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1 MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Manual A INSERÇÃO DA PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA E DO BENEFICIÁRIO REABILITADO NO MERCADO DE TRABALHO Manual elaborado pela Comissão de Estudos para Inserção da Pessoa Portadora de Deficiência no Mercado de Trabalho: Maria Aparecida Gugel, Cássio Luís Casagrande, Denise Lapolla de Paula Aguiar Andrade, Janilda Guimarães de Lima Collo, Lutiana Nacur Lorentz, Ricardo Tadeu Marques da Fonseca e João Batista Martins César (substituto) - Portarias nº 375, de 7 de outubro de 1999; 436, de 18 de novembro de 1999 e 60 , de 09 de março de 2001. ÓRGÃOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Procurador-Geral : Guilherme Mastrichi Basso Vice Procurador-Geral : Guiomar Rechia Gomes Conselho Superior: Guilherme Mastrichi Basso Luiz da Silva Flores Jeferson Luiz Pereira Coelho Guiomar Rechia Gomes Maria de Fátima Rosa Lourenço Lucinea Alves Ocampos (Vice Presidente) Terezinha Matilde Licks Flávio Nunes Campos Lélio Bentes Corrêa Ivana Auxiliadora Mendonça Santos Câmara de Coordenação e Revisão: Maria Aparecida Gugel (Coordenadora) Dan Caraí da Costa e Paes Terezinha Matilde Licks Prates Edson Braz da Silva (suplente) Evany Oliveira Selva (suplente) Corregedoria: Heloísa Maria Moraes Rêgo Pires

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Manual A INSERÇÃO DA PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA E DO BENEFICIÁRIO REABILITADO NO MERCADO DE TRABALHO

Manual elaborado pela Comissão de Estudos para Inserção da Pessoa Portadora de Deficiência no Mercado de Trabalho: Maria Aparecida Gugel, Cássio Luís Casagrande, Denise Lapolla de Paula Aguiar Andrade, Janilda Guimarães de Lima Collo, Lutiana Nacur Lorentz, Ricardo Tadeu Marques da Fonseca e João Batista Martins César (substituto) - Portarias nº 375, de 7 de outubro de 1999; 436, de 18 de novembro de 1999 e 60 , de 09 de março de 2001.

ÓRGÃOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Procurador-Geral : Guilherme Mastrichi Basso Vice Procurador-Geral : Guiomar Rechia Gomes Conselho Superior: Guilherme Mastrichi Basso

Luiz da Silva Flores Jeferson Luiz Pereira Coelho Guiomar Rechia Gomes Maria de Fátima Rosa Lourenço Lucinea Alves Ocampos (Vice Presidente) Terezinha Matilde Licks Flávio Nunes Campos Lélio Bentes Corrêa Ivana Auxiliadora Mendonça Santos

Câmara de Coordenação e Revisão: Maria Aparecida Gugel (Coordenadora) Dan Caraí da Costa e Paes Terezinha Matilde Licks Prates Edson Braz da Silva (suplente) Evany Oliveira Selva (suplente)

Corregedoria: Heloísa Maria Moraes Rêgo Pires

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OBJETIVO A integração das pessoas portadoras de deficiência no processo produtivo é um dos

maiores obstáculos para a sua inclusão social. Há ainda preconceitos em relação à

sua capacidade contributiva em um conceito competitivo que hoje orienta o mundo

empresarial. Essa restrição está vinculada ao desconhecimento acerca das

possibilidades do portador de deficiência de se inserir como agente ativo do

processo de produção, desde que lhe sejam dadas as oportunidades de

desenvolvimento de todo o seu potencial.

Indutor principal dessa inserção da pessoa portadora de deficiência no mundo do

trabalho é a Constituição que prevê a reserva de cargos e a proibição de qualquer

discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de

deficiência.

Seguem-lhe as leis 8.213/91 indicando os percentuais de postos de trabalho em

relação ao número de empregados da empresa, 7.853/89, com a política nacional

voltada para o portador de deficiência, e o Decreto 3.298/99 regulamentando, dentre

outras, a forma de acesso às relações de trabalho.

Porque se está diante de um contexto social com inúmeras variáveis é que a

atribuição do Membro do Ministério Público do Trabalho de fazer cumprir os

princípios constitucionais e a lei é complexa. Assim, objetiva-se com as orientações

que ora se apresentam encontrar a coerência entre a ação legal de inserir o

trabalhador portador de deficiência no mercado de trabalho e os propósitos

institucionais de efetivação da inclusão social do portador de deficiência. Tudo isso,

sem esquecer do beneficiário reabilitado, que após adquirir doença ocupacional ou

seqüela motivada por acidente do trabalho (ou não), venha a ter sua capacidade

laborativa restringida, colocando-o em situação de desvantagem no emprego, o que

muitas das vezes enseja a sua despedida após o decurso do período da

estabilidade.

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PANORAMA HISTÓRICO SOCIAL Para melhor compreender a situação atual de exclusão em que se encontra a

pessoa portadora de deficiência é importante contextualizar a evolução histórica e

social ao longo da construção da civilização.

Na antiguidade remota e entre os povos primitivos, o tratamento destinado aos

portadores de deficiência assumiu dois aspectos distintos: alguns os exterminavam,

por considerá-los grave empecilho à sobrevivência do grupo e, outros, os protegiam e

sustentavam para buscar a simpatia dos deuses.

A Lei das XII Tábuas, na Roma antiga, autorizava os patriarcas a matar seus filhos

defeituosos, o mesmo ocorrendo em Esparta, onde os recém-nascidos, frágeis ou

deficientes, eram lançados do alto do Taigeto (abismo de mais de 2.400 metros de

profundidade).

Os hindus estimulavam o ingresso dos deficientes visuais nas funções religiosas. Os

atenienses, por influência de Aristóteles, protegiam seus doentes e deficientes em

sistema semelhante à nossa Previdência Social, em que todos contribuíam para a

manutenção dos heróis de guerra e de suas famílias.

Durante a Idade Média, já sob a influência do Cristianismo, os senhores feudais

amparavam os deficientes e os doentes, em casas de assistência, alternando a

concepção de deficiência ora como noções teológicas de possessão pelo demônio, ora

como desígnios divinos.

A Revolução Francesa, até o Século XIX, trouxe as idéias de capitalismo mercantil e

de divisão social do trabalho, vindo à tona o modelo de caracterização da deficiência

como questão médica e educacional, encaminhando os portadores de deficiência para

viver em conventos e hospícios até o ensino especial (criou-se nesse momento

histórico o modelo do paradigma da institucionalização do indivíduo, mantido

segregado e com vínculo permanente com a instituição). Vários inventos se forjaram

com o intuito de propiciar meios de trabalho e locomoção aos portadores de

deficiência, tais como a cadeira de rodas, bengalas, bastões, muletas, coletes,

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próteses, macas, veículos adaptados, camas, móveis, criação do Código Braille por

Louis Braille para deficientes visuais.

Já no Século XX, as duas Guerras Mundiais impulsionaram o desenvolvimento da

reabilitação científica, não só pela carência de mão-de-obra surgida no período pós-

guerra, mas também pela necessidade de propiciar uma atividade remunerada e uma

vida social digna aos soldados mutilados.

Na década de 60, a Guerra do Vietnã foi responsável por um número crescente de

deficientes físicos, não só naquele país mas também nos EUA, que além do

comprometimento físico, apresentavam problemas de readaptação social. Surgem

então os movimentos de defesa dos direitos das minorias, dentre elas, da dos

deficientes, caracterizando-se o princípio da normalização. Segundo este princípio,

presumia-se “a existência de uma condição normal, representada pelo maior

percentual de pessoas na curva estatística da normalidade e uma condição de desvio,

representada por pequenos percentuais de pessoas, na mesma curva”1. Cria-se o

conceito da integração: as pessoas diferentes deveriam se assemelhar à maioria. A lei

passou a ser o arranjo ideal para inserir o portador de deficiência na sociedade,

aproximando-o em condições e padrões na vida das demais pessoas: é o denominado

paradigma de serviços .

No Brasil, a Constituição de 1988 rompeu com o modelo assistencialista, até então

operante, assegurando-se a igualdade de oportunidades baseada no princípio de

tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais, na medida de sua desigualdade,

de forma a se assegurar a igualdade real. Reconheceu-se que a sociedade é

caracterizada pela diversidade, pois é constituída de indivíduos diferentes entre si.

Embora tivesse já sido ratificada a Convenção 159 da OIT, em 1991, ainda não se

havia elaborado uma normativa hábil a preparar o portador de deficiência para a

inclusão, baseada na educação inclusiva, na saúde e assistência social adequadas, no

trabalho produtivo, na acessibilidade (logradouros públicos e privados, transportes

1 In Elementos para elaboração do Plano Nacional de Ações Integradas na Área da Deficiência, Comissão Especial , artigos 56 e 57, Decreto 3298/99, CORDE, junho 2001.

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adaptados), esporte, lazer e cultura. O primeiro passo dado nesta direção foi o

estabelecimento da reserva de vagas no art. 93, da Lei nº 8.213/91.

Entretanto, foi somente com a regulamentação da Lei 7.853/89 e a instituição da

Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e o Decreto

3.298/99, dez anos depois, que se concretizaram, em nosso ordenamento jurídico, os

princípios de não discriminação e igualdade de oportunidades, baseados em conceitos

amplos de inclusão social, visando dar apoio e suporte (paradigma de suporte )ao

portador de deficiência para a vida em comunidade.

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A LEGISLAÇÃO CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA

Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos

Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de

direito e tem como fundamentos:

...

inciso IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil :

...

inciso III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades

sociais e regionais;

inciso IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,

idade e quaisquer outras formas de discriminação;

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no pais a inviolabilidade do

direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos

seguintes;

Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à

melhoria de sua condição social :

...

XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de

admissão do trabalhador portador de deficiência;

Art. 37 – ...

VIII – a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas

portadoras de deficiência e definirá os critérios de admissão;

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Art. 170 – A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na

livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna conforme os ditames

da justiça social, observados os seguintes princípios :

...

VII – redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII – busca do pleno emprego.

Art. 203 – A assistência social será prestada a quem dela necessitar,

independentemente da contribuição à seguridade social, e tem por objetivos :

...

IV – a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção

de sua integração à vida comunitária;

V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de

deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria

manutenção, ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei;

Art. 208 – O dever do Estado com a educação será efetivado com a garantia de :

...

III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,

preferencialmente na rede regular de ensino;

Art. 215 – O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e

acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a

difusão das manifestações culturais.

Art. 217 – É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais,

como direito de cada um ...

...

§ 3º O poder público incentivará o lazer, como forma de promoção social.

Art. 227 – ...

§ 1º – O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e

do adolescente, admitida a participação de entidades não governamentais e

obedecendo os seguintes preceitos :

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II – criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os

portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social

do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a

convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a

eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos;

Art. 244 – A lei disporá sobre a adaptação dos logradouros, dos edifícios de uso

público e dos veículos de transporte coletivo atualmente existentes a fim de garantir

acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência, conforme o disposto no art.

227, § 2º.

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LEGISLAÇÃO ORDINÁRIA Lei nº 6.494 , de 7/12/77, que dispõe sobre os estágios de estudantes de

estabelecimentos de ensino superior e de ensino profissionalizante do 2o Grau ,

supletivo e escolas de educação especial.

Lei nº 7.853, de 24/10/89, que dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de

deficiência, sua integração social e sobre a CORDE (Coordenadoria Nacional para

Integração da Pessoa Portadora de Deficiência). Aborda a tutela jurisdicional de

interesses coletivos ou difusos dessas pessoas e as responsabilidades do Ministério

Público. Define como crime, punível com reclusão, obstar, sem justa causa, o

acesso de alguém a qualquer cargo público, por motivos derivados de sua

deficiência, bem como negar-lhe, pelo mesmo motivo, emprego ou trabalho.

Lei nº 8.069, de 13/07/90, Estatuto da Criança e do Adolescente, que assegura ao

adolescente portador de deficiência o trabalho protegido, garantindo-se seu

treinamento e colocação no mercado de trabalho e também o incentivo à criação de

oficinas abrigadas.

Lei nº 8.112, de 11/12/90, que assegura aos portadores de deficiência o direito de

se inscreverem em concurso público para provimento de cargos cujas atribuições

sejam compatíveis com a deficiência de que são portadores, reservando-lhes até

20% do total das vagas oferecidas no concurso ( art. 5º, § 2º).

Lei nº 8.213, de 24/07/91, cujo artigo 93 obriga a empresa com mais de cem

empregados a preencher de dois a cinco por cento de seus cargos, com

beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência habilitadas, sob pena

de multa. Esta, a proporção: até 200 empregados – 2%; de 201 a 500 – 3%; de 501

a 1000 – 4% de; 1001 em diante – 5%. A dispensa de trabalhador reabilitado ou de

deficiente habilitado, no contrato por prazo determinado de mais de 90 dias, e a

imotivada, no contrato por prazo indeterminado, só poderão ocorrer após a

contratação de substituto de condição semelhante.

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O artigo 16 trata dos beneficiários do regime geral da previdência social na condição

de segurado (incisos I , III e IV). O termo ali utilizado e que contempla a pessoa

portadora de deficiência é, equivocadamente, “inválido”.

O art. 77 trata da pensão por morte e inclui o portador de deficiência, mais uma vez,

aqui designado como “inválido”.

Lei nº 8.666, de 21/06/93, que trata das licitações do Poder Público, permitindo sua

dispensa para contratação de associação de portadores de deficiência física, sem

fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da

administração pública (art. 24, inciso XX).

Lei nº 8.742 , de 07/12/93, que trata da organização da assistência social. No art. 20

prevê o benefício da prestação continuada, garantindo ao portador de deficiência

carente e incapacitado para a vida independente e para o trabalho, um salário

mínimo mensal.

Lei nº 8.859, de 23/03/94, que modifica dispositivos da Lei nº 6.494, de 7 de

dezembro de 1977, estendendo aos alunos de ensino especial o direito à

participação em atividades de estágio.

Lei nº 9.394 , de 20/12/96, que estabelece diretrizes e bases da educação nacional.

Define educação e habilitação profissional e tratamento especial a pessoas

portadoras de deficiência e superdotados. Regulamentada pelo Decreto 2.208, de

17/4/97.

Lei nº 9.790 , de 23/3/99, que dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de

direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de

Interesse Público e institui o Termo de Parceria. Regulamentada pelo Decreto 3.100,

de 30/6/99.

Decreto nº 3.048, de 06/05/99. Aprova o Regulamento da Previdência Social.

Decreto nº 3.298 , de 2012/99, que regulamenta a Lei 7.853/99 de 24/10/99, dispõe

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sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência,

consolida normas de proteção e dá outras providências.

Lei nº 9.867, de 10/11/99, que dispõe sobre a criação de Cooperativas Sociais,

nelas incluídas aquelas formadas por portadores de deficiência, dependentes

químicos, egressos do sistema prisional, condenados a penas alternativas à

detenção e adolescentes em idade adequada ao trabalho, que se encontrem em

difícil situação econômica.

Lei 5.764 , de 16/12/71, que define a Política Nacional de Cooperativismo , institui o

regime jurídico das sociedades cooperativas e dá outras providências.

Lei nº 10.048 , de 08/11/00, que estabelece atendimento prioritário às pessoas

portadoras de deficiência física, idosos, gestantes, lactantes acompanhadas de

crianças de colo.

Lei nº 10.097 , de 19/12/00, que altera dispositivos da CLT normatizando o contrato

de aprendizagem para adolescentes entre 14 e menor de 18 anos.

Lei nº 10.098 , de 19/12/00, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a

promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com

mobilidade reduzida.

Decreto nº 3.691, de 19/12/00, que regulamenta a Lei nº 8.899, de 29/06/94, que

instituiu o passe livre para pessoas portadoras de deficiência em serviço

convencional das empresas de transporte coletivo interestadual de passageiros nas

modalidades ônibus, trem ou barco, incluindo transportes interestaduais semi-

urbanos.

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NORMAS INTERNACIONAIS Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão – aprovada pela

Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, em 10/12/48, “todo o homem

tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, à condições justas e favoráveis

de trabalho e à proteção contra o desemprego.

Resolução nº 45, de 14/12/90, 68ª Assembléia Geral das Nações Unidas - ONU.

Execução do Programa de Ação Mundial para as Pessoas Deficientes e a Década

das Pessoas Deficientes das Nações Unidas, compromisso mundial no sentido de se

construir uma sociedade para todos, segundo a qual a Assembléia Geral solicita ao

Secretário-Geral uma mudança no foco do programa das Nações Unidas sobre

deficiência passando da conscientização para a ação, com o propósito de se

concluir com êxito uma sociedade para todos por volta do ano 2010.

Recomendação nº 99 , de 25/06/55, relativa à reabilitação profissional das pessoas

portadoras de deficiência - aborda princípios, e métodos de orientação vocacional e

treinamento profissional, meios de aumentar oportunidades de emprego para os

portadores de deficiência, emprego protegido, disposições especiais para crianças e

jovens portadores de deficiência.

Convenção nº 111 da OIT, de 25/06/58, promulgada pelo Decreto nº 62.150, de

19/01/68, que trata da discriminação em matéria de emprego e profissão :

Art. 1º, I, b – (discriminação compreende) qualquer outra distinção, exclusão ou

preferência, que tenha por efeito anular ou reduzir a igualdade de oportunidades, ou

tratamento, emprego ou profissão.

Ressalva que a distinção, exclusão ou preferência, com base em

qualificações exigidas para determinado emprego não implicam em discriminação.

Recomendação nº 111, de 25/06/58, que suplementa a Convenção 111 da OIT

sobre discriminação em matéria de emprego e profissão. Define discriminação,

formula políticas e sua execução.

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Resolução nº 3.447 , aprovada pela Assembléia Geral da ONU em 09/12/75, sobre

a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes.

Resolução nº 2.896 , aprovada pela Assembléia Geral da ONU, sobre a Declaração

dos Direitos dos Retardados Mentais.

Convenção nº 159 da OIT , de 20/06/83, promulgada pelo Decreto nº 129, de

22.05.91, que trata da política de readaptação profissional e emprego de pessoas

portadoras de deficiência. Essa política é baseada no princípio de igualdade de

oportunidade entre os trabalhadores portadores de deficiência e os trabalhadores

em geral. Medidas especiais positivas que visem garantir essa igualdade de

oportunidades não serão consideradas discriminatórias com relação aos

trabalhadores em geral.

Recomendação nº 168 , de 20/06/83, que suplementa a convenção relativa à

reabilitação profissional e emprego de 1983 e a Recomendação relativa à

reabilitação profissional de 1955. Prevê a participação comunitária no processo, a

reabilitação profissional em áreas rurais, contribuições de empregadores e

trabalhadores e dos próprios portadores de deficiência na formulação de políticas

específicas.

Convenção Interamericana para a Eliminação de todas as formas de

Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência – promulgada pelo

Decreto 3.956 de 08 de outubro de 2001, que tem por objetivo eliminar todas as

formas de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência e propiciar sua

plena integração à sociedade.

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CONCEITOS

Pessoa Portadora de Deficiência (PPD) – designação decorrente da Constituição e

da lei e utilizada dentro dos movimentos respectivos.

Pessoa Portadora de Necessidades Especiais (PNE) – termo amplo que inclui as

pessoas obesas, idosas, autistas, superdotadas, com dificuldade de aprendizagem,

insuficiências orgânicas, problemas de conduta, distúrbio de atenção com

hiperatividade, distúrbio obsessivo compulsivo, distúrbios emocionais e transtornos

mentais, além da pessoa portadora de deficiência em sentido estrito. Recomenda-se

a sua não utilização para designar pessoas portadoras de deficiência.

Deficiência – Perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica,

fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade

dentro do padrão considerado normal para o ser humano.

Deficiência Permanente - aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período

de tempo suficiente para não permitir a recuperação ou a alteração, apesar de novos

tratamentos.

Incapacidade – Redução efetiva da capacidade de tal forma que a pessoa

portadora de deficiência necessite de equipamentos, adaptações,meios ou recursos

especiais para o desempenho de suas atividades.

Desvantagem – conseqüência de uma seqüela/deficiência ou incapacidade, que

limita ou impede o desempenho de um rol de ações pelo indivíduo, normal no seu

caso, considerando-se sua idade, sexo, fatores culturais e sociais.

Deficiência Física – Alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do

corpo humano, que acarreta o comprometimento da função física, com perda de

função motora total ou parcial, amputação ou ausência de membros, paralisia

cerebral (AVC), deformidades congênitas ou adquiridas, excepcionadas as

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deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de

funções.

Paraplegia – perda total das funções motoras dos membros inferiores.

Paraparesia – perda parcial das funções motoras dos membros

inferiores.

Monoplegia - perda total das funções motoras de um só membro (inferior

ou superior).

Monoparesia - perda parcial das funções motoras de um só membro

(inferior ou superior).

Tetraplegia - perda total das funções motoras dos membros inferiores e

superiores.

Tetraparesia - perda parcial das funções motoras dos membros inferiores

e superiores.

Triplegia - perda total das funções motoras em três membros.

Triparesia - perda parcial das funções motoras em três membros.

Hemiplegia - perda total das funções motoras de um hemisfério do corpo

(direito ou esquerdo).

Hemiparesia - perda parcial das funções motoras de um hemisfério do

corpo (direito ou esquerdo).

Amputação - perda total ou parcial de um determinado membro ou

segmento de membro.

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Paralisia Cerebral - lesão de uma ou mais áreas do sistema nervoso

central, tendo como conseqüência alterações psicomotoras, podendo ou

não causar deficiência mental.

Ostomia - intervenção cirúrgica que cria um ostoma na parede abdominal

para adaptação de bolsa de fezes e urina; processo de operação para

construção de um novo caminho para saída de fezes e urina para o

exterior do corpo humano (colostomia: ostoma intestinal; urostomia :

desvio urinário)

Ostomizado – pessoa submetida a intervenção cirúrgica para criação de

ostoma, e enquadrada por analogia na condição de deficiente físico, uma

vez que as bolsas coletoras são consideradas ajudas técnicas (arts. 18 e

19 do D. 3.298/99).

Cadeirante - t ermo utilizado para designar portadores de deficiência física

que se locomovem com cadeiras de rodas. Não se recomenda a sua

utilização pois, há portadores de deficiência física que o consideram

pejorativo.

Deficiência Auditiva - perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras,

que varia em níveis de surdez leve, moderada, acentuada, severa, profunda e

anacusia. Segundo os critérios previdenciários( Decreto 3.048/99, Anexo III,quadro

2, a perda auditiva deve ser aferida pela média aritmética das freqüências de 500 a

3000 Hertz (audição social).

Anacusia – surdez total.

Disacusia – qualquer distúrbio da função auditiva.

Linguagem de Sinais - Linguagem utilizada na comunicação com

deficientes auditivos, através de movimentos das mãos. Também

conhecida por LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais.

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Deficiência Visual - acuidade visual igual ou menor que 10% no melhor olho, após

a melhor correção, ou campo visual inferior a 20 º (Tabela de Snellen) ou ocorrência

de ambas as situações.

Ledor - Pessoa que procede à leitura de textos para deficientes visuais.

Considera-se apoio especial.

Deficiência Mental – Funcionamento intelectual significativamente inferior à média,

com manifestação antes dos dezoito anos e com limitações de duas ou mais áreas

de habilidades de adaptação (v.g. comunicação, cuidado pessoal, habilidades

sociais, utilização da comunidade saúde e segurança, habilidades acadêmicas, lazer

e trabalho).

Oligofrenia – retardo mental ou déficit de inteligência congênito.

Deficiência Múltipla – associação de duas ou mais deficiências.

Integração Social – processo de favorecimento da convivência de alguém tido

como diferente, com os demais membros da sociedade, tidos como supostamente

iguais. Neste processo a pessoa portadora de deficiência, por seus próprios meios e

esforços, busca integrar-se à sociedade, que, simplesmente a recebe, sem ter se

preparado para tanto.

Inclusão social - processo mais aperfeiçoado de favorecimento da convivência de

alguém tido como diferente, com os demais membros da sociedade, tidos como

supostamente iguais. Neste caso, a sociedade se prepara e se modifica para

receber a pessoa portadora de deficiência, em todas as áreas do processo social

(educação, saúde, trabalho, assistência social, acessibilidade, lazer, esporte e

cultura).

Inclusão educacional - possibilidade de a criança ou adolescente portador de

deficiência freqüentar cursos regulares de ensino, e não apenas escolas de

educação especial.

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Educação Especial – modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente

na rede regular de ensino para educando com necessidades educacionais especiais

(portador de deficiência, superdotado, idoso, etc).

Habilitação – processo orientado de forma a possibilitar que a pessoa portadora de

deficiência, a partir da identificação de suas potencialidades laborativas, adquira o

nível suficiente de desenvolvimento profissional para o ingresso no mercado de

trabalho.

Reabilitação - processo orientado de forma a possibilitar que a pessoa portadora de

deficiência, a partir da identificação de suas potencialidades laborativas residuais,

adquira o nível suficiente de desenvolvimento profissional para o reingresso no

mercado de trabalho.

Aprendizagem – contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo

determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14

anos e menor de 18 anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-

profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e

psicológico, e o aprendiz, a executar, com zelo e diligência, as tarefas necessárias a

essa formação.

Formação técnico-profissional - deve sempre nortear o processo de

aprendizagem. Segundo a UNESCO, é o termo utilizado em sentido lato para

designar o processo educativo quando este implica, além de uma formação geral,

estudos de caráter técnico e a aquisição de conhecimentos e aptidões práticas

relativas ao exercício de certas profissões em diversos setores da vida econômica e

social.

Formação profissional – processo que visa essencialmente a aquisição de

qualificação prática e de conhecimentos específicos necessários para a ocupação

de um determinado emprego ou de um grupo de emprego determinados.

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Capacitação Profissional - processo que visa preparar a pessoa portadora de

deficiência para o desenvolvimento de atividades laborais específicas, conforme

suas potencialidades, visando seu ingresso no mercado de trabalho.

Pessoa Portadora de Deficiência Habilitada - aquela que concluiu curso de

educação profissional de nível básico, técnico ou tecnológico, ou curso superior, com

certificação ou diplomação expedida por instituição pública ou privada, legalmente

credenciada pelo Ministério da Educação ou órgão equivalente, ou aquela com

certificado de conclusão de processo de habilitação ou reabilitação profissional

fornecido pelo INSS. Também assim se considera aquela pessoa que, não tendo se

submetido a processo de habilitação ou reabilitação, esteja capacitada para o

exercício da função.

Procedimentos Especiais - meios utilizados para a contratação de pessoa que,

devido ao seu grau de deficiência, transitória ou permanente, exija condições

especiais, como jornada variável, horário flexível, proporcionalidade de salário, etc.

Apoios Especiais - orientação, supervisão e ajudas técnicas entre outros elementos

que auxiliem ou permitam compensar uma ou mais limitações funcionais motoras,

sensoriais ou mentais da pessoa portadora de deficiência, de forma a superar as

barreiras de mobilidade e comunicação, possibilitando a plena utilização de suas

capacidades em condições de normalidade. São as próteses, órteses,

equipamentos, maquinarias, utensílios de trabalho, etc.

Ajudas Técnicas – Elementos que permitem compensar uma ou mais limitações

motoras, sensoriais ou mentais da pessoa portadora de deficiência, com o objetivo

de permitir-lhe superar as barreiras da comunicação e da mobilidade e de possibilitar

sua plena inclusão social. (v.g. próteses auditivas, visuais e físicas; órteses auditivas

e visuais; bolsas coletoras,etc.

Órtese - aparelho ou material adaptado na parte externa do corpo,

objetivando suportar uma fraqueza ou corrigir uma deformidade.

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Prótese – aparelho acoplado ao corpo para tomar parte dele em

substituição total ou parcial à parte perdida (v.g. perna artificial, olho de

vidro).

Oficina Protegida de Produção - unidade que funciona em relação de dependência

com entidade pública ou beneficente de assistência social, que tem por objetivo

desenvolver programa de habilitação profissional para adolescente e adulto portador

de deficiência, provendo-o com trabalho remunerado, com vista à emancipação

econômica e pessoal relativa.

Oficina Protegida Terapêutica – unidade que funciona em relação de dependência

com entidade pública ou beneficente de assistência social, que tem por objetivo a

integração social por meio de atividades de adaptação e capacitação para o trabalho

de adolescente e adulto que devido ao seu grau de deficiência, transitória e

permanente, não possa desempenhar atividade laboral no mercado competitivo de

trabalho ou em oficina protegida de produção.

Cooperativas Sociais - Previsão da Lei 9867/99, constitui hipótese viável de

inserção da pessoa portadora de deficiência no mundo do trabalho, desde que

baseada na colaboração recíproca e tendo por objetivo principal proporcionar o

exercício profissional aos seus associados portadores de deficiência. Constitui forma

de trabalho por conta própria ( art. 35, III, do Decreto 3.298/99). Aplica-se às

cooperativas sociais, subsidiariamente, a Lei 5764/71, que prevê como condições

essenciais : adesão voluntária e aberta, gestão democrática e participação

econômica efetiva dos cooperados, autonomia e independência, educação,

formação e informação dos cooperados, cooperação entre as cooperativas e

interesse pela comunidade. (Anexo, exemplo de Estatuto Social).

Colocação competitiva - processo de contratação regular, nos termos da legislação

trabalhista e previdenciária, que independe da adoção de procedimentos especiais

para sua concretização, não sendo excluída a possibilidade de utilização de apoios

especiais.

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Colocação Seletiva - processo de contratação regular, nos termos da legislação

trabalhista e previdenciária, que depende da adoção de procedimentos e apoios

especiais para sua concretização.

Equipe multiprofissional - aquela composta por três profissionais capacitados e

atuantes nas áreas das deficiências, sendo um médico, e três integrantes da carreira

almejada pelo candidato, e que assiste o órgão responsável pela realização do

concurso público.

Bolsa de Qualificação Profissional – Prevista no art. 57, do Decreto 3.298/99, está

em fase de estudo, para posterior normatização, devendo estar inserida no

Programa de Formação Profissional, de forma a dar suporte econômico para o

portador de deficiência, favorecendo-lhe a formação e capacitação profissional.

Sistema de reserva legal de vagas ou cotas – É o sistema implantado no Brasil

voltado para a inserção e participação das pessoas portadoras de deficiência no

mundo do trabalho.

Trata-se de um mecanismo compensatório, inserido no contexto de ação

afirmativa que busca a igualdade de oportunidade de grupos em relação ao contexto

social mais amplo. Fundamenta-se no princípio da inclusão que encarna o direito de

todos aos serviços de educação, saúde e assistência social; ao trabalho; a

acessibilidade; ao lazer, esporte, etc., e no reconhecimento de que todo o cidadão,

não importa sua condição, tem o direito de acesso aos serviços e recursos que

melhor atenderem as suas necessidades (empowerment).

No direito comparado, o sistema de cotas é adotado por países como a Itália,

Alemanha, França, Espanha, Argentina e Venezuela.

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ÓRGÃOS E INSTITUIÇÕES

CONADE, Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência,

criado pelo Decreto 3.298/99; competência deliberativa estabelecida no art. 10,

constituído por representantes de governo e sociedade civil organizada. O Ministério

Público do Trabalho tem assento como Conselheiro (consultar relatórios e atas na

página eletrônica).

CORDE, Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de

Deficiência, criada pela Lei 7.853/89; integra a Secretaria de Direitos Humanos do

Ministério da Justiça, com a atribuição estabelecida nos artigos 10 e 12 da lei

referida. Mantém o Sistema Nacional de Informações sobre Deficiência

www.mj.gov.br/dpdh.htm.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO - O MPT tem como uma das metas

institucionais a eliminação de todas as formas de discriminação, e

conseqüentemente, a proteção do trabalho das pessoas portadoras de deficiência e

beneficiários reabilitados. Promove em todo o Brasil um processo de sensibilização

e orientação por meio de audiências públicas, seminários e palestras, destinados

não só a empresários e seus respectivos departamentos de recursos humanos,

mas também a todos os órgãos envolvidos na questão, estudantes e sociedade em

geral. Fomenta a criação de cadastros, por parte de todos os envolvidos, buscando

um grande e único cadastro a ser disponibilizado a todos aqueles que dele quiserem

se valer, quando instados ao cumprimento da reserva legal.

Possui um cadastro em formação no endereço eletrônico da Procuradoria

Geral do Trabalho (http://www.pgt.mpt.gov.br portador de deficiência/cadastro de

instituições), podendo qualquer entidade nele se inscrever.

Celebra convênios de cooperação técnica com os órgãos públicos

envolvidos, com bons resultados.

Prioriza sua atuação segundo as necessidades do mercado e existência de

pessoas portadoras de deficiência ou reabilitadas capacitadas para as vagas

disponíveis.

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Expede ofícios às empresas, requisitando informações (art. 8º, inciso IV da

Lei Complementar 75/93) sobre número atual de empregados e documentação

comprobatória do cumprimento da reserva legal. Após a análise dos documentos,

são instaurados os inquéritos civis relativamente às empresas que não possuem o

número legal de vagas reservadas. O objetivo a ser alcançado é a assinatura de

Termos de Compromisso de Ajustamento de Conduta, com prazo razoável para seu

cumprimento. Os Termos de Ajustamento de Conduta têm a finalidade de não

apenas preencher determinado número de vagas em cumprimento à determinação

legal, mas promover a colocação de pessoas portadoras de deficiência/beneficiários

reabilitados de forma eficiente e duradoura dentro da empresa. Por vezes, essa é a

primeira oportunidade que essas pessoas têm de celebrar um contrato de trabalho,

com todas as garantias que a lei lhes confere, razão pela qual a inserção é feita de

forma muito cuidadosa, para não frustrar expectativas. Assim, O MPT trabalha junto

ao Departamento de Recursos Humanos de cada empresa, que avalia a oferta de

cargos e prepara o ambiente físico de trabalho e psicológico (dos atuais

empregados) para a recepção desses novos empregados. Pouco importa o prazo

que a empresa necessite para chegar ao cumprimento integral da reserva legal,

desde que a inserção seja criteriosa e eficaz.

O ajuizamento de Ação Civil Pública somente ocorre em caso de recusa à

adequação legal.

MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL - Através de seus Promotores de Justiça, faz

tanto o atendimento individual para orientação jurídica e providências judiciais

relacionadas à deficiência (exemplo dos pedidos de interdição – curatela) como o

atendimento de reclamo coletivo, também relacionado à deficiência, a exemplo da

falta de acesso aos meios de transporte.

DELEGACIAS REGIONAIS DO TRABALHO – As DRTs contam com Núcleos de

Combate à Discriminação implantados para tratar, dentre outras questões, a

inserção da pessoa portadora de deficiência no mercado de trabalho. Em vista da

Instrução Normativa 13, de 06/06/1999, os auditores fiscais podem convocar as

empresas para mesas de entendimento. Não alcançado seu objetivo devem

comunicar imediatamente o Ministério Público do Trabalho para as providências

legais.

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INSS – UNIDADES DE REFERÊNCIA OU CENTROS DE REABILITAÇÃO

PROFISSIONAL - Geralmente contam com cadastros de beneficiários que

passaram por seus serviços de reabilitação, o que poderá auxiliar como fonte de

recrutamento.

SINE – SISTEMA NACIONAL DE EMPREGO - Serviço geralmente vinculado às

Secretarias Estaduais e Municipais de Emprego (SERT, PAT, PADEF) e Educação

Especial, que cuidam de programas de qualificação profissional e colocação no

mercado de trabalho. Alguns desses serviços contam com cadastros de portadores

de deficiência e beneficiários reabilitados qualificados para o trabalho.

SISTEMA S – Possui cursos de capacitação voltados, também, para pessoas

portadoras de deficiência. Há que ser verificado em cada sistema local se os

serviços estão efetivamente implantados a fim de se trabalhar em parceria.

CONSELHOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS DE DEFESA DO PORTADOR DE

DEFICIÊNCIA – Previstos em lei específica, com atribuição de promover a defesa

dos direitos das pessoas portadoras de deficiência.

INSTITUIÇÕES DE E PARA PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA – Detém

conhecimento técnico e específico das deficiências que tratam, além de experiência

acumulada na colocação e acompanhamento de pessoas portadoras de deficiência

no mercado de trabalho. Contam com cadastros de pessoas qualificadas, podendo

servir de fonte de recrutamento.

ESCOLAS PROFISSIONALIZANTES LIGADAS À SECRETARIA ESTADUAL DE

EDUCAÇÃO – Em alguns Estados, as Secretarias de Estado estão adiantadas na

implantação de escolas inclusivas e na instituição de cursos profissionalizantes. É

importante fazer contato com essas escolas com o objetivo de se obter informações

relativamente aos cursos que estão sendo ministrados e implementar cursos de

aprendizagem.

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SINDICATOS PATRONAIS E DE EMPREGADOS – Deve ser estimulada a

inserção, em instrumentos coletivos, de cláusulas específicas para a implementação

do art. 93 da Lei 8.213/91, como forma de garantir a oportunidade de emprego aos

portadores de deficiência e beneficiários reabilitados.

EMPRESAS - CURSOS DE CAPACITAÇÃO – A s empresas, com dificuldades de

preenchimento de vagas por falta de capacitação necessária de portadores de

deficiência, poderão promover, elas mesmas, cursos de capacitação específicos

para suas atividades, com vistas ao aproveitamento posterior dos beneficiados.

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QUESTÕES POLÊMICAS RELACIONADAS À INSERÇÃO

Aferição da reserva a nível nacional – A lei 8.213/91 prevê a reserva de cargos

para a “empresa”. Nesse conceito incluem-se todos os seus estabelecimentos

existentes no território nacional.

Aprendizagem – O número de portadores de deficiência aprendizes empregados e

matriculados nos cursos dos Sistemas Nacionais de Aprendizagem, na forma

prevista no artigo 429 da CLT, contarão para a reserva legal de vagas.

Local de cumprimento da reserva de vagas – A lei silencia sobre o assunto.

Embora seja recomendável que em cada local onde haja um estabelecimento da

empresa seja reservado o percentual de cargos, para atender-se à eventual oferta

de mão-de-obra, a empresa poderá, de acordo com suas necessidades, adequação

do local, ou atividades exercidas, escolher onde cumpri-la.

Adequação do meio ambiente de trabalho – Os locais onde as pessoas

portadoras de deficiência/reabilitadas exercerem suas atividades deverão estar

adaptados às suas necessidades, contando as mesmas com todos os meios e

procedimentos que se fizerem necessários ao desempenho de suas funções.

Compatibilidade da deficiência com a função existente na empresa – De acordo

com a atividade da empresa nem todas as funções são passíveis de serem

exercidas por pessoas portadoras de deficiência, sem que isso implique risco a elas

mesmas ou a seus colegas de trabalho. Assim sendo, admite-se que determinadas

funções não lhes sejam reservadas, muito embora não se deva esquecer das

potencialidades e capacidade de superação de suas deficiências. Por outro lado,

deve ser evitado associarem-se determinadas deficiências a atividades

pretensamente com elas compatíveis, como cegos trabalhando em câmaras

escuras, surdos, em lugares com excessivo ruído, etc.

Aptidão plena – Com referência à aptidão plena para o exercício da função, a única

exceção prevista no Decreto é com relação a cargo ou emprego público (art. 38, II),

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deixando o diploma de fazer referência a essa questão na iniciativa privada. No

entanto, por analogia, e também por bom senso, excluem-se da reserva de vagas

funções que a exijam: Por exemplo, vigilantes e motoristas. O fato de excluírem-se

essas funções da reserva não implica redução do percentual, que poderá ser exigido

integralmente nas vagas restantes.

Administração Pública Direta e Indireta - Licitação – A Administração Pública

submete-se à regra constitucional do concurso público. No entanto, o art. 24, inciso

XX, da Lei 8666/93, permite a contratação de associações de portadores de

deficiência física, para prestação de serviços. Essa possibilidade jurídica inibe a

realização de concursos para preenchimento de cargos, além de desestimular a

colocação direta e competitiva. Recomenda-se sensibilizar as entidades para a

necessidade de alteração dessa forma de colocação, fazendo com que as mesmas

cumpram sua real finalidade de preparação e defesa do portador de deficiência.

Essa providência evitará prejuízos diretos a esse trabalhador. Por outro lado, as

empresas tomadoras de serviços deverão ser alertadas para a preferência à

contratação direta através de concurso público, evidenciada a necessidade de

cumprimento da reserva legal.

Observe-se que as empresas públicas e sociedade de economia mista devem

prever o estabelecimento de reserva de vagas no edital de concurso (artigos 37 e

44, Decreto 3298/99).

NOMEAÇÃO DE CANDIDATOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA APROVADOS

EM CONCURSO PÚBLICO - o critério a ser observado para a nomeação deverá

considerar o mérito decorrente da classificação obtida no concurso com o benefício

da reserva legal. Assim, se forem 30 as vagas oferecidas e 2 as reservadas (em

caso da reserva ser de 5%), estas corresponderão à 15a e 30a nomeações. Se por

interesse ou conveniência da administração a nomeação não chegar até o trigésimo

colocado esta pessoa portadora de deficiência não será chamada, pois a aprovação

em concurso público lhe dá apenas a simples expectativa de direito, como aos

demais classificados; AFERIÇÃO DA RESERVA DE VAGAS NA ADMINISTRAÇÃO

DIRETA E INDIRETA – o artigo 37, VIII, da CF/88, determina que tanto a

administração direta como a indireta deve reservar percentual de cargos e empregos

públicos para as pessoas portadoras de deficiência. Na administração direta, o

percentual deve ser estabelecido pela lei de regência (federal, distrital, estadual ou

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municipal). Já na administração indireta, o percentual de vagas reservadas é o

definido no artigo 93 da Lei no. 8.213/91.

Transporte Público e Acessibilidade – Ao empregador não cabe a

responsabilidade pela adaptação do transporte público, de forma que o portador de

deficiência tenha acesso ao local de trabalho. Os Ministérios Públicos Estaduais de

cada Estado detém a atribuição legal para promover a implementação da

acessibilidade junto aos órgãos competentes.

Comprovação da qualidade de portador de deficiência e beneficiário

habilitado/reabilitado – Para os portadores de deficiência a comprovação de sua

deficiência tem sido feita através de atestados médicos, emitidos por médicos do

trabalho de cada empresa, observados o art. 4º e incisos, do Decreto 3298/99. Não

devem ser aceitos enquadramentos genéricos, como: “é portador de deficiência nos

termos do Decreto 3.298/99”, eis que nem toda deficiência assim considerada pelos

padrões médicos, é objeto da proteção legal. Psicose-maníaco-depressiva, síndrome

de pânico, HIV, problemas de LER/DORT, desvios de coluna, visão monocular, etc.,

não são objeto do art. 4ºdo Decreto 3.298/99.

Já para os beneficiários habilitados/reabilitados a comprovação de sua

condição pode ser feita através de certificados ou qualquer outro documento do

INSS que comprove que foram submetidos ao processo. A CAT (Comunicação de

Acidente de Trabalho) tão somente comprova a ocorrência do acidente e não o

efetivo procedimento de reabilitação.

Convênios para reabilitação – O art. 317, do Decreto 3.048/99, Regulamento de

Benefícios da Previdência Social, permite a celebração de convênios entre o INSS e

as empresas, para que estas últimas promovam a reabilitação de seus empregados.

Esse processo de reabilitação deverá ser homologado pela autarquia para que seja

certificada a sua condição de beneficiário reabilitado.

Deficiências objeto da legislação – Não são todas as deficiências, assim

consideradas pelos padrões médicos, objeto da proteção legal. Ao emitir um

atestado, o médico deverá enquadrar a deficiência descrita no rol restritivo do art. 4º

e incisos, do Decreto 3.298/99 ( anexo).

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Aferição da perda auditiva – O Decreto 3.298/99, no art. 4º, inciso II e letras, ao

estabelecer a perda auditiva em diferentes graus de decibéis, deixou de indicar as

faixas de freqüência nas quais essa perda seria aferida. Para evitar que se

enquadrem como pessoas portadoras de deficiência aquelas que têm a audição

social preservada , deve ser utilizado como parâmetro o Quadro 2 do Anexo III, do

Decreto 3.048/99 (Regulamento de Benefícios da Previdência Social) segundo o

qual a perda deverá ser aferida pela média aritmética dos valores em decibéis

encontrados nas freqüências de 500, 1000, 2000 e 3000 Hertz. Perdas em faixas

muito graves ( 250 Hertz) ou muito agudas ( 6.000, 8000 Hertz) não comprometem a

audição social e, portanto, a comunicação.

Deficiência física – Deverá ser utilizado o mesmo Decreto 3.048/99, Quadros 5 e 7

para a avaliação das perdas de segmentos de membros e os encurtamentos de

membros inferiores (mais de 4cm)

Terceirização – Tanto as empresas que terceirizam serviços como suas tomadoras

estão obrigadas a cumprirem suas cotas, com seus próprios empregados. O

empregado portador de deficiência/beneficiário reabilitado de uma empresa que

terceiriza serviços não pode ser considerado parte da cota da empresa tomadora.

Ambas se submetem à regra legal individualmente.

O Decreto prevê a possibilidade de terceirização por parte das associações, quando

trata da contratação seletiva. No entanto, na medida do possível, essa forma de

contratação deve ser o caminho para uma futura contratação sob a forma

competitiva.

Beneficiários Reabilitados por LER/DORT – A proteção legal da Lei 8.213/91

destina-se não só a portadores de deficiência, mas, também, aos beneficiários

reabilitados pela Previdência Social. Nem todos os empregados que se afastam por

problemas de LER/DORT são efetivamente submetidos a processo de reabilitação

perante o INSS e se enquadram na definição legal.

Estabilidade - A lei não prevê estabilidade no emprego para a pessoa portadora de

deficiência, razão pela qual poderá ela ser dispensada, inclusive sem justa causa. O

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que se garante é a reserva do posto de trabalho para pessoa portadora de

deficiência em condição semelhante (parágrafo 1º, do art. 93, da Lei 8.213/91).

Já o acidentado do trabalho submetido a processo de reabilitação, conta com

a estabilidade, por doze meses, conforme consta do art. 118 da mesma lei.

Condição Semelhante – Quando a Lei 8.213/91 e o Decreto 3.298/99 previram a

reserva de cargos por portadores de deficiência/beneficiários reabilitados, por

pessoas em condições semelhantes, buscaram, sem dúvida, garantir aquela função,

passível de ocupação pelos contemplados na norma, para outros nas mesmas

condições. Não se deve, no entanto, interpretar essa regra no sentido de que uma

vaga antes ocupada por um deficiente visual, só o poderá ser por outro deficiente

visual. Garante-se, sim, a vaga, a outro portador de deficiência/beneficiário

reabilitado, independentemente da deficiência que porte. Admite-se a substituição

daquela vaga por outra, uma vez que o objetivo é a garantia de vaga compatível,

qualquer que seja.

Contrato de Experiência – Não há vedação legal para a aplicação desse contrato

ao portador de deficiência/beneficiário reabilitado.

Empregado afastado com contrato suspenso – Apesar de o contrato de trabalho

estar suspenso, admite-se a inclusão desse empregado na cota da empresa, uma

vez que a ela continua vinculado. E a razão para esse proceder é ainda mais

importante na medida em que pode servir de estímulo à manutenção do vínculo,

após o período de estabilidade previsto no art. 118, da Lei 8.213/91.

Necessidade de Adequação do Meio Ambiente de Trabalho – A adequação do

meio ambiente de trabalho constitui condição de acessibilidade e não condição para

justificar, por si só, a contratação seletiva, como poderia dar a entender o parágrafo

segundo do art. 35. Adaptação ambiental não é procedimento especial e, sim, ajuda

técnica, conforme previsto no art. 19, inciso VIII, do Decreto 3.298/99.

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NORMAS INTERNACIONAIS

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO – Assembléia Geral da ONU, 10/12/48

PREÂMBULO

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da

família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da

liberdade, da justça e da paz no mundo;

Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do homem

conduziram a actos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o

advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer,

libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do

homem;

Considerando que é essencial a protecção dos direitos do homem através de um

regime de direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso. à

revolta contra a tirania e a opressão;

Considerando é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas

entre as nações;

Considerando que, na carta os povos da Nações Unidas proclamam, de novo, a

sua fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa

humana, na igualdade de direitos do homem e das mulheres e se declararam

resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar mellhores condições de vida

dentro de uma liberdade mais ampla.

Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em

cooperação com a Organização da Nações Unidas, o respeito universal e efectivo

dos direitos do homem e das liberdades fundamentais;

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Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais

alta importância para dar plena satisfação a tal comprimisso:

A Asssembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos

do Homem como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações,

a fim de que todos os indivíduos e todos os orgãos da sociedade, tendo-a

constantemente no espírito, se esforçem, pelo ensino e pela educação, por

desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por

medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu

reconhecimento e aplicação universais e efectivos tanto entre as populações

dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob

sua jurisdição.

Artigo 1 °

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.

Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para os outros em espírito de

fraternidade.

Artigo 2 °

Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na

presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente, de raça, de cor, de

sexo, de língua, de religião, de opinião poítica ou outra, de origem nacional ou

social, de fortuna, de nascimento, ou de qualquer outra situação.

Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estauto político, jurídico ou

internacional do país ou do território independente, sob tutela ou sujeito a alguma

limitação de soberania.

Artigo 3 °

Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4 °

Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão e o tráfico dos os escravos,

sob todas as formas, são proibidos.

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Artigo 5 °

Ninguém será submetido a tortura nem a pena de morte ou a tratamentos cruéis,

desumanos ou degradantes.

Artigo 6 °

Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento em todos os lugares da sua

personalidade jurídica.

Artigo 7 °

Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei.

Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a

presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8 °

Toda a pessoa tem direito a recurso para as jurisdições nacionais competentes

contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição

ou pela lei.

Artigo 9 °

Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10 °

Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equativa e

publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus

direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que

contra ele seja deduzida.

Artigo 11 °

1. Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua

culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que

todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.

2. Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua

prática, não constituiam acto delituoso à face do direito interno ou internacional. Do

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mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no

momento em que o acto delituoso foi cometido.

Artigo 12 º

Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu

domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra

tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito à protecção da lei.

Artigo 13 º

1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no

interior de um Estado.

2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o

seu, e o direito de regressar ao seu país.

Artigo 14 º

1. Todo a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de

asilo em outros países.

2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente

existente por crime de direito comum ou por actividades contrárias aos fins e aos

princípios das Nações Unidas.

Artigo 15 º

1. Todo o indivíduo tem o direito a ter uma nacionalidade.

2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de

mudar de nacionalidade.

Artigo 16 º

1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir

família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o

casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.

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2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos

futuros esposos.

3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à

protecção desta e do Estado.

Artigo 17 º

1. Toda a pessoa, individual ou colectivamente, tem direito à propriedade.

2. Ninguém pode der arbitrariamente privado da sua propriedade.

Artigo 18 °

Toda a pessoa tem direito de pensamento, de consciência e de religião;

este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção,

assim como a liberdade de manifestar em público como em privado,

pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.

Artigo 19 °

Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o

direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir,

sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de

expressão.

Artigo 20 °

1.Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas.

2. Niguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21 °

1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios públicos do

seu país, quer directamente, quer por intermédio de representantes livrementer

escolhidos.

2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções

públicas do seu país.

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3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos; e deve

exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio

universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que

salvaguarde a liberdade de voto.

Artigo 22 °

Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode

legitimamente exigir a satisfação dos direitos económicos, sociais e culturais

indispensáveis, graças ao esforço nacional à cooperação internacional, de harmonia

com a organização e os recursos de cada país.

Artigo 23 °

1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições

equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego.

2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.

3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe

permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e

completada, se possivel, por todos os outros meios de protecção social.

4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar

em sindicatos para a defesa dos seus interesses.

Artigo 24 º

Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres e, especialmente, a uma

limitação razoável da duração do trabalho e a férias periódicas pagas.

Artigo 25 °

1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente pare lhe assegurar e à sua

família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao

alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e

tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na

velhice or noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias

independentes da sua vontade.

2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as

crianças nascidas dentro ou fora do matrimónio, gozam da mesma protecção social.

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Artigo 26 °

1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos

a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é

obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos

estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu

mérito.

2. A educação deve visar a plena expansão da personalidade humana e ao reforço

dos direitos do homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a

compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos

raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das atividades das Nações

Unidas para a manutenção da paz.

3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a dar

aos filhos.

Artigo 27 °

1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da

comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso cientifico e nos benefícios

que deste resultam.

2. Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a

qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria.

Artigo 28 °

Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma

ordem capaz de tornar plenamente efectivos os direitos e as liberdades enunciados

na presente Declaração.

Artigo 29 °

1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o

livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.

2. No exercício destes direitos e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito

senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o

reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de

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satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem- estar numa

sociedade democrática.

3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente

aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 30 °

Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a

envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a

alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e

liberdades aqui enunciados.

CONVENÇÃO N. 111

Discriminação em Matéria de Emprego e Ocupação

I – Aprovada na 42ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho (Genebra –

1958), entrou em vigor no plano internacional em 15.6.60.

II – Dados referentes ao Brasil:

aprovação = Decreto Legislativo n. 104, de 24.11.64;

ratificação = 26 de novembro de 1965;

promulgação = Decreto n. 62.150, de 19.1.68;

vigência nacional = 26 de novembro de 1966.

“A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho,

Convocada em Genebra pelo Conselho de Administração da Repartição

Internacional do Trabalho e reunida a 4 de junho de 1958, em sua quadragésima-

segunda sessão;

Após ter decidido adotar diversas disposições relativas à discriminação em matéria

de emprego e profissão, assunto que constitui o quarto ponto da ordem do dia da

sessão;

Após ter decidido que essas disposições tomariam a forma de uma convenção

internacional;

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Considerando que a Declaração de Filadélfia afirma que todos os seres humanos,

seja qual for a raça, credo ou sexo, têm direito ao progresso material e

desenvolvimento espiritual em liberdade e dignidade, em segurança econômica e

com oportunidades iguais;

Considerando, por outro lado, que a discriminação constitui uma violação dos

direitos enunciados na Declaração Universal dos Direitos do Homem, adota neste

vigésimo quinto dia de junho de mil novecentos e cinqüenta e oito a convenção

abaixo transcrita que será denominada “ Convenção sobre a Discriminação

(Emprego e Profissão), 1958;

Art. 1 – 1. Para os fins da presente convenção o termo “discriminação” compreende:

toda distinção, exclusão ou preferência fundada na raça, cor, sexo, religião, opinião

política, ascendência nacional ou origem social, que tenha pro efeito destruir ou

alterar a igualdade de oportunidade ou de tratamento em matéria de emprego ou

profissão;

qualquer outra distinção, exclusão ou preferência que tenha por efeito destruir ou

alterar a igualdade de oportunidades ou tratamento em matéria de emprego ou

profissão que poderá ser especificada pelo Membro interessado depois de

consultadas as organizações representativas de empregadores e trabalhadores,

quando estas existam, e outros organismos adequados.

2. As distinções, exclusões ou preferências fundadas em qualificações exigidas para

um determinado emprego não são consideradas como discriminação.

3. Para os fins da presente convenção as palavras ‘emprego’ e ‘profissão’ incluem o

acesso à formação profissional, ao emprego e às diferentes profissões, bem como

às condições de emprego.

Art. 2 – Qualquer Membro para o qual a presente convenção se encontre em vigor

compromete-se a formular a aplicar uma política nacional que tenha por fim

promover, por métodos adequados às circunstâncias e aos usos nacionais, a

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igualdade de oportunidades e de tratamento em matéria de emprego e profissão,

com o objetivo de eliminar toda discriminação nessa matéria.

Art. 3 – Qualquer Membro para o qual a presente convenção se encontre em vigor

deve por métodos adequados à circunstâncias e aos usos nacionais:

a) esforçar-se por obter a colaboração das organizações de empregadores e

trabalhadores e de outros organismos apropriados, com o fim de favorecer a

aceitação e aplicação desta política;

b) promulgar leis e encorajar os programas de educação próprios a assegurar esta

aceitação e esta aplicação.

c) revogar todas as disposições legislativas e modificar todas as disposições ou

práticas administrativas que sejam incompatíveis com a referida política;

d) seguir a referida política no que diz respeito a empregos dependentes do controle

direto de uma autoridade nacional;

e) assegurar a aplicação da referida política nas atividades dos serviços de

orientação profissional, formação profissional e colocação dependentes de controle

de uma autoridade nacional;

f) indicar, nos seus relatórios anuais sobre a aplicação da convenção, as medidas

tomadas em conformidade com esta política e os resultados obtidos.

Art. 4 – Não são consideradas como discriminação quaisquer medidas tomadas em

relação a uma pessoa que, individualmente, seja objeto de uma suspeita legítima de

se entregar a uma atividade prejudicial à segurança do Estado ou cuja atividade se

encontre realmente comprovada, desde que a referida pessoa tenha o direito de

recorrer a uma instância competente, estabelecida de acordo com a prática nacional.

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Art. 5 – 1. As medidas especiais de proteção ou de assistência previstas em outras

convenções ou recomendações adotadas pela Conferência Internacional do

Trabalho não são consideradas como discriminação.

2. Qualquer Membro pode, depois de consultadas as organizações representativas

de empregadores e trabalhadores, quando estas existam, definir como não

discriminatórias quaisquer outras medidas especiais que tenham por fim

salvaguardar as necessidades particulares de pessoas em relação às quais a

atribuição de uma proteção ou assistência, pro motivos tais como o sexo, a invalidez,

os encargos de família ou o nível social ou cultural.

Art. 6 – Qualquer membro que ratificar a presente convenção compromete-se a

aplicá-la aos territórios não metropolitanos, de acordo com as disposições da

constituição da Organização Internacional do Trabalho”.

Os arts. 7,8,9,10,11, 12, 13 e 14 correspondem, respectivamente, aos arts. 15. 16,

17, 18, 19, 20, 21 e 22 da Convenção n. 88.

CONVENÇÃO 159

Reabilitação Profissional e Emprego de Pessoas Deficientes

I – Aprovada pela 69ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho (Genebra

1983), entrou em vigor no plano internacional em, 20.06.85.

II – Dados referentes ao Brasil:

a) aprovação : Decreto Legislativo nº 51, de 25.08.89, do Congresso Nacional;

b) ratificação : 18.05.90;

c) promulgação: Decreto nº 129 de 22.05.91;

d) vigência nacional: 18.05.91.

A conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho:

Convocada em Genebra pelo Conselho de Administração do Escritório Internacional

do Trabalho e realizada nessa cidade em 1º de junho de 1983, em sua sexagésima

nona reunião;

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Tendo tomado conhecimento das normas internacionais existente e contidas na

Recomendação sobre a habilitação e reabilitação profissionais dos deficientes, 1955,

e na Recomendação sobre o desenvolvimento dos recursos humanos, 1975;

Tomando conhecimento de que, desde a adoção da Recomendação sobre a

habilitação e reabilitação profissionais dos deficientes, 1955, foi registrado um

significativo progresso na compreensão das necessidades da reabilitação, na

extensão e organização dos serviços de reabilitação e na legislação e no

desempenho de muitos Países-Membros em relação `s questões cobertas por essa

recomendação.

Considerando que a Assembléia Geral das Nações Unidas proclamou 1981 o Ano

Internacional das Pessoas Deficientes, como o tema “Participação Plena e

Igualdade”, e que um programa mundial de ação relativo às pessoas deficientes

permitiria a adoção de medidas eficazes a nível nacional e internacional para atingir

as metas da “participação plena” das pessoas deficientes na vida social e no

desenvolvimento, assim como de “igualdade”;

Depois de haver decidido que esses progressos tornaram oportuna a conveniência

de adotar novas normas internacionais sobre o assunto, que levem em

consideração, em particular, a necessidade de assegurar, tanto nas zonas rurais

como nas urbanas, a igualdade de oportunidade e tratamento a todas as categorias

de pessoas deficientes no que se refere a emprego e integração na comunidade;

Depois de haver determinado que estas proposições devam ter a forma de um a

Convenção, adota com a data de vinte de junho de mil novecentos e oitenta e três, a

presente “Convenção sobre Reabilitação e Emprego (Pessoas Deficientes), 1983.

PARTE I

DEFINIÇÕES E CAMPO DE APLICAÇÕES

Art. 1 – 1. Para efeitos desta Convenção, entende-se por “pessoa deficiente” todas

as pessoas cujas possibilidades de obter e conservar um emprego adequado e de

progredir no mesmo fiquem substancialmente reduzidas devido a uma deficiência de

caráter físico ou mental devidamente comprovada.

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2. Para efeitos desta Convenção, todo o País-Membro deverá considerar que a

finalidade da reabilitação profissional é a de permitir que a pessoa deficiente

obtenha e conserve um emprego e progrida no mesmo, e que se promova, assim a

integração ou a reintegração dessa pessoa na sociedade.

3. Todo País-Membro aplicará os dispositivos desta Convenção através de medidas

adequadas às condições nacionais e de acordo com a experiência (costumes, uso e

hábitos) nacional.

4. As proposições desta Convenção serão aplicáveis a todas as categorias de

pessoas deficientes.

PARTE II

PRINCÍPIOS DA POLÍTICA DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL E EMPREGO

PARA PESSOAS DEFICIENTES

Art. 2 – De acordo com as condições nacionais, experiência e possibilidades

nacionais, cada País-Membro formulará, aplicará e periodicamente revisará a

política nacional sobre reabilitação profissional e emprego de pessoas deficientes.

Art. 3 – Essa política deverá ter por finalidade assegurar que existam medidas

adequadas de reabilitação profissional ao alcance de todas as categorias de

pessoas deficientes e promover oportunidades de emprego pra as pessoas

deficientes no mercado regular de trabalho.

Art. 4 – Essa política deverá ter como base o princípio da igualdade de

oportunidades entre os trabalhadores deficientes e dos trabalhadores em geral.

Dever-se-á respeitar a igualdade de oportunidades e de tratamento para as

trabalhadoras deficientes. As medidas positivas especiais com a finalidade de atingir

a igualdade efetiva de oportunidades e de tratamento entre os trabalhadores

deficientes e os demais trabalhadores, não devem ser vistas como discriminatórias

em relação a estes últimos.

Art. 5º - As organizações representativas de empregadores e de empregados devem

ser consultadas sobre a aplicação dessa política e em particular, sobre as medidas

que devem ser adotadas para promover a cooperação e coordenação dos

organismos públicos e particulares que participam nas atividades de reabilitação

profissional. As organizações representativas de e para deficientes devem, também,

ser consultadas.

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PARTE III

MEDIDAS A NÍVEL NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO DE SERVIÇOS DE

REABILITAÇÃO PROFISSIONAL E EMPREGO PARA PESSOAS DEFICIENTES

Art.6º - Todo o País-Membro, mediante legislação nacional e por outros

procedimentos, de conformidade com as condições e experiências nacionais, deverá

adotar as medidas necessárias para aplicar os artigos 2, 3, 4 e 5 da presente

Convenção.

Art 7º - As autoridades competentes deverão adotar medidas para proporcionar e

avaliar os serviços de orientação e formação profissional, colocação, emprego e

outros semelhantes, a fim de que as pessoas deficientes possam obter e conservar

um emprego e progredir no mesmo; sempre que for possível e adequado, serão

utilizados os serviços existentes para os trabalhadores em geral, com as adaptações

necessárias.

Art. 8º - Adotar-se-ão medidas para promover o estabelecimento e desenvolvimento

de serviços de reabilitação profissional e de emprego para pessoas deficientes na

zona rural e nas comunidades distantes.

Art. 9º - Todo o País-Membro deverá esforçar-se para assegurar a formação e a

disponibilidade de assessores em matéria de reabilitação e outro tipo de pessoal

qualificado que se ocupe da orientação profissional, da formação profissional, da

colocação e do emprego de pessoas deficientes.

Os arts, 10 a 17, constantes da Parte IV, correspondem, respectivamente, aos art.

12 a 19 da Convenção 140.

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LEGISLAÇÃO

LEI Nº 7.853, DE 24 DE OUTUBRO DE 1989 Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º Ficam estabelecidas normas gerais que asseguram o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiências, e sua efetiva integração social, nos termos desta Lei. § 1º Na aplicação e interpretação desta Lei, serão considerados os valores básicos da igualdade de tratamento e oportunidade, da justiça social, do respeito à dignidade da pessoa humana, do bem-estar, e outros, indicados na Constituição ou justificados pelos princípios gerais de direito. § 2º As normas desta Lei visam garantir às pessoas portadoras de deficiência as ações governamentais necessárias ao seu cumprimento e das demais disposições constitucionais e legais que lhes concernem, afastadas as discriminações e os preconceitos de qualquer espécie, e entendida a matéria como obrigação nacional a cargo do Poder Público e da sociedade. Art. 2º Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. Parágrafo único. Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os órgãos e entidades da administração direta e indireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade, aos assuntos objetos esta Lei, tratamento prioritário e adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas: I - na área da educação: a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade

educativa que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a

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supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios;

b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, privadas e públicas;

c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino;

d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos portadores de deficiência;

e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo;

f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino;

II - na área da saúde: a) a promoção de ações preventivas, como as referentes ao planejamento familiar,

ao aconselhamento genético, ao acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, à nutrição da mulher e da criança, à identificação e ao controle da gestante e do feto de alto risco, à imunização, às doenças do metabolismo e seu diagnóstico e ao encaminhamento precoce de outras doenças causadoras de deficiência;

b) o desenvolvimento de programas especiais de prevenção de acidente do trabalho e de trânsito, e de tratamento adequado a suas vítimas;

c) a criação de uma rede de serviços especializados em reabilitação e habilitação; d) a garantia de acesso das pessoas portadoras de deficiência aos estabelecimentos

de saúde públicos e privados, e de seu adequado tratamento neles, sob normas técnicas e padrões de conduta apropriados;

e) a garantia de atendimento domiciliar de saúde ao deficiente grave não internado; f) o desenvolvimento de programas de saúde voltados para as pessoas portadoras

de deficiência, desenvolvidos com a participação da sociedade e que lhes ensejem a integração social;

III - na área da formação profissional e do trabalho: a) o apoio governamental à formação profissional, e a garantia de acesso aos

serviços concernentes, inclusive aos cursos regulares voltados à formação profissional;

b) o empenho do Poder Público quanto ao surgimento e à manutenção de empregos, inclusive de tempo parcial, destinados às pessoas portadoras de deficiência que não tenham acesso aos empregos comuns;

c) a promoção de ações eficazes que propiciem a inserção, nos setores públicos e privado, de pessoas portadoras de deficiência;

d) a adoção de legislação específica que discipline a reserva de mercado de trabalho, em favor das pessoas portadoras de deficiência, nas entidades da Administração Pública e do setor privado, e que regulamente a organização de

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oficinas e congêneres integradas ao mercado de trabalho, e a situação, nelas, das pessoas portadoras de deficiência;

IV - na área de recursos humanos: a) a formação de professores de nível médio para a Educação Especial, de técnicos

de nível médio especializados na habilitação e reabilitação, e de instrutores para formação profissional;

b) a formação e qualificação de recursos humanos que, nas diversas áreas de conhecimento, inclusive de nível superior, atendam à demanda e às necessidades reais das pessoas portadoras de deficiências;

c) o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico em todas as áreas do conhecimento relacionadas com a pessoa portadora de deficiência;

V - na área das edificações: a) a adoção e a efetiva execução de normas que garantam a funcionalidade das

edificações e vias públicas, que evitem ou removam os óbices às pessoas portadoras de deficiência, permitam o acesso destas a edifícios, a logradouros e a meios de transporte.

Art. 3º As ações civis públicas destinadas à proteção de interesses coletivos ou difusos das pessoas portadoras de deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal; por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção das pessoas portadoras de deficiência. § 1º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certidões e informações que julgar necessárias. § 2º As certidões e informações a que se refere o parágrafo anterior deverão ser fornecidas dentro de 15 (quinze) dias da entrega, sob recibo, dos respectivos requerimentos, e só poderão se utilizadas para a instrução da ação civil. § 3º Somente nos casos em que o interesse público, devidamente justificado, impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou informação. § 4º Ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, a ação poderá ser proposta desacompanhada das certidões ou informações negadas, cabendo ao juiz, após apreciar os motivos do indeferimento, e, salvo quando se tratar de razão de segurança nacional, requisitar umas e outras; feita a requisição, o processo correrá em segredo de justiça, que cessará com o trânsito em julgado da sentença. § 5º Fica facultado aos demais legitimados ativos habilitarem-se como litisconsortes nas ações propostas por qualquer deles. § 6º Em caso de desistência ou abandono da ação, qualquer dos co-legitimados pode assumir a titularidade ativa.

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Art. 4º A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. § 1º A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação fica sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal. § 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer legitimado ativo, inclusive o Ministério Público. Art. 5º O Ministério Público intervirá obrigatoriamente nas ações públicas, coletivas ou individuais, em que se discutam interesses relacionados à deficiência das pessoas. Art. 6º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou particular, certidões, informações, exame ou perícias, no prazo que assinalar, não inferior a 10 (dez) dias úteis. § 1º Esgotadas as diligências, caso se convença o órgão do Ministério Público da inexistência de elementos para a propositura de ação civil, promoverá fundamentadamente o arquivamento do inquérito civil, ou das peças informativas. Neste caso, deverá remeter a reexame os autos ou as respectivas peças, em 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público, que os examinará, deliberando a respeito, conforme dispuser seu Regimento. § 2º Se a promoção do arquivamento for reformada, o Conselho Superior do Ministério Público designará desde logo outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação. Art. 7º Aplicam-se à ação civil pública prevista nesta Lei, no que couber, os dispositivos da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa: I - recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, por motivos derivados da deficiência que porta; II - obstar, sem justa causa, o acesso de alguém a qualquer cargo público, por motivos derivados de sua deficiência;

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III - negar, sem justa causa, a alguém, por motivos derivados de sua deficiência, emprego ou trabalho; IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de prestar assistência médico-hospitalar e ambulatorial, quando possível, à pessoa portadora de deficiência; V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei; VI - recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo Ministério Público. Art. 9º A Administração Pública Federal conferirá aos assuntos relativos às pessoas portadoras de deficiência tratamento prioritário e apropriado, para que lhes seja efetivamente ensejado o pleno exercício de seus direitos individuais e sociais, bem como sua completa integração social. § 1º Os assuntos a que alude este artigo serão objeto de ação, coordenada e integrada, dos órgãos da Administração Pública Federal, e incluir-se-ão em Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, na qual estejam compreendidos planos, programas e projetos sujeitos a prazos e objetivos determinados. § 2º Ter-se-ão como integrantes da Administração Pública Federal, para os fins desta Lei, além dos órgãos públicos, das autarquias, das empresas públicas e sociedades de economia mista, as respectivas subsidiárias e as fundações públicas. Art. 10 . A coordenação, superior dos assuntos, ações governamentais e medidas, referentes às pessoas portadoras de deficiência, incumbirá a órgão subordinado à Presidência da República, dotado de autonomia administrativa e financeira, ao qual serão destinados recursos orçamentários específicos. Parágrafo único. A autoridade encarregada da coordenação superior mencionada no caput deste artigo caberá, principalmente, propor ao Presidente da República a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, seus planos, programas e projetos e cumprir as instruções superiores que lhes digam respeito, com a cooperação dos demais órgãos da Administração Pública Federal. Art. 11. Fica reestruturada, como órgão autônomo, nos termos do artigo anterior, a Coordenadoria Nacional, para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde. § 1º (Vetado).

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§ 2º O Coordenador contará com 3 (três) Coordenadores-Adjuntos, 4 (quatro) Coordenadores de Programas e 8 (oito) Assessores, nomeados em comissão, sob indicação do titular da Corde. § 3º A Corde terá, também, servidores titulares de Funções de Assessoramento Superior (FAS) e outros requisitados a órgão e entidades da Administração Federal. § 4º A Corde poderá contratar, por tempo ou tarefa determinados, especialistas para atender necessidade temporária de excepcional interesse público. Art. 12. Compete à Corde: I - coordenar as ações governamentais e medidas que se refiram às pessoas portadoras de deficiência; II - elaborar os planos, programas e projetos subsumidos na Política Nacional para a Integração de Pessoa Portadora de Deficiência, bem como propor as providências necessárias a sua completa implantação e seu adequado desenvolvimento, inclusive as pertinentes a recursos e as de caráter legislativo; III - acompanhar e orientar a execução, pela Administração Pública Federal, dos planos, programas e projetos mencionados no inciso anterior; IV - manifestar-se sobre a adequação à Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência dos projetos federais a ela conexos, antes da liberação dos recursos respectivos; V - manter, com os Estados, Municípios, Territórios, o Distrito Federal, e o Ministério Público, estreito relacionamento, objetivando a concorrência de ações destinadas à integração social das pessoas portadoras de deficiência; VI - provocar a iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil de que esta Lei, e indicando-lhe os elementos de convicção; VII - emitir opinião sobre os acordos, contratos ou convênios firmados pelos demais órgãos da Administração Pública Federal, no âmbito da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; VIII - promover e incentivar a divulgação e o debate das questões concernentes à pessoa portadora de deficiência, visando à conscientização da sociedade. Parágrafo único . Na elaboração dos planos, programas e projetos a seu cargo, deverá a Corde recolher, sempre que possível, a opinião das pessoas e entidades

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interessadas, bem como considerar a necessidade de efetivo apoio aos entes particulares voltados para a integração social das pessoas portadoras de deficiência. Art. 13. A Corde contará com o assessoramento de órgão colegiado, o Conselho Consultivo da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. § 1º A composição e o funcionamento do Conselho Consultivo da Corde serão disciplinados em ato do Poder Executivo. Incluir-se-ão no Conselho representantes de órgãos e de organizações ligados aos assuntos pertinentes à pessoa portadora de deficiência, bem como representante do Ministério Público Federal. § 2º Compete ao Conselho Consultivo: I - opinar sobre o desenvolvimento da Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; II - apresentar sugestões para o encaminhamento dessa política; III - responder a consultas formuladas pela Corde. § 3º O Conselho Consultivo reunir-se-á ordinariamente 1 (uma) vez por trimestre e, extraordinariamente, por iniciativa de 1/3 (um terço) de seus membros, mediante manifestação escrita, com antecedência de 10 (dez) dias, e deliberará por maioria de votos dos conselheiros presentes. § 4º Os integrantes do Conselho não perceberão qualquer vantagem pecuniária, salvo as de seus cargos de origem, sendo considerados de relevância pública os seus serviços. § 5º As despesas de locomoção e hospedagem dos conselheiros, quando necessárias, serão asseguradas pela Corde. Art. 14. (Vetado). Art. 15. Para atendimento e fiel cumprimento do que dispõe esta Lei, será reestruturada a Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação, e serão instituídos, no Ministério do Trabalho, no Ministério da Saúde e no Ministério da Previdência e Assistência Social, órgão encarregados da coordenação setorial dos assuntos concernentes às pessoas portadoras de deficiência. Art. 16. O Poder Executivo adotará, nos 60 (sessenta) dias posteriores à vigência desta Lei, as providências necessárias à reestruturação e ao regular funcionamento da Corde, como aquelas decorrentes do artigo anterior.

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Art. 17. Serão incluídas no censo demográfico de 1990, e nos subseqüentes, questões concernentes à problemática da pessoa portadora de deficiência, objetivando o conhecimento atualizado do número de pessoas portadoras de deficiência no País. Art. 18. Os órgãos federais desenvolverão, no prazo de 12 (doze) meses contado da publicação desta Lei, as ações necessárias à efetiva implantação das medidas indicadas no art. 2º desta Lei. Art. 19. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 20. Revogam-se as disposições em contrário. Brasília, 24 de outubro de 1989; 168º da Independência e 101º da República.

LEI Nº 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991

Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Providência Social e dá outras providências.

...

SUBSEÇÃO II

Da Habilitação e da Reabilitação Profissional

Art. 89. A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar ao

beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às pessoas

portadoras de deficiência, os meios para a (re)educação e de (re)adaptação

profissional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto

em que vive.

Parágrafo único. A reabilitação profissional compreende:

a) o fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instrumentos de auxílio para

locomoção quando a perda ou redução da capacidade funcional puder ser atenuada

por seu uso e dos equipamentos necessários à habilitação e reabilitação social e

profissional;

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b) a reparação ou a substituição dos aparelhos mencionados no inciso anterior,

desgastados pelo uso normal ou por ocorrência estranha à vontade do beneficiário;

c) o transporte do acidentado do trabalho, quando necessário.

Art. 90. A prestação de que trata o artigo anterior é devida em caráter obrigatório

aos segurados, inclusive aposentados e, na medida das possibilidades do órgão da

Previdência Social, aos seus dependentes.

Art. 91. Será concedido, no caso de habilitação e reabilitação profissional, auxílio

para tratamento ou exame fora do domicilio do beneficiário, conforme dispuser o

Regulamento.

Art. 92. Concluído o processo de habilitação ou reabilitação social e profissional, a

Previdência Social emitirá certificado individual, indicando as atividades que poderão

ser exercidas pelo beneficiário, nada impedindo que este exerça outra atividade para

a qual se capacitar.

Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher

de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários

reabilitados ou pessoas portadoras de deficiências habilitadas, na seguinte

proporção:

I - até 200 empregados ...2%;

II - de 201 a 500 .............3%;

III - de 501 a 1.000 .........4%;

IV - de 1.001 em diante ..5%.

1° A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habilitado ao final de

contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias, e a imotivada, no

contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer após a contratação de

substituto de condição semelhante.

2° O Ministério do Trabalho e da Previdência Social deverá gerar estatísticas sobre o

total de empregados e as vagas preenchidas por reabilitados e deficientes

habilitados, fornecendo-as, quando solicitadas, aos sindicatos ou entidades

representativas dos empregados.

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SEÇÃO VII

Da Contagem Recíproca de Tempo de Serviço

Art. 94. Para efeito dos benefícios previstos no Regime Geral de Previdência Social,

é assegurada a contagem reciproca do tempo de contribuição ou de serviço na

administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os

diferentes sistemas de previdência social se compensarão financeiramente.

Parágrafo único. A compensação financeira será feita ao sistema a que o

interessado estiver vinculado ao requerer o benefício pelos demais sistemas, em

relação aos respectivos tempos de contribuição ou de serviço, conforme dispuser o

Regulamento.

Art. 95. Observada a carência de 36 (trinta e seis) contribuições mensais, o

segurado poderá contar, para fins de obtenção dos benefícios do Regime Geral de

Previdência Social, o tempo de serviço prestado à administração pública federal

direta, autárquica e fundacional.

Parágrafo único. Poderá ser contado o tempo de serviço prestado à administração

pública direta, autárquica e fundacional dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, desde que estes assegurem aos seus servidores a contagem de tempo

do serviço em atividade vinculada ao Regime Geral de Previdência Social.

Art. 96. O tempo de contribuição ou de serviço de que trata esta Seção será contado

de acordo com a legislação pertinente, observadas as normas seguintes:

I - não será admitida a contagem em dobro ou em outras condições especiais;

II - é vedada a contagem de tempo de serviço público com o de atividade privada,

quando concomitantes;

III - não será contado por um sistema o tempo de serviço utilizado para concessão

de aposentadoria pelo outro;

IV - o tempo de serviço anterior ou posterior à obrigatoriedade de filiação à

Previdência Social só será contado mediante indenização da contribuição

correspondente ao período respectivo, com os acréscimos legais;

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V - o tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data de início de

vigência desta Lei, será computado sem que seja necessário o pagamento das

contribuições a ele correspondentes, desde que cumprido o período de carência.

Art. 97. A aposentadoria por tempo de serviço, com contagem de tempo na forma

desta Seção, será concedida ao segurado do sexo feminino a partir de 25 (vinte e

cinco) anos completos de serviço, e, ao segurado do sexo masculino, a partir de 30

(trinta) anos completos de serviço, ressalvadas as hipóteses de redução previstas

em lei.

Art. 98. Quando a soma dos tempos de serviço ultrapassar 30 (trinta) anos, se do

sexo feminino, e 35 (trinta e cinco) anos, se do sexo masculino, o excesso não será

considerado para qualquer efeito.

Art. 99. O benefício resultante de contagem de tempo de serviço na forma desta

Seção será concedido e pago pelo sistema a que o interessado estiver vinculado ao

requerê-lo, e calculado na forma da respectiva legislação.

SEÇÃO VIII

Das Disposições Diversas Relativas às Prestações

Art. 100. (Vetado).

Art. 101. O segurado em gozo de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e o

pensionista inválido estão obrigados, sob pena de suspensão do benefício, a

submeter-se a exame médico a cargo da Previdência Social, processo de

reabilitação profissional por ela prescrito e custeado, e tratamento dispensado

gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos.

(Redação dada pela Lei n° 9.032, de 28.4.95)

Art. 102. A perda da qualidade de segurado após o preenchimento de todos os

requisitos exigíveis para a concessão de aposentadoria ou pensão não importa em

extinção do direito a esses benefícios.

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Art. 103. Sem prejuízo do direito ao benefício, prescreve em 5 (cinco) anos o direito

às prestações não pagas nem reclamadas na época própria resguardados os

direitos dos menores dependentes, dos incapazes ou dos ausentes.

Art. 104. As ações referentes à prestação por acidente de trabalho prescrevem em 5

(cinco) anos, observado o disposto no art. 103 desta Lei, contados da data:

I - do acidente, quando dele resultar a morte ou a incapacidade temporária,

verificada esta em perícia médica a cargo da Previdência Social; ou

II - em que for reconhecida pela Previdência Social, a incapacidade permanente ou o

agravamento das seqüelas do acidente.

Art. 105. A apresentação de documentação incompleta não constitui motivo para

recusa do requerimento do benefício.

Art. 106. Para comprovação do exercício de atividade rural será obrigatória, a partir

de 16 de abril de 1994, a apresentação da Carteira de Identificação e Contribuição-

CIC referida no § 3° do art. 12 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991. (Redação

dada pela Lei n° 9.063, de 14.6.95)

Parágrafo único. A comprovação do exercício de atividade rural referente ao período

anterior a 16 de abril de 1994, observado o disposto no § 3° do art. 55 desta Lei, far-

se-á alternativamente através de: (Redação dada pela Lei n° 9.063, de 14.6.95)

I - contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência Social;

II - contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;

III - declaração de sindicato de trabalhadores rurais, desde que homologada pelo

INSS; (Redação dada pela Lei n° 9.063, de 14.6.95)

IV - comprovante de cadastro do INCRA, no caso produtores em regime de

economia familiar; (Redação dada pela Lei n° 9.063, de 14.6.95)

V - bloco de notas do produtor rural. (Redação dada pela Lei n° 9.063, 14.6.95)

Art. 107. O tempo de serviço de que trata o art. 55 desta Lei será considerado para

cálculo do valor da renda mensal de qualquer benefício.

Art. 108. Mediante justificação processada perante a Previdência Social, observado

o disposto no § 3° do art. 55 e na forma estabelecida no Regulamento, poderá ser

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suprida a falta de documento ou provado ato do interesse de beneficiário ou

empresa, salvo no que se refere a registro público.

Art. 109. O benefício será pago diretamente ao beneficiário, salvo em caso de

ausência, moléstia contagiosa ou impossibilidade de locomoção, quando será pago

a procurador, cujo mandato não terá prazo superior a doze meses, podendo ser

renovado. (Redação dada pela Lei n° 8.870, de 15.4.94)

Parágrafo único. A impressão digital do beneficiário incapaz de assinar, aposta na

presença de servidor da Previdência Social, vale como assinatura para quitação de

pagamento de benefício.

Art. 110. O benefício devido ao segurado ou dependente civilmente incapaz será

feito ao cônjuge, pai, mãe, tutor ou curador, admitindo-se, na sua falta e por período

não superior a 6 (seis) meses, o pagamento a herdeiro necessário, mediante termo

de compromisso firmado no ato do recebimento.

Parágrafo único. Para efeito de curatela, no caso de interdição do beneficiário, a

autoridade judiciaria pode louvar-se no laudo médico-pericial da Previdência Social.

Art. 111. O segurado menor poderá, conforme dispuser o Regulamento, firmar

recibo de benefício, independentemente da presença dos pais ou do tutor.

Art. 112. O valor não recebido em vida pelo segurado só será pago aos seus

dependentes habilitados à pensão por morte ou, na falta deles, aos seus sucessores

na forma da lei civil, independentemente de inventário ou arrolamento.

Art. 113. O benefício poderá ser pago mediante depósito em conta corrente ou por

autorização de pagamento, conforme se dispuser em regulamento.

Parágrafo único. Na hipótese da falta de movimentação a débito em conta corrente

utilizada para pagamento de benefícios, por prazo superior a sessenta dias, os

valores dos benefícios remanescentes serão creditados em conta especial, à ordem

do INSS, com a identificação de sua origem. (Parágrafo acrescentado pela Lei n°

8.870, de 15.4.94)

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Art. 114. Salvo quando o valor devido à Previdência Social e a desconto autorizado

por esta Lei, ou derivado da obrigação de prestar alimentos reconhecida em

sentença judicial, o benefício não pode ser objeto de penhora, arresto ou seqüestro,

sendo nula de pleno direito a sua venda ou cessão, ou a constituição de qualquer

ônus sobre ele, bem como a outorga de poderes irrevogáveis ou em causa própria

para o seu recebimento.

Art. 115. Podem ser descontados dos benefícios:

I - contribuições devidas pelo segurado à Previdência Social;

II - pagamento de benefício além do devido;

III - Imposto de Renda retido na fonte;

IV - pensão de alimentos decretada em sentença judicial;

V - mensalidades de associações e demais entidades de aposentados legalmente

reconhecidas, desde que autorizadas por seus filiados.

Parágrafo único. Na hipótese do inciso II, o desconto será feito em parcelas,

conforme dispuser o regulamento, salvo má-fé.

Art. 116. Será fornecido ao beneficiário demonstrativo minucioso das importâncias

pagas, discriminando-se o valor da mensalidade, as diferenças eventualmente

pagas com o período a que se referem e os descontos efetuados.

Art. 117. A empresa, o sindicato ou a entidade de aposentados devidamente

legalizada poderá, mediante convênio com a Previdência Social, encarregar-se,

relativamente a seu empregado ou associado e respectivos dependentes, de:

I - processar requerimento de benefício, preparando e instruindo-o de maneira a ser

despachado pela Previdência Social;

II - submeter o requerente a exame médico, inclusive complementar, encaminhando

à Previdência Social o respectivo laudo, para efeito de homologação e posterior

concessão de benefício que depender de avaliação de incapacidade;

III - pagar benefício.

Parágrafo único. O convênio poderá dispor sobre o reembolso das despesas da

empresa, do sindicato ou da entidade de aposentados devidamente legalizada,

correspondente aos serviços previstos nos incisos II e III, ajustado por valor global

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conforme o número de empregados ou de associados, mediante dedução do valor

das contribuições previdenciárias a serem recolhidas pela empresa.

Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo

mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa,

após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção

de auxílio-acidente.

Parágrafo único. (Revogado pela Lei n° 9.032, de 28.4.95)

Art. 119. Por intermédio dos estabelecimentos de ensino, sindicatos, associações de

classe, Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho-

FUNDACENTRO, órgãos públicos e outros meios, serão promovidas regularmente

instrução e formação com vistas a incrementar costumes e atitudes prevencionistas

em matéria de acidente, especialmente do trabalho.

Art. 120. Nos casos de negligência quanto às normas padrão de segurança e

higiene do trabalho indicados para a proteção individual e coletiva, a Previdência

Social proporá ação regressiva contra os responsáveis.

Art. 121. O pagamento, pela Previdência Social, das prestações por acidente do

trabalho não exclui a responsabilidade civil da empresa ou de outrem.

Art. 122. (Revogado pela Lei n° 9.032, de 28.4.95)

Art. 123. (Revogado pela Lei n° 9.032, de 28.4.95)

Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto

dos seguintes benefícios da Previdência Social:

I - aposentadoria e auxílio-doença;

II - mais de uma aposentadoria; (Redação dada pela Lei n° 9.032, de 28.4.95)

III - aposentadoria e abono de permanência em serviço;

IV - salário-maternidade e auxílio-doença; (Inciso acrescentado pela Lei n° 9.032, de

28.4.95)

V - mais de um auxílio-acidente;(Inciso acrescentado pela Lei n° 9.032, de 28.4.95)

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VI - mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado o direito

de opção pela mais vantajosa.(Inciso acrescentado pela Lei n° 9.032, de 28.4.95)

Parágrafo único. É vetado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com

qualquer benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão

por morte ou auxílio-acidente. (Parágrafo único acrescentado pela Lei n° 9.032, de

28.4.95)

LEI Nº 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993

Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e

eu sanciono a seguinte lei:

LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

CAPÍTULO I

Das Definições e dos Objetivos

Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de

Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através

de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para

garantir o atendimento às necessidades básicas.

Art. 2º A assistência social tem por objetivos:

I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;

IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção

de sua integração à vida comunitária;

V - a garantia de 1 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de

deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria

manutenção ou de tê-la provida por sua família.

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Parágrafo único. A assistência social realiza-se de forma integrada às políticas

setoriais, visando ao enfrentamento da pobreza, à garantia dos mínimos sociais, ao

provimento de condições para atender contingências sociais e à universalização dos

direitos sociais .

Art. 3º Consideram-se entidades e organizações de assistência social aquelas que

prestam, sem fins lucrativos, atendimento e assessoramento aos beneficiários

abrangidos por esta lei, bem como as que atuam na defesa e garantia de seus

direitos.

CAPÍTULO II

Dos Princípios e das Diretrizes

SEçãO I

Dos Princípios

Art. 4º A assistência social rege-se pelos seguintes princípios:

I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de

rentabilidade econômica;

II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação

assistencial alcançável pelas demais políticas públicas;

III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e

serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se

qualquer comprovação vexatória de necessidade;

IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer

natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais;

V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais,

bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua

concessão.

SEçãO II

Das Diretrizes

Art. 5º A organização da assistência social tem como base as seguintes diretrizes:

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I - descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo;

II - participação da população, por meio de organizações representativas, na

formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis;

III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência

social em cada esfera de governo.

CAPÍTULO III

Da Organização e da Gestão

Art. 6º As ações na área de assistência social são organizadas em sistema

descentralizado e participativo, constituído pelas entidades e organizações de

assistência social abrangidas por esta lei, que articule meios, esforços e recursos, e

por um conjunto de instâncias deliberativas compostas pelos diversos setores

envolvidos na área.

Parágrafo único. A instância coordenadora da Política Nacional de Assistência Social

é o Ministério do Bem-Estar Social.

Art. 7º As ações de assistência social, no âmbito das entidades e organizações de

assistência social, observarão as normas expedidas pelo Conselho Nacional de

Assistência Social (CNAS), de que trata o art. 17 desta lei.

Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, observados os

princípios e diretrizes estabelecidos nesta lei, fixarão suas respectivas Políticas de

Assistência Social .

Art. 9º O funcionamento das entidades e organizações de assistência social

depende de prévia inscrição no respectivo Conselho Municipal de Assistência Social,

ou no Conselho de Assistência Social do Distrito Federal, conforme o caso.

1º A regulamentação desta lei definirá os critérios de inscrição e funcionamento das

entidades com atuação em mais de um município no mesmo Estado, ou em mais de

um Estado ou Distrito Federal.

2º Cabe ao Conselho Municipal de Assistência Social e ao Conselho de Assistência

Social do Distrito Federal a fiscalização das entidades referidas no caput na forma

prevista em lei ou regulamento.

3º A inscrição da entidade no Conselho Municipal de Assistência Social, ou no

Conselho de Assistência Social do Distrito Federal, é condição essencial para o

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encaminhamento de pedido de registro e de certificado de entidade de fins

filantrópicos junto ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).

4º As entidades e organizações de assistência social podem, para defesa de seus

direitos referentes à inscrição e ao funcionamento, recorrer aos Conselhos Nacional,

Estaduais, Municipais e do Distrito Federal.

Art. 10. A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal podem celebrar

convênios com entidades e organizações de assistência social, em conformidade

com os Planos aprovados pelos respectivos Conselhos.

Art. 11. As ações das três esferas de governo na área de assistência social

realizam-se de forma articulada, cabendo a coordenação e as normas gerais à

esfera federal e a coordenação e execução dos programas, em suas respectivas

esferas, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios .

Art. 12. Compete à União:

I - responder pela concessão e manutenção dos benefícios de prestação continuada

definidos no art. 203 da Constituição Federal;

II - apoiar técnica e financeiramente os serviços, os programas e os projetos de

enfrentamento da pobreza em âmbito nacional;

III - atender, em conjunto com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, às

ações assistenciais de caráter de emergência.

Art. 13. Compete aos Estados:

I - destinar recursos financeiros aos Municípios, a título de participação no custeio do

pagamento dos auxílios natalidade e funeral, mediante critérios estabelecidos pelos

Conselhos Estaduais de Assistência Social;

II - apoiar técnica e financeiramente os serviços, os programas e os projetos de

enfrentamento da pobreza em âmbito regional ou local;

III - atender, em conjunto com os Municípios, às ações assistenciais de caráter de

emergência;

IV - estimular e apoiar técnica e financeiramente as associações e consórcios

municipais na prestação de serviços de assistência social;

V - prestar os serviços assistenciais cujos custos ou ausência de demanda municipal

justifiquem uma rede regional de serviços, desconcentrada, no âmbito do respectivo

Estado.

Art. 14. Compete ao Distrito Federal:

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I - destinar recursos financeiros para o custeio do pagamento dos auxílios natalidade

e funeral, mediante critérios estabelecidos pelo Conselho de Assistência Social do

Distrito Federal;

II - efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral;

III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluindo a parceria com

organizações da sociedade civil;

IV - atender às ações assistenciais de caráter de emergência;

V - prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23 desta lei.

Art. 15. Compete aos Municípios:

I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento dos auxílios natalidade e

funeral, mediante critérios estabelecidas pelos Conselhos Municipais de Assistência

Social;

II - efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral;

III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluindo a parceria com

organizações da sociedade civil;

IV - atender às ações assistenciais de caráter de emergência;

V - prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23 desta lei.

Art. 16. As instâncias deliberativas do sistema descentralizado e participativo de

assistência social, de caráter permanente e composição paritária entre governo e

sociedade civil, são:

I - o Conselho Nacional de Assistência Social;

II - os Conselhos Estaduais de Assistência Social;

III - o Conselho de Assistência Social do Distrito Federal;

IV - os Conselhos Municipais de Assistência Social.

Art. 17. Fica instituído o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), órgão

superior de deliberação colegiada, vinculado à estrutura do órgão da Administração

Pública Federal responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência

Social, cujos membros, nomeados pelo Presidente da República, têm mandato de 2

(dois) anos, permitida uma única recondução por igual período.

1º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é composto por 18 (dezoito)

membros e respectivos suplentes, cujos nomes são indicados ao órgão da

Administração Pública Federal responsável pela coordenação da Política Nacional

de Assistência Social, de acordo com os critérios seguintes:

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I - 9 (nove) representantes governamentais, incluindo 1 (um) representante dos

Estados e 1 (um) dos Municípios;

II - 9 (nove) representantes da sociedade civil, dentre representantes dos usuários

ou de organizações de usuários, das entidades e organizações de assistência social

e dos trabalhadores do setor, escolhidos em foro próprio sob fiscalização do

Ministério Público Federal.

2º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é presidido por um de seus

integrantes, eleito dentre seus membros, para mandato de 1 (um) ano, permitida

uma única recondução por igual período.

3º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) contará com uma Secretaria

Executiva, a qual terá sua estrutura disciplinada em ato do Poder Executivo.

4º Os Conselhos de que tratam os incisos II, III e IV do art. 16 deverão ser

instituídos, respectivamente, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios,

mediante lei específica.

Art. 18. Compete ao Conselho Nacional de Assistência Social:

I - aprovar a Política Nacional de Assistência Social;

II - normatizar as ações e regular a prestação de serviços de natureza pública e

privada no campo da assistência social;

III - fixar normas para a concessão de registro e certificado de fins filantrópicos às

entidades privadas prestadoras de serviços e assessoramento de assistência social;

IV - conceder atestado de registro e certificado de entidades de fins filantrópicos, na

forma do regulamento a ser fixado, observado o disposto no art. 9º desta lei;

V - zelar pela efetivação do sistema descentralizado e participativo de assistência

social;

VI - convocar ordinariamente a cada 2 (dois) anos, ou extraordinariamente, por

maioria absoluta de seus membros, a Conferência Nacional de Assistência Social,

que terá a atribuição de avaliar a situação da assistência social e propor diretrizes

para o aperfeiçoamento do sistema;

VII - (Vetado.)

VIII - apreciar e aprovar a proposta orçamentária da Assistência Social a ser

encaminhada pelo órgão da Administração Pública Federal responsável pela

coordenação da Política Nacional de Assistência Social;

IX - aprovar critérios de transferência de recursos para os Estados, Municípios e

Distrito Federal, considerando, para tanto, indicadores que informem sua

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regionalização mais eqüitativa, tais como: população, renda per capita, mortalidade

infantil e concentração de renda, além de disciplinar os procedimentos de repasse

de recursos para as entidades e organizações de assistência social, sem prejuízo

das disposições da Lei de Diretrizes Orçamentárias;

X - acompanhar e avaliar a gestão dos recursos, bem como os ganhos sociais e o

desempenho dos programas e projetos aprovados;

XI - estabelecer diretrizes, apreciar e aprovar os programas anuais e plurianuais do

Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS);

XII - indicar o representante do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS)

junto ao Conselho Nacional da Seguridade Social;

XIII - elaborar e aprovar seu regimento interno;

XIV - divulgar, no Diário Oficial da União, todas as suas decisões, bem como as

contas do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) e os respectivos pareceres

emitidos.

Art. 19. Compete ao órgão da Administração Pública Federal responsável pela

coordenação da Política Nacional de Assistência Social:

I - coordenar e articular as ações no campo da assistência social;

II - propor ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) a Política Nacional de

Assistência Social, suas normas gerais, bem como os critérios de prioridade e de

elegibilidade, além de padrões de qualidade na prestação de benefícios, serviços,

programas e projetos;

III - prover recursos para o pagamento dos benefícios de prestação continuada

definidos nesta lei;

IV - elaborar e encaminhar a proposta orçamentária da assistência social, em

conjunto com as demais da Seguridade Social;

V - propor os critérios de transferência dos recursos de que trata esta lei;

VI - proceder à transferência dos recursos destinados à assistência social, na forma

prevista nesta lei;

VII - encaminhar à apreciação do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS)

relatórios trimestrais e anuais de atividades e de realização financeira dos recursos;

VIII - prestar assessoramento técnico aos Estados, ao Distrito Federal, aos

Municípios e às entidades e organizações de assistência social;

IX - formular política para a qualificação sistemática e continuada de recursos

humanos no campo da assistência social;

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X - desenvolver estudos e pesquisas para fundamentar as análises de necessidades

e formulação de proposições para a área;

XI - coordenar e manter atualizado o sistema de cadastro de entidades e

organizações de assistência social, em articulação com os Estados, os Municípios e

o Distrito Federal;

XII - articular-se com os órgãos responsáveis pelas políticas de saúde e previdência

social, bem como com os demais responsáveis pelas políticas sócio-econômicas

setoriais, visando à elevação do patamar mínimo de atendimento às necessidades

básicas;

XIII - expedir os atos normativos necessários à gestão do Fundo Nacional de

Assistência Social (FNAS), de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Conselho

Nacional de Assistência Social (CNAS);

XIV - elaborar e submeter ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) os

programas anuais e plurianuais de aplicação dos recursos do Fundo Nacional de

Assistência Social (FNAS).

CAPÍTULO IV

Dos Benefícios, dos Serviços, dos Programas e dos Projetos de Assistência

Social

SEçãO I

Do Benefício de Prestação Continuada

Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 (um) salário mínimo

mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou mais

e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la

provida por sua família.

§ 1º Para os efeitos do disposto no caput, entende-se por família a unidade

mononuclear, vivendo sob o mesmo teto, cuja economia é mantida pela contribuição

de seus integrantes.

§ 2º Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa portadora de deficiência é

aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho.

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§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de

deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um

quarto) do salário mínimo.

§ 4º O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário

com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo o da

assistência médica.

§ 5º A situação de internado não prejudica o direito do idoso ou do portador de

deficiência ao benefício.

§ 6º A deficiência será comprovada através de avaliação e laudo expedido por

serviço que conte com equipe multiprofissional do Sistema Único de Saúde (SUS) ou

do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), credenciados para esse fim pelo

Conselho Municipal de Assistência Social.

§ 7º Na hipótese de não existirem serviços credenciados no Município de residência

do beneficiário, fica assegurado o seu encaminhamento ao Município mais próximo

que contar com tal estrutura.

Art. 21. O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos

para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem.

§ 1º O pagamento do benefício cessa no momento em que forem superadas as

condições referidas no caput, ou em caso de morte do beneficiário.

§ 2º O benefício será cancelado quando se constatar irregularidade na sua

concessão ou utilização.

SEçãO II

Dos Benefícios Eventuais

Art. 22. Entendem-se por benefícios eventuais aqueles que visam ao pagamento de

auxílio por natalidade ou morte às famílias cuja renda mensal per capita seja inferior

a 1/4 (um quarto) do salário mínimo.

§ 1º A concessão e o valor dos benefícios de que trata este artigo serão

regulamentados pelos Conselhos de Assistência Social dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios, mediante critérios e prazos definidos pelo Conselho

Nacional de Assistência Social (CNAS).

§ 2º Poderão ser estabelecidos outros benefícios eventuais para atender

necessidades advindas de situações de vulnerabilidade temporária, com prioridade

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para a criança, a família, o idoso, a pessoa portadora de deficiência, a gestante, a

nutriz e nos casos de calamidade pública.

§ 3º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), ouvidas as respectivas

representações de Estados e Municípios dele participantes, poderá propor, na

medida das disponibilidades orçamentárias das três esferas de governo, a instituição

de benefícios subsidiários no valor de até 25% (vinte e cinco por cento) do salário

mínimo para cada criança de até 6 (seis) anos de idade, nos termos da renda

mensal familiar estabelecida no caput.

SEçãO III

Dos Serviços

Art. 23. Entendem-se por serviços assistenciais as atividades continuadas que

visem à melhoria de vida da população e cujas ações, voltadas para as

necessidades básicas, observem os objetivos, princípios e diretrizes estabelecidas

nesta lei.

Parágrafo único. Na organização dos serviços será dada prioridade à infância e à

adolescência em situação de risco pessoal e social, objetivando cumprir o disposto

no art. 227 da Constituição Federal e na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.

SEçãO IV

Dos Programas de Assistência Social

Art. 24. Os programas de assistência social compreendem ações integradas e

complementares com objetivos, tempo e área de abrangência definidos para

qualificar, incentivar e melhorar os benefícios e os serviços assistenciais.

§ 1º Os programas de que trata este artigo serão definidos pelos respectivos

Conselhos de Assistência Social, obedecidos os objetivos e princípios que regem

esta lei, com prioridade para a inserção profissional e social.

§ 2º Os programas voltados ao idoso e à integração da pessoa portadora de

deficiência serão devidamente articulados com o benefício de prestação continuada

estabelecido no art. 20 desta lei.

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SEçãO V

Dos Projetos de Enfrentamento da Pobreza

Art. 25. Os projetos de enfrentamento da pobreza compreendem a instituição de

investimento econômico-social nos grupos populares, buscando subsidiar, financeira

e tecnicamente, iniciativas que lhes garantam meios, capacidade produtiva e de

gestão para melhoria das condições gerais de subsistência, elevação do padrão da

qualidade de vida, a preservação do meio-ambiente e sua organização social .

Art. 26. O incentivo a projetos de enfrentamento da pobreza assentar-se-á em

mecanismos de articulação e de participação de diferentes áreas governamentais e

em sistema de cooperação entre organismos governamentais, não governamentais

e da sociedade civil.

CAPÍTULO V

Do Financiamento da Assistência Social

Art. 27. Fica o Fundo Nacional de Ação Comunitária (Funac), instituído pelo Decreto

nº 91.970, de 22 de novembro de 1985, ratificado pelo Decreto Legislativo nº 66, de

18 de dezembro de 1990, transformado no Fundo Nacional de Assistência Social

(FNAS).

Art. 28. O financiamento dos benefícios, serviços, programas e projetos

estabelecidos nesta lei far-se-á com os recursos da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios, das demais contribuições sociais previstas no art. 195 da

Constituição Federal, além daqueles que compõem o Fundo Nacional de Assistência

Social (FNAS).

§ 1º Cabe ao órgão da Administração Pública Federal responsável pela coordenação

da Política Nacional de Assistência Social gerir o Fundo Nacional de Assistência

Social (FNAS) sob a orientação e controle do Conselho Nacional de Assistência

Social (CNAS).

§ 2º O Poder Executivo disporá, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da

data de publicação desta lei, sobre o regulamento e funcionamento do Fundo

Nacional de Assistência Social (FNAS).

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Art. 29. Os recursos de responsabilidade da União destinados à assistência social

serão automaticamente repassados ao Fundo Nacional de Assistência Social

(FNAS), à medida que se forem realizando as receitas.

Art. 30. É condição para os repasses, aos Municípios, aos Estados e ao Distrito

Federal, dos recursos de que trata esta lei, a efetiva instituição e funcionamento de:

I - Conselho de Assistência Social, de composição paritária entre governo e

sociedade civil;

II - Fundo de Assistência Social, com orientação e controle dos respectivos

Conselhos de Assistência Social;

III - Plano de Assistência Social.

CAPÍTULO VI

Das Disposições Gerais e Transitórias

Art. 31. Cabe ao Ministério Público zelar pelo efetivo respeito aos direitos

estabelecidos nesta lei.

Art. 32. O Poder Executivo terá o prazo de 60 (sessenta) dias, a partir da publicação

desta lei, obedecidas as normas por ela instituídas, para elaborar e encaminhar

projeto de lei dispondo sobre a extinção e reordenamento dos órgãos de assistência

social do Ministério do Bem-Estar Social.

§ 1º O projeto de que trata este artigo definirá formas de transferências de

benefícios, serviços, programas, projetos, pessoal, bens móveis e imóveis para a

esfera municipal.

§ 2º O Ministro de Estado do Bem-Estar Social indicará Comissão encarregada de

elaborar o projeto de lei de que trata este artigo, que contará com a participação das

organizações dos usuários, de trabalhadores do setor e de entidades e organizações

de assistência social.

Art. 33. Decorrido o prazo de 120 (cento e vinte) dias da promulgação desta lei, fica

extinto o Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), revogando-se, em

conseqüência, os Decretos-Lei nºs 525, de 1º de julho de 1938, e 657, de 22 de

julho de 1943.

1º O Poder Executivo tomará as providências necessárias para a instalação do

Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e a transferência das atividades

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que passarão à sua competência dentro do prazo estabelecido no caput, de forma a

assegurar não haja solução de continuidade.

2º O acervo do órgão de que trata o caput será transferido, no prazo de 60

(sessenta) dias, para o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), que

promoverá, mediante critérios e prazos a serem fixados, a revisão dos processos de

registro e certificado de entidade de fins filantrópicos das entidades e organização

de assistência social, observado o disposto no art. 3º desta lei.

Art. 34. A União continuará exercendo papel supletivo nas ações de assistência

social, por ela atualmente executadas diretamente no âmbito dos Estados, dos

Municípios e do Distrito Federal, visando à implementação do disposto nesta lei, por

prazo máximo de 12 (doze) meses, contados a partir da data da publicação desta lei.

Art. 35. Cabe ao órgão da Administração Pública Federal responsável pela

coordenação da Política Nacional de Assistência Social operar os benefícios de

prestação continuada de que trata esta lei, podendo, para tanto, contar com o

concurso de outros órgãos do Governo Federal, na forma a ser estabelecida em

regulamento.

Parágrafo único. O regulamento de que trata o caput definirá as formas de

comprovação do direito ao benefício, as condições de sua suspensão, os

procedimentos em casos de curatela e tutela e o órgão de credenciamento, de

pagamento e de fiscalização, dentre outros aspectos.

Art. 36. As entidades e organizações de assistência social que incorrerem em

irregularidades na aplicação dos recursos que lhes forem repassados pelos poderes

públicos terão cancelado seu registro no Conselho Nacional de Assistência Social

(CNAS), sem prejuízo de ações cíveis e penais.

Art. 37. Os benefícios de prestação continuada serão concedidos, a partir da

publicação desta lei, gradualmente e no máximo em até:

I - 12 (doze) meses, para os portadores de deficiência;

II - 18 (dezoito) meses, para os idosos.

Art. 38. A idade prevista no art. 20 desta lei reduzir-se-á, respectivamente, para 67

(sessenta e sete) e 65 (sessenta e cinco) anos após 24 (vinte e quatro) e 48

(quarenta e oito) meses do início da concessão.

Art. 39. O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), por decisão da maioria

absoluta de seus membros, respeitados o orçamento da seguridade social e a

disponibilidade do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), poderá propor ao

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Poder Executivo a alteração dos limites de renda mensal per capita definidos no § 3º

do art. 20 e caput do art. 22.

Art. 40. Com a implantação dos benefícios previstos nos arts. 20 e 22 desta lei,

extinguem-se a renda mensal vitalícia, o auxílio-natalidade e o auxílio-funeral

existentes no âmbito da Previdência Social, conforme o disposto na Lei nº 8.213, de

24 de julho de 1991.

Parágrafo único. A transferência dos beneficiários do sistema previdenciário para a

assistência social deve ser estabelecida de forma que o atendimento à população

não sofra solução de continuidade.

Art. 41. Esta lei entra em vigor na data da sua publicação.

Art. 42. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 7 de dezembro de 1993, 172º da Independência e 105º da República.

LEI Nº 8.859, DE 23 DE MARÇO DE 1994

Modifica dispositivos da Lei nº 6.494, de 7

de dezembro de 1977, estendendo aos

alunos de ensino especial o direito à

participação em atividades de estágio.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

Art. 1º O art. 1° e o § 1º do art. 3° da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977,

passam a vigorar com a seguinte redação:

"Art 1º As pessoas jurídicas de Direito Privado, os órgãos de Administração Pública

e as Instituições de Ensino podem aceitar, como estagiários, os alunos regularmente

matriculados em cursos vinculados ao ensino público e particular.

§ 1º os alunos a que se refere o caput deste artigo devem, comprovadamente, estar

freqüentando cursos de nível superior, profissionalizante de 2º grau, ou escolas de

educação especial.

§ 2º o estágio somente poderá verificar-se em unidades que tenham condições de

proporcionar experiência prática na linha de formação do estagiário, devendo o

aluno estar em condições de realizar o estágio, segundo o disposto na

regulamentação da presente lei.

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§ 3º Os estágios devem propiciar a complementação do ensino e da aprendizagem e

ser planejados, executados, acompanhados e avaliados em conformidade com os

currículos, programas e calendários escolares.

................................................................................

.................................................................

Art.3º. ................................................................................ ............................................

................................................................................

.................................................................

§ 1º Os estágios curriculares serão desenvolvidos de acordo com o disposto no § 3°

do art. 1º desta lei."

Art. 2º O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de trinta dias, contado da

data de sua publicação.

Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 23 de março de 1994; 173º da Independência e 106º da República.

ITAMAR FRANCO

Murílio de Avellar Hingel

DECRETO Nº 3.048, DE 6 DE MAIO DE 1999.

Aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras providências .

...

CAPÍTULO V

DA HABILITAÇÃO E DA REABILITAÇÃO PROFISSIONAL

Art. 136. A assistência (re)educativa e de (re)adaptação profissional, instituída sob a

denominação genérica de habilitação e reabilitação profissional, visa proporcionar

aos beneficiários, incapacitados parcial ou totalmente para o trabalho, em caráter

obrigatório, independentemente de carência, e às pessoas portadoras de deficiência,

os meios indicados para proporcionar o reingresso no mercado de trabalho e no

contexto em que vivem.

§ 1º Cabe ao Instituto Nacional do Seguro Social promover a prestação de que trata

este artigo aos segurados, inclusive aposentados, e, de acordo com as

possibilidades administrativas, técnicas, financeiras e as condições locais do órgão,

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aos seus dependentes, preferencialmente mediante a contratação de serviços

especializados.

§ 2º As pessoas portadoras de deficiência serão atendidas mediante celebração de

convênio de cooperação técnico-financeira.

Art 137. O processo de habilitação e de reabilitação profissional do beneficiário será

desenvolvido por meio das funções básicas de:

I - avaliação e definição da capacidade laborativa residual;

II - orientação e acompanhamento da programação profissional;

III - articulação com a comunidade, com vistas ao reingresso no mercado de

trabalho; e

IV - acompanhamento e pesquisa da fixação no mercado de trabalho.

§ 1º A execução das funções de que trata o caput dar-se-á, preferencialmente,

mediante o trabalho de equipe multiprofissional especializada em medicina, serviço

social, psicologia, sociologia, fisioterapia, terapia ocupacional e outras afins ao

processo, sempre que possível na localidade do domicílio do beneficiário,

ressalvadas as situações excepcionais em que este terá direito à reabilitação

profissional fora dela.

§ 2º Quando indispensáveis ao desenvolvimento do processo de reabilitação

profissional, o Instituto Nacional do Seguro Social fornecerá aos segurados, inclusive

aposentados, em caráter obrigatório, prótese e órtese, seu reparo ou substituição,

instrumentos de auxílio para locomoção, bem como equipamentos necessários à

habilitação e à reabilitação profissional, transporte urbano e alimentação e, na

medida das possibilidades do Instituto, aos seus dependentes.

§ 3º No caso das pessoas portadoras de deficiência, a concessão dos recursos

materiais referidos no parágrafo anterior ficará condicionada à celebração de

convênio de cooperação técnico-financeira.

§ 4º O Instituto Nacional do Seguro Social não reembolsará as despesas realizadas

com a aquisição de órtese ou prótese e outros recursos materiais não prescritos ou

não autorizados por suas unidades de reabilitação profissional.

Art 138. Cabe à unidade de reabilitação profissional comunicar à perícia médica a

ocorrência de que trata o § 2º do art. 337.

Art 139. A programação profissional será desenvolvida mediante cursos e/ou

treinamentos, na comunidade, por meio de contratos, acordos e convênios com

instituições e empresas públicas ou privadas, na forma do art. 317.

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§ 1º O treinamento do reabilitando, quando realizado em empresa, não estabelece

qualquer vínculo empregatício ou funcional entre o reabilitando e a empresa, bem

como entre estes e o Instituto Nacional do Seguro Social.

§ 2º Compete ao reabilitando, além de acatar e cumprir as normas estabelecidas nos

contratos, acordos ou convênios, pautar-se no regulamento daquelas organizações.

Art 140. Concluído o processo de reabilitação profissional, o Instituto Nacional do

Seguro Social emitirá certificado individual indicando a função para a qual o

reabilitando foi capacitado profissionalmente, sem prejuízo do exercício de outra

para a qual se julgue capacitado.

§ 1º Não constitui obrigação da previdência social a manutenção do segurado no

mesmo emprego ou a sua colocação em outro para o qual foi reabilitado, cessando

o processo de reabilitação profissional com a emissão de certificado a que se refere

o caput .

2º Cabe à previdência social a articulação com a comunidade, com vistas ao

levantamento da oferta do mercado de trabalho, ao direcionamento da programação

profissional e à possibilidade de reingresso do reabilitando no mercado formal.

§ 3º O acompanhamento e a pesquisa de que trata o inciso IV do art. 137 é

obrigatório e tem como finalidade a comprovação da efetividade do processo de

reabilitação profissional.

Art 141. A empresa com cem ou mais empregados está obrigada a preencher de

dois por cento a cinco por cento de seus cargos com beneficiários reabilitados ou

pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:

I - até duzentos empregados, dois por cento;

II - de duzentos e um a quinhentos empregados, três por cento;

III - de quinhentos e um a mil empregados, quatro por cento; ou

IV - mais de mil empregados, cinco por cento.

§ 1º A dispensa de empregado na condição estabelecida neste artigo, quando se

tratar de contrato por tempo superior a noventa dias e a imotivada, no contrato por

prazo indeterminado, somente poderá ocorrer após a contratação de substituto em

condições semelhantes.

§ 2º Cabe ao Ministério da Previdência e Assistência Social estabelecer sistemática

de fiscalização, avaliação e controle das empresas, para o fiel cumprimento do

disposto neste artigo, gerando estatísticas sobre o total de empregados e vagas

preenchidas para acompanhamento por parte das unidades de reabilitação

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profissional e dos sindicatos e entidades representativas de categorias, quando

solicitado.

DECRETO Nº 3.298, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1999

Regulamenta a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Polític a

Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida a s

normas de proteção, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso das atribuições que lhe confere o art.84,

incisos IV e VI, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 7.853, de 24

de outubro de 1989,

DECRETA:

CAPÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art 1º A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência

compreende o conjunto de orientações normativas que objetivam assegurar o pleno

exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência.

Art 2º Cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público assegurar à pessoa

portadora de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos

direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à

previdência social, à assistência social, ao transporte, à edificação pública, à

habitação, à cultura, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que

decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e

econômico.

Art 3º Para os efeitos deste Decreto, considera-se:

I - deficiência - toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica,

fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade,

dentro do padrão considerado normal para o ser humano;

II - deficiência permanente - aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um

período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de

que se altere, apesar de novos tratamentos; e

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III - incapacidade - uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração

social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais

para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações

necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a

ser exercida.

Art 4º É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas

seguintes categorias:

I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do

corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se

sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia,

tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência

de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida,

exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o

desempenho de funções;

II - deficiência auditiva - perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras,

variando de graus e níveis na forma seguinte:

a) de 25 a 40 decibéis (db) - surdez leve;

b) de 41 a 55 db - surdem moderada;

c) de 56 a 70 db - surdez acentuada;

d) de 71 a 90 db - surdez severa;

e) acima de 91 db - surdez profunda; e

f) anacusia;

III - deficiência visual - acuidade visual igual ou menor que 20/200 no melhor olho,

após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º (tabela de Snellen), ou

ocorrência simultânea de ambas as situações;

IV - deficiência mental - funcionamento intelectual significativamente inferior à média,

com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais

áreas de habilidades adaptativas, tais como:

a) comunicação;

b) cuidado pessoal;

c) habilidades sociais;

d) utilização da comunidade;

e) saúde e segurança;

f) habilidades acadêmicas;

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g) lazer; e

h) trabalho;

V - deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências.

CAPÍTULO II

DOS PRINCÍPIOS

Art 5º A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, em

consonância com o Programa Nacional de Direitos Humanos, obedecerá aos

seguintes princípios;

I - desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da sociedade civil, de modo a

assegurar a plena integração da pessoa portadora de deficiência no contexto sócio-

econômico e cultural;

II - estabelecimento de mecanismos e instrumentos legais e operacionais que

assegurem às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos

básicos que, decorrentes da Constituição e das lei, propiciam o seu bem-estar

pessoal, social e econômico; e

III - respeito às pessoas portadoras de deficiência, que devem receber igualdade de

oportunidades na sociedade por reconhecimento dos direitos que lhes são

assegurados, sem privilégios ou paternalismos.

CAPÍTULO III

DAS DIRETRIZES

Art 6º São diretrizes da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de

Deficiência:

I - estabelecer mecanismos que acelerem e favoreçam a inclusão social da pessoa

portadora de deficiência;

II - adotar estratégias de articulação com órgãos e entidades públicos e privados,

bem assim com organismos internacionais e estrangeiros para a implantação desta

Política;

III - incluir a pessoa portadora de deficiência, respeitadas as suas peculiaridades, em

todas as iniciativas governamentais relacionadas à educação, à saúde, ao trabalho,

à edificação pública, a previdência social, à assistência social, ao transporte, à

habitação, à cultura, ao esporte e ao lazer;

IV - viabilizar a participação da pessoa portadora de deficiência em todas as fases

de implementação dessa Política, por intermédio de suas entidades representativas;

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V- ampliar as alternativas de inserção econômica de pessoas portadora de

deficiência, proporcionando a ela qualificação profissional e incorporação no

mercado de trabalho; e

VI - garantir o efetivo atendimento das necessidades da pessoa portadora de

deficiência sem o cunho assistenciaista.

CAPÍTULO IV

DOS OBJETIVOS

Art 7º São objetivos da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de

Deficiência:

I - o acesso, o ingresso e a permanência da pessoa portadora de deficiência em

todos os serviços oferecidos à comunidade;

II - integração das ações dos órgãos e das entidades públicos e privados nas áreas

de saúde, educação, trabalho, transporte, assistência social, edificação pública,

previdência social, habitação, cultura, desporto e lazer, visando à prevenção das

deficiências, à eliminação de suas múltiplas causas e à inclusão social;

III - desenvolvimento de programas setoriais destinados ao atendimento das

necessidades especiais da pessoa portadora de deficiência;

IV - formação de recursos humanos para atendimento da pessoa portadora de

deficiência; e

V - garantia de efetividade dos programas de prevenção de atendimento

especializado e de inclusão social.

CAPÍTULO V

DOS INSTRUMENTOS

Art 8º São instrumentos da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora

de Deficiência:

I - a articulação entre entidades governamentais e não-governamentais que tenham

responsabilidade quanto ao atendimento da pessoa de deficiência, em nível federal,

estadual, do Distrito Federal e municipal;

II - o fomento à formação de recursoS humanos para adequado e eficiente

atendimento da pessoa portadora de deficiência;

III - a aplicação da legislação específica que disciplina a reserva de mercado de

trabalho, em favor da pessoa portadora de deficiência, nos órgãos e nas entidades

públicos e privados;

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IV - o fomento da tecnologia de bioengenharia voltada para a pessoa portadora de

deficiência, bem como a facilitação da importação de equipamento; e

V - a fiscalização do cumprimento da legislação pertinente à pessoa de deficiência.

CAPÍTULO VI

DOS ASPECTOS INSTITUCIONAIS

Art 9º Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta

deverão conferir, no âmbito das respectivas competências e finalidades, tratamentos

prioritários e adequado aos assuntos relativos à pessoa portadora de deficiência,

visando a assegurar-lhe o pleno exercício de seus direitos básicos e a efetiva

inclusão social.

Art 10. Na execução deste Decreto, a Administração Pública Federal direta e

indireta atuará de modo integrado e coordenado, seguindo planos e programas, com

prazos e objetivos determinados, aprovados pelo Conselho Nacional dos Direitos da

Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE.

Art 11. Ao CONADE, criado no âmbito do Ministério da Justiça como órgãos superior

de deliberação colegiada, compete:

I - zelar pela efetiva implantação da Política Nacional para Integração da Pessoa

Portadora de Deficiência;

II - acompanhar o planejamento e avaliar a execução das políticas setoriais de

educação, saúde, trabalho, assistência social, transporte, cultura, turismo, desporto,

lazer, política urbana e outras relativas à pessoa portadora de deficiência;

III - acompanhar a elaboração e a execução da proposta orçamentária do Ministério

da Justiça, sugerindo as modificações necessárias à consecução da Política

Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência;

IV - zelar pela efetivação do sistema descentralizado e participativo de defesa dos

direitos da pessoa portadora de deficiência;

V - acompanhar e apoiar as políticas e as ações do Conselho dos Direitos da

Pessoa Portadora de Deficiência no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios;

VI - propor a elaboração de estudos e pesquisas que objetivem a melhoria da

qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência;

VII - propor e incentivar a realização de campanhas visando à prevenção de

deficiências e à promoção dos direitos da pessoa portadora de deficiência;

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VIII - aprovar o plano de ação anual da Coordenadoria Nacional para Integração da

Pessoa Portadora de Deficiência - CORDE;

IX - acompanhar, mediante relatórios de gestão, o desempenho dos programas e

projetos da Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; e

X - elaborar o seu regimento interno.

Art 12. O CONADE será constituído, paritariamente, por representantes de

instituições governamentais e da sociedade civil, sendo a sua composição e o seu

funcionamento disciplinados em ato do Ministro de Estado da Justiça.

Parágrafo único. Na composição do CONADE, o Ministro de Estado da Justiça

disporá sobre critérios de escolha dos representantes a que se refere este artigo,

observando, entre outros, a representatividade e a efetiva atuação, em nível

nacional, relativamente à defesa dos direitos da pessoa portadora de deficiência.

Art 13. Poderão ser instituídas outras instâncias deliberativas pelos Estados, pelo

Distrito Federal e pelos Municípios, que integrarão sistema descentralizado de

defesa dos direitos da pessoa portadora de deficiência.

Art 14. Incumbe ao Ministério da Justiça, por intermédio da Secretaria de Estado dos

Direitos Humanos, a coordenação superior, na Administração Pública Federal, dos

assuntos, das atividades e das medidas que se refiram às pessoas portadoras de

deficiência.

§ 1º No âmbito da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, compete à CORDE:

I - exercer a coordenação superior dos assuntos, das ações governamentais e das

medidas referentes à pessoa portadora de deficiência;

II - elaborar os planos, programas e projetos da Política Nacional para Integração da

Pessoa Portadora de Deficiência, bem como propor as providências necessárias à

sua completa implantação e ao seu adequado desenvolvimento, inclusive as

pertinentes a recursos financeiros e as de caráter legislativo;

III - acompanhar e orientar a execução pela Administração Pública Federal dos

programas e projetos mencionados no inciso anterior;

IV - manifestar-se sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora

de Deficiência dos projetos a ela conexos, antes da liberação dos recursos

respectivos;

V - manter com os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e o Ministério Público,

estreito relacionamento, objetivando a concorrência de ações destinadas à

integração das pessoas portadoras de deficiência;

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VI - provocar a iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre

fatos que constituam objeto da ação civil de que trata a Lei nº 7.853, de 24 de

outubro de 1989, e indicando-lhe os elementos de convicção;

VII - emitir opinião sobre os acordos, contratos ou convênios firmados pelos demais

órgãos da Administração Pública Federal, no âmbito da Política Nacional para a

Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; e

VIII - promover e incentivar a divulgação e o debate das questões concernentes à

pessoa portadora de deficiência, visando à conscientização da sociedade.

§ 2º Na elaboração dos planos e programas a seu cargo, a CORDE deverá:

I - recolher, sempre que possível, a opinião das pessoas e entidades interessadas; e

II - considerar a necessidade de ser oferecido efetivo apoio às entidades privadas

voltadas a integração social da pessoa portadora de deficiência.

CAPÍTULO VII

DA EQUIPARAÇÃO DE OPORTUNIDADES

Art 15. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal prestarão direta

ou indiretamente à pessoa portadora de deficiência os seguintes serviços:

I - reabilitação integral, entendida como o desenvolvimento das potencialidades da

pessoa portadora de deficiência, destinada a facilitar sua atividade laboral, educativa

e social;

II - formação profissional e qualificação para o trabalho;

III - escolarização em estabelecimentos de ensino regular com a provisão dos apoios

necessários, ou em estabelecimentos de ensino especial; e

IV - orientação e promoção individual, familiar e social.

SEçãO I

Da Saúde

Art 16. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta

responsáveis pela saúde devem dispensar aos assuntos objeto deste Decreto

tratamento prioritário e adequado, viabilizando, sem prejuízo de outras, as seguintes

medidas:

I - a promoção de ações preventivas, como as referentes ao planejamento familiar,

ao aconselhamento genético, ao acompanhamento da gravidez, do parto e do

puerpério, à nutrição da mulher e da criança, à identificação e ao controle da

gestante e do feto de alto risco, à imunização, às doenças do metabolismo e seu

diagnóstico, ao encaminhamento precoce de outras doenças causadoras de

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deficiência, e à detecção precoce das doenças crônico-degenerativas e a outras

potencialmente incapacitantes;

II - o desenvolvimento de programas especiais de prevenção de acidentes

domésticos, de trabalho, de trânsito e outros, bem como o desenvolvimento de

programa para tratamento adequado a suas vítimas;

III - a criação de rede de serviços regionalizados, descentralizados e hierarquizados

em crescentes níveis de complexidade, voltada ao atendimento à saúde e

reabilitação da pessoa portadora de deficiência, articulada com os serviços sociais,

educacionais e com o trabalho;

IV - a garantia de acesso da pessoa portadora de deficiência aos estabelecimentos

de saúde públicos e privados e de seu adequado tratamento sob normas técnicas e

padrões de conduta apropriados;

V - a garantia de atendimento domiciliar de saúde ao portador de deficiência grave

não internado;

VI - o desenvolvimento de programas de saúde voltados para a pessoa portadora de

deficiência, desenvolvidos com a participação da sociedade e que lhes ensejem a

inclusão social; e

VII - o papel estratégico da atuação dos agentes comunitários de saúde e das

equipes de saúde da família na disseminação das práticas e estratégias de

reabilitação baseada na comunidade.

§ 1º Para os efeitos deste Decreto, prevenção compreende as ações e medidas

orientadas a evitar as causas das deficiências que possam ocasionar incapacidade e

as destinadas a evitar sua progressão ou derivação em outras incapacidades.

§ 2º A deficiência ou incapacidade deve ser diagnosticada e caracterizada por

equipe multidisciplinar de saúde, para fins de concessão de benefícios e serviços.

§ 3º As ações de promoção da qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência

deverão também assegurar a igualdade de oportunidades no campo da saúde.

Art 17. É beneficiária do processo de reabilitação a pessoa que apresenta

deficiência, qualquer que seja sua natureza, agente causal ou grau de severidade.

§ 1º Considera-se reabilitação o processo de duração limitada e com objetivo

definido, destinado a permitir que a pessoa com deficiência alcance o nível físico,

mental ou social funcional ótimo, proporcionando-lhe os meios de modificar sua

própria vida, podendo compreender medidas visando a compensar a perda de uma

função ou uma limitação funcional e facilitar ajustes ou reajustes sociais.

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§ 2º Para efeito do disposto neste artigo, toda pessoa que apresente redução

funcional devidamente diagnosticada por equipe multiprofissional terá direito a

beneficiar-se dos processos de reabilitação necessários para corrigir ou modificar

seu estado físico, mental ou sensorial, quando este obstáculo para sua integração

educativa, laboral e social.

Art 18. Incluem-se na assistência integral à saúde e reabilitação da pessoa

portadora de deficiência a concessão de órteses, próteses, bolsas coletoras e

materiais auxiliares, dado que tais equipamentos complementam o atendimento,

aumentando as possibilidades de independência e inclusão da pessoa portadora de

deficiência.

Art 19. Consideram-se ajudas técnicas, para os efeitos deste Decreto, os elementos

que permitam compensar uma ou mais limitações funcionais motoras, sensoriais ou

mentais da pessoa portadora de deficiência, com o objetivo de permitir-lhe superar

as barreiras da comunicação e da mobilidade e de possibilitar sua plena inclusão

social.

Parágrafo único. São ajudas técnicas:

I - próteses auditivas, visuais e fisícas;

II - órteses que favoreçam a adequação funcional;

III - equipamentos e elementos necessários à terapia e reabilitação da pessoa

portadora de deficiência;

IV - equipamentos, maquinarias e utensílios de trabalho especialmente desenhados

ou adaptados para uso por pessoa portadora de deficiência;

V - elementos de mobilidade, cuidado e higiene pessoal necessários para facilitar a

autonomia e a segurança da pessoa portadora de deficiência;

VI - elementos especiais para facilitar a comunicação, a informação e a sinalização

para pessoa portadora de deficiência;

VII - equipamentos e material pedagógico especial para educação, capacitação e

recreação da pessoa portadora de deficiência;

VIII - adaptações ambientais e outras que garantam o acesso, a melhoria funcional e

a autonomia pessoal; e

IX - bolsas coletoras para os portadores de ostomia.

Art 20. É considerado parte integrante do processo de reabilitação o provimento de

medicamentos que favoreçam a estabilidade clínica e funcional e auxiliem na

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limitação da incapacidade, na reeducação funcional e no controle das lesões que

geram incapacidades.

Art 21. O tratamento e a orientação psicológica serão prestados durante as distintas

fases do processo reabilitador, destinados a contribuir para que a pessoa portadora

de deficiência atinja o mais pleno desenvolvimento de sua personalidade.

Parágrafo único. O tratamento e os apoios psicológicos serão simultâneos aos

tratamentos funcionais e, em todos os casos, serão concedidos desde a

comprovação da deficiência ou do início de um processo patológico que possa

originá-la.

Art 22. Durante a reabilitação, será propiciada, se necessária, assistência em saúde

mental com a finalidade de permitir que a pessoa submetida a esta prestação

desenvolva ao máximo suas capacidades.

Art 23. Será fomentada a realização de estudos epidemiológicos e clínicos, com

periodicidade e abrangência adequadas, de modo a produzir informações sobre a

ocorrência de deficiências e incapacidades.

SEçãO II

Do Acesso à Educação

Art 24. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta

responsáveis pela educação dispensarão tratamento prioritário e adequado aos

assuntos objeto deste Decreto, viabilizando, sem prejuízo de outras, as seguintes

medidas:

I - a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos

particulares de pessoa portadora de deficiência capazes de se integrar na rede

regular de ensino;

II - a inclusão, no sistema educacional, da educação especial como modalidade de

educação escolar que permeia transversalmente todos os níveis e as modalidades

de ensino;

III - a inserção, no sistema educacional, das escolas ou instituições especializadas

públicas e privadas;

IV - a oferta, obrigatória e gratuita, da educação especial em estabelecimentos

públicos de ensino;

V - o oferecimento obrigatório dos serviços de educação especial ao educando

portador de deficiência em unidades hospitalares e congêneres nas quais esteja

internado por prazo igual ou superior a um ano; e

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VI - o acesso de aluno portador de deficiência aos benefícios conferidos aos demais

educandos, inclusive material escolar, transporte, merenda escolar e bolsas de

estudo.

§ 1º Entende-se por educação especial, para os efeitos deste Decreto, a modalidade

de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para

educando com necessidades educacionais especiais, entre eles o portador de

deficiência.

§ 2º A educação especial caracteriza-se por constituir processo flexível, dinâmico e

individualizado, oferecido principalmente nos níveis de ensino considerados

obrigatórios.

§ 3º A educação do aluno com deficiência deverá iniciar-se na educação infantil, a

partir de zero ano.

§ 4º A educação especial contará com equipe multiprofissional, com a adequada

especialização, e adotará orientações pedagógicas individualizadas.

§ 5º Quando da construção e reforma de estabelecimentos de ensino deverá ser

observado o atendimento as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas

Técnicas - ABNT relativas à acessibilidade.

Art 25. Os serviços de educação especial serão ofertados nas instituições de ensino

público ou privado do sistema de educação geral, de forma transitória ou

permanente, mediante programas de apoio para o aluno que está integrado no

sistema regular de ensino, ou em escolas especializadas exclusivamente quando a

educação das escolas comuns não puder satisfazer as necessidades educativas ou

sociais do aluno ou quando necessário ao bem-estar do educando.

Art 26. As instituições hospitalares e congêneres deverão assegurar atendimento

pedagógico ao educando portador de deficiência internado nessas unidades por

prazo igual ou superior a um ano, com o propósito de sua inclusão ou manutenção

no processo educacional.

Art 27. As instituições de ensino superior deverão oferecer adaptações de provas e

os apoios necessários, previamente solicitados pelo aluno portador de deficiência,

inclusive tempo adicional para realização das provas, conforme as características da

deficiência.

§ 1º As disposições deste artigo aplicam-se, também, ao sistema geral do processo

seletivo para ingresso em cursos universitários de instituições de ensino superior.

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§ 2º O Ministério da Educação, no âmbito da sua competência, expedirá instruções

para que os programas de educação superior incluam nos seus currículos

conteúdos, itens ou disciplinas relacionados à pessoa portadora de deficiência.

Art 28. O aluno portador de deficiência matriculado ou egresso do ensino

fundamental ou médio, de instituições públicas ou privadas, terá acesso à educação

profissional, a fim de obter habilitação profissional que lhe proporcione

oportunidades de acesso ao mercado de trabalho.

§ 1º A educação profissional para a pessoa portadora de deficiência será oferecida

nos níveis básico, técnico e tecnológico, em escola regular, em instituições

especializadas e nos ambientes de trabalho.

§ 2º As instituições públicas e privadas que ministram educação profissional

deverão, obrigatoriamente, oferecer cursos profissionais de nível básico à pessoa

portadora de deficiência, condicionando a matrícula à sua capacidade de

aproveitamento e não a seu nível de escolaridade.

§ 3º Entende-se por habilitação profissional o processo destinado a propiciar à

pessoa portadora de deficiência, em nível formal e sistematizado, aquisição de

conhecimentos e habilidades especificamente associados a determinada profissão

ou ocupação.

§ 4º Os diplomas e certificados de cursos de educação profissional expedidos por

instituição credenciada pelo Ministério da Educação ou órgão equivalente terão

validade em todo o território nacional.

Art 29. As escolas e instituições de educação profissional oferecidos, se necessário,

serviços de apoio especializado para atender as peculiaridades da pessoa portadora

de deficiência tais como:

I - adaptação dos recursos instrucionais: material pedagógico, equipamento e

currículo;

II - capacitação dos recursos humanos: professores, instrutores e profissionais

especializados; e

III - adequação dos recursos físicos: eliminação de barreiras arquitetônicas,

ambientais e de comunicação.

SEçãO III

Da Habilitação e da Reabilitação Profissional

Art 30. A pessoa portadora de deficiência beneficiária ou não do Regime Geral de

Previdência Social, tem direito às prestações de habilitação e reabilitação

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profissional para capacitar-se a obter trabalho, conservá-lo e progredir

profissionalmente.

Art 31. Entende-se por habilitação e reabilitação profissional o processo orientado a

possibilitar que a pessoa portadora de deficiência, a partir da identificação de suas

potencialidades laborativas, adquira o nível suficiente de desenvolvimento

profissional para ingresso e reingresso no mercado de trabalho e participar da vida

comunitária.

Art 32. Os serviços de habilitação e reabilitação profissional deverão estar dotados

dos recursos necessários para atender toda pessoa portadora de deficiência,

independentemente da origem de sua deficiência, desde que possa ser preparada

para trabalho que lhe seja adequado e tenha perspectivas de obter, conservar e nele

progredir.

Art 33. A orientação profissional será prestada pelos correspondentes serviços de

habilitação e reabilitação profissional, tendo em conta as potencialidades da pessoa

portadora de deficiência, identificadas com base em relatório de equipe

multiprofissional, que deverá considerar:

I - educação escolar efetivamente recebida e por receber;

II - expectativa de promoção social;

III - possibilidades de emprego existentes em cada caso;

IV - motivações, atitudes e preferências profissionais; e

V - necessidades do mercado de trabalho.

SEçãO IV

Do Acesso ao Trabalho

Art 34. É finalidade primordial da política de emprego a inserção da pessoa

portadora de deficiência no mercado de trabalho ou sua incorporação ao sistema

produtivo mediante regime especial de trabalho protegido.

Parágrafo único. Nos casos de deficiência grave ou severa, o cumprimento do

disposto no caput deste artigo poderá ser efetivado mediante a contratação das

cooperativas sociais de que trata a Lei nº 9.867, de 10 de novembro de 1999.

Art 35. São modalidades de inserção laboral da pessoa portadora de deficiência:

I - colocação competitiva: processo de contratação regular, nos termos da legislação

trabalhista e previdenciária, que independe da adoção de procedimentos especiais

para sua concretização, não sendo excluída a possibilidade de utilização de apoios

especiais;

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90

II - colocação seletiva: processo de contratação regular, nos termos da legislação

trabalhista e previdenciária, que depende da adoção de procedimentos e apoios

especiais para sua concretização; e

III - promoção do trabalho por conta própria: processo de fomento da ação de uma

ou mais pessoas, mediante trabalho autônomo, cooperativado ou em regime de

economia familiar, com vista à emancipação econômica e pessoal.

§ 1º As entidades beneficentes de assistência social, na forma da lei, poderão

intermediar a modalidade de inserção laboral de que tratam os incisos II e III, nos

seguintes casos:

I - na contratação para prestação de serviços, por entidade pública ou privada, da

pessoa portadora de deficiência física, mental ou sensorial; e

II - na comercialização de bens e serviços decorrentes de programas de habilitação

profissional de adolescente e adulto portador de deficiência em oficina protegida de

produção ou terapêutica.

§ 2º Consideram-se procedimentos especiais os meios utilizados para a contratação

de pessoa que, devido ao seu grau de deficiência, transitória ou permanente, exija

condições especiais, tais como jornada variável, horário flexível, proporcionalidade

de salário, ambiente de trabalho adequado às suas especialidades, entre outros.

§ 3º Consideram-se apoios especiais a orientação, a supervisão e as ajudas

técnicas entre outros elementos que auxiliem ou permitam compensar uma ou mais

limitações funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa portadora de

deficiência, de modo a superar as barreiras da mobilidade e da comunicação,

possibilitando a plena utilização de suas capacidades em condições de normalidade.

§ 4º Considera-se oficina protegida de produção a unidade que funciona em relação

de dependência com entidade pública ou beneficente de assistência social, que tem

por objetivo desenvolver programa de habilitação profissional para adolescente e

adulto portador de deficiência, provendo-o com trabalho remunerado, com vista à

emancipação econômica e pessoal relativa.

§ 5º Considera-se oficina protegida terapêutica a unidade que funciona em relação

de dependência com entidade pública ou beneficente de assistência social, que tem

por objetivo a integração social por meio de atividades de adaptação e capacitação

para o trabalho de adolescente e adulto que devido ao seu grau de deficiência,

transitória ou permanente, não possa desempenhar atividade laboral no mercado

competitivo de trabalho ou em oficina protegida de produção.

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§ 6º O período de adaptação e capacitação para o trabalho de adolescente e adulto

portador de deficiência em oficina protegida terapêutica não caracteriza vínculo

empregatício e está condicionado a processo de avaliação individual que considere

o desenvolvimento biopsicosocial da pessoa.

§ 7º A prestação de serviços será feita mediante celebração de convênio ou contrato

formal, entre a entidade beneficente de assistência social e o tomador de serviços,

no qual constará a relação nominal dos trabalhadores portadores de deficiência

colocados à disposição do tomador.

§ 8º A entidade que se utilizar do processo de colocação seletiva deverá promover,

em parceria com o tomador de serviços, programas de prevenção de doenças

profissionais e de redução da capacidade laboral, bem assim programas de

reabilitação caso ocorram patologias ou se manifestem outras capacidades.

Art 36. A empresa com cem ou mais empregados está obrigada a preencher de dois

a cinco por cento de seus cargos com beneficiários da Previdência Social

reabilitados ou com pessoa portadora de deficiência habilitada, na seguinte

proporção:

I - até duzentos empregados, dois por cento;

II - de duzentos e um a quinhentos empregados, três por cento;

III - de quinhentos e um a mil empregados, quatro por cento; ou

IV - mais de mil empregados, cinco por cento.

§ 1º A dispensa de empregado na condição estabelecida neste artigo, quando se

tratar de contrato por prazo determinado, superior a noventa dias, e a dispensa

imotivada, no contrato por prazo indeterminado, somente poderá ocorrer após a

contratação de substituto em condições semelhantes.

§ 2º Considera-se pessoa portadora de deficiência habilitada aquela que concluiu

curso de educação profissional de nível básico, técnico ou tecnológico, ou curso

superior, com certificação ou diplomação expedida por instituição pública ou privada,

legalmente credenciada pelo Ministério da Educação ou órgão equivalente, ou

aquela com certificado de conclusão de processo de habilitação ou reabilitação

profissional fornecido pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.

§ 3º Considera-se também, pessoa portadora de deficiência habilitada aquela que,

não tendo se submetido a processo de habilitação ou reabilitação, esteja capacitada

para o exercício da função.

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§ 4º A pessoa portadora de deficiência habilitada nos termos dos §§ 2º e 3º deste

artigo poderá recorrer à intermediação de órgão integrante do sistema público de

emprego, para fins de inclusão laboral na forma deste artigo.

§ 5º Compete ao Ministério do Trabalho e Emprego estabelecer sistemática de

fiscalização, avaliação e controle das empresas, bem como instituir procedimentos e

formulários que propiciem estatísticas sobre o número de empregados portadores de

deficiência e de vagas preenchidas para fins de acompanhamento do disposto no

caput deste artigo.

Art 37. Fica assegurado à pessoa portadora de deficiência o direito de se inscrever

em concurso público, em igualdade de condições com os demais candidatos, para

provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que é

portador.

§ 1º O candidato portador de deficiência, em razão da necessária igualdade de

condições, concorrerá a todas as vagas, sendo reservado no mínimo o percentual de

cinco por cento em face da classificação obtida.

§ 2º Caso a aplicação do percentual de que trata o parágrafo anterior resulte em

número fracionado, este deverá ser elevado até o primeiro número inteiro

subseqüente.

Art 38. Não se aplica o disposto no artigo anterior nos casos de provimento de:

I - cargo em comissão ou função de confiança, de livre nomeação e exoneração; e

II - cargo ou emprego público integrante de carreira que exija aptidão plena do

candidato.

Art 39. Os editais de concursos públicos deverão conter:

I - o número de vagas existentes, bem como o total correspondente à reserva

destinada à pessoa portadora de deficiência;

II - as atribuições e tarefas essenciais dos cargos;

III - previsão de adaptação das provas, do curso de formação e do estágio

probatório, conforme a deficiência do candidato; e

IV - exigência de apresentação, pelo candidato portador de deficiência, no ato da

inscrição, de laudo médico atestando a espécie e o grau ou nível da deficiência, com

expressa referência ao código correspondente da Classificação Internacional de

Doença - CID, bem como a provável causa da deficiência.

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Art 40. É vedado à autoridade competente obstar a inscrição de pessoa portadora

de deficiência em concurso público para ingresso em carreira da Administração

Pública Federal direta e indireta.

§ 1º No ato da inscrição, o candidato portador de deficiência que necessite de

tratamento diferenciado nos dias do concurso deverá requerê-lo, no prazo

determinado em edital, indicando as condições diferenciadas de que necessita para

a realização das provas.

§ 2º O candidato portador de deficiência que necessitar de tempo adicional para

realização das provas deverá requerê-lo, com justificativa acompanhada de parecer

emitido por especialista da área de sua deficiência, no prazo estabelecido no edital

do concurso.

Art 41. A pessoa portadora de deficiência, resguardadas as condições especiais

previstas neste Decreto, participará de concurso em igualdade de condições com os

demais candidatos no que concerne:

I - ao conteúdo das provas;

II - à avaliação e aos critérios de aprovação;

III - ao horário e ao local de aplicação das provas; e

IV - à nota mínima exigida para todos os demais candidatos.

Art 42. A publicação do resultado final do concurso será feita em duas listas,

contendo primeira, a pontuação de todos os candidatos, inclusive a dos portadores

de deficiência, e a seguir somente a pontuação destes últimos.

Art 43. O órgão responsável pela realização do concurso terá a assistência de

equipe multiprofissional composta de três profissionais capacitados e atuantes nas

áreas das deficiências em questão, sendo um deles médico, e três profissionais

integrantes da carreira almejada pelo candidato.

§ 1º A equipe multiprofissional emitirá parecer observando:

I - as informações prestadas pelo candidato no ato da inscrição;

II - a natureza das atribuições e tarefas essenciais do cargo ou da função a

desempenhar;

III - a viabilidade das condições de acessibilidade e as adequações do ambiente de

trabalho na execução das tarefas;

IV - a possibilidade de uso, pelo candidato, de equipamentos ou outros meios que

habitualmente utilize; e

V - a CID e outros padrões reconhecidos nacional e internacionalmente.

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§ 2º A equipe multiprofissional avaliará a compatibilidade entre as atribuições do

cargo e a deficiência do candidato durante o estágio probatório.

Art 44. A análise dos aspectos relativos ao potencial de trabalho do candidato

portador de deficiência obedecerá ao disposto no art. 20 da Lei nº 8.112, de 11 de

dezembro de 1990.

Art 45. Serão implementados programas de formação e qualificação profissional

voltados para a pessoa portadora de deficiência no âmbito do Plano Nacional de

Formação Profissional - PLANFOR.

Parágrafo único. Os programas de formação e qualificação profissional para pessoa

portadora de deficiência terão como objetivos:

I - criar condições que garantam a toda pessoa portadora de deficiência o direito a

receber uma formação profissional adequada;

II - organizar os meios de formação necessários para qualificar a pessoa portadora

de deficiência para a inserção competitiva no mercado laboral; e

III - ampliar a formação e qualificação profissional sob a base de educação geral

para fomentar o desenvolvimento harmônico da pessoa portadora de deficiência,

assim como para satisfazer as exigências derivadas do progresso técnico, dos novos

métodos de produção e da evolução social e econômica.

SEçãO V

Da Cultura, do Desporto, do Turismo e do Lazer.

Art 46. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta

responsáveis pela cultura, pelo desporto, pelo turismo e pelo lazer dispensarão

tratamento prioritário e adequado aos assuntos objeto deste Decreto, com vista a

viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas:

I - promover o acesso da pessoa portadora de deficiência aos meios de

comunicação social;

II - criar incentivos para o exercício de atividades criativas, mediante:

a) participação da pessoa portadora de deficiência em concursos de prêmios no

campo das artes e das letras; e

b) exposições, publicações e representações artísticas de pessoa portadora de

deficiência;

III - incentivar a prática desportiva formal e não-formal como direito de cada um e o

lazer como forma de promoção social;

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IV - estimular meios que facilitem o exercício de atividades desportivas entre a

pessoa portadora de deficiência e suas entidades representativas;

V - assegurar a acessibilidade às instalações desportivas dos estabelecimentos de

ensino, desde o nível pré-escolar até a universidade;

VI - promover a inclusão de atividades desportivas para pessoa portadora de

deficiência na prática da educação física ministrada nas instituições de ensino

públicas e privadas;

VII - apoiar e promover a publicação e o uso de guias de turismo com informação

adequada à pessoa portadora de deficiência; e

VIII - estimular a ampliação do turismo à pessoa portadora de deficiência ou com

mobilidade reduzida, mediante a oferta de instalações hoteleiras acessíveis e de

serviços adaptados de transporte.

Art 47. Os recursos do Programa Nacional de Apoio à Cultura financiarão, entre

outras ações, a produção e a difusão artístico-cultural de pessoa portadora de

deficiência.

Parágrafo único. Os projetos culturais financiados com recursos federais, inclusive

oriundos de programas especiais de incentivo à cultura, deverão facilitar o livre

acesso da pessoa portadora de deficiência, de modo a possibilitar-lhe o pleno

exercício dos seus direitos culturais.

Art 48. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta,

promotores ou financiadores de atividades desportivas e de lazer, devem concorrer

técnica e financeiramente para obtenção dos objetivos deste Decreto.

Parágrafo único. Serão prioritariamente apoiadas a manifestação desportiva de

rendimento e a educacional, compreendendo as atividades de:

I - desenvolvimento de recursos humanos especializados;

II - promoção de competições desportivas internacionais, nacionais, estaduais e

locais;

III - pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, documentação e informação; e

IV - construção, ampliação, recuperação e adaptação de instalações desportivas e

de lazer.

CAPíTULO VIII

DA POLÍTICA DE CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS

Art 49. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta,

responsáveis pela formação de recursos humanos, devem dispensar aos assuntos

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objeto deste Decreto tratamento prioritário e adequado, viabilizando, sem prejuízo de

outras, as seguintes medidas:

I - formação e qualificação de professores de nível médio e superior para a

educação especial, de técnicos de nível médio e superior especializados na

habilitação e reabilitação, e de instrutores e professores para a formação

profissional;

II - formação e qualificação profissional, nas diversas áreas de conhecimento e de

recursos humanos que atendam às demandas da pessoa portadora de deficiência; e

III - incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico em todas as áreas do

conhecimento relacionadas com a pessoa portadora de deficiência.

CAPíTULO IX

DA ACESSIBILIDADE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

Art 50. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta

adotarão providências para garantir a acessibilidade e a utilização dos bens e

serviços, no âmbito de suas competências, à pessoa portadora de deficiência ou

com mobilidade reduzida, mediante a eliminação de barreiras arquitetônicas e

obstáculos, bem como evitando a construção de novas barreiras.

Art 51. Para os efeitos deste Capítulo, consideram-se:

I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com

segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das

instalações e equipamentos esportivos, das edificações, dos transportes e dos

sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com

mobilidade reduzida;

II - barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a

liberdade de movimento e a circulação com segurança das pessoas, classificadas

em:

a) barreiras arquitetônicas urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos

espaços de uso público;

b) barreiras arquitetônicas na edificação: as existentes no interior dos edifícios

públicos e privados;

c) barreiras nas comunicações: qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou

impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos meios

ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa.

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III - pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida: a que temporária

ou permanentemente tenha limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio

ambiente e de utilizá-lo;

IV - elemento da urbanização: qualquer componente das obras de urbanização, tais

como os referentes a pavimentação, saneamento, encanamentos para esgotos,

distribuição de energia elétrica, iluminação pública, abastecimento e distribuição de

água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento urbanístico;

e

V - mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes nas vias e espaços públicos,

superposto ou adicionados aos elementos da urbanização ou da edificação, de

forma que a sua modificação ou translado não provoque alterações substanciais

nestes elementos, tais como semáforo, postes de sinalização, cabines telefônica,

fontes públicas, lixeiras, toldos, marquises, quiosques e quaisquer outros de

natureza análoga.

Art 52. A construção, ampliação e reforma de edifícios, praças equipamentos

esportivos e de lazer, públicos e privados, destinados ao uso coletivo deverão ser

executadas de modo que sejam ou se tornem acessíveis à pessoa portadora de

deficiência ou com mobilidade reduzida.

Parágrafo único. Para os fins do disposto neste artigo, na construção, ampliação ou

reforma de edifícios, praças e equipamentos esportivos e de lazer, públicos e

privados, destinados ao uso coletivo por órgão da Administração Pública Federal,

deverão ser observados, pelo menos, os seguintes requisitos de acessibilidade:

I - nas áreas externas ou internas da edificação, destinadas a garagem e a

estacionamento de uso público, serão reservados dois por cento do total das vagas

à pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, garantidas no

mínimo três, próximas dos acessos de circulação de pedestres, devidamente

sinalizadas e com as especificações técnicas de desenho e traçado segundo as

normas da ABNT;

II - pelo menos um dos acessos ao interior da edificação deverá estar livre de

barreiras arquitetônicas e de obstáculos que impeçam ou dificultem a acessibilidade

da pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;

III - pelo menos um dos itinérarios que comuniquem horizontal e verticalmente todas

as dependências e serviços do edifício, entre si e com o exterior, cumprirá os

requisitos de acessibilidade;

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IV - pelo menos um dos elevadores deverá ter cabine, assim como sua porta de

entrada, acessíveis para portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, em

conformidade com norma técnica especificada da ABNT; e

V - os edifícios disporão, pelo menos, de um banheiro acessível para cada gênero,

distribuindo-se seus equipamentos e acessórios de modo que possam ser utilizados

por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.

Art 53. As bibliotecas, os museus, os locais de reuniões, conferências, aulas e

outros ambientes de natureza similar disporão de espaço reservado para pessoas

que utilize cadeira de rodas e de lugares específicos para pessoas portadora de

deficiência auditiva e visual, inclusive acompanhantes, de acordo com as normas

técnicas da ABNT, de modo a facilitar-lhes as condições de acesso, circulação e

comunicação.

Art 54. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal, no prazo de três

anos a partir da publicação deste Decreto, deverão promover as adaptações,

eliminações e supressões de barreiras arquitetônicas existentes nos edifícios e

espaços de uso público e naqueles que estejam sob sua administração ou uso.

CAPÍTULO X

DO SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES

Art 55. Fica instituído, no âmbito da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do

Ministério da Justiça, o Sistema Nacional de Informações sobre Deficiência, sob a

responsabilidade da CORDE, com finalidade de criar e manter bases de dados,

reunir e difundir informações sobre a situação das pessoas portadoras de deficiência

e fomentar a pesquisa e o estudo de todos os aspectos que afetem a vida dessas

pessoas.

Parágrafo único. Serão produzidas, periodicamente, estatísticas e informações,

podendo esta atividade realizar-se conjuntamente com os censos nacionais,

pesquisas nacionais, regionais e locais, em estreita colaboração com universidades,

institutos de pesquisa e organização para pessoas portadoras de deficiência.

CAPÍTULO XI

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art 56. A Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, com base nas diretrizes e

metas do Plano Plurianual de Investimentos, por intermédio da CORDE, elaborará,

em articulação com outros órgãos e entidades da Administração Pública Federal, o

Plano Nacional de Ações Integradas na Área das Deficiências.

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Art 57. Fica criada, no âmbito da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos,

comissão especial, com a finalidade de apresentar, no prazo de cento e oitenta dias,

a contar de sua constituição, propostas destinadas a:

I - implementar programa de formação profissional mediante a concessão de bolsas

de qualificação para a pessoa portadora de deficiência, com vistas a estimular a

aplicação do disposto no art. 36; e

II - propor medidas adicionais de estímulo à adoção de trabalho em tempo parcial ou

em regime especial para a pessoa portadora de deficiência.

Parágrafo único. A comissão especial de que trata o caput deste artigo será

composta por um representante de cada órgão e entidade a seguir indicados:

I - CORDE;

II - CONADE;

III - Ministério do Trabalho e Emprego;

IV - Secretaria de Estado de Assistência Social do Ministério da Previdência e

Assistência Social;

V - Ministério da Educação;

VI - Ministério dos Transportes;

VII - Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada; e

VIII - INSS.

Art 58. A CORDE desenvolverá, em articulação com órgãos e entidades da

Administração Pública Federal, programas de facilitação da acessibilidade em sítios

de interesse histórico, turismo, cultural e desportivo; mediante a remoção de

barreiras físicas ou arquitetônicas que impeçam ou dificultem a locomoção de

pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.

Art 59. Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação.

Art 60. Ficam revogadas os Decretos nºs 93.481, de 29 de outubro de 1986, 914, de

6 de setembro de 1993, 1.680, de 18 de outubro de 1995, 3.030, de 20 de abril de

1999, o § 2º do art. 141 do Regulamento da Previdência Social, aprovada pelo

Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, e o Decreto nº e 3.076, de 1º de junho de

1999.

Brasília. 20 de dezembro de 1999; 178º da Independência e 111º da República.

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LEI Nº 10.097, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000.

Altera dispositivos da Consolidação das

Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo

Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de

1943.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art 1º.Os arts. 402, 403, 428, 429, 430, 431, 432 e 433 da Consolidação das Leis do

Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, passam

a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 402. Considera-se menor para os efeitos desta Consolidação o trabalhador de

quatorze até dezoito anos. "

(NR)

"................................................................................

.............................................................."

"Art. 403. É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo

na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos. "(NR).

"Parágrafo único. O trabalho do menor não poderá ser realizado em locais

prejudiciais a sua formação, ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social

e em horários e locais que não permitam a freqüência à escola. "

(NR)

"a) revogada; "

"b) revogada; "

"Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por

escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar

ao maior de quatorze e menor de dezoito anos, inscrito em programa de

aprendizagem, formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu

desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar, com zelo e

diligência, as tarefas necessárias a essa formação. "(NR)

"§ 1º. A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira de

Trabalho e Previdência Social, matrícula e freqüência do aprendiz à escola, caso

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não haja concluído o ensino fundamental, e inscrição em programa de

aprendizagem desenvolvido sob a orientação de entidade qualificada em formação

técnico-profissional metódica. "(AC)*

"§ 2º. Ao menor aprendiz, salvo condição mais favorável, será garantido o salário

mínimo hora. "(AC)

"§ 3º. O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais de dois anos.

"(AC)

"§ 4º. A formação técnico-profissional a que se refere o caput deste artigo

caracteriza-se por suas atividades teóricas e práticas, metodicamente organizadas

em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho.

"(AC)

"Art. 429. Os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a empregar e

matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem número de

aprendizes equivalente a cinco por cento, no mínimo, e quinze por cento, no

máximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções

demandem formação profissional. "(NR)

"a) revogada; "

"b) revogada; "

"§ 1º. A O limite fixado neste artigo não se aplica quando o empregador for entidade

sem fins lucrativos, que tenha por objetivo a educação profissional. "(AC)

"§ 1º. As frações de unidade, no cálculo da percentagem de que trata o caput, darão

lugar à admissão de um aprendiz. "(NR)

"Art. 430. Na hipótese de os Serviços Nacionais de Aprendizagem não oferecerem

cursos ou vagas suficientes para atender à demanda dos estabelecimentos, esta

poderá ser suprida por outras entidades qualificadas em formação técnico -

profissional metódica, a saber. "(NR)

"I - Escolas Técnicas de Educação; "(AC)

"II - entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a assistência ao

adolescente e à educação profissional, registradas no Conselho Municipal dos

Direitos da Criança e do Adolescente. "(AC)

"§ 1º. As entidades mencionadas neste artigo deverão contar com estrutura

adequada ao desenvolvimento dos programas de aprendizagem, de forma a manter

a qualidade do processo de ensino, bem como acompanhar e avaliar os resultados.

"(AC)

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"§ 2º. Aos aprendizes que concluírem os cursos de aprendizagem, com

aproveitamento, será concedido certificado de qualificação profissional. "(AC)

"§ 3º. O Ministério do Trabalho e Emprego fixará normas para avaliação da

competência das entidades mencionadas no inciso II deste artigo. "(AC)

"Art. 431. A contratação do aprendiz poderá ser efetivada pela empresa onde se

realizará a aprendizagem ou pelas entidades mencionadas no inciso II do art. 430,

caso em que não gera vínculo de emprego com a empresa tomadora dos serviços.

"(NR)

"a) revogada; "

"b) revogada; "

"c) revogada; "

"Parágrafo único. "(VETADO)

"Art. 432. A duração do trabalho do- aprendiz não excederá de seis horas diárias,

sendo vedadas a prorrogação e a compensação de jornada. "(NR)

"§ 1º. O limite previsto neste artigo poderá ser de até oito horas diárias para os

aprendizes que já tiverem completado o ensino fundamental, se nelas forem

computadas as horas destinadas à aprendizagem teórica. "(NR)

"§ 2º Revogado. "

"Art. 433. O contrato de aprendizagem extinguir-se á no seu termo ou quando o

aprendiz completar dezoito anos, ou ainda antecipadamente nas seguintes

hipóteses: "

(NR)

"a) revogada; "

"b) revogada; "

"I - desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz; "(AC)

"II - falta disciplinar grave; "(AC)

"III - ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo, ou"(AC)

"IV - a pedido do aprendiz. "(AC)

"Parágrafo único. Revogado. "

"§ 2º. Não se aplica o disposto nos arts. 479 e 480 desta Consolidação às hipóteses

de extinção do contrato mencionadas neste artigo. "(AC)

Art 2º. O art. 15 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, passa a vigorar acrescido

do seguinte § 7º:

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"§ 7º. Os contratos de aprendizagem terão a alíquota a que se refere o caput deste

artigo reduzida para dois por cento. "(AC)

Art 3º. São revogadas o art. 80, o § 1º do art. 405, os arts. 436 e 437 da

Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º

de maio de 1943.

Art 4º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 19 de dezembro de 2000; 179º da Independência e 112º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Francisco Dornelles.

* AC = Acréscimo

Instrução Normativa 20/00, do Ministério do Trabalho e Emprego

SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 20, DE 26 DE JANEIRO DE 2001

Dispõe sobre procedimentos a serem adotados pela Fiscalização do Trabalho no

exercício da atividade de fiscalização do trabalho das pessoas portadoras de

deficiência.

A SECRETÁRIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO, no uso de suas atribuições e

tendo em vista o disposto no art. 2º, inciso III, da Lei nº 7.853, de 24 de outubro de

1989, disciplinado pelo art. 93 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 e no art. 36, §

5º, do Decreto n° 3.298, de 20 de dezembro de 1999;

Considerando o disposto na Convenção 159 da Organização Internacional do

Trabalho OIT, sobre a reabilitação profissional e emprego de pessoas portadoras de

deficiência; e

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Considerando, ainda, a necessidade de orientar os Auditores-Fiscais do Trabalho no

exercício da atividade de fiscalização do trabalho de pessoas portadoras de

deficiência, resolve:

Baixar a presente Instrução Normativa sobre procedimentos a serem observados

pela Fiscalização do Trabalho no cumprimento da legislação relativa ao trabalho das

pessoas portadoras de deficiência.

Art. 1° O Auditor-Fiscal do Trabalho AFT observará a relação de trabalho da pessoa

portadora de deficiência, de modo a identificar a existência de vínculo empregatício.

Art. 2º Caracteriza relação de emprego a inserção no mercado de trabalho da

pessoa portadora de deficiência, sob as modalidades de colocação competitiva e

seletiva.

Art. 3º Colocação competitiva é a contratação efetivada nos termos da legislação

trabalhista e previdenciária que não exige a adoção de procedimentos especiais

para a sua concretização, ressalvada a utilização de apoios especiais.

Art. 4º Colocação seletiva é a contratação efetivada nos termos da legislação

trabalhista e previdenciária, que em razão da deficiência, exige a adoção de

procedimentos e apoios especiais para sua concretização.

Art. 5º Consideram-se procedimentos especiais os meios utilizados para viabilizar a

contratação e o exercício da atividade laboral da pessoa portadora de deficiência,

tais como: jornada variável, horário flexível, proporcionalidade de salário, adequação

das condições e do ambiente de trabalho e outros.

Art. 6º Consideram-se apoios especiais a orientação, a supervisão e as ajudas

técnicas, entre outros elementos que auxiliem ou permitam compensar uma ou mais

limitações funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa portadora de

deficiência, de modo a superar as suas limitações.

Art. 7º Não constitui relação de emprego o trabalho da pessoa portadora de

deficiência realizado em oficina protegida de produção, desde que ausentes os

elementos configuradores da relação de emprego, ou em oficina protegida

terapêutica.

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Art. 8º Considera-se oficina protegida de produção a unidade que observar as

seguintes condições:

I - que suas atividades laborais sejam desenvolvidas mediante assistência de

entidades públicas e beneficentes de assistência social;

II - que tenha por objetivo o desenvolvimento de programa de habilitação

profissional, com currículos, etapas e diplomação, especificando o período de

duração e suas respectivas fases de aprendizagem, dependentes de avaliações

individuais realizadas por equipe multidisciplinar de saúde;

III - que as pessoas portadoras de deficiência participantes destas oficinas não

integrem o quantitativo dos cargos previsto no art. 10 desta Instrução; e

IV - que o trabalho nelas desenvolvido seja obrigatoriamente remunerado.

Art. 9º Considera-se oficina protegida terapêutica a unidade assistida por entidade

pública ou beneficente de assistência social e que tenha por objetivo a integração

social, mediante atividades de adaptação e capacitação para o trabalho.

Art. 10 O AFT verificará, mediante fiscalização direta ou indireta, se a empresa com

cem ou mais empregados preenche o percentual de 2 a 5 por cento de seus cargos

com beneficiários reabilitados da Previdência Social ou com pessoa portadora de

deficiência habilitada, na seguinte proporção:

I - até duzentos empregados, dois por cento;

II - de duzentos e um a quinhentos empregados, três por cento;

III - de quinhentos e um a mil empregados, quatro por cento; ou

IV - mais de mil empregados, cinco por cento.

§ 1º Para efeito de aferição dos percentuais dispostos neste artigo, será considerado

o número de empregados da totalidade dos estabelecimentos da empresa.

§ 2º Os trabalhadores a que se refere o caput poderão estar distribuídos nos

diversos estabelecimentos da empresa ou centralizados em um deles.

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§ 3º Cabe ao AFT verificar se a dispensa de empregado, na condição estabelecida

neste artigo, foi suprida mediante a contratação de outra pessoa portadora de

deficiência, nos termos do art. 36, § 1º do Decreto nº 3.298, de 1999.

Art. 11 Entende-se por habilitação e reabilitação profissional o conjunto de ações

utilizadas para possibilitar que a pessoa portadora de deficiência adquira nível

suficiente de desenvolvimento profissional para ingresso ou reingresso no mercado

de trabalho.

Art. 12 Considera-se, também, pessoa portadora de deficiência habilitada aquela

que esteja capacitada para o exercício da função mesmo não tendo se submetido a

processo de habilitação ou reabilitação.

Art. 13 Quando não ocorrer, na ação fiscal, a regularização da empresa quanto ao

disposto no art. 10 desta Instrução Normativa, o AFT poderá utilizar-se do

procedimento especial previsto na IN nº 13 de 06.06.99, e se necessário, solicitar o

apoio do Núcleo de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Combate à

Discriminação.

Art. 14 Em caso de instauração de procedimento especial, o Termo de Compromisso

que vier a ser firmado deverá conter o cronograma de preenchimento das vagas das

pessoas portadoras de deficiência ou beneficiários reabilitados de forma gradativa

constando, inclusive, a obrigatoriedade da adequação das condições dos ambientes

de trabalho, na conformidade do previsto nas Normas Regulamentadoras, instituídas

pela Portaria nº 3.214/78.

Art. 15 O não cumprimento do Termo de Compromisso implicará na adoção das

medidas cabíveis, nos termos da IN nº 13 de 06.06.99, com posterior

encaminhamento de relatório circunstanciado ao Delegado Regional do Trabalho

para remessa ao Ministério Público do Trabalho.

Art. 16 Esta Instrução Normativa entrará em vigor na data de sua publicação.

VERA OLÍMPIA GONÇALVES, D.O.U., 29/01/2001