orientações para professores
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Introdução
Desde o início do sistema de ensino existiram várias discussões a respeito do que se deveria ensinar, da forma como
se deveria ensinar, e de como deveria ser o comportamento de professores e alunos, enquanto mestres e aprendizes,
em alguns conceitos de educação mais antigos, ou enquanto construtores do conhecimento, em conceitos mais atuais.
Uma das preocupações referentes ao ensino é quanto à relação professor-aluno, se diferentes relações entre docentes
e dicentes influenciam de formas diferentes no processo de ensino-aprendizagem. Baseados em alguns autores,
expomos algumas idéias a respeito da relação professor-aluno existentes na atualidade e a forma que estas relações
podem afetar o ensino e a aprendizagem.
As relações professor-aluno: fator determinante do ensino-aprendizagem
A escola tem, atualmente, como função primordial, a formação de pessoas críticas e aptas para o exercício da
cidadania, conscientes de suas obrigações e de seus direitos. Para que os alunos possam chegar a esta formação, é
necessário que passem por uma série de aprendizagens (não serão avaliados aqui os conteúdos e a validade destas
aprendizagens, da forma com que são estruturadas atualmente, o aspecto abordado será somente acerca do ensino-
aprendizagem), e precisam contar com um orientador durante estas aprendizagens, representado pelo professor.
A orientação dada pelo professor é o que caracteriza o ensino, conceituado por Saint-Onge (1999) como sendo “a
organização de métodos de intervenção que permitam ao aluno construir seu saber com base no modelo do saber das
diversas disciplinas escolares”, e que tem por função, ainda de acordo com Saint-Onge, ativar e guiar o processo de
aprendizagem, o que deixa explícito que não existe ensino onde não há aprendizagem.
Para que isto ocorra, é necessário que o professor tenha plena consciência do seu papel enquanto orientador. O
ensino não se baseia apenas na ação de enunciar aquilo que se sabe, se produz em uma relação muito mais complexa
do que isto. O ensino deve se basear em uma relação psicopedagógica, uma relação que ativa o processo de
aprendizagem no aluno. 1
Saint-Onge aponta também a associação entre as emoções e a aprendizagem. Geralmente, as informações que são
guardadas na memória são aquelas às quais damos alguma importância, aquelas que, de alguma forma, nos
comovem. As informações às quais somos indiferentes dificilmente serão gurdadas, o que leva a concluir que existe
uma informação subjetiva associada às informações que nos são transmitidas. Assim, o professor pode influenciar a
percepção da importância atribuída pelos alunos ao conteúdo que está ensinando. O entusiasmo do professor é
determinante para o julgamento dos alunos sobre o valor do conteúdo a ser aprendido, assim como o seu humor, pois
não se pode ensinar com indiferença, sem que isso tenha algum efeito negativo no processo de ensino aprendizagem.
(SAINT-ONGE, 1999).
As relações entre o professor e o aluno sempre foram um assunto presente nas concepções de ensino e das
tendências pedagógicas, ainda que em algumas delas, estas relações fossem quase inexistentes, figurando o
professor como a figura máxima de poder dentro da sala de aula, enquanto os alunos figuravam apenas como
receptáculo de todo o saber enunciado pelo professor, não existindo nenhuma relação mais pessoal entre o mestre e o
aprendiz. Nos dias de hoje, há grande preocupação com o efeito que as relações afetivas entre o professor e o aluno
causam no processo de ensino-aprendizagem. Têm-se dado ênfase às interações sociais, visto que a escola também é
um espaço social, e destaca-se o papel determinante do outro da construção do desenvolvimento do indivíduo, e deixa
de existir somente a preocupação com “o que” se ensina, e surge a grande preocupação de “como” se ensina.2
O comportamento do professor com cada aluno em particular e com sua turma, em geral, define, muitas vezes, o
comportamento dos alunos e a sua capacidade de efetivação da aprendizagem, da construção do seu próprio
conhecimento através da orientação do professor. Atualmente, o descaso pelo ato de lecionar e também pelo ato de
aprender tornou-se um problema cada vez mais notável nas salas de aula. Neste contexto, tomando como referência
alguns comportamento comuns a muitos professores, alguns autores classificam os professores em algumas
categorias, estabelecendo relações comparativas. Hamilton Werneck (1995), por exemplo, classifica os tipos de
professores em diversos animais, comparando suas características (como por exemplo, o professor abelha, que
trabalha com muita persistência e determinação, ou o professor macaco, que costuma transformar sua aula em uma
grande brincadeira e não perde a oportunidade de transformar alguma resposta errada dos seus alunos em motivo de
chacota). Por sua vez, Gabriel Chalita define onze “tipos” de professores, conforme suas atitudes. É claro que, assim
como qualquer profissional ou qualquer pessoa, cada professor tem características próprias, sejam boas ou ruins, é
único. Porém, os “estereótipos” propostos por Chalita reúnem as características mais comuns observadas em certos
professores. A seguir, serão apresentados os tipos de professores e uma discussão acerca de cada um deles.
O professor arrogante
Características: é o professor que acredita ser o detento do saber, e costuma colocar os alunos em um patamar de
inferioridade. Defende-se de qualquer questionamento dos alunos argumentando sobre o seu grau de instrução,
questionando sobre o número de graduações que o aluno possui, ou se possui alguma publicação importante, para se
mostrar superior. Não gosta de ser interrompido, e não permite que os alunos manifestem suas idéias.
Relação professor-aluno: quase inexistente, e, quando existe, trata-se de uma relação de subordinação por parte do
aluno pelo professor.
Problemas prováveis no ensino-aprendizagem decorrentes deste comportamento: os alunos do professor arrogante
dificilmente darão alguma importância subjetiva aos conteúdos enunciados por este professor, e provavelmente, não
guardarão as informações transmitidas por ele. Como não há a construção de uma relação de confiança entre
professor e aluno, toda vez que os alunos não compreenderem o assunto, não terão coragem de fazer perguntas, e a
aprendizagem não se efetivará, o que, consequentemente, faz com que não haja ensino.
O professor inseguro
Características: tem medo dos alunos, teme ser rejeitado e de não conseguir fazer um bom trabalho. Mesmo
preparando a aula, não sabe por onde começar a ensinar a sua matéria. Pensa que talvez seu método não esteja
adequado, ou que talvez os alunos não vão concordar com o seu método de avaliação. Receia que os pais dos alunos
não gostem da relação que ele mantém com seus filhos, ou que talvez a direção da escola reprove o seu trabalho,
assim como tem medo das críticas dos outros professores. Diante de tantos receios e temores, se vê paralisado e tem
o seu potencial educador anulado.
Relação professor-aluno: talvez este professor tenta construir uma boa relação com os seus alunos, mas, ao contrário
do professor arrogante, ele é que acaba tomando uma posição de subordinação com relação aos alunos.
Problemas prováveis no ensino-aprendizagem decorrentes deste comportamento: além de não conseguir crescer
profissionalmente e nem trabalhar em parceria com outros professores e com a escola onde trabalha, o professor
inseguro torna-se motivo de piadas entre os alunos e tem sua credibilidade posta em cheque em sala de aula, visto
que ele mesmo demonstra que não tem confiança em si mesmo, desmotivando os seus alunos a confiarem no seu
ensino. Assim, também o ensino é prejudicado, visto que muitos alunos não irão dar real importância para o
aprendizado.
O professor lamuriante
Características: este professor reclama o tempo todo. Reclama do seu baixo salário, da situação atual do país, da
escola, dos alunos, da falta de estrutura e de materiais da escola, do pouco tempo que dispõe para ministrar sua
matéria, de sua vida pessoal. Sempre passa a impressão de que está arrasado e de que não está feliz com seu
trabalho. Muitas vezes se aproveita da condição de professor e usa seus alunos para fazer terapia.
Relação professor-aluno: este professor cria com seus alunos a mesma relação que cria com seu cabeleireiro, usando
seus alunos para descarregar seu cansaço, sua irritação com problemas diários. Talvez assim até consiga criar algum
tipo de relação mais pessoal, mas dificilmente esta relação irá auxiliar o processo de ensino aprendizagem.
Problemas prováveis no ensino-aprendizagem decorrentes deste comportamento: o professor lamuriante mostra aos
seus alunos apenas o lado ruim da educação, do ensino, da aprendizagem, enfim, de qualquer aspecto que possa
fazer ou vir a fazer parte da vida de seus alunos, desmotivando-os no processo de ensino aprendizagem. Sem
motivação, é muito difícil que um aluno consiga se interessar pelo aprendizado, inutilizando o ensino.
O professor ditador
Características: este professor não respeita a autonomia do aluno, e trabalha como se fosse um comandante em
batalha. Exige disciplina o tempo todo, às custas de gritos e ameaças. Não permite nenhum barulho, e impõe horários
rígidos para tudo: ninguém chega mais tarde ou sai mais cedo, e ninguém vai ao banheiro a não ser no horário do
intervalo. Em dia de prova, observa aluno por aluno, proíbe empréstimo de material e ameaça quem ousar olhar para o
lado.
Relação professor-aluno: a relação existente entre o professor ditador e o aluno existe mais na cabeça do professor do
que dos seus alunos, sendo uma relação de subordinação e obediência por parte dos alunos para com o professor.
Problemas prováveis no ensino-aprendizagem decorrentes deste comportamento:o respeito é algo que precisa ser
conquistado, e não imposto. Ninguém gosta de ser forçado a fazer algo. Portanto, não haverá prazer no aprendizado, e
talvez, realmente não haja aprendizado. Também, na sala de aula do professor ditador, não haverá a possibilidade de
interação entre os alunos, e, portanto, a possibilidade de construção conjunta do conhecimento será vetada. Talvez os
alunos saibam a hora de fazer silêncio ou de ir ao banheiro, mas dificilmente saberão se comportar durante o processo
de ensino-aprendizagem. Na verdade, este processo será muito prejudicado, pois grande parte dos professores
ditadores faz com que os alunos decorem sua matéria, e não auxilia na aprendizagem efetiva. Portanto, muitas vezes
pode não haver ensino, no seu sentido pleno.
O professor bonzinho
Características: ao contrário do professor ditador, este professor força a amizade com os alunos, sempre reforçando a
idéia de que gosta dos seus alunos, trazendo presentes e dando notas altas indiscriminadamente. Deixa que seus
alunos decidam quais serão os métodos de avaliação, e, durante a prova, responde questões para os alunos para que
eles não fiquem tristes ou não tirem notas baixas.
Relação professor-aluno: a relação pessoal entre o professor bonzinho e os alunos é geralmente boa, mas a relação
profissional é praticamente anulada. Da mesma forma que o professor ditador, este professor precisa entender que o
respeito é algo a ser conquistado, e não implorado por ações que acabam por prejudicar o aluno.
Problemas prováveis no ensino-aprendizagem decorrentes deste comportamento: este professor é um dos que mais
prejudicam o processo de aprendizagem dos alunos. Pode-se considerar que neste caso, pode sim existir o processo
de ensino-aprendizagem, mas ele é prejudicado pela falta de importância que o aluno dará ao aprendizado, pois ele
saberá que, na prova, o professor dará as respostas, então ele não precisa saber o conteúdo neste momento (e este
fato remete a dois grandes problemas da educação: a prova como o único método de avaliação e a idéia errônea que
os alunos têm de que eles só precisam aprender para reproduzir na prova, não sendo necessário aprender para a
vida).
O professor desorganizado
Características: o professor desorganizado entra na sua sala sem ter a menor idéia do que vai ensinar. Não prepara
aula, não estuda o conteúdo. Como não sabe ao certo a sua matéria, se põe a enrolar seus alunos com conversas e
banalidades, e inventa atividades aleatórias, para os quais os alunos não tiveram nenhuma preparação e não dispõem
de subsídio. Ao contrário do professor bonzinho, que tenta forçar uma imagem de respeito exagerado pelos alunos,
este professor não tem respeito pelo seu próprio trabalho e nem pelos seus alunos.
Problemas prováveis no ensino-aprendizagem decorrentes deste comportamento: para que haja aprendizado, é
necessário que o aluno seja preparado gradativamente, que ele tenha subsídios ensinados anteriormente para que
possa construir novos aprendizados. Sem preparação, o aluno não irá desenvolver um novo aprendizado. Portanto, o
professor deve planejar sua aula, desenvolver e seguir um planejamento que leve aos seus alunos a desenvolver-se
durante os seus aprendizados.
O professor oba-oba
Características: este tipo de professor adora dinâmicas de sala de aula, passa muitos filmes e reportagens, transforma
qualquer aula em um passeio para que os alunos observem os fenômenos fora da sala de aula.
Relação professor-aluno: este professor consegue manter boas relações com os alunos, porém peca na falta de
objetividade do seu ensino.
Problemas prováveis no ensino-aprendizagem decorrentes deste comportamento:toda aula dinâmica ou diferente das
mesmas aulas repetitivas usando-se quadro e giz, sem que os alunos possam observar os conteúdos sendo aplicados
é uma carta na manga para chamar a atenção dos alunos e conseguir efetivar o aprendizado. Porém, quando se usa
filmes, dinâmicas de grupo ou aulas-passeios sem que haja uma reflexão sobre o objetivo deste método, sem uma
discussão sobre os conteúdos envolvidos e sem que o objetivo que permeia estas atividades sejam deixados bem
claros para os alunos, estas atividades são inutilizadas e só servem para passar o tempo na sala de aula, e não
enriquecem o processo de ensino-aprendizagem da forma que poderiam e deveriam enriquecer.
O professor livresco
Características: este professor tem uma vasta cultura, possui um profundo conhecimento de sua matéria, mas não
consegue relacioná-la com a vida, como o seu próprio dia-a-dia ou com o dos seus alunos. Ele entende de livros, sabe
indicar referências bibliográficas para qualquer assunto, mas não entende nada do cotidiano. Ele não utiliza outro
método pedagógico a não ser o livro. Não se interessa se os alunos conseguem ou não acompanhar o seu raciocínio,
apenas passa tudo aquilo que preparou para ser falado durante a aula. Se algum aluno faz uma pergunta, consulta no
livro para responder; enquanto prepara a sua aula, consulta livros e mais livros e considera como relevante à sua aula
apenas o que vê escrito neles.
Relação professor-aluno: o mediador entre este professor e o aluno é o livro. A relação entre o professor e o aluno é
muito prejudicada, pois o professor livresco ignora qualquer tentativa de associação do aluno entre o conteúdo e o seu
dia-a-dia, e também resolve qualquer questão levantada indicando livros que devem ser lidos para sanar qualquer
dúvida.
Problemas prováveis no ensino-aprendizagem decorrentes deste comportamento:este professor acredita que seu
trabalho como orientador do conhecimento possa ser facilmente substituído pela leitura de alguns livros. Assim, ele
anula a sua função e os seus alunos sofrem com a falta da figura de um mediador, que os ajude a aprender os
conteúdos e, principalmente, que mostre a importância dos conteúdos aprendidos, indicando várias situações
cotidianas onde estes conteúdos poderiam ser aplicados e mostre o quanto sua disciplina está presente no dia-a-dia
dos alunos, e, portanto, quanto é importante que os alunos tenham estes conhecimentos.
O professor “tô fora”
Características: ele não se compromete com a comunidade acadêmica, não participa de reuniões, de preparação de
projetos conjuntos, não participa de nenhum evento que ocorra na escola. Simplesmente dá a sua aula e vai embora.
É, muitas vezes, um bom professor, mas não evolui social e nem profissionalmente, pois não convive com as outras
pessoas que trabalham na escola e não evolui seu conteúdo interdisciplinar, pois não está presente. Alguns são
arrogantes a ponto de acreditar que não têm mais nada a aprender, e, portanto, não vão ficar discutindo sobre o que
consideram “bobagens”. Outros não participam de nenhuma outra atividade que não seja a sua aula propriamente dita
por não estarem recebendo para isto.
Relação professor-aluno: a relação estabelecida entre este professor e os seus alunos é muito restrita à sala de aula.
Pode ser que estas atitudes do professor não venham a prejudicar o processo de ensino-aprendizagem, porém, os
alunos jamais o verão como um professor amigo e participativo, e o professor perde a oportunidade de construir uma
relação mais amistosa e de confiança entre seus alunos e também com seus colegas de trabalho.
Problemas prováveis no ensino-aprendizagem decorrentes deste comportamento: como este professor não
compreende os aspectos interdisciplinares da educação, ele não saberá relacionar sua disciplina com as demais, e o
ensino de sua disciplina será fragmentado, pois ele não estabelecerá pontes entre as disciplinas aprendidas por seus
alunos em outras aulas. Além disso, ele não saberá aproveitar as oportunidades do trabalho em conjunto com outros
professores, o que poderia enriquecer muito o aprendizado dos seus alunos.
O professor dez questões
Características: reduz toda a matéria que ministrou durante o bimestre a um determinado número de questões. Pode
ser que o número de questões seja maior ou menor que dez, mas não importa, o objetivo é sempre o mesmo. Se
utilizar o livro didático, manda que os alunos leiam o livro, façam um resumo do capítulo e respondam às questões.
Geralmente, suas questões não são relacionais, nem críticas. Se for um professor de ciências exatas, geralmente os
alunos devem decorar fórmulas para resolver suas questões. No final do bimestre, para comprovar sua generosidade,
apresenta algumas questões que devem ser decoradas para prova.
Relação professor-aluno: muito dificultada. Se o professor resume a sua matéria a algumas questões, seus alunos se
sentem torturados decorando questões.
Problemas prováveis no ensino-aprendizagem decorrentes deste comportamento: o trabalho de um professor não pode
ser resumido a simplesmente passar matéria no quadro, ou ainda indicar capítulos de um livro, para depois resumir
tudo isto em algumas questões que não exigem um mínimo de reflexão e que não possuem nenhuma correlação.
Novamente, não pode haver aprendizado em decorar respostas, e, assim, também não há ensino. Com tantos
métodos alternativos de ensino, que exigem talvez um mínimo de criatividade, esforço e algum conhecimento
tecnológico, é inadmissível que um professor se utilize ainda somente neste velho método de questionários.
O professor tiozinho
Características: a denominação “tiozinho” tem aqui um sentido pejorativo. Este tipo de professor gasta suas aulas mais
para conversar e dar conselhos aos seus alunos do que para ensinar sua disciplina. Trata-os como se fossem da sua
própria família, e se incomoda com suas vidas pessoais, suas atitudes em relação a todos os aspectos particulares: o
que fazem em casa, que lugares costumam frequentar etc. Emite opiniões sobre todos estes aspectos e costuma
diagnosticar todos os problemas dos alunos somente pelos comentários feitos por eles.
Relação professor-aluno: tem uma relação com seus alunos mais familiar do que educacional.
Problemas prováveis no ensino-aprendizagem decorrentes deste comportamento: conselhos não funcionam com os
alunos, assim como não funcionam com familiares nesta faixa etária. Geralmente, conselhos só são bem aceitos
quando o professor tem uma relação de confiança com os alunos suficiente para fazer com que o aluno procure o
professor para contar seus problemas. Enquanto o professor se incomoda com a vida particular dos seus alunos, deixa
de lado a sua função primordial, que é de ensinar.
Apesar de todos os perfis destacados e considerados mais comuns por Chalita, é claro que não se pode desconsiderar
a existência de muitos professores que exercem a sua profissão com amor e dedicação. Existem muitos professores
que se preocupam com a relação que mantêm com seus alunos, não a ponto de interferir nas suas vidas pessoais ou
de se tornar o alvo de piadas por parte dos alunos, mas tornando o processo de ensino-aprendizagem significativo e
agradável, tanto para seus alunos como para si mesmo. O professor deve ser o educador, o orientador, o construtor do
conhecimento juntamente com os seus alunos, em uma relação de bom senso, que permite ao aluno se desenvolver
com autonomia, trabalhando com entusiasmo, comemorando junto com os alunos suas conquistas, apoiando na
correção dos fracassos, tratando seus alunos com igualdade, não discriminando ninguém por suas capacidades e
habilidades, e participando ativamente de todo o processo de ensino-aprendizagem, melhorando-o a cada dia.
Considerações finais
A partir desta reflexão a respeito das atitudes e do comportamento dos professores para com seus alunos,
estabelecendo, assim, algumas formas de relação que podem ser criadas entre mestres e educandos, pode-se
perceber que estas atitudes geralmente são determinantes para a construção da relação professor-aluno, e podem
afetar diretamente o processo de ensino-aprendizagem.
Muitas vezes, uma boa relação, de confiança e de afeto entre o professor e o aluno pode facilitar muito o processo,
tornando a aprendizagem mais significativa e prazerosa, e, assim, facilitando muito o ensino, que se torna também
mais gratificante para o professor. Por outro lado, relações mal estabelecidas ou relações em que um dos envolvidos é
colocado em uma posição de inferioridade geralmente tornam o ensino-aprendizagem um fardo, difícil de ser efetivado
tanto para o professor, que não encontra realização pessoal e profissional em seu trabalho, enquanto recebe apenas a
hostilidade de seus alunos. Os alunos, por sua vez, não encontram prazer na aprendizagem, e não conseguem dar a
ela um sentido.
Referências
1 SAINT-ONGE, Michel. O ensino na escola: O que é? Como se faz? São Paulo: Edições Loyola, 1999.
2 LEITE, Sérgio Antônio da Silva; TASSONI, Elvira Cristina Martins. A afetividade em sala de aula: As condições de
ensino e a mediação do professor. Disponível em http://www.fe.unicamp.br/alle/textos/SASL-
AAfetividadeemSaladeAula.pdf, acesso em 26/04/10.
WERNECK, Hamilton. Prova, provão, camisa de força da educação. 6ª ed. Petrópolis: Vozes,1995.
CHALITA, Gabriel. Professor. Revista Profissão Mestre, abril/2002, pag. 19 - 22.