os desafios da escola e do trabalho docente no … · já paro (2003), ao discorrer sobre a...

23
1 OS DESAFIOS DA ESCOLA E DO TRABALHO DOCENTE NO CONTEXTO DA CONTEMPORANEIDADE Ana Cristina Cruz Pinto - UFAM Maria Rita Santos da Silva - UFAM Introdução Este artigo é resultado de Pesquisa de Iniciação Científica realizada no curso de Pedagogia, na Universidade Federal do Amazonas. Trata-se de uma análise sobre os desafios presentes no sistema escolar, tendo o professor como sujeito importante nas inovações de estratégias pedagógicas. Destaca sobre a cultura escolar influenciada por diversos fatores decorrentes das condições político-culturais e sociais, bem como da emergente tecnologia que impõe novas linguagens e costumes. Isso implica em mudanças no currículo, na postura dos profissionais envolvidos no processo educativo na busca de compreender e minimizar os conflitos, a transgressão e o narcisismo. A transgressão é discutida tendo como eixo norteador a legislação vigente, o trabalho escolar e sua eficiência frente às necessidades presentes no contexto escolar e o narcisismo relacionado com a forma como a mídia vem sendo utilizada no contexto contemporâneo. Tais desafios instigam a questionar: Será que diante do contexto social global, com uma política neoliberal é possível a consolidação de uma legislação educacional que atenda as reais necessidades educativas ou a transgressão continuará a se materializar no descumprimento dessa legislação? Qual a função social do sistema escolar diante do narcisismo e a era das mídias? Para responder a essas questões, considera-se como foco de atenção o sistema escolar público, por ser o espaço onde as diretrizes e as ações da política educacional se constituem em aspectos contraditórios quanto à garantia do direito à educação de qualidade como princípio fundamental para o exercício da cidadania. 1. Desafios educacionais: entre a transgressão e a consolidação de uma educação pública de qualidade

Upload: hanhi

Post on 11-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

OS DESAFIOS DA ESCOLA E DO TRABALHO DOCENTE NO

CONTEXTO DA CONTEMPORANEIDADE

Ana Cristina Cruz Pinto - UFAM

Maria Rita Santos da Silva - UFAM

Introdução

Este artigo é resultado de Pesquisa de Iniciação Científica realizada no curso de

Pedagogia, na Universidade Federal do Amazonas. Trata-se de uma análise sobre os desafios

presentes no sistema escolar, tendo o professor como sujeito importante nas inovações de

estratégias pedagógicas.

Destaca sobre a cultura escolar influenciada por diversos fatores decorrentes das

condições político-culturais e sociais, bem como da emergente tecnologia que impõe novas

linguagens e costumes. Isso implica em mudanças no currículo, na postura dos profissionais

envolvidos no processo educativo na busca de compreender e minimizar os conflitos, a

transgressão e o narcisismo.

A transgressão é discutida tendo como eixo norteador a legislação vigente, o trabalho

escolar e sua eficiência frente às necessidades presentes no contexto escolar e o narcisismo

relacionado com a forma como a mídia vem sendo utilizada no contexto contemporâneo. Tais

desafios instigam a questionar: Será que diante do contexto social global, com uma política

neoliberal é possível a consolidação de uma legislação educacional que atenda as reais

necessidades educativas ou a transgressão continuará a se materializar no descumprimento

dessa legislação? Qual a função social do sistema escolar diante do narcisismo e a era das

mídias?

Para responder a essas questões, considera-se como foco de atenção o sistema escolar

público, por ser o espaço onde as diretrizes e as ações da política educacional se constituem

em aspectos contraditórios quanto à garantia do direito à educação de qualidade como

princípio fundamental para o exercício da cidadania.

1. Desafios educacionais: entre a transgressão e a consolidação de uma educação pública de

qualidade

2

Ao longo do contexto histórico-sócio- cultural, a educação brasileira sofre uma série de

mudanças marcadas por contradições entre o discurso político e a consolidação de uma

educação voltada para a cidadania. Constata-se, nos primórdios de sua origem a forte

existência de uma relação de poder, na qual se delineia a expropriação da cultura indígena, a

inferiorização de sua gente, a apropriação de seus saberes sobre o manuseio e a vida na terra

até então desconhecida como destaca Fonseca (2006) ao enfatizar ser o maior interesse dos

colonizadores o domínio sobre a terra e suas riquezas.

Quanto à educação, a primeira forma de organização foi à missionária, depois as aulas

régias e, posteriormente, seguiram-se as orientações das Leis de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDBEN): 4.024/61; 5.692/71 e 9.394/96, segundo interesses políticos e

econômicos representados por cada período de vigência das respectivas leis, com resquícios

de uma educação tradicional que marginaliza e exclui estudante com aplicação de métodos

arcaicos e conteúdos descontextualizados da vida contemporânea. Além disso, existe a

presença autoritária de professores que se julgam detentores do conhecimento, herança

marcante da cultura escolar tradicional.

As mudanças ocorridas a partir das reformas e legislação educacional

consubstanciaram-se na dicotomia de uma educação destinada aos ricos (elite) e outra aos

pobres (desfavorecidos dos bens materiais), evidenciando-se as desigualdades sociais,

constatadas, também, no âmbito escolar. De acordo com o relatório da UNICEF1 (2011), as

desigualdades existentes implicam no desrespeito a humanidade, fere os preceitos

constitucionais e isso não deixa de ser uma transgressão ao processo de cidadania.

Apesar dos avanços resultantes das reformas que vem ocorrendo no âmbito educacional

desde a década de 1990, principalmente com a promulgação da LDB (Lei 9.394/96) ainda há

muitos desafios em relação às mudanças que a sociedade vem experimentando. Pensar em

processos de mudanças é pensar em qualidade da educação e de serviços prestados à

sociedade em constante transformação e isso não é fácil nem rápido, contudo é necessário e

urgente.

Ao tratar a respeito da qualidade da educação, Gadotti (2010) salienta que esse termo

vem sendo discutido de vários ângulos, da adequação de melhores estratégias administrativo-

1 Fundo das Nações Unidas para a Infância - United Nations Children's Fund. UNICEF, 2011. Disponível em:

http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sabrep11.pdf. Acesso: 06 de mar⁄2015.

3

pedagógicas a questões políticas, sócio-econômico-culturais. Esse conceito é dinâmico e

experimenta profundas transformações de acordo com o tempo e o espaço histórico-cultural.

Já Paro (2003), ao discorrer sobre a educação de qualidade, observa que esse termo vem

sendo associado à palavra utopia, que significa o lugar que não existe; não quer dizer que não

possa vir a existir. Na medida em que não existe, mas ao mesmo tempo se coloca como

desejável pelo sistema escolar público demanda uma tomada de consciência das condições e

contradições que apontam para a viabilidade de uma educação pública de qualidade, partindo

de algumas abordagens, como: democratização das relações no interior da escola, adequação

das políticas públicas em educação, definição dos objetivos gerais da educação e a

metodologia apropriada para concretização do que se apresenta, por hora, como uma utopia.

Ainda sobre a qualidade da educação, pode-se aferir que é um termo recorrente na

história brasileira. A qualidade se transformou em um conceito dinâmico em um mundo que

experimenta profundas transformações sociais e econômicas. Sobre o termo, o documento da

CONAE⁄MEC (2013) salienta que:

A melhoria da qualidade da educação e das políticas educacionais está

intrinsecamente ligada à criação de espaços de deliberação coletiva: a gestão

democrática dos sistemas de ensino e das instituições educativas constitui uma das

dimensões que possibilitam o acesso à educação de qualidade como direito

universal. (CONAE, 2013, p. 12)

O documento da CONAE⁄MEC refere-se ao termo qualidade da educação, associando-o

ao da gestão democrática e à avaliação. Sinaliza não haver qualidade na educação sem a

participação da sociedade nas discussões sobre a melhoria da qualidade da educação no

ambiente escolar, tornando um espaço de deliberação coletiva. Dentro dessa nova abordagem,

a democracia é um componente essencial da qualidade na educação, pois como destaca

Gentili (1995, p. 177) que “qualidade para poucos não é qualidade, mas privilégio”.

Um dos grandes desafios presentes na contemporaneidade trata-se da busca pela

qualidade da educação como uma questão política em favor da classe desfavorecida dos bens

materiais, com a consciência de que seus interesses são antagônicos aos da classe elitista, com

a premissa de que dessa última não se pode esperar iniciativa de transformação em favor da

primeira, sem pressão por parte dos interessados. Assim, se o compromisso do sistema escolar

público é com a classe desfavorecida, então é preciso cuidar para que a educação escolar

4

atenda aos seus reais interesses, o que exige a participação dos próprios usuários da escola

pública nas decisões em prol da melhoria da qualidade da educação, visto que o movimento

coletivo fortalece as decisões e consolidação de suas intencionalidades.

A própria LDB (lei n⁰ 9.394/96), sancionada pelo presidente Fernando Henrique

Cardoso juntamente com o ministro da educação, Paulo Renato, em 1996, foi baseada no

princípio do direito universal que rege a educação para todos, bem como uma série de

mudanças voltadas para a garantia da educação básica. A aprovação da Lei propiciou avanço

na educação brasileira, valorizando a democracia, o respeito, a pluralidade cultural e a

formação do cidadão. (BRASIL, 1996).

Essa legislação tornou possível o direito à educação enquanto garantia Constitucional2,

no entanto, este direito não deve se figurar apenas em estatística de matrícula, mas ser

traduzido no direito indissociável entre acesso, permanência e qualidade da educação,

possibilitando ao estudante uma trajetória de sucesso no processo de escolarização. Outro

grande desafio na educação básica volta-se para a organização da escola pública, no que

concerne a elaboração do Projeto Político-Pedagógico da Escola (PPPE) envolvendo a todos

os profissionais que nela atuam.

Nesse aspecto, Paro (2003) destaca que é importante uma gestão escolar articulada com

a transformação social, fundamentada em objetivos educacionais representativos dos

interesses sociais, envolvendo sujeitos que conhecem a realidade da escola e de seu entorno,

bem como suas especificidades locais. Nesse sentido, cabe à equipe gestora3 envolver a todos

os segmentos: professores, estudantes, pais, funcionários e representantes da comunidade

escolar externa, tornando possível a participação a partir de um processo com base no diálogo

e descobertas de forma criativa, dinâmica e propulsora do fortalecimento da educação como

direito de todos.

Afinal, a educação é um direito humano fundamental, contribui para o desenvolvimento

da cidadania e da sociedade A baixa escolaridade é aspecto negativo, pois gera pobreza e

limita o desenvolvimento do ser humano. Quanto ao aspecto da pobreza, as estatísticas da

UNICEF (2011) destacam que 13% das crianças e adolescentes de 10 a 14 anos apresentam

atraso escolar superior a um total de 2,3 milhões de concluintes do ensino fundamental, eles

2 Constituição de 1988. 3 Composta pelo gestor(a) da escola e coordenação pedagógica (macro e micro sistema)

5

abandonam a escola precocemente sem concluir o ensino fundamental. Quando tentam se

inserir no mercado de trabalho, não conseguem, pois não têm experiência nem escolarização.

Resultado desse contexto demonstra que as crianças e os adolescentes sem

escolarização e sem oportunidade de emprego ficam numa situação que favorece o

aliciamento pelas redes de crime organizado, tanto tráfico de drogas quanto exploração

sexual. Diante dessa realidade tão permissiva, constata-se uma situação de transgressão imoral

e histórica que reside desde o início do processo de colonização.

Não se pode negar, mesmo que, em passos tardios, a educação brasileira vem sofrendo

mudanças um tanto quanto significativas. Entre o acesso, a permanência e a qualidade, os dois

últimos são os grandes desafios ainda presentes. É necessário o oferecimento de estratégias

políticas a fim de impedir que a ascensão social não fique restrita a uma pequena elite, ao

contrário, elas devem ser transformadas em benefícios para toda a sociedade.

O movimento para a construção de uma sociedade melhor está justamente no resgate de

um sistema escolar público de qualidade com propostas educativas fundamentadas em uma

pedagogia consistente, não no sentindo de preparar o indivíduo para se enquadrar no sistema

social, mas fazer com que, de forma crítica e consciente, ele participe do processo social,

político e educacional, sendo o protagonista de sua história, cidadão de luta no exercício de

seus direitos e deveres, capaz de superar as desigualdades sociais.

No âmbito da educação, as marcas da desigualdade no sistema escolar podem ser vistas

desde a educação infantil, primeiro pela carência de creches e pré-escolas, segundo pela

carência de aprendizagem das crianças que ingressam nas escolas públicas da educação

básica, muitas chegam a uma universidade, mas as lacunas são evidentes. Assim, consolidar

uma educação pública de qualidade socialmente referenciada, conforme consta na avaliação

da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação - CNTE (2014) ao dispor que:

A sanção da Lei n⁰ 13.005⁄2014 é fruto de árdua luta da sociedade por um Plano

Nacional de Educação – PNE que responda as demandas urgentes da educação

pública brasileira, a qual requer seja universal, gratuita, laica, democrática e de

qualidade socialmente referenciada. (CNTE, 2014, p. 349)

O PNE aprovado pela Câmara dos Deputados em 2014 estabelece 20 metas e mais de

200 estratégias para os próximos dez anos. Em linhas gerais, o texto aprovado determina que

o Brasil amplie o acesso à educação e melhore a sua qualidade até 2024. O cumprimento de

6

suas metas é importante para o avanço da educação para todos. Isso inclui erradicar o

analfabetismo, universalizar a educação básica e oferecer escolas em tempo integral. Também

faz parte dos objetivos, investir na formação continuada e no aumento do salário dos

professores. As metas referentes à universalização do ensino e à erradicação do analfabetismo

já constavam no PNE anterior (2001-2010) e não foram cumpridas, traduzindo-se em

transgressão social devido ao descumprimento da legislação.

Para este novo PNE, a expectativa é grande, haja vista a previsão para que até 2024

ocorra avanços no investimento em educação com crescimento a atingir o equivalente a 10%

do PIB ao ano, quase o dobro do praticado no anterior (5,3%). Nesse caso, a previsão é a de

que no quinto ano de vigência do plano, o valor já esteja em 7%. O plano prevê ainda

complementação da verba com 75% dos royalties4 obtidos na exploração do pré-sal, com

distribuição entre as 20 metas, de acordo com valores pré-definidos pelo projeto de lei.

Para universalizar a pré-escola, por exemplo, o investimento em dez anos passará de

10,3 bilhões de reais para 16,8 bilhões de reais. Já para equiparar o salário dos professores

com os de outros profissionais graduados, o valor chegará a 40,9 bilhões.

Na sociedade brasileira, o movimento para a consolidação da politica educacional

referendada por intelectuais, políticos e sociedade civil faz parte de uma luta histórica. Se

esse discurso teórico se consolidar, o desafio de sanar uma dívida histórica com o povo

brasileiro, rever as transgressões causadas será um marco grandioso na história do país. Isso

provavelmente contribuirá para minimizar o índice de pobreza e educar para uma vida

sustentável, mas isso parece ser uma utopia para aqueles que nascem em uma classe social

menos favorecida economicamente.

Nesse contexto, a categoria qualidade tem a ver com uma vida sustentável a um cidadão

de direitos e deveres, de forma justa e igualitária. Aqui não se situa a busca pela igualdade,

mas o respeito pela diferença, pelo indivíduo, sujeito de sua história. Nesse sentido a

igualdade, conforme expõe Bobbio (1996) seja substituída por justiça “(...) é o bem social por

excelência e, nesse sentido, virtude social”. (BOBBIO, 1996, p. 16).

4 A presidenta Dilma Rousseff afirmou comentou a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) no Congresso Nacional e a destinação

dos royalties do petróleo para a educação, garantia do cumprimento das metas do PNE. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2014-06/dilma-destinacao-de-royalties-do-petroleo-educacao-garante-cumprimento. Acesso: 08 de abr⁄15.

7

Sobre o assunto, Fleury (1994) explicita que na ideologia liberalista5 todos eram iguais

ao nível de relação de mercado e os pressupostos da igualdade e liberdade opunham-se às

medidas de proteção social o que era justificado utilizando-se do argumento de que medidas

protecionistas reduziriam o grau de liberdade individual e poderiam colaborar para o retorno

de “á condição de servidão á qual se associava ao protecionismo”. (FLEURY, 1994, p. 69).

De todo o modo, o que caracteriza as ideologias6 é que “admitem esta ou aquela forma

particular de igualdade, e uma delas trata sobre a exigência de uma igualdade material,

enquanto distinta da igualdade perante a lei e da igualdade de oportunidades”. (BOBBIO,

1996, p. 15-35). Assim, a distribuição de renda talvez fosse um caminho para minimizar as

situações de desigualdades sociais e educacionais não só nos estados brasileiros, mas no

mundo globalizado.

O desrespeito à humanidade aflora quando se trata, justamente, da distribuição de renda,

como ressalta Fleury:

A situação atual apresenta-se como um embate em que os principais estados lutam

pela transformação do regime jurídico de distribuição de renda e consolidação da

hegemonia no sistema internacional na tentativa de construção de ordem política e

econômica que favoreça seus interesses. (FLEURY, 1994, p. 230)

Pensar em uma distribuição de renda de forma justa, provavelmente, seja a dimensão

utópica da história. Tal ilusão é desvendada por Anderson (1995) ao discorrer sobre a

declaração a uma entrevista ao jornal conservador do Chile, El Mercúrio, quando

representantes do neoliberalismo declararam que “se tivesse de escolher entre uma economia

de livre mercado com um governo ditatorial ou uma economia com controles e regulações,

mas com um Estado democrático, escolheria sem dúvida a primeira opção”. (ANDERSON,

1995, p. 10).

O autor segue o discurso ressaltando que essa foi à opção seguida não só pelos teóricos

do novo liberalismo, mas também por muitos governantes dos vários países do mundo,

principalmente da América Latina que seguiram tais orientações para a implantação de suas

reformas e encaminhamentos políticos. Isso para afirmar a vigência do modo de produção,

sendo “lícito” para eles sacrificar qualquer coisa. Assim, percebe-se a hostilidade com que

5Após a revolução francesa, as instituições foram sendo adaptadas à nova organização baseada na propriedade e um conjunto de ideias

produzidas para justificar a nova ordem. O liberalismo tornou-se a ideologia da sociedade capitalista, ou burguesa. (VINCENT, 1995) 6A ideologia pode estar ligada a ações políticas, econômicas e sociais. O termo ideologia foi usado de forma marcante pelo filósofo Antoine

Destutt de Tracy. (VINCENT, 1995)

8

temas como democracia e direitos a educação de qualidade são tratados pela ideologia

capitalista. (ANDERSON, 1995)

Notadamente, o governo brasileiro seguiu tais orientações e no final dos anos de 1970 e

início dos anos de 1980 entra em vigência o Estado Mínimo deixando livre a força do

mercado. Também ocorre o corte dos gastos sociais e põe em prática à desregulamentação da

economia, privatizações, aumento da concentração de renda favorável aos mais ricos e ostenta

eliminar muitas conquistas históricas do trabalhador.

Diante do exposto, questiona-se: será que nesse contexto social global, com uma

política neoliberal é possível a consolidação de um marco legal que atenda as reais

necessidade do povo ou a transgressão continuará a se materializar no descumprimento da

legislação educacional?

Quanto à consolidação ou a continuação da transgressão pelo não cumprimento do

marco legal, a própria realidade mostra o descumprimento com a qualidade da educação, por

isso, a CNTE (2014) destaca que, “embora o atual PNE tenha passado três anos e meio de

atraso, a pior parte trata da regulamentação pelo Congresso Nacional, pela Assembleia

Legislativa e Câmaras Municipais, sem a qual seus objetivos e metas não serão atingidos” o

que tornará a transgressão evidente. As bases para uma nova realidade educacional no país

estão lançadas. Contudo, sua concretude depende do compromisso político dos gestores

públicos e da mobilização social na luta para fazer valer os direitos conquistados.

A função mobilizadora é a que situa o conselho numa ação efetiva de mediação entre o

governo e a sociedade, estimulando e desencadeando estratégias de participação e

compromisso de todos com a promoção dos direitos educacionais da cidadania, ou seja, da

qualidade da educação para todos.

Também, sendo a escola um ambiente onde as diretrizes e as ações se consolidam,

constitui-se em lugar de debates sobre os desafios pertinentes aos problemas que emergem no

dia-a-dia, pois segundo Heloísa Lück (2010) a escola é dotada de grande valor estratégico na

dinâmica pedagógica e, nesse contexto, o professor emerge como sujeito importante nas

inovações metodológicas. E, também, por ser um espaço onde o estudante traz novas culturas

e linguagens o que requer uma nova postura profissional, principalmente, diante do

narcisismo na era das mídias.

2. O narcisismo na era das mídias: desafios para o trabalho docente na contemporaneidade

9

O reconhecimento do cotidiano da escola, da sua cultura e da cultura narcisista é uma

variante que se constitui objeto de pesquisas ainda incipiente, principalmente no campo

educacional. Sua ênfase maior é no campo da Psicologia.

No campo de estudo da Psicologia, a cultura narcisista tem sido pesquisada, na maior

parte das produções literárias com o propósito de buscar contribuir com a prática clínica de

psicoterapeutas, analistas e psiquiatras diante da realidade patológica que se traduz de forma

narcisista. A princípio para explicar um estado do desenvolvimento psíquico humano, evoluiu

com o passar dos anos e o termo ganhou status de transtorno de personalidade e, mais tarde,

acabou se transformando num conceito que investiga e define os processos sociais, isto é, a

cultura narcisista. (ANDRADE, 2011).

No âmbito educacional, busca-se compreender o conceito dessa cultura narcisista, seu

significado, a fim de que os profissionais que atuam nas escolas, principalmente, os docentes

encontrem caminhos estratégicos para responder a alguns fenômenos presenciados na

sociedade com forte influência dessa cultura no espaço escolar. Nesse campo, a inquietação

tem a ver com a cultura do narcisismo na era das mídias, visto que o papel da mídia na

sociedade contemporânea, e, particularmente nas escolas precisa de mais estudos.

Nota-se que o avanço da tecnologia de informação e comunicação das últimas décadas

vem causando impacto na cultura do povo brasileiro com implicações no âmbito educacional.

Com a proliferação das tecnologias digitais, a linguagem dos estudantes se torna rápida e

criativa, criam signos com menos letras para interlocução, adicionam desenhos à escrita com

significados que tendem a garantir uma comunicação dinâmica, evidenciando-se uma nova

cultura entre os interlocutores.

Essa nova cultura no espaço escolar tem causado acirrados debates entre os

profissionais da educação, sendo um deles voltado para a sua influencia no contexto escolar.

Segundo Pérez-Gómez (2001) a cultura escolar apresenta diferentes conceitos em diferentes

campos, que permite o reconhecimento da influência da cultura geral à particular, como no

caso da escola, considera cultura como:

O conjunto de significados, expectativas e comportamentos compartilhados por um

determinado grupo social, o qual facilita e ordena, limita e potencializam os

intercâmbios sociais, as produções simbólicas e materiais e as realizações

individuais e coletivas dentro de um marco espacial e temporal determinado. (...).

Expressa-se em significados, valores, sentimentos, costumes, rituais, instituições e

10

objetos, sentimentos (materiais e simbólicos) que circundam a vida individual e

coletiva da comunidade. (PÉREZ-GÓMEZ, 2001, p. 17).

A cultura narcisista na era das mídias se encaixa há padrões impostos pelo sistema

capitalista e ao fazerem isto, estão se adaptando, obedecendo e se identificando com algo

externo a elas, portanto, como acontecia há séculos, se tornando dóceis, submissas e

obedientes para que tudo ande conforme o capital quer, e com isto, perdendo sua

individualidade, sua singularidade, sua essência. Chaui (2006), em seu livro “Simulacro e

Poder: Uma análise da mídia” faz um estudo sobre como a mídia representa a classe

dominante e como é fácil reproduzir este sistema, pois as ideias que predominam na sociedade

são as da classe detentora dos bens materiais.

Um exemplo dessa submissão é identificado no uso de mídias como: internet, chat,

blog, orkut, twitter, messager (msn), whatsapp, televisão, cinema, entre outros. Com a

utilização dessas mídias, evidencia-se, na sociedade contemporânea, uma tendência à perda de

interações interpessoais a uma paranoica interação virtual em que os jovens aprendem com as

mídias e estas englobam mercadorias culturais com a divulgação de produtos, imagens e os

meios eletrônicos de comunicação como forma de satisfazer o interesse do consumidor.

(SETTON, 2011)

Nesse contexto, a escola não é mais a referência incontestável. Ironicamente, o

momento da história em que ela parece ter se democratizado é posto à margem. Os estudantes,

na sua maioria, até podem estar presentes nas salas de aulas todos os dias, mas isso não

implica necessariamente no aumento de influência sobre eles.

Isso implica na necessidade de mudanças no currículo, na postura dos profissionais

envolvidos no processo educativo na busca de compreender e minimizar os conflitos no

interior da escola e o narcisismo na era das mídias. Assim, a seriedade das implicações leva a

escola a planejar novas estratégias educativas para dar conta dessa realidade contextual, cujo

maior desafio docente é articular as experiências e conhecimentos prévios dos estudantes ao

desenvolvimento da autonomia discente de forma a constituir uma inteligência coletiva que

promova a democratização do conhecimento e o exercício pleno da cidadania.

Considerações finais

11

Na análise realizada, ficou evidente a relevância da qualidade da educação na

perspectiva de melhorar a vida acadêmica dos estudantes e, consequentemente, elevar o

desenvolvimento social brasileiro. Entende-se que a educação é de qualidade quando é

emancipadora enquanto direito humano necessária e urgente em um país como o Brasil

marcado pela diversidade, exclusão e desigualdade social.

Portanto, a garantia do direito à educação de qualidade é um princípio fundamental para

as políticas e gestão do sistema escolar. Apesar dos avanços, ainda há grandes desafios, entre

eles, a luta pela qualidade da educação como uma questão política em favor da classe

desfavorecida dos bens materiais, a permanência dos estudantes e o sucesso na vida

acadêmica. Isso requer mais organicidade das políticas educacionais, por meio da construção

do Sistema Nacional de Educação (SNE) e do PNE como políticas de Estado, na perspectiva

de que o sucesso das escolas públicas se sobressaia ao insucesso já que este último é um dos

pilares da causa de pobreza no Brasil e isto tem a ver, em grande parte, com a transgressão

que, historicamente, se sobressai em detrimento ao cumprimento da legislação educacional.

Na análise sobre o trabalho docente, o desafio consiste na necessidade de mudanças no

currículo, na postura dos profissionais envolvidos no processo educativo na busca de

compreender e minimizar os conflitos no interior da escola e o narcisismo na era das mídias.

Referências

ANDERSON, Perry. Balanço do neoliberalismo. In: SADER, E. e GENTILI, P. Pós-

neoliberalismo: as políticas sociais e o estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.

ANDRADE, Andréa Faustino Faria Ferreira (dissertação). Traduções da cultura narcisista

na cultura escolar: uma pauta de estudo sobre escola básica. Campo Grande/MS, UFMGS,

Programa de Pós-Graduação em Educação, 2011. Disponível em:

https://sistemas.ufms.br/sigpos/portal/.../cursoId:60. Acesso em: 07 de abr⁄2015

BOBBIO, Norberto. Igualdade e Liberdade. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996.

CHAUI, Marilena. Simulacro e poder uma análise da mídia. São Paulo. Ed. Fundação Perseu

Abramo, 2006.

CONAE. Educação brasileira: indicadores e desafios: documentos de consulta. Organizado

pelo Fórum Nacional de Educação. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria Executiva,

Secretaria Executiva Adjunta, 2013.

12

CNTE. PNE: Mais futuro para a educação brasileira. 2ª Ed. , ano XVIII, n⁰ 28, edição

ampliada. Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação: Brasília, Nov, 2014.

FLEURY. Sonia. Estado sem Cidadão: a seguridade social na América Latina. Rio de

Janeiro: FIOCRUZ, 1994.

FONSECA, Sonia Maria. Hegemonia Jesuítica. HISTEDBR (2006).

http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/periodo_jesuitico_intro.html. Acesso em 02 de

março⁄2015

GADOTTI, M. Qualidade na educação: uma nova abordagem. São Paulo: Editora e

Livraria Instituto Paulo Freire, 2010.

GENTILI, Pablo (org.). Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado

democrático. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1995.

GÒMEZ PÈREZ, A. I. A cultura escolar na sociedade neoliberal. Porto Alegre: Artmed,

2001.

LUCK, Heloísa. Concepções e Processos Democráticos de Gestão. 5.ed. Petrópolis – RJ:

Vozes, 2010. – Série Caderno de Gestão – volume II.

MACHADO, Glaucio José Couri (Org.). Educação e ciberespaço: estudos, propostas e

desafios. Aracaju: Virtus, 2010.

PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. 3.ed. São Paulo: Ática,

2003.

SETTON, Maria da Graça. Mídia e Educação. 1. ed. 1ª reimpressão. – São Paulo: Contexto,

2011.

VINCENT. Andrew. Ideologias, Políticas Modernas. Rio de Janeiro: Zahar, 1995.

THE SCHOOL OF CHALLENGES AND THE TEACHING PROFESSION IN THE

CONTEXT OF CONTEMPORARY

Ana Cristina Cruz Pinto - UFAM

Maria Rita Santos da Silva - UFAM

Introduction

13

This article is the result Research Scientific Initiation held at the Faculty of Education at

the Federal University of Amazonas. This is an analysis of the challenges in the school system

and the teacher as subject important innovations in teaching strategies.

Highlights on the school culture influenced by several factors arising from political,

cultural and social conditions as well as the emerging technology that requires new languages

and customs. This implies changes in the curriculum, in the attitude of professionals involved in

the educational process in the quest to understand and minimize conflict, transgression and

narcissism.

The transgression is discussed taking as a guideline the current legislation, school work

and front efficiency to these needs in the school context and the related narcissism with how the

media has been used in the contemporary context. Such challenges instigate the question: Will

before the global social context, with a neoliberal policy is possible the consolidation of

educational legislation that meets the real educational needs or transgression continue to

materialize in breach of such legislation? What are the social function of the school system

before the narcissism and the era of media?

To answer these questions, it is considered as the focus of attention the public school

system, for being the place where the guidelines and actions of educational policy constitute

contradictory aspects as to guarantee the right to quality education as a fundamental principle for

the citizenship.

1. Educational challenges: between transgression and the consolidation of a quality public

education

Along the historical and socio-cultural context, the Brazilian education undergoes a series

of changes marked by contradictions between political discourse and the consolidation of a

oriented education for citizenship. It appears, in the early days of his rise to strong existence of a

power relationship, in which it outlines the expropriation of indigenous culture, the degradation

of its people, the appropriation of their knowledge on handling and life on earth hitherto

14

unknown as highlighted by Fonseca (2006) by emphasizing be the greatest interest of settlers

dominion over the earth and its riches.

Regarding education, the first form of organization was the missionary, after the royal

schools, and later followed by the guidelines of the Laws of Directives and Bases of National

Education (LDBEN): 4,024 / 61; 5.692 / 71 and 9.394 / 96, according to political and economic

interests represented by each period of the respective laws, with remnants of a traditional

education that marginalizes and excludes student with application of archaic methods and

decontextualized contents of contemporary life. In addition, there is the commanding presence of

teachers who consider themselves holders of knowledge, remarkable heritage of traditional

school culture.

The changes brought about by the reforms and educational legislation consubstantiated up

in the dichotomy of education for the rich (elite) and another for the poor (deprived of material

goods), demonstrating social inequalities, found also in schools. According to the UNICEF7

report (2011), the inequalities imply the disrespect humanity, violates the constitutional

provisions and that it is still an offense to the citizenship process.

Despite advances resulting from the reforms that have occurred in the education sector

since the 1990s, especially with the promulgation of the LDB (Law 9.394 / 96) there are still

many challenges regarding the changes that society has experienced. Think of change processes

is to think of quality of education and services provided to the company constantly changing and

it is neither quick nor easy, yet it is necessary and urgent.

When dealing about the quality of education, Gadotti (2010) points out that this term has

been discussed from various angles, the adequacy of better administrative and pedagogical

strategies to political, social, economic and cultural. This concept is dynamic and experienced

profound changes according to the time and the historical-cultural space.

Have Paro (2003), when referring to the quality of education, notes that the term has been

associated with the word utopia, meaning the place that does not exist; does not mean you can

not come into being. To the extent that there is, at the same time arises as desirable by the public

school system requires an awareness of the conditions and contradictions that point to the

viability of a quality public education, starting from some approaches, such as: democratization

of relations within the school, adequacy of public policies in education, definition of general

7 United Nations Children's Fund. UNICEF, 2011. Available in: http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sabrep11.pdf. Access: 06 mar/2015.

15

objectives of education and the appropriate methodology for implementation of which is

presented by hour, as a utopia.

Still on the quality of education, we might infer that it is a recurring term in Brazilian

history. Quality has become a dynamic concept in a world experiencing profound social and

economic changes. On the term, the document CONAE/MEC (2013) points out that:

Improving the quality of education and educational policy is intrinsically linked to the

creation of spaces for collective decision: the democratic management of education

systems and educational institutions is one of the dimensions that provide access to

quality education as a universal right. (CONAE, 2013, p. 12).

The document CONAE/MEC refers to the term quality of education, associating it with

the democratic management and evaluation. Signals no quality education without the

participation of society in discussions on improving the quality of education in the school

environment, becoming a collective deliberation space. Within this new approach, democracy

is an essential component of quality in education, because as highlighted Gentili (1995) that

"quality is not just quality, but privilege." (GENTILI, 1995, p. 177).

One of the challenges present in contemporary times it is the search for quality of

education as a political issue in favor of the disadvantaged class of material goods, with the

awareness that their interests are antagonistic to the elite class, with the premise that the latter

cannot be expected transformation initiative in favor of the former, no pressure from interested

parties. Thus, if the commitment of the public school system is with the underclass, so care must

be taken that the education meets their real interests, which requires the participation of the users

of the public school in the decisions in order to improve the quality of education, since the

collective movement strengthens the decisions and consolidation of its intentions.

Herself LDB (Law n⁰ 9.394 / 96), signed by President Fernando Henrique Cardoso along

with the Minister of Education, Paulo Renato, in 1996, was based on the principle of universal

law governing education for all, as well as a number of changes made to guarantee basic

education. The approval of Law provided advance in Brazilian education, valuing democracy,

respect, cultural diversity and the training of citizens. (BRAZIL, 1996).

This legislation made possible the right to education as a constitutional8 guarantee,

however, that right must not appear only in statistics of registration but be translated into the

8 Constituição de 1988.

16

inseparable right of access, retention and quality education, enabling students a successful track

record in schooling process. Another major challenge in basic education turns to the organization

of public schools, regarding the development of the political-pedagogical project of the School

(PPPE) involving all professionals who work in it.

In this respect, Paro (2003) points out that an articulated school management is important

to social transformation, based on representative educational goals of social interests, involving

subjects who know the reality of the school and its surroundings, as well as their local

specificities. In this sense, it is for the management team9 to involve all segments: teachers,

students, parents, staff and representatives of foreign school community, making possible the

participation from a process based on dialogue and findings in a creative, dynamic and driving

force behind strengthening education as a right for all.

After all, education is a fundamental human right, contributes to the development of

citizenship and society Low schooling is negative because it generates poverty and limits the

development of human beings. Regarding the aspect of poverty, statistics from UNICEF (2011)

reported that 13% of children and adolescents 10-14 years have higher education gap to a total of

2.3 million graduates from elementary school, they leave school early without complete primary

school. When trying to enter the labor market, cannot, because they have experience or

schooling.

Result of this context shows that children and adolescents with no education and no job

opportunities are in a situation that favors the grooming by organized crime networks, both drug

trafficking and sexual exploitation. Given this reality as permissive, there has been an immoral

and historical transgression situation which lies since the beginning of the colonization process.

One cannot deny, even at late steps, the Brazilian education has undergone changes

somewhat significant. Among the access, permanence and quality, the latter two are the major

challenges still present. Offering political a strategy to prevent upward mobility does not remain

restricted to small elite is necessary; rather, they must be transformed into benefits for society.

The movement to build a better society is precisely the rescue of a public school system

with quality educational proposals based on a consistent pedagogy, not the feeling of preparing

the individual to fit the social system, but to make so critical and conscious, he participates in the

9 Composed by the manager (a) school and teaching coordination (macro and micro system).

17

social process, political and educational, with the protagonist of its history, citizens struggle to

exercise their rights and duties, able to overcome social inequalities.

In education, the marks of inequality in the school system can be seen from early

childhood education, first by lack of nurseries and pre-schools, according to the lack of learning

of children entering the public schools of basic education, many come to a university, but the

gaps are evident. Thus consolidating a socially relevant quality public education, as stated in the

review of the National Confederation of Workers in Education - CNTE (2014) by providing that:

The sanction of Law n⁰ 13.005/2014 is the result of arduous struggle of society for a

National Education Plan - PNE to answer the urgent demands of the Brazilian public

education, which requires is universal, free, secular, democratic and socially relevant

quality. (CNTE, 2014, p. 349)

The PNE approved by the House of Representatives in 2014 down 20 goals and 200

strategies for the next ten years. In general, the approved text determines that Brazil broadens

access to education and improves its quality by 2024. The fulfillment of your goals is important

for the advancement of education for all. This includes eradicating illiteracy, universal basic

education and schools offer full-time. Also part of the objectives, investing in continuing

education and increasing teacher salaries. The targets for the universalization of education and

eradication of illiteracy already in the previous NAP (2001-2010) and were not met, resulting in

social transgression due to the breach of the legislation.

For this new PNE, the expectations are high, given the forecast that by 2024 occurs

advances in investment in education with growth reaching the equivalent of 10% of GDP per

year, almost double practiced in the previous (5.3%). In this case, the prediction is that in the

fifth year of the plan, the value is already at 7%. The plan also provides complimentary sums

with 75% of the royalties10 obtained in the pre-salt exploration, with distribution among the 20

targets, according to pre-defined values for the bill.

For universal preschool, for example, investment in ten years will increase from 10.3

billion dollars to 16.8 billion dollars. Have to match teachers' salaries with those of other

graduates, the value will reach 40.9 billion.

10 President Dilma Rousseff saidthe approval of the National Education Plan (PNE) in Congress and the allocation of oil royalties for education,

compliance with the guarantee of the PNE goals. Available in: http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2014-06/dilma-destinacao-de-

royalties-do-petroleo-educacao-garante-cumprimento. Access: 08abr/15.

18

In Brazilian society, the movement for the consolidation of educational policy endorsed by

intellectuals, politicians and civil society is part of a historic struggle. If this theoretical discourse

to consolidate the challenge of solving a historic debt with the Brazilian people, revise caused

transgressions will be a great milestone in the history of the country. This is likely to help

minimize the poverty rate and educating for a sustainable life, but that seems like a utopia for

those who are born in an underprivileged social class economically.

In this context, the quality category has to do with sustainable living to citizen rights and

duties in a fair and equitable manner. Here is not located the search for equality, but respect for

difference, for the individual, subject of his history. In this sense equal, as exposes Bobbio

(1996) is replaced by justice "(...) is the social good par excellence and in that sense, social

virtue." (BOBBIO, 1996, p. 16).

On the subject, Fleury (1994) explains that the liberal11 ideology all were equal to the

market interface level and the assumptions of equality and freedom opposed to the social

protection measures which was justified using the argument that protectionist measures reduce

the degree of freedom and could contribute to the return of "will servitude which will be

associated to protectionism." (FLEURY, 1994, p. 69).

In any case, what characterizes ideologies12 is that "admit this or that particular form of

equality, one of which deals with the requirement of equal material, as distinct from equality

before the law and equal opportunities." (BOBBIO, 1996, p. 15-35). Thus, the distribution of

income might be one way to minimize the situations of social and educational inequalities not

only in the Brazilian states, but in a globalized world.

Failure to humanity emerges when it comes precisely the distribution of income, as

stressed by Fleury:

The current situation presents itself as a clash in the main states fight for the

transformation of the legal system of income distribution and the consolidation

hegemony in the international system in an attempt to build political and economic

order that favors their interests. (FLEURY, 1994, p. 230).

11 After the French revolution, the institutions were being adapted to the new organization based on the property and a set of ideas produced to

justify the new order. Liberalism has become the ideology of capitalist society, or bourgeois.(VINCENT,1995) 12Ideology may be linked to political actions, economic and social. The term ideology was used markedly by the philosopher Antoine Destutt de

Tracy. (VINCENT, 1995)

19

Think of an income distribution fairly probably be the utopian dimension of the story. This

illusion is unveiled by Anderson (1995) to discuss the statement to an interview with the

conservative newspaper of Chile, El Mercurio, when representatives of neoliberalism stated that

"if I had to choose from a free market economy with a dictatorial government or an economy

with controls and regulations, but with a democratic state, no doubt choose the first option."

(ANDERSON, 1995, p. 10).

The author follows the speech emphasizing that this was the next option not only for the

new liberalism of the theoretical, but also by many governments of many countries, especially in

Latin America that followed such guidelines for the implementation of its reforms and political

referrals. That to affirm the validity of the production process, and "lawful" for them to sacrifice

anything. Thus, we see the hostility with which issues such as democracy and rights to quality

education are treated by capitalist ideology. (ANDERSON, 1995)

Notably, the Brazilian government followed such guidelines and in the late 1970's and

early 1980 comes into force the State Minimum freeing the strength of the market. Also occurs

cutting social spending and implements the deregulation of the economy, privatization,

increasing concentration of income favorable to the richest and boasts many historical eliminate

worker achievements.

Given the above, the question is: will this global social context, with a neoliberal policy is

possible the consolidation of a legal framework that meets the real needs of the people or

transgression continue to materialize in breach of educational law?

As for the consolidation and continuation of the offense for non-compliance of the legal

framework, reality itself shows noncompliance with the quality of education, so the CNTE

(2014) points out that, "although the current PNE has spent three and a half years delay, the

worst part deals with the regulation by Congress, the Legislative Assembly and municipal

councils, without which its objectives and targets will not be achieved "which will make clear

transgression. The bases for a new educational reality in the country are released. However, its

concreteness depends on the political commitment of the public and social mobilization officers

in the fight to enforce the rights won.

The mobilizing function is the one that puts the board in an effective action to mediate

between the government and society, stimulating and triggering strategies of participation and

commitment of all to the promotion of the educational rights of citizenship, that is, the quality of

education for all.

20

Also, the school is an environment where the guidelines and actions are consolidated,

constitutes instead of debates on relevant challenges to problems found in day-to-day, because

according Heloísa Lück (2010) the school is equipped with great strategic value in the

pedagogical dynamics and, in this context, the teacher emerges as a subject in important

methodological innovations. And also, as a space where the student brings new cultures and

languages which requires a new professional attitude, especially before the narcissism in the age

of media.

2. Narcissism in the age of media: challenges for teaching in contemporary

The recognition of the school's daily life, their culture and the narcissistic culture is a

variant that is the object of research still in its infancy, especially in the educational field. His

emphasis is on the field of psychology.

In the Psychology field of study, the narcissistic culture has been investigated, in most

literary productions in order to seek help with the clinical practice of psychotherapists,

psychiatrists and analysts on the pathological reality that translates narcissistic way. The

principle to explain a state of human psychic development has evolved over the years and the

term won personality disorder status and later was transformed into a concept that investigates

and defines the social processes, that is, the narcissistic culture. (ANDRADE, 2011).

In education, we seek to understand the concept of this narcissistic culture, its meaning, so

that professionals working in schools, especially teachers find strategic ways to respond to some

phenomena witnessed in society with strong influence of this culture in space school. In this

field, the concern has to do with the culture of narcissism in the age of media, since the role of

the media in contemporary society, and particularly in schools needs further study.

Note that the advance of information technology and communication recent decades has

been impacting the culture of the Brazilian people with implications in the educational field.

With the proliferation of digital technologies, the language of students becomes quick and

creative, create signs with fewer letters for dialogue, add handwritten drawings with meanings

that tend to ensure a dynamic communication, demonstrating a new culture between the

interlocutors.

This new culture within the school has caused heated debates among education

professionals, one of them returned to their influence in the school context. According to Pérez-

21

Gómez (2001) school culture has different concepts in different fields, which allows the

recognition of the influence of the general culture of the particular, as in the school, considers

culture as:

The set of meanings, expectations and behaviors shared by a particular social group,

which facilitates and orders, limits and enhance the social exchanges, the symbolic

productions and materials and the individual and collective achievements within a

certain time frame and space. (...). Expressed in meanings, values, feelings, customs,

rituals, institutions and objects, feelings (material and symbolic) that surround the

individual life and community news. (GÒMEZ PÈREZ, 2001, p. 17).

The narcissistic culture in the age of media fits there standards imposed by the capitalist

system and in doing so, are adapting, obeying and identifying with something external to them,

so as it did for centuries, becoming docile, submissive and obedient to all walk as the capital

want, and with it, losing their individuality, their uniqueness, their essence. Chaui (2006), in his

book "Drill and Power: A media analysis" is a study on how the media portrays the ruling class

and how easily reproduce this system, because the ideas that predominate in society are the

holder of the class of material goods.

An example of this submission is identified in the use of media such as: internet, chat,

blog, orkut, twitter, messager (msn), whatsapp, television, cinema, among others. With the use of

these media, it is evident in contemporary society, a trend towards loss of interpersonal

interactions to a paranoid virtual interaction in which young people learn with the media and

these include cultural goods with the promotion of products, images and electronic media

communication as a way to meet consumer interest. (SETTON, 2011)

In this context, the school is no longer the undisputed reference. Ironically, the moment in

history when it seems to have democratized is put on the sidelines. The students, mostly up may

be present in the classroom every day, but that does not necessarily implies increasing influence

on them.

This implies the need for changes in the curriculum, in the posture of the professionals

involved in the educational process in the quest to understand and minimize conflict within the

school and narcissism in the age of media. Thus, the seriousness of the implications it enables

the school to plan new educational strategies to deal with this social context, whose major

teaching challenge is to articulate the previous experience and knowledge of students to the

22

development of student autonomy in order to form a collective intelligence that promotes

democratization knowledge and the full exercise of citizenship.

Final considerations

In the analysis, it became clear the importance of quality education in order to improve the

academic life of students and hence raise the Brazilian social development. It is understood that

education is quality when it is emancipatory as necessary and urgent human right in a country

like Brazil marked by diversity, social exclusion and inequality.

Therefore, guaranteeing the right to quality education is a fundamental principle for policy

and management of the school system. Despite advances, there are still major challenges, among

them the fight for quality education as a political issue in favor of the disadvantaged class of

material goods, the permanence of students and success in academic life. This requires more

organic quality of educational policies, through the construction of the National Education

System (SNE) and the PNE as state policies, in view of the success of public schools to excel to

failure since the latter is one of the pillars of cause of poverty in Brazil and this has to do largely

with the transgression that historically stands over the performance of educational legislation.

In the analysis of teachers' work, the challenge is the need for changes in the curriculum, in

the posture of the professionals involved in the educational process in the quest to understand

and minimize conflict within the school and narcissism in the age of media.

References

ANDERSON, Perry. Balance of neoliberalism. In: SADER, E. and GENTILI, P. Post-

Neoliberalism: social policies and democratic state. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.

ANDRADE, Andrea Faustino Ferreira Faria (dissertation). Translations of narcissistic culture in

the school culture: a study staff on basic school. Campo Grande / MS, UFMGS, the Post-

Graduate Education, 2011. Available at: https://sistemas.ufms.br/sigpos/portal/.../cursoId:60.

Access: 07 abr/2015

BOBBIO, Norberto. Equality and Freedom. Rio de Janeiro: Ediouro 1996.

BRASIL. Lei n° 9394/96. Law of Directives and Bases of National Education. Brasília:

Ministry of Education and Sport, 1996. Available at:

23

http://www.mp.pr.gov.br/institucional/capoio/cidadania/fundacoes/legisla/educ/09394_96.htm.

Access: 07 abr/2015

CHAUI, Marilena. Drill and power a media analysis. São Paulo. Ed. Perseus Abramo

Foundation, 2006.

CONAE. Brazilian education: indicators and challenges: consultation documents. Organized by

the National Education Forum. Brasilia: Ministry of Education, Executive Secretary, Deputy

Executive Secretary, 2013.

CNTE. PNE: More future for Brazilian education. 2nd Ed., Eighteenth year, n⁰ 28, expanded

edition. National Confederation of Workers in Education: Brasilia, Nov, 2014.

FLEURY. Sonia. State without Citizen: social security in Latin America. Rio de Janeiro:

FIOCRUZ, 1994.

FONSECA, Sonia Maria. Jesuit the gemony. HISTEDBR (2006).

http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/periodo_jesuitico_intro.html. Access 02

março/2015

GADOTTI, M. Quality in education: a new approach. São Paulo: Editora and Library Institute

Paulo Freire, 2010.

GENTILI, Pablo (org.). Post-neoliberalism: social policies and the State Democratic. Rio de

Janeiro, Paz e Terra, 1995.

GÒMEZ PÈREZ, AI the school culture in neoliberal society. Porto Alegre: Artmed 2001.

LUCK, Heloise. Concepts and Processes Democratic Management. 5. ed. Petropolis - RJ:

Voices, 2010. - Management Book Series - Volume II.

MACHADO, José Glaucio Couri (Org.). Education and cyberspace: studies, proposals and

challenges. Aracaju: Virtus, 2010.

PARO, Vitor Henrique. Democratic management of public schools. 3. ed. Sao Paulo: Attica,

2003.

SETTON, Mary Grace. Media and Education. 1. ed. 1st reprint. - London: Context, 2011.

VINCENT. Andrew. Ideologies, Modern Politics. Rio de Janeiro: Zahar, 1995.