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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE FÍSICA
RELATÓRIO DE PRÁTICA EXPERIMENTAL
FIS01260 - Física Experimental II
ONDAS – DA CORDA AO SOM
Nome: Vítor de Oliveira Sudbrack
Cartão: 00244462
Porto Alegre, 28 de Maio de 2015.
Resumo: Investiga-se neste relatório a relação entre a velocidade
de propagação, o comprimento de onda e a frequência de ondas sonoras
e numa corda. Objetivou-se determinar a frequência de um oscilador e a
velocidade do som. A frequência do oscilador encontrada foi imprecisa e a
velocidade do som foi muito satisfatória, com um resultado de
.
Introdução
O experimento descrito neste relatório estuda a relação entre a velocidade de
propagação, o comprimento de onda e a frequência de ondas mecânicas. Utilizaram-se
dois ensaios para avaliar experimentalmente esta relação: um utilizando ondas
estacionárias em um barbante e noutro ondas sonoras.
O deslocamento da onda pode ser descrita matematicamente utilizando-se duas
variáveis: o tempo e a posição no espaço. Essa posição pode ser na direção de
propagação, nas chamadas ondas longitudinais (exemplo do som), ou na direção
perpendicular à propagação, nas ondas ditas transversais (exemplo do barbante). A
equação que rege o deslocamento em ondas é:
Onde os parâmetros A, k e w são respectivamente a amplitude, o número de onda
e a frequência angular. O número de onda está relacionado com o comprimento de onda
( ), que é o tamanho do menor intervalo de posição em que a onda não é isotrópica. E a
frequência angular está relacionada com o período ( ), que é o menor intervalo de tempo
em que a onda não repete seu deslocamento.
Sabendo-se que a onda percorre um comprimento de onda a cada período, pode-
se calcular a velocidade de propagação. Além disso, define-se a frequência ( ) tal como
segue.
Agora quando se trata de uma
onda mecânica, a velocidade de
propagação depende da elasticidade
e densidade do meio. Considerando
uma corda de massa m e
comprimento L, pode-se analisar um pequeno elemento de comprimento ∆L na região por
onde a onda está passando.
Suponha-se que o pulso seja na forma de uma semicircunferência (e de fato esta é
uma boa aproximação no cume de um pulso) com raio R e que o arco de circunferência
∆L forma um ângulo de 2θ no centro dessa circunferência. Duas forças de tensão cujos
módulos são iguais puxam tangencialmente esse elemento nas duas extremidades. As
componentes horizontais das forças se anulam, mas as componentes verticais se somam
para produzir uma força restauradora radial cujo módulo é dado por:
Onde para ângulos pequenos e também a relação conforme
definição de ângulo em radianos. A massa do elemento é dada por , onde é
a massa específica linear da corda.
Como o elemento da corda está se movendo em uma onda que pode ser
aproximada por um arco de circunferência, pode-se supor que o elemento possui uma
aceleração centrípeta dada por: . Aplicando a Lei de Newton com ambas as
equações, concluí-se que
Uma corda com extremidades fixas
poderá formar uma onda estacionária
quando os nós da corda se localizarem nas
extremidades. Neste momento a onda
estacionária terá pontos com deslocamento
nulo, denominados nós, e pontos com
deslocamento máximo, chamados de ventres ou antinós. Ela não mais se propaga como
uma onda comum, uma vez que a equação que a rege não é uma equação de onda. Na
figura 2 mostra a onda em e e evidencia
que a distância entre dois nós é meio
comprimento da onda.
No caso de ondas sonoras que se
propagam no ar, a velocidade de propagação se
dá por parâmetros análogos:
Onde é o módulo de elasticidade
volumétrica, que é um parâmetro para a
capacidade de recuperação de um estado
perturbado ao estado de equilíbrio, assim como a
tensão numa corda; e é a densidade do ar.
A tabela ao lado mostra a velocidade do
som para diferentes materiais. Assim se vê que a
velocidade do som em ligas metálicas é maior que
a sua velocidade no ar. Por este motivo, os
Tabela 1. Velocidade do som em diferentes materiais
Material Velocidade do
som (m/s)
Borracha 60
Ar a 40oC 355
Ar a 20oC 343
Chumbo 1210
Água a 20°C 1482
Ouro 3240
Vidro 4540
Cobre 4600
Alumínio 6320
FONTE: NDT Resorce Center
antigos indígenas, frequentemente representados em filmes de faroeste, ouviam o trem se
aproximando ao colocar o ouvido nos trilhos do trem, já que ali a vibração sonora chega
mais rápido do que pelo ar.
Ressonância é um fenômeno que ocorre quando um
oscilador emite uma onda com frequência igual à frequência
natural de vibração de outro receptor. Com isso, ocorre um
aumento na amplitude do som, o intensificando, e formando um
batimento. Neste experimento, usa-se a ressonância para
encontrar o comprimento de onda, conforme ilustrado na figura
ao lado. Ao emitir dentro de um tubo uma onda sonora, esta vai
refletir na outra extremidade. Quando a reflexão for igual à onda
de emissão, ocorrerá ressonância, e então um batimento será
ouvido. A ressonância irá ocorrer quando um ventre (ou antinó)
da onda chegar à extremidade do tubo. Nas figuras 3.a e 3.b.1,
pode-se ver que a diferença entre a altura de dois batimentos seguidos será metade do
comprimento de onda. As figuras 3.b.1 e 3.b.2 mostram para uma mesma onda, a
variação do deslocamento e a variação de pressão, respectivamente.
Materiais Utilizados
Oscilador mecânico;
Oscilador sonoro conectado a um alto falante;
Barbantes de nylon com massas específicas diferentes;
Régua (Incerteza: );
Discos de metal de massas de , , e ;
Tubo de água com regulação de altura;
Procedimentos
Para a primeira parte do experimento,
prendeu-se ao oscilador uma corda de massa
específica conhecida. A extremidade oposta da
corda foi passada por uma polia e presa a um
suporte de . Ligou-se o oscilador a uma
determinada frequência desconhecida. A partir
deste momento, começou-se a aumentar a
tensão da corda acrescentando massa no
suporte de metais. Observava-se se havia
formação de ondas estacionais no barbante
para cada peso colocado no suporte. A cada
formação de onda estacionária no barbante
anotou-se o peso no suporte e, com o auxílio
de duas escoras de metal e régua, o
comprimento entre dois nós formados.
Já para a segunda parte do
experimento, utilizou um equipamento já
montado específico para o experimento,
conforme imagem ao lado. Variou-se a
frequência no oscilador de 400 até 1200 de 100 em 100 . Para cada frequência, se
verificou para que altura da coluna de água se havia um batimento (notado por um som
mais intenso). Para cada valor de batimento anotou-se a altura da coluna de água pela
fita métrica instalada no tubo, em vermelho na figura.
Resultados e discussão
A partir dos dados da Tabela 2, pode-se traçar o Gráfico 1, onde a frequência do
oscilador é .
Portanto a frequência da primeira corda, em azul, é . A segunda corda,
em vermelho, tem uma frequência . Já a última corda, em verde, teve uma
frequência . As duas primeiras cordas foram realizadas no mesmo dia e com
o mesmo oscilador, por isso, ambas tiveram um resultado parecido e obtiveram um
coeficiente de correlação
bastante linear. Já a última
foi realizada na semana
seguinte e não obteve
resultados satisfatórios.
Já para a velocidade
do som, traçou-se o seguinte
gráfico com o comprimento
de onda em função da
frequência colocada no
oscilador. A velocidade
determinada foi .
Esse resultado é muito
satisfatório, pois está muito
perto do valor aceitado como
verdadeiro.
Tabela 2. Dados referentes ao experimento com a corda
Densidade linear (kg/m)
Tensão¹ (N) Comprimento da onda (m)
0,00044
0,399±0,02 0,56±0,01
0,898±0,02 0,88±0,01
1,746±0,02 1,09±0,01
0,00088
0,314±0,02 0,40±0,01
0,784±0,02 0,52±0,01
1,195±0,02 0,64±0,01
2,204±0,02 0,86±0,01
0,00044
1,247±0,02 0,43±0,01
0,499±0,02 0,59±0,01
0,748±0,02 0,38±0,01
2,145±0,02 0,59±0,01
2,295±0,02 0,64±0,01
¹ g = 979,50,3cm/s² (LANG,1995)
y = 55,042x R² = 0,9629
y = 56,787x R² = 0,9678
y = 101,63x R² = 0,1912
10
20
30
40
50
60
70
80
0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
Vel
oci
dad
e (m
/S)
Comprimento de onda (m)
Gráfico 1. Velocidade em função do comprimento da onda
y = 346,24x R² = 0,9993
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,0005 0,001 0,0015 0,002 0,0025
Per
íod
o d
a o
nd
a (s
)
Comprimento de onda (m)
Gráfico 2. Período em função do comprimento de onda
Conclusão
Concluiu-se com este experimento que a velocidade de propagação em uma corda
depende das características elásticas e da densidade do meio em que a onda se propaga,
e que esta estabelece uma relação entre o comprimento de onda e a frequência.
Verificou-se que para estabelecer a frequência de um oscilador pode-se usar uma
corda estacionária, porém os dados obtidos foram imprecisos. E com um equipamento
que permita ajustar o comprimento de um tubo, pode-se medir a velocidade do som com
uma precisão muito satisfatória. Neste experimento, a velocidade do som determinada foi
.
Referências bibliográficas
Lang, Fernando. Determinando a aceleração gravitacional. 1995. Disponível em: <
http://www.if.ufrgs.br/~lang/Textos/GRAVIDADE.pdf>. Acesso em 10/05/15.
Halliday, David, et al. Fundamental das Física. Vol. 2. Cap. 17 – Ondas II. 4ª Edição.
Wikipédia. Ressonância Acúsitca. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Resson%C3%A2ncia_ac%C3%BAstica>. Acesso em:
26/05/15.