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Implantação do Parque Eólico Boa Vista RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA - ABRIL / 2009

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Implantação do

Parque Eólico Boa Vista

RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

- RIMA -

ABRIL / 2009

________________________________________________ Terra Ambiental.

APRESENTAÇÃO

Ao longo das últimas duas décadas a sociedade brasileira atenta para os rumos da questão da ambiental no país e no mundo. Dentre outras conseqüências sociais, esse fato tem levado o Estado, a tratar o assunto com a seriedade que merece, seja efetivando uma jurisprudência ambiental compatível com o atual rumo do desenvolvimento tecno-científico e social, e atendendo aos preceitos estabelecidos pela constituição brasileira, seja promovendo políticas públicas em prol de um desenvolvimento territorial mais equilibrado.

Uma das principais ações legais se faz notar na obrigatoriedade e rigor dos chamados estudos para licenciamento ambiental - intrumentos técnicos de diversos níveis analíticos e adaptáveis a um grande rol de empreendimentos sob licenciamento, que visam, em primeiro grau, garantir a adequabilidade do projeto ao bem-estar e a qualidade de vida da população afetada e adjacente, bem como as gerações futuras. O controle realizado por autarquias estaduais e federais ao longo das últimas décadas tem levado o Estado ao exercício de uma cobrança diligente, com vigilância constante, no sentido de se fazer cumprir a legislação ambiental pertinente e entregar ao empreendedor uma responsabilidade social judicialmente controlada.

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é dentre os estudos para licenciamento ambiental um documento formal que atende ao disposto elementar da Resolução CONAMA no. 001 de 23 de janeiro de 1986 e a Resolução CONAMA no. 237 de 19 de dezembro de 1997. Contempla em seu escopo um conjunto de descrições, análises, discussões, prognoses e sugestões que permitem uma visão sistêmica de um dado espaço e o vislumbre das interferências passíveis ao meio ambiente quando da implantação de um rol de empreendimentos conforme legislação específica.

Sistematizados em capítulos, estes componentes descritivos e avaliativos seguem hierarquicamente interligados formando tomos que designam subsidiar a construção do processo decisório por parte do órgão ambiental competente. Legalmente é acompanhado por outro documento – o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) - também de carácterísticas protocolares cuja função visa apresentar o conteúdo do EIA numa linguagem mais acessível e resumida, já que seu escopo vincula-se como de caráter público.

O presente trabalho apresenta o Relatório de Impacto Ambiental - RIMA da implantação e operação do Parque Eólico Boa Vista, com capacidade para 28,8 MW, localizada na divisa entre os municípios de Alfredo Wagner e Rancho Queimado, estado de Santa Catarina, e objetiva subsidiar o processo de Licenciamento Ambiental do Empreendimento, conforme determina o aparelho.

É importante salientar que foram as características técnicas levaram o empreendimeto ora em vias de licenciamento incluir-se, de acordo com legislação pertinentente (Resolução CONSEMA 03/2006) na categoria de empreendimentos exigentes de análise no âmbito do Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental. Desta forma todo o estudo em questão foi desenvolvido por empresa independente, idônea, com equipe multidisciplinar, registrada no Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental mantido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – IBAMA e dos Recursos Renováveis e com larga experiência em estudos desta natureza.

APRESENTAÇÃO

________________________________________________ Terra Ambiental.

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Embora não exista normatização específica para Santa Catarina para empreendimentos deste tipo, a forma do presente estudo obedece a regulamentação básica para trabalhos desse tipo, compreendendo as informações gerais, caracterização do empreendimento, diagnóstico ambiental, análise integrada do meio ambiente, identificação e avaliação dos impactos ambientais, medidas de controle ambiental, e os programas de controle e monitoramento das ações na implantação do Parque Eólico da Boa Vista.

________________________________________________ Terra Ambiental.

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ÍNDICE

JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 5

CARACTERIZAÇÃO GERAL DO EMPREENDIMENTO ................................................. 6

Informações Gerais .............................................................................................................. 6

Caracterização do Empreendimento ................................................................................... 8

ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS E LOCACIONAIS.................................................. 17

Alternativas Tecnológicas ................................................................................................. 17

Alternativas Locacionais ................................................................................................... 19

ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO ..................................................... 21

Área de Influência Indireta - AII ......................................................................................... 21

Área de Influência Direta – AID .......................................................................................... 21

Área Diretamente Afetada – ADA ...................................................................................... 21

METODOLOGIA ............................................................................................................ 23

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL ........................................................................................ 25

Meio Físico .......................................................................................................................... 25

Meio Biótico ........................................................................................................................ 31

Meio Sócio-Econômico ...................................................................................................... 36

IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS ............................... 45

Meio Físico .......................................................................................................................... 45

Meio Biótico ........................................................................................................................ 47

Meio Sócio- Econômico ..................................................................................................... 48

PROGRAMAS DE CONTROLE E MONITORAMENTO AMBIENTAL ........................... 53

EQUIPE TÉCNICA ........................................................................................................ 57

GLOSSÁRIO ................................................................................................................. 59

ÍNDICE

________________________________________________ Terra Ambiental.

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JUSTIFICATIVA

A expansão da capacidade de geração de energia elétrica do Brasil tem sido definida com base em estudos de planejamento que abrangem diferentes horizontes temporais. Estes estudos, consolidados em documentos como o Plano 2015 e o Plano Decenal de Expansão 1996/2005, definem a seqüência de construção de projetos de geração e interligações regionais, necessários ao atendimento do mercado consumidor.

Entretanto, nos últimos anos os investimentos em geração de energia elétrica no Brasil não acompanharam o crescimento da demanda dado pela expansão industrial e comercial do país. Tal fato induz a frágil saúde do sistema elétrico nacional, na medida em que somam os riscos econômicos e sociais a serem causados por um novo “apagão” generalizado.

No panorama da crise energética e ambiental atual as perspectivas da utilização das Usinas Eólicas para a produção de energia são cada vez maiores. Estas centrais são, ao passar dos anos, empreendimentos atraentes ao grande capital em função de terem um custo/benefício compatível com o do setor, contarem com um avanço tecnológico relativamente veloz e acessível – haja vista as evolução de potência das turbinas e a exploração dos ventos em alturas cada vez maiores - ao mesmo tempo em que possuem melhor aceitação pela sociedade, pois apresentam um histórico de impactos pouco significativos ao meio ambiente. No mesmo sentido, aproveita-se uma fonte natural sem provocar modificações nos regimes de ventos ou exaustões de gases e fumaça.

O Brasil possui um potencial não totalmente conhecido, porém comprovadamente maiúsculo para produção eólica. Em fins de 2006 estavam outorgadas no país 109 usinas, estimando uma geração conjunta quando em funcionamento de até 4,7GW, incrementando em mais de 10 vezes o atual potencial instalado.

O estado de Santa Catarina, por sua vez apresenta potencialidades mais restritas se comparadas aos estados nordestinos – os estudos anemométricos realizados até 2008 ressalvam que os melhores lugares podem apenas ser ocupados por parques de pequena capacidade geradora. Estudos realizados por NETO et al (2004), comprovam entretanto a possibilidade de incremento em mais de trinta vezes a atual produção catarinense, (aproximadamente 15 MW) em circunstância do aproveitamento em áreas específicas do litoral, serra e planalto.

Dentro do último domínio geomorfológico citado é que se situará o Parque Eólico Boa Vista, nas proximidades do município de Rancho Queimado e Alfredo Wagner. Sua potência instalada será de 28,8 MW, fornecida por 16 aerogeradores da fabricante dinamarquesa Vestas, modelo V90 cuja capacidade individual é de 1,8 MW. Tecnicamente o equipamento começa a produzir energia com ventos de 3,5 m/s e atinge sua produção nominal com ventos de 12 m/s. Por razões de segurança se esta velocidade alcança 25 m/s pára-se a turbina.

O Parque Eólico Boa Vista é um passo direcionado para o atendimento à demanda de energia no Brasil e uma contribuição técnica ao desenvolvimento econômico local, regional e nacional, não omitindo a preocupação com o meio ambiente nem com as responsabilidades sociais e a liberdade individual.

JUSTIFICATIVA

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CARACTERIZAÇÃO GERAL DO EMPREENDIMENTO

Informações Gerais

O Parque Eólico Boa Vista está localizado na divisa dos municípios de Alfredo Wagner e Rancho Queimado, a aproximadamente 67 quilômetros dos limites da capital Florianópolis (Figura 01). O projeto de aproveitamento energético proposto corresponde a um parque eólico com extensão de 6,37 km2 e situa-se especificamente no distrito de Boa Vista, no Morro da Antena, Serra da Boa Vista.

Figura 01 – Mapa de localização do empreendimento.

O acesso exclusivo ao empreendimento partindo da sede do município de Rancho Queimado se dá pela BR 282 através de um entroncamento oblíquo a esquerda, logo após a placa auxiliar de km 80. A estrada vicinal conhecida localmente como a “subida do Morro da Antena” não possui pavimento, embora se encontre em boas condições de trafegabilidade. Atinge o limite do empreendimento a aproximadamente 3,5 km da saída da estrada federal.

A Serra da Boa Vista, ou melhor, o Morro da Antena corresponde a um grande patamar altiplano, e uma área regionalmente mais elevada. Em termos hipsométricos funciona como um interflúvio para a Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí-Açu, apresentando massiva presença de nascentes e corpos hídricos. Desde os anos 80 é utilizada pelas empresas de telecomunicações para realizar a radioteledifusão Serra-litoral.

CARACTERIZAÇÃO GERAL DO EMPREENDIMENTO

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Dados do Empreendedor

Nome ou Razão Social: Ventus Participações Ltda.

CNPJ: 09.107.378/0001-63

Endereço: Rodovia SC 401, Km 05, Bairro Saco Grande II, Florianópolis/SC

CEP: 88032-005

Telefone/Fax: (048) 3207-0907

Representante Legal: Gerson Pedro Berti

CPF: 491.991.709-06

Endereço: Rua dos Bagres, nº 53, Jurerê Internacional, Florianópolis/SC

CEP: 88053-405

Telefone/Fax: (048) 3207-0907

Endereço Eletrônico: [email protected]

Contato: Paulo Cesar Leal

CPF: 376.927.559-49

Endereço: Rua Coronel Américo, 95, Barreiros – São José/SC

Endereço eletrônico: [email protected]

Telefone/Fax: (48) 3244-1502 / Fax (048) 3034-4439

Endereço Eletrônico: [email protected]

Caracterização do Empreendimento

O Parque Eólico Boa Vista, cujo projeto está sendo desenvolvido no interior de Santa Catarina, Estado pioneiro no aproveitamento eólico para geração de eletricidade, contará com 16 aerogeradores de 1,8 MW cada, totalizando 28,8 MW de capacidade nominal. O projeto está sendo realizado pela Ventus Participações Ltda, empresa cujos sócios atuam no segmento do desenvolvimento de projetos de geração de energia, com plantas já em operação comercial. O projeto conta com a assessoria e consultoria técnica da empresa Camargo Schubert Engenharia Eólica, responsável, entre outros trabalhos, pela elaboração do Atlas Preliminar do Potencial Eólico de Santa Catarina (CELESC, 1999).

O parque foi dimensionado com potência nominal abaixo de 30 MW a fim de auferir os benefícios do desconto de 50% na tarifa de transporte de energia (TUST) e pela opção do regime tributário de lucro presumido. Além disso, o porte do empreendimento auxilia na diluição dos custos de infra-estrutura: acessos e conexão elétrica (subestação e linha de transmissão). A energia gerada pela usina será comercializada pelo empreendedor na modalidade de Produtor Independente de Energia. Não há outras finalidades previstas para a usina além da geração de energia elétrica.

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Escolha do Local de Implantação da Usina

O recurso eólico não está disponível sobre o solo de maneira igual, constante e equilibrado. É influenciado pela ocupação humana e suas construções, pela vegetação (a cobertura vegetal), pela orografia, pelos mecanismos sinóticos e de mesoescala da atmosfera, fenômenos térmicos, pela latitude do local, etc.

Para ser viável, é imperativo que o projeto de uma usina eólica busque sua implantação em locais com abundância em vento, com velocidades médias anuais que maximizem a produção de eletricidade a fim de que possa ser competitivo com outros projetos de geração de energia e ser viável e rentável economicamente. Também os aspectos de infraestrutura são importantes: existência de estradas de acesso para transporte de equipamentos e sistema elétrico reforçado para suportar a conexão e escoamento da energia produzida pela usina.

A área de implantação do parque eólico é privilegiada por concentrar todos os requisitos que um empreendimento deste tipo exige. Esses requisitos para viabilização técnica de projetos eólicos baseiam-se em um tripé:

Recurso Eólico Disponível: vento na intensidade e constância exigida;

Infra-estrutura da região: estradas de acesso para o transporte de equipamentos, e conexão elétrica para escoamento da energia gerada;

Disponibilidade de Terrenos: a área deve ser compatível com o porte do empreendimento, e a documentação deve ser regularizada. Neste projeto o posicionamento dos aerogeradores foi feito somente sobre terrenos cujos aspectos fundiários (arrendamento, regularização de propriedade, etc) estão totalmente solucionados por parte do empreendedor.

A falta de qualquer um desses itens bastaria para inviabilizar o empreendimento.

Sítio Eólico e Dados Metereológicos

O sítio eólico do projeto Boa Vista localiza-se na região serrana de Santa Catarina, no planalto da Boa Vista, às margens da rodovia BR 282. Caracteriza-se por ter baixa densidade populacional, relevo relativamente plano na parte alta da serra, temperatura bastante variável ao longo do ano com inverno rigoroso, a vegetação varia entre a gramínea, capões de mata e os florestamentos para extração de madeira. O parque eólico situa-se em terreno elevado, acima de 1100 metros, cujo acesso a partir da BR-282 ocorre por estradas vicinais, cobertas por cascalho, e em alguns locais com aclive acentuado e curvas de pequeno raio.

A região foi alvo de uma campanha de medições de vento por parte da CELESC através de uma torre anemométrica instalada próximo ao local da usina. No Quadro 01 são apresentadas as médias mensais e anual de temperatura, pressão atmosférica e densidade do ar, calculados a partir dos dados do Atlas do Estado de Santa Catarina (1986), considerando a Atmosfera Padrão ISA.

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Quadro 01 – Médias Metereológicas – Sítio Boa Vista.

Turbinas Eólicas e Adequação ao Sítio

Os aerogeradores escolhidos para o parque eólico Boa Vista são do modelo V90 de 1,8MW da fabricante dinamarquesa VESTAS, que é a maior fabricante mundial de aerogeradores, com aproximadamente 23% do mercado e operando desde 1979. Possui mais de 35.000 turbinas montadas nos 5 continentes, totalizando aproximadamente 30 GW de capacidade instalada. São máquinas de grande porte, com potências que variam desde 850 kW até 3 MW e rotores que podem atingir até 90 metros de diâmetro, inclusive para plantas offshore - ou seja, instaladas dentro do mar.

A seguir são apresentados um resumo das características gerais das turbinas eólicas (Quadro 02), um gráfico com as curvas de potência das turbinas e as curvas do coeficiente de empuxo (Ct) (Gráfico 01), e uma imagem do aerogerador (Figura 02).

Quadro 02 – Características da Vestas V90.

Meses Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Média anual

Temperatura (ºC)

17,7 17,6 16,5 14,6 12,1 9,3 9,4 10,0 11,1 12,4 14,5 16,8 13,5

Pressão Atmosférica

(hPa) 879.9 880.6 881.7 883.6 884.6 885.8 886.7 886.0 885.6 883.6 881.5 880.3 883,3

Densidade do Ar (kg/m³)

1.054 1055 1061 1070 1081 1093 1093 1090 1086 1078 1068 1058 1074

Modelo V90 1.8 MW

Fabricante VESTAS

Potência Nominal 1800 kW

Diâmetro do Rotor 90 m

Altura da torre 80 m

Classe IEC II

Controle de Potência Controle por Passo

Curva de Potência Calculada pelo Fabricante

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Gráfico 01 – Curvade potência do modelo V90.

Figura 02 – Aerogerador Vestas V90.

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Os aerogeradores podem ser subdivididos em 3 partes: três segmentos que formam a torre de 80 metros de altura, a nacele (Figura 03) onde estão o gerador e o conversor de velocidade e as pás com 45 metros de comprimento (Figura 04). Estas peças vêm desmontadas de fábrica e são transportadas em caminhões até o local da usina. O comprimento dos caminhões pode chegar a 50 metros. As peças são montadas através do uso de um guindaste com capacidade de carga de até 100 toneladas.

Figura 03 – Nacele do aerogerador Vestas V90.

Figura 04 – Ilustração demonstrando as dimensões do modelo Vestas V90.

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Mapeamento do Potencial Eólico

O mapeamento do potencial eólico dos sítios de interesse foi desenvolvido por modelamento de mesoescala (AWS Truewind/EUA) e interpolado para as condições de microescala e na sua resolução final. A partir dos dados oriundos do modelamento de mesoescala, e de modelos digitais de terreno georreferenciados (relevo e rugosidade) na resolução horizontal de 50x50m, foi realizado o mapeamento do regime de ventos de toda a área do Parque Eólico, através de modelagem numérica de camada-limite atmosférica, com o software WindMap (Brower&Co.), ajustado por medições anemométricas qualificadas conforme padrão da indústria eólica e instalada dentro do perímetro da usina.

Os mapas de vento (Figura 05) foram então produzidos para a altura dos rotores (80 m). Esse mapeamento foi ajustado por medições anemométricas conhecidas da região, reduzindo as incertezas no campo de ventos. A campanha de medições deste projeto já possui um ano climatológico completo, possibilitando a certificação dos dados de vento e produção de energia.

Os cálculos das estimativas de produção de energia (Quadros 03 e 04) e das perdas por interferência aerodinâmica entre turbinas foram realizado pelo programa AeroPARK (Camargo Schubert), o qual incorpora o mesmo modelo de interferência aerodinâmica entre rotores de turbinas do programa WAsP/PARK. Para o desenvolvimento do layout foi adotada a turbina eólica VESTAS V90 de 1800 kW (rotor de 90 metros de diâmetro), com torre de 80 metros de altura.

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Figura 05 – Potencial Eólico nas imediações do Parque Eólico Boa Vista.

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Quadro 03 – Dados de velocidade e produção de energia por turbina.

Quadro 04 – Produções médias mensais e anual de energia.

Perdas Aerodinâmicas (Wake Losses) (%) = 8,1 Fator de Capacidade Líquido (%) = 26,8

Cronograma de Implantação

O cronograma de implantação do empreendimento (Quadro 05) prevê a construção e posta em marcha da usina em um prazo de seis meses a partir da implantação do canteiro de obras. Foi admitida a hipótese de que o evento gerador do CCVE - Contrato de Compra e Venda de Energia ocorra em fins de 2009, através de um Leilão de Energia (ou outra forma).

PRODUÇÃO ANUAL DE ENERGIA - PAE 16 Turbinas V90 - 1.8 MW

PARQUE EÓLICO BOA VISTA - 28.8 MW Altura de rotor: 80 m

Turbina X

UTM Y

UTM V free (m/s)

PAE Bruta (MWh/ano)

PAE Bruta (MWh/ano)

Perdas Sistêmicas

(%)

PAE Líquida

(MWh/ano)

FC Líquido

(%)

1 682543 6936024 6,70 5327,70 5070,0

6,37

4747,1 36,1

2 681518 6934012 6,72 5313,70 4839,2 4531,0 34,5

3 681668 6934237 6,49 4942,80 4509,1 4221,9 32,1

4 681869 6934451 6,36 4728,40 4316,6 4041,7 30,8

5 682070 6934640 6,46 4870,10 4496,8 4210,4 32,0

6 682289 6934810 6,57 5028,60 4634,2 4339,1 33,0

7 682496 6934993 6,43 4802,60 4396,5 4116,5 31,3

8 682722 6935158 6,47 4880,30 4770,1 4466,3 34,0

9 682661 6935615 6,60 5155,20 5003,2 4684,6 35,7

10 680784 6932513 6,29 4595,70 4190,1 3923,3 29,9

11 681018 6932685 6,09 4271,80 3773,7 3533,4 26,9

12 681242 6932846 6,30 4621,30 4229,8 3960,4 30,1

13 681530 6932903 6,29 4616,40 3868,2 3621,9 27,6

14 681796 6932940 6,49 4933,70 4236,6 3966,8 30,2

15 682065 6933081 6,50 4959,70 4553,3 4263,3 32,4

16 682295 6933274 6,79 5463,90 5296,1 4958,8 37,7

Meses Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Média anual

PAE Bruta (MWh)

6209 5159 5073 5597 6207 6641 6779 7371 5254 5752 6124 6019 72183,5

PAE Líquida (MWh)

5814 4830 4750 5241 5812 6218 6347 6901 4919 5386 5734 5636 67586,6

PAE Líquida (MWmédio)

7,8 7,2 6,4 7,3 7,8 8,6 8,5 9,3 6,8 7,2 8,0 7,6 7,7

________________________________________________ Terra Ambiental.

Quadro 05 – Cronograma de implantação do empreendimento.

________________________________________________ Terra Ambiental.

ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS E LOCACIONAIS

Alternativas Tecnológicas

Os parques eólicos são criticados por necessitar de extensões de terra consideráveis, em geral, no entanto 99% de sua área total podem ser utilizadas da mesma forma que era antes da instalação do empreendimento. Estudos ainda comprovam que a produtividade energética em relação à área ocupada em kWh/m² para a energia eólica se assemelha a das termelétricas a gás e supera as demais fontes (Gráfico 02).

Essa comparação só não é possível em relação às hidrelétricas, pois a relação entre área ocupada e produtividade destas varia muito conforme a topografia regional. Por exemplo, a hidrelétrica de Itaipú produz 82 kWh/m² de área e a hidrelétrica de Itá gera 123 kWh/m², enquanto a pequena central hidrelétrica (PCH) Angelina, quando concluída, fornecerá 575 kWh/m².

Gráfico 02 - Área necessária em relação a produtividade (Adaptado de MILBORROW, apud

WIZELIUS, 2007).

O potencial eólico brasileiro de acordo com o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro (CRESESB, 2008) é de 143 GW, destes, 22,76 GW estão disponíveis na região sul. Apesar do elevado potencial a participação da energia eólica matriz energética brasileira ainda é reduzida, segundo dados do Ministério de Minas Energia em 2008 forneceram 557 GWh, menos de 1% da oferta total de energia elétrica nacional.

Existem diferentes variações do desenho das turbinas eólicas. Pode-se dividir primariamente os aerogeradores em Turbinas Eólicas de Eixo Horizontal e Turbinas Eólicas de Eixo Vertical.

Nos modelos de eixo vertical este é montado perpendicular ao solo e ao contrário das de eixo vertical estão permanentemente alinhadas com o vento, dispensando ajustes quando a direção do vento muda. Atualmente apenas dois modelos de turbinas de eixo vertical são comercializadas a Savonius (Figura 06) e a Darrieus (Figura 07). Elas são usadas em aerogeradores pequenos e para aplicações específicas, uma vez que ainda não são muito eficientes.

1 10 100 1000 10000 100000

Termelétrica a gás

Nuclear

Termelétrica a carvão

Eólica

Geotérmica

Solar

Biomassa

Produção de energia (kWh/m²)

Mínima

Máxima

ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS E LOCACIONAIS

________________________________________________ Terra Ambiental.

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Figura 06 - Aerogerador Darrieus.

Figura 07 - Aerogerador Savonius.

As turbinas de eixo horizontal têm suas estruturas mecânicas posicionadas no alto de uma torre de forma paralela ao solo, são largamente empregadas ao redor do mundo, praticamente todos os aerogeradores conectados às redes de transmissão de energia utilizam este modelo de turbina. Os aerogeradores de eixo horizontal podem ainda diferenciar-se devido ao número de pás do rotor (uma, duas ou três). A maior parte dos fabricantes com o conceito de três pás (Figura 08), já que este desenho entre outras vantagens favorece a estabilidade da turbina.

Figura 08 – Aerogerador de eixo horizontal de três pás.

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Alternativas Locacionais

Quando se estuda a locação de turbinas eólicas diferentes fatores têm de ser considerados. O mais importante é, claro, a disponibilidade do recurso eólico. A presença de montanhas, construções e o tipo de vegetação influenciam o vento e, portanto devem ser estudados detalhadamente antes do estabelecimento do empreendimento.

As turbinas e estruturas pré-fabricadas de grande envergadura e tonelagem precisam muitas vezes ser transportadas até o local, instaladas e então conectadas às linhas de transmissão. A distância dos acesssos existentes, o custo da construção de novos acessos, as condições do terreno e a distância para conexão às linhas de transmissão também são aspectos-chave a serem avaliados anteriormente.

Segundo Wizelius (2007), depois de identificadas as áreas com bons recursos eólicos deve-se esclarecer os seguintes pontos:

Vizinhança – O ruído e o movimento das sombras não devem pertubar os

vizinhos do empreendimento, logo, será possível posicionar os aerogeradores de forma a evitar tais distúrbios?

Conexão a rede – Existem linhas de transmissão com capacidade suficiente

para se conectar as turbinas a uma distância razoável?

Terreno – Quem é dono da área? Existem proprietários de terra interessados em vender ou arrendar a terra para a instalação dos aerogeradores?

Autorizações – As chances de obtenção das licenças para execução do

projeto são boas?

Interesses opostos – Existem na área de interesse instalações militares,

aeroportos, áreas de conservação da natureza ou outros fatores que podem parar o projeto?

Aceitação local – Qual a opinião da população local acerca da instalação de

um parque eólico na vizinhança?

Em relação à disponibilidade de vento citada anteriormente o mapa do potencial eólico do estado de Santa Catarina elaborado pela CELESC (Figura 09) e estudos como o de NETO et al (2004) e DALMAZ (2007) apontam regiões com notável potencial para a geração de energia eólica a um custo aprazível, dentre as quais o litoral do município de Laguna, Água Doce no oeste do Estado, e os altiplanos dos municípios de Bom Jardim da Serra, Uribici, Campo Erê são aquelas onde se evidenciam as melhores condições anemométricas.

No interior de Santa Catarina, as circunstâncias naturais que facultam a geração de energia através de empreendimentos eólicos são encontradas exclusivamente em topos de morros, áreas legalmente instituídas segundo o código florestal (lei 4.771/65) como de preservação permanente, e quase sempre de difícil acesso, fato que torna dificultosa a instalação de uma usina.

Embora não esteja em nenhuma daquelas regiões elementares, o projeto do Parque Eólico Boa Vista, objeto deste estudo, se insere numa das áreas em que NETO et al (2004) atestaram possuir a terceira melhor relação de densidade de potência de ventos (cercade 379 W/m2) e consequentemente uma boa relação de custo/benefício em Santa Catarina: trata-se da Serra da Boa Vista, divisa entre o municípios de Alfredo Wagner e Rancho Queimado.

________________________________________________ Terra Ambiental.

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A extensão onde se privilegia a construção deste parque eólico se encontra em um ponto culminante regional. A área pretendida ao parque possui um total de 6,37 km2, e os aerogeradores estão projetados sob o cume das pequenas colinas e patamares; situação ideal para aproveitando dos ventos de velocidade média anual comprovadamente superior a 6 m/s que atingem aquele lugar.

Figura 09 - Mapa do potencial eólico do estado de Santa Catarina (CELESC, 1999).

Nas adjacências do empreendimento, até uma distância de 400 metros existem somente cinco residências, sendo quatro de natureza temporária (sem morador fixo), fato que assegura reduzida magnitude do impacto sonoro, na questão de geração ruídos e desconforto auditivo para a população humana.

Na medida da impossibilidade legal de expansão de zonas urbanas e rurais sobre o altiplano, não se deve esquecer que o empreendimento não almeja funcionar como uma estrutura impeditiva de acesso, mas em um regulador do uso do solo, caracterizando uma área inicialmente passível da expansão descontrolada das florestas plantadas e da pecuária em um lócus de preservação dos campos naturais e de geração de energia de forma sustentável.

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ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO

Levando em consideração as diretivas estabelecidas na fase de planejamento do estudo e o empreendimento de geração de energia elétrica, optou-se por uma configuração própria para as áreas de influência, conforme a explicação abaixo.

Área de Influência Indireta - AII

A AII consiste no conjunto das áreas e domínios físicos máximos em que o empreendimento pode ter atuação. Considera-se a interface entre o espaço não-influenciável e a área de influência direta considerando a ocorrência de impactos provenientes de fenômenos secundários, ou não diretamente decorrentes das intervenções previstas.

Para a AII a equipe multidisciplinar envolvida no estudo decidiu utilizar os municípios de Alfredo Wagner e Rancho Queimado como a unidade elementar de estudo, já que o empreendimento em sua planta original encontra-se alocado sobre os limites políticos dos dois municípios citados.

Ressalta-se que a não utilização da Bacia Hidrográfica como área elementar, (respeitando a resolução 001/1986 do CONAMA, a Lei 9.433/97) se deu pelo fato de que o empreendimento situa-se num interflúvio autêntico, separando os corpos hídricos vinculados as Bacias do Itajaí do Sul.

Área de Influência Direta – AID

A AID compreende o conjunto de áreas que, por suas características, são potencialmente aptas a sofrer os impactos físicos diretos da implantação e da operação da atividade transformadora.

Para a AID, a equipe multidisciplinar envolvida no estudo decidiu que a divisão das áreas não poderia fixada através de um limite físico-geográfico específico, por isso mesmo tratou-se de construir um. Entendeu-se que sua aplicação deveria ser indistinta para as disciplinas evitando incorrer em desproporcionalidade e fuga dos objetivos os quais o estudo ambiental se amarra.

A Área de Influência Direta restringe-se a uma área delimitada através de fotointerpretação. Corresponde a uma extensão variante entre o platô de cimeira e as escarpas de parte da Serra da Boa Vista, apresentando recortes de altitude entre 860 em sua parte basal e 1260 em seu ponto culminante. A cartografia utilizou-se do seguimento alternado das curvas de nível, buscando delimitar a borda da escarpa, e as partes tabuliformes.

Área Diretamente Afetada – ADA

É restrita à área onde está prevista as obras de implantação da Usina Termelétrica, para os meios físico, biótico e sócio-econômico, compreendendo: área da planta energética, da subestação, dos acessos, do canteiro de obras, alojamentos da mão-de-obra e as áreas de empréstimo e bota-fora.

ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO

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METODOLOGIA

Foi adotado o modelo de AIA (Avaliação de Impacto Ambiental) nos estudos ambientais, que por vez contempla três momentos básicos:

a) Caracterização da área por seus atributos físicos, bióticos, sociais e econômicos, no momento anterior à inserção do empreendimento. O que é tradicionalmente conhecido como "diagnóstico ambiental";

b) Identificação, caracterização e avaliação dos impactos ambientais levando em consideração cada fase do empreendimento - planejamento, construção e operação – pois essas diferentes fases implicam em diferenças significativas, especialmente na sua temporalidade, localização e intensidade;

c) Proposição de programas ambientais.

A organização presente estudo seguiu fases estabelecidas da seguinte maneira e expostas no Gráfico 03:

1ª FASE – Abrange as etapas preparatórias e preditivas para realização do diagnóstico

ambiental. Na reunião com a equipe multidisciplinar definiram-se os objetivos gerais e específicos do mesmo, além das necessidades do levantamento documental cartográfico, aquisição de documentos do projeto técnico, e análise da escolha da melhor alternativa de projeto a ser adotada. 2ª FASE – Estabelecem-se os primeiros instrumentos de delimitação do estudo, de

onde partirão as ênfases específicas dadas por cada área do conhecimento. A escolha da metodologia de trabalho aplicada é geralmente definida de acordo com as características do projeto selecionado. 3ª FASE – corresponde em termos práticos, ao processo inicial de levantamento e obtenção de dados e informações. Neste estudo específico deram-se através de: 4ª FASE – È caracterizada pela finalização da coleta de dados e início formal do

tratamento e análise. Nesta fase estabeleceram-se os pontos importantes dentro de cada disciplina, e consolidou-se a forma e o objeto da análise integrada. 5ª FASE – A fase final segue exclusivamente caracterizada pela finalização e edição

do corpo de texto com a divisão subseqüente de diagnóstico e prognóstico. Grande parte da redação e do direcionamento do enfoque já se iniciaram na fase anterior.

METODOLOGIA

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Gráfico 03 – Diagrama da concepção organizacional do Estudo de Impacto Ambiental do

Parque Eólico Boa Vista.

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DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

Meio Físico

A região onde será construída o Parque Eólico Boa Vista está inserida nos domínios do clima temperado moderado chuvoso, do tipo Cfb, de acordo com a classificação de Köppen. Marcado por verões amenos e invernos mais rigorosos, característica imposta dominantemente pela influência da altitude.

A temperatura máxima absoluta situada em torno dos 35°C, por outro lado, a mínima absoluta pode alcançar a marca de 2 graus negativos, fato que geralmente ocasiona a formação de geadas no município, principalmente nos meses de junho, julho e agosto. Tais valores extremos, que ocorrem no inverno e no verão, levam a uma amplitude térmica absoluta bastante elevada na região, chegando a superar mais de 35ºC. Apesar da amplitude térmica a temperatura média anual da região situa-se na faixa dos 20°C.

A região sofre ainda influência das massas de ar, que contribuem durante o inverno para acentuar o frio da região, quando sob ação da massa de ar Polar. Esta exerce, ainda, influência na elevada pluviosidade regional, associada às características do relevo. O relevo e as massas de ar predominantes na região influenciam os outros elementos climáticos, como a pressão atmosférica e a umidade relativa do ar.

As velocidades médias do vento na área de influência são de um modo geral, propicias a execução de empreendimentos de geração de energia através de força eólica, já que os valores médios mensais giram em torno de 6,0 m/s. A direção predominante do vento é de Sul-Sudeste e Oeste-Nordeste, sendo que nos meses do outono e inverno também são freqüentes os ventos de componente Norte. A direção dominante é a do quadrante sudeste, para a qual os registros indicam os ventos de maior intensidade, com máximas de até 25,0 m/s.

A precipitação total anual média da região é de 1.974 mm, chovendo mais nos meses de janeiro, fevereiro e dezembro, respectivamente e menos em junho, agosto e abril . De uma forma geral, a distribuição de chuva ao longo do ano é homogênea. Ocasionalmente, ocorrem meses secos com prejuízos para a produção agrícola, porém não há a existência de longos períodos secos ou chuvosos.

A alta umidade relativa do ar é explicada pelo relevo, presença de vegetação, cursos de água e direção dos ventos e conseqüentemente dos sistemas atmosféricos atuantes.

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

CLIMA E CONDIÇÕES METEREOLÓGICAS

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Geologia e Geomorfologia

A área de influência do empreendimento corresponde a um contato geológico e topográfico entre as rochas cristalinas com aquelas das formações sedimentares da Bacia Sedimentar do Paraná. Desta forma, na paisagem próxima a sede de Rancho Queimado é observada vestígios de pedimentos sobre rochas metamórficas. Já na parte alta, compatível com os patamares da Serra da Boa Vista, onde se projeta o empreendimento, as rochas imensamente dominantes são constituídas por areia. Por conta da origem em ambiente congelado, ocorrem também rochas achatadas e escuras formada por grande quantidade de argila escura.

O relevo da área de estudo consiste em duas áreas bem distintas: a) áreas planas de cima; b) morros, serras e ombreiras, estas pronunciadas que partem da borda do patamar que se direcionam para leste até o encontro com as áreas mais baixas.

Os trechos planos como aqueles onde se insere o projeto do Parque Eólico constituem-se em topos regionais e pequenos planaltos. Em geral, a Área de Influência Indireta se situa na faixa altimétrica de 400 a 1.200m, correspondendo a um trecho limite entre as Serras do Leste Catarinense, Planalto Centro Oriental catarinense.

Figura 10 – Paisagem com vista para sudoeste. Nota-se a diferença de

altitude da ordem de 350 metros para o setor imediatamente inferior.

GEOLOGIA, PEDOLOGIA E GEOMORFOLOGIA

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Figura 11 - Escadarias na frente de face Leste. Esse tipo de relevo é

muito comum quando existem rochas com diferentes resistências a erosão.

Figura 12 – Diferença entre as rochas areníticas nas proximidades do

Morro da Antena – Serra da Boa Vista. Nota-se camadas bem amarelas na base e mais escuras e fragmentadas na parte superior.

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Recursos Minerais Associados

A exploração nos municípios de Rancho Queimado e Alfredo Wagner está restrita a argila, saibro e água mineral, totalizando três áreas em exploração. As duas primeiras vinculam-se as formações sedimentares da Bacia Sedimentar do Paraná, já a exploração da água mineral desenvolve-se no limite municipal de Rancho Queimado com Águas Mornas, obtendo o recurso do sistema local de fraturas das rochas metamórficas.

Pedologia

Os solos ocorrentes na região estão atrelados as condições ambientais de geologia, clima e geomorfologia. Os dois municípios abrangidos pelo empreendimento possuem dominantemente solos nas seguintes categorias: cambissolos (solos de até dois metros de profundidade e baixa fertilidade); solos novos e rasos; solos orgânicos e solos argilosos, sendo que na Área de Influência Direta só ocorrem os três primeiros.

De um modo geral na ADA os solos são pouco desenvolvidos verticalmente, altamente pedregosos e por vezes ladeados por rochosidade. Derivados de rochas sedimentares são pouco férteis devido à inexistência de minerais básicos na sua constituição. Os cambissolos concentram-se nas áreas mais planas, os solos novos nas rupturas de declive e também nas partes planas e altas. Já os orgânicos estão situados nas margens dos rios e sob os banhados.

Embora toda a área de influência deste estudo vincule-se a um limite geomorfológico que marca a divisão entre as regiões hidrográficas do Rio Itajaí e do Litoral Centro, a Serra da Boa Vista corresponde a uma região de cabeceiras exclusivas do Rio Itajaí, com alta densidade de drenagem e também grande quantidade de rios, alguns inclusive intermitentes.

Especificamente a área de estudo compreende também um autêntico interflúvio. A geomorfologia de altiplano escultural compatível a uma borda de escarpa divide os primeiros flúvios da Bacia do Itajaí ao longo de seu radial que então, condicionados pela tectônica dos lineamentos sobre o embasamento cristalino e a Bacia Sedimentar do Paraná passam a se dirigir para NW.

A área de influência direta do empreendimento está inserido na Região Hidrográfica 7 (RH 7) – Vale do Itajaí - unidade hidrológica composta pela bacia do rio de mesmo nome. Mais especificamente cinco são as microbaciais vinculadas: Adaga, Lessa, Invernadinha, Quebra-Dentes e Taquaras.

Quanto aos regimes fluviais constata-se que os rios de Santa Catarina são comandados pelo regime de chuvas, que se caracteriza por serem bem distribuídas anualmente, garantindo assim o abastecimento normal durante o ano.

RECURSOS HÍDRICOS

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O comportamento da grande maioria dos rios (Figura 13), em conformidade com a distribuição das chuvas é representado por dois máximos (ocorrendo na Primavera e no final do Verão) e dois mínimos (registrados no início do Verão e no Outono com prolongamento no Inverno), revelando características de regime subtropical.

Figura 13 – Aspecto dos cursos d’água intermitentes em período outonal. Nota-se apenas fio d’água e grande parte de leito exposto, devido à redução da precipitação a partir de abril.

A característica principal da rede hidrográfica instalada é a exclusividade de canais obsequentes, ou seja, rios que correm pela parte mais íngreme do terreno. Os leitos são preponderantemente em lajes, a exceção dos terrenos onde há ruptura do nível hidrostático. A característica de forma das pequenas bacias são rios com padrão arborecente, variando para ocasiões de sub-paralelismo.

As nascentes possuem pouco uso na área de influência direta do empreendimento, ressaltado-se apenas a dessedentação animal. Mesmo assim, são recursos importantes para a irrigação a partir da localidade de São Leonardo e Picadas.

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Meio Biótico

O diagnóstico do meio biótico tem por objetivo caracterizar a vegetação nas áreas de influência do futuro empreendimento, bem como a sua fauna associada. Com essa caracterização geral será possível definir a qualidade ambiental atual na área destinada à instalação do empreendimento aqui proposto.

O Parque Eólico Boa Vista está inserido no bioma Mata Atlântica, que originalmente cobria 12% do território nacional e atualmente, em função do desmatamento, encontra-se extremamente reduzido, restando menos de 8% de sua extensão original.

Figura 14 - Domínio de Mata Atlântica no Brasil.

Em amarelo cobertura original, em verde os remanescentes atuais. Adaptado de MMA (2000).

A área do empreendimento se encontra em uma zona de transição entre a Floresta Ombrófila Densa, a Floresta Ombrófila Mista e os Campos Naturais.

A Floresta Ombrófila Densa ocupa cerca de 1/3 da superfície do Estado, ocorrendo paralelamente ao oceano e se alargando para o interior na altura do Vale do Itajaí, avançando até a área de estudo. Apresenta altas temperaturas e chuvas freqüentes,

FLORA

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com árvores de grande porte e elevada riqueza de bromélias epífitas. No Estado de Santa Catarina, das 758 espécies de árvores descritas, 83% encontram-se nessa conformação. As árvores mais importantes são a canela-preta, a canela-sassafrás, a peroba-vermelha, o pau-óleo, a canela-fogo, a licurana, a garuva, a canela-burra e a sapopema.

A Floresta Ombrófila Mista, também chamada de Mata das Araucárias, ocupa grande parte do planalto dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, se caracterizando pela predominância da araucária acompanhada pelas canelas, com predomínio da canela-lageana, canela-guaicá, canela-areia, canela-amarela, canela-cheirosa e canela-preta.

A vegetação de Campos Naturais é característica do planalto sul-brasileiro, distribuída do Paraná ao Rio Grande do Sul. Essa vegetação é nitidamente herbácea, ou seja, ocorre o predomínio de espécies rasteiras, como as gramíneas, sendo as principais espécies dessa conformação a carqueja-do-campo, a vassoura-lajeana, os caraguatás e a samambaia-das-taperas. Apenas ao longo do curso dos rios e em alguns capões isolados são encontrados os estratos de arbustos e árvores (Figura 15).

Figura 15 - Capão de mata observado na área do empreendimento.

Os campos naturais se encontram totalmente descaracterizados, sendo quase impossível reconhecer seus limites no planalto catarinense, devido às constantes atividades agropastoris, queimadas e derrubadas das matas. Essas atividades não descaracterizaram somente os campos, isso ocorreu também com a mata de araucária, a qual se estima esteja reduzida a menos de 10% da sua extensão original.

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Vegetação Atual e Fatores de Pressão

A área de estudo, assim como praticamente todas as regiões do Estado, encontra-se totalmente descaracterizada, devido a atividades agrárias, como criação de gado, silvicultura, queimadas e corte seletivo de madeira.

Toda a área do Parque Eólico está ou transformada em pastagem para o gado ou aproveitada pela silvicultura, com reflorestamentos de pinus (Figura 16).

Figura 16 - Registro de gado (esquerda) e reflorestamento de pinus (direita) na Área de

Influência Direta do empreendimento.

Em função da intensa ocupação e exploração das florestas muitas das espécies são consideradas ameaçadas de extinção ou raras. Isso porque ocorre a destruição dos habitats além da eliminação ou diminuição de indivíduos, o que impede a perpetuação das espécies. Segundo a nova Lista Oficial das Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (Instrução Normativa s/n de setembro de 2008), que inclui 472 espécies, a mata atlântica é o bioma que apresenta o maior número de espécies ameaçadas (276). Das espécies consideradas de provável ocorrência na área de estudo somente a araucária e a canela-preta aparecem nessa lista.

A seguir apresentamos uma caracterização geral da fauna de vertebrados terrestres (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) das áreas de influência do Parque Eólico Boa Vista. Ao final são apresentados os principais fatores de pressão observados para esses animais e algumas das espécies que se encontram ameaçadas de extinção devido a esses fatores.

Anfíbios

No Brasil, os anfíbios são representados principalmente pelos anuros (sapos, pererecas e rãs) com 813 espécies e, em menor número, pelas cobras-cegas (27 espécies). É esperada a ocorrência de cerca de 60 espécies de anfíbios anuros na área de estudo, diversidade considerável tendo em vista que esse número para o estado de Santa Catarina é estimado em 100 espécies.

FAUNA

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Com relação ao ambiente em que as espécies registradas vivem, cerca de 55% vivem em áreas florestadas, enquanto aproximadamente 20% são encontradas em áreas abertas e outros 25% habitam os dois ambientes. Quanto ao hábito, 50% vivem em árvores (principalmente pererecas), 30% vivem em galerias ou cavidades no solo (sapos e rãs), e o restante dividido em espécies que vivem em meio ao folhedo depositado no solo e outras associadas constantemente ao ambiente aquático.

Répteis

A diversidade de répteis no Brasil é de 701 espécies, aproximadamente 8% de todos os répteis conhecidos no mundo. Para a Mata Atlântica foram descritas mais de 200 espécies, com aproximadamente 30% endêmicas (encontradas somente nesse bioma), ficando atrás somente da Amazônia em termos de diversidade e endemismo

Na área do empreendimento é esperada a ocorrência de pelo menos duas espécies de cágado, três de cobra-cega, 8 de lagartos e 47 de serpentes, sendo a maior parte dessas espécies associadas ao ambiente florestal. Nos ambientes abertos podem ser encontrados principalmente o lagarto teiú e algumas cobras como a jararaca e a cascavel. As cobras-cegas são comumente encontradas quando a terra e revolvida, já que esses animais ficam enterrados no solo.

Aves

O grupo das aves possui mais de 9.000 espécies, sendo que no Brasil encontramos 1.800 espécies. A Mata Atlântica abriga mais de 1.000 espécies com aproximadamente 20% delas sendo encontradas somente nesse bioma, e 600 delas são registradas para o estado de Santa Catarina.

Foi realizado um monitoramento prévio da durante um ano, sendo esperada a ocorrência de pelo menos 138 espécies na área de estudo, sendo a maioria com ampla distribuição geográfica e bastante frequentes em áreas abertas e sistemas agropecuários, como quero-quero, anu-preto, canário-da-terra, vira-bosta, entre outros. Por outro lado, outras espécies merecem destaque por sua raridade, como pedreiro, peito-pinhão, gavião-de-cauda-branca, gavião-de-cauda-curta, perdigão, gavião-tesoura, andorinhão-coleira, mocho-orelhudo e mergulhão-pequeno.

De acordo com as características comportamentais, as espécies podem ser mais ou menos suscetíveis a colisões com as torres e turbinas da usina. Certamente as espécies que habitam o espaço aéreo durante boa parte do tempo, ou seja, fazem longos vôos diários ou ficam planando por períodos prolongados, são as mais vulneráveis. Entre elas citamos principalmente os urubus, gaviões, corujas, garças, pombas, andorinhões e andorinhas. A partir do monitoramento ficou constatado que a área do alto da boa vista não deve servir como ponto de passagem para grandes bandos migratórios, embora estudos mais detalhados e um maior tempo de monitoramento sejam importantes para elucidar essa questão.

Mamíferos

O Brasil, com cerca de 650 espécies descritas, possui a maior diversidade de mamíferos do mundo. Já a riqueza indicada para a Mata Atlântica é de 250 espécies sendo 55 endêmicas (vivem somente nesse bioma). Entre as ameaçadas de extinção, segundo o IBAMA, são encontradas 39 espécies, sendo que os carnívoros de grande porte (onça, puma) apresentam os graus mais críticos de ameaça.

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Assim como para as aves, os mamíferos foram caracterizados com base no monitoramento prévio, onde constam 70 espécies de possível ocorrência nas áreas de influência do empreendimento com 24 delas registradas em campo. O maior número de espécies registradas foi de roedores (25 espécies) seguidos pelo grupo dos morcegos com 17.

O grupo de maior interesse nesse tipo de estudo é sem dúvida o dos morcegos devido ao risco de colisão com as torres durante seus vôos. Porém existem poucos estudos abordando esse tema, o que torna a avaliação de impactos sobre esse grupo uma tarefa difícil de ser realizada. Embora tenha sido realizado um esforço de captura com redes de neblina na área de estudo, não foi capturado nenhum indivíduo. Ainda assim pode ser confirmada a presença de algumas espécies, pois o pesquisador responsável pelo monitoramento relata a observação de morcegos sobrevoando a área de estudo no início da noite em várias ocasiões.

Fatores de Pressão e Espécies Ameaçadas

A perda e fragmentação de habitats têm sido apontadas como as principais causas responsáveis pelo declínio da diversidade local de vertebrados terrestres em todo o mundo. A substituição dos ambientes naturais por pastagens, lavouras e reflorestamentos faz com que as populações de vertebrados terrestres fiquem isoladas em poucos e pequenos fragmentos de vegetação que não são suficientes para garantir a perpetuação de muitas espécies em longo prazo.

Outros fatores que podem ser mencionados são a caça, o comércio ilegal de animais silvestres e o abate para “proteção” de interesses. Por exemplo, alguns mamíferos de grande porte como o puma, são abatidos por criadores como forma de proteger seus rebanhos. Outros animais como as serpentes, principalmente, são mortas devido ao medo das pessoas frente a esses animais.

Devido aos problemas apresentados acima centenas de espécies correm risco de extinção em todo o mundo, sendo de fundamental importância registrar as suas ocorrências e implementar políticas públicas de conservação e manejo para garantir a perpetuação dessas espécies.

Para esse trabalho optou-se por identificar as espécies ameaçadas segundo as listas oficiais dos estados do Rio grande do Sul e Paraná, já que o estado de Santa Catarina ainda não apresenta uma lista própria, e a lista nacional de espécies ameaçadas publicada pelo IBAMA.

Ao todo foram registradas 69 espécies ameaçadas, sendo a maioria presente nos grupos das aves (31) e dos mamíferos (26). Entre os répteis foram registradas nove espécies e três entre os anfíbios.

No grupo das aves os destaques são o macuco, o urubu-rei, a águia-cinzenta, o gavião-pato, o açari-banana, o açari-poca, a galinha-do-mato, o limpa-folha-coroado e a tesourinha-da-mata, todas essas espécies são consideradas Criticamente em Perigo segundo a lista de espécies ameaçadas do Rio Grande do Sul.

Entre os mamíferos, o destaque se dá para as espécies que foram registradas na área do empreendimento, são elas: o bugio, registrado através de observação direta em campo, o puma e o tatu-de-rabo-mole, com registro de pegadas, e o macaco-prego e o quati, com relatos de moradores locais.

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Nas áreas de influência do empreendimento foram registradas quatro RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural), todas no município de Alfredo Wagner, RPPN Rio das Furnas, com área de 10 hectares, RPPN Vale das Pedras, criada pela Portaria 92 do ICMBio, com 33,5 hectares, RPPN Terra Forte e RPPN Ek Três Rios (13 hectares). As duas últimas não constam na lista de RPPNs fornecida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

A primeira é a única que esta dentro do limite da AID, enquanto as outras estão na AII. A RPPN Rio das Furnas é uma propriedade particular adjacente ao Parque Eólico da Boa Vista elevada à condição de UC em 2002. Caracterizada como uma área de refúgio possui 10 hectares e situa-se em um ambiente de transição ecológica entre os domínios da Serras do Leste Catarinense e o início do altiplano vinculado ao Planalto de Lages que contempla uma rica área de interface entre as conformações dos Campos Naturais e as Florestas Ombrófilas Mista e Densa. Apesar de possuir uma área diminuta compreende em suas rampas e patamares algumas das nascentes formadoras do Rio Itajaí do Sul.

Meio Sócio-Econômico

A origem dos povoados que permitiu a formação dos atuais municípios de Alfredo Wagner e Rancho Queimado, remonta dos projetos de implantação de colônias militares ao longo do caminho da estrada de tropas que ligava as terras dos “Campos de Lages” com as de São José da Terra Firme (atual cidade de São José).

O povoado situado nas terras dos campos de Bom Retiro, precursor do atual município de Alfredo Wagner, foi estabelecido em 1840 por Serafim Muniz de Moura e seus familiares, no local que corresponde a atual vila do distrito alfredense de Catuíra. Foi junto a esta vila que no ano de 1853, Dom Pedro II ordena a fundação da colônia militar de Santa Tereza.

Em 21 de dezembro de 1961, a Lei Estadual nº 806 desmembra os distritos de Catuíra e Barracão do município de Bom Retiro estabelecendo o município denominado de Alfredo Wagner, constituído dos distritos de Alfredo Wagner, Arnópolis, Catuíra e São

HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

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Leonardo, em homenagem a um dos precursores da emancipação política e do desenvolvimento socioeconômico local, o cidadão Alfredo Henrique Wagner.

A formação do município de Rancho Queimado, também remonta dos pontos denominados de pousios, estabelecidos ao longo do caminho dos tropeiros aberto por Arzão. A denominação de Rancho Queimado foi estabelecida por meio do Decreto Estadual nº 238 de 1º/12/1938. Tal denominação, provavelmente, está correlacionada ao incêndio de um rancho no ponto de pousio das tropas.

O distrito de Rancho Queimado permaneceu sob a jurisdição do município de Palhoça até 31 de dezembro de 1943, ocasião em que por meio do Decreto Lei Estadual nº 941, é transferido para o município de São José. Somente em 08 de novembro de 1962, por meio da Lei Estadual nº 850, é elevado a município, instalado em 29 de dezembro do mesmo ano, constituindo-se do distrito sede. Em 12 de maio de 1967, a Lei Estadual nº 1.060 eleva a localidade de Taquaras a distrito anexando-a ao município, permanecendo até o presente com esta divisão territorial.

Com uma taxa de urbanização em torno de 33%, qualificando-a como essencialmente rural, o uso do solo na AII direciona-se de forma predominante à exploração dos recursos edáficos e hídricos visando o desenvolvimento de atividades agropecuárias.

No ano de 2006, dados do Censo Agropecuário efetuado pelo IBGE indicaram que os municípios em pauta contavam, no conjunto, com 2.500 estabelecimentos agropecuários, predominando minifúndios com base na agricultura familiar, perfazendo uma área de 587,4 km², o equivalente a aproximadamente 58% de seus territórios, que é igual a 1.018 km².

As áreas destinadas às lavouras temporárias e permanentes, presentes em 2.161 estabelecimentos, correspondiam no referido ano a aproximadamente 101 km², cerca de 10% do montante total da área em estudo.

As parcelas de solo destinadas às lavouras permanentes, constatadas em 107 estabelecimentos agropecuários, totalizaram o equivalente a 7,0 km², menos de 0,7% da superfície da área em estudo.

O uso do solo destinado às lavouras temporárias, presente em 2.054 estabelecimentos, totalizou cerca de 94,4 km² representando aproximadamente 9,3% do montante total da área em estudo, indicando uma predominância do uso do solo agrícola a culturas cíclicas.

O uso do solo destinado ao desenvolvimento da bovinocultura, representado por áreas de pastoreio cobertas de gramíneas naturais e introduzidas presentes em 1.811 estabelecimentos agropecuários e totalizando uma área de 224 km², correspondiam a 22% da soma total das áreas dos municípios.

Em relação ao uso predominante do solo na AID, que corresponde a localidade de Boa Vista, vinculada aos distritos de São Leonardo e Taquaras, está direcionado ao cultivo florestal de pinus, bovinocultura orientada a produção de leite, extração de argila e agricultura orgânica.

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

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Na AID encontram-se áreas privadas destinadas exclusivamente a abrigar infra-estrutura de telecomunicações, com antenas de radiodifusão e rebatedores e retransmissores de rede de televisão, instaladas a partir da década de 70. Este talvez seja a característica de uso do solo mais proeminente na AID, uma vez que área tornou-se conhecida entre a população local por: “Morro das Antenas” ou “Morro da Antena”.

Dados do IBGE/2000 apontaram que os municípios situados na Área de Influência Indireta (AII) do empreendimento proposto contavam, em conjunto, com uma população total de 12.499 habitantes distribuídos em 3.848 domicílios. Do referido montante populacional, 8.332 habitantes se encontravam estabelecidos em áreas rurais, o restante com situação domiciliar urbana totaliza 4.167 habitantes, indicando para a área em estudo uma predominância rural com uma taxa de 67 %.

De forma isolada, Alfredo Wagner contava no referido ano com 6.793 habitantes distribuídos em 2.012 domicílios rurais. Seus núcleos urbanos contavam com 926 domicílios e uma população de 2.937 habitantes o equivalente a uma taxa de urbanização de 30 %. Detendo o menor percentual populacional da área em estudo, Rancho Queimado contava em seu meio rural com uma população de 1.539 habitantes estabelecidos em 501 domicílios e, com 409 domicílios particulares permanentes, seu meio urbano concentrava uma população de 1.230 habitantes.

Os dados apontados nos censos demográficos do IBGE, realizados nos anos 70; 80; 90 e 2000, incluindo a Contagem da População 2007, indicam uma taxa de crescimento médio anual de 0,5%, demonstrando certa estabilidade na evolução da população total da área em estudo.

Relacionado à faixa etária com maior participação do montante populacional da área em estudo, está a entre 10 aos 19 anos, representando cerca de 18 % da população total, seguida pelas faixas entre 0 a 09 anos (17 % do total, indicando controle de natalidade), e em terceiro a faixa etária entre os 30 a 39 anos que corresponde a 14 %. Consequentemente, o índice da População Economicamente Ativa (PEA), atinge aproximadamente 33 %.

Detendo a maior área territorial, com 732 km², e também a população absoluta, o município de Alfredo Wagner apresentou uma densidade demográfica, ou população relativa, de 13,3 hab./km². Já, o município de Rancho Queimado, com seus 286 km², atingiu uma densidade de 9,7 hab./km².

POPULAÇÃO

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Indice de Desenvolvimento Humano

Para se avaliar o grau de desenvolvimento de um determinado municipio, tem-se adotado as resultantes de três dimensões sociais: educação, longevidade e renda.

Municípios com IDHM até 0,499 têm desenvolvimento humano considerado baixo. Os com índices entre 0,500 e 0,799 são considerados de médio desenvolvimento humano, e os com IDHM maior que 0,800, apresentam desenvolvimento humano considerado alto.

Adotando tais parâmetros, no ano 2000, Alfredo Wagner apresentou um IDHM de 0,778, inferior ao índice médio estadual (0,844), classificando-o como de médio desenvolvimento humano. O município de Rancho Queimado, alcançou um IDHM de 0,773, também dentro dos parâmetros da escala de médio desenvolvimento humano.

Alfredo Wagner

Contribuindo em média com mais de 55% na composição do PIB municipal. Tal percentual de participação deve-se as atividades relacionadas a avicultura, suinocultura e bovinocultura e também a produção agrícola onde se destacam nas lavouras temporárias o cultivo do milho e da cebola. Nas lavouras permanentes, destaca-se o cultivo de caqui, laranja e pêssego.

A silvicultura também esta presente no municio predominando o cultivo florestal de espécies do gênero Pinus, direcionado a produção de papel, lenha, madeiras brutas e planas.

A piscicultura está presente no município. Considerada uma atividade promissora é praticada na maioria das propriedades do meio rural.

A apicultura também está se tornando uma fonte de geração de renda em razão da qualidade certificada do mel de floradas silvestres, produzido nos apiários do município.

O setor secundário do município, que participa em média com apenas 6% do montante do PIB municipal é representado basicamente por indústrias artesanais familiares do ramo de alimentos e de beneficiamento de madeiras (serrarias e movelaria).

O município conta com um setor terciário diversificado e qualificado que supre as necessidades de consumo da população local. As atividades do setor terciário, que correspondem ao comercio e prestação de serviços, associadas à exploração do turismo (rural, agronegócios, aventura, natureza e cultural) participam em média com 35% na composição do PIB municipal.

Rancho Queimado

Com aproximadamente 35% da composição do PIB municipal o setor primário do município se expressa por meio de atividades relacionadas à agricultura, pecuária, cultivo florestal e extrativismo mineral (regolitos e rochas metamórficas e magmáticas).

ECONOMIA

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Na pecuária se destacam a avicultura, suinocultura e bovinocultura, entre os cultivos agrícolas predominam nas culturas temporárias tradicionais as lavouras de cebola, feijão, milho e tomate e nos cultivos permanentes pêssegos e pêras.

A apicultura, outrora com produção destinada ao consumo familiar, passou a ser expressiva se tornado uma atividade lucrativa, principalmente nas propriedades onde ocorre o cultivo florestal de eucaliptos em razão da boa aceitação no mercado consumidor do mel proveniente destes.

O setor secundário é o que menos contribui na composição total do PIB, participando em média com 16% do montante. O setor industrial é constituído basicamente por agroindústrias familiares (geléias de frutas, embutidos de carnes, lacticínios, bebidas etc.), cerâmica vermelha e beneficiamento de madeiras.

O setor de terciário, que corresponde às atividades de comércio e prestação de serviços, juntamente com o setor primário, está na base da economia do município. As atividades correlatas ao setor terciário, que também incluem os serviços direcionados a exploração do agroturismo, turismo de aventura, ecológico, entre outras modalidades, contribuem em média com 45% na formação do PIB municipal.

Abastecimento de água

Conforme dados disponibilizados no site oficial da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento – CASAN, responsável pelo suprimento de água tratada aos municípios em pauta, a água bruta utilizada para o abastecimento da população provém dos seguintes mananciais: rio Caeté que supre a população do município de Alfredo Wagner e um poço tubular destinado a suprir a ETA de Rancho Queimado.

Tais mananciais, segundo a companhia supracitada, em razão das porcentagens de captação (média de 20% da vazão mínima dos mananciais) atendem de forma ampla as áreas urbanas dos municípios em pauta.

Nas áreas rurais dos municípios ainda predominam os sistemas tradicionais de captação em poços e nascentes.

Esgotamento Sanitário

Conforme os resultados apontados pelo IBGE, oriundos do Censo Demográfico do ano 2000, dos 3.139 domicílios existentes na área de estudo, 2.140 utilizavam sistemas rudimentares de tratamento e destinação final dos dejetos sanitários.

Sistemas de redes coletoras de esgotos nos municípios estão em fase de implantação, igualmente com a ampliação do número de fossas sépticas. A instalação de ETE,s também deveria ser priorizada em razão do potencial hídrico superficial e subterrâneo que detêm, na maioria considerados de Classe 1 e qualificados ao abastecimento urbano.

INFRA-ESTRUTURA

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Em relação aos resíduos gerados pelas indústrias, projetos executados pelo Poder Público Municipal em conjunto com órgãos ambientais têm propiciado formas adequadas de segregação e tratamento condizentes com as diretrizes estabelecidas pela legislação ambiental.

Coleta de resíduos sólidos

As áreas urbanas dos municípios contam com serviço abrangente e regular de coleta de resíduos sólidos. Nas áreas rurais mais remotas este serviço ainda é deficitário.

O lixo coletado no município de Alfredo Wagner, com uma frequencia de duas vezes por semana, é transportado até o aterro sanitário/controlado e licenciado situado no município de Biguaçu. Para o município de Rancho Queimado, ocorre de forma análoga com destino a um centro de triagem para reciclagem.

Nos municípios também ocorre com datas preanunciadas a coleta de “lixo pesado”. A coleta seletiva é efetuada por meio de recipientes qualificados em áreas públicas, unidades de ensino e órgãos públicos. Os vasilhames de defensivos agrícolas descartados são destinados a postos de recolhimento, minimizando a contaminação dos recursos hídricos.

Energia elétrica

Em relação a esse serviço, os municípios em pauta foram universalizados por meio do Programa Luz Para Todos do Ministério de Minas e Energia, efetuado em nível estadual por meio da CELESC - Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A, que tem por objetivo propiciar o fornecimento de energia elétrica a todas as comunidades rurais do Brasil.

Meios de comunicação

Os municípios contam com serviços de telefonia fixa e móvel, acesso a Internet, e boa captação de sinais de TV e rádio. Em determinadas localidades da zona rural que não disponibilizam de linha telefônica convencional, predominam os serviços de celular rural e o acesso a Internet é realizado somente via rádio.

A população do município também tem acesso aos periódicos impressos de circulação regional e nacional, incluindo os boletins informativos locais.

Sistema viário

As principais vias interestaduais e intermunicipais, que permitem o acesso aos municípios, correspondem às rodovias BR 101, BR 282 e SC 407.

A rodovia BR 101 permite o acesso a rodovia BR 282 principal elo de comunicação rodoviária entre os núcleos urbanos dos municípios em pauta. Alfredo Wagner está situado a aproximadamente 92 km da sede da capital, e Rancho Queimado a cerca de 55 km.

O porto mais próximo da área em estudo é o de Imbituba situado a 105 km. Os portos de Itajaí e São Francisco do Sul estão situados, respectivamente, a 130 km e 225 km. O aeroporto Hercílio Luz, situado na ilha de Santa Catarina, está a cerca de 81 km da área de estudo.

As formas de acessos rodoviários intermunicipais e interestaduais, somados aos sistemas vicinais disponíveis nos municípios em pauta na maioria não pavimentados, formam uma rede viária polarizada que atende de forma satisfatória o escoamento da

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produção industrial e agrícola, a circulação de mercadorias interna e deslocamento da população urbana e rural.

Educação

Os municípios contam com 21 unidades de ensino público. Em relação ao número de discentes e docentes no ano de 2008, segundo dados do Ministério da Educação, a área em estudo contava com 3.648 alunos matriculados e 178 professores, totalizando uma média de 20,5 alunos por docente.

Além dos ensinos formais, correspondentes a educação infantil, ensino fundamental e médio, as secretarias de educação e meio ambiente dos municípios em pauta, também atuam na promoção de programas educacionais extracurriculares visando o desenvolvimento sociocultural e socioambiental dos educandos com o objetivo de instruí-los ao exercício da cidadania, incluindo cursos de alfabetização para jovens e adultos.

Saúde

Apesar do índice insuficiente de unidades de saúde e leitos hospitalares não condizentes com o quadro socioeconômico do efetivo populacional pôde-se constatar que os poderes públicos municipais têm adequado seus orçamentos em prol do desenvolvimento de Programas de Saúde da Família, onde a meta municipal é a medicina preventiva alternativa.

Na esfera administrativa municipal, Alfredo Wagner conta atualmente com 04 unidades de saúde, e o município de Rancho Queimado com 02. Em relação às unidades hospitalares, Alfredo Wagner conta com um hospital de clínica geral (esfera administrativa privada – fundação hospitalar conveniada com o SUS), que disponibiliza a população 24 profissionais da saúde (13 médicos).

Ambos os municípios encontram-se inseridos pela SANTUR – Santa Catarina Turismo, assessoria oficial de fomento ao turismo vinculada a Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte de Santa Catarina, no roteiro de turismo rural denominado Acolhida na Colônia, Alfredo Wagner sob o codinome de Capital Catarinense das Nascentes e Rancho Queimado com o codinome de Capital Catarinense do Morango.

A forma harmoniosa de integração da paisagem cultural com a natural, fez dos munícipios belos redutos para os adeptos do turismo de natureza e cultural. Cachoeiras, áreas de matas nativas preservadas, praças públicas, trilhas ecológicas, museus, casarios coloniais, pousadas, hotéis fazenda, festejos, feiras de agro-negócios, alimentos artesanais, em fim, entre outros atrativos, que reunidos qualificam os municípios como potencialmente direcionados a exploração do turismo de natureza, aventura e cultural (rural e religioso).

Dentre os bens do patrimônio arquitetônico do município de Alfredo Wagner se destaca as seguintes edificações: igreja de Santa Teresa edificada em 1855, casarão dos

LAZER, TURISMO E CULTURA

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Ibagys que remonta do final do século XIX e a edificação que abriga o Museu Antropológico de Lomba Alta.

Em Rancho Queimado foram tombadas como patrimônio arquitetônico estadual a casa de campo do ex-governador Hercílio Pedro da Luz edificada no inicio do século passado. O patrimônio tombado por meio de decreto municipal é representado por casarios situados no meio rural que atualmente servem a citadinos como segunda residência, a Casa do Imigrante (réplica fiel da casa construída originalmente em 1915), Monumento ao Tropeiro e a igreja Católica de Taquaras.

Em relação a testemunhos arqueológicos na área de estudo, registros no banco de dados do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN indicam a presença de um sitio arqueológico denominado de Toca dos Bugres nas imediações do núcleo urbano do município de Rancho Queimado (IPHAN, 2009).

O município de Alfredo Wagner conta a Gruta do Poço Certo que também abriga um sítio arqueológico. Há outros sítios arqueológicos na área em estudo que ainda não foram catalogados pelo IPHAN. O município detém em seu museu de arqueologia, situado na localidade de Lomba Alta, um vasto acervo arqueológico.

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IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

Os impactos ambientais relacionados no item anterior são apresentados abaixo separados de acordo com o meio (físico, biótico e socioeconômico) em que são percebidos.

Conforme destacado no capitulo de metodologia, a intensidade de cada impacto levantado foi avaliada segundo adaptações já consagradas para esse tipo de análise.

Cabe lembrar que os impactos são muitas vezes percebidos em diferentes fases do empreendimento, embora em diferente intensidade. Porém, os quadros apresentados neste sub-capítulo se referem à avaliação para todo o período do empreendimento. Isto quer dizer que os resultados da análise serão tomados em somatório, a partir do maior valor observado.

Meio Físico

Alteração na paisagem

A alteração na paisagem incide no aspecto visual decorrente da implantação do canteiro de obras, vias de acesso, das construções civis e, principalmente, dos aerogeradores. Os impactos visuais decorrentes do agrupamento de torres e aerogeradores são consideráveis devido às dimensões destes. No entanto tal impacto decresce rapidamente conforme a distância de observação (Figura 17). Uma espécie de regra não oficial para estes casos mencionada por Wizelius (2007) diz que o impacto visual é marcante sobre a paisagem numa distância de até dez vezes a altura da torre do aerogerador, isto é, no raio de 500 metros para um aerogerador com uma torre de 50 metros de altura.

Figura 17 - Impacto visual de um aerogerador conforme a distância de observação (GIPE, apud WIZELIUS, 2007).

IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

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Wizelius (2007) ainda menciona que os aerogeradores, em geral, podem ser vistos a uma distância de até 400 vezes a altura de sua torre, ou seja, até 20 quilômetros de distância para um aerogerador com torre de 50 metros. Entretanto na distância de cinco quilômetros aproximadamente o aerogerador, de certa forma, já se mistura a paisagem.

Como medida mitigadora sugere-se a instalação do canteiro de obras e vias de aceso evitando ao máximo a derrubada de vegetação e de outros locais de valor paisagístico, e a implantação do Programa de Recuperação de Áreas Degradadas.

Formação de áreas degradadas

As obras de implantação constituem fator de geração de áreas com certo grau de degradação, principalmente em função da remoção da vegetação e do revolvimento do solo para a abertura de estradas de acesso, construção das torres, além de outras ações ligadas diretamente à construção e pertinentes ao tipo de empreendimento em questão.

Como forma de mitigar este impacto além de desenvolver o Programa de Recuperação de Áreas Degradadas recomenda-se planejar adequadamente as atividades de maior impacto em relação à formação de áreas degradadas.

Formação de Processos Erosivos

Desde o início até o final das obras poderá se instalar processos de erosão com perda de solo nos locais de supressão de vegetação e nos locais de construção das torres, devido à remoção de terra para execução das fundações e às próprias características do solo local.

A mitigação deste impacto também se dará com o desenvolvimento do Programa de Recuperação de Áreas Degradadas e a adoção de medidas preventivas de controle de formação de focos de processos erosivos e perda de solo.

Alteração na Qualidade das Águas Superficiais

Quanto à qualidade das águas superficiais, poderão ocorrer modificações na fase de implantação da obra, devido ao transporte de sedimentos e efluentes para os corpos de água, conduzindo a modificações de suas características físico-químicas. As nascentes de cursos hídricos existentes na área do empreendimento também poderão ser impactadas pelas obras.

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Como medida mitigadora recomenda-se desenvolver os seguintes programas: Programa de Monitoramento dos Recursos Hídricos; Programa de Gestão Ambiental dos Resíduos Sólidos e Efluentes Líquidos e Programa de Recuperação de Áreas Degradadas. Além da adoção de medidas de controle sanitário.

Meio Biótico

Perda de Cobertura Vegetal

A implantação de um parque eólico demanda a remoção da vegetação local para execução dos acessos e demais obras civis, todavia a remoção de cobertura vegetal não atinge grandes áreas, e, no caso do empreendimento em proposta, a maior parte da área encontra-se recoberta por pasto e vegetação exótica (pinus sp), havendo apenas um fragmento coberto por vegetação nativa.

Como forma de compensar este impacto indica-se a realização dos Programas de Supressão Vegetal e de Recuperação de Áreas Degradadas, bem como a de locais já degradados para a construção do canteiro de obras, vias de acesso e locais de bota-fora e empréstimo.

Interferência na Fauna Terrestre

A retirada da cobertura vegetal, ainda que em pequena escala, leva à redução da área de muitas espécies florestais, deixando animais expostos à condições ambientais desfavoráveis. Algumas atividades na fase de implantação do empreendimento, como a terraplanagem, instalação dos canteiros de obras, a operação de máquinas e equipamentos e o aumento de ruídos podem afugentar algumas espécies, levando à alteração do habitat de espécies de anfíbios, répteis, aves e mamíferos.

A remoção da vegetação e a consequente redução de alimento podem levar algumas espécies a se deslocarem à procura de outros locais em busca de recursos, podendo invadir áreas vizinhas, como plantações e áreas residenciais. Entretanto, depois de cessadas as atividades de implantação, a fauna deverá retornar gradativamente aos seus antigos habitats, com a recuperação das áreas degradadas.

Como descrito previamente, trata-se de uma área bem aberta e em grande parte recoberta por pastagens e plantação de pinheiros, assim sendo, na previsão deste estudo espera-se que o impacto seja pouco expressivo.

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Como forma de compensar este impacto recomenda-se desenvolver os seguintes programas: Programa de Monitoramento da Fauna e Programa de Recuperação de Áreas Degradadas.

Interferência na Avifauna

A elevada altura das torres e o tamanho das pás do rotor constituem elementos que podem impactar a vida das aves. Entretanto, estudos já mostraram que fora das rotas de migração raramente os pássaros são incomodados pelas turbinas e que eles tendem a mudar sua rota de vôo entre 100 a 200 metros, passando acima ou ao redor da turbina, em distâncias seguras. Na Alemanha, morrem mais pássaros vitimados pelo impacto em torres de antenas do que em turbinas eólicas (Tolmasquim, 2004). Nos Estados Unidos pesquisas científicas estimaram o número de morte de aves por diferentes causas (Quadro 06).

Quadro 06 – Mortalidade de aves nos EUA por ano (SAGRILLO, apud WIZELIUS, 2007).

Causa Mortalidade (em milhões de aves por ano)

Linhas de transmissão 130-174

Carros e caminhões 60-80

Edifícios 100-1000

Torres de telefonia 40-50

Pesticidas 67

Gatos 39

Aerogeradores 0,0064

A avifauna também pode ser impactada pelo afugentamento de espécies em razão dos aerogeradores. Este efeito varia conforme a espécie, mas a maioria das aves não se sente ameaçadas pelas turbinas e tendem a se acostumar com elas rapidamente (WIZELIUS, 2007). Como medida compensatória propõe-se a implementação do Programa de Monitoramento da Avifauna.

Meio Sócio- Econômico

Expectativas da População local

No caso da população da região atingida, o conhecimento sobre a implantação do empreendimento deverá ter início a partir dos estudos socioambientais. Para a

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população situada na área de influência indireta os impactos mais significativos se relacionam às expectativas geradas em razão da efetivação do empreendimento, sendo estas relacionadas principalmente à geração de emprego. Como medida mitigatória e visando elucidar quaisquer dúvidas da comunidade recomenda-se desenvolver o Programa de Educação Ambiental e Comunicação Social.

Interferências no Cotidiano da Comunidade Próxima às Obras

A implantação de empreendimentos do setor elétrico, mesmo sendo de pequenas dimensões, causa alguns desconfortos temporários à população residente próxima as obras, tais como: ruídos, violência, insegurança populacional, atividades de supressão vegetal, aumento temporário da densidade demográfica local e sobrecarga no sistema de saúde.

Recomenda-se divulgação das atividades e esclarecimentos em geral, bem como orientação a mão-de-obra contratada, através do Plano de Educação Ambiental e Comunicação Social. Bem como o planejamento dos horários de maior ruído para o transporte de pessoal, materiais e equipamentos, evitando-se os horários de pico e noturnos, para não perturbar o sossego das comunidades atingidas e reforço da sinalização das vias utilizadas, principalmente nas proximidades de escolas, igrejas, postos de saúde e de grande circulação humana.

Insegurança e Pressão no Tráfego Local Durante às Obras

Este tipo de empreendimento apresenta a necessidade de matérias-primas, estruturas físicas, maquinários pesados, mão-de-obra, entre outros. Assim, surge a necessidade de transportá-los até o local da obra, ocasionando um inerente aumento do tráfego de veículos, sobretudo veículos pesados.

A insegurança gerada aos motoristas e moradores por eventuais desvios e interrupções do tráfego é causada principalmente pelo aumento do fluxo de veículos pesados durante as obras de implantação.

A empresa de engenharia responsável pela execução da obra e posterior operação da usina deverá elaborar um plano detalhado dos procedimentos relacionados à movimentação de veículos ao seu serviço na área, estabelecendo um cronograma que oriente o fluxo destes de forma racional. Como exemplo, citamos: a sinalização das obras, o isolamento necessário, instalações de dispositivos de segurança e ainda a divulgação junto às comunidades das atividades que eventualmente interfiram no tráfego. Deverá ainda ser observada a capacidade de suporte do pavimento, transportando tanto quanto possível cargas com peso compatível e aplicar o Programa de Educação Ambiental e Comunicação Social para a comunidade e trabalhadores.

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Dinamização das Atividades Econômicas

Um empreendimento desta natureza tende a afetar de forma positiva a economia local, fomentando novos projetos e empreendimentos e sendo um catalisador para o desenvolvimento econômico local através da geração de empregos e do pagamento de impostos aos municípios envolvidos. Com o início da construção, a demanda por bens de serviços sofrerá uma sensível alteração. Na fase de planejamento e mobilização da infraestrutura da obra, inicia-se a oferta de emprego e renda, com incremento de mais recursos financeiros à economia local. Embora a construção de uma usina possa induzir impactos negativos ao meio biótico e físico, é na soma dos fatores, positivo em relação às potencialidades aproveitáveis pelas populações locais na maioria dos casos.

A dinâmica da economia pode ser contemplada através de algumas variáveis econômicas relacionadas às ações em todas as etapas de implantação do empreendimento (planejamento, construção e operação) como, alteração no mercado de bens e serviços, da renda local e regional, incremento nas arrecadações municipais, aumento da demanda por equipamentos e serviços sociais e principalmente o aquecimento de setores econômicos com conseqüente absorção de mão-de-obra. Este impacto é de característica de intervenção potencializável e para tanto se propõem as seguintes medidas:

Desenvolver o Programa de Favorecimento a Contratação de Força de Trabalho Local/Regional e de Regionalização da Compra de Insumos, da Contratação de Serviços e da Locação de Equipamentos;

Desenvolver o Programa de Educação Ambiental e Comunicação Social, que divulgue a quantidade, o perfil e a qualificação da mão-de-obra que será contratada para a construção;

Levantar as instituições públicas e privadas existentes no âmbito regional e estabelecer com as mesmas formas de atuação e meios de comunicação visando informar a população sobre as características do empreendimento.

Melhorias no Sistema Viário e de Acesso ao Local

Uma vez que será necessário transportar equipamentos de grandes dimensões para execução do empreendimento a infraestrutura viária local terá de ser melhorada. Após concluída a obra a população local irá se beneficiar com as melhorias realizadas no sistema viário em função da implantação do empreendimento seja por facilitar o acesso às propriedades ou no sentido de viabilizar o escoamento da produção.

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Incentivo ao Turismo Local

Grandes obras de infraestrutura tendem a chamar a atenção das pessoas. O Parque Eólico Boa Vista por utilizar uma tecnologia nova, ambientalmente correta e muito bem aceita atualmente poderá atrair a região visitantes interessados em conhecer o projeto, que se concluído instantâneamente seria o maior deste tipo no estado de Santa Catarina.

Este impacto positivo apresenta caráter de intervenção potencializável e para ele são recomendados o do Programa de Educação Ambiental e Comunicação Social e caso observe-se que a demanda de visitantes esteja se expandindo deverão ser elaborados programas específicos que visem garantir a acessibilidade, segurança e preservação ambiental do local.

Geração de Resíduos Sólidos e Efluentes Líquidos

A geração de resíduos sólidos e líquidos é inevitável em um empreendimento desse tipo. Eles são provenientes das atividades do canteiro de obras e das atividades construtivas. Na fase de operação continuarão a ser gerados resíduos, porém em menor escala, provenientes do centro de operação da usina e eventualmente do recebimento de visitantes. Os resíduos sólidos devem ser manejados adequadamente de acordo com as suas características, ou seja, diferenciando-se os resíduos perigosos (classe 1, NBR 10004, 2004), os resíduos não inertes (classe 2A, NBR 10004, 2004) e os resíduos inertes (Classe 2B, NBR 10004, 2004). Quando mal gerenciados estes resíduos podem promover temporariamente a perda da qualidade ambiental nas localidades próximas ao empreendimento. Para mitigar este impacto é recomendado: realizar contrato de prestação de serviço com empresa licenciada para o recolhimento dos resíduos gerados na implantação do Parque Eólico; construir sistemas de tratamento de efluentes líquidos de acordo com as características de cada efluente coletado; seguir as instruções normativas referentes ao acondicionamento, transporte e destinação final dos diferentes tipos de resíduos gerados durante as obras, em especial a CONAMA 307/02, referente aos resíduos da construção civil; e desenvolver o Programa de Gestão Ambiental dos Resíduos Sólidos e Efluentes Líquidos.

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Aumento na Oferta de Energia Elétrica no Sistema

A melhoria do abastecimento do sistema como um todo se faz necessária em função da crescente demanda de energia que vem sendo registrada no país - aumento do consumo doméstico e da necessidade de expansão do parque industrial. Esta melhoria contribuirá para o desenvolvimento regional, dando maiores condições, por exemplo, para o incremento do setor terciário e mesmo a implantação de indústrias, refletindo na geração de empregos e no aumento da renda em longo prazo à população.

Aumento no Nível de Ruído Devido ao Funcionamento dos

Aerogeradores

O ruído proveniente das turbinas eólicas tem duas origens: mecânica e aerodinâmica. O ruído mecânico tem sua principal origem da caixa de engrenagens, que multiplica a rotação das pás para o gerador. O ruído aerodinâmico é um fator influenciado diretamente pela velocidade do vento incidente sobre a turbina eólica. A fim de evitar transtornos à população vizinha, o nível de ruído das turbinas deve antender às normas e padrões estabelecidos pela legislação vigente. Segundo Tolmasquim (2004), a tecnologia atual mostra que é possível a construção de turbinas eólicas com níveis de ruído bem menores, visto que as engrenagens utilizadas para multiplicar a rotação do gerador podem ser eliminadas caso seja empregado um gerador elétrico que funciona em baixas rotações (sistema multipolo de geração de energia elétrica). O ruído de origem aerodinâmica por sua vez relaciona-se com a velocidade do vento sobre a turbina eólica, e a sua redução está ligada ao design das pás e da própria torre. O Laudo de Avaliação do Ruído Visando o Conforto da Comunidade feito pelo SIPAD concluiu que mantidas as condições previstas no projeto, de acordo com a NBR 10151/00, pode-se afirmar que não haverá impacto do ponto de vista da geração de ruído, além da distância de 788 metros do centro de cada aerogerador do Parque Eólico Boa Vista. De maneira a mitigar este impacto recomenda-se monitorar bimestralmente os níveis de ruído na área do parque eólico após o início de funcionamento.

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PROGRAMAS DE CONTROLE E MONITORAMENTO AMBIENTAL

As medidas de controle ambiental serão norteadas através da execução dos Programas Ambientais. Toda a relação dos programas citados serão aqui descritos, mas será no Relatório de Detalhamento dos Programas Ambientais do presente empreendimento, que eles serão abordados com maior profusão.

O objetivo dos programas é eliminar, compensar e minimizar os impactos advindos do empreendimento, fazendo valer os princípios legais estabelecidos. Sua execução será de estrita responsabilidade do empreendedor, estando sujeitas a verificação por parte dos órgãos competentes.

Programa de Gestão Ambiental Integrada

Conforme as diretrizes do Ministério do Meio Ambiente - MMA, Gestão dos Recursos Naturais (2000), a Gestão Ambiental é um conjunto de princípios, estratégias e diretrizes de ações, determinada a proteger os meios físico e biótico, em prol do desenvolvimento socioeconômico.

Assim, um Programa de Gestão Ambiental (PGA) deve estabelecer normas e procedimentos orientados a monitorar, com periodicidade, as ações inerentes às atividades do empreendimento que possam resultar em impactos ambientais. Tais procedimentos, além de verificarem a extensão dos impactos previstos, possibilitam a identificação de incompatibilidades ambientais, proporcionando a avaliação das medidas adotadas. Ao mesmo tempo, geram subsídios que podem orientar e justificar novas adequações às medidas mitigadoras e compensatórias, inicialmente propostas pelos programas ambientais e estipuladas por meio de licenciamento ambiental.

Dessa forma, a Gestão Ambiental Integrada da área e das atividades atuará basicamente na supervisão e gerenciamento da realização dos planos integrados e demais programas a serem adotados.

Programa de Educação Ambiental e Comunicação Social

Qualquer atividade de educação ambiental tem por meta a adoção de comportamentos voltados para a preservação do meio ambiente, considerando também os aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos da região, pois são fatores fundamentais de influência nesse processo educativo. Do mesmo modo que as atividades de comunicação social tem por base a regularização e a padronização do processo de comunicação entre as partes envolvidas na implantação do Parque Eólico Boa Vista e seus programas, privilegiando a participação e acesso da população às diversas esferas de discussão relativas a essa obra.

Dessa forma, diante das condições em que foram encontrados os ambientes naturais frequentados pela comunidade local faz-se necessária a implantação de um Programa de Educação Ambiental e Comunicação Social, tendo como público alvo dois grupos distintos: os operários da obra e a comunidade do entorno.

PROGRAMAS DE CONTROLE E MONITORAMENTO AMBIENTAL

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Programa de Incentivo a Aquisição de Insumos e Contratação de Mão de Obra Local

A compreensão de que um empreendimento deva garantir uma intervenção de valor positivo sobre os ritmos do desenvolvimento local é quase uma condição que permeia a sua importância social. Desta forma, construções como o Parque Eólico Boa Vista são mais bem aceitas quando seus gestores e financiadores se empenham na firmação de contratos de serviços e mão-de-obra dentro das proximidades da obra.

Este programa insere-se por um lado dentro do modelo de compensação ambiental adotado no país. Sua implantação é um benefício social direto que visa garantir a geração de capital circulante para o aquecimento direto dos setores econômicos dos municípios diretamente afetados.

Programa de Recuperação de Áreas Degradadas

Este programa deverá ser desenvolvido durante as obras de implantação da central eólica, de forma a assegurar a preservação dos recursos naturais locais. Possui como objetivos principais, a preservação dos recursos hídricos, paisagísticos e da vegetação natural. Estas metas traduzem-se por ações nas áreas atingidas pelas obras de implantação (canteiro de obras, centro de operação, almoxarifado, subestação elevadora, vias, e outras).

O programa visa não só acompanhar o desenvolvimento de eventuais processos erosivos, mas também promover a reintegração paisagística destas áreas e, ainda, garantir a integridade do próprio empreendimento.

Áreas que sofrerão alteração permanente de uso, como a área das torres e as demais vias de acesso, estarão sujeitas a projetos específicos de arborização que respeitem os limites funcionais, replantio de espécies da flora nativa considerando-se, inclusive, a possibilidade de reintrodução de espécies desaparecidas regionalmente.

Programa de Supressão Vegetal

O Programa de Supressão Vegetal consiste num conjunto de atividades que atendem as exigências de âmbito legal, ambiental e de caráter técnico-operacional. Acompanhará as atividades de remoção de vegetação nas áreas das obras civis (torres, vias de acesso, canteiro de obras e demais).

Irá orientar o processo desmatamento de modo a reduzir os impactos sobre a flora e fauna e avaliará o uso de espécies nativas da flora local para a revegetação das áreas degradadas. A estratégia a ser adotada visa compatibilizar a supressão da vegetação com o monitoramento da fauna, permitindo ações mais sensatas de afugentamento natural, de forma ordenada e gradativa dos animais (manejo indireto).

Programa de Monitoramento da Fauna Terrestre

O Programa de Monitoramento da Fauna visa resguardar os animais existentes na área do entorno do empreendimento, mais especificamente, nos trechos de implantação das obras, evitando-se que a mesma venha a sofrer danos, ou pelo menos minimizá-los,

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preservando-se desta forma, o empreendimento da ocorrência de problemas ambientais com a fauna silvestre.

O presente programa ocorrerá em concomitância com as obras analisando eventuais efeitos de afugentamento de espécimes e contribuirá para o conhecimento da fauna local através dos registros de ocorrência e biometria dos mesmos.

Programa de Monitoramento da Avifauna

Os impactos que os parques eólicos produzem sobre a avifauna ainda permanecem pouco conhecidos no que se refere às suas reais magnitudes, mas estudos já demonstraram que os índices de mortalidade por colisão com os aerogeradores são muito baixos frente a outras causas. Deste modo o programa visa identificar as espécies de avifauna da região para posteriormente quantificar os impactos que o parque, porventura, poderá ter sobre estas.

Este programa deverá ser executado durante, pelo menos, um ano inteiro para fornecer uma caracterização mais completa da avifauna, dado o caráter sazonal de aparição das aves e a ocorrência de eventuais fluxos migratórios.

Programa de Monitoramento dos Recursos Hídricos

A adoção do Programa de Monitoramento dos Recursos Hídricos assume um caráter preventivo, na medida em que serão diagnosticadas as modificações físicas, químicas, bacteriológicas e ecológicas na qualidade da água dos corpos hídricos existentes na área do empreendimento durante o período de sua implantação. Tal diagnóstico permitirá a oportuna adoção/adequação de medidas de controle para eventuais problemas.

Após a entrada em funcionamento do parque eólico o monitoramento seguirá, porém em menor freqüência uma vez que sua rotina habitual de operação não apresenta grandes riscos para este meio.

Por ser um programa preventivo, durante as obras, deverão ser executados todos os procedimentos necessários para a manutenção da qualidade da água, mediante a implantação de medidas de controle ambiental, concomitante a análise periódica da água.

Programa de Proteção das Nascentes

A área destinada à construção do empreendimento é um topo de serra e, segundo a legislação federal vigente (Lei 4.771/65) corresponde a uma faixa integral destinada a preservação. Tanto no platô como nas encostas que bordejam o altiplano ocorrem inúmeras nascentes, olhos d’água e banhados, feições que segundo a resolução 303/2002 CONAMA também precisam de proteção.

As atividades vinculadas a este projeto observarão periodicamente as condições hídricas e de vazão relacionadas às cabeceiras de drenagem, devendo iniciar os procedimentos de controle e re-vegetação das nascentes com espécies nativas conforme raio e metragem preconizado na legislação específica e de cercamento das nascentes, evitando o acesso de gado. O objetivo deverá ser a recuperação e

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manutenção de uma faixa mínima florestal que possibilite o incremento do fluxo gênico de flora e fauna, bem como a contenção de sedimentos e a instalação de processos erosivos.

Este programa poderá ter caráter temporário, restrito a fase de instalação do empreendimento.

Programa de Gestão Ambiental dos Resíduos Sólidos e Efluentes Líquidos

O Programa de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos e Efluentes Líquidos apresenta medidas preventivas, a serem adotadas desde o início das obras, de forma a evitar ou reduzir os processos de degradação do meio-ambiente e contribuindo para a manutenção de um elevado padrão de qualidade ambiental das obras.

Este Projeto visa à implantação de sistemas e medidas de controle ambiental na instalação do canteiro de obras, de modo a evitar que a operação do mesmo possa vir a impactar e/ou contaminar o ambiente da área diretamente afetada ou do entorno. Para tanto deverá ser desenvolvido um projeto que contemple todo o canteiro de obras.

Em relação aos resíduos sólidos gerados no canteiro de obras, os mesmos devem passar pelas etapas de segregação adotadas no empreendimento, pertinentes ao Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e, também, em consonância com a Resolução CONAMA 307/02, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.

Da mesma forma, o esgotamento das instalações sanitárias do canteiro de obras, deverá ser destinado a um sistema de tratamento adequado.

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EQUIPE TÉCNICA

Dados da Empresa de Consultoria

Nome ou Razão Social: Terra Consultoria em Engenharia e Meio Ambiental Ltda.

CNPJ: 03.815.913/0001-54

Registro no IBAMA: 1225962

Inscrição Estadual: Isento

Endereço: Rua Coronel Américo, 95. São José - SC

CEP: 88.117-310

Telefone/Fax: (48) 3244.1502 / 3034.4439

Endereço Eletrônico: www.terraambiental.com.br

Dados da Equipe Técnica Multidisciplinar

Nome: Dr. Paulo César Leal – Coordenação Licenciamento

Área profissional: Geógrafo

Número do registro no respectivo Conselho de Classe: CREA/SC 054.589-7

Número do Cadastro Técnico Federal do IBAMA: 181505

Nome: Rodrigo Sulzbach Chiesa – Coordenação Técnica

Área profissional: Engº Sanitarista e Ambiental

Número do registro no respectivo Conselho de Classe: CREA/SC 075014-1

Número do Cadastro Técnico Federal do IBAMA: 878680

Nome: Ulisses Laureano Bianchini

Área profissional: Engº Sanitarista e Ambiental

Número do registro no respectivo Conselho de Classe: CREA/SC 086898-7

Número do Cadastro Técnico Federal do IBAMA: 2455676

Nome: MSc. Matheus Molleri Speck

Área Profissional: Geógrafo

Número do registro no respectivo Conselho de Classe: CREA 25023935-3

Número do Cadastro Técnico Federal do IBAMA: 344502

Nome: Daniel Fernandes Dinslaken

Área profissional: Biólogo

Número do registro no respectivo Conselho de Classe: CRBIO/SC 63359-03

Número do Cadastro Técnico Federal do IBAMA: 2924876

EQUIPE TÉCNICA

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Nome: Carlos Alberto Vieira

Área profissional: Geógrafo

Número do registro no respectivo Conselho de Classe: não possui

Número do Cadastro Técnico Federal do IBAMA: 1878929

Nome: Daniel Cardoso Carvalho (Estagiário)

Área profissional: Graduando de Engº Sanitaria e Ambiental

Nome: Guilherme Brandão de Resende (Estagiário)

Área profissional: Graduando de Engº Sanitaria e Ambiental

Nome: Fernanda Cecília Besen da Silveira (Estagiária)

Área profissional: Graduanda de Ciências Biológicas

Nome: Ricardo Ariél Bilck (Estagiário)

Área profissional: Graduando de Geografia

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GLOSSÁRIO

Aerogerador

Gerador elétrico integrado ao eixo de um rotor cuja missão é converter a energia eólica em energia elétrica.

Anemometria

Medição da quantidade de vento.

Área de Influência

São as áreas que sofrerão de alguma forma interferência pela implantação ou operação do empreendimento.

Avifauna

Conjunto das espécies de aves encontradas em uma determinada área.

Bacia Hdrográfica

Área total de drenagem que alimenta uma determinada rede rio principal e de seus afluentes, onde normalmente a água se escoa dos pontos mais altos para os mais baixos.

Bacia Sedimentar

Grande estrutura geológica em subsidência composta por uma série de depósitos de material que foram ao longo do tempo geológico que, oriundos de área circundantes mais altas foram se litificando. Podem ser classificados em oito tipos diferentes de acordo com a influência tectônica.

Central Geradora Eolielétrica (EOL)

Central geradora que utiliza aerogeradores para produção de energia.

Controle Ambiental

De um modo geral, a faculdade de a Administração Pública exercer a orientação, a correção, a fiscalização e a monitoragem sobre as ações referentes à utilização dos recursos ambientais, de acordo com as diretrizes técnicas e administrativas e as leis em vigor.

Desenvolvimento Sustentável

Padrão de desenvolvimento no qual o crescimento da economia está integrado com a promoção da eqüidade social e preservação do patrimônio natural, garantindo assim que as necessidades das atuais gerações sejam atendidas sem comprometer o atendimento das necessidades das gerações futuras.

Diagnóstico Ambiental

Estudo da situação de qualidade de um sistema ambiental ou de uma área, a partir do estudo das interações e da dinâmica de seus componentes, quer relacionados aos elementos físicos e biológicos, quer aos fatores sócio-culturais.

Drenagem

Coleta do excesso de água do solo e sua condução para rios ou lagoas, através de canais fechados ou abertos.

Educação Ambiental

(1) Processo de aprendizagem e comunicação de problemas relacionados à interação dos homens com seu ambiente natural. É o instrumento de formação de uma consciência, através do conhecimento e da reflexão sobre a realidade ambiental.

GLOSSÁRIO

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Efluentes Líquidos

Esgoto que podem ser domésticos ou industriais e podem levar à poluição ambiental.

Espécies Exóticas

Espécie que é introduzida em uma área onde não existia originalmente. Várias espécies de importância econômica estão nessa categoria, como o pinus e o eucalipto.

Espécies Nativas

Espécie que ocorre naturalmente na região.

Fauna

Conjunto dos animais que vivem em uma determinada região. A existência e conservação da fauna estão vinculadas à conservação dos respectivos habitas.

Fauna Silvestre

Todos os animais pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham seu ciclo biológico ou parte dele ocorrendo naturalmente dentro dos limites do Território Brasileiro e suas águas jurisdicionais.

Flora

A totalidade das espécies vegetais que compreende a vegetação de uma determinada região.

Impactos Ambientais

Qualquer alteração, benéficas ou não, das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, diretamente, afetem: (I) a saúde, a segurança e o bem-estar da população; (II) as atividades sociais e econômicas; (III) a biota; (IV) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; (V) a qualidade dos recursos ambientais.

Interflúvio

Divisor natural de águas dentro de uma bacia hidrográfica é composto pela linha de cumeada que condiciona a denagem par um nível de base local.

Licenciamento Ambiental

É o ato administrativo vinculado em definitivo pelo qual o Poder Público, verificando que o interessado atendeu a todas as exigências legais, permite o empreendedor de realizar o empreendimento requerido.

Manejo

É o ato de intervir ou não no meio natural com base em conhecimentos científicos e técnicos, com o propósito de promover e garantir a conservação da natureza. Medidas de proteção aos recursos, sem atos de interferência direta nestes, também fazem parte do manejo.

Medidas de Controle Ambiental

Medidas tomadas pelos responsáveis pela execução de um projeto, destinadas a compensar impactos ambientais negativos, notadamente alguns custos sociais que não podem ser evitados ou uso de recursos ambientais não renováveis.

Medidas corretivas

Ações para a recuperação de impactos ambientais causados por qualquer empreendimento ou causa natural. Significam todas as medidas tomadas para proceder à remoção do poluente do meio ambiente, bem como restaurar o ambiente que sofreu degradação resultante destas medidas.

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Medidas mitigadoras

São aquelas destinadas a prevenir impactos negativos ou reduzir sua magnitude. É preferível usar a expressão "medida mitigadora" em vez de "medida corretiva", uma vez que a maioria dos danos ao meio ambiente, quando não pode ser evitada, pode apenas ser mitigada ou compensada.

Medidas preventivas

Medidas destinadas a prevenir a degradação de um componente do meio ou de um sistema ambiental.

Monitoramento

Observação e avaliação contínua de certos parâmetros ambientais ou populacionais, indicadores do funcionamento e da dinâmica de um ecossistema.

Monitoramento Ambiental

Determinação continua e periódica da quantidade de poluentes ou de contaminação radioativa presente no meio ambiente.

Padrões de qualidade ambiental

Condições limitantes da qualidade ambiental, muitas vezes expressos em termos numéricos, usualmente estabelecidos por lei e sob jurisdição específica, para a proteção da saúde e do bem-estar dos homens.

Padrões de qualidade da água

Plano para o controle da qualidade da água, contemplando quatro elementos principais: o uso da água (recreação, abastecimento, preservação dos peixes e dos animais selvagens, industrial, agrícola); os critérios Para a proteção desses usos; os planos de tratamento (Para o necessário melhoramento dos sistemas de esgotamento urbano e industrial); e a legislação anti-poluição para proteger a água de boa qualidade existente.

Pedimento

Superfície ligeiramente inclinada, situada no sopé de maciço rochoso ou embutido nos vales e cuja composição sedimentar denuncia a origem por processos erosivos-deposicionais provindos de montante. Seu desenvolvimento vertical e as nuances dos sedimentos servem muitas vezes para acusar mudanças na tendência climática do passado geológico.

Qualidade Ambiental

É o estado do ar, da água, do solo e dos ecossistemas, em relação aos efeitos da ação humana.

Resíduos sólidos

Todos os resíduos sólidos ou semi-sólidos que não têm utilidade, nem valor funcional ou estético para o gerador e são originados em residências, indústrias, comércio, instituições, hospitais e logradouros públicos.

Rio intermitente

Rio cuja vazão é caracterizada pela ausência de fluxo hídrico em algum período do ano (geralmente no período em que chove menos).

Rochas metamórficas

Um dos três tipos essenciais de rocha. Sua característica principal é ser o produto de uma mudança estrutural de uma rocha pré-existente dada por algum fator físico ou químico. A rocha de origem pode ser tanto sedimentar quanto ígnea.

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Unidade de Conservação

Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.