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1 Rogate 258 dez/07 OPINIÃO OPINIÃO No amor e na ternura a vida renasce Magda Vieira O Natal é para nós um convite a con- templar o Mistério da Encarnação. O Emanuel, Deus conosco, que se revela na história humana. Nele, a ternura da Trindade se debruça sobre cada pessoa, se faz Palavra e Carne para habitar entre nós: “e a Palavra se fez Carne e habitou en- tre nós” (cf. Jo 1,14). Pela encarnação o nosso coração está ávido de paz e justiça, de felicidade e comunhão, de esperança e ternura no projeto de Deus-trino. É preciso nos deixar recriar no amor da Trindade para que o nosso olhar seja de misericórdia, e não de conformismo dian- te da angústia e do sofrimento que sufo- cam as relações entre as pessoas. Não po- demos nos acostumar com as notícias san- grentas que cotidianamente ocupam espa- ço nos meios de comunicação, pois corre- ríamos o risco de nos colocar num estado defensivo, onde nosso horizonte se fecha- ria sobre nosso próprio umbigo. Como em outras datas festivas, o Natal é para o comércio a oportunidade de au- mentar as vendas e, conseqüentemente, o lucro. O mercado torna as compras mais atrativas. O colorido das lojas, a moderni- dade dos aparelhos eletro-eletrônicos, por exemplo, e o poder de convencimento em massa não nos deixam alternativa se não a de consumir. Entramos no jogo do posso ter, ao invés de nos perguntarmos: preciso realmente ter o que estou comprando? Pa- rece um beco sem saída! Não queremos deixar de presentear quem amamos, e esta é, com certeza, uma das afirmações que aliviam nossa consciência. Também nesta época do ano nossas mesas estão mais far- tas, com as guloseimas que lembram o tem- po da vovó. Exageramos na comilança (nada que depois umas aulas na academia de gi- nástica não resolva). É também quando mi- lhares de pessoas recebem as famosas “ces- tas básicas de Natal” (e como ficam os ou- tros dias do ano?). Deixarmo-nos recriar pela ternura da Trindade é alargar o espaço em nossa mesa, para que nela se acheguem, com igual possibilidade, aqueles e aquelas que nada possuem. Este deve ser, para nós, o convite diário, a fim de que o nosso sim se revi- gore na autenticida- de do chamado. No Mistério da Encar- nação, cada pessoa deve sentir-se co-res- ponsável pelo cuidado em relação à vida. Trata-se de reafirmarmos nossa vocação de filhos e filhas de Deus, criados pelo amor e para amar. É um processo que pode parecer difícil no início, mas trará em si a delícia de nos sentirmos profundamente amados e amantes da vida, onde Deus, em sua infinita bondade, nos quer dar vida e vida em abundância. Nesta ótica, a festa do Natal ganha novo valor, e o nosso dia a dia também. No Mistério da Encarna- ção, cada pessoa deve sentir-se co- responsável pelo cuidado em relação à vida.

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1Rogate 258 dez/07

OP IN I ÃOOPINIÃO

No amor e na ternuraa vida renasce

Magda Vieira

ONatal é para nós um convite a con-templar o Mistério da Encarnação.O Emanuel, Deus conosco, que se

revela na história humana. Nele, a ternurada Trindade se debruça sobre cada pessoa,se faz Palavra e Carne para habitar entrenós: “e a Palavra se fez Carne e habitou en-tre nós” (cf. Jo 1,14). Pela encarnação onosso coração está ávido de paz e justiça,de felicidade e comunhão, de esperança eternura no projeto de Deus-trino.

É preciso nos deixar recriar no amorda Trindade para que o nosso olhar seja demisericórdia, e não de conformismo dian-te da angústia e do sofrimento que sufo-cam as relações entre as pessoas. Não po-demos nos acostumar com as notícias san-grentas que cotidianamente ocupam espa-ço nos meios de comunicação, pois corre-ríamos o risco de nos colocar num estadodefensivo, onde nosso horizonte se fecha-ria sobre nosso próprio umbigo.

Como em outras datas festivas, o Natalé para o comércio a oportunidade de au-mentar as vendas e, conseqüentemente, olucro. O mercado torna as compras maisatrativas. O colorido das lojas, a moderni-dade dos aparelhos eletro-eletrônicos, porexemplo, e o poder de convencimento emmassa não nos deixam alternativa se não ade consumir. Entramos no jogo do possoter, ao invés de nos perguntarmos: precisorealmente ter o que estou comprando? Pa-rece um beco sem saída! Não queremosdeixar de presentear quem amamos, e estaé, com certeza, uma das afirmações quealiviam nossa consciência. Também nesta

época do ano nossas mesas estão mais far-tas, com as guloseimas que lembram o tem-po da vovó. Exageramos na comilança (nadaque depois umas aulas na academia de gi-nástica não resolva). É também quando mi-lhares de pessoas recebem as famosas “ces-tas básicas de Natal” (e como ficam os ou-tros dias do ano?).

Deixarmo-nosrecriar pela ternurada Trindade é alargaro espaço em nossamesa, para que nelase acheguem, comigual possibilidade,aqueles e aquelasque nada possuem.

Este deve ser,para nós, o convitediário, a fim de queo nosso sim se revi-gore na autenticida-de do chamado. NoMistério da Encar-nação, cada pessoa deve sentir-se co-res-ponsável pelo cuidado em relação à vida.Trata-se de reafirmarmos nossa vocaçãode filhos e filhas de Deus, criados peloamor e para amar. É um processo que podeparecer difícil no início, mas trará em si adelícia de nos sentirmos profundamenteamados e amantes da vida, onde Deus, emsua infinita bondade, nos quer dar vida evida em abundância. Nesta ótica, a festado Natal ganha novo valor, e o nosso dia adia também.

No Mistérioda Encarna-ção, cadapessoa devesentir-se co-responsávelpelo cuidadoem relaçãoà vida.

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2 Rogate 258 dez/07

NESTA EDIÇÃO

EntrevistaO itinerário de um ministro ordenado 03

EspecialSenhora de Guadalupe:a missionária de Tepeyac 08

Atualidades23º Encontro Rogate estudaDocumento de Aparecida 12

EstudoA missão dos leigos - 2ª parte 15

Leitor 21

EspecialÍndice Remissivo 2007 22

EDITORIAL

Capa: Imagens na colina de Tepeyac, próximo àBasílica de Nossa Senhora de Guadalupe, na cidadedo México.

Omês de dezembro é caracterizado,essencialmente, pela preparação aoNatal, uma das grandes festas co-

memoradas mundialmente. A Rogateaborda o tema em duas de suas seções fi-xas, “Opinião” e “Entrevista”. Naquela,de forma direta e relacionando a festa coma Trindade; nesta, a partir da Família deNazaré, homenageando todas as famíliasque são verdadeiros “berços de vocações”.

Mas o destaque neste ano foi dado à pa-droeira da América Latina, Nossa Senho-ra de Guadalupe, cuja festa é comemoradano dia 12 de dezembro. Afinal, a partir deMaria, com tantos títulos, e de seu “sim”ao chamado do Senhor, a humanidade pôdesentir um Deus próximo, irmão, caminhan-te e caminheiro. Maria e o Natal sãoinseparáveis. Ela é a mãe! E o filho é Deus-conosco! A mãe continua sua missão de ser-viço, mostrando seu rosto e seus traços deamor, pedindo que a humanidade volte asentir a presença de Deus no dia a dia, eque não desanime frente aos desafios. Eatravés do Espírito de Deus a humanidadeé convocada a responder a este chamado.

Por mera falta de espaço, e para con-cluir o “Estudo” iniciado na edição ante-rior, deixamos de publicar duas seções fi-xas: “Mística da Vocação” e “Informação”.

A Turma do Triguito

Celebração VocacionalCelebrando a Paz

ENCARTES

Ano XXVI - nº 258Dezembro de 2007

Lançada em maio de 1982, a revista Rogate temregistro de matrícula em São Paulo, 01/10/87,no Livro B de Matrículas do 1º Cartório de Re-gistros de Títulos e Documentos, sob o nº98.906, nos termos dos artigos 8º e 9º da LeiFederal nº 5.250, de 1967. A revista é de pro-priedade dos Rogacionistas do Coração de Je-sus, em colaboração com as revistas: RogateErgo e MondoVoc (ltália), Vocations andPrayer (EUA) e Rogate Ergo (Filipinas).

DIRETOR DE REDAÇÃOJuarez Albino Destro

EDITORJefferson Silveira

COLABORADORESGeraldo Tadeu Furtado, Gilson Luiz Maia,

Osmar Koxne (Triguito), Patrício Sciadini

e Vito Domenico Curci

CONSELHO EDITORIALIzabel Bitencourt Pereira, Marcos Lourenço

Cardoso, Maria da Cruz da Silva Santos,

Cláudio Feres e Therezinha Brito Feres

JORNALISTA RESPONSÁVELÂngelo Ademir Mezzari - Mtb 21.175 DRT/SP

IMPRESSÃOGráfica e Editora Linarth Ltda - Curitiba (PR)

SEDE CENTRAL/CONTATOSDireção, Editoria, Secretaria e Administração:

Tel./Fax: (11) 3932-1434 / 3931-3162E-mail: [email protected]

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ASSINATURA ANUALNacional: 40 reais (10 edições ao ano)

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Os artigos assinados não expressam,necessariamente, a opinião da Revista

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ENTREVISTAENTREVISTA

O itinerário deum ministro ordenado

A família é a Igreja doméstica, sendo um dos campospropícios para o desabrochar das vocações. Foi assim com

o jovem padre curitibano, Fábio de Oliveira Endler,cuja trajetória é retratada pela revista Rogate

No mês das festas natalinas, quan-do se faz memória da Família deNazaré - Jesus, Maria e José - e

quando as famílias de hoje se reúnempara celebrar o nascimento do MeninoDeus, a revista Rogate volta no tempoquase 20 anos para recuperar o depoi-mento da família Endler, formada pelocasal Rosevaldo e Jesuíta, e os filhosAndréa e Fábio. Por sua caminhada defé na comunidade cristã, atuando na áreadas vocações, em Curitiba (PR), a famí-lia Endler foi entrevistada em 1989 pelarevista Rogacionista, uma publicação tri-mestral produzida pela Congregação dosRogacionistas na América Latina, tam-bém responsável pela edição da revista Ro-gate. Lançada em janeiro de 1988, visan-do “estabelecer e incentivar a comunica-ção e a comunhão” entre a Família do Ro-gate, conforme o editorial da primeira edi-ção (n. 01-02, jan-jun/1988, p. 03), a revis-ta Rogacionista deixou de circular após 10anos de existência, quando sua missão foisubstituída pelo “Informativo RogZelo”, in-cluindo as Filhas do Divino Zelo no proje-to de comunicação da Família do Rogate.

Na entrevista, inserida na revista Roga-cionista n. 06 (abr-jun/1989, p. 04-05), com

o título “Maria, mãe e modelo”, a famíliaEndler parte do exemplo da vocacionadaMaria para descrever sua própria vocação,enquanto discípulos de Jesus Cristo.

Na oportunidade, a reportagem reve-lou que, com apoio da família, o pequenoFábio de Oliveira Endler acabara de ingres-sar no seminário e cursava o 1º ano doEnsino Médio. Nascido em 30 de marçode 1974, na cidade de Curitiba, o adoles-cente Fábio estava empolgado com a novaexperiência e dizia: “Sinto-me realizadopor ser seminarista, pois agora se concre-

Foto: Revista Rogacionista - 1989

A família Endler: Rosevaldo, Jesuíta, Fábio e Andréa,na foto da revista Rogacionista, em 1989

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ENTREVISTA

tiza um sonho que tenho desde pequeno.Estou no Seminário São José da Diocese,onde curso o 1º ano do 2º grau. Para mimestá sendo muito bom. A vida comunitáriaé diferente, mas estou me acostumando”.

Em homenagem a todas as famílias quese esforçam em seguir o exemplo da Fa-mília de Nazaré, e também homenagean-do a família Endler, dando-nos um beloexemplo na área vocacional, a Rogate con-versou com o, agora, Pe. Fábio de OliveiraEndler. Ordenado em 30 de janeiro de2000, ele atua como formador e coordena-dor do Serviço de Animação Vocacional naarquidiocese de Curitiba.

Rogate: A partir de quando você, de fato,sentiu que era chamado à vocação específi-ca de ministro ordenado?

Pe. Fábio: Lembro-me que desde cri-ança eu queria ir para o seminário e sersacerdote. A vivência de fé de minha famí-lia, a vida de oração em casa, bem como onosso envolvimento nas atividades da Igre-ja, certamente foram fatores muito impor-tantes para mim.

Rogate: Como você partilhou esta deci-são com sua família e qual foi a reação deseus pais?

Pe. Fábio: Acho que eles percebiamem mim os sinais da vocação sacerdotal.Lembro-me que tinha acabado de ser alfa-betizado, nem sabia escrever direito, e jádatilografei em um pequeno papel que de-sejava ser padre, colocando o texto dentroda Bíblia. Mas foi com 10 anos que come-cei a me interessar em fazer algum tipo deacompanhamento vocacional. Por ter re-cebido muitos convites de amigos semi-naristas, sacerdotes e religiosos para serpadre, foi mais fácil dizer aos meus pais.Tudo aconteceu naturalmente. Quando ma-

nifestei a vontade de iraos “encontros de dis-cernimento vocacio-nal” no seminário,eles não se opuse-ram. Deram liberdadepara eu participar,inclusive dando-me oportunidadede conhecer o ca-risma de váriascongregações einstitutos religiosos, antes de eu ingres-sar no seminário diocesano.

Rogate: Ao recordar uma entrevistaconcedida por sua família à revista Roga-cionista, em 1989, sua mãe, Jesuíta, afir-mou que a vocação do filho era encaradacomo uma graça de Deus, motivo de alegria,e que você teria total apoio da família. Defato isto ocorreu?

Pe. Fábio: Tinha um grande desejo de“estudar” no seminário, queria ser padre.A única coisa que me recordo é que aindacriança meus pais me orientaram para queeu esperasse mais um pouco, que termi-nasse o ginásio, atual 2º ciclo do EnsinoFundamental. E, mesmo um pouco ansio-so, foi o que fiz.

Rogate: Que trabalhos passou a exer-cer após este despertar vocacional?

Pe. Fábio: Penso que tinha uns seisanos e eu já era coroinha. Quando ingres-sei no seminário, ao completar 14 anos, fuime envolvendo com a música e com ou-tras atividades na Liturgia, pois sempregostei muito de ir à missa. Também pas-sei a desempenhar pequenas tarefas que,com muita pedagogia, o padre de minhacomunidade me confiava. Lembro-me comcarinho de momentos de oração em famí-

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lia, e com outras famílias do bairro, quan-do rezávamos a Via-Sacra e o terço voca-cional, dentre outras tantas atividades,como visitar algumas pessoas enfermas dobairro e a vivência do processo de inicia-ção cristã na catequese.

Rogate: Há 20 anos você comentou, narevista Rogacionista, que estava feliz com oingresso no seminário, mas confessava anecessidade de se adaptar à vida comunitá-ria. Esta adaptação é uma das dificuldadespara o jovem vocacionado?

Pe. Fábio: Sempre senti, em todas asetapas, que o seminário era a minha casa.Mas confesso que no início tive muitas di-ficuldades no processo de socialização. In-clusive, após dois meses de vida comuni-tária, cheguei a manifestar o desejo ao meuorientador espiritual de desistir e voltarpara casa. Hoje entendo que esta não era avontade de Deus.

Rogate: Que outras dificuldades preci-sou enfrentar a partir de então?

Pe. Fábio: Para mim o estudo não eraalgo tão difícil. Entretanto eu era muito le-vado e preguiçoso. A disciplina não era omeu forte, então sempre estava inventan-do alguma arte ou brincadeira. Coisa demoleque. Encontrei desafios no exercícioda amizade e no desenvolvimento da se-xualidade, pois entrei para o seminário noinício da puberdade. Quanto à vida espiri-tual, parecia que o jeito de rezar que apren-di na infância não “servia” mais. Outroponto foi certo distanciamento afetivo dospais. Só que fui amadurecendo e sempreencontrei pessoas que Deus providencioupara me auxiliar em cada dificuldade.

Rogate: Quando você passou a traba-lhar no Serviço de Animação Vocacional?

Rosevaldo Endler e Jesuíta NecyFrancisca de Oliveira Endler, os pais

do Fábio, sempre o apoiaram em sua deci-são vocacional.

Rogate: Quando vocês notaram que des-pertava a vocação para o pequeno Fábio?

Alguns sinais foram evidentes. Um dia,após ler e rezar um texto bíblico (Ct 3), elefoi profundamente tocado, tendo uma ex-periência muito forte, explodindo em choroe dizendo que ia ser padre. No período quefoi coroinha, gostava de acompanhar o pa-dre nas orações e, por isso, tivemos quecomprar um pequeno livro de Liturgia. Porocasião de sua Primeira Comunhão, em umdado momento o padre perguntou aos me-ninos: “quem de vocês vai ser padre?”. Elelevantou a mão e falou: “eu”.

Rogate: Que postura assumiram a par-tir daquele momento?

Achávamos que a vocação estava nas-cendo e a nossa postura foi de apoio, aco-lhida e alegria. Dificultamos, porém, a suaentrada no seminário antes da conclusãodo primeiro grau, pois ele era muito novo.Vocação é dom. Se é Deus quem chama,compreendemos que acolher a vocação foipara todos a melhor decisão.

Rogate: O que diriam para as famíliasde hoje?

Que se priorize a dimensão cristã, fa-zendo uso dos meios, como a Palavra deDeus, a oração em família, o bom relacio-namento entre os membros, a participação

na comunidade. Quea vocação seja umvalor e também sejaapresentada aos fi-lhos junto às pro-postas profissio-nais. Isso incluiatenção, oração eação, tendo emvista a missão.

Total apoio da famíliana opção vocacional do filho

ENTREVISTA

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ENTREVISTA

Pe. Fábio: Comecei a trabalhar na áreaainda como diácono, retornando ao semi-nário onde havia passado a primeira etapade formação. Sendo assim, na ocasião de mi-nha ordenação presbiteral eu já estava en-volvido no processo formativo. No entanto,posso dizer que minha ligação com o Servi-ço de Animação Vocacional é quase que “deberço”. Quando ainda era criança acompa-nhava meus pais, que sempre estiverammuito envolvidos na pastoral vocacional.

Rogate: Que balanço faz deste seu tra-balho junto à animação vocacional?

Pe. Fábio: Talvez possa dizer que ago-ra começo a vislumbrar de modo maisamplo o alcance deste serviço. O teste-munho e o amor por minha própria voca-ção têm sido pontos em que mais tenhocrescido. Acredito que animar as vocaçõesna Igreja é um serviço que Cristo confia atodos nós. Tenho encontrado muita aco-lhida e interesse quando nos propomos arealizar qualquer atividade ou trabalhonesta dimensão.

Rogate: E ampliando esta análise, comovê o Serviço de Animação Vocacional naIgreja do Brasil e no mundo?

Pe. Fábio: No Brasil, temos uma re-flexão de excelente qualidade na dimen-são vocacional. Iniciativas como a revistaRogate, o Instituto de Pastoral Vocacional(IPV), as articulações nos Regionais, coma integração das dioceses, entre outras, si-nalizam esta perspectiva. Quanto à Igrejano mundo, arriscaria dizer que nós, católi-cos, temos uma identidade e sabemos nos-sa vocação à santidade. E vejo nesta liber-dade vocacional uma via para o diálogo epara o testemunho da alegria de sermoscatólicos. Mas é um serviço que necessitaser mais valorizado. Precisamos aprender

novamente o caminho de Damasco: “Se-nhor, que queres que eu faça?”.

Rogate: Em sua opinião, qual a impor-tância da família para o discernimento vo-cacional dos jovens?

Pe. Fábio: É basilar! Sim, acredito quea vocação ao sacerdócio não é algo só meu,mas passa também pelo coração de minhacasa, de minha família. Não é uma questãoapenas de apoio, testemunho ou envolvi-mento na comunidade, como sempre encon-trei na minha. Falo de um relacionamentomaduro entre o vocacionado e a família. Eisso não só para quem quer ser padre, maspara qualquer escolha vocacional.

Rogate: Acredita que a Conferência deAparecida, seu Documento Final, irá con-tribuir para o fortalecimento da animaçãovocacional na América Latina?

Pe. Fábio: Com certeza. O Documen-to de Aparecida é todo vocacional. Apesardas possíveis críticas metodológicas quan-to ao contexto interno do texto em que aquestão da animação vocacional foi inseri-da, vejo que o resgate da antropologia davocação a partir da Pastores Dabo Vobis(Exortação Apostólica “Dar-vos-ei Pasto-res”), aplicando-a à compreensão do pro-cesso de formação de todos os cristãos, éum caminho que nos levará à comunhãonos diversos ministérios e carismas.

Rogate: Em sua opinião, o Documentode Aparecida realmente será estudado e vi-vido pelas comunidades?

Pe. Fábio: Já está sendo! Aqui na ar-quidiocese de Curitiba o tema do encontroanual de animadores vocacionais de 2007foi o Documento de Aparecida, que estavaem preparação. E, para 2008, o tema seráa “Animação Vocacional à luz de Apareci-

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ENTREVISTA

da”. Este documento já está sendo um ins-trumento importante nos momentosformativos da animação vocacional que te-mos desenvolvido.

Rogate: O tempo do Natal se concluicom a Liturgia do Batismo de Jesus. Comopoderíamos aumentar o engajamento doscristãos leigos e leigas, batizados e batizadas,na construção de um mundomelhor, sendo operários e ope-rárias na messe?

Pe. Fábio: O Batismo é afonte de todas as vocações.Somos chamados à santidadee cada um é convidado a des-cobrir como corresponder aesta vocação. Meu caminho éo sacerdócio, para alguns é avida consagrada, para outrosé a família, entre tantas voca-ções. O tempo de preparaçãoao Natal inaugura um novoAno Litúrgico. A festa do Ba-tismo do Senhor marca o iní-cio do Tempo Comum. Que talse aproveitássemos este pe-ríodo, rico em esperança, paraescolhermos algo a realizardurante o próximo ano em setratando da questão vocacional? A realiza-ção vocacional coincide com a construçãoda própria felicidade.

Rogate: Final de ano no Brasil é sempremotivo de alegria, pela conclusão dos estudosacadêmicos, férias, preparação ao Natal, fes-tas familiares. A Liturgia nos fala de luz, BoaNova, Emanuel, o “sim” de Maria, SagradaFamília...

Pe. Fábio: Este é um período forte nareflexão vocacional. Muitos jovens, ao vis-lumbrar com esperança o ano que termina

e o horizonte de um novo ano, sentem oapelo vocacional para construírem um mun-do melhor. Sugiro que estas pessoas procu-rem o Serviço de Animação Vocacional dacomunidade, dialoguem a respeito de seussonhos, seu futuro. Desejos e sonhos po-dem ser um sinal do chamado de Jesus Cris-to. Durante este Tempo Litúrgico nos en-contramos com grandes vocacionados, ca-

sos de Simeão, Ana, Isabel,José, João Batista, Zacarias,Pastores, Magos do Oriente,Maria, Santos Inocentes, Es-tevão e tantos outros. Convi-do as pessoas a fazerem um iti-nerário vocacional através dameditação dos textos bíblicosque antecedem o Natal do Se-nhor, e a descobrirem o amorinfinito de Deus, que nos cha-ma a ser seus filhos, criaturasnovas em Cristo, e a sentir oeco da Palavra amorosa do Pai:“Tu és meu filho muito ama-do, em quem coloquei todomeu amor”!

Rogate: Uma mensagemaos animadores vocacionais.

Pe. Fábio: Descobrir avocação é encontrar, no coração de Deus,o sentido da própria vida. Escutar, parti-lhar, dialogar, orar, refletir, discernir, esco-lher, decidir, são verbos vocacionais. Qualdeles toca mais sua vida neste momento?O Senhor que lhe chamou a ser animador,animadora vocacional é aquele que disse aPaulo: “Não tenhas medo, porque eu es-tou contigo” (At 18,9-10). Animar aos quequerem optar pelo caminho do Mestre, eajudá-los a segui-lo, é a missão mais no-bre e maravilhosa do mundo.

Animar asvocações naIgreja é umserviço que

Cristo confiaa todos nós

Colaborou: Carlos Eduardo de Oliveira

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8 Rogate 258 dez/07

ESPECIALESPECIAL

Senhora de Guadalupe:a missionária de Tepeyac

Ao se manifestar a Juan Diego,Maria solidariza-se com o povo sofridodo continente latino-americanoe nos deixa a mensagem do amor

Em muitas das andanças de Jesus, du-rante seus discursos e ensinamen-tos, as pessoas ficavam sentadas ao

seu redor a fim de ouvi-lo e aprender comsuas palavras. Hoje, como gente que tam-bém busca se alimentar de boas palavras,desejamos nos sentar aos pés de Maria,repetindo os mesmos gestos daquele povo,para que a mãe nos conte histórias vividasa partir das diferentes culturas, a partir desua caminhada com os homens e mulhe-res desse mundo. Certamente uma das queouviríamos aos seus pés seria aquela tãoconhecida e magnífica visão que teve o ín-dio Juan Diego, na colina Tepeyac (ou, paraalguns, Tepeyácac), no México. Trata-se deTecoatlahcupe, “Guadalupe” (que significa“sou a que esmaga a cabeça da serpente”).

Juan Diego fazia parte do povo indíge-na asteca. Nasceu por volta de 1474 no po-voado de Cuautitlán, próximo da Cidade doMéxico. O índio, em sua língua nativa(náhuatl), chamava-se Cuauhtlatoatzin(“águia que fala”). Em 1525 toda sua pe-quena família converteu-se ao catolicismo,recebendo ele, no batismo, o nome de JuanDiego, sua esposa o de Maria Lúcia e seutio o de Juan Bernardino. A morte da es-posa uniu-o ainda mais em afeto e fé a seutio, com o qual passou a assistir à Missa e

a comungar também aos sábados, em hon-ra a Nossa Senhora.

No dia 9 de dezembro de 1531, um sá-bado, Juan Diego, então com 57 anos, diri-gia-se ao convento dos franciscanos emTlatelolco, como de costume. Era madru-gada, pelas seis horas, quando perto domonte Tepeyac acreditava estar ouvindo ocanto de pássaros e uma voz que o chama-va afetuosamente. ‘Porventura sou dignodo que ouço? (...) Onde estou? Acaso es-tou onde disseram nossos antigos, nossosancestrais, nossos avós? A terra das flo-res, a terra de nosso sustento? Já é aqui aterra do céu?’ Acreditou que estava lá vi-sível uma jovem Rainha, de aproximada-mente 15 anos, resplandecente, revestidapelo sol, com estrelas no manto, com a luasob seus pés. Ela teria dito ser a mãe doverdadeiro Deus e que muito desejava queali fosse construído um templo, para quepudesse ajudar os que a invocassem. Eteria pedido ao índio que fosse transmitiresse desejo ao bispo da cidade. O bispo,Dom Juan de Zumarraga, em nada acredi-tou. Pensou que era tudo astúcia do índiopara conseguir uma igreja mais perto.

No mesmo dia, numa outra visão, JuanDiego conta-lhe o parecer do bispo, mas ajovem Rainha teria pedido que voltasse e

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insistisse. O bispo, na segunda visita deJuan Diego, no dia seguinte, 10 de dezem-bro, disse que era necessário um milagrepara dar qualquer atenção a essas visões.O índio, numa terceira aparição da jovemRainha, explicou a necessidade do sinalpara que o bispo acreditasse. E ela orien-tou Juan Diego a voltar no dia seguinte paraque levasse o sinal ao bispo.

No entanto, no dia 11 de dezembro JuanDiego não foi ao Tepeyac, pois ficou auxi-liando seu tio, Juan Bernardino, que ficaragravemente enfermo em decorrência devaríola. Na terça-feira, 12 de dezembro,bem cedo, Juan Diego foi buscar um sa-cerdote para ministrar os últimos sacra-mentos ao tio, que estava sendo chamadoaos céus. Ao chegar ao pé do monteTepeyac pretendia desviar por outro cami-nho para não se encontrar com a jovemRainha e não se atrasar na busca do sacer-dote. Mas ela lhe interrompeu a caminha-da. Ele apressou-se a contar sobre a en-fermidade do tio e ela teria respondido:‘Não estou aqui? Eu que sou tua mãe? Nãofiques preocupado quanto à doença de teutio, pois ele já sarou’ (de fato, como se sou-be depois, Juan Bernardino ficou curadonaquele momento).

Juan Diego, confiante e maisanimado, colocou-se à disposiçãopara levar o sinal ao bispo. A jovemRainha disse para ele subir até oalto da colina e recolher todo tipode flores, trazendo até sua presen-ça. Ele foi e ficou maravilhado e as-sustado com a variedade de belasrosas, pois o alto da colina não eralugar onde pudesse brotar flores dequalquer espécie, devido às muitaservas daninhas e por ser dezembro,inverno no México, quando a gea-da estraga tudo. Juan Diego cortou

as flores, guardando-as em seu ‘poncho’(manto). Levou-as até a jovem Rainha eesta lhe disse para que apresentasse as flo-res somente ao bispo, contando tudo o quevira e o local da colheita.

Alegre, Juan Diego tomou o caminhoda casa do bispo. Quando Dom Juan deZumarraga enfim o recebeu, Juan Diegoabriu a dobra do seu poncho e caíram mag-níficas e abundantes rosas, acompanhadasde uma ‘assinatura’ divina. E que ‘assina-tura’! Pouco depois de as flores caírem nochão, de repente apareceu milagrosamen-te impressa no poncho do índio a bela ima-gem da Mãe de Deus, da mesma formacomo está e é guardada até hoje no seutemplo de Tepeyac, e que tem o nome deGuadalupe.

Mãe de Deus e nossaOs sinais de Deus na história vêm a par-

tir do oprimido, daquele que perde a vozdiante de um sistema que mata. Dar a vida,resgatá-la e, ao mesmo tempo, cuidar dacriação, são gestos essencialmente deDeus. Seremos à sua imagem e semelhan-ça quando assim o fizermos. Nesse senti-do, ele busca intervir na caminhada dosseres humanos manifestando-se de dife-

ESPECIAL

Imagens na colina Tepeyac, no México

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ESPECIAL

rentes maneiras. Maria é um sinal da forçade Deus acontecendo em nossas vidas. Elaapresenta-se à humanidade a partir de rea-lidades sensíveis, sofridas: eis o motivo davisão que teve Juan Diego! Emuma situação de carência, deopressão, Maria continua sen-do mediadora do poder deDeus. Ela não deseja ver seupovo sofrendo e muito menosque seus filhos fiquem caladosdiante das perversidades quesão cometidas contra eles.

A Virgem de Tepeyac, Nos-sa Senhora de Guadalupe, é pa-droeira da América Latina, nãopor acaso. Sabemos que essecontinente é alvo de descaso,de violência, trazida por outrasnações que se vêem como pro-prietárias do planeta. Este povo latino-ame-ricano precisa da presença e da força sensí-vel daquela mulher que esteve junto a seufilho no amor e na dor. É dessa mesma dorque ela vem nos livrar e acalentar. Obvia-mente não querendo exercer esta missãosozinha, mas chamando a atenção dos ho-mens e das mulheres para não ficarem es-táticos diante da mesquinhez do mundo.

Juan Diego é, ao mesmo tempo, vítimado domínio e testemunha da presença de

um Deus que ama, cuida e protege seusfilhos. Diego torna-se profeta que anunciaa força do Pai e denuncia o autoritarismoque mata. Na verdade, uma missão que o

leva a ter um contato tão es-pecial com a mãe de Deus, aqual ele chama carinhosamen-te de minha menina. Uma ta-refa nada fácil, pois sabemosde sua condição de indígena,o que não o ajudava junto aos“senhores”.

A Igreja precisou, e sem-pre precisará, de luzes comoestas para que a caminhadaseja firme e para que seu olharse volte àquelas realidadesmais carentes do continente,onde ela se faz presente. Emcomunhão com a 5ª Conferên-

cia do Episcopado da América Latina e doCaribe, realizada na Basílica de Nossa Se-nhora Aparecida, na cidade de Aparecida(SP), no mês de maio, temos a certeza e aconvicção de que Maria é a missionária deCristo por excelência, pois aceitou fazerparte do plano salvífico de Deus por inter-médio de seu Filho. E a missionariedadede Maria está claramente expressa noDocumento de Aparecida: “Com os olhospostos em seus filhos e em suas necessi-

Maria se fazpresente emGuadalupe

e em muitoslugares onde aevangelização,como vivência

da Palavra,precisa serrenovada

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Daniel Leão

dades, como emCaná da Galiléia, Ma-ria [...] cria comu-nhão e educa para umestilo de vida com-partilhada e solidária,em fraternidade, naatenção e acolhida dooutro, especialmentese é pobre ou neces-sitado. Em nossascomunidades, suaforte presença temenriquecido e conti-nuará enriquecendoa dimensão maternada Igreja e sua atitu-de acolhedora, que aconverte em ‘casa eescola da comunhão’(NMI 43) e em espa-ço espiritual queprepara para a mis-são” (n. 272).

De nada nos valeria uma Igreja preo-cupada em defender seus interesses seesses não fossem os dos mais necessita-dos e marginalizados. Juan Diego tambémfaz parte do plano de Deus, pois aceitouser sinal em meio a uma realidade caren-te de transformação até mesmo da men-talidade religiosa, do autoritarismo reli-gioso da época.

Maria se faz presente em Guadalupe eem muitos lugares onde a evangelização,como vivência da Palavra, precisa ser re-novada. Ela é um exemplo de missão jun-to ao povo; é a missionária que reflete oolhar materno de Deus na Igreja. Certa-mente, se os dirigentes desta Igreja lati-no-americana e caribenha se reúnem paraanalisar os passos dados e planejar os fu-turos, é porque a missionariedade torna-

ESPECIAL

Para o relato das aparições de Nossa Senhora deGuadalupe utilizou-se a Rede Mundial de Computa-dores (www.interlupe.com.mx; www.clap.org.br/arti-gos/guadalupe/g_nossasenhora.asp). As páginasforam acessadas entre os dias 30 de setembro e 14de novembro de 2007.

se um aspecto forte,um lado característi-co no trabalho de e-vangelização do con-tinente. E o aconte-cimento de Guadalu-pe é algo que ilumi-na e deve nos impul-sionar à missão.

É no manto dacultura de um povooprimido que Mariadeixa sua marca. Eladeixa-se estamparnum “poncho” quecarrega traços deuma história repletade elementos místi-cos, porém vividosantes numa ótica nãocatólica, e sim a par-tir de ritos astecas,dos povos antigos deCuautitlán.

Quiséramos tocar, ou até mesmo estardiante daquele manto. Mas certamentenossa fé nos basta: “Felizes aqueles queacreditaram sem ter visto” (Jo 20,29b).Como cristãos católicos somos chamadosa seguir os passos da Virgem de Tepeyac,sendo instrumentos de transformação dasrealidades onde falta o amor de Deus. ÓSenhora, Virgem de Tepeyac, ensina-nosa ser verdadeiramente Igreja neste conti-nente latino-americano!

A atual Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe,na Cidade do México (vista externa e interna)

Fotos: Ivette Catarrivas

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ATUALIDADES

ATUALIDADES23º Encontro Rogate estudaDocumento de Aparecida

Gilson Luiz Maia, secretário executivo do Departamento deVocações e Ministérios do CELAM na época da realizaçãoda Conferência de Aparecida, apresentou um panorama do

evento e conduziu uma reflexão do Documento Finalna ótica vocacional

Como foi a idealização da 5ª Confe-rência do Episcopado da AméricaLatina e do Caribe, realizada de 13

a 31 de maio de 2007, na Basílica de NossaSenhora Aparecida? Por que o papa esco-lheu o Brasil para sediar o evento? Qual aexpectativa dos diferentes países latino-americanos e caribenhos quanto à realiza-ção da conferência? Como foi sua organi-zação? Como foram os dias do papa BentoXVI em Aparecida (SP)? Qual o clima vivi-do pelos delegados presentes? Que ten-sões marcaram a elaboração do Documen-to Final? Qual o enfoque dado ao tema vo-cações e ministérios? Por que é fundamen-tal para o serviço de animação vocacionalo estudo do Documento de Aparecida? Es-sas e outras questões foram trabalhadasdurante o 23º Encontro Rogate para Ani-madores e Animadoras Vocacionais, reali-zado na sede do Centro Rogate do Brasil,em São Paulo (SP), entre os dias 02 e 04de novembro.

Organizado em parceria pelo Institutode Pastoral Vocacional (IPV) e o CentroRogate, o 23º Encontro Rogate abordou atemática “Leitura Vocacional do Documen-to de Aparecida”, tendo como assessor o

religioso Rogacionista, Pe. Gilson LuizMaia, que até o início deste segundo se-mestre foi o secretário executivo do De-partamento de Vocações e Ministérios doConselho Episcopal Latino-americano(DEVYM-CELAM).

Oriundos de diversos estados brasilei-ros, os 70 participantes do encontro de-monstravam a diversidade de vocações naIgreja. Estavam presentes cristãos leigose leigas, ministros ordenados, consagradose consagradas. A participação só não foimaior porque as vagas eram limitadas. Aofinal do evento, todos saíram satisfeitos edecididos a aprofundar o estudo e a colo-car em prática as orientações do Documen-to de Aparecida.

Trabalho intensoO 23º Encontro Rogate iniciou-se na tar-

de da sexta-feira, dia 02 de novembro, coma recepção aos participantes. Após a missade abertura e o jantar, houve uma apresen-tação dos presentes, mais o assessor e aequipe de coordenação do encontro. Naoportunidade, Pe. Gilson Maia fez uma ex-planação geral sobre o tema e os objetivosdo estudo, destacando um breve histórico

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ATUALIDADES

de seu trabalho na Congregação dos Roga-cionistas, na Conferência Nacional dos Bis-pos do Brasil (CNBB), no período em queassessorou o Setor Vocações e Ministéri-os, e dos quatro anos (2003-2007) em queatuou como secretário executivo doDEVYM-CELAM e da Organização dos Se-minários Latino-americanos (OSLAM).

Na manhã de sábado, dia 03, Pe. Gilsonabordou as quatro conferências que ante-cederam a de Aparecida, isto é, Rio de Ja-neiro (1955), Medellín (1968), Puebla(1979) e Santo Domingo (1992). Aprofun-dou em especial a análise sobre os trau-mas vividos pela Igreja em Santo Domin-go, bem como sobre o Sínodo das Améri-cas, que, a princípio, se mostravam comofatores contrários à realização de uma novaconferência. Porém, tanto o papa João Pau-lo II, como o seu sucessor, Bento XVI, con-cordaram com sua realização.

Pe. Gilson explicou sobre o particularinteresse de Bento XVI pela 5ª Conferên-cia, definindo as datas, o tema: “Discípu-los e missionários de Jesus Cristo, paraque nele nossos povos tenham vida”, e olema: “Eu sou o Caminho, a Verdade e aVida” (Jo 14,6), inclusive com a surpre-

endente decisão para que o evento ocor-resse no Brasil, e especificamente naBasílica de Nossa Senhora Aparecida. Porter sido responsável pelo acompanhamen-to pessoal de Bento XVI em seus três diasna cidade de Aparecida, Pe. Gilson expôsum pouco de sua experiência de trabalhodiretamente com o papa.

Ainda no período da manhã, o assessordestacou a mobilização em todo continen-te para a organização da 5ª Conferência,retratando as tensões e o árduo trabalhoque marcaram a realização do evento, alémda definição do método ver, julgar e agircomo eixo norteador. Ao analisar a produ-ção do Documento Final, Pe. Gilson expli-cou sobre o mutirão de redação, o que jus-tifica algumas repetições de idéias no tex-to final, e sobre como os romeiros e o cli-ma de fé presente no Santuário da MãeAparecida influenciaram o comportamen-to dos delegados. Questionado a respeitodas alterações realizadas no documentoaprovado pelo Vaticano, ele ponderou queas mudanças representam menos de 3%do montante geral e que o significado da5ª Conferência, e a riqueza de propostasdo Documento Final para a caminhada da

Os participantes do23º Encontro Rogate.Acima, Pe. Gilson LuizMaia, assessor,que refletiu sobre oDocumento de Aparecida

Fotos: Arquivo Rogate

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Igreja, especialmente no campo missioná-rio e das vocações, não podem ser ofusca-das pelas alterações efetuadas no texto.

A parte da tarde foi reservada para oaprofundamento do estudo do documentona ótica vocacional. Pe. Gilson ressaltouque há apenas uma citação específica so-bre Pastoral Vocacional, no item nº 314,entretanto a questão vocacional está pre-sente em todo conjunto da obra. O asses-sor fez também reflexões bíblicas sobre odiscipulado e a missão, e sobre o papel deMaria como discípula e missionária. Ori-entou, em seguida, uma dinâmica de aná-lise do documento em duplas, com apre-sentação das conclusões no plenário.

Na noite deste dia, Pe. Geraldo TadeuFurtado, religioso Rogacionista, coordenadordos departamentos do IPV, destacou a histó-ria e as ações desenvolvidas pelo instituto.Houve, ainda, apresentação de experiênciasno serviço de animação vocacional de algu-mas congregações. Ao final do dia, a presi-dente do IPV, Ir. Maria da Cruz, religiosa Fi-lha de Nossa Senhora da Misericórdia, coor-denou o lançamento da Agenda VocacionalCaminhos 2008 (ver box).

A conclusão do 23º Encontro Rogateocorreu na manhã de domingo, dia 04, coma celebração litúrgica de Todos os Santos.Em seguida, Pe. Gilson apresentou umareflexão sobre a identidade do animadorvocacional, destacando a relação consigomesmo, com o outro e o mundo. Concluiusua exposição motivando os participantespara que se coloquem a serviço da missão.Antes do encerramento, houve espaçoaberto para avaliação do evento.

Da Redação

O23º Encontro Rogate marcou tambéma festa de lançamento da Agenda Vo-

cacional Caminhos 2008, produzida peloInstituto de Pastoral Vocacional (IPV). Oevento ocorreu na noite do dia 03 de no-vembro de 2007, no Centro Rogate do Bra-sil, em São Paulo. Ir. Maria da Cruz, presi-dente do IPV, fez a apresentação da agen-da. Na oportunidade foi realizada a pré-ven-da dos exemplares em exposição, com apossibilidade de encomendas futuras.

Com o lema “Vem e segue-me!”, a agen-da Caminhos 2008 apresenta reflexões eilustrações que fazem memória dos 25 anosdo primeiro Ano Vocacional do Brasil (1983).Ao chegar à sua 8ª edição, a Agenda Voca-cional Caminhos traz como novidades a in-clusão de frase do evangelho de cada dia,para facilitar a reflexão bíblica, bem comouma página de adesivos vocacionais e ou-tra da “Turma do Triguito”, personagem in-fantil da revista Rogate.

Foram mantidos os comentários voca-cionais da liturgia dominical, inseridos apartir de 2007, bem como a indicação doevangelho do dia, abertura dos meses comilustrações coloridas, seguidas de sugestãode celebração para cada mês, além de in-formações, curiosidades, espaços para ano-tações de compromissos, planejamento deatividades, endereços. O formato da lom-bada em espiral também facilita o manuseioda agenda (ver anúncio na segunda capa).

Lançamento daAgenda Vocacional

ATUALIDADES

Leia o artigo completo sobre o 23º Encontro Rogate,incluindo depoimentos de participantes, no site da

revista: www.rogate.org.br

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E S TUDOESTUDO

A missão dos leigos2ª parte

Agenor Brighenti, em seu estudo, indica sete diretrizesbásicas de ação para a Igreja como um todo, deixando claroque o discipulado de Jesus não deve ser apenas do que ele

disse, mas também do que ele fez, de seu modo de agir

Nesta edição, a revista Rogate dácontinuidade à apresentação doestudo “Pautas para a missão dos

leigos na Igreja e no mundo hoje”, de au-toria do Pe. Agenor Brighenti. Este traba-lho foi exposto no 5° Encontro Nacional doLaicato do Brasil, realizado de 07 a 11 dejunho, na cidade de Campinas (SP). Emnossa edição anterior destacamos a “intro-dução” e “alguns pressupostos teológicos”.Agora trazemos “algumas diretrizes bási-cas de ação”. O estudo na íntegra pode serencontrado no site do Conselho Nacionaldo Laicato do Brasil (www.cnlb.org.br).

Algumas Diretrizes Básicasde Ação

Na Igreja, tão importante quanto a açãoé o modo como se age, pois o método tam-bém é mensagem, faz parte do conteúdodo evangelho. O discípulo é um seguidorde Jesus, não somente do que ele disse,mas também do que ele fez, de seu modode agir.

1. Acolher e colaborar com a obraque o Espírito realiza, também fora daIgreja

A superação do eclesiocentrismo e adistinção entre Igreja e Reino de Deus,operadas pelo Concílio Vaticano II, fez-nos

tomar consciência da presença e da atua-ção do Espírito, para além das fronteirasda Igreja. Recordou-nos o Concílio que oEspírito de Deus sopra onde e quando elequer. Neste particular, a ConstituiçãoGaudium et Spes significa a reconciliaçãoda Igreja com o mundo moderno, assumin-do seus valores, ainda que gestados forada Igreja, como valores evangélicos.

Na verdade, o Espírito Santo está pre-sente, como dinamizador da vida, tanto naobra da Criação, como na obra da Reden-ção. Como dizia Santo Irineu, Jesus e oEspírito Santo são os dois braços pelosquais o Pai age e faz acontecer seu projetode vida. No Plano da Criação a ação doEspírito converge para Cristo e, no Planoda Redenção, para a consumação do Reinode Deus. Nada existe e foi feito fora doEspírito, como também de Jesus Cristo.

Assim sendo, a primeira ação evange-lizadora consiste em acolher a obra que oPai realizou, no Espírito. Antes do missio-nário sempre chega o Espírito Santo. Ain-da que implicitamente, tudo o que é vida,bondade, justiça, amor, paz, é obra do Es-pírito e presença do Reino de Deus. Evan-gelizar é encarnar na história mistérios deum Reino já presente desde a Criação. Omundo não é mau, pois é obra de Deus ecaminho para ele. Louvar a Deus pela Cri-

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ESTUDO

ação, como em Francisco de Assis, é unir-se ao Criador “através” de suas criaturas.O mundo, portanto, mesmo em sua auto-nomia, não está perdido, pois não está se-parado de Deus.

Além de acolher a obra do Espírito, queatua também fora da Igreja ou das Igrejas,evangelizar é também colaborar com aque-les que agem no Espírito, mas não perten-cem à Igreja. A Igreja é uma das media-ções de salvação, da presença do Reino deDeus na história, não a única, ainda queuma mediação privilegiada, pois dispõe detodos os meios da salvação deixados porJesus Cristo.

Mas o próprio Cristo não é proprieda-de da Igreja, pois sua salvação é para to-dos. Para além das fronteiras eclesiais, ocristão, como cidadão do Reino, é compa-nheiro de caminho e de trabalho de todasas pessoas de boa vontade, pertencentesa outras Igrejas ou a outros credos, ou sim-plesmente professantes de um “humanis-mo aberto ao Absoluto” (PopulorumProgressio).

No horizonte do Concílio Vaticano II, aordem temporal tem valor próprio e legí-tima autonomia (LG 36; GS 36; AA 7; 8),ainda que abarcada também pela obra daredenção de Cristo (AA 7) e não deva serseparada da ação evangelizadora (GS 43).A sociedade é campo de atuação de todosos cristãos (GS 90), em que a Igreja deveexercer uma presença eficaz (GS 89). Édever de todos contribuir para o bem co-mum (GS 26; 30).

Neste particular, deve haver colabora-ção da Igreja com todos os que buscam umasociedade fraterna e solidária, mesmo comos não-católicos (GS 40), na busca do bemcomum (UR 4), no serviço à humanidadecomo um todo (GS 92), no campo social,na cultura, nas artes (UR 12). É um dever

o diálogo e a colaboração entre a Igreja e asociedade (CD 13).

2. Fazer do pluralismo, não umaabertura, mas um pressuposto

Em nosso subcontinente é urgente fa-zer cessar a lógica colonialista de rejeiçãoe de assimilação do outro; uma lógica quevem de fora, mas que também está dentrode nós, e criar espaços para vozes e rostos‘outros’ de nosso pluralismo arcaico e re-primido. O pluralismo, mais do que umaabertura, é um pressuposto. Como o su-jeito é plural, o pressuposto é da alteridade;conceber-se na relação com o diferente.

Conseqüentemente, no campo da mis-são, não há destinatários, mas interlocuto-res. Tal como no ato da revelação de Deus.Para que haja revelação, não basta que Deusse manifeste; é preciso que o ser humanoresponda, acolhendo-a. O ponto de partidade uma missão, na ótica dialógica do evan-gelho, é o outro, pois, enquanto comunica-ção, ela só começa quando o outro respon-de. Este ‘outro’ não é uma mera categoriaontológica, universal. Ele tem corpo, é su-jeito plural, tanto do ponto de vista cultu-ral, como religioso e no interior de umamesma confessionalidade. É um ser situa-do, em contextos particulares e concretos.

Por isso, a missão implica diálogo inter-cultural, inter-religioso e, entre cristãos,intra-eclesial, cujo resultado de uma mis-são, como evangelização inculturada, é onascimento ou a consolidação de Igrejasculturalmente novas, inculturadoras doevangelho, no horizonte de uma eclesio-logia pluriforme.

3. “O ser humano como caminho daIgreja” (João Paulo II, RH 72)

O destino do Povo de Deus não é dife-rente do destino da humanidade como um

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ESTUDO

todo. Ele peregrina na história partilhando‘as alegrias e as esperanças, as tristezas eas angústias’ de todos os seres humanos. Ocristianismo, como toda autêntica religião,procura dar uma resposta às questões fun-damentais da existência humana - à ques-tão da morte (Páscoa-Ressurreição), à ques-tão da vida (Natal-Encarnação)e da convivência (Pentecostes-Comunhão).

Por isso, por um lado, aIgreja hoje, mais do que nun-ca, precisa descentrar-se desuas questões internas e sin-tonizar-se com as grandes as-pirações da humanidade. A re-ligião, enquanto mediação desalvação, descentra a Igreja desi mesma e lança-a numa mis-são não exclusiva. O cristianis-mo é portador da resposta maiscompleta, mas não a única. Oespaço estritamente religioso,ou intra-eclesial, não esgota amissão da Igreja, sinal e instru-mento do Reino de Deus nocoração da história. Deus quersalvar a todos, e a Igreja, comomediação privilegiada, precisaser a Igreja de todos, mesmodaqueles que não são Igreja.

Por outro lado, fazer do serhumano o caminho da Igrejaimplica superar os tradicionaisparadigmas onto-teológico e hermenêuti-co, desde onde se vê o ser humano comose fosse simplesmente uma categoria uni-versal, sem rosto e sem pátria, ou um entehabitado por fome de sentido. Estes para-digmas não levam a ação evangelizadora aaterrizar na concretude da história, a situá-la frente às contradições de seu contexto.Deus quer a vida a partir do corpo.

4. Uma evangelização integral,mais que proclamar o kerigma

A missão de Jesus é a recapitulação doPlano da Criação - ‘eu vim para que todostenham vida e vida em abundância’ (Jo10,10). Jesus não é o autor de uma salva-ção a-histórica e espiritualizante, mas de

uma salvação enquanto liber-tação de todos os sinais demorte. Com sua ressurreição,ele transfigura tudo o que estádesfigurado e leva à plenitu-de tudo o que está marcadopela finitude. A missão daIgreja é ser mediação da sal-vação de Jesus Cristo.

Por isso, evangelizar émuito mais do que uma meraproclamação do kerigma. Éantes um processo de passa-gem de situações menos hu-manas para mais humanas,através do testemunho (mar-tyría), do anúncio (kerigma),da catequese (disdaskalia), daformação teológica (krísis), dacelebração na Liturgia daqui-lo que se espera (leitourgía),do serviço, em especial aosmais pobres (diakonía), emespírito de comunhão com osirmãos na fé (koinonía).

A conversão, da qual oevangelizador é apenas medi-

ação de Deus e sua graça, é muito mais doque uma mudança pessoal e do coração. Aconversão do discípulo é em vista de umamissão no mundo, dado que a Igreja existepara o mundo enquanto continuação daobra de Jesus, que consistiu em fazer pre-sente e, cada vez mais visível, o Reino deDeus na história. Daí o compromisso mis-sionário também com a mudança das es-

O ponto departida de uma

missão, naótica dialógicado evangelho,é o outro, pois,

enquantocomunicação,ela só começa

quando ooutro responde

Fotos: Arquivo Rogate

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truturas, porquanto o pecado social não éa soma de pecados individuais, mas peca-dos pessoais que passaram às instituições.

5. A opção pelos pobres como a for-ma de seguimento de Jesus, hoje

O Concílio Vaticano II situou a Igrejanem acima e nem abaixo, mas precisamen-te ‘dentro’ do mundo, no seio da socieda-de, para, numa atitude de diálogo e de bus-ca, ser sua servidora.Mas não basta situar-sedentro do mundo. Dadaa escandalosa realidadeeconômica, política, so-cial e cultural nos diasde hoje, desde o evan-gelho, cabe perguntar-se que lugar, dentrodeste mundo, deve aIgreja ocupar?

A questão crucialpara a Igreja hoje não ésimplesmente situar-sedentro do mundo, masdentro de que mundo?Solidária de quem: domundo dos 20% de pri-vilegiados ou da maio-ria excluída? E, desde omundo que a Igrejadeve estar, que projetodefender ou apoiar paraum mundo de todos e não de alguns?

A tradição eclesial que se reivindica daConferência de Medellín, e que tem na teo-logia latino-americana sua inteligência re-flexa da fé, se situa desde o ‘reverso da his-tória’. Não com aqueles e na perspectiva dosque fazem a história de exclusão de onteme de hoje, mas daqueles que a padecem.

A solidariedade, a compaixão e a opçãopelos pobres é o fio-de-ouro que perpassa

toda a mensagem revelada, expressando aescandalosa parcialidade de Deus na defe-sa do inocente. Como também é escânda-lo, por motivo diametralmente oposto, que,passados mais de dois milênios de cristia-nismo, a opção pelos pobres na Igreja en-contre-se em níveis próximos à tibieza.

É hora de a Igreja tirar as conseqüênci-as do evangelho social de Jesus Cristo, paraque a religião cristã seja de fato experiên-

cia salvífica, tanto naesfera pessoal como so-cial. Está em jogo acredibilidade, não só daIgreja, mas do próprioevangelho. Neste senti-do, a Igreja na AméricaLatina e no Caribe, esua teologia, tem dadouma contribuição valio-sa, conforme testemu-nham seus mártires dascausas sociais, que tam-bém são uma forte in-terpelação à Igreja nomundo inteiro.

6. Ter presente adimensão bíblico-teo-lógica da ação evan-gelizadora

A dimensão bíblico-teológica é uma das di-

mensões da ação evangelizadora de Jesus,o Bom Pastor (Jo 10,14-15), em quem to-dos somos pastores pelo batismo (At 6,4).Nenhum serviço de pastoral pode estardesprovido de um esforço para colocarseus interlocutores em contado direto coma Palavra revelada e do imperativo de edu-cação e formação na fé.

Com relação à Bíblia, no contextopré-conciliar, o acesso às Escrituras era in-

ESTUDO

A questão crucial para a Igreja hoje não ésimplesmente situar-se dentro do mundo,

mas dentro de que mundo?

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direto, se dava através da Liturgia, da pre-gação, dos sacramentos, da arte sacra etc.,e a catequese girava em torno de ‘catecis-mos’. O Movimento Bíblico, um dos múl-tiplos movimentos precursores e propul-sores do Concílio Vaticano II, incentivou eimpulsionou a leitura da Bíblia no seio dacomunidade eclesial. Dei Verbum iria pre-conizar o acesso de todos os batizados àsEscrituras (n. 6) e recomendar sua assí-dua leitura e estudo (n. 25), lugar primor-dial da catequese.

A tarefa de conectar-se com a mensa-gem revelada, de atualizar o acontecimen-to salvífico e de inculturar a fé, através dacatequese e da vida eclesial como um todo,é de toda a comunidade eclesial. Para isso,ela pode contar com um serviço específi-co de pastoral bíblico-catequética, mas quenão dispensa que todos os serviços de pas-toral tenham presente e impulsionem estadimensão da ação evangelizadora. O sujei-to da animação bíblico-catequética é todaa comunidade, em tudo o que ela é e rea-liza na fé.

A dimensão bíblico-catequética da açãoevangelizadora, por sua vez, garante umaespiritualidade eclesial, isto é, a vida se-gundo o mesmo e único Espírito de JesusCristo, sob quem está a ação da Igreja. Umaautêntica espiritualidade eclesial tem doispólos: um é sua vinculação com o aconte-cimento da revelação de Deus na história;e, o outro, é a apropriação pessoal desteacontecimento no seio de uma comunida-de concreta. A Bíblia é o horizonte do pri-meiro e, a catequese, do segundo.

Com relação à teologia, o itinerário dafé, que começa pela interpelação de um tes-temunho (martyría), passa pela conversãoenquanto acolhida da mensagem revelada(kerigma), desemboca na profissão da féexplicitada pela catequese (didaskalia), al-

cança sua maturidade quando mergulha nateologia (krísis). No exercício do ministé-rio da profecia não basta a conversão e aprofissão de fé. É preciso ‘dar razões’ àprópria fé, recebida e vivida no seio de umacomunidade eclesial, inserida no mundo.A fé não é um ato ‘da’ razão, mas é um ato‘de’ razão. Uma religião irracional seriaindigna do ser humano, pois negaria pre-cisamente um dom que nos torna seme-lhantes a Deus - a liberdade, fruto de umaconsciência livre. Uma fé irracional, emlugar de ser fator de plenitude do ser hu-mano, seria sua negação.

A teologia livra-nos de uma fé ingênua,porquanto é sua instância crítica. Daí tam-bém o seu profetismo. Primeiro, cabe nafé a audácia do questionamento, da dúvi-da, das perguntas, de perguntar-se peloaparente silêncio de Deus ou até a sensa-ção de sua omissão diante de situaçõeshumanas extremas. É antes sinal de ma-turidade e da compreensão da fé como umato responsável e livre. Indigno do ser hu-mano seria uma fé que exigisse o meroassentimento intelectual de um corpo dedoutrina que se impõe por si mesma. A Pa-lavra de Deus quer ser salvação ‘para nóshoje’, afirma o Vaticano II (GS 62). Na reli-gião o ser humano tem o direito de mer-gulhar inteiro, com todas as faculdades darazão, com todas as ciências. É apoiadanelas, e só assim, que a fé será um ato ‘de’razão, pois é na razão que o ser humanoencontra a base adequada para lançar-separa além dela. A fé não anula a razão, aocontrário, a pressupõe, ao mesmo tempoem que a supera. Em segundo lugar, se oser humano tem o direito de pensar criti-camente a fé diante de Deus, da mesmaforma tem o direito e o dever de fazê-lodentro da Igreja e desde a Igreja. O deverestá respaldado no convite de Pedro a ‘dar

ESTUDO

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razões à própria fé’. Do direito a isso, nemse deveria falar, pois se Deus admite oquestionamento, muito mais deveria fazê-lo a Igreja, uma instituição inscrita na pre-cariedade do presente. Mas, justamentepelos seus limites, o dever de profecia pelateologia se torna um direito nem sempreatendido e incentivado e, infelizmente,outras vezes, limitado. Daí a função profé-tica da teologia, também dentro da Igreja.

Nesta perspectiva, todo batizado, paraaceder a uma fé madura, precisa ser emcerta medida também um ‘teólogo’. Con-seqüentemente, a Igreja tem o dever depropiciar as condições para que ele o seja.A teologia, na história da Igreja, um poucomenos na época antiga, sempre tendeu aestar monopolizada, primeiro por algunspensadores cristãos e, depois, pelo clero.O termo ‘leigo’, por causa disso, chegou ater uma conotação pejorativa, enquantosinônimo de quem não sabe ou é ignoran-te em algum assunto. É premente a ne-cessidade de leigos e leigas capacitadostambém para uma reflexão teológica de tipoprofissional. É condição para que os leigospossam ser, de modo pleno, os protagonis-tas da evangelização, como afirmaram osbispos da América Latina, na Conferênciade Santo Domingo (SD 97, 103, 293, 302).

Finalmente, o ministério da profecia,através da teologia, necessita, além de es-paços de liberdade no interior da institui-ção eclesial, uma palavra de incentivo e deapoio da parte do magistério. A liberdadeé a prerrogativa da criatividade.

7. Agir, respaldados em uma peda-gogia evangélica

Concluímos a explicitação dos princi-pais critérios de ação com alguns dos ele-mentos que compõem a pedagogia evan-gélica. A ação evangelizadora implica um

ESTUDO

Agenor Brighenti

Siglas utilizadas na matéria:AA - Apostolicam Actuositatem

(Vaticano II, sobre o apostolado dos leigos)CD - Christus Dominus (Vaticano II,

sobre o ministério dos bispos na Igreja)EN - Evangelii Nuntiandi

(Paulo VI, sobre a evangelização no mundo)GS - Gaudium et Spes

(Vaticano II, sobre a Igreja presente no mundo)LG - Lumen Gentium (Vaticano II, sobre a Igreja)RH - Redemptor Hominis (João Paulo II,

sobre o início de seu pontificado)SD - Santo Domingo (4ª Conferência

do Episcopado Latino-americano)UR - Unitatis Redintegratio

(Vaticano II, sobre o Ecumenismo)

processo, no seio de uma comunidade e-clesial, que leve as pessoas a viver e a tes-temunhar, comunitariamente, o projeto devida do Pai.

Segundo a nova teologia da missão, aação da Igreja enquanto evangelização in-culturada, expressa pelo Concílio Vatica-no II, Evangelii Nuntiandi e outros docu-mentos do magistério, desemboca na cria-ção de Igrejas inculturadoras do evange-lho e culturalmente novas. Ela comportadois momentos distintos e subseqüentes:primeiro, passos de um processo de evan-gelização implícita e, na seqüência, passosde uma evangelização explícita.

Um autêntico processo de evangeliza-ção desemboca, necessariamente, na cria-ção de comunidades eclesiais. Comunida-des estas chamadas ao discipulado e à mis-são. O isolamento é esterilizador. Quantomais abertura, mais a nova comunidadeserá capaz “de traduzir o tesouro da fé nalegítima variedade de expressões da pro-fissão de fé, da oração e do culto, da vida edo comportamento cristão, do esplendordo povo em que ela se insere” (EN 64).

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As mensagens enviadas poderão sereditadas pela equipe, favorecendo ummelhor entendimento de seu conteúdo.

União de Oraçãopelas VocaçõesHá 107 anos da iniciativa de Santo

Aníbal Maria Di Francia, em reunir os cris-tãos leigos e leigas na missão de rezar pe-las vocações, as Províncias latino-ameri-canas das Filhas do Divino Zelo e dos Ro-gacionistas estarão lançando a União deOração pelas Vocações no dia 08 de dezem-bro. Haverá um período de “despertar,acompanhar e cultivar” os possíveis pri-meiros associados, cristãos leigos e leigas,pessoas de vida consagrada e ministros or-denados. As primeiras adesões serão rea-lizadas no Dia Mundial de Oração pelas Vo-cações de 2008, em 13 de abril. Que estainiciativa de resgatar, com as devidas atu-alizações históricas, eclesiológicas e teo-lógicas, a associação de união pelas voca-ções, faça crescer, de fato, em nossas co-munidades, a dimensão orante, o Rogate,multiplicando os operários e as operáriasno trabalho da messe.

Ir. Inez Rosso, FDZ - Rio de Janeiro (RJ)Pe. Ângelo Mezzari, RCJ - São Paulo (SP)

L E I T ORLEITOR

Mística da VocaçãoSolicito a gentileza de me enviar um

exemplar do livro de Frei Patrício Sciadini:Mística da Vocação. Um abraço.

Ir. Edite NardelliBlumenau (SC)

Prezados amigos da Rogate. Poderiamnos enviar dois exemplares do livro: “Mís-tica da Vocação; meditações”, de FreiPatrício Sciadini? Agradecemos a atençãoe aguardamos.

Oblatos de São JoséCuritiba (PR)

Nota:Agradecemos o contato. Já encaminha-

mos os pedidos ao setor de expedição e embreve estarão recebendo os livros solicitados.Aproveitamos para alertar sobre a promo-ção de Natal, que presenteia o livro de FreiPatrício. Vejam na terceira capa.

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22 Rogate 258 dez/07

ANIMAÇÃO VOCACIONAL• Oslam em sintonia com a 5ª Conferên-

cia. Da Redação (250, p. 16)

• A vocação ao serviço da Igreja-comu-nhão. Da Redação (251, p. 08)

• Aquele mistério que chama. Por AmedeoCencini (252, p. 16)

• A boa semente. Por Amedeo Cencini(253, p. 17)

• Deixar-se acompanhar. Por AmedeoCencini (254, p. 14)

• A coragem da verdade. Por AmedeoCencini (1ª parte: 255, p. 19; 2ª parte:256, p. 19)

• O desafio da oração. Por Amedeo Cencini(257, p.18)

ATUALIDADES• Dia da Vida Consagrada. Da Redação -

www.vatican.va (249, p. 09)

• Fraternidade e Amazônia. Da Redação(250, p. 08)

• As crianças e a comunicação. Por BentoXVI (252, p. 18)

ESPECIALESPECIAL

Índice Remissivo 2007

Na conclusão de mais um ano de atividades,a Rogate destaca nesta seção Especial todos os temas

trabalhados nas 10 edições da revista em 2007.Para facilitar a pesquisa, o índice relaciona seções, títulos,autores, números das edições e página em que o texto se

inicia, ou o nome do encarte em que foi inserido

• Continente da Esperança e do Amor. PorBento XVI (253, p. 03)

• Discipulado e missão a serviço da vida.Da Redação (254, p. 12)

• Todas as Igrejas para o mundo inteiro.Por Bento XVI (255, p. 14)

• Juventude e meio ambiente. Por DilsonBrito da Rocha (256, p. 12)

• Reunião Conjunta da CMOVC. Por Mar-cos Ávila (257, p. 12)

• 23º Encontro Rogate estuda Documen-to de Aparecida. Da Redação (258, p. 12)

CELEBRAÇÃO VOCACIONAL• Vida e missão neste chão. Por Juarez

Albino Destro (249)

• A páscoa cotidiana. Por Vanderlei Men-des (250)

• A vocação ao serviço da Igreja-comu-nhão. Por Jefferson Silveira (251)

• Rezemos pela santidade dos sacerdotes.Por Ângelo Fornari (252)

• Os mistérios da alegria na ótica vocacio-nal. Por Daniel Leão (253)

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23Rogate 258 dez/07

• Escutar a Palavra do Senhor. Por JoséAmado Elias (254)

• Maria, Mãe Aparecida. Por Rogério An-tonio de Oliveira (255)

• Consciência Negra. Por José Rodrigues(256)

• Alegrai-vos: é tempo de preparação parao Natal. Por Francisco Amarante (257)

• Celebrando a Paz. Por Centro Rogate deBrasília (258)

ENTREVISTA (p. 03)• Um outro mundo é possível. Com Chico

Whitaker (249)

• A força do sexo “frágil”. Com DulcinéaPastrello (250)

• Comissão Nacional dos Diáconos temnovo presidente. Com Odelcio da Costa(251)

• Chamados a ser discípulos e missionári-os. Com Andrés Stanovnik (252)

• Uma Igreja missionária. Com Julio Ovalle(254)

• E o verbo se fez humano e veio habitarem nosso meio. Com Paulo Eugênio deLima (255)

• “É preciso saber conviver com as dife-renças”. Com Vera Bombonatto (256)

• A importância de acreditar e valorizar osjovens. Com Eduardo Pinheiro da Silva(257)

• O itinerário de um ministro ordenado.Com Fábio de Oliveira Endler (258)

ESPECIAL• As Campanhas da Fraternidade nos 25

anos da Rogate. Da Redação (1ª parte:249, p. 11; 2ª parte: 250, p. 12)

• 25 anos celebrando o Dia Mundial deOração pelas Vocações. Da Redação (251,p. 11)

• Revista Rogate completa 25 anos. DaRedação (252, p. 11)

• A santidade dos sacerdotes. Por BentoXVI (253, p. 07)

• 1° Seminário Latino-americano de Teo-logia. Da Redação (254, p. 09)

• Evolução numérica da Igreja entre osanos de 2000 e 2005. Da Redação (255,p. 08)

• Uma Igreja para América Latina e Ca-ribe. Da Redação (256, p. 08)

• Dia da Consciência Negra: esperança deigualdade racial. Por José Amado Elías(257, p. 08)

• Senhora de Guadalupe: a missionária deTepeyac. Por Daniel Leão (258, p. 08)

ESTUDO• As Conferências Episcopais da América

Latina no aspecto vocacional - 1ª parte:Rio de Janeiro e Medellín. Por MárioAlves Bandeira (249, p. 14)

• As Conferências Episcopais da AméricaLatina no aspecto vocacional - 2ª parte:Puebla. Por Mário Alves Bandeira (250,p. 18)

• As Conferências Episcopais da AméricaLatina no aspecto vocacional - 3ª parte:Santo Domingo. Por Mário Alves Ban-deira (251, p. 16)

• Vocação: um dos temas centrais da Con-ferência de Aparecida. Da Redação (252,p. 07)

• Perfil sociológico dos vocacionados dehoje. Por Sílvia Regina Alves Fernandes(253, p. 11)

ESPECIAL

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24 Rogate 258 dez/07

ESPECIAL

• A missão dos leigos. Por Agenor Brighenti(1ª parte: 257, p. 15; 2ª parte: 258, p. 15)

MÍSTICA DA VOCAÇÃO (p. 24)• A mística da Vida Religiosa (249)

• Único sim ao Senhor (250)

• Escolha única ao Senhor (251)

• A alegria de ser pobre (252)

• Obedecer, a alegria de escutar (253)

• A alegria de amar (254)

• O significado de ser pobre hoje (255)

• A vocação de eremita (256)

• Seculares na Igreja (257)

* Nesta seção, todos os artigossão de Patrício Sciadini

OPINIÃO (p. 01)• Graça e Paz. Por Cláudio Bezerra Pradela

(249)

• O caminho indicado por José. PorJefferson Silveira (250)

• Páscoa e misericórdia. Por JeffersonSilveira (251)

• Maria, mãe, mulher. Por IzabelBittencourt (252)

• Santíssima Trindade, festa da comunida-de. Por Magda Vieira (253)

• As diversas vocações e ministérios. PorJuarez Destro (254)

• A voz dos sem vez. Por Jefferson Silveira(255)

• Aparecida: 290 anos de ensinamentos.Por Juarez Destro (256)

• Os cristãos leigos e leigas na culturamidiática. Por Therezinha Siqueira BritoFeres (257)

• No amor e na ternura a vida renasce. PorMagda Vieira (258)

A TURMA DO TRIGUITO• 249: Preservar a Amazônia é defender a

vida (vamos rezar); Água: economizarpra não faltar! (HQ)*

• 250: Ele não está aqui, Ressuscitou! (va-mos rezar); Jogo da Páscoa

• 251: Construir uma Igreja-comunhão!(vamos rezar); Jesus, o Bom Pastor (HQ)

• 252: Discípulos e missionários (vamosrezar)

• 253: Pescador de homens (vamos rezar);Pescadores... (HQ)

• 254: Deus fala conosco (vamos rezar);União acima de tudo (HQ)

• 255: Somos missionários (vamos rezar);É brincadeira... (HQ)

• 256: Em busca da unidade (vamos rezar);Preconceito (HQ)

• 257: Deus fala conosco (vamos rezar); ÉNatal... (HQ)

• 258: Escolhe, pois, a vida (vamos rezar);A escolha certa (HQ)

* HQ: História em Quadrinhos

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