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ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 22 – N o 80 – março de 2013 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical págs. 7 a 10 Protesto reúne 50 MIL por DIREITOS TRABALHISTAS Os trabalhadores ocuparam Brasília para exigir do governo apoio as suas bandeiras, entre as quais a redução da jornada e a revogação do Fator Previdenciário Portuários fecham acordo com governo As entidades sindicais vão representar os trabalhadores dos terminais públicos e privados Estivadores ameaçam págs. 12 e 13 Dilma cede e recebe dirigentes das Centrais Sindicais – Na reunião com a presidenta, os sindicalistas esperavam mais do que simples promessas Congresso da Força Sindical será em julho – Crescimento e valorização do trabalho serão as prioridades pág. 7 pág. 5 7 a MARCHA DAS CENTRAIS Jaélcio Santana Daniel Cardoso Ricardo Stucker

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ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 22 – No 80 – março de 2013 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical

págs. 7 a 10

Protesto reúne 50 mil pordireitos trabalhistas

Os trabalhadores ocuparam Brasília para exigir do governo apoio as suas bandeiras, entre as quais a redução da jornada e a revogação do Fator Previdenciário

Portuários fecham acordo com governoAs entidades sindicais vão representar os trabalhadores dos terminais públicos e privados

Estivadores ameaçamcom nova greve

págs. 12 e 13

dilma cede e recebe dirigentes das Centrais sindicais – Na reunião com a presidenta, os sindicalistas esperavam mais do que simples promessas

Congresso da Força sindical será em julho – Crescimento e valorização do trabalho serão as prioridades

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tuada no caso de o governo investir na produção, em tecnologia e fazer a refor-ma tributária.

Segundo o economista, as desonera-ções fiscais aplicadas pelo governo até agora — entre outras medidas — têm por objetivo reduzir os custos indus-triais e transferir mais competitividade à indústria. Porém, estas iniciativas não

foram suficientes para promover o cres-cimento sustentado.

Mas, como estas desonerações po-dem desequilibrar as contas públicas, Santos sugere que, em vez de centrar as ações de política econômica com medi-das tributárias pontuais, o governo pre-cisa fazer uma ampla reforma fiscal, ta-xando as grandes fortunas, e promover uma maior progressividade do Imposto de Renda. E, ao mesmo tempo, reduzir os impostos sobre o consumo.

Além disso, o economista do Dieese re-comenda a retomada dos investimentos públicos nas áreas da Infraestrutura, Saú-de e Educação, o que provocaria um efeito multiplicador sobre os diversos ramos da economia, gerando mais produção, em-prego e aumento da massa salarial.

“Além de pressionar o governo e os empresários para alcançar estas metas, as Centrais Sindicais precisam manter a unidade na luta e apontar para os Sin-dicatos filiados a necessidade de orga-nizar e mobilizar suas bases”, aponta o presidente do Sintepav-Bahia, Adalberto Galvão, o Bebeto.

Nos últimos dez anos, a redução de im-postos, a ampliação do número de empre-gos com carteira assinada, a melhoria da renda e a valorização do trabalho, cujos fundamentos foram apresentados ao go-verno pelas Centrais Sindicais, reduziram a miséria a níveis muito baixos. Entre 2003 e 2011, a pobreza caiu 58% no País.

Mas o Brasil precisa ainda enfrentar pro-blemas graves, como a distribuição de ren-da, considerada uma das piores do mundo.

conjunturaeditorial

Marcha reúne 50 mil em defesada pauta trabalhistaNuma demonstração de unidade, de mo-

bilização e de capacidade de luta, perto de 50 mil trabalhadores e representantes de movimentos sociais ocuparam Brasília, em março, na 7ª Marcha das Centrais Sindi-cais por desenvolvimento, soberania e valo-rização do trabalho.

Depois de uma passeata de mais de três horas, os manifestantes realizaram um ato público, durante o qual ressaltaram a impor-tância de a presidenta Dilma Rousseff melho-rar a relação com os movimentos sindicais e sociais, e reivindicaram da presidenta apoio e encaminhamento da Pauta Trabalhista.

As Centrais Sindicais de-fendem a retomada do in-vestimento público, a fim de estimular o crescimento com aumento real de salários, in-cremento do emprego, valo-rização das aposentadorias, reforma agrária, redução da jornada de trabalho sem re-dução dos salários e fim do Fator Previdenciário, entre outras reivindicações.

A Marcha, porém, teve uma segunda etapa, que consistiu em reuniões

das lideranças sindicais com o pre-sidente do Senado, Renan Calhei-ros, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, o presidente da Câmara Federal, Henrique Alves, e com a presidenta Dilma.

a pressão da Força Sindical e das demais Centrais por desenvolvimento, cidada-

nia e valorização do trabalho começou a dar resultados importantes para os trabalhado-res. A presidenta Dilma Rousseff, que se mostrava arredia diante dos pedidos de re-ceber os representantes dos trabalhadores, recuou e abriu negociação.

Recebeu os presidentes das Centrais Sindicais no mesmo dia da 7ª Marcha, que reuniu cerca de 50 mil manifestantes em Brasília em 6 de março. Dirigentes sindicais e governo trata-ram da Agenda da Classe Trabalhadora, aprovada na Conclat de 2010.

Mostramos ao governo que o desenvolvimento e

pressão popular faz governonegociar com as centrais

artigo

o crescimento econômico do Brasil têm de vir acompanhados por medidas que valorizem o trabalho, a distribuição de renda e a valorização das aposentado-rias. Defendemos a retomada do inves-timento público para termos um País mais próspero e justo.

Queremos, do governo e dos políticos, apoio as nossas justas reivindicações. Reivin-dicamos que a presidenta mobilize sua base de susten-tação no Congresso Nacional para aprovar a redução da jor-nada de trabalho sem corte nos salários, fim do Fator Pre-videnciário, reforma agrária e regulamentação e ratificação das Convenções 151 e 158 da OIT, entre outras.

expediente

diretoria eXeCUtiVa:Melquíades Araújo, Antonio de Sousa Ramalho, Eunice Cabral, Almir Munhóz, Paulo Ferrari,João Batista Inocentini, Levi Fernandes Pinto, Abraão Lincoln, Luiz Carlos Pedreira, Wilmar G. Santos,Terezinho Martins, Ivandro Moreira, Maria Augusta S. Marques, Sérgio Luis Leite (Serginho), Valclécia Trindade, Edson Geraldo Garcia, Francisco Sales, Miguel Padilha, Minervino Ferreira, Herbert Passos, Nilton S. Silva (Neco), Antonio Vítor, Geraldino Santos Silva, Mônica O. Lourenço Veloso, Oscar Gonçalves, Carlos R. Malaquias, Antonio Farias, Luciano M. Lourenço, Cícero Firmino (Martinha), José Pereira, Ari Alano,Nelson Silva de Souza, Arnaldo Gonçalves, Cídia Fabiane C. Santos, Elvira Berwian Graebin, Paulo Zanetti, João Peres Fuentes, Cláudio Magrão, Maria Auxiliadora, Maria Susicléia, Jeferson Tiego, Francisca Lea, Vilma Pardinho, Gleides Sodré Almazan, Adalberto Galvão,Maria Rosângela Lopes, Ruth Monteiro Coelho, Raimundo Nonato, Severino Augusto da Silva,José Lião, Lourival F. Melo, Mara Valéria Giangiullio, Neusa Barbosa, Evandro V. dos Santos, Reinaldo Rosa, Antonio Silvan, Defendente F. Thomazoni, Valdir Lucas Pereira, Carlos Lacerda, Antonio Johann, Ezequiel Nascimento, Elmo Silvério Lescio, Leodegário da Cruz Filho, Daniel Vicente, Manoel Xavier, Walzenir Oliveira Falcão, Valdir Pereira, Mauro Cava, Milton Batista (Cavalo), Núncio Mannala, Luis Carlos Silva Barbosa, Moacyr Firmino dos Santos

ForÇa siNdiCal Nos estados: (presidentes)Albegemar Casimiro Costa (AL), Aldo Amaral de Araújo (PE), Alexandro M. Costa (ES),Antonio do Amaral (RO), Carlos Augusto M. de Oliveira (TO), Danilo Pereira da Silva (SP),Cláudio R. Guimarães Silva (Janta) (RS), Epaminondas Lino de Jesus (DF), Nair Goulart (BA), Fabrício Dourado Gonsalles (PI), Francisco Dal Prá (RJ), Francisco de Assis Torres (RN), Idelmar da Mota Lima (MS), Irani de Oliveira Nunes (AP), Ivo Borges de Freitas (PA),José Porcino Sobo (PB), José Ribamar Frazão Oliveira (MA), Luiz Anute dos Santos (AC),Manoel Antonio dos S. Santana (RR), Manoel de Souza (MT), Osvaldo Olavo Mafra (SC),Raimundo Nonato Gomes (CE), Rodrigo Alves Carvelo (GO), Rogério Fernandes (MG), Sérgio Butka (PR), Vicente de Lima Fillizola (AM), Willian Roberto Cardosa Arditti (SE)

assessoria PolítiCa:Antonio Rogério Magri, Hugo Perez, João Guilherme Vargas e Marcos Perioto

eSCRitÓRiO nACiOnAL dA FORÇA SindiCAL em BRASÍLiA:

SCS (Setor Comercial Sul) – Quadra 02 – Ed. Jamel Cecílio – 3o andar – Sala 303ASA Sul – 70302-905 – Fax: (61) 3037-4349 – Telefone: (61) 3202-0074

FUNDADOR: ......................... lUiz aNtoNio de medeiros

PRESIDENTE:....................... PaUlo Pereira da silVa (PaUliNho)

SECRETÁRIO-GERAL:....... João Carlos GoNÇalVes (JUrUNa)

TESOUREIRO: ...................... lUiz Carlos motta

é uma publicação mensal da central de trabalhadores FORÇA SINDICALRua Rocha Pombo, 94 – Liberdade – CEP 01525-010 – Fone: (11) 3348-9000 – S. Paulo/SP – Brasil

Diretor responsável: ............ João Carlos Gonçalves (Juruna)Jornalista responsável: ..... antônio diniz (MTb: 12967/SP)

eDitor De arte: ........................... Jonas de limareDação: ........................................ dalva Ueharo e Val Gomesrevisão: .......................................... edson baptista Coleteassistentes: ................................. Fábio Casseb e rodrigo telmo lico

Tiragem desta edição: 15.000 exemplares

Carlos Alberto de Freitas, pres. da Fed. dos Trabs. em Refs. Coletivas do Est. de São Paulo (Fetercesp)

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paulo pereira da Silva (paulinho)Presidente da Força Sindical

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depois da divulgação de que o PIB cresceu apenas 0,9% no ano pas-sado, os números de janeiro de

2013 relativos à produção industrial vol-taram a lançar uma certa dose de otimis-mo sobre as expectativas das Centrais Sindicais em relação ao emprego, salário e distribuição de renda.

No primeiro mês deste ano, a produ-ção industrial cresceu 2,5% em relação ao mês imediatamente anterior. Em com-paração com igual mês do ano anterior, o total da indústria apontou expansão de 5,7% em janeiro de 2013.

Será que os números positivos da in-dústria no início do ano permitem às Cen-trais Sindicais e aos Sindicatos de traba-lhadores concluírem ser possível fechar 2013 com uma variação positiva do PIB entre 3% e 4%?

A resposta será sim no caso de o governo lançar mão de medidas capazes de valorizar a produção, o salário e o emprego. Na hipó-tese de o Planalto privilegiar medidas neoli-berais de condução da política econômica, como o aumento dos juros, o País terá um ano tão ruim quanto o de 2012.

Para o economista da subseção Diee-se da Força Sindical, Airton dos Santos, o Brasil poderá crescer de forma acen-

trabalhador precisa pressionarpelo crescimento econômico

para a economia crescer entre 3% e 4%, o governo terá de

retomar os investimentos, priorizar a produção, valorizar

o trabalho e fazer a reforma fiscal, taxando as grandes

fortunas e reduzindo os impostos sobre o consumo

Adalberto Galvão (Bebeto),presidente do Sintepav-BA

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Pib e Pib per capita

(taxa de crescimento anual – %)

Fonte e elaboração: IBGE

A reunião com os políticos foi importante porque pudemos tratar de temas importan-tes, especialmente as reivindicações que estão em debate no Congresso, como, por exemplo, a questão do fim das demissões imotivadas (Convenção 158 da OIT), o direi-

to de o servidor público nego-ciar livremente sua Conven-ção Coletiva com os governos (Convenção 151 da OIT), revo-gação do Fator Previdenciário e a redução da jornada.

Outra iniciativa importante das Centrais foi a entrega da pauta no STF. Quisemos, com isto, mostrar ao Poder Judi- ciário as reais necessidades da classe trabalhadora. Na reunião com a presidenta, praticamente não avançamos.

Mas a luta tem de continuar. Não va-mos ganhar nada de graça do governo e dos patrões. Precisamos mostrar à socie-dade que estamos unidos e dispostos a intensificar a luta por nossas bandeiras, que apontam para um Brasil mais justo, próspero e soberano.

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www.fsindical.org.br1º de maio

A valorização da CLT, no 1º de Maio, será comemorada no ano em que o 13º salário completa meio século. Surgido das lutas por “abono de Natal”, o 13º é uma conquis-ta de todos os trabalhadores. “Na luta pelo 13º, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo foi cercado pela polícia. Foram anos de luta até que o presidente Jango sancio-nasse a lei em 1963”, relembrou Juruna.

ções no banco de dados para usá-las da melhor forma, sem-pre com o objetivo de nego-ciar melhor os benefícios para os trabalhadores”, declarou.

“Parte das dificuldades re-sultam das ações adotadas pelas empresas. Por exem-plo: o xarope e a marca são da Coca-Cola, mas a fabri-cação do refrigerante é feita por outras empresas. Em al-guns casos, o mesmo grupo

tem fábrica para produzir e engarrafar o produto em dois ou três municípios dos Estados de São Paulo e Minas Gerais. A mesma empresa também produz suco”, declarou Araújo. “Por isto, as informações atualizadas são fundamentais”.

Valorização dos 70 anos da Clt e ampliação de direitoso Dia do Trabalhador,

no 1º de Maio Uni-ficado das Centrais

Sindicais, virá carregado de simbolismos: os 70 anos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que exige a luta pela manuten-ção dos direitos trabalhis-tas e sociais e, segundo, a batalha para pressionar governo e empresários pela ampliação de direitos.

No ato, dirigentes da Força Sindical e das de-mais Centrais vão destacar os direitos trabalhistas e as leis nascidas das lutas sociais. O secretário-geral da Força Sindi-cal, João Carlos Gonçalves, o Juruna, diz: “Queremos valorizar as leis que protegem os trabalhadores. É preciso mostrar que essas conquistas, transformadas em lei, nasceram das lutas sociais, sob o coman-do dos Sindicatos”.

a Fetiasp (Federação dos Trabalhadores nas Indús- trias da Alimentação do

Estado de São Paulo), e os Sindicatos filiados, decidiram aprimorar seus organogramas para romper as limitações que dificultam as negociações com as empresas transacionais.

“Foram criadas secretarias, que farão bancos de dados (uma espécie de fotografia) das empresas, como o perfil dos funcionários – número de homens, mulheres e jovens –, salário pago, benefícios, escolaridade”, disse Melquíades de Araújo, presidente da Federação.

“Nossa intenção é organizar as informa-

Para o movimento sindical brasileiro, foi uma importante vitória a decisão da presidenta da

república Dilma rousseff de promulgar a Conven-ção 151 da Organização internacional do traba-lho (Oit), que estabelece o direito à organização sindical e à negociação coletiva entre os traba-lhadores públicos e os governos municipal, es-tadual e federal.

Com o decreto, a presidenta as-sume o compro-misso com os tra-balhadores de dar início à discussão em torno da re-gulamentação da Convenção, que foi ratificada pelo Congresso Nacio-nal em 2010. “a regulamentação do documento é a nossa mais importante bandeira de hoje”, comentou o presi-dente da Federação dos servidores públicos Mu-nicipais do Estado de são paulo, aires ribeiro.

“O gesto dela (da presidenta) em promulgar o projeto foi importante para os trabalhadores e para a sociedade, porque mostra interesse do governo em resolver esta questão”, analisa o sindicalista. Ele sugeriu que a matéria a ser re-gulamentada pelo Congresso deve ter como base proposta que resultou de uma negociação entre as Centrais sindicais.

De acordo com aires ribeiro, um governo de-mocrático, popular, e que saiu das bases dos trabalhadores, precisa ouvir as propostas dos ser-vidores públicos. a expectativa dele é que a Con-venção 151 seja regulamentada ainda este ano, porque, conforme explicou o dirigente, o governo brasileiro está em ‘dívida com a Oit’, porque o do-cumento já deveria constar da legislação ordinária brasileira. “É que depois da ratificação, que se deu em 2010, o governo tinha um ano para regulamen-tar a Convenção”, afirmou. Durante cerca de 40 anos, foi bandeira repetidamente levantada nas manifestações e greves.

Pressionar os políticos pela regulamentação do documento

alimentação

convenção 151

Valorizar as leis que protegem os trabalhadores

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aires ribeiro: é a nossa mais importante bandeira de hoje”

Fetiasp cria secretarias para aprimorar negociações

Emprego e rendasão prioridades

SEGURO-DESEMPREGO

A justificativa do go-verno federal: a necessi-dade de garantir o equi-líbrio das contas do FAT.

A das Centrais Sindi-cais: o governo quer man-ter o superávit primário e fazer frente às desone-rações do PIS sobre pro-dutos. “Os trabalhadores não podem pagar a conta dessas desonerações”, in-digna-se Sérgio Luiz Leite, o Serginho, representante da Força Sindical no Code-fat. “Vamos lutar para der-rubar esta proposta”.

reajuste menor revolta Centraiso governo federal acha-

tou o reajuste dos va-lores do seguro-desem-prego para quem ganha acima de um salário míni-mo sem consultar o Code-fat. O cálculo do benefício nas faixas acima do piso (hoje em R$ 687) passou a ser feito com base na in-flação medida pelo INPC, em substituição ao índice que reajusta o salário míni-mo. Se a regra fosse man-tida, as faixas subiriam 9% neste ano, e não os 6,2% anunciados pelo governo.

segurança no tra-balho, defesa dos postos de trabalho”, enumerou ele.

Geraldino dos Santos Silva, secretário de Relações Sin-dicais, explica: “Colocamos em prática a decisão do Congresso anterior de fazer eleições nas instâncias estaduais no mes-mo ano da nacional. Participarão do 7º Con-gresso até 2.470 delegados, eleitos nos 27 Congressos Estaduais (em andamento), além de representantes internacionais.

o 7º Congresso Nacional da Força Sin-dical será realizado de 24 a 26 de julho, no município de Praia Grande

(SP), com o propósito de elaborar o pro-grama da Central e a ação sindical para os próximos quatro anos.

Os debates vão centrar fogo nas políti-cas de desenvolvimento do Brasil com in-centivo ao crescimento da economia, com justiça social, distribuição de renda, igual-dade de oportunidades, geração e manu-tenção de empregos, participação social e democracia. Segundo o presidente da CNTM, Miguel Torres, o Congresso será um espaço aberto e democrático para a definição e o encaminhamento das gran-des bandeiras da classe trabalhadora.

“Entre outras coisas, precisamos con-quistar redução da jornada, fim do Fator Previdenciário, recuperação do poder de compra das aposentadorias, investimen-tos em Educação, Saúde, grandes obras,

O primeiro Congresso Estadual foi rea- lizado em 13 de março passado, com Francisco Dal Prá reeleito presidente da Força-RJ. Foram tirados 120 delegados, que participarão do Congresso Nacional. “Este País pode ser melhor com a partici-pação da sociedade. O Brasil é de todos, e quem o constrói somos nós, trabalhado-res”, diz ele.

“Defendemos a continuidade do progra-ma, plural, democrático, de solidariedade e de unidade da Força Sindical com o movi-mento sindical”, destaca Miguel.

miguel: defesa da continuidade do programa plural e democrático

imposto de renda

Plr até r$ 6 mil isentade impostoa pressão das Centrais Sindi-

cais levou o governo a isen-tar de Imposto de Renda (IR) o prêmio de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR). Ficou definido que trabalhado-res que recebem PLR até R$ 6 mil não pagarão o Imposto. Acima desse valor, haverá uma cobrança gradativa de IR que vai variar de 7,5% a 27,5%

A isenção de IR sobre a PLR é uma bandeira histórica dos trabalhadores. A propos-ta foi apresentada como uma emenda a uma medida provi-sória, de autoria do deputado federal e presidente da Força

Sindical Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.

“Foi um avanço para a clas-se trabalhadora brasileira”, afir-mou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba/PR e da Força Sindical do Paraná, Sérgio Butka.

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butka: “Foi um avanço da classe trabalhadora”

congresso da Força sindical

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7.º CONGRESSOFORÇA SINDICALGARANTIR CONQUISTAS,

MAIS EMPREGOS,DIREITOS E CIDADANIA!

PRAIA GRANDE/SP24 A 26 DE JULHO DE 2013

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araújo: organizar asinformações em bancos de dados

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www.fsindical.org.brinternacional

Marcha das Centrais ocupabrasília por mais direitos

Custo com acidentes no trabalho reduz o crescimento econômico

Numa demonstração de unidade, cerca de 50 mil manifestantes ligados às Centrais sindicais e aos

movimentos sociais participaram da 7ª Marcha por Desenvolvimento, Cidadania e Valorização do trabalho, realizada em 6 de março, em brasília.

Depois de uma passeata de mais de três horas, que saiu do Estádio Nacional Mané Garrincha e terminou em frente ao Congresso Nacional, as Centrais sindicais (Força sindical, Ctb, CGtb, uGt, Cut e Nova Central) realizaram um ato público, destacando a importância de o governo federal melhorar a relação com os movimentos sindicais e sociais, e apoiar a pauta trabalhista.

De uma extensa lista de reivindicações, o presidente da Força sindical, paulo pereira da silva, o paulinho, explicou à presidenta Dilma roussef, que recebeu os representantes dos trabalhadores em audiência no mesmo dia da Marcha, que o movimento sindical luta por um brasil soberano, mais próspero e justo.

Ele disse que as prioridades dos trabalhadores são a revogação do Fator previdenciário, a redução da jornada para 40 horas semanais, política de valorização dos aposentados, reforma agrária, 10% do pib para a Educação e 10% do orçamento da união para a saúde.

As Centrais Sindicais mostraram ao governo o modelo de desenvolvimento que interessa aos trabalhadores

Arnaldo entende que a luta por Saúde e Segurança no Trabalho é prioritária para o movimento sindical

Paulinho explicou à presidenta Dilma que a luta é por desenvolvimento com justiça social

pressionem governo e empresários por se-gurança”, sugeriu Rogério Santos. As decla-rações do técnico da Força Sindical foram feitas durante o 1º Seminário de Saúde e Segurança do Trabalhador Comerciário, rea-lizado em fevereiro.

Ele apresentou números alarmantes a respeito de acidentes de trabalho e doen-ças ocupacionais no comércio: “Somente em 2010 foram registrados 2.712 acidentes”, destacou.

O secretário de Saúde do Trabalhador da Força Sindical, Arnaldo Gonçalves, disse que a luta por Saúde e Segurança no Trabalho é prioritária para o movimento sindical brasilei-ro. Ele estimulou os dirigentes sindicais co-merciários a inserir garantias de segurança e saúde nos Acordos e Convenções Coletivas. “Se as garantias estão no Acordo ou na Con-venção Coletiva, têm força de lei”, revelou.

o Brasil gasta R$ 71 bilhões por ano em decorrência dos acidentes de trabalho, retirando 4,5% do valor do Produto

Interno Bruto (PIB), segundo informação do técnico de Segurança no Trabalho da Força Sindical, Rogério de Jesus Santos. Para ele, se houvesse uma política de saúde e segu-rança no País, estes recursos poderiam ter sido investidos em Educação e Saúde.

No setor de serviços, segundo o técnico, a doença que mais prejudica os comerciários é a LER (Lesões por Esforços Repetitivos), atingindo um contingente de trabalhadores com idade de 17 a 30 anos. Ele revelou que, dos cerca de 2,5 milhões de comerciários do Estado de São Paulo, perto de 25 mil têm ou sofrem de LER.

“Por isto, é fundamental que os Sindicatos e as Federações criem os seus departamen-tos de Saúde e Segurança do Trabalhador e

a presidenta Dilma rousseff sancionou a lei 12.790/2013, que regulamenta a categoria

comerciária. a lei institui o Dia do Comerciário (30 de outubro) e define a jornada de trabalho de 8 horas diárias e 44 semanais. somente median-te acordo Cole-tivo a jornada poderá ser altera-da. a lei também admite jornada de 6 horas para o trabalho realizado em turnos de re-vezamento, sendo vedada a utiliza-ção do mesmo empregado em mais de um turno, salvo negociação coletiva.

O presidente da Federação dos Comerciários do Estado de sp, e tesoureiro da Força sindical, luiz Carlos Motta, diz que serão beneficiados 12 milhões de comerciários no país. “Com a efetiva regulamentação, a categoria ganha em qualidade de vida e melhores condições de trabalho, com registro de comerciário na carteira profissional e geração de milhões de empregos”, esclarece.

FreNtistas – Os cerca de 550 mil frentistas do brasil também comemoram a aprovação des-ta lei, pois a profissão se enquadra na categoria comerciária. para antônio porcino sobrinho, presi-

dente da Federação Nacional dos Frentis-tas (Fenepospetro), o fato reforça a luta pela valorização de uma categoria que era marginalizada no país, com trabalho degradante e salá-rios baixos. “a cate-goria está crescendo e o frentista se quali-ficando, cursando fa-

culdade e participando efetivamente do mercado consumidor. Com a regulamentação, o trabalhador terá mais tempo e qualidade de vida para crescer pessoal e profissionalmente”, diz porcino.

Comerciário agora é profissão

regulamentação

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Porcino: o trabalhador vai crescer profissionalmente

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Motta calcula a geração de milhões de empregos

7ª marcha das centrais

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www.fsindical.org.brmatéria de uma páginaduas matérias em uma página

BRASílIA6 de março de 2013

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Desenvolvimento, Cidadania e Valorização do Trabalho7a MARCHA das CENTRAIS

10 jornal da força sindical — no 80 março de 2013 11

www.fsindical.org.br7ª marcha das centrais 8 de março

Luta por igualdade no mundo do trabalhoa secretária Nacional da

Mulher da Força Sindi-cal, Maria Auxiliadora

dos Santos, quer a aprovação no Congresso dos projetos de igualdade entre homens e mulheres no mundo do tra-balho. “Exigimos o fim do Fa-tor Previdenciário, que reduz mais as aposentadorias para as mulheres”. Ela defende a obrigatoriedade da licença-maternidade de 180 dias, para assegurar uma vida mais sau-dável no contato mãe e filho.

Segundo o Dieese, as mulhe-res representam mais da me-tade da população desempre-gada e, quando empregadas, recebem menores rendimen-tos do que os homens. “É uma discriminação”, diz Nair Goulart, presidenta da Força Bahia. Nair defende a ratificação da Con-venção 189 da OIT, para garantir direitos às mais de 7 milhões de domésticas no Brasil.

A melhor situação alcançada pelas mu-lheres no mercado de trabalho, contudo, não eliminou a histórica

neuralice: pelo empoderamento político e econômico da mulher

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auxiliadora: o Fator prejudica mais as mulheres

do que os homens

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estudo do dieese mostra que as mulheresrepresentam mais da metade da populaçãodesempregada no País

delegações das estaduais da Força sindical foram fundamentaispara o sucesso da 7ª marcha das Centrais, que reuniu 50 mil trabalhadores em brasília pela PaUta trabalhista

econômico, saúde preventi-va e doenças ocupacionais. Neuralice César Maina, pre-sidenta do Sindicato das Secretárias do Paraná e se-cretária da Mulher da Força Sul PR, diz que “o debate foi preparatório para o 1º Semi-nário das Trabalhadoras da Força Sul (RS/PR/SC)”.

participação

“As mulheres precisam par-ticipar mais, como agentes sociais pela inclusão social”, diz Maria Antonia Magalhães, presidenta do Sindicato Na-cional dos Aposentados do DF, vice-presidenta da Força DF e secretária da Mulher da Força Sindical DF.

“O fim do assédio moral e se-xual, e do tráfico de mulheres, também entram na pauta das mobilizações coletivas”, diz Mô-nica Veloso, vice-presidenta da

CNTM. O Março Mu-lher termina com um ato no Fórum Nacional das Mulheres Trabalha-doras, em São Paulo.

nair Goulart: as mulheres ganham menos que os homens

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desigualdade nas oportunida-des de inserção ocupacional entre os sexos. A taxa de de-semprego caiu em 2012 tanto para os homens quanto para as mulheres (ver tabela). Toda-via, as taxas de desemprego ainda permaneceram maiores para as mulheres em todas as regiões investigadas.

estabilidade

Merecem destaque a deci-são do TST de que a gravidez durante o aviso-prévio dá di-reito à estabilidade, com pa-gamento de salários e inde-nizações. Assim como a Lei Maria da Penha, para revelar a violência e exigir medidas de combate aos ataques contra as mulheres, que, segundo a ONU, é uma epidemia mun-dial. “No entanto, as Delega-cias de Defesa da Mulher ain-da funcionam em condições

difíceis, com poucos funcio-nários e equipamentos. E não atendem 24 horas nem nos finais de semana”, diz Telma Cardia, presidenta do Sindicato dos Frentistas de Guarulhos e da Secretaria da Mulher da Fe-nepospetro.

As mulheres da Força PR debateram igualdade de gê-nero, participação da mu-lher no movimento sindical e empoderamento político e

Fonte: Convênio DIEESE, SEADE, MTE/FAT e instituições regionais. PED – Pesquisa de Emprego e Desemprego

Taxas de desempregoRegiões Metropolitanas e Distrito Federal – 2011 e 2012

(% da peA)

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metROpOLitAnAS

Belo Horizonte 5,5 8,6 4,5 5,99,9 15,1 9,6 15,17,3 10,7 7,4 10,76,2 8,7 6,0 8,210,7 16,7 9,8 14,612,2 18,6 14,5 21,28,6 12,5 9,4 12,5

Distrito FederalFortalezaPorto AlegreRecifeSalvadorSão Paulo

Homens Homensmulheres mulheres

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da Silva, presidente do Sindi-cato dos Estivadores de Itajaí e Florianópolis, disse que “as mudanças nos portos vão cor-tar direitos dos trabalhadores”. “O descontentamento com a medida é tão grande que a paralisação no Porto de Pa-ranaguá reuniu estivadores, arrumadores, consertadores, vigias, conferentes e até ca-minhoneiros”, contou o presi-dente do Sindicato dos Estiva-dores de Paranaguá, Antônio Carlos Bonzato.

portos

representantes dos tra-balhadores portuários entraram em acordo

com o governo sobre o texto da Medida Provisória 595, que altera o modelo de concessões de termi-nais. Com isto, decidiram não paralisar os portos no dia 25 de março, mas vão manter o estado de greve.

A reunião foi realizada no dia 21 de março com o lí-der do governo no Senado e relator da MP dos Portos, Eduardo Braga (PMDB-AM). Pelo acordo, a Fede-ração Nacional dos Esti-vadores (FNE), as demais Federações e os Sindicatos das diversas categorias vão representar todos os trabalhadores dos termi-nais públicos e privados.

“Isto significa que não importa qual seja a ativida-de preponderante do em-pregador, dentro ou fora do porto organizado, ele sem-pre terá que realizar suas negociações coletivas com os Sindicatos dos trabalha-dores portuários”, relatou o presidente da FNE, Wilton Ferreira Barreto.

Mas restou apenas uma pendência entre as exi-gências feitas pelos represen-tantes dos trabalhadores: a criação de um cadastro dos portuários, que pode ficar ou não dentro dos Ogmos (Ór-gãos Gestores de Mão de Obra), e que vai servir de refe-rência para a contratação dos trabalhadores por portos públi-cos e privados.

O governo aceitou a proibi-ção de mão de obra temporá-ria; a criação de uma guarda

muito antes da deflagração da greve nacional, de 22

de fevereiro, que reuniu 30 mil trabalhadores de 36 portos, localizados em 12 Estados, a categoria sempre buscou o diálogo com o governo fede-ral. Ao lado das Centrais Sin-dicais, solicitou a políticos que intercedessem junto ao go-verno federal para a abertura de negociações.

Reuniram-se com governa-dores, como o do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin

Editada pelo governo, a medida provisória introduz um novo marco regulatório nos portos brasileiros, com o propósito de reduzir o custo operacional dos portos mediante a privatização dos terminais e a dimi-nuição dos salários.

Os salários serão mais baixos por-que os terminais particulares é que vão contratar seus trabalhadores pela CLT, abrindo mão dos órgãos gestores de mão de Obra (Ogmos).

O Planalto afirma que a mP 595 tem o objetivo de modernizar os

portos brasileiros, tornando suas operações mais baratas. Na práti-ca, dizem os sindicalistas, a preten-são é desnacionalizar o setor aos poucos, passando-o às mãos de grupos privados, principalmente os estrangeiros.

portuária específica para por-tos, regulamentada pela Se-cretaria de Portos; o estabele-cimento de uma renda mínima nos períodos de baixa movi-mentação; e uma aposentado-ria especial para os trabalhado-res em portos.

O Conselho da Autoridade Portuária, que consta da MP, também terá participação pari-tária entre trabalhadores e em-presários, conforme pediram

os trabalhadores. “O acordo foi bom e representou um avanço significativo, com a ajuda fun-damental do Paulinho (Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical)”, avaliou Barreto.

Rodnei: “Somente com a greve o governo cedeu e abriu negociação”

Claudir: trabalhadores deram exemplo de unidade

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“Insistimos ainda na reivin-dicação, a ser avaliada pelo go-verno, que as empresas preci-sam ser obrigadas a requisitar apenas trabalhadores ins-critos nos Ogmos”, afirmou Paulinho.

Ele avisou que a direção da Central manterá a luta no Con-gresso Nacional pela inclusão na MP da isonomia entre por-tos públicos e privados, e pela autonomia dos Estados.

Os empregados e a mp 595

Trabalhadores querem mantero diálogo com o governo

mas não descarta grevePORTuáRIO faz acordo,

(PSDB), com ministros de Es-tado e com os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), “mas somente com a greve o governo federal cedeu e abriu negociação”, lembra o presi-dente do Sindicato dos Estiva-dores de Santos, Rodnei Oli-veira da Silva.

No caso de as partes não chegarem a um acordo a res-peito das mudanças na MP 595, o presidente do Sindicato dos Estivadores do Rio de Ja-neiro, Claudir Macedo, garan-te que “os trabalhadores vão retomar a luta para alcançar seus objetivos, dando mais um exemplo de unidade”. “Fi-zemos greve porque a MP tem o objetivo de privatizar os por-tos e reduzir salários”, acusou o presidente do Sindicato dos Estivadores de Pernambuco, Josias Martins Santiago.

Na mesma linha, Saul Airoso

barreto: “O acordo representa um avanço significativo”

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Antes de radicalizar a luta, a categoria buscou a negociação e chegou a ocupar um navio chinês no Porto de Santos

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www.fsindical.org.brCampanha salarial

as negociações salariais de janeiro e fevereiro mostram que o ano será di-fícil para o movimento sindical con-

quistar bons reajustes salariais. Segundo o diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, o empresariado está reticente diante do desem-penho fraco da economia em 2012 e do ritmo de retomada ainda incerto neste ano. Por isto, não está disposto a au-mentar os salários como nos anos anteriores.

A inflação em alta, por ou-tro lado, tem ajudado a cor- roer os ganhos reais pleitea-dos pelas categorias. Em ja-neiro de 2012, o INPC acumu-

lado nos 12 meses anteriores era de 5,63%. No mesmo período deste ano, o percentual ficou um ponto maior – 6,63%. Para supe-rar este cenário, os Sindicatos vão precisar de unidade, organização e mobilização para

arrancar um bom acordo.

Construção Civil/ Frentistas

Os 370 mil trabalhadores da construção civil de São Paulo reivindicam aumento real de 5%, cartão magnético de R$ 220 para compras no supermercado e seguro de vida de R$ 75 mil. Antônio de Sousa Ramalho, presidente do Sindicato, defende o diálo-

go, mas não descarta greve para superar impasses.

Os 100 mil frentistas do Estado de SP lutam por aumento real, piso maior, ces-ta básica, tíquete refeição e proibição da terceirização. O presidente do Sindicato, Antônio Porcino Sobrinho, explica que a campanha salarial está difícil em função da intransigência patronal. “Será preciso mui-ta mobilização e luta para conseguirmos um bom acordo”, frisa ele, que também co-manda a Federação Nacional (Fenepospe-tro), que agrega 500 mil frentistas.

Vanderlei Roberto dos Santos, secretá-rio-geral do Sindicato dos Frentistas de São Paulo, diz que “a categoria quer impedir a contratação de mão de obra via agência ou cooperativas”.

Químicos/ Vigilantes

A Fequimfar lidera campa-nha de cerca de 15 mil far-macêuticos e 35 mil traba-lhadores no setor do álcool e etanol no Estado de SP. “O momento é favorável para um aumento real de 5% e na PLR, conquistas que con-tribuem com o crescimento”, diz o presidente Serginho.

A Federação dos Vigilantes do RS e os Sindicatos de Caxias do Sul, Ijuí, Alegrete, São Leopoldo, Lajeado, Pelotas, Passo Fundo, Rio Grande e Santana do Li-vramento garantiram adicional de periculo-sidade para os vigilantes, reajuste salarial de 6,63% e vale-alimentação de R$ 12.

metalúrgicos/Cataguases Os trabalhadores da GM de Gravataí

pedem aumento real de 5%, piso de R$ 1.600, PPR de R$ 15 mil e abono de R$ 4.500. Valcir Ascari, do Sindicato dos Me-talúrgicos de Gravataí, quer o fim da ter-

ceirização da atividade-fim na empresa. O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, presidido por Sérgio Butka, nego-cia PLR para cerca de 40 mil metalúrgicos de aproximadamente cem empresas.

José Isaac de Morais, do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Mineração de Cataguases, Itamarati e Miraí, destaca a conquista na Mineradora Rio Pomba do reajuste de 7,5%, tíquete supermercado de

R$ 240, convênio odontológi-co gratuito e abono de R$ 450.

professores/Costureiras

Os professores da Facul-dade União de Ponta Grossa conquistaram – após um dia de greve – reajuste de 13,8% (referente à inflação de 2010 a 2012) e a garantia de inte-gralidade do reajuste que está sendo negociado entre o Sindicato dos Professores

no Estado do Paraná (Sinpro-par) e o Sindicato das Escolas Particulares.

O Sindicato das Costureiras e Alfaiates de BH conquis-tou aumento de 7,20% para quem ganha até R$ 1.500. Acima deste valor, os salários foram reajustados em 6,20%. A categoria também garantiu gratificação, retorno de férias, auxílio funeral, prêmio assi-duidade e cesta de Natal.

Alimentação/ telecomunicações

A Federação dos Trabalhadores na Ali-mentação de SP e Sindicatos reivindicam reposição, aumento real de 10% e piso de R$ 1.500. “Vamos intensificar as mobili-zações nas bases e pressionar as empre-sas”, disse o presidente da Fetiasp, Mel-quíades de Araújo.

O Sindicato dos Trabalhadores em Tele-comunicações no Estado de SP tem rea-lizado assembleias com os 150 mil traba-lhadores do setor de teleatendimento para que decidam sobre a proposta para a Con-venção Coletiva 2013.

Bahia/nova OdessaO Sintepav-BA, presidido por Bebeto Gal-

vão, luta por reajuste de 14%, valorização da cesta básica, horas extras aos sábados de 100%, ajuste da tabela salarial de forma gradual, trabalho de segunda a sexta, as-sistência médica e renovação das demais cláusulas da Convenção Coletiva passada.

Servidores de Nova Odes-sa rejeitaram proposta da Pre-feitura de 6,7% de reajuste e aumento de R$ 20,00 na ces-ta, que passaria de R$ 240,00 para R$ 260,00 já e para R$ 280,00 a partir de julho. O Sindicato dos Servidores de Americana e Nova Odessa, presidido por Aires Ribeiro, solicitou à administração que retome as negociações e apresente melhores índices.

Cenário econômico pode dificultar conquistaDE

Ramalho não descarta a greve para superar o impasse

ascari: luta para acabar com a terceirização da atividade-fim

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serginho: “Momento é favorável para conquistar aumento real”

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Os trabalhadores da construção pesada da Bahia estão mobilizados para exigir dos patrões ganho real de salário

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16 jornal da força sindical — no 80

memória sindical

Marchas da Classe Trabalhadora

em 2000, sindicalistas da Força Sindi-cal realizaram uma Marcha pela elevação do salário mínimo, que era de cerca de du-zentos reais, para cem dólares, e pela re-cuperação do Fundo de Garantia (defasado devido a falta de correção).

Cerca de 150 trabalhadores marcharam a pé de São Paulo a Brasília.

Segundo Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, “fomos a pé daqui para Brasília, em uma viagem de 31 dias. Acampávamos todos os dias. Foi uma luta que uniu as principais categorias: metalúrgicos, trabalhadores da construção civil, da alimentação, costurei-ras, químicos, comerciários. Todos os gran-des Sindicatos da época nos ajudaram”. (Força sindical, 20 anos de lutas, 2011.)

O evento foi um marco a partir do qual se iniciou, em 2004, uma sequência de Marchas da Classe Trabalhadora com a participação de todas as Centrais Sindicais – Força Sindical, Central Única dos Traba-lhadores (CUT), União Geral dos Trabalha-dores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST).

Entre 2004 e 2009 foram realizadas seis Marchas da Classe Trabalhadora, enfatizan-do temas como a redução da jornada sem redução de salário, a luta pelo trabalho de-cente e reforçando a unidade de ação do movimento sindical.

A 6ª Marcha, que contou com a partici-pação de mais de 40 mil pessoas de todos os Estados e setores econômicos, costu-rou um histórico acordo com o governo fe-deral, no qual a Lei 12.382, de março de 2011, garante a política de valorização do salário mínimo até 2015. Tal reajuste, que levou o salário mínimo a ter uma valoriza-ção de 55% de aumento real, baseia-se na inflação do ano anterior somada à variação do PIB de dois anos regressos.

Depois de quatro anos sem a realização da Marcha, o ano de 2013 começou com a reedição do evento. A retomada desta for-ma de luta se fez necessária devido à ne-cessidade de pressionar o governo fede-ral e o Congresso Nacional pela retomada dos investimentos públicos e por salários e empregos de qualidade no Brasil, com a garantia de contrapartidas sociais.

Com o tema “Desenvolvimento, Cidada-nia e Valorização do Trabalho”, a 7ª Marcha reivindicou o fim do Fator Previdenciário, a redução da jornada de trabalho (sem re-dução salarial), uma política de valorização dos aposentados, reforma agrária, igualda-de de oportunidades entre homens e mu-lheres, 10% do PIB para a Educação, 10% do orçamento da união para a Saúde, cor-reção da tabela do Imposto de Renda, rati-ficação da Convenção OIT/158, regulamen-tação da Convenção OIT/151, ampliação do investimento público, desenvolvimento econômico (com distribuição de renda,

emprego, trabalho decente, manutenção e ampliação de direitos) e justiça social.

Desta vez, a plataforma de lutas foi orientada pela Agenda elaborada no 2º Conclat (Congresso Nacional das Clas-ses Trabalhadoras), em junho de 2010, em São Paulo.

Segundo João Guilherme Vargas Neto, a 7ª Marcha reafirmou o papel histórico do movimento sindical dos trabalhado-res, maior movimento social brasileiro e, hoje, vanguarda do movimento sindical no mundo inteiro.

Ainda em suas palavras, “de forma pa-cífica, imponente e colorida, os 60 mil participantes – cujo comparecimento superou todas as expectativas – deram a mais vigorosa demonstração de força em defesa das exigências dos trabalha-dores por desenvolvimento, cidadania e valorização do trabalho”.

*Carolina Maria Ruy é jornalista, coordenadora de projetos do Centro de Cultura e memória Sindical

As Marchas sempre tiveram um caráter de forte reivindicação trabalhista

Entre 2004 e 2009, as Marchas da Classe trabalhadora pressionaram o governo e conquistaramimportantes avanços, dentre os quais se destacam a política de valorização do salário mínimo até 2015

por: Carolina maria Ruy*

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