ÓrgÃos do ministÉrio pÚblico do trabalho · de divisão social do trabalho, vindo à tona o...
TRANSCRIPT
1
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Manual A INSERÇÃO DA PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA E DO BENEFICIÁRIO REABILITADO NO MERCADO DE TRABALHO
Manual elaborado pela Comissão de Estudos para Inserção da Pessoa Portadora de Deficiência no Mercado de Trabalho: Maria Aparecida Gugel, Cássio Luís Casagrande, Denise Lapolla de Paula Aguiar Andrade, Janilda Guimarães de Lima Collo, Lutiana Nacur Lorentz, Ricardo Tadeu Marques da Fonseca e João Batista Martins César (substituto) - Portarias nº 375, de 7 de outubro de 1999; 436, de 18 de novembro de 1999 e 60 , de 09 de março de 2001.
ÓRGÃOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Procurador-Geral : Guilherme Mastrichi Basso Vice Procurador-Geral : Guiomar Rechia Gomes Conselho Superior: Guilherme Mastrichi Basso
Luiz da Silva Flores Jeferson Luiz Pereira Coelho Guiomar Rechia Gomes Maria de Fátima Rosa Lourenço Lucinea Alves Ocampos (Vice Presidente) Terezinha Matilde Licks Flávio Nunes Campos Lélio Bentes Corrêa Ivana Auxiliadora Mendonça Santos
Câmara de Coordenação e Revisão: Maria Aparecida Gugel (Coordenadora) Dan Caraí da Costa e Paes Terezinha Matilde Licks Prates Edson Braz da Silva (suplente) Evany Oliveira Selva (suplente)
Corregedoria: Heloísa Maria Moraes Rêgo Pires
2
OBJETIVO A integração das pessoas portadoras de deficiência no processo produtivo é um dos
maiores obstáculos para a sua inclusão social. Há ainda preconceitos em relação à
sua capacidade contributiva em um conceito competitivo que hoje orienta o mundo
empresarial. Essa restrição está vinculada ao desconhecimento acerca das
possibilidades do portador de deficiência de se inserir como agente ativo do
processo de produção, desde que lhe sejam dadas as oportunidades de
desenvolvimento de todo o seu potencial.
Indutor principal dessa inserção da pessoa portadora de deficiência no mundo do
trabalho é a Constituição que prevê a reserva de cargos e a proibição de qualquer
discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de
deficiência.
Seguem-lhe as leis 8.213/91 indicando os percentuais de postos de trabalho em
relação ao número de empregados da empresa, 7.853/89, com a política nacional
voltada para o portador de deficiência, e o Decreto 3.298/99 regulamentando, dentre
outras, a forma de acesso às relações de trabalho.
Porque se está diante de um contexto social com inúmeras variáveis é que a
atribuição do Membro do Ministério Público do Trabalho de fazer cumprir os
princípios constitucionais e a lei é complexa. Assim, objetiva-se com as orientações
que ora se apresentam encontrar a coerência entre a ação legal de inserir o
trabalhador portador de deficiência no mercado de trabalho e os propósitos
institucionais de efetivação da inclusão social do portador de deficiência. Tudo isso,
sem esquecer do beneficiário reabilitado, que após adquirir doença ocupacional ou
seqüela motivada por acidente do trabalho (ou não), venha a ter sua capacidade
laborativa restringida, colocando-o em situação de desvantagem no emprego, o que
muitas das vezes enseja a sua despedida após o decurso do período da
estabilidade.
3
PANORAMA HISTÓRICO SOCIAL Para melhor compreender a situação atual de exclusão em que se encontra a
pessoa portadora de deficiência é importante contextualizar a evolução histórica e
social ao longo da construção da civilização.
Na antiguidade remota e entre os povos primitivos, o tratamento destinado aos
portadores de deficiência assumiu dois aspectos distintos: alguns os exterminavam,
por considerá-los grave empecilho à sobrevivência do grupo e, outros, os protegiam e
sustentavam para buscar a simpatia dos deuses.
A Lei das XII Tábuas, na Roma antiga, autorizava os patriarcas a matar seus filhos
defeituosos, o mesmo ocorrendo em Esparta, onde os recém-nascidos, frágeis ou
deficientes, eram lançados do alto do Taigeto (abismo de mais de 2.400 metros de
profundidade).
Os hindus estimulavam o ingresso dos deficientes visuais nas funções religiosas. Os
atenienses, por influência de Aristóteles, protegiam seus doentes e deficientes em
sistema semelhante à nossa Previdência Social, em que todos contribuíam para a
manutenção dos heróis de guerra e de suas famílias.
Durante a Idade Média, já sob a influência do Cristianismo, os senhores feudais
amparavam os deficientes e os doentes, em casas de assistência, alternando a
concepção de deficiência ora como noções teológicas de possessão pelo demônio, ora
como desígnios divinos.
A Revolução Francesa, até o Século XIX, trouxe as idéias de capitalismo mercantil e
de divisão social do trabalho, vindo à tona o modelo de caracterização da deficiência
como questão médica e educacional, encaminhando os portadores de deficiência para
viver em conventos e hospícios até o ensino especial (criou-se nesse momento
histórico o modelo do paradigma da institucionalização do indivíduo, mantido
segregado e com vínculo permanente com a instituição). Vários inventos se forjaram
com o intuito de propiciar meios de trabalho e locomoção aos portadores de
deficiência, tais como a cadeira de rodas, bengalas, bastões, muletas, coletes,
4
próteses, macas, veículos adaptados, camas, móveis, criação do Código Braille por
Louis Braille para deficientes visuais.
Já no Século XX, as duas Guerras Mundiais impulsionaram o desenvolvimento da
reabilitação científica, não só pela carência de mão-de-obra surgida no período pós-
guerra, mas também pela necessidade de propiciar uma atividade remunerada e uma
vida social digna aos soldados mutilados.
Na década de 60, a Guerra do Vietnã foi responsável por um número crescente de
deficientes físicos, não só naquele país mas também nos EUA, que além do
comprometimento físico, apresentavam problemas de readaptação social. Surgem
então os movimentos de defesa dos direitos das minorias, dentre elas, da dos
deficientes, caracterizando-se o princípio da normalização. Segundo este princípio,
presumia-se “a existência de uma condição normal, representada pelo maior
percentual de pessoas na curva estatística da normalidade e uma condição de desvio,
representada por pequenos percentuais de pessoas, na mesma curva”1. Cria-se o
conceito da integração: as pessoas diferentes deveriam se assemelhar à maioria. A lei
passou a ser o arranjo ideal para inserir o portador de deficiência na sociedade,
aproximando-o em condições e padrões na vida das demais pessoas: é o denominado
paradigma de serviços .
No Brasil, a Constituição de 1988 rompeu com o modelo assistencialista, até então
operante, assegurando-se a igualdade de oportunidades baseada no princípio de
tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais, na medida de sua desigualdade,
de forma a se assegurar a igualdade real. Reconheceu-se que a sociedade é
caracterizada pela diversidade, pois é constituída de indivíduos diferentes entre si.
Embora tivesse já sido ratificada a Convenção 159 da OIT, em 1991, ainda não se
havia elaborado uma normativa hábil a preparar o portador de deficiência para a
inclusão, baseada na educação inclusiva, na saúde e assistência social adequadas, no
trabalho produtivo, na acessibilidade (logradouros públicos e privados, transportes
1 In Elementos para elaboração do Plano Nacional de Ações Integradas na Área da Deficiência, Comissão Especial , artigos 56 e 57, Decreto 3298/99, CORDE, junho 2001.
5
adaptados), esporte, lazer e cultura. O primeiro passo dado nesta direção foi o
estabelecimento da reserva de vagas no art. 93, da Lei nº 8.213/91.
Entretanto, foi somente com a regulamentação da Lei 7.853/89 e a instituição da
Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e o Decreto
3.298/99, dez anos depois, que se concretizaram, em nosso ordenamento jurídico, os
princípios de não discriminação e igualdade de oportunidades, baseados em conceitos
amplos de inclusão social, visando dar apoio e suporte (paradigma de suporte )ao
portador de deficiência para a vida em comunidade.
6
A LEGISLAÇÃO CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de
direito e tem como fundamentos:
...
inciso IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil :
...
inciso III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais;
inciso IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação;
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no pais a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes;
Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social :
...
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de
admissão do trabalhador portador de deficiência;
Art. 37 – ...
VIII – a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas
portadoras de deficiência e definirá os critérios de admissão;
7
Art. 170 – A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na
livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna conforme os ditames
da justiça social, observados os seguintes princípios :
...
VII – redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII – busca do pleno emprego.
Art. 203 – A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
independentemente da contribuição à seguridade social, e tem por objetivos :
...
IV – a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção
de sua integração à vida comunitária;
V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria
manutenção, ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei;
Art. 208 – O dever do Estado com a educação será efetivado com a garantia de :
...
III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;
Art. 215 – O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e
acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a
difusão das manifestações culturais.
Art. 217 – É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais,
como direito de cada um ...
...
§ 3º O poder público incentivará o lazer, como forma de promoção social.
Art. 227 – ...
§ 1º – O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e
do adolescente, admitida a participação de entidades não governamentais e
obedecendo os seguintes preceitos :
8
II – criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os
portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social
do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a
convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a
eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos;
Art. 244 – A lei disporá sobre a adaptação dos logradouros, dos edifícios de uso
público e dos veículos de transporte coletivo atualmente existentes a fim de garantir
acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência, conforme o disposto no art.
227, § 2º.
9
LEGISLAÇÃO ORDINÁRIA Lei nº 6.494 , de 7/12/77, que dispõe sobre os estágios de estudantes de
estabelecimentos de ensino superior e de ensino profissionalizante do 2o Grau ,
supletivo e escolas de educação especial.
Lei nº 7.853, de 24/10/89, que dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de
deficiência, sua integração social e sobre a CORDE (Coordenadoria Nacional para
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência). Aborda a tutela jurisdicional de
interesses coletivos ou difusos dessas pessoas e as responsabilidades do Ministério
Público. Define como crime, punível com reclusão, obstar, sem justa causa, o
acesso de alguém a qualquer cargo público, por motivos derivados de sua
deficiência, bem como negar-lhe, pelo mesmo motivo, emprego ou trabalho.
Lei nº 8.069, de 13/07/90, Estatuto da Criança e do Adolescente, que assegura ao
adolescente portador de deficiência o trabalho protegido, garantindo-se seu
treinamento e colocação no mercado de trabalho e também o incentivo à criação de
oficinas abrigadas.
Lei nº 8.112, de 11/12/90, que assegura aos portadores de deficiência o direito de
se inscreverem em concurso público para provimento de cargos cujas atribuições
sejam compatíveis com a deficiência de que são portadores, reservando-lhes até
20% do total das vagas oferecidas no concurso ( art. 5º, § 2º).
Lei nº 8.213, de 24/07/91, cujo artigo 93 obriga a empresa com mais de cem
empregados a preencher de dois a cinco por cento de seus cargos, com
beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência habilitadas, sob pena
de multa. Esta, a proporção: até 200 empregados – 2%; de 201 a 500 – 3%; de 501
a 1000 – 4% de; 1001 em diante – 5%. A dispensa de trabalhador reabilitado ou de
deficiente habilitado, no contrato por prazo determinado de mais de 90 dias, e a
imotivada, no contrato por prazo indeterminado, só poderão ocorrer após a
contratação de substituto de condição semelhante.
10
O artigo 16 trata dos beneficiários do regime geral da previdência social na condição
de segurado (incisos I , III e IV). O termo ali utilizado e que contempla a pessoa
portadora de deficiência é, equivocadamente, “inválido”.
O art. 77 trata da pensão por morte e inclui o portador de deficiência, mais uma vez,
aqui designado como “inválido”.
Lei nº 8.666, de 21/06/93, que trata das licitações do Poder Público, permitindo sua
dispensa para contratação de associação de portadores de deficiência física, sem
fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da
administração pública (art. 24, inciso XX).
Lei nº 8.742 , de 07/12/93, que trata da organização da assistência social. No art. 20
prevê o benefício da prestação continuada, garantindo ao portador de deficiência
carente e incapacitado para a vida independente e para o trabalho, um salário
mínimo mensal.
Lei nº 8.859, de 23/03/94, que modifica dispositivos da Lei nº 6.494, de 7 de
dezembro de 1977, estendendo aos alunos de ensino especial o direito à
participação em atividades de estágio.
Lei nº 9.394 , de 20/12/96, que estabelece diretrizes e bases da educação nacional.
Define educação e habilitação profissional e tratamento especial a pessoas
portadoras de deficiência e superdotados. Regulamentada pelo Decreto 2.208, de
17/4/97.
Lei nº 9.790 , de 23/3/99, que dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de
direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público e institui o Termo de Parceria. Regulamentada pelo Decreto 3.100,
de 30/6/99.
Decreto nº 3.048, de 06/05/99. Aprova o Regulamento da Previdência Social.
Decreto nº 3.298 , de 2012/99, que regulamenta a Lei 7.853/99 de 24/10/99, dispõe
11
sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência,
consolida normas de proteção e dá outras providências.
Lei nº 9.867, de 10/11/99, que dispõe sobre a criação de Cooperativas Sociais,
nelas incluídas aquelas formadas por portadores de deficiência, dependentes
químicos, egressos do sistema prisional, condenados a penas alternativas à
detenção e adolescentes em idade adequada ao trabalho, que se encontrem em
difícil situação econômica.
Lei 5.764 , de 16/12/71, que define a Política Nacional de Cooperativismo , institui o
regime jurídico das sociedades cooperativas e dá outras providências.
Lei nº 10.048 , de 08/11/00, que estabelece atendimento prioritário às pessoas
portadoras de deficiência física, idosos, gestantes, lactantes acompanhadas de
crianças de colo.
Lei nº 10.097 , de 19/12/00, que altera dispositivos da CLT normatizando o contrato
de aprendizagem para adolescentes entre 14 e menor de 18 anos.
Lei nº 10.098 , de 19/12/00, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a
promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida.
Decreto nº 3.691, de 19/12/00, que regulamenta a Lei nº 8.899, de 29/06/94, que
instituiu o passe livre para pessoas portadoras de deficiência em serviço
convencional das empresas de transporte coletivo interestadual de passageiros nas
modalidades ônibus, trem ou barco, incluindo transportes interestaduais semi-
urbanos.
12
NORMAS INTERNACIONAIS Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão – aprovada pela
Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, em 10/12/48, “todo o homem
tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, à condições justas e favoráveis
de trabalho e à proteção contra o desemprego.
Resolução nº 45, de 14/12/90, 68ª Assembléia Geral das Nações Unidas - ONU.
Execução do Programa de Ação Mundial para as Pessoas Deficientes e a Década
das Pessoas Deficientes das Nações Unidas, compromisso mundial no sentido de se
construir uma sociedade para todos, segundo a qual a Assembléia Geral solicita ao
Secretário-Geral uma mudança no foco do programa das Nações Unidas sobre
deficiência passando da conscientização para a ação, com o propósito de se
concluir com êxito uma sociedade para todos por volta do ano 2010.
Recomendação nº 99 , de 25/06/55, relativa à reabilitação profissional das pessoas
portadoras de deficiência - aborda princípios, e métodos de orientação vocacional e
treinamento profissional, meios de aumentar oportunidades de emprego para os
portadores de deficiência, emprego protegido, disposições especiais para crianças e
jovens portadores de deficiência.
Convenção nº 111 da OIT, de 25/06/58, promulgada pelo Decreto nº 62.150, de
19/01/68, que trata da discriminação em matéria de emprego e profissão :
Art. 1º, I, b – (discriminação compreende) qualquer outra distinção, exclusão ou
preferência, que tenha por efeito anular ou reduzir a igualdade de oportunidades, ou
tratamento, emprego ou profissão.
Ressalva que a distinção, exclusão ou preferência, com base em
qualificações exigidas para determinado emprego não implicam em discriminação.
Recomendação nº 111, de 25/06/58, que suplementa a Convenção 111 da OIT
sobre discriminação em matéria de emprego e profissão. Define discriminação,
formula políticas e sua execução.
13
Resolução nº 3.447 , aprovada pela Assembléia Geral da ONU em 09/12/75, sobre
a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes.
Resolução nº 2.896 , aprovada pela Assembléia Geral da ONU, sobre a Declaração
dos Direitos dos Retardados Mentais.
Convenção nº 159 da OIT , de 20/06/83, promulgada pelo Decreto nº 129, de
22.05.91, que trata da política de readaptação profissional e emprego de pessoas
portadoras de deficiência. Essa política é baseada no princípio de igualdade de
oportunidade entre os trabalhadores portadores de deficiência e os trabalhadores
em geral. Medidas especiais positivas que visem garantir essa igualdade de
oportunidades não serão consideradas discriminatórias com relação aos
trabalhadores em geral.
Recomendação nº 168 , de 20/06/83, que suplementa a convenção relativa à
reabilitação profissional e emprego de 1983 e a Recomendação relativa à
reabilitação profissional de 1955. Prevê a participação comunitária no processo, a
reabilitação profissional em áreas rurais, contribuições de empregadores e
trabalhadores e dos próprios portadores de deficiência na formulação de políticas
específicas.
Convenção Interamericana para a Eliminação de todas as formas de
Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência – promulgada pelo
Decreto 3.956 de 08 de outubro de 2001, que tem por objetivo eliminar todas as
formas de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência e propiciar sua
plena integração à sociedade.
14
CONCEITOS
Pessoa Portadora de Deficiência (PPD) – designação decorrente da Constituição e
da lei e utilizada dentro dos movimentos respectivos.
Pessoa Portadora de Necessidades Especiais (PNE) – termo amplo que inclui as
pessoas obesas, idosas, autistas, superdotadas, com dificuldade de aprendizagem,
insuficiências orgânicas, problemas de conduta, distúrbio de atenção com
hiperatividade, distúrbio obsessivo compulsivo, distúrbios emocionais e transtornos
mentais, além da pessoa portadora de deficiência em sentido estrito. Recomenda-se
a sua não utilização para designar pessoas portadoras de deficiência.
Deficiência – Perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica,
fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade
dentro do padrão considerado normal para o ser humano.
Deficiência Permanente - aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período
de tempo suficiente para não permitir a recuperação ou a alteração, apesar de novos
tratamentos.
Incapacidade – Redução efetiva da capacidade de tal forma que a pessoa
portadora de deficiência necessite de equipamentos, adaptações,meios ou recursos
especiais para o desempenho de suas atividades.
Desvantagem – conseqüência de uma seqüela/deficiência ou incapacidade, que
limita ou impede o desempenho de um rol de ações pelo indivíduo, normal no seu
caso, considerando-se sua idade, sexo, fatores culturais e sociais.
Deficiência Física – Alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do
corpo humano, que acarreta o comprometimento da função física, com perda de
função motora total ou parcial, amputação ou ausência de membros, paralisia
cerebral (AVC), deformidades congênitas ou adquiridas, excepcionadas as
15
deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de
funções.
Paraplegia – perda total das funções motoras dos membros inferiores.
Paraparesia – perda parcial das funções motoras dos membros
inferiores.
Monoplegia - perda total das funções motoras de um só membro (inferior
ou superior).
Monoparesia - perda parcial das funções motoras de um só membro
(inferior ou superior).
Tetraplegia - perda total das funções motoras dos membros inferiores e
superiores.
Tetraparesia - perda parcial das funções motoras dos membros inferiores
e superiores.
Triplegia - perda total das funções motoras em três membros.
Triparesia - perda parcial das funções motoras em três membros.
Hemiplegia - perda total das funções motoras de um hemisfério do corpo
(direito ou esquerdo).
Hemiparesia - perda parcial das funções motoras de um hemisfério do
corpo (direito ou esquerdo).
Amputação - perda total ou parcial de um determinado membro ou
segmento de membro.
16
Paralisia Cerebral - lesão de uma ou mais áreas do sistema nervoso
central, tendo como conseqüência alterações psicomotoras, podendo ou
não causar deficiência mental.
Ostomia - intervenção cirúrgica que cria um ostoma na parede abdominal
para adaptação de bolsa de fezes e urina; processo de operação para
construção de um novo caminho para saída de fezes e urina para o
exterior do corpo humano (colostomia: ostoma intestinal; urostomia :
desvio urinário)
Ostomizado – pessoa submetida a intervenção cirúrgica para criação de
ostoma, e enquadrada por analogia na condição de deficiente físico, uma
vez que as bolsas coletoras são consideradas ajudas técnicas (arts. 18 e
19 do D. 3.298/99).
Cadeirante - t ermo utilizado para designar portadores de deficiência física
que se locomovem com cadeiras de rodas. Não se recomenda a sua
utilização pois, há portadores de deficiência física que o consideram
pejorativo.
Deficiência Auditiva - perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras,
que varia em níveis de surdez leve, moderada, acentuada, severa, profunda e
anacusia. Segundo os critérios previdenciários( Decreto 3.048/99, Anexo III,quadro
2, a perda auditiva deve ser aferida pela média aritmética das freqüências de 500 a
3000 Hertz (audição social).
Anacusia – surdez total.
Disacusia – qualquer distúrbio da função auditiva.
Linguagem de Sinais - Linguagem utilizada na comunicação com
deficientes auditivos, através de movimentos das mãos. Também
conhecida por LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais.
17
Deficiência Visual - acuidade visual igual ou menor que 10% no melhor olho, após
a melhor correção, ou campo visual inferior a 20 º (Tabela de Snellen) ou ocorrência
de ambas as situações.
Ledor - Pessoa que procede à leitura de textos para deficientes visuais.
Considera-se apoio especial.
Deficiência Mental – Funcionamento intelectual significativamente inferior à média,
com manifestação antes dos dezoito anos e com limitações de duas ou mais áreas
de habilidades de adaptação (v.g. comunicação, cuidado pessoal, habilidades
sociais, utilização da comunidade saúde e segurança, habilidades acadêmicas, lazer
e trabalho).
Oligofrenia – retardo mental ou déficit de inteligência congênito.
Deficiência Múltipla – associação de duas ou mais deficiências.
Integração Social – processo de favorecimento da convivência de alguém tido
como diferente, com os demais membros da sociedade, tidos como supostamente
iguais. Neste processo a pessoa portadora de deficiência, por seus próprios meios e
esforços, busca integrar-se à sociedade, que, simplesmente a recebe, sem ter se
preparado para tanto.
Inclusão social - processo mais aperfeiçoado de favorecimento da convivência de
alguém tido como diferente, com os demais membros da sociedade, tidos como
supostamente iguais. Neste caso, a sociedade se prepara e se modifica para
receber a pessoa portadora de deficiência, em todas as áreas do processo social
(educação, saúde, trabalho, assistência social, acessibilidade, lazer, esporte e
cultura).
Inclusão educacional - possibilidade de a criança ou adolescente portador de
deficiência freqüentar cursos regulares de ensino, e não apenas escolas de
educação especial.
18
Educação Especial – modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente
na rede regular de ensino para educando com necessidades educacionais especiais
(portador de deficiência, superdotado, idoso, etc).
Habilitação – processo orientado de forma a possibilitar que a pessoa portadora de
deficiência, a partir da identificação de suas potencialidades laborativas, adquira o
nível suficiente de desenvolvimento profissional para o ingresso no mercado de
trabalho.
Reabilitação - processo orientado de forma a possibilitar que a pessoa portadora de
deficiência, a partir da identificação de suas potencialidades laborativas residuais,
adquira o nível suficiente de desenvolvimento profissional para o reingresso no
mercado de trabalho.
Aprendizagem – contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo
determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14
anos e menor de 18 anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-
profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e
psicológico, e o aprendiz, a executar, com zelo e diligência, as tarefas necessárias a
essa formação.
Formação técnico-profissional - deve sempre nortear o processo de
aprendizagem. Segundo a UNESCO, é o termo utilizado em sentido lato para
designar o processo educativo quando este implica, além de uma formação geral,
estudos de caráter técnico e a aquisição de conhecimentos e aptidões práticas
relativas ao exercício de certas profissões em diversos setores da vida econômica e
social.
Formação profissional – processo que visa essencialmente a aquisição de
qualificação prática e de conhecimentos específicos necessários para a ocupação
de um determinado emprego ou de um grupo de emprego determinados.
19
Capacitação Profissional - processo que visa preparar a pessoa portadora de
deficiência para o desenvolvimento de atividades laborais específicas, conforme
suas potencialidades, visando seu ingresso no mercado de trabalho.
Pessoa Portadora de Deficiência Habilitada - aquela que concluiu curso de
educação profissional de nível básico, técnico ou tecnológico, ou curso superior, com
certificação ou diplomação expedida por instituição pública ou privada, legalmente
credenciada pelo Ministério da Educação ou órgão equivalente, ou aquela com
certificado de conclusão de processo de habilitação ou reabilitação profissional
fornecido pelo INSS. Também assim se considera aquela pessoa que, não tendo se
submetido a processo de habilitação ou reabilitação, esteja capacitada para o
exercício da função.
Procedimentos Especiais - meios utilizados para a contratação de pessoa que,
devido ao seu grau de deficiência, transitória ou permanente, exija condições
especiais, como jornada variável, horário flexível, proporcionalidade de salário, etc.
Apoios Especiais - orientação, supervisão e ajudas técnicas entre outros elementos
que auxiliem ou permitam compensar uma ou mais limitações funcionais motoras,
sensoriais ou mentais da pessoa portadora de deficiência, de forma a superar as
barreiras de mobilidade e comunicação, possibilitando a plena utilização de suas
capacidades em condições de normalidade. São as próteses, órteses,
equipamentos, maquinarias, utensílios de trabalho, etc.
Ajudas Técnicas – Elementos que permitem compensar uma ou mais limitações
motoras, sensoriais ou mentais da pessoa portadora de deficiência, com o objetivo
de permitir-lhe superar as barreiras da comunicação e da mobilidade e de possibilitar
sua plena inclusão social. (v.g. próteses auditivas, visuais e físicas; órteses auditivas
e visuais; bolsas coletoras,etc.
Órtese - aparelho ou material adaptado na parte externa do corpo,
objetivando suportar uma fraqueza ou corrigir uma deformidade.
20
Prótese – aparelho acoplado ao corpo para tomar parte dele em
substituição total ou parcial à parte perdida (v.g. perna artificial, olho de
vidro).
Oficina Protegida de Produção - unidade que funciona em relação de dependência
com entidade pública ou beneficente de assistência social, que tem por objetivo
desenvolver programa de habilitação profissional para adolescente e adulto portador
de deficiência, provendo-o com trabalho remunerado, com vista à emancipação
econômica e pessoal relativa.
Oficina Protegida Terapêutica – unidade que funciona em relação de dependência
com entidade pública ou beneficente de assistência social, que tem por objetivo a
integração social por meio de atividades de adaptação e capacitação para o trabalho
de adolescente e adulto que devido ao seu grau de deficiência, transitória e
permanente, não possa desempenhar atividade laboral no mercado competitivo de
trabalho ou em oficina protegida de produção.
Cooperativas Sociais - Previsão da Lei 9867/99, constitui hipótese viável de
inserção da pessoa portadora de deficiência no mundo do trabalho, desde que
baseada na colaboração recíproca e tendo por objetivo principal proporcionar o
exercício profissional aos seus associados portadores de deficiência. Constitui forma
de trabalho por conta própria ( art. 35, III, do Decreto 3.298/99). Aplica-se às
cooperativas sociais, subsidiariamente, a Lei 5764/71, que prevê como condições
essenciais : adesão voluntária e aberta, gestão democrática e participação
econômica efetiva dos cooperados, autonomia e independência, educação,
formação e informação dos cooperados, cooperação entre as cooperativas e
interesse pela comunidade. (Anexo, exemplo de Estatuto Social).
Colocação competitiva - processo de contratação regular, nos termos da legislação
trabalhista e previdenciária, que independe da adoção de procedimentos especiais
para sua concretização, não sendo excluída a possibilidade de utilização de apoios
especiais.
21
Colocação Seletiva - processo de contratação regular, nos termos da legislação
trabalhista e previdenciária, que depende da adoção de procedimentos e apoios
especiais para sua concretização.
Equipe multiprofissional - aquela composta por três profissionais capacitados e
atuantes nas áreas das deficiências, sendo um médico, e três integrantes da carreira
almejada pelo candidato, e que assiste o órgão responsável pela realização do
concurso público.
Bolsa de Qualificação Profissional – Prevista no art. 57, do Decreto 3.298/99, está
em fase de estudo, para posterior normatização, devendo estar inserida no
Programa de Formação Profissional, de forma a dar suporte econômico para o
portador de deficiência, favorecendo-lhe a formação e capacitação profissional.
Sistema de reserva legal de vagas ou cotas – É o sistema implantado no Brasil
voltado para a inserção e participação das pessoas portadoras de deficiência no
mundo do trabalho.
Trata-se de um mecanismo compensatório, inserido no contexto de ação
afirmativa que busca a igualdade de oportunidade de grupos em relação ao contexto
social mais amplo. Fundamenta-se no princípio da inclusão que encarna o direito de
todos aos serviços de educação, saúde e assistência social; ao trabalho; a
acessibilidade; ao lazer, esporte, etc., e no reconhecimento de que todo o cidadão,
não importa sua condição, tem o direito de acesso aos serviços e recursos que
melhor atenderem as suas necessidades (empowerment).
No direito comparado, o sistema de cotas é adotado por países como a Itália,
Alemanha, França, Espanha, Argentina e Venezuela.
22
ÓRGÃOS E INSTITUIÇÕES
CONADE, Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência,
criado pelo Decreto 3.298/99; competência deliberativa estabelecida no art. 10,
constituído por representantes de governo e sociedade civil organizada. O Ministério
Público do Trabalho tem assento como Conselheiro (consultar relatórios e atas na
página eletrônica).
CORDE, Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência, criada pela Lei 7.853/89; integra a Secretaria de Direitos Humanos do
Ministério da Justiça, com a atribuição estabelecida nos artigos 10 e 12 da lei
referida. Mantém o Sistema Nacional de Informações sobre Deficiência
www.mj.gov.br/dpdh.htm.
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO - O MPT tem como uma das metas
institucionais a eliminação de todas as formas de discriminação, e
conseqüentemente, a proteção do trabalho das pessoas portadoras de deficiência e
beneficiários reabilitados. Promove em todo o Brasil um processo de sensibilização
e orientação por meio de audiências públicas, seminários e palestras, destinados
não só a empresários e seus respectivos departamentos de recursos humanos,
mas também a todos os órgãos envolvidos na questão, estudantes e sociedade em
geral. Fomenta a criação de cadastros, por parte de todos os envolvidos, buscando
um grande e único cadastro a ser disponibilizado a todos aqueles que dele quiserem
se valer, quando instados ao cumprimento da reserva legal.
Possui um cadastro em formação no endereço eletrônico da Procuradoria
Geral do Trabalho (http://www.pgt.mpt.gov.br portador de deficiência/cadastro de
instituições), podendo qualquer entidade nele se inscrever.
Celebra convênios de cooperação técnica com os órgãos públicos
envolvidos, com bons resultados.
Prioriza sua atuação segundo as necessidades do mercado e existência de
pessoas portadoras de deficiência ou reabilitadas capacitadas para as vagas
disponíveis.
23
Expede ofícios às empresas, requisitando informações (art. 8º, inciso IV da
Lei Complementar 75/93) sobre número atual de empregados e documentação
comprobatória do cumprimento da reserva legal. Após a análise dos documentos,
são instaurados os inquéritos civis relativamente às empresas que não possuem o
número legal de vagas reservadas. O objetivo a ser alcançado é a assinatura de
Termos de Compromisso de Ajustamento de Conduta, com prazo razoável para seu
cumprimento. Os Termos de Ajustamento de Conduta têm a finalidade de não
apenas preencher determinado número de vagas em cumprimento à determinação
legal, mas promover a colocação de pessoas portadoras de deficiência/beneficiários
reabilitados de forma eficiente e duradoura dentro da empresa. Por vezes, essa é a
primeira oportunidade que essas pessoas têm de celebrar um contrato de trabalho,
com todas as garantias que a lei lhes confere, razão pela qual a inserção é feita de
forma muito cuidadosa, para não frustrar expectativas. Assim, O MPT trabalha junto
ao Departamento de Recursos Humanos de cada empresa, que avalia a oferta de
cargos e prepara o ambiente físico de trabalho e psicológico (dos atuais
empregados) para a recepção desses novos empregados. Pouco importa o prazo
que a empresa necessite para chegar ao cumprimento integral da reserva legal,
desde que a inserção seja criteriosa e eficaz.
O ajuizamento de Ação Civil Pública somente ocorre em caso de recusa à
adequação legal.
MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL - Através de seus Promotores de Justiça, faz
tanto o atendimento individual para orientação jurídica e providências judiciais
relacionadas à deficiência (exemplo dos pedidos de interdição – curatela) como o
atendimento de reclamo coletivo, também relacionado à deficiência, a exemplo da
falta de acesso aos meios de transporte.
DELEGACIAS REGIONAIS DO TRABALHO – As DRTs contam com Núcleos de
Combate à Discriminação implantados para tratar, dentre outras questões, a
inserção da pessoa portadora de deficiência no mercado de trabalho. Em vista da
Instrução Normativa 13, de 06/06/1999, os auditores fiscais podem convocar as
empresas para mesas de entendimento. Não alcançado seu objetivo devem
comunicar imediatamente o Ministério Público do Trabalho para as providências
legais.
24
INSS – UNIDADES DE REFERÊNCIA OU CENTROS DE REABILITAÇÃO
PROFISSIONAL - Geralmente contam com cadastros de beneficiários que
passaram por seus serviços de reabilitação, o que poderá auxiliar como fonte de
recrutamento.
SINE – SISTEMA NACIONAL DE EMPREGO - Serviço geralmente vinculado às
Secretarias Estaduais e Municipais de Emprego (SERT, PAT, PADEF) e Educação
Especial, que cuidam de programas de qualificação profissional e colocação no
mercado de trabalho. Alguns desses serviços contam com cadastros de portadores
de deficiência e beneficiários reabilitados qualificados para o trabalho.
SISTEMA S – Possui cursos de capacitação voltados, também, para pessoas
portadoras de deficiência. Há que ser verificado em cada sistema local se os
serviços estão efetivamente implantados a fim de se trabalhar em parceria.
CONSELHOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS DE DEFESA DO PORTADOR DE
DEFICIÊNCIA – Previstos em lei específica, com atribuição de promover a defesa
dos direitos das pessoas portadoras de deficiência.
INSTITUIÇÕES DE E PARA PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA – Detém
conhecimento técnico e específico das deficiências que tratam, além de experiência
acumulada na colocação e acompanhamento de pessoas portadoras de deficiência
no mercado de trabalho. Contam com cadastros de pessoas qualificadas, podendo
servir de fonte de recrutamento.
ESCOLAS PROFISSIONALIZANTES LIGADAS À SECRETARIA ESTADUAL DE
EDUCAÇÃO – Em alguns Estados, as Secretarias de Estado estão adiantadas na
implantação de escolas inclusivas e na instituição de cursos profissionalizantes. É
importante fazer contato com essas escolas com o objetivo de se obter informações
relativamente aos cursos que estão sendo ministrados e implementar cursos de
aprendizagem.
25
SINDICATOS PATRONAIS E DE EMPREGADOS – Deve ser estimulada a
inserção, em instrumentos coletivos, de cláusulas específicas para a implementação
do art. 93 da Lei 8.213/91, como forma de garantir a oportunidade de emprego aos
portadores de deficiência e beneficiários reabilitados.
EMPRESAS - CURSOS DE CAPACITAÇÃO – A s empresas, com dificuldades de
preenchimento de vagas por falta de capacitação necessária de portadores de
deficiência, poderão promover, elas mesmas, cursos de capacitação específicos
para suas atividades, com vistas ao aproveitamento posterior dos beneficiados.
26
QUESTÕES POLÊMICAS RELACIONADAS À INSERÇÃO
Aferição da reserva a nível nacional – A lei 8.213/91 prevê a reserva de cargos
para a “empresa”. Nesse conceito incluem-se todos os seus estabelecimentos
existentes no território nacional.
Aprendizagem – O número de portadores de deficiência aprendizes empregados e
matriculados nos cursos dos Sistemas Nacionais de Aprendizagem, na forma
prevista no artigo 429 da CLT, contarão para a reserva legal de vagas.
Local de cumprimento da reserva de vagas – A lei silencia sobre o assunto.
Embora seja recomendável que em cada local onde haja um estabelecimento da
empresa seja reservado o percentual de cargos, para atender-se à eventual oferta
de mão-de-obra, a empresa poderá, de acordo com suas necessidades, adequação
do local, ou atividades exercidas, escolher onde cumpri-la.
Adequação do meio ambiente de trabalho – Os locais onde as pessoas
portadoras de deficiência/reabilitadas exercerem suas atividades deverão estar
adaptados às suas necessidades, contando as mesmas com todos os meios e
procedimentos que se fizerem necessários ao desempenho de suas funções.
Compatibilidade da deficiência com a função existente na empresa – De acordo
com a atividade da empresa nem todas as funções são passíveis de serem
exercidas por pessoas portadoras de deficiência, sem que isso implique risco a elas
mesmas ou a seus colegas de trabalho. Assim sendo, admite-se que determinadas
funções não lhes sejam reservadas, muito embora não se deva esquecer das
potencialidades e capacidade de superação de suas deficiências. Por outro lado,
deve ser evitado associarem-se determinadas deficiências a atividades
pretensamente com elas compatíveis, como cegos trabalhando em câmaras
escuras, surdos, em lugares com excessivo ruído, etc.
Aptidão plena – Com referência à aptidão plena para o exercício da função, a única
exceção prevista no Decreto é com relação a cargo ou emprego público (art. 38, II),
27
deixando o diploma de fazer referência a essa questão na iniciativa privada. No
entanto, por analogia, e também por bom senso, excluem-se da reserva de vagas
funções que a exijam: Por exemplo, vigilantes e motoristas. O fato de excluírem-se
essas funções da reserva não implica redução do percentual, que poderá ser exigido
integralmente nas vagas restantes.
Administração Pública Direta e Indireta - Licitação – A Administração Pública
submete-se à regra constitucional do concurso público. No entanto, o art. 24, inciso
XX, da Lei 8666/93, permite a contratação de associações de portadores de
deficiência física, para prestação de serviços. Essa possibilidade jurídica inibe a
realização de concursos para preenchimento de cargos, além de desestimular a
colocação direta e competitiva. Recomenda-se sensibilizar as entidades para a
necessidade de alteração dessa forma de colocação, fazendo com que as mesmas
cumpram sua real finalidade de preparação e defesa do portador de deficiência.
Essa providência evitará prejuízos diretos a esse trabalhador. Por outro lado, as
empresas tomadoras de serviços deverão ser alertadas para a preferência à
contratação direta através de concurso público, evidenciada a necessidade de
cumprimento da reserva legal.
Observe-se que as empresas públicas e sociedade de economia mista devem
prever o estabelecimento de reserva de vagas no edital de concurso (artigos 37 e
44, Decreto 3298/99).
NOMEAÇÃO DE CANDIDATOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA APROVADOS
EM CONCURSO PÚBLICO - o critério a ser observado para a nomeação deverá
considerar o mérito decorrente da classificação obtida no concurso com o benefício
da reserva legal. Assim, se forem 30 as vagas oferecidas e 2 as reservadas (em
caso da reserva ser de 5%), estas corresponderão à 15a e 30a nomeações. Se por
interesse ou conveniência da administração a nomeação não chegar até o trigésimo
colocado esta pessoa portadora de deficiência não será chamada, pois a aprovação
em concurso público lhe dá apenas a simples expectativa de direito, como aos
demais classificados; AFERIÇÃO DA RESERVA DE VAGAS NA ADMINISTRAÇÃO
DIRETA E INDIRETA – o artigo 37, VIII, da CF/88, determina que tanto a
administração direta como a indireta deve reservar percentual de cargos e empregos
públicos para as pessoas portadoras de deficiência. Na administração direta, o
percentual deve ser estabelecido pela lei de regência (federal, distrital, estadual ou
28
municipal). Já na administração indireta, o percentual de vagas reservadas é o
definido no artigo 93 da Lei no. 8.213/91.
Transporte Público e Acessibilidade – Ao empregador não cabe a
responsabilidade pela adaptação do transporte público, de forma que o portador de
deficiência tenha acesso ao local de trabalho. Os Ministérios Públicos Estaduais de
cada Estado detém a atribuição legal para promover a implementação da
acessibilidade junto aos órgãos competentes.
Comprovação da qualidade de portador de deficiência e beneficiário
habilitado/reabilitado – Para os portadores de deficiência a comprovação de sua
deficiência tem sido feita através de atestados médicos, emitidos por médicos do
trabalho de cada empresa, observados o art. 4º e incisos, do Decreto 3298/99. Não
devem ser aceitos enquadramentos genéricos, como: “é portador de deficiência nos
termos do Decreto 3.298/99”, eis que nem toda deficiência assim considerada pelos
padrões médicos, é objeto da proteção legal. Psicose-maníaco-depressiva, síndrome
de pânico, HIV, problemas de LER/DORT, desvios de coluna, visão monocular, etc.,
não são objeto do art. 4ºdo Decreto 3.298/99.
Já para os beneficiários habilitados/reabilitados a comprovação de sua
condição pode ser feita através de certificados ou qualquer outro documento do
INSS que comprove que foram submetidos ao processo. A CAT (Comunicação de
Acidente de Trabalho) tão somente comprova a ocorrência do acidente e não o
efetivo procedimento de reabilitação.
Convênios para reabilitação – O art. 317, do Decreto 3.048/99, Regulamento de
Benefícios da Previdência Social, permite a celebração de convênios entre o INSS e
as empresas, para que estas últimas promovam a reabilitação de seus empregados.
Esse processo de reabilitação deverá ser homologado pela autarquia para que seja
certificada a sua condição de beneficiário reabilitado.
Deficiências objeto da legislação – Não são todas as deficiências, assim
consideradas pelos padrões médicos, objeto da proteção legal. Ao emitir um
atestado, o médico deverá enquadrar a deficiência descrita no rol restritivo do art. 4º
e incisos, do Decreto 3.298/99 ( anexo).
29
Aferição da perda auditiva – O Decreto 3.298/99, no art. 4º, inciso II e letras, ao
estabelecer a perda auditiva em diferentes graus de decibéis, deixou de indicar as
faixas de freqüência nas quais essa perda seria aferida. Para evitar que se
enquadrem como pessoas portadoras de deficiência aquelas que têm a audição
social preservada , deve ser utilizado como parâmetro o Quadro 2 do Anexo III, do
Decreto 3.048/99 (Regulamento de Benefícios da Previdência Social) segundo o
qual a perda deverá ser aferida pela média aritmética dos valores em decibéis
encontrados nas freqüências de 500, 1000, 2000 e 3000 Hertz. Perdas em faixas
muito graves ( 250 Hertz) ou muito agudas ( 6.000, 8000 Hertz) não comprometem a
audição social e, portanto, a comunicação.
Deficiência física – Deverá ser utilizado o mesmo Decreto 3.048/99, Quadros 5 e 7
para a avaliação das perdas de segmentos de membros e os encurtamentos de
membros inferiores (mais de 4cm)
Terceirização – Tanto as empresas que terceirizam serviços como suas tomadoras
estão obrigadas a cumprirem suas cotas, com seus próprios empregados. O
empregado portador de deficiência/beneficiário reabilitado de uma empresa que
terceiriza serviços não pode ser considerado parte da cota da empresa tomadora.
Ambas se submetem à regra legal individualmente.
O Decreto prevê a possibilidade de terceirização por parte das associações, quando
trata da contratação seletiva. No entanto, na medida do possível, essa forma de
contratação deve ser o caminho para uma futura contratação sob a forma
competitiva.
Beneficiários Reabilitados por LER/DORT – A proteção legal da Lei 8.213/91
destina-se não só a portadores de deficiência, mas, também, aos beneficiários
reabilitados pela Previdência Social. Nem todos os empregados que se afastam por
problemas de LER/DORT são efetivamente submetidos a processo de reabilitação
perante o INSS e se enquadram na definição legal.
Estabilidade - A lei não prevê estabilidade no emprego para a pessoa portadora de
deficiência, razão pela qual poderá ela ser dispensada, inclusive sem justa causa. O
30
que se garante é a reserva do posto de trabalho para pessoa portadora de
deficiência em condição semelhante (parágrafo 1º, do art. 93, da Lei 8.213/91).
Já o acidentado do trabalho submetido a processo de reabilitação, conta com
a estabilidade, por doze meses, conforme consta do art. 118 da mesma lei.
Condição Semelhante – Quando a Lei 8.213/91 e o Decreto 3.298/99 previram a
reserva de cargos por portadores de deficiência/beneficiários reabilitados, por
pessoas em condições semelhantes, buscaram, sem dúvida, garantir aquela função,
passível de ocupação pelos contemplados na norma, para outros nas mesmas
condições. Não se deve, no entanto, interpretar essa regra no sentido de que uma
vaga antes ocupada por um deficiente visual, só o poderá ser por outro deficiente
visual. Garante-se, sim, a vaga, a outro portador de deficiência/beneficiário
reabilitado, independentemente da deficiência que porte. Admite-se a substituição
daquela vaga por outra, uma vez que o objetivo é a garantia de vaga compatível,
qualquer que seja.
Contrato de Experiência – Não há vedação legal para a aplicação desse contrato
ao portador de deficiência/beneficiário reabilitado.
Empregado afastado com contrato suspenso – Apesar de o contrato de trabalho
estar suspenso, admite-se a inclusão desse empregado na cota da empresa, uma
vez que a ela continua vinculado. E a razão para esse proceder é ainda mais
importante na medida em que pode servir de estímulo à manutenção do vínculo,
após o período de estabilidade previsto no art. 118, da Lei 8.213/91.
Necessidade de Adequação do Meio Ambiente de Trabalho – A adequação do
meio ambiente de trabalho constitui condição de acessibilidade e não condição para
justificar, por si só, a contratação seletiva, como poderia dar a entender o parágrafo
segundo do art. 35. Adaptação ambiental não é procedimento especial e, sim, ajuda
técnica, conforme previsto no art. 19, inciso VIII, do Decreto 3.298/99.
31
NORMAS INTERNACIONAIS
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO – Assembléia Geral da ONU, 10/12/48
PREÂMBULO
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da
família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da
liberdade, da justça e da paz no mundo;
Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do homem
conduziram a actos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o
advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer,
libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do
homem;
Considerando que é essencial a protecção dos direitos do homem através de um
regime de direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso. à
revolta contra a tirania e a opressão;
Considerando é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas
entre as nações;
Considerando que, na carta os povos da Nações Unidas proclamam, de novo, a
sua fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa
humana, na igualdade de direitos do homem e das mulheres e se declararam
resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar mellhores condições de vida
dentro de uma liberdade mais ampla.
Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em
cooperação com a Organização da Nações Unidas, o respeito universal e efectivo
dos direitos do homem e das liberdades fundamentais;
32
Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais
alta importância para dar plena satisfação a tal comprimisso:
A Asssembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos
do Homem como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações,
a fim de que todos os indivíduos e todos os orgãos da sociedade, tendo-a
constantemente no espírito, se esforçem, pelo ensino e pela educação, por
desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por
medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu
reconhecimento e aplicação universais e efectivos tanto entre as populações
dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob
sua jurisdição.
Artigo 1 °
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para os outros em espírito de
fraternidade.
Artigo 2 °
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na
presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente, de raça, de cor, de
sexo, de língua, de religião, de opinião poítica ou outra, de origem nacional ou
social, de fortuna, de nascimento, ou de qualquer outra situação.
Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estauto político, jurídico ou
internacional do país ou do território independente, sob tutela ou sujeito a alguma
limitação de soberania.
Artigo 3 °
Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 4 °
Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão e o tráfico dos os escravos,
sob todas as formas, são proibidos.
33
Artigo 5 °
Ninguém será submetido a tortura nem a pena de morte ou a tratamentos cruéis,
desumanos ou degradantes.
Artigo 6 °
Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento em todos os lugares da sua
personalidade jurídica.
Artigo 7 °
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei.
Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a
presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8 °
Toda a pessoa tem direito a recurso para as jurisdições nacionais competentes
contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição
ou pela lei.
Artigo 9 °
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo 10 °
Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equativa e
publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus
direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que
contra ele seja deduzida.
Artigo 11 °
1. Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua
culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que
todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
2. Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua
prática, não constituiam acto delituoso à face do direito interno ou internacional. Do
34
mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no
momento em que o acto delituoso foi cometido.
Artigo 12 º
Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu
domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra
tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito à protecção da lei.
Artigo 13 º
1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no
interior de um Estado.
2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o
seu, e o direito de regressar ao seu país.
Artigo 14 º
1. Todo a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de
asilo em outros países.
2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente
existente por crime de direito comum ou por actividades contrárias aos fins e aos
princípios das Nações Unidas.
Artigo 15 º
1. Todo o indivíduo tem o direito a ter uma nacionalidade.
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de
mudar de nacionalidade.
Artigo 16 º
1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir
família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o
casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.
35
2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos
futuros esposos.
3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à
protecção desta e do Estado.
Artigo 17 º
1. Toda a pessoa, individual ou colectivamente, tem direito à propriedade.
2. Ninguém pode der arbitrariamente privado da sua propriedade.
Artigo 18 °
Toda a pessoa tem direito de pensamento, de consciência e de religião;
este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção,
assim como a liberdade de manifestar em público como em privado,
pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.
Artigo 19 °
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o
direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir,
sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de
expressão.
Artigo 20 °
1.Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas.
2. Niguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo 21 °
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios públicos do
seu país, quer directamente, quer por intermédio de representantes livrementer
escolhidos.
2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções
públicas do seu país.
36
3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos; e deve
exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio
universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que
salvaguarde a liberdade de voto.
Artigo 22 °
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode
legitimamente exigir a satisfação dos direitos económicos, sociais e culturais
indispensáveis, graças ao esforço nacional à cooperação internacional, de harmonia
com a organização e os recursos de cada país.
Artigo 23 °
1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições
equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego.
2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe
permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e
completada, se possivel, por todos os outros meios de protecção social.
4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar
em sindicatos para a defesa dos seus interesses.
Artigo 24 º
Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres e, especialmente, a uma
limitação razoável da duração do trabalho e a férias periódicas pagas.
Artigo 25 °
1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente pare lhe assegurar e à sua
família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao
alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e
tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na
velhice or noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias
independentes da sua vontade.
2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as
crianças nascidas dentro ou fora do matrimónio, gozam da mesma protecção social.
37
Artigo 26 °
1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos
a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é
obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos
estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu
mérito.
2. A educação deve visar a plena expansão da personalidade humana e ao reforço
dos direitos do homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a
compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos
raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das atividades das Nações
Unidas para a manutenção da paz.
3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a dar
aos filhos.
Artigo 27 °
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da
comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso cientifico e nos benefícios
que deste resultam.
2. Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a
qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria.
Artigo 28 °
Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma
ordem capaz de tornar plenamente efectivos os direitos e as liberdades enunciados
na presente Declaração.
Artigo 29 °
1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o
livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.
2. No exercício destes direitos e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito
senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o
reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de
38
satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem- estar numa
sociedade democrática.
3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente
aos fins e aos princípios das Nações Unidas.
Artigo 30 °
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a
envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a
alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e
liberdades aqui enunciados.
CONVENÇÃO N. 111
Discriminação em Matéria de Emprego e Ocupação
I – Aprovada na 42ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho (Genebra –
1958), entrou em vigor no plano internacional em 15.6.60.
II – Dados referentes ao Brasil:
aprovação = Decreto Legislativo n. 104, de 24.11.64;
ratificação = 26 de novembro de 1965;
promulgação = Decreto n. 62.150, de 19.1.68;
vigência nacional = 26 de novembro de 1966.
“A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho,
Convocada em Genebra pelo Conselho de Administração da Repartição
Internacional do Trabalho e reunida a 4 de junho de 1958, em sua quadragésima-
segunda sessão;
Após ter decidido adotar diversas disposições relativas à discriminação em matéria
de emprego e profissão, assunto que constitui o quarto ponto da ordem do dia da
sessão;
Após ter decidido que essas disposições tomariam a forma de uma convenção
internacional;
39
Considerando que a Declaração de Filadélfia afirma que todos os seres humanos,
seja qual for a raça, credo ou sexo, têm direito ao progresso material e
desenvolvimento espiritual em liberdade e dignidade, em segurança econômica e
com oportunidades iguais;
Considerando, por outro lado, que a discriminação constitui uma violação dos
direitos enunciados na Declaração Universal dos Direitos do Homem, adota neste
vigésimo quinto dia de junho de mil novecentos e cinqüenta e oito a convenção
abaixo transcrita que será denominada “ Convenção sobre a Discriminação
(Emprego e Profissão), 1958;
Art. 1 – 1. Para os fins da presente convenção o termo “discriminação” compreende:
toda distinção, exclusão ou preferência fundada na raça, cor, sexo, religião, opinião
política, ascendência nacional ou origem social, que tenha pro efeito destruir ou
alterar a igualdade de oportunidade ou de tratamento em matéria de emprego ou
profissão;
qualquer outra distinção, exclusão ou preferência que tenha por efeito destruir ou
alterar a igualdade de oportunidades ou tratamento em matéria de emprego ou
profissão que poderá ser especificada pelo Membro interessado depois de
consultadas as organizações representativas de empregadores e trabalhadores,
quando estas existam, e outros organismos adequados.
2. As distinções, exclusões ou preferências fundadas em qualificações exigidas para
um determinado emprego não são consideradas como discriminação.
3. Para os fins da presente convenção as palavras ‘emprego’ e ‘profissão’ incluem o
acesso à formação profissional, ao emprego e às diferentes profissões, bem como
às condições de emprego.
Art. 2 – Qualquer Membro para o qual a presente convenção se encontre em vigor
compromete-se a formular a aplicar uma política nacional que tenha por fim
promover, por métodos adequados às circunstâncias e aos usos nacionais, a
40
igualdade de oportunidades e de tratamento em matéria de emprego e profissão,
com o objetivo de eliminar toda discriminação nessa matéria.
Art. 3 – Qualquer Membro para o qual a presente convenção se encontre em vigor
deve por métodos adequados à circunstâncias e aos usos nacionais:
a) esforçar-se por obter a colaboração das organizações de empregadores e
trabalhadores e de outros organismos apropriados, com o fim de favorecer a
aceitação e aplicação desta política;
b) promulgar leis e encorajar os programas de educação próprios a assegurar esta
aceitação e esta aplicação.
c) revogar todas as disposições legislativas e modificar todas as disposições ou
práticas administrativas que sejam incompatíveis com a referida política;
d) seguir a referida política no que diz respeito a empregos dependentes do controle
direto de uma autoridade nacional;
e) assegurar a aplicação da referida política nas atividades dos serviços de
orientação profissional, formação profissional e colocação dependentes de controle
de uma autoridade nacional;
f) indicar, nos seus relatórios anuais sobre a aplicação da convenção, as medidas
tomadas em conformidade com esta política e os resultados obtidos.
Art. 4 – Não são consideradas como discriminação quaisquer medidas tomadas em
relação a uma pessoa que, individualmente, seja objeto de uma suspeita legítima de
se entregar a uma atividade prejudicial à segurança do Estado ou cuja atividade se
encontre realmente comprovada, desde que a referida pessoa tenha o direito de
recorrer a uma instância competente, estabelecida de acordo com a prática nacional.
41
Art. 5 – 1. As medidas especiais de proteção ou de assistência previstas em outras
convenções ou recomendações adotadas pela Conferência Internacional do
Trabalho não são consideradas como discriminação.
2. Qualquer Membro pode, depois de consultadas as organizações representativas
de empregadores e trabalhadores, quando estas existam, definir como não
discriminatórias quaisquer outras medidas especiais que tenham por fim
salvaguardar as necessidades particulares de pessoas em relação às quais a
atribuição de uma proteção ou assistência, pro motivos tais como o sexo, a invalidez,
os encargos de família ou o nível social ou cultural.
Art. 6 – Qualquer membro que ratificar a presente convenção compromete-se a
aplicá-la aos territórios não metropolitanos, de acordo com as disposições da
constituição da Organização Internacional do Trabalho”.
Os arts. 7,8,9,10,11, 12, 13 e 14 correspondem, respectivamente, aos arts. 15. 16,
17, 18, 19, 20, 21 e 22 da Convenção n. 88.
CONVENÇÃO 159
Reabilitação Profissional e Emprego de Pessoas Deficientes
I – Aprovada pela 69ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho (Genebra
1983), entrou em vigor no plano internacional em, 20.06.85.
II – Dados referentes ao Brasil:
a) aprovação : Decreto Legislativo nº 51, de 25.08.89, do Congresso Nacional;
b) ratificação : 18.05.90;
c) promulgação: Decreto nº 129 de 22.05.91;
d) vigência nacional: 18.05.91.
A conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho:
Convocada em Genebra pelo Conselho de Administração do Escritório Internacional
do Trabalho e realizada nessa cidade em 1º de junho de 1983, em sua sexagésima
nona reunião;
42
Tendo tomado conhecimento das normas internacionais existente e contidas na
Recomendação sobre a habilitação e reabilitação profissionais dos deficientes, 1955,
e na Recomendação sobre o desenvolvimento dos recursos humanos, 1975;
Tomando conhecimento de que, desde a adoção da Recomendação sobre a
habilitação e reabilitação profissionais dos deficientes, 1955, foi registrado um
significativo progresso na compreensão das necessidades da reabilitação, na
extensão e organização dos serviços de reabilitação e na legislação e no
desempenho de muitos Países-Membros em relação `s questões cobertas por essa
recomendação.
Considerando que a Assembléia Geral das Nações Unidas proclamou 1981 o Ano
Internacional das Pessoas Deficientes, como o tema “Participação Plena e
Igualdade”, e que um programa mundial de ação relativo às pessoas deficientes
permitiria a adoção de medidas eficazes a nível nacional e internacional para atingir
as metas da “participação plena” das pessoas deficientes na vida social e no
desenvolvimento, assim como de “igualdade”;
Depois de haver decidido que esses progressos tornaram oportuna a conveniência
de adotar novas normas internacionais sobre o assunto, que levem em
consideração, em particular, a necessidade de assegurar, tanto nas zonas rurais
como nas urbanas, a igualdade de oportunidade e tratamento a todas as categorias
de pessoas deficientes no que se refere a emprego e integração na comunidade;
Depois de haver determinado que estas proposições devam ter a forma de um a
Convenção, adota com a data de vinte de junho de mil novecentos e oitenta e três, a
presente “Convenção sobre Reabilitação e Emprego (Pessoas Deficientes), 1983.
PARTE I
DEFINIÇÕES E CAMPO DE APLICAÇÕES
Art. 1 – 1. Para efeitos desta Convenção, entende-se por “pessoa deficiente” todas
as pessoas cujas possibilidades de obter e conservar um emprego adequado e de
progredir no mesmo fiquem substancialmente reduzidas devido a uma deficiência de
caráter físico ou mental devidamente comprovada.
43
2. Para efeitos desta Convenção, todo o País-Membro deverá considerar que a
finalidade da reabilitação profissional é a de permitir que a pessoa deficiente
obtenha e conserve um emprego e progrida no mesmo, e que se promova, assim a
integração ou a reintegração dessa pessoa na sociedade.
3. Todo País-Membro aplicará os dispositivos desta Convenção através de medidas
adequadas às condições nacionais e de acordo com a experiência (costumes, uso e
hábitos) nacional.
4. As proposições desta Convenção serão aplicáveis a todas as categorias de
pessoas deficientes.
PARTE II
PRINCÍPIOS DA POLÍTICA DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL E EMPREGO
PARA PESSOAS DEFICIENTES
Art. 2 – De acordo com as condições nacionais, experiência e possibilidades
nacionais, cada País-Membro formulará, aplicará e periodicamente revisará a
política nacional sobre reabilitação profissional e emprego de pessoas deficientes.
Art. 3 – Essa política deverá ter por finalidade assegurar que existam medidas
adequadas de reabilitação profissional ao alcance de todas as categorias de
pessoas deficientes e promover oportunidades de emprego pra as pessoas
deficientes no mercado regular de trabalho.
Art. 4 – Essa política deverá ter como base o princípio da igualdade de
oportunidades entre os trabalhadores deficientes e dos trabalhadores em geral.
Dever-se-á respeitar a igualdade de oportunidades e de tratamento para as
trabalhadoras deficientes. As medidas positivas especiais com a finalidade de atingir
a igualdade efetiva de oportunidades e de tratamento entre os trabalhadores
deficientes e os demais trabalhadores, não devem ser vistas como discriminatórias
em relação a estes últimos.
Art. 5º - As organizações representativas de empregadores e de empregados devem
ser consultadas sobre a aplicação dessa política e em particular, sobre as medidas
que devem ser adotadas para promover a cooperação e coordenação dos
organismos públicos e particulares que participam nas atividades de reabilitação
profissional. As organizações representativas de e para deficientes devem, também,
ser consultadas.
44
PARTE III
MEDIDAS A NÍVEL NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO DE SERVIÇOS DE
REABILITAÇÃO PROFISSIONAL E EMPREGO PARA PESSOAS DEFICIENTES
Art.6º - Todo o País-Membro, mediante legislação nacional e por outros
procedimentos, de conformidade com as condições e experiências nacionais, deverá
adotar as medidas necessárias para aplicar os artigos 2, 3, 4 e 5 da presente
Convenção.
Art 7º - As autoridades competentes deverão adotar medidas para proporcionar e
avaliar os serviços de orientação e formação profissional, colocação, emprego e
outros semelhantes, a fim de que as pessoas deficientes possam obter e conservar
um emprego e progredir no mesmo; sempre que for possível e adequado, serão
utilizados os serviços existentes para os trabalhadores em geral, com as adaptações
necessárias.
Art. 8º - Adotar-se-ão medidas para promover o estabelecimento e desenvolvimento
de serviços de reabilitação profissional e de emprego para pessoas deficientes na
zona rural e nas comunidades distantes.
Art. 9º - Todo o País-Membro deverá esforçar-se para assegurar a formação e a
disponibilidade de assessores em matéria de reabilitação e outro tipo de pessoal
qualificado que se ocupe da orientação profissional, da formação profissional, da
colocação e do emprego de pessoas deficientes.
Os arts, 10 a 17, constantes da Parte IV, correspondem, respectivamente, aos art.
12 a 19 da Convenção 140.
45
LEGISLAÇÃO
LEI Nº 7.853, DE 24 DE OUTUBRO DE 1989 Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º Ficam estabelecidas normas gerais que asseguram o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiências, e sua efetiva integração social, nos termos desta Lei. § 1º Na aplicação e interpretação desta Lei, serão considerados os valores básicos da igualdade de tratamento e oportunidade, da justiça social, do respeito à dignidade da pessoa humana, do bem-estar, e outros, indicados na Constituição ou justificados pelos princípios gerais de direito. § 2º As normas desta Lei visam garantir às pessoas portadoras de deficiência as ações governamentais necessárias ao seu cumprimento e das demais disposições constitucionais e legais que lhes concernem, afastadas as discriminações e os preconceitos de qualquer espécie, e entendida a matéria como obrigação nacional a cargo do Poder Público e da sociedade. Art. 2º Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. Parágrafo único. Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os órgãos e entidades da administração direta e indireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade, aos assuntos objetos esta Lei, tratamento prioritário e adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas: I - na área da educação: a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade
educativa que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a
46
supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios;
b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, privadas e públicas;
c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino;
d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos portadores de deficiência;
e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo;
f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino;
II - na área da saúde: a) a promoção de ações preventivas, como as referentes ao planejamento familiar,
ao aconselhamento genético, ao acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, à nutrição da mulher e da criança, à identificação e ao controle da gestante e do feto de alto risco, à imunização, às doenças do metabolismo e seu diagnóstico e ao encaminhamento precoce de outras doenças causadoras de deficiência;
b) o desenvolvimento de programas especiais de prevenção de acidente do trabalho e de trânsito, e de tratamento adequado a suas vítimas;
c) a criação de uma rede de serviços especializados em reabilitação e habilitação; d) a garantia de acesso das pessoas portadoras de deficiência aos estabelecimentos
de saúde públicos e privados, e de seu adequado tratamento neles, sob normas técnicas e padrões de conduta apropriados;
e) a garantia de atendimento domiciliar de saúde ao deficiente grave não internado; f) o desenvolvimento de programas de saúde voltados para as pessoas portadoras
de deficiência, desenvolvidos com a participação da sociedade e que lhes ensejem a integração social;
III - na área da formação profissional e do trabalho: a) o apoio governamental à formação profissional, e a garantia de acesso aos
serviços concernentes, inclusive aos cursos regulares voltados à formação profissional;
b) o empenho do Poder Público quanto ao surgimento e à manutenção de empregos, inclusive de tempo parcial, destinados às pessoas portadoras de deficiência que não tenham acesso aos empregos comuns;
c) a promoção de ações eficazes que propiciem a inserção, nos setores públicos e privado, de pessoas portadoras de deficiência;
d) a adoção de legislação específica que discipline a reserva de mercado de trabalho, em favor das pessoas portadoras de deficiência, nas entidades da Administração Pública e do setor privado, e que regulamente a organização de
47
oficinas e congêneres integradas ao mercado de trabalho, e a situação, nelas, das pessoas portadoras de deficiência;
IV - na área de recursos humanos: a) a formação de professores de nível médio para a Educação Especial, de técnicos
de nível médio especializados na habilitação e reabilitação, e de instrutores para formação profissional;
b) a formação e qualificação de recursos humanos que, nas diversas áreas de conhecimento, inclusive de nível superior, atendam à demanda e às necessidades reais das pessoas portadoras de deficiências;
c) o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico em todas as áreas do conhecimento relacionadas com a pessoa portadora de deficiência;
V - na área das edificações: a) a adoção e a efetiva execução de normas que garantam a funcionalidade das
edificações e vias públicas, que evitem ou removam os óbices às pessoas portadoras de deficiência, permitam o acesso destas a edifícios, a logradouros e a meios de transporte.
Art. 3º As ações civis públicas destinadas à proteção de interesses coletivos ou difusos das pessoas portadoras de deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal; por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção das pessoas portadoras de deficiência. § 1º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certidões e informações que julgar necessárias. § 2º As certidões e informações a que se refere o parágrafo anterior deverão ser fornecidas dentro de 15 (quinze) dias da entrega, sob recibo, dos respectivos requerimentos, e só poderão se utilizadas para a instrução da ação civil. § 3º Somente nos casos em que o interesse público, devidamente justificado, impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou informação. § 4º Ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, a ação poderá ser proposta desacompanhada das certidões ou informações negadas, cabendo ao juiz, após apreciar os motivos do indeferimento, e, salvo quando se tratar de razão de segurança nacional, requisitar umas e outras; feita a requisição, o processo correrá em segredo de justiça, que cessará com o trânsito em julgado da sentença. § 5º Fica facultado aos demais legitimados ativos habilitarem-se como litisconsortes nas ações propostas por qualquer deles. § 6º Em caso de desistência ou abandono da ação, qualquer dos co-legitimados pode assumir a titularidade ativa.
48
Art. 4º A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. § 1º A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação fica sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal. § 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer legitimado ativo, inclusive o Ministério Público. Art. 5º O Ministério Público intervirá obrigatoriamente nas ações públicas, coletivas ou individuais, em que se discutam interesses relacionados à deficiência das pessoas. Art. 6º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou particular, certidões, informações, exame ou perícias, no prazo que assinalar, não inferior a 10 (dez) dias úteis. § 1º Esgotadas as diligências, caso se convença o órgão do Ministério Público da inexistência de elementos para a propositura de ação civil, promoverá fundamentadamente o arquivamento do inquérito civil, ou das peças informativas. Neste caso, deverá remeter a reexame os autos ou as respectivas peças, em 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público, que os examinará, deliberando a respeito, conforme dispuser seu Regimento. § 2º Se a promoção do arquivamento for reformada, o Conselho Superior do Ministério Público designará desde logo outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação. Art. 7º Aplicam-se à ação civil pública prevista nesta Lei, no que couber, os dispositivos da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa: I - recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, por motivos derivados da deficiência que porta; II - obstar, sem justa causa, o acesso de alguém a qualquer cargo público, por motivos derivados de sua deficiência;
49
III - negar, sem justa causa, a alguém, por motivos derivados de sua deficiência, emprego ou trabalho; IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de prestar assistência médico-hospitalar e ambulatorial, quando possível, à pessoa portadora de deficiência; V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei; VI - recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo Ministério Público. Art. 9º A Administração Pública Federal conferirá aos assuntos relativos às pessoas portadoras de deficiência tratamento prioritário e apropriado, para que lhes seja efetivamente ensejado o pleno exercício de seus direitos individuais e sociais, bem como sua completa integração social. § 1º Os assuntos a que alude este artigo serão objeto de ação, coordenada e integrada, dos órgãos da Administração Pública Federal, e incluir-se-ão em Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, na qual estejam compreendidos planos, programas e projetos sujeitos a prazos e objetivos determinados. § 2º Ter-se-ão como integrantes da Administração Pública Federal, para os fins desta Lei, além dos órgãos públicos, das autarquias, das empresas públicas e sociedades de economia mista, as respectivas subsidiárias e as fundações públicas. Art. 10 . A coordenação, superior dos assuntos, ações governamentais e medidas, referentes às pessoas portadoras de deficiência, incumbirá a órgão subordinado à Presidência da República, dotado de autonomia administrativa e financeira, ao qual serão destinados recursos orçamentários específicos. Parágrafo único. A autoridade encarregada da coordenação superior mencionada no caput deste artigo caberá, principalmente, propor ao Presidente da República a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, seus planos, programas e projetos e cumprir as instruções superiores que lhes digam respeito, com a cooperação dos demais órgãos da Administração Pública Federal. Art. 11. Fica reestruturada, como órgão autônomo, nos termos do artigo anterior, a Coordenadoria Nacional, para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde. § 1º (Vetado).
50
§ 2º O Coordenador contará com 3 (três) Coordenadores-Adjuntos, 4 (quatro) Coordenadores de Programas e 8 (oito) Assessores, nomeados em comissão, sob indicação do titular da Corde. § 3º A Corde terá, também, servidores titulares de Funções de Assessoramento Superior (FAS) e outros requisitados a órgão e entidades da Administração Federal. § 4º A Corde poderá contratar, por tempo ou tarefa determinados, especialistas para atender necessidade temporária de excepcional interesse público. Art. 12. Compete à Corde: I - coordenar as ações governamentais e medidas que se refiram às pessoas portadoras de deficiência; II - elaborar os planos, programas e projetos subsumidos na Política Nacional para a Integração de Pessoa Portadora de Deficiência, bem como propor as providências necessárias a sua completa implantação e seu adequado desenvolvimento, inclusive as pertinentes a recursos e as de caráter legislativo; III - acompanhar e orientar a execução, pela Administração Pública Federal, dos planos, programas e projetos mencionados no inciso anterior; IV - manifestar-se sobre a adequação à Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência dos projetos federais a ela conexos, antes da liberação dos recursos respectivos; V - manter, com os Estados, Municípios, Territórios, o Distrito Federal, e o Ministério Público, estreito relacionamento, objetivando a concorrência de ações destinadas à integração social das pessoas portadoras de deficiência; VI - provocar a iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil de que esta Lei, e indicando-lhe os elementos de convicção; VII - emitir opinião sobre os acordos, contratos ou convênios firmados pelos demais órgãos da Administração Pública Federal, no âmbito da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; VIII - promover e incentivar a divulgação e o debate das questões concernentes à pessoa portadora de deficiência, visando à conscientização da sociedade. Parágrafo único . Na elaboração dos planos, programas e projetos a seu cargo, deverá a Corde recolher, sempre que possível, a opinião das pessoas e entidades
51
interessadas, bem como considerar a necessidade de efetivo apoio aos entes particulares voltados para a integração social das pessoas portadoras de deficiência. Art. 13. A Corde contará com o assessoramento de órgão colegiado, o Conselho Consultivo da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. § 1º A composição e o funcionamento do Conselho Consultivo da Corde serão disciplinados em ato do Poder Executivo. Incluir-se-ão no Conselho representantes de órgãos e de organizações ligados aos assuntos pertinentes à pessoa portadora de deficiência, bem como representante do Ministério Público Federal. § 2º Compete ao Conselho Consultivo: I - opinar sobre o desenvolvimento da Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; II - apresentar sugestões para o encaminhamento dessa política; III - responder a consultas formuladas pela Corde. § 3º O Conselho Consultivo reunir-se-á ordinariamente 1 (uma) vez por trimestre e, extraordinariamente, por iniciativa de 1/3 (um terço) de seus membros, mediante manifestação escrita, com antecedência de 10 (dez) dias, e deliberará por maioria de votos dos conselheiros presentes. § 4º Os integrantes do Conselho não perceberão qualquer vantagem pecuniária, salvo as de seus cargos de origem, sendo considerados de relevância pública os seus serviços. § 5º As despesas de locomoção e hospedagem dos conselheiros, quando necessárias, serão asseguradas pela Corde. Art. 14. (Vetado). Art. 15. Para atendimento e fiel cumprimento do que dispõe esta Lei, será reestruturada a Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação, e serão instituídos, no Ministério do Trabalho, no Ministério da Saúde e no Ministério da Previdência e Assistência Social, órgão encarregados da coordenação setorial dos assuntos concernentes às pessoas portadoras de deficiência. Art. 16. O Poder Executivo adotará, nos 60 (sessenta) dias posteriores à vigência desta Lei, as providências necessárias à reestruturação e ao regular funcionamento da Corde, como aquelas decorrentes do artigo anterior.
52
Art. 17. Serão incluídas no censo demográfico de 1990, e nos subseqüentes, questões concernentes à problemática da pessoa portadora de deficiência, objetivando o conhecimento atualizado do número de pessoas portadoras de deficiência no País. Art. 18. Os órgãos federais desenvolverão, no prazo de 12 (doze) meses contado da publicação desta Lei, as ações necessárias à efetiva implantação das medidas indicadas no art. 2º desta Lei. Art. 19. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 20. Revogam-se as disposições em contrário. Brasília, 24 de outubro de 1989; 168º da Independência e 101º da República.
LEI Nº 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991
Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Providência Social e dá outras providências.
...
SUBSEÇÃO II
Da Habilitação e da Reabilitação Profissional
Art. 89. A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar ao
beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às pessoas
portadoras de deficiência, os meios para a (re)educação e de (re)adaptação
profissional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto
em que vive.
Parágrafo único. A reabilitação profissional compreende:
a) o fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instrumentos de auxílio para
locomoção quando a perda ou redução da capacidade funcional puder ser atenuada
por seu uso e dos equipamentos necessários à habilitação e reabilitação social e
profissional;
53
b) a reparação ou a substituição dos aparelhos mencionados no inciso anterior,
desgastados pelo uso normal ou por ocorrência estranha à vontade do beneficiário;
c) o transporte do acidentado do trabalho, quando necessário.
Art. 90. A prestação de que trata o artigo anterior é devida em caráter obrigatório
aos segurados, inclusive aposentados e, na medida das possibilidades do órgão da
Previdência Social, aos seus dependentes.
Art. 91. Será concedido, no caso de habilitação e reabilitação profissional, auxílio
para tratamento ou exame fora do domicilio do beneficiário, conforme dispuser o
Regulamento.
Art. 92. Concluído o processo de habilitação ou reabilitação social e profissional, a
Previdência Social emitirá certificado individual, indicando as atividades que poderão
ser exercidas pelo beneficiário, nada impedindo que este exerça outra atividade para
a qual se capacitar.
Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher
de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários
reabilitados ou pessoas portadoras de deficiências habilitadas, na seguinte
proporção:
I - até 200 empregados ...2%;
II - de 201 a 500 .............3%;
III - de 501 a 1.000 .........4%;
IV - de 1.001 em diante ..5%.
1° A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habilitado ao final de
contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias, e a imotivada, no
contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer após a contratação de
substituto de condição semelhante.
2° O Ministério do Trabalho e da Previdência Social deverá gerar estatísticas sobre o
total de empregados e as vagas preenchidas por reabilitados e deficientes
habilitados, fornecendo-as, quando solicitadas, aos sindicatos ou entidades
representativas dos empregados.
54
SEÇÃO VII
Da Contagem Recíproca de Tempo de Serviço
Art. 94. Para efeito dos benefícios previstos no Regime Geral de Previdência Social,
é assegurada a contagem reciproca do tempo de contribuição ou de serviço na
administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os
diferentes sistemas de previdência social se compensarão financeiramente.
Parágrafo único. A compensação financeira será feita ao sistema a que o
interessado estiver vinculado ao requerer o benefício pelos demais sistemas, em
relação aos respectivos tempos de contribuição ou de serviço, conforme dispuser o
Regulamento.
Art. 95. Observada a carência de 36 (trinta e seis) contribuições mensais, o
segurado poderá contar, para fins de obtenção dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social, o tempo de serviço prestado à administração pública federal
direta, autárquica e fundacional.
Parágrafo único. Poderá ser contado o tempo de serviço prestado à administração
pública direta, autárquica e fundacional dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, desde que estes assegurem aos seus servidores a contagem de tempo
do serviço em atividade vinculada ao Regime Geral de Previdência Social.
Art. 96. O tempo de contribuição ou de serviço de que trata esta Seção será contado
de acordo com a legislação pertinente, observadas as normas seguintes:
I - não será admitida a contagem em dobro ou em outras condições especiais;
II - é vedada a contagem de tempo de serviço público com o de atividade privada,
quando concomitantes;
III - não será contado por um sistema o tempo de serviço utilizado para concessão
de aposentadoria pelo outro;
IV - o tempo de serviço anterior ou posterior à obrigatoriedade de filiação à
Previdência Social só será contado mediante indenização da contribuição
correspondente ao período respectivo, com os acréscimos legais;
55
V - o tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data de início de
vigência desta Lei, será computado sem que seja necessário o pagamento das
contribuições a ele correspondentes, desde que cumprido o período de carência.
Art. 97. A aposentadoria por tempo de serviço, com contagem de tempo na forma
desta Seção, será concedida ao segurado do sexo feminino a partir de 25 (vinte e
cinco) anos completos de serviço, e, ao segurado do sexo masculino, a partir de 30
(trinta) anos completos de serviço, ressalvadas as hipóteses de redução previstas
em lei.
Art. 98. Quando a soma dos tempos de serviço ultrapassar 30 (trinta) anos, se do
sexo feminino, e 35 (trinta e cinco) anos, se do sexo masculino, o excesso não será
considerado para qualquer efeito.
Art. 99. O benefício resultante de contagem de tempo de serviço na forma desta
Seção será concedido e pago pelo sistema a que o interessado estiver vinculado ao
requerê-lo, e calculado na forma da respectiva legislação.
SEÇÃO VIII
Das Disposições Diversas Relativas às Prestações
Art. 100. (Vetado).
Art. 101. O segurado em gozo de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e o
pensionista inválido estão obrigados, sob pena de suspensão do benefício, a
submeter-se a exame médico a cargo da Previdência Social, processo de
reabilitação profissional por ela prescrito e custeado, e tratamento dispensado
gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos.
(Redação dada pela Lei n° 9.032, de 28.4.95)
Art. 102. A perda da qualidade de segurado após o preenchimento de todos os
requisitos exigíveis para a concessão de aposentadoria ou pensão não importa em
extinção do direito a esses benefícios.
56
Art. 103. Sem prejuízo do direito ao benefício, prescreve em 5 (cinco) anos o direito
às prestações não pagas nem reclamadas na época própria resguardados os
direitos dos menores dependentes, dos incapazes ou dos ausentes.
Art. 104. As ações referentes à prestação por acidente de trabalho prescrevem em 5
(cinco) anos, observado o disposto no art. 103 desta Lei, contados da data:
I - do acidente, quando dele resultar a morte ou a incapacidade temporária,
verificada esta em perícia médica a cargo da Previdência Social; ou
II - em que for reconhecida pela Previdência Social, a incapacidade permanente ou o
agravamento das seqüelas do acidente.
Art. 105. A apresentação de documentação incompleta não constitui motivo para
recusa do requerimento do benefício.
Art. 106. Para comprovação do exercício de atividade rural será obrigatória, a partir
de 16 de abril de 1994, a apresentação da Carteira de Identificação e Contribuição-
CIC referida no § 3° do art. 12 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991. (Redação
dada pela Lei n° 9.063, de 14.6.95)
Parágrafo único. A comprovação do exercício de atividade rural referente ao período
anterior a 16 de abril de 1994, observado o disposto no § 3° do art. 55 desta Lei, far-
se-á alternativamente através de: (Redação dada pela Lei n° 9.063, de 14.6.95)
I - contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência Social;
II - contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;
III - declaração de sindicato de trabalhadores rurais, desde que homologada pelo
INSS; (Redação dada pela Lei n° 9.063, de 14.6.95)
IV - comprovante de cadastro do INCRA, no caso produtores em regime de
economia familiar; (Redação dada pela Lei n° 9.063, de 14.6.95)
V - bloco de notas do produtor rural. (Redação dada pela Lei n° 9.063, 14.6.95)
Art. 107. O tempo de serviço de que trata o art. 55 desta Lei será considerado para
cálculo do valor da renda mensal de qualquer benefício.
Art. 108. Mediante justificação processada perante a Previdência Social, observado
o disposto no § 3° do art. 55 e na forma estabelecida no Regulamento, poderá ser
57
suprida a falta de documento ou provado ato do interesse de beneficiário ou
empresa, salvo no que se refere a registro público.
Art. 109. O benefício será pago diretamente ao beneficiário, salvo em caso de
ausência, moléstia contagiosa ou impossibilidade de locomoção, quando será pago
a procurador, cujo mandato não terá prazo superior a doze meses, podendo ser
renovado. (Redação dada pela Lei n° 8.870, de 15.4.94)
Parágrafo único. A impressão digital do beneficiário incapaz de assinar, aposta na
presença de servidor da Previdência Social, vale como assinatura para quitação de
pagamento de benefício.
Art. 110. O benefício devido ao segurado ou dependente civilmente incapaz será
feito ao cônjuge, pai, mãe, tutor ou curador, admitindo-se, na sua falta e por período
não superior a 6 (seis) meses, o pagamento a herdeiro necessário, mediante termo
de compromisso firmado no ato do recebimento.
Parágrafo único. Para efeito de curatela, no caso de interdição do beneficiário, a
autoridade judiciaria pode louvar-se no laudo médico-pericial da Previdência Social.
Art. 111. O segurado menor poderá, conforme dispuser o Regulamento, firmar
recibo de benefício, independentemente da presença dos pais ou do tutor.
Art. 112. O valor não recebido em vida pelo segurado só será pago aos seus
dependentes habilitados à pensão por morte ou, na falta deles, aos seus sucessores
na forma da lei civil, independentemente de inventário ou arrolamento.
Art. 113. O benefício poderá ser pago mediante depósito em conta corrente ou por
autorização de pagamento, conforme se dispuser em regulamento.
Parágrafo único. Na hipótese da falta de movimentação a débito em conta corrente
utilizada para pagamento de benefícios, por prazo superior a sessenta dias, os
valores dos benefícios remanescentes serão creditados em conta especial, à ordem
do INSS, com a identificação de sua origem. (Parágrafo acrescentado pela Lei n°
8.870, de 15.4.94)
58
Art. 114. Salvo quando o valor devido à Previdência Social e a desconto autorizado
por esta Lei, ou derivado da obrigação de prestar alimentos reconhecida em
sentença judicial, o benefício não pode ser objeto de penhora, arresto ou seqüestro,
sendo nula de pleno direito a sua venda ou cessão, ou a constituição de qualquer
ônus sobre ele, bem como a outorga de poderes irrevogáveis ou em causa própria
para o seu recebimento.
Art. 115. Podem ser descontados dos benefícios:
I - contribuições devidas pelo segurado à Previdência Social;
II - pagamento de benefício além do devido;
III - Imposto de Renda retido na fonte;
IV - pensão de alimentos decretada em sentença judicial;
V - mensalidades de associações e demais entidades de aposentados legalmente
reconhecidas, desde que autorizadas por seus filiados.
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II, o desconto será feito em parcelas,
conforme dispuser o regulamento, salvo má-fé.
Art. 116. Será fornecido ao beneficiário demonstrativo minucioso das importâncias
pagas, discriminando-se o valor da mensalidade, as diferenças eventualmente
pagas com o período a que se referem e os descontos efetuados.
Art. 117. A empresa, o sindicato ou a entidade de aposentados devidamente
legalizada poderá, mediante convênio com a Previdência Social, encarregar-se,
relativamente a seu empregado ou associado e respectivos dependentes, de:
I - processar requerimento de benefício, preparando e instruindo-o de maneira a ser
despachado pela Previdência Social;
II - submeter o requerente a exame médico, inclusive complementar, encaminhando
à Previdência Social o respectivo laudo, para efeito de homologação e posterior
concessão de benefício que depender de avaliação de incapacidade;
III - pagar benefício.
Parágrafo único. O convênio poderá dispor sobre o reembolso das despesas da
empresa, do sindicato ou da entidade de aposentados devidamente legalizada,
correspondente aos serviços previstos nos incisos II e III, ajustado por valor global
59
conforme o número de empregados ou de associados, mediante dedução do valor
das contribuições previdenciárias a serem recolhidas pela empresa.
Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo
mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa,
após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção
de auxílio-acidente.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei n° 9.032, de 28.4.95)
Art. 119. Por intermédio dos estabelecimentos de ensino, sindicatos, associações de
classe, Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho-
FUNDACENTRO, órgãos públicos e outros meios, serão promovidas regularmente
instrução e formação com vistas a incrementar costumes e atitudes prevencionistas
em matéria de acidente, especialmente do trabalho.
Art. 120. Nos casos de negligência quanto às normas padrão de segurança e
higiene do trabalho indicados para a proteção individual e coletiva, a Previdência
Social proporá ação regressiva contra os responsáveis.
Art. 121. O pagamento, pela Previdência Social, das prestações por acidente do
trabalho não exclui a responsabilidade civil da empresa ou de outrem.
Art. 122. (Revogado pela Lei n° 9.032, de 28.4.95)
Art. 123. (Revogado pela Lei n° 9.032, de 28.4.95)
Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto
dos seguintes benefícios da Previdência Social:
I - aposentadoria e auxílio-doença;
II - mais de uma aposentadoria; (Redação dada pela Lei n° 9.032, de 28.4.95)
III - aposentadoria e abono de permanência em serviço;
IV - salário-maternidade e auxílio-doença; (Inciso acrescentado pela Lei n° 9.032, de
28.4.95)
V - mais de um auxílio-acidente;(Inciso acrescentado pela Lei n° 9.032, de 28.4.95)
60
VI - mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado o direito
de opção pela mais vantajosa.(Inciso acrescentado pela Lei n° 9.032, de 28.4.95)
Parágrafo único. É vetado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com
qualquer benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão
por morte ou auxílio-acidente. (Parágrafo único acrescentado pela Lei n° 9.032, de
28.4.95)
LEI Nº 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993
Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e
eu sanciono a seguinte lei:
LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
CAPÍTULO I
Das Definições e dos Objetivos
Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de
Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através
de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para
garantir o atendimento às necessidades básicas.
Art. 2º A assistência social tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção
de sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de 1 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família.
61
Parágrafo único. A assistência social realiza-se de forma integrada às políticas
setoriais, visando ao enfrentamento da pobreza, à garantia dos mínimos sociais, ao
provimento de condições para atender contingências sociais e à universalização dos
direitos sociais .
Art. 3º Consideram-se entidades e organizações de assistência social aquelas que
prestam, sem fins lucrativos, atendimento e assessoramento aos beneficiários
abrangidos por esta lei, bem como as que atuam na defesa e garantia de seus
direitos.
CAPÍTULO II
Dos Princípios e das Diretrizes
SEçãO I
Dos Princípios
Art. 4º A assistência social rege-se pelos seguintes princípios:
I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de
rentabilidade econômica;
II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação
assistencial alcançável pelas demais políticas públicas;
III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e
serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se
qualquer comprovação vexatória de necessidade;
IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer
natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais;
V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais,
bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua
concessão.
SEçãO II
Das Diretrizes
Art. 5º A organização da assistência social tem como base as seguintes diretrizes:
62
I - descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo;
II - participação da população, por meio de organizações representativas, na
formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis;
III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência
social em cada esfera de governo.
CAPÍTULO III
Da Organização e da Gestão
Art. 6º As ações na área de assistência social são organizadas em sistema
descentralizado e participativo, constituído pelas entidades e organizações de
assistência social abrangidas por esta lei, que articule meios, esforços e recursos, e
por um conjunto de instâncias deliberativas compostas pelos diversos setores
envolvidos na área.
Parágrafo único. A instância coordenadora da Política Nacional de Assistência Social
é o Ministério do Bem-Estar Social.
Art. 7º As ações de assistência social, no âmbito das entidades e organizações de
assistência social, observarão as normas expedidas pelo Conselho Nacional de
Assistência Social (CNAS), de que trata o art. 17 desta lei.
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, observados os
princípios e diretrizes estabelecidos nesta lei, fixarão suas respectivas Políticas de
Assistência Social .
Art. 9º O funcionamento das entidades e organizações de assistência social
depende de prévia inscrição no respectivo Conselho Municipal de Assistência Social,
ou no Conselho de Assistência Social do Distrito Federal, conforme o caso.
1º A regulamentação desta lei definirá os critérios de inscrição e funcionamento das
entidades com atuação em mais de um município no mesmo Estado, ou em mais de
um Estado ou Distrito Federal.
2º Cabe ao Conselho Municipal de Assistência Social e ao Conselho de Assistência
Social do Distrito Federal a fiscalização das entidades referidas no caput na forma
prevista em lei ou regulamento.
3º A inscrição da entidade no Conselho Municipal de Assistência Social, ou no
Conselho de Assistência Social do Distrito Federal, é condição essencial para o
63
encaminhamento de pedido de registro e de certificado de entidade de fins
filantrópicos junto ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).
4º As entidades e organizações de assistência social podem, para defesa de seus
direitos referentes à inscrição e ao funcionamento, recorrer aos Conselhos Nacional,
Estaduais, Municipais e do Distrito Federal.
Art. 10. A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal podem celebrar
convênios com entidades e organizações de assistência social, em conformidade
com os Planos aprovados pelos respectivos Conselhos.
Art. 11. As ações das três esferas de governo na área de assistência social
realizam-se de forma articulada, cabendo a coordenação e as normas gerais à
esfera federal e a coordenação e execução dos programas, em suas respectivas
esferas, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios .
Art. 12. Compete à União:
I - responder pela concessão e manutenção dos benefícios de prestação continuada
definidos no art. 203 da Constituição Federal;
II - apoiar técnica e financeiramente os serviços, os programas e os projetos de
enfrentamento da pobreza em âmbito nacional;
III - atender, em conjunto com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, às
ações assistenciais de caráter de emergência.
Art. 13. Compete aos Estados:
I - destinar recursos financeiros aos Municípios, a título de participação no custeio do
pagamento dos auxílios natalidade e funeral, mediante critérios estabelecidos pelos
Conselhos Estaduais de Assistência Social;
II - apoiar técnica e financeiramente os serviços, os programas e os projetos de
enfrentamento da pobreza em âmbito regional ou local;
III - atender, em conjunto com os Municípios, às ações assistenciais de caráter de
emergência;
IV - estimular e apoiar técnica e financeiramente as associações e consórcios
municipais na prestação de serviços de assistência social;
V - prestar os serviços assistenciais cujos custos ou ausência de demanda municipal
justifiquem uma rede regional de serviços, desconcentrada, no âmbito do respectivo
Estado.
Art. 14. Compete ao Distrito Federal:
64
I - destinar recursos financeiros para o custeio do pagamento dos auxílios natalidade
e funeral, mediante critérios estabelecidos pelo Conselho de Assistência Social do
Distrito Federal;
II - efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral;
III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluindo a parceria com
organizações da sociedade civil;
IV - atender às ações assistenciais de caráter de emergência;
V - prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23 desta lei.
Art. 15. Compete aos Municípios:
I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento dos auxílios natalidade e
funeral, mediante critérios estabelecidas pelos Conselhos Municipais de Assistência
Social;
II - efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral;
III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluindo a parceria com
organizações da sociedade civil;
IV - atender às ações assistenciais de caráter de emergência;
V - prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23 desta lei.
Art. 16. As instâncias deliberativas do sistema descentralizado e participativo de
assistência social, de caráter permanente e composição paritária entre governo e
sociedade civil, são:
I - o Conselho Nacional de Assistência Social;
II - os Conselhos Estaduais de Assistência Social;
III - o Conselho de Assistência Social do Distrito Federal;
IV - os Conselhos Municipais de Assistência Social.
Art. 17. Fica instituído o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), órgão
superior de deliberação colegiada, vinculado à estrutura do órgão da Administração
Pública Federal responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência
Social, cujos membros, nomeados pelo Presidente da República, têm mandato de 2
(dois) anos, permitida uma única recondução por igual período.
1º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é composto por 18 (dezoito)
membros e respectivos suplentes, cujos nomes são indicados ao órgão da
Administração Pública Federal responsável pela coordenação da Política Nacional
de Assistência Social, de acordo com os critérios seguintes:
65
I - 9 (nove) representantes governamentais, incluindo 1 (um) representante dos
Estados e 1 (um) dos Municípios;
II - 9 (nove) representantes da sociedade civil, dentre representantes dos usuários
ou de organizações de usuários, das entidades e organizações de assistência social
e dos trabalhadores do setor, escolhidos em foro próprio sob fiscalização do
Ministério Público Federal.
2º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é presidido por um de seus
integrantes, eleito dentre seus membros, para mandato de 1 (um) ano, permitida
uma única recondução por igual período.
3º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) contará com uma Secretaria
Executiva, a qual terá sua estrutura disciplinada em ato do Poder Executivo.
4º Os Conselhos de que tratam os incisos II, III e IV do art. 16 deverão ser
instituídos, respectivamente, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios,
mediante lei específica.
Art. 18. Compete ao Conselho Nacional de Assistência Social:
I - aprovar a Política Nacional de Assistência Social;
II - normatizar as ações e regular a prestação de serviços de natureza pública e
privada no campo da assistência social;
III - fixar normas para a concessão de registro e certificado de fins filantrópicos às
entidades privadas prestadoras de serviços e assessoramento de assistência social;
IV - conceder atestado de registro e certificado de entidades de fins filantrópicos, na
forma do regulamento a ser fixado, observado o disposto no art. 9º desta lei;
V - zelar pela efetivação do sistema descentralizado e participativo de assistência
social;
VI - convocar ordinariamente a cada 2 (dois) anos, ou extraordinariamente, por
maioria absoluta de seus membros, a Conferência Nacional de Assistência Social,
que terá a atribuição de avaliar a situação da assistência social e propor diretrizes
para o aperfeiçoamento do sistema;
VII - (Vetado.)
VIII - apreciar e aprovar a proposta orçamentária da Assistência Social a ser
encaminhada pelo órgão da Administração Pública Federal responsável pela
coordenação da Política Nacional de Assistência Social;
IX - aprovar critérios de transferência de recursos para os Estados, Municípios e
Distrito Federal, considerando, para tanto, indicadores que informem sua
66
regionalização mais eqüitativa, tais como: população, renda per capita, mortalidade
infantil e concentração de renda, além de disciplinar os procedimentos de repasse
de recursos para as entidades e organizações de assistência social, sem prejuízo
das disposições da Lei de Diretrizes Orçamentárias;
X - acompanhar e avaliar a gestão dos recursos, bem como os ganhos sociais e o
desempenho dos programas e projetos aprovados;
XI - estabelecer diretrizes, apreciar e aprovar os programas anuais e plurianuais do
Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS);
XII - indicar o representante do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS)
junto ao Conselho Nacional da Seguridade Social;
XIII - elaborar e aprovar seu regimento interno;
XIV - divulgar, no Diário Oficial da União, todas as suas decisões, bem como as
contas do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) e os respectivos pareceres
emitidos.
Art. 19. Compete ao órgão da Administração Pública Federal responsável pela
coordenação da Política Nacional de Assistência Social:
I - coordenar e articular as ações no campo da assistência social;
II - propor ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) a Política Nacional de
Assistência Social, suas normas gerais, bem como os critérios de prioridade e de
elegibilidade, além de padrões de qualidade na prestação de benefícios, serviços,
programas e projetos;
III - prover recursos para o pagamento dos benefícios de prestação continuada
definidos nesta lei;
IV - elaborar e encaminhar a proposta orçamentária da assistência social, em
conjunto com as demais da Seguridade Social;
V - propor os critérios de transferência dos recursos de que trata esta lei;
VI - proceder à transferência dos recursos destinados à assistência social, na forma
prevista nesta lei;
VII - encaminhar à apreciação do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS)
relatórios trimestrais e anuais de atividades e de realização financeira dos recursos;
VIII - prestar assessoramento técnico aos Estados, ao Distrito Federal, aos
Municípios e às entidades e organizações de assistência social;
IX - formular política para a qualificação sistemática e continuada de recursos
humanos no campo da assistência social;
67
X - desenvolver estudos e pesquisas para fundamentar as análises de necessidades
e formulação de proposições para a área;
XI - coordenar e manter atualizado o sistema de cadastro de entidades e
organizações de assistência social, em articulação com os Estados, os Municípios e
o Distrito Federal;
XII - articular-se com os órgãos responsáveis pelas políticas de saúde e previdência
social, bem como com os demais responsáveis pelas políticas sócio-econômicas
setoriais, visando à elevação do patamar mínimo de atendimento às necessidades
básicas;
XIII - expedir os atos normativos necessários à gestão do Fundo Nacional de
Assistência Social (FNAS), de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Conselho
Nacional de Assistência Social (CNAS);
XIV - elaborar e submeter ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) os
programas anuais e plurianuais de aplicação dos recursos do Fundo Nacional de
Assistência Social (FNAS).
CAPÍTULO IV
Dos Benefícios, dos Serviços, dos Programas e dos Projetos de Assistência
Social
SEçãO I
Do Benefício de Prestação Continuada
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 (um) salário mínimo
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou mais
e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la
provida por sua família.
§ 1º Para os efeitos do disposto no caput, entende-se por família a unidade
mononuclear, vivendo sob o mesmo teto, cuja economia é mantida pela contribuição
de seus integrantes.
§ 2º Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa portadora de deficiência é
aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho.
68
§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de
deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um
quarto) do salário mínimo.
§ 4º O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário
com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo o da
assistência médica.
§ 5º A situação de internado não prejudica o direito do idoso ou do portador de
deficiência ao benefício.
§ 6º A deficiência será comprovada através de avaliação e laudo expedido por
serviço que conte com equipe multiprofissional do Sistema Único de Saúde (SUS) ou
do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), credenciados para esse fim pelo
Conselho Municipal de Assistência Social.
§ 7º Na hipótese de não existirem serviços credenciados no Município de residência
do beneficiário, fica assegurado o seu encaminhamento ao Município mais próximo
que contar com tal estrutura.
Art. 21. O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos
para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem.
§ 1º O pagamento do benefício cessa no momento em que forem superadas as
condições referidas no caput, ou em caso de morte do beneficiário.
§ 2º O benefício será cancelado quando se constatar irregularidade na sua
concessão ou utilização.
SEçãO II
Dos Benefícios Eventuais
Art. 22. Entendem-se por benefícios eventuais aqueles que visam ao pagamento de
auxílio por natalidade ou morte às famílias cuja renda mensal per capita seja inferior
a 1/4 (um quarto) do salário mínimo.
§ 1º A concessão e o valor dos benefícios de que trata este artigo serão
regulamentados pelos Conselhos de Assistência Social dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, mediante critérios e prazos definidos pelo Conselho
Nacional de Assistência Social (CNAS).
§ 2º Poderão ser estabelecidos outros benefícios eventuais para atender
necessidades advindas de situações de vulnerabilidade temporária, com prioridade
69
para a criança, a família, o idoso, a pessoa portadora de deficiência, a gestante, a
nutriz e nos casos de calamidade pública.
§ 3º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), ouvidas as respectivas
representações de Estados e Municípios dele participantes, poderá propor, na
medida das disponibilidades orçamentárias das três esferas de governo, a instituição
de benefícios subsidiários no valor de até 25% (vinte e cinco por cento) do salário
mínimo para cada criança de até 6 (seis) anos de idade, nos termos da renda
mensal familiar estabelecida no caput.
SEçãO III
Dos Serviços
Art. 23. Entendem-se por serviços assistenciais as atividades continuadas que
visem à melhoria de vida da população e cujas ações, voltadas para as
necessidades básicas, observem os objetivos, princípios e diretrizes estabelecidas
nesta lei.
Parágrafo único. Na organização dos serviços será dada prioridade à infância e à
adolescência em situação de risco pessoal e social, objetivando cumprir o disposto
no art. 227 da Constituição Federal e na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.
SEçãO IV
Dos Programas de Assistência Social
Art. 24. Os programas de assistência social compreendem ações integradas e
complementares com objetivos, tempo e área de abrangência definidos para
qualificar, incentivar e melhorar os benefícios e os serviços assistenciais.
§ 1º Os programas de que trata este artigo serão definidos pelos respectivos
Conselhos de Assistência Social, obedecidos os objetivos e princípios que regem
esta lei, com prioridade para a inserção profissional e social.
§ 2º Os programas voltados ao idoso e à integração da pessoa portadora de
deficiência serão devidamente articulados com o benefício de prestação continuada
estabelecido no art. 20 desta lei.
70
SEçãO V
Dos Projetos de Enfrentamento da Pobreza
Art. 25. Os projetos de enfrentamento da pobreza compreendem a instituição de
investimento econômico-social nos grupos populares, buscando subsidiar, financeira
e tecnicamente, iniciativas que lhes garantam meios, capacidade produtiva e de
gestão para melhoria das condições gerais de subsistência, elevação do padrão da
qualidade de vida, a preservação do meio-ambiente e sua organização social .
Art. 26. O incentivo a projetos de enfrentamento da pobreza assentar-se-á em
mecanismos de articulação e de participação de diferentes áreas governamentais e
em sistema de cooperação entre organismos governamentais, não governamentais
e da sociedade civil.
CAPÍTULO V
Do Financiamento da Assistência Social
Art. 27. Fica o Fundo Nacional de Ação Comunitária (Funac), instituído pelo Decreto
nº 91.970, de 22 de novembro de 1985, ratificado pelo Decreto Legislativo nº 66, de
18 de dezembro de 1990, transformado no Fundo Nacional de Assistência Social
(FNAS).
Art. 28. O financiamento dos benefícios, serviços, programas e projetos
estabelecidos nesta lei far-se-á com os recursos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, das demais contribuições sociais previstas no art. 195 da
Constituição Federal, além daqueles que compõem o Fundo Nacional de Assistência
Social (FNAS).
§ 1º Cabe ao órgão da Administração Pública Federal responsável pela coordenação
da Política Nacional de Assistência Social gerir o Fundo Nacional de Assistência
Social (FNAS) sob a orientação e controle do Conselho Nacional de Assistência
Social (CNAS).
§ 2º O Poder Executivo disporá, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da
data de publicação desta lei, sobre o regulamento e funcionamento do Fundo
Nacional de Assistência Social (FNAS).
71
Art. 29. Os recursos de responsabilidade da União destinados à assistência social
serão automaticamente repassados ao Fundo Nacional de Assistência Social
(FNAS), à medida que se forem realizando as receitas.
Art. 30. É condição para os repasses, aos Municípios, aos Estados e ao Distrito
Federal, dos recursos de que trata esta lei, a efetiva instituição e funcionamento de:
I - Conselho de Assistência Social, de composição paritária entre governo e
sociedade civil;
II - Fundo de Assistência Social, com orientação e controle dos respectivos
Conselhos de Assistência Social;
III - Plano de Assistência Social.
CAPÍTULO VI
Das Disposições Gerais e Transitórias
Art. 31. Cabe ao Ministério Público zelar pelo efetivo respeito aos direitos
estabelecidos nesta lei.
Art. 32. O Poder Executivo terá o prazo de 60 (sessenta) dias, a partir da publicação
desta lei, obedecidas as normas por ela instituídas, para elaborar e encaminhar
projeto de lei dispondo sobre a extinção e reordenamento dos órgãos de assistência
social do Ministério do Bem-Estar Social.
§ 1º O projeto de que trata este artigo definirá formas de transferências de
benefícios, serviços, programas, projetos, pessoal, bens móveis e imóveis para a
esfera municipal.
§ 2º O Ministro de Estado do Bem-Estar Social indicará Comissão encarregada de
elaborar o projeto de lei de que trata este artigo, que contará com a participação das
organizações dos usuários, de trabalhadores do setor e de entidades e organizações
de assistência social.
Art. 33. Decorrido o prazo de 120 (cento e vinte) dias da promulgação desta lei, fica
extinto o Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), revogando-se, em
conseqüência, os Decretos-Lei nºs 525, de 1º de julho de 1938, e 657, de 22 de
julho de 1943.
1º O Poder Executivo tomará as providências necessárias para a instalação do
Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e a transferência das atividades
72
que passarão à sua competência dentro do prazo estabelecido no caput, de forma a
assegurar não haja solução de continuidade.
2º O acervo do órgão de que trata o caput será transferido, no prazo de 60
(sessenta) dias, para o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), que
promoverá, mediante critérios e prazos a serem fixados, a revisão dos processos de
registro e certificado de entidade de fins filantrópicos das entidades e organização
de assistência social, observado o disposto no art. 3º desta lei.
Art. 34. A União continuará exercendo papel supletivo nas ações de assistência
social, por ela atualmente executadas diretamente no âmbito dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal, visando à implementação do disposto nesta lei, por
prazo máximo de 12 (doze) meses, contados a partir da data da publicação desta lei.
Art. 35. Cabe ao órgão da Administração Pública Federal responsável pela
coordenação da Política Nacional de Assistência Social operar os benefícios de
prestação continuada de que trata esta lei, podendo, para tanto, contar com o
concurso de outros órgãos do Governo Federal, na forma a ser estabelecida em
regulamento.
Parágrafo único. O regulamento de que trata o caput definirá as formas de
comprovação do direito ao benefício, as condições de sua suspensão, os
procedimentos em casos de curatela e tutela e o órgão de credenciamento, de
pagamento e de fiscalização, dentre outros aspectos.
Art. 36. As entidades e organizações de assistência social que incorrerem em
irregularidades na aplicação dos recursos que lhes forem repassados pelos poderes
públicos terão cancelado seu registro no Conselho Nacional de Assistência Social
(CNAS), sem prejuízo de ações cíveis e penais.
Art. 37. Os benefícios de prestação continuada serão concedidos, a partir da
publicação desta lei, gradualmente e no máximo em até:
I - 12 (doze) meses, para os portadores de deficiência;
II - 18 (dezoito) meses, para os idosos.
Art. 38. A idade prevista no art. 20 desta lei reduzir-se-á, respectivamente, para 67
(sessenta e sete) e 65 (sessenta e cinco) anos após 24 (vinte e quatro) e 48
(quarenta e oito) meses do início da concessão.
Art. 39. O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), por decisão da maioria
absoluta de seus membros, respeitados o orçamento da seguridade social e a
disponibilidade do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), poderá propor ao
73
Poder Executivo a alteração dos limites de renda mensal per capita definidos no § 3º
do art. 20 e caput do art. 22.
Art. 40. Com a implantação dos benefícios previstos nos arts. 20 e 22 desta lei,
extinguem-se a renda mensal vitalícia, o auxílio-natalidade e o auxílio-funeral
existentes no âmbito da Previdência Social, conforme o disposto na Lei nº 8.213, de
24 de julho de 1991.
Parágrafo único. A transferência dos beneficiários do sistema previdenciário para a
assistência social deve ser estabelecida de forma que o atendimento à população
não sofra solução de continuidade.
Art. 41. Esta lei entra em vigor na data da sua publicação.
Art. 42. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 7 de dezembro de 1993, 172º da Independência e 105º da República.
LEI Nº 8.859, DE 23 DE MARÇO DE 1994
Modifica dispositivos da Lei nº 6.494, de 7
de dezembro de 1977, estendendo aos
alunos de ensino especial o direito à
participação em atividades de estágio.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Art. 1º O art. 1° e o § 1º do art. 3° da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977,
passam a vigorar com a seguinte redação:
"Art 1º As pessoas jurídicas de Direito Privado, os órgãos de Administração Pública
e as Instituições de Ensino podem aceitar, como estagiários, os alunos regularmente
matriculados em cursos vinculados ao ensino público e particular.
§ 1º os alunos a que se refere o caput deste artigo devem, comprovadamente, estar
freqüentando cursos de nível superior, profissionalizante de 2º grau, ou escolas de
educação especial.
§ 2º o estágio somente poderá verificar-se em unidades que tenham condições de
proporcionar experiência prática na linha de formação do estagiário, devendo o
aluno estar em condições de realizar o estágio, segundo o disposto na
regulamentação da presente lei.
74
§ 3º Os estágios devem propiciar a complementação do ensino e da aprendizagem e
ser planejados, executados, acompanhados e avaliados em conformidade com os
currículos, programas e calendários escolares.
................................................................................
.................................................................
Art.3º. ................................................................................ ............................................
................................................................................
.................................................................
§ 1º Os estágios curriculares serão desenvolvidos de acordo com o disposto no § 3°
do art. 1º desta lei."
Art. 2º O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de trinta dias, contado da
data de sua publicação.
Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 23 de março de 1994; 173º da Independência e 106º da República.
ITAMAR FRANCO
Murílio de Avellar Hingel
DECRETO Nº 3.048, DE 6 DE MAIO DE 1999.
Aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras providências .
...
CAPÍTULO V
DA HABILITAÇÃO E DA REABILITAÇÃO PROFISSIONAL
Art. 136. A assistência (re)educativa e de (re)adaptação profissional, instituída sob a
denominação genérica de habilitação e reabilitação profissional, visa proporcionar
aos beneficiários, incapacitados parcial ou totalmente para o trabalho, em caráter
obrigatório, independentemente de carência, e às pessoas portadoras de deficiência,
os meios indicados para proporcionar o reingresso no mercado de trabalho e no
contexto em que vivem.
§ 1º Cabe ao Instituto Nacional do Seguro Social promover a prestação de que trata
este artigo aos segurados, inclusive aposentados, e, de acordo com as
possibilidades administrativas, técnicas, financeiras e as condições locais do órgão,
75
aos seus dependentes, preferencialmente mediante a contratação de serviços
especializados.
§ 2º As pessoas portadoras de deficiência serão atendidas mediante celebração de
convênio de cooperação técnico-financeira.
Art 137. O processo de habilitação e de reabilitação profissional do beneficiário será
desenvolvido por meio das funções básicas de:
I - avaliação e definição da capacidade laborativa residual;
II - orientação e acompanhamento da programação profissional;
III - articulação com a comunidade, com vistas ao reingresso no mercado de
trabalho; e
IV - acompanhamento e pesquisa da fixação no mercado de trabalho.
§ 1º A execução das funções de que trata o caput dar-se-á, preferencialmente,
mediante o trabalho de equipe multiprofissional especializada em medicina, serviço
social, psicologia, sociologia, fisioterapia, terapia ocupacional e outras afins ao
processo, sempre que possível na localidade do domicílio do beneficiário,
ressalvadas as situações excepcionais em que este terá direito à reabilitação
profissional fora dela.
§ 2º Quando indispensáveis ao desenvolvimento do processo de reabilitação
profissional, o Instituto Nacional do Seguro Social fornecerá aos segurados, inclusive
aposentados, em caráter obrigatório, prótese e órtese, seu reparo ou substituição,
instrumentos de auxílio para locomoção, bem como equipamentos necessários à
habilitação e à reabilitação profissional, transporte urbano e alimentação e, na
medida das possibilidades do Instituto, aos seus dependentes.
§ 3º No caso das pessoas portadoras de deficiência, a concessão dos recursos
materiais referidos no parágrafo anterior ficará condicionada à celebração de
convênio de cooperação técnico-financeira.
§ 4º O Instituto Nacional do Seguro Social não reembolsará as despesas realizadas
com a aquisição de órtese ou prótese e outros recursos materiais não prescritos ou
não autorizados por suas unidades de reabilitação profissional.
Art 138. Cabe à unidade de reabilitação profissional comunicar à perícia médica a
ocorrência de que trata o § 2º do art. 337.
Art 139. A programação profissional será desenvolvida mediante cursos e/ou
treinamentos, na comunidade, por meio de contratos, acordos e convênios com
instituições e empresas públicas ou privadas, na forma do art. 317.
76
§ 1º O treinamento do reabilitando, quando realizado em empresa, não estabelece
qualquer vínculo empregatício ou funcional entre o reabilitando e a empresa, bem
como entre estes e o Instituto Nacional do Seguro Social.
§ 2º Compete ao reabilitando, além de acatar e cumprir as normas estabelecidas nos
contratos, acordos ou convênios, pautar-se no regulamento daquelas organizações.
Art 140. Concluído o processo de reabilitação profissional, o Instituto Nacional do
Seguro Social emitirá certificado individual indicando a função para a qual o
reabilitando foi capacitado profissionalmente, sem prejuízo do exercício de outra
para a qual se julgue capacitado.
§ 1º Não constitui obrigação da previdência social a manutenção do segurado no
mesmo emprego ou a sua colocação em outro para o qual foi reabilitado, cessando
o processo de reabilitação profissional com a emissão de certificado a que se refere
o caput .
2º Cabe à previdência social a articulação com a comunidade, com vistas ao
levantamento da oferta do mercado de trabalho, ao direcionamento da programação
profissional e à possibilidade de reingresso do reabilitando no mercado formal.
§ 3º O acompanhamento e a pesquisa de que trata o inciso IV do art. 137 é
obrigatório e tem como finalidade a comprovação da efetividade do processo de
reabilitação profissional.
Art 141. A empresa com cem ou mais empregados está obrigada a preencher de
dois por cento a cinco por cento de seus cargos com beneficiários reabilitados ou
pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:
I - até duzentos empregados, dois por cento;
II - de duzentos e um a quinhentos empregados, três por cento;
III - de quinhentos e um a mil empregados, quatro por cento; ou
IV - mais de mil empregados, cinco por cento.
§ 1º A dispensa de empregado na condição estabelecida neste artigo, quando se
tratar de contrato por tempo superior a noventa dias e a imotivada, no contrato por
prazo indeterminado, somente poderá ocorrer após a contratação de substituto em
condições semelhantes.
§ 2º Cabe ao Ministério da Previdência e Assistência Social estabelecer sistemática
de fiscalização, avaliação e controle das empresas, para o fiel cumprimento do
disposto neste artigo, gerando estatísticas sobre o total de empregados e vagas
preenchidas para acompanhamento por parte das unidades de reabilitação
77
profissional e dos sindicatos e entidades representativas de categorias, quando
solicitado.
DECRETO Nº 3.298, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1999
Regulamenta a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Polític a
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida a s
normas de proteção, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso das atribuições que lhe confere o art.84,
incisos IV e VI, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 7.853, de 24
de outubro de 1989,
DECRETA:
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art 1º A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
compreende o conjunto de orientações normativas que objetivam assegurar o pleno
exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência.
Art 2º Cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público assegurar à pessoa
portadora de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos
direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à
previdência social, à assistência social, ao transporte, à edificação pública, à
habitação, à cultura, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que
decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e
econômico.
Art 3º Para os efeitos deste Decreto, considera-se:
I - deficiência - toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica,
fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade,
dentro do padrão considerado normal para o ser humano;
II - deficiência permanente - aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um
período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de
que se altere, apesar de novos tratamentos; e
78
III - incapacidade - uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração
social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais
para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações
necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a
ser exercida.
Art 4º É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas
seguintes categorias:
I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do
corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se
sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia,
tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência
de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida,
exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o
desempenho de funções;
II - deficiência auditiva - perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras,
variando de graus e níveis na forma seguinte:
a) de 25 a 40 decibéis (db) - surdez leve;
b) de 41 a 55 db - surdem moderada;
c) de 56 a 70 db - surdez acentuada;
d) de 71 a 90 db - surdez severa;
e) acima de 91 db - surdez profunda; e
f) anacusia;
III - deficiência visual - acuidade visual igual ou menor que 20/200 no melhor olho,
após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º (tabela de Snellen), ou
ocorrência simultânea de ambas as situações;
IV - deficiência mental - funcionamento intelectual significativamente inferior à média,
com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais
áreas de habilidades adaptativas, tais como:
a) comunicação;
b) cuidado pessoal;
c) habilidades sociais;
d) utilização da comunidade;
e) saúde e segurança;
f) habilidades acadêmicas;
79
g) lazer; e
h) trabalho;
V - deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências.
CAPÍTULO II
DOS PRINCÍPIOS
Art 5º A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, em
consonância com o Programa Nacional de Direitos Humanos, obedecerá aos
seguintes princípios;
I - desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da sociedade civil, de modo a
assegurar a plena integração da pessoa portadora de deficiência no contexto sócio-
econômico e cultural;
II - estabelecimento de mecanismos e instrumentos legais e operacionais que
assegurem às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos
básicos que, decorrentes da Constituição e das lei, propiciam o seu bem-estar
pessoal, social e econômico; e
III - respeito às pessoas portadoras de deficiência, que devem receber igualdade de
oportunidades na sociedade por reconhecimento dos direitos que lhes são
assegurados, sem privilégios ou paternalismos.
CAPÍTULO III
DAS DIRETRIZES
Art 6º São diretrizes da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência:
I - estabelecer mecanismos que acelerem e favoreçam a inclusão social da pessoa
portadora de deficiência;
II - adotar estratégias de articulação com órgãos e entidades públicos e privados,
bem assim com organismos internacionais e estrangeiros para a implantação desta
Política;
III - incluir a pessoa portadora de deficiência, respeitadas as suas peculiaridades, em
todas as iniciativas governamentais relacionadas à educação, à saúde, ao trabalho,
à edificação pública, a previdência social, à assistência social, ao transporte, à
habitação, à cultura, ao esporte e ao lazer;
IV - viabilizar a participação da pessoa portadora de deficiência em todas as fases
de implementação dessa Política, por intermédio de suas entidades representativas;
80
V- ampliar as alternativas de inserção econômica de pessoas portadora de
deficiência, proporcionando a ela qualificação profissional e incorporação no
mercado de trabalho; e
VI - garantir o efetivo atendimento das necessidades da pessoa portadora de
deficiência sem o cunho assistenciaista.
CAPÍTULO IV
DOS OBJETIVOS
Art 7º São objetivos da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência:
I - o acesso, o ingresso e a permanência da pessoa portadora de deficiência em
todos os serviços oferecidos à comunidade;
II - integração das ações dos órgãos e das entidades públicos e privados nas áreas
de saúde, educação, trabalho, transporte, assistência social, edificação pública,
previdência social, habitação, cultura, desporto e lazer, visando à prevenção das
deficiências, à eliminação de suas múltiplas causas e à inclusão social;
III - desenvolvimento de programas setoriais destinados ao atendimento das
necessidades especiais da pessoa portadora de deficiência;
IV - formação de recursos humanos para atendimento da pessoa portadora de
deficiência; e
V - garantia de efetividade dos programas de prevenção de atendimento
especializado e de inclusão social.
CAPÍTULO V
DOS INSTRUMENTOS
Art 8º São instrumentos da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora
de Deficiência:
I - a articulação entre entidades governamentais e não-governamentais que tenham
responsabilidade quanto ao atendimento da pessoa de deficiência, em nível federal,
estadual, do Distrito Federal e municipal;
II - o fomento à formação de recursoS humanos para adequado e eficiente
atendimento da pessoa portadora de deficiência;
III - a aplicação da legislação específica que disciplina a reserva de mercado de
trabalho, em favor da pessoa portadora de deficiência, nos órgãos e nas entidades
públicos e privados;
81
IV - o fomento da tecnologia de bioengenharia voltada para a pessoa portadora de
deficiência, bem como a facilitação da importação de equipamento; e
V - a fiscalização do cumprimento da legislação pertinente à pessoa de deficiência.
CAPÍTULO VI
DOS ASPECTOS INSTITUCIONAIS
Art 9º Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta
deverão conferir, no âmbito das respectivas competências e finalidades, tratamentos
prioritários e adequado aos assuntos relativos à pessoa portadora de deficiência,
visando a assegurar-lhe o pleno exercício de seus direitos básicos e a efetiva
inclusão social.
Art 10. Na execução deste Decreto, a Administração Pública Federal direta e
indireta atuará de modo integrado e coordenado, seguindo planos e programas, com
prazos e objetivos determinados, aprovados pelo Conselho Nacional dos Direitos da
Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE.
Art 11. Ao CONADE, criado no âmbito do Ministério da Justiça como órgãos superior
de deliberação colegiada, compete:
I - zelar pela efetiva implantação da Política Nacional para Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência;
II - acompanhar o planejamento e avaliar a execução das políticas setoriais de
educação, saúde, trabalho, assistência social, transporte, cultura, turismo, desporto,
lazer, política urbana e outras relativas à pessoa portadora de deficiência;
III - acompanhar a elaboração e a execução da proposta orçamentária do Ministério
da Justiça, sugerindo as modificações necessárias à consecução da Política
Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência;
IV - zelar pela efetivação do sistema descentralizado e participativo de defesa dos
direitos da pessoa portadora de deficiência;
V - acompanhar e apoiar as políticas e as ações do Conselho dos Direitos da
Pessoa Portadora de Deficiência no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios;
VI - propor a elaboração de estudos e pesquisas que objetivem a melhoria da
qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência;
VII - propor e incentivar a realização de campanhas visando à prevenção de
deficiências e à promoção dos direitos da pessoa portadora de deficiência;
82
VIII - aprovar o plano de ação anual da Coordenadoria Nacional para Integração da
Pessoa Portadora de Deficiência - CORDE;
IX - acompanhar, mediante relatórios de gestão, o desempenho dos programas e
projetos da Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; e
X - elaborar o seu regimento interno.
Art 12. O CONADE será constituído, paritariamente, por representantes de
instituições governamentais e da sociedade civil, sendo a sua composição e o seu
funcionamento disciplinados em ato do Ministro de Estado da Justiça.
Parágrafo único. Na composição do CONADE, o Ministro de Estado da Justiça
disporá sobre critérios de escolha dos representantes a que se refere este artigo,
observando, entre outros, a representatividade e a efetiva atuação, em nível
nacional, relativamente à defesa dos direitos da pessoa portadora de deficiência.
Art 13. Poderão ser instituídas outras instâncias deliberativas pelos Estados, pelo
Distrito Federal e pelos Municípios, que integrarão sistema descentralizado de
defesa dos direitos da pessoa portadora de deficiência.
Art 14. Incumbe ao Ministério da Justiça, por intermédio da Secretaria de Estado dos
Direitos Humanos, a coordenação superior, na Administração Pública Federal, dos
assuntos, das atividades e das medidas que se refiram às pessoas portadoras de
deficiência.
§ 1º No âmbito da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, compete à CORDE:
I - exercer a coordenação superior dos assuntos, das ações governamentais e das
medidas referentes à pessoa portadora de deficiência;
II - elaborar os planos, programas e projetos da Política Nacional para Integração da
Pessoa Portadora de Deficiência, bem como propor as providências necessárias à
sua completa implantação e ao seu adequado desenvolvimento, inclusive as
pertinentes a recursos financeiros e as de caráter legislativo;
III - acompanhar e orientar a execução pela Administração Pública Federal dos
programas e projetos mencionados no inciso anterior;
IV - manifestar-se sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora
de Deficiência dos projetos a ela conexos, antes da liberação dos recursos
respectivos;
V - manter com os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e o Ministério Público,
estreito relacionamento, objetivando a concorrência de ações destinadas à
integração das pessoas portadoras de deficiência;
83
VI - provocar a iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre
fatos que constituam objeto da ação civil de que trata a Lei nº 7.853, de 24 de
outubro de 1989, e indicando-lhe os elementos de convicção;
VII - emitir opinião sobre os acordos, contratos ou convênios firmados pelos demais
órgãos da Administração Pública Federal, no âmbito da Política Nacional para a
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; e
VIII - promover e incentivar a divulgação e o debate das questões concernentes à
pessoa portadora de deficiência, visando à conscientização da sociedade.
§ 2º Na elaboração dos planos e programas a seu cargo, a CORDE deverá:
I - recolher, sempre que possível, a opinião das pessoas e entidades interessadas; e
II - considerar a necessidade de ser oferecido efetivo apoio às entidades privadas
voltadas a integração social da pessoa portadora de deficiência.
CAPÍTULO VII
DA EQUIPARAÇÃO DE OPORTUNIDADES
Art 15. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal prestarão direta
ou indiretamente à pessoa portadora de deficiência os seguintes serviços:
I - reabilitação integral, entendida como o desenvolvimento das potencialidades da
pessoa portadora de deficiência, destinada a facilitar sua atividade laboral, educativa
e social;
II - formação profissional e qualificação para o trabalho;
III - escolarização em estabelecimentos de ensino regular com a provisão dos apoios
necessários, ou em estabelecimentos de ensino especial; e
IV - orientação e promoção individual, familiar e social.
SEçãO I
Da Saúde
Art 16. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta
responsáveis pela saúde devem dispensar aos assuntos objeto deste Decreto
tratamento prioritário e adequado, viabilizando, sem prejuízo de outras, as seguintes
medidas:
I - a promoção de ações preventivas, como as referentes ao planejamento familiar,
ao aconselhamento genético, ao acompanhamento da gravidez, do parto e do
puerpério, à nutrição da mulher e da criança, à identificação e ao controle da
gestante e do feto de alto risco, à imunização, às doenças do metabolismo e seu
diagnóstico, ao encaminhamento precoce de outras doenças causadoras de
84
deficiência, e à detecção precoce das doenças crônico-degenerativas e a outras
potencialmente incapacitantes;
II - o desenvolvimento de programas especiais de prevenção de acidentes
domésticos, de trabalho, de trânsito e outros, bem como o desenvolvimento de
programa para tratamento adequado a suas vítimas;
III - a criação de rede de serviços regionalizados, descentralizados e hierarquizados
em crescentes níveis de complexidade, voltada ao atendimento à saúde e
reabilitação da pessoa portadora de deficiência, articulada com os serviços sociais,
educacionais e com o trabalho;
IV - a garantia de acesso da pessoa portadora de deficiência aos estabelecimentos
de saúde públicos e privados e de seu adequado tratamento sob normas técnicas e
padrões de conduta apropriados;
V - a garantia de atendimento domiciliar de saúde ao portador de deficiência grave
não internado;
VI - o desenvolvimento de programas de saúde voltados para a pessoa portadora de
deficiência, desenvolvidos com a participação da sociedade e que lhes ensejem a
inclusão social; e
VII - o papel estratégico da atuação dos agentes comunitários de saúde e das
equipes de saúde da família na disseminação das práticas e estratégias de
reabilitação baseada na comunidade.
§ 1º Para os efeitos deste Decreto, prevenção compreende as ações e medidas
orientadas a evitar as causas das deficiências que possam ocasionar incapacidade e
as destinadas a evitar sua progressão ou derivação em outras incapacidades.
§ 2º A deficiência ou incapacidade deve ser diagnosticada e caracterizada por
equipe multidisciplinar de saúde, para fins de concessão de benefícios e serviços.
§ 3º As ações de promoção da qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência
deverão também assegurar a igualdade de oportunidades no campo da saúde.
Art 17. É beneficiária do processo de reabilitação a pessoa que apresenta
deficiência, qualquer que seja sua natureza, agente causal ou grau de severidade.
§ 1º Considera-se reabilitação o processo de duração limitada e com objetivo
definido, destinado a permitir que a pessoa com deficiência alcance o nível físico,
mental ou social funcional ótimo, proporcionando-lhe os meios de modificar sua
própria vida, podendo compreender medidas visando a compensar a perda de uma
função ou uma limitação funcional e facilitar ajustes ou reajustes sociais.
85
§ 2º Para efeito do disposto neste artigo, toda pessoa que apresente redução
funcional devidamente diagnosticada por equipe multiprofissional terá direito a
beneficiar-se dos processos de reabilitação necessários para corrigir ou modificar
seu estado físico, mental ou sensorial, quando este obstáculo para sua integração
educativa, laboral e social.
Art 18. Incluem-se na assistência integral à saúde e reabilitação da pessoa
portadora de deficiência a concessão de órteses, próteses, bolsas coletoras e
materiais auxiliares, dado que tais equipamentos complementam o atendimento,
aumentando as possibilidades de independência e inclusão da pessoa portadora de
deficiência.
Art 19. Consideram-se ajudas técnicas, para os efeitos deste Decreto, os elementos
que permitam compensar uma ou mais limitações funcionais motoras, sensoriais ou
mentais da pessoa portadora de deficiência, com o objetivo de permitir-lhe superar
as barreiras da comunicação e da mobilidade e de possibilitar sua plena inclusão
social.
Parágrafo único. São ajudas técnicas:
I - próteses auditivas, visuais e fisícas;
II - órteses que favoreçam a adequação funcional;
III - equipamentos e elementos necessários à terapia e reabilitação da pessoa
portadora de deficiência;
IV - equipamentos, maquinarias e utensílios de trabalho especialmente desenhados
ou adaptados para uso por pessoa portadora de deficiência;
V - elementos de mobilidade, cuidado e higiene pessoal necessários para facilitar a
autonomia e a segurança da pessoa portadora de deficiência;
VI - elementos especiais para facilitar a comunicação, a informação e a sinalização
para pessoa portadora de deficiência;
VII - equipamentos e material pedagógico especial para educação, capacitação e
recreação da pessoa portadora de deficiência;
VIII - adaptações ambientais e outras que garantam o acesso, a melhoria funcional e
a autonomia pessoal; e
IX - bolsas coletoras para os portadores de ostomia.
Art 20. É considerado parte integrante do processo de reabilitação o provimento de
medicamentos que favoreçam a estabilidade clínica e funcional e auxiliem na
86
limitação da incapacidade, na reeducação funcional e no controle das lesões que
geram incapacidades.
Art 21. O tratamento e a orientação psicológica serão prestados durante as distintas
fases do processo reabilitador, destinados a contribuir para que a pessoa portadora
de deficiência atinja o mais pleno desenvolvimento de sua personalidade.
Parágrafo único. O tratamento e os apoios psicológicos serão simultâneos aos
tratamentos funcionais e, em todos os casos, serão concedidos desde a
comprovação da deficiência ou do início de um processo patológico que possa
originá-la.
Art 22. Durante a reabilitação, será propiciada, se necessária, assistência em saúde
mental com a finalidade de permitir que a pessoa submetida a esta prestação
desenvolva ao máximo suas capacidades.
Art 23. Será fomentada a realização de estudos epidemiológicos e clínicos, com
periodicidade e abrangência adequadas, de modo a produzir informações sobre a
ocorrência de deficiências e incapacidades.
SEçãO II
Do Acesso à Educação
Art 24. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta
responsáveis pela educação dispensarão tratamento prioritário e adequado aos
assuntos objeto deste Decreto, viabilizando, sem prejuízo de outras, as seguintes
medidas:
I - a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos
particulares de pessoa portadora de deficiência capazes de se integrar na rede
regular de ensino;
II - a inclusão, no sistema educacional, da educação especial como modalidade de
educação escolar que permeia transversalmente todos os níveis e as modalidades
de ensino;
III - a inserção, no sistema educacional, das escolas ou instituições especializadas
públicas e privadas;
IV - a oferta, obrigatória e gratuita, da educação especial em estabelecimentos
públicos de ensino;
V - o oferecimento obrigatório dos serviços de educação especial ao educando
portador de deficiência em unidades hospitalares e congêneres nas quais esteja
internado por prazo igual ou superior a um ano; e
87
VI - o acesso de aluno portador de deficiência aos benefícios conferidos aos demais
educandos, inclusive material escolar, transporte, merenda escolar e bolsas de
estudo.
§ 1º Entende-se por educação especial, para os efeitos deste Decreto, a modalidade
de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para
educando com necessidades educacionais especiais, entre eles o portador de
deficiência.
§ 2º A educação especial caracteriza-se por constituir processo flexível, dinâmico e
individualizado, oferecido principalmente nos níveis de ensino considerados
obrigatórios.
§ 3º A educação do aluno com deficiência deverá iniciar-se na educação infantil, a
partir de zero ano.
§ 4º A educação especial contará com equipe multiprofissional, com a adequada
especialização, e adotará orientações pedagógicas individualizadas.
§ 5º Quando da construção e reforma de estabelecimentos de ensino deverá ser
observado o atendimento as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT relativas à acessibilidade.
Art 25. Os serviços de educação especial serão ofertados nas instituições de ensino
público ou privado do sistema de educação geral, de forma transitória ou
permanente, mediante programas de apoio para o aluno que está integrado no
sistema regular de ensino, ou em escolas especializadas exclusivamente quando a
educação das escolas comuns não puder satisfazer as necessidades educativas ou
sociais do aluno ou quando necessário ao bem-estar do educando.
Art 26. As instituições hospitalares e congêneres deverão assegurar atendimento
pedagógico ao educando portador de deficiência internado nessas unidades por
prazo igual ou superior a um ano, com o propósito de sua inclusão ou manutenção
no processo educacional.
Art 27. As instituições de ensino superior deverão oferecer adaptações de provas e
os apoios necessários, previamente solicitados pelo aluno portador de deficiência,
inclusive tempo adicional para realização das provas, conforme as características da
deficiência.
§ 1º As disposições deste artigo aplicam-se, também, ao sistema geral do processo
seletivo para ingresso em cursos universitários de instituições de ensino superior.
88
§ 2º O Ministério da Educação, no âmbito da sua competência, expedirá instruções
para que os programas de educação superior incluam nos seus currículos
conteúdos, itens ou disciplinas relacionados à pessoa portadora de deficiência.
Art 28. O aluno portador de deficiência matriculado ou egresso do ensino
fundamental ou médio, de instituições públicas ou privadas, terá acesso à educação
profissional, a fim de obter habilitação profissional que lhe proporcione
oportunidades de acesso ao mercado de trabalho.
§ 1º A educação profissional para a pessoa portadora de deficiência será oferecida
nos níveis básico, técnico e tecnológico, em escola regular, em instituições
especializadas e nos ambientes de trabalho.
§ 2º As instituições públicas e privadas que ministram educação profissional
deverão, obrigatoriamente, oferecer cursos profissionais de nível básico à pessoa
portadora de deficiência, condicionando a matrícula à sua capacidade de
aproveitamento e não a seu nível de escolaridade.
§ 3º Entende-se por habilitação profissional o processo destinado a propiciar à
pessoa portadora de deficiência, em nível formal e sistematizado, aquisição de
conhecimentos e habilidades especificamente associados a determinada profissão
ou ocupação.
§ 4º Os diplomas e certificados de cursos de educação profissional expedidos por
instituição credenciada pelo Ministério da Educação ou órgão equivalente terão
validade em todo o território nacional.
Art 29. As escolas e instituições de educação profissional oferecidos, se necessário,
serviços de apoio especializado para atender as peculiaridades da pessoa portadora
de deficiência tais como:
I - adaptação dos recursos instrucionais: material pedagógico, equipamento e
currículo;
II - capacitação dos recursos humanos: professores, instrutores e profissionais
especializados; e
III - adequação dos recursos físicos: eliminação de barreiras arquitetônicas,
ambientais e de comunicação.
SEçãO III
Da Habilitação e da Reabilitação Profissional
Art 30. A pessoa portadora de deficiência beneficiária ou não do Regime Geral de
Previdência Social, tem direito às prestações de habilitação e reabilitação
89
profissional para capacitar-se a obter trabalho, conservá-lo e progredir
profissionalmente.
Art 31. Entende-se por habilitação e reabilitação profissional o processo orientado a
possibilitar que a pessoa portadora de deficiência, a partir da identificação de suas
potencialidades laborativas, adquira o nível suficiente de desenvolvimento
profissional para ingresso e reingresso no mercado de trabalho e participar da vida
comunitária.
Art 32. Os serviços de habilitação e reabilitação profissional deverão estar dotados
dos recursos necessários para atender toda pessoa portadora de deficiência,
independentemente da origem de sua deficiência, desde que possa ser preparada
para trabalho que lhe seja adequado e tenha perspectivas de obter, conservar e nele
progredir.
Art 33. A orientação profissional será prestada pelos correspondentes serviços de
habilitação e reabilitação profissional, tendo em conta as potencialidades da pessoa
portadora de deficiência, identificadas com base em relatório de equipe
multiprofissional, que deverá considerar:
I - educação escolar efetivamente recebida e por receber;
II - expectativa de promoção social;
III - possibilidades de emprego existentes em cada caso;
IV - motivações, atitudes e preferências profissionais; e
V - necessidades do mercado de trabalho.
SEçãO IV
Do Acesso ao Trabalho
Art 34. É finalidade primordial da política de emprego a inserção da pessoa
portadora de deficiência no mercado de trabalho ou sua incorporação ao sistema
produtivo mediante regime especial de trabalho protegido.
Parágrafo único. Nos casos de deficiência grave ou severa, o cumprimento do
disposto no caput deste artigo poderá ser efetivado mediante a contratação das
cooperativas sociais de que trata a Lei nº 9.867, de 10 de novembro de 1999.
Art 35. São modalidades de inserção laboral da pessoa portadora de deficiência:
I - colocação competitiva: processo de contratação regular, nos termos da legislação
trabalhista e previdenciária, que independe da adoção de procedimentos especiais
para sua concretização, não sendo excluída a possibilidade de utilização de apoios
especiais;
90
II - colocação seletiva: processo de contratação regular, nos termos da legislação
trabalhista e previdenciária, que depende da adoção de procedimentos e apoios
especiais para sua concretização; e
III - promoção do trabalho por conta própria: processo de fomento da ação de uma
ou mais pessoas, mediante trabalho autônomo, cooperativado ou em regime de
economia familiar, com vista à emancipação econômica e pessoal.
§ 1º As entidades beneficentes de assistência social, na forma da lei, poderão
intermediar a modalidade de inserção laboral de que tratam os incisos II e III, nos
seguintes casos:
I - na contratação para prestação de serviços, por entidade pública ou privada, da
pessoa portadora de deficiência física, mental ou sensorial; e
II - na comercialização de bens e serviços decorrentes de programas de habilitação
profissional de adolescente e adulto portador de deficiência em oficina protegida de
produção ou terapêutica.
§ 2º Consideram-se procedimentos especiais os meios utilizados para a contratação
de pessoa que, devido ao seu grau de deficiência, transitória ou permanente, exija
condições especiais, tais como jornada variável, horário flexível, proporcionalidade
de salário, ambiente de trabalho adequado às suas especialidades, entre outros.
§ 3º Consideram-se apoios especiais a orientação, a supervisão e as ajudas
técnicas entre outros elementos que auxiliem ou permitam compensar uma ou mais
limitações funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa portadora de
deficiência, de modo a superar as barreiras da mobilidade e da comunicação,
possibilitando a plena utilização de suas capacidades em condições de normalidade.
§ 4º Considera-se oficina protegida de produção a unidade que funciona em relação
de dependência com entidade pública ou beneficente de assistência social, que tem
por objetivo desenvolver programa de habilitação profissional para adolescente e
adulto portador de deficiência, provendo-o com trabalho remunerado, com vista à
emancipação econômica e pessoal relativa.
§ 5º Considera-se oficina protegida terapêutica a unidade que funciona em relação
de dependência com entidade pública ou beneficente de assistência social, que tem
por objetivo a integração social por meio de atividades de adaptação e capacitação
para o trabalho de adolescente e adulto que devido ao seu grau de deficiência,
transitória ou permanente, não possa desempenhar atividade laboral no mercado
competitivo de trabalho ou em oficina protegida de produção.
91
§ 6º O período de adaptação e capacitação para o trabalho de adolescente e adulto
portador de deficiência em oficina protegida terapêutica não caracteriza vínculo
empregatício e está condicionado a processo de avaliação individual que considere
o desenvolvimento biopsicosocial da pessoa.
§ 7º A prestação de serviços será feita mediante celebração de convênio ou contrato
formal, entre a entidade beneficente de assistência social e o tomador de serviços,
no qual constará a relação nominal dos trabalhadores portadores de deficiência
colocados à disposição do tomador.
§ 8º A entidade que se utilizar do processo de colocação seletiva deverá promover,
em parceria com o tomador de serviços, programas de prevenção de doenças
profissionais e de redução da capacidade laboral, bem assim programas de
reabilitação caso ocorram patologias ou se manifestem outras capacidades.
Art 36. A empresa com cem ou mais empregados está obrigada a preencher de dois
a cinco por cento de seus cargos com beneficiários da Previdência Social
reabilitados ou com pessoa portadora de deficiência habilitada, na seguinte
proporção:
I - até duzentos empregados, dois por cento;
II - de duzentos e um a quinhentos empregados, três por cento;
III - de quinhentos e um a mil empregados, quatro por cento; ou
IV - mais de mil empregados, cinco por cento.
§ 1º A dispensa de empregado na condição estabelecida neste artigo, quando se
tratar de contrato por prazo determinado, superior a noventa dias, e a dispensa
imotivada, no contrato por prazo indeterminado, somente poderá ocorrer após a
contratação de substituto em condições semelhantes.
§ 2º Considera-se pessoa portadora de deficiência habilitada aquela que concluiu
curso de educação profissional de nível básico, técnico ou tecnológico, ou curso
superior, com certificação ou diplomação expedida por instituição pública ou privada,
legalmente credenciada pelo Ministério da Educação ou órgão equivalente, ou
aquela com certificado de conclusão de processo de habilitação ou reabilitação
profissional fornecido pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.
§ 3º Considera-se também, pessoa portadora de deficiência habilitada aquela que,
não tendo se submetido a processo de habilitação ou reabilitação, esteja capacitada
para o exercício da função.
92
§ 4º A pessoa portadora de deficiência habilitada nos termos dos §§ 2º e 3º deste
artigo poderá recorrer à intermediação de órgão integrante do sistema público de
emprego, para fins de inclusão laboral na forma deste artigo.
§ 5º Compete ao Ministério do Trabalho e Emprego estabelecer sistemática de
fiscalização, avaliação e controle das empresas, bem como instituir procedimentos e
formulários que propiciem estatísticas sobre o número de empregados portadores de
deficiência e de vagas preenchidas para fins de acompanhamento do disposto no
caput deste artigo.
Art 37. Fica assegurado à pessoa portadora de deficiência o direito de se inscrever
em concurso público, em igualdade de condições com os demais candidatos, para
provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que é
portador.
§ 1º O candidato portador de deficiência, em razão da necessária igualdade de
condições, concorrerá a todas as vagas, sendo reservado no mínimo o percentual de
cinco por cento em face da classificação obtida.
§ 2º Caso a aplicação do percentual de que trata o parágrafo anterior resulte em
número fracionado, este deverá ser elevado até o primeiro número inteiro
subseqüente.
Art 38. Não se aplica o disposto no artigo anterior nos casos de provimento de:
I - cargo em comissão ou função de confiança, de livre nomeação e exoneração; e
II - cargo ou emprego público integrante de carreira que exija aptidão plena do
candidato.
Art 39. Os editais de concursos públicos deverão conter:
I - o número de vagas existentes, bem como o total correspondente à reserva
destinada à pessoa portadora de deficiência;
II - as atribuições e tarefas essenciais dos cargos;
III - previsão de adaptação das provas, do curso de formação e do estágio
probatório, conforme a deficiência do candidato; e
IV - exigência de apresentação, pelo candidato portador de deficiência, no ato da
inscrição, de laudo médico atestando a espécie e o grau ou nível da deficiência, com
expressa referência ao código correspondente da Classificação Internacional de
Doença - CID, bem como a provável causa da deficiência.
93
Art 40. É vedado à autoridade competente obstar a inscrição de pessoa portadora
de deficiência em concurso público para ingresso em carreira da Administração
Pública Federal direta e indireta.
§ 1º No ato da inscrição, o candidato portador de deficiência que necessite de
tratamento diferenciado nos dias do concurso deverá requerê-lo, no prazo
determinado em edital, indicando as condições diferenciadas de que necessita para
a realização das provas.
§ 2º O candidato portador de deficiência que necessitar de tempo adicional para
realização das provas deverá requerê-lo, com justificativa acompanhada de parecer
emitido por especialista da área de sua deficiência, no prazo estabelecido no edital
do concurso.
Art 41. A pessoa portadora de deficiência, resguardadas as condições especiais
previstas neste Decreto, participará de concurso em igualdade de condições com os
demais candidatos no que concerne:
I - ao conteúdo das provas;
II - à avaliação e aos critérios de aprovação;
III - ao horário e ao local de aplicação das provas; e
IV - à nota mínima exigida para todos os demais candidatos.
Art 42. A publicação do resultado final do concurso será feita em duas listas,
contendo primeira, a pontuação de todos os candidatos, inclusive a dos portadores
de deficiência, e a seguir somente a pontuação destes últimos.
Art 43. O órgão responsável pela realização do concurso terá a assistência de
equipe multiprofissional composta de três profissionais capacitados e atuantes nas
áreas das deficiências em questão, sendo um deles médico, e três profissionais
integrantes da carreira almejada pelo candidato.
§ 1º A equipe multiprofissional emitirá parecer observando:
I - as informações prestadas pelo candidato no ato da inscrição;
II - a natureza das atribuições e tarefas essenciais do cargo ou da função a
desempenhar;
III - a viabilidade das condições de acessibilidade e as adequações do ambiente de
trabalho na execução das tarefas;
IV - a possibilidade de uso, pelo candidato, de equipamentos ou outros meios que
habitualmente utilize; e
V - a CID e outros padrões reconhecidos nacional e internacionalmente.
94
§ 2º A equipe multiprofissional avaliará a compatibilidade entre as atribuições do
cargo e a deficiência do candidato durante o estágio probatório.
Art 44. A análise dos aspectos relativos ao potencial de trabalho do candidato
portador de deficiência obedecerá ao disposto no art. 20 da Lei nº 8.112, de 11 de
dezembro de 1990.
Art 45. Serão implementados programas de formação e qualificação profissional
voltados para a pessoa portadora de deficiência no âmbito do Plano Nacional de
Formação Profissional - PLANFOR.
Parágrafo único. Os programas de formação e qualificação profissional para pessoa
portadora de deficiência terão como objetivos:
I - criar condições que garantam a toda pessoa portadora de deficiência o direito a
receber uma formação profissional adequada;
II - organizar os meios de formação necessários para qualificar a pessoa portadora
de deficiência para a inserção competitiva no mercado laboral; e
III - ampliar a formação e qualificação profissional sob a base de educação geral
para fomentar o desenvolvimento harmônico da pessoa portadora de deficiência,
assim como para satisfazer as exigências derivadas do progresso técnico, dos novos
métodos de produção e da evolução social e econômica.
SEçãO V
Da Cultura, do Desporto, do Turismo e do Lazer.
Art 46. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta
responsáveis pela cultura, pelo desporto, pelo turismo e pelo lazer dispensarão
tratamento prioritário e adequado aos assuntos objeto deste Decreto, com vista a
viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas:
I - promover o acesso da pessoa portadora de deficiência aos meios de
comunicação social;
II - criar incentivos para o exercício de atividades criativas, mediante:
a) participação da pessoa portadora de deficiência em concursos de prêmios no
campo das artes e das letras; e
b) exposições, publicações e representações artísticas de pessoa portadora de
deficiência;
III - incentivar a prática desportiva formal e não-formal como direito de cada um e o
lazer como forma de promoção social;
95
IV - estimular meios que facilitem o exercício de atividades desportivas entre a
pessoa portadora de deficiência e suas entidades representativas;
V - assegurar a acessibilidade às instalações desportivas dos estabelecimentos de
ensino, desde o nível pré-escolar até a universidade;
VI - promover a inclusão de atividades desportivas para pessoa portadora de
deficiência na prática da educação física ministrada nas instituições de ensino
públicas e privadas;
VII - apoiar e promover a publicação e o uso de guias de turismo com informação
adequada à pessoa portadora de deficiência; e
VIII - estimular a ampliação do turismo à pessoa portadora de deficiência ou com
mobilidade reduzida, mediante a oferta de instalações hoteleiras acessíveis e de
serviços adaptados de transporte.
Art 47. Os recursos do Programa Nacional de Apoio à Cultura financiarão, entre
outras ações, a produção e a difusão artístico-cultural de pessoa portadora de
deficiência.
Parágrafo único. Os projetos culturais financiados com recursos federais, inclusive
oriundos de programas especiais de incentivo à cultura, deverão facilitar o livre
acesso da pessoa portadora de deficiência, de modo a possibilitar-lhe o pleno
exercício dos seus direitos culturais.
Art 48. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta,
promotores ou financiadores de atividades desportivas e de lazer, devem concorrer
técnica e financeiramente para obtenção dos objetivos deste Decreto.
Parágrafo único. Serão prioritariamente apoiadas a manifestação desportiva de
rendimento e a educacional, compreendendo as atividades de:
I - desenvolvimento de recursos humanos especializados;
II - promoção de competições desportivas internacionais, nacionais, estaduais e
locais;
III - pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, documentação e informação; e
IV - construção, ampliação, recuperação e adaptação de instalações desportivas e
de lazer.
CAPíTULO VIII
DA POLÍTICA DE CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS
Art 49. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta,
responsáveis pela formação de recursos humanos, devem dispensar aos assuntos
96
objeto deste Decreto tratamento prioritário e adequado, viabilizando, sem prejuízo de
outras, as seguintes medidas:
I - formação e qualificação de professores de nível médio e superior para a
educação especial, de técnicos de nível médio e superior especializados na
habilitação e reabilitação, e de instrutores e professores para a formação
profissional;
II - formação e qualificação profissional, nas diversas áreas de conhecimento e de
recursos humanos que atendam às demandas da pessoa portadora de deficiência; e
III - incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico em todas as áreas do
conhecimento relacionadas com a pessoa portadora de deficiência.
CAPíTULO IX
DA ACESSIBILIDADE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL
Art 50. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta
adotarão providências para garantir a acessibilidade e a utilização dos bens e
serviços, no âmbito de suas competências, à pessoa portadora de deficiência ou
com mobilidade reduzida, mediante a eliminação de barreiras arquitetônicas e
obstáculos, bem como evitando a construção de novas barreiras.
Art 51. Para os efeitos deste Capítulo, consideram-se:
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com
segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das
instalações e equipamentos esportivos, das edificações, dos transportes e dos
sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com
mobilidade reduzida;
II - barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a
liberdade de movimento e a circulação com segurança das pessoas, classificadas
em:
a) barreiras arquitetônicas urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos
espaços de uso público;
b) barreiras arquitetônicas na edificação: as existentes no interior dos edifícios
públicos e privados;
c) barreiras nas comunicações: qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou
impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos meios
ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa.
97
III - pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida: a que temporária
ou permanentemente tenha limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio
ambiente e de utilizá-lo;
IV - elemento da urbanização: qualquer componente das obras de urbanização, tais
como os referentes a pavimentação, saneamento, encanamentos para esgotos,
distribuição de energia elétrica, iluminação pública, abastecimento e distribuição de
água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento urbanístico;
e
V - mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes nas vias e espaços públicos,
superposto ou adicionados aos elementos da urbanização ou da edificação, de
forma que a sua modificação ou translado não provoque alterações substanciais
nestes elementos, tais como semáforo, postes de sinalização, cabines telefônica,
fontes públicas, lixeiras, toldos, marquises, quiosques e quaisquer outros de
natureza análoga.
Art 52. A construção, ampliação e reforma de edifícios, praças equipamentos
esportivos e de lazer, públicos e privados, destinados ao uso coletivo deverão ser
executadas de modo que sejam ou se tornem acessíveis à pessoa portadora de
deficiência ou com mobilidade reduzida.
Parágrafo único. Para os fins do disposto neste artigo, na construção, ampliação ou
reforma de edifícios, praças e equipamentos esportivos e de lazer, públicos e
privados, destinados ao uso coletivo por órgão da Administração Pública Federal,
deverão ser observados, pelo menos, os seguintes requisitos de acessibilidade:
I - nas áreas externas ou internas da edificação, destinadas a garagem e a
estacionamento de uso público, serão reservados dois por cento do total das vagas
à pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, garantidas no
mínimo três, próximas dos acessos de circulação de pedestres, devidamente
sinalizadas e com as especificações técnicas de desenho e traçado segundo as
normas da ABNT;
II - pelo menos um dos acessos ao interior da edificação deverá estar livre de
barreiras arquitetônicas e de obstáculos que impeçam ou dificultem a acessibilidade
da pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;
III - pelo menos um dos itinérarios que comuniquem horizontal e verticalmente todas
as dependências e serviços do edifício, entre si e com o exterior, cumprirá os
requisitos de acessibilidade;
98
IV - pelo menos um dos elevadores deverá ter cabine, assim como sua porta de
entrada, acessíveis para portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, em
conformidade com norma técnica especificada da ABNT; e
V - os edifícios disporão, pelo menos, de um banheiro acessível para cada gênero,
distribuindo-se seus equipamentos e acessórios de modo que possam ser utilizados
por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Art 53. As bibliotecas, os museus, os locais de reuniões, conferências, aulas e
outros ambientes de natureza similar disporão de espaço reservado para pessoas
que utilize cadeira de rodas e de lugares específicos para pessoas portadora de
deficiência auditiva e visual, inclusive acompanhantes, de acordo com as normas
técnicas da ABNT, de modo a facilitar-lhes as condições de acesso, circulação e
comunicação.
Art 54. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal, no prazo de três
anos a partir da publicação deste Decreto, deverão promover as adaptações,
eliminações e supressões de barreiras arquitetônicas existentes nos edifícios e
espaços de uso público e naqueles que estejam sob sua administração ou uso.
CAPÍTULO X
DO SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES
Art 55. Fica instituído, no âmbito da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do
Ministério da Justiça, o Sistema Nacional de Informações sobre Deficiência, sob a
responsabilidade da CORDE, com finalidade de criar e manter bases de dados,
reunir e difundir informações sobre a situação das pessoas portadoras de deficiência
e fomentar a pesquisa e o estudo de todos os aspectos que afetem a vida dessas
pessoas.
Parágrafo único. Serão produzidas, periodicamente, estatísticas e informações,
podendo esta atividade realizar-se conjuntamente com os censos nacionais,
pesquisas nacionais, regionais e locais, em estreita colaboração com universidades,
institutos de pesquisa e organização para pessoas portadoras de deficiência.
CAPÍTULO XI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art 56. A Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, com base nas diretrizes e
metas do Plano Plurianual de Investimentos, por intermédio da CORDE, elaborará,
em articulação com outros órgãos e entidades da Administração Pública Federal, o
Plano Nacional de Ações Integradas na Área das Deficiências.
99
Art 57. Fica criada, no âmbito da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos,
comissão especial, com a finalidade de apresentar, no prazo de cento e oitenta dias,
a contar de sua constituição, propostas destinadas a:
I - implementar programa de formação profissional mediante a concessão de bolsas
de qualificação para a pessoa portadora de deficiência, com vistas a estimular a
aplicação do disposto no art. 36; e
II - propor medidas adicionais de estímulo à adoção de trabalho em tempo parcial ou
em regime especial para a pessoa portadora de deficiência.
Parágrafo único. A comissão especial de que trata o caput deste artigo será
composta por um representante de cada órgão e entidade a seguir indicados:
I - CORDE;
II - CONADE;
III - Ministério do Trabalho e Emprego;
IV - Secretaria de Estado de Assistência Social do Ministério da Previdência e
Assistência Social;
V - Ministério da Educação;
VI - Ministério dos Transportes;
VII - Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada; e
VIII - INSS.
Art 58. A CORDE desenvolverá, em articulação com órgãos e entidades da
Administração Pública Federal, programas de facilitação da acessibilidade em sítios
de interesse histórico, turismo, cultural e desportivo; mediante a remoção de
barreiras físicas ou arquitetônicas que impeçam ou dificultem a locomoção de
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Art 59. Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação.
Art 60. Ficam revogadas os Decretos nºs 93.481, de 29 de outubro de 1986, 914, de
6 de setembro de 1993, 1.680, de 18 de outubro de 1995, 3.030, de 20 de abril de
1999, o § 2º do art. 141 do Regulamento da Previdência Social, aprovada pelo
Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, e o Decreto nº e 3.076, de 1º de junho de
1999.
Brasília. 20 de dezembro de 1999; 178º da Independência e 111º da República.
100
LEI Nº 10.097, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000.
Altera dispositivos da Consolidação das
Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo
Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de
1943.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art 1º.Os arts. 402, 403, 428, 429, 430, 431, 432 e 433 da Consolidação das Leis do
Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, passam
a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 402. Considera-se menor para os efeitos desta Consolidação o trabalhador de
quatorze até dezoito anos. "
(NR)
"................................................................................
.............................................................."
"Art. 403. É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo
na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos. "(NR).
"Parágrafo único. O trabalho do menor não poderá ser realizado em locais
prejudiciais a sua formação, ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social
e em horários e locais que não permitam a freqüência à escola. "
(NR)
"a) revogada; "
"b) revogada; "
"Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por
escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar
ao maior de quatorze e menor de dezoito anos, inscrito em programa de
aprendizagem, formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu
desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar, com zelo e
diligência, as tarefas necessárias a essa formação. "(NR)
"§ 1º. A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira de
Trabalho e Previdência Social, matrícula e freqüência do aprendiz à escola, caso
101
não haja concluído o ensino fundamental, e inscrição em programa de
aprendizagem desenvolvido sob a orientação de entidade qualificada em formação
técnico-profissional metódica. "(AC)*
"§ 2º. Ao menor aprendiz, salvo condição mais favorável, será garantido o salário
mínimo hora. "(AC)
"§ 3º. O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais de dois anos.
"(AC)
"§ 4º. A formação técnico-profissional a que se refere o caput deste artigo
caracteriza-se por suas atividades teóricas e práticas, metodicamente organizadas
em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho.
"(AC)
"Art. 429. Os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a empregar e
matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem número de
aprendizes equivalente a cinco por cento, no mínimo, e quinze por cento, no
máximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções
demandem formação profissional. "(NR)
"a) revogada; "
"b) revogada; "
"§ 1º. A O limite fixado neste artigo não se aplica quando o empregador for entidade
sem fins lucrativos, que tenha por objetivo a educação profissional. "(AC)
"§ 1º. As frações de unidade, no cálculo da percentagem de que trata o caput, darão
lugar à admissão de um aprendiz. "(NR)
"Art. 430. Na hipótese de os Serviços Nacionais de Aprendizagem não oferecerem
cursos ou vagas suficientes para atender à demanda dos estabelecimentos, esta
poderá ser suprida por outras entidades qualificadas em formação técnico -
profissional metódica, a saber. "(NR)
"I - Escolas Técnicas de Educação; "(AC)
"II - entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a assistência ao
adolescente e à educação profissional, registradas no Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente. "(AC)
"§ 1º. As entidades mencionadas neste artigo deverão contar com estrutura
adequada ao desenvolvimento dos programas de aprendizagem, de forma a manter
a qualidade do processo de ensino, bem como acompanhar e avaliar os resultados.
"(AC)
102
"§ 2º. Aos aprendizes que concluírem os cursos de aprendizagem, com
aproveitamento, será concedido certificado de qualificação profissional. "(AC)
"§ 3º. O Ministério do Trabalho e Emprego fixará normas para avaliação da
competência das entidades mencionadas no inciso II deste artigo. "(AC)
"Art. 431. A contratação do aprendiz poderá ser efetivada pela empresa onde se
realizará a aprendizagem ou pelas entidades mencionadas no inciso II do art. 430,
caso em que não gera vínculo de emprego com a empresa tomadora dos serviços.
"(NR)
"a) revogada; "
"b) revogada; "
"c) revogada; "
"Parágrafo único. "(VETADO)
"Art. 432. A duração do trabalho do- aprendiz não excederá de seis horas diárias,
sendo vedadas a prorrogação e a compensação de jornada. "(NR)
"§ 1º. O limite previsto neste artigo poderá ser de até oito horas diárias para os
aprendizes que já tiverem completado o ensino fundamental, se nelas forem
computadas as horas destinadas à aprendizagem teórica. "(NR)
"§ 2º Revogado. "
"Art. 433. O contrato de aprendizagem extinguir-se á no seu termo ou quando o
aprendiz completar dezoito anos, ou ainda antecipadamente nas seguintes
hipóteses: "
(NR)
"a) revogada; "
"b) revogada; "
"I - desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz; "(AC)
"II - falta disciplinar grave; "(AC)
"III - ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo, ou"(AC)
"IV - a pedido do aprendiz. "(AC)
"Parágrafo único. Revogado. "
"§ 2º. Não se aplica o disposto nos arts. 479 e 480 desta Consolidação às hipóteses
de extinção do contrato mencionadas neste artigo. "(AC)
Art 2º. O art. 15 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, passa a vigorar acrescido
do seguinte § 7º:
103
"§ 7º. Os contratos de aprendizagem terão a alíquota a que se refere o caput deste
artigo reduzida para dois por cento. "(AC)
Art 3º. São revogadas o art. 80, o § 1º do art. 405, os arts. 436 e 437 da
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º
de maio de 1943.
Art 4º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 19 de dezembro de 2000; 179º da Independência e 112º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Francisco Dornelles.
* AC = Acréscimo
Instrução Normativa 20/00, do Ministério do Trabalho e Emprego
SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 20, DE 26 DE JANEIRO DE 2001
Dispõe sobre procedimentos a serem adotados pela Fiscalização do Trabalho no
exercício da atividade de fiscalização do trabalho das pessoas portadoras de
deficiência.
A SECRETÁRIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO, no uso de suas atribuições e
tendo em vista o disposto no art. 2º, inciso III, da Lei nº 7.853, de 24 de outubro de
1989, disciplinado pelo art. 93 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 e no art. 36, §
5º, do Decreto n° 3.298, de 20 de dezembro de 1999;
Considerando o disposto na Convenção 159 da Organização Internacional do
Trabalho OIT, sobre a reabilitação profissional e emprego de pessoas portadoras de
deficiência; e
104
Considerando, ainda, a necessidade de orientar os Auditores-Fiscais do Trabalho no
exercício da atividade de fiscalização do trabalho de pessoas portadoras de
deficiência, resolve:
Baixar a presente Instrução Normativa sobre procedimentos a serem observados
pela Fiscalização do Trabalho no cumprimento da legislação relativa ao trabalho das
pessoas portadoras de deficiência.
Art. 1° O Auditor-Fiscal do Trabalho AFT observará a relação de trabalho da pessoa
portadora de deficiência, de modo a identificar a existência de vínculo empregatício.
Art. 2º Caracteriza relação de emprego a inserção no mercado de trabalho da
pessoa portadora de deficiência, sob as modalidades de colocação competitiva e
seletiva.
Art. 3º Colocação competitiva é a contratação efetivada nos termos da legislação
trabalhista e previdenciária que não exige a adoção de procedimentos especiais
para a sua concretização, ressalvada a utilização de apoios especiais.
Art. 4º Colocação seletiva é a contratação efetivada nos termos da legislação
trabalhista e previdenciária, que em razão da deficiência, exige a adoção de
procedimentos e apoios especiais para sua concretização.
Art. 5º Consideram-se procedimentos especiais os meios utilizados para viabilizar a
contratação e o exercício da atividade laboral da pessoa portadora de deficiência,
tais como: jornada variável, horário flexível, proporcionalidade de salário, adequação
das condições e do ambiente de trabalho e outros.
Art. 6º Consideram-se apoios especiais a orientação, a supervisão e as ajudas
técnicas, entre outros elementos que auxiliem ou permitam compensar uma ou mais
limitações funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa portadora de
deficiência, de modo a superar as suas limitações.
Art. 7º Não constitui relação de emprego o trabalho da pessoa portadora de
deficiência realizado em oficina protegida de produção, desde que ausentes os
elementos configuradores da relação de emprego, ou em oficina protegida
terapêutica.
105
Art. 8º Considera-se oficina protegida de produção a unidade que observar as
seguintes condições:
I - que suas atividades laborais sejam desenvolvidas mediante assistência de
entidades públicas e beneficentes de assistência social;
II - que tenha por objetivo o desenvolvimento de programa de habilitação
profissional, com currículos, etapas e diplomação, especificando o período de
duração e suas respectivas fases de aprendizagem, dependentes de avaliações
individuais realizadas por equipe multidisciplinar de saúde;
III - que as pessoas portadoras de deficiência participantes destas oficinas não
integrem o quantitativo dos cargos previsto no art. 10 desta Instrução; e
IV - que o trabalho nelas desenvolvido seja obrigatoriamente remunerado.
Art. 9º Considera-se oficina protegida terapêutica a unidade assistida por entidade
pública ou beneficente de assistência social e que tenha por objetivo a integração
social, mediante atividades de adaptação e capacitação para o trabalho.
Art. 10 O AFT verificará, mediante fiscalização direta ou indireta, se a empresa com
cem ou mais empregados preenche o percentual de 2 a 5 por cento de seus cargos
com beneficiários reabilitados da Previdência Social ou com pessoa portadora de
deficiência habilitada, na seguinte proporção:
I - até duzentos empregados, dois por cento;
II - de duzentos e um a quinhentos empregados, três por cento;
III - de quinhentos e um a mil empregados, quatro por cento; ou
IV - mais de mil empregados, cinco por cento.
§ 1º Para efeito de aferição dos percentuais dispostos neste artigo, será considerado
o número de empregados da totalidade dos estabelecimentos da empresa.
§ 2º Os trabalhadores a que se refere o caput poderão estar distribuídos nos
diversos estabelecimentos da empresa ou centralizados em um deles.
106
§ 3º Cabe ao AFT verificar se a dispensa de empregado, na condição estabelecida
neste artigo, foi suprida mediante a contratação de outra pessoa portadora de
deficiência, nos termos do art. 36, § 1º do Decreto nº 3.298, de 1999.
Art. 11 Entende-se por habilitação e reabilitação profissional o conjunto de ações
utilizadas para possibilitar que a pessoa portadora de deficiência adquira nível
suficiente de desenvolvimento profissional para ingresso ou reingresso no mercado
de trabalho.
Art. 12 Considera-se, também, pessoa portadora de deficiência habilitada aquela
que esteja capacitada para o exercício da função mesmo não tendo se submetido a
processo de habilitação ou reabilitação.
Art. 13 Quando não ocorrer, na ação fiscal, a regularização da empresa quanto ao
disposto no art. 10 desta Instrução Normativa, o AFT poderá utilizar-se do
procedimento especial previsto na IN nº 13 de 06.06.99, e se necessário, solicitar o
apoio do Núcleo de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Combate à
Discriminação.
Art. 14 Em caso de instauração de procedimento especial, o Termo de Compromisso
que vier a ser firmado deverá conter o cronograma de preenchimento das vagas das
pessoas portadoras de deficiência ou beneficiários reabilitados de forma gradativa
constando, inclusive, a obrigatoriedade da adequação das condições dos ambientes
de trabalho, na conformidade do previsto nas Normas Regulamentadoras, instituídas
pela Portaria nº 3.214/78.
Art. 15 O não cumprimento do Termo de Compromisso implicará na adoção das
medidas cabíveis, nos termos da IN nº 13 de 06.06.99, com posterior
encaminhamento de relatório circunstanciado ao Delegado Regional do Trabalho
para remessa ao Ministério Público do Trabalho.
Art. 16 Esta Instrução Normativa entrará em vigor na data de sua publicação.
VERA OLÍMPIA GONÇALVES, D.O.U., 29/01/2001