sobreequipamento do parque eólico da arcela

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SOBREEQUIPAMENTO DO PARQUE EÓLICO DE ARCELA ESTUDO DE INCIDÊNCIAS AMBIENTAIS RELATÓRIO FINAL Julho 2011

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Sobreequipamento do Parque Eólico da Arcela - Relatório final

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  • SOBREEQUIPAMENTO

    DO

    PARQUE ELICO DE ARCELA

    ESTUDO DE INCIDNCIAS AMBIENTAIS

    RELATRIO FINAL

    Julho 2011

  • 38811pr

    PREMBULO

    O presente documento constitui o relatrio final do Estudo de Incidncias Ambientais do Sobre-

    equipamento Parque Elico de Arcela, segundo o estabelecido nas condies de adjudicao da

    empresa IBERWIND, Desenvolvimento e Projectos, SA.

    Alfragide, Julho de 2011

  • 38811md 1/174

    Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela

    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    NDICE DE TEXTO

    Pg.

    1 - INTRODUO ................................................................................................................... 7

    1.1 - IDENTIFICAO E FASE DE DESENVOLVIMENTO DO PROJECTO ........... 7

    1.2 - IDENTIFICAO DO PROPONENTE .................................................................. 7

    1.3 - IDENTIFICAO DA ENTIDADE LICENCIADORA ......................................... 7

    1.4 - EQUIPA TCNICA E PERODO DE ELABORAO DO EINCA ...................... 7

    1.5 - ENQUADRAMENTO LEGAL ................................................................................ 8

    1.6 - METODOLOGIA E DESCRIO GERAL DA ESTRUTURA DO EINCA ......... 9

    1.6.1 - Consideraes e estrutura do EIncA ........................................................... 9

    1.6.2 - Domnios e profundidade da anlise ........................................................... 10

    1.6.3 - Definio da rea de estudo e das escalas de trabalho ................................ 13

    2 - OBJECTIVOS E ANTECEDENTES DO PROJECTO .................................................. 15

    2.1 - OBJECTIVOS E JUSTIFICAO DO PROJECTO ............................................... 15

    2.2 - ANTECEDENTES DE DESENVOLVIMENTO DO PROJECTO ......................... 22

    2.3 - CONFORMIDADE COM OS INSTRUMENTOS DE GESTO TERRITORIAL 23

    3 - LOCALIZAO E DESCRIO SUMRIA DO PROJECTO .................................. 25

    3.1 - LOCALIZAO ....................................................................................................... 25

    3.2 - DESCRIO DO PROJECTO ................................................................................. 25

    3.2.1 - Composio geral do Projecto .................................................................... 25

    3.3 - ACTIVIDADES DA FASE DE CONSTRUO .................................................... 29

    3.3.1 - Consideraes gerais ................................................................................... 29

    3.3.2 - Instalao do estaleiro ................................................................................. 29

    3.3.3 - Preparao das reas a intervencionar ......................................................... 30

    3.3.4 - Construo civil .......................................................................................... 31

    3.3.5 - Montagem do equipamento ......................................................................... 33

    3.3.6 - Materiais e energia utilizados/produzidos ................................................... 35

    3.3.7 - Movimentaes de terras ............................................................................. 37

    3.3.8 - Recuperao paisagstica ............................................................................ 38

    3.4 - ACTIVIDADES DA FASE DE EXPLORAO .................................................... 38

    3.5 - ACTIVIDADES DA FASE DE DESACTIVAO ................................................ 39

    3.6 - PROGRAMAO TEMPORAL E RECURSOS HUMANOS ............................... 40

    3.7 - INVESTIMENTO GLOBAL .................................................................................... 40

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    Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela

    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    Pg.

    4 - CARACTERIZAO DA SITUAO ACTUAL DO AMBIENTE ............................ 43

    4.1 - GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA ....................................................................... 43

    4.1.1 - Enquadramento geomorfolgico ................................................................. 43

    4.1.2 - Enquadramento geolgico ........................................................................... 43

    4.1.3 - Sismicidade e neotectnica .......................................................................... 45

    4.1.4 - Recursos minerais ........................................................................................ 45

    4.2 - RECURSOS HDRICOS ........................................................................................... 46

    4.2.1 - Recursos hdricos superficiais ..................................................................... 46

    4.2.2 - Recursos hdricos subterrneos ................................................................... 46

    4.3 - CLIMA ....................................................................................................................... 47

    4.4 - SOLOS E OCUPAO DO SOLO .......................................................................... 47

    4.5 - ECOLOGIA ............................................................................................................... 49

    4.5.1 - Consideraes iniciais ................................................................................. 49

    4.5.2 - Enquadramento natural regional .................................................................. 50

    4.5.3 - Flora e vegetao ......................................................................................... 50

    4.5.4 - Fauna ........................................................................................................... 57

    4.6 - QUALIDADE DO AR ............................................................................................... 60

    4.7 - AMBIENTE SONORO ............................................................................................. 60

    4.7.1 - Consideraes gerais ................................................................................... 60

    4.7.2 - Metodologia ................................................................................................. 60

    4.7.3 - Enquadramento legal ................................................................................... 61

    4.7.4 - Receptores sensveis .................................................................................... 63

    4.7.5 - Levantamento acstico da situao actual ................................................... 68

    4.8 - PATRIMNIO .......................................................................................................... 69

    4.8.1 - Consideraes gerais ................................................................................... 69

    4.8.2 - Metodologia ................................................................................................. 69

    4.8.3 - Caracterizao histrica da zona em estudo ................................................ 73

    4.8.4 - Resultados da prospeco arqueolgica ...................................................... 75

    4.9 - ORDENAMENTO DO TERRITRIO E CONDICIONANTES DO USO DO SO-

    LO .............................................................................................................................. 78

    4.9.1 - Consideraes gerais ................................................................................... 78

    4.9.2 - Instrumentos de estratgia nacional ............................................................. 78

    4.9.3 - Instrumentos de gesto territorial ................................................................ 80

    4.9.4 - Condicionantes ao uso do solo .................................................................... 85

    4.10 - SOCIOECONOMIA .................................................................................................. 89

    4.10.1 - Consideraes gerais ................................................................................... 89

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    Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela

    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    Pg.

    4.10.2 - Demografia e povoamento .......................................................................... 90

    4.10.3 - Estrutura etria ............................................................................................ 93

    4.10.4 - ndice de envelhecimento ............................................................................ 93

    4.10.5 - Nvel de instruo ....................................................................................... 94

    4.10.6 - Resumo ........................................................................................................ 95

    4.10.7 - Habitao ..................................................................................................... 95

    4.10.8 - Taxa de actividade e desemprego ............................................................... 96

    4.10.9 - Principais actividades econmicas .............................................................. 97

    4.11 - PAISAGEM ............................................................................................................... 100

    4.11.1 - Consideraes gerais e metodologia ........................................................... 100

    4.11.2 - Enquadramento da rea de estudo ............................................................... 101

    4.11.3 - Anlise visual da paisagem ......................................................................... 102

    4.11.4 - Avaliao da paisagem ................................................................................ 105

    4.11.5 - Sntese da anlise visual .............................................................................. 106

    5 - EVOLUO DO ESTADO DO AMBIENTE SEM O PROJECTO ............................. 109

    6 - AVALIAO DE IMPACTES AMBIENTAIS ............................................................... 111

    6.1 - METODOLOGIA E CRITRIOS DE AVALIAO ............................................. 111

    6.2 - ACTIVIDADES GERADORAS DE IMPACTES .................................................... 114

    6.3 - GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA ....................................................................... 115

    6.3.1 - Fase de construo ...................................................................................... 115

    6.3.2 - Fase de explorao ...................................................................................... 116

    6.3.3 - Fase de desactivao ................................................................................... 116

    6.4 - RECURSOS HDRICOS .......................................................................................... 116

    6.4.1 - Recursos hdricos superficiais ..................................................................... 116

    6.4.2 - Recursos hdricos subterrneos ................................................................... 117

    6.5 - CLIMA ...................................................................................................................... 119

    6.6 - SOLOS E OCUPAO DO SOLO .......................................................................... 119

    6.6.1 - Fase de construo ...................................................................................... 119

    6.6.2 - Fase de explorao ...................................................................................... 120

    6.6.3 - Fase de desactivao ................................................................................... 121

    6.7 - ECOLOGIA ............................................................................................................... 121

    6.7.1 - Consideraes iniciais ................................................................................. 121

    6.7.2 - Fase de construo ...................................................................................... 121

    6.7.3 - Fase de explorao ...................................................................................... 123

    6.7.4 - Fase de desactivao ................................................................................... 126

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    Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela

    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    Pg.

    6.8 - QUALIDADE DO AR ............................................................................................... 126

    6.8.1 - Fase de construo ....................................................................................... 126

    6.8.2 - Fase de explorao ....................................................................................... 126

    6.8.3 - Fase de desactivao .................................................................................... 126

    6.9 - AMBIENTE SONORO ............................................................................................. 127

    6.9.1 - Fase de construo ....................................................................................... 127

    6.9.2 - Fase de explorao ....................................................................................... 127

    6.10 - PATRIMNIO .......................................................................................................... 131

    6.10.1 - Consideraes gerais ................................................................................... 131

    6.10.2 - Fase de construo ....................................................................................... 134

    6.10.3 - Fase de explorao ....................................................................................... 136

    6.10.4 - Fase de desativao ..................................................................................... 136

    6.11 - ORDENAMENTO DO TERRITRIO E CONDICIONANTES DO USO DO SO-

    LO .............................................................................................................................. 136

    6.12 - SOCIOECONOMIA .................................................................................................. 141

    6.12.1 - Consideraes gerais ................................................................................... 141

    6.12.2 - Populaes potencialmente afectadas .......................................................... 141

    6.12.3 - Fase de construo ....................................................................................... 142

    6.12.4 - Fase de explorao ....................................................................................... 143

    6.12.5 - Fase de desactivao .................................................................................... 144

    6.13 - PAISAGEM ............................................................................................................... 144

    6.13.1 - Consideraes gerais ................................................................................... 144

    6.13.2 - Fase de construo ....................................................................................... 146

    6.13.3 - Fase de explorao ....................................................................................... 147

    6.13.4 - Fase de desactivao .................................................................................... 148

    6.14 - IMPACTES CUMULATIVOS .................................................................................. 148

    6.14.1 - Consideraes gerais ................................................................................... 148

    6.14.2 - Projectos a considerar na anlise ................................................................. 149

    6.14.3 - Ecologia ....................................................................................................... 149

    6.14.4 - Paisagem ...................................................................................................... 149

    6.14.5 - Socioeconomia ............................................................................................. 149

    6.14.6 - Qualidade do ar ............................................................................................ 150

    6.14.7 - Ambiente sonoro .......................................................................................... 150

    7 - MEDIDAS MITIGADORAS .............................................................................................. 151

    7.1 - CONSIDERAES GERAIS ................................................................................... 151

    7.1.1 - Medidas a considerar na concepo do Projecto de Execuo .................... 151

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    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    Pg.

    7.1.2 - Medidas a considerar na fase de construo ............................................... 151

    7.1.3 - Medidas a considerar na fase de explorao ............................................... 158

    7.1.4 - Medidas a considerar na fase de desactivao ............................................ 158

    7.1.5 - Recuperao de reas intervencionadas ...................................................... 159

    8 - LACUNAS DE INFORMAO ....................................................................................... 161

    9 - PLANOS DE MONITORIZAO ................................................................................... 163

    9.1 - CONSIDERAES INICIAIS ................................................................................. 163

    9.2 - PARMETROS ACSTICOS A AVALIAR .......................................................... 163

    9.3 - LOCAIS E FREQUNCIA DE AMOSTRAGEM ................................................... 164

    9.4 - TCNICAS E MTODOS DE ANLISE E EQUIPAMENTOS NECESSRIOS 164

    9.5 - CRITRIOS DE AVALIAO DOS DADOS ....................................................... 164

    9.6 - TRATAMENTO DOS DADOS ................................................................................ 166

    9.7 - PERIODICIDADE DOS RELATRIOS DE MONITORIZAO E CRITRIOS

    PARA A DECISO SOBRE A REVISO DO PROGRAMA DE MONITORI-

    ZAO ..................................................................................................................... 166

    10 - CONCLUSES ................................................................................................................... 167

    BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 169

    ANEXOS:

    ANEXO I - Peas Desenhadas

    ANEXO II - Entidades Contactadas

    ANEXO III - Ecologia

    ANEXO IV - Ambiente Sonoro

    ANEXO V - Patrimnio

    ANEXO VI - Elementos de Projecto

    ANEXO VII - Declarao do Proprietrio do Terreno

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    Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela

    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

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    Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela

    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    1 - INTRODUO

    1.1 - IDENTIFICAO E FASE DE DESENVOLVIMENTO DO PROJECTO

    O Projecto objecto do presente Estudo de Incidncias Ambientais (EIncA) designa-se por Sobree-

    quipamento do Parque Elico de Arcela. Este Projecto encontra-se em fase de Projecto de Execuo

    e consiste na instalao de 1 aerogerador de 2,3 MW, no concelho de Sobral de Monte Agrao, a

    cerca de 500 m a NW dos 5 aerogeradores existentes e em explorao (Figura 1 do Anexo I - Peas

    Desenhadas).

    O Parque Elico de Arcela constitudo por 5 aerogeradores de 2,3 MW de potncia unitria, tota-

    lizando uma potncia instalada de 11,5 MW, e produzindo anualmente em mdia 28,86 GWh/ano.

    O novo aerogerador a instalar ir utilizar toda a infra-estrutura elctrica do parque existente,

    nomeadamente, a rede de cabos, o edifcio de comando e a linha elctrica area, no sendo necess-

    ria qualquer interveno a este nvel, com excepo da ligao entre o novo aerogerador e a rede de

    cabos existente.

    Com a instalao de potncia adicional no Parque Elico de Arcela prev-se um aumento de produ-

    o de energia elctrica por fontes renovveis de 4,99 GWh, com a qual se estima uma produo

    energtica anual mdia de 33,85 GWh.

    1.2 - IDENTIFICAO DO PROPONENTE

    O Proponente deste Projecto a empresa Monte Agrao, Energias Alternativas, Lda., detida maiori-

    tariamente pela Iberwind, Desenvolvimento e Projectos, SA, com sede em Lagoas Park, Edifcio

    5A, 4, 2740-298 Porto Salvo.

    1.3 - IDENTIFICAO DA ENTIDADE LICENCIADORA

    A entidade licenciadora deste Projecto a Direco-Geral de Energia e Geologia (DGEG).

    1.4 - EQUIPA TCNICA E PERODO DE ELABORAO DO EINCA

    O presente EIncA da responsabilidade da PROCESL - Engenharia Hidrulica e Ambiental, Lda.,

    tendo sido elaborado, entre o perodo de Maio e Julho de 2011, pela equipa tcnica indicada no

    Quadro seguinte.

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    Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela

    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    QUADRO 1.1

    Equipa Tcnica de Elaborao do Estudo

    TCNICO FORMAO ACADMICA DOMNIO TCNICO

    Maria Joo Sousa Engenheira do Ambiente; Especialista em

    Ordenamento de Territrio e Planeamento

    Ambiental Direco de Projecto

    Ana Isabel Salvador

    Engenheira Zootcnica, Ramo Cientifico-

    Tecnolgico; Especialista em Sistemas de

    Informao Geogrfica

    Coordenao do Estudo

    Ocupao do Solo, Solos, Recursos Hdricos Superficiais

    Nuno Crespo Salgueiro

    Bilogo; Especialista em Cincias e Tecno-

    logias do Ambiente; Especialista em Qui-

    rpteros

    Ecologia (Avifauna e Habitats)

    Carlos Sousa Lopes Engenheiro do Ambiente Clima, Qualidade do Ar e Ambiente Sonoro

    Maria Ins Mendes

    Licenciada em Geografia, Ordenamento e

    Desenvolvimento, Mestre em Ordenamento

    do Territrio e Planeamento Ambiental

    Ordenamento do Territrio e Condicionantes ao Uso do

    Solo

    Vanessa Baptista Geloga Geologia, Geomorfologia e Hidrogeologia

    Tiago Pessoa Costa Licenciado em Histria, Variante em

    Arqueologia Patrimnio Arqueolgico, Arquitectnico e Etnogrfico

    Joo Lopes Nunes Licenciado em Arqueologia

    Patrcia Gil Cordeiro Licenciada em Arquitectura Paisagista Paisagem

    Manuel Galvo de Melo Economista Socioeconomia

    Llia Martins Licenciada em Gegrafia Fsica, Especialista

    em Sistemas de Informao Geogrfica Cartografia e Sistemas de Informao Geogrfica

    1.5 - ENQUADRAMENTO LEGAL

    O Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela tornou-se possvel pela publicao do Decreto-Lei

    n. 51/2010, de 20 de Maio, que alterou o Decreto-Lei n. 225/2007, de 31 de Maio. O referido

    Decreto-Lei viabiliza a instalao de at 20% de potncia adicional nos parques elicos em explora-

    o.

    O presente Projecto encontra-se sujeito a Avaliao de Incidncias Ambientais (AIncA) no mbito

    do Decreto-Lei n. 225/2007, de 31 de Maio, publicado no Dirio da Repblica (I Srie) a 31 de

    Maio de 2007, segundo o qual, o licenciamento de projectos de centros electro-produtores que uti-

    lizem fontes de energia renovveis, que no se encontrem abrangidos pelo Decreto-Lei n. 69/2000,

    de 3 de Maio, com a redaco dada pelo Decreto-Lei n. 197/2005, de 8 de Novembro, e cuja loca-

    lizao esteja prevista em reas da Reserva Ecolgica Nacional, Stios da Rede Natura 2000 ou da

    Rede Nacional de reas Protegidas, sempre precedido de um procedimento de avaliao de inci-

    dncias ambientais, a realizar pela Comisso de Coordenao e Desenvolvimento Regional

    (CCDR) territorialmente competente, com base num estudo de incidncias ambientais apresentado

    pelo promotor tendo em considerao as polticas energticas e ambientais vigentes.

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    Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela

    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    A rea prevista para a implantao do aerogerador do Sobreequipamento do Parque Elico de Arce-

    la encontra-se inserida na sua totalidade em rea da Reserva Ecolgica Nacional (REN), resultando

    que o Projecto de Sobreequipamento fica sujeito a procedimento de Avaliao de Incidncias

    Ambientais.

    1.6 - METODOLOGIA E DESCRIO GERAL DA ESTRUTURA DO EINCA

    1.6.1 - Consideraes e estrutura do EIncA

    Uma vez que no esto definidas normas para o desenvolvimento de Estudos de Incidncias

    Ambientais (EIncA), foram seguidos, a ttulo orientativo, os requisitos para Estudos de Impacte

    Ambiental (EIA) constantes no n. 3 do Artigo 12, e do Anexo III do Decreto-Lei n. 197/2005, de

    8 de Novembro, relativo ao contedo mnimo do EIA e as Normas Tcnicas estabelecidas no

    Anexo II da Portaria n. 330/2001, de 2 de Abril. Embora a estrutura apresentada para o presente

    EIncA seja semelhante dos EIA, a profundidade de anlise de alguns descritores foi ajustada

    natureza e objectivos inerentes a um estudo de incidncias ambientais.

    A definio da metodologia e do mbito do estudo teve em conta a experincia e o conhecimento

    dos impactes ambientais provocados por projectos deste tipo, a experincia anterior da equipa tcni-

    ca na realizao de estudos ambientais e, finalmente, o Despacho Conjunto n. 251/2004, de 17 de

    Maro, publicado em Dirio da Repblica (2 Srie) a 23 de Abril de 2004.

    O presente EIncA constitudo por um volume com 10 captulos, incluindo a presente introduo.

    No captulo 2 - Objectivos e Antecedentes do Projecto, so definidos os objectivos e a importn-

    cia do Projecto, e referidos os seus antecedentes.

    No captulo 3 - Localizao e Descrio Sumria do Projecto, descrita a concepo geral do

    Projecto, onde se salientam os principais aspectos relacionados com potenciais interaces no

    ambiente.

    No captulo 4 - Caracterizao da Situao Actual do Ambiente, descreve-se a situao ambien-

    tal da rea em estudo antes da implementao do Projecto, analisando as componentes ambientais

    mais susceptveis de serem perturbadas pela construo e explorao do mesmo, de acordo com o

    mbito estabelecido.

    No captulo 5 - Evoluo do Estado do Ambiente sem o Projecto, descreve-se um cenrio previ-

    svel da evoluo da situao actual na ausncia do Projecto, ou seja, a Alternativa Zero, e que

    deveria ser a base para a avaliao de impactes, se fosse possvel caracteriz-la com pormenor como

    se faz para o estado actual do ambiente.

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    Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela

    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    No captulo 6 - Avaliao de Impactes Ambientais, identificam-se e avaliam-se os principais

    impactes negativos e positivos, decorrentes das fases de construo, explorao e desactivao do

    Projecto e so avaliados os impactes cumulativos deste Projecto com outros j existentes ou previs-

    tos para a regio.

    No captulo 7 - Proposta de Medidas de Minimizao dos Impactes Ambientais, identifica-se

    um conjunto de medidas que permitem enquadrar ambientalmente o Projecto e, por outro lado,

    definem-se medidas de valorizao para os impactes positivos gerados pelo mesmo.

    No captulo 8 - Identificao de Lacunas de Conhecimento, identificam-se as principais lacunas

    de informao que surgiram no decorrer do EIncA.

    No captulo 9 - Programa de Monitorizao Ambiental, identificado um plano de monitoriza-

    o ambiental para as componentes onde o acompanhamento essencial para a adequada gesto

    ambiental do Projecto e/ou para clarificar a eficcia de algumas das medidas minimizadoras propos-

    tas.

    No captulo 10 - Concluses, resumem-se as principais concluses do estudo efectuado.

    1.6.2 - Domnios e profundidade da anlise

    A definio dos descritores a serem tratados no EIncA atendeu ao Despacho Conjunto n. 251/2004,

    de 17 de Maro, publicado em Dirio da Repblica (2 Srie) a 23 de Abril de 2004 e teve em conta

    a experincia e o conhecimento dos impactes ambientais provocados por projectos deste tipo e a

    experincia anterior da equipa tcnica na realizao de estudos ambientais de parques elicos.

    A definio do grau de profundidade da anlise dos diferentes descritores depender das caracters-

    ticas gerais do projecto, da sensibilidade da rea onde se vai localizar e, acima de tudo, da sua rea

    de influncia. Assim, e tendo em ateno quer as caractersticas do Projecto, quer da rea de insta-

    lao, os descritores seleccionados como mais relevantes, para o presente estudo, foram os seguin-

    tes:

    - flora, vegetao, fauna e habitats, que se incluem num conceito abrangente de ecologia e

    que justificam uma anlise cuidada a nvel da instalao directa do aerogerador no solo, com

    potencial afectao de zonas especialmente importantes do ponto de vista florstico e anlise

    dos potenciais conflitos de aves e quirpteros com o aerogerador, com recurso informao

    disponvel e, em caso de dvida ou de informao insuficiente, garantia da existncia de

    planos de monitorizao adequados em fase de ps-avaliao. Esta importncia justificou a

    anlise de toda a informao disponvel complementada com trabalho de campo dirigido a

    este descritor;

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    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    - patrimnio arquitectnico e arqueolgico, uma vez que a preservao da herana patri-

    monial se torna, cada vez mais, uma necessidade premente e uma obrigao indiscutvel;

    assim, a anlise efectuada foi fortemente suportada na prospeco sistemtica da rea de

    estudo para caracterizao dos elementos de interesse patrimonial e respectiva representao

    cartogrfica tendo sido seguidos, cuidadosamente, todos os requisitos do Instituto de Gesto

    do Patrimnio Arquitectnico e Arqueolgico, IP (IGESPAR), desde a seleco da equipa

    de arquelogos (profissionais reconhecidos pelo IGESPAR), passando pelas metodologias

    especficas de trabalho at forma de apresentao do respectivo relatrio;

    - uso do solo e ordenamento do territrio, na medida em que, mesmo considerando que os

    impactes se restringem quase exclusivamente rea fisicamente ocupada pelo aerogerador,

    as interferncias com os instrumentos de ordenamento territorial e de ocupao do solo,

    revestem-se de particular importncia, sendo a sua anlise suportada pelo Plano Director

    Municipal (PDM) do concelho de Sobral de Monte Agrao e por reconhecimento de campo.

    Desta forma, foi efectuado o enquadramento do Projecto nos instrumentos de gesto territo-

    rial em vigor e foi avaliada a sua compatibilidade com os mesmos tendo sido efectuado um

    levantamento dos conflitos com eventuais servides ou restries de utilidade pblica exis-

    tentes;

    - populaes e actividades econmicas, uma vez que os impactes deste tipo de projectos se

    manifestam, de forma positiva escala nacional, pela capacidade de produzir energia elc-

    trica a partir de fontes renovveis no poluidoras, e atravs de benefcios muito importantes

    para a populao das freguesias e concelho abrangidas, ou de forma negativa resultante das

    incomodidades que, por vezes, advm das fases de construo destas infra-estruturas; a an-

    lise concretizada teve por base os descritores socioeconmicos disponveis, tendo sido com-

    plementada com informao obtida junto das foras vivas da regio (para os aspectos direc-

    tamente associados aceitao do Projecto e benefcios para a populao);

    - geologia e geomorfologia, em particular o domnio da geomorfologia, porque a instalao

    do aerogerador pode interferir com monumentos geolgicos de interesse particular e alterar

    a geomorfologia dos locais de instalao; a anlise suportou-se em informao disponvel e

    trabalho de campo especificamente dirigido para identificao de reas de explorao ou de

    reserva de recursos geolgicos ou monumentos geolgicos de interesse particular e identi-

    ficao da existncia de nascentes ou captaes de gua;

    - ambiente sonoro, cuja abordagem se deve basear na anlise dos critrio de incomodidade e

    exposio mxima, se se verificar a existncia de habitaes (ou outros receptores sensveis)

    a menos de 1 km. A distncia superior, este descritor assume uma menor importncia, cons-

    tituindo as aces da fase de construo, aquelas em que expectvel a ocorrncia de impac-

    tes pontuais e localizados no ambiente sonoro;

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    Relatrio Final

    - paisagem, apesar de se considerar que a instalao de apenas mais 1 aerogerador no tradu-

    zir alteraes significativas na paisagem, mas sendo um descritor integrador dos factores

    biofsicos que vo ser alterados pelo Projecto. A anlise realizada teve por base no s o

    estudo da organizao da paisagem e dos padres ecolgicos da mesma mas tambm das

    reas de visualizao do Projecto a partir das imediaes, com recurso a modelao visual e

    simulao cnica.

    Para alm destes descritores que, pelas caractersticas do Projecto, mereceram um maior desenvol-

    vimento e aprofundamento, a avaliao dos restantes factores foi orientada para os seguintes aspec-

    tos:

    - clima, apenas como referncia, j que o Projecto no ter impactes sobre este descritor, ser-

    vindo no entanto de informao de suporte de outros descritores;

    - solos, aspecto com reduzida relevncia, tendo em ateno as reas directamente envolvidas

    para a construo do Projecto; a anlise suporta-se em informao disponvel complementa-

    da com trabalho de campo especfico;

    - recursos hdricos, ainda que no sejam previsveis impactes, apenas para garantir que o

    Projecto no interfere com cursos de gua e, fundamentalmente, com reas de nascentes ou

    captaes; a anlise efectuada dirigiu-se identificao de reas importantes a esse nvel,

    atravs de pesquisa bibliogrfica, trabalho de campo dirigido e contactos com habitantes

    locais;

    - qualidade do ar, uma vez que existe a possibilidade de alteraes nos padres actuais de

    qualidade do ar na fase de construo, devido ao trfego de veculos e maquinaria afecta

    obra. Importa, tambm, considerar as mais-valias associadas produo de energia atravs

    de uma fonte limpa.

    A definio da metodologia teve em conta a experincia e o conhecimento dos impactes ambientais

    provocados por projectos deste tipo e a experincia anterior da equipa tcnica na realizao de estu-

    dos ambientais e foi a seguinte:

    1 - Obteno dos elementos relativos ao estado actual da qualidade do ambiente da rea de

    estudo, necessrios definio da situao actual:

    a) anlise da bibliografia temtica disponvel;

    b) anlise da cartografia topogrfica e temtica da rea de estudo, na escala 1/25 000 ou

    outras escalas disponveis;

    c) anlise do Plano Director Municipal (PDM) do concelho de Sobral de Monte Agrao;

    d) contactos com entidades relevantes locais, regionais e nacionais, de natureza pblica ou

    privada, apresentando-se no Anexo II, a resposta das mesmas;

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    Relatrio Final

    e) visitas e reconhecimentos de campo realizados na rea de interveno pelos especialis-

    tas envolvidos no EIncA, com expresso mais significativa para os domnios da Ecolo-

    gia (Flora e Vegetao, Fauna e Habitats), Patrimnio, Ambiente Sonoro, Paisagem e

    Socioeconomia;

    f) reunies de trabalho com os diferentes elementos da equipa tcnica.

    2 - Produo de cartografia para enquadramento do Projecto e especfica nos domnios de

    anlise relevantes no caso em estudo, nomeadamente Ocupao do Solo / Habitats, Orde-

    namento do Territrio, Condicionantes do Uso do Solo, Patrimnio, Rudo e Paisagem.

    3 - Identificao, caracterizao e avaliao dos potenciais impactes ambientais determinados

    pela construo e explorao do Projecto; proposta de medidas de minimizao dos

    impactes negativos determinados pelo Projecto e definio dos domnios sujeitos a moni-

    torizao ambiental.

    O presente EIncA ainda constitudo por dois volumes autnomos, nomeadamente o Plano de

    Recuperao Paisagstica onde definido um plano de recuperao das reas afectadas pelo Pro-

    jecto, e o Plano de Acompanhamento Ambiental da Obra onde se apresentam os moldes em que

    ser efectuado o acompanhamento ambiental da obra para garantir a implementao das medidas de

    minimizao propostas.

    1.6.3 - Definio da rea de estudo e das escalas de trabalho

    No mbito deste EIncA foi definida a rea de estudo para o Sobreequipamento do Parque Elico de

    Arcela em anlise, onde se identificaram e avaliaram os impactes sobre o ambiente biofsico e/ou

    socioeconmico resultantes da construo, explorao e desactivao do referido empreendimento.

    A definio da rea de estudo do Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela teve em conta o

    tipo de Projecto e as caractersticas da rea envolvente, razo pela qual foi considerada como rea

    de estudo, para a maioria dos descritores, um buffer de 200 m em redor do aerogerador previsto,

    incluindo uma faixa de 10 m para instalao da vala de cabos ao longo do caminho existente. Essa

    rea corresponde a cerca de 13 ha (Figura 2 do Anexo I - Peas Desenhadas).

    No entanto, sempre que considerado relevante para os objectivos do presente EIncA procedeu-se ao

    alargamento da rea de estudo para alguns dos descritores em anlise, de acordo com o critrio

    definido pelos especialistas das diversas reas temticas integrantes do EIncA. o caso de descrito-

    res como to ambiente sonoro (1 km), a socioeconomia (2 km) e a paisagem (3 km). O descritor

    Patrimnio analisou uma rea de 200 m em torno de todas as infraestruturas do Projecto (aerogera-

    dor, caminho e vala), de forma a respeitar os requisitos do IGESPAR.

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    Relatrio Final

    H, igualmente, descritores cuja anlise foi enquadrada no contexto regional, como o caso da geo-

    logia e hidrogeologia, uma vez que a compreenso dos prprios sistemas em presena requerem

    uma anlise mais abrangente em termos espaciais. tambm este o caso da ecologia (flora e vege-

    tao, fauna e habitats), que no podem deixar de referenciar o contexto regional, para a boa carac-

    terizao dos recursos em presena, da respectiva importncia e significado da sua afectao poten-

    cial.

    As unidades espaciais de anlise e as respectivas escalas de trabalho resultaram diversas, no mbito

    de contextos funcionais definidos. Para enquadramento regional e administrativo do Projecto, a base

    cartogrfica adoptada correspondeu escala 1/250 000 (Carta Militar de Portugal, folha n. 5) e, na

    anlise da maioria dos domnios do estudo, correspondeu escala 1/25 000 (Carta Militar de Portu-

    gal, folha n. 389), considerando-se, esta ltima, a escala adequada para efeitos de apresentao da

    cartografia temtica do EIncA.

    Para alm destas ferramentas salienta-se, ainda, o reconhecimento pormenorizado de campo efec-

    tuado pela equipa tcnica em Maio e Junho de 2011.

    A noo de tempo, mais difcil de gerir de forma discretizada e definida, foi tratada na base dos

    horizontes temporais marcados por acontecimentos concretos que individualizam perodos com

    caractersticas funcionais especficas - fase de construo e de explorao - e que coincidem com

    horizontes de curto e mdio / longo prazo. A fase de desactivao ser considerada no horizonte

    temporal de longo prazo.

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    Relatrio Final

    2 - OBJECTIVOS E ANTECEDENTES DO PROJECTO

    2.1 - OBJECTIVOS E JUSTIFICAO DO PROJECTO

    O Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela destina-se a aumentar a produo anual de energia

    elctrica, a partir de uma fonte renovvel e no poluente - o vento, atravs da instalao de capaci-

    dade adicional, no referido Parque.

    O Parque Elico de Arcela enquadra-se nas linhas de desenvolvimento preconizadas pelo Governo

    no que diz respeito Dinamizao do Cluster das Energias Renovveis (Resoluo de Conselho

    de Ministros n. 169/2005, de 24 de Outubro), estratgia fundamental para o cumprimento dos

    objectivos estipulados para Portugal, no que diz respeito reduo das emisses de gases com efei-

    to de estufa.

    Na sequncia da Conveno Quadro das Naes Unidas sobre Alteraes Climticas de 1992, a

    comunidade internacional adoptou, em 1997, o Protocolo de Quioto, com vista a combater as alte-

    raes climticas atravs do estabelecimento de compromissos quantificados de limitao ou de

    reduo dos principais Gases com Efeitos de Estufa (GEE).

    Portugal ratificou o Protocolo de Quioto em Maro de 2003 (Atravs do Decreto-Lei n. 7/2002, de

    25 de Maro e comprometeu-se limitar o aumento das suas emisses a 27% relativamente aos valo-

    res de 1990.

    A Comunidade Europeia assinou o Protocolo em 29 de Abril de 1998, tendo os Estados-Membros

    assumido o compromisso de reduo, em conjunto, das suas emisses de GEE em 8%, entre 2008 e

    2012, face ao nvel de emisses verificado em 1990.

    Foi estabelecido um acordo de partilha (Burden share agreement) no qual os pases mais desenvol-

    vidos, como por exemplo a Alemanha, fariam uma reduo superior a 8%, de modo a permitir que

    outros pases, como por exemplo Portugal, pudessem ver aumentados os seus nveis de emisses.

    Foram, assim, estabelecidos os valores para a EU-15 apresentados na Figura 2.1.

    A promoo da electricidade produzida a partir de fontes de energia renovveis , assim, uma alta

    prioridade comunitria, tal como foi destacado no Livro Branco sobre fontes de energia renovveis.

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    Relatrio Final

    FIGURA 2.1

    Reduo / incremento de emisses de GEE para o perodo de 2008-2012 face ao perodo

    de referncia (1990), em percentagem (Deciso Conselho Europeu n. 2002/358/CE)

    De acordo com os resultados do Livro Verde Para uma estratgia europeia de segurana do apro-

    visionamento energtico, a Unio Europeia (UE) ser cada vez mais dependente de fontes de ener-

    gia externas, estimando-se a dependncia, no ano de 2030, num valor que andar em redor dos 70%.

    Para complicar ainda mais, a Unio Europeia dispe de uma fraca margem de manobra para actuar

    sobre as condies de oferta de energia sendo, essencialmente, ao nvel da procura que poder agir

    e, sobretudo, ao nvel da poupana de energia no sector residencial e dos transportes.

    Apesar de se ter observado, na generalidade dos pases da EU, uma diversificao energtica a

    favor do gs natural, a verdade que actualmente a UE ainda apresenta uma dependncia enorme

    de combustveis fsseis (Figuras 2.2 e 2.3). De facto, de acordo com o estudo Study on Energy

    Supply Security and Geopolitics, a procura de petrleo e gs natural vai continuar a subir na UE. O

    aumento do consumo de petrleo far-se- sentir, sobretudo, nas economias emergentes e em pases

    com industrializao crescente.

    A poltica de diversificao geopoltica dos mercados de abastecimento no libertou a UE de uma

    situao de quase dependncia centrada nos pases do Golfo Prsico, no caso do petrleo, e na Rs-

    sia para o gs natural. A opo nuclear, apesar de constituir uma alternativa no fssil para a UE e

    ser responsvel por libertao de poucos gases com efeito de estufa, tem como principal desvanta-

    gem a forte oposio pblica e poltica (atravs das moratrias de alguns estados membros). Para

    alm disso, a liberalizao do mercado energtico europeu no se compadece com a morosidade e o

    custo associados construo de uma central nuclear. Assim, provvel que a contribuio da

    opo nuclear se mantenha apenas num curto prazo de tempo. No entanto, a reduo gradual ou

    total da energia nuclear significa que, adicionalmente, 35% da produo de electricidade ter de

    provir de fontes de energia convencionais e energias renovveis.

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    Relatrio Final

    FIGURA 2.2

    Produo de electricidade por fonte de energia e por Estado-Membro (in Livro Verde

    Para uma Estratgia Europeia de Segurana do Aprovisionamento Energtico, 2000)

    FIGURA 2.3

    Percentagem de fontes de energia primrias de alguns pases europeus

    (in BP Statistical Review of World Energy, June 2003, IEA Renewables Information, 2003)

    Relativamente produo de electricidade atravs de fontes de energia renovveis (FER), os inves-

    timentos em energias renovveis nos ltimos anos fizeram de Portugal uma referncia mundial nes-

    se domnio, nomeadamente no que diz respeito energia elica.

    Portugal assumiu para 2020, no quadro dos seus compromissos europeus, uma meta de consumo de

    energia final de 31% a partir de fontes renovveis e uma meta de 60% da produo de electricidade

    tambm a partir de fontes de energia renovvel (Figura 2.4).

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    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    FIGURA 2.4

    Metas Comunitrias de produo de energia renovvel (energia elctrica, trmica

    e combustveis renovveis) no consumo total de energia, at 2020, em percentagem

    (BES, 2009)

    No grfico da Figura 2.5 apresenta-se a evoluo da energia produzida em Portugal, a partir de fon-

    tes renovveis, nos ltimos anos.

    FIGURA 2.5

    Evoluo da energia produzida a partir de fontes renovveis (TWh) (DGEG, 2010)

    No final de Junho de 2010, Portugal tinha 9 321 MW de capacidade instalada para produo de

    energia elctrica a partir de fontes de energia renovveis (FER). O acrscimo de potncia instalada

    verificado no final do ms de Junho de 2010, relativamente a Maio, deveu-se entrada em funcio-

    namento de duas novas centrais minihdricas e a um reforo de potncia em trs das centrais elicas

    j existentes (Quadro 2.1).

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    Relatrio Final

    QUADRO 2.1

    Evoluo histrica da potncia total instalada em renovveis (MW) - Portugal Continental

    (DGEG, 2010)

    2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Junho 2010 TCMA

    Hdrica Total 4 288 4 292 4 561 4 752 4 784 4 787 4 810 4 814 4 829 1,7%

    Grande Hdrica (>30MW) 3 783 3 783 4 043 4 234 4 234 4 234 4 234 4 234 4 234 1,6%

    PCH (>10 e 30MW) 251 251 251 232 263 263 263 263 263 0,7%

    PCH (10MW) 254 258 267 286 287 290 295 324 332 3,5%

    Elica 175 253 537 1 047 1 681 2 108 2 770 3 566 3 802 53,8%

    Biomassa (c/ cogerao) 372 352 357 357 357 357 357 359 360 -0,5%

    Biomassa (s/ cogerao) 8 8 12 12 24 24 24 101 106 43,7,0%

    Resduos Slidos Urbanos 88 88 88 88 88 88 88 88 88 0,0%

    Biogs 1,0 1,0 7,0 8,2 8,2 12,4 12,4 20,0 21,0 53,4%

    Fotovoltaica 1,5 2,1 2.7 2,9 3,4 14,5 58,5 106,1 111,1 83,8%

    Ondas/Mars 4,2 4,2 4,2

    Total 4 934 4 996 5 565 6 267 6 964 4 709 8 124 9 065 9 321 9,1%

    TCMA = Taxa de Crescimento Mdia Anual entre 2002 e 2009

    A potncia instalada e produo fotovoltaica inclui a microproduo

    Analisando o mercado nacional da energia elica, verifica-se que a potncia elica instalada no

    final de Junho de 2010 situava-se em 3 802 MW, distribuda por 205 parques, com um total de

    1 996 aerogeradores ao longo de todo o territrio Continental (Quadro 2.2 e Figura 2.6).

    QUADRO 2.2

    Caracterizao da potncia elica instalada em Portugal Continental (DGEG, 2010)

    2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Junho

    2010 TCMA

    Potncia instalada (MW) 175 253 537 1 047 1 681 2 446 3 012 3 566 3 802 46,9%

    N. parques instalados 24 42 71 103 139 152 174 195 205 30,8%

    N. aerogeradores instalados 213 276 441 702 1 003 1 137 1 609 1 879 1 996 32,3%

    Potncia mdia (MW):

    - dos parques 7,3 6,0 7,6 10,2 12,1 16,1 17,3 18,3 18,5 12,4%

    - dos aerogeradores instalados 0,8 0,9 1,2 1,5 1,7 2,2 1,9 1,9 1,9 11,1%

    - dos aerogeradores instalados/ano 0,5 1,2 1,7 2,0 2,1 5,7 1,2 2,1 2,0 19,0%

    TCMA = Taxa de Crescimento Mdia Anual entre 2002 e 2009

    A energia elica tem tido uma forte progresso nos ltimos anos, tendo a potncia instalada em Por-

    tugal passado de cerca de 500 MW em 2004 para mais de 3 500 MW em 2009. At 2012 sero ins-

    talados 2 000 MW adicionais resultantes da capacidade atribuda nos ltimos dois anos atravs de

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    Relatrio Final

    processos concursais. Sero ainda instalados mais de 400 MW de potncia resultantes da explorao

    do potencial de sobreequipamento dos parques existentes.

    FIGURA 2.6

    Evoluo da potncia instalada em Portugal Continental (MW) (DGEG, 2010)

    Tem-se, assim, assistido nos ltimos tempos a um maior estreitamento entre as polticas energticas

    e ambientais, como estratgia de resposta s crescentes preocupaes globais em termos ambientais

    e energticos.

    A mdio prazo, as energias renovveis so a nica fonte sobre a qual a UE dispe de alguma mar-

    gem de manobra para aumentar a oferta nas actuais circunstncias, e nessa perspectiva de desen-

    volvimento que o Governo Portugus tem definido as principais linhas de orientao.

    A simplificao do procedimento para a instalao de sobreequipamento em centrais elicas consti-

    tui uma das medidas que contribuem para a concretizao do compromisso assumido pelo Governo

    de assegurar a duplicao da capacidade de produo de energia elctrica no horizonte de 2020,

    eliminando importaes, reduzindo a utilizao das centrais mais poluentes e contribuindo para que,

    em 2020, 60% da produo de energia elctrica seja feita a partir de fontes renovveis.

    Deste modo, o Decreto-Lei n 51/2010, de 20 de Maio, mediante a alterao ao Decreto-Lei

    n 225/2007, de 31 de Maio, d concretizao aos objectivos constantes do Programa do Governo

    articulando polticas energticas com o desenvolvimento sustentvel.

    O referido Decreto-Lei viabiliza a possibilidade de sobreequipamento at ao limite de 20% da

    potncia instalada.

    A promoo das energias renovveis, designadamente a elica, assume no contexto internacional e

    comunitrio particular importncia tendo em conta os objectivos e metas a cuja materializao o

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    Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela

    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    Pas est comprometido com vista progressiva diminuio da dependncia energtica externa bem

    como a reduo da intensidade carbnica da sua economia.

    Atravs da instalao limitada de novos aerogeradores possvel incrementar a respectiva capaci-

    dade instalada, com menores impactes sobre o ambiente e o territrio do que a instalao de novas

    centrais elicas, ao mesmo tempo que se racionaliza a utilizao das infra-estruturas existentes da

    Rede Elctrica de Servio Pblico (RESP).

    O Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela enquadra-se nos objectivos da Estratgia Nacional

    de Energia, quer na verso aprovada em 2005, quer na estratgia recentemente aprovada para o

    perodo at 2020, fazendo parte do conjunto dos Sobreequipamentos previstos no mbito do concur-

    so lanado pelo Governo.

    Prev-se que o Projecto do Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela contribua para um

    aumento de produo de energia elctrica por fontes renovveis de 4,99 GWha.

    O Parque Elico de Arcela ter, assim, potencialidades para produzir, anualmente, em mdia,

    33,85 GWh, apresentando, desta forma, um contributo para a prossecuo dos objectivos assumidos

    pelo Estado Portugus, quer no mbito do Protocolo de Quioto, e dos expectveis acordos que se

    lhe seguiram, quer na concretizao da ENE 2020.

    Neste ltimo documento foram traados diversos objectivos dos quais se realam, pela pertinncia

    para o presente Projecto, os seguintes:

    1. Reduzir a dependncia energtica do Pas (energia primria) para 74% em 2020, produzin-

    do, nessa data, 31% da energia final a partir de recursos endgenos;

    2. Cumprir os compromissos assumidos por Portugal no contexto das polticas europeias de

    combate s alteraes climticas, permitindo que em 2020, 60% da electricidade produzida

    tenha origem em fontes renovveis;

    3. Reduzir em 25% o saldo importador energtico com a energia a partir de fontes endgenas

    gerando uma reduo nas importaes;

    4. Cumprimento das metas de redues de emisses assumidas por Portugal, no quadro euro-

    peu, no mbito do Protocolo de Quioto.

    O presente Projecto tem um contributo directo para os objectivos 1 a 3, referidos anteriormente,

    pelo aumento da produo de electricidade a partir de uma fonte de energia renovvel e endgena.

    Adicionalmente, o presente Projecto ser responsvel pela diminuio das emisses de CO2 e de

    outros poluentes associados produo de energia elctrica por outras fontes, nomeadamente a ter-

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    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    moelctrica. Considerando o aumento previsto para a produo anual do Parque Elico estima-se

    que o Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela permitir evitar a emisso anual adicional de

    cerca de 3 000 toneladas de CO2, totalizando uma reduo anual de 22 000 toneladas de CO2.

    2.2 - ANTECEDENTES DE DESENVOLVIMENTO DO PROJECTO

    O Parque Elico de Arcela obteve licena de estabelecimento por despacho da Direco-Geral de

    Energia e Geologia, de 27 de Fevereiro de 2004, substituda posteriormente por despacho da mesma

    direco de 15 de Julho de 2005, para a instalao de cinco aerogeradores com potncia unitria de

    2 300 kW.

    Aps as diferentes aces de desenvolvimento do Projecto, definio de layout e concurso para a

    contratao de empreiteiros, entre outros, foi obtida licena de construo, por deferimento da

    Cmara Municipal de Sobral de Monte Agrao, em 15 de Novembro de 2004.

    A obra iniciou-se em Fevereiro de 2005 tendo terminado em Maio de 2006 do mesmo ano, tendo

    sido iniciada a explorao do parque em Agosto de 2005.

    Associado ao Parque Elico foi construdo um Posto de Corte e uma Linha Elctrica Area de liga-

    o do Posto de Corte subestao de Cabeda (EDP).

    Em termos ambientais, o Parque Elico existente, no foi sujeito a processo de AIA, nem de AIncA,

    visto no se localizar em reas sensveis, conforme definidas pelo Decreto-Lei n. 69/2000, de 3 de

    Maio, com a redaco que lhe foi dado pelo Decreto-Lei n. 197/2005, de 8 de Novembro, nem em

    rea de REN e no cumprir com nenhum dos critrios estabelecidos pelo Decreto-Lei n. 69/2000

    que obrigam realizao de procedimento de AIA.

    No ano de 2010, o Governo Portugus definiu as grandes linhas estratgicas para o sector da ener-

    gia, estabelecendo a Estratgia Nacional para a Energia (ENE 2020), aprovada pela Resoluo do

    Conselho de Ministros n. 29/2010, de 15 de Abril de 2010, que substitui a anterior Resoluo do

    Conselho de Ministros n. 169/2005, de 24 de Outubro.

    As opes de poltica energtica assumidas na ENE 2020 assumem-se como um factor de cresci-

    mento de economia, de promoo da concorrncia nos mercados da energia, de criao de valor e

    de emprego qualificado em sectores com elevada incorporao tecnolgica. Pretende-se manter Por-

    tugal na fronteira tecnolgica das energias alternativas, potenciando a produo e exportao de

    solues com elevado valor acrescentado, que permitam ainda diminuir a dependncia energtica

    do exterior e reduzir as emisses de gases com efeito de estufa.

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    Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela

    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    Tal como referido anteriormente, o Projecto do Sobreaquipamento do Parque Elico de Arcela

    enquadra-se nos objectivos da Estratgia Nacional de Energia, fazendo parte do conjunto dos

    Sobreequipamentos previstos no mbito do concurso lanado pelo Governo.

    2.3 - CONFORMIDADE COM OS INSTRUMENTOS DE GESTO TERRITORIAL

    A abordagem deste ponto centra-se na demonstrao da conformidade dos objectivos do Projecto

    com os Instrumentos de Gesto Territorial - IGT, que incidem na rea de estudo do Sobreequipa-

    mento do Parque Elico de Arcela, previamente definida.

    A poltica de ordenamento do territrio assenta num sistema de gesto territorial, organizado, num

    quadro de interaco coordenada, em trs mbitos distintos: nacional, regional e municipal. A coor-

    denao desta interaco materializada atravs de um conjunto coerente e racional de instrumen-

    tos de gesto territorial.

    O mbito nacional () define o quadro estratgico para o ordenamento do espao nacional, esta-

    belecendo directrizes a considerar no ordenamento regional e municipal e a compatibilizao entre

    os diversos instrumentos de poltica sectorial com incidncia territorial, instituindo, quando neces-

    srio, instrumentos de natureza especial (artigo 7. da Lei n. 48/98, de 11 de Agosto).

    A este nvel, o Projecto vai de encontro ao estabelecido no PNPOT (Programa Nacional da Poltica

    de Ordenamento do Territrio), nomeadamente com o seu objectivo estratgico 1. Conservar e

    valorizar a biodiversidade, os recursos e o patrimnio natural, paisagstico e cultural, utilizar de

    modo sustentvel os recursos energticos e geolgicos, e monitorizar, prevenir e minimizar os ris-

    cos.

    Ao nvel do Plano Regional de Ordenamento Florestal (PROF) do Oeste, verifica-se a ausncia de

    qualquer zona florestal relevante e reas sensveis.

    O mbito regional () define o quadro estratgico para o ordenamento do espao regional em

    estreita articulao com as polticas nacionais de desenvolvimento econmico e social, estabele-

    cendo as directrizes orientadoras do ordenamento municipal (artigo 7. da Lei n. 48/98, de 11 de

    Agosto).

    Neste contexto, o projecto desenvolve-se na rea de influncia do Plano Regional de Ordenamento

    do Territrio - PROT do Oeste e Vale do Tejo. De acordo com o mesmo, a continuidade do aprovei-

    tamento da energia elica da regio dever constituir uma aposta estratgica e o aumento de potn-

    cia dever fazer-se muito mais pela expanso em reas onde j existem aproveitamentos elicos do

    que pela instalao em novas reas.

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    Relatrio Final

    O mbito municipal () define, de acordo com as directrizes de mbito nacional e regional e com

    as opes prprias de desenvolvimento estratgico, o regime de uso do solo e a respectiva progra-

    mao (artigo 7. da Lei n. 48/98, de 11 de Agosto).

    Na rea de estudo, este mbito concretiza-se apenas com o Plano Director Municipal de Sobral de

    Monte Agrao, sendo o respectivo regulamento omisso quanto instalao de parques elicos, quer

    em termos de permisso, quer em termos de condicionalismos.

    Uma anlise mais pormenorizada quanto a este ponto efectuada no factor ambiental Ordena-

    mento do Territrio e Condicionantes ao Uso do Solo, subcaptulo 4.9.4 do presente documen-

    to.

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    Relatrio Final

    3 - LOCALIZAO E DESCRIO SUMRIA DO PROJECTO

    3.1 - LOCALIZAO

    O Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela localiza-se na freguesia de Santo Quintino, no

    concelho de Sobral de Monte Agrao, no distrito de Lisboa, sendo composto por um aerogerador.

    Na Figura 1 do Anexo I - Peas Desenhadas, apresenta-se o enquadramento regional e administrati-

    vo do Projecto, bem como as reas classificadas identificadas, escala 1/250 000. Da referida figura

    constata-se que o Projecto no abrange reas da Rede Nacional de reas Protegidas ou Stios da

    Rede Natura 2000.

    Nas Figuras 2 e 3 do Anexo I - Peas Desenhadas, apresenta-se o Projecto e a respectiva rea de

    estudo, com a localizao do aerogerador previsto.

    As povoaes mais prximas da rea de estudo do Projecto so Vermes, Casais e Seramena, a cer-

    ca de 630 m, 770 m e 780 m do limite da rea de estudo, respectivamente. O lugar de Casais da

    Boeira encontra-se junto ao limite da rea de estudo, a cerca de 215 m do aerogerador previsto

    (Figura 2 do Anexo I - Peas Desenhadas).

    3.2 - DESCRIO DO PROJECTO

    3.2.1 - Composio geral do Projecto

    A implantao do Projecto do Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela implica a instala-

    o/execuo dos seguintes elementos e infra-estruturas principais (Desenhos 001 a 004 do Anexo

    VI - Elementos de Projecto), cuja descrio detalhada se apresenta em seguida:

    - 1 aerogerador, com uma potncia unitria de 2,3 MW;

    - Rede elctrica de cabos de interligao do aerogerador (AG 6) rede de cabos existente (AG

    1);

    - Acesso a beneficiar/construir.

    Na definio e localizao dos elementos e infra-estruturas que compem o Projecto, foi tido em

    considerao as especificaes tcnicas e de segurana inerentes a cada um deles. A densidade de

    ocupao do terreno muito baixa, destinando-se o empreendimento produo de energia elctri-

    ca de forma limpa e no poluidora.

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    Relatrio Final

    3.2.1.1 - Aerogerador

    O aerogerador previsto tem a seguinte constituio base:

    - Torre;

    - Nacelle ou Cabina;

    - Grupo gerador;

    - Sistemas mecnicos e de accionamento primrio;

    - Trs perfis alares que constituem as ps do rotor;

    - Sistemas de controlo e segurana;

    - Instalaes elctricas;

    - Restante equipamento e demais acessrios, necessrios ao seu bom funcionamento.

    A torre ser constituda por uma estrutura tubular cnica, ficando a Nacelle na sua parte superior.

    O sistema de comando e controlo automtico do aerogerador ser baseado em pelo menos um

    autmato programvel perfeitamente compatvel com o programa de comando e controlo do Par-

    que, instalado no edifcio de comando existente.

    O autmato ter associados equipamentos auxiliares, nomeadamente:

    - Comutador de seleco do regime de funcionamento, Manual / Automtico;

    - Um modem para ligao rede interna de dados com o edifcio de comando;

    - Consola de dilogo homem-mquina.

    O funcionamento do aerogerador ser possvel em dois modos de operao, sendo que, o funciona-

    mento normal ser em regime Automtico em comunicao com o edifcio de comando existente,

    utilizando-se o comando manual para as operaes de manuteno e situaes de emergncia.

    O aerogerador a instalar ser do fabricante NORDEX, modelo N90-R80 (Desenho 006 do Anexo

    VI - Elementos do Projecto). As caractersticas desta mquina apresentam-se no Quadro 3.1.

    A torre do aerogerador ser em ao, com proteco anticorrosiva por galvanizao, primrio base

    de p de zinco e pintura final de acabamento com tinta base de resina epoxdica. O aerogerador

    de eixo horizontal, com trs ps e 2 300 kW de potncia unitria, ficando o posto de transformao

    localizados no interior da torre.

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    Relatrio Final

    A energia elctrica produzida pelo aerogerador conduzida para o respectivo posto de transforma-

    o onde ser elevada para a tenso nominal da rede elctrica interna do parque (30 kV) e interliga-

    da mesma. O posto de transformao ficar no interior da base do aerogerador.

    QUADRO 3.1

    Descrio de aerogerador tipo N90/2300

    Potncia Nominal 2,3 MW

    Altura da torre 80 m

    Dimetro do rotor 90,0 m

    N. de ps 3

    Comprimento das ps 45,0 m

    rea de varrimento 6 362,0 m

    Velocidade de arranque 3 m/s

    Velocidade do vento para potncia mxima 25 m/s

    Velocidade de rotao da turbina 9,6-16,9 rpm

    Potncia sonora 103,3 dB(A)

    Dimetro da torre do aerogerador junto ao macio de beto 4 m

    Dimetro da base do macio de fundao 15 m

    Pesos

    - Nacelle

    - Rotor

    - Torre

    97 t

    52 t

    179 t

    O piso exterior, numa faixa de 5,0 m para alm dos limites da cabina, levar um revestimento final

    de saibro, de cerca de 0,10 m de espessura.

    3.2.1.2 - Rede elctrica interna

    A rede elctrica interna, a 30 kV (subterrnea) far a interligao entre o aerogerador previsto e os

    aerogeradores em explorao, atravs dos quadros de mdia tenso, com uma configurao em

    srie.

    A rede de cabos ser enterrada em vala ao longo do acesso entre o aerogerador previsto (AG 6) e o

    existente (AG 1), numa extenso de aproximadamente 349 m.

    A vala ser do tipo simples com uma largura mnima de 0,5 m e uma profundidade mnima de

    0,90 m, ao longo do acesso e o mais prximo possvel do lado exterior da valeta ou concordncia de

    aterro.

    Os cabos sero colocados no fundo da vala, envolvidos em leito de areia. Por cima, sero colocadas

    fitas de sinalizao e proteco mecnica (lajetas).

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    Relatrio Final

    3.2.1.3 - Acessos

    A acessibilidade ao local para instalao do Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela ser

    efectuada a partir da Autoestrada A8, com sada para Sobral de Monte Agrao e posterior ligao

    Estrada Nacional EN 9-2, Estrada Nacional EN 374, Estrada Municipal EM 530 e ao Caminho

    Municipal CM 1211 (Figura 2 do Anexo I - Peas Desenhadas).

    A acessibilidade ao local do aerogerador ser realizada a partir do Caminho Municipal CM 1211l

    atravs do caminho existente de acesso ao Parque Elico de Arcela e da beneficiao/construo de

    uma pequena extenso de caminho existente que permitir aceder ao local de implantao do aero-

    gerador.

    Refere-se que parte do acesso entre o aerogerador previsto (AG 6) e o existente (AG 1) encontra-se

    em bom estado, necessitando uma pequena extenso (179,380 m) de beneficiao e alargamento

    para o devido percurso dos veculos que transportaro os equipamentos.

    O acesso a reabilitar/construir apresentar um perfil transversal tipo (Desenho 005 do Anexo VI -

    Elementos do Projecto), constitudo por uma faixa de rodagem de 4,5 metros de largura. Ainda de

    acordo com o perfil dever existir, na situao de talude de aterro, uma concordncia de 0,6 metros

    e, no caso de talude de escavao, uma valeta com 0,60 metro de largura e 0,3 metros de profundi-

    dade. Esta valeta ter por funo no s a drenagem e encaminhamento superficial das guas, como

    a drenagem da prpria estrutura do pavimento e o rebaixamento do nvel fretico na zona do pavi-

    mento.

    Os taludes a criar, que no caso concreto sero pouco expressivos, tero inclinaes de 1,5 / 1 (hori-

    zontal / vertical), tanto para as situaes de taludes de aterro como para o caso dos taludes de esca-

    vao, devendo, em ambos os casos, ser recobertos com uma camada de 0,20 metros de terra vege-

    tal.

    Em termos estruturais, aps o saneamento e consolidao da plataforma da terraplenagem, o pavi-

    mento ser constitudo por uma base tout-venant com 0,20 metros de espessura. Esta estrutura de

    pavimento, actualmente em desuso devido ao maior custo, mo-de-obra e morosidade de execuo,

    comparativamente s solues de pavimentos com solues em betuminosos, adoptada tendo em

    ateno a manuteno da caracterizao paisagstica do local e a pretenso de se manterem o mais

    inalteradas possvel, as caractersticas de permeabilidade do terreno existente.

    O acesso a beneficiar foi traado tendo em conta o perfil longitudinal do terreno existente, minimi-

    zando o movimento de terras, procurando-se ajustar a rasante do mesmo rasante do acesso exis-

    tente. Ser necessrio realizar este troo em escavao, de forma a colocar a plataforma de nvel e

    minimizar os volumes de terras.

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    Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela

    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    Refere-se que o Projecto tem por objectivo que exista uma compensao de terras entre o volume de

    escavao e o volume de aterro, por forma a minimizar a existncia de terras sobrantes ou de terras

    de emprstimo.

    Ao longo do acesso ter-se- de construir, a drenagem longitudinal que ter por finalidade conduzir

    as guas da plataforma da estrada e dos taludes adjacentes para as respectivas linhas de gua, com

    recurso a valetas triangulares simples em terra, uma vez que a inclinao muito reduzida.

    De referir o facto de o Parque se situar num local de cumeada onde as linhas de gua ainda no

    existem ou esto em formao, e onde as respectivas bacias hidrogrficas so ainda muito pequenas,

    no existindo grandes concentraes de gua, resultando, assim, que os caudais a dar continuidade

    so muito reduzidos, no estando previsto qualquer tipo de drenagem profunda e transversal, para

    garantir a continuidade de linhas de gua.

    3.3 - ACTIVIDADES DA FASE DE CONSTRUO

    3.3.1 - Consideraes gerais

    Durante a fase de construo ser desenvolvido um conjunto de actividades, que envolvem:

    - Implantao de uma pequena rea de estaleiro local;

    - Trabalhos de decapagem para construo da plataforma de apoio montagem do aerogera-

    dor, implantao da vala de cabos e acesso;

    - Execuo da fundao da torre do aerogerador (desmatao, abertura do cabouco para a

    fundao e betonagem do macio de fundao);

    - Transporte de materiais para construo da fundao;

    - Transporte de materiais sobrantes da escavao para escombreiras;

    - Transporte do aerogerador e equipamentos auxiliares;

    - Operaes de montagem do equipamento principal (aerogerador) e auxiliares;

    - Arranjos exteriores finais envolvendo instalao de drenagem, modelao dos terrenos e

    recobrimento com os materiais escavados, para recuperao da vegetao.

    3.3.2 - Instalao do estaleiro

    A seleco do local para a instalao do estaleiro de apoio construo do Sobreequipamento do

    Parque Elico teve em considerao aspectos como a facilidade de acesso s zonas a intervencionar

    e a ausncia de condicionalismos ambientais (Figura 20 do Anexo I - Peas Desenhadas). Por este

    motivo foi considerada a antiga plataforma do aerogerador AG 1, por j ser uma rea artificializada.

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    Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela

    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    Na rea destinada ao estaleiro, com cerca de 472 m2, sero instalados dois ou trs contentores, com

    cerca de 10 m2 cada, que se destinam ao armazenamento de equipamentos e ferramentas e que fun-

    cionaro como rea social /escritrios.

    No estaleiro sero igualmente definidos locais para o estacionamento de veculos e para o armaze-

    namento de materiais / substncias e dos resduos produzidos no decorrer da obra.

    Ser imposto o estabelecimento de regras rgidas de funcionamento do estaleiro, no sentido de evi-

    tar a acumulao e disperso de resduos, bem como a contaminao dos solos com leos ou lubri-

    ficantes. Nesse sentido, ser executado um processo de concurso das obras rigoroso, com clusulas

    bem definidas, bem como um acompanhamento e fiscalizao directa destas.

    Os resduos produzidos neste tipo de Projecto, apesar de pequenas quantidades, devero ser concen-

    trados numa zona especfica do estaleiro, devidamente acondicionados e posteriormente transporta-

    dos para local de depsito autorizado. Alguma operao de manuteno que seja necessrio efectuar

    nos equipamentos e viaturas, no decurso da obra, recorrer a uma estao de servio existente nas

    imediaes ou a outro espao de caractersticas adequadas evitando-se, assim, a sua execuo no

    local de implantao do Projecto.

    No final dos trabalhos de construo, o estaleiro, bem como eventuais zonas complementares de

    apoio sero desmanteladas e todas as zonas intervencionadas sero completamente naturalizadas, de

    acordo com as medidas de minimizao apresentadas no presente EIncA.

    3.3.3 - Preparao das reas a intervencionar

    Na preparao das reas a intervencionar, nomeadamente do acesso, da vala de cabos, da platafor-

    ma e do estaleiro, ser efectuada desmatao de toda a vegetao arbustiva e arbrea. Para alm

    deste trabalho proceder-se- ainda decapagem dos solos.

    Salienta-se que toda a vegetao arbustiva e arbrea nas reas no abrangidas pelas intervenes

    ser protegida de modo a no ser afectada com a localizao de estaleiros, depsitos de materiais,

    instalaes de pessoal ou outras ou com o movimento de mquinas e viaturas. Sero tomadas as

    disposies adequadas para o efeito, designadamente instalando vedaes e resguardos onde for

    necessrio ou conveniente.

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    Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela

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    Relatrio Final

    3.3.4 - Construo civil

    As obras de construo civil a realizar no mbito da construo do Sobreequipamento do Parque

    Elico de Arcela consistem nas seguintes etapas:

    1. Beneficiao/construo do acesso ao aerogerador;

    2. Construo da plataforma de apoio montagem do aerogerador;

    3. Abertura da vala para instalao da rede de cabos;

    4. Execuo da fundao do aerogerador.

    Prev-se que as obras de construo civil necessrias se iniciem com a regularizao do pavimento

    do acesso existente at ao local de implantao do aerogerador. Seguir-se- a abertura da plataforma

    de trabalho no local de implantao do aerogerador, com dimenses necessrias para dispor os prin-

    cipais componentes destes, deixando ainda espao livre para a movimentao das gruas a utilizar

    durante as operaes de montagem.

    Assim, para a montagem do aerogerador em causa ser necessria uma rea sem obstculos junto ao

    aerogerador com aproximadamente 800 m2, para o estacionamento dos veculos de transporte dos

    seus componentes, para a assemblagem da fundao e para a manipulao e montagem dos princi-

    pais componentes do aerogerador, com recurso a gruas de elevada capacidade (Desenho 005 do

    Anexo VI - Elementos do Projecto). Esta plataforma, que apenas ter as dimenses estritamente

    necessrias para a disposio dos principais componentes do aerogerador mais no do que a regu-

    larizao e consolidao do terreno numa rea que permita a montagem em segurana do aerogera-

    dor. de referir que a plataforma, que apenas ser utlizada no perodo de construo do aerogera-

    dor, sendo totalmente recuperada aps a finalizao da montagem do aerogerador.

    Simultaneamente construo do acesso, ser realizada a escavao da vala para enterramento dos

    cabos e ser executada a fundao da torre, na qual assentar toda a estrutura do aerogerador.

    Aps a colocao de ferro e posterior betonagem, segue-se um perodo de cura de cerca de quatro

    semanas e posterior cobrimento com material resultante da escavao. As vrias etapas da betona-

    gem so ilustradas na Fotografia 3.1.

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    Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela

    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    a) Escavao do cabouco

    b) Cabouco aps escavao e limpeza

    c) Betonagem do beto de limpeza da fundao

    d) Beto de limpeza

    e) Armao do ferro

    f) Fundao pronta para ser aterrada

    FOTOGRAFIA 3.1

    Exemplo da execuo da fundao de um aerogerador

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    Sobreequipamento do Parque Elico de Arcela

    Estudo de Incidncias Ambientais

    Relatrio Final

    Da escavao das fundaes dos aerogeradores resulta, geralmente, algum escombro, o qual nor-

    malmente utilizado, na sua totalidade ou quase, na regularizao das plataformas e acessos necess-

    rios ao Projecto. A existir algum excedente, ser acondicionado de forma adequada e integrado pai-

    sagisticamente na envolvente.

    Salienta-se que toda a vegetao arbustiva e arbrea, nas reas no abrangidas pelas intervenes,

    ser protegida, de modo a no ser afectada com a localizao de estaleiro, depsitos de materiais,

    instalaes de pessoal e outras, ou com o movimento de mquinas e viaturas. Sero tomadas as dis-

    posies adequadas para o efeito, designadamente instalando vedaes e resguardos onde for con-

    veniente ou necessrio.

    As zonas afectadas com a implantao de estruturas temporrias sero alvo de renaturalizao, con-

    forme preconizado no captulo das medidas de minimizao constantes no presente EIncA.

    3.3.5 - Montagem do equipamento

    Os trabalhos de construo civil relacionados com a montagem dos equipamentos sero executados

    em harmonia com os pormenores definitivos fornecidos pelos respectivos fabricantes.

    Aps a preparao do terreno e do estabelecimento das fundaes ser montado o aerogerador. Esta

    montagem far-se- atravs da conduo ao local, em veculos apropriados, da torre do aerogerador,

    da nacelle e das ps. Estes componentes so colocados no local e montados com o apoio de gruas

    adequadas (Fotografia 3.2).

    Na fase final de construo, aps a montagem do aerogerador, sero realizados os trabalhos de

    recuperao paisagstica, de forma a minimizar o impacte paisagstico e a prevenir possveis aces

    erosivas. Assim, as plataformas e valas de cabos sero cobertas com terra vegetal, ficando somente

    uma circular em torno do aerogerador com pavimento em tout-venant e largura suficiente para

    que um veculo ligeiro o contorne (numa faixa de 4 a 5 metros de raio em redor da base da torre de

    suporte do aerogerador), por razes de segurana contra incndios, no se tornando necessrio, em

    caso algum, impermeabilizar o terreno.

    As zonas afectadas com a implantao de estruturas temporrias sero alvo de renaturalizao, con-

    forme preconizado no captulo das Medidas de Minimizao constantes no presente EIncA.

    Na Fotografia 3.3 ilustra-se o aspecto final dos acessos em torno de um aerogerador de outro parque

    elico j construdo.

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    a) Plataforma de montagem

    b) Montagem da torre

    c) Plataforma do rotor

    d) Montagem de ps

    FOTOGRAFIA 3.2

    Exemplo da montagem de um aerogerador

    FOTOGRAFIA 3.3

    Exemplo de acesso junto a aerogeradores

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    3.3.6 - Materiais e energia utilizados/produzidos

    Durante a fase de construo de um Parque Elico necessrio utilizar diversos tipos de materiais

    comuns em obras de construo civil, nomeadamente, beto, brita, areia, madeira, ferro, tijolos,

    chapas de ao, tinta, entre outros.

    Os principais materiais utilizados so:

    - Fundao: Beto e ao;

    - Acessos e plataforma (incluindo valetas e PHs): tout-venant, beto, pedra da regio;

    - Rede de cabos: cobre, cabo elctrico, cabo de fibra ptica;

    - Aerogerador: fibra de vidro reforada a resina de polister utilizada nas Ps; Ao revestido a

    fibra de vidro, reforada a resina de polister utilizada na Nacelle; Ao carbono, galvaniza-

    do/metalizado e pintado com tinta anti-corroso utilizado na Torre.

    Os principais tipos de energia utilizada na fase de construo correspondem a motores de combus-

    to a gasleo das mquinas (veculos, gruas e caterpillars) e de alguns equipamentos.

    Durante a fase de construo so previsveis os seguintes tipos de efluentes, resduos e emisses:

    3.3.6.1 - Efluentes

    Os efluentes produzidos durante a fase de construo so os seguintes:

    - guas residuais provenientes das instalaes sanitrias do estaleiro;

    - guas residuais provenientes das operaes de betonagem.

    Prevem-se os seguintes tratamentos/destino final dos efluentes produzidos:

    - No que diz respeito s instalaes sanitrias do estaleiro, sero utilizadas instalaes sanit-

    rias amovveis, cuja drenagem se far, preferencialmente, para uma fossa sptica estanque

    provisria a instalar;

    - Para as guas residuais resultantes das operaes de construo civil como o caso das ope-

    raes de betonagem, ser aberta uma bacia de reteno (3 m 1 m), na qual ser efectuada

    a descarga das guas resultantes das lavagens das autobetoneiras. A bacia ser aberta junto

    ao aerogerador e no final da betonagem da fundao, todo o material ser incorporado na

    respectiva plataforma;

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    - Os efluentes tais como leos das mquinas, lubrificantes, e outros que so comuns a qual-

    quer obra, sero devidamente acondicionados dentro do estaleiro, em recipientes especficos

    para o efeito, e transportados por uma empresa devidamente licenciada para tal.

    3.3.6.2 - Resduos

    Referem-se os seguintes resduos produzidos durante a fase de construo:

    - Resduos slidos urbanos provenientes do estaleiro;

    - Resduos vegetais provenientes da desmatao/decapagem do terreno;

    - Materiais inertes (terras) provenientes das escavaes;

    - Embalagens plsticas, metlicas e de carto, armaes, cofragens, entre outros materiais

    resultantes das diversas obras de construo civil.

    O armazenamento temporrio de resduos ser efectuado na zona destinada ao estaleiro. No que

    respeita ao destino final dos resduos produzidos, estes sero os seguintes:

    - Os materiais inertes provenientes das escavaes sero incorporados integralmente nos ater-

    ros necessrios a executar na plataforma do aerogerador;

    - Os resduos tais como plsticos, madeiras e metais sero armazenados em contentores espe-

    cficos, e transportados por uma empresa devidamente licenciada para tal;

    - As armaes metlicas e materiais diversos resultantes da montagem do aerogerador sero

    acondicionados em contentores e transportados para a fbrica das mquinas;

    - Os resduos vegetais resultantes da desmatao do terreno sero enterrados em zonas inter-

    vencionadas, afastadas das linhas de gua e de zonas hmidas.

    3.3.6.3 - Emisses

    - Incremento dos nveis sonoros contnuos e pontuais devido utilizao de maquinaria pesa-

    da e trfego de veculos para transporte de pessoas, materiais e equipamentos;

    - Poeiras resultantes das operaes de escavao e da circulao de veculos e equipamentos

    em superfcies no pavimentadas;

    - Gases emitidos pelos veculos e maquinaria pesada afectos obra.

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    3.3.7 - Movimentaes de terras

    No Quadro 3.2 apresenta-se a estimativa global de volumes de terras envolvidos nas obras de cons-

    truo civil do Sobreequipamento. Os materiais sobrantes sero prioritariamente utilizados na recu-

    perao paisagstica ou conduzidos a depsito adequado.

    Prev-se um volume total de escavao de 2 224 m3 e um volume de aterro de 341 m

    3. O volume de

    terras em excesso de 1 903 m3 ser conduzido a vazadouro prprio.

    Como no se prev encontrar afloramentos rochosos no est prevista a necessidade de recorrer a

    explosivos ou martelo pneumtico para se proceder ao desmonte.

    QUADRO 3.2

    Resumo da estimativa das reas e dos volumes de terra envolvidos nas obras de construo civil

    ITEM DESIGNAO N P.

    IGUAIS

    DIMENSES QUANTIDADES

    Comprimento Largura Altura Parciais Totais

    1 MOVIMENTO DE TERRAS

    1.1 Desmatao e decapagem incluindo transporte a

    vazadouro e separao da terra vegetal para poste-rior reutilizao

    1 - Acesso 179 m 4,5 m 0,2 m 121 m3

    2 - Sapata 1 201 m2 0,2 m 30 m3

    3 - Plataforma 1 40 m 20 m 0,3 m 233 m3

    384 m2

    1.2 Escavao em terreno de qualquer natureza incluindo remoo dos produtos escavados

    1 - Acesso 179 m 4,5 m 1,1 m 901 m

    2 - Sapata 1 230 m2 2,3 m 529 m

    3 - Plataforma 1 40 m 20 m 0,8 m 640 m3

    4 - Vala de Cabos 349 m 0,5 m 1,0 m 175 m

    2 244 m

    1.3 Aterro e regularizao com terras escolhidas, por

    camadas de espessura mxima de 0,5 m aps

    compactao com meios mecnicos

    1 - Acesso 179 m 4,5 m 0,1 m 73 m

    2 - Sapata 1 230 m2 0,7 m 161 m

    3 - Plataforma 1 40 m 20 m 0 m 0 m

    4 - Vala de cabos 349 m 0,5 m 0,6 m 106 m

    341 m

    2 MATERIAIS

    2.1 "Tout-Venant" com 0,20 m de espessura na pavi-mentao de acessos

    1 011 m

    2.2 Areia na vala de cabos 349 m 0,5 m 0,4 m 69,8 m 69 m

    2.3 Beto armado para fundao do aerogerador 1 370 m

    2.4 Ao A500 26 000 kg

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    3.3.8 - Recuperao paisagstica

    No final da fase de construo, aps a montagem do aerogerador e obras associadas, necessrio

    proceder recuperao paisagstica de todas as zonas intervencionadas, nomeadamente os taludes

    dos acessos e da plataforma de montagem do aerogerador, a zona de estaleiro e de armazenamento

    de diversos tipos de materiais e as zonas de abertura das valas de instalao dos cabos elctricos.

    Assim, aps a concluso dos trabalhos de construo, todos os locais de estaleiro e zonas de traba-

    lho so meticulosamente limpos.

    O objectivo dos trabalhos de recuperao do perfil topogrfico dos solos e de recuperao do

    coberto vegetal repor, sempre que possvel, uma situao final, o mais prximo possvel da situa-

    o inicial.

    Para isso, os trabalhos podero envolver a remoo de entulhos, a estabilizao de taludes, o resta-

    belecimento, tanto quanto possvel, das formas originais de morfologia, a descompactao do solo e

    a recuperao do coberto vegetal afectado, atravs do restabelecimento da vegetao autctone.

    As superfcies de terreno exposto sero recobertas com a terra vegetal oriunda dos locais anterior-

    mente escavados por forma a possibilitar o rpido crescimento das