantas vezesquantas se fizerem necessárias, seja em canais de rádio, televisão ou web.
Cláusula 6ª - Com relação à publicação na web, a CESSIONÁRIA fica autorizada peloCEDENTE a publicar a obra, objeto deste contrato, tantas vezes quantas se fizeremnecessárias, em arquivo para impressão, por escrito, em página web e em audiovisual.
Cláusula 7ª – O presente instrumento vigorará pelo prazo de 05 (cinco) anos contados dadata de sua assinatura, ficando automaticamente renovado por igual período, salvodenúncia de quaisquer das partes, até 12 (doze) meses antes do seu vencimento.
Cláusula 8ª – A CESSIONÁRIA garante a indicação de autoria em todas as publicaçõesem que a obra em pauta for veiculada, bem como se compromete a respeitar todos osdireitos morais do autor, nos termos da Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 e daConstituição Federal de 1988.
Cláusula 9ª – O CEDENTE poderá publicar a obra, objeto deste contrato, em outra(s)obra(s) e meio(s), após a publicação ou publicidade dada à obra pela CESSIONÁRIA,desde que indique ou referencie expressamente que a obra foi, anteriormente,exteriorizada (e utilizada) no âmbito do Programa de Desenvolvimento Educacional daSecretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED-PR.
Cláusula 10ª – O CEDENTE declara que a obra, objeto desta cessão, é de sua exclusivaautoria e é uma obra inédita, com o que se responsabiliza por eventuais questionamentosjudiciais ou extrajudiciais em decorrência de sua divulgação.
Parágrafo único – por inédita entende-se a obra autoral que não foi cedida,anteriormente, a qualquer título para outro titular, e que não foi publicada ou utilizada (naforma como ora é apresentada) por outra pessoa que não o seu próprio autor.
Cláusula 11ª – As partes poderão renunciar ao presente contrato apenas nos casos emque as suas cláusulas não forem cumpridas, ensejando o direito de indenização pelaparte prejudicada.
Cláusula 12ª – Fica eleito o foro de Curitiba, Paraná, para dirimir quaisquer dúvidasrelativas ao cumprimento do presente contrato.
E por estarem em pleno acordo com o disposto neste instrumento particular aCESSIONÁRIA e o CEDENTE assinam o presente contrato.
Curitiba, de de
______________________________________CEDENTE
______________________________________CESSIONÁRIA
______________________________________TESTEMUNHA 1
______________________________________TESTEMUNHA 2
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
MARIA REGINA PEREIRA GANDIN
FORMAÇÃO PARA A CIDADANIA: JOVENS DO GRÊMIO ESTUDANTIL NO COMBATE
À VIOLÊNCIA ESCOLAR
CURITIBA
2013
MARIA REGINA PEREIRA GANDIN
FORMAÇÃO PARA A CIDADANIA: JOVENS DO GRÊMIO ESTUDANTIL NO COMBATE
À VIOLÊNCIA ESCOLAR
Unidade Didática apresentada ao Programa
de Desenvolvimento Educacional (PDE) da
Secretária de Estado da Educação do
Paraná.
Orientação: Dra. Suzana Cini Freitas
Nicolodi
CURITIBA
2013/2014
UNIDADE TEMÁTICA
APRESENTAÇÃO
Esta produção didática tem como objetivo final capacitar os membros do Grêmio
Estudantil com a formação para a cidadania no combate à violência escolar, promovendo
o protagonismo juvenil, como mediadores de conflitos entre os alunos dentro e fora do
ambiente escolar.
O desejo é incentivar o respeito aos direitos e deveres civis, políticos, sociais e
comunitários, no sentido de promover a harmonia e a paz entre os educandos, e no
ambiente escolar, ressaltando o aprendizado de qualidade com saber cientificamente
elaborado, produzido pela humanidade, além de permitir a todos o acesso e permanência
na escola, evitando a evasão escolar e a promoção do exercício da cidadania crítica e
consciente entre os jovens do grêmio estudantil, fortalecendo a sua representatividade na
gestão democrática na escola.
Cremos que com a criação de projetos culturais, esportivos, sociais e comunitários,
com a finalidade de envolver os demais alunos nessas atividades, possibilitando sua
retirada das ruas onde a violência é uma constante possa ser uma possibilidade de atingir
nosso objetivo.
Para tanto, foram desenvolvidas atividades correlacionadas a cidadania, violência
escolar e grêmio estudantil, acreditando no potencial juvenil. Com o fomento a
cidadania entendemos que seja possível a compreensão da importância do respeito
mútuo e da conscientização, da necessidade do diálogo contínuo para obtermos
convivências pacíficas e vivências positivas dentro e fora da escola. Mínimo desejável
para um espaço que é destinado ao aprendizado e é determinante para o crescimento do
indivíduo como cidadão consciente, atuante, crítico no ambiente que está inserido.
Nessa perspectiva cremos na necessidade em realizar intervenções pedagógicas
que busquem melhorar as relações entre os sujeitos no âmbito escolar, bem como,
contribuir para a compreensão das diferentes formas de violência ocorridas no espaço
escolar.
Esta produção pretende respaldar a ações através do fomento a cidadania ao
grêmio estudantil para que estes sejam multiplicadores da cultura da não violência dentro
e fora do ambiente escolar, favorecendo o diálogo e a paz entre os alunos. É nesse
sentido que este material se justifica, para contribuir para o bem estar dos menos
favorecidos, que têm seus direitos violados e sua cidadania afrontada.
A sociedade reflete na escola inúmeros fatores que podem desencadear a
violência dentro e fora do ambiente escolar, como condições socioeconômicas da
população, baixa empregabilidade, exclusão social, baixa escolaridade, pouca valorização
da escola e é nesse viés que entendemos o grêmio estudantil como representação
discente e organizadora dos interesses estudantis como um importante e profícuo espaço
de aprendizagem, cidadania, convivência e responsabilidade que merece mais
investimento pedagógico. O desenvolvimento dos conteúdos serão realizados em contra
turno por meio de oficinas, debates slides, filmes, relatos, apresentação e avaliação.
INTRODUÇÃO
A educação é a base para o desenvolvimento do país, na melhora das condições
de vida de seus habitantes. A escola é um bem público e cabe a todos a preservação de
seu espaço físico e intelectual, garantindo a sua integridade para as gerações futuras,
buscando meios para a sua qualificação, acesso e permanência neste espaço.
Todavia, chegamos à engrenagem da crise social brasileira e da fragilidade de
nossa cidadania, sendo todos afetados. Para resolver a situação de violência na escola e
nas ruas, temos que tomar parte dos acontecimentos e não ficar esperando que os
governantes tomem atitudes em nossa defesa. A transformação da sociedade está em
nossas mãos. É dever de todos tirar a cidadania do papel e fazer com que nossos direitos
e deveres sejam respeitados, entendendo que a educação tem, também, a função de ser
humanizadora.
O homem não nasce humanizado, mas torna-se humano por seu pertencimento ao
mundo histórico-social e pela incorporação desse mundo em si mesmo. A escola tem por
objetivo promover o acesso ao mundo do conhecimento, dando condições para o
desenvolvimento do aluno e do seu aprendizado. Cremos que o Grêmio Estudantil, sendo
um órgão colegiado que faz parte da gestão escolar, deva ser estimulado a exercer seu
protagonismo juvenil na promoção de eventos para atrair os alunos, evitando, assim, a
permanência deles nas ruas expostos à violência. E, ainda, marcar liderança junto aos
demais alunos no sentido de fomentar boas ações no combate à violência escolar,
estimulando um ambiente de paz e harmonia entre os estudantes, buscando a paz dentro
e fora da escola.
CIDADANIA E EDUCAÇÃO
Pensamos em trazer neste tópico, alguns conceitos de cidadania trabalhados por
autores estudiosos da área para que possam nos auxiliar na amplitude de sua
compreensão.
Para Pinsky (1999, p. 10),
A cidadania autêntica prende-se à ideia de contrato social, ou seja, a um complexode direitos e deveres, que cada um de nós tem para com os outros. Existe adiferença entre os contratos bilaterais e plurilaterais, ou seja, os sociais. De umlado operam os interesses individuais, beneficiando-se a custo dos outros. Noscontratos sociais, as partes não são antagônicas, coloca-se uma ao lado da outra,procurando unir esforço para o bem comum.
Argumenta Pinsky (1999, p. 13), “cidadania é participação, é ter direitos e
obrigações, é ao contrário do que muitos pensam, se aprende na escola.” A educação
para a cidadania nunca é uma tarefa indiferente para o bom funcionamento de um regime
político.
Cidadania abrange uma série de direitos, deveres e atitudes relativos ao cidadão.
Cidadania pressupõe o pagamento de impostos, mas também a fiscalização de sua
aplicação, o direito a condições básicas de existência acompanhado da obrigação de
zelar pelo bem comum.
Cidadania pode ser qualquer atitude cotidiana que implique a manifestação de uma
consciência de responsabilidade. Exigir direitos é parte da cidadania, mas respeitar os
contratos sociais é sua obrigação.
De acordo com Pinsky (1999, p. 96), “a cidadania não é contudo, uma concepção
abstrata, mas uma prática cotidiana. Ser cidadão não é simplesmente conhecer, mas, sim,
viver. Não há possibilidade de ser cidadão num regime totalitário, como a Alemanha de
Hitler, a Itália de Mussolini ou uma nação de governo militar.” Entretanto, a
democratização formal não transforma todos do país em cidadãos. A cidadania e a
liberdade não é ser outorgada, mas conquistada. Cabe aos educadores abrir espaço para
a discussão da cidadania e os limites em sua prática.
De acordo com Pinsky (1999, p. 112), “a questão central tem a ver com a própria
prática da cidadania. A escola pública é, frequentemente, vista como um órgão
governamental, como um aparelho do Estado, não como um órgão da sociedade que visa
permitir oportunidades iguais a todos.” Abramos espaço, então, por meio de nossas
práticas pedagógicas, para que a cidadania floresça.
ÉTICA E CIDADANIA FRENTE À POBREZA
Da mesma forma, compreendendo que ética e cidadania são conceitos que se
complementam, pensamos importante resgatar o que, aqui, tratamos por ética
relacionando-a frente à pobreza, alicerçados teoricamente.
Segundo Rodrigues (1994, p. 12), “ética, estudo dos juízos de apreciação referente
à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja
relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto.” A ética norteia as ações
humanas dentro de uma sociedade democrática onde persistem valores morais e
humanísticos.
Na modernidade, a discussão modernista está em pauta, buscando caracterizar os
conflitos na sociedade atual. Diante da transformação que promete as mais fantásticas
realizações humanas, vivemos uma situação de elevação do ego, entretanto, estamos
prestes a um colapso que ameaça a destruição de todos. Deparamos com a opulência
das conquistas tecnológicas e com a indigência de milhões de pessoas. O abismo entre o
luxo e a miséria cresce assustadoramente ameaçando a humanidade.
Segundo Gallo (2012, p. 8), “o conceito de pobreza já não é suficiente para
designar o estado de milhões de homens que vivem à margem dessas conquistas da
modernidade.” De acordo com Gallo (2012, p. 11), “o jovem é a força do movimento,
reagindo contra a acomodação e, portanto, incomoda os acomodados que se esquecem
de que já passaram por isso.”
Para Gallo (2012, p. 18), “só podem governar a sociedade aqueles que tem a
possibilidade do pleno uso da razão, pois só eles podem compreender a ideia de justiça e
dirigir os demais segundo ela.” Todo dirigente deve possuir consciência plena de sua
atuação na representação de todo segmento social.
Não é apenas nas ruas e nas favelas que a violência se manifesta. O jovem é
vítima nos lugares onde deveriam estar seguros, em sala de aula. Depredações do prédio
escolar, roubos, agressões físicas entre os alunos ou professores. A violência dentro da
escola é a expressão da violência da sociedade. Eles levam para o interior escolar, o
comportamento agressivo de seu entorno. Para mudar a indiferença e hostilidade, é
preciso combater a violência na sua raiz, missão cada vez mais difícil.
De acordo com Dimenstein (2011, p. 39), “está provado que violência gera
violência. A rua é uma escola preparatória para a criança. No menino marginal esculpe-se
o adulto marginal, talhado diariamente por uma sociedade violenta que lhe nega
condições básicas de vida.” O garoto abandonado é um adulto abandonado de amanhã,
onde todos são vítimas da sociedade que não consegue garantir a paz social.
É necessário o envolvimento da comunidade na educação. É importante o
envolvimento governamental na educação e preparo dos professores. Segundo
Demenstein (2011, p. 137), “quanto mais informados os cidadãos, mais difícil será a vida
de governantes incoerentes. E não se trata apenas de questão política. Trata-se de fazer
valer todos os direitos.”
Para o autor (2011, p. 140), “uma nação civilizada se constrói também com a
democratização do conhecimento, o que implica boas escolas públicas e bons
professores. A ideia é simples, óbvia, mas ainda não se concretizou.” Muitos professores
não se atualizam em seus conhecimentos, e, como consequência, não conseguem passar
informações atualizadas aos alunos mas, não são culpados e sim vítimas desse cenário.
A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS
A violência presente nas escolas vem, na maior parte das vezes, das
desigualdades sociais, desestruturação familiar, do desemprego. Devem haver elementos
que possam modificar de forma pacífica o ambiente escolar, levando o educando à cultura
da paz. Elevar a importância da qualidade do ensino inserindo a comunidade nas
participações escolares na prevenção à violência.
Têm-se no Paraná elevados índices de criminalidade e também a desigualdade
social, a miséria, a ausência do poder público. Nos dias atuais, a violência parece estar
mais intensa do que em outras épocas. Atinge a vida no cotidiano. A violência faz parte de
uma história, não é novo, são interações de um processo. Uma nova questão é o conceito
de violência e o que se considera como tal. Outra situação nova é o que chamam de
cultura da violência, que se concretiza pelos sinais mais diversos, de acordo com a
ambivalência do imaginário social sobre o tema. Não se pretende retirar a escola do
contexto social, considerando apenas a escola em si, refletindo um estado de violência
generalizado que teria origem fora das escolas. Debate-se a necessidade de olhar
cenários, situações e processos sociais quando o tema é violência. Ao se priorizar, em
relação à violência, a escola como o lugar, parte-se da conclusão de que há violência na
escola e violência da escola.
Diante da complexidade de definir violência, existe uma tendência na leitura de
conceituar a violência de uma maneira mais abrangente ao contrário de relacioná-la
apenas com os atos que causam danos físicos a indivíduos ou grupos e também contra si
mesmo. Chauí (1999, p. 5), define violência como:
Tudo o que age usando a força para ir contra a natureza de alguém é desnatural.Todo ato de força contra a espontaneidade, a vontade e a liberdade de alguém écoagir, constranger, torturar, brutalizar. Todo ato de transgressão contra o quealguém ou uma sociedade define como justo e como direito. Consequentemente,violência é um ato de brutalidade, serviço e abuso físico ou psíquico contraalguém.
Não se pretende retirar a escola do contexto social, considerando apenas a escola
em si, recusa-se a tese de que tão somente reproduz processos gerais, refletindo um
estado de violência generalizada que teria origem fora das escolas. Busca-se olhar
situações e processos sociais quando o tema é violência. Ao se priorizar, em relação à
violência, a escola como o lugar de aprendizado onde o aluno deveria estar seguro.
Presente em nossos dias, a violência traz indagações e reflexões. Por que existe
esta convivência do ser humano com a violência, com a crueldade? Por que, apesar das
condenações éticas e morais, o olhar sobre a violência é uma mistura de medo,
indignação e também indiferença? A violência é vivenciada, contraditoriamente, como algo
inaceitável e ao mesmo tempo banal. Percebida como difícil de evitar e fatal, fazendo a
sociedade acomodar-se. Sala de aula é um espaço reservado ao aprendizado e a
formação dos indivíduos. Entretanto, muitos a consideram insegura nos dias atuais.
No Estado do Paraná, a Rede Paranaense de Televisão, por meio da Campanha
“PAZ SEM VOZ É MEDO”, fez uma análise sobre a situação de violência nas escolas
públicas. De acordo com essa emissora na sua pesquisa, o envolvimento com drogas,
ataques, brigas e bullying são os principais riscos. Segundo a pesquisa, o principal
problema para transformar a escola em um ambiente seguro é a falta de participação dos
pais na vida escolar dos filhos. Portanto, nesta ótica, a responsabilidade de garantir a
segurança é da escola, ou seja, os pais transferiram para a escola o encargo de educar
os filhos. Segundo Odálio (2004, p. 85), “desde o momento em que um longínquo
ancestral do homem fez de um osso a primeira arma, a violência sempre caminhou lado a
lado com a civilização. E chega aos dias de hoje nas mais diversas formas: física, racial,
sexual, política, econômica.” De acordo com o autor,
Existe uma grande diferença entre um ato violento e um estado de violência. O atoviolento e um estado de violência. O ato violento não traz em si uma etiqueta deidentificação. O mais óbvio dos atos violentos, a agressão física, o tirar a vida deoutrem, não é tão simples, pois, pode envolver tantas sutilezas e tantas mediaçõesque pode vir a ser descaracterizado como violência. (ODÁLIO, 2004, p. 12)..
O autor argumenta, frente a essa observação, que os costumes e as tradições das
sociedades humanas encobrem certas práticas violentas, consequentemente, dificultam a
compreensão imediata de seu caráter. Observa-se no cotidiano das sociedades
contemporâneas o problema do assassinato, uso de armas, envenenamento, terrorismo,
ações políticas, guerras, onde muitas pessoas são mortas sem a consideração que essa
ação é violência. Todavia, considera Odálio (2004, p. 23), “toda violência é
institucionalizada quando admito explícita ou implicitamente, que uma relação de força é
uma relação natural, como se na natureza as relações fossem de imposição e não de
equilíbrio.” Com tanta violência o mundo contemporâneo parece acostumado com a
situação. O poder público não toma posição de enfrentamento com ações eficazes neste
sentido. Neste contexto, diz Michaud (1994, p. 11),
Há violência quando, numa situação de interação, um ou vários atores agem demaneira, maciça ou esparsa, causando danos a uma ou várias pessoas em grausvariáveis, seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral, em suasposses, ou em suas participações simbólicas e culturais (…) a violência podeassumir duas formas distintas: os estados de violência e os atos de violência. Osatos de violência correspondem ao distanciamento de indivíduos ou da sociedadedas normas jurídicas e morais preestabelecidas, causando danos a uma ou váriaspessoas em graus variáveis, seja em sua integridade moral ou física, seja apropriedade privada ou em suas participações simbólicas e culturais (…) nosestados de violência os indivíduos sobrevivem à margem de seus direitos. Cabeao Estado e a seus representantes o papel de agentes de controle da violência,seja ela psicológica ou moral, sobre seus inimigos. Consideram-se como inimigosdo Estado todos aqueles que se opõem a um governo antidemocrático, e é sobreesses indivíduos que recairá a ira do Estado e de seus dirigentes.
A violência envolve a ideia da existência de uma distância em relação às normas e
às regras que governam as situações ditas naturais. Não há como definir eventos que não
tem regularidade e que pode ocorrer em qualquer momento, pois, transgride regras e
normas, a violência na escola é uma ameaça a todos. A violência estabelece violação as
regras normas e costumes.
A cultura da violência está construindo uma nova hierarquia moral, na qual quem
ocupa a posição de agressor é o objeto de temor e de ódio por parte da vítima, e quem
ocupa a posição de vítima é o objeto de desprezo e indiferença por parte do agressor.
Todos se sentem poderosos e vulneráveis, e desse paradoxo nasce o medo social, que
transforma o ser humano pacato em mais uma “fera do asfalto”.
Assim, a violência está se tornando permanente que é possível que cause
concepções equivocadas sobre a violência real. Segundo Pedroso (2003, p. 91), “a
estrutura de poder que tem prevalecido no Brasil no século XX pressupõe a negação dos
direitos da maioria da população. Assim, o sistema de exploração tem sido reproduzido
sem acidentes maiores. Uma visão abrangente da história pode levar-nos à compreensão
dos percursos do autoritarismo no Brasil.” Para a compreensão desse processo deve-se
buscar nas origens históricas mais variados contextos sociais: a violência familiar, a
discriminação racial, a violência contra a mulher e a criança, os justiceiros, os
linchamentos. Na leitura do processo histórico notamos traços autoritários em nosso país.
De acordo com a ideologia autoritária, faz-se uso da violência que se torna necessária,
para a manutenção da desigualdade entre os homens.
GRÊMIO ESTUDANTIL: UM NOVO OLHAR PARA A EDUCAÇÃO
Segundo Fedder (1965, p. 132), “não podemos de um lado sufocar as
necessidades, aptidões e interesses dos indivíduos e, outro esperar que eles tomem seus
lugares como adultos independentes e de caráter numa sociedade democrática”. O
sentimento de pertencer torna o ser humano membro da sociedade e passar a ter ações
modificadoras no meio social que está inserido.
Para Oliveira (2009, p. 4), “é curioso que a organização dos estudantes não seja
objeto de estudos mais acionados, pois, a literatura tem sugerido como aspecto
importante na democratização da gestão escolar.” A escola precisa investir e incentivar a
formação e atuação do grêmio estudantil, pois, enriquece muito a vivência dos estudantes
oportunizando a participação na gestão escolar, promovendo eventos que unificam os
estudantes em busca de mudanças em seu meio.
A atuação da juventude na política vem de longa data, desde 1964 com a ditadura
militar reprimiu o movimento dos estudantes, impedindo as atividades dos grêmios. Em
muitas escolas, os alunos transgrediram às leis arbitrárias de repressão mantendo as
atividades dos grêmios por se tornar importantes núcleos democráticos de resistência à
ditadura militar. Com a redemocratização brasileira, as entidades estudantis voltaram a
ganhar espaço, reconhecimento de seu importante papel na formação cidadã da nossa
juventude.
Momento importante para a organização nacional dos estudantes no Brasil foi a
criação da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 1937. Em 1963 e 1964, os
estudantes foram responsáveis pela movimentação cultural da história do país, onde a
UNE promovia ação cultural para os jovens se integrarem ao grupo e defender a
democracia retirada pela ditadura militar. Em 1º de abril de 1964, o golpe militar derrubou
o presidente João Goulart, instituindo a ditadura militar no Brasil, que durou até 1985. As
eleições indiretas sem a participação popular. Os estudantes formavam resistências ao
regime militar, apesar da intensa repressão neste período. Em 1984, aflorou em vários
setores progressistas da sociedade brasileira uma campanha pelo restabelecimento da
democracia no país. Foi em 1985 que os grêmios estudantis ganharam espaço e
reconhecimento, quando o Poder Legislativo, assegurou pela lei 7.398, como entidades
autônomas de representação estudantil.
A Secretaria de Educação incentiva a criação de representação estudantil, pois
aponta para a democratização da escola. Os grêmios estudantis compõem a tradição da
juventude. As atividades do grêmio estudantil encaminham muitos jovens para os
primeiros passos na vida social, cultural e política. Assim o grêmio contribui decisivamente
para a formação e o enriquecimento educacional de grande parcela de nossa juventude.
É nesse sentido que compreendemos, no contexto deste estudo, que o grêmio
estudantil possa ser percebido como importante espaço de multiplicação para o
empoderamento estudantil no âmbito de práticas cidadãs.
ATIVIDADE 1
CIDADANIA: SEUS CONCEITOS E DESDOBRAMENTOS
1- Levantamento das representações conceituais dos estudantes sobre Cidadania.
Durante o relato o professor anotará as definições no quadro. Após a fala dos
estudantes, realiza-se a leitura das definições apresentando ao grupo as definições de
cidadão e cidadania de acordo com vários autores, relacionando com os conceitos
trazidos pelos estudantes.
2- Exibição do Filme: VIDA DE INSETO
Discussão sobre o tema do filme e construção pelo grupo de um conceito coletivo de
cidadania que contemple seu entendimento.
O conceito coletivo será exposto em cartazes para que facilite a visualização e
retomada sempre que necessário, além de serem afixados pelo colégio.
OBJETIVO: Identificar e construir os conceitos de cidadão e cidadania.
MATERIAL DE APOIO:
-Filme: A vida de inseto.
-TV pendrive.
-Cartolina, Pincel atômico.
ATIVIDADE 2
VIOLÊNCIA ESCOLAR
VÍDEO: ENTRE OS MUROS DA ESCOLA.
Após a discussão sobre o tema do filme, orientar a construção de um diagnóstico
desenvolvido pelos estudantes que possa espelhar a realidade na qual estão inseridos,
contemplando questões como:
-Que tipos de violência podem ser encontrados dentro do contexto escolar?
-Quais as possíveis causas?
-Qual o papel do cidadão frente à violência escolar?
-Quais as possibilidades de reduzir a violência escolar?
-Como sensibilizar a comunidade escolar em relação ao tema?
OBJETIVO: Sensibilizar e oportunizar a reflexão e tomada de consciência dos estudantes
do grêmio estudantil sobre a violência escolar e seus efeitos na aprendizagem dos
mesmos, bem como sua atuação na comunidade onde estão inseridos. Fomentar a
participação na resolução de conflitos dentro e fora da escola, prevenindo a violência com
a mediação e intervenção do grêmio estudantil.
MATERIAL DE APOIO:
- Filme: Entre os muros da escola.
- TV pendrive.
- Cartazes montagem de textos em grupo. Apontar soluções para a violência escolar.
ATIVIDADE 3
GRÊMIO ESTUDANTIL: UMA POSSIBILIDADE EMANCIPATÓRIA
OBJETIVO: Despertar no jovem do grêmio estudantil o interesse e a participação
consciente no colegiado, promovendo a cidadania entre os alunos na solução de
possíveis problemas que afligem sua comunidade.
Promover aos educandos ações que possibilitem uma formação crítica e cidadã,
tornando-os sujeitos de transformação na solução de conflitos dentro e fora da escola.
MATERIAL DE APOIO: Slides, TV pendrive.
Apresentar na TV pendrive os slides fazendo a explicação ao grupo promovendo o
diálogo com os participantes problematizando questões como:
Você conhece as leis que regem o grêmio estudantil?
O que é a UNE?
Quando foi fundada?
Qual o objetivo da existência da UNE na vida dos estudantes?
Como era o comportamento dos estudantes do grêmio estudantil frente à ditadura militar?
Qual é a função do grêmio estudantil na escola e na sociedade?
FONTE: Orientação de clubes e grêmios 1965. Projeto de Intervenção Pedagógica na
escola. 2011.
2ª ETAPA
Partindo do diagnóstico construído no encontro anterior, traçar objetivos e implementar
ações na escola que possam possibilitar a conscientização, sensibilização e adesão dos
demais estudantes sobre a violência escolar.
Estas ações poderão ser promovidas através de eventos culturais, esportivos, políticos e
sociais, conforme o construído e acordado coletivamente. Ou, ainda, por meio da
organização de grupos de estudo e artísticos, incentivando a participação dos demais. Em
outros termos, os estudantes do Grêmio intervirão como mediadores e multiplicadores de
boas práticas frente aos conflitos na escola.
ATIVIDADE 4
ADMINISTRANDO CONFLITOS
Na realização dessa oficina, o professor exibirá slides exemplos de conflitos escolares e
sua administração, promovendo um debate com o grupo para esclarecer esse assunto.
No decorrer do processo, será eleito um mediador de conflitos e os demais serão
divididos em grupos. Cada grupo deverá tomar posição opostas, baseando em um tema
polêmico. O mediador deverá buscar a melhor forma para sanar as dificuldades que
surgirão. Ao final de 30 minutos o grande grupo discute como foi o processo de discussão
e mediação baseados nos estilos de administração de conflitos.
OBJETIVO: Reconhecer os estilos e maneiras de administração de conflitos em situações
problemas.
MATERIAL DE APOIO: Textos com definições e slides.
CONFLITO: Faz parte da vida humana, na vida de cada pessoa, parte inevitável da
natureza humana. Contrário a cooperação, divergência, dissonância, controvérsia ou
antagonismo.
ATIVIDADE 5
IMPLEMETAÇÃO DAS AÇÕES
ATIVIDADE:
Este é o momento que os estudantes implementarão as atividades elaboradas
coletivamente. Não é possível lista-las aqui, pois elas poderão variar, uma vez que
decorrerão de ações e tomadas de decisões do grupo. Neste momento nos cabe,
enquanto educadores, respaldar e acompanhar tais ações, incentivando práticas
emancipatórias.
OBJETIVO:
Fomentar as boas práticas e iniciativas dos estudantes em direção da solução de
conflitos.
ATIVIDADE 6
AVALIAÇÃO
Ordenar os alunos em conjunto para produzirem um quadro em cartolina utilizando tinta
guache, canetas coloridas e recortes de revistas e jornais, no qual expressem o
aprendizado com o trabalho desenvolvido nesta unidade didática.
O resultado deste trabalho será fixado em mural na escola como um marco na efetiva
atuação do grêmio.
OBJETIVO: Estabelecer correlação entre os temas trabalhados durante esta unidade
temática, que contribuirá no aprimoramento da Instância Colegiada, o grêmio estudantil.
MATERIAL DE APOIO: Cartolina, canetas coloridas, pincéis, tinta, guache, cola, revistas,
jornais, tesoura.
REFERÊNCIAS
CHAUÍ, M. Boas vindas à filosofia. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
DIMENSTEIN, G. O cidadão de papel. São Paulo: Ática, 2011.
FEDDER, R. Orientação de clubes e grêmios […] Teachers N. Y, 1965.
GALLO, S. Ética e cidadania. São Paulo: Papirus, 2012.
MICHAUD, Y. A violência. São Paulo: Scipione, 1994.
ODÁLIO, N. O que é violência: coleção primeiros passos. São Paulo: Brasiliense,
2004.
OLIVEIRA, J. N. Projeto de intervenção pedagógica na escola. Maringá, 2011.
PEDROSO, R. C. Violência e cidadania no Brasil. São Paulo: Ática, 2003.
PINSKY, J. Cidadania e educação. 3ª ed. São Paulo: Contexto, 1999.
RODRIGUES, C. Ética e cidadania. São Paulo: Moderna,1994.