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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

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O Papel do Gestor como líder na constituição do clima e da cultura organizacional no espaço escolar

Silvia Vieira Dias1 - Professora SEED - PR

Maria Sílvia Bacila Winkeler2 - UTFPR

RESUMO

Este artigo traz um questionamento sobre a importância do papel do gestor na constituição do clima e da cultura organizacional no ambiente escolar público, a partir de um levantamento bibliográfico com conceitos de gestão democrática escolar, liderança, clima e cultura organizacional e por meio da análise de dados coletados com questionário estruturado aplicado em uma escola estadual do estado do Paraná. Com isso, foi possível perceber que a constituição do ambiente para um ponto de vista negativo ou positivo por parte dos integrantes da comunidade escolar, tem a ver com o papel que o gestor escolar (diretor) exerce nesta comunidade escolar e isto também influencia o processo de ensino aprendizagem.

Palavras-chave: Gestão Escolar. Liderança. Clima e Cultura Organizacional.

ABSTRACT

This article brings a discussion about the importance of the role of the Manager in the climate and organizational culture in the public school environment, from a bibliographical survey with democratic school management concepts, leadership, and organizational culture and climate, through the analysis of data collected with structured questionnaire applied in a public school in the State of Paraná. With this, it was possible to notice that the constitution of the environment for a negative or positive viewpoint on the part of the members of the school community, it has to do with the role the school Manager (Director) has in this school community and it also influences the teaching learning process.

Keywords: School management. Leadership. Organizational culture and climate.

1 Graduada em Ciências Biológicas com habilitação em Matemática pela UNIVALE e

especializada em Gestão Escolar pela UFPR. Vinculada ao Colégio Estadual Zumbi dos Palmares – Colombo, PR. E-mail: [email protected]

2 Doutora em Educação pela PUCPR. Professora Adjunta do Departamento de Educação - DEPED – UTFPR-CT. E-mail: [email protected]

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INTRODUÇÃO

Quando se passa pelas escolas públicas é possível notar diferenças nas suas

estruturas físicas no que diz respeito ao cuidado e à manutenção das mesmas, bem

como notam-se alterações no que se refere ao ambiente de trabalho em si, se é um

ambiente alegre, descontraído, com liberdade para a exposição de ideias e opiniões;

ou se as pessoas estão desanimadas e descontentes, oprimidas por terem que

obedecer a ordens e não possuírem a oportunidade de participar das decisões

tomadas. Essas diferenças comportamentais geradas no ambiente escolar são o

objeto de estudo do clima e da cultura organizacional.

Neste sentido, em tempos atuais, em que as políticas públicas educacionais

traçadas têm enfatizado a necessidade de aumento do nível de escolaridade da

população, a melhoria da qualidade de ensino ofertada, bem como a busca de

garantias de acesso e permanência dos alunos nas escolas da rede pública, fundada

na democratização da gestão escolar, questiona-se como a ação dos gestores pode

contribuir para a qualidade do ensino, partindo da análise do clima e da cultura

organizacional do espaço escolar público.

O objetivo deste trabalho foi propor uma análise do clima e da cultura

organizacional do espaço escolar público estadual por meio de pesquisa qualitativa a

fim de conhecer e favorecer o trabalho da gestão escolar visando à melhoria da

qualidade de ensino nas escolas públicas analisadas. Segundo André e Lüdke (1986),

citado por Winkeler (2014), os estudos qualitativos são muito relevantes na área

educacional e possuem algumas características que contribuem para isso: as ações

são melhores entendidas por serem analisadas naturalmente em seu contexto; diante

disso, “toda e qualquer informação é relevante” para compreender o objeto de estudo;

promove a análise de todo o processo da pesquisa e não apenas do resultado da

mesma; privilegia “as distintas possibilidades de cada sujeito, de cada contexto, do

que determina aquela situação a ser pesquisada”. Dessa forma, não as hipóteses não

estão definidas, mas se modificam no decorrer da pesquisa.

Com essa proposta, procurou-se averiguar como a ação dos gestores pode

contribuir para a qualidade do ensino, partindo da análise do clima e da cultura

organizacional no espaço escolar, uma vez que, segundo Paro (2001), “se queremos

uma escola transformadora, precisamos transformar a escola que temos aí ... Nesse

sentido que precisam ser transformados o sistema de autoridade e a distribuição do

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próprio trabalho no interior da escola”.

Dessa forma, é necessário um conhecimento geral dos problemas enfrentados

pela comunidade escolar por parte dos gestores para que estes possam realizar um

planejamento que pode e deve se iniciar a partir do trabalho deles mesmos,

considerando que são os próprios gestores que irão fazer a diferença para que haja

um trabalho em equipe de modo a haver um esforço coletivo e uma mobilização

conjunta para superar as dificuldades do cotidiano escolar, o que justifica plenamente

este trabalho, que foi realizado junto aos gestores e demais integrantes da

comunidade escolar do Colégio Estadual Zumbi dos Palmares que se localiza no

município de Colombo, região metropolitana de Curitiba.

Neste artigo serão apresentadas considerações teóricas referentes à gestão

democrática na escola, clima organizacional, cultura organizacional e tipos de

liderança obtidas por meio de pesquisa bibliográfica contemplando autores como Paro

(2001) e Lück (2009), (2010), dentre outros.

Na sequência, serão apresentados os dados coletados por meio de

questionário estruturado aplicado a integrantes da comunidade escolar do colégio em

questão, seguido de uma análise destes dados que culminará nas considerações

finais, conciliando teoria e prática de modo a contribuir para a constituição da gestão

democrática e, consequentemente, para o processo ensino-aprendizagem do ensino

público.

DEMOCRACIA E GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA

A democracia surgiu da necessidade do homem em participar de um processo

amplamente coletivo perante às decisões e questionamentos sobre os diversos

assuntos relacionados à comunidade em que vive.

Legalmente, a gestão democrática das escolas públicas brasileiras está

prevista na Constituição Federal de 1988, Art. 206, inciso VI, como um dos princípios

a partir do qual o ensino público deverá ser ministrado. Também é colocada como

princípio na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei nº 9.394/1996),

em seu Art. 3º, inciso VIII.

Segundo Silva (2006):

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Discutir a gestão escolar democrática implica apreender conceitualmente os significados da autonomia decretada e da autonomia construída. Implica, ainda, perceber como se produz, na concretude da ação pedagógica, a autonomia conquistada pelo coletivo da escola. Além da autonomia que é entendida como a utilização, com transparência, dos recursos públicos transferidos às escolas.

O conceito de gestão escolar foi criado para superar um possível enfoque

limitado do termo administração escolar. Foi constituído a partir dos movimentos de

abertura política do país que começaram a promover novos conceitos e valores,

associados, sobretudo, à ideia de autonomia escolar, à participação da sociedade e

da comunidade, à criação de escolas comunitárias cooperativas e associativas e ao

fomento às associações de pais, tendo com marco a última lei de ensino, a 9394/96.

Assim, no âmbito da gestão escolar, o estabelecimento de ensino passou a ser

entendido como um sistema aberto, com uma cultura e identidade próprias, capaz de

reagir com eficácia às solicitações dos contextos locais em que se inserem.

A gestão escolar aponta questões concretas da escola e de sua administração,

baseadas no que se convencionou chamar de “escolas eficazes”. Estas possuem

características como orientação para resultados, liderança marcante, consenso e

coesão entre funcionários a respeito dos objetos da escola, ênfase na qualidade do

currículo e elevado grau de envolvimento dos pais.

A gestão democrática nas escolas não surge de uma necessidade semelhante

a democracia política, porém podemos citar que essa necessidade é proporcional às

questões educacionais envolvidas no processo de evolução científica. A grande

mudança está no modo de gerir as novas escolas.

Esse novo estilo de conduzir os processos educacionais dentro de uma escola

consiste na abertura de todos os setores dinâmicos dela para todos os indivíduos da

comunidade escolar, de modo que essas pessoas possam se apropriar dos

conhecimentos, decisões e ações de todos os setores, descentralizando o poder

totalitário do diretor da escola, envolvendo além dos professores e funcionários, os

pais, os alunos e qualquer representante da comunidade que esteja interessado na

escola e na melhoria do processo pedagógico.

Para o sucesso da organização, considera-se relevante que a gestão da escola

busque a participação de todos e em diferentes cargos (coordenação, professores,

técnicos-administrativos, serviços gerais) para uma melhor implantação dos objetivos

almejados e um comprometimento maior. Todos os integrantes da comunidade

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escolar contribuem para o processo educativo e, partindo deste princípio, devem estar

unidos pelos mesmos objetivos. Segundo (LÜCK, 2009, p.24):

Explicitar claramente o que representa educação, a escola, o ensino, o papel do diretor e dos professores na promoção do processo educacional é fundamental para que se possa atuar de forma consistente no contexto educacional. Quando uma mesma fundamentação e entendimento é compartilhado por várias pessoas empenhadas na mesma tarefa, elas passam a manifestar comportamentos convergentes e a adotar representações semelhantes sobre o seu trabalho, reforçando uns o trabalho dos outros e, dessa forma, construindo um processo educacional unitário. Mediante orientação por uma concepção comum de ver o universo educacional e atuando a partir de objetivos comuns reconhecidos como valiosos por todos os que compartilham da mesma visão, a educação ganha efetividade.

Uma ação realmente inovadora deve ser realizada com o objetivo final de

aproximar as pessoas da comunidade junto à escola que os atende, a fim de que se

crie um eixo transparente e seguro entre comunidade e escola. Em contraponto, sabe-

se com toda ação proposta ou projeto em educação requer tempo para que se

concretize, o que se percebe hoje é que a gestão democrática ainda não existe

fielmente na sua definição. O que se almeja de fato é uma gestão participativa na qual

a principal alternativa para que a escola se transforme em um ambiente de

crescimento contínuo e integrado, buscando a participação e o comprometimento de

todos.

A democracia da gestão escolar necessita de três processos básicos que

devem estar integrados a um projeto pedagógico compromissado com a eficácia de

uma sociedade moderna e justa: a participação da comunidade escolar na escolha

dos dirigentes escolares, a instituição do conselho ou colegiado escolar, formado por

representantes da própria comunidade escolar, pais, funcionários, professores, alunos

– com poderes deliberativos e decisórios e o repasse de recursos financeiros às

escolas que assegure a ampliação da autonomia.

A gestão democrática só será constituída por meio da prática de uma cultura

democrática e do diálogo como princípio participativo. As potencialidades e obstáculos

da participação da população na gestão da escola se encontram dentro e fora da

escola. Destacam-se, com relação aos determinantes internos à unidade escolar,

quatro tipos de condicionantes; materiais, institucionais, político-sociais e ideológicos.

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Com relação aos condicionantes materiais, trata-se das condições objetivas em

que se desenvolvem as práticas e relações no interior da unidade escolar. Na

realidade brasileira educacional, em geral, não se pode esperar condições ótimas de

trabalho como também a ocorrência de relações democráticas cooperativas. Da

ausência dessas condições podem contribuir para o retardamento de mudanças que

favoreçam o estabelecimento de tais relações. Entretanto, quando se fala em escolas

públicas é que na medida em que, alcançar os seus objetivos com um mínimo de

eficácia faltam recursos de toda ordem. Todavia é preciso tomar cuidado, não permitir

que essas dificuldades materiais sirvam como desculpa para nada fazer na escola.

Percebe-se tal fato quando, ao lado das reclamações a respeito da falta de recursos

e das modestas condições de trabalho não se desenvolve nenhuma tentativa de

superar tal condição ou de pressionar o Estado no sentido dessa superação, ou até

mesmo que a união de todos os envolvidos (pais, alunos, funcionários, comunidade)

que ao tornarem consciência das dificuldades, podem desenvolver ações para superá-

las. Segundo Paro (2001):

Dentre os condicionantes internos da participação na escola, os de ordem institucional são de importância fundamental. Diante da atual organização formal da escola pública, constata-se o caráter hierárquico da distribuição da autoridade, que visa a estabelecer relações verticais, de mando e submissão, em prejuízo de relações horizontais favoráveis ao envolvimento democrático e participativo. Os órgãos colegiados como a APMF e Conselho Escolar, que deveriam propiciar a participação mais efetiva da população nas atividades da escola parece não estar servindo satisfatoriamente a essa função devido ao seu caráter formalista e burocratizado.

Tendo em vista que a participação democrática não se dá espontaneamente,

sendo antes um processo histórico de construção coletiva, coloca-se a necessidade

de se preverem mecanismos institucionais que não apenas viabilizem, mas também

incentivem práticas participativas dentro da escola pública.

De acordo com Paro (2001):

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Com respeito à diversidade de interesses dos grupos que se relacionam no interior da escola, há que se reconhecer, primeiro, a identidade de interesses sociais estratégicos por parte de professores, demais funcionários, alunos e pais , já que, na escola pública que atende as camadas populares, todos são trabalhadores, no sentido mais amplo do termo .Cotidianamente as pessoas se orientam pelos seus interesses imediatos e estes são conflituosos consequentemente no intervir da escola as relações nem sempre serão harmoniosas, serão sim, muito conflituosas.

Na perspectiva de uma participação dos diversos grupos na gestão da escola,

parece que não se trata de ignorar ou minimizar a importância desses conflitos, mas

de levar em conta sua existência, bem como suas causas e suas implicações na busca

da democratização da gestão escolar como condição necessária para a luta por

objetivos coletivos e expressivos como o ensino de boa qualidade para qualidade para

a população. Assim, Paro (2001) aponta:

A participação democrática na escola pública sofre também os efeitos dos condicionantes ideológicos aí presentes. Por condicionantes ideológicos imediatos da participação estamos entendendo todas as concepções e crenças sedimentadas historicamente na personalidade de cada pessoa e que movem suas práticas e comportamentos no relacionamento com os outros.

Assim, se estamos interessados na participação da comunidade na escola, é

preciso levar em conta a dimensão em que o modo de agir das pessoas que aí atuam

facilita/incentiva ou dificulta/impede a participação dos usuários. É importante que se

considere tanto a visão da escola a respeito da comunidade quanto sua postura diante

da própria participação popular.

Ressalta-se também que os condicionamentos ideológicos imprimem a cada

um dos envolvidos características próprias, sua cultura, formação acadêmica, visão

de si próprio e de mundo, sua visão política de sujeito que atua e interage no seu

ambiente.

A gestão democrática é um caminho para equacionar todas essas proposições

e encontrar a melhor solução para concretizar os objetivos educacionais, profissionais

e culturais dos indivíduos e para que esta gestão se solidifique é preciso muito trabalho

seja ele dentro e fora da escola, nas instâncias federais, estaduais ou municipais,

enfim muita determinação de todos os envolvidos nos ambientes da educação.

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Nestes termos, é importante conceituar o que é “gestor”. O gestor é também

conhecido como Diretor Escolar e cabe a ele a orientação e a organização do trabalho

de todos que atuam na escola. Seu trabalho deve estar associado ao da supervisão

ou coordenação pedagógica, ao da orientação educacional e ao da secretaria da

escola, todos considerados participantes da equipe gestora da escola (LÜCK, 2009).

É importante que o gestor conheça seu papel na escola bem como trabalhe de

modo com que todos os demais integrantes do cotidiano escolar também conheçam

sua função de modo que seja possível integrar o trabalho de todos com um objetivo

comum: focalizar o trabalho no aluno e sua realidade de modo a contribuir para a

melhoria do ensino.

Segundo Penin, 2001 (citado por LÜCK, 2009, p.18):

Uma das competências básicas do diretor escolar é promover na comunidade escolar o entendimento do papel de todos em relação à educação e a função social da escola, mediante a adoção de uma filosofia comum e clareza de uma política educacional, de modo a haver unidade e efetividade no trabalho de todos. O desenvolvimento dessa concepção passa pelo estudo contínuo de fundamentos, princípios e diretrizes educacionais, postos tanto na legislação educacional, que define os fins da educação brasileira e organiza e orienta a sua atuação, quanto na literatura educacional de ponta e atual.

Assim, de acordo com Lück, 2009, para ser um bom diretor escolar é necessário

conhecer quais os desafios que a sociedade apresenta para a escola e sua

organização bem como para todos da comunidade escolar. Para tal, deve-se ter em

mente uma série de aspectos que englobam a educação, buscando respostas

conjuntas para questionamentos, como:

• Qual o sentido da educação, seus fundamentos, princípios, diretrizes e objetivos propostos pela teoria educacional e pela legislação? • Qual o sentido e os objetivos da educação na sociedade atual? • Como se organiza o processo educacional nos diferentes níveis e modalidades de ensino para atender as novas demandas? • Qual o papel da escola e de seus profissionais segundo as proposições legais e as demandas sociais? • Que princípios e diretrizes constituem uma escola efetiva? • Quem são os alunos a quem a escola deve atender? Quais suas necessidades? Suas características pessoais e orientações para a vida? • Quais suas necessidades educacionais e humanas, em relação ao seu estágio de desenvolvimento e seus desafios sociais? • Em que condições aprendem melhor?

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• Como se pode organizar a escola para oferecer ao aluno condições educacionais favoráveis para sua formação e aprendizagem efetiva? (LÜCK, 2009, p. 17)

Dessa forma, muitos integrantes da comunidade escolar pensam que se

aprende a dirigir uma escola apenas com a prática, e até mesmo muitos diretores

ainda veem na experiência a melhor (e, às vezes, a única) forma de se aprender o

ofício da gestão.

Não se descarta aqui o valor da prática, mas com o conhecimento dos padrões

de competências, segundo Lück (2009) é possível “estabelecer os parâmetros

necessários, tanto para orientar o exercício do trabalho em questão, como para

orientar os estudos e preparação para esse exercício”. Além disso, através desses

padrões, é possível avaliar o trabalho realizado e possibilita ao gestor estar sempre

aberto para melhorias apontadas como necessárias.

Trata-se de conhecer o “conjunto sistêmico de padrões mínimos necessários

para o bom desempenho das responsabilidades que caracterizam determinado tipo

de atividade profissional”, relacionado com a função desempenhada. Em relação à

pessoa, a competência se constitui na “capacidade de executar uma ação específica

ou dar conta de uma responsabilidade específica em um nível de execução suficiente

para alcançar os efeitos pretendidos” (LÜCK, 2009, p.12).

A questão do clima organizacional na escola

O clima organizacional representa a personalidade de cada instituição escolar,

manifestada nos conceitos e sentimentos que funcionários, professores e demais

membros da comunidade escolar partilham e sentem a respeito da organização

escolar, liderada pelo gestor, sendo que estes afetam de maneira positiva ou negativa

sua satisfação e motivação para o trabalho.

De acordo com Lück (2010, p.65):

O clima organizacional corresponde a um humor, estado de espírito coletivo, satisfação de expressão variável segundo as circunstâncias e conjunturas do momento, em vista do que seu caráter pode ser sobremodo temporário e eventual, dependendo da resolução das condições que criam essas características – daí a ser também cognominado de atmosfera.

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Essa atmosfera é construída e vivenciada por todos que fazem parte do

cotidiano e do ambiente escolar. É constituída a partir das relações interpessoais e

até mesmo por fatores externos relacionados ao ambiente físico da escola, como

reformas estruturais, por exemplo.

É possível identificar dois tipos de clima dentro das escolas: o clima fechado,

onde os membros do ambiente de trabalho não são considerados nem consultados,

representando-se, assim, como rígido, autocrático e constrangedor; e o clima aberto,

no qual é percebido um ambiente com indivíduos motivados, com o trabalho

reconhecido, uma vez que há a participação desses indivíduos em todos os níveis do

trabalho e das decisões.

De acordo com Brunet (1992):

O clima de uma organização reporta-se a uma série de características relativamente permanentes, que:

a) Diferenciam uma dada organização, podendo considerar-se que cada escola é suscetível de possuir uma personalidade própria, um clima específico; b) Resultem dos comportamentos e das políticas dos membros da organização, especialmente da direção, uma vez que o clima é causado pelas variáveis físicas (estrutura) e humanas (processo); c) São percebidas por membros da organização; d) Servem de referência para se interpretar uma situação, pois os indivíduos respondem às solicitações do meio de acordo com a percepção do clima; e) Funcionam como campo de força destinado a dirigir as atividades, na medida em que o clima determina os comportamentos organizacionais.

Dessa forma, gestores, para que possam ser considerados competentes, é

necessário que se debrucem sobre questões referentes ao clima e a cultura escolar e

sobre condições que criam e suas manifestações que expressam um conjunto de

respostas tácitas, atitudinais e comportamentais aprendidas coletivamente no

enfrentamento de desafios. Assim:

[...] É condição para que os fundamentos, diretrizes, princípios e objetivos

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sejam adequadamente formulados, construídos e interpretados à luz da realidade em que serão aplicados e sejam devidamente traduzidos para os atores, assim como esses atores, coletivamente organizados, compreendam os desafios próprios de organização de seu ambiente para tal implementação (LÜCK, 2010, p.26-27).

De maneira geral, clima e cultura organizacional não são termos sinônimos,

mas complementares e que estão intrinsecamente ligados:

É importante reconhecer que os conceitos de clima e de cultura organizacional estão intimamente interligados, de tal modo que não apenas se reconhece que um faz parte do outro como também se sobrepõem e se confundem em muitos aspectos, conforme se observa na realidade. (Idem, p. 53).

Dessa forma, é imprescindível que o gestor tenha a capacidade de conhecer e

compreender como realmente se apresenta o clima e a cultura organizacional no seu

âmbito escolar de modo a traçar seus objetivos e suas ações visando à melhoria do

trabalho escolar como um todo.

O gestor não deve se esconder das dificuldades ou culpá-las pelo fracasso

escolar, ao contrário, ele deve assumir um papel de liderança e auxiliar que a

comunidade escolar caminhe em direção ao sucesso do processo de ensino-

aprendizagem:

Os gestores escolares, considerando-se as expressões ideais de sua atuação, ao assumirem as responsabilidades de seu cargo, passam a ter como inerentes a ele a responsabilidade de liderar a formação de clima e cultura escolar compatível com concepções elevadas da Educação e políticas educacionais, de modo que se promova ambiente escolar estimulante e adequado para a formação consistente e aprendizagem significativa de seus alunos. (LÜCK, 2010, p. 128)

Vale lembrar a expressão popular que afirma que “a escola é a cara do diretor”,

ou seja, a ele cabe liderar para o sucesso ou para o fracasso, por isso é imprescindível

que ele tenha conhecimento do clima e cultura organizacional da sua comunidade de

modo a buscar as transformações necessárias para a melhoria da qualidade do ensino.

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Assim, o trabalho do gestor deve estar focado no modo coletivo de ser e fazer

da escola, nas suas relações interpessoais, em suas tendências e articulações dentro

e fora da escola. A boa gestão de cultura e do clima organizacional indicará em um

projeto educativo de sucesso.

Se o gestor tem objetivos transformadores e vê a necessidade de a escola

organizar-se democraticamente, ele irá exercer influências no que diz respeito às

formas de organização do trabalho, sua distribuição e implementação, sintonizar as

relações interpessoais, os estilos de comunicação mediar as reações das pessoas

diante dos desafios enfrentados e ainda equacionar as influências externas, como as

determinações impostas e orientações propostas pelo sistema educacional e os

recursos que lhes são disponibilizados.

A cultura organizacional no ambiente escolar

Desde 1980 vem crescendo o interesse pelo estudo e pela renovação das

teorias existentes no que diz respeito à cultura que permeia as organizações

empresariais como um todo. Observar a cultura, segundo Teixeira (2002) “permite

recolocar o fator especificamente humano nas organizações”, estas que até então

eram analisadas sob uma ótica mais estrutural e como “espaço de exercício e luta

por poder”. De acordo com Teixeira (2002, p.16):

O interesse atual pelo estudo da cultura organizacional tem motivação diversa dos estudos realizados nos anos de 1960, cujo objetivo era responder às indagações referentes ao impacto cultural sobre a estrutura e os processos de comportamento no interior das organizações, que tinham, em razão da sua multinacionalização, que atuar em diferentes culturas.

Assim, a escola é uma organização que, apesar de não ser necessariamente

tomada como multinacional, atua em esferas nacional, regional, estadual, municipal e

local, sendo impactada socialmente por fatores econômicos e culturais que permeiam

essas esferas.

Sob a ótica educacional, a cultura organizacional, segundo Lück (2010)

representa “o que a escola realmente faz, como ela é e os valores que de fato assume”,

ou seja, trata-se da realidade prática e coletiva da instituição escolar.

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É importante ressaltar que, muitas vezes, por se tratar do aspecto prático, a

gestão preocupa-se em conhecer a realidade escolar de forma superficial e decisões

e ações tomadas sob essa ótica não resolvem os problemas, muitas vezes apenas os

mascaram. Isso porque a cultura é algo mais profundo, daí a ser representada como

um iceberg (possui uma pequena parte visível e uma grande extensão submersa).

Dessa forma, segundo Lück (2010) “não se pode, por óbvio, julgar que aquilo

que não seja percebido não exista, ou que não exerça um papel significativo no curso

das ações e seus resultados”. O que se esconde acaba impedindo silenciosamente,

dissimuladamente e sorrateiramente a implementação de decisões e ações que sejam

efetivas para a solução dos problemas educacionais e a consequente melhoria da

qualidade do ensino nesta instituição.

[...] Conhecer a cultura organizacional da escola representa, pois, um processo de desvelamento de camadas submersas, o que é possível na medida em que sejam capazes de, dentre outros aspectos, assumir um olhar inquisitivo sobre o comportamentos, ações e reações expressos na escola, suspendendo qualquer julgamento prévio; agir com muita perspicácia, olhar clínico e sensível que procura ver o significado mais profundo daquilo que está aparente, e aquilo que fica além do aparente; identificar suas ramificações internas; compreender os significados de todos esses aspectos observados. (LUCK, 2010, p.58)

Além disso, por se tratar de um processo de desvelamento de camadas

submersas, a cultura organizacional pode passar despercebida por muitos integrantes

da comunidade escolar, além dos gestores. Também esse processo não é algo

imutável, ele se transforma, modifica-se enquanto reflexo das relações em um

determinado tempo e espaço social.

Segundo Forquin (1993, P. 14), citado por Franco (1997), a cultura que permeia

a escola também é produzida e reproduzida pela própria escola: “a cultura é o

conteúdo substancial da educação [...], a educação não é nada fora da cultura e sem

ela. Mas, reciprocamente, dir-se-á que é pela e na educação [...] que a cultura se

transmite e se perpetua” . Franco (1997), seguindo as ideias de Forquim (1993), afirma

que a escola seleciona elementos da cultura que vai transmitir (valorizando uns e

esquecendo outros, conforme interesses sociais, políticos e econômicos) e os

reelabora didaticamente, produzindo, assim, uma cultura escolar.

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Conceitos de liderança e gestão escolar

O gestor e o espaço escolar possuem uma relação muito estreita que deve ser

analisada, estudada e refletida, pois, na contemporaneidade, a gestão escolar precisa

preocupar-se mais com os fins da Educação, com a eficácia da escola no cumprimento

de sua função social, e com os resultados que devem ser buscados e, para tanto, há

necessidade da eficiente gestão, de liderança ativa e, também de atuar visando tornar

o espaço cada vez mais funcional e dinâmico, adequado ao processo educativo

escolar onde trabalham.

Sobre a questão da liderança, como ela é algo interpessoal, possui várias

definições, uma delas, apresentada por Montana e Charnov (2000), citado por Botelho

e Krom (2010), “A liderança é um processo pelo qual um indivíduo influencia outros, a

realizar os resultados desejados”. Nessa perspectiva, destacam-se três formas de

liderança: a liderança autocrática (somente o líder fixa as diretrizes, define e distribui

tarefas, sem participação do grupo); a liderança liberal, conhecida também como

laissez-faire (mínima participação do líder, o grupo tem liberdade total para as

tomadas de decisões coletivas ou individuais); e a liderança democrática (o líder

assiste e estimula o grupo a tomar decisões, dividir tarefas e esboçar os meios para

se atingir um objetivo).

A fim de avaliar o impacto dessas três formas de liderança, em 1939 Ralph K.

White e Ronald Lippitt, da Universidade de Iowa nos Estados Unidos fizeram estudos

envolvendo meninos de dez anos que foram orientados alternadamente durante seis

semanas para a execução de tarefas dentro das três perspectivas de liderança. Dentre

os resultados, obteve-se, segundo Botelho e Krom (2010):

Liderança Autocrática: De acordo com o experimento, com este tipo de liderança, o comportamento dos grupos mostrou forte tensão, frustração e, sobretudo, agressividade, de um lado, e, de outro, nenhuma espontaneidade nem iniciativa, nem formação de grupos de amizade. Embora aparentemente gostassem das tarefas, não demonstraram satisfação com relação à situação. O trabalho somente se desenvolvia com a presença física do líder. Quando este se ausentava, as atividades paravam e os grupos expandiam seus sentimentos reprimidos, chegando a explosões de indisciplina e de agressividade. Liderança Laissez-Faire: Através deste estilo, embora a atividade dos grupos fosse intensa, a produção foi simplesmente medíocre. As tarefas se desenvolviam ao acaso, com muitas oscilações perdendo-se muito tempo com discussões mais voltadas para motivos pessoais do que relacionadas com o trabalho. Notou-se forte individualismo agressivo e pouco respeito com

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relação ao líder. Liderança Democrática: Com este estilo de liderança, houve formação de grupos de amizade e de relacionamentos cordiais entre os meninos. Líder e subordinados passaram a desenvolver comunicações espontâneas, francas e cordiais. O trabalho mostrou um ritmo suave e seguro sem alterações mesmo quando o líder se ausentava. Houve um nítido sentido de responsabilidade e comprometimento pessoal.

Nessa perspectiva, dentro do âmbito educacional, a liderança democrática é a

que mais condiz com os objetivos da educação de formar o indivíduo com autonomia

para exercer uma cidadania plena de modo a contribuir e lutar por uma sociedade

melhor. Uma gestão com as características desta forma de liderança é chamada de

Gestão Democrática.

Obtenção de dados e análise

Para conhecer como se constitui o clima e a cultura organizacional na escola

pública do município de Colombo, Pr, primeiramente foi organizado um grupo de

estudos de 32 horas, divididos em 4 sábados, envolvendo os interessados, que

totalizaram trinta pessoas, sendo: quinze professores; três agentes educacional I; três

agentes educacional II; três pedagogos; e seis integrantes das demais instâncias

colegiadas (APMF e Conselho Escolar).

Durante as 32 horas de estudo, foram aplicados aos participantes conteúdos

teóricos, através de um caderno chamado de Produção Didático-Pedagógica, dividido

em 4 Unidades, sendo elas: Unidade 01 – Gestão Democrática; Unidade 02 – Clima

Organizacional; Unidade 03 – Cultura Organizacional; e Unidade 04 – Liderança. Ao

final de cada unidade, havia atividades diversas que tinham o objetivo de levar os

cursistas a conhecer o conteúdo estudado, relacionar à sua realidade escolar e

analisar essa realidade. No período dessa análise, os cursistas então responderam a

três questionários (inquéritos) estruturados, através dos quais obtivemos os dados

que serão analisados aqui neste artigo:

Questionário sobre itens do pessoal da escola – Anexo 1 (Livro Gestão

educacional : Uma questão paradigmática - Volume I - Heloisa Luck 2010);

Inventário de habilidades e atitudes de liderança – Anexo 1 (Livro Liderança

em Gestão Escolar - Volume IV -Heloisa Luck 2010);

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Questionário de Avaliação da Cultura organizacional da escola – Anexo

1(Livro Gestão da Cultura e do Clima organizacional da escola- Volume V

- Heloisa Luck 2010).

Assim, primeiramente procurou-se conhecer as atitudes dos integrantes da

comunidade escolar, na sequência foram questionadas as atitudes do gestor da

escola e, ao final, o último questionário marcou a avaliação que esses integrantes

fizeram do clima e da cultura organizacional do ambiente escolar.

Quanto à frequência da prática do gestor em relação às suas habilidades e

atitudes de liderança, foi questionado aos integrantes do grupo de estudo se o gestor

“Promove a definição de visão e da missão da escola e a torna um modo de pensar

vivo e orientador das práticas educacionais na escola?”. Os resultados obtidos foram

76% dos participantes responderam que concordam plenamente; 20% concordam

parcialmente; 4% discordam parcialmente e também não houve ocorrência de

“discordo plenamente”, segundo apresenta o gráfico:

FONTE: A autora, 2015.

Sobre as atitudes do gestor, também foi questionado se ele “Atua de forma

comprometida e determinada, em relação ao cumprimento de objetivos e metas

estabelecidos?”, e o resultado foi 100% que concorda plenamente:

Gráfico 2:Atua de forma comprometida e determinada, em relação ao cumprimento de objetivos e metas

76%

20%

4% 0%

Concordo plenamente

Concordo parcialmente

Discordo Parcialmente

Discordo Plenamente

Gráfico 1Promove a definição de visão e da missão da escola e a torna um modo de pensar vivo e orientador

das práticas educacionais na escola?

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estabelecidos?

FONTE: A autora, 2015.

Ainda quanto ao tipo de gestão, os participantes foram questionados se o

gestor “Compartilha o processo de tomada de decisões com todos os membros da

comunidade escolar?”. Os resultados obtidos revelaram que 84% respondeu que

concorda plenamente com a questão, 12% concorda parcialmente e 4% discorda

parcialmente:

FONTE: A autora, 2015.

Ao analisar estes dados, percebe-se que o gestor possui habilidades e ações

que se caracterizam com a liderança democrática na qual o líder assiste e estimula o

grupo a tomar decisões, dividir tarefas e esboçar os meios para se atingir um objetivo.

A partir desse perfil de gestão, foi averiguado o clima e a cultura organizacional

do ambiente escolar com o seguinte questionamento: “Há uma expectativa de que a

escola seja líder em oferecer educação de qualidade em sua região?”. No resultado,

obteve-se as seguintes respostas: 76% concorda plenamente; 19% concorda

parcialmente; 5% discorda parcialmente e não houve ocorrência de “discordo

plenamente”, conforme mostra o seguinte gráfico:

100%

0%0% 0%

Concordo plenamenteConcordo parcialmenteDiscordo ParcialmenteDiscordo Plenamente

84%

12%

0% 4%

Concordo plenamente

Concordo parcialmente

Discordo Parcialmente

Discordo Plenamente

Gráfico 3: Compartilha o processo de tomada de decisões com todos os membros da comunidade escolar?

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FONTE: A autora, 2015.

Esses dados permitem constatar que o clima e a cultura organizacional na

escola apresentam um caráter positivo, com um ambiente em que a maioria conhece

os desafios da comunidade escola e se preocupa com a solução e/ou superação deles.

Percebe-se, portanto, o quanto o clima e a cultura organizacional positivos são

importantes para encontrar a melhor solução para concretizar os objetivos

educacionais, profissionais e culturais dos indivíduos, resultando em um ambiente de

trabalho positivo, motivador e valorizador das atitudes realizadas por todos que atuam

na comunidade escolar.

76%

19%

5%0%

Concordo plenamente

Concordo parcialmente

Discordo Parcialmente

Discordo Plenamente

Gráfico 4: Há uma expectativa de que a escola seja líder em oferecer educação de qualidade em sua região?

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo foi possível observar que o papel do gestor, através da sua

competência e liderança, influencia na definição do clima e da cultura organizacional,

uma vez que tudo o que ele faz ou deixa de fazer interfere na qualidade do ensino

ofertado na comunidade escolar analisada, evidenciando a afirmação de Paro (2001)

“se queremos uma escola transformadora, precisamos transformar a escola que

temos aí ... Nesse sentido que precisam ser transformados o sistema de autoridade e

a distribuição do próprio trabalho no interior da escola”.

É importante considerar que mais estudos baseados nesta temática mostram-

se necessários, relevantes e de grande pertinência pela atualidade do tema e pela

força que a liderança do gestor e a gestão democrática exercem no sucesso ou na

falha do processo de ensino-aprendizagem na sociedade em que vivemos.

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REFERÊNCIAS

BOTELHO, Júlio César. KROM, Valdevino. Os estilos de liderança nas organizações. Anais - XIV Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e X Encontro Latino Americano de Pós-Graduação. Universidade do Vale do Paraíba: 2010. Disponível em: http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2010/anais/arquivos/0003_0494_01.pdf.

Acesso em: 29/04/14.

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em:http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10650554/artigo-206-da-constituicao-federal-de-1988 . Acesso em 10 de outubro de 2015.

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LÜCK. Heloísa. Liderança em Gestão Escolar. 4ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2010.

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MOSCOVICI, Felá. Desenvolvimento interpessoal – treinamento em grupo (p.244 a 249). 17 ed. Rio de Janeiro: José Olímpio, 2009.

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PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática na escola pública. São Paulo: Ática,2001.

RODRIGUES, Cinthia. O que faz e o que pensa o gestor escolar? Revista Gestão Escolar – Editora Abril. Disponível em: http://gestaoescolar.abril.com.br/formacao/faz-pensa-gestor-escolar-507667.shtml Acesso em: 17/10/14.

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https://docs.google.com/file/d/0B13VuK2fmdqKMUhWbDhRTWc1NXc/edit. Acesso em 29/05/2014.