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Frutas do Brasil, 35 Uva Fitossanidade 106 Foto: Embrapa Uva e Vinho 7 SINTOMAS OU DISTÚRBIOS CAUSADOS POR AGENTES NÃO-INFECCIOSOS Olavo Roberto Sônego José Carlos Fráguas Albino Grigoletti Júnior INTRODUÇÃO Na viticultura, tem-se verificado muitas semelhanças entre certos sintomas causados por doenças, pragas, herbicidas, acidentes climáticos, injúrias mecânicas, alguns dese- quilíbrios fisiológicos de origem nutricional e outros agentes não identificados. DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS SINTOMAS OU DISTÚRBIOS Injúrias por causas mecânicas Danos mecânicos Traumatismos, escoriações e outras in- júrias podem provocar sintomas, que muitas vezes se confundem com doenças bióticas, quando não se realiza uma análise minuciosa em todas as partes da planta. Fricções de ramos nos arames podem provocar cancros nos ramos e mudança de coloração nas folhas (Fig. 1). Amarrações de ramos muito apertadas geralmente provocam estrangu- lamento ou anelamento do ramo e também mudam a coloração das folhas, tornando-as avermelhadas nas uvas tintas (Fig. 2). Má soldadura do enxerto A enxertia de garfagem, quando não ocorre uma perfeita soldadura entre o porta- Fig.1. Lesões em ramos causadas pela fric- ção com os arames. enxerto e o garfo-enxerto, pode provocar basicamente dois tipos de sintomas. Primeiramente ou na fase inicial ocorre um baixo vigor na brotação do garfo, formando ramos fracos e debilitados. Essa brotação pode permanecer com pouco desenvol- vimento ou definhar até a morte do ramo.

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7SINTOMAS OUDISTÚRBIOS CAUSADOSPOR AGENTESNÃO-INFECCIOSOS

Olavo Roberto Sônego

José Carlos Fráguas

Albino Grigoletti Júnior

INTRODUÇÃO

Na viticultura, tem-se verificado muitassemelhanças entre certos sintomas causadospor doenças, pragas, herbicidas, acidentesclimáticos, injúrias mecânicas, alguns dese-quilíbrios fisiológicos de origem nutricionale outros agentes não identificados.

DESCRIÇÃO DOSPRINCIPAIS SINTOMASOU DISTÚRBIOS

Injúrias porcausas mecânicas

Danos mecânicos

Traumatismos, escoriações e outras in-júrias podem provocar sintomas, que muitasvezes se confundem com doenças bióticas,quando não se realiza uma análise minuciosaem todas as partes da planta. Fricções deramos nos arames podem provocar cancrosnos ramos e mudança de coloração nas folhas(Fig. 1). Amarrações de ramos muitoapertadas geralmente provocam estrangu-lamento ou anelamento do ramo e tambémmudam a coloração das folhas, tornando-asavermelhadas nas uvas tintas (Fig. 2).

Má soldadura do enxerto

A enxertia de garfagem, quando nãoocorre uma perfeita soldadura entre o porta-

Fig.1. Lesões em ramos causadas pela fric-ção com os arames.

enxerto e o garfo-enxerto, pode provocarbasicamente dois tipos de sintomas.Primeiramente ou na fase inicial ocorre umbaixo vigor na brotação do garfo, formandoramos fracos e debilitados. Essa brotaçãopode permanecer com pouco desenvol-vimento ou definhar até a morte do ramo.

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Muitas vezes nesta fase ocorre brotaçãodo porta-enxerto, indicando que osnutrientes não estão sendo plenamentecarreados para a brotação do enxerto. Outrasituação que pode ocorrer é aquela onde aenxertia parece normal, com bom desen-volvimento inicial, mas à medida que oramo se desenvolve e aumenta a neces-sidade de nutrientes pode ocorrer a mortesúbita dos ramos ou seu definhamentolento. Isto ocorre quando a soldadura doenxerto é parcial e a área ativa de circulaçãonão supre as necessidades da parte aérea(Fig. 3). Isso pode ocorrer quando o enxertonão está bem tutorado, e o vento deslocao garfo. Uma observação periódica após aenxertia auxilia na detecção desse problemae possibilita a repetição da operação.

Injúrias causadas porfatores ambientais

Raio

O efeito de descargas elétricas (raios)em vinhedos pode ser devastador,

Fig.2. Avermelhamento das folhas causado pelo estrangulamento do ramo na região daamarração.

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Fig.3. Danos causados pela má soldadura daenxertia.

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Fig.6. Desfolha causada por granizo.

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causando queima e morte de muitas plantas,ou pode ser menos grave, e provocar danosleves. Quando a descarga se dá em locaispróximos ao vinhedo, os efeitos são amurcha total dos ramos com posterior secados mesmos (Fig. 4). Os ramos maisafetados são aqueles que se encontram emposição mais alta em relação aos demais(Fig. 5). Em muitos casos a planta serecupera emitindo nova brotação. Nessescasos recomenda-se poda da brotação afe-tada, seguida de um tratamento comfungicida, que pode ser a calda bordalesa.Para fortalecer a planta é recomendáveluma abubação de cobertura.

entrada de doenças; por isso, após a ocor-rência desse fenômeno, deve-se realizar umapoda sanitária, eliminando os ramos e folhasdanificados e em seguida fazer umapulverização com fungicida. Geralmente,são utilizados os cúpricos pelos seus efeitossobre fungos e bactérias.

Fig.7. Cancros em ramos causados porgranizo, semelhantes aos de antracnose.

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Fig.5. Murcha e queda das brotações causadas por raio.

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Fig.4. Murchamento das extremidades das brotações cau-sado por raio.

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Granizo

Dependendo da época e da intensidade,o efeito do granizo pode causar destruiçãototal do vinhedo (Fig. 6). Quando ocorre nafase inicial de brotação, a videira poderá serecuperar emitindo novos brotos. As lesõesprovocadas pelo granizo (Fig. 7) são porta de

Geadas

As geadas tardias são as mais danosas,principalmente em cultivares de brotaçãoprecoce, pois elas destroem as gemas e/oubrotos recém-formados (Fig. 8). Essesacidentes são mais freqüentes e causammaiores danos em baixadas. Quando asgemas primárias são queimadas pela geada,as secundárias são ativadas, provocandobrotações fracas e tardias. As folhas basaisde ramos afetados apresentam-se pequenase deformadas, sintoma também provocado

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folhas basais começam a amarelecer e cair.Pode ocorrer também a murcha daextremidade dos ramos, seguida de seca.Quando a seca ocorre durante o floresci-mento e logo após a frutificação, podeprovocar a queda de flores e/ou formação debagas pequenas. Quando ocorre durante afase de maturação da uva, a seca provocamurcha e enrugamento das bagas.

por temperaturas baixas, mesmo sem geada.As geadas também podem provocarescurecimento do floema, principalmenteno tronco próximo ao solo. Neste caso asplantas enfraquecem e geralmente morremno mesmo ciclo vegetativo, ou nospróximos anos. Dependendo da intensidadeda geada e da gravidade dos danos causadospelo granizo, recomenda-se uma adubaçãode cobertura com nitrogênio para favorecera recuperação das plantas.

Fig.8. Seca de brotações causada porgeada.

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Fig.9. Pobre enraizamento da base daestaca em virtude do excesso de umidade.

Excesso de umidade

A videira é uma planta que não suportasolos encharcados ou de difícil drenagem.Nestas condições há paralisação docrescimento em função da morte das raízes,que são privadas do oxigênio. Plantio deestacas em áreas úmidas dificulta o enraiza-mento (Fig. 9) e o pegamento, em função dabaixa aeração. Geralmente, não ocorrematuração completa dos frutos e dos ramosde plantas que crescem nessas condições.Os ramos podem morrer pelas primeirastemperaturas baixas do outono ou inverno.

Seca

Um dos primeiros sintomas causadospela seca em videiras é a paralisação docrescimento dos ramos. Em seguida as

Insolação excessiva

Também conhecida como golpe desol ou escaldadura. O sintoma maisevidente é no cacho. A face do cacho maisexposta ao sol apresenta bagas comcoloração parda-avermelhada, depressõesescuras, perda de turgescência, podendodessecar completamente. Esses danosdepreciam sobremaneira as uvas de mesa,motivo pelo qual, em regiões de muitainsolação, devem ser conduzidas emsistemas que protejam os cachos.

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Fig.10. Chocolate ou escurecimento internodo tronco da planta provocado pelo exces-so de umidade.

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aplicados em lavouras próximas. Os sintomasde fitotoxicidade na videira variam de acordocom o produto. De maneira geral, as folhasjovens em desenvolvimento são maissensíveis. Observa-se encurtamento ouatrofia dos ramos, malformação, clorose enecrose das folhas. Nas uvas, podem aparecerescoriações, cicatrizes ou rachaduras.

Ventos fortes

Os ventos podem provocar a quebrade ramos ou sua desarticulação na base,interrompendo ou dificultando o fluxo deseiva e resultando no dessecamento debrotos e folhas. Sistemas adequados decondução, amarração e tutoramento sãopráticas que reduzem os danos causadospelos ventos. Em áreas sujeitas a ventosconstantes, o uso de cortinas quebra-ventosão imprescindíveis.

Chocolate

Esta anomalia caracteriza-se peloescurecimento interno, na região dos vasosdo xilema, com exsudação de uma substânciaviscosa de cor negra, principalmente emestacas enraizadas em substrato com excessode umidade. Aparentemente, na parte aérea,o desenvolvimento é normal, não apresen-tando sintomas visíveis. Estacas de porta-enxertos atacados normalmente apresentamescurecimento interno na base (Fig. 10).À medida que se distanciam da base, ossintomas vão se tornando imperceptíveis.Os porta-enxertos do grupo Berlandieri xRiparia são os mais sensíveis a essa anomalia.

Injúrias ou fitotoxicidadecausadas por pesticidas

Quando aplicados de maneirainadequada, os pesticidas podem causarinjúrias e/ou fitotoxicidade para a videira.Esses danos podem resultar de dosagemmuito alta, mistura incompatível deprodutos, aplicação em estádios muitosensíveis da planta, condições ambientaisnão propícias ao tratamento (altatemperatura ou muito frio e úmido) esensibilidade da cultivar. Os produtosquímicos podem causar fitotoxicidade poração sistêmica, quando absorvidos pelasraízes ou folhas e pelo contato direto comos tecidos. Esses produtos também podemchegar aos vinhedos pela deriva, quando

Fitotoxicidade por fungicida

Alguns fungicidas podem causar danosem determinadas cultivares, mesmo nasdoses recomendadas e aplicados correta-mente. Dois exemplos mais comuns são oenxofre, em cultivares americanas, e oscúpricos, tanto em variedades americanas,híbridas e viníferas. A fitotoxicidade por en-xofre se agrava com temperaturas próximasou acima de 30ºC, condição em que todas asespécies ficam sensíveis. Os sintomasaparecem como necroses e queda das folhas(Fig. 11). Com os cúpricos, a umidadecontínua associada a baixas temperaturas,favorece um contato contínuo do cobre livre

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com a superfície vegetal, provocandosintomas de necrose na folhagem e reduçãono crescimento das brotações novas(Fig. 12A e 12B ).

Aplicações de ditiocarbamatos emtemperaturas elevadas, podem provocarpequenas depressões e queima nas bagassemelhantes ao golpe-de-sol (Fig. 13). Estessintomas também ocorrem em vinhedoscobertos com plástico. Aplicações dedifenoconazole em cultivares americanas ehíbridas apresentaram sintomas de clorose enecrose nas folhas (Fig.14A e 14B). Necrosese queima das folhas podem ser causadas pelaaplicação de dinocap em Chardonnay(Fig. 15).

Alta dosagem de metalaxil + mancozebcausou necrose e queda precoce das folhasna cv. Isabel (Fig. 16).

Fitotoxicidade por herbicidas

A utilização de herbicidas em vinhe-dos ou próximo a eles pode provocar sinto-mas que vão desde a queima da brotação(herbicida de contato) até a deformaçãoou malformação de folhas e ramos(herbicidas hormonais).

Deve-se tomar o máximo cuidado quan-do da aplicação, principalmente em áreascom plantas jovens, pois além de serem maissensíveis, são mais afetadas por estaremmais próximas ao solo. Aplicações deherbicidas em outras culturas mesmo nãomuito próximas ao vinhedo, também poderãoatingi-lo pela deriva. A ação de ventosassociados a altas temperaturas provocam aevaporação do herbicida durante a aplicação,e este se desloca em forma de bolsões,podendo percorrer longas distâncias eprovocar a queima ou deformação nafolhagem. Sintomas de fitotoxicidadecausados por compostos contendo 2,4-Dsão: grande abertura do seio peciolar,clareamento das nervuras, rugosidade ecrescimento anormal da folha que tomaforma tubular (Fig. 17). Aplicações duranteo desen-volvimento das bagas podem atrasarou impedir a sua maturação. Formas voláteis

Fig.11. Secamento e queda de folhas de cultivar americanaem conseqüência da fitotoxicidade causada pelo enxofre.

Fig.12. Sintomas de fitotoxicidade por fungicidas cúpricos.(A) Queima, necroses e deformação de folhas causada porfungicida cúprico. (B) Folhas deformadas e com necrosecausadas por fungicida cúprico.

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de 2,4-D nunca deveriam ser utilizadas emregiões de vinhedos.

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A dominância apical pode ser bloqueada,resultando em numerosos brotos laterais esuperbrotamento das gemas (Fig. 18).

Fig.14. (A e B) Fitotoxicidade em folhas decultivar americana causada pelo fungicidadifenoconazole.

Na fitotoxicidade por glifosate, as folhastornam-se muito rugosas, com ou sem cloroseentre as nervuras e entrenós mais curtos.

Fig.13. Escurecimento e deformação de bagascausados pela associação de fungicida e tem-peratura elevada.

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Fig.15. Queima de folhas da cv. Chardonnaycausada por dinocap.

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Fig.16. Desfolha precoce da cv. Isabel cau-sada por dosagem elevada de metalaxil +mancozeb.

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Fig.17. Deformação de folhas causada pelaação do herbicida hormonal 2,4-D.

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Fig.18. Deformação das folhas e superbro-tação causada pelo herbicida glifosate, ebrotação normal.

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Desequilíbrios fisiológicosde origem nutricional

Seca das inflorescências

Ocorre principalmente nas cultivaresamericanas (Concord, Bordô, Niágara,Jacquez, etc.) e é causada pela deficiênciade boro (Fig. 19). Caracteriza-se pela nãosoltura da caliptra e queda dos botõesflorais. Do mesmo modo, a deficiência deboro causa o aparecimento de manchascinza-escuras na película das bagas(Fig. 20), conhecidas como mal-do-chumbo. As bagas afetadas apresentamuma depressão que se assemelha com osintoma de ataque da “peronósporalarvada”.

Fig.19. Seca e queda dos botões florais causadaspela deficiência de boro.

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Fig.20. Manchas cinza-escuras e depressões nasbagas em virtude da deficiência de boro.

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Fig.22. Sintomas de deficiência de magnésioem porta-enxertos induzidos pelo excessode alumínio do solo.

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Alguns sintomas de toxidez de alumíniosão idênticos aos das deficiências demagnésio, de fósforo, de cálcio e de acidezdo solo (Fig. 22, 23 e 24). Outro sintomaprovocado pelo alumínio tóxico é aquelesemelhante à deficiência de água, causandoo aparecimento de manchas e necroses nolimbo foliar (Fig. 25). Ainda com relaçãoaos sintomas provocados pela fitotoxi-cidade do alumínio, há uma semelhançamuito grande com aqueles provocados porácaros nas folhas apicais, onde ocorremredução de tamanho das folhas, enrola-mento das margens para baixo e clorosecom posterior escurecimento das folhas(Fig. 26). Alguns porta-enxertos maissensíveis ao alumínio do solo, podemapresentar manchas isoladas no limbofoliar semelhantes às do ataque inicial domíldio (Fig. 27). Podem ocorrer, também,cloroses e necrose das margens foliares,iniciadas por pontuações escuras, que seestendem por uma estreita faixa nasmargens das folhas. Esses sintomas podemser confundidos com aqueles provocadospor toxidez salina, por queima em razão dodióxido de enxofre, por inseticidas à base deendosulfan e por excesso de produtos à basede cloro (Fig. 28).

No caso de deformações foliares, ocorreenrolamento das margens das folhas parabaixo, quase sempre seguido de clorose,abertura do seio peciolar e serrilhamento dasmargens das folhas. Tais sintomas podem serconfundidos com aqueles provocados pelouso de herbicidas à base de glifosato e 2,4-D(Fig. 29).

Fig.21. Manchas e necroses da ráquis docacho de uva, com murchamento da bagas,em virtude do desequilíbrio entre K/Ca e Mg.

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Seca da ráquis emurchamento das bagas

É um desequilíbrio nutricional emdecorrência do excesso de absorção depotássio, em detrimento do cálcio e domagnésio. Causa a morte de células dostecidos da ráquis e suas ramificações,determinando o surgimento de manchasescuras com contornos bem definidos que,posteriormente, se necrosam. Assim, acirculação da seiva para os cachos ficapraticamente interrompida, com atranspiração muito acentuada das bagasna fase de maturação, induzindo omurchamento das mesmas (Fig. 21).

Fitotoxicidade por alumínio

Os efeitos fitotóxicos do alumínio dosolo podem causar sintomas semelhantesao das deficiências minerais, de doenças,de pragas e da ação de certos herbicidas.

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Fig.23. Pontuações escuras, clorose enecrose nas margens das folhas de porta-enxerto em virtude da deficiência de fósfo-ro, induzida pela fitotoxicidade de alumíniodo solo.

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Fig.24. Sintomas de fitotoxicidade do alumí-nio em porta-enxerto, semelhantes aos pro-vocados pela elevada acidez do solo, edeficiência de cálcio e magnésio.

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Fig.25. Sintoma induzido pela fitotoxicidade doalumínio do solo em porta-enxertos de videira,semelhantes à deficiência hídrica.

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Fig.26. Sintomas induzidos pela fitotoxicidadedo alumínio em porta-enxertos, mostrando cres-cimento reduzido e clorose em folhas apicais, ouem brotações laterais, semelhante ao ataque deácaros.

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Em relação a certas viroses, já seconstataram semelhanças dos sintomas dedeficiência de boro com as viroses doenrolamento das folhas e do intumesci-mento-dos-ramos e da deficiência depotássio com o enrolamento das folhas.Sintomas de fitotoxicidade do alumínio(Fig. 30) semelhante ao da virose domosaico amarelo ou injúria por herbicidasimazina também foram constatados.

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Fig.30. Sintomas de fitotoxicidade de alumí-nio, semelhante à virose do mosaico amare-lo e injúria por herbicida simazina.

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Fig.31. Sintomas de deficiência de magnésio.

Fig.27. Manchas cloróticas isoladas no limbofoliar induzidas pelo excesso de alumínio nosolo.

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Fig.28. Necrose nas margens das folhasinduzidas pelo excesso de alumínio no solo,semelhante à causada por fitotoxicidadesalina, ou por dióxido de enxofre, ou porinseticidas à base de endosulfan.

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Fig.29. Deformação, serrilhamento dasbordas das folhas e abertura do seio peciolarem porta-enxerto, induzidos pela fitotoxici-dade do alumínio, semelhantes ao efeitocausado por herbicidas à base de glifosato e2,4-D.

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Deficiência de magnésio (Mg)

Um dos sintomas mais comuns eevidentes de deficiência em videira é a deMg. Os sintomas são caracterizados por umaclorose generalizada do limbo foliar, onde asnervuras permanecem verdes (Fig. 31).Na cv. Riesling Renano os sintomas dedeficiência de Mg são facilmente visíveis.