organizações militares executoras de transporte (omet) do ... · chapplin) resumo este trabalho...

70
Maj MB CARLOS ADRIANO ALVES DE TOLEDO Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do Exército Brasileiro: Capacidades, Limitações e Integração da Execução do Transporte Nacional frente ao aumento das demandas do Exército Brasileiro Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Orientador: Ten Cel MB Sidney Marinho Lima Rio de Janeiro 2018

Upload: others

Post on 03-Aug-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

Maj MB CARLOS ADRIANO ALVES DE TOLEDO

Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do Exército Brasileiro: Capacidades, Limitações e

Integração da Execução do Transporte Nacional frente ao aumento das demandas do Exército Brasileiro

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares.

Orientador: Ten Cel MB Sidney Marinho Lima

Rio de Janeiro 2018

Page 2: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

Maj MB CARLOS ADRIANO ALVES DE TOLEDO

Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do Exército Brasileiro: Capacidades, Limitações e

Integração da Execução do Transporte Nacional frente ao aumento das demandas do Exército Brasileiro

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares.

Aprovado em 26 de novembro de 2018.

COMISSÃO AVALIADORA

___________________________________________ Sidney Marinho Lima - Ten Cel MB - Orientador Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

___________________________________________ Marcelo Peçanha da Graça – Ten Cel Int - Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

_________________________________________ Glauber Juarez Sasaki – Maj Com - Membro

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

Page 3: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

À minha esposa Jaquelini e aos meus

filhos Lucas e Eduardo. Uma sincera homenagem pelo carinho e

compreensão demonstrados durante a

realização deste trabalho.

Page 4: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

AGRADECIMENTOS

Ao Tenente-Coronel Sidney Marinho Lima, pela orientação firme e segura,

como também, pelo incentivo e pela confiança evidenciada em várias oportunidades.

Sua forma de conduzir as orientações foi fundamental para que eu pudesse realizar

o trabalho com tranquilidade e eficiência.

Aos integrantes da 2ª Companhia de Transporte pela inestimável colaboração

prestada por ocasião da confecção deste trabalho.

Aos meus pais, Messias Augusto Toledo e Lucimar Fernandes Alves de

Toledo pela educação que me proporcionaram durante toda a minha vida e que

permitiu a realização deste trabalho.

Page 5: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

“A persistência é o caminho do êxito” (Charles Chapplin)

Page 6: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia de Transporte, para que ocorra a integração da melhor forma possível com o Estabelecimento Central de Transportes na execução de missões, diante de um cenário em que há um considerável aumento de demandas de transporte nacional.

O aumento das demandas é decorrente, principalmente, das inúmeras missões que o Exército Brasileiro participa em todo o território nacional. Como possível consequência, pode ocasionar o não cumprimento da missão de transporte em tempo oportuno e óbices de toda a ordem, uma vez que as capacidades do Estabelecimento Central de Transporte extrapolam diante desse aumento.

Além da abordagem do trabalho integrado das Organizações Militares Executoras de Transporte (Estabelecimento Central de Transportes e 2ª Companhia de Transporte), o estudo procurou evidenciar o atual momento do Sistema de Transporte do Exército Brasileiro, o qual passa por transformações que são gerenciadas pelo Comando Logístico e Gabinete de Planejamento e Gestão Observou-se que o Sistema de Transporte do Exército Brasileiro, ora em curso, busca alinhar-se aos Objetivos Estratégicos do Exército, por intermédio de uma nova estrutura e efetiva gestão logística. Por fim, as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia de Transporte foram observadas e definidas dentro de 04 (quatro) fatores constantes do Catálogo de Capacidades do Exército: a Doutrina, a Organização, o Material e o Pessoal.

Palavras-chave: Organização Militar Executora de Transporte, aumento de

demandas, capacidades, integração.

Page 7: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

ABSTRACT

The objective of this work was to present the capacities that should be added to the 2nd Transport Company, so that the best possible integration with the Central Transportation Establishment can occur in the execution of missions, faced with a scenario in which there is a considerable increase of demands of national transport. The increase in demands is due, mainly, to the numerous missions that the Brazilian Army participates in all the national territory. As a possible consequence, it may lead to the non-fulfillment of the transport mission in a timely manner and obstacles of any order, as the Central Transportation Authority's capabilities extrapolate in the face of this increase. In addition to the approach of the integrated work of Military Transport Executing Organizations (Central Transportation Establishment and Second Transport Company), the study sought to highlight the current moment of the Brazilian Army Transportation System, which undergoes transformations that are managed by the Logistic Command and Planning and Management Office It was observed that the Brazilian Army Transportation System, currently under way, seeks to align itself with the Army's Strategic Objectives, through a new structure and effective logistics management. Finally, the capabilities that should be added to the 2nd Transport Company were observed within 04 (four) factors listed in the Army's Capacity Catalog: Doctrine, Organization, Material and Personnel.

Keywords: Military Organization Execution of Transportation, increase of demands,

capacities, integration.

Page 8: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Distribuição dos Comandos Militares de Área..........................................19

Figura 2- Visão Geral da Estrutura Logística da Força Terrestre..............................26

Figura 3 – Evolução histórica do Comando Logístico................................................28

Figura 4: Organograma da Base de Apoio Logístico do Exército..............................31

Figura 5 – Plano Geral de Transporte 2017...............................................................33

Figura 6: Eixos de Transporte previstos pelo Plano Geral de Transporte. ...............35

Figura 7: Carregamento de Sup Cl I (gêneros secos). ..............................................43

Figura 8: Eixos de Suprimento Classe I.....................................................................43

Figura 9 – Emprego de Viatura Carreta-prancha na Operação Piquissiri. ................45

Figura 10 – Embarque de VBTP URUTU para tropas em treinamento do BRABAT

26. ..............................................................................................................................45

Figura 11: Organograma da 2ª Companhia de Transporte. ......................................47

Figura 12: Processo especial de suprimento. ...........................................................49

Figura 13: Balizamento de carreta com excesso lateral durante transporte. ............50

Figura 14: Comboio do ECT e 2ª Cia Trnp na execução do Eixo Amazônico...........60

Page 9: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS

Gráfico 01 – distribuição dos motoristas habilitados na categoria “E” por

graduação...................................................................................................................56

Tabela 1: Relação de viaturas tratoras de transporte não especializado (“cavalo-

mecânico”) e viaturas semi-reboque existentes.........................................................51

Tabela 2: Viaturas de Transporte Especializado/Não Especializado

(VTE/VTNE)................................................................................................................52

Tabela 3 – Quadro Resumo de Missões da 2ª Cia Trnp em 2016.............................59

Tabela 4 – Quadro Resumo de Missões da 2ª Cia Trnp em 2017.............................59

Page 10: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 12

1.1 PROBLEMA................................................................................................ 14

1.2 OBJETIVO................................................................................................... 14

1.2.1 Objetivo Geral............................................................................................ 14

1.2.2 Objetivos específicos.................................................................................. 15

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO................................................................... 15

1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO..................................................................... 15

2 METODOLOGIA....................................................................................... 17

2.1 TIPO DE PESQUISA................................................................................... 17

2.2 UNIVERSO E AMOSTRA.......................................................................... 17

2.3 COLETA DE DADOS................................................................................. 18

3 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................... 19

3.1 A LOGÍSTICA NO TERRITÓRIO NACIONAL........................................ 21

3.1.1 Considerações............................................................................................... 21

3.1.2 O Sistema Logístico do Exército Brasileiro................................................. 22

3.1.3 Estrutura da Logística em território nacional............................................... 25

3.2 SISTEMA DE TRANSPORTE NACIONAL DO EXÉRCITO

BRASILEIRO...............................................................................................

27

3.3 COMANDO LOGÍSTICO........................................................................... 29

3.4 BASE DE APOIO LOGÍSTICO DO EXÉRCITO (Ba Ap Log

Ex).....................................................................................................

29

4 ESTABELECIMENTO CENTRAL DE TRANSPORTES (ECT) 38

5 2ª COMPANHIA DE TRANSPORTE (2ª Cia Trnp).............................. 40

5.1 Generalidades............................................................................................... 40

5.2 Capacidades.................................................................................................. 41

5.2.1 Doutrina........................................................................................................ 42

5.2.2 Organização.................................................................................................. 46

5.2.3 Material (viaturas)........................................................................................ 50

5.2.4 Pessoal.......................................................................................................... 54

5.3 Limitações.................................................................................................... 56

6 AUMENTO DAS DEMANDAS DE TRANSPORTE E

Page 11: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

INTEGRAÇÃO NA EXECUÇÃO DE TRANSPORTE DE NÍVEL

NACIONAL................................................................................................

59

7 CONCLUSÃO............................................................................................. 64

REFERÊNCIAS........................................................................................... 67

Page 12: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

12

1 INTRODUÇÃO

Desde os tempos de paz, o Exército Brasileiro (EB) cumpre as mais variadas

missões em locais distintos do território nacional. Tais missões, para que sejam

concretizadas, dependem de um eficiente sistema logístico que permita o

deslocamento de meios (materiais e pessoal) de um local para outro do país a

qualquer momento. Nesse sentido, nota-se que a atividade de transporte é essencial

nesse processo.

Atualmente, as missões de transporte logístico de nível nacional do Exército

Brasileiro são realizadas baseadas em um Plano Geral de Transporte (PGT), o qual

define os períodos, os eixos a serem seguidos e as condições em que as missões

devem ocorrer.

O Exército Brasileiro possui 01 (uma) única Organização Militar (OM)

Executora de Transporte, considerada de nível nacional, prevista para cumprir as

missões constantes do PGT. O Estabelecimento Central de Transportes (ECT) é

uma OM integrante da Base de Apoio Logístico do Exército (Ba Ap Log Ex), cuja

missão principal é realizar o transporte logístico nacional, de acordo com o PGT. Por

intermédio do modal rodoviário, cumpre missões em proveito da Base de Apoio

Logístico do Exército, bem como do Comando Logístico.

Somado a essas missões previstas no PGT, tem ocorrido, nos últimos anos,

um aumento considerável de demandas logísticas do EB, caracterizando um

transporte eventual, o qual ocorre em todo território nacional.

Em diversas ocasiões, as missões previstas no PGT coincidem com as

demandas de transporte eventual, gerando necessidades de transporte que

extrapolam as capacidades do ECT.

Essas missões de transporte, em sua maioria, são definidas pelo Comando

Logístico e o aumento decorre das inúmeras missões ou eventos em que o Exército

tem participado, podendo-se citar os seguintes exemplos:

a. Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO);

b. Jogos Mundiais Militares (2010);

c. Copa do Mundo de futebol (2014);

d. Jogos Olímpicos e Paraolímpicos (2016);

e. Operações de Pacificação;

f. Exercício de Logística Multinacional (2017);

Page 13: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

13

g. Desmobilização do Haiti (2017);

h. Operação Acolhida na Região Norte do Brasil (2018); e

i. Intervenção Federal (2018) e muitas outras missões.

Ocorre, em diversas dessas missões, o deslocamento de meios

significativos entre cidades, Estados e entre áreas de dois ou mais Comandos

Militares de Área.

As demais Organizações Militares Executoras de Transporte existentes são

regionais. Entre outras razões, diferem do ECT por terem subordinações regionais,

portanto cumprem missões regionais em sua essência.

Todavia, as demandas de transporte que o novo cenário exige da Força

Terrestre tem acarretado o emprego crescente de OMETs regionais em missões

consideradas de nível nacional, uma vez que as capacidades do ECT estão aquém

dessas demandas exigidas.

Desta forma, uma OMET pertencente à determinada Região Militar ou

Comando Militar de Área poderá executar uma missão de transporte em proveito da

Base de Apoio Logístico do Exército ou Comando Logístico, integrando-se ao ECT

ou de maneira isolada, caracterizando um transporte nacional.

A 2a Companhia de Transporte (2a Cia Trnp), o 18o Batalhão de Transporte

(18o Btl Trnp) e o Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia

(CECMA) são exemplos de OMETs regionais. Além dessas Organizações Militares,

os Batalhões Logísticos, as Bases Logísticas e os Órgãos Provedores, também

executam a atividade de transporte.

Diante desse contexto, conhecer as capacidades que devem ser agregadas

a determinada OMET, para que esta possa integrar-se ao ECT para melhor atender

ao aumento das demandas existentes torna-se uma necessidade.

Assim, duas premissas básicas devem ser atendidas na execução

do transporte integrado: efetividade logística e logística na medida certa.

BRASIL (2014) aborda o conceito de Efetividade Logística como sendo a

capacidade de produzir e obter resultados desejados de forma continuada por meio

de processos eficientes, segundo critérios ou normas estabelecidas.

Sendo assim, o Grupo Funcional Transporte deve buscar não só a

distribuição dos meios, mas também a eficiência em seus processos, os quais são

fundamentais em um trabalho integrado.

Page 14: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

14

A outra premissa que o transporte integrado exige é o conceito de Logística

na medida certa, cuja definição abordada em BRASIL (2014) é:

Logística que seja capaz de ajustar-se à multiplicidade de situações de emprego, com suas nuances e especificidades. Essa “logística na medida certa” deve ser capaz de prever e prover o apoio em materiais e serviços necessários para assegurar a essa força liberdade de ação, amplitude do alcance operativo e capacidade de durar na ação. (BRASIL, 2014).

Ao utilizar o conceito de logística na medida certa no Grupo Funcional

Transporte, por ocasião da integração entre as OMETs, busca-se a racionalidade no

emprego dos meios de transporte, modularidade, aproveitamento das missões de

transporte, logística reversa, atendimento ao máximo possível das demandas e

muitos outros objetivos.

Ao finalizar a presente introdução, conclui-se que há um aumento

considerável nas demandas de transporte da Força Terrestre, o que traz um impacto

direto nas Organizações Militares Executoras de Transporte, materializado pelo

aumento do emprego de OMETs regionais em missões definidas pelo COLOG.

1.1 O PROBLEMA

Conforme observado na introdução, há uma série de dúvidas que permeiam

o Plano Geral de Transporte, face ao contexto do aumento das demandas. Essas dúvidas são: os eixos de transporte podem ter seus períodos de execução alterados? E se houver grande demandas de transporte que coincidam com a execução dos eixos do PGT? É possível realizar mais de um Eixo de Transporte simultaneamente? Além do ECT, as outras OMET são capazes de realizar um eixo de transporte do PGT?

Nesse contexto, este estudo se depara com o seguinte problema:

Quais são as capacidades que devem ser agregadas a 2ª Companhia de Transporte para que esta possa integrar-se adequadamente ao ECT e atender ao aumento das demandas existentes?

1.2 OBJETIVOS Como forma de ajudar a elucidar o problema proposto, seguem abaixo os

seguintes objetivos do trabalho.

1.2.1 Objetivo Geral

Page 15: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

15

- Conhecer as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia de

Transporte, para que esta possa integrar-se adequadamente ao ECT e atender ao

aumento das demandas existentes. 1.2.2 Objetivos Específicos

A fim de viabilizar a consecução do objetivo geral deste trabalho, foram

formulados alguns objetivos específicos a serem atingidos, que permitirão o

encadeamento lógico do trabalho, elencados conforme se segue:

a. Apresentar a Logística no Território Nacional.

b. Apresentar as limitações da 2ª Companhia de Transporte.

c. Apresentar a integração do Transporte existente entre o ECT e a 2ª Cia

Trnp no cenário atual.

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Este tópico abordará as questões delimitadoras da presente pesquisa. Assim,

as “fronteiras” a serem definidas são o tempo, o espaço e os atores.

No que se refere ao tempo, será abordado o Sistema de Transporte da Força

Terrestre na atualidade, sobretudo no contexto de sua atual transformação, ora em

curso no Exército.

Já com relação ao espaço, o estudo terá como elemento norteador o

transporte nacional, em que inúmeros atores estão envolvidos e interligados nas

diversas fases do STEB. Ainda, pequenas abordagens sobre o transporte regional

serão discutidas, no intuito de melhor elucidar as questões de capacidades a serem

agregadas, integração e limitações.

Por fim, como último quesito delimitador da pesquisa, estarão os atores

envolvidos, ou seja, as Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET).

Entre as OMETs a serem estudadas, o presente trabalho limitará sua abordagem na

na 2ª Companhia de Transporte, tendo como cenário o transporte nacional, a

integração com o ECT e os atores Comando Logístico/Gabinete de Planejamento e

Gestão e Base de Apoio Logístico do Exército.

1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Page 16: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

16

A importância em discorrer sobre os tópicos elencados está apoiada nos

seguintes aspectos:

No que concerne à importância do Grupo Funcional Transporte, Brasil

(2014) afirma que o transporte é fundamental para o ciclo logístico, sobretudo na

fase da distribuição.

Brasil (2014) discorre, também, sobre a operacionalidade da Força

Terrestre, afirmando que a capacidade de transporte é fator limitador para execução

dos objetivos.

No que diz respeito às Organizações Militares Executoras de Transporte,

essas fazem parte do Sistema de Transporte do Exército Brasileiro (STEB), cabendo

a elas a execução do transporte orgânico.

No cenário atual, a Força Terrestre está sendo empenhada em missões de

toda ordem, em momentos diversos, as quais coincidem com períodos de

adestramento da tropa, transportes de suprimentos para Organizações Militares e

outras missões. Certamente, esse aumento do emprego trará como reflexo o

aumento das demandas de transporte, extrapolando as capacidades do ECT ou, até

mesmo, ameaçando o cumprimento das missões.

Dessa forma, a proposta desta pesquisa é relevante, na medida em que

conhecer as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia de Transporte

para que esta possa integrar-se da melhor maneira ao ECT permitirá atender ao

aumento das demandas do Transporte Nacional.

Page 17: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

17

2 METODOLOGIA

Este capítulo tem por finalidade apresentar o caminho percorrido para

solucionar o problema da presente pesquisa, especificando os procedimentos

necessários para alcançar os objetivos (geral e específico) apresentados. Desta

forma, pautando-se numa sequência lógica, o mesmo foi estruturado da seguinte

maneira: 1. Tipo da Pesquisa; 2. Universo e Amostra e 3. Coleta de dados e

limitações do método.

2.1 TIPO DE PESQUISA

Essa pesquisa caracteriza-se por ser qualitativa, descritiva, explicativa e

bibliográfica, seguindo a taxionomia de Vergara (2009). Qualitativa porque

privilegiará relatos, análises de documentos e relatórios para melhor entender as

Organizações Militares Executoras de Transporte no contexto do Transporte

Nacional. Explicativa e Descritiva ao buscar, mediante a apuração e levantamento

do maior número de dados, apresentar as capacidades que devem ser agregadas à

2ª Cia Trnp para que que possa integrar-se adequadamente ao ECT e melhor

cumprir as demandas do transporte nacional. Por fim, bibliográfica, pois é baseada

em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, acessível ao

público em geral, como por exemplo os manuais do Exército e publicações.

2.2 UNIVERSO E AMOSTRA

O universo estudado na presente pesquisa foi o Sistema de Transporte do

Exército Brasileiro, no contexto de missões de transporte de caráter nacional.

As amostras, por sua vez, foram a 2ª Companhia de Transporte e o

Estabelecimento Central de Transporte.

As OMETs que integram os 5º e 9º Grupamentos Logísticos, sobretudo o 18º

Batalhão de Transporte, não foram motivos de estudo, tendo em vista os

Grupamentos que as enquadram ainda estarem no período de implantação,

conforme consta em Brasil (2016). Todavia, ressalta-se que são atores de elevada

importância no cenário que é apresentado no presente estudo.

Tais amostras são consideradas não probabilísticas, por acessibilidade, uma

vez que o acesso a essas OMETs é facilitado pela quantidade de missões de

Page 18: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

18

transporte que executam, sejam elas previstas no contexto do Plano Geral de

Transporte (PGT) ou eventuais de acordo com as demandas.

2.3 COLETA DE DADOS

Esta pesquisa foi iniciada com uma pesquisa bibliográfica na literatura

(manuais, periódicos, livros, artigos, internet, publicações e dissertações) com dados

pertinentes ao assunto.

Em prosseguimento, utilizou-se a pesquisa documental em relatórios do

COLOG, Ba Ap Log Ex, ECT e 2ª Cia Trnp. Os Quadros de Dotação de Material e

Quadros de Cargos Previstos das OMET também foram fruto de análise.

O objetivo foi levantar informações referentes às missões executadas pelas OMETs,

sejam elas em conjuntos ou não, nacionais ou não, eventuais ou planejadas.

As conclusões decorrentes das pesquisas bibliográficas, documental e de

campo permitiram verificar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª

Companhia de Transporte, para que possa integrar-se adequadamente ao ECT e

atender ao aumento das demandas existentes.

Page 19: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

19

3 REFERENCIAL TEÓRICO O Exército Brasileiro é o componente terrestre das Forças Armadas e

apresenta uma estrutura amplamente complexa. Para que esta Força Terrestre

esteja em condições de cumprir suas missões operacionais, desde o tempo de paz,

ocorre sua estruturação em Comandos Militares de Área (C Mil A), os quais são

distribuídos no território nacional em 08 (oito) sedes: Manaus - AM (Comando Militar

da Amazônia-CMA), Belém-PA (Comando Militar do Norte - CMN), Recife-PE

(Comando Militar do Nordeste - CMNE), Brasília – DF (Comando Militar do Planalto -

CMP), Rio de Janeiro-RJ (Comando Militar do Leste - CML), São Paulo-SP

(Comando Militar do Sudeste -CMSE), Campo Grande-MS (Comando Militar do

Oeste - CMO) e Porto Alegre – RS (Comando Militar do Sul - CMS). (BRASIL, 2014).

A figura, a seguir, apresenta o mapa do Brasil dividido por Comandos

Militares de Área:

Figura 1 – Distribuição dos Comandos Militares de Área

Fonte: Manual O Exército Brasileiro. (2014, p. 6-7). Ao observar a área ocupada pelos Comandos Militares de Área, constata-se

que o território nacional possui a presença da Força Terrestre na sua plenitude.

Possuir uma capacidade operacional elevada, prever e prover uma estrutura

eficiente em meios materiais e pessoais que atendam as necessidades do Exército

em todo o território exigem um elevado esforço de toda a Força Terrestre, incluindo

sua logística.

Page 20: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

20

Nesse sentido, BRASIL (2016) ora em curso, prevê um cenário de

modernização da Força Terrestre, cuja transformação tem, como alicerce para a

atividade fim, a doutrina, o preparo, a logística (grifo nosso) e a engenharia.

Tal documento estrutura-se em Objetivos Estratégicos do Exército (OEE),

Estratégias, Ações Estratégicas e Atividades impostas.

No que se refere à logística, o Plano Estratégico do Exército apresenta como

um de seus objetivos estratégicos (OEE), a implantação de um novo e efetivo

sistema logístico militar terrestre. Inserido nesse, estão previstas 02 (duas)

estratégias, a saber: implantação da nova estrutura logística do Exército e

Implantação de uma efetiva gestão Logística.

Para que essas estratégias sejam consolidadas, foram formuladas 34 (trinta e

quatro) atividades impostas, previstas para ocorrerem nos anos de 2016 a 2019.

Entre as ações estratégicas previstas relacionadas à área da logística,

destacamos as seguintes: 8.1.2 Aperfeiçoar a execução das funções logísticas, suas atividades e tarefas correspondentes, com base nos novos conceitos e estruturas adotadas. 8.1.4 Mobiliar, progressiva e seletivamente, a estrutura logística com meios compatíveis e modernos. 8.2.1 Implantar um Sistema Integrado de Gestão Logística. (BRASIL, 2016).

No que se refere às atividades impostas, destacamos as seguintes:

8.1.2.1 Prosseguir na implantação do Centro de Operações Logísticas no COLOG. 8.1.2.2 Concluir a modelagem das PPP para Abastecimento e Gerenciamento de Frotas. 8.1.2.3 Concluir a modelagem das PPP para Transporte Adm em todo o território nacional. 8.1.2.4 Prosseguir na reorganização e racionalização do Sistema de Transporte Logístico (STEB). 8.1.2.4 Concluir a reorganização e racionalização do STEB. 8.1.1.1 Concluir a implantação do 9o Gpt Log em Campo Grande-MS. 8.1.1.2 Concluir a implantação dos 5o Gpt Log em Curitiba-PR. 8.1.1.3 Prosseguir na implantação do 3o Gpt Log em Porto Alegre-RS. 8.1.1.4 Prosseguir nos estudos da Logística Conjunta em Apoio à Força Expedicionária. 8.1.1.5 Iniciar a implantação do 7o Gpt Log em Recife-PE. 8.1.1.6 Prosseguir na implantação do 2o B Log Sl em São Gabriel da Cachoeira-AM. (PEEX, 2016, p.22, 23, 24). 8.1.1.7 Prosseguir na implantação do 1o B Log Sl em Boa Vista-RR. 8.1.1.8 Prosseguir na transformação da 16a Ba Log em 16o B Log Sl em Tefé-AM. 8.1.1.9 Prosseguir na transformação da 17a Ba Log em 17o B Log Sl em Porto Velho-RO. 8.1.1.17 Prosseguir na reestruturação do apoio logístico na área do CML.

Page 21: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

21

8.1.1.3 Concluir a implantação do 3o Gpt Log em Porto Alegre-RS. 8.1.1.7 Concluir a implantação do 1o B Log Sl em Boa Vista-RR. 8.1.1.5 Concluir a implantação do 7o Gpt Log em Recife-PE. 8.1.1.10 Concluir a transformação das OM da Ba Ap Log Ex. (BRASIL, 2016).

Concernente às estratégias e atividades elencadas, observa-se que o

Exército atribui à logística um papel relevante na consecução dos seus objetivos, os

quais impactarão significativamente o Grupo Funcional Transporte. Entre esses

objetivos, pode-se destacar a criação do Centro de Operações Logísticas do

Comando Logístico, reorganização e racionalização do Sistema de Transporte e

implantação de 04 (quatro) Grupamentos Logísticos (Gpt Log).

O Gpt Log é um Grande Comando Operacional que possui em sua estrutura

o Batalhão de Transporte, unidade esta essencialmente executora de transporte.

Nesse contexto em que a Força Terrestre busca o aperfeiçoamento em

diversos setores, incluindo a logística, o presente trabalho abordou o Grupo

Funcional Transporte, com ênfase nas capacidades necessárias da 2a Companhia

de Transporte para melhor integrar o trabalho com o ECT, no contexto do Sistema

de Transporte do Exército Brasileiro.

3.1 A LOGÍSTICA NO TERRITÓRIO NACIONAL

3.1.1 Considerações

O Brasil é um país de dimensões continentais, que abrange uma área

superior a 8,5 milhões de quilômetros quadrados de extensão. Proporcionar uma

logística eficiente que possa atender as demandas da Força Terrestre na paz ou na

guerra é o desafio que exige a resposta adequada.

Em situação de paz ou de guerra, o apoio logístico deve ser prestado de

forma adequada à expressão militar. (BRASIL, 2016).

O apoio logístico, por sua vez, é definido da seguinte maneira: Apoio Logístico – Apoio prestado por organizações militares específicas, abrangendo a execução de atividades das funções logísticas de recursos humanos, de saúde, de suprimento, de manutenção, de transporte (grifo nosso), de engenharia e de salvamento para sustentar a capacidade de operação e de durabilidade na ação das forças. (BRASIL, 2014, p. 7-32).

BRASIL (2011) também separa as Funções Logísticas em Recursos

Humanos, Saúde, Suprimento, Manutenção, Engenharia, Transporte (grifo nosso)

Page 22: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

22

e Salvamento, as quais devem ser utilizadas no contexto de uma logística conjunta,

que seja capaz de integrar os esforços de sustentação estratégica no território

nacional.

Da mesma forma, BRASIL (2014) afirma que a Função de Combate Logística

deve ser planejada visando o emprego em um cenário de guerra ou não guerra. O

conceito de Função de Combate Logística é assim definido: Função de Combate Logística – integra o conjunto de atividades, as tarefas e os sistemas inter-relacionadas para prover apoio e serviços, de modo a assegurar a liberdade de ação e proporcionar amplitude de alcance e de duração às operações. Engloba as Áreas Funcionais de apoio de material, apoio ao pessoal e apoio de saúde. (BRASIL, 2014, p1-3).

Um aspecto que cabe esclarecimento diz respeito ao emprego de

terminologias. BRASIL (2011) adota o termo Funções Logísticas para abordar

Recursos Humanos, Saúde, Suprimento, Manutenção, Engenharia, Transporte e

Salvamento. BRASIL (2014), por sua vez, adota a terminologia Grupo Funcional.

Ambas as terminologias (Função Logística e Grupo Funcional) tem o mesmo

significado, todavia, no presente estudo, utilizou-se a terminologia Grupo Funcional,

tendo em vista ser mais atual.

Isto posto, em razão das características da complexidade das operações e,

em face da possível evolução de uma situação de paz para uma situação de guerra,

a logística deve ser organizada para prestar apoio em todo território nacional (TN) e

Zona de Interior (ZI), pautando-se pela flexibilidade, adaptabilidade, modularidade,

elasticidade e sustentabilidade (FAMES). (BRASIL, 2014).

3.1.2 O Sistema Logístico do Exército Brasileiro

A existência de uma Força Terrestre de elevada capacidade operacional

garante um aumento do Poder Nacional de um país, uma vez que a expressão

militar está sendo potencializada. Nesse contexto, destaca-se um elemento que

viabiliza verdadeiramente a capacidade operacional da Força Terrestre: um Sistema

Logístico eficiente.

O sistema logístico do Exército Brasileiro é complexo e engloba

essencialmente 03 (três) áreas funcionais básicas, a saber: material, pessoal e

saúde. Tais áreas possuem atividades específicas, as quais são executadas por

Organizações Militares Logísticas do Exército Brasileiro, desde o tempo de paz, e

visam manter a operacionalidade de toda Força Terrestre. (BRASIL, 2014).

Page 23: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

23

Inseridos na área funcional material, estão os chamados Grupos Funcionais

Suprimento, Manutenção, Engenharia e Transporte. Esses grupos englobam uma

gama de atividades que contribuem para o poder de combate eficiente da Força

Terrestre.

O Grupo Funcional Transporte corresponde ao deslocamento de meios

diversos (material, pessoal, etc) em todo o território nacional. (BRASIL, 2017).

Nota-se que o Grupo Funcional Transporte está presente no ciclo logístico, o

qual é assim definido:

O ciclo logístico é o processo permanente, contínuo e ordenado em fases inter-relacionadas que organiza a sistemática do apoio. Em consonância com as especificidades de cada uma das Áreas Funcionais, compreende três fases: determinação das necessidades, obtenção e distribuição. (BRASIL, 2014, p. 2-2).

Uma vez que as fases do ciclo são intercambiáveis, é possível afirmar que a

atividade de transporte está presente em todo o ciclo.

Nesse contexto de transporte, a F Ter integra o Sistema de Transporte do

Exército Brasileiro (STEB), cuja composição consta de 04 (quatro) subsistemas:

Subsistema de Transporte do Comando Logístico (STCOLOG), Subsistema de

Transporte Regional (STR), Subsistema de Rastreamento e Monitoramento e

Subsistema de Controle.

De acordo com BRASIL (2017), o STCOLOG compreende o transporte de

uma forma mais abrangente, uma vez que engloba o transporte internacional, o

transporte realizado entre Órgãos Provedores (OP) da Base de Apoio Logístico do

Exército, da mobilização e desmobilização das Forças de Paz e

exportação/importação.

O STCOLOG compreende, também, o transporte realizado entre os Órgãos

Provedores (OP) da Base de Apoio Logístico do Exército e os Órgãos Provedores e

Organizações Militares (OM) das Regiões Militares (RM) e o transporte realizado

entre os OP/OM de diferentes Regiões Militares.

Por Órgão Provedor, entende-se a OM incumbida da execução das atividades de

suprimento, manutenção e controle de materiais de interesse do Exército. (BRASIL,

2017).

Observa-se, então, o importante valor estratégico do STCOLOG, uma vez

que se faz mister a coordenação logística nacional entre inúmeras Organizações

Page 24: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

24

Militares e Órgãos Provedores responsáveis pela provisão de suprimentos de toda a

ordem para todo o território nacional.

Outro subsistema que BRASIL (2017) define, dentro do STEB, é o

Subsistema de Transporte Regional (STR). Nesse subsistema, ocorre o transporte

entre o Órgão Provedor Regional e as Organizações Militares inseridas na área de

responsabilidade da Região Militar considerada. Ademais, o transporte entre as

próprias Organizações Militares de mesma Região Militar está inserido nesse

subsistema, incluindo a 2ª Cia Trnp.

Ao descrever o STCOLOG e o STR, é possível verificar a presença de

diversos atores, além da presença dos próprios suprimentos das diversas classes

que são transportados. Coordenar os trabalhos desses atores, bem como controlar

todo suprimento (carga) transportado, exige ferramentas eficientes que viabilizam a

consciência situacional do transporte nacional e regional.

Nesse contexto, encontra-se um terceiro subsistema do STEB, denominado

Subsistema de Rastreamento da Carga e Monitoramento de Viatura, ora em fase de

implantação. Por intermédio de suas ferramentas, é possível acompanhar, verificar

e ajustar, em tempo real, as atividades e ações realizadas no STCOLOG e no STR.

(BRASIL, 2017).

Ressalta-se que esse subsistema controla dois elementos distintos: carga e

viatura. Ao controlar a carga, é possível seu rastreamento nas fases de preparação,

carregamento, execução da missão de transporte e entrega, permitindo seu

controle em qualquer local do território nacional.

De maneira semelhante, o monitoramento da viatura permite acompanhar a

situação da viatura ou comboio durante a execução da missão de transporte,

entrega da carga e término da missão de transporte.

O quarto subsistema que integra o STEB é o Subsistema de Controle. Nele,

realiza-se a análise de todas as informações planejadas, sejam elas relacionadas

às atividades de carregamento, descarregamento e ou transporte. Assim, é possível

a melhoria constante do STCOLOG e do STR.

Além dos atores envolvidos no STEB já descritos, há, também, um outro ator

integrante do STEB, o qual é essencial no processo de transporte, seja ele nacional

ou interregional: as Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET). As

OMETs são as responsáveis pela execução das atividades logísticas de transporte,

fundamentais para o ciclo logístico.

Page 25: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

25

O Comando Logístico (COLOG) é responsável por definir as missões de

transporte nacionais. Essas missões são realizadas baseadas em um Plano Geral

de Transporte (PGT), o qual é definido em calendário.

O Plano Geral de Transporte é um documento elaborado pela Base de Apoio

Logístico do Exército (BaApLogEx), em coordenação com o Comando Logístico, em

que constam, entre outros assuntos, os eixos de transporte nacional e os atores

envolvidos no processo.

Além das missões previstas no Plano Geral de Transporte, o COLOG

também define missões eventuais, as quais devem ocorrer mesmo em períodos que

coincidam com o PGT, tendo em vista as necessidades da Força Terrestre.

Assim, ocorre que, em determinadas ocasiões, uma demanda de transporte

nacional que, em tese, deveria ser realizada pelo ECT, é realizada por outra OMET

ou de forma conjunta entre OMETs, tendo em vista tais missões extrapolarem a

capacidade de transporte do ECT. Daí decorre a importância de saber quais as

capacidades que devem ser agregadas a uma OMET, no sentido de melhor integrar

o seu trabalho junto ao ECT, frente a esse crescimento das demandas.

Ressalta-se, porém, que uma OMET Regional também apresenta suas

demandas regionais. Daí reside a importância de um sistema integrado que permita

prever com a antecedência necessária as demandas existentes (nacionais e

regionais), possibilitando, assim, o cumprimento da missão.

Desta forma, ao se passar por alguns conceitos referentes à logística, com

ênfase no Grupo Funcional Transporte, nos atores envolvidos e nas demandas

logísticas atuais, fica evidente que o emprego de Organizações Militares Executoras

de Transporte é cada vez mais frequente, tendo em vista o transporte estar presente

em todo o ciclo logístico.

3.1.3 Estrutura da Logística em território nacional A Logística Nacional distribui-se de maneira escalonada. Assim, os meios são

desdobrados, desde o tempo de paz, em Território Nacional (TN)/Zona de Interior

(ZI), prosseguindo o apoio logístico na Zona de Administração (ZA) e, por fim, na

Zona de Combate (ZC), sendo que esses dois últimos estariam mais atinentes a

uma situação de conflito. (BRASIL, 2014).

Page 26: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

26

A figura, a seguir, apresenta a visão geral da estrutura logística da Força

Terrestre: Figura 2- Visão Geral da Estrutura Logística da Força Terrestre.

Fonte: BRASIL. (2014, p. 7-13).

Cabe ressaltar que as Organizações Militares Executoras de Transporte

(OMET) do Exército Brasileiro, sobretudo a 2ª Cia Trnp, são estudadas no contexto

das atividades realizadas no TN/ZI.

De acordo com a figura anterior, observa-se que alguns atores intrinsicamente

ligados ao Grupo Funcional Transporte estão presentes na estrutura da ZI. São eles:

C Mil A, Ba Ap Log Ex, Gpt Log, OM Log funcionais e B Log.

Observa-se, também, a sigla ODS (Órgãos de Direção Setorial). Os ODS

existentes no Exército Brasileiro são: Departamento Geral do Pessoal (DGP),

Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx), Departamento de

Engenharia e Construção (DEC), Comando Logístico (grifo nosso), Secretaria de

Economia e Finanças (SEF), Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) e

Comando de Operações Terrestres (COTER). (BRASIL, 2014).

Page 27: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

27

Assim, infere-se que o COLOG (ODS) é outro ator do STEB presente na

estrutura da ZI e possui um vínculo de coordenação com a BaApLogEx, conforme

descrito na figura 2.

3.2 SISTEMA DE TRANSPORTE NACIONAL DO EXÉRCITO BRASILEIRO

O Sistema de Transporte Nacional do Exército Brasileiro está em fase de

profundas modificações. Para melhor entendimento e clareza do que corresponde o

sistema em questão, primeiramente é necessário saber a definição do Grupo

Funcional Transporte.

BRASIL (2014, p.3-10) define o Grupo Funcional Transporte como o

“Conjuntos de atividades que são executadas, visando ao deslocamento de recursos

humanos, materiais e animais por diversos meios, no momento oportuno e para

locais predeterminados, a fim de atender às necessidades da F Ter”.

Sobre o Grupo Funcional Transporte, é importante salientar que, para que

ocorra o deslocamento de quaisquer meios, são necessárias etapas, as quais são

compostas por planejamento, execução das missões planejadas e controle de movimento (grifo nosso). (BRASIL, 2017).

BRASIL (2017) vai mais além ao abordar as etapas do STEB. Nela, todo o

processo de transporte é dividido em fases, desde a origem até o término da missão,

a saber:

1.Solicitação de transporte;

2. Preparação da carga;

3. Definição da missão de Transporte;

4. Planejamento da missão de transporte;

5. Aprovação e validação do Plano de Missão de Transporte;

6. Carregamento da carga;

7. Execução da missão de transporte;

8. Entrega da carga; e

9. Término da missão de transporte.

BRASIL (2014) também discorre sobre o Sistema de Transporte do Exército

Brasileiro (STEB), ao afirmar que este é formado por estruturas e organizações

logísticas de transporte para apoio orgânico.

Page 28: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

28

As normas para o Transporte Logístico de Superfície (NOTLOG, 2002)

também abordam a estrutura da Função Logística Transporte (atual Grupo Funcional

Transporte) sendo formada pelos seguintes atores: Órgão de Direção Geral, Órgão

de Direção Setorial (Departamento logístico), Órgão de Apoio Setorial (Diretoria de

Transporte e Mobilização) e Órgãos de Execução (Regiões Militares e Organizações

Militares Logísticas).

Sobre essa estrutura abordada pela NOTLOG, é necessário afirmar que o

Departamento Logístico foi extinto, tendo sido substituído pelo Comando Logístico, o

qual faz parte do Sistema de Transporte atual. Da mesma forma, a Diretoria de

Transporte e Mobilização também foi extinta. Atualmente, uma Divisão de

Transporte integra o Gabinete de Planejamento e Gestão (GPG) do Comando

Logístico.

Dessa forma, buscou-se um Sistema Logístico do Exército capaz de cumprir

com mais eficiência as missões da Força Terrestre. A figura, a seguir, ilustra a

evolução histórica até o momento atual:

Figura 3 – Evolução histórica do Comando Logístico

Fonte: BRASIL (Disponível em: <http://www.colog.eb.mil.br/index.php/historico>. Acesso em: 09 jul.

2018).

Page 29: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

29

Essa busca por maior eficiência da logística, notadamente na atividade de

transporte, é verificada mais recentemente, quando da criação das Instruções Gerais

para o Sistema de Transporte do Exército Brasileiro (2017).

Nesse contexto, BRASIL (2017) afirma que os seguintes elementos compõem

o STEB:

a. Comando Logístico (COLOG);

b. Comando da Base de Apoio Logístico do Exército (Ba Ap Log Ex);

c. Regiões Militares (RM);

d. Órgãos Provedores (OP) regionais;

e. Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET);

f. Órgãos do Exército e OM que necessitam de transporte;

g. Comissão do Exército Brasileiro em Washington (CEBW);

h. Outras Forças Singulares - Marinha do Brasil e Força Aérea;

i. Outros órgãos que necessitam de transporte;

j. Empresas civis contratadas.

Ao observar a atual composição do STEB, conclui-se que múltiplos são os

atores nele inseridos, cada qual com uma atribuição específica.

3.3 COMANDO LOGÍSTICO (COLOG)

O Comando Logístico é um órgão central responsável pela coordenação do

apoio logístico da Força Terrestre nas atividades de suprimento, manutenção e

transporte. Conforme observa-se na figura 2, o COLOG está presente na logística

nacional desde o tempo de paz.

O COLOG foi criado em 2008 a partir da transformação do Departamento

Logístico. Atualmente, organiza-se da seguinte forma: Diretoria de Material, Diretoria

de Abastecimento, Diretoria de Material de Aviação do Exército, Diretoria de

Fiscalização de Produtos Controlados, Base de Apoio Logístico do Exército e

Gabinete de Planejamento e Gestão. (BRASIL, 2014).

A Divisão de Transporte do GPG é responsável por coordenar o transporte

nacional em estreita ligação com a Base de Apoio Logístico do Exército.

Ainda no contexto do GPG, ressalta-se a importância do Centro de

Operações de Logísticas (COpLog), o qual será a estrutura essencial para

coordenação das atividades do Comando Logístico, razão pela qual sua implantação

consta como uma das atividades a serem executadas no contexto do Plano

Page 30: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

30

Estratégico do Exército (2016-2019). Esse componente será essencial para o

planejamento e definição de como integrar o transporte diante do aumento das

demandas.

De acordo com o faseamento do STEB anteriormente citado, o COLOG é

responsável pelas fases de Definição da Missão de transporte (MT) e aprovação e

validação do Plano de missão de transporte (BRASIL, 2017).

Essas duas fases são definidas da seguinte maneira: Definição da Missão de Transporte (MT): atividade que determina o executor da MT, por meio da análise das informações contidas na solicitação de transporte e na preparação da carga. Aprovação e Validação do Plano da MT: atividade que consiste na ratificação ou retificação do planejamento da MT, pelos órgãos competentes. (BRASIL, 2017, p. 4).

Assim, a definição da missão de transporte corresponde a determinar qual a

OMET realizará a missão de transporte, sendo atribuição do COLOG essa definição.

Uma vez definida a missão, a OMET realizará um planejamento, o qual será

aprovado e validado pelo COLOG. Daí, percebe-se o quão interligado estão o

COLOG e as OMET.

Nessa fase de definição da missão, será possível observar quem executará a

missão, as necessidades, limitações, capacidades e necessidade ou não de

integração de 02 (duas) ou mais OMETs.

3.4 BASE DE APOIO LOGÍSTICO DO EXÉRCITO (Ba A Log Ex)

A Base de Apoio Logístico do Exército é um Grande Comando Logístico

subordinado diretamente ao Comando Logístico (BRASIL, 2015). Criada em 2008,

localiza-se no Rio de Janeiro e possui em seu organograma a seguinte composição:

Page 31: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

31

Figura 4: Organograma da Base de Apoio Logístico do Exército

Fonte: BRASIL (Disponível em: <http://www.colog.eb.mil.br/index.php/historico>. Acesso em: 09 jul 18).

A Base de Apoio Logístico do Exército contribui de forma decisiva na

eficiência do Sistema Logístico. No que se refere ao transporte, enquadra o

Estabelecimento Central de Transportes, organização responsável pelo transporte

nacional da Força Terrestre.

Conforme observado na figura 2, a estrutura da Ba Ap Log Ex já é ativada e

empregada desde o tempo de paz. Nesse contexto, esse Grande Comando

proporciona o apoio logístico em todo território nacional e zona de interior. Dessa

forma, a Ba Ap Log Ex é responsável por prever, manter e prover suprimentos das

diversas classes para todas organizações Militares Logísticas do Exército desde o

tempo de paz.

BRASIL (2015) discorre sobre a Ba Ap Log Ex, abordando sua missão, como

sendo a de contribuir com o COLOG para aumentar a eficiência do Sistema

Logístico.

A Base de Apoio Logístico do Exército está inserida na implantação da nova

estrutura logística do Exército, prevista nos Objetivos Estratégicos do Exército

(OEE). A fim da F Ter adotar uma estrutura logística capaz de prestar o apoio

logístico na medida certa e no tempo oportuno (prontidão logística), as Organizações

Militares da Ba Ap Log Ex estão passando por transformações.

No contexto do Sistema de Transporte do Exército, este Grande Comando é

fundamental no planejamento e execução das atividades desse Grupo Funcional,

sobretudo pelo caráter nacional que é atinente a Base.

Page 32: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

32

O mapeamento de processos do módulo transporte, realizado pelo COLOG,

descreve a Ba Ap Log Ex como o ator que cumprirá a missão de transporte, por

intermédio de sua OMET subordinada, seja a missão planejada ou eventual.

Ressalta-se que a OMET considerada é o Estabelecimento Central de Transportes.

Considera-se missão eventual aquela demanda extra de transporte a ser

executada, portanto uma necessidade além daquelas planejadas em Plano Geral de

Transporte.

Atualmente, o transporte nacional é executado 02 (duas) vezes ao ano,

baseando- se em um Plano Geral de Transporte (PGT), o qual é planejado pela Ba

Ap Log Ex em conjunto com o Comando Logístico.

O transporte nacional consiste na distribuição de suprimentos de classes

distintas, tendo como origem a Base de Apoio Logístico do Exército e, como

destinos, Órgãos Provedores das Regiões Militares por onde passará o comboio.

A carga a ser transportada é proveniente, em sua essência, de Organizações

Militares da Ba Ap Log Ex. Como exemplo, pode-se citar o Depósito Central de

Munição, 1º Depósito de Suprimento e o Batalhão Central Manutenção e

Suprimento.

O PGT define os eixos nacionais por onde o comboio vai se deslocar, as

Regiões Militares por onde a OMET passará, as ações e o cronograma. A figura 5, a

seguir, apresenta o Plano Geral de Transporte:

Page 33: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

33

Figura 5 – Plano Geral de Transporte 2017

Page 34: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

34

Fonte: COLOG/GPG (2017).

Com relação aos eixos de transporte, o PGT utiliza 04 (quatro) eixos de

transporte: Eixo Amazônico, Eixo Nordeste, Eixo Norte e Eixo Sul. A figura 6 ilustra a

composição dos eixos de transporte nacional da F Ter:

Page 35: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

35

Figura 6: Eixos de Transporte previstos pelo Plano Geral de Transporte.

Fonte: EPCOM (2015).

No planejamento considerado sobre o Eixo Amazônico, a Ba Ap Log Ex

planeja o início do carregamento das cargas previstas na própria Ba Ap Log Ex e o

destino final em Manaus. Entretanto, o transporte pelo modal terrestre ocorre até a

cidade de Porto Velho, onde é feito o transbordo da carga para as embarcações do

Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia (CECMA). A partir desse

ponto, o eixo prossegue pelo modal aquaviário até o destino final, sendo executado

pelo CECMA. Nota-se, dessa forma, uma integração entre duas OMETs de

características distintas. O ECT, OMET de viés rodoviário e o CECMA, que utiliza o

modal aquaviário.

Entre o início e o final do Eixo Amazônico, o planejamento da Ba Ap Log Ex

prevê a passagem do comboio pelos seguintes órgãos Provedores:

a) 21º Depósito de Suprimento: Localizado em São Paulo-SP, este OP é

encarregado de prover as Classes de Suprimento I (subsistência), II (material

de intendência) e VIII (material de saúde). Nele, ocorre o carregamento e/ou

descarregamento dos itens correspondentes, na ocasião em que ocorre a

passagem do comboio.

b) 22º Depósito de Suprimento: Localizado em Barueri – SP, este OP é

encarregado de prover as Classes de Suprimento III (combustíveis, óleos e

Page 36: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

36

lubrificantes), V (armamento e munição) e IX (material motomecanizado). Da

mesma forma que ocorre no 21º Depósito de Suprimento, ocorre no 22º DSup

o carregamento e/ou descarregamento, conforme o planejado no Plano Geral

de Transporte.

Os Órgãos Provedores 21º e 22º Depósitos de Suprimento são Organizações

Militares Diretamente Subordinadas à 2ª Região Militar. Nota-se, dessa forma, que

participam ativamente da logística nacional.

Cabe destacar sobre o 21º Depósito de Suprimento que, em suas instalações,

está presente a 2ª Companhia de Transporte.

Uma vez realizados os trabalhos nos Órgãos Provedores 21º Depósito de

Suprimento e 22º Depósito de Suprimento, o planejamento do eixo prevê a

passagem do comboio em outros 03 (três) Órgãos Provedores (9º Batalhão de

Suprimento, 17ª Base Logística de Selva e 12º Batalhão de Suprimento).

Ressalta-se que, na área em que o 9º Batalhão de Suprimento atua, encontra-se

presente, também, o 18º Batalhão de Transporte, o qual é uma Organização Militar

Executora de Transporte, subordinada ao 9º Grupamento Logístico.

Dessa forma, ao analisar o planejado para execução do Eixo Amazônico,

observa-se que, além do Estabelecimento Central de Transporte, estão presentes no

eixo em questão outras Organizações Militares Executoras de Transporte, sendo a

2ª Companhia de Transporte, o 18º Batalhão de Transporte e o Centro de

Embarcações do Comando Militar da Amazônia, fator que viabiliza o emprego e

integração entre as OMETs na execução da missão de transporte.

Concernente ao Eixo Norte, a Ba Ap Log Ex prevê o planejamento do

comboio se deslocando por um eixo de suprimento que passa por 03 (três) Órgãos

Provedores, sendo eles o 4º Depósito de Suprimento, 11º Depósito de Suprimento e

8º Depósito de Suprimento, os quais são Organizações Militares subordinadas às 4ª,

11ª e 8ª Regiões Militares, respectivamente.

O Eixo Nordeste é planejado de maneira semelhante a que ocorre no Eixo

Norte. Assim, o eixo por onde passa o comboio encontram-se 03 (três) Órgãos

Provedores, sendo eles o 6º, 7º e 10º Depósitos de Suprimento.

Por fim, o Eixo Sul é planejado de tal maneira em que o comboio, em seu

deslocamento, passa pelos 21º DSup, 22º DSup, 5º Batalhão de Suprimento e 3º

Batalhão de Suprimento.

Page 37: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

37

Nesse sentido, os eixos planejados permitem às OMET alcançarem todas as

Regiões Militares da F Ter, a partir de seus Órgãos Provedores, quando do

cumprimento da missão de transporte.

Da análise dos 04 (quatro) eixos de transporte do PGT, verifica-se que que os

OP 21º e 22º D Sup participam dos eixos de deslocamento do Eixo Amazônico e

Eixo Sul. Dessa maneira, essa região por onde passa o comboio pode ser

considerada de relevante posição estratégica, tanto pela existência do 21º e 22º D

Sup, quanto pela existência da 2ª Companhia de Transporte.

Essa posição da 2ª Cia Trnp colabora para que a OM tenha capacidade de

mitigar uma possível impossibilidade de execução de uma missão por parte do ECT,

no caso de demandas de transporte excessivas. Tal capacidade da 2ª Cia Trnp é

possível, sobretudo, nos eixos Sul e Amazônico. Uma vez que a Ba Ap Log Ex

planeja a passagem do comboio do Estabelecimento Central de Transporte na área

em que se localiza a 2ª Companhia de Transporte, a integração entre essas 02

(duas) OMET fica facilitada.

Da análise do PGT, é possível observar que as atividades em questão são

atinentes as fases do STEB.

Em relação aos períodos, ressalta-se que os eixos são executados em

períodos distintos ao longo do ano, tanto no primeiro quanto no segundo semestre.

Page 38: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

38

4. ESTABELECIMENTO CENTRAL DE TRANSPORTES (ECT) O ECT é uma Organização Militar Executora de Transporte subordinada à

Base de Apoio Logístico do Exército, cuja missão é realizar o transporte de materiais

de diversas classes de suprimento para as Organizações Militares Logísticas do

Exército Brasileiro, sobretudo Órgão Provedores.

Em artigo publicado sobre a logística militar, BRASIL (2015) assim define o ECT: É uma OM que difere de todas as demais. Sua missão é ímpar na estrutura do Exército: transportar as mais diversas classes de suprimento para todas as RM. Executa, ainda, o remanejamento de suprimentos entre duas ou mais RM, otimizando tempo e recursos, além de prestar apoio às Forças de Paz, participando do embarque e do desembarque de cargas em território nacional. (BRASIL, 2015, p. 21).

No contexto do Sistema de Transporte do Exército Brasileiro, o ECT

desempenha um papel de extrema relevância, uma vez que é a única OMET da Ba

Ap Log Ex encarregada de realizar todo o transporte nacional.

Nesse contexto, o ECT está presente nas seguintes fases das missões de

transporte: Plano de Missão de Transporte, execução da missão de transporte e

entrega da carga.

Uma vez definido o Plano Geral de Transporte, cabe ao ECT a sua execução.

Assim, o ECT confecciona seu plano de missão de transporte. Nele, diversas

informações estarão contidas, destacando a previsão de partida e chegada em

diferentes destinos, rotas, distâncias, efetivo, manifesto de carga, quantidade de

combustível necessária, pontos de abastecimento e necessidade de recursos para

pagamento do pessoal empregado na missão.

De acordo com BRASIL (2017), a chegada nos pontos do itinerário

compreende uma série de ações a serem realizadas pela OMET durante a execução

da missão de transporte, entre elas carregamento, descarregamento,

abastecimento, pernoite, manutenção e alimentação.

Uma vez confeccionado o Plano de Missão de Transporte, ele passará pela

validação e aprovação do Comando Logístico/GPG e Ba Ap Log Ex. Na sequência,

terá início a execução da missão, com o carregamento da carga e início dos

deslocamentos.

O carregamento ocorre, em sua maioria, nas viaturas orgânicas do ECT.

Todavia, nos últimos anos, a 2ª Cia Trnp tem prestado um apoio suplementar ao

ECT, por intermédio de viaturas especializadas e motoristas que participam das

Page 39: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

39

missões do PGT. (RELATÓRIO DE MISSÕES DA 2ª COMPANHIA DE

TRANSPORTE, 2016-2017).

Esse aspecto é um exemplo de aumento de demanda que excede a

capacidade do ECT, face a cubagem e/ou tonelagem da carga a ser transportada.

Nesse caso, ocorre a integração de OMETs em uma única missão.

Entretanto, há os casos que extrapolam a capacidade do ECT, em

decorrência do aumento de missões. Esse fato corresponde a missões que devem

ser cumpridas além daquelas previstas do PGT, de maneira simultânea.

Conforme observado no PGT, o ECT realiza 04 (quatro) longos eixos de

transporte 02 (duas) vezes ao ano, empregando a maioria de seus meios. Em

média, a duração das missões de cada eixo previsto do PGT (Amazônico, Norte,

Nordeste e Sul) são 30 dias, considerando o intervalo entre o carregamento da

carga e o termino da missão.

Ao se considerar os 02 (dois) semestres, o ECT emprega a maioria de seus

meios de transporte ao longo de 240 (duzentos e quarenta) dias durante o ano, de

fevereiro a dezembro. Quaisquer demandas extras que exijam transporte nacional

nesse período, tem grande possibilidade de não ser cumprida pelo ECT, ficando sob

responsabilidade de outra OMET, sobretudo aquelas que necessita de grande

quantidade de meios.

Outro aspecto relevante é o tempo entre o término de um eixo de transporte e

o início do eixo seguinte. No PGT do ano de 2017, por exemplo, tem-se o término da

missão do Eixo Amazônico em 25 de março (grifo nosso) e o início do

carregamento da carga para o Eixo Norte, a partir de 03 de Abril (grifo nosso). Esse tempo, em média 10 (dez) dias, é demasiado curto, dificultando o

cumprimento de missões nesse período. Vale destacar que os meios utilizados nas

missões (carretas, pranchas, viaturas especializadas) necessitam de tempo para

execução de manutenção preventiva e, por vezes, corretiva.

Page 40: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

40

5 2ª COMPANHIA DE TRANSPORTE (2ª Cia Trnp) 5.1 Generalidades

A 2ª Companhia de Transporte é uma Organização Militar Diretamente

Subordinada (OMDS) a 2ª Região Militar. Em virtude de suas missões e

características voltadas para a área de transporte, é considerada uma OMET. Criada

em 1995, situa-se no município de São Paulo e constitui-se na única OMET valor

Subunidade do Exército Brasileiro que executa as missões no modal terrestre, sejam

as missões regionais ou nacionais.

De acordo com BRASIL (1999), a missão da 2ª Cia Trnp é prestar apoio

logístico na atividade de transporte na 2ª Região Militar e, quando ativada, na Base

Logística.

BRASIL (1999) define as possibilidades e limitações da OMET da seguinte

maneira: Possibilidades

a. Realizar, por meio de suas frações, o transporte administrativo rodoviário de acordo com os meios de transporte disponíveis.

b. Atender às situações de emprego da F Ter, deslocando seus meios e compondo, quando for o caso, módulos de transporte da Região Militar do Teatro de Operações ou Base Logística.

c. Interligar os terminais de entrada dos diversos modais de transporte existentes na 2a Região Militar ou no TOT, com as Organizações Militares Diretamente Subordinadas da 2a Região Militar ou da Base Logística constituída.

d. Organizar-se para o apoio de acordo com a missão. e. Planejar e coordenar o emprego dos meios de transporte postos à sua

distribuição (orgânicos e/ou mobilizados). f. Gerenciar e operar organizações de transporte civis e/ou mobilizadas. g. Reforçar, com seus meios as Organizações Militares apoiadas pela

Região Militar ou Base Logística enquadrantes, com ênfase para as Organizações Militares de Suprimento e Batalhões logísticos.

a. Enquadrar até 03 (três) subunidade similares, compondo uma unidade de transporte para ser empregada pela Base Logística. (BRASIL, 1999). Limitações

b. Sua capacidade de apoiar as atividades de transporte no âmbito da 2a Região Militar e/ou Base Logística dependerá dos meios a serem alocados para o cumprimento da missão.

c. Sua capacidade de comando e controle ditará a descentralização das suas frações com reflexos na coordenação do seu emprego, bem como, na sua capacidade de enquadrar meios recebidos do escalão superior e organizar-se para o apoio.

d. Limitada capacidade de transbordo e baldeação. e. Limitada capacidade de prover a sua segurança. (BRASIL, 1999).

Page 41: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

41

5.2 Capacidades BRASIL (2015) aborda determinados conceitos, os quais serviram de

referência para a presente pesquisa.

Nesse contexto, os conceitos de capacidades são abordados da seguinte

forma: A capacidade militar terrestre (CMT) É constituída por um grupo de capacidades operativas com ligações funcionais, reunidas para que os seus desenvolvimentos potencializem as aptidões de uma força para cumprir determinada tarefa dentro de uma missão estabelecida. (BRASIL, 2015, p.7). Capacidade Operativa (CO) É a aptidão requerida a uma força ou organização militar, para que possam obter um efeito estratégico, operacional ou tático. É obtida a partir de um conjunto de sete fatores determinantes, inter-relacionados e indissociáveis: Doutrina, Organização (e/ou processos), Adestramento, Material, Educação, Pessoal e Infraestrutura - que formam o acrônimo DOAMEPI. (BRASIL, 2015, p.7).

Ao abordar capacidades, sobretudo a Capacidade Operativa, tem-se um

elemento norteador, que indica os parâmetros para verificação das capacidades das

OMET no contexto do transporte nacional.

No contexto da logística, o catálogo também aborda a capacidade militar

terrestre associada ao conceito de sustentação logística, ou seja, a capacidade de

se dar suporte adequado à força que venha a ser empregada.

Uma vez que o presente estudo busca apresentar as capacidades que devem

ser agregadas a 2ª Companhia de Transporte, para que esta possa integrar-se

adequadamente ao ECT e atender ao aumento das demandas existentes, 04

(quatro) fatores determinantes do acrônimo DOAMEPI foram observados, no intuito

de contribuir na consecução dos objetivos do trabalho. Dessa forma, os seguintes

fatores são abordados no presente estudo da 2ª Cia Trnp: Doutrina, Organização, Material e Pessoal. Ressalta-se, também, que esses fatores abordados estão no contexto geral

da missão de transporte, em que constam planejamento, execução das missões planejadas e controle de movimento. Portanto, as capacidades a serem

agregadas (Doutrina, Organização, Material e Pessoal) podem ser no contexto

desses três componentes.

Page 42: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

42

5.2.1 Doutrina Ao observar as possibilidades constantes em BRASIL (1999), verifica-se que

a 2ª Cia Trnp tem como uma de suas missões reforçar com seus meios outras

organizações militares logísticas. Tal aspecto relaciona-se com o conceito de

integração, o qual faz parte do presente estudo.

De acordo com BRASIL (2017), a 2ª Cia Trnp é parte integrante do STEB,

juntamente com outras OMET, entre elas o ECT. Logo, cumprir missões de

Transporte Nacional são, também, atividades inerentes à 2ª Cia Trnp.

Atualmente, a 2ª Cia Trnp é a Organização Militar responsável pelo transporte

de todo o suprimento Classe I (gêneros secos e frigorificados) das Organizações

Militares do Comando Militar do Sudeste. Esta missão ocorre em proveito da 2ª

Região Militar e é executada em conjunto com o 21º Depósito de Suprimento.

Dessa forma, cabe ao 21º D Sup, Órgão Provedor (OP) responsável pelo

suprimento classe I, planejar as necessidades de Suprimento Classe I (Sup Cl I) das

Organizações Militares, bem como realizar o calendário de distribuição do

suprimento.

Uma vez realizado esse planejamento, compete à 2ª Cia Trnp realizar o

transporte do suprimento para as OM definidas.

Em matéria publicada em BRASIL (2017), a missão de transporte de Sup Cl I

da 2ª Cia Trnp foi assim abordada: No dia 14 de fevereiro, a 2ª Companhia de Transporte (2ª Cia Trnp) iniciou o transporte de Suprimento Classe I do 21º Depósito de Suprimento (21º D Sup) para diversas organizações militares do Comando Militar do Sudeste (CMSE). O transporte faz parte do calendário de distribuição mensal de Suprimento Classe I do 21º D Sup. Para a execução do transporte dos gêneros secos e frigorificados, a 2ª Cia Trnp empregou viaturas tipo baú e frigorificadas, utilizando quatro eixos de suprimento que abastecem as organizações militares do Vale do Paraíba, Interior e Litoral de São Paulo. (BRASIL, 2017).

Page 43: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

43

Figura 7: Carregamento de Sup Cl I (gêneros secos).

Fonte: BRASIL (Disponível em: < http://www.eb.mil.br/web/resiscomsex>. Acesso em: 10 jul. 2018). Conforme verificado, o transporte em questão é realizado mensalmente e são

utilizados 04 (quatro) eixos de suprimento que englobam as Organizações Militares

do Comando Militar do Sudeste. A figura a seguir apresenta os eixos de suprimento

empregados pela 2ª Cia Trnp:

Figura 8: Eixos de Suprimento Classe I

Fonte: 2ª Cia Trnp (2016).

Page 44: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

44

Nesse tipo de missão, a 2ª Cia Trnp emprega as viaturas tipo baú e

frigoríficas, as quais transportam, respectivamente, gêneros secos e gêneros

frigorificados.

No total, a 2ª Cia Trnp possui 07 (sete) viaturas tipo baú e 05 (cinco) viaturas

frigorificadas, as quais requerem motoristas com a categoria de habilitação “C” para

o cumprimento dessa missão.

Assim sendo, depreende-se que o transporte de Suprimento Classe I é a

missão oficial da OM e não pode ser interrompida em detrimento de outras missões,

uma vez que pode acarretar a interrupção do fluxo de suprimento classe I e

comprometer as Organizações Militares do CMSE. Essa característica, prevista em

BRASIL (1999), constitui-se como doutrina de emprego da OM, configurando-se

dessa maneira em um dos fatores da capacidade (DOAMEPI).

No que se refere às outras missões que a 2ª Cia Trnp cumpre, que não sejam

a distribuição de suprimento classe I, estas são caracterizadas pela eventualidade e

ocorrem em proveito da 2ª RM, das Organizações Militares do Comando Militar do

Sudeste e/ou em proveito do Comando Logístico, constituindo-se, também, como

uma capacidade desta OMET, uma vez que faz parte de sua Base Doutrinária

(1999).

Ocorre, no entanto, a necessidade de sistematizar o emprego da 2ª Cia Trnp,

para que não ocorra a impossibilidade de cumprimento da missão, seja regional ou

nacional.

As capacidades necessárias para execução dessas missões serão definidas

de acordo com meios existentes na OM, característica da missão, bem como da

qualificação do pessoal. Isso significa que, na ocorrência de 02 (duas) missões

simultâneas, por exemplo, pode ser exigido o emprego de uma carreta prancha e o

emprego de uma Viatura baú, cujas habilitações necessárias para os motoristas são,

respectivamente, carteira de habilitação “E” e “C”. Nesse caso, os meios são

diferentes, bem como a qualificação do pessoal, fatos esses que corroboram para o

cumprimento das missões, mesmo que simultâneas.

Como exemplo de demanda de transporte da 2ª Região Militar, cita-se a

missão publicada BRASIL (2016), a respeito do emprego da 2ª Cia Trnp por ocasião

da Operação Piquissiri, na qual as viaturas transportaram tanques de combustível

inativos para destruição.

Page 45: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

45

Figura 9 – Emprego de Viatura Carreta-prancha na Operação Piquissiri.

Fonte: BRASIL (Disponível em: < http://www.eb.mil.br/web/resiscomsex/>. Acesso em: 10 jul. 2018).

Como forma de exemplificar uma demanda de Transporte de OM do

Comando Militar do Sudeste, pode-se citar o transporte de Viaturas Urutus, por

ocasião da preparação dos 5º e 6º Batalhões de Infantaria Leve em 2017, quando da

preparação para o BRABAT 26, último contingente do Haiti.

Figura 10 – Embarque de VBTP URUTU para tropas em treinamento do BRABAT 26.

Fonte:BRASIL (Disponível em: < http://www.eb.mil.br/web/resiscomsex/>. Acesso em: 10 jul. 2018).

Os detalhes das missões em proveito do GPG/COLOG serão abordados em

capítulo posterior, no contexto da integração com o Estabelecimento Central de

Transporte.

Page 46: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

46

Da análise das missões de transporte que a 2ª Cia Trnp cumpre, verifica-se

que elas vão de encontro ao que prescreve a Base Doutrinária da OM, seja no

cumprimento de missões em proveito da 2ª Região Militar ou do Comando Logístico.

A localização da 2ª Cia Trnp também é um fator importante. Localizada nas

mesmas instalações do 21º Depósito de Suprimento, às margens da Marginal Tietê,

a 2ª Cia Trnp é capaz de escoar toda sua carga transportada para o interior do

Estado de São Paulo, Litoral e Vale do Paraíba. Além disso, tem a capacidade de

interligar-se com o ECT nos Eixos de Transporte do PGT, sobretudo nos eixos de

transporte Amazônico e Sul.

Essa possibilidade de interligação de modais de transporte entre as

Organizações Militares da 2ª Região Militar, bem como com as Organizações

Militares da Base de Apoio Logístico do Exército é um aspecto relevante, o qual é

previsto na Base Doutrinária da 2ª Cia Trnp, equivalendo a uma capacidade

agregada da 2ª Cia Trnp que facilita a integração com o Estabelecimento Central de

Transportes.

5.2.2 Organização Atualmente, a 2ª Companhia de Transporte organiza-se para cumprir sua

missão da seguinte maneira:

Page 47: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

47

Figura 11: Organograma da 2ª Companhia de Transporte.

Fonte: 2ª Cia Trnp (2016).

O Centro de Operações de Transporte (COTrnp) é a seção responsável por

todo planejamento das missões da 2ª Cia Trnp. Assim, ao receber as demandas de

transporte, inicia os trabalhos realizando o levantamento de informações

necessárias ao cumprimento da missão, entre elas, prazos, pontos de coleta da

carga, destino final, cubagem, peso da carga, necessidades de combustível,

suprimento de fundo e outras.

A coordenação que o COTrnp exerce ocorre antes e durante toda a missão.

No contexto de integração, esta seção é essencial na comunicação com outros

atores, tais como Escalão Logístico da 2ª Região Militar, Gabinete de Planejamento

e Gestão do Comando Logístico, Base de Apoio Logístico do Exército, ECT e outras

Organizações Militares.

Um aspecto a ser considerado em relação ao Centro de Operações de

Transporte é a sua previsão em Quadro de Cargos Previstos (QCP). O QCP da 2ª

Cia Trnp não contempla essa Seção, a qual é essencial para uma OMET. Assim, a

modificação em QCP da OM, no intuito de prever cargos para o COTrnp é uma

necessidade, uma vez que a existência dessa Seção reveste-se em uma capacidade

a ser agregada para a 2ª Cia Trnp melhor cumprir sua missão.

O 18º Batalhão de Transporte, por exemplo, possui essa seção em seu QCP,

totalizando 08 (oito) militares.

Page 48: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

48

A organização das comunicações da 2ª Cia Trnp também é uma capacidade

que deve ser agregada na OM, a fim de que possa cumprir sua missão de

transporte, bem como integrar-se ao ECT. Atualmente, a OM não possui pessoal de

comunicações em seu QCP, o que dificulta o comando e controle da 2ª Cia Trnp.

Da mesma forma que o COTrnp, o 18º Batalhão de Transporte também

possui elementos de comunicações em seu QCP, o que facilita, certamente, o

comando e controle na execução das missões.

Após finalizado o planejamento do COTrnp, cabe ao Pelotão de Transporte

empregar seu pessoal e material para a execução da missão.

O Pelotão de Transporte possui pessoal especializado e viaturas

especializadas (leves, médias e pesadas) para o cumprimento das missões.

A organização da 2ª Cia Trnp para cumprir as missões de transporte varia de

acordo com as características da atividade. Na missão de transporte de suprimento

classe I mensal, a 2ª Cia Trnp organiza-se, para cada eixo de transporte, utilizando

uma viatura baú de 45 (quarenta e cinco) metros cúbicos de capacidade e uma

viatura especializada frigorificada de 13 (treze) toneladas de capacidade para o

transporte dos gêneros secos e frigorificados, respectivamente.

Nas missões em que a 2ª Cia Trnp participou em proveito do GPG/COLOG,

nos anos de 2016 e 2017, organizou-se, notadamente, utilizando suas carretas.

Em missões cuja a carga transportada requer uma atenção especial devido a

segurança (transporte de armamento, munição, coletes), a 2ª Cia Trnp organiza seu

comboio com viaturas necessárias para o transporte da carga e viaturas de escolta.

Em missões em que grandes distâncias são percorridas, a 2ª Cia Trnp utiliza

processos especiais de suprimento, no intuito de mitigar a problemática de

combustível. A matéria publicada em BRASIL (2017) exemplifica essa organização

da 2ª Cia Trnp: Em 19 outubro, a 2ª Companhia de Transporte (2ª Cia Trnp) iniciou a execução do Eixo Nordeste, ocasião em que um comboio conduzindo suprimento de diversas classes desloca-se para as 6ª, 7ª e 10ª Regiões Militares. Nesse itinerário, a 2ª Cia Trnp está utilizando um Processo Especial de Distribuição de Suprimento em proveito de seu próprio comboio. Processos Especiais de Distribuição de Suprimento são os processos organizados pelo escalão que apoia, com seus próprios meios, em função das necessidades específicas das operações. O Processo Especial de Distribuição de Suprimento empregado na missão foi a reserva móvel de suprimento Classe III (óleo diesel). Dessa forma, uma viatura cisterna de combustível com capacidade de armazenagem de 15000 litros de óleo diesel foi inserida no comboio da 2ª Cia Trnp para abastecer

Page 49: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

49

as viaturas em determinados pontos do itinerário, no decorrer de toda a missão. (BRASIL, 2017).

Figura 12: Processo especial de suprimento.

Fonte: BRASIL (Disponível em: < http://www.eb.mil.br/web/noticias/noticiario-do-exercito>. Acesso

em: 11 jul. 2018).

A 2ª Cia Trnp organiza-se, também, com a presença de viaturas de

balizamento para cumprir missões em que exigem esse tipo de viatura. Todavia,

ressalta-se que esse tipo de viatura não consta no Quadro de Dotação de Material

da OM. Como exemplo do emprego dessas viaturas, citam-se as missões em que

carretas com pranchas com excesso lateral são utilizadas e balizadas. A figura, a

seguir, publicada em BRASIL (2017) apresenta uma viatura de balizamento durante

o transporte da viatura blindada antiaérea Gepard, ocasião em que foi utilizada uma

carreta-prancha com excesso lateral:

Page 50: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

50

Figura 13: Balizamento de carreta com excesso lateral durante transporte.

Fonte: BRASIL (Disponível em: < http://www.eb.mil.br/web/noticias/noticiario-do-exercito/-transporte-de-viatura-blindada-de-combate-antiaerea >. Acesso em: 11 jul. 2018).

5.2.3 Material (viaturas) Concernente aos meios, a 2ª Cia Trnp possui em sua dotação viaturas com

características distintas, o que confere uma capacidade para cumprir missões

variadas, tendo em vista o material a ser transportado.

A quantidade de viaturas da 2ª Cia Trnp permite uma capilaridade na

execução das missões, inclusive a formação de uma modularidade.

No que concerne ao transporte em contêiner, a 2ª Cia Trnp é capaz de

transportar 16 (dezesseis) contêineres de 20 “pés” e 04 (quatro) de 40 “pés”, o que

permite a troca direta por outro contêiner no momento da entrega do material,

tornando mais ágil o processo. Ressalta-se que a 2ª Cia Trnp possui 01 (uma) VTE

Porta contêiner e 01 (uma) viatura semi-reboque porta contêiner com implemento

capaz de realizar a movimentação dos contêineres nos terminais de transporte

(carregamento e/ou descarregamento).

Uma vez que os meios de transporte da 2ª Cia Trnp são distintos, tais como

viaturas tipo baú, porta-conteiner e carretas pranchas, é possível a execução de

missões simultâneas. Assim sendo, em um determinado contexto em que sejam

solicitados transportes diversos, a 2ª Cia Trnp é capaz de constituir um módulo de

transporte para executar as tarefas solicitadas.

Page 51: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

51

Importante observar, também, a capacidade em cubagem e em tonelagem

que a 2ª Cia Trnp possui para execução de transporte. Conforme consta em relatório

formulado pelo Centro de Operações de Transporte (COTrnp), a 2ª Cia possui uma

capacidade de transporte de 900 (novecentas) toneladas e um volume de 1500 (mil

e quinhentos) metros cúbicos.

Essa capacidade equivale a dizer que a 2ª Cia Trnp consegue, de uma só

vez, transportar essa quantidade utilizando os seus meios existentes, os quais não

são coincidentes com o previsto em QDM.

De acordo com o relatório de missões do ano de 2017, confeccionado pelo

COTrnp, a 2ª Cia Trnp transportou o equivalente 3500 (três mil e quinhentas)

toneladas de suprimento, somadas as missões regionais e nacionais.

As planilhas de missões da 2ª Cia Trnp dos anos de 2016 e 2017 evidenciam

que a 2ª Cia Trnp emprega, notadamente, viaturas tipo baú nas missões regionais,

sobretudo as missões de transporte de Suprimento Classe I.

Nas missões em proveito do GPG/COLOG, fruto das características das

demandas, a utilização de carretas (conjunto “cavalo mecânico” com viaturas semi-

reboque pranchas) é mais usual.

As tabelas, a seguir, ilustram os tipos de viaturas especializadas da 2ª Cia

Trnp, usualmente utilizadas nas missões de transporte:

Tabela 1: Relação de viaturas tratoras de transporte não especializado (“cavalo-mecânico”) e viaturas semi-reboque existentes.

Nr ordem

Cavalo mecânico

Viatura reboque que pode ser atrelada ao cavalo mecânico

Habilitação necessária

1 IVECO Prancha 04 eixos Morumbi E

2 IVECO Prancha 03 Eixos morumbi E

3 IVECO Prancha 03 eixos Librelato E

4 IVECO Prancha 03 eixos Librelato E

5 AXOR Prancha 03 eixos Librelato E

6 AXOR Prancha 03 eixos Margoti E

7 VW Semi-reboque Librelato 90 m3 E

8 VW Semi-reboque Librelato 90 m3 E

9 SCANIA Semi -Reboque Random 75m3 E

Page 52: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

52

10 FORD Semi -Reboque Random 75m3 E

11 ----- Semi-reboque graneleiro Random E

12 ----- Semi-reboque graneleiro Random -----

13 ----- Semi-reboque cegonha -----

14 ----- Semi-reboque cegonha -----

15 ----- Semi reboque Bi-trem -----

16 ----- Semi reboque Bi-trem -----

17 ----- Semi-reboque Porta contêiner com

equipamento içador de contêiner

(40 e 20 pés)

-----

Fonte: O Autor.

Tabela 2: Viaturas de Transporte Especializado/Não Especializado (VTE/VTNE) Nr

ordem Tipo VTE/VTNE Capacidade Habilitação

necessária 1

Frigorífico

VW Worker 6x2 40 m3/ 13 Ton C

2 Ford Cargo 6x2 40 m3/ 15 Ton C

3 Ford Cargo 6x2 40 m3/ 15 Ton C

4 Ford Cargo 6x2 40 m3/ 15 Ton C

5 Ford Cargo 6x2 40 m3/ 15 Ton C

6

Porta conteiner

VW Constellation 01 conteiner 20

pés

C

7 VW Constellation 01 conteiner 20

pés

C

8 VW Constellation 01 conteiner 20

pés

C

9 VW Constellation 01 conteiner 20

pés

C

10 VW Constellation 01 conteiner 20

pés

C

11 VW Constellation 01 conteiner 20

pés

C

12 Porta contêiner MBB 01 conteiner 20 C

Page 53: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

53

com

equipamento

içador de

conteiner

pés

13 Cisterna de

combustível

Ford cargo 15000 litros C

MOPP

14

Baú

VW worker 14 Ton / 40 m3 C

15 VW worker 14 Ton / 40 m3 C

16 Ford cargo 15 Ton / 40 m3 C

17 VW Constellation 17 Ton / 45 m3 C

18 VW Constellation 17 Ton / 45 m3 C

19 Ford Cargo 5 Ton / 15 m3 C

20 Ford Cargo 5 Ton / 15 m3 C Fonte: O Autor.

As viaturas constantes das tabelas 1 e 2 são aquelas utilizadas para o

carregamento propriamente dito. Todavia, a OM possui outras viaturas que também

participam de missões de transporte, entre elas viaturas de balizamento, escolta,

acompanhamento, combustível etc.

Da análise das viaturas constantes na tabela 1, nota-se que a 2ª Cia Trnp

possui uma quantidade de viaturas tipo “cavalo-mecânico” menor que os reboques

que neles podem ser atrelados, para que se constitua uma carreta (conjunto “cavalo-

mecânico” + viatura reboque/semi-reboque). Ou seja, para aproveitamento da

capacidade máxima da OM em constituir carreta, ao mesmo tempo, seriam

necessários 07 (sete) “cavalos-mecânicos” a mais, na hipótese de uma missão de

transporte que exigisse essa demanda.

Esse aspecto consiste em uma realidade vivenciada pela a OM. Ademais, o

QDM atual não condiz com o que existe na atual conjuntura, razão pela qual sugere-

se a sua adequação e atualização.

Referente à tabela 2, observam-se viaturas tratoras, as quais exigem um tipo

de habilitação do pessoal, distinta da habilitação das viaturas constantes da tabela 1.

As viaturas tipo-baú e frigoríficas são aquelas utilizadas, notadamente, nas missões

regionais, por ocasião dos Eixos de Suprimento Cl I. Constituem-se em uma elevada

Page 54: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

54

capacidade da 2ª Cia Trnp para prover esse tipo de suprimento, tanto em missão

regional, quanto em missão nacional.

5.2.4 Pessoal A 2ª Cia Trnp possui em seu quadro um número considerável de motoristas.

Entre esses militares, constam motoristas com habilitações “B”, “C”, “D” e “E” e

possuidores de outras especialidades, entre elas Movimentação Operacional de

Produtos Perigosos (MOPP), Transporte de Coletivos, Transporte de Emergência e

Carga Indivisível.

Tais habilitações são de difícil formação, sobretudo por envolverem custo e pelo fato

da 2ª Cia Trnp não formar o seu pessoal especializado, sendo necessário a

formação em Departamentos de Trânsito (DETRAN) ou em Organizações Militares

que possuam Centros de Formação de Condutores (CFC).

Além da formação do pessoal em DETRAN ou em CFC, há também a

possibilidade de contratação de pessoal já especializado. A partir de 2011, o

Exército passou a adotar o serviço militar especialista temporário, sobretudo na

graduação de cabo.

BRASIL (2011) publicou o seguinte sobre o assunto: PORTARIA Nr 610, DE 23 DE SETEMBRO DE 2011. Regula, no âmbito do Comando do Exército, o Serviço Militar Especialista Temporário em tempo de paz, a ser prestado na graduação de Cabo Temporário do Núcleo-Base. Art. 1º Regular, no âmbito do Comando do Exército, o Serviço Militar Especialista Temporário (Sv Mil Esp Tmpr) em tempo de paz, a ser prestado na graduação de Cabo Temporário do Núcleo-Base, por reservistas ou dispensados de incorporação, que tenham habilitações profissionais de interesse do Exército. Art. 2º A convocação desses profissionais tem a finalidade de aprimorar a formação das reservas, atender às necessidades de pessoal da Força e aperfeiçoar os conhecimentos militares dos reservistas. Art. 4º Os candidatos que preencherem os requisitos exigidos serão convocados para o Sv Mil Esp Tmpr em tempo de paz e incorporarão/reincorporarão em unidade de tropa, a fim de receberem a instrução militar suficiente para o exercício de função geral básica de caráter militar. Art. 6º O Cabo Temporário do Núcleo-Base que prestar o Sv Mil Esp Tmpr denominar-se-á Cabo Especialista Temporário (CET). (BRASIL, 2011, p. 10, 11 e 12).

A formação do pessoal especializado constitui-se em uma capacidade que

deve ser agregada constantemente à 2ª Cia Trnp, para que possa continuar

executando sua missão.

Page 55: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

55

Os motoristas com habitação “C” da 2ª Cia Trnp são empregados, em sua

maioria, nas missões regionais, as quais requerem viaturas tipo baú. Já os

motoristas com habilitação “E” são mais empregados nas missões do GPG/COLOG,

tendo em vista a característica dessas missões exigir o emprego de carretas.

Atualmente, a 2ª Cia Trnp possui 21 (vinte e um) motoristas habilitados com

categoria “C”, ou seja, condutores de veículos motorizados utilizados em transporte

de carga, cujo peso bruto total exceda a três mil e quinhentos quilogramas. Nesse

sentido, as VTE/VTNE tais como viaturas tipo baú, frigorificadas e porta-conteineres

são aquelas possíveis para serem conduzidas por habilitados nessa categoria.

Desses 21 (vinte e um) habilitados na categoria “C”, 13 (treze) são, também,

habilitados na categoria “E”, cujas especificações são abordadas pelo Código

Nacional de Trânsito (1997), descrito a seguir: Categoria “E”- Condutor de combinação de veículos em que a unidade tratora se enquadre nas categorias B, C ou D e cuja unidade acoplada, reboque, semirreboque, trailer ou articulada tenha 6.000 kg (seis mil quilogramas) ou mais de peso bruto total, ou cuja lotação exceda a 8 (oito) lugares. (BRASIL, 1997, p. 36)

Assim, as carretas, usualmente, utilizadas pela 2ª Cia Trnp nas missões de

transporte requerem esse tipo de habitação do pessoal. Até o final do ano de 2016

os motoristas da 2ª Cia Trnp habilitados na categoria “E” eram assim distribuídos:

- Sargentos do Quadro Especial – 10 (dez) motoristas;

- 3º Sargentos temporários – 02 (dois) motoristas;

- Cabos e soldados – 01 (um) motorista.

Page 56: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

56

Gráfico 01 – distribuição dos motoristas habilitados na categoria “E” por graduação.

Fonte: 2ª Cia Trnp (2016).

O Quadro de Cargos Previstos (QCP) da 2ª Cia Trnp prevê um total de 49

(quarenta e nove) motoristas em seus quadros, sendo eles cabos ou soldados. Ou

seja, o quadro atual de militares habilitados para o cumprimento de missões de

transporte é composto, em sua maioria, por Sargentos, cuja habilitação como

motorista não é contemplada em QCP.

5.3 Limitações Nos parágrafos anteriores, do estudo da doutrina, organização, material e

pessoal, observaram-se varias limitações da 2ª Cia Trnp, que sugerem a

necessidade de se agregar algumas capacidades.

Assim, ao abordar as limitações da 2ª Cia Trnp no presente estudo, busca-se

saber a melhor maneira de agir para possibilitar o cumprimento da missão,

sobretudo a integração com o ECT diante do aumento das demandas. Configura-se,

assim, em capacidades que devem ser agregadas à 2ª Cia Trnp.

Da análise das características das missões realizadas pela 2ª Cia Trnp, de sua

doutrina, organização, pessoal e material, conclui-se que um potencial fator

limitador, claramente, é a demanda que excede as capacidades da OM.

No contexto da integração com o ECT, é fundamental para a 2ª Companhia

de Transporte conhecer as demandas com antecedência. Esse aspecto permitirá

Page 57: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

57

levantar os meios necessários para execução do transporte (planejamento) e, dessa

forma, atender ou não as demandas solicitadas, desde que as missões previstas no

cenário regional, sobretudo o transporte de suprimento classe I, não sejam

inviabilizadas.

Embora o PGT possua calendário definindo datas diversas, essas são

direcionadas para o ECT. O que ocorre, muitas vezes, é que, no momento do

carregamento, o ECT se depara com a situação em que possui mais suprimentos

para carregar, do que os meios necessários para tal. A partir daí, solicita apoio à 2ª

Cia Trnp, por vezes, com um tempo curto de resposta, dificultando o planejamento e

a execução de diversas medidas necessárias para cumprir a missão por parte da 2ª

Cia Trnp, entre elas: autorização para cumprimento da missão pela 2ª Região Militar,

repasse de combustível, obtenção de suprimento de fundos, recursos para

pagamento do pessoal, preparação do material e muitas outras. A sistematização

abordada na seção Doutrina do capítulo 5 refere-se a esse aspecto.

Concernente à organização, o fato de não possuir elementos de

comunicações em seu QCP, torna-se uma limitação para a 2ª Cia Trnp. Em

relatórios de retorno de missão de transporte executada juntamente com o ECT, o

aspecto comunicações foi abordado sobremaneira. Durante o deslocamento do

extenso comboio para cumprir missão do PGT em conjunto com o ECT, as viaturas

da 2ª Cia Trnp, em determinadas ocasiões, perdiam o contato com o restante do

comboio (viaturas do ECT), tendo em vista deficiências nas comunicações.

Ainda sobre a organização, a inexistência do COTrnp em QCP também é

fator limitador para a OM, uma vez que essa seção é essencial para a eficiência da

OM.

Com relação aos meios materiais, observa-se que a 2ª Cia Trnp possui uma

quantidade de viaturas semi-reboques ou reboques (pranchas, baús, bi-trem) em

quantidade superior às viaturas tratoras (cavalo-mecânico). Configura-se, assim, em

uma limitação, uma vez que todos os reboques/ semi-reboques não podem ser

empregados simultaneamente, caso tenha uma demanda elevada que assim o exija.

Referente ao pessoal, a 2ª Cia Trnp também possui limitações para atender

às demandas de missões. A OM necessita de militares habilitados nas categorias

“B”, “C”, “D” e “E” para cumprir as missões, sobretudo nas categorias “C” e “E”. A

formação desses militares torna-se uma limitação, uma vez que não é realizada pela

OM, fato que deve ser observado no intuito de prover a capacitação do pessoal.

Page 58: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

58

A quantidade de motoristas também se constitui em uma limitação. O QCP da

2ª Cia Trnp prevê um total de 49 (quarenta e nove) motoristas, sendo previstos

cabos e/ou soldados. Além de não possuir essa quantidade, a 2ª Cia Trnp possui

uma defasagem de cabos e soldados motoristas, sobretudo na categoria “E”, a qual

é composta, em sua maioria, por sargentos do Quadro Especial e Sargentos

Temporários.

Em um cenário futuro, essa situação será um fator ainda mais limitador. Uma

vez que o Quadro Especial será extinto nos próximos anos, faz-se necessário para a

2ª Cia Trnp capacitar mais cabos e soldados para suprirem a ausência dos

Sargentos QE, os quais representam, na atualidade, 75% do pessoal habilitado na

categoria “E” da 2ª Cia Trnp.

O maior impacto com a extinção desse Quadro ocorrerá nas missões em que

a 2ª Cia Trnp atua em proveito do GPG, no contexto da integração com o ECT ou

em missões isoladas, tendo em vista o tipo de habilitação necessárias (habilitação

“E”).

As missões regionais de Suprimento Classe I serão afetadas em menor

escala. A habilitação necessária para o cumprimento desse tipo de missão é mais

fácil de ser obtida e, além disso, a 2ª Cia Trnp possui quantidade maior de cabos e

soldados habilitados na categoria “C”, ficando menos dependente do Quadro

Especial nesse tipo de demanda.

Page 59: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

59

6 AUMENTO DAS DEMANDAS DE TRANSPORTE E INTEGRAÇÃO NA EXECUÇÃO DE TRANSPORTE DE NÍVEL NACIONAL Conforme visto anteriormente, o aumento das demandas de transporte e a

integração entre ECT e 2ª Cia Trnp já é uma realidade. Nesse sentido, cabe à 2ª Cia

Trnp, cada vez mais, agregar capacidades no intuito de melhor se integrar ao ECT

ou para o cumprimento de missões definidas pelo COLOG.

Os relatórios de missões anuais de 2016 e 2017, realizados pelo COTrnp

ilustram as seguintes quantidades de missões cumpridas pela 2ª Cia Trnp:

Tabela 3 – Quadro Resumo de Missões da 2ª Cia Trnp em 2016.

Fonte: Centro de Operações de Transporte/2ª Cia Trnp (2016). Tabela 4 – Quadro Resumo de Missões da 2ª Cia Trnp em 2017.

Fonte: Centro de Operações de Transporte/2ª Cia Trnp (2017). Nesse contexto, observa-se que as demandas de transporte em proveito do

COLOG/GPG foram elevadas, totalizando, nos anos de 2016 e 2017,

respectivamente, 59 (cinquenta e nove) e 55 (cinquenta e cinco) missões.

Conforme já salientado, a posição estratégica da 2ª Cia Trnp, somada a suas

capacidades, viabiliza sobremaneira a integração diante do aumento das demandas

de transporte.

Page 60: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

60

Em 2016, o trabalho integrado entre a 2ª Cia Trnp e o ECT ocorreu,

notadamente, naquelas missões previstas no Plano Geral de Transporte (PGT).

Assim, a 2ª Cia Trnp apoiou o ECT nos Eixos Amazônico, Nordeste e Sul. BRASIL

(2017) descreve o trabalho integrado entre ECT e 2ª Cia Trnp, por ocasião do Eixo

Amazônico: Em 5 de agosto, a 2ª Companhia de Transporte (2ª Cia Trnp) concluiu o transporte de materiais no denominado eixo amazônico. A missão consistiu no transporte de materiais de diversas classes, tendo início na cidade do Rio de Janeiro (RJ) e o destino final em Porto Velho (RO). O eixo amazônico compõe um dos eixos de transporte nacional a cargo do Estabelecimento Central de Transportes (ECT) e está previsto no plano geral de transporte do Comando Logístico. Coube à 2ª Cia Trnp apoiar o ECT com material e pessoal. Entre os meios utilizados pela 2ª Cia Trnp, estiveram viaturas tratoras de transporte não especializado cavalo-trator, viaturas sobre rodas especializadas tipo cegonha e prancha de três eixos. O comboio percorreu mais de 7.000 quilômetros na missão, que durou 25 dias. (BRASIL, 2017).

Figura 14: Comboio do ECT e 2ª Cia Trnp na execução do Eixo Amazônico.

Fonte: BRASIL (Disponível em: < http://www.eb.mil.br/web/resiscomsex/cmse/ companhia-de-transporte-transporte-de-material-no-eixo-amazonico >. Acesso em: 12 jul. 2018).

Outro trabalho integrado ocorrido no ano de 2016 foi em decorrência dos

Jogos Olímpicos e Para-Olimpicos. Todavia, a integração ocorreu no contexto do

transporte nacional, em que ECT e 2ª Cia Trnp cumpriram missões distintas, porém

em proveito do Comando Logístico.

Assim, no momento em que o ECT cumpria um eixo de transporte previsto do

PGT, a 2ª Cia Trnp executava missões em proveito do Comando Logístico para

atender às demandas dos Jogos Olímpicos 2016.

Page 61: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

61

Retornando aos questionamentos abordados em capítulo anterior, quais

sejam: Os eixos do PGT podem ter seus períodos de execução alterados? E se

houver grande demandas de transporte que coincidam com a execução dos eixos do

PGT? É possível realizar mais de um Eixo de Transporte simultaneamente? As

outras OMET são capazes de realizar um eixo de transporte do PGT?

A prática provou que a resposta a esses questionamentos é “SIM”. O

aumento de demandas de transporte no ano de 2017 ocasionou adaptações no

PGT, tendo em vista a sobrecarga de trabalhos no ECT. Nesse sentido, a integração

dos trabalhos com a 2ª Cia Trnp ocorreu em diversas ocasiões, o que evitou

interrupções no fluxo logístico.

Em 2017, 02 (dois) eventos de vulto ocorreram no cenário nacional, os quais

impactaram profundamente as OMET. O retorno de pessoal e material, em

decorrência da Desmobilização da Missão de Paz no Haiti e o Exercício de Logística

Multinacional Interagêngias “Amazon Log” (ocorrido no Norte do país) exigiram

grande esforço da logística nacional. Além disso, ocorreram em períodos

coincidentes com eixos do PGT.

Nesse sentido, houve adaptações no cronograma do PGT, o que resultou na

execução simultânea dos Eixos Norte e Nordeste. Essa grande demanda de

transporte não foi possível ser cumprida somente pelo ECT, resultando na execução

do Eixo Norte pelo ECT e o Eixo Nordeste, pela 2ª Cia Trnp.

Assim, pela primeira vez, um Eixo previsto do PGT foi realizado por OMET

diferente do ECT. BRASIL (2017) assim descreveu a atividade: No dia 19 de outubro, a 2ª Companhia de Transporte (2ª Cia Trnp) iniciou o transporte de suprimentos das diversas classes para o Eixo Nordeste. O Eixo Nordeste é previsto no Plano Geral de Transporte (PGT) do Comando Logístico e o suprimento transportado destina-se às 6ª, 7ª e 10ª Regiões Militares. Além dessa destinação, é previsto o transporte de suprimentos por ocasião do retorno do comboio. O ponto inicial de saída do comboio, após o carregamento, foi a Base de Apoio Logístico do Exército (BaApLogEx), sendo o Eixo Principal de Suprimento (EPS), a Rodovia BR-101. Ao longo da rota, o comboio é apoiado por diversas Organizações Militares, as quais provêm apoio de alimentação, pernoite e abastecimento das viaturas. Esta é a primeira ocasião em que um eixo previsto no PGT é realizado com a totalidade dos meios orgânicos da 2ª Cia Trnp. Para tal, 47 militares e 22 viaturas, entre elas carretas-prancha, carretas-baú, porta-conteineres, estão sendo empregados na missão, cujo término é previsto no mês de novembro. (BRASIL, 2017).

Page 62: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

62

Um aspecto a considerar, o qual contribuirá para a integração do transporte, é

o conhecimento e divulgação do PGT. Uma vez difundido esse documento para as

Regiões Militares e Organizações Militares, as solicitações de transporte serão

enviadas para a Ba Ap Log Ex ou COLOG com a antecedência necessária. Esse

aspecto resultará na inclusão dessa demanda de transporte no eixo considerado.

Outra questão é atinente a um sistema de gestão e comando e controle

eficiente. Até o ano de 2016, não existia ferramenta de gestão centralizada pelo

Comando Logístico, que viabilizasse integração.

A partir de 2016, no contexto do PEEx (2016-2019), o COLOG tem buscado

uma ferramenta de gestão de logística, a qual permitirá realizar inúmeras atividades,

incluindo gerenciar a integração do transporte.

Essa ferramenta consiste no sistema de gestão de logística. Atualmente, o

desenvolvimento do sistema está em curso, ocorrendo a capacitação das OMET,

desenvolvimento de sistema próprio do Exército e cumprimento de missões de

transporte utilizando essa ferramenta.

Em diversas ocasiões nos anos de 2016 e 2017, o GPG/COLOG capacitou as

OMET, OP e Regiões Militares nas atividades desse novo sistema. Em matérias

publicadas no EB em Revista (2016 e 2017), algumas atividades foram assim

descritas: Capacitação de pessoal Na semana de 12 a 16 de setembro, a equipe da Divisão de Transporte do Gabinete de Planejamento e Gestão (GPG) 4 do Comando Logístico, chefiada pelo Coronel de Material Bélico Ricardo Shinzato, apresentou e conduziu o treinamento do módulo de transporte do sistema integrado de logística aos militares do Centro de Operações de Transporte (COT) da 2ª Companhia de Transporte (2ª Cia Trnp). Entre as diversas funcionalidades existentes, o módulo de transporte em questão permitirá às Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) elevado comando e controle durante a missão de transporte. Nesse sentido, tanto a carga quanto a viatura e o pessoal estarão monitorados e rastreados durante todo itinerário, incluindo os momentos de parada, pernoite e outros. O sistema utiliza “tablets” e tecnologia“Global System for Mobile” (GSM) – Chip GSM. Os “tablets” em questão são vinculados às viaturas à cada missão de transporte realizada. Ao final, são desvinculados, estando prontos para serem empregados em outras missões. De acordo com o tipo de carga a ser transportada, definida por uma Ordem de Transferência (ODT) ou Ordem de Fornecimento (ODF), por exemplo, o sistema gera um código “Quick Response” (QR) CODE, o qual ficará atrelado à carga em todo o período de transporte, desde o carregamento ao descarregamento. Nesse sentido, não é possível, por exemplo, carregar ou descarregar determinado material em local diferente do previsto, uma vez que a leitura do QR CODE indica tal erro. Na semana em questão, o GPG 4 realizou várias simulações, ocasião em que foram empregadas as viaturas, pessoal, QR CODE e Tablets na

Page 63: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

63

execução de missões de transporte. Simultaneamente, o COT monitorava e rastreava as viaturas empregadas nas simulações. Ao final da semana, a 2ª Cia Trnp iniciou uma missão de transporte real com destino à Brasília, ocasião em que o sistema foi testado em grandes distâncias. (BRASIL, 2016).

“COLOG REALIZA TREINAMENTO DO SISTEMA GERENCIADOR DE TRANSPORTE DO EXÉRCITO BRASILEIRO NA 2ª COMPANHIA DE TRANSPORTE

Em 11 de agosto, a comitiva do Comando Logístico (COLOG), chefiada pelo General de Divisão R1 José Carlos Nader Motta, concluiu a semana de treinamento e testes do Sistema Gerenciador de Transporte do Exército Brasileiro (SGTEB) Nível Regional, no âmbito da 2ª Região Militar, na 2ª Companhia de Transporte e 21º Depósito de Suprimento. O SGTEB está inserido no Sistema Integrado de Gestão de Logística (SIGELOG) e permitirá uma efetiva gestão logística, por intermédio de utilização de Tecnologia de Informação e Comunicações. No treinamento em questão, a comitiva do COLOG realizou simulações práticas no Grupo Funcional Transporte, particularmente relacionado ao Suprimento Classe I regional (gêneros secos e frigorificados), envolvendo o trabalho conjunto da 2ª Companhia de Transporte e 21ª Depósito de Suprimento, além da supervisão do Escalão Logístico da 2ª Região Militar. Viaturas deslocaram-se para destinos diversos, simulando missões de transporte. Durante esse treinamento, foi possível rastrear e monitorar em tempo real a carga em trânsito, utilizando “tablets”, tecnologia“Global System for Mobile” (GSM) – Chip GSM e um código “Quick Response” (QR) CODE, o qual fica atrelado à carga em todo o período de transporte, desde o carregamento ao descarregamento.” (BRASIL, 2017).

Nota-se que essa ferramenta de gestão que está sendo agregada à 2ª Cia

Trnp, bem como a outras OMET, RM e OP, facilitará a integração do transporte

diante do aumento das demandas, proporcionando mais eficiência e eficácia.

Page 64: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

64

7 CONCLUSÃO O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise das

capacidades que precisam ser agregadas à 2ª Companhia de Transporte, para que

ela possa se integrar da melhor forma ao Estabelecimento Central de Transportes,

diante de um cenário em que há um considerável aumento das demandas de

transporte.

Além disso, permitiu observar o contexto em que essas duas Organizações

Militares Executoras de Transporte (ECT e 2ª Cia Trnp) executam missões de

transporte simultâneas, sob coordenação do Comando Logístico/Gabinete de

Planejamento e Gestão.

É importante destacar que a integração entre 2ª Cia Trnp, ECT e

COLOG/GPG já é uma realidade, conforme observado nos diversos exemplos de

missões evidenciados ao longo do trabalho. O que se busca, de fato, é verificar

como integrar esses atores da melhor maneira.

Ao abordar esse tema, de extrema relevância para a Logística voltada para o

Grupo Funcional Transporte, é possível ter a consciência situacional de como se

encontra o Sistema de Transporte do Exército Brasileiro no presente momento.

Para que os resultados da presente pesquisa fossem atingidos, sobretudo a

resposta ao problema levantado (Objetivo Geral), ou seja, quais as capacidades que devem ser agregadas a 2ª Companhia de Transporte para que esta possa integrar-se adequadamente ao ECT e atender ao aumento das demandas existentes, buscou-se analisar os seguintes fatores que permitem a esta OMET ter

a capacidade operativa que permita cumprir suas missões: Doutrina, Organização,

Pessoal e Material.

Ademais, as limitações da 2ª Cia Trnp também foram abordadas. Assim,

conhecendo as limitações existentes que incidem diretamente no problema da

presente pesquisa, é possível observar quais são os óbices que devem ser

superados, de forma que se tornem capacidades que facilitem a integração no

transporte nacional.

Ao analisar a Doutrina de emprego da 2ª Cia Trnp, verificou-se que a parte

mais complexa, nesse quesito, consiste na necessidade de sistematizar o emprego

da OM, para que não ocorra a impossibilidade de cumprimento da missão de

transporte, sobretudo nacional. Essa sistematização consiste na definição clara da

Page 65: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

65

missão da OM como sendo, também, integrar-se a outras OMET para cumprir

missões de natureza nacional.

Assim, a natureza das missões de transporte integradas com o ECT ou

definidas pelo COLOG não seria eventual, mas sim, previstas em calendário, tal qual

aquelas previstas pelo PGT (direcionadas ao ECT) ou tal qual aquelas previstas no

calendário de distribuição de suprimento Classe I Regional (direcionadas para a 2ª

Cia Trnp). Essa previsão facilitaria o planejamento da OMET em todos os aspectos,

tendo em vista a antecedência e previsibilidade das missões.

Com relação à análise da Organização, observou-se que há necessidade de

observações e atualizações no Quadro de Cargos Previstos (QCP) da OM. O QCP

mostra que não há previsão de um Centro de Operações de Transporte na 2ª Cia

Trnp. O COTrnp, conforme observado no trabalho, reveste-se de vital importância

para o cumprimento das missões de uma OMET, uma vez que é o responsável por

todo o planejamento das missões de transporte. Logo, a capacidade de planejar as

missões de Trnp por meio de um COTrnp constituído em QCP constitui-se em uma

capacidade a ser agregada à 2ª Cia Trnp, de forma que melhor se integre no

contexto das missões de caráter nacional.

Ainda referente à Organização, a existência de um sistema de comunicações

eficientes que permita o Comando e Controle na execução das missões também

constitui-se em uma capacidade que deve ser agregada na OM. A ausência de

elementos de comunicações no QCP da OM é um aspecto que reforça a

necessidade de sua atualização.

Concernente à análise do Material (viaturas) da OM, verifica-se que a 2ª Cia

Trnp é possuidora de uma quantidade expressiva de meios modernos de transporte.

Fruto da observação da relação das viaturas existentes na OM, constata-se que a 2ª

Cia Trnp não consegue aproveitar sua capacidade máxima de transporte ao mesmo

tempo, em caso de uma eventual necessidade extrema. Isto ocorre, pois a

quantidade de viaturas tratoras de transporte não especializado (“cavalo-mecânico”)

é menor que as viaturas reboque/semi-reboque existentes (pranchas, “cegonhas”,

bi-trem etc).

Assim, outra capacidade a ser agregada à 2ª Cia Trnp consiste no

aproveitamento máximo dos meios de transporte, através da adequação do número

de VTTNE e VRE, ajustando-se com um QDM atualizado.

Page 66: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

66

O último elemento analisado com intuito de observar as capacidades da 2ª

Cia Trnp foi o Pessoal. Nesse aspecto, observa-se que o fator que deve ser

agregado à 2ª Cia Trnp é a capacidade de cumprir plenamente suas missões de

transporte, viabilizada com a adequação dos quadros de motoristas da OM (revisão

dos claros do QCP, especializações, cursos etc).

Ou seja, a formação do pessoal especializado constitui-se em uma

capacidade que deve ser agregada constantemente à 2ª Cia Trnp, para que possa

continuar executando suas missões de transporte. Todavia, a forma como se dará

essa renovação é o desafio para a OMET.

A formação do pessoal em Departamentos de Trânsito, Centro de Formações

de Condutores e a contratação de Cabos Especialistas Temporários são opções

para se manter um quadro especializado na OMET no atual momento.

Ao analisar a Doutrina, Organização, Pessoal, Material e Limitações da 2ª Cia

Trnp, chega-se a uma gama de capacidades as quais devem ser agregadas a esta

OMET, para que melhor se integre ao ECT no contexto das missões de caráter

nacional.

Ademais, uma outra atividade evidenciada ao longo do trabalho é a gestão

que ora se implanta na Logística. Essa assertiva consiste na implantação do

Sistema Gerenciador de Transporte, o qual permitirá a integração de todos os atores

do STEB, sobretudo COLOG e as OMET, potencializando, assim, as capacidades

de transporte no contexto de aumento das demandas.

Referente aos objetivos específicos estabelecidos no presente estudo,

conclui-se que os mesmos foram atingidos. Tal assertiva é válida, uma vez que o

presente trabalho apresentou a Logística no Território Nacional, as Limitações da 2ª

Companhia de Transporte e a integração do transporte que ocorre entre ECT e 2ª

Cia Trnp no cenário atual. Tais objetivos permitiram o encadeamento lógico das

ideias, as quais foram essenciais para a resposta ao problema apresentado.

Finalmente, temos que a Logística passa por profundas transformações no

presente momento. Inserido nesse processo, está o Grupo Funcional Transporte, o

qual é fundamental para o ciclo logístico, em todas as suas fases. A Logística, por

intermédio de um novo Sistema de Transporte do Exército Brasileiro, busca alinhar-

se aos Objetivos Estratégicos do Exército, por intermédio de uma nova estrutura e

efetiva gestão, garantindo, assim, o poder de combate eficiente da Força Terrestre.

Page 67: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

67

REFERÊNCIAS

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Informação e documentação – numeração progressiva das seções de um documento escrito – apresentação (ABNT NBR 6024:2003). Rio de Janeiro: ABNT, 2003. 3 p. BRASIL. Presidência da República. Código de Trânsito Brasileiro. Brasília, DF, 1997. _______. Informação e documentação – referências – elaboração (ABNT NBR 6023:2002). Rio de Janeiro: ABNT, 2002a. 24 p. ______. Estado Maior do Exército. Exército Brasileiro. Base Doutrinária da 2ª Companhia de Transporte. Brasília, DF, 1999. ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Boletim Especial do Exército. Brasília, DF, 2014. ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Boletim do Nr 39. Brasília, DF, 2011. ______. Exército. Catálogo de capacidades do Exército. Brasília, DF, 2015. ______. Exército. Comando Logístico. Contrato de Objetivos Logísticos. Brasília, DF, 2017. ______. Ministério da Defesa. Doutrina de Logística Militar. 3.ed. Brasília, DF, 2016. ______. Ministério da Defesa. Doutrina de Mobilização Militar. 2.ed. Brasília, DF, 2015. ______. Ministério da Defesa. Doutrina de Operações Conjuntas. 1o Volume. 1. ed. Brasília, DF, 2013.

Page 68: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

68

______.Ministério da Defesa. EB Em Revista. Carregamento de Suprimento Classe I. Disponível em: < http://www.eb.mil.br/web/resiscomsex>. Acesso em: 10 jul. 2018. ______.Ministério da Defesa. EB Em Revista. Comboio do ECT e 2ª Cia Trnp na execução do Eixo Amazônico. Disponível em: < http://www.eb.mil.br/web/resiscomsex/cmse/ companhia-de-transporte-transporte-de-material-no-eixo-amazonico >. Acesso em: 12 jul. 2018. ______.Ministério da Defesa. EB Em Revista. Embarque de VBTP URUTU para tropas em treinamento do BRABAT 26. (Disponível em: < httpp://www.eb.mil.br/web/resiscomsex/>. Acesso em: 10 jul. 2018. ______. Ministério da Defesa. EB Em Revista. Emprego de carretas Pranchas na Operação Piquissiri I. Disponível em: < http://www.eb.mil.br/web/resiscomsex/>. Acesso em: 10 jul. 2018. ______. Ministério da Defesa. EB Em Revista. Processo especial de suprimento. Disponível em: < http://www.eb.mil.br/web/noticias/noticiario-do-exercito>. Acesso em: 11 jul. 2018. ______. Ministério da Defesa. EB Em Revista. Programa Regional de Distribuição de Fardamentos para as 6ª, 7ª e 10ª Regiões Militares. Disponível em: < http://www.eb.mil.br/web/resiscomsex/>. Acesso em: 10 jul. 2018). ______. Ministério da Defesa. EB Em Revista. Transporte de viatura blindada de combate antiaérea. Disponível em: < http://www.eb.mil.br/web/noticias/noticiario-do-exercito/-transporte-de-viatura-blindada-de-combate-antiaerea >. Acesso em: 11 jul. 2018. BRASIL. Exército. Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Elaboração de Projetos de Pesquisa na ECEME - Manual. Rio de janeiro, RJ, 2012. ______. Exército. Histórico 2a Companhia de Transporte. São Paulo, SP, 1998. ______. Exército. Comando Logístico. Instruções Gerais para o Sistema de Transporte do Exército Brasileiro. Brasília, DF, 2017. ______. Exército. Estado-Maior. Logística. 3. ed. Brasília, DF, 2014.

Page 69: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

69

______. Exército. Manual de Campanha, Transportes Militares. 1. ed. Brasília, DF, 1983. ______. Ministério da Defesa. Manual de Transporte para uso nas Forças Armadas. 1.ed, Brasília, DF, 2013. ______. Exército. Comando Logístico. Mapeamento de Processos de Planejamento, Execução e Aproveitamento do Módulo de Transporte. Brasília, DF, 2015. ______. Exército. Normas para o Transporte Logístico de Superfície (NOTLOG). Brasília, DF, 2002. ______. Exército. Manual O Exército Brasileiro. 1. Ed, Brasília, DF, 2014. ______. Exército. Manual de Fundamentos Operações. 4. Ed, Brasília, DF, 2014. ______. Exército. Estado-Maior. Quadro de Cargos Previstos. 2ª Companhia de Transporte, DF, 2012. ______. Exército. Estado-Maior. Quadro de Cargos Previstos. 18º Batalhão de Transporte, DF, 2017. ______. Exército. Secretaria Geral do Exército. Plano Estratégico do Exército (20116-2019). 3. ed. Brasília, DF, 2017. ______. Exército. Base de Apoio Logístico do Exército. Plano Geral de Transporte. Brasília, DF, 2017. ______. Exército. Comando Logístico. Procedimento Operacional Padrão para a Preparação de Cargas no Sistema de Transporte do Exército Brasileiro (STEB). 1. ed. Brasília, DF, 2017. ______. Exército. Centro de Comunicação Social do Exército. Revista Verde Oliva. Brasília, DF, 2015. ______. Exército. Comando de Operações Terrestres. Transporte de Viaturas Blindadas. 1. ed. Brasília, DF, 2002.

Page 70: Organizações Militares Executoras de Transporte (OMET) do ... · Chapplin) RESUMO Este trabalho teve por objetivo apresentar as capacidades que devem ser agregadas à 2ª Companhia

70

Defesanet. COLOG - ECT executa o Eixo Transporte Sul. Disponível em: <http://www.defesanet.com.br/doutrina/noticia/26306/COLOG---ECT-executa-o-Eixo-Transporte-Sul/ > Acesso em 05 de julho de 2017, 2017. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO COMANDO LOGÍSTICO. Disponível em: <http://www.colog.eb.mil.br/index.php/historico>. Acesso em: 09 jul. 2018). ORGANOGRAMA DA BASE DE APOIO LOGÍSTICO DO EXÉRCITO. Disponível em: <http://www.colog.eb.mil.br/index.php/historico>. Acesso em: 09 jul 18). 2ª COMPANHIA DE TRANSPORTE (Brasil). Relatório de Missões de Transporte. São Paulo, 2016. 2ª COMPANHIA DE TRANSPORTE (Brasil). Relatório de Missões de Transporte. São Paulo, 2017.