organizaÇÃo do estado1 · forma de governo, sistema de governo e ... e data de 1787....

52
Direito Constitucional II Prof. Gilberto Júnior 1 “Os Governos são as velas, o povo é o vento, o Estado é o barco, e o tempo é o mar.” Léon Blum (1872-1950), político francês ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 1 CONTEÚDO CURRICULAR 1.1. Noções Introdutórias 1.1.1. Elementos integrantes (componentes) do Estado 1.2. Forma de Governo, sistema de governo e forma de Estado. 1.3. Estado Unitário 1.4. Federação 1.4.1. Histórico 1.4.2. Tipologias 1.4.3. Características 1.5. Estados-membros 1.5.1. Formação 1.5.2. Bens dos Estados-Membros 1.5.3. Competências 1.5.4. Exploração dos serviços locais de gás canalizado 1.6. Municípios 1.6.1. Formação 1.6.2. Competências 1.7. Distrito Federal 1.7.1. Histórico 1.7.2. Características 1.7.3. Competências 1.8. Territórios Federais 1.8.1. Natureza jurídica 1.8.2. Características 1.9. Intervenção 1.9.1. Federal 1.9.2. Estadual 1. Noções Preliminares A Constituição deve trazer em si os elementos integrantes (ou constitutivos) do Estado 2 : Povo Território Soberania Fins (ou finalidades) 3 1 Fichamento do Livro: Lenzo, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado – 19. Ed. rev., atual. E ampl. – São Paulo: Saraiva, 2015. 2 Estado: Segundo Dalmo de Abreu Dallari, o ESTADO seria “uma ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território”. 3 Finalidade: É discutível se finalidade seria ou não um elemento constitutivo de Estado. <Leitura Obrigatória CF/88> 1. Org. Político-Administrativa (Art. 18 e 19) 2. União (Art. 20 a 24) 3. Estados (Art. 25 a 28) 4. Municípios (Art. 29 a 31) 5. Distrito Federal (Art. 32)

Upload: trantu

Post on 20-Sep-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    1

    Os Governos so as velas, o povo o vento, o Estado o barco, e o tempo o mar. Lon Blum (1872-1950), poltico francs

    ORGANIZAO DO ESTADO1

    CONTEDO CURRICULAR

    1.1. Noes Introdutrias

    1.1.1. Elementos integrantes (componentes) do Estado

    1.2. Forma de Governo, sistema de governo e forma de Estado.

    1.3. Estado Unitrio

    1.4. Federao

    1.4.1. Histrico

    1.4.2. Tipologias

    1.4.3. Caractersticas

    1.5. Estados-membros

    1.5.1. Formao

    1.5.2. Bens dos Estados-Membros

    1.5.3. Competncias

    1.5.4. Explorao dos servios locais de gs canalizado

    1.6. Municpios

    1.6.1. Formao

    1.6.2. Competncias

    1.7. Distrito Federal

    1.7.1. Histrico

    1.7.2. Caractersticas

    1.7.3. Competncias

    1.8. Territrios Federais

    1.8.1. Natureza jurdica

    1.8.2. Caractersticas

    1.9. Interveno

    1.9.1. Federal

    1.9.2. Estadual

    1. Noes Preliminares

    A Constituio deve trazer em si os elementos integrantes (ou constitutivos) do Estado2:

    Povo

    Territrio

    Soberania

    Fins (ou finalidades)3

    1 Fichamento do Livro: Lenzo, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado 19. Ed. rev., atual. E ampl. So Paulo: Saraiva, 2015. 2 Estado: Segundo Dalmo de Abreu Dallari, o ESTADO seria uma ordem jurdica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado territrio. 3 Finalidade: discutvel se finalidade seria ou no um elemento constitutivo de Estado.

    1. Org. Poltico-Administrativa

    (Art. 18 e 19)

    2. Unio (Art. 20 a 24)

    3. Estados (Art. 25 a 28)

    4. Municpios (Art. 29 a 31)

    5. Distrito Federal (Art. 32)

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    2

    O que POVO?

    R. Seria o conjunto de pessoas fsicas ou naturais que mantm vnculo jurdico-poltico com o Estado.

    Difere de populao4 e de nao5. Na ideia de POVO no Brasil podemos ter brasileiro nato ou

    naturalizado.

    O que TERRITRIO?

    R. Trata-se do espao fsico onde se exerce a soberania. um conceito jurdico6, no geogrfico.

    O que SOBERANIA?

    R. Entendida como supremacia no plano interno e independncia no plano externo. Seria exercitvel

    por intermdio de um Governo.

    O que FINALIDADE?

    R. So os objetivos a serem alcanados pelo Estado, em especial os fins fundamentais.

    1.2. Forma de governo, sistema de governo e forma de Estado

    Forma de Governo

    o REPblica ou Monarquia

    Sistema de Governo

    o PREsidencialismo ou Parlamentarismo

    Forma de Estado

    o Unitrio ou FEderao

    1.3. Estado Unitrio

    Puro7

    Descentralizado administrativamente8

    Descentralizado administrativamente e politicamente9

    4 Populao: abrange o geral em um determinado lugar. Brasileiros natos, naturalizados, estrangeiros e aptridas. 5 Nao: um grupo de indivduos que esto em um mesmo territrio e possuem afinidades afins, como, econmicas, culturais, materiais, espirituais, raciais que mantem os mesmos costumes e tradies dos antepassados. Constitui a nao, brasileiros natos e naturalizados. 6 Conceito Jurdico de Territrio: todo espao em que o Estado exercer sua soberania, isto , onde o seu ordenamento jurdico tem eficcia e validade. 7 Segundo Leda Pereira Mota e Celso Spitzcovsky, um Estado Unitrio Puro teria uma ABSOLUTA CENTRALIZAO do poder tendo em conta o territrio do Estado. Essa forma no encontra exemplo histrico, evidentemente, por no ter condies de garantir que o Poder seja exercido de maneira eficiente. 8 Conforme definio de Pedro Lenza o Estado Unitrio Descentralizado Administrativamente, CONCENTRARIA AS TOMADAS DE DECISO POLTICAS nas mos do Governo Nacional, contudo descentralizaria as execues destas decises j tomadas. Criam-se pessoas para, em nome do Governo Nacional, como se fosse uma extenso deste (longa manus), executar, administrar, as decises polticas tomadas. 9 No Estado Unitrio Descentralizado Administrativamente e Politicamente, uma das formas mais comuns hoje de Estado, sobretudo nos pases europeus, ocorre no s a descentralizao administrativa mas tambm a poltica, pois, no momento da execuo de

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    3

    1.4. Federao

    Histrico

    A forma federativa de Estado tem sua ORIGEM nos EUA, e data de 1787. Anteriormente, em 1776,

    tivemos a proclamao da independncia das 13 colnias britnicas da Amrica, passando cada

    qual a se intitular um novo Estado, soberano, com plena liberdade e independncia.

    Os Estados resolveram formar, atravs de um tratado internacional, intitulado Artigos de

    Confederao, a Confederao dos Estados Americanos, um pacto de colaborao a fim de se

    protegerem das constantes ameaas da antiga metrpole inglesa. No aludido pacto confederativo,

    permitia-se a denncia do tratado a qualquer tempo, consagrando-se, assim, o direito de retirada,

    de separao, de secesso do pacto.

    A permisso do direito de secesso aumentava o problema das constantes ameaas e a fragilidade

    perante os iminentes ataques britnicos. Nesse sentido, buscando uma soluo para aquela situao

    em que se encontravam, os Estados Confederados (ainda era uma Confederao de Estados

    soberanos) resolveram reunir-se na cidade da Filadlfia (todos, ausentando-se apenas o Estado de

    Rhode Island), onde, ento, estruturaram as bases para a Federao norte-americana. Nessa nova

    forma de Estado proposta no se permitiria mais o direito de secesso. Cada Estado cedia parcela

    de sua soberania para um rgo central, responsvel pela centralizao e unificao, formando os

    Estados Unidos da Amrica, passando, nesse momento, a ser autnomos entre si, dentro do

    pacto federativo

    Tipologias do Federalismo

    a) Federalismo por agregao ou por desagregao (segregao): Essa classificao leva em

    conta a FORMAO HISTRICA, a ORIGEM do federalismo em determinado Estado, podendo ser

    por agregao ou por desagregao.

    No federalismo por AGREGAO, os Estado independentes ou soberanos resolvem abrir mo de

    parcela de sua soberania para agregar-se entre si e formar um novo Estado, agora, Federativo,

    passando a ser, entre si, autnomos. O modelo busca maior solidez, tendo em vista a

    indissolubilidade do vnculo federativo. Ex.: USA, Alemanha e Sua.

    Por sua vez, no federalismo por DESAGREGAO (SEGREGAO), a Federao surge a partir

    de determinado Estado unitrio que resolve descentralizar-se, em obedincia a imperativos polticos

    (salvaguarda das liberdades) e de eficincia. Ex.: Brasil surgiu a partir da proclamao da

    Repblica, materializando-se, o novo modelo, na Constituio de 1891.

    b) Federalismo dual ou cooperativo: O modo de separao de atribuies (competncias) entre

    os entes federativos.

    decises j tomadas pelo Governo Central, as pessoas passam a ter, tambm, certa autonomia poltica para decidir no caso concreto o melhor procedimento a ser empregado na execuo daquele comando central.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    4

    No federalismo DUAL, a separao de atribuies entre os entes federativos extremamente rgida,

    no se falando em cooperao ou interpenetrao entre eles. Ex.: USA.

    No federalismo COOPERATIVO, h uma flexibilizao a essa rigidez, tendo maior destaque durante

    o sculo XX, com o surgimento do Estado do Bem-Estar Social, ou Estado-providncia. Nesse

    modelo, temos atribuies sendo exercidas de modo comum ou concorrente, estabelecendo-se

    uma verdadeira aproximao entre os entes federativos, que devero atuar em conjunto. Ex.: Brasil.

    c) Federalismo simtrico ou assimtrico: A simetria ou assimetria do federalismo decorre dos

    mais variados fatores, seja em relao cultura, seja no concernente ao desenvolvimento, lngua

    etc.

    No federalismo SIMTRICO verifica-se homogeneidade de cultura e desenvolvimento, assim como

    de lngua. Ex.: USA.

    No federalismo ASSIMTRICO pode decorrer da diversidade de lngua e cultura. Ex.: Sua

    (Cantes) que possuem quatro diferentes grupos tnicos, ou tambm o Canad, pas bilngue e

    multicultural.

    Quanto ao Brasil, o professor Pedro Lenza adverte que possumos um erro de simetria, pelo fato

    de o constituinte tratar de modo idntico os Estado, como se verifica na representao no Parlamento

    (cada Estado, no importa o seu tamanho, o seu desenvolvimento, elege o nmero fixo de 3

    senadores, cada qual com dois suplentes art. 46, 1 e 3.

    O constituinte deveria ter considerado a dimenso territorial, o desenvolvimento econmico, a cultura

    etc., tratando, dessa forma, de modo assimtrico os entes federativos. Essa distino, naturalmente,

    no poderia significar a preferncia de um ente federativo em relao a outro, sob pena de se

    desvirtuar o texto constitucional.

    d) Federalismo orgnico: No federalismo orgnico, o Estado deve ser considerado um organismo.

    Nesse modelo busca-se sustentar a manuteno do todo em detrimento da parte. Os Estado-

    membros, por consequncia, aparecem como um simples reflexo do todo-poderoso poder central.

    Crtica: Esse modelo visa anteder os anseios ditatoriais de governos federais socialistas, diante de

    concepes centralistas como forma de estabelecer controle e impor homogeneidade.

    e) Federalismo de integrao10: Em nome da integrao nacional, passa a ser verificada a

    preponderncia do Governo central sobre os demais entes, atenuando, assim, as caractersticas do

    modelo federativo.

    10 Segundo Andr Ramos Tavares no extremo, o federalismo de integrao ser um federalismo meramente formal, cuja forte assimetria entre poderes distribudos entre as entidades componentes da federao o aproxima de um Estado unitrio descentralizado, com forte e ampla dependncia, por parte das unidades federativas, em relao ao Governo da Unio federal.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    5

    f) Federalismo equilbrio: Traduz a ideia de que os entes federativos devem manter-se em

    harmonia, reforando-se as instituies.

    Conforme aponta Andr Ramos Tavares, isso pode ser alcanado pelo estabelecimento de regies

    de desenvolvimento (entre os Estados) e de regies metropolitanas (entre os municpios), concesso

    de benefcios, alm da redistribuio de rendas.

    Leitura obrigatria dos artigos: 25, 3, 151, I, e 157 a 159, CF/88.

    g) Federalismo de segundo grau: Conforme Manoel Gonalves Ferreira Filho h no Estado

    brasileiro uma trplice estrutura, diferente do modelo norte-americano que apresenta a Unio e os

    Estados-Membros. reconhecida no Brasil a existncia de 3 ordens, quais sejam, a da Unio

    (ordem central), a dos Estados (ordens regionais) e a dos Municpios (ordens locais).

    O ilustre Manoel Gonalves Ferreira Filho afirma que o poder de auto-organizao dos Municpios

    dever observar dois graus, quais sejam, a Constituio Federal e a Constituio do respectivo

    Estado. Por isso, a CF/88 consagrou um federalismo de segundo grau.

    IMPORTANTE: A posio do Distrito Federal em nossa Federao a partir de 1988 no nem de

    Estado e nem de Municpio, e pode ser caracterizada como uma unidade federada com autonomia

    parcialmente tutelada. A doutrina majoritria considera do Distrito Federal como um ser hibrido.

    Caractersticas da Federao Comum a todas Federaes

    Descentralizao poltica

    So ncleos de poder poltico, concedendo autonomia

    para os referidos entes prevista na prpria

    constituio.

    Repartio de competncia

    Garante a autonomia entre os entes federativos e, assim,

    o equilbrio.

    Constituio Rgida com base jurdica

    Fundamental, no sentido de garantir a distribuio de

    competncia entre os entes autnomos, surgindo, ento,

    uma verdadeira estabilidade institucional;

    Inexistncia do direito de secesso

    No se permite, uma vez criado o pacto federativo, o

    direito de separao, de retirada. Isso to importante

    que a CF/88 deu notoriedade no art. 34, I princpio da

    indissolubidade do vnculo federativo. Vale ainda

    lembrar que a forma federativa do Estado um dos limites

    materiais ao poder de emenda, conforme art. 60 4, I.

    Soberania do Estado federal

    A partir do momento que os Estados ingressam na

    federao PERDEM SOBERANIA, passando a ser

    autnomos. Porque a soberania caracterstica do todo,

    do pas.

    Interveno

    Diante de situaes de crise, o processo interventivo

    surge como instrumento para assegurar o equilbrio

    federativo e, assim, a manuteno da Federao.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    6

    Auto-organizao dos Estados-Membros

    Atravs da elaborao das Constituio Estaduais.

    rgo representativo dos Estados-Membros

    No Brasil, de acordo com o art. 46, a representao d-se

    atravs do SENADO FEDERAL.

    Guardio da Constituio No Brasil, o STF.

    Repartio de Receitas

    Assegura o equilbrio entre os entes federativos (art. 157

    a 159).

    Federao Brasileira: Surge de maneira provisria em 1889, atravs do Decreto n 1 de

    15 de novembro, que tambm instituiu a forma republicana de governo. Tendo sido

    consolidada com a primeira constituio republicana, de 1891. Atualmente temos a

    Constituio Federal de 1988 que em seu artigo 1 apresenta a seguinte redao: A

    Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios

    e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito (...) tendo como

    complemento o artigo 18 que aduz a organizao poltica-administrativa da RFBR

    compreende Unio, os Estados, o DF e os Municpios, todos autnomos, nos termos desta

    Constituio.

    2018 FGV 1. Pedro e Antnio travaram intenso debate a respeito dos princpios fundamentais encampados pela

    Constituio de 1988, dentre os quais, a forma de Estado adotada.

    Aps intensas reflexes a esse respeito, chegaram nica concluso constitucionalmente correta: a de que a forma

    de Estado prevista na Constituio a

    a) federativa, caracterizada pela unio indissolvel dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios.

    b) republicana, caracterizada pela outorga do poder ao povo e pelo exerccio direto ou por meio de representantes

    eleitos.

    c) federativa, caracterizada pela unio indissolvel dos Estados, do Distrito Federal, dos Municpios e dos Territrios.

    d) presidencial, em que o Chefe do Poder Executivo eleito pelo povo, no sendo escolhido entre os parlamentares.

    e) federativa, caracterizada pela unio dissolvel dos Estados, do Distrito Federal, dos Municpios e dos Territrios.

    Autonomia dos Entes Federados

    Auto-organizao: Autonomia para se organizar produzindo suas prprias normas;

    Autogoverno: Autonomia para eleger seus prprios governantes;

    Autoadministrao: Relaciona-se com a distribuio de competncias tributrias e

    administrativas entre os entes da Federao;

    Criao de novos estados, municpios e territrios

    Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se

    anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territrios Federais, mediante

    aprovao da populao diretamente interessada, atravs de plebiscito, e do Congresso

    Nacional, por lei complementar. (CF, art. 18, 3)

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    7

    A criao, a incorporao, a fuso e o desmembramento de Municpios, far-se-o por lei

    estadual, dentro do perodo determinado por Lei Complementar Federal, e dependero de

    consulta prvia, mediante plebiscito, s populaes dos Municpios envolvidos, aps

    divulgao dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.

    (CF, art. 18, 4)

    Alguns conceitos fundamentais:

    Incorporao

    o a reunio de um estado ou municpio a outro.

    Subdiviso ou Ciso

    o Um ente federado se subdivide em outros, o original deixa de existir.

    Desmembramento-formao

    o Parte de um ente se desmembra, formando um novo estado ou municpio. O ente

    original permanece com o territrio reduzido.

    Desmembramento-anexao

    o Parte de um ente se desmembra para se anexar a um outro ente federado. O ente

    original permanece e no h criao de nova pessoa poltica, mas a integrao

    territorial.

    2015 FGV 2. A parte da populao do Estado V situada ao sul do seu territrio, insatisfeita com a pouca ateno

    que vem recebendo dos ltimos governos, organiza-se e d incio a uma campanha para promover a criao de um

    novo Estado-membro da Repblica Federativa do Brasil o Estado N, que passaria a ocupar o territrio situado na

    parte sul do Estado V. O tema desperta muita discusso em todo o Estado, sendo que alguns argumentos favorveis

    e outros contrrios ao desmembramento comeam a ganhar publicidade na mdia. Reconhecido constitucionalista

    analisa os argumentos listados a seguir e afirma que apenas um deles pode ser referendado pelo sistema jurdico-

    constitucional brasileiro. Assinale-o.

    a) O desmembramento no poderia ocorrer, pois uma das caractersticas fundamentais do Estado Federal a

    impossibilidade de ocorrncia do chamado direito de secesso.

    b) O desmembramento poder ocorrer, contanto que haja aprovao, por via plebiscitria, exclusivamente por parte

    da populao que atualmente habita o territrio que formaria o Estado N.

    c) Alm de aprovao pela populao interessada, o desmembramento tambm pressupe a edio de lei

    complementar pelo Congresso Nacional com esse objeto.

    d) Alm de manifestao da populao interessada, o sistema constitucional brasileiro exige que o desmembramento

    dos Estados seja precedido de divulgao de estudos de viabilidade.

    2014 FGV 3. Jos cidado do municpio W, onde est localizado o distrito de B. Aps consultas informais, Jos

    verifica o desejo da populao distrital de obter a emancipao do distrito em relao ao municpio de origem.

    De acordo com as normas constitucionais federais, dentre outros requisitos para legitimar a criao de um novo

    Municpio, so indispensveis:

    a) lei estadual e referendo.

    b) lei municipal e plebiscito.

    c) lei municipal e referendo.

    d) lei estadual e plebiscito..

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    8

    Vedaes Constitucionais impostas Unio,

    aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios

    Art. 19, CF/88

    I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencion-

    los, embaraar-lhes o funcionamento ou manter com eles

    ou seus representantes relaes de dependncia ou

    aliana, ressalvada, na forma da lei, a colaborao de

    interesse pblico;

    II - recusar f aos documentos pblicos;

    III - criar distines entre brasileiros ou preferncias entre

    si.

    Leitura Obrigatria: Art. 20, CF/88 Bens da Unio

    Repartio de Competncias Constitucionais

    A Constituio enumera uma srie de competncias e estas possuem naturezas distintas, como por

    exemplo, as competncias administrativas e as legislativas.

    Competncias da Unio

    No Legislativas (administrativa ou material)

    No se trata de atividades legiferante;

    Regulamento as funes governamentais quanto ao seu exerccio, podendo ser EXCLUSIVA

    da Unio (marcado pela particularidade da indelegabilidade) como COMUM (tambm

    chamada de cumulativa, concorrente, administrativa ou paralela) ao entes federativos.

    EXCLUSIVA: Art. 21, CF/88

    COMUM: Art. 23, CF/88

    Destaque para o pargrafo nico do artigo 23.

    Legislativas (Para elaborar LEIS)

    CONCORRENTE Art. 24, CF/88.

    No mbito da legislao concorrente, a competncia da Unio limitar-se- a estabelecer

    normas gerais;

    A competncia da Unio para legislar sobre normas gerais no exclui a competncia

    suplementar dos Estados;

    Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercero a competncia legislativa

    plena, para atender a suas peculiaridades.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    9

    A supervenincia de lei federal sobre normas gerais suspende a eficcia da lei estadual, no

    que lhe for contrrio.

    O art. 24, da Constituio enumera em 16 incisos as competncias legislativas concorrentes

    entre a Unio, os Estados e o Distrito Federal.

    Segue um mnemnico para lembrar do INCISO I do artigo 24, CF.

    TUPEF

    Tributrio Urbanstico Penitencirio Econmico Financeiro

    2013 FGV 4. Na ausncia de lei federal estabelecendo normas gerais sobre proteo de ecossistemas ameaados,

    determinado estado da Federao editou, no passado, a sua prpria lei sobre o assunto, estabelecendo desde

    princpios e valores a serem observados at regras especficas sobre a explorao econmica de tais reas. Criou,

    ainda, fiscalizao efetiva em seu territrio e multou empresas e produtores que desrespeitaram a lei. Anos depois, a

    Unio edita lei contendo normas gerais sobre o tema e muitas de suas disposies conflitavam com a anterior lei

    estadual. Com relao a este caso, assinale a afirmativa correta.

    a) A Unio no poderia legislar, uma vez que o assunto matria de interesse local, no havendo justificativa para lei

    nacional sobre o tema. Houve invaso de competncia privativa dos estados.

    b) No campo das competncias legislativas concorrentes, a Unio deve legislar sobre normas gerais e o estado pode

    editar normas suplementares, mas enquanto inexistir lei federal, a competncia do estado plena. A supervenincia

    de lei geral nacional suspende a eficcia das disposies contrrias da lei dos estados.

    c) A lei aplicvel, no caso concreto, ser aquela que estabelecer padres mais restritivos, em ateno proteo do

    meio ambiente, no importando se tal norma a federal ou se a editada pelos estados-membros.

    d) O estado no poderia ter estabelecido normas prprias na ausncia de lei nacional com disposies gerais que

    definissem marcos a serem seguidos pelos estados. Em consequncia, so nulas todas as multas aplicadas

    anteriormente publicao da lei editada pela Unio.

    PRIVATIVA Unio em legislar:

    IMPORTANTE: Lei complementar poder AUTORIZAR os Estados a legislar sobre questes

    especficas das matrias relacionadas no art. 22.

    Estados-Membros

    Os Estados se organizam e se regulamentam por meio de Constituio e outras normas

    jurdicas prprias, desde que respeitada a Constituio Federal.

    A competncia legislativa dos Estados RESIDUAL, conforme enumera o art. 25, 1, da

    CF: So reservadas aos Estados as competncias que no lhes sejam vedadas por esta

    Constituio.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    10

    2015 FGV 5. Determinado Estado da Federao vivencia srios problemas de segurana pblica, sendo frequentes

    as fugas dos presos transportados para participar de atos processuais realizados no mbito do Poder

    Judicirio. Para remediar essa situao, foi editada uma lei estadual estabelecendo a possibilidade de utilizao do

    sistema de videoconferncia no mbito do Estado. Diante de tal quadro, assinale a afirmativa que se ajusta ordem

    constitucional.

    a) A lei estadual constitucional, pois a matria se insere na competncia local dos Estados membros, versando sobre

    assunto de interesse local.

    b) A lei estadual inconstitucional, pois afrontou a competncia privativa da Unio de legislar sobre Direito Processual

    Penal.

    c) A lei estadual constitucional, pois a matria se insere no mbito da competncia delegada da Unio, versando

    sobre direito processual.

    d) A lei estadual inconstitucional, pois comando normativo dessa natureza, por fora do princpio da simetria, deveria

    estar previsto na Constituio Estadual.

    2018 FGV 6. Ednaldo, deputado estadual, almejava apresentar projeto de lei para disciplinar o exerccio de

    determinado direito, de grande importncia para a populao do Estado Beta. Ao consultar sua Assessoria Jurdica,

    foi informado que a competncia legislativa para legislar sobre a matria era concorrente com a Unio, bem como que

    esse ente ainda no tinha editado nenhuma lei sobre a temtica.

    luz da sistemtica constitucional afeta diviso de competncias legislativas e da narrativa acima, correto afirmar

    que o projeto de Ednaldo

    a) pode tratar da matria de modo pleno, sendo que a lei dele resultante prevalecer no caso de sobrevir lei federal

    que dele destoe.

    b) somente poder ser aprovado e transformado em lei quando a Unio, no exerccio de sua competncia legislativa,

    editar normas gerais sobre a matria.

    c) pode tratar da matria de modo pleno, sendo que a lei dele resultante pode vir a ter a eficcia suspensa no caso de

    sobrevir lei federal sobre normas gerais que dele destoe.

    d) pode tratar da matria apenas sob a tica do interesse local, no de modo pleno, sendo que a lei dele resultante

    ser suspensa quando destoar das normas gerais da Unio.

    e) pode tratar da matria de modo pleno, sendo que a lei dele resultante somente prevalecer sobre a lei federal

    superveniente quando preponderar o interesse local.

    Os Estados federados so autnomos, em decorrncia da capacidade de auto-organizao (art. 25,

    CF), autogoverno (art. 27, 28 e 125), autoadministrao e autolegislao (art. 18 e 25 a 28).

    Constituem pessoas jurdicas de direito pblico interno11. < AUTONOMIA E NO SOBERANIA>

    Formao dos Estados-Membros: (Art. 18, 3, CF) Prev os requisitos para o processo de criao

    dos Estados-Membros que devero ser conjugados com outro requisito, o do artigo 48, VI, CF.

    Art. 18. 3, CF Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se

    para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territrios Federais, mediante aprovao

    da populao diretamente interessada, atravs de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei

    complementar.

    11 Pessoas jurdicas de direito pblico so aquelas geralmente criadas por lei, constituindo-se na representao jurdica de pases, estados e municpios, alm de outros entes que formam a chamada Administrao Pblica. Segundo o artigo 41 do Cdigo Civil so pessoas jurdicas de direito pblico interno: a unio, os Estados, DF e os Territrios, os Municpios, as Autarquias, e as demais entidades de carter pblico criadas por lei. Apenas como complementao, rege o artigo 42 do cdigo civil que as pessoas jurdicas de direito pblico externo so os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional pblico.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    11

    O que um plebiscito?

    R. podemos considerar uma movimentao em que a populao interessada DEVER aprovar a

    formao do novo Estado. Caso no haja aprovao, nem se passar prxima fase, na medida em

    que o plebiscito condio prvia, essencial e prejudicial fase seguinte.

    Como se verifica a propositura do projeto de lei complementar?

    R. o art. 4, 1, da Lei n. 9.709/9812 estabelece que, em sendo favorvel o resultado da consulta

    prvia ao povo mediante plebiscito, ser proposto projeto de lei perante qualquer das Casas do

    Congresso Nacional.

    Audincia nas Assembleias legislativas13?

    R. Casa perante a qual tenha sido apresentado o projeto de lei complementar dever proceder a

    audincia das respectivas Assembleias Legislativas (art. 4, 2 da Lei n. 9.709/98, regulamentado

    o art. 48, VI da CF/888). < ESSE PARECER NO VINCULATIVO >

    Aprovao pelo Congresso Nacional?

    R. Aps os manifesto das Assembleias Legislativas, passa-se fase de aprovao do projeto de lei

    complementar, proposto no Congresso Nacional, atravs do quorum de aprovao pela maioria

    absoluta, de acordo com art. 69 da CF/88. < O Congresso Nacional e o Presidente da Repblica

    tm discricionariedade. Independente da manifestao favorvel no plebiscito. >

    H aspectos especficos e procedimentais?

    R. Sim. Segundo o art. 3 da Lei 9.709/98 as questes de relevncia nacional, de competncia do

    Poder Legislativo ou do Poder Executivo, e no caso do 3 do art. 18 da CF (criao de Estados-

    Membros), o plebiscito e o referendo so convocados mediante DECRETO LEGISLATIVO14

    proposta de 1/3, no mnimo, dos membros que compem qualquer das Casas do Congresso

    Nacional.

    < Vale a pena observar que a competncia para autorizar referendo e convocar plebiscito, de

    acordo com art. 49, XV, da CF/88, exclusiva do Congresso Nacional, materializada por decreto

    legislativo. >

    Caso concreto: A proposta de diviso do Estado do Par, que aconteceu em 2011 e que acabou

    no sendo aceita pelo povo. O Decreto Legislativo n. 136/2011 disps sobre a realizao de

    plebiscito para a criao do Estado do Carajs, nos termos do inciso XV do art. 49 da CF/88,

    enquanto, por sua vez, o Decreto Legislativo n. 137/2011 convocou plebiscito sobre a criao do

    Estado do Tapajs. Nesse caso os parlamentares foram responsveis pela definio do suposto

    novo desenho do atual Estado do Par no caso de aprovao do plebiscito.

    12 A Lei n 9.709/98 regulamento o disposto nos incisos I, II e III do art. 14 da CF/88, ou seja, plebiscito, referendo e iniciativa popular. 13 No Brasil, a Assembleia Legislativa o rgo do poder legislativo nos estados. Ela rene os deputados estaduais e tem como objetivos criar leis para o estado e fiscalizar o poder executivo estadual. 14 O Decreto Legislativo consiste em ato normativo que tem por finalidade veicular as matrias de competncia exclusiva do Congresso Nacional, elencados, em sua maioria, no art. 49 da Constituio Federal. Ele necessariamente precisa ser instrudo, discutido e votado em ambas as casas legislativas, no sistema bicameral.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    12

    o E quais poderiam ser os possveis resultados do plebiscito?

    R1. Se o povo responder que no a favor da separao para formao de

    novos Estados (desmembramento formao), o procedimento no seguir, ou

    seja, a vontade negativa do povo vincula, no podendo, assim, jamais, o

    Parlamento aprovar eventual projeto de lei complementar criando os novos

    Estados contra a vontade negativa manifestada no plebiscito. Nesse caso a

    democracia direta prevalece sobre a democracia representativa.

    R2. Agora, ao invs, se a vontade do povo for no sentido favorvel, o projeto

    de lei complementar poder seguir a sua tramitao e, assim, o parlamento,

    com autonomia, avaliar a convenincia ou no da criao dos novos

    Estados.

    o Se a populao autorizar o procedimento e o Congresso Nacional aprovar o

    projeto de lei complementar, o Presidente da Repblica poder vetar o projeto de

    lei?

    R. Sim. O que quer dizer que o Presidente da Repblica15 ter autonomia para

    ir contra a vontade do povo. E, novamente, essa situao no tem nenhum

    empecilho, na medida em que o Chefe do Executivo, mesmo que eleito pelo

    povo, tem, em igual sentido, liberdade para avaliar a convenincia do novo

    desenho.

    Avanando no estudo do art. 18, 3, CF/88 estabelece que o Estados podem desmembrar-se para

    formar novos Estados mediante aprovao da populao diretamente interessada, por meio de

    plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.

    o O que deve ser entendido por populao diretamente interessada a ser ouvida no

    plebiscito?

    R. Em 24.08.2011, o Plenrio do STF decidiu, no julgamento da ADI 2.650 que

    o plebiscito para o desmembramento de um Estado da Federao deve envolver

    no somente a populao do territrio a ser desmembrado mas tambm a de

    todo o Estado-Membro, no caso do exemplo em anlise, a populao de todo

    o Estado do Par.

    E qual deve ser o procedimento no caso de criao de um novo Estado?

    o R. Bem, em outras palavras estamos aqui dizendo que o povo autorizou, o projeto de

    lei complementar foi aprovado pelo Congresso Nacional e o Presidente da Repblica

    sancionou, promulgando e determinando sua publicao da nova lei. Nesse caso, de

    acordo com o art. 235 da CF/88, nos 10 primeiros anos da referida criao, sero

    observadas vrias regras. < Leitura Obrigatria >

    15 Teramos nesse caso o sistema dos freios e contrapesos e em respeito literalidade do art. 66, 4, da CF/88.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    13

    Fuso?

    o A capacidade dos Estados-Membros incorporar-se entre si. Neste caso, dois ou mais

    Estados se unem geograficamente, formando um terceiro e novo Estado ou

    Territrio Federal, distinto dos Estados anteriores, os quais, por sua vez, perdero a

    personalidade primitiva. Ou seja, os Estados que se incorporarem entre si no mais

    existiro. Ainda neste caso, a populao diretamente interessada, a ser consultado

    mediante plebiscito, deve-se entender a populao de cada um dos Estados que

    desejam fundir-se.

    Ex.: LC n. 20/74 que criou o atual Estado do Rio de Janeiro.

    Ciso?

    o A ciso ocorre quando um Estado que j existe subdivide-se, formando dois ou mais

    Estados-Membros novos (que no existiam), com personalidades distintas, ou

    Territrios Federais. O Estado originrio que se subdividiu DESAPARECE,

    deixando de existir politicamente. A populao interessada a do Estado que vai ser

    subdivido.

    Desmembramento?

    o a possibilidade de UM ou MAIS ESTADOS cederem parte de seu territrio geogrfico

    para formar um novo Estado ou Territrio Federal que no existia ou se anexar (a

    parte desmembrada) a um outro Estado que j existia. Como regra o Estado originrio

    NO DESAPARECE.

    Ex.: O Estado de Gois em relao ao do Tocantins (art. 13 do ADCT);

    Ex.: Estado do Mato Grosso em relao ao do Mato Grosso do Sul (LC n. 31/77)

    o Temos duas modalidades de desmembramento:

    Desmembramento Anexao

    A parte desmembrada vai anexar-se a um Estado que j existe,

    ampliando o seu territrio geogrfico. No haver criao de um novo

    Estado. Tanto o Estado primitivo permanece (s que com rea e

    populao menores) como o Estado que receber a parte desmembrada

    continua a existir (s que com rea e populao maiores);

    Desmembramento Formao

    A parte desmembrada se transformar em um ou mais de um Estado

    novo ou Territrio Federal, que no existia.

    < Bens dos Estados-Membros Leitura Obrigatria: art. 26, CF/88 >

    Competncias dos Estados-Membros

    o Competncia no legislativa (administrativa ou material)

    COMUM (cumulativa, concorrente, administrativa ou paralela) Art. 23, CF.

    RESIDUAL (remanescente ou reservada) So reservadas aos Estados as

    competncias administrativas que no lhes sejam vedadas, ou a competncia

    que sobrar (eventual resduo), aps a enumerao dos outros entes

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    14

    federativos (art. 25, 1), ou seja, as competncias que no sejam da Unio

    (art. 21), do DF (art. 23), dos Municpios (art. 30, III a IX) e comum (art. 23).

    o Competncia legislativa < Leitura Obrigatria >

    EXPRESSA Art. 25, caput, CF.

    RESIDUAL Art. 25, 1, CF.

    DELEGADA PELA UNIO Art. 22, pargrafo nico, CF.

    CONCORRENTE Art. 24, CF.

    SUPLEMENTAR Art. 24, 1 a 4, CF.

    TRIBUTRIA EXPRESSA Art. 155, CF.

    Municpio

    Os municpios so regidos por lei orgnica. As competncias dos Municpios encontram-se no

    art. 30, da CF:

    I legislar sobre assuntos de interesse local;

    II - suplementar a legislao federal e a estadual no que couber;

    III - instituir e arrecadar os tributos de sua competncia, bem como aplicar suas rendas, sem

    prejuzo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;

    IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislao estadual;

    V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concesso ou permisso, os servios

    pblicos de interesse local, includo o de transporte coletivo, que tem carter essencial;

    VI - manter, com a cooperao tcnica e financeira da Unio e do Estado, programas de

    educao infantil e de ensino fundamental;

    VII - prestar, com a cooperao tcnica e financeira da Unio e do Estado, servios de

    atendimento sade da populao;

    VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e

    controle do uso, do parcelamento e da ocupao do solo urbano;

    2012 FGV 7. As competncias municipais so fixadas na Constituio Federal. luz das normas constitucionais,

    incorreto afirmar que o municpio competente para

    a) legislar sobre assuntos de interesse local.

    b) criar distritos, observada a legislao estadual.

    c) prestar, sob regime de concesso, servios pblicos locais.

    d) legislar sobre Imposto de Renda retido na Fonte.

    o Formao dos Municpios Art. 18, 4, CF.

    Criao, incorporao, fuso e desmembramento.

    1. Lei complementar federal

    2. Estudo de viabilidade municipal

    3. Plebiscito (Convocado pela Assembleia Legislativa16)

    4. Lei Estadual

    16 Art. 5 da Lei 9.709/98.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    15

    o Competncias dos Municpios

    No Legislativas:

    Comum (cumulativa, concorrente, administrativa ou paralela) Art. 23, CF.

    Privativa (enumerada) Art. 30, III a IX.

    Legislativas:

    Expressa Art. 29, caput, CF.

    Interesse Local Art. 30, I, CF.

    Suplementar Art. 30, II, CF.

    Plano Diretor Art. 182, 1 CF.

    Tributria Expressa Art. 156, CF.

    Distrito Federal

    considerado um ente federativo HBRIDO, dotado de competncias inerentes aos Estados

    e Municpios.

    As competncias legislativas do Distrito Federal encontram-se no art. 32, 1, da CF: Ao

    Distrito Federal so atribudas as competncias legislativas reservadas aos Estados e

    Municpios.

    Caractersticas importantes:

    1. Impossibilidade de diviso do DF em Municpios art. 32, caput, CF.

    2. Autonomia parcialmente tutelada pela Unio art. 32, 4, CF.

    Competncias do DF:

    No Legislativa

    Comum (cumulativa ou paralela) art. 23, CF.

    Legislativa

    Expressa art. 32, caput, CF.

    Residual art. 25, 1, CF.

    Delegada Art. 22, pargrafo nico, CF.

    Concorrente art. 24, CF.

    Suplementar art. 24, 1 a 4, CF.

    Interesse Local art. 30, I, combinado com o art. 32, 1, CF.

    Tributria Expressa art. 147, parte final, c/c/ os arts. 156 e 155.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    16

    Territrio Federais

    O ACRE foi o primeiro Territrio Federal no Brasil, adquirido atravs do Tratado de

    Petrpolis, assinado em 17.11.1903, com a Repblica da Bolvia e pelo qual se celebrou

    permuta17 de territrios. A Lei n. 4.070/62, sancionada pelo Presidente Joo Goulart, elevou

    o ACRE a categoria de Estado.

    Posteriormente, sob o fundamento do art. 6 da Carta de 1937 a Unio poder criar, no

    interesse da defesa nacional, com partes desmembradas dos Estados, Territrios

    Federais, cuja administrao ser regulada me lei especial. e durante a 2 Grande Guerra,

    Getlio Vargas, pelos Decretos-lei ns. 4.102/42 e 5.812/43, criou, com partes desmembradas

    dos Estados do Par, do Amazonas, de Mato Grosso, do Paran e de Santa Catarina, os

    seguintes Territrios Federais:

    1. Fernando de Noronha18

    2. Amap19

    3. Rio Branco20

    4. Guapor21

    5. Ponta Por22

    6. Iguau23

    Natureza Jurdica: Trata-se de mera descentralizao administrativo-territorial da Unio, qual

    seja, uma autarquia que, consoante expressamente previsto no art. 18, 2, integra a Unio.

    INTERVENO

    1. O artigo 18, caput, da CF/88 estabelece que a organizao poltico-administrativa da Repblica

    Federativa do Brasil compreende a Unio, os Estados, o DF e os Municpios, todos autnomos.

    Vale dizer, como regra geral, nenhum ente federativo dever intervir em qualquer outro.

    2. Excepcionalmente, no entanto, a CF prev situaes (de anormalidade) em que poder haver a

    interveno:

    17 Conforme o art. III do Tratado de Petrpolis aduzia que por no haver equivalncia nas reas dos territrios permutados entre as duas Naes, os Estados Unidos do Brasil pagaro uma indenizao de 2.000.000 (dois milhes de libras esterlinas), que a Repblica da Bolvia aceita com o propsito de aplicar principalmente na construo de caminhos de ferro ou em outras obras tendentes a melhorar as comunicaes e desenvolver o comrcio entre os dois pases. 18 Extinto nos termos do art. 15, ADCT, CF/88, sendo sua rea reincorporada ao Estado de Pernambuco. 19 Transformado no Estado do Amap pelo art. 14, ADCT, CF/88. 20 A Lei n 4.182/62 passou a denomina-lo Territrio Federal de Roraima. Foi transformado no Estado de Roraima pelo art. 14, ADCT, CF/88. 21 A Lei n. 2.731/56, em homenagem ao sertanista Marechal Cndido Mariano da Silva Rondon, mudou a denominao do Territrio Federal do Guapor para Territrio Federal de Rondnia. A LC n. 41/81, por sua vez, criou o Estado de Rondnia. 22 O art. 8 da ADCT da Constituio de 1946 determinou a sua reincorporao ao ento Estado de Mato Grosso. Atualmente, a rea encontra-se no Estado de Mato Grosso do Sul (criado por desmembramento de Mato Grosso pela LC. n. 31/1977). 23 O art., 8 ADC da Constituio de 1946 determinou a sua reincorporao aos Estados do Paran e de Santa Catarina.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    17

    UNIO poder intervir em:

    o ESTADOS (art. 34)

    o DF (art. 34)

    o MUNICPIOS (localizados em Territrio Federal) (Art. 35)

    ESTADOS podero intervir em:

    o MUNICPIOS (art. 35).

    3. Interveno:

    UNIO ESTADOS

    I - manter a integridade nacional;

    II - repelir invaso estrangeira ou de uma

    unidade da Federao em outra;

    III - pr termo a grave comprometimento da

    ordem pblica;

    IV - garantir o livre exerccio de qualquer dos

    Poderes nas unidades da Federao;

    V - reorganizar as finanas da unidade da

    Federao que:

    a) suspender o pagamento da dvida fundada

    por mais de dois anos consecutivos, salvo

    motivo de fora maior;

    b) deixar de entregar aos Municpios receitas

    tributrias fixadas nesta Constituio, dentro

    dos prazos estabelecidos em lei;

    VI - prover a execuo de lei federal, ordem

    ou deciso judicial;

    VII - assegurar a observncia dos seguintes

    princpios constitucionais:

    a) forma republicana, sistema representativo

    e regime democrtico;

    b) direitos da pessoa humana;

    c) autonomia municipal;

    d) prestao de contas da administrao

    pblica, direta e indireta.

    e) aplicao do mnimo exigido da receita

    resultante de impostos estaduais,

    compreendida a proveniente de

    transferncias, na manuteno e

    desenvolvimento do ensino e nas aes e

    servios pblicos de sade.

    I - deixar de ser paga, sem motivo de fora

    maior, por dois anos consecutivos, a dvida

    fundada;

    II - no forem prestadas contas devidas, na

    forma da lei;

    III - no tiver sido aplicado o mnimo exigido

    da receita municipal na manuteno e

    desenvolvimento do ensino e nas aes e

    servios pblicos de sade;

    IV - o Tribunal de Justia der provimento a

    representao para assegurar a observncia

    de princpios indicados na Constituio

    Estadual, ou para prover a execuo de lei,

    de ordem ou de deciso judicial.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    18

    4. Espcies de Interveno Federal:

    a) ESPONTNEA: O PR age de ofcio.

    Art. 34, I, II, III e V;

    Art. 34. A Unio no intervir nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

    I - manter a integridade nacional;

    II - repelir invaso estrangeira ou de uma unidade da Federao em outra;

    III - pr termo a grave comprometimento da ordem pblica;

    (...)

    V - reorganizar as finanas da unidade da Federao que:

    a) suspender o pagamento da dvida fundada por mais de dois anos

    consecutivos, salvo motivo de fora maior;

    b) deixar de entregar aos Municpios receitas tributrias fixadas nesta

    Constituio, dentro dos prazos estabelecidos em lei;

    b) PROVOCAO POR SOLICITAO:

    o Art. 34, IV, combinado com o artigo 36, I, primeira parte: quando coao ou

    impedimento recarem sobre o Poder Legislativo ou o Poder Executivo, impedindo o

    livre-exerccio dos aludidos Poderes nas unidades da Federao, depender de

    solicitao do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido.

    Art. 34. A Unio no intervir nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

    (...)

    IV - garantir o livre exerccio de qualquer dos Poderes nas unidades da

    Federao;

    Art. 36. A decretao da interveno depender:

    I - no caso do art. 34, IV, de solicitao do Poder Legislativo ou do Poder

    Executivo coacto ou impedido, ou de requisio do Supremo Tribunal Federal,

    se a coao for exercida contra o Poder Judicirio;

    o Nesta hiptese de solicitao pelo Executivo ou Legislativo, o PR no estar

    obrigado a intervir, possuindo discricionariedade para convencer-se da

    convenincia e oportunidade.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    19

    c) PROVOCADA POR REQUISIO:

    o C.1) Art. 34, IV, combinado com o artigo 36, I, segunda parte: se a coao for exercida

    contra o Poder Judicirio, a decretao da interveno federal depender de requisio

    do STF;

    Art. 34. A Unio no intervir nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

    (...)

    IV - garantir o livre exerccio de qualquer dos Poderes nas unidades da

    Federao;

    Art. 36. A decretao da interveno depender:

    I - no caso do art. 34, IV, de solicitao do Poder Legislativo ou do Poder

    Executivo coacto ou impedido, ou de requisio do Supremo Tribunal Federal,

    se a coao for exercida contra o Poder Judicirio;

    o C.2) Art. 34, VI, segunda parte, combinado com o artigo 36, II, no caso de

    desobedincia a ordem ou deciso judicial, a decretao depender de requisio do

    STF, do STJ ou do TSE, de acordo com a matria;

    Art. 34. A Unio no intervir nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

    (...)

    VI - prover a execuo de lei federal, ordem ou deciso judicial;

    Art. 36. A decretao da interveno depender:

    (...)

    II - no caso de desobedincia a ordem ou deciso judiciria, de requisio do

    Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justia ou do Tribunal

    Superior Eleitoral;

    o Nas hipteses de requisio do Judicirio, no sendo o caso de suspenso da

    execuo do ato impugnado (art. 36, 3), o PR estar vinculado e dever decretar

    a interveno federal, sob pena de responsabilizao.

    Art. 36. A decretao da interveno depender:

    (...)

    3 Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciao

    pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se- a

    suspender a execuo do ato impugnado, se essa medida bastar ao

    restabelecimento da normalidade.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    20

    Art. 34, VI e VII Art. 35, IV

    Prover a execuo de lei federal, ordem ou

    deciso judicial;

    Assegurar a observncia dos seguintes

    princpios constitucionais:

    a) forma republicana, sistema representativo

    e regime democrtico;

    b) direitos da pessoa humana;

    c) autonomia municipal;

    d) prestao de contas da administrao

    pblica, direta e indireta.

    e) aplicao do mnimo exigido da receita

    resultante de impostos estaduais,

    compreendida a proveniente de

    transferncias, na manuteno e

    desenvolvimento do ensino e nas aes e

    servios pblicos de sade.

    O Tribunal de Justia der provimento a

    representao para assegurar a observncia

    de princpios indicados na Constituio

    Estadual, ou para prover a execuo de lei,

    de ordem ou de deciso judicial.

    d) PROVOCADA, DEPENDENDO DE PROVIMENTO DE REPRESENTAO:

    Art. 34, VII, combinado com o artigo 36, III, primeira parte no caso de ofensa aos princpios

    constitucionais sensveis, previstos no artigo 34, VII da CF/88, a interveno federal

    depender de provimento, pelo STF, de representao do Procurador-Geral da Repblica

    (representao interventiva); ou Artigo 34, VI, primeira parte, combinado com o artigo 36,

    III, segunda parte: para prover a execuo de lei federal (pressupondo ter havido recuso

    execuo de lei federal), a interveno depender de provimento pelo STF e representao

    do PGR (trata-se, tambm, de representao interventiva, regulamentada pela Lei n.

    12.562/2011).

    Art. 34. A Unio no intervir nos Estados nem no Distrito Federal, exceto

    para:(...)

    VII - assegurar a observncia dos seguintes princpios constitucionais:

    a) forma republicana, sistema representativo e regime democrtico;

    b) direitos da pessoa humana;

    c) autonomia municipal;

    d) prestao de contas da administrao pblica, direta e indireta.

    e) aplicao do mnimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,

    compreendida a proveniente de transferncias, na manuteno e

    desenvolvimento do ensino e nas aes e servios pblicos de sade.

    Art. 34, VII, combinado

    com o artigo 36, III,

    primeira parte no caso

    de ofensa aos

    princpios

    constitucionais

    sensveis, previstos no

    artigo 34, VII da CF/88,

    a interveno federal

    depender de

    provimento, pelo STF,

    de representao do

    Procurador-Geral da

    Repblica

    (representao

    interventiva).

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    21

    Art. 36. A decretao da interveno depender:

    (...)

    III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representao do

    Procurador-Geral da Repblica, na hiptese do art. 34, VII, e no caso de

    recusa execuo de lei federal.

    Art. 34. A Unio no intervir nos Estados nem no Distrito Federal, exceto

    para:

    (...)

    VI - prover a execuo de lei federal, ordem ou deciso judicial;

    Art. 36. A decretao da interveno depender:

    (...)

    III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representao do

    Procurador-Geral da Repblica, na hiptese do art. 34, VII, e no caso de

    recusa execuo de lei federal.

    A IF (Representao Interventiva) surgiu com a Constituio de 1934, e apresenta-se como um dos

    pressupostos para a decretao da interveno federal, ou estadual, pelos Chefes do Executivo,

    nas hipteses contempladas na CF/88. Assim, reforce-se, nessa modalidade de procedimento,

    quem decreta a interveno no o Judicirio, mas o Chefe do Poder Executivo.

    As fases do procedimento da IF:

    1. Fase jurisdicional

    2. Fase da interveno branda

    3. Fase da interveno efetiva

    FASE 1 FASE 2 FASE 3

    Fase jurisdicional: o STF ou

    TJ analisam apenas os

    pressupostos para a

    interveno, no nulificando o

    ato que a ensejou. Julgando

    procedente o pedido,

    requisitam a interveno para

    o Chefe do Executivo.

    Interveno branda: o Chefe

    do Executivo, por meio de

    decreto, limita-se a

    suspender a execuo do ato

    impugnado, se essa medida

    bastar ao restabelecimento

    da normalidade.

    E o Controle poltico?

    No. Nesta fase 2, est

    dispensada a apreciao pelo

    Congresso Nacional ou pela

    Assembleia Legislativa.

    Interveno efetiva: se a medida

    tomada durante a fase 2 no foi

    suficiente, o Chefe do Executivo

    decretar a efetiva interveno,

    devendo especificar a amplitude, o

    prazo e as condies de execuo e

    que, se couber, nomear o

    interventor.

    E o Controle poltico?

    Sim. Nesta fase 3, dever o decreto

    do Chefe do Executivo ser submetido

    apreciao do Congresso Nacional

    ou da Assembleia Legislativa do

    Estado, no prazo de 24 horas, sendo

    que, estando em recesso, ser feita

    a convocao extraordinria, no

    mesmo prazo de 24 horas.

    Artigo 34, VI, primeira

    parte, combinado com o

    artigo 36, III, segunda

    parte: para prover a

    execuo de lei federal

    (pressupondo ter havido

    recuso execuo de lei

    federal), a interveno

    depender de

    provimento pelo STF e

    representao do PGR

    (trata-se, tambm, de

    representao

    interventiva,

    regulamentada pela Lei

    n. 12.562/2011).

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    22

    Representao Interventiva Federal (ADI interventiva federal)

    Art. 36, III, da CF/88, primeira parte, estabelece que a decretao da interveno depender

    de provimento, pelo STF, de representao do PGR, na hiptese do art. 34, VII, quais

    sejam, os princpios sensveis da Constituio.

    Durante a vigncia do texto de 1988, jamais se passou da fase 1 (judicial) para a fase 2

    (decretao pelo Chefe do Poder Executivo), muito embora alguns poucos pedidos de

    interveno, com base no art. 36, III, destacando-se:

    CASO 1: IF 114 (07.02.1991): pedido de interveno em razo de omisso do poder pblico no

    controle de linchamento de presos no Estado de Mato Grosso. No mrito, o STF entendeu que no

    era caso de interveno, indeferindo, portanto, o pedido;

    CASO 2: IF 4.822 (08.04.2005): pedido de interveno no Centro de Atendimento Juvenil

    Especializado (Caje), com base em deliberao do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa

    Humana (CDDPH), que condenou a sua estrutura fsica e gerencial (matria pendente de

    julgamento pelo STF);

    CASO 3: IF 5.129 (05.10.2008): pedido de interveno formulado pelo PGR contra o estado de

    Rondnia, por suposta violao a direitos humanos no presdio Urso Branco, em Porto Velho, que

    se encontra em situao de calamidade. Segundo o ento PGR, Antonio Fernando Souza, ... nos

    ltimos oito anos contabilizaram-se mais de cem mortes e dezenas de leses corporais [contra

    presos], fruto de motins, rebelies entre presos e torturas eventualmente perpetradas por agentes

    penitencirios (Notcias STF, 08.10.2008) (matria pendente de julgamento pelo STF);

    CASO 4: IF 5.179 (11.02.2010): pedido de interveno por suposto esquema de corrupo no DF.

    No mrito, o pedido foi julgado improcedente.

    Objeto (IF)

    Lei ou Ato normativo que viole princpios sensveis;

    Omisso ou incapacidade das autoridades locais para assegurar o cumprimento e

    preservao dos princpios sensveis, por exemplo, os direitos da pessoa humana;

    Ato governamental estadual que desrespeito os princpios sensveis;

    Ato administrativo que afronte os princpios sensveis;

    Ato concreto que viole os princpios sensveis;

    O que so os Princpios sensveis?

    Cabe o pedido de interveno, j referimos, quando houver violao aos denominados

    princpios sensvel, que esto expostos no art. 34, VII, a e:

    o Forma republicana, sistema representativo e regime democrtico;

    o Direitos da pessoa humana;

    o Autonomia municipal;

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    23

    o Prestao de constas da Administrao Pblica, direta e indireta;

    o Aplicao do mnimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,

    compreendida a proveniente de transferncias, na manuteno e no desenvolvimento

    do ensino e nas aes e nos servios pblicos de sade.

    Competncia e Legitimidade (IF)

    Representao Interventiva Federal competncia originria do STF;

    O nico e exclusivo legitimado ativo para a propositura da representao interventiva

    federal :

    o PROCURADOR-GERAL DA REPBLICA, que tem total autonomia e

    discricionariedade para formar o seu convencimento de ajuizamento.

    o O PGR atua em defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses

    sociais e individuais indisponveis, sobretudo, no caso, a defesa do equilbrio federativo.

    Legitimado passivo deve ser entendido como o ente federativo no qual se verifica a violao

    ao princpio sensvel da CF/88, devendo ser solicitadas informaes s autoridades ou aos

    rgos estaduais ou distritais responsveis, como a Assembleia Legislativa local ou o

    Governador, neste ltimo caso representado pelo Procurador-Geral do Estado ou do Distrito

    Federal (art. 132 da CF/88).

    Procedimento (IF)

    O procedimento da representao interventiva federal estava previsto na Lei n. 4.337, de

    1..06.1964, assim como nos arts. 20 e 21 da Lei n. 8.038/90 e nos arts. 350 a 354 do RISTF.

    Contudo, cabe alertar a publicao da Lei n. 12.562, de 23.12.2011, regulamentando o inciso

    III do art. 36 da Constituio Federal, para dispor sobre o processo e julgamento da

    representao interventiva perante o STF.

    Proposta a ao pelo Procurador-Geral da Repblica, no STF, a petio inicial dever

    conter:

    o a indicao do princpio constitucional sensvel (art. 34, VII, da CF/88) que se considera

    violado ou, se for o caso de recusa aplicao de lei federal, das disposies

    questionadas;

    o a indicao do ato normativo, do ato administrativo, do ato concreto ou da omisso

    questionados;

    o a prova da violao do princpio constitucional ou da recusa de execuo de lei federal;

    o o pedido, com suas especificaes.

    A petio inicial ser apresentada em 2 vias, devendo conter, se for o caso, cpia do ato

    questionado (estadual ou distrital) e dos documentos necessrios para comprovar a

    impugnao.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    24

    Se a petio inicial:

    o NO FOR O CASO DE IF;

    o FALTAR OS REQUISITOS DE LEI;

    o FOR INPETA.

    Recebida a inicial, o relator dever tentar dirimir (administrativamente) o conflito que d causa

    ao pedido, utilizando-se dos meios que julgar necessrios, na forma do regimento interno.

    No solucionado o problema e no sendo caso de arquivamento, apreciado eventual pedido

    de liminar ou, logo aps recebida a petio inicial, e no houver pedido de liminar, o relator

    solicitar as informaes s autoridades responsveis pela prtica do ato questionado, que

    as prestaro em at 10 dias.

    Decorrido o prazo para prestao das informaes, sero ouvidos:

    o AGU 10 dias;

    o PGR 10 dias.

    O relator, se entender necessrio, poder:

    o Requisitar informaes adicionais;

    o Designar perito ou comisso de peritos para que elabore laudo sobre a questo;

    o Fixar data para declaraes, em audincia pblica, de pessoas com experincia e

    autoridade na matria.

    Podendo ainda ser autorizadas, a critrio do relator:

    o A manifestao e a juntada de documentos por parte dos interessados no processo.

    (Reconhecendo assim a manifestao do amicus curiae).

    Vencidos os prazos ou, se for o caso, realizadas as diligncias, o relator lanar o relatrio,

    com cpia para todos os Ministros e pedir dia para julgamento.

    A deciso sobre a representao interventiva somente ser tomada se presentes na sesso

    pelo menos 8 Ministros (quorum de instalao da sesso de julgamento, como se verifica,

    tambm, na ADI), devendo ser proclamada a procedncia ou improcedncia do pedido

    formulado na representao interventiva se num ou noutro sentido se tiverem manifestado

    pelo menos 6 Ministros (maioria absoluta).

    Estando ausentes Ministros em nmero que possa influir na deciso sobre a representao

    interventiva, o julgamento ser suspenso, a fim de se aguardar o comparecimento dos

    Ministros ausentes, at que se atinja o nmero necessrio para a prolao da deciso.

    Julgado procedente o pedido, far-se- a comunicao s autoridades ou aos rgos

    responsveis pela prtica dos atos questionados, e, se a deciso final for pela procedncia do

    pedido formulado na representao interventiva, o Presidente do STF, publicado o acrdo,

    LIMINARMENTE INDEFERIDAS PELO

    RELATOR

    CABE AGRAVO

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    25

    lev-lo- ao conhecimento do Presidente da Repblica para, no prazo improrrogvel de

    at 15 dias, dar cumprimento aos 1. e 3. do art. 36 da Constituio Federal.

    Dentro do prazo de 10 dias, contado a partir do trnsito em julgado da deciso, a parte

    dispositiva ser publicada em seo especial do Dirio da Justia e do Dirio Oficial da Unio.

    Por se tratar de requisio, e no mera solicitao, o Presidente da Repblica no poder

    descumprir a ordem mandamental, sob pena de cometimento tanto de crime comum como de

    responsabilidade, devendo, ento, decretar a interveno (Interveno Branda).

    O Presidente da Repblica, nos termos do art. 36, 3., por meio de decreto, limitar-se- a

    suspender a execuo do ato impugnado. Caso essa medida no seja suficiente para o

    restabelecimento da normalidade, a, sim, o Presidente da Repblica decretar a interveno

    federal (Interveno Efetiva).

    Nesse ltimo caso, o decreto de interveno (efetiva), que especificar a amplitude, o prazo

    e as condies de execuo e que, se couber, nomear o interventor afastando as autoridades

    responsveis de seus cargos (art. 84, X, CF/88), ser submetido apreciao do Congresso

    Nacional no prazo de 24 horas (controle poltico). Se o Congresso Nacional no estiver

    funcionando, far-se- convocao extraordinria, no mesmo prazo de 24 horas (art. 36, 1.

    e 2., CF/88).

    Cessados os motivos da interveno, as autoridades afastadas de seus cargos a estes

    voltaro, salvo por impedimento legal (art. 36, 4., CF/88).

    Cabe alertar que a deciso que julgar procedente ou improcedente o pedido da representao

    interventiva :

    o Irrecorrvel;

    o Insuscetvel de impugnao por ao rescisria;

    Medida Liminar (IF)

    Art. 5. da Lei n. 12.562/2011 admitiu expressamente o cabimento de medida liminar na

    representao interventiva, mas somente por deciso da maioria absoluta dos Ministros.

    Para concesso da liminar, o relator poder ouvir os rgos ou autoridades responsveis pelo

    ato questionado, bem como o AGU ou o PGR, no prazo comum de 05 (cinco) dias.

    A liminar poder consistir na determinao de que se suspenda o andamento de processo ou

    os efeitos de decises judiciais ou administrativas ou de qualquer outra medida que apresente

    relao com a matria objeto da representao interventiva.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    26

    Representao interventiva estadual (ADI Interventiva Estadual)

    Com o advento da Lei n. 12.562/2011, que tratou de toda a matria, a nosso ver, a Lei n.

    4.337/64 foi totalmente revogada e, assim, o procedimento dever observar no que couber,

    as novas regras introduzidas pela referida Lei n. 12.562/2011.

    O art. 35, IV, da CF/88, por sua vez, dispe que a interveno estadual, a ser decretada pelo

    Governador de Estado, depender de provimento pelo TJ local de representao para

    assegurar a observncia de princpios indicados na CE, ou para prover a execuo de lei, de

    ordem ou de deciso judicial. As regras vm previstas nas Constituies estaduais e nos

    regimentos internos dos tribunais locais, devendo, em essncia, por simetria, seguir o modelo

    federal, de acordo com o seguinte quadro:

    ADI INTERVENTIVA

    FEDERAL

    ADI INTERVENTIVA

    ESTADUAL

    FASE 1 Judicial

    OBJETO

    Lei ou ato normativo, ou

    omisso, ou ato

    governamental estaduais ou

    distritais que desrespeitem

    os princpios sensveis

    previstos no art. 34, VII, a

    e, da CF/88.

    Lei ou ato normativo, ou

    omisso, ou ato

    governamental municipais

    que desrespeitem os

    princpios sensveis

    indicados na CE.

    COMPETNCIA

    STF: Originria

    TJ: Originria

    LEGITIMADO

    ATIVO

    PGR Chefe do Ministrio

    Pblico da Unio (Art. 129,

    IV, da CF/88).

    PGJ Chefe do Ministrio

    Pblico Estadual (Art. 129,

    IV, da CF/88).

    LEGITIMADO PASSIVO

    Ente federativo (Estado ou

    DF) no qual se verifica a

    violao ao princpio

    sensvel da CF/88, devendo

    ser solicitadas informaes

    s autoridades ou aos rgos

    estaduais ou distritais

    responsveis pela violao

    aos princpios sensveis.

    Ente federativo (Municpio)

    no qual se verifica a violao

    ao princpio sensvel da CE,

    devendo ser solicitadas

    informaes s autoridades

    ou aos rgos municipais

    responsveis pela violao

    aos princpios sensveis.

    PROCEDIMENTO

    Proposta a ao pelo

    Procurador-Geral da

    Repblica, no STF, quando a

    lei ou o ato normativo de

    natureza estadual (ou

    distrital), ou omisso, ou ato

    Proposta a ao pelo

    Procurador-Geral de Justia,

    no TJ, quando a lei ou o ato

    normativo, ou omisso, ou

    ato governamental de

    natureza municipal

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    27

    PROCEDIMENTO

    governamental contrariarem

    os princpios sensveis da

    CF, buscar-se- a soluo

    administrativa.

    No sendo o caso, nem o de

    arquivamento, sero

    solicitadas informaes s

    autoridades estaduais ou

    distritais responsveis e

    ouvido o PGR, sendo, ento,

    o pedido relatado e levado a

    julgamento.

    Julgado procedente o pedido

    (quorum do art. 97, maioria

    absoluta), o Presidente do

    STF imediatamente

    comunicar a deciso aos

    rgos do Poder Pblico

    interessados e requisitar a

    interveno ao Presidente da

    Repblica, que, por se tratar

    de requisio, e no mera

    solicitao, no poder

    descumprir a ordem

    mandamental, sob pena de

    cometimento tanto de crime

    comum como de

    responsabilidade,

    inaugurando-se, assim, a

    fase 2 do procedimento.

    contrariarem os princpios

    sensveis previstos na CE,

    buscar-se- a soluo

    administrativa.

    No sendo o caso, nem o de

    arquivamento, sero

    solicitadas informaes s

    autoridades municipais

    responsveis e ouvido o PGJ,

    sendo, ento, o pedido

    relatado e levado a

    julgamento.

    Julgado procedente o pedido

    (quorum do art. 97, maioria

    absoluta), o Presidente do TJ

    imediatamente comunicar a

    deciso aos rgos do Poder

    Pblico interessados e

    requisitar a interveno ao

    Governador do Estado, que,

    por se tratar de requisio,

    e no mera solicitao, no

    poder descumprir a ordem

    mandamental, sob pena de

    cometimento tanto de crime

    comum como de

    responsabilidade,

    inaugurando-se, assim, a

    fase 2 do procedimento

    FASE 2 Interveno Branda

    DECRETO DO EXECUTIVO

    O Presidente da Repblica,

    nos termos do art. 36, 3.,

    por meio de decreto, limitar-

    se- a suspender a execuo

    do ato impugnado, se essa

    medida bastar para o

    restabelecimento da

    normalidade.

    Nessa fase, est dispensada

    a apreciao pelo Congresso

    Nacional (controle poltico)

    O Governador do Estado, nos

    termos do art. 36, 3.,

    por meio de decreto, limitar-

    se- a suspender a execuo

    do ato impugnado, se essa

    medida bastar para o

    restabelecimento da

    normalidade

    Nessa fase, est dispensada

    a apreciao pela

    Assembleia

    Legislativa (controle poltico)

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    28

    FASE 3 Interveno Efetiva

    DECRETO DO EXECUTIVO

    E CONTROLE POLTICO

    DECRETO DO EXECUTIVO

    E CONTROLE POLTICO

    Caso a medida de mera

    suspenso no seja

    suficiente para o

    restabelecimento da

    normalidade, a, sim, o

    Presidente da Repblica

    decretar a efetiva

    interveno no Estado ou no

    DF, executando-a com a

    nomeao de interventor, se

    for o caso, e afastando as

    autoridades responsveis de

    seus cargos (art. 84, X, da

    CF/88)

    Nesse caso de interveno

    efetiva, haver controle

    poltico pelo Congresso

    Nacional no prazo de 24

    horas a contar do decreto

    interventivo. Se o Congresso

    Nacional no estiver

    funcionando, far-se-

    convocao extraordinria

    Cessados os motivos da

    interveno, as autoridades

    afastadas de seus cargos a

    estes voltaro, salvo

    impedimento legal

    Caso a medida de mera

    suspenso no seja

    suficiente para o

    restabelecimento da

    normalidade, a, sim, o

    Governador do Estado

    decretar a efetiva

    interveno no Municpio,

    executando-a com a

    nomeao de interventor, se

    for o caso, e afastando as

    autoridades responsveis de

    seus cargos (art. 84, X, da

    CF/88)

    Nesse caso de interveno

    efetiva, haver controle

    poltico pela Assembleia

    Legislativa no prazo de 24

    horas a contar do decreto

    interventivo. Se a Assembleia

    Legislativa no estiver

    funcionando, far-se-

    convocao extraordinria

    Cessados os motivos da

    interveno, as autoridades

    afastadas de seus cargos a

    estes voltaro, salvo

    impedimento legal

    5. Decretao e Execuo da Interveno Federal

    Como vimos, a decretao e execuo da interveno federal so de competncia privativa

    do Presidente da Repblica (art. 84, X), dando-se de forma espontnea ou provocada.

    Lembramos, ainda, a previso da oitiva de dois rgos superiores de consulta, quais sejam,

    o Conselho da Repblica (art. 90, I) e o Conselho de Defesa Nacional (art. 91, 1., II), sem

    haver qualquer vinculao do Chefe do Executivo aos aludidos pareceres.

    A decretao materializar-se- por decreto presidencial de interveno, que especificar a

    amplitude, o prazo e as condies de execuo, e, quando couber, nomear o interventor.

    6. Controle Exercido pelo Congresso Nacional

    Nos termos dos 1. e 2. do art. 36, o Congresso Nacional (Legislativo) realizar controle

    poltico sobre o decreto de interveno expedido pelo Executivo no prazo de 24 horas,

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    29

    devendo ser feita a convocao extraordinria, tambm no prazo de 24 horas, se a Casa

    Legislativa estiver em recesso parlamentar. Assim, nos termos do art. 49, IV, o Congresso

    Nacional ou aprovar a interveno federal ou a rejeitar, sempre por meio de decreto

    legislativo, suspendendo a execuo do decreto interventivo nesta ltima hiptese.

    Em caso de rejeio pelo Congresso Nacional do decreto interventivo, o Presidente da

    Repblica dever cess-lo imediatamente, sob pena de cometer crime de responsabilidade

    (art. 85, II atentado contra os Poderes constitucionais do Estado), passando o ato a ser

    inconstitucional.

    7. Hipteses em que o controle exercido pelo CN dispensado

    Como regra geral, o decreto interventivo dever ser apreciado pelo Congresso Nacional

    (controle poltico). Excepcionalmente, a CF (art. 36, 3.) dispensa a aludida apreciao,

    sendo que o decreto se limitar a suspender a execuo do ato impugnado, se essa medida

    bastar ao restabelecimento da normalidade. As hipteses em que o controle poltico

    dispensado so as seguintes:

    o Art. 34, VI, para prover a execuo de lei federal, ordem ou deciso judicial;

    o Art. 34, VII, quando houver afronta aos princpios sensveis da CF.

    Nesses casos, no entanto, se o decreto que suspendeu a execuo do ato impugnado no foi

    suficiente para o restabelecimento da normalidade, o Presidente da Repblica decretar a

    interveno federal, nomeando, se couber, interventor, devendo submeter o seu ato ao exame

    do Congresso Nacional (controle poltico), no prazo de 24 horas, nos termos do art. 36, 1.,

    conforme referido

    8. Afastamento das autoridades envolvidas

    Por meio do decreto interventivo, que especificar a amplitude, prazo e condies de

    execuo, o Presidente da Repblica nomear (quando necessrio) interventor, afastando as

    autoridades envolvidas.

    Cessados os motivos da interveno, as autoridades afastadas de seus cargos a estes

    voltaro, salvo impedimento legal (art. 36, 4.)

    9. Interveno Estadual:

    Hipteses de interveno estadual e interveno federal nos Municpios localizados em Territrios

    Federais.

    As hipteses de interveno estadual e federal (nos Municpios localizados em Territrios

    Federais) esto taxativamente previstas no art. 35, sendo cabveis quando:

    o deixar de ser paga, sem motivo de fora maior, por dois anos consecutivos, a dvida

    fundada;

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    30

    o no forem prestadas contas devidas, na forma da lei;

    o no tiver sido aplicado o mnimo exigido da receita municipal na manuteno e

    desenvolvimento do ensino e nas aes e servios pblicos de sade;

    o o Tribunal de Justia der provimento a representao para assegurar a observncia de

    princpios indicados na Constituio Estadual, ou para prover a execuo de lei, de

    ordem ou de deciso judicial.

    10. Decretao e execuo da interveno estadual

    A decretao e execuo da interveno estadual de competncia privativa do Governador

    de Estado, por meio de decreto de interveno, que especificar a amplitude, o prazo e as

    condies da execuo e, quando couber, nomear o interventor.

    11. Controle exercido pelo Legislativo estadual

    A Constituio estabeleceu a realizao de controle poltico a ser exercido pelo Legislativo,

    devendo o decreto de interveno ser submetido apreciao da Assembleia Legislativa, no

    prazo de 24 horas. Na hiptese de no estar funcionando, haver convocao extraordinria,

    tambm no prazo de 24 horas.

    12. Hipteses em que o controle exercido pela Assembleia Legislativa dispensado

    Em regra, o decreto interventivo dever ser apreciado pela Assembleia Legislativa

    (interveno estadual). Excepcionalmente, porm, a CF (art. 36, 3.) dispensa a aludida

    apreciao pelo Congresso Nacional (hipteses j estudadas alhures, quando tratamos da

    interveno federal), ou pela Assembleia Legislativa estadual, sendo que o decreto, nesses

    casos, limitar-se- a suspender a execuo do ato impugnado, se essa medida bastar ao

    restabelecimento da normalidade. A hiptese em que o controle poltico dispensado ocorre

    quando:

    o art. 35, IV o Tribunal de Justia der provimento representao para assegurar a

    observncia de princpios indicados na Constituio Estadual, ou para prover a

    execuo de lei, de ordem ou de deciso judicial.

    13. Afastamento das autoridades envolvidas

    No decreto interventivo que especificar a amplitude, prazo e condies de execuo, o

    Governador de Estado nomear (quando necessrio) interventor, afastando as autoridades

    envolvidas.

    Cessados os motivos da interveno, as autoridades afastadas de seus cargos a estes

    voltaro, salvo impedimento legal (art. 36, 4.).

    14. Smula 637 STF: no cabe recurso extraordinrio contra acrdo de tribunal de justia que

    defere pedido de interveno estadual em municpio.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    31

    ATIVIDADE DE FIXAO ORGANIZAO DO ESTADO

    1. (IOBV-2016) Assinale a alternativa que est correta:

    a) A organizao poltico-administrativa da Repblica Federativa do Brasil compreende a Unio, os Estados e os

    Municpios.

    b) A criao ou a transformao de um territrio federal em Estado depende de regulamentao em lei ordinria.

    c) Somente a Unio pode criar distines entre brasileiros.

    d) vedado aos entes da federao recusar dar f aos documentos pblicos.

    2 (CESPE-2016) No que se refere organizao poltico-administrativa do Estado, assinale a opo correta24.

    a) A competncia da Unio e dos municpios expressa, sendo a competncia dos estados remanescente ou residual.

    b) possvel, mediante emenda Lei Orgnica do Distrito Federal, a criao de municpios nessa unidade da Federao,

    atendidos os princpios estabelecidos na CF.

    c) Cada uma das unidades integrantes da Federao brasileira ente autnomo e soberano, capaz de auto-organizao,

    auto-legislao, autogoverno e autoadministrao.

    d) Sendo o Brasil um Estado laico, vedado aos entes federativos estabelecer cultos religiosos e igrejas ou manter com

    eles ou seus representantes relaes de dependncia ou aliana, o que inclui a colaborao de interesse pblico.

    e) Dado o poder de autonomia, os estados podem estabelecer, em suas Constituies, a participao da assembleia

    legislativa na nomeao, exonerao ou destituio, pelo governador, de secretrio estadual.

    3. (CESPE-2016) A respeito da organizao do Estado e da Administrao pblica, assinale a opo correta25.

    a) proibida a adoo de requisitos e critrios diferenciados para a concesso de aposentadoria pelo regime de

    previdncia de carter contributivo e solidrio, ainda que para proteger trabalhadores que exeram atividades sob

    condies que prejudiquem a sade ou a integridade fsica.

    b) A vedao de acumulao remunerada de cargos pblicos aplica-se aos militares, independentemente da

    compatibilidade de horrio e do tipo de atividade profissional exercida, de modo que o militar que tome posse em cargo

    civil dever ser transferido para a reserva, nos termos da lei.

    c) A forma de federalismo adotada no Brasil conhecida como federalismo de segregao e centrfugo, sendo os

    estados-membros dotados de autogoverno.

    d) Deve o presidente da Repblica decretar a interveno federal, entre outras hipteses, quando dois estados tentarem

    incorporar-se entre si ou desmembrar-se, formando novos estados ou territrios federais.

    e) O prazo de prescrio para a pretenso de condenar rus pela prtica de atos de improbidade administrativa que

    causem prejuzos ao errio estabelecido pela CF.

    Dica! Artigos 40, 4, III; e 142, III; Nota de rodap n 2; Art. 37, 4 e 5 c/c Lei 8429/92.

    4. (AOCP-2016) Sobre a organizao do Estado e dos Poderes, assinale a alternativa correta26.

    24 Para responder a questo necessrio que o acadmico tenha estudados os artigos 1, I, 18, 4, 19, I, 21, 25 1 e 30 da CF/88; Ainda ter estudado o artigo 1 da Lei Complementar 01/1967; E saber o princpio da simetria constitucional. 25 Federao por segregao quando existe apenas um Estado unitrio que se dividiu em Estados Federados, por centrfuga o movimento de dentro para fora. 26 Ler da CF/88 os seguintes artigos: 18; 24, 2; 24, VI; 52, I; 55, I, II, III, IV, V, VI, 2.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    32

    a) A organizao poltico-administrativa da Repblica Federativa do Brasil compreende a Unio, os Estados, o Distrito

    Federal e os Municpios, todos autnomos, exceto a Unio, nos termos da Constituio Federal.

    b) A competncia da Unio para legislar sobre normas gerais no exclui a competncia suplementar dos Estados.

    c) Compete privativamente Unio legislar sobre florestas, caa, pesca, fauna, conservao da natureza, defesa do solo

    e dos recursos naturais, proteo do meio ambiente e controle da poluio.

    d) Compete privativamente Cmara dos Deputados processar e julgar o Presidente da Repblica nos crimes de

    responsabilidade.

    e) No caso de deputado ter procedimento declarado incompatvel com o decoro parlamentar, a perda do mandato ser

    decidida pela Cmara dos Deputados, por maioria simples, mediante provocao da mesa da Cmara ou de partido

    poltico representado no Congresso Nacional, assegurada a ampla defesa.

    5. (IESES-2016) A Federao ou tambm chamada de Estado Federal forma adotada pela Repblica Federativa do

    Brasil desde a proclamao da Repblica em 1889, e encontram-se fundamentado nas coletividades regionais e polticas

    autnomas, denominadas Estados, insere-se neste contexto o Distrito Federal e os municpios, esta a base do Princpio

    Federalista. Assinale a alternativa que demonstra todas as caractersticas do princpio anteriormente citado:

    a) Descentralizao poltica ou repartio constitucional de competncias, repartio constitucional de rendas,

    participao da vontade das entidades locais; possibilidade de autoconstituio; autonomia administrativa; autonomia

    poltica.

    b) Repartio constitucional de rendas e participao da vontade das entidades locais, repartio constitucional de

    competncias, autonomia administrativa.

    c) A descentralizao poltica ou repartio constitucional de competncias e a autonomia poltica.

    d) Autonomia administrativa e autonomia poltica.

    6. (PUC-2015) A Constituio Federal atua como fundamento de validade das ordens jurdicas parciais e central. Ela

    confere unidade ordem jurdica do Estado Federal, com o propsito de traar um compromisso entre as aspiraes de

    cada regio e os interesses comuns s esferas locais em conjunto. A Federao gira em torno da Constituio Federal,

    que seu fundamento jurdico e instrumento regulador"

    (MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. So Paulo: Saraiva,

    2014, p. 802).

    Considerando o conceito de Federao e as disposies referentes ao tema na Constituio de 1988, analise os

    seguintes enunciados:

    I. A Repblica Federativa do Brasil formada pela unio indissolvel de Entes Federativos soberanos.

    II. O poder constituinte decorrente designa a competncia que possuem os Estados-Membros da Federao para

    elaborao das respectivas constituies estaduais.

    III. competncia dos Estados a instituio de regies metropolitanas; competncia dos municpios a instituio de

    microrregies.

    IV. Legislar sobre direito civil, comercial, penal, processual, econmico e agrrio competncia privativa da Unio.

    V. Ilhas fluviais e lacustres podem ser bens dos Estados-Membros da Federao.

    So CORRETAS27 apenas as proposies:

    a) I, II e III.

    b) III e IV.

    c) III, IV e V.

    d) IV e V.

    27 Ver os seguintes artigos da CF/88: 1; 20; 22 capacete pm; 24 pufet; 25 3 c/c ADCT 11; e art. 26 CF/88.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    33

    e) II e V.

    7. (FUNCAB-2015) Acerca da organizao do Estado brasileiro, assinale a resposta correta28.

    a) Compete ao Estado legislar sobre trnsito e transporte, sem prejuzo da competncia comum da Unio, Estados,

    Distrito Federal e Municpios para estabelecer e implantar poltica de educao para a segurana do trnsito.

    b) Os Municpios no dispem de autonomia poltica, uma vez que no so dotados de capacidade de auto-organizao

    e de autoadministrao.

    c) O Municpio reger-se- por lei complementar, votada em dois turnos, com interstcio mnimo de dez dias, e aprovada

    por dois teros dos membros da Cmara Municipal, que a promulgar, atendidos os princpios estabelecidos nesta

    Constituio.

    d) A organizao poltico-administrativa da Repblica Federativa do Brasil compreende a Unio, os Estados, o Distrito

    Federal, os Municpios e os Territrios.

    e) competncia da Unio a concesso de anistia, ressalvados os crimes hediondos e os assim equiparados, a saber:

    o terrorismo, a tortura e trfico ilcito de substncias entorpecentes e drogas afins, que no a admitiro.

    8. (CESPE-2015) Com relao ao sistema poltico brasileiro e s relaes entre Estado, governo e administrao pblica,

    julgue o item seguinte:

    So formas de governo29 a federao, a confederao e o governo nico.

    CERTO ( ) ERRADO ( )

    9. (FUNIVERSA-2015) Acerca das atribuies dos Poderes Executivo e Legislativo e do modelo federativo adotado no

    Brasil, assinale a alternativa correta30.

    a) O veto do presidente da Repblica poder ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos deputados e senadores, em

    escrutnio secreto.

    b) O presidente da Repblica pode, por meio de decreto autnomo, extinguir rgos pblicos, desde que isso no

    implique aumento de despesa.

    c) A Repblica Federativa do Brasil exemplifica a denominada federao por agregao.

    d) Os municpios no possuem autonomia para criar novos tribunais, conselhos ou rgos de contas municipais.

    10. (FCC-2015) PERIGO SUPER PEGADINHA CONFIRA: Confederao31 um tipo de:

    a) acordo entre Estados soberanos.

    b) forma de Estado.

    c) forma de governo.

    d) sistema de governo.

    e) regime de governo.

    11. (VUNESP-2014) Para atingir o bem comum, o Estado se estrutura para exercer o poder poltico. Nesse sentido,

    seguindo o conceito de Forma de Estado, a organizao pode ser:

    a) monarquia ou repblica.

    b) monarquia constitucional ou repblica.

    c) unitrio ou federal.

    d) democrtico ou autocrtico.

    28 Ler os artigos: 5, XLIII, 18, 21, XVII, 22, XI, 23, XII, 29, 30, III e IV, ambos da CF/88; Saber que os 3TH no tm direito a graa ou anistia; 29 Lembrar das FG (Formas de Governo), FE (Formas de Estados) e SG (Sistemas de Governo). 30 Art. 66, 4 CF/88; Art. 84, VI CF/88; Segregao e centrfuga; Art. 30 4 CF/88; 31 Ler apostila 1/2017 Constitucional II.

  • Direito Constitucional II

    Prof. Gilberto Jnior

    34

    e) presidencialista ou parlamentarista.

    12. (CESPE-2014) A respeito da organizao do Estado brasileiro e do federalismo, julgue os itens que se seguem.

    No federalismo orgnico32, h uma presena marcante do ente federal, em detrimento das unidades federadas.

    CERTO ( ) ERRADO ( )

    13. (CESPE-2014) A respeito da organizao do Estado brasileiro e do federalismo, julgue os itens que se seguem.

    Entre as caractersticas comuns do Estado Federal33 incluem-se a representao das unidades federativas no poder

    legislativo central, a existncia de um tribunal constitucional e a interve