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ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 21 – N o 79 – novembro de 2012 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical CONJUNTURA ECONôMICA O governo prepara mudanças na economia para reativar o crescimento e gerar empregos ......................................................................... pág. 3 MEMÓRIA SINDICAL Fundado em 1932, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo tornou-se uma referência na luta dos trabalhadores. ................................pág.12 HOTELEIROS – Os empregados em hotéis nas cidades onde serão realizados os jogos da Copa do Mundo estão procurando outras atividades por causa dos baixos salários pagos pelo setor ..............................................................................................................pág. 5 Com mobilização nas empresas, os trabalhadores fecharam acordos prevendo índices de reajuste de até 10% e 3,36% de ganho real ............................................................................. págs. 6 e 7 Trabalhador pressiona patrão e conquista AUMENTO REAL Trabalhador pressiona patrão e conquista AUMENTO REAL

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ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 21 – No 79 – novembro de 2012 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical

Conjuntura eConômiCaO governo prepara mudanças na economia para reativar o crescimento e gerar empregos.......................................................................... pág. 3

memÓria SinDiCaLFundado em 1932, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo tornou-se uma referência na luta dos trabalhadores..................................pág.12

HoteLeiroS – Os empregados em hotéis nas cidades onde serão realizados os jogos da Copa do Mundo estão procurando outras atividades por causa dos baixos salários pagos pelo setor..............................................................................................................pág. 5

Com mobilização nas empresas,os trabalhadores fecharam acordos prevendo índices de reajuste de até 10% e 3,36% de ganho real ............................................................................. págs. 6 e 7

Trabalhador pressiona patrão econquista aumento realTrabalhador pressiona patrão econquista aumento real

2 jornal da força sindical — no 79 novembro de 2012 3

www.fsindical.org.br

cesso da luta estará ligado ao nível de mobilização e de organização dos trabalhado-res, além da representativi-dade de seus Sindicatos.

Portanto, o momento é adequado para mudanças na condução da economia. Segundo o economista da subseção Dieese da Força Sindical, Airton dos Santos, há indícios de que o governo vá flexibilizar a política eco-

nômica. Ele citou a redução sistemática da taxa básica de juros (hoje em 7,5% ao ano), a desvalorização cambial e o incre-mento do investimento estatal. O corte dos juros, na medida em que diminui a quantidade de recursos necessários para rolar a dívida pública, gera poupança para o Estado aumentar seus investimentos.

Estas iniciativas, aliadas às medidas de estímulo ao crédito e de proteção à indús-tria nacional, adotadas pelo governo em resposta aos apelos do movimento sindi-

cal, deverão fazer o PIB evoluir em torno de 4% em 2013, bem acima do crescimento econômi-co de 1,5% esperado para este

ano. “É melhor conviver com um pouco mais de inflação, desde que haja cresci-mento, geração de emprego e renda”, ob-serva o presidente da Força Sindical-SP, Danilo Pereira da Silva.

InvestimentoDaqui para a frente, o governo Dilma

Rousseff sinaliza que a ordem é alavancar o investimento produtivo para promover o crescimento, em contraposição aos es-tímulos à demanda (consumo), que sus-tentaram o aquecimento da economia até dias atrás. Para Airton dos Santos, consu-mo e investimento devem crescer juntos, utilizando o potencial do mercado interno num contexto de crise internacional e de-saquecimento da economia chinesa.

Para o economista do Dieese, o Progra-ma de Aceleração do Crescimento (PAC), e o Programa de Investimentos em Logís-tica (PIL), são indicadores de que o gover-no alterou sua posição em relação ao in-vestimento público e, portanto, à política fiscal neutra.

conjuntura econômicaeditorial

Reforçamos a unidade ao chamar as demais Centrais, empresários e políticos para engrossar a luta contra a de-sindustrialização, pelo corte de impostos e pela redução dos juros, entre outras pro-postas. O governo Dilma Rousseff atendeu quase toda a Agenda Econômica Traba-lhista. Porém, ela tratou o movimento sindical com des-caso, pois sempre se recu-

sou a receber e a dialogar com os repre-sentantes dos trabalhadores.

Nossa luta envolveu a sociedade. Co-meçou em abril com manifestações em várias cidades do País, exigindo do governo medidas para impedir a importação desenfreada. Em fren-te à Assembleia Legislativa de São Paulo, o ato reuniu 80 mil trabalha-

O.balanço.é.positivo,.mas.há.grandes.desafiosa Força Sindical, e suas

entidades filiadas, en-frentaram grandes desafios este ano, que fortaleceram as relações entre a nossa Central e suas bases, estrei-tou ainda mais a unidade na luta do movimento sindical e confirmou as Centrais como uma das principais interlocu-toras da sociedade nas ne-gociações com o governo.

Com organização e luta, a Força Sindical e os Sindicatos alcançaram importantes vitórias. Promoveram campa-nhas salariais que resultaram na ampliação de benefícios e na conquista de aumento real. Pesquisa do Dieese mostra que 98% das negociações salariais acabaram em acordos com ganho real de salário. Foi um dos melhores desempenhos dos Sindica-tos nas últimas décadas.

Governo.adota.agenda.econômica.dasdores. Houve também passeatas dos me-talúrgicos na Rodovia Anchieta, atos pela redução da jornada de trabalho sem o corte nos salários. Digno de registro foi o ato no Congresso Nacional, que culminou com o enterro simbólico do Fator Previdenciário.

Mas a luta continua. Temos de pressionar o Congresso para garantir a extinção, ainda este ano, do Fator Previdenciário, que re-duz o valor das aposentadorias. Para 2013, o maior desafio será emplacar a pauta tra-balhista, pressionando patrões e governo.

Além do fim do Fator, precisamos for-talecer ainda mais as entidades sindicais, manter a unidade para garantir e ampliar os nossos direitos e aprovar no Parlamen-to a jornada de 40 horas semanais.

temos tido, nos últimos anos, um acréscimo significativo no volume

de obras de infraestrutura em nosso País. No Estado do Ceará, as principais obras, hoje, são: a reforma do Estádio Castelão, a Usina Termoelétrica Pecém e a Companhia Siderúrgica Pecém, além das obras do PAC (Trans-nordestina, Eixão das Águas, Metrofor e Saneamento).

Estes são os projetos res-ponsáveis pela grande gera-ção de empregos no setor da construção pesada em nosso Estado. Segundo dados da RAIS/MTE, o número de tra-balhadores formais em 2011, com relação a 2010, teve um aumento de 9,21%.

Embora tenhamos obtido bons resultados na geração

Terceirização.na.construção.pesada

artigo

de empregos formais no setor, o Cea-rá continua enfrentando o problema da terceirização, que, no nosso entendi-mento, só vem aumentar a precariza-ção das relações laborais pela redução de salários e pela falta de qualificação profissional, além da piora nas condi-ções de saúde e segurança.

Combater a terceirização é papel fundamental dos órgãos competen-

tes, mas, infelizmente, não temos exemplos de mudanças práti-cas para citar, além da constante e intensa luta sindical. O Sinte-pav-CE atua de forma incisiva para garantir que as empresas ter-ceirizadas sejam alber-gadas pela CCT e ACT, e, passem a cumprir as normas legais, como os direitos trabalhistas.

expedIente

DIretorIa eXeCutIVa:Melquíades Araújo, Antonio de Sousa Ramalho, Eunice Cabral, Almir Munhóz, Paulo Ferrari,João Batista Inocentini, Levi Fernandes Pinto, Abraão Lincoln, Luiz Carlos Pedreira, Wilmar G. Santos,Terezinho Martins, Ivandro Moreira, Maria Augusta S. Marques, Sérgio Luis Leite (Serginho), Valclécia Trindade, Edson Geraldo Garcia, Francisco Sales, Miguel Padilha, Minervino Ferreira, Herbert Passos, Nilton S. Silva (Neco), Antonio Vítor, Geraldino Santos Silva, Mônica O. Lourenço Veloso, Oscar Gonçalves, Carlos R. Malaquias, Antonio Farias, Luciano M. Lourenço, Cícero Firmino (Martinha), José Pereira, Ari Alano,Nelson Silva de Souza, Arnaldo Gonçalves, Cídia Fabiane C. Santos, Elvira Berwian Graebin, Paulo Zanetti, João Peres Fuentes, Cláudio Magrão, Maria Auxiliadora, Maria Susicléia, Jeferson Tiego, Francisca Lea, Vilma Pardinho, Gleides Sodré Almazan, Adalberto Galvão,Maria Rosângela Lopes, Ruth Monteiro Coelho, Raimundo Nonato, Severino Augusto da Silva,José Lião, Lourival F. Melo, Mara Valéria Giangiullio, Neusa Barbosa, Evandro V. dos Santos, Reinaldo Rosa, Antonio Silvan, Defendente F. Thomazoni, Valdir Lucas Pereira, Carlos Lacerda, Antonio Johann, Ezequiel Nascimento, Elmo Silvério Lescio, Leodegário da Cruz Filho, Daniel Vicente, Manoel Xavier, Walzenir Oliveira Falcão, Valdir Pereira, Mauro Cava, Milton Batista (Cavalo), Núncio Mannala, Luis Carlos Silva Barbosa, Moacyr Firmino dos Santos

ForÇa SInDICal noS eStaDoS: (presidentes)Albegemar Casimiro Costa (AL), Aldo Amaral de Araújo (PE), Alexandro M. Costa (ES),Antonio do Amaral (RO), Carlos Augusto M. de Oliveira (TO), Danilo Pereira da Silva (SP),Cláudio R. Guimarães Silva (Janta) (RS), Epaminondas Lino de Jesus (DF), Nair Goulart (BA), Fabrício Dourado Gonsalles (PI), Francisco Dal Prá (RJ), Francisco de Assis Torres (RN), Idelmar da Mota Lima (MS), Irani de Oliveira Nunes (AP), Ivo Borges de Freitas (PA),José Porcino Sobo (PB), José Ribamar Frazão Oliveira (MA), Luiz Anute dos Santos (AC),Manoel Antonio dos S. Santana (RR), Manoel de Souza (MT), Osvaldo Olavo Mafra (SC),Raimundo Nonato Gomes (CE), Rodrigo Alves Carvelo (GO), Rogério Fernandes (MG), Sérgio Butka (PR), Vicente de Lima Fillizola (AM), Willian Roberto Cardosa Arditti (SE)

aSSeSSorIa PolítICa:Antonio Rogério Magri, Hugo Perez, João Guilherme Vargas e Marcos Perioto

eSCRItÓRIO nACIOnAL dA FORÇA SIndICAL em BRASÍLIA:

SCS (Setor Comercial Sul) – Quadra 02 – Ed. Jamel Cecílio – 3o andar – Sala 303ASA Sul – 70302-905 – Fax: (61) 3037-4349 – Telefone: (61) 3202-0074

FUNDADOR:.......................... luIz antonIo De meDeIroS

PRESIDENTE:....................... Paulo PereIra Da SIlVa (PaulInho)

SECRETÁRIO-GERAL:....... João CarloS GonÇalVeS (Juruna)

TESOUREIRO:....................... luIz CarloS motta

é uma publicação mensal da central de trabalhadores FORÇA SINDICALRua Rocha Pombo, 94 – Liberdade – CEP 01525-010 – Fone: (11) 3348-9000 – S. Paulo/SP – Brasil

Diretor responsável: ............ João Carlos Gonçalves (Juruna)Jornalista responsável: ..... antônio Diniz (MTb: 12967/SP)

eDitor De arte: ........................... Jonas de limareDação: ........................................ Dalva ueharo e Val Gomesrevisão: .......................................... edson Baptista Coleteassistentes: ................................. Fábio Casseb e rodrigo telmo lico

Tiragem desta edição: 10.000 exemplares

paulo pereira da Silva (paulinho)Presidente da Força Sindical

Raimundo Nonato Gomes Presidente Sintepav-CE e da Força Sindical-CE

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Por determinação da Presidência da República, o Ministério da Fazenda pretende mudar a condução da políti-

ca econômica com o objetivo de acelerar o desenvolvimen-to do País, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e valorizar o trabalho, como de-sejam a sociedade e as Cen-trais Sindicais.

O tripé que sustentou a economia nos últimos anos — câmbio flutuante, supe-rávit primário das contas pú-blicas e sistemas de metas para a inflação — dá sinais de esgotamento, razão pela qual não responde mais aos anseios dos traba-lhadores brasileiros. É que a economia não sai do lugar, patina, apesar de o desempre-go ter se mantido em queda.

Hora de mudarCaso as mudanças sejam bem-suce-

didas, os trabalhadores poderão se be-neficiar do processo, pois haverá mais empregos e um melhor cenário para a negociação salarial e para a conquista de benefícios sociais e trabalhistas. O su-

Brasil: taxas de crescimento do pIB e do emprego formal

2003 a 2011 (%)

Fonte: IBGE e MTE-CAGED

Danilo sugere privilegiar o crescimento e o emprego

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propostas do movimento sindical adotadas pelo governo federal• Desvalorização cambial

• Redução drástica dos juros

• Aumento do índice de nacionalização da produção automotiva

• Proteção comercial diante de produtos importados

• Fim da ‘Guerra dos Portos’

• Aumento da competitividade da empresa nacional

• Isenção e redução tributária

• Diminuição da dívida pública em relação ao PIB

• Incremento do investimento estatal (PAC/PIL)

CentRAIS

4 jornal da força sindical — no 79 novembro de 2012 5

www.fsindical.org.brlegislação HOTÉIS

CompetitividadeSegundo o instituto, “um

país torna-se competitivo quando possui um sistema financeiro a serviço do finan-ciamento do capital de giro, e de longo prazo, com taxas de juros acessíveis; redes de institutos de pesquisas e universidades voltadas para o desenvolvimento técnico e tecnológico; população com alta escolaridade; trabalha-

dores especializados e infraestrutura de-senvolvida”.

Para o secretário-geral da Central, João Carlos Gonçalves, o Juruna, o momento também não é oportuno para este deba-te, pois as principais bandeiras dos tra-balhadores são: o fim do Fator Previden-ciário, a desoneração de tributos sobre a Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) e a redução da jornada de traba-lho, sem o corte nos salários. “Nossa prioridade é negociar a pauta trabalhista elaborada pelas Centrais”, disse.

Flexibilizar.a.CLT.é.atacaros.direitos.trabalhistasa Força Sindical repudia

a proposta de flexibili-zação da Consolidação

das Leis do Trabalho (CLT), por meio da qual passa a va-ler o princípio de que o ne-gociado prevalece sobre o le-gislado. Na prática, busca-se atacar os direitos trabalhis-tas e sociais conquistados ao longo de anos de luta.

A matéria está em análi-se na Casa Civil. O governo argumenta que o objetivo é aumentar a competitividade do País. Para o movi-mento sindical, a proposta vai abrir uma brecha na CLT, e será capaz de impulsio-nar um processo generalizado de corte de direitos.

Para o Dieese, o diferencial da compe-titividade dos países não está no custo da mão de obra. Se assim fosse, os Es-tados Unidos e o Japão estariam entre as nações menos competitivas do mun-do, pois o custo desses países está en-tre os maiores do planeta.

O rendimento dos trabalhadores contabilizou aumento real de

4% de janeiro a setembro de 2012 nas seis principais regiões metropolitanas do país, segundo dados da pesquisa Mensal de emprego (pMe) do iBGe. a comparação é com o mesmo período do ano passado.

em um quadro marcado por desemprego baixíssimo, e por uma economia com crescimento insignificante, a renda cresceu acima da inflação na indústria (4%), no comércio (4%), na construção civil (5%), nos serviços domésticos (8,1%) e nos chamados outros serviços, que incluem alojamento, transporte, limpeza urbana e serviços pessoais (4,5%).

o rendimento na indústria sobe com força neste ano, mesmo com o desempenho capenga do setor. De janeiro a setembro, a renda dos trabalhadores teve um aumento real de 4%, a despeito de a produção industrial ter recuado 3,5% no período.

na opinião do presidente da Fequimfar, sérgio luiz leite, o serginho, a renda tem evoluído por causa da organização e da luta dos trabalhadores durante a Campanha salarial. “levantamentodo Dieese mostra que 97% dos 370 reajustes analisados ficaram acima da inflação aferida pelo inpC no primeiro semestre deste ano”, lembra.

luta faz a renda crescer 4% no primeiro semestre

manifestação

SALÁRIO

os trabalhadores do se-tor de hotelaria em cidades onde serão re-

alizados os jogos da Copa do Mundo, como Rio de Janei-ro, Belo Horizonte e Recife, estão migrando para outras atividades por causa dos baixos salários pagos pelas empresas do setor. Segun-do apurou o “Jornal da Força Sindical”, o piso salarial varia de R$ 651,00 a R$ 750,00 nos Estados e cidades que abrigarão es-tas competições esportivas.

Por isso, os profissionais da hotelaria buscam novas oportunidades, que pa-gam salários mais generosos, no comér-cio, usinas de cana-de-açúcar, constru-ção civil, setor químico e indústria naval. É avaliação comum entre os dirigentes sindicais que: “quem está dentro (tra-balhando no hotel) quer sair, mas quem está fora não quer entrar”.

Os salários são baixos, mas os gastos com a produção visual dos empregados em hotelaria são al-tos, enquanto em outras profis-sões estes custos são bem me-nores. É o caso do servente de pedreiro, que pode ganhar R$ 1,2 mil, bem mais do que o emprega-do em hotelaria.

Em duas grandes cidades, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, por exemplo, o piso salarial dos ho-teleiros chega a R$ 700,00. A in-formação é dos vice-presidentes dos Sindicatos dos Hoteleiros de BH e RJ, Antenor Pinheiro de Souza e Conceição Cassiano.

plano Brasil maior Os dirigentes sindicais ci-

taram o baixo salário como principal desafio da catego-ria, ao comentarem a notícia de que a Federação Brasilei-ra de Hospedagem e Alimen-tação (FBHA) reivindicou a inserção dos bares, restau-rantes e similares no Plano Brasil Maior, desenvolvido pelo governo e negociado com empresários e trabalha-

dores para alavancar vários setores eco-nômicos, principalmente a indústria.

“Os funcionários da hotelaria, que tra-balham sete dias por se-mana, estão indo para ou-tros setores para ganhar mais. As mulheres têm dois domingos de folga no mês e, o homem, uma folga”, afirmou

Conceição, do Sindicato do Rio de Janeiro. A defasagem salarial é tão acentuada em Campo Grande (MS) que os trabalhadores estão se transferindo para o comércio e para as usinas de cana-de-açúcar, revelou Hélio Amâncio Pinto, presidente do Sindi-cato dos Hoteleiros da cidade. O piso da categoria é de R$ 671,00.

nordesteNo Recife existem quatro pisos, e a mé-

dia deles é R$ 690,00, disse Antonio Noro-nha de Andrade, vice-presidente do Sindi-cato da categoria. Em Natal, o presidente do Sindicato, José Cruz Lemos, disse que 70% da categoria ganha R$ 662,00, e 30% recebe R$ 1.800,00.

Em Ribeirão Preto, os patrões não acham mão de obra disposta a trabalhar nos hotéis porque o valor do piso (R$ 750,00) não atrai pretendentes. “Os em-presários recusam sistematicamente re-ajustar os nossos salários”, declarou Do-nizete da Silva, presidente do Sindicato.

Já Eurípedes Balsanufo Cruzeiro, pre-sidente do Sindicato dos Hoteleiros de Caldas Novas (GO), contou que tem lutado para aumentar os salários, cujo piso é R$ 651,00, mas os patrões têm se mantido irredutíveis, alegando eleva-ção de custos.

Hélio: o pessoal tem ido para as usinas de cana-de-açúcar

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Empregado.àprocura.de.novasoportunidades

Juruna: o momento é de luta pelo fim do Fator

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Serginho: o Dieese comprova o desempenho

A Força Sindical, e as demais Centrais, realizaram um ato em solidariedade aos trabalhadores e sindicalistas europeus que fizeram greve geral no dia 14 de novembro. O ato foi realizado em frente ao Consulado Geral da Espanha. Segundo João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, é inadmissível que, para combater a crise, os trabalhadores percam seus empregos e direitos. “A solução para os problemas enfrentados pelos trabalhadores não só europeus, mas do mundo inteiro, passa pela unidade de ação demonstrada neste ato.”

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www.fsindical.org.br

forte mantém o direito a dois tíquetes adi-cionais/mês. O acordo beneficia em torno de 10 mil trabalhadores em todo o Estado.

Os trabalhadores do setor de Edifícios conquistaram 10% de reajuste nos pisos, 8% nos salários acima dos pisos, 23% no valor da cesta básica e tíquete refeição de R$ 5. A mobilização foi conduzida pelo Sindifícios, presidido por Paulo Ferrari.

QuímicosCom 115 mil trabalhadores na base, a

Fequimfar e seus Sindicatos filiados fecha-ram acordo com os patrões prevendo aumento de 9,55% no piso salarial da categoria, o que corresponde a 3,36% de ganho real, na data-base, informou o presidente da entidade, Sergio Luiz Leite. Para os empregados com sa-lários mais altos, o aumento chegou a 7,8% (aumento real de 1,71%), enquanto a PLR será reajustada em 13,7% (ganho real de 7,27%).

tegoria mobilizada. O reajuste salarial foi de 7,8% e a PLR é composta de 98% do salário nominal mais uma parcela fixa de R$ 4 mil. Isso significa que a menor PLR será que R$ 5.141,70.

Os trabalhadores do setor de massas e biscoitos, em luta do Sindicato dos Empre-gados em Empresas de Industrialização Alimentícia de São Paulo e Região, con-quistaram reajuste de 8,5%. O Sindeeia, presidido por Carlos Vicente de Oliveira, negocia agora acordo na BrFoods.

Vigilante/edifíciosO SindForte, presidido por

João Passos, conquistou rea-juste de 6,36% para os salá-rios em geral. O piso do vigi-lante de transporte de valores no Estado de SP chega a R$ 2.822,29 (já incluso adicional de risco de vida de 30%). O reajuste para administrativos e Sala de Valores: 10,98%. O tíquete-refeição passa para R$ 19,25. Vigilante de carro-

entidade, e técnicos do Dieese, para ava-liar as campanhas pelo Brasil afora. “Pre-cisamos estar bem informados para fazer uma campanha forte, com participação efetiva de todos”, diz Luiz Carlos Miranda, presidente da entidade.

A presidenta do Sindicato dos Metalúr-gicos do Vale do Sapucaí, Maria Rosângela Lopes, destaca o reajuste de 8% na Mega Cabos, de Cachoeira de Minas, com manu-tenção das cláusulas, PLR e alimentação sem desconto na folha de pagamento.

AlimentaçãoOs 150 mil trabalhadores do setor de

Plúrimo conquistaram reajuste de 8%, em ação da Fetiasp (Federação dos Trabalha-dores na Indústria da Alimentação do Es-tado de SP), presidida por Melquíades de Araújo, e Sindicatos filiados. Conquistaram piso de R$ 1.012,30, cesta básica de R$ 70 e cláusula para as empresas implantarem

PLR até fevereiro.A Fetiasp e os sindicatos filia-

dos fecharam um dos melhores acordos salariais neste ano no Brasil, segundo Wilson Vidoto Manzon, secretário-geral da en-tidade. Por exemplo, para quem recebe o piso, que é de R$ 1.165,00, o ganho anual chega a R$ 10.406,70, ou seja, aproxima-damente nove salários a mais no ano. Para Melquíades de Araú-jo, presidente da Fetiasp, as conquistas obtidas mostram que é importante manter a ca-

no piso e na PLR. “Um protes-to de duas horas sacramen-tou a vitória”, diz o presidente da Federação dos Metalúrgi-cos do Paraná, Sérgio Butka, junto nas negociações com o Sindicato dos Metalúrgicos de Irati. Os metalúrgicos de Curitiba conquistaram nas autopeças reajuste de 8,75% (aumento real de 3%).

GravataíO Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí

conseguiu 7,5%. “Isto representa 2% de ganho real”, diz o diretor Edson Dorneles.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão lançou o slogan “Caititu fora da manada é papá de onça”, que, para Carlos Albino, in-centiva a categoria na luta pelo reajuste.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatin-ga (MG) reuniu diretores e advogados da

P ara Luiz Carlos Motta, presidente da Federação dos Comerciários do Estado

de SP, o balanço das negociações do primeiro semestre vai balizar a campanha salarial dos 2,5 milhões de comerciários. Os práticos de farmácia de São Paulo conseguiram 6,5% de reajuste, e os comerciários de concessionárias reajuste de 8,5% e avanços, como garantia de emprego ao portador de HIV.

Nilton Souza da Silva, o Neco, presidente do Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre, dirige a luta dos 116 mil comerciários por aumento real. “Defendemos também a regulamentação da profissão, o fim do Fator Previdenciário e melhores condições de vida para a categoria”.

Daniela Sandi, economista do Dieese do Sindicato, diz que o consumo forte medido pelo crescimento da renda e a oferta de crédito apontam o bom momento para aumentos salariais. O crescimento do emprego no comércio também evidencia o quadro positivo. “Para o próximo ano estão previstos aumentos do piso regional, que valoriza o trabalhador, e a continuidade da política de salário mínimo nacional”.

campanha salarial

TRABALHADOR preAs categorias intensificaram a luta e fecharam bons acordos salariais,

nos quais prevaleceram a reposição da inflação e aumento real.

Assim, os sindicalistas repetiram o cenário do primeiro semestre,

em que 97% dos acordos negociados ficaram acima da inflação.

os 800 mil metalúrgicos, representados pela Fe-deração dos Metalúrgi-

cos do Estado de SP, fecha-ram quase todos os acordos com os grupos patronais, prevendo aumento salarial de 8% de reajuste salarial, abonos, benefícios e outras conquistas com os grupos patronais. “Avançamos por causa do forte apoio nas por-tas de fábrica”, diz Cláudio Magrão de Camargo Cre, presidente da Federação. “Foi preciso muita pressão e avisar que a categoria faria greve nas em-presas dos grupos que ainda não haviam apresentado proposta”, ressalta Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Meta-lúrgicos de São Paulo.

Os metalúrgicos da Yazaki, em Irati, con-quistaram aumento real de 3% e avanços

Semestre passadoé exemplo para comerciários

miguel: foi preciso ameaçar fazer greve

Dorneles fechou acordo com 2% de aumento real

motta: campanha reúne2,5 milhões de comerciários

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Assembleia dos metalúrgicos aprova as propostas negociadas com os grupos da Fiesp

ssiona e conquista

Araújo diz que o acordo com a Nestlé foi um dos melhores do País

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www.fsindical.org.br

O.Sindicato.tem.de.entrar.nesta.luta

PRÁTICA ANTISSINDICALtrabalho infantil

ocupação

Persistem.os.ataques.contra.aOrGanizaçãO.SindiCaL

t rês anos atrás, dirigentes das prin-cipais Centrais Sindicais brasileiras estiveram na sede da Organiza-

ção Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, para formalizar denúncias de práticas antissindicais. Até hoje, nada mudou, pois persistem os ataques do Estado e dos empresários contra a orga-nização sindical, os trabalhadores e con-tra os sindicalistas. Esta postura ameaça a democracia e afronta a Constituição da República, que garante o direito à orga-nização sindical.

O documento das Centrais relatava três práticas antissindicais correntes no País: o uso do interdito proibitório para inviabilizar greves e mobilizações; per-seguição e assassinato de dirigentes sindicais; e a atividade do Ministério Público do Trabalho de acionar a Justi-ça para proibir as formas de custeio dos Sindicatos.

“Embora condenável, estas práticas vêm sendo reiteradamente usadas por diversas empresas e pelo Estado, que discriminam, perseguem e demitem os trabalhadores combativos, que partici-pam da luta por maiores salários e me-lhores condições de trabalho e de vida”, critica Nair Goulart, presidenta da Força Sindical-BA.

Atitude corriqueiraSão atitudes corriqueiras impedir a

greve de trabalhadores fazendo uso da violência ou do interdito proibitório, medida que impede os Sindicatos de realizarem manifestações em frente às empresas. Somam-se a isto as multas sobre as entidades, para forçá-las a aca-bar com a paralisação, além de demis-sões de dirigentes.

Outros exemplos são a tentativa de inviabilizar as contribuições dos traba-lhadores, a partir das intervenções do Ministério Público, além das ameaças contra os sócios do Sindicato, o isola-mento de ativistas nas empresas, a não regulamentação da Convenção 151 da OIT e a lentidão da Justiça em resolver as pendências trabalhistas.

Cesar Augusto de Mello, consultor ju-rídico da Fequimfar e da Força Sindical SP, diz ser legítimo e essencial lutar para manter a estrutura de luta dos Sindica-

tos. Ruth Coelho Monteiro, secretária de Cidadania e Direitos Humanos da Força Sindical, lembra que há um anteprojeto de lei, elaborado pelas Centrais junto à OIT, para regulamentar a organização sin-dical nos locais de trabalho, diminuir as práticas antissindicais e garantir o pleno exercício da atividade sindical.

Nair Goulart relatou o caso de um servidor público que, eleito presidente do Sindicato da categoria em Canudos (Bahia), foi demitido pelo prefeito. O ad-vogado Antonio Rosella, da Força Sindi-cal, lembra que, entre os direitos fun-damentais reconhecidos mundialmente, destacam-se a proteção à dignidade do trabalhador e o direito à organização em associações sindicais, segundo a Con-venção 98 da OIT.

“Não pode haver ingerência do em-pregador na Cipa, na representação dos trabalhadores, nas conquistas coletivas e nas ações por trabalho decente, saúde e segurança, e eliminação de riscos de acidentes”, diz Rosella. Para ele, devem ser repelidos as práticas desleais e os mecanismos que impeçam a vontade coletiva e o exercício do direito de gre-ve. “Os Sindicatos devem encaminhar denúncias à Central Sindical e aos ór-gãos internacionais”.

nair: empresas e Estado perseguem os trabalhadores

Ruth: Centrais têm projeto para regulamentar a OLT

a.saída.é.pressionar.o.

Congresso.nacional.para.

aprovar.projeto.de.lei,.

elaborado.pelas.Centrais.

Sindicais.e.OiT,.com.vistas.a.

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de.trabalho.e.o.pleno.exercício.

da.atividade.sindical

Na opinião do sindicalista, a redução do fluxo migratório dos mais pobres das regiões Norte e Nordeste também con-tribuiu para a diminuição do trabalho doméstico.

Neco entende que o au-mento da escolaridade, e a fixação das populações em suas regiões de origem, devem-se aos projetos de desenvolvimento do País ini-ciados pelos governos, princi-palmente a partir de meados da década de 1980. Outros fatores que também contri-buíram foram a implemen-tação de políticas públicas

Total.de.comerciárias.superao.de.domésticas.no.PaísPela primeira vez a Pesquisa Nacional

por Amostra de Domicílios (PNAD/ 2011) , do Instituto Brasileiro de Geo-

grafia e Estatística (IBGE), comprovou que o trabalho doméstico deixou de ser a principal ocupação das mulheres brasi-leiras. O maior empregador passou a ser o comércio. O percentual de domésticas caiu de 17% para 15,7% das trabalhado-ras, de 2009 a 2011. Já o de mulheres no varejo subiu de 16,5% para 17,6%.

Segundo o presidente do Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre, Nil-ton Souza da Silva, o Neco, o resultado da pesquisa já era aguardado pelo mo-vimento sindical em razão do aumento da escolaridade da população brasileira.

de distribuição de renda, o programa de aumentos re-ais para o salário mínimo e a valorização do trabalho. “As-sim, a mulher é estimulada a estudar para conseguir um emprego decente”, destaca o

dirigente dos comerciários.

ensino – A universalização dos ensinos médio e básico também foi fundamental para

a redução do trabalho domés-tico, pois cada ano de estudo corresponde a um aumento de 15% no salário médio. As mu-lheres já representam 51,5% da população brasileira (100,5 milhões, de um total de 195,2 milhões de pessoas), segundo a PNAD. Mas ainda pertencem ao grupo com maior dificul-dade para encontrar trabalho (59% dos desocupados, em 2011, eram mulheres).

rigentes e assesso-res sindicais. Temos que ter força para cobrar fiscalização e soluções para o problema”, diz Glei-des. Durante a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016, Gleides sugere um “olhar muito focado” na proteção, pre-

venção e enfrentamento das situações de trabalho infanto-juvenil e de violência sexual nas áreas de influência das “grandes obras”.

A 1ª secretária nacional de Políticas para a Criança e o Adolescente da Força Sindical, Vilma Pereira Pardi-nho, defende também a in-tensificação do trabalho de conscientização da classe trabalhadora e das famílias

apesar de o trabalho infantil ter caí-do para 8,6% em 2011, ainda traba-lham no País cerca de 3,7 milhões

de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos, segundo dados da Pesquisa Nacio-nal por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE. A secretária nacional de Políticas para a Criança e o Adolescente da For-ça Sindical, Gleides Sodré Almazan, que prefere a expressão “crian-ças e adolescentes em si- tuação de trabalho”, diz que diversos setores da socie-dade têm responsabilidade para acabar com a explora-ção, como governo, empre-sários e movimento sindical.

“Nossa contribuição é par-ticipar dos debates, dos diver-sos órgãos de defesa da crian-ça e do adolescente e das oficinas de capacitação de di-

Gleides: a responsabilidade é de todos

neco: o resultado já era esperado pelos Sindicatos

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com relação à situação de trabalho infan-to-juvenil no âmbito doméstico. “Nossas crianças e adolescentes têm de estar na escola”, diz Vilma.

Dados de 2010 da OIT revelam que há 250 milhões de crianças trabalhando no mundo, sendo que 150 milhões estão envolvidas em alguma forma de trabalho perigoso. Geir Myrstad, diretor-adjunto do Programa Internacional para a Erradi-cação do Trabalho Infantil da OIT, afirmou que o Brasil tem sido um exemplo para o mundo inteiro por ter “um sistema de tri-bunais do trabalho, parte preponderante desta história de avanços na luta contra o trabalho infantil”.

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10 jornal da força sindical — no 79 novembro de 2012 11

www.fsindical.org.brCONSTRUÇÃO

notas

nos últimos anos greves têm pipocado nas obras do setor da construção

pesada no País, especialmen-te nos projetos do Programa de Aceleração do Cresci-mento, o PAC. Rebelados, os operários reivindicam direitos básicos, como o cumprimen-to da Convenção Coletiva, ga-nhar maiores salários, ter me-lhores condições de trabalho e saúde, higiene e segurança nos locais de trabalho.

Cruzaram os braços os 50 mil trabalhadores do Com-plexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco, que agrupa a Refinaria Abreu Lima e as instalações da Petroquímica; os cerca de 3.500 em-pregados da obra da Transnordestina, no Ceará; os 14 mil funcionários do Consór-cio Belo Monte (CCBM), nas margens do Rio Xingu, no Pará, que estão em campanha salarial; e os 300 operários da construção pesada responsáveis pela ampliação do Aeroporto de Viracopos, em Campinas.

Todos estes movimentos têm uma coisa em comum: são revoltas de traba-lhadores submetidos a uma exploração perpetrada por empresários atrasados politicamente e desprovidos de expe-riência sobre negociações entre capi-tal e trabalho. “Os patrões ainda não adquiriram expe-riência de negociar com os seus empregados”, avalia o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gon-çalves, o Juruna.

Em Suape, o presidente do Sintepav-PE e da For-ça Sindical estadual, Aldo Amaral de Araújo, explicou que a paralisação come-çou em 31 de outubro por

equiparação salarial. “Salário igual para a mesma função consta da nossa Con-venção Coletiva de agosto passado, po-rém os patrões se recusam a cumprir”, denuncia o sindicalista, ao revelar que é a sexta greve em dois anos.

Segundo Roginel Gobbo, vice-presi-dente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada do Pará (Sintrapav), a proposta é equiparar o salário de Belo Monte ao oferecido nas hidrelétricas de Jirau e Santo Antô-nio. “Isto significa aumentar em 33% o salário que atualmente é pago para os trabalhadores da usina de Xingu.

Nos outros movimentos, os trabalhado-res cruzaram os braços exigindo reajuste

salarial, benefícios sociais, melhores condições de tra-balho, higiene e segurança. Para Aldo de Araújo, os tra-balhadores lutam pelo de-senvolvimento do País, para que a riqueza acumulada seja melhor distribuída e pela va-lorização do trabalho. “A luta é justa porque maiores salá-rios provocam aumento da produção e do crescimento do País”, destaca Juruna.

transnordestinaOutro movimento grevista, na obra da

Transnordestina, no Ceará, para pela se-gunda vez um dos principais projetos do governo federal. Os trabalhadores que-rem apenas o cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho firmado entre Sindi-cato e patrões. Eles reivindicam aumen-to salarial de 15%, pagamento da ante-cipação salarial, Participação nos Lucros ou Resultados (PLR), índice de produti-vidade, plano de saúde, pagamento de horas extras e folga no dia do pagamen-to, entre outros itens.

CampinasOs 300 empregados das obras de am-

pliação do Aeroporto de Viracopos cru-zaram os braços para exigir que o pa-gamento dos salários seja antecipado do quinto para o primeiro dia útil, já que não recebem o adiantamento salarial, conforme prevê a Convenção Coletiva. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Pesada de São Paulo (Sintrapav), Antonio Beke-redjian, a categoria quer também PLR, plano de saúde, alimentação, banheiro químico e chuveiros, além de outras rei-vindicações.

Aldo luta por equiparação salarial

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Trabalhadores comparecem em massa a uma assembleia realizada durante a greve de julho deste ano no pátio da Refinaria Abreu Lima

trabalhador rechaça medidas de austeridadeTrabalhadores de 13 países são contrários às medidas de austeridade implementadas pelos governos para resolver a crise financeira. A pesquisa, encomendada pela CSI, mostra que os povos sabem que os bancos querem jogar a crise sobre os ombros dos assalariados.

Governo freia registros sindicaisO governo federal vai ampliar as exigências para a liberação de registros sindicais, entre as quais estabelecer um número mínimo de trabalhadores nas assembleias e provas de que os fundadores são da categoria. Objetivo: impedir a proliferação de Sindicatos.

Centrais defendem unificação do pisoA Força Sindical e as demais Centrais negociam com a Assembleia Legislativa de São Paulo a unificação do piso mínimo regional para R$ 775,00 em 2013. O movimento sindical entende que a existência de três faixas salariais, como ocorre hoje, cria uma injustiça entre as categorias profissionais.

Benefícios para empregado domésticoJornada de 44 horas semanais, hora extra e adicional noturno poderão ser estendidos às domésticas, babás, cozinheiras e outros trabalhadores em residências. Estes direitos podem entrar em vigor de imediato se o Congresso aprovar a PEC 478/10.

Diminui o desemprego entre os jovensO desemprego entre os jovens de 18 a 24 anos caiu de 14% de janeiro a setembro de 2011 para 12,8% no mesmo período deste ano. No mesmo período, o desemprego entre os trabalhadores adultos passou de 5% para 4,7%, apesar de a desocupação entre os jovens ainda ser maior do que entre os adultos.

setor cresceu na última década, mas a construção ainda é uma opção para os trabalhadores com baixo nível de ins-trução. Em 2011, em Fortaleza, 62,2% dos ocupados tinham até o ensino fun-damental incompleto. É claro que houve aumento da parcela das pessoas com o ensino superior completo na década passada, embora em proporção reduzi-da: em Recife, apenas 3,5% dos ocupa-dos na construção tinham concluído o ensino superior.

emprego protegidoEntre os aspectos que caracterizam a

força de trabalho está o emprego prote-gido, que é aquele com carteira assina-da no setor privado e público. O levanta-mento mostra que, em 2011, apenas em Fortaleza e Recife o emprego protegido não alcançou a metade dos ocupados. Na demais regiões, o percentual variou entre 60,9% (Belo Horizonte) e 50,7% (Salvador). Mas persiste ainda a ocupa-ção sem registro em carteira no setor privado e público. Em Fortaleza e Recife, onde a presença do emprego protegido é menor, prevalecem os maiores per-centuais de trabalhadores em empregos ilegais (sem carteira): 13,1% e 12%, res-pectivamente.

Empregado ganha male trabalha muitoos trabalhadores do setor da cons-

trução (construção e incorporação de edifícios e obras de infraestrutu-

ra) têm baixos rendimentos e estão sub-metidos a extensas jornadas de trabalho em comparação com o total de ocupados nas sete principais regiões metropolita-nas do País. Pesquisa do Dieese, reali-zada com dados de 2011, mostra que o rendimento dos 1,488 milhão de empre-gados variou de R$ 857,00 (Fortaleza) a R$ 1.707,00 (Distrito Federal). No mesmo ano, a jornada média de trabalho, em Re-cife, chegou a 47 horas por semana.

Do total de pessoas ocupadas na Re-gião Metropolitana de São Paulo, 7,2% foram absorvidas pela construção, en-quanto na Região de Belo Horizonte o ín-dice alcançou 8,6%. Em Salvador, 9,2%. Homem negro (88%), chefe de família, com idade avançada e com baixa escola-ridade é o perfil do trabalhador do setor. Segundo o Dieese, no Distrito Federal 91,9% dos empregados eram homens, percentual que atingiu 97% em Fortale-za. Porém, o estudo detectou a presença das mulheres no Distrito Federal (8,1%), Belo Horizonte (7%), São Paulo (5%) e Recife (4,7%).

O Dieese apurou também que o nível de escolaridade dos trabalhadores do

Fonte: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênios regionais. PED - Pesquisa de Emprego e Desemprego – Elaboração: DIEESE

pROpORÇãO de OCupAdOS ABSORVIdOS peLA COnStRuÇãORegiões Metropolitanas e Distrito Federal – 2011 (em %)

Operários.cruzam.os.braços.por..melhores.condições.de.trabalho.Operários.cruzam.os.braços.por.melhores.condições.de.trabalho.

12 jornal da força sindical — no 79

Sindicato dos metalúrgicos de São Paulo

em primeiro lugar, depois de fun-dado, o Sindicato vivenciou os oito anos de repressão política do Estado Novo de Getúlio Vargas. Suas ativida-des normais foram retomadas com o fim da ditadura, em 1945. Mas, foi em janeiro de 1951, quando a chapa encabeçada por Joaquim Ferreira, composta por militantes de esquerda, assumiu a diretoria, que o Sindicato rompeu com a conservadora “velha guarda ministerialista”. A ascensão daquele gru-po de socialistas, comunistas e populistas foi expressiva e duradoura, sobretudo sob direção de Remo Forli, que venceu as eleições de 1953, sendo reeleito várias vezes.

Em segundo lugar, nas eleições sindicais de 1963 foi eleita a chapa da situação, empossa-da em outubro daquele ano, tendo o comunista Affonso Delellis como presidente e José Araújo Placido como secretário-geral. Entretanto, em decorrência da chamada “Rebelião dos Sargen-tos”, Delellis e Placido foram presos em dezem-bro. Ao serem libertados, em janeiro de 1964, eles não reassumiram a direção do Sindicato, e passaram para a ação clandestina. Em depoi-mento dado ao Centro de Memória Sindical na década de 1980, Delellis afirmou que o golpe militar começou, no Sindicato, com a prisão dele e de Araújo, em dezembro de 1963.

E, em terceiro lugar, em 6 de abril de 1964, cinco dias depois do golpe militar, tomou posse

o primeiro interventor do Sindica-to, Carlos Ferreira dos Santos. Sua gestão durou pouco, pois, depois de muita pressão, em janeiro de 1965, foram regulamentadas eleições sin-dicais, com diversas ressalvas por parte do governo. Era consenso en-

tre os metalúrgicos de São Paulo que, para atuar no Sindicato, a melhor saída naquele momento seria compor com o chamado “grupo do Joa-quim”. Desta forma, o metalúrgico Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão, foi eleito pre-sidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, e tomou posse em 31 de agosto de 1965. Esta eleição iniciou uma nova etapa na vida do Sindicato, marcada pela tentativa de viabilizar a ação sindical dentro dos padrões impostos pela ditadura (Carmen evangelho, 1992. p143).

Joaquinzão dirigiu o Sindicato durante toda a ditadura militar, concluindo sua gestão em 1987, dez anos antes de falecer por insuficiência res-piratória em fevereiro de 1997 (veja, nº1482).

Entre as tantas passagens importantes des-te período destaco três: a primeira, em 1977, quando a denúncia da manipulação dos índi-ces oficiais da inflação, pelo Dieese, retomou de vez a ação sindical, que já havia dado sinais de vida em Osasco e Contagem, em 1968. A notícia de que o salário dos trabalhadores estava sendo continuamente desvalorizado desencadeou uma onda de greves a partir de

1978, levando o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo a optar por abrir um processo na Justiça Federal, reivindicando as perdas sala-riais. Ele demonstrou, com isto, coragem em enfrentar os militares e compromisso com a classe trabalhadora.

A segunda, em 1984, quando o Sindicato par-ticipou da campanha pelas Diretas Já!, sendo Joaquim uma das personalidades do comando daquele movimento.

E a terceira, que encerra esta seleção de fatos históricos relacionando-os com os dias atuais, em 1985, quando o Sindicato retomou a campanha salarial unificada, realizando uma greve de dois dias, conquistando a redução da jornada de trabalho de 48 para 44 horas sema-nais. Este movimento influenciou a pauta tra-balhista da Constituição de 1988, que consa-grou a jornada de 44 horas no País.

Em 2012, já no governo de Dilma Rousseff, o Sindicato, sob a presidência de Miguel Eduardo Torres, continua a luta pela redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redu-ção salarial, assim como mantém firme as lutas pelo trabalho decente, pela correção da tabela do Imposto de Renda, por um reajuste digno para os aposentados, pelo fim do Fator Previ-denciário e pela valorização do salário mínimo.

por: Carolina maria Ruy*

*Carolina Maria Ruy é jornalista, coordenadora de projetos do Centro de Cultura e Memória Sindical

Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo na campanha pelas ‘Diretas Já!’, em 1984, junto com as forças populares e democráticas

Este breve artigo limita-se a destacar alguns pontos, até o ano de 1985, sobre a história do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, criado em 27 de dezembro de 1932, cujo primeiro presidente foi Vicente Guilherme.

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