optimização da rede eléctrica interna de um parque eólico ... · filipe guilherme campos da...
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Setembro de 2007
Optimização da rede eléctrica interna de um parque eólico para minimização do custo total
Filipe Guilherme Campos da Silva Pereira Vicente
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Júri
Presidente: Prof. Gil Domingos Marques
Orientador: Prof. Rui Manuel Gameiro de Castro
Vogais: Profª Maria José Ferreira dos Santos Lopes de Resende
ii
Agradecimentos
Quero agradecer ao Eng. Mário Leitão e à empresa SPEE (Sociedade Produção Energia Eólica) pela
disponibilização de dados imprescindíveis, sem os quais não teria sido possível realizar este trabalho.
Ao Professor Rui Castro pela proposta do trabalho, assim como pelas preciosas ajudas no
desenvolvimento deste.
Ao Eng. João Baltazar e à EDP pelo fornecimento de dados que permitiram complementar alguns
aspectos deste trabalho.
Aos meus pais, Eng. Vitor Vicente e Drª. Maria Vicente pelo esforço, dedicação e confiança investidos
em mim ao longo do curso e pela revisão dos textos deste trabalho.
iii
Resumo
A presente dissertação está inserida no âmbito da Tese de Mestrado com o título Optimização da
rede eléctrica interna de parques eólicos para minimização do custo total.
Foi objectivo desta dissertação obter uma ferramenta de optimização de parques eólicos, dum
ponto de vista de perdas totais de energia e de custos totais. Para tal, foi desenvolvida uma aplicação
que realiza os cálculos necessários à optimização de parques eólicos, a qual foi denominada Wind
Farm Optimizer.
Na dissertação é realizado, inicialmente, um estudo da teoria subjacente às redes de energia,
descrevendo-se os diversos componentes destes tipos de redes e os métodos de realização do
Trânsito de Energia e Cálculo de Curto-Circuitos.
De seguida, são descritos os factores a ter em conta para realizar a optimização de um projecto de
uma instalação produtora de energia eléctrica a partir de fontes renováveis, no caso específico, a
energia eólica. É ainda descrito o método de optimização utilizado nos cálculos para a obtenção de
uma rede optimizada.
Por último, as questões apresentadas são aplicadas a um parque eólico existente (Parque Eólico
Mosqueiro), o qual é optimizado de um duplo ponto de vista técnico e económico. palavras-chave: Optimização, Rede Eléctrica, Análise Económica, Trânsito de Energia, Curto-
Circuitos, Wind Farm Optimizer
iv
Abstract
This dissertation is inserted in the scope of the thesis entitled Wind Farm Electrical Grid
Optimization for Total Cost Minimization.
The main objective was to obtain a wind farm optimization tool, from an energy lost and total cost
point of view. For that matter, an application was developed, which performs the necessary
calculations to obtain an optimized wind farm grid. This application was called Wind Farm Optimizer.
Initially, a study of the inherent theory of power grids is made, by means of modelling and analysing
the grid’s components. The methods of Power Flow and Short Circuit calculations are also described
in this chapter.
Furthermore, the factors that should be considered in optimizing a renewable electric power plant
are exposed. Here, the optimization method used in the calculations, which allows obtaining an
optimized grid, is explained.
In the last chapter, all these matters are applied to an existing wind farm (Parque Eólico
Mosqueiro), which is optimized from a technical and economical point of view.
keywords: Optimization, Power Grid, Economical Analysis, Power Flow, Short-Circuit, Wind Farm
Optimizer
v
ÍNDICE CAPÍTULO 1 ............................................................................................................................ 1 1 Introdução ........................................................................................................................ 1
1.1 Motivação ............................................................................................................................ 2 1.2 Objectivos ............................................................................................................................ 3 1.3 Estrutura da dissertação .................................................................................................... 3
CAPÍTULO 2 ............................................................................................................................ 5 2 Equipamentos de Parques Eólicos ................................................................................ 5
2.1 Aerogeradores ..................................................................................................................... 5 2.1.1 Rotor ................................................................................................................................. 6
2.1.2 Nacelle .............................................................................................................................. 7
2.1.3 Torre ................................................................................................................................. 7
2.2 Ligação dos aerogeradores ............................................................................................... 8 2.3 Rede de Média Tensão ........................................................................................................ 8 2.4 Subestação de Transformação .......................................................................................... 8
2.4.1 Parque Exterior de Aparelhagem ...................................................................................... 9
2.4.2 Edifício de Comando ....................................................................................................... 14
2.4.3 Equipamento Complementar ........................................................................................... 18
2.5 Sistema de Controlo/Supervisão ..................................................................................... 19
CAPÍTULO 3 .......................................................................................................................... 21 3 Redes de Energia Eléctrica ........................................................................................... 21
3.1 Trânsito de Energia ........................................................................................................... 21 3.1.1 Geradores ....................................................................................................................... 22
3.1.2 Transformadores ............................................................................................................. 22
3.1.3 Linhas ............................................................................................................................. 23
3.1.4 Baterias de condensadores ............................................................................................. 24
3.1.5 Método do Desacoplamento............................................................................................ 24
3.2 Curto-Circuitos .................................................................................................................. 26 3.2.1 Geradores ....................................................................................................................... 27
3.2.2 Transformadores ............................................................................................................. 28
3.2.3 Linhas ............................................................................................................................. 28
3.2.4 Baterias de condensadores ............................................................................................. 28
3.2.5 Cálculo de Curto-Circuitos .............................................................................................. 29
3.3 Análise Económica ........................................................................................................... 32 3.3.1 Custos ............................................................................................................................. 32
3.3.2 Cálculo Energético .......................................................................................................... 33
vi
CAPÍTULO 4 .......................................................................................................................... 37 4 Optimização de Parques Eólicos ................................................................................. 37
4.1 Critérios de optimização ................................................................................................... 37 4.1.1 Minimização das Perdas ................................................................................................. 38
4.1.2 Minimização do Custo da Energia Produzida .................................................................. 43
4.2 Algoritmo de optimização ................................................................................................ 48 4.3 Wind Farm Optimizer ........................................................................................................ 51
4.3.1 Implementação ................................................................................................................ 51
4.3.2 Restrições e limitações ................................................................................................... 51
CAPÍTULO 5 .......................................................................................................................... 52 5 Caso de Estudo .............................................................................................................. 52
5.1 Dados do parque ............................................................................................................... 53 5.1.1 Cabos .............................................................................................................................. 54
5.1.2 Geradores ....................................................................................................................... 54
5.1.3 Transformadores ............................................................................................................. 55
5.1.4 Subestação ..................................................................................................................... 55
5.2 Redes obtidas .................................................................................................................... 55 5.2.1 Rede original ................................................................................................................... 57
5.2.2 Rede com 6 geradores por ramal .................................................................................... 57
5.2.3 Rede com 8 geradores por ramal .................................................................................... 59
5.2.4 Rede com 9 geradores por ramal .................................................................................... 60
5.2.5 Rede com 11 geradores por ramal .................................................................................. 61
5.3 Comparação de resultados .............................................................................................. 62
CAPÍTULO 6 .......................................................................................................................... 65 6 Conclusões .................................................................................................................... 65 ANEXOS ................................................................................................................................ 66
A. Manual do Utilizador ................................................................................................................. 66 B. Coordenadas UTM .................................................................................................................... 74 C. Redes obtidas na optimização ................................................................................................ 75
C.1. Rede com 1 gerador por ramal ............................................................................................ 75
C.2. Rede com 2 geradores por ramal ......................................................................................... 76
C.3. Rede com 3 geradores por ramal ......................................................................................... 77
C.4. Rede com 4 geradores por ramal ......................................................................................... 78
C.5. Rede com 5 geradores por ramal ......................................................................................... 79
C.6. Rede com 7 geradores por ramal ......................................................................................... 80
C.7. Rede com 10 geradores por ramal ....................................................................................... 81
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Máquina de indução duplamente alimentada .................................................................... 6
Figura 2.2 – Rotor de um aerogerador de 3 pás ................................................................................... 7
Figura 2.3 – Arquitectura típica de uma nacelle de um aerogerador de eixo horizontal ........................ 7
Figura 2.4 – Tipos de torres de aerogeradores ..................................................................................... 8
Figura 2.5 – Parque exterior de aparelhagem de uma subestação tipo ................................................ 9
Figura 2.6 – Cabos de Média Tensão ................................................................................................. 10
Figura 2.7 – Transformador de Potência ............................................................................................ 10
Figura 2.8 – Descarregador de Sobretensão ...................................................................................... 11
Figura 2.9 – Transformador de Intensidade ........................................................................................ 11
Figura 2.10 - Disjuntor ........................................................................................................................ 12
Figura 2.11 - Seccionador ................................................................................................................... 12
Figura 2.12 - Isoladores ...................................................................................................................... 12
Figura 2.13 - Linha .............................................................................................................................. 13
Figura 2.14 – Transformador de Tensão ............................................................................................ 13
Figura 2.15 – Edifício de Comando ..................................................................................................... 14
Figura 2.16 – Quadros de Média Tensão ........................................................................................... 14
Figura 2.17 – Baterias de Tensão Contínua ....................................................................................... 15
Figura 2.18 – Rectificadores ............................................................................................................... 15
Figura 2.19 – Serviços Auxiliares de Tensão Alternada ...................................................................... 15
Figura 2.20 – Serviços Auxiliares de Tensão Contínua ...................................................................... 16
Figura 2.21 – Comunicações .............................................................................................................. 16
Figura 2.22 – Posto de Comando Local .............................................................................................. 17
Figura 2.23 – Contagens .................................................................................................................... 17
Figura 2.24 – Unidades de Protecção ................................................................................................. 17
Figura 2.25 – Equipamento Complementar ........................................................................................ 18
Figura 2.26 – Equipamento Complementar ........................................................................................ 18
Figura 2.27 – Sistema de Controlo/Supervisão ................................................................................... 19
Figura 3.1 – Esquema equivalente em π do transformador ................................................................ 22
Figura 3.2 – Esquema equivalente em π da linha ............................................................................... 23
Figura 3.3 – Fluxograma do processo iterativo do método do desacoplamento ................................. 26
Figura 3.4 – Esquema equivalente da máquina assíncrona ............................................................... 27
Figura 3.5 - Esquema equivalente da máquina síncrona .................................................................... 27
Figura 3.6 – Curvas de um aerogerador ............................................................................................. 34
Figura 3.7 – Distribuição de Weibull ................................................................................................... 35
Figura 4.1 – Exemplo de corrente máxima em regime estacionário que percorre os ramos ............... 40
Figura 4.2 – Modelo dos cabos para estudo da fiabilidade ................................................................. 42
Figura 4.3 – Esquema de rede para cálculo da energia perdida por falta de fiabilidade ..................... 42
viii
Figura 4.4 – Aproximação logarítmica para cálculo do preço dos cabos de alumínio ......................... 46
Figura 4.5 – Aproximação polinomial de 2º grau para cálculo do preço dos cabos de alumínio ......... 46
Figura 4.6 – Fluxograma do processo de optimização ........................................................................ 49
Figura 4.7 – Fluxograma pormenorizado dos cálculos das várias redes ............................................. 50
Figura 5.1 – Planta do parque eólico Mosqueiro ................................................................................. 52
Figura 5.2 – Cálculos do vento ........................................................................................................... 56
Figura 5.3 – Esquema unifilar da rede original .................................................................................... 57
Figura 5.4 – Esquema unifilar da rede com 6 geradores por ramal .................................................... 58
Figura 5.5 - Esquema unifilar da rede com 8 geradores por ramal ..................................................... 59
Figura 5.6 – Esquema unifilar da rede com 9 geradores por ramal .................................................... 60
Figura 5.7 - Esquema unifilar da rede com 11 geradores por ramal ................................................... 61
Figura A.1 – Ecrã principal do programa Wind Farm Optimizer .......................................................... 66
Figura A.2 – Janela para estudo de uma única rede ou optimização .................................................. 66
Figura A.3 – Janela para escolha de análise técnica ou económica ................................................... 67
Figura A.4 – Janela para efectuar o estudo da hipótese de aumento de fiabilidade ........................... 67
Figura A.5 – Janela para escolha de abertura ou criação de rede ...................................................... 67
Figura A.6 – Ecrã para introdução dos dados gerais da rede do parque ............................................ 68
Figura A.7 – Janela para introdução dos dados da subestação .......................................................... 69
Figura A.8 – Janela para introdução dos dados de localização dos aerogeradores ........................... 69
Figura A.9 – Janela para introdução dos dados dos aerogeradores e dos transformadores .............. 70
Figura A.10 – Janela para introdução dos dados dos cabos .............................................................. 70
Figura A.11 – Janela para decisão de introdução dos dados do vento ............................................... 71
Figura A.12 – Ecrã para introdução dos dados do vento .................................................................... 71
Figura A.13 – Ecrã para introdução dos dados para Análise Económica ............................................ 72
Figura A.14 – Janela para guardar os ficheiros produzidos ................................................................ 72
Figura A.15 – Janela para confirmação de cancelamento .................................................................. 73
Figura B.1 – Mapa com coordenadas UTM ........................................................................................ 74
Figura C.1 – Esquema unifilar da rede com 1 gerador por ramal ........................................................ 75
Figura C.2 – Esquema unifilar da rede com grupos de 2 geradores por ramal ................................... 76
Figura C.3 – Esquema unifilar da rede com grupos de 3 geradores por ramal ................................... 77
Figura C.4 - Esquema unifilar da rede com grupos de 4 geradores por ramal .................................... 78
Figura C.5 – Esquema unifilar da rede com grupos de 5 geradores ................................................... 79
Figura C.6 – Esquema unifilar da rede com 7 geradores por ramal .................................................... 80
Figura C.7 – Esquema unifilar da rede com 10 geradores por ramal .................................................. 81
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 – Objectivos de produção de energia eléctrica definidos pelo Governo para 2010 ............. 2
Tabela 3.1 – Tipos de barramentos .................................................................................................... 22
Tabela 4.1 – Preços reais dos cabos de Média Tensão: .................................................................... 45
Tabela 4.2 – Preços aproximados dos cabos de Média Tensão: ........................................................ 47
Tabela 5.1 – Coordenadas UTM dos aerogeradores no parque eólico ............................................... 53
Tabela 5.2 – Dados técnicos dos cabos monopolares de Alumínio .................................................... 54
Tabela 5.3 – Dados técnicos dos cabos monopolares de Cobre ........................................................ 54
Tabela 5.4 – Resultados para a rede original ..................................................................................... 57
Tabela 5.5 – Resultados para a rede com 6 geradores por ramal ...................................................... 58
Tabela 5.6 – Resultados para a rede com 8 geradores por ramal ...................................................... 59
Tabela 5.7 – Resultados para a rede com 9 geradores por ramal ...................................................... 60
Tabela 5.8 – Resultados para a rede com 11 geradores por ramal .................................................... 61
Tabela 5.9 – Resumo dos resultados com ( ) 0=ϕtg ........................................................................ 62
Tabela 5.10 – Resumo dos resultados com ( ) 2.0=ϕtg ................................................................... 63
Tabela 5.11 – Resumo dos resultados com ( ) 4.0=ϕtg ................................................................... 63
Tabela C.1 – Resultados para a rede com 1 gerador por ramal ......................................................... 75
Tabela C.2 – Resultados para a rede com 2 geradores por ramal ...................................................... 76
Tabela C.3 – Resultados para a rede com 3 geradores por ramal ...................................................... 77
Tabela C.4 – Resultados para a rede com 4 geradores por ramal ...................................................... 78
Tabela C.5 – Resultados para a rede com 5 geradores por ramal ...................................................... 79
Tabela C.6 – Resultados para a rede com 7 geradores por ramal ...................................................... 80
Tabela C.7 – Resultados para a rede com 10 geradores por ramal .................................................... 81
1
CAPÍTULO 1
1 Introdução
Numa altura em que existe uma crescente preocupação ambiental, a produção de energia
exclusivamente através da queima de combustíveis fósseis torna-se insustentável. Problemas
relacionados com a poluição, como o efeito de estufa, o aquecimento global, a diminuição da camada
do ozono e as chuvas ácidas são devidos, em parte, às emissões para a atmosfera dos gases
nocivos por estas formas de combustível.
O Protocolo de Quioto é consequência de uma série de eventos iniciada com a Toronto
Conference on the Changing Atmosphere, no Canadá, e que culminou com a Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC). Constitui-se no protocolo de um tratado
internacional com compromissos mais rígidos para a redução da emissão de gases que provocam
efeitos de estufa.
Foi estipulado que os países desenvolvidos têm a obrigação de reduzir a quantidade de gases
poluentes em, pelo menos, 5.2% até 2012, em relação aos níveis de 1990. Para que tal seja possível,
várias medidas devem ser tomadas, nomeadamente ao nível do sector de energia e de transportes,
através de limitações de emissões de metano, da promoção de fontes energéticas renováveis e da
protecção de florestas.
Consequentemente, nos últimos anos tem-se manifestado um crescente interesse pelas energias
renováveis em geral e pela energia eólica em particular em todo o Mundo, onde Portugal não é
excepção.
No quadro da Directiva 2001/77/CE, de 27 de Setembro de 2001, relativa à promoção de
electricidade produzida a partir de fontes de energia renováveis, Portugal ficou obrigado a atingir uma
meta de 39% para a produção de electricidade a partir de fontes de energia renováveis até 2010. No
ano de 2006 entraram em funcionamento 36 novos parques eólicos, o que significa um crescimento
de 60% da potência éolica instalada. Dado a este crescimento, o Governo definiu novos objectivos:
• A produção de electricidade com base em energias alternativas passa de 39% para 45% do
consumo em 2010, com uma aposta forte em todas as vertentes.
• Os biocombustíveis utilizados nos transportes aumentam de 5.75% dos combustíveis
rodoviários para 10% em 2010
• 5 a 10% do carvão utilizado nas centrais de Sines e do Pego será substituído por biomassa
ou resíduos até 2010
• Até 2015 serão implementadas medidas de eficiência energética equivalentes a 10% do
consumo energético.
2
Os objectivos estipulados pelo Governo no novo Plano Tecnológico, estabelecendo a Estratégia
Nacional para a Energia, aprovada pela Resolução do Conselho de Ministros nº. 169/2005, são
apresentados na Tabela 1.1.
Tabela 1.1 – Objectivos de produção de energia eléctrica definidos pelo Governo para 2010 [fonte: Direcção Geral de Energia e Geologia, www.dgge.pt]
Tal como se pode verificar pela Tabela 1.1, foi estipulado pelo Governo um aumento de quase
50% de electricidade produzida a partir de energias renováveis até 2010, sendo a energia eólica a
forma de energia em maior expansão e com um maior contributo.
Neste contexto, as entidades governamentais pretendem dar um grande impulso ao
desenvolvimento dos recursos renováveis, permitindo uma maior articulação entre as políticas de
energia e ambiente. Através do Dec. Lei 168/99, artigo 22º, o governo estipula que toda a energia
produzida por um produtor independente será obrigatoriamente comprada pela rede pública.
Além dos benifícios concedidos ao produtor independente, o desenvolvimento da tecnologia de
energia eólica atingiu já uma maturidade suficiente para permitir a produção de energia eléctrica a
partir da energia cinética do vento a preços competitivos, tornando-a uma alternativa interessante.
1.1 Motivação
Numa altura em que a energia eólica se encontra em enorme expansão em Portugal, assiste-se a
uma tendência para o aumento da potência instalada em cada parque eólico, uma vez que a potência
unitária de cada unidade geradora está limitada por questões tecnológicas.
Neste contexto, em que os parques eólicos são compostos por um grande número de
conversores, as redes internas dos parques constituem já redes eléctricas de razoável dimensão. O
projecto das redes internas dos parques eólicos tem sido efectuado, até agora, recorrendo a soluções
tradicionais de engenharia, sem grandes preocupações quanto à optimização, dada a pequena
dimensão das redes em causa.
3
Para parques de alguma dimensão, justifica-se, portanto, que seja efectuado um estudo da rede
eléctrica interna, por forma a obter a melhor solução técnica (minimizando as perdas de energia) e
económica (minimizando os custos da energia produzida). Aquilo que se pretende com a optimização
é ter um investimento mínimo sem pôr em causa a qualidade de exploração. Ou, eventualmente,
pretende-se um investimento que, não sendo o mínimo, conduza a uma maior produção de energia e
portanto a um menor custo de unidade de energia produzida.
1.2 Objectivos
Pretende-se com este trabalho desenvolver uma metodologia de projecto das redes internas dos
parques eólicos, com vista à sua optimização na óptica da minimização dos custos totais - custo de
investimento e custo das perdas, supondo-se conhecida a localização dos conversores eólicos no
terreno.
O objectivo a alcançar será então, conceber, desenvolver e implementar uma metodologia de
projecto das redes internas dos parques eólicos para minimização do seu custo total. Para tal,
efectua-se a modelação do sistema e compara-se o seu comportamento, sob o duplo ponto de vista
técnico e económico, com as soluções tradicionais dos projectos de engenharia.
1.3 Estrutura da dissertação
Além deste capítulo introdutório, a dissertação encontra-se dividida em 5 capítulos. No Capítulo 2,
como primeira aproximação à Energia Eólica, são descritos os equipamentos presentes em parques
eólicos, tais como os aerogeradores e as ligações estabelecidas, as subestações e os sistemas de
controlo e supervisão.
A teoria subjacente ao estudo de Redes de Energia Eléctrica, como os modelos dos componentes
da rede, o Trânsito de Energia e o cálculo de Curto-Circuitos são questões fundamentais para a
optimização da rede eléctrica interna do parque. Uma descrição destes conceitos é realizada no
Capítulo 3. Uma vez que a optimização incide não só na parte técnica, mas também na parte
económica, são apresentados, também neste Capítulo, os conceitos fundamentais à Análise
Económica, tais como o cálculo de custos e cálculos de energia.
A aplicação dos conceitos dos Capítulos 2 e 3 é iniciada no Capítulo 4, onde se faz a descrição da
optimização de parques eólicos. Neste Capítulo são enumerados os critérios a ter em conta para
realizar uma optimização deste tipo e é descrito o algoritmo de optimização utilizado neste estudo. É
também exposta a análise a efectuar para cálculo da energia perdida por falta de fiabilidade do
parque, ou seja, a energia que não será produzida no caso de uma avaria de um cabo. Ainda neste
Capítulo, é apresentada a forma de implementação do programa Wind Farm Optimizer e descritas as
suas restrições e limitações.
4
Por último, no capítulo 5, são apresentados os resultados obtidos por aplicação de uma rede
existente (Parque Eólico Mosqueiro) ao Wind Farm Optimizer. Podem ser observadas as 11 redes
obtidas na optimização, além da rede original, e por fim comparadas para a decisão de qual a melhor
rede.
É ainda apresentado no Anexo A um Manual do Utilizador para o programa Wind Farm Optimizer
e no Anexo B uma breve descrição das coordenadas UTM.
5
CAPÍTULO 2
2 Equipamentos de Parques Eólicos
Do ponto de vista meramente técnico, pode definir-se a estrutura de um parque eólico segundo os
seguintes subsistemas:
• Aerogeradores
• Ligação dos aerogeradores
• Rede de Média Tensão
• Subestação de Transformação
• Sistema de Controlo/Supervisão
Pretende-se, neste capítulo, fazer uma descrição destes subsistemas de forma a obter uma visão
detalhada dos componentes de um parque eólico e como estes se relacionam entre si de uma forma
global.
Na secção 2.1 é descrita a tecnologia utilizada actualmente nos aerogeradores e os componentes
que os compõem. A descrição de uma subestação de transformação genérica e dos seus
subsistemas é apresentada na secção 2.2 e suas sub-secções. De seguida, nas secções 2.3 e 2.4
são descritas, de forma sucinta, as ligações de Baixa Tensão (BT) e Média Tensão (MT) dos
aerogeradores, respectivamente. Por último, na secção 2.5, é apresentado um sistema de controlo e
supervisão.
2.1 Aerogeradores
Na actualidade a energia eólica atingiu já a maturidade, sendo que as turbinas mais comuns têm
uma potência da ordem de 2-3 MW.
Os aerogeradores que se encontram maioritariamente em instalação em Portugal na actualidade
são equipados com máquinas de indução de rotor bobinado com aproveitamento da energia do
escorregamento. Esta montagem é usualmente designada por máquina de indução duplamente
alimentada (Figura 2.1). É, portanto, este o tipo de aerogerador que será descrito abaixo.
6
Figura 2.1 – Máquina de indução duplamente alimentada
Na Figura 2.1, GB representa a caixa de velocidades (Gearbox) e ASG a máquina de indução
(Asyncronous Generator). De notar ainda a presença do transformador e do conversor AC-DC e DC-
AC para o aproveitamento da energia do escorregamento.
O controlo de potência de um aerogerador prende-se com o facto de haver a necessidade de
limitar a potência fornecida pela turbina eólica para valores acima da velocidade nominal do vento.
Esta regulação pode ser feita por meios passivos, isto é, desenhando o perfil das pás de modo a que
entrem em perda aerodinâmica a partir de determinada velocidade do vento – “stall”; ou por meios
activos, isto é, variando o passo das pás – “pitch”.
As turbinas equipadas com máquinas de indução duplamente alimentadas são do tipo “pitch” e
possuem uma caixa de velocidades por forma a adaptar a velocidade da turbina à velocidade de
rotação da máquina de indução.
O princípio de funcionamento da máquina de indução (com rotor bobinado) duplamente
alimentada baseia-se na possibilidade de controlar a sua velocidade por variação da resistência do
rotor. Para uma descrição mais detalhada do funcionamento das máquinas de indução duplamente
alimentadas, pode ser consultado em [1].
É definido,[2], que, de uma forma geral, um aerogerador pode ser dividido em três partes:
• Rotor
• Nacelle
• Torre
2.1.1 Rotor
O projecto das pás do rotor benificiou do conhecimento da tecnologia das asas dos aviões, que
têm um funcionamento semelhante. A forma da pá e o ângulo de ataque em relação à direcção do
vento tem uma influência determinante.
De uma forma geral, o vento ataca as pás pelo lado da frente, devido ao facto de o vento incidente
não ser perturbado pela torre. Esta opção é denominada upwind. A opção downwind, em que o vento
ataca as pás pelo lado de trás permite o auto alinhamento do rotor na direção do vento, mas o
escoamento é perturbado pela torre antes de incidir no rotor, pelo que não é tão utilizada.
7
Figura 2.2 – Rotor de um aerogerador de 3 pás
2.1.2 Nacelle
Na nacelle estão alojados, entre outros equipamentos, o gerador, o transformador, a caixa de
velocidades, o travão de disco e o mecanismo de orientação direccional. Na Figura 2.3 mostra-se a
arquitectura típica da nacelle de um aerogerador de eixo horizontal.
Figura 2.3 – Arquitectura típica de uma nacelle de um aerogerador de eixo horizontal
2.1.3 Torre
A torre suporta a nacelle e eleva o rotor até à cota a que a velocidade do vento é própria para o
aerogerador e onde esta é menos perturbada pelo efeito do solo.
As torres devem ser dimensionadas para suportar cargas significativas devido à altura a que se
encontram e ao peso da nacelle. As torres mais usuais são do tipo tubulares, principalmente devido
ao impacto visual. Podem, contudo, ser também do tipo entrelaçadas.
8
(a) (b)
Figura 2.4 – Tipos de torres de aerogeradores: a) Tubular; b) Entrelaçada
2.2 Ligação dos aerogeradores
Uma vez que a energia cinética do vento é convertida em energia eléctrica em Baixa Tensão (BT),
existe um transformador de Baixa Tensão para Média Tensão (BT/MT) no interior da nacelle. Assim,
a ligação do gerador ao transformador deverá ser mediante cabos de potência que partirão do
seccionador principal instalado no quadro de potência.
2.3 Rede de Média Tensão
O circuito de Média Tensão (MT) une os centros de transformação dos aerogeradores, os quais se
instalam enterrados numa câmara de passagem. Para canalizar os cabos da rede interna até à
subestação são utilizados também cabos de MT enterrados. Usualmente, a câmara de passagem de
cabos é constituída por valas com 1,20m de profundidade e 0,6m de largura, de acordo com as
especificações das normas.
A ligação dos cabos é feita de acordo com o esquema unifilar da planta do projecto e de acordo
com o plano de localização dos aerogeradores.
2.4 Subestação de Transformação
Pretende-se descrever, nesta secção e de uma forma geral, uma subestação de transformação. A
subestação aqui descrita pode ser aplicada a um parque eólico para elevação do nível de tensão e
posterior injecção na rede, como pode ser utilizada em qualquer outro local da rede onde se pretenda
obter este efeito. Estas informações foram obtidas em [3].
De uma forma geral, uma subestação pode ser dividida em três sistemas:
Parque Exterior de Aparelhagem
Edifício de Comando
Equipamento Complementar
9
O Parque Exterior de Aparelhagem tem todos os sistemas de Média Tensão e de conversão para
Alta Tensão.
O Edifício de Comando permite fazer a monitorização da subestação, assim como o seu controlo.
O Equipamento Complementar permite compensar o factor de potência e alimentar os serviços
auxiliares à subestação.
2.4.1 Parque Exterior de Aparelhagem
No Parque Exterior de Aparelhagem estão instalados os painéis de Alta Tensão e os
equipamentos complementares de Média tensão. Os painéis e o barramento de Alta Tensão são
constituídos por vários equipamentos: Transformador de Potência, Transformador de Tensão,
Transformador de Intensidade, Descarregador de Sobretensão, Disjuntor, Seccionadores, Linha de
Alta Tensão, Barramento e Isoladores.
Na Figura 2.5 é apresentada a vista de um parque exterior de aparelhagem de uma subestação
tipo.
Figura 2.5 – Parque exterior de aparelhagem de uma subestação tipo
Apresenta-se, de seguida, uma explicação de cada um dos componentes mencionados acima:
• Cabos de Média Tensão
O Cabo de Média Tensão (MT) é constituído por um condutor e por uma camada isolante. O
material condutor é multifilar e tem uma baixa resistência eléctrica (usualmente alumínio ou cobre)
que permite transmitir uma determinada intensidade de corrente. A secção do condutor é escolhida
de acordo com a intensidade de corrente máxima pretendida.
10
Figura 2.6 – Cabos de Média Tensão
• Transformador de Potência
O Transformador de Potência é o equipamento mais dispendioso de uma Subestação. É este
equipamento que assegura a transformação da Média Tensão (20kV) para Alta Tensão (60 kV).
O isolamento entre enrolamentos é assegurado por papel e como material dieléctrico é utilizado
óleo. Os enrolamentos são de cobre, e o núcleo é constituído por chapas de ferro.
Este transformador permite regular a tensão e tem a possibilidade de actuação no número de
espiras do enrolamento primário (tomadas), de modo a manter o valor da tensão no secundário.
Figura 2.7 – Transformador de Potência
• Descarregador de Sobretensão
O descarregador de sobretensão é o equipamento que actua como protecção em relação às
sobretensões.
No surgimento de uma sobretensão elevada (por exemplo, devido a descargas atmosféricas
directas nas Linhas de Alta Tensão), o equipamento vai descarregar a corrente para o circuito de
terra.
O terminal superior está ligado ao circuito de potência e a base está ligada à terra, através de uma
barra de cobre. O material associado ao descarregador de sobretensão é o óxido de zinco e possui
uma resistência não linear funcionado como uma resistência de baixo valor para as sobretensões
(fazendo com a intensidade de corrente circule do terminal superior para a terra) e de valor elevado
para a tensão normal (não acontecendo nada nesta situação).
11
Figura 2.8 – Descarregador de Sobretensão
• Transformador de Intensidade
Tal como o Transformador de Potência o Transformador de Intensidade de Corrente (TI) é um
transformador com 2 enrolamentos: um primário e um secundário. Transforma a corrente que circula
no enrolamento primário numa corrente induzida no enrolamento secundário, proporcional ao primário
mas muito mais reduzida.
O TI dá uma imagem da corrente que circula. Por exemplo, nos TI que utilizem a relação de
transformação 800/1 A, quando no primário circulam 800 A no secundário circula 1 A.
Estas correntes são suficientemente reduzidas de forma a possibilitar a medição pelas unidades
de protecção e pelos contadores.
Figura 2.9 – Transformador de Intensidade
• Disjuntor
O Disjuntor é um dispositivo electromecânico que protege os circuitos contra sobre-intensidades
(curto-circuitos ou sobrecargas).
O disjuntor interrompe o circuito eléctrico, antes que os efeitos térmicos e mecânicos desta
corrente se possam tornar perigosos. A intensidade de corrente máxima a que o Disjuntor ainda
consegue actuar é de 16kA, ou 25 kA, etc.
O corte é efectuado separando 2 contactos numa câmara de corte, que possui como material
dieléctrico o gás hexafluoreto de enxofre (SF6), com excelentes propriedades dieléctricas e de
extinção do arco eléctrico. As temperaturas atingidas quando ocorre o arco eléctrico são de cerca de
2000 ºC. O SF6 ajuda a arrefecer os contactos em poucos milisegundos (ms). O tempo máximo de
abertura de um Disjuntor de Alta Tensão é de 70 ms e usualmente os tempos andam à volta de 35
ms.
12
Figura 2.10 - Disjuntor
• Seccionador
O Seccionador é o equipamento de corte visível mas que não possui poder de corte em carga. O
corte visível é importante e fundamental na segurança de pessoas, ou seja, é um dispositivo de
manobra (mecânico) que assegura, na posição aberta, uma distância de isolamento que satisfaz
requisitos de segurança especificados.
Figura 2.11 - Seccionador
• Isoladores
Os Isoladores, afastam electricamente qualquer parte em tensão (barramento AT, Linhas, etc.) das
estruturas que os suportam.
A EDP utiliza isoladores de porcelana. A porcelana é uma das derivações da cerâmica,
caracterizada principalmente pela ausência de porosidade. Considerada como um dieléctrico
(isolante) sólido, a porcelana destaca-se principalmente pela sua alta capacidade de isolamento
eléctrico e resistência mecânica.
Figura 2.12 - Isoladores
13
• Linha
As Linhas de Alta Tensão (AT) são condutores utilizados para estabelecer um circuito eléctrico e
que podem ser utilizados para interligar duas instalações AT (Subestações ou Postos de
Seccionamento AT).
Poderá ser utilizada também para alimentar clientes de Alta Tensão ou para escoar a energia
eléctrica de algum Produtor de energia eléctrica. Estes últimos cada vez mais marcam presença na
rede de distribuição, devido aos produtores eólicos, enquadrados dentro da Produção em Regime
Especial (PRE).
Figura 2.13 - Linha
• Transformador de Tensão
Tal como o Transformador de Potência e o TI, o Transformador de Tensão (TT) é um
transformador, com 2 enrolamentos: um primário e um secundário. Transforma a tensão real numa
tensão medida, proporcional à real mas muito mais reduzida.
O TT dá a imagem da tensão que, naquele momento, existe no enrolamento primário. Por
exemplo, nos TT que utilizem a relação de transformação 60 000/100 V, se estiverem 60 000 V no
primário surgem 100 V no secundário e esse valor pode ser constantemente monitorizado pelas
unidades de protecção.
Figura 2.14 – Transformador de Tensão
14
2.4.2 Edifício de Comando
No Edifício de Comando encontram-se os Quadros de Média Tensão, as Baterias de Tensão
Contínua, os Rectificadores, os Serviços Auxiliares de Tensão Alternada, os Serviços Auxiliares de
Tensão Contínua, as Comunicações, o Posto de Comando Local, as Contagens e as Unidades de
Protecção.
Figura 2.15 – Edifício de Comando
Descrevem-se de seguida, estes equipamentos.
• Quadros de Média Tensão
As Celas de Média Tensão (MT), onde são interligadas as linhas de MT da rede de distribuição
que irão alimentar os Postos de Seccionamento e de Transformação da rede de distribuição nos
centros de consumo, encontram-se alojadas num dos quadros no interior do edifício de comando.
Figura 2.16 – Quadros de Média Tensão
• Baterias
Todos os circuitos de comando e protecção funcionam a tensão contínua, alimentados pelas
baterias.
Faltando a energia, as baterias asseguram o comando funcional da Subestação durante o tempo
da capacidade das baterias, tal como, a alimentação das unidades de protecção e o comando dos
motores dos órgãos comandáveis.
15
Figura 2.17 – Baterias de Tensão Contínua
• Rectificadores
Equipamento que se encontra alojado num armário e que converte a alimentação de tensão
alternada em tensão contínua, que irá alimentar (carregar) as baterias.
Figura 2.18 – Rectificadores
• Serviços Auxiliares de Tensão Alternada
Encontram-se nos armários que contêm os disjuntores de Baixa Tensão (BT) que alimentam os
diversos circuitos de tensão alternada da Subestação. Este armário é alimentado pelos
Transformadores de Serviços Auxiliares e alimenta diversos serviços, tais como a ventilação de
emergência, o aquecimento dos armários no exterior, o ar condicionado, a iluminação e as tomadas
da Subestação.
Figura 2.19 – Serviços Auxiliares de Tensão Alternada
16
• Serviços Auxiliares de Tensão Contínua
São os disjuntores de Baixa Tensão (BT) que alimentam os diversos circuitos de tensão contínua
da Subestação. Este armário é alimentado pelas baterias de tensão contínua e depois cada circuito
de tensão contínua alimenta diversos serviços, tais como as centrais de intrusão e incêndio, o PC e
os diversos circuitos de comando e protecção.
Figura 2.20 – Serviços Auxiliares de Tensão Contínua
• Comunicações
Existe um armário onde se acomoda o equipamento de telecomunicações, que permite que a
Subestação seja comandada remotamente, sem a presença física de técnicos.
Figura 2.21 – Comunicações
• Posto de Comando Local
Existe um computador alojada num armário, que faz de Posto de Comando Local, com um
sinóptico igual ao do Despacho de Alta Tensão, permitindo comandar localmente os seus órgãos.
É uma imagem da configuração real da Subestação, com a indicação do estado (aberto/fechado)
dos seus órgãos comandáveis, tais como os Disjuntores, os Seccionadores e as Tomadas do
Transformador de Potência.
17
Figura 2.22 – Posto de Comando Local
• Contagens
Os contadores da subestação encontram-se alojados num outro armário. Existe contagem da
energia que passa nos Transformadores de Potência, nos Transformadores de Serviços Auxiliares e
também é medida a energia reactiva das Baterias de Condensadores.
Existe também um sistema de telecontagem que envia os valores das contagens pela rede
telefónica para os serviços centrais da EDP, ficando disponível em tempo real as contagens da
Subestação.
Figura 2.23 – Contagens
• Unidades de Protecção
As unidades de protecção dos diversos Painéis recebem informações e medidas (dos
Transformadores de Tensão e de Intensidade de Corrente) e avaliam em tempo real a necessidade
de actuação, junto dos órgãos de corte (Disjuntores) ou nas tomadas do Transformador de Potência
Figura 2.24 – Unidades de Protecção
18
2.4.3 Equipamento Complementar
O Equipamento Complementar, apresentado na Figura 2.25, é composto por Baterias de
Condensadores, Reactância de Neutro e Transformador de Serviços Auxiliares. Estes equipamentos
permitem controlar o factor de potência, limitar a intensidade de corrente de curto-circuito e alimentar
os circuitos auxiliares da subestação, respectivamente.
Figura 2.25 – Equipamento Complementar
(a) (b) (c)
Figura 2.26 – Equipamento Complementar: (a) Baterias de Condensadores, (b) Reactância de
Neutro, (c) Transformador de Serviços Auxiliares
As Baterias de Condensadores, Figura 2.26 (a), é o equipamento utilizado para compensar o
factor de potência e portanto produzir energia reactiva. A energia reactiva é uma energia que não
produz trabalho mas que é consumida pelas máquinas assíncronas e pelos transformadores. É
portanto necessário compensar esse efeito, injectando energia reactiva na rede através destes
condensadores.
A Reactância de Neutro, Figura 2.26 (b) é um equipamento que limita a corrente de curto-circuito
fase-terra a uma determinada corrente. Este equipamento caracteriza o regime de neutro, pelo que
com a Reactância de Neutro se costuma associar o ‘regime de neutro impedante’. A Reactância de
Neutro é ligada nos secundários dos Transformadores de Potência de modo a criar uma impedância
de ligação à terra, limitando a intensidade de corrente de curto-circuito.
O Transformador de Serviços Auxiliares, Figura 2.26 (c) é utilizado para alimentar os circuitos
auxiliares de uma Subestação: o ar condicionado, a iluminação, os circuitos de alimentação das
unidades de protecção e alimenta o rectificador. Este transformador utiliza os mesmos princípios do
Transformador de Potência, mas tem uma potência bastante mais reduzida, usualmente 100 kVA.
19
2.5 Sistema de Controlo/Supervisão
Por forma a controlar a energia produzida no parque eólico, são necessários diversos
equipamentos de medida e de protecção, bem como de controlo. Na Figura 2.27 está esquematizado
o esquema unifilar de uma rede genérica de um parque eólico, onde várias questões são relevantes:
• A cela 1 faz a interligação entre o parque eólico e a rede de MT. A interligação é realizada por
um único barramento, onde todos os ramais se encontram ligados.
• A cela 2 permite fazer as contagens de energia activa e reactiva produzidas (e consumidas)
no parque. Encontram-se também nesta cela alguns TIs de medida e de protecção, estando
estes últimos ligados a um relé de protecção (7SJ62) contra sobre-tensões, sobre-
intensidades, e alterações na frequência.
• Cada uma das celas 3 e 4 fazem o controlo e protecção de um aerogerador. Estas celas têm
disjuntores e seccionadores individuais. Os seccionadores têm posição de ligação à terra,
para garantir o isolamento, permitindo, por exemplo, trabalhos nas linhas. Existem também,
nestas celas, TIs para protecção contra sobre-intensidades (causadas por defeitos ou
sobrecargas).
Figura 2.27 – Sistema de Controlo/Supervisão
20
Além dos pontos realçados, existem também TIs e disjuntores com fusíveis ligados directamente
aos aerogeradores, de forma a supervisionar e controlar o estado de cada um.
Os disjuntores das celas são motorizados, de forma a permitir interromper troços do circuito,
sempre que assim seja necessário. Por exemplo, no circuito da figura 2.27, abrindo os disjuntores
motorizados das celas 2, 3 e 4, é possível intervir na Rede de MT que liga o aerogerador G1 e o
aerogerador G2 à subestação.
O dimensionamento destas protecções sai fora do âmbito deste trabalho, pelo que a descrição
aqui apresentada serve apenas como complementar para a compreensão da rede interna de um
parque eólico.
21
CAPÍTULO 3
3 Redes de Energia Eléctrica
Para analisar uma Rede de Energia Eléctrica, deve ser obtida uma solução em regime
estacionário das grandezas de interesse, usualmente designado por Trânsito de Energia (TE). Uma
vez que, numa rede de dimensão elevada, o número de barramentos e de ramos se torna bastante
elevado e as equações que o modelam são não-lineares, é necessário o uso de um método iterativo
de cálculo.
Para realizar o Trânsito de Energia é necessário modelar os componentes e o sistema com
suficiente rigor. Assim, deve ser especificado o tipo de barramento e as respectivas grandezas, para
de seguida obter a solução numérica das equações do trânsito de energia (que fornece a amplitude e
o argumento das tensões em todos os barramentos). Obtidos estes resultados podem, por último,
calcular-se as potências que transitam nos ramos e as suas perdas. Esta análise do Trânsito de
Energia é realizada na secção 3.1 e suas sub-secções.
Na secção 3.2 é apresentado o método de cálculo dos Curto-Circuitos, onde é feita a modelação
dos componentes da rede para estes cálculos. É ainda apresentado, nesta secção, o modo de
efectuar estes cálculos (sub-secção 3.2.5) e o seu propósito.
Ainda em termos de análise de redes, e uma vez que uma análise técnica só faz sentido quando
realizada em paralelo com uma análise económica, é revista na secção 3.3 a análise económica a
efectuar no estudo de uma rede.
3.1 Trânsito de Energia
Tipicamente, os elementos utilizados numa rede de energia eléctrica são geradores,
transformadores, linhas, baterias de condensadores e cargas. Uma vez que o presente estudo visa
realizar uma análise a redes internas de parques eólicos, as cargas não são consideradas, uma vez
que estas não existem dentro do parque mas somente na rede a que o parque se encontra ligado.
Uma vez que não é possível obter os dados dessa rede, é usualmente considerada uma rede com
uma potência de curto-circuito muito elevada (tipicamente puScc 20= ), podendo assim realizar-se
os cálculos dos dados relevantes do parque.
Realiza-se, portanto, nesta secção uma breve descrição dos modelos a utilizar para os geradores,
para os transformadores, para as linhas e para as baterias de condensadores, apresentando-se para
cada um o seu esquema equivalente e a matriz de impedâncias nodais.
Descreve-se também o método iterativo utilizado neste estudo para a realização do Trânsito de
Energia, o Método do Desacoplamento.
22
3.1.1 Geradores
Os geradores são modelados como fontes de potência constante. As variáveis especificadas em
cada barramento dependem do tipo de barramento considerado. Na Tabela 3.1 são demonstradas
quais as variáveis a especificar e a calcular nos vários tipos de barramentos, sendo que um
barramento com geração pode ser do tipo PQ ou PV (ou de balanço). Em geral haverá apenas um
barramento de balanço.
Tabela 3.1 – Tipos de barramentos (extraído de [4])
3.1.2 Transformadores
Os transformadores com regulação de tensão podem ser representados pelo esquema
equivalente em π da Figura 3.1.
ccYmm
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛ −111
ccYm⎟⎠⎞
⎜⎝⎛ −
11
mYcc
Figura 3.1 – Esquema equivalente em π do transformador
Obtém-se, para os transformadores, a seguinte matriz de admitâncias nodais:
(3.1)
onde ccY é a admitância de curto-circuito do transformador e m é a relação de transformação.
⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
−
−=
CCCC
CCCC
Ym
YmY
mY
Y*2
23
3.1.3 Linhas
Para o modelo da linha utiliza-se o esquema equivalente em π. Esta pode ser modelada por uma
admitância longitudinal concentrada ijLY e uma admitância transversal igualmente repartida pelos
dois extremos da linha ijTY
O esquema equivalente da linha é apresentado na Figura 3.2.
Figura 3.2 – Esquema equivalente em π da linha
Para efeitos de cálculo do Trânsito de Energia, a matriz de admitâncias nodais a considerar para
estes ramos é dada por:
(3.2)
A admitância longitudinal [ ]puYL é dada pela expressão:
(3.3)
onde jXRZL += .
A admitância transversal [ ]puYT pode ser calculada através de:
(3.4)
⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
+−
−+=
LT
L
LLT
YYY
YYY
Y
2
2
LL Z
Y 1=
jBGYT +=
24
3.1.4 Baterias de condensadores
As baterias de condensadores, também designadas por elementos de compensação transversal,
são utilizadas para controlar o nível de tensão no local onde são inseridas, através da produção de
energia reactiva.
Numa bateria de condensadores com capacidade C, a potência reactiva gerada é dada por:
(3.5)
No Trânsito de Energia, a admitância da bateria de condensadores é dada por:
(3.6)
onde cnQ e nV são a potência reactiva nominal e a tensão nominal da bateria, respectivamente.
De notar que a admitância é adicionada apenas ao elemento diagonal da matriz de admitâncias
nodais, correspondendo ao barramento a que a bateria de condensadores se encontra ligada.
3.1.5 Método do Desacoplamento
O Método do Desacoplamento é uma variante do método de Newton-Raphson, que tira partido da
fraca interacção entre a potência reactiva e o argumento da tensão por um lado, e entre a potência
activa e a tensão por outro.
Pretende-se apenas apresentar a descrição do processo iterativo do método do desacoplamento,
utilizado para o cálculo do Trânsito de Energia. A sua implementação foi realizada em [5] na
realização do programa TERPROD. O programa foi, neste trabalho, adaptado para o estudo de redes
de parques eólicos, contudo a implementação do Método do Desacoplamento não foi alterado.
Em [4], é descrito o Método do Desacoplamento, cujo princípio de funcionamento é descrito
abaixo. Este método não é descrito exaustivamente, uma vez que a sua implementação já se
encontrava realizada. Descreve-se o método apenas para inclusão no processo global de
optimização.
No Método de Newton-Raphson define-se a matriz Jacobiano [J]:
(3.7)
2n
CnC V
QjCjY == ω
2.. VCQ ω−=
[ ]
⎥⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
∂∂
∂∂
∂∂
∂∂
=
n
nn
n
xf
xf
xf
xf
J
...
......
...
1
1
1
1
25
Através da aplicação deste método ao Trânsito de Energia, obtém-se:
(3.8)
sendo que:
(3.9)
O Método do Desacoplamento consiste em desprezar as sub-matrizes [N] e [J] do Jacobiano, o
que conduz a duas equações desacopladas para a potência activa e para a potência reactiva:
(3.10)
(3.11)
O fluxograma do processo iterativo está representado na Figura 3.3, no qual se observa que (3.10)
e (3.11) são resolvidas alternadamente, fazendo-se um teste de convergência após cada cálculo de
[ ]PΔ e [ ]QΔ . De notar que as matrizes [ ]H e [ ]L presentes em (3.10) e (3.11) sofrem algumas
simplificações quando aplicadas ao Método do Desacoplamento. Para obter a forma de cálculo
destas matrizes, pode ser consultado [4].
Assim é possível terminar o cálculo das tensões após a convergência dos argumentos, caso os
módulos já tenham convergido na iteração anterior, o que corresponde a meia iteração.
⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡ΔΔ
⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡=⎥
⎦
⎤⎢⎣
⎡ΔΔ
VVljnh
QP
/δ
[ ] ⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡=
ljnh
J
[ ] [ ][ ][ ] [ ][ ]VVLQ
HP/Δ=Δ
Δ=Δ δ
26
Figura 3.3 – Fluxograma do processo iterativo para o método
do desacoplamento (extraído de [4])
3.2 Curto-Circuitos
Os cálculos de Curto-Circuitos, são realizados com o principal objectivo de dimensionar os
equipamentos e as protecções do sistema. Para este efeito, o cálculo dos curto-circuitos é efectuado
calculando as correntes em todos os ramos e as tensões em todos os barramentos, para os casos
em que o curto-circuito se encontra em cada um dos ramos.
Efectuados estes cálculos verifica-se, para todos os curto-circuitos, qual o que provoca uma
corrente maior num dado ramo, permitindo assim dimensionar os cabos a instalar. O cálculo das
protecções está fora do âmbito deste trabalho, considerando-se que todos os curto-circuitos são
extintos num tempo máximo de 1 segundo, para efeitos de dimensionamento dos cabos.
Uma vez que os modelos dos vários elementos da rede já foram apresentados na secção 3.1,
descreve-se agora as alterações a efectuar naqueles modelos para os cálculos de curto-circuitos.
27
3.2.1 Geradores
No cálculo dos curto-circuitos, todos os geradores são modelados como máquinas síncronas.
Ainda que actualmente os aerogeradores possuam maioritamente máquinas assíncronas duplamente
alimentadas (secção 2.1), para efeito de cálculos dos curto-circuitos, estas são modeladas como
máquinas síncronas, uma vez que é necessário conhecer a reactância.
Na Figura 3.4 apresenta-se o esquema equivalente de uma máquina assíncrona (ou máquina de
indução).
Figura 3.4 – Esquema equivalente da máquina assíncrona
Ainda que a máquina de indução não possua uma reactância transitória (característica da máquina
síncrona), é calculada uma reactância transitória equivalente, de modo a que a modelação da
máquina assíncrona como máquina síncrona seja possível. Torna-se possível assim, calcular a
contribuição destes geradores para as correntes de curto-circuito.
Assim, obtém-se uma Reactância Transitória equivalente dX ′ , dada por:
RM
RMSd XX
XXXX
′+
′+=′
. (3.12)
Obtém-se o esquema equivalente do gerador assíncrono modelado como gerador síncrono,
apresentado na Figura 3.5, que será utilizado no cálculo dos curto-circuitos.
jX’d
E’+
-
Figura 3.5 - Esquema equivalente da máquina síncrona
De notar que, neste modelo, foi desprezada a resistência dos enrolamentos e as componentes da
corrente de curto-circuito para além da componente à frequência fundamental.
28
A título de exemplo, numa máquina de indução com uma reactância do estator de
puX S 055.0= , uma reactância de rotor reduzido ao estator de puX R 1375.0=′ e uma reactância
magnetização de puX M 4935.3= , obtém-se por (3.1), uma reactância equivalente de
puX d 2,01375,04935,31375,04935,3055,0 ≈
+×
+=′
Estes dados são dados típicos de uma máquina de indução de potência MWP 5.1= e são os
dados utilizados para os aerogeradores utilizados no caso de estudo (Capítulo 5).
No trânsito de energia, os geradores são modelados como fontes de potência constante, o que
não é adequado ao cálculo das correntes de curto-circuito. Neste caso, o gerador é modelado por
uma fonte de corrente iI em paralelo com a respectiva admitância transitória iGY .
3.2.2 Transformadores
O modelo do transformador, tal como o modelo do gerador, não difere do utilizado no trânsito de
energia. Despreza-se o ramo transversal correspondente à impedância de magnetização e retém-se
o ramo longitudinal com a impedância de curto-circuito. Uma vez que os cálculos são realizados
considerando a rede em vazio no estado pré-defeito, toma-se uma relação de transformação unitária.
3.2.3 Linhas
O modelo da linha é também idêntico ao utilizado no trânsito de energia, ou seja, o esquema
equivalente em π. A admitância transversal tem uma influência reduzida, pelo que pode ser
desprezada sem cometer um erro significativo.
3.2.4 Baterias de condensadores
Uma vez que é considerada a rede em vazio no estado pré-defeito, com um perfil de tensão
uniforme, desprezam-se todos os elementos transversais, como as baterias de condensadores e as
capacidades das linhas.
Caso existissem cargas, estas seriam igualmente desprezadas, pois estes elementos afectam as
correntes de curto-circuito de uma forma pouco significativa.
29
3.2.5 Cálculo de Curto-Circuitos
Os cálculos de curto-circuitos a efectuar consideram apenas os curto-circuitos trifásicos simétricos.
Os curto-circuitos fase-fase, fase-terra e fase-fase-terra não são calculados, uma vez que o objectivo
das cálculos é apenas obter a ordem de grandeza das correntes que circulam nos cabos em caso de
ocorrência de um defeito, para fins de dimensionamentos de cabos.
Ao contrário do trânsito de energia, o modelo matemático que permite calcular os curto-circuitos
não requer o uso de métodos iterativos. Assim, para o cálculo dos curto-circuitos trifásicos simétricos,
é necessário efectuar uma redução da rede e calcular a impedância equivalente a montante. Através
da matriz de impedâncias nodais é obtido o valor das correntes.
Nestes cálculos considera-se a rede em vazio antes da ocorrência do defeito, com um perfil de
tensão uniforme (igual à tensão nominal). Retêm-se as impedâncias dos geradores, transformadores
e cabos.
Uma vez determinadas as impedâncias dos elementos do sistema numa base comum, compõem-
se de acordo com a respectiva topologia, procedendo-se à redução da rede até à obtenção da
impedância equivalente de Thévenin vista do ponto de defeito. Através desta impedância calcula-se a
corrente de curto-circuito.
A potência de curto-circuito máxima permite o dimensionamento do poder de corte dos disjuntores
e de outros elementos da rede, tais como os cabos; a potência de curto-circuito mínima permite o
cálculo das perturbações resultantes da ligação de geradores (e cargas quando existem) e da
sensibilidade das protecções contra curto-circuitos. A corrente de curto-circuito mínima não é
calculada pelos motivos apontados no início deste capítulo.
Em redes com uma estrutura radial, pode substituir-se a rede a montante de um barramento pela
sua impedância equivalente de Thévenin (impedância de curto-circuito ccZ ). Esta impedância é
calculada a partir da potência de curto-circuito ccS imposta pela rede a montante do barramento em
questão, em pu, através de:
(3.13)
No caso da rede que é considerada neste estudo, considera-se a rede a que o parque eólico está
ligado, com puScc 20= . Assim, tem-se uma impedância de curto-circuito:
(3.14)
Em redes de grande dimensão, o cálculo das correntes de curto-circuito exige uma formulação do
problema que seja aplicável à solução computacional. Através da matriz de impedâncias nodais [Z]
(inversa da matriz de admitâncias nodais [Y]) é possível efectuar os cálculos desejados.
cccc S
Z 1=
puZcc 05.0201
==
30
Obtida a matriz, por aplicação do Teorema da Sobreposição, o vector das tensões nodais após o
curto-circuito [ ]ccV é dado pela soma do vector das tensões pré-defeito [ ]0V com o vector das
variações de tensão [ ]TV resultantes da ligação do gerador equivalente de Thévenin no nó i, no qual
se dá o defeito:
(3.15)
O vector [ ]TV é obtido através de:
(3.16)
sendo:
(3.17)
e
(3.18)
[ ]ccI é o vector das correntes de curto-circuito injectadas. O elemento não nulo corresponde ao nó de
defeito i.
Obtém-se das equações (3.20) e (3.21):
(3.19)
A corrente de curto-circuito cciI é desconhecida, mas pode ser relaccionada com a tensão
cciV através de:
(3.20)
[ ] [ ] [ ]Tcc VVV += 0
[ ] [ ][ ]ccT IZV =
[ ] [ ] 1−= YZ
[ ] [ ] [ ][ ]cccc IZVV += 0
[ ]
⎥⎥⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
−=
0...
...0
ccicc II
ccidef
cci IZV =
31
onde defZ é a impedância de defeito.
O valor da corrente de curto-circuito pode, assim ser dado por:
(3.21)
Uma vez que se consideram todos os curto-circuitos como sendo francos, 0=defZ e
consequentemente 0=cciV e obtém-se:
(3.22)
em que iiz é o elemento diagonal da matriz de impedâncias nodais, correspondente ao barramento i,
coincidente com a impedância equivalente de Thévenin da rede vista desse barramento.
Calculada a corrente de curto-circuito no barramento i, podem calcular-se as tensões nos outros
barramentos, através de:
(3.23)
Conhecidas as tensões nos barramentos, podem calcular-se as correntes nos ramos da rede, pela
expressão:
(3.24)
Realizando este procedimento para todos os barramentos da rede, obtêm-se os valores das
correntes nos ramos e das tensões nos barramentos, podendo assim dimensionar-se os cabos.
defii
icci Zz
VI+
=0
ii
icci z
VI0
=
00i
ii
jij
ccj V
zz
VV −=
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−=
=
00i
ii
jijs
ccjs
ccji
Vzz
VY
VYI
ij
ij
32
3.3 Análise Económica
3.3.1 Custos
Os custos associados à instalação de um parque eólico dependem de vários factores, sendo os
custos de instalação os mais relevantes. Para o cálculo dos custos utiliza-se um modelo simplificado,
onde se admite que:
• O investimento total é realizado no instante inicial, t=0
• A utilização anual da potência instalada, ah , é constante ao longo da vida útil do parque
• Os encargos de Operação e Manutenção (O&M), omd ,são constantes ao longo da vida útil
do parque e iguais a 1% do investimento total, tom Id %1= .
O custo unitário médio actualizado da energia produzida (€/kWh) é dado por:
(3.25)
sendo
(3.26)
o inverso do factor presente da anuidade, a a taxa de actualização, n o número de anos de vida útil
da instalação, omd os encargos de operação e manutenção (O&M) em percentagem do investimento
total (pu) e tI o custo de investimento total (€).
A utilização anual da potência instalada, ah , em horas, pode ser calculada através de:
(3.27)
em que aE é a produção anual de energia (kWh) e iP é a potência instalada (kW).
( )a
omta E
diIc
+=
( )( ) 11
1−+
+= n
n
aaai
i
aa P
Eh =
33
Assim, dividindo pela potência instalada, o custo unitário médio actualizado pode ser calculado
através de:
(3.28)
em que 01I é o investimento unitário (€/kW).
Consideram-se que as saídas de dinheiro ocorrem de modo irregular desde t=0 a t=n-1 e que as
receitas se obtêm, também de modo irregular desde t=1 a t=n. Para os cálculos é admitido que as
despesas são feitas no primeiro dia do ano durante o qual se pagam e que as receitas entram no
último dia do ano durante o qual realmente se recebem.
3.3.2 Cálculo Energético
Para o cálculo da energia produzida pelo parque eólico, bem como da energia de perdas e da
energia fornecida à rede, alguns conceitos devem ser introduzidos, tais como o cálculo da potência
eólica, o coeficiente de potência PC , e a distribuição de Weibull.
Potência Eólica
A potência disponível no vento é dada pela expressão:
(3.29)
A energia cinética associada ao deslocamento de ar a uma velocidade uniforme e constante,
)/( smu , é a energia disponível para uma turbina eólica. Através de (3.29) pode verificar-se que a
coluna de ar que atravessa a secção plana transversal )( 2mA do rotor da turbina, desloca uma
massa de ar )/( skgAuρ , em que ρ é a massa específica do ar. É considerado
3/225.1 mkg=ρ .
Verifica-se ainda, na equação (3.29), a importância da colocação das turbinas em locais com
velocidades do vento elevadas no sucesso económico dos projectos de energia eólica, uma vez que
a potência disponível é fortemente dependente da velocidade do vento.
( )a
oma h
diIc += 01
3
21 AuPdisp ρ=
34
Coeficiente de Potência - PC
Apesar da potência disponível no vento ser dada por (3.29), esta não pode ser totalmente
convertida em potência mecânica no veio da turbina, uma vez que o vento, ao atravessar o plano das
pás, sofre uma perturbação. O máximo rendimento teórico da conversão da energia cinética em
energia mecânica é dado pelo Limite de Betz e tem o valor de %3.5927/16 ≈ .
O rendimento efectivo da conversão numa turbina eólica é dado por:
(3.30)
sendo mP a potência mecânica disponível no veio da turbina.
Usualmente, define-se PC com o rendimento do gerador eléctrico, pelo que a expressão assume
a forma:
(3.31)
sendo eP a potência eléctrica fornecida aos terminais do gerador.
Uma curva característica de PC em função da velocidade do vento )/( smu para um
aerogerador de potência MWP 5.1= é apresentada na Figura 3.6 (a). Na Figura 3.6 (b) mostra-se
uma curva da potência eléctrica em função da velocidade do vento, para o mesmo aerogerador.
(a) (b)
Figura 3.6 – Curvas de um aerogerador: (a) Curva de Cp em função da velocidade do vento, (b) Curva
de potência em função da velocidade do vento
disp
mP P
PuC =)(
disp
eP P
PuC =)(
35
Distribuição de Weibull
A distribuição de Weibull é a distribuição probabilística mais adequada para descrever o regime de
ventos. A expressão da função densidade de probabilidade de Weibull é dada por:
(3.32)
em que u é a velocidade média do vento, c é um parâmetro de escala com as dimensões da
velocidade e k é um parâmetro de forma sem dimensões.
A velocidade média anual calcula-se através de:
(3.33)
A distribuição da velocidade média do vento é normalmente discreta, em classes de 1 m/s, pelo
que a velocidade média anual se calcula, de forma aproximada por:
(3.34)
Na Figura 3.7 mostra-se a distribuição de Weibull típica para um dado local. Na referida curva, os
parâmetros de Weibull considerados foram 97.1=k e 3.8=c .
Figura 3.7 – Distribuição de Weibull
⎪⎭
⎪⎬⎫
⎪⎩
⎪⎨⎧
⎥⎥⎦
⎤
⎢⎢⎣
⎡⎟⎠⎞
⎜⎝⎛−⎟
⎠⎞
⎜⎝⎛=
− kk
cu
cu
ckuf exp)(
1
( )∫∞
=0
udufuuma
( )∑=
=max
0
u
uma ufuu
36
Cálculo da Energia
Tendo sido representado o perfil de ventos do local a instalar os aerogeradores, o valor esperado
para a energia produtível anualmente é dado por:
(3.35)
onde ( )uf é a densidade de probabilidade da velocidade média do vento, ( )uPe é a característica
eléctrica do aerogerador, 0u é a velocidade de cut-in (velocidade mínima a que o aerogerador
consegue produzir energia) e maxu é a velocidade de cut-out (velocidade máxima a que o
aerogerador consegue produzir energia).
Tal como acontece com o cálculo da velocidade média anual do vento, o cálculo da energia anual
é também calculado com as distribuições discretas, pelo que (3.35) assume a forma:
(3.36)
O valor da energia anual dado por (3.36) considera a distribuição de ventos do local, bem como as
potências calculadas para as respectivas velocidades do vento para a máquina em questão (através
do Cp). Contudo, este cálculo da energia não considera as perdas na rede, que provocarão um
decréscimo na energia produzida. O cálculo da energia considerando as perdas será descrito
aquando da descrição da optimização.
( ) ( ) uduPufEu
uea ∫=
max
0
8760
( ) ( )∑=max
0
8760u
uea uPufE
37
CAPÍTULO 4
4 Optimização de Parques Eólicos
Uma vez que os parques eólicos começam a tomar alguma dimensão (da ordem de dezenas de
aerogeradores), torna-se necessário realizar um dimensionamento cuidado da sua rede eléctrica
interna, tendo em conta determinados critérios de optimização.
Pretende-se, em termos estritamente técnicos, obter a rede com as menores perdas, por forma a
maximizar a produção de energia. Por outro lado, considerando a vertente económica, a rede com
menores perdas pode não ser a rede que leva a um menor custo da energia produzida, caso aquela
exija um investimento mais elevado, não se justificando esse acréscimo para o aumento de energia
produzida. Portanto, é relevante analisar o custo da energia produzida para verificar o interesse
económico de cada solução.
Assim, a optimização deve ser realizada ponderando duas vertentes: por um lado a optimização
técnica, sendo desejado minimizar as perdas de energia; e por outro lado a optimização económica,
onde o objectivo é minimizar os custos da energia produzida.
4.1 Critérios de optimização
De forma a obter um parque eólico optimizado em termos de produção de energia e de custos da
energia produzida, diversos factores devem ser levados em conta. Entre eles, destacam-se:
O tipo de aerogerador a utilizar;
A localização dos aerogeradores no terreno para obter as melhores condições de vento e
minimizar o efeito de esteira;
O modo de ligação entre aerogeradores e quais os cabos a usar para obter as menores
perdas de energia;
O cálculo da energia que será perdida devido a avarias em cabos, questão que se prende com
a fiabilidade do parque.
Uma vez que considerar todos estes factores levaria a uma análise bastante complexa, e sendo
que se pretende realizar uma optimização da rede eléctrica interna, alguns destes factores são
estipulados à partida.
38
Como tal, admite-se que o tipo de aerogerador a considerar na rede analisada é o definido no
projecto de base, que dará origem à optimização. Assume-se também o conhecimento prévio da
localização dos aerogeradores no terreno, supondo-se que estes se encontram nos locais com as
melhores condições de vento e com uma distância entre si que minimiza a turbulência provocada por
uma turbina nas turbinas que o rodeiam (efeito de esteira).
Nestes termos, a optimização do parque eólico é realizada em termos das ligações da rede de
Média Tensão interna do parque, sendo analisadas as várias configurações possíveis. Para este
efeito são descritos, de seguida, os critérios considerados nesta optimização.
4.1.1 Minimização das Perdas
Dimensionamento dos cabos
Os cabos a utilizar na rede de Média Tensão são dimensionados de acordo com os resultados
obtidos no trânsito de energia para a corrente máxima em regime estacionário. De seguida são
calculados os curto-circuitos e, caso seja necessário, a secção será aumentada de acordo com os
máximos estipulados para os respectivos cabos.
O tipo de cabos a instalar (alumínio ou cobre) é escolhido tendo em consideração que os cabos de
cobre são bastante mais caros que os de alumínio, ainda que permitam obter perdas mais baixas, de
acordo com as características dos cabos.
Assim, os cabos a utilizar são os cabos de alumínio sempre que possível, para que sejam obtidos
investimentos mais baixos. Uma vez ultrapassados os limites máximos da corrente em regime
estacionário e/ou da corrente de curto-circuito dos cabos de alumínio, então serão utilizados cabos de
cobre, os quais permitem correntes mais elevadas.
Por Rede Receptora (RR) designa-se a rede pré-existente à qual se liga a instalação de produção.
Quando se trata a minimização das perdas pretende-se em primeira instância, obter através do
Trânsito de Energia, as potências activa e reactiva produzidas no parque eólico e que não são
entregues à RR. Através destes cálculos, uma análise comparativa pode ser efectuada e a solução
mais apropriada pode ser seleccionada.
Uma vez que o objectivo é realizar uma comparação das perdas das várias redes, nos cálculos do
trânsito de energia não são incluídos os dados do vento no local, mas em alternativa são
considerados os geradores em funcionamento nominal, por forma a obter o pior caso (onde as perdas
são maiores).
Os geradores considerados são máquinas de indução e como tal são máquinas consumidoras de
potência reactiva. Assim como os geradores, os transformadores também consomem este tipo de
potência. Uma vez que este consumo provoca perturbações nos níveis de tensão da rede, este deve
39
ser minimizado. Além do mais, ainda que a potência reactiva não produza energia, esta é necessária
às máquinas de indução e o seu consumo da rede traz custos acrescidos.
O Decreto-Lei n.º 339-C/2001 altera o Decreto-Lei 168/99 que revê o regime aplicável à actividade
de produção de energia eléctrica, no âmbito do sistema eléctrico independente. As alterações feitas
neste Decreto-Lei são essencialmente referentes à remuneração da energia produzida,
diferenciando-se as diferentes tecnologias.
É estipulado neste Decreto-Lei que:
Os geradores assíncronos devem assegurar o fornecimento de energia reactiva, nos períodos
de horas cheias e de ponta, através de baterias de condensadores.
Os produtores devem, nos períodos fora de vazio, fazer acompanhar o fornecimento de
energia activa de uma quantidade de energia reactiva correspondente, no mínimo, a 40% da
energia activa fornecida.
Os produtores não devem, nos períodos de vazio, fornecer energia reactiva à rede.
A energia reactiva em excesso/défice nas horas fora de vazio e a fornecida nas horas de vazio
são recebidas/pagas pelo produtor, durante os primeiros 144 meses de exploração da central
renovável, aos preços fixados no tarifário relativo à alta tensão, para, respectivamente, a
energia reactiva indutiva e a energia reactiva capacitiva.
Após o período referido, a energia reactiva em excesso/défice nas horas fora de vazio e a
fornecida nas horas fora de vazio são recebidas/pagas pelo produtor aos preços fixados no
tarifário relativo à muito alta tensão, para, respectivamente, a energia reactiva indutiva e a
energia reactiva capacitiva.
Assim, para evitar o pagamento de energia reactiva, torna-se necessária a instalação de baterias
de condensadores para produzir a energia reactiva consumida pelo geradores assíncronos e pelos
transformadores (total ou parcialmente).
Actualmente, os aerogeradores permitem controlar a velocidade e a potência através de
electrónica de potência, usando IGBTs (Insulated Gate Bipolar Transistor) e controlo electrónico PWM
(modulação por largura de impulsos). Estes controlos têm a vantagem de permitir o controlo da
potência activa e reactiva, reduzir o conteúdo harmónico e aumentar a eficiência da conversão,
aumentando assim a vida útil da máquina.
Como exemplo, o modelo G80-1.5MW da Gamesa, permite controlar o factor de potência entre
0.95cap e 0.95 ind em toda a gama de potências. Verifica-se, portanto, que a electrónica de potência
é uma alternativa parcial às baterias de condensadores, uma vez que permite regular o factor de
potência até um determinado valor, sendo que poderão entrar as baterias de condensadores apenas
caso seja necessário um valor mais elevado para a ( )ϕtg do que o valor que é possível obter com a
electrónica de potência.
40
De modo a reduzir a potência reactiva consumida, deve ter-se o cuidado de evitar perdas por
efeito de Joule e quedas de tensão suplementares na rede interna do parque, assim como evitar o
sobredimensionamento dos transformadores dos aerogeradores e da subestação.
Pelo exposto acima, pode concluir-se que é interessante analisar três casos distintos:
• Rede com factor de potência unitário, ( ) 0=ϕtg , de forma a verificar a quantidade de
energia reactiva consumida na rede interna do parque;
• Rede com compensação do factor de potência, tal que ( ) 2.0=ϕtg , o que corresponde a
toda a energia reactiva consumida na rede interna do parque, sendo ainda uma pequena
parcela injectada na rede;
• Rede com compensação do factor de potência, tal que ( ) 4.0=ϕtg , sendo que com este
factor de potência toda a energia reactiva consumida no interior do parque é compensada e
ainda é injectada na rede uma quantidade considerável de energia deste tipo.
Nos cálculos do Trânsito de Energia é calculada a potência que transita em cada ramo. Uma vez
que os transformadores e os cabos têm uma potência máxima admissível, a qual não deve ser
excedida, torna-se necessário efectuar o cálculo dos Curto-Circuitos, de forma a verificar se, na
eventualidade de um curto-circuito, os ramos não são submetidos a correntes demasiado elevadas
que possam colocar em perigo quer as instalações quer pessoas.
Assim, para uma dada rede, os cabos são inicialmente dimensionados através da corrente
máxima que os percorre em regime estacionário, da forma como é exemplificado na Figura 4.1.
Figura 4.1 – Exemplo de corrente máxima em regime estacionário que percorre os ramos
Sendo as potências dos aerogeradores da Figura 4.1 todas iguais e, assumindo uma tensão de
kVV 20= e que, em funcionamento nominal, os geradores têm MWP 5.1= , tem-se que:
(4.1)
AV
SI 3,4310203
105,13 3
6
1 =×⋅
×=
⋅=
41
As correntes máximas em regime nominal obtidas para os restantes ramos são obtidas somando
as contribuições dos aerogeradores a montante desse ramo.
Usualmente, os dados fornecidos pelos fabricantes de cabos são a resistência [ ]kmR /Ω , a
indutância [ ]kmmHL / e a capacidade [ ]kmFC /μ . Assim, para os cálculos de TY e LY , tem-se
que:
(4.2)
(4.3)
(4.4)
sendo puR , puX e puB a resistência, a reactância e a susceptância em pu, respectivamente.
l representa o comprimento do cabo [ ]km , fπω 2= é a frequência, com Hzf 50= e bZ é a
impedância de base dada por:
(4.5)
onde bV representa a tensão de base e bS a potência de base.
Obtidas as correntes máximas em regime estacionário de todos os ramos, deve de seguida ser
realizado o cálculo dos curto-circuitos em todos os barramentos. Através da corrente de curto-circuito
máxima que atravessa um cabo, a secção do cabo é aumentada, caso esta corrente o justifique.
Depois de dimensionados todos os ramos, o cálculo do Trânsito de Energia é finalmente
efectuado, permitindo obter as potências em jogo, bem como as perdas totais.
Fiabilidade
O problema da fiabilidade é uma questão que requer alguma atenção, pois um aerogerador que
esteja em condições de produzir energia, mas que não tenha a possibilidade de escoamento da
energia produzida para a rede receptora (RR) leva a uma produção menor e portanto a uma perda de
receitas.
A rede eléctrica interna do parque eólico é uma rede radial, constituída por um conjunto de ramos.
Os cálculos efectuados para a perda de fornecimento de energia devido a falta de fiabilidade entram
bpu Z
lRR ×=
bbpu Z
lLZ
lXX ×=
×=
ω
bpu ZlBB ××=
b
bb S
VZ2
=
42
apenas em consideração com as avarias dos cabos que fazem a interligação entre aerogeradores e
destes à subestação e não consideram avarias na aparelhagem de corte.
Assim, é considerado um modelo de dois estados para os ramos, correspondendo um ao estado
de avaria (A) e outro ao estado de funcionamento (F), apresentado na Figura 4.2.
Figura 4.2 – Modelo dos cabos para estudo da fiabilidade
Cada ramo é representado pela taxa de avaria, λ (avarias/ano/km) e pela taxa de reparação, μ. A
partir desta, determina-se o tempo médio de reparação, rT (horas), ou duração média do estado de
não funcionamento.
A indisponibilidade média anual de um ramo é determinada tendo em conta a taxa de avaria dos
ramos e o tempo médio de reparação e restabelecimento do serviço.
O modelo de fiabilidade utilizado é baseado em hipóteses que incluem a independência dos
acontecimentos, taxas de avaria e tempos de reparação. É ainda admitido que:
Havendo uma avaria num ramo, o disjuntor correspondente é aberto e todo o ramo é
colocado fora de serviço. O serviço é reposto após localização e isolamento da avaria por
abertura dos respectivos seccionadores e, se necessário, reparação da mesma.
O isolamento do defeito obriga à sua localização num tempo definido como tempo médio de
localização da avaria, lT . Uma vez que a localização do defeito é necessária para intervir na
sua reparação, este tempo é incluído no tempo de reparação, rT .
Na Figura 4.3 é mostrada uma rede utilizada para descrever o modo de cálculo das perdas de
energia por falta de fiabilidade.
Figura 4.3 – Esquema de rede para cálculo da energia perdida por falta de fiabilidade
43
Se um gerador i pertence a um ramo com n geradores, como representado na Figura 4.3, a sua
indisponibilidade média anual, iU é dada por:
(4.6)
onde iU é a indisponibilidade média anual do gerador i (horas/ano), rT é o tempo médio de
reparação (horas) e kλ é a taxa de avarias da linha k (avarias/ano).
Obtida a indisponibilidade de cada gerador devido a avarias nos cabos, deve ser calculada a
energia perdida por avarias nos cabos:
(4.7)
onde iE representa a energia anual produzida por cada turbina eólica. Uma vez que a
indisponibilidade média anual do gerador i é dada em horas/ano, há a necessidade de dividir esta
quantidade pelo número de horas de um ano, para obter o factor multiplicativo que representa a
percentagem de perdas por fiabilidade.
É assim interessante analisar estas perdas para cada uma das soluções, uma vez que a avaria de
um cabo tem influências diferentes na energia perdida, de acordo com os aerogeradores que se
encontram ligados nesse ramo. Tal como definido em [6], considerou-se que os parâmetros têm o
mesmo valor para todos os ramos e que assumem os seguintes valores:
Taxa de avarias: 05.0=λ avarias/ano/km
Tempo médio de reparação: 20=rT horas
A energia perdida por falta de fiabilidade pode ser determinante para a escolha da rede a
implementar, se as perdas de energia assim o justificarem.
4.1.2 Minimização do Custo da Energia Produzida
O cálculo da energia produtível é realizado conforme descrito na sub-secção 3.3.2, através da
equação (3.49), a qual se repete neste parágrafo para facilidade de visualização:
(4.8)
∑=
=i
krki TU
187601 λ
( ) ( )∑=max
0
8760u
ueproduzida uPufE
∑=
=n
iiifiabperdas EUE
1,
44
A equação (4.8) calcula, através da distribuição do vento e das características do aerogerador, a
energia máxima produtível. É interessante, na base da optimização, calcular as perdas em termos de
energia, de forma a ter um termo de comparação de perdas de receitas.
A energia de perdas é obtida sendo calculado o trânsito de energia para a potência obtida para
cada velocidade do vento e multiplicando o valor obtido pelo número de horas que a velocidade
correspondente ocorre num ano. Fica-se então com a expressão:
(4.9)
onde ( )uP TEperdas, é a potência de perdas obtida no Trânsito de Energia para cada uma das
velocidades do vento.
Considerando a energia perdida por falta de fiabilidade, fiabperdasE , , pode calcular-se a energia
anual fornecida à rede, a qual é dada por:
(4.10)
sendo totalperdasE , a energia total de perdas, dada por:
(4.11)
Obtida a energia fornecida à rede, deve ser calculado o custo unitário da energia fornecida à rede,
para cada uma das redes, de forma a analisar qual a rede com maior interesse económico. O custo
unitário de energia, dado pela expressão (3.25), é reproduzida na expressão (4.12):
(4.12)
De notar, em (4.12), que as despesas de operação e manutenção, omd , não são influenciadas
pela alteração da estrutura da rede interna do parque, uma vez que os cabos não têm manutenção
diferente de uma solução para outra. Assim, é considerado:
(4.13)
sendo basetI o investimento total do parque que serve de base à optimização. Este valor de omd é
considerado igual para todas as redes obtidas.
( ) ( )∑=max
0
,, 8760u
uTEperdasTEperdas uPufE
( )fornecida
omta E
diIc
+=
totalperdasproduzidafornecida EEE ,−=
fiabperdasTEperdastotalperdas EEE ,,, +=
basetom Id %1=
45
Os preços dos cabos de Média Tensão, incluídos no investimento total, tI , foram obtidos do
parque utilizado no caso de estudo apresentado no Capítulo 6: o Parque Mosqueiro. Uma vez que
nas redes obtidas foram utilizados cabos de secções diferentes do projecto base, devido às diferentes
configurações, e uma vez que não foi possível obter os dados de todos os cabos de Média Tensão
utilizados, foi utilizada uma expressão aproximada para calcular os preços dos cabos.
Na Tabela 4.1 apresentam-se os dados reais dos preços dos cabos de Média Tensão. Os valores
deixados em branco são os valores que serão obtidos pela expressão.
(a) (b)
Tabela 4.1 – Preços reais dos cabos de Média Tensão: (a) Preços de cabos de alumínio; (b) Preços dos cabos de cobre
Na Figura 4.4 é apresentada a curva descrita por uma aproximação logaritmica para cálculo do
preço dos cabos de alumínio e a respectiva expressão. Na Figura 4.5 apresenta-se o mesmo
resultado para uma aproximação polinomial de 2º grau. Uma vez que a aproximação de 2º grau
apresenta um andamento mais apropriado à obtenção dos resultados desejados, foi esta a expressão
utilizada.
46
Figura 4.4 – Aproximação logarítmica para cálculo do preço dos cabos de alumínio
Figura 4.5 – Aproximação polinomial de 2º grau para cálculo do preço dos cabos de alumínio
Assim, a expressão utilizada para o cálculo dos preços dos cabos de alumínio é dada por:
(4.14)
Para os cabos de cobre, apenas se tem o preço real dos cabos de 240mm2. Assume-se que estes
preços seguem o mesmo andamento que o dos cabos de alumínio. Uma vez que só é conhecido um
ponto para este tipo de cabos, esta aproximação pode não ser muito precisa, contudo permite ter
uma ideia da ordem de grandeza dos valores.
3355,10718,020001,0 ++−= xxy
47
De qualquer forma, não é cometido um erro significativo, uma vez que os cabos de cobre são
utilizados apenas quando não existem cabos de alumínio que suportem as correntes que percorrem
esse ramo, tal como explicado na secção 4.1.1. Desta forma, as correntes que percorrerão os cabos
de cobre serão relativamente elevadas, pelo que os cabos utilizados são sempre de secções altas,
em geral precisamente os de 240mm2.
Pela aproximação polinomial de 2º grau para os cabos de cobre, obtém-se então a expressão de
cálculo dos preços destes cabos, em função da secção:
(4.15)
Através de (4.14) e (4.15), os preços obtidos para os cabos de alumínio e de cobre são os
apresentados na Tabela 4.2 (a) e 4.2 (b), respectivamente.
(a) (b)
Tabela 4.2 – Preços aproximados dos cabos de Média Tensão: (a) Preços de cabos de alumínio; (b) Preços dos cabos de cobre
Os valores obtidos para o investimento total, tI , e para os custos da energia fornecida, ac , são
alterados, neste estudo, pelos cabos utilizados em cada solução. No cálculo do investimento total, as
alterações são devidas ao custo dos cabos utilizados. No cálculo do custo de energia, além do
investimento, são relevantes as perdas nos cabos. Devido às pequenas diferenças dos resultados
entre soluções, os valores obtidos para tI e ac são apresentados em percentagem dos valores
respectivos da rede de base, para facilitar a análise comparativa.
3355,70718,020001,0 ++−= xxy
48
4.2 Algoritmo de optimização
O algoritmo de optimização descrito nesta secção é aquele usado na implementação do programa
Wind Farm Optimizer. É aqui resumido todo o trabalho realizado, sendo todas as questões discutidas
anteriormente implementadas neste algoritmo, de modo a atingir o objectivo estipulado: optimizar a
rede eléctrica interna de um parque eólico.
A base de optimização é, de uma forma geral, realizar agrupamentos de geradores, constituíndo
ramais que ligarão à subestação, sendo que em cada solução obtida, os ramais contêm diferente
número de aerogeradores.
Neste sentido, o algoritmo de optimização consiste em formar ligações entre geradores e destes à
subestação procurando que as correntes maiores se desloquem o menor trajecto possível até à
subestação. Assim, considerando a máxima corrente que o cabo com maior secção suporta, o
programa realiza o número de agrupamentos possíveis, testando as várias hipóteses. Desta forma,
redes que não são à partida candidatas a óptimas não são analisadas, permitindo assim reduzir-se
largamente as hipóteses a considerar.
Por exemplo, dois geradores não adjacentes ligados entre si, conduzirão a perdas elevadas, uma
vez que a corrente terá de viajar uma distância maior. Assim como um gerador distante da
subestação ligado directamente a esta conduzirá a perdas mais elevadas do que um gerador que se
encontre próximo daquela. Estas hipóteses são à partida eliminadas, uma vez que não conduziriam a
soluções interessantes.
Os cabos utilizados que têm a maior secção e suportam a maior corrente são os cabos de Cobre
com uma secção de 300 mm2 e têm uma corrente máxima admissível em regime estacionário de
In=578A.
Considerando geradores com uma potência nominal de MWP 5.1= e uma tensão de kVV 20=
a seguir ao transformador individual do aerogerador, obtém-se uma corrente de:
(4.16)
Isto significa que, para esta potência e esta tensão, estes cabos podem ligar no máximo 13
aerogeradores.
Contudo, os cabos de Cobre são utilizados apenas quando não existem cabos de Alumínio com
secção suficiente para suportar as correntes que o atravessam. Isto deve-se ao facto de os cabos de
Cobre serem bastante mais caros que os de Alumínio e as perdas não terem diferenças muito
significativas. Portanto, combinando cabos de Alumínio e Cobre para as interligações num ramal, o
número máximo de aerogeradores permitidos para um ramal é de 11.
Considerando a limitação de corrente imposta pelos cabos, são calculadas redes com vários
ramais com grupos de n geradores, sempre considerando o critério definido acima, onde se pretende
que as maiores correntes viajem o menor percurso possível.
AV
SI 3,4310203
105,13 3
6
=×⋅
×=
⋅=
49
Para o exemplo dado, os cabos permitem no máximo 11 aerogeradores por ramal, pelo que as
redes a analisar serão 11, fazendo agrupamentos de 1,2,3, ... , 11 aerogeradores por ramal.
Apresenta-se, de seguida, na Figura 4.6, um fluxograma que permite descrever o algoritmo
utilizado.
Projecto base
Análise económica
Atingido máx. de gerad. por ramal
Optimização económica
FIM
Não
Sim
Não
Sim
Forma novo agrupamento de aerogeradores
Cálculos de optimização
Análise das redes obtidas
Cálculos do vento
Figura 4.6 – Fluxograma do processo de optimização
50
Torna-se relevante descrever, mais pormenorizadamente, o processo do fluxograma acima que
permite realizar os Cálculos de optimização, para cada uma das soluções. O processo de cálculo das
ligações a formar em cada uma das redes é descrito no fluxograma da Figura 4.7.
Figura 4.7 – Fluxograma pormenorizado dos cálculos das várias redes
51
4.3 Wind Farm Optimizer
Utilizando o modelo descrito nas secções anteriores, foi desenvolvida uma aplicação em Visual
Basic for Applications (VBA) em ambiente Excel para criar um método intuitivo e simples de
optimização de redes eléctricas de parques eólicos. A aplicação foi denominada Wind Farm
Optimizer.
Apresenta-se no Anexo A uma descrição do modo de utilização do Wind Farm Optimizer, pelo que
nesta secção são apenas apresentadas as opções tomadas na elaboração do programa, bem como
algumas restrições e limitações deste.
4.3.1 Implementação
Esta aplicação foi desenvolvida com base no TERPROD, aplicação desenvolvida no Instituto
Superior Técnico no âmbito do Trabalho Final de Curso [5]. O programa TERPROD permite realizar o
Trânsito de Energia em Redes com Produção Descentralizada, o qual foi alterado para o caso
específico de parques eólicos.
Além disso, e uma vez que é necessário o cálculo de Curto-Circuitos para dimensionamento dos
cabos, foi utilizado o programa CCestrarProd, aplicação desenvolvida também no Instituto Superior
Técnico, como desenvolvimento do TERPROD e inclui um módulo de cálculo de Curto-Circuitos.
Assim, sendo incluído o Trânsito de Energia, o cálculo de Curto-Circuitos, a Análise Económica, o
algoritmo de optimização e tendo em conta os aspectos específicos de parques eólicos, foi
desenvolvido o Wind Farm Optimizer.
4.3.2 Restrições e limitações
O Wind Farm Optimizer, uma vez que se trata de uma aplicação para fins académicos, tem
algumas restrições, para facilitar a análise do Caso de Estudo apresentado no Capítulo 5. Estas
restrições são facilmente alteráveis para um caso geral, através da edição do código fonte.
Entre as limitações incluem-se questões como a potência unitária de cada aerogerador, que foi
considerada ser de 1.5MW, uma vez que é este a potência dos aerogeradores do caso em estudo.
Além disso, uma vez que a análise económica inclui bastantes parcelas de investimentos
diferentes, foi incluída a descrição e o preço detalhados da Obra Civil, dos Equipamentos Eléctricos e
de Segurança e Higiene no Trabalho directamente no código fonte, de forma a facilitar a introdução
dos dados no programa. Estes dados são mostrados na folha de cálculo da análise económica, para
que possam ser vistas em detalhe as diversas parcelas do investimento total.
52
CAPÍTULO 5
5 Caso de Estudo
Com o objectivo de testar a aplicação desenvolvida e como exemplo de aplicação prática das
metodologias descritas acima, apresenta-se neste capítulo a aplicação a um parque eólico
denominado Parque Eólico Mosqueiro, localizado no termo municipal do Concelho de Guarda e nas
freguesias de Famalicão, Seixo Amarelo e Gonçalo. O Promotor do Projecto é a empresa Sociedade
Produção de Energia Eólica S.A. (SPEE). Os dados do parque existente foram cedidos por esta
empresa, servindo este parque de base para a optimização realizada neste estudo.
O Parque Eólico Mosqueiro é composto de 25 aerogeradores de 1.500 kW de potência unitária,
sendo a potência total, portanto, de 37.5MW.
Na Figura 5.1 apresenta-se uma planta do parque eólico, mostrando a disposição dos
aerogeradores, bem como da subestação e as ligações entre eles.
Figura 5.1 – Planta do parque eólico Mosqueiro
53
5.1 Dados do parque
Para o estudo realizado, pressupõe-se o conhecimento prévio da localização dos aerogeradores
no terreno, sendo este definido no projecto base. Apresenta-se na Tabela 5.1 as coordenadas UTM
dos aerogeradores do parque eólico.
Nº
aerogeradorUTMx UTMy
1 640.726 4.480.530
2 640.547 4.480.450
3 640.356 4.480.370
4 640.100 4.480.268
5 639.999 4.480.170
6 639.817 4.480.040
7 639.659 4.479.849
8 639.540 4.479.610
9 639.360 4.479.420
10 639.278 4.479.190
11 639.208 4.478.890
12 639.269 4.478.640
13 639.250 4.478.250
14 639.191 4.477.912
15 639.010 4.477.630
16 638.858 4.477.337
17 638.727 4.477.150
18 638.961 4.477.160
19 639.114 4.477.030
20 639.269 4.476.890
21 638.880 4.476.790
22 638.655 4.476.727
23 638.500 4.476.585
24 638.315 4.476.475
25 638.125 4.476.380
Tabela 5.1 – Coordenadas UTM dos aerogeradores no parque eólico
No anexo B apresenta-se uma breve explicação das coordenadas UTM, descrevendo-se o
princípio de funcionamento deste sistema de coordenadas e como uma coordenada (UTMx,UMTy) de
uma determinada zona identifica um local.
54
5.1.1 Cabos
Para tensões superiores a 10kV, é conveniente utilizar cabos monopolares, devido ao
aquecimento dos condutores em cabos tripolares. Uma vez que a rede de MT do parque em estudo é
de 20kV, é este o tipo de cabo utilizado. Nas Tabelas 5.2 e 5.3 apresentam-se os dados dos cabos
monopolares de alumínio e de cobre, respectivamente.
Tabela 5.2 – Dados técnicos dos cabos monopolares de Alumínio
Tabela 5.3 – Dados técnicos dos cabos monopolares de Cobre
5.1.2 Geradores
Os geradores eólicos são máquinas de indução duplamente alimentadas com uma potência
unitária de 1.5MW. Tal como descrito na secção 3.1.1., estes geradores são modelados, para efeitos
de cálculo de curto-circuitos, como máquinas síncronas. Assim, considerou-se uma reactância
transitória equivalente (calculada em 3.2.1) de puX d 2.0' = e uma resistência dR nula.
A rede exterior ao parque eólico, onde este se encontra ligado foi assumida como um gerador com
uma reactância de pu05.0 , sendo portanto a sua potência de curto-circuito (em p.u.) dada por:
(5.1)
pu
XS
cccc 20
05.011
===
55
5.1.3 Transformadores
Os transformadores individuais de cada turbina eólica estão incluídos no interior da nacelle e têm
uma potência aparente de 1.6MVA. O tipo de ligações dos transformadores é Dyn11. Para estes
transformadores foi considerada uma resistência de curto-circuito %1=ccR e uma reactância de
curto-circuito de %10=ccX .
5.1.4 Subestação
O transformador da subestação tem uma potência aparente de 37.5MVA, tem um esquema de
ligações Dyn11 e foi considerada uma resistência de curto-circuito %1=ccR e uma reactância de
curto-circuito de %10=ccX .
5.2 Redes obtidas
Apresenta-se nesta secção os resultados das várias redes obtidas. Os dados do parque, utilizados
pelo Wind Farm Optimizer para os cálculos necessários, são os apresentados na secção 5.1. Uma
vez que foram obtidas 12 redes na optimização realizada (incluído a rede de base), são apenas
mostrados nesta secção os resultados para a rede original e para as 4 melhores soluções, de modo a
não sobrecarregar a apresentação de resultados. Os restantes resultados são apresentados no
Anexo C.
Para cada uma das 5 redes apresentadas, é apresentado o esquema unifilar, bem como os
resultados do Trânsito de Energia, da Análise Económica e os cálculos do vento e da energia. Os
resultados dos Curto-Circuitos não são apresentados, devido à sua extensão, uma vez que são
efectuados os cálculos das correntes em todos os ramos e da tensão em todos os barramentos, para
os casos em que se tem o curto-circuito em cada um dos barramentos. Uma vez que os curto-
circuitos são utilizados apenas para o dimensionamento dos cabos, a apresentação dos resultados
não é relevante para a análise da melhor rede obtida.
Uma vez que os cálculos do vento são comuns a todas as redes, apresenta-se na Figura 5.2 os
resultados do vento obtidos para o local e o parque eólico em questão. Para os cálculos destas
grandezas foi utilizada (3.32) para a função de Weibull, e (3.34) para a velocidade média anual do
vento.
Os cálculos da energia são calculados para cada uma das redes, uma vez que as perdas
influenciam a energia fornecida à rede. Estes cálculos são efectuados a partir de (4.8) para a energia
anual máxima (energia máxima produtível, sem considerar perdas), (4.10) para a energia anual
fornecida e (4.11) para a energia anual de perdas.
56
Figura 5.2 – Cálculos do vento
Assim, nas sub-secções seguintes apresenta-se, para cada uma das redes obtidas:
A potência activa de perdas [MW];
A potência reactiva de perdas [MVAr];
A energia produzida [MW];
A energia fornecida [MW];
A energia de perdas [MW];
O investimento total relativamente ao investimento do projecto base [%];
O custo unitário de energia relativamente ao custo unitário de energia do projecto base [%].
Estes valores são apresentados em três linhas diferentes da tabela de cada rede, com ( ) 0=ϕtg ,
( ) 2.0=ϕtg e ( ) 4.0=ϕtg , respectivamente.
57
5.2.1 Rede original
O dimensionamento da rede original foi realizado pelo projectista, sendo os cálculos efectuados,
nesta análise, apenas para fins comparativos com as restantes redes obtidas na optimização. No
caso desta rede, os cálculos do Trânsito de Energia e de Curto-Circuitos não pretendem fazer
qualquer dimensionamento, mas somente obter as grandezas mais relevantes.
Na Figura 5.2 mostra-se o esquema unifilar da rede original. Note-se que as ligações estão feitas
de acordo com a numeração dos aerogeradores, de forma a ter os aerogeradores mais perto da
subestação ligados a esta. Consegue-se deste modo garantir que as correntes mais elevadas viajam
o menor percurso possível, tal como é considerado no algoritmo de optimização.
L17
L21
32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52
1 2
23
24
21
22
19
20
17
18
15
16
13
14
11
12
9
10
7
8
5
6
3
4
25
26
27
28
29
30
31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51
G1G2G3G4G5G6G7G8G9G10G11
G14G13G12
G15 G16 G17 G18 G19 G20 G21 G22 G23 G24 G25
T0
T1T2T3T4T5T6T7T8T9T10T11
T12 T13 T14
T15 T16 T17 T18 T19 T20 T21 T22 T23 T24 T25
G0
L11
L10 L9 L8 L7 L6 L5 L4 L3 L2 L1
L12
L13 L14
L15
L16L18
L22 L23 L24 L25L19 L20
Figura 5.3 – Esquema unifilar da rede original
Os resultados obtidos para esta rede são apresentados na Tabela 5.4.
Tabela 5.4 – Resultados para a rede original
58
5.2.2 Rede com 6 geradores por ramal
Figura 5.4 – Esquema unifilar da rede com 6 geradores por ramal
Tabela 5.5 – Resultados para a rede com 6 geradores por ramal
59
5.2.3 Rede com 8 geradores por ramal
Figura 5.5 - Esquema unifilar da rede com 8 geradores por ramal
Tabela 5.6 – Resultados para a rede com 8 geradores por ramal
60
5.2.4 Rede com 9 geradores por ramal
44 46 48 50 52
1 2
11
12
9
10
7
8
5
6
3
4
43 45 47 49 51
21
22
19
20
17
18
15
16
13
14
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
G1G2G3G4G5G6G7G8G9
G10 G15G14G13G12G11
G20G19
G18G17G16
G25G24G23G22G21
G0 T0
T1T2T3T4T5T6T7T8T9
T10 T15T14T13T12T11
T20T19
T18T17T16
T25T24T23T22T21
L1L2L3L4L5L6L7L8
L9 L15L14L13L12L11
L20
L19
L18 L17L16
L25L24L23L22L21
L10
L9
Figura 5.6 – Esquema unifilar da rede com 9 geradores por ramal
Tabela 5.7 – Resultados para a rede com 9 geradores por ramal
61
5.2.5 Rede com 11 geradores por ramal
Figura 5.7 - Esquema unifilar da rede com 11 geradores por ramal
Tabela 5.8 – Resultados para a rede com 11 geradores por ramal
62
5.3 Comparação de resultados
Foram apresentadas, nas sub-secções 5.2.1 a 5.2.5 as 4 melhores redes obtidas na optimização,
assim como a rede original. As restantes redes obtidas são apresentadas no Anexo C.
Apresentam-se, nesta secção, os resultados obtidos para as diversas redes e com os diversos
factores de potência considerados. Na Tabela 5.9 mostram-se os resultados das 12 redes obtidas
quando se tem factor de potência unitário, ( ) 0=ϕtg , e nas Tabelas 5.10 e 5.11 apresentam-se os
resultados quando se tem compensação do factor de potência correspondente a ( ) 2.0=ϕtg e
( ) 4.0=ϕtg , respectivamente. Esta informação é compactada nesta secção para uma fácil análise
comparativa das diversas soluções.
Nestas tabelas, os valores apresentados em percentagem referem-se à percentagem da rede de
base, de forma a estabelecer uma relação com esta.
Tabela 5.9 – Resumo dos resultados com ( ) 0=ϕtg
63
Tabela 5.10 – Resumo dos resultados com ( ) 2.0=ϕtg
Tabela 5.11 – Resumo dos resultados com ( ) 4.0=ϕtg
64
Das Tabelas 5.9 a 5.11, podem ser tiradas algumas conclusões:
A rede com 1 gerador por ramal é a rede que permitiria obter as menores perdas, devido a ter
correntes menores a circular em cada um dos ramais, ainda que seja necessário um grande
comprimento de cabos (com pequena secção). Contudo, esta solução exigiria um investimento mais
alto, levando a um custo unitário de energia maior, e tornando-se portanto inviável. Os custos da
energia produzida são resultantes das perdas e da energia não entregue à rede. Em relação à
energia de perdas por fiabilidade, esta seria a melhor solução, uma vez que uma avaria num cabo
levaria à perda de produção de apenas um gerador.
Visto que as variações nas perdas de energia são pequenas (menores que 0.5% em relação à
rede original), tem-se um custo unitário de energia que tem também pequenas variações. Verifica-se
que variações no investimento implicam variações nas perdas de energia, pelo que deve ser
encontrado um compromisso entre os dois, de forma a escolher a melhor rede. Além disso, deve ser
escolhida uma rede com pequenas perdas por falta de fiabilidade.
Optando pelas redes com menores investimentos, seriam escolhidas as redes com 6, 9 e 10
geradores por ramal. Por outro lado, escolhendo as redes com menores custo unitários de energia,
seriam escolhidas as redes com 8, 9, 10 e 11 geradores por ramal.
Considerando as perdas de potência activa e reactiva, verifica-se que as redes obtidas na
optimização têm, na generalidade, menores perdas de energia reactiva do que a rede original, sendo
que as perdas de energia activa são ligeiramente superiores.
De uma forma geral, comparando as redes obtidas com a rede do projecto original, a qual serviu
de base à optimização, pode concluir-se que o investimento necessário para implementação das
soluções obtidas por aplicação da metodologia descrita, é inferior, sem afectar significativamente a
qualidade da solução.
65
CAPÍTULO 6
6 Conclusões
Nesta dissertação foi desenvolvido um modelo para análise da rede eléctrica interna de parques
eólicos, incluíndo a definição dos grupos de ligação dos aerogeradores e o dimensionamento dos
cabos eléctricos a utilizar nesta rede. O modelo desenvolvido permite realizar a optimização, onde se
pretende obter as menores perdas na rede por um lado; e o menor custo possível para a energia
produzida, por outro.
Este modelo foi aplicado a um caso real de um parque eólico denominado Parque Mosqueiro,
tendo-se obtido resultados correspondentes a soluções interessantes, que permitem considerar a
metodologia como uma ferramenta útil para apoiar o projecto da rede eléctrica de parques eólicos
Os resultados obtidos mostram que é possível obter soluções de projecto da rede eléctrica interna
de parques eólicos, que integram simultaneamente a definição do modo de ligações e o
dimensionamento dos cabos eléctricos, segundo uma filosofia de compromisso aceitável entre o
investimento a realizar e os custos da energia produzida.
Por comparação com a solução da rede que serviu de base à optimização pode verificar-se que o
investimento das soluções encontradas por aplicação da metodologia desenvolvida, com melhor
desempenho, é inferior, sem no entanto, afectar significativamente a qualidade da solução.
As soluções com valores de desempenho mais baixos, constituem soluções interessantes, que
contribuem para um melhor conhecimento do problema e ajudam no processo de tomada de decisão
da escolha do projecto.
66
ANEXOS
A. Manual do Utilizador
O desenvolvimento de uma aplicação foi realizado de modo a que fosse possível o estudo de
qualquer rede de um parque eólico. Esta aplicação permite optimizar a rede eléctrica interna do
parque, quer a nível técnico quer a nível económico, cabendo ao utilizador decidir qual das redes
criadas é a opção mais viável.
O programa é inicializado abrindo o ficheiro Wind Farm Optimizer.xls no Excel. A interface
apresentada ao utilizador é apresentada na Figura A.1.
Figura A.1 – Ecrã principal do programa Wind Farm Optimizer
Através do botão Iniciar Programa, surgirá uma janela, a qual é apresentada na Figura A.2.
Figura A.2 – Janela para estudo de uma única rede ou optimização
67
Aqui, deve ser escolhida a opção Simular rede projectada, no caso de se desejar introduzir os
dados de um parque para realização do Trânsito de Energia, dos Curto-Circuitos e, eventualmente da
Análise Económica de um único parque, sem realizar optimização.
Se for escolhida a opção Optimizar rede, poderá ser optimizada uma rede previamente inserida
num ficheiro ou introduzir uma nova rede para análise. De seguida deve ser escolhido se se deseja
realizar o estudo da rede apenas em termos técnicos (Trânsito de Energia e Curto-Circuitos) ou se se
deseja realizar também uma Análise Económica, Figura A.3.
Figura A.3 – Janela para escolha de análise técnica ou económica
Caso seja escolhida a opção Optimização económica, surgirá uma opção que deverá ser
seleccionada, caso deva ser incluído o estudo da viabilidade de ligações complementares para o
aumento da fiabilidade no parque, Figura A.4.
Figura A.4 – Janela para efectuar o estudo da hipótese de aumento de fiabilidade
Na janela da Figura A.2, tanto a opção Simular rede projectada como a opção Optimizar rede
levam à janela da Figura A.5, onde deverá ser escolhida a opção de Criar Rede ou Abrir Rede
existente. Uma rede criada numa das opções pode posteriormente ser utilizada na outra opção.
Figura A.5 – Janela para escolha de abertura ou criação de rede
68
Seleccionadas as opções desejadas, e na hipótese de criação de rede, esta é criada da mesma
forma para os dois casos. A diferença residirá então nos cálculos posteriormente efectuados pelo
programa. Como se pode verificar na Figura A.6, uma tabela é inicialmente criada para obter os
dados da rede que serão inseridos. A primeira janela a surgir para inserção de dados da rede está
também indicada nesta Figura e permite inserir os dados gerais.
Figura A.6 – Ecrã para introdução dos dados gerais da rede do parque
Começa assim a inserção de dados técnicos da rede, sendo os primeiros dados a ser inseridos, os
dados da subestação onde se encontram ligados os aerogeradores, Figura A.7.
É de salientar neste ponto que todos os dados em p.u. (por unidade) inseridos no programa
devem estar na base de potência do elemento em questão, uma vez que depois o programa realizará
os cálculos para colocar os valores na base correcta.
Como se pode verificar ainda na Figura A.7, a localização dos aerogeradores é determinada em
coordenadas UTM. No anexo B é feita uma pequena descrição destas coordenadas.
69
Figura A.7 – Janela para introdução dos dados da subestação
Para cada aerogerador surgirá, então, uma janela onde deverão ser introduzidas as coordenadas
UTM e a ligação do aerogerador, Figura A.8. A ligação do aerogerador deve ser sempre considerada
em direcção à subestação, i.e., no sentido em que flui a corrente em funcionamento normal, pelo que
um gerador tem sempre como ligação um gerador que esteja a jusante, e nunca a montante. Em
última instância, a ligação do aerogerador será a subestação.
Figura A.8 – Janela para introdução dos dados de localização dos aerogeradores
70
De seguida, na janela da Figura A.9, onde é pressuposto que todos os aerogeradores do parque
são iguais, devem ser introduzidos os dados dos geradores, bem como dos transformadores
individuais.
Figura A.9 – Janela para introdução dos dados dos aerogeradores e dos transformadores
A Figura A.10 representa a janela que surge de seguida, onde devem ser introduzidos os dados
dos cabos de ligação entre geradores e destes à subestação. Os campos ‘Partida’ e ‘Chegada’
devem ser introduzidos de forma coincidente e pela mesma ordem que introduzidos na janela
representada pela Figura A.8.
Figura A.10 – Janela para introdução dos dados dos cabos
71
Após serem introduzidos todos os dados técnicos da rede a analisar, surgirá uma janela, Figura
A.11, onde é perguntado ao utilizador se deseja introduzir os dados do vento, para que possa ser
realizada a Análise Económica.
Figura A.11 – Janela para decisão de introdução dos dados do vento
Em caso afirmativo, surgirão sequencialmente as janelas representadas nas Figuras A.12 e A.13,
para introdução dos dados do vento e dos dados para Análise Económica, respectivamente.
Em caso negativo, será imediatamente realizado o Trânsito de Energia e os cálculos dos Curto-
Circuitos, e a próxima interacção com o utilizador será para guardar o ficheiro, Figura A.14.
Figura A.12 – Ecrã para introdução dos dados do vento
72
Figura A.13 – Ecrã para introdução dos dados para Análise Económica
Finalmente, a janela da Figura A.14 surgirá, questionando o utilizador se deseja guardar a(s)
rede(s) produzida(s). Em caso afirmativo, deverá ser escolhido o nome do ficheiro que conterá os
dados da rede produzida. Caso seja produzida uma única rede, o nome introduzido será o nome de
gravação. Caso tenha sido realizada a optimização, o programa produzirá um ficheiro para cada rede,
acrescentando um número sequencial concatenado ao nome escolhido.
Figura A.14 – Janela para guardar os ficheiros produzidos
73
Em qualquer altura, se for desejado abortar o processo, poderá ser premido o botão ‘Cancelar’.
Surgirá uma janela a confirmar se pretende sair, Figura A.15, onde deve ser escolhido ‘OK’ para
fechar todas a Sheets criadas no Excel e regressar ao Menu Principal. Os dados introduzidos não
serão gravados.
Figura A.15 – Janela para confirmação de cancelamento
74
B. Coordenadas UTM
Para localização dos aerogeradores no terreno, foi utilizado o sistema de coordenadas UTM
(Universal Transverse Mercator). Este sistema é utilizado para localização terrestre e é baseado em
coordenadas métricas definidas para cada uma das 60 zonas em que se divide, múltiplas de 6 graus
de longitude e cujos eixos cartesianos de origem são o Equador para coordenadas N (Norte) e o
meridiano central de cada zona para coordenadas E (Este), devendo ainda ser indicada a zona UTM
da projecção, [7]. Na Figura B.1 é apresentado um mapa com a indicação das coordenadas UTM.
As coordenadas N crescem de sul para norte e são acrescidas de 10.000.000 metros para não
haver valores negativos a sul do Equador. As coordenadas E crescem de oeste para leste e são
acrescidas de 500.000 metros para não haver valores negativos a oeste do meridiano central.
Uma vez que Portugal se encontra na zona 29, cada coordenada N e E desta zona identifica
univocamente um local.
Como exemplo de coordenadas UTM, tem-se: Zona 23, N 8.569.300, E 645.750, o que significa
que o ponto referenciado encontra-se entre 36 e 48ºW (zona 23), 145.750 m a leste do meridiano
central e 1.430.700 m a sul do Equador.
Figura B.1 – Mapa com coordenadas UTM
Fonte: http://www.colorado.edu/geography/gcraft/notes/mapproj/gif/utmzones.gif
75
C. Redes obtidas na optimização
C.1. Rede com 1 gerador por ramal
Figura C.1 – Esquema unifilar da rede com 1 gerador por ramal
Tabela C.1 – Resultados para a rede com 1 gerador por ramal
76
C.2. Rede com 2 geradores por ramal
Figura C.2 – Esquema unifilar da rede com grupos de 2 geradores por ramal
Tabela C.2 – Resultados para a rede com 2 geradores por ramal
77
C.3. Rede com 3 geradores por ramal
Figura C.3 – Esquema unifilar da rede com grupos de 3 geradores por ramal
Tabela C.3 – Resultados para a rede com 3 geradores por ramal
78
C.4. Rede com 4 geradores por ramal
Figura C.4 - Esquema unifilar da rede com grupos de 4 geradores por ramal
Tabela C.4 – Resultados para a rede com 4 geradores por ramal
79
C.5. Rede com 5 geradores por ramal
Figura C.5 – Esquema unifilar da rede com grupos de 5 geradores
Tabela C.5 – Resultados para a rede com 5 geradores por ramal
80
C.6. Rede com 7 geradores por ramal
44
46 48 50 52
1 2
11
12
9
10
7
8
5
6
3
4
43
45 47 49 51
21
22
19
20
17
18
15
16
13
14
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
G1G2G3G4G5G6G7
G8G9G10
G15
G14G13G12G11
G20G19G18G17G16
G25G24G23G22
G21
G0 T0
T1T2T3T4T5T6T7
T8T9T10
T15
T14T13T12T11
T20T19T18T17T16
T25T24T23T22
T21
L1L2L3L4L5L6
L7
L8L9
L15
L14L13L12
L11
L20L19L18L17L16
L25L24L23
L22
L21
L10
Figura C.6 – Esquema unifilar da rede com 7 geradores por ramal
Tabela C.6 – Resultados para a rede com 7 geradores por ramal
81
C.7. Rede com 10 geradores por ramal
44 46 48 50 52
1 2
11
12
9
10
7
8
5
6
3
4
43 45 47 49 51
21
22
19
20
17
18
15
16
13
14
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
G1G2G3G4G5G6G7G8G9G10
G15G14G13G12G11 G20G19G18G17G16
G25G24G23G22G21
G0 T0
T1T2T3T4T5T6T7T8T9T10
T15T14T13T12T11 T20T19T18T17T16
T25T24T23T22T21
L1L2L3L4L5L6L7L8
L15L14L13L12L11 L20L19L18L17L16
L25L24L23L22
L21
L10
L9
Figura C.7 – Esquema unifilar da rede com 10 geradores por ramal
Tabela C.7 – Resultados para a rede com 10 geradores por ramal
82
REFERÊNCIAS [1] Jesus, J. M. Ferreira e Castro, Rui M. G. , Equipamento Eléctrico dos Geradores Eólicos,
Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Superior Técnico, Lisboa, Portugal, Fevereiro de 2004
[2] Castro, Rui M. G. , Introdução à Energia Eólica, Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Superior
Técnico, Lisboa, Portugal, Janeiro de 2004
[3] Rede interna EDP
[4] Paiva, J. P. Sucena, Redes de Energia Eléctrica: Uma Análise Sistemática, IST Press, Lisboa,
Portugal, 2005
[5] Fonseca, David e Mendes, Ricardo, Trânsito de Energia em Redes com Produção
Descentralizada, Trabalho Final de Curso, Instituto Superior Técnico, Lisboa, Portugal, 2003
[6] Resende, Fernanda de Oliveira, Optimização de Configurações das Redes Eléctricas Internas de
Parques Eólicos, Tese de Mestrado, Universidade do Porto, Faculdade de Engenharia, Porto,
Portugal, Dezembro de 1999
[7] http://www.unb.br/ig/glossario/verbete/coordenadas_utm.htm