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Olhos D'Àgua (2014) de Conceição Evaristo: gênero e violência contra a mulher na
cultura brasileira1
Larissa Lopes Flois (UNIOESTE)2
Resumo: Neste texto pretende-se abordar a temática das desigualdades e discriminações que
as mulheres sofrem na sociedade brasileira, tratando de conceitos como misoginia, feminicídio
e sexismo, práticas enraizadas na cultura brasileira que aumentam os casos de crimes de gênero
por homens que acham ter posse sobre as mulheres, revelando assim, o ódio ao feminino.
Partindo do conceito abordado por Bonnici (2000), de que a mulher é duplamente colonizada
e de que ela pode ser vista no sentido da dominação territorial ou patriarcal como uma metáfora
da colônia, conforme Du Plessis (1985), objetiva-se, com a apresentação de alguns contos da
obra Olhos D'Água (2014), da escritora Conceição Evaristo, analisar como a literatura da autora
apresenta essas temáticas. Aliada a essa abordagem, pretende-se também, traçar um percurso
histórico da violência contra a mulher no Brasil, bem como das ações intervencionistas que
visam acabar com essas práticas protegendo a mulher contra todo e qualquer abuso à sua
integridade. Em uma sociedade em que os homens têm mais vez e voz, ataques às mulheres
podem ser considerados normais, por isso, desconstruir esse estereótipo machista é algo
urgente na cultura brasileira.
Palavras-chave: Cultura brasileira; Literatura; Gênero; Violência.
Abstract: In this essay will be approached the inequalities and discriminations women suffer
from the Brazilian society. Concepts like misogyny, feminicide and sexism, rooted practices in
the Brazilian culture will be seen. These notions increase crimes committed by men who
believe having rights above women, revealing hate to them. It is based on Bonnici's (2000) idea
about women being doubly colonised and that they can be seen in the sense of territorial or
patriarchal domination as a metaphor of the colony, according to Du Plessis (1985). It aims, by
showing some tales from Olhos D'Água (2014), by the Brazilian author Conceição Evaristo, to
analyse how her literature works with these matters. Allied to this approach, it is intended to
trace a historical line about violence against women in Brazil. It is also concerned about
interventionist actions aimed to end these practices by protecting women against any abuse of
their integrity. In a society where men have more access and voice, female attacks can be
considered normal. In this case, deconstructing this stereotype is urgent is the Brazilian culture.
Keywords: Brazilian culture; Literature; Gender; Violence.
1 Introdução
Inferiorizadas e objetificadas, as mulheres vêm, há muito tempo sentindo na pele a
desigualdade entre os gêneros imposto pela sociedade, que afirma que os homens são seres de
mais valor e podem realizar o que bem entenderem. Esse pensamento fez com que práticas de
1 Este artigo é um recorte de uma pesquisa realizada na disciplina de Cultura Brasileira solicitada pela profª.
Valdeci Batista de Melo Oliveira. 2 Acadêmica do 1º ano de Letras-Inglês, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Email:
controle e agressão se tornassem comuns em relação às mulheres. A cultura que prega a
inferiorização da mulher, mesmo que de forma velada, é o que motiva as ondas de assassinatos
e violências sofridas pelo sexo feminino.
Não é a violência que cria a cultura, mas é a cultura que define o que é
violência. Ela é que vai aceitar violências em maior ou menor grau a depender
do ponto em que nós estejamos enquanto sociedade humana, do ponto de
compreensão do que seja a prática violenta ou não (BARROS, 2016, p. 27).
No Brasil, a criação da Lei Maria da Penha (2006) e a Lei do Feminicídio (2015) são
exemplos de avanço para a erradicação dos maus tratos que as mulheres sofrem todos os dias.
Ao analisar dados estatísticos, vê-se que não são atos ocasionais, mas comuns em todo o país.
A mentalidade de que as mulheres devem servir os homens e que não são dignas de
respeito faz com que a violência aumente. Se a cultura do país, que culpabiliza vítimas de
estupro, que objetifica o sexo feminino como posse do masculino, não é controlada, mais e
mais mulheres sofrem com essas práticas hediondas. Saffioti (2015) pontua que o machismo
pode ser visto em todas as esferas da sociedade, é algo inerente ao sistema patriarcal que
subordina as mulheres frente aos homens e, por isso, tão estruturalmente arraigado.
Com base na temática das desigualdades e discriminações que a mulher sofre na
sociedade e, neste caso específico, na sociedade brasileira, de forma a perpetuar cenas de
violência entremeadas no pensamento e hábitos do país, a literatura aborda o assunto por meio
da sua trama e propicia a análise dos temas. A partir de uma pesquisa bibliográfica iniciada na
disciplina de Cultura Brasileira, na graduação em Letras, faz-se um histórico do mapa da
violência no país abordando sua origem, as leis que defendem a mulher e prevêm medidas
punitivas aos agressores, a conceituação dos termos feminicídio e misoginia e os dados
estatísticos que se inserem nesse contexto.
Partindo do conceito abordado por Bonnici (2000), de que a mulher é duplamente
colonizada e de que ela pode ser vista no sentido da dominação territorial ou patriarcal como
uma metáfora da colônia, conforme Du Plessis (1985), objetiva-se, com a apresentação de
alguns contos da obra Olhos D'Água (2014), da escritora Conceição Evaristo, analisar como a
literatura da autora apresenta essas temáticas. Como o Brasil é um país em que as culturas
eurocêntricas ainda influenciam as formas de pensar e, assim, de agir, faz-se necessário ter um
outro olhar para a literatura brasileira que visa ao despertar do espírito crítico nos leitores e,
consequentemente na sociedade. A educação está tentando fazer sua parte dentro desse
contexto desigual. Leyla Perrone-Moisés, (1998, p. 194, Grifo meu), diz que algumas
possibilidades são estudos como "o multiculturalismo, o pós-colonialismo, o sexismo e outras
tendências voltadas para a particularidade (que) aparecem como novos conteúdos de
programas, de teses, ou como disciplinas optativas".
Os Estudos Culturais e os estudos sobre Pós-Colonialismo são muito importantes e
precisam ser conhecidos por meio de pesquisas acadêmicas, pois questionam estas
desigualdades existentes na nossa sociedade. Thomas Bonnici (2000), infere que até mesmo o
cânone brasileiro precisa ser analisado à luz destas teorias para trazer à tona uma discussão
muito importante: a dupla colonização que a mulher sofre e que demonstra os motivos para o
quadro alarmante de violência de gênero no Brasil, o qual parece ainda manter muitas
características da fase colonial.
Com esta análise e traçando um percurso histórico da violência contra a mulher no
Brasil, bem como das práticas intervencionistas que visam acabar com essas práticas pretende-
se observar quais instâncias agem efetivamente para proteger a mulher contra todo e qualquer
abuso à sua integridade. Em uma sociedade em que os homens têm mais vez e voz, a
normalidade de ataques às mulheres pode ser considerada banal, por isso, desconstruir esse
estereótipo machista é algo urgente na cultura brasileira.
2 Contextualizando autora e obra
Conceição Evaristo é uma escritora cujas obras se inserem na literatura afro-brasileira.
Os contos que compõem a obra Olhos D'Água apresentam, desde o início, histórias vividas por
personagens que não parecem nada fictícias devido ao forte realismo presente nas suas
histórias. Ela constrói uma ficção tão alicerçada pelas verdades do cotidiano das pessoas
comuns que efetivamente se aparece com a vida real. O primeiro conto da obra e que dá título
à mesma é Olhos D'Água, uma prosa poética que cativa enquanto nos leva para o universo da
personagem. Conceição Evaristo mantém muito lirismo na sua escrita, mesmo utilizando uma
linguagem que denuncia o que a autora percebe como injusto e desigual na sociedade. Isso se
torna visível ao fazer uso da linguagem poética como o faz no conto Olhos D'Água, o primeiro
que compõem o volume.
As temáticas Cultura e Identidade são muito presentes na obra da autora que é daí que
se principia para o desenvolvimento de cada trama. Nas personagens, os processos identitários
estão latentes, de modo que ocorrem fatos que nos levam a pensar que elas não percebam o que
está ocorrendo. Assim acontece de estarem em busca de construir ou até mesmo de reconstruir
suas identidades acreditando ou descrendo na possibilidade da mudança dos quadros de
injustiças sociais. Olhos D'Água é composto de quinze contos com temas relacionados às
misérias cotidianas pelas quais a nossa sociedade marginalizante permite que pessoas de
origem afro-brasileira passem sem dar importância ou mesmo sem sequer dar um olhar de
empatia. São narrativas fortes que apresentam o universo de pessoas excluídas, desamparadas
pelo Estado e vítimas das violências que assolam o país.
Na obra há personagens masculinas em situação de vulnerabilidade assim como as
personagens femininas, mas neste artigo será trabalhado somente os contos cujas protagonistas
são mulheres que sofrem violências por serem mulheres, por serem negras, por serem pobres,
ou por suas escolhas que não atendem o código de uma sociedade machista. Serão analisados,
então, Ana Davenga, Quantos filhos Natalina teve? e Beijo na Face.
2.1 Ana Davenga
O conto Ana Davenga tem narrador onisciente em terceira pessoa que narra a história
de Ana e Davenga. O conto apresenta o ritmo de samba e do candomblé e representa a vida nas
favelas. Davenga, do qual Ana pega o nome - por isso o nome do conto ser Ana Davenga - era
assaltante e chefe de quadrilha; ele morava em um barraco em algum morro como tantos outros.
Sua vida era perigosa. Já Ana era uma dançarina que sambava quando Davenga a viu pela
primeira vez. Davenga logo se apaixonou e levou Ana para morar com ele. No início da relação,
os companheiros de Davenga não aceitavam o fato de ter uma estranha participando das
reuniões sobre os assaltos, mas, com o passar do tempo, eles acabaram vendo-a como parte do
grupo. O conto traz muitos flashbacks da vida de Ana e Davenga e, em um desses momentos,
conhecemos Maria Agonia.
Maria Agonia era filha de um pastor e pregava na praça com seu pai. Estava sempre
com uma Bíblia na mão e representava aquela figura "certinha". Até que um dia, porém, decidiu
se entregar aos prazeres de Davenga e ambos começaram um jogo de sedução. Porém, Maria
Agonia não queria deixar sua vida regrada e com futuro para viver com aquele homem do
crime. Essa vontade não agrada Davenga:
Davenga se revoltou. Ah! Então era isso? Só prazer? Só o gostoso? Só aquilo
na cama? Saiu dali era novamente a Bíblia? Mandou que a mulher se vestisse.
[...] Saíram juntos do motel, a certa altura, como sempre, ele desceu do carro
e caminhou sozinho. Não havia de ser nada. Tinha alguém que faria o serviço
para ele. Dias depois, a seguinte manchete aparecia nos jornais: ‘Filha de
pastor apareceu nua e toda perfurada de balas [...]’ (EVARISTO, p. 28).
Por mais que o conto seja sobre Ana, o assassinato de Maria Agonia é o que nos chama
atenção. Davenga manda matar uma mulher porque esta não quis continuar a vida com ele; não
quis deixar a sua vida para viver a dela; não quis fazer a vontade dele. O assassinato de uma
mulher pela condição de ser mulher, motivado, usualmente, pelo ódio, pelo desprezo ou pelo
sentimento de perda do controle e da propriedade sobre as mulheres é chamado de feminicídio.
Essas atitudes são comuns, infelizmente, nas sociedades patriarcais e machistas, em que a
mulher tem um papel totalmente discriminatório, como é o caso do Brasil.
O feminicídio é a instância última de controle da mulher pelo homem: o
controle da vida e da morte. Ele se expressa como afirmação irrestrita de
posse, igualando a mulher a um objeto, [...] como subjugação da intimidade e
da sexualidade da mulher, por meio da violência sexual associada ao
assassinato; como destruição da identidade da mulher, pela mutilação ou
desfiguração de seu corpo; como aviltamento da dignidade da mulher,
submetendo-a a tortura ou a tratamento cruel. (CPMI-VCM, 2013).
Esse crime é a expressão fatal do que as mulheres sentem e sofrem por viverem em uma
sociedade dominada pelo pensamento misógino e pela desigualdade entre gêneros.
Dentre os inúmeros flashbacks, o conto acontece em uma festa no barraco de Ana e
Davenga. Essa festa, como descobriremos ao final do conto, era em comemoração ao
aniversário de Ana, que ela própria havia esquecido. O conto finda quando todos os convidados
saem da festa e o casal deita em sua cama, mas esse momento é interrompido, pois a polícia
adentra o local. Davenga, para não ir preso, abre fogo contra os policiais, que revidam, e quatro
pessoas acabam mortas ali: um dos policiais, Davenga, Ana e a criança, ainda pequena, que
estava no ventre de Ana.
Ana representa, no conto, as milhares de mulheres que vivem ao lado de homens do
crime. Ela sabia dos perigos da vida que levava "Sabia dos riscos que corria ao lado dele. Mas
achava também que qualquer vida era um risco e o risco maior era o de não tentar viver"
(EVARISTO, p. 26).
2.2 Quantos filhos Natalina teve?
O conto tem narrador onisciente em terceira pessoa que retrata a história de Natalina e
suas gravidezes. Assim como Ana Davenga, o conto possui muitos flashbacks que retratam
todas as vezes que Natalina ficou grávida. A primeira gravidez dela foi acidental; ela tinha 14
anos. Nas "brincadeiras" com seu namoradinho Bilico, acabou se descobrindo grávida. Ela não
queria a criança e fez o que pode - tomou chás - para que a criança não nascesse. Sua mãe falou
que a levaria para uma mulher que fazia abortos, Sá Praxedes, mas Natalina tinha medo da
mulher. Assim, a menina esperou um dia que estava sozinha e fugiu. Teve a criança em um
hospital e, logo após o parto, uma enfermeira quis a criança e Natalina pode sair leve do lugar.
O segundo filho, também acidental, veio da relação com um trabalhador de construção
civil, Tonho. Ele ficou feliz com a notícia de que Natalina estava grávida e que eles poderiam
formar uma família, mas a moça não queria ser de ninguém; não queria fazer parte de uma
família. Desse modo, Natalina teve a criança e a deu para que o pai a levasse para sua casa.
Este porém "sem nunca entender a recusa de Natalina diante do que ele julgava ser o modo de
uma mulher ser feliz. Uma casa, um homem, um filho..." (EVARISTO, p. 46). Aqui podemos
ver um pensamento machista que acredita que uma mulher só pode ser feliz se estiver ligada a
família e a um homem. Tonho não compreendia que a vida de Natalina iria muito além de uma
vida doméstica. Esse tipo de pensamento que associa a mulher ao lar remota às sociedades
antigas em que as mulheres eram excluídas das atividades fora de casa por conta das
características biológicas de menstruar, ficar grávida e amamentar, fazendo com que tenham a
obrigação de desempenhar o papel de criar os filhos, enquanto os homens receberam uma
posição social superior, já que não estavam ligados a essas funções.
O terceiro filho de Natalina foi um pedido do casal para quem ela trabalhava. Eles não
conseguiam ter filhos e, como última estância de socorro, a patroa pediu para que Natalina se
deitasse com seu marido para que ela pudesse gerar um filho para eles. Por conta da semelhança
entre Natalina e a patroa, a criança poderia passar como filha desta facilmente. Natalina relata
que foi a pior gravidez dela, pois, embora tenha sido tratada com muito zelo pelo casal, vomitou
muito e quase morreu. Felizmente, logo foi esquecida pelos patrões.
Já o quarto filho de Natalina é o mais relatado por ela. É a única gravidez que Natalina
realmente estava feliz por ter. Porém, a forma como engravidou nos leva a mais uma análise.
A moça retrata que um grupo de homens entrou em seu barraco perguntando por um irmão,
mas Natalina não tinha irmão algum, apenas seis irmãs. Mesmo dizendo isso, os homens a
vendaram e a colocaram em um carro. Durante todo o trajeto eles faziam perguntas, que
Natalina negava. Até que o carro parou. O homem que estava sentado no banco de trás com ela
desceu e disse para o motorista "bom proveito". O carro continuou andando, e então:
O homem desceu do carro puxou-a violentamente jogou-a no chão; depois
desamarrou suas mãos e ordenou que lhe fizesse carinho. [...] Na hora, quase
na hora do gozo, o homem arrancou a venda dos olhos dela. Ela tremia, seu
corpo, sua cabeça estavam como se fossem arrebentar de dor. [...] Ele gozou
feito cavalo enfurecido em cima dela. [...] Foi quando [...] para se afastar dele,
ela esbarrou em algo no chão. [...] O tiro foi certeiro [...] (EVARISTO, p. 49
e 50).
Essa cena é uma das mais fortes em toda z obra e retrata um estupro. Estes também se
originam do pensamento de que as mulheres devem servir aos homens em qualquer situação.
Ao violentar uma mulher para lhe dar prazer, um homem se vê no direito de usá-la para si
próprio. As violências sexuais são atos de extrema misoginia que demonstram como alguns
homens desprezam as mulheres e acreditam que estas só servem para servi-los.
Os casos de estupro se originam da objetificação das mulheres, da ideia de que elas
estão ao dispor do homem. Na opinião de Valeska Zanello, pesquisadora e representante do
Conselho Federal de Psicologia, esse processo de objetificação das mulheres, da ideia de que
elas podem ser "tomadas" quando o homem desejar, mesmo que não queiram, está tão
entranhado na sociedade que isso acabou "normalizado", ainda que abominável.
Natalina se sente perdida e abandonada após o fato; ela guarda para si "o ódio, a
vergonha, o pavor, a dor de ter sido violentada." (EVARISTO, p. 50). Alguns meses depois a
moça se descobre grávida. Porém, Natalina fica feliz com a notícia. Aquela criança é apenas
sua. Ela não deve nada para ninguém e, por isso, é o único filho que Natalina teve.
2.3 Beijo na face
Assim como os contos anteriores, Beijo na Face tem narrador em terceira que possui
onisciência, revelando as lembranças e pensamentos da protagonista Salinda. A história se
inicia após o retorno de uma viagem a Chã de Alegria. A protagonista arruma a mala, separando
roupas, enquanto relembra a viagem; mas não só a viagem: todos os fatores que a levaram a ter
que viajar. Salinda era casada e tinha filhos - não é mencionada a quantidade. Sua filha mais
velha é fruto de um relacionamento passado. O atual marido dela já havia sido seu namorado
e, depois de vários anos separados, decidiram ficar juntos novamente.
As lembranças de Salinda são de quando o seu casamento era tranquilo e amoroso e que
ela tinha liberdade. Atualmente o marido da protagonista havia se tornado possessivo, ciumento
e autoritário e desconfiava de tudo o que ela fazia. A possessividade era tanta que: "Estava
sendo observada em todos seus movimentos. [...] A mulher ou homem que estivesse assentado
ao seu lado no ônibus poderia ser o detetive particular que o seu marido tinha contratado para
segui-la" (EVARISTO, p. 52).
A atitude do marido de vigiar Salinda é um exemplo claro de misoginia. O sentimento
do marido é de que a protagonista é sua e, sendo assim, ele tem o direito de controlá-la da
maneira como quiser. Contratar alguém para vigiá-la demonstra como Salinda se tornou uma
posse para esse homem e não mais uma pessoa. A ideia da inferioridade da mulher chegou a
ser lei no Brasil. O decreto 181, de 24 de janeiro de 1890 previa que a mulher era domínio
do marido. O artigo 151 do Código Civil de 1916 impunha que a mulher só poderia trabalhar
com permissão do marido.
No caso de Salinda, as perseguições viraram ameaças. O marido da protagonista
desconfiava que ela o traira com um colega de trabalho, desconfiava dela em todas as ações
que fazia, tanto que ele começou a chantageá-la:
Aos poucos as ameaças feitas pelo marido, as mais diversificadas e cruéis,
foram surgindo. Tomar as crianças, matá-la ou suicidar-se deixando uma carta
culpando-a. Salinda, por isso, vinha há anos adiando um rompimento
definitivo com ele. Tinha medo, sentia-se acuada, embora às vezes pensasse
que ele nunca faria nada, caso ela o deixasse de vez (EVARISTO, p. 53).
Nesse trecho há outra forma de controle da figura da mulher. Por conta de situações
abusivas, em todas as esferas, muitas mulheres pensam em se separar do marido, mas ao fazê-
lo este começa a fazer ameaças.
Cansada de viver daquela maneira, Salinda levava seus filhos para a casa da tia-avô
Vandu para que eles se divertissem, mas para que ela também pudesse. E é dessa viagem que
ela retornava. Durante os poucos dias que podia ficar em Chã de Alegria, sem que o marido
desconfiasse, Salinda se encontrava com sua amante. "Acostumada ao amor em que tudo ou
quase tudo pode ser gritado, exibido aos quatro ventos, Salinda perdeu o chão. [...] viver silente
tamanha emoção, era como deglutir a própria boca, repleta de fala, desejosa de contar as glorias
amorosas." (EVARISTO, p. 52). Essa forma de amor era nova para ela. Não precisar temer e
escutar gritos trazia paz para Salinda.
E eram essas lembranças que passavam pela mente da protagonista. Mas ela foi
interrompida porque estava ficando tarde e seu marido não havia chegado em casa. Ele ligou
avisando que estava na casa de sua mãe o que fez a mulher se perguntar como estaria o humor
dele naquele dia. Lembrando das várias crises maiores de ciúme. Nesse momento o telefone
toca e o marido diz que havia descoberto o que ela estava fazendo quando ia visitar a tia. O
marido ameaça Salinda, mas não mais com mortes, ele ameaça dizendo que queria a guarda
dos filhos. A mulher fica baqueada, porém, depois de viver tantos anos de medo, decide que
não tem mais nada a temer e que iria lutar. O conto se finda com Salinda lembrando de sua
amada e da força que teria para continuar vivendo.
3 Aplicando a teoria
Todas as análises acima vistas dos contos de Conceição Evaristo podem ser olhadas
pela perspectiva pós-colonialista de Bonnici (2000), quando este afirma que as mulheres são
seres duplamente colonizados. Os seus estudos englobam questões femininas e na sua
proposição de dupla colonização, levanta o fato de que o homem demonstra poder sobre a
mulher por ter sido aquele que colonizou as novas terras e assim as domina, e o mesmo ocorre
com as mulheres.
O autor disserta que as mulheres são oprimidas pela visão objetificada que o
colonizador tem de usá-las como força de trabalho, mas, em um segundo momento, elas são
discriminadas e reduzidas à mercadoria ou a objeto sexual pelas suas características
Sobre esse aspecto, Pierre Bourdieu (2002), em sua obra “A dominação masculina”,
reitera acerca da dominação e imposição do masculino sobre as mulheres
A dominação masculina encontra, assim, reunidas todas as condições de seu
pleno exercício. A primazia universalmente concedida aos homens se afirmar
na objetividade de estruturas sociais e de atividades produtivas e reprodutivas,
baseadas em uma divisão sexual do trabalho de produção e de reprodução
biológica e social, que confere aos homens a melhor parte, bem como nos
esquemas imanentes a todos os habitus: moldados por tais condições,
portanto objetivamente concordes, eles funcionam como matrizes das
percepções, dos pensamentos e das ações de todos os membros da sociedade,
como transcendentais históricos que, sendo universalmente partilhados,
impõem-se a cada agente como transcendentes. Por conseguinte, a
representação androcêntrica da reprodução biológica e da reprodução social
se vê investida da objetividade do senso comum, visto como senso prático,
dóxico, sobre o sentido das práticas. E as próprias mulheres aplicam a toda a
realidade e, particularmente, às relação de poder em que se veem envolvidas,
esquemas de pensamento que são produto da incorporação dessas relações de
poder e que se expressam nas oposições fundantes da ordem simbólica
(BOURDIEU, 2002, p. 44).
4 Origem do pensamento machista
A psicologia evolucionista afirma que o gênero é responsável pela dominação
masculina e a submissão feminina pelo fato de que essas características são resultado de uma
estratégia sexual. Em outras palavras, o homem manifesta o domínio por defender a mulher e
esta escolhe ser submissa por precisar de proteção e isso é favorável para ambas as partes.
Já a teoria biossocial, reconhece as diferenças físicas entre os dois sexos bem como
reconhece as semelhanças psicológicas e afirma que a dominância não é uma característica
inata masculina, mas que foi adquirida na vida em sociedade. Assim, todas as diferenças e os
traços culturais fazem com que a mulher seja vista como inferior ao homem.
Essas teorias são uma forma de justificar o porquê de que os homens devem ser
superiores às mulheres, mas só demonstram que o pensamento social é o responsável por
diminuir alguém, visto que as teorias são criadas pela espécie humana.
Quando o ser humano desenvolveu a agricultura e se estabeleceu em um único lugar,
ocorreu a divisão do trabalho dentro dos povos, em que a mulher ficou restrita a casa e ao
cuidado com os filhos enquanto os homens saíam para "garantir o sustento" da família; essa foi
a primeira forma de "superioridade" masculina. Nesse ponto da história pode-se dizer que se
originou o sistema patriarcal - homens comandam a casa e as relações familiares.
A Igreja também tinha grande papel influenciador nessas comunidades antigas, como
único norte das pessoas, ditava o comportamento da sociedade. Os homens tendo sido criados
primeiro por Deus no Gênesis deveriam mandar nas mulheres, já que, além de terem sido
criadas por segundo, foram o motivo do pecado que expulsou Adão e Eva do paraíso. Os ditos
eclesiásticos, assim, influenciavam a cabeça das mulheres para que essas se subordinassem a
seus maridos, e homens da família, como honra a Deus.
Ocorria ainda a tese jurídica chamada de "legítima defesa da honra", em que os homens
poderiam matar as "suas" mulheres – filhas, irmãs, namoradas – se essas os envergonhassem
para que sua honra não ficasse manchada sem receber nenhuma sanção.
Sem contar que, às mulheres cabia o papel da submissão perante todos os homens de
sua vida. Não podendo, portanto, serem independentes. As decisões familiares eram todas
feitas pelo marido, sendo ele o chefe da sociedade conjugal (art. 233, CC/16).
As mulheres tinham o único propósito de casar, procriar e cuidar do seu marido até
a morte. Sendo, o casamento indissolúvel, sem que houvesse a possibilidade de afastamento
do cônjuge em nenhuma hipótese.
Vivemos numa sociedade patriarcal em que a responsabilidade pelo sucesso
do casamento é imposta à mulher desde que ela nasce, muito embora qualquer
relacionamento precise do empenho de ambas as partes para ser bem-
sucedido. Esta mentalidade é um dos fatores que corroboram para que a
mulher não consiga sair de uma situação de violência dentro de sua própria
casa.(MARQUES, 2015).
5 Misoginia
As discriminações que resultam no feminicídio começam, inúmeras vezes, pelo ódio
desenvolvido às mulheres em algum ponto da vida. A esse ódio ao sexo feminino dá-se o nome
de misoginia.
Misóginos são todos os homens que odeiam as mulheres e podem nem saber
conscientemente que as odeiam. O sentimento é formado, muitas vezes, no início da vida, como
resultado de um trauma que envolvia uma figura feminina de confiança. Uma professora que
foi mais severa na escola, a mãe que deu uma ordem mal interpretada ou qualquer mulher que
não fez "a vontade" do menino e o fez dar início à formação dessa crença sexista.
As atitudes misóginas são identificadas quando um homem não cumpre suas promessas
à uma mulher, mas com os homens sempre as cumpre; quando se atrasa ou não comparece à
eventos realizados por mulheres; quando não aceita competir com mulheres e se perder para
elas é o fim; quando é controlador e não aceita receber ideias e opiniões das mesmas. Muitas
vezes você não identificará todas as características misóginas em alguém, mas elas estão aí e
são "justificadas" pela sociedade que ainda acha que os homens são superiores às mulheres.
As desigualdades e discriminações que as mulheres sofrem, portanto, estão tão
enraizadas na sociedade que são aceitas por serem "normais" e se manifestam pelo acesso
desigual a oportunidades e direitos até violências graves, aumentando os casos de crimes contra
às mulheres por homens que acham ter posse, por não aceitarem fim de namoro ou os que elas
são tratadas como objeto sexuais, revelando o ódio ao feminino.
[O feminicídio] Trata-se de um crime de ódio. O conceito surgiu na década
de 1970 com o fim de reconhecer e dar visibilidade à discriminação, opressão,
desigualdade e violência sistemática contra as mulheres, que, em sua forma
mais aguda, culmina na morte. Essa forma de assassinato não constitui um
evento isolado e nem repentino ou inesperado; ao contrário, faz parte de um
processo contínuo de violências, cujas raízes misóginas caracterizam o uso de
violência extrema. Inclui uma vasta gama de abusos, desde verbais, físicos e
sexuais, como o estupro, e diversas formas de mutilação e de barbárie
(MENIUCCI, 2015).
Em uma sociedade em que os homens têm mais vez e voz, a normalidade de ataques às
mulheres pode ser considerada normal. A cultura brasileira ajuda a impregnar esse sentimento,
por conta de suas raízes históricas. Somente quando todos entendermos que as mulheres são
seres humanos, assim como os homens, e que têm direitos e deveres e devem gozar de liberdade
e merecimento em qualquer âmbito, é que o machismo, a misoginia e tudo o que vem junto,
será desconstruído.
6 Estatísticas
Estima-se que mais de 30% das mulheres do mundo seja ou tenha sido vítima de
agressões sexuais ou físicas durante sua vida, por conta da cultura misógina. O crime pode
acarretar consequências imediatas ou a longo prazo, para a saúde delas. Dentre as consequência
estão:
Danos e ferimentos físicos, contaminação por doenças sexualmente
transmissíveis, pelo HIV, gravidez indesejada, problemas de saúde mental
como depressão, stress, distúrbios alimentares, abuso de álcool e drogas,
dores crônicas, dificuldade de locomoção, fibromialgia, problemas
gastrointestinais e, claro, a morte – incluindo o suicídio, a mortalidade
materna resultante de abortos inseguros ou de violência obstétrica e o
feminicídio (DEBELAK; DIAS; GARCIA, 2015).
De acordo com o Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres no Brasil, elaborado
pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), com o apoio do escritório
no Brasil da ONU Mulheres, da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial
da Saúde (OPAS/OMS) e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) do
Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, entre os 10 anos, de
2003 a 2013, o número de feminicídios violentos passou de 3.937 para 4.762, um aumento de
21% e que representa 13 homicídios femininos por dia.
Na lista de 83 nações comparadas, o Brasil está em quinto lugar como um dos países
com maiores taxas de assassinatos de mulheres, cerca de 4,8 assassinatos em 100 mil mulheres
em 2013. Assim, o Brasil fica atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia. Se
no país o número de assassinatos de mulheres é enorme, em alguns estados e cidades as taxas
são bem maiores. Em Roraima e Paraíba, nos dez anos comparados, os números triplicaram.
Já em Vitória, Maceió, João Pessoa e Fortaleza as taxas estão em mais de dez homicídios a
cada 100 mil mulheres. A região Nordeste é a com maior crescimento nas taxas de feminicídios
entre 2003 e 2013; foram 79,3%. É seguida pela região Norte com 53,7% de aumento no
período.
O perfil das mulheres vítimas, no Brasil, é de mais vulnerabilidade das mulheres negras,
com um aumento de 1864 para 2875 - 54% - no período de 2003 a 2013. E o assassinato de
mulheres brancas caiu 9,8% no mesmo período, totalizando 1.576 casos em 2013. Em relação
aos homicídios registrados às mulheres, no período, mais da metade - 50,3% - foram
perpetrados por um familiar da vítima. Do total, 1.583 mulheres foram mortas por parceiros ou
ex-parceiros, o que corresponde a 33,2% do total de homicídios naquele ano. No ano de 2014,
duas em cada três vítimas atendidas no SUS por violência doméstica, sexual e outros tipos de
agressão eram mulheres. Cerca de 147.691 casos - 405 por dia. (Dados do SINAN, sistema do
Ministério da Saúde). Em outros dados: em 2010, ocorreram 5 espancamentos de mulheres a
cada 2 minutos (Dados da Fundação Perseu Abramo); 1 feminicídio a cada 90 minutos, em
2013 (Dados do IPEA); e 13 feminicídios por dia, no mesmo ano (Mapa da Violência - 2015);
em 2015 ocorreu 1 estupro a cada 11 minutos (Dados do 9º Anuário da Segurança Pública); e
mais de 179 relatos de agressão por dia (Dados do Balanço Ligue 180 - Central de Atendimento
à Mulher).
7 Considerações finais
A história e, mais do que isso, os dados e depoimentos mostram a barbárie que é uma
sociedade misógina, que faz da mulher um ser inferior, feita para satisfazer os desejos dos
homens. A cultura brasileira foi construída em cima da ideia de que as mulheres só servem para
dar prazer, cuidar da casa e dos filhos. O Brasil precisa, urgentemente, de mais do que reformas
políticas e leis mais eficazes, precisa de uma reforma na consciência da população. Por
melhores que as novas leis à proteção da mulher sejam, enquanto a mentalidade machista e
misógina durar, não será possível erradicar os crimes e atos de crueldade ao sexo feminino.
A representante da Comissão de Direitos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),
Alinne Marques, afirma que a mídia e o marketing, em especial, influenciam na cultura
machista de objetificação da mulher como posse do homem. Ela diz que: "Ele coloca a mulher
no patamar da necessidade fisiológica e de consumo do homem, como mecanismo para
aumentar a publicidade, a venda e a renda." Para ela, os ataques às mulheres não serão
impedidos se as causas, como preconceito e machismo, não forem tratadas. O estupro, por essa
lógica machista, é culpa do vítima por essa estar com "roupa muito curta ou em lugar
inapropriado" (MARQUES, 2015).
Por isso o que primeiro deve ser combatido é o pensamento. Os papeis tidos como
naturais aos homens e mulheres devem mudar. Não estamos mais na Idade Média em que era
normal deixar as mulheres em casa e os homens deveriam dando ordens à elas. Para a
atualidade essas atitudes devem acabar. Se a mentalidade preconceituosa e de superioridade
dos homens for sendo erradicada, as propagandas midiáticas não objetificarão as mulheres; ex-
maridos não matarão por sentimento de posse; homens não estuprarão mulheres na rua pelo
fato de essas serem mulheres; e as mulheres não temerão andarem sozinhas ou conhecerem
parceiros novos. Se a mentalidade mudar, os dados estatísticos de feminicídio e agressão cairão
e a raça humana continuará plena.
Pois, quando homens se vêm no direito de matar mulheres pelo simples fato de essas
serem mulheres, a raça humana entra em decadência. Esse trabalho é sobre a violência contras
as mulheres, mas o título bem poderia ser violência contra a humanidade, porque quando uma
mulher morre, um ser humano morre, todos nós morremos um pouco.
Por fim, devemos tentar fortemente erradicar o pensamento misógino que a sociedade
brasileira tem. Ao ensinar aos meninos que as meninas devem ser respeitadas; ao ensinar que
músicas com apologia à objetificação da mulher não devem ser ouvidas (nem escritas); ao tratar
cada um com igualdade. Esse é o caminho para que a misoginia tenha um fim.
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