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XX CULTURA RUDGE RAMOS Jornal da Cidade x de xxxxxxxxxxxxxxxxxx de 2016 Orquestras do ABC procuram visibilidade Foto: Letícia Weinz/RRJ Orquestra Sinfônica de Santo André é uma das que estão sofrendo com falta de divulgação, conforme explica o maestro Abel Rocha Letícia Weinz HARPAS, VIOLINOS, flautas, saxofones, trompe- tes. Um dos estilos de músi- ca mais antigos da história clássica, caracterizado por instrumentos de diferentes timbres sofre com a falta de divulgação no ABC. A Orquestra Filarmô - nica Carlos Gomes, de São Bernardo, existe há 93 anos e nos últimos anos não têm recebido verbas públicas. Hoje o conjunto musical sobrevive por meio de ajuda dos próprios músicos e busca criar uma relação com a nova gestão da Prefeitura de São Bernardo, além de procurar patrocínios culturais e apoio da Lei Rouanet: “Nos últimos anos, foi muito complicado na questão de cultura como um todo na cidade, pois foram cortados os investi- mentos, mas esperamos ter novamente algum apoio”, explicou o presidente da Or- questra, Marcos Shiguetoshi Questionada sobre a falta de incentivo com a cultura, a secretaria de co- municação de São Bernardo respondeu que dentro das limitações e necessidades irá promover e valorizar estas atividades, divulgan- do esses eventos da melhor maneira, levando o artista até o público por meio de ações em espaços abertos, praças e parques. Formada por 60 integran- tes, a Orquestra conta com um vasto repertório, desde Disney Magic Kingdom, Asa Branca e Princesa do Jeca para crianças até músicas mais eruditas como Dance of the Tumblers e Overture Varlar para os adultos, com o objetivo de contemplar todos os públicos: “Estamos com as portas abertas para quem ama música e está disposto a estudar, não precisa ter uma formação, apenas conheci - mento em algum instrumen- to”, explicou o vice-presidente Eli Monteiro, sobre como ingressar na Orquestra. Shiguetoshi, ainda enfa- tiza que não existe precon- ceito com a música clássica, pois a mesma é bem aceita independente da classe so- cial da pessoa, o que precisa mesmo é divulgação por parte da mídia: “Você pode levar em qualquer parque em um domingo de tarde, que vai ter gente para as- sistir. O que falta é levar esse tipo de música para um maior número de pessoas”, contou o presidente. Para o maestro Alailson Assumpção, da Banda Lira de Diadema, a participação de um público jovem seria uma porta de entrada para a melhor divulgação desse esti- lo musical. “Acho importante iniciativas com pessoas jo- vens preocupadas em discutir e divulgar a cultura musical como um todo. Nossos jovens hoje têm acesso a muitas informações, mas não sabem o que exatamente fazer com elas”, explicou o maestro. Santo André A falta de divulgação também atinge a Orquestra Sinfônica de Santo André. Criada há 27 anos, a or- questra, com 72 componen- tes pertence à prefeitura e realiza diversas atividades, entre elas concertos de for- mação de plateias (divididos em faixas etárias). Participa também do programa “Con- versando sobre Música” em lugares como SENAI, Lar de Terceira Idade e hospi- tais. Faz ainda trabalhos itinerantes, em que vai a comunidades e igrejas afas- tadas do centro, flashmobs nas ruas da cidade, além de concertos no Teatro Mu- nicipal todo final de mês: “A divulgação é reduzida, nós estamos há um tempo sem o sistema de divulgação eficiente das coisas que são feitas. E se você não sabe que existe, você não conso- me”, comentou o maestro Abel Rocha. O aposentado José Au- gusto Kojara acredita que de inicio há certo preconcei- to com esse tipo de música: “As pessoas acham que é algo muito sofisticado, mas depois que a pessoa conhece, não deixa mais de acompa- nhar a Orquestra. Aqui em Santo André todo mês tem concerto”, contou o aprecia- dor de música clássica. Já para a enfermeira Ju- liana Santos, esse tipo de música é uma arte muito bonita que deveria ser mais valorizada: “A divulgação é muito defasada, e como não é muito difundida nas escolas e em outros lugares, as pessoas não tem conhecimento e não sabem o que esperar sobre esse tipo de cultura”. Maestros desejam levar a música clássica tanto para adultos quanto para jovens CULTURA XX RUDGE RAMOS Jornal da Cidade x de xxxxxxxxxxxxxxxxxx de 2017 Música se torna porta de entrada para projetos sociais Nathalia Torres Renan Soares A MÚSICA clássica é conhecida por quebrar bar- reiras e entrar em contato com a emoção das pessoas. Por isso, ela pode se tornar uma grande porta de entra- da para iniciativas sociais em todos os âmbitos. A busca pelo público jo- vem é um dos primeiros pas- sos que precisam ser toma- dos para a expansão desse estilo musical. “Existe um movimento das Orquestras Americanas que por volta de 2011 mapeou as Orques- tras e reparou que o público estava muito velho e que a renovação deveria ter sido iniciada um tempo atrás” explica Mateus Simões, de 32 anos, atualmente Dire- tor Executivo na Orquestra Petrobras Sinfônica. Já a Orquestra Filarmô- nica Innovare, formada em São Bernardo há 5 anos pelo Maestro Fernando Mathias de Carvalho, busca sempre realizar ações a favor da população e de entidades carentes. “O meu foco é para que todos os shows sejam feitos com a população, e se possível, dependendo da magnitude do evento, arrecadar alimentos não perecíveis para reverter para instituições que neces- sitam”, diz. Fernando mora em São Bernardo, no bairro as - sunção, e procura sempre realizar as apresentações voltadas para o ABC. De acordo com o maestro de 26 anos, a Orquestra Innovare se preocupa também em re- alizar projetos e apresenta- ções para grupos religiosos e até tribos indígenas. “Um dos objetivos é proporcionar à população uma melhor qualidade de vida e bem- -estar, promovendo intera- ção, socialização e diversão através de programas mu- sicais voltados para recrea- ção, pensando também nas comunidades rurais e indí- genas que vivem na região pós-balsa”. Para a Banda Lyra de Mauá, a inclusão de crian- ças e jovens no mundo musi- cal também é um ponto mui- to importante. De acordo com Ana Maria de Freitas, presidente da corporação, Aulas gratuitas de marcha marcial são oferecidas na Banda Lyra de Mauá para jovens entre 9 a 14 anos Fotos: Leticia Weinz / RRJ psicóloga e também mora- dora do bairro Magini de Mauá, “a música desenvolve e resgata inúmeras habili- dades e aperfeiçoamentos na criança”. Com 82 anos de fun- cionamento, a Banda Lyra de Mauá é uma das corpo- rações musicais do ABC que focam no aprendizado musical para crianças. Para se inscrever como iniciante é preciso ter de 9 a 14 anos e realizar a inscrição na sede da corporação, na Rua Princesa Isabel, nº 247, no Centro de Mauá. As aulas são gratuitas, assim como os instrumentos cedidos pela banda e os uniformes para apresentações. A presidente da banda garante que o local está de portas abertas para auxiliar os jovens interessados. “Eu acredito muito no poder na música, acredito no trabalho que nós fazemos aqui, e eu sou muito grata... Eu come- cei aqui quando tinha 13 anos. Então é uma dívida de gratidão, porque contribuiu muito na minha vida”, rela- ta Ana Maria, de 44 anos. “A entidade foi criada por imigrantes europeus no período pós guerra em que estes usavam a música como ferramenta para matar a saudade das terras natais. Sendo assim, a Lyra de Mauá nessa época tocava a música da saudade e hoje toca a música da inclusão e resgate social.”, explica a presidente. Projeto Guri Em Santo á várias ofici- nas de instrumentos musi- cais gratuitas, para crianças e jovens entre 09 a 19 anos. As aulas de instrumentos variam como violino, saxo- fone e percussão. Além de aulas de canto coral, teoria e iniciação musical para os jovens. As aulas é uma realização do “Projeto Guri” criado em 1995 pela Secre- taria de Cultura do Estado de São Paulo. O Projeto Guri traba- lha com a formação de or- questras-escola, corais e grupos musicais, e é uma oportunidade para que as crianças e os jovens possam pensar criar, agir e viver em sociedade utilizando a música como multiplicador da educação e cultura. O projeto tem como base uma atividade sociocultural para que crianças e jovens, que possam ter acesso ao aprendizado musical, uma vez que este aprendizado não faz parte do currícu- lo das escolas públicas. O projeto já atingiu cerca de 32 mil crianças no ABC. Em Santo André o polo fica localizado na Estrada capa preta 812 – Vila João Rama- lho – Santo André – SP, o horário de funcionamento é de Segunda-feira das 08:00 ás 18:00 e de sexta-feira ás 08:00 ás 17:00. Já em São Caetano o polo fica localizado no Céu Meninos na rua Barbinos, 111, V. Independência –São Caetano, o horário de fun- cionamento é de segunda- -feira a quinta-feira, das 8h às 18h, sexta-feira, das 8h às 17:00. Caio Mello, 21, ex-aluno do Projeto Guri contou que o projeto foi importante para a sua vida “Fiquei muitos anos no projeto, aprendi a tocar contrabaixo elétrico e gui- tarra, sou muito grato por todo aprendizado que tive em todos esses anos”. Uma das assistentes sociais do projeto em Santo André, Carla Jardins,29, explica como o projeto muda o modo de agir e pensar das crianças e jovens que par- ticipam “O nosso cuidado com os jovens vai além do individualismo, ou seja não basta referir-se a direitos individuais, mas também de grupos e gerações e a características de um tempo e de sociedades. Quais seriam as marcas desta geração, e de gerações nessa sociedade. O nos - so intuito aqui no projeto é fazer essa ligação das crianças e dos Jovens com os instrumentos e a música erudita, com isso nós os familiarizamos com esse estilo musical tão lindo, e tão pouco apreciado hoje em dia pela nova geração”. Para se inscrever nos cursos que o projeto Guri oferece, o candidato deve comparecer ao polo de Santo André com os seguintes documentos: duas fotos, RG ou certidão de nascimento, comprovan- te de residência, carteira de vacinação e declaração de matrícula escolar. Os jovens já matriculados no projeto devem fazer apenas a rematrícula. Estilo clássico explora diversas vertentes Com arranjos sofisticados e um som diferenciado daquilo que é popular nas rádios, a música clássi- ca pode até assustar em um primeiro momento. Mas esse estilo musical também pode englobar outras vertentes e apresentar diferenças entre si. Orquestras sinfônicas, filarmônicas e as bandas Lira são alguns exemplos da diversidade que pode ha- ver dentro deste mundo musical. “As sinfônicas são geralmente mantidas pelo Estado, as filarmônicas por grupos privados, e a banda Lira normalmen- te é mantida pelo município e se difere por ser de tamanho menor que as anteriores e não possuir cordas em sua formação, apenas instrumentos de sopro e percussão, semelhantes às bandas marciais”, explicou o maestro Renato Zanuto. Zanuto atua como maestro desde 2009 e atualmente se dedica à regência e gestão da empresa Dynamic Produções, criada em Santo André, que começou em 2004 e organiza atrações musicais para eventos. “Fornecemos serviços musicais personalizados para as mais variadas necessidades, como casamentos, forma- turas, festas de empresa, palestras, concertos” falou o maestro. Zanuto ainda enfatiza que as apresentações seguem o estilo de música da preferência do contra- tante. “Trabalhamos desde erudito até o popular”. Para o músico percussionista Lino Hoff- mann Filho, por mais que a música clássi- ca seja “diferente”, ainda atinge todos os públicos. “É lenda que a orquestra seja para um público de elite, porque todo mundo tem direito de consumir cultura, de gostar do que quer gostar e ter a oportunidade de poder abrir o leque de opções.” (NT)

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Page 1: Orquestras do ABC procuram visibilidade...Orquestras do ABC procuram visibilidade Foto: Letícia Weinz/ RRJ Orquestra Sinfônica de Santo André é uma das que estão sofrendo com

XX CULTURA RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

x de xxxxxxxxxxxxxxxxxx de 2016

Orquestras do ABC procuram visibilidade

Foto: Letícia Weinz/RRJ

Orquestra Sinfônica de Santo André é uma das que estão sofrendo com falta de divulgação, conforme explica o maestro Abel Rocha

Letícia Weinz

HARPAS, VIOLINOS, flautas, saxofones, trompe-tes. Um dos estilos de músi-ca mais antigos da história clássica, caracterizado por instrumentos de diferentes timbres sofre com a falta de divulgação no ABC.

A Orquestra Filarmô-nica Carlos Gomes, de São Bernardo, existe há 93 anos e nos últimos anos não têm recebido verbas públicas. Hoje o conjunto musical sobrevive por meio de ajuda dos próprios músicos e busca criar uma relação com a nova gestão da Prefeitura de São Bernardo, além de procurar patrocínios culturais e apoio da Lei Rouanet: “Nos últimos anos, foi muito complicado na questão de cultura como um todo na cidade, pois foram cortados os investi-mentos, mas esperamos ter novamente algum apoio”, explicou o presidente da Or-questra, Marcos Shiguetoshi

Questionada sobre a falta de incentivo com a cultura, a secretaria de co-municação de São Bernardo respondeu que dentro das limitações e necessidades irá promover e valorizar estas atividades, divulgan-

do esses eventos da melhor maneira, levando o artista até o público por meio de ações em espaços abertos, praças e parques.

Formada por 60 integran-tes, a Orquestra conta com um vasto repertório, desde Disney Magic Kingdom, Asa Branca e Princesa do Jeca para crianças até músicas mais eruditas como Dance of the Tumblers e Overture Varlar para os adultos, com o objetivo de contemplar todos os públicos: “Estamos com as portas abertas para quem ama música e está disposto a estudar, não precisa ter uma formação, apenas conheci-mento em algum instrumen-to”, explicou o vice-presidente Eli Monteiro, sobre como ingressar na Orquestra.

Shiguetoshi, ainda enfa-tiza que não existe precon-ceito com a música clássica,

pois a mesma é bem aceita independente da classe so-cial da pessoa, o que precisa mesmo é divulgação por parte da mídia: “Você pode levar em qualquer parque em um domingo de tarde, que vai ter gente para as-sistir. O que falta é levar esse tipo de música para um maior número de pessoas”, contou o presidente.

Para o maestro Alailson Assumpção, da Banda Lira de Diadema, a participação de um público jovem seria uma porta de entrada para a melhor divulgação desse esti-lo musical. “Acho importante iniciativas com pessoas jo-vens preocupadas em discutir e divulgar a cultura musical como um todo. Nossos jovens hoje têm acesso a muitas informações, mas não sabem o que exatamente fazer com elas”, explicou o maestro.

Santo AndréA falta de divulgação

também atinge a Orquestra Sinfônica de Santo André. Criada há 27 anos, a or-questra, com 72 componen-tes pertence à prefeitura e realiza diversas atividades, entre elas concertos de for-mação de plateias (divididos em faixas etárias). Participa também do programa “Con-versando sobre Música” em lugares como SENAI, Lar de Terceira Idade e hospi-tais. Faz ainda trabalhos itinerantes, em que vai a comunidades e igrejas afas-tadas do centro, flashmobs nas ruas da cidade, além de concertos no Teatro Mu-nicipal todo final de mês: “A divulgação é reduzida, nós estamos há um tempo sem o sistema de divulgação eficiente das coisas que são feitas. E se você não sabe

que existe, você não conso-me”, comentou o maestro Abel Rocha.

O aposentado José Au-gusto Kojara acredita que de inicio há certo preconcei-to com esse tipo de música: “As pessoas acham que é algo muito sofisticado, mas depois que a pessoa conhece, não deixa mais de acompa-nhar a Orquestra. Aqui em Santo André todo mês tem concerto”, contou o aprecia-dor de música clássica.

Já para a enfermeira Ju-liana Santos, esse tipo de música é uma arte muito bonita que deveria ser mais valorizada: “A divulgação é muito defasada, e como não é muito difundida nas escolas e em outros lugares, as pessoas não tem conhecimento e não sabem o que esperar sobre esse tipo de cultura”.

Maestros desejam levar a música clássica tanto para adultos quanto para jovens

CULTURAXX RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

x de xxxxxxxxxxxxxxxxxx de 2017

Música se torna porta de entrada paraprojetos sociaisNathalia TorresRenan Soares

A MÚSICA clássica é conhecida por quebrar bar-reiras e entrar em contato com a emoção das pessoas. Por isso, ela pode se tornar uma grande porta de entra-da para iniciativas sociais em todos os âmbitos.

A busca pelo público jo-vem é um dos primeiros pas-sos que precisam ser toma-dos para a expansão desse estilo musical. “Existe um movimento das Orquestras Americanas que por volta de 2011 mapeou as Orques-tras e reparou que o público estava muito velho e que a renovação deveria ter sido iniciada um tempo atrás” explica Mateus Simões, de 32 anos, atualmente Dire-tor Executivo na Orquestra Petrobras Sinfônica.

Já a Orquestra Filarmô-nica Innovare, formada em São Bernardo há 5 anos pelo Maestro Fernando Mathias de Carvalho, busca sempre realizar ações a favor da população e de entidades carentes. “O meu foco é para que todos os shows sejam feitos com a população, e se possível, dependendo da magnitude do evento, arrecadar alimentos não perecíveis para reverter para instituições que neces-sitam”, diz.

Fernando mora em São Bernardo, no bairro as-sunção, e procura sempre realizar as apresentações voltadas para o ABC. De acordo com o maestro de 26 anos, a Orquestra Innovare se preocupa também em re-alizar projetos e apresenta-ções para grupos religiosos e até tribos indígenas. “Um dos objetivos é proporcionar à população uma melhor qualidade de vida e bem--estar, promovendo intera-ção, socialização e diversão através de programas mu-sicais voltados para recrea-ção, pensando também nas comunidades rurais e indí-genas que vivem na região pós-balsa”.

Para a Banda Lyra de Mauá, a inclusão de crian-ças e jovens no mundo musi-cal também é um ponto mui-to importante. De acordo com Ana Maria de Freitas, presidente da corporação,

Aulas gratuitas de marcha marcial são oferecidas na Banda Lyra de Mauá para jovens entre 9 a 14 anos

Fotos: Leticia Weinz / RRJ

psicóloga e também mora-dora do bairro Magini de Mauá, “a música desenvolve e resgata inúmeras habili-dades e aperfeiçoamentos na criança”.

Com 82 anos de fun-cionamento, a Banda Lyra de Mauá é uma das corpo-rações musicais do ABC que focam no aprendizado musical para crianças. Para se inscrever como iniciante é preciso ter de 9 a 14 anos e realizar a inscrição na sede da corporação, na Rua Princesa Isabel, nº 247, no Centro de Mauá. As aulas são gratuitas, assim como os instrumentos cedidos pela banda e os uniformes para apresentações.

A presidente da banda garante que o local está de portas abertas para auxiliar os jovens interessados. “Eu acredito muito no poder na música, acredito no trabalho que nós fazemos aqui, e eu sou muito grata... Eu come-cei aqui quando tinha 13 anos. Então é uma dívida de gratidão, porque contribuiu muito na minha vida”, rela-ta Ana Maria, de 44 anos.

“A entidade foi criada por imigrantes europeus no período pós guerra em que estes usavam a música como ferramenta para matar a saudade das terras natais. Sendo assim, a Lyra de Mauá nessa época tocava a

música da saudade e hoje toca a música da inclusão e resgate social.”, explica a presidente.

Projeto Guri Em Santo á várias ofici-

nas de instrumentos musi-cais gratuitas, para crianças e jovens entre 09 a 19 anos. As aulas de instrumentos variam como violino, saxo-fone e percussão. Além de aulas de canto coral, teoria e iniciação musical para os jovens. As aulas é uma realização do “Projeto Guri” criado em 1995 pela Secre-taria de Cultura do Estado de São Paulo.

O Projeto Guri traba-lha com a formação de or-questras-escola, corais e grupos musicais, e é uma oportunidade para que as

crianças e os jovens possam pensar criar, agir e viver em sociedade utilizando a música como multiplicador da educação e cultura.

O projeto tem como base uma atividade sociocultural para que crianças e jovens, que possam ter acesso ao aprendizado musical, uma vez que este aprendizado não faz parte do currícu-lo das escolas públicas. O projeto já atingiu cerca de 32 mil crianças no ABC. Em Santo André o polo fica localizado na Estrada capa preta 812 – Vila João Rama-lho – Santo André – SP, o horário de funcionamento é de Segunda-feira das 08:00 ás 18:00 e de sexta-feira ás 08:00 ás 17:00.

Já em São Caetano o polo fica localizado no Céu

Meninos na rua Barbinos, 111, V. Independência –São Caetano, o horário de fun-cionamento é de segunda--feira a quinta-feira, das 8h às 18h, sexta-feira, das 8h às 17:00. Caio Mello, 21, ex-aluno do Projeto Guri contou que o projeto foi importante para a sua vida “Fiquei muitos anos no projeto, aprendi a tocar contrabaixo elétrico e gui-tarra, sou muito grato por todo aprendizado que tive em todos esses anos”.

Uma das assistentes sociais do projeto em Santo André, Carla Jardins,29, explica como o projeto muda o modo de agir e pensar das crianças e jovens que par-ticipam “O nosso cuidado com os jovens vai além do individualismo, ou seja não basta referir-se a direitos individuais, mas também de grupos e gerações e a características de um tempo e de sociedades.

Quais seriam as marcas desta geração, e de gerações nessa sociedade. O nos-so intuito aqui no projeto é fazer essa ligação das crianças e dos Jovens com os instrumentos e a música erudita, com isso nós os familiarizamos com esse estilo musical tão lindo, e tão pouco apreciado hoje em dia pela nova geração”. Para se inscrever nos cursos que o projeto Guri oferece, o candidato deve comparecer ao polo de Santo André com os seguintes documentos: duas fotos, RG ou certidão de nascimento, comprovan-te de residência, carteira de vacinação e declaração de matrícula escolar. Os jovens já matriculados no projeto devem fazer apenas a rematrícula.

Estilo clássico explora diversas vertentesCom arranjos sofisticados e um som diferenciado daquilo que é popular nas rádios, a música clássi-ca pode até assustar em um primeiro momento. Mas esse estilo musical também pode englobar outras vertentes e apresentar diferenças entre si.Orquestras sinfônicas, filarmônicas e as bandas Lira são alguns exemplos da diversidade que pode ha-ver dentro deste mundo musical. “As sinfônicas são geralmente mantidas pelo Estado, as filarmônicas por grupos privados, e a banda Lira normalmen-te é mantida pelo município e se difere por ser de tamanho menor que as anteriores e não possuir cordas em sua formação, apenas instrumentos de sopro e percussão, semelhantes às bandas marciais”, explicou o maestro Renato Zanuto.Zanuto atua como maestro desde 2009 e atualmente se dedica à regência e gestão da empresa Dynamic Produções, criada em Santo André, que começou em 2004 e organiza atrações musicais para eventos. “Fornecemos serviços musicais personalizados para as mais variadas necessidades, como casamentos, forma-turas, festas de empresa, palestras, concertos” falou o maestro. Zanuto ainda enfatiza que as apresentações seguem o estilo de música da preferência do contra-tante. “Trabalhamos desde erudito até o popular”.

Para o músico percussionista Lino Hoff-mann Filho, por mais que a música clássi-ca seja “diferente”, ainda atinge todos os públicos. “É lenda que a orquestra seja para um público de elite, porque todo mundo tem direito de consumir cultura, de gostar do que quer gostar e ter a oportunidade de poder abrir o leque de opções.” (NT)