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i GABRIEL BOER GRIGOLETTI LIMA NEUROGÊNESE E ESTRUTURA DENDRÍTICA HIPOCAMPAIS EM RATOS SUBMETIDOS À RESTRIÇÃO PROTEICA DURANTE A ONTOGÊNESE ENCEFÁLICA: ESTUDO COMPORTAMENTAL E INFLUÊNCIAS DO AMBIENTE ENRIQUECIDO Campinas 2015

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GABRIEL BOER GRIGOLETTI LIMA

NEUROGÊNESE E ESTRUTURA DENDRÍTICA HIPOCAMPAIS EM RATOS

SUBMETIDOS À RESTRIÇÃO PROTEICA DURANTE A ONTOGÊNESE

ENCEFÁLICA: ESTUDO COMPORTAMENTAL E INFLUÊNCIAS DO AMBIENTE

ENRIQUECIDO

Campinas

2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Ciências Médicas

GABRIEL BOER GRIGOLETTI LIMA

NEUROGÊNESE E ESTRUTURA DENDRÍTICA HIPOCAMPAIS EM RATOS

SUBMETIDOS À RESTRIÇÃO PROTEICA DURANTE A ONTOGÊNESE

ENCEFÁLICA: ESTUDO COMPORTAMENTAL E INFLUÊNCIAS DO AMBIENTE

ENRIQUECIDO

Orientador: Prof.Dr. José Antonio Rocha Gontijo

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE A VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO

DEFENDIDA PELO ALUNO GABRIEL BOER GRIGOLETTI LIMA E ORIENTADO

PELO PROF. DR. JOSE ANTONIO ROCHA GONTIJO

Assinatura do Orientador

------------------------------------

Campinas

2015

Dissertação apresentada à Faculdade de

Ciências Médicas da Universidade Estadual de

Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em

Ciências.

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Agradecimentos

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Em primeiro lugar agradeço meus pais, Patrícia Aline Boer e Ricardo Grigoletti

Pereira Lima, pela eterna confiança e amor ao longo dos meus 27 anos de idade.

Vocês são a parte mais importante de mim. Muito obrigado pela dedicação e

carinho. Sem vocês, nada disso seria possível. Vocês são o maior amor da minha

vida!

Agradeço meu orientador, José Antônio Rocha Gontijo, pela paciência, carinho

e imensurável conhecimento durante este processo de formação. Muito mais que

um orientador, você foi um amigo durante esta jornada. Espero, um dia, poder

contribuir com a ciência da mesma forma que você tem feito e, ter a mesma

simplicidade e humildade para formar muito mais que cientistas, mas pessoas éticas

e de bom coração. Tenho muito orgulho de ser seu aluno!

Agradeço a professora Patrícia pela imensa ajuda e contribuição a este

trabalho. Por direcionar os meus passos ao longo deste caminho. Você me ajudou a

entender todos os assuntos e temáticas que o curso de psicologia não me

proporcionou, como as especificidades das ciências biológicas. O entendimento e a

técnica que adquiri durante o mestrado passam pelo teu crivo. Obrigado por me

ajudar em todos os atos deste trabalho!

Agradeço meus amigos que, durante toda minha vida foram a melodia para

esta canção um tanto desafinada. Vocês trouxeram alegria quando eu menos

suspeitava ser possível. Em especial, agradeço Leandro Doblas e Henoch Pedro

Rodrigues Junior. Nossa amizade será eterna!

Agradeço toda a minha família pelos pilares que sempre me sustentaram ao

longo dos anos. Em especial, meus avós, Oswaldo Boer, Mara Boer, Antônio Carlos

Pereira Lima e Sirlei Barbosa, pelo carinho que me deram desde sempre. Eu amo

muito vocês!

Agradeço minha namorada, Mell Rossi Veloso, pelo apoio nessa reta final.

Suas palavras fizeram com que eu ganhasse mais força. Quando um sonho é

compartilhado com alguém, acaba por se tornar mais forte. Este sonhar tornou-se

sustentável com você ao meu lado. Muito obrigado. Eu amo você!

Agradeço meus professores da graduação, Abrahão dos Santos e Marcos

Peres, pelos ensinamentos que levarei comigo em todos os caminhos e

conjunturas. Vocês foram fonte de grande inspiração para minha formação crítica e

meus devaneios. Obrigado por tirarem os meus pés do chão!

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Agradeço meus colegas de laboratório, em especial, Agnes e Daniel, pela

importante ajuda nos experimentos e fundamental descontração, respectivamente.

Todos vocês fazem parte desta conquista.

Agradeço ao Prof. Eduardo Scabora pela disposição em nos ajudar com a

técnica do fracionamento. Muito obrigado!

Agradeço a UNICAMP pela oportunidade e estrutura para que este trabalho

fosse realizado.

Agradeço a CAPES pelo apoio financeiro ao longo desses dois anos.

Agradeço, enfim, a todos que de alguma maneira fizeram parte da minha vida

e, com demasiada certeza, contribuíram para minha formação enquanto pessoa,

cidadão e cientista. Muito Obrigado!

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Dedico este trabalho aos meus pais.

Meus maiores amores!

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RESUMO

O estresse gestacional afeta diversas regiões neurais incluindo hipocampo,

amígdala, corpo caloso, neocortéx, cerebelo e hipotálamo e frequentemente resulta

em redução no volume dos tecidos que compõem estas estruturas. A formação

hipocampal tem sido alvo de diversos estudos devido a sua importância na

plasticidade neural, na neurogênese e na regulação de processos cognitivos. Dessa

forma, este estudo buscou avaliar os efeitos da restrição proteica, durante a

gestação e amamentação, sobre a estrutura do hipocampo e o comportamento

relacionado à memória e emoções (ansiedade/medo) bem como sobre a

composição celular desta estrutura cerebral e, a influência sobre estes parâmetros

morfológicos e comportamentais, da exposição da prole de ratos machos ao

ambiente enriquecido. Os achados deste estudo representam o impacto pré e

perinatal da desnutrição proteica correspondente à situação de estresse nutricional,

no hipocampo que está envolvido no comportamento emocional bem como na

memória e no aprendizado. O estudo revelou dissociação entre a resposta do teste

comportamental e alterações no número de neurônios hipocampais, como

consequência da programação fetal. A ausência de alterações basais no

desempenho destes testes, ocorreram a despeito de redução no número de

neurônios no giro denteado do hipocampo. Vários autores têm sugerido que a atrofia

observada no hipocampo pode ser uma resposta compensatória para proteger o

hipocampo de danos adicionais. Nós demonstramos, pela primeira vez, que a

exposição materna a restrição proteica durante o desenvolvimento neural da prole

causa importantes mudanças morfológicas no hipocampo podendo tornar estes

animais vulneráveis a distúrbios neurais na idade adulta. O presente estudo pelo

menos sob aspecto morfológico ponderal confirma a teoria do "cérebro egoísta", um

paradigma recente que postula que, para manter estável seu próprio fornecimento

de energia, o cérebro modula o metabolismo da energia na periferia regulando tanto

a alocação quanto a ingestão de nutrientes. Neste trabalho, a ausência de

alterações ponderais encefálicas não está associada às intensas modificações na

composição citológica, particularmente hipocampal, nos diferentes grupos

experimentais. Embora pareça que as alterações nutricionais promovam alterações

irreversíveis ponderais na massa corporal, mas não no encéfalo e algumas de suas

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estruturas fundamentais, a composição e estrutura neuronal e sua recuperação a

partir de células primordiais, são profundamente modificadas pela restrição dietética

materna e, surpreendentemente, pela exposição ao ambiente enriquecido. Assim,

podemos afirmar que a teoria do cérebro egoísta explica a manutenção da massa

encefálica entretanto, a proporção dos diferentes tipos celulares é profundamente

alterada o que pode expandir nosso entendimento sobre a adaptação ao estresse e

a neuro-regeneração em estados neuro-comportamentais tidos como anormais.

Além disso, devemos ressaltar que, embora tenhamos observado redução

significativa no número de neurônios após o período de amamentação,

demonstramos pela primeira vez que este parâmetro é revertido pelo estimulo em

ambiente enriquecido.

Palavras-chave: Hipocampo; fracionamento; Neurogênese; Desenvolvimento Fetal;

Dieta com Restrição de Proteinas.

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ABSTRACT

The stress affects neural regions including gestational hippocampus, amygdala, corpus callosum, neocortex, cerebellum and hypothalamus and often results in a reduction in the volume of the tissues that make up these structures. The hippocampal gyrus training has been the subject of several studies due to its importance in neural plasticity in neurogenesis and regulation of cognitive processes. Thus, this study sought to assess the effects of protein restriction, during pregnancy and breastfeeding, on the structure of hippocampus, their duties on the memory and emotions (anxiety/fear) as well as on the cellular composition of this brain structure and influence over these morphological and behavioral parameters, the exposure of the offspring of male rats to the enriched environment. The findings of this study represent the pre and perinatal impact of malnutrition protein corresponding to situation of nutritional stress in the hippocampus, which is involved in emotional behavior as well as in memory and learning. The study revealed decoupling the behavioral test response and changes in the number of hipocampais neurons, as a consequence of fetal programming. The absence of basal changes in performance of these tests, occurred in spite of reduction in the number of neurons in the dentate gyrus of the hippocampus. Several authors have suggested that the observed atrophy in the hippocampus may be a compensatory response to protect the hippocampus of additional damage. We have demonstrated, for the first time, that maternal exposure to protein restriction during neural development of offspring cause important morphological changes in hippocampus may make these animals vulnerable to neural disorders in adulthood. The present study at least under morphological aspect by confirming the "selfish brain" theory, a recent paradigm that posits that in order to keep stable its own energy supply, the brain modulates the energy metabolism in the periphery by regulating both the allocation as the intake of nutrients. In this work, the unmodified brain mass, do not match with the intensity of cytological composition changes, particularly of the hippocampal nucleus, in different experimental groups. Although it seems that the nutritional changes promote irreversible changes in body mass, but not in the brain and some of its fundamental structures, composition and neuronal structure and its recovery from primordial cells, are deeply modified by the maternal dietary restriction and, surprisingly, by exposure to oxygen-enriched environment. Thus, we can affirm that the selfish brain theory explains the maintenance of brain matter however, the proportion of the different cell types is profoundly changed what can expand our understanding of the adaptation to stress and neuro-regeneration in neuro-behavioral States regarded as abnormal. Moreover, we must emphasize that, while we have observed a significant reduction in the number of neurons after the period of breastfeeding, we demonstrate for the first time this parameter is reversed by stimulus in enriched Keywords: neural ontogenesis, Cell Fractionation, gestational protein-restriction, rats offspring, fetal development

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Lista de Abreviaturas

11-HSD2 - 11--hidroxiesteróide desidrogenase tipo 2

ACTH - Adrenocorticotrofina

AE - Ambiente Enriquecido

CEMIB - Centro de Bioterismo da Universidade Estadual de Campinas

CEUA - Comissão de Ética na Experimentação Animal

COBEA - Colégio Brasileiro de Experimentação Animal

DCX - Doublecortina

DG - Giro Denteado

GC - Glicocorticoides

GR - Receptores Glico-

HD - Hipocampo Dorsal

HHPA - Eixo Hipocampo-Hipotálamo-Pituitária-Adrenal

HPA - Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal

HV - Hipocampo Ventral

LCE - Labirinto em Cruz Elevado

LP - Low Protein (ração hipoproteica)

LPP - LP Submetidos ao Ambiente Padrão

MR - Mineralocorticoide

NP - Normal Protein (ração normoproteica)

NPCs - Células Progenitoras Neuronais

NPE - NP Submetidos ao Ambiente Enriquecido

NPV – Núcleos paraventriculares

SGZ - Zona Subgranular

SNC - Sistema Nervoso Central

SVZ - Zona Subventricular

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Lista de Figuras

Figura 1.a – Anatomia do Hipocampo

Figura 1.b – Histologia Hipocampal

Figura 2 – Curvas de Crescimento Neural

Figura 3 – Desenho Experimental

Figura 4.a – Primeiro Modelo de Ambiente Enriquecido

Figura 4.b – Segundo Modelo de Ambiente Enriquecido

Figura 5 – Monitor de Atividades

Figura 6 – Labirinto em Cruz Elevado

Figura 7 – Discriminação de Objetos

Figura 8 – Massa dos Animais

Figura 9 – Massa do Encéfalo

Figura 10 – Massa do hipocampo

Figura 11 – Número de núcleos

Figura 12 – Porcentagem de Neurônios e Células da Glia

Figura 13 – Gráfico Representativo do Giro Denteado

Figura 14 – Imunoistoquímica no Giro Denteado

Figura 15 – Imunoistoquímica nas Regiões Subventriculares

Figura 16 – Resultados Monitor de Atividade

Figura 17 – Taxa de Variação

Figura 18 – Movimentos Estereotipados

Figura 19 – Deslocamento

Figura 20 – Resultados Labirinto em Cruz Elevado

Figura 21 – Bolos Fecais

Figura 22 – Resultados Discriminação de Objetos

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Lista de Tabelas

Tabela 1 – Ingredientes da Ração

Tabela 2 – Valores do Monitor de Atividade

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Sumário

Resumo......................................................................................................... xi

Abstract......................................................................................................... xiii

1. Introdução................................................................................................. 1

1.1 Hipocampo........................................................................................... 5

1.2. Neurogênese no Hipocampo de Roedores Adultos............................ 7

1.3 Eixo Hipocampo-Hipotalamo-Pituitaria-Adrenal (HHPA)...................... 9

1.4. Ambiente Enriquecido.......................................................................... 10

2. Justicativa e Objetivos............................................................................. 13

2.1 Objetivos Específicos............................................................................ 14

3. Materiais e Métodos.................................................................................. 15

3.1 Animais................................................................................................. 15

3.2 Composição dos Grupos...................................................................... 15

3.3 Ambiente Enriquecido...........................................................................16

3.4 Teste do Monitor de Atividades............................................................ 18

3.5 Teste do Labirinto em Cruz Elevado.................................................... 19

3.6 Teste de Discriminação de Objetos...................................................... 20

3.7 Fracionamento...................................................................................... 21

3.8 Imunoistoquímica.................................................................................. 22

3.9 Análise estatística................................................................................. 23

4. Resultados................................................................................................. 25

4.1 Imunoistoquímica.................................................................................. 28

4.2 Teste do Monitor de Atividades............................................................. 33

4.3 Teste do Labirinto em Cruz Elevado..................................................... 36

4.4 Bolos Fecais......................................................................................... 37

4.5 Teste de Discriminação de Objetos...................................................... 38

5. Discussão................................................................................................... 39

6. Conclusão................................................................................................... 59

7. Referências Bibliográficas........................................................................ 63

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1. INTRODUÇÃO

A desnutrição em todas as suas formas (subnutrição, deficiências de micronutrientes

e excesso de peso e obesidade) impõe custos econômicos e sociais inaceitavelmente

elevados para os países, independentemente dos níveis de renda e regimes de governo.

Estimativas mais recentes da FAO indicam que 12,5% da população mundial (868

milhões de pessoas) apresentam subnutrição calórica, no entanto, estes números

representam apenas uma fração dos níveis globais de desnutrição em populações

humanas. Estima-se que 26% das crianças do mundo apresentam raquitismo, 2 bilhões

de pessoas sofrem deficiência de um ou mais micronutrientes e 1,4 bilhão de pessoas

apresentam excesso de peso, dos quais 500 milhões são obesas (FAO, 2013). Além dos

efeitos diretos às pessoas que sofrem desnutrição, no caso de gestantes, efeitos

dramáticos sobre a prole alteram o desenvolvimento embrionário e fetal, determinando a

suscetibilidade de doenças na idade adulta. Este fenômeno, denominado programação

fetal, é o processo pelo qual modificações ambientais intrauterinas ou durante a tenra

infância, molda, em longo prazo, a fisiologia de órgãos e tecidos e, a homeostase

corporal (LANGLEY-EVANS, 2004). Assim, tem sido proposto a associação entre o baixo

peso ao nascer, o crescimento infantil e manifestações subsequentes de doenças

principalmente, na idade adulta, como processo pelo qual um estímulo ou injúria durante

períodos críticos do crescimento e desenvolvimento afetam permanentemente, estruturas

e funções teciduais (LUCAS, 1991).

As primeiras evidências de programação datam de 1964, quando Rose descreveu

alto risco de isquemia cardíaca em indivíduos cujos irmãos foram abortados ou morreram

na infância. Fordshal, em 1967 observou que em regiões da Noruega com alto índice de

mortalidade infantil os índices de morte por doenças cardiovasculares eram também

elevados. A década de 1980 é rica em estudos associando mortalidade por doenças

cardiovasculares e eventos adversos ocorridos na primeira fase da infância. No entanto,

o termo “programação fetal” foi usado pela primeira vez em 1991, por Alan Lucas, que

define programação como “resposta permanente de um organismo a um estímulo ou

insulto durante um período crítico do desenvolvimento”.

Observações feitas a partir do período histórico conhecido como Fome Holandesa

permitiram examinar a relação entre a exposição pré-natal à restrição alimentar e sua

associação com doenças psiquiátricas, incluindo transtornos afetivos. Provocada pelo

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bloqueio nazista no último ano da Segunda Guerra Mundial, a fome grassou a partir de

outubro de 1944, se agravando gradativamente ao longo dos meses seguintes, afetando

principalmente, cidades da Holanda ocidental. De fevereiro à abril de 1945, a fome

atingiu o seu pico causando elevada mortalidade, e estando associada a futura baixa

fertilidade e comprometimento de nascimentos viáveis (STEIN et al., 1975). A

disponibilidade de extensa documentação sobre os hábitos alimentares e uma excelente

base de dados médicos sobre desordens psiquiátricas, tem permitido uma avaliação

epidemiológica inédita da subnutrição associada a transtornos psiquiátricos (BROWN et

al., 2000). Brown et al (2000) relacionou a exposição pré-natal à fome com transtornos

afetivos na idade adulta. Susser e Lin, 1992, deste mesmo grupo, apresentaram um

relatório sobre transtornos psiquiátricos estabelecendo um risco duas vezes maior de

desenvolvimento de esquizofrenia na população exposta a fome severa no início da

gestação.

O desequilíbrio nutricional materno leva a alterações que permitem a

sobrevivência da prole, embora seus efeitos, em longo prazo, promovam alterações na

função cardiovascular, renal, respiratória, endócrina e em componentes do sistema

nervoso central (BARKER, 1995; FOWDEN et al., 2006). Assim, evidências demonstram

que algumas doenças no adulto podem ser induzidas pela manipulação do ambiente fetal

(BARKER, 1998; NYIRENDA et al., 1998) e ainda comprovam que, quando um feto ou

neonato é exposto a um ambiente não usual durante rápida fase de crescimento, as

respostas adaptativas podem se tornar permanentes. Desta forma, tem sido estabelecido

que não somente fatores genéticos, mas também mecanismos epigenéticos orquestrados

pelo ambiente moldam desde a fase intrauterina, o perfil de saúde e a propensão às

doenças ao longo da vida. Estudos apontam ainda que as implicações da manipulação

do ambiente fetal podem não estar limitadas à primeira geração, prolongando os efeitos

da programação pelas gerações subsequentes (DRAKE et al., 2004).

Embora alguns efeitos nutricionais sejam consequência direta da alteração na

disponibilidade de substrato, parte desses resultados se deve à mediação hormonal, que

pode alterar o desenvolvimento de tecidos fetais específicos em períodos críticos do

desenvolvimento, levar a mudanças permanentes na secreção hormonal ou à

sensibilidade tecidual a hormônios (BARKER, 1998).

Os glicocorticoides são os principais hormônios relacionados à homeostase em

condições de estresse físico, psicológico ou nutricional. Muitas características da

exposição excessiva a glicocorticoides sugerem seu possível papel na programação de

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desordens metabólicas e cardiovasculares. Os receptores de glicocorticoides são

altamente expressos em quase todos – senão todos – os tecidos fetais a partir do

segundo trimestre gestacional (DIAZ et al., 1998; COLE et al., 1995), assim como na

placenta e nas membranas fetais. O tratamento de ratas prenhas com baixas doses de

dexametasona, glicocorticoide sintético usado na prática da obstetrícia, reduz o peso ao

nascer e eleva a pressão arterial sanguínea na prole adulta (BENEDIKTSSON et al.,

1993).

Embora os glicocorticoides sejam em sua maioria lipofílicos e rapidamente

atravessem a placenta, normalmente o feto tem níveis fisiológicos muito menores de

glicocorticoides do que sua progenitora (CAMPBELL e MURPHY, 1977). Essa diferença

é garantida pela enzima 11--hidroxiesteróide desidrogenase do tipo 2 (11-HSD2)

placentária, que catalisa o rápido metabolismo do cortisol e da corticosterona para

inativá-las nas formas 11-ceto cortisona e 11-desidroxicorticosterona, respectivamente

(MURPHY et al., 1974; LOPEZ-BERNAL et al., 1980). Essa barreira enzimática

placentária garante que a maioria, mas nem todos os glicocorticoides maternos sejam

inativados, de forma que o cortisol fetal circulante seja, em teoria, apenas aquele

derivado das adrenais do feto (BENEDIKTSSON et al., 1997). No entanto, a eficiência da

11-HSD2 placentária varia consideravelmente tanto em humanos quanto em ratos

(BENEDIKTSSON et al., 1993; STEWART et al., 1995). Sugere-se que em diferentes

modelos de programação fetal ocorra deficiência relativa de 11-HSD2 placentária,

permitindo o acesso ao feto aos glicocorticoides maternos, promovendo assim retardo no

crescimento da prole e, uma possível resposta de programação relacionada a doenças

cardiovasculares, metabólicas e psiquiátricas futuras (EDWARDS et al., 2005). De fato,

experimentos em ratos, tem confirmado que uma menor atividade da 11-HSD2

placentária, e presumivelmente, a maior exposição fetal a glicocorticoides resulta em

fetos menores com placentas maiores.

A associação entre o peso ao nascer e a 11-HSD2 placentária foi verificada em

humanos (STEWART et al., 1995), embora nem todos os estudos tenham confirmado

essa observação (ROGERSONET al., 1997). No entanto, mutações deletérias do gene

da 11-HSD2, em humanos, estão associadas com baixo peso ao nascer (DAVE-

SHARMAET al., 1998). Além disso, marcadores bioquímicos de exposição fetal a

glicocorticoides estão relacionados com a redução da função da 11-HSD2 placentária

próximo ao nascimento (BENEDIKTSSONET al., 1995).

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Em mamíferos, a organização morfológica e funcional do sistema nervoso central

(SNC) é estabelecida durante os períodos pré e pós-natais, envolvendo síntese de

componentes celulares, neurogênese, gliogênese, diferenciação e migração celular.

Estes processos são afetados por diversos fatores ambientais, tais como a nutrição

materna e aspectos comportamentais, podendo acarretar, em longo prazo, alterações na

função cerebral da prole (MATOS et al., 2011). Crianças expostas a má nutrição em

períodos perinatais apresentam déficits cognitivos (GALLER AND RAMSEY, 1989;

WALKER et al., 2000) e elevado risco de desenvolverem desordens psiquiátricas, tais

como depressão (BROWN et al., 2000; COSTELLO et al., 2007) e esquizofrenia

(WAHLBECK et al., 2001; BROWN AND SUSSER, 2008).

A grande plasticidade da população neuronal durante o desenvolvimento pós-natal

sugere que os mecanismos de regulação que geram as diversas populações neuronais

adultas em evolução não estão restritos ao período embrionário (BANDEIRA et al., 2009).

No homem, a ontogênese encefálica cessa após o nascimento, entretanto, no rato, ela

continua até o 14° dia de vida. (AVISHAI-ELINER et al, 2002; ROMIJN et al, 1991)

Segundo a literatura vem mostrando, uma dieta adequada e equilibrada é um dos

principais fatores para a maturação do sistema nervoso central (SNC), e por conseguinte,

do estabelecimento de padrões comportamentais (MORGANE et al., 1993;

WAINWRIGHT, 2001). Muitos estudos têm sido realizados para compreender os efeitos

da desnutrição materna durante a gestação e, durante a lactação, sobre o

desenvolvimento físico, neuroquímico, neurofisiológico e comportamental da prole na

idade adulta. Esse estudos afirmam que quanto mais cedo o insulto dietético, mais grave

e permanente serão os seus efeitos (MORGANE et al., 1992).

Estudos mostram que o stress materno durante o desenvolvimento do cérebro fetal

humano provoca profundos efeitos neurobiológicos sobre o desenvolvimento pós-natal,

levando ao atraso do crescimento fetal (CLIVER et al., 1992) e do desenvolvimento motor

(HUIZINK et al., 2003), aumentando a susceptibilidade de perturbações afetivas em

crianças e adolescentes (WADHWA et al, 2001; WALKER et al, 2008)

Estudos em modelos animais submetidos a má nutrição gestacional, têm

demonstrado que a prole adulta apresenta significativo déficit de aprendizado e memória

(TONKISS AND GALLER, 1990; FUKUDA et al., 2002). Adicionalmente, estes animais

apresentam excessiva resposta a fatores estressantes (TRZCTNSKA et al., 1999; LEVAY

et al., 2008) e predisposição à adição de drogas psicotrópicas (LAINO et al., 1993;

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ALMEIDA et al., 1996). Ainda não são conhecidos os mecanismos celulares e

moleculares envolvidos nestes distúrbios neuro-comportamentais.

Sabemos que a desnutrição proteica no início da vida acarreta mudanças

duradouras na estrutura e na neuroquímica no sistema nervoso central, assim como

anomalias comportamentais (DOBBING, 1987: WIGGINS et al., 1984; MORGANE et al.,

1978). Estudos em ratos indicam que, quando a desnutrição é imposta durante o período

embrionário, esta pode alterar o desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC),

especialmente a plasticidade do hipocampo (CINTRA et al., 1997; KEHOE et al., 2001;

DURAN et al., 2006). Sabemos também, que a desnutrição proteica pode causar um

decréscimo no número de receptores de glicocorticoides no hipocampo, alterar a

sensibilidade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) e, consequentemente, a

resposta do organismo ao estresse (KEHOE et al., 2001; MESQUITA et al., 2002;

LISTER et al., 2005; SAMPAIO et al., 2008).

1.1 Hipocampo

A formação hipocampal é funcional e anatomicamente dividida em porção dorsal,

cuja função está relacionada à memória, e porção ventral relacionada com as emoções

(BANNERMAN et al., 2004, figura 1a). Recentemente, Bannerman e colaboradores

(2014) demonstraram que a porção ventral está relacionada com a manifestação de

ansiedade (figura 2). Histologicamente o hipocampo é dividido nos subcampos CA1, CA3

e giro denteado (SCHARFMAN, 2007, figura 1b)

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Figura 1: Em A, temos um esquema representativo da divisão funcional do hipocampo. Em

B, uma fotomicrografia de um corte histológico mostrando os diferentes subcampos

histológicos hipocampais (BANNERMAN et al., 2014 figura 1a; Neal Melvin 2007, figura 1b).

Em roedores o desenvolvimento do hipocampo persiste após nascimento

até a terceira semana de vida (MORGANE et al., 1993, figura 2) embora, a

diferenciação e organização de seus neurônios ocorra entre o 17º e o 22º. De

gestação (BAYER, 1980). No giro denteado a neurogênese continua até a vida

adulta (ALTMAN e DAS, 1965).

Figura 2. Curvas de crescimento representando o aparecimento dos diversos tipos celulares

neurais em ratos (adaptado de Morgane et al, 2002).

CA1

CA3Giro

Dorsal:memória espacial

Ventral: ansiedade

A B

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1.2 Neurogênese no hipocampo de roedores adultos

A formação hipocampal e a zona subventricular (SVZ) dos ventrículos laterais

são regiões onde grandes números de novos neurônios continuam a ser produzidos

na vida adulta. As células que originam no SVZ migram para o bulbo olfatório e se

diferenciam em interneurônios locais, enquanto que no hipocampo, novos neurônios

tem origem na zona subgranular (SGZ) do giro denteado (DG) a partir de uma

população local de células radiais que, atuam como células progenitoras neuronais

(NPCs). Através de processos de proliferação, diferenciação neuronal, migração,

crescimento dos dendritos e do axônio e formação de sinapses, em três semanas

as NPCs se apresentam integradas à rede neuronal do DG como células granulares

e estendem projeções axonais ao longo das fibras de Mossy para a região CA3

hipocampal (STANFIELD AND TRICE, 1988; HASTINGS AND GOULD, 1999).

Embora a importância da neurogênese hipocampal no adulto não seja totalmente

compreendida, várias linhas de evidência indicam que ela contribui para a formação

da memória e pode estar envolvida no desenvolvimento de desordens psiquiátricas

(DAVID et al., 2010; DENG et al., 2010).

A neurogênese é a formação de novos neurônios e pode ser dividida em diversos

processos independentes. Estes processos incluem a proliferação de células

progenitoras, a diferenciação destas progenitoras em neurônios, a maturação dos

neurônios recém-nascidos e a integração desses neurônios à circuitos neurais pré-

existente (CHRISTIE e CAMERON, 2006; KEMPPERMANN, 1997). Em todas estas

etapas pode ocorrer morte celular (PETREANU e ALVAREZ-BUYLLA, 2002). A

proliferação e a morte celular são dois processos regulados de forma independente,

porém o balanço entre estes dois eventos determinam a taxa de geração dos novos

neurônios e da renovação de circuitos neurais (CHRISTIE e CAMERON, 2006).

O hipocampo é uma estrutura cerebral relacionada com: a emoção, memória e

aprendizado espacial. Sua estrutura é dividida em duas porções: o hipocampo

ventral (HV) e o hipocampo dorsal (HD). Esta separação é feita de acordo com sua

funcionalidade descrita na literatura (FANSELOW e DONG, 2010). No

processamento de informações, o HD seria responsável pela memória espacial,

enquanto o HV seria responsável pelas respostas ao estresse e emoções

(FANSELOW e DONG, 2010). O hipocampo consiste no corno de Ammon (CA, de 1

a 4) e no GD (CAMPBELL e MACQUEEN, 2004). O GD encontra-se ao longo de

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todo o hipocampo e a neurogênese ocorre em todo GD, portanto, qualquer parte do

hipocampo pode ser utilizada para avaliação da neurogênese (AIMONE et al.,

2010).

A proliferação é a divisão celular de células progenitoras pode dar origem a

células-filhas idênticas às progenitoras (para revisão ver ALVAREZ-BUYLLA et al.,

2002). A diferenciação é o comprometimento da célula-filha com o fenótipo ao qual

dará origem, glia ou neurônio. Cada uma dessas células diferencia-se, passando a

expressar proteínas específicas e, nesta fase, os neurônios expressam a

doublecortina (DCX). A DCX é uma proteína associada a microtúbulos, que é

expressa em precursores neuronais e neurônios imaturos, tanto no cérebro em

desenvolvimento quanto no adulto (BROWN et al., 2003). Depois das células já

estarem comprometidas com o fenótipo neuronal, elas migram para a região alvo

onde irão amadurecer e integrar-se à circuitos neurais já existentes (PETREANU e

ALVAREZ-BUYLA, 2002). Assim, as células formadas na ZSV migram para camada

granular do bulbo olfatório, enquanto as células formadas na ZSG do GD migram

para camada granular do GD do hipocampo. A maturação é o amadurecimento

dessas células. Nesta fase, o neurônio recém-formado desenvolve a árvore

dendrítica e inicia as conexões sinápticas com os neurônios já existentes.

Geralmente esta fase se dá dos 20 aos 30 dias após o nascimento desses

neurônios (BOHLEN AND HALBACH, 2007). Para que os neurônios possam

integrar-se à circuitos neurais existentes, é necessário sua sobrevivência em todas

estas etapas. PETREANU e ALVAREZ-BUYLLA (2002) verificaram um declínio na

contagem desses neurônios entre 15 e 45 dias após o nascimento, e que após 1

ano, apenas um terço destes são encontrados na camada granular. Para estudar

cada uma das fases da divisão a diferenciação celular foram desenvolvidos vários

marcadores celulares para identificação dessas etapas (para revisão ver BOHLEN

AND HALBACH, 2007). Com o desenvolvimento destas técnicas para detecção de

marcadores foi possível acompanhar as diferentes etapas da neurogênese. As

diversas fases da neurogênese no GD do hipocampo de ratos e camundongos

adultos são afetadas por eventos externos ao organismo, tais como, o

enriquecimento ou empobrecimento ambiental (KEMPERMANN et al., 1998; MESHI

et al., 2006, LLORENS-MARTÍN et al., 2007).

A exposição a um ambiente enriquecido (AE) estimula (induz) a neurogênese

hipocampal em camundongos adultos (KEMPERMANN et al., 1998; MESHI et al.,

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2006, LLORENS-MARTÍN et al., 2007) e produz efeitos comportamentais

semelhantes ao de fármacos antidepressivos (MESHI et al., 2006). Desta forma,

parece que a neurogênese hipocampal é um importante fenômeno associado a

modificações do comportamento em camundongos adultos expostos a estímulos

aversivos (SANTARELLI et al., 2003; SURGET et al., 2008). No entanto, não está

bem determinado se a exposição a ambiente enriquecido modifica a resposta

depressiva e/ou afeta a neurogênese que ocorre no GD do hipocampo de

camundongos adultos. Ou ainda se, este processo, é importante para os efeitos

comportamentais em ratos originários de mães submetidas à desnutrição proteica

durante a gestação.

1.3 Eixo Hipocampo-Hipotalamo-Pituitaria-Adrenal (HHPA)

Em ratos, existem evidências de que a função pós-natal do eixo hipocampo-

hipotalamo-pituitaria-adrenal (HHPA) pode ser alterada por eventos intrauterinos.

Tais alterações podem ocasionar, no adulto, exposição cronicamente aumentada a

elevados níveis de glicocorticoides (GC) ou exacerbação na resposta ao estresse.

Essas alterações são geralmente atribuídas à modificações na taxa de

realimentação de esteroides, condicionado pelo nível de expressão de genes para

receptores de GC, incluindo receptores glico- (GR) e mineralocorticoide (MR)

hipocampais. Paralelamente, ocorrem alterações em outros neurotransmissores em

várias outras partes do cérebro (para revisão ver WELBERG, 2001).

O hipocampo contém grande quantidade de receptores corticosteroides que são

importantes reguladores de seu processo de realimentação negativa (DE KLOET et

al, 1998; JACOBSON e SAPOLSKY, 1991). Alterações na expressão destes

receptores podem causar, em longo prazo, modificações dos níveis centrais de

CRH causando elevação dos níveis plasmáticos de adrenocorticotrofina (ACTH) e

de GC.

Estudos têm demonstrado que a exposição de animais ao estresse crônico pode

promover alterações permanentes na formação hipocampal, como atrofia de corpos

neuronais e remodelamento dendrítico, morte neuronal e gliose, especialmente na

região C3. Estes efeitos observados no hipocampo são dependentes da ação de

glicocorticoides e expressão de seus receptores, o que desencadeará efeito em

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cascata alterando a expressão de neuroaminoácidos que atuam como mediadores a

jusante do remodelamento dendrítico (RADLEY et al., 2005).

Os corticosteroides, atuando através de dois receptores distintos, influenciam não

somente a proliferação e morte celular, mas também, provavelmente, a

diferenciação celular. A ocupação dos MR parece ser essencial para a

sobrevivência dos neurônios granulares gerados. Em contrapartida, enquanto os

GR podem induzir perda de neurônios na ausência de ativação de MR, parece que

a ação de mineralocorticoides ligados a seus receptores normalmente, promove

menos efeitos drásticos sobre a estrutura hipocampal envolvendo apenas atrofia

dendrítica e perda de contatos sinápticos (Revisto em SOUSA E ALMEIDA 2002).

Recentemente, estudos em nosso laboratório demonstraram que ratos machos

adultos, cujas mães foram submetidas à restrição proteica durante toda a gestação,

apresentam alterações na expressão hipocampal de GR e MR paralelamente ao

aumento na concentração sérica de corticosterona nos levando a supor que estes

estão envolvidos na resposta exacerbada do eixo HHPA observada neste modelo.

Adicionalmente, este estudo mostrou uma redução no hipocampo da expressão de

receptores AT1 o que nos leva a supor que ocorra uma adaptação

contrarregulatória no sentido de atenuar a resposta exacerbada ao estresse.

Recentemente, observamos ainda redução na expressão de 5HT1A e aumento de

5HT2A no hipocampo e aumento do comportamento de ansiedade (dados não

publicados). Estas alterações neuroquímicas podem induzir consequências

importantes na gênese de distúrbios de ansiedade e de humor bem como da

depressão. Matos et al. (2011) examinaram o processo de neurogênese no

hipocampo de ratos adultos expostos a restrição de nutrientes (50% da quantidade

de ração consumida pelos animais controle) nos períodos pré-natal e/ou neonatal

e encontraram redução na proliferação celular mas não na diferenciação das

novas células geradas.

1.4 Ambiente enriquecido

O ambiente enriquecido (AE) é composto por uma combinação de estímulos

inanimados e sociais complexos. Animais em ambientes enriquecidos são criados

em grandes grupos e mantidos em grandes espaços com uma variedade de

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objetos ofertados (por exemplo, brinquedos, túneis, material de nidificação e

escadas) e que são frequentemente modificados na sua disposição. Um

componente importante do ambiente enriquecido é a oportunidade de alcançar

altos níveis de atividade física voluntária em rampas ou rodas giratórias

(HOSSEINY et al., 2014)

Muitos estudos mostram que o AE provoca mudanças no cérebro em nível

molecular, anatômico e funcional (Sale et al. 2009). A exposição ao AE promove

aparecimento de efeitos benéficos em modelos animais de desordens do sistema

nervoso, incluindo as doenças neurodegenerativas, lesão cerebral e mutações que

comprometem a plasticidade sináptica e ao aprendizagem. (Young et al. 1999; Ilin

e Richter-Levin 2009; Nithianantharajah e Hannan 2006; Baroncelli et al. 2010).

O AE vem demonstrando ter um efeito benéfico sobre uma variedade de

processos fisiológicos, como a melhora da aprendizagem e da memória, assim

como a redução do declínio cognitivo, tipicamente associado com o

envelhecimento (Sale et al., 2009).O ambiente enriquecido também contribui para

o aumento da sinaptogênese no hipocampo, o aumento do número de espinhas

dendríticas e de sinapses em algumas populações neuronais (Moser et al 1994;.

Rampon et al 2000).

Estudos mostram que perturbações da 4ª a 6ª semana de vida, em ratos, são

cruciais para determinar a função do hipocampo na idade adulta (Guo et al. 2013).

O AE promove uma série de mudanças no hipocampo que, por ser uma estrutura

cerebral altamente adaptável, desempenha um papel crucial no aprendizado. Foi

visto também, no giro denteado do hipocampo, que a exposição ao AE aumenta a

neurogênese e reduz a morte celular por apoptose (Nithianantharajah e Hannan

2006;. Kempermann et al 1997, 2002).

Assim, no presente trabalho estamos interessados em investigar se a prole

de ratas submetidas à restrição proteica gestacional apresenta alterações

comportamentais e se estas estão associadas a modificações da neurogênese do

hipocampo de ratos adultos in vivo. Além disso, queremos investigar se o

enriquecimento ambiental, outro estímulo indutor de neurogênese hipocampal,

modificaria estas possíveis alterações comportamentais e a própria neurogênese

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2. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

Tendo em vista a fundamentação apresentada acima o desenvolvimento do

presente projeto se JUSTIFICA pela:

Prevalente desnutrição materno-infantil, com evidentes repercussões sobre a saúde

de populações e, a merecida preocupação para o desenvolvimento de políticas de

saúde publica que minimizem os efeitos desta em países desenvolvidos e em

desenvolvimento;

Conhecida repercussão fetal da desnutrição materno-infantil em períodos críticos do

desenvolvimento ontogênico, vinculada à manifestação programada de alterações

no desenvolvimento morfológico e funcional de órgãos e sistemas;

A programação fetal por desnutrição altera a função pós-natal do eixo HHPA

podendo ocasionar, no adulto, exposição aumentada cronicamente a

glicocorticoides (GC) ou exacerbação na resposta ao estresse;

Essas alterações são geralmente atribuídas a modificações na taxa de

realimentação de esteroides, condicionado pelo nível de expressão de genes para

receptores de GC;

O hipocampo e contêm MR e GR que são ativadas por estresse e contribuem para

o controle neural da resposta endócrina e comportamental de adaptação ao

estresse

Os corticosteroides modulam alterações estruturais tanto no volume quanto na

estrutura fina (por ex: número de sinapses e morfologia dendrítica) hipocampais e

do MPFC;

Evidências que tais alterações estão relacionadas a modificações definitivas da

modulação do sistema nervoso central.

Assim, são OBJETIVOS GERAIS do presente projeto estudar, em ratos

submetidos in útero a desnutrição comparativamente aos seus controles:

Os efeitos da restrição proteica gestacional sobre a neurogênese constitutiva e

induzida e no número de neurônios e gliócitos no hipocampo relacionando estes

achados ao comportamento da prole de ratos machos. Adicionalmente

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observaremos se estes parâmetros são modificados pela exposição dos animais

ao ambiente enriquecido.

2.1. Objetivos Específicos

1. Avaliar os efeitos da desnutrição proteica materna sobre:

- O comportamento dos animais estudado por testes específicos;

- O número de células em proliferação e dos neurônios novos no giro

denteado do hipocampo;

2. Avaliar os efeitos do tipo de ambiente sobre:

- O comportamento dos animais estudado por testes específicos;

- O número de células em proliferação e dos neurônios novos no giro

denteado do hipocampo.

3. Correlacionar os resultados dos testes comportamentais com o número de células

em proliferação celular e o número de neurônios.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Animais

Foram utilizados ratos Wistar HanUnib machos e fêmeas (250-300 g)

provenientes do Centro de Bioterismo da Universidade Estadual de Campinas, SP

(CEMIB). Os experimentos estavam de acordo com as normas do Colégio Brasileiro

de Experimentação Animal (COBEA) e foram aprovados pela Comissão de Ética na

Experimentação Animal (CEUA #3634-1) da Universidade Estadual de Campinas.

Os animais foram mantidos no biotério com temperatura e umidade

controlada com ciclo de luz 12h/12h, com água e ração padrão para roedores ad

libitum até completarem onze semanas de idade, quando teve início o período de

acasalamento. Os mesmos foram acasalados em sistema de harém (dois ou três

fêmeas para cada macho) por 12 horas em ambiente escuro. A presença de

espermatozoide no lavado vaginal foi utilizada como indicativo de prenhez.

3.2. Composição dos grupos experimentais

Após a confirmação da prenhez as fêmeas foram divididas em dois grupos.

Um grupo recebeu ração normoproteica (NP – Normal protein), contendo 17% de

caseína (n=40) e outro grupo recebeu ração hipoproteica (LP – Low protein)

contendo 6% de caseína (n=40) (veja Tabela 1 para composição da Dieta). As

fêmeas foram alocadas em caixas individuais. As dietas normoproteica e

hipoproteíca foram produzidas pela Pragsoluções Biociências, Jaú, SP. Após o

nascimento a ninhada foi reduzida mantendo oito filhotes por rata e somente os

machos foram utilizados. Durante a amamentação as ratas continuaram a ser

alimentadas com as rações NP e LP. Após o desmame, após a terceira semana do

nascimento, os animais passaram a ser alimentados com dieta padrão do biotério e

foram formados os seguintes grupos: (1) animais do grupo NP submetidos ao

ambiente padrão (NPP, n=20); (2) animais do grupo NP submetidos ao ambiente

enriquecido (NPE, n=20); (3) animais do grupo LP submetidos ao ambiente padrão

(LPP, n=20) e, (4) animais do grupo LP submetidos ao ambiente enriquecido (LPE,

n=20, figura 4). Após 21 dias no ambiente padrão ou enriquecido os animais foram

submetidos aos testes comportamentais como descrito abaixo.

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3.3. Ambiente enriquecido

Nos primeiros 41 dias de vida, após amamentação, os animais permaneceram

em gaiolas para “pets” coloridas e compostas por diversos tubos, rampas e rodas

para exercício de animais. Objetos de madeira coloridos eram ofertados para

exploração (Figura 4A). Aos 53 dias de vida os ratos já haviam crescido e, por este

motivo foram transferidos para gaiolas com tubos e brinquedos maiores, nas quais

permaneceram por mais dez dias (Figura 4).

Figura 3. Esquema do desenho experimental

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Figura. 4 Ambientes enriquecidos utilizados nos primeiros 11 dias (A) e nos próximos 10 dias (B).

Tabela 1: Quantidade para 1 kg de dieta.

INGREDIENTES NORMAL PROTEIN 17% BAIXA PROTEÍNA 6%

Amido de milho 410,10 484,80

Caseína 188,90 66,70

Amido dextrinizado 130,50 159,00

Sacarose 100,00 121,00

Óleo de soja 70,00 70,00

Celulose microcristalina 50,00 50,00

Mix mineral AIN 93 35,00 35,00

Mix vit AIN 93 10,00 10,00

L cistina 3,0 3,0

Bitartarato de colina 2,5 2,5

BHT 0,014 0,014

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Testes Comportamentais

3.4. Teste de Monitoramento de Atividade

Como no teste do campo aberto esse equipamento é apropriado para

demonstrar possíveis diferenças entre animais normais e animais com alterações no

sistema nervoso central (SNC), em termos de suas habilidades para adquirir e

utilizar informação espacial, bem como para habituação a um novo ambiente que

impõe situação de medo e estímulo à emoções. As caixas de atividade (INSIGHT®)

são dotadas de seis barras com 16 sensores infravermelhos que detectam e

monitoram a posição relativa do animal nestas caixas (Figura 5). Durante o

experimento o registro e posição dos animais ponto a ponto e registrado e

armazenado por software especifico, permitindo análise detalhada do

comportamento destes animais. As principais análises efetuadas foram: distância

percorrida pelo animal, velocidade média, tempo de repouso, movimentos

ambulatórios, movimentos instáveis (ou estereotipados), movimentos rotacionais e o

número de pulos e de permanência em posição ortostática.

Para a adequada observação comportamental, os animais foram colocados

em ambiente com completo silêncio e baixa luminosidade, no centro do monitor

durante 5 minutos e seus movimentos foram registrados por 5 minutos. Ao final de

cada sessão experimental, foi também verificado o número de bolos fecais (também

definido como evidência de ansiedade ou medo) (HILL, 2006; LAUND, 2005) e, em

seguida o equipamento foi higienizado com álcool etílico 5% v/v, para retirar o

cheiro do animal anterior.

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FIGURA 5. Monitor de atividades

3.5. Teste em Labirinto em cruz elevado

O estado de ansiedade dos animais foi avaliado no labirinto em cruz elevado

(LCE) em ambiente com completo silêncio e baixa luminosidade. Este teste

comportamental foi descrito por Pellow & Chopin (1985), e convalidado por Pellow &

File (1986), para o estudo de drogas ansiolíticas e ansiogênicas em ratos. Este teste

fundamenta-se na aversão dos roedores a espaços abertos e altos, o que acarreta

estimulação tanto dos centros do medo como da exploração, sendo interpretado

como indutor da ansiedade. Os animais foram colocados na arena central do

labirinto (Figura 6) com a cabeça voltada para o espaço fechado e sensores

localizados nos diferentes seguimentos dos braços, detectam o número de vezes e

o tempo em segundos que o animal entrava e permanecia nos braços abertos e

fechados e na arena central durante período de 5 minutos de observação. O índice

de ansiedade é definido e corresponde à razão entre o número de entradas e tempo

de permanência nos braços abertos e o número total de entradas e tempo de

permanência nos dois braços (Pellow, 1985). Os resultados obtidos foram

armazenados e analisados por software específico para o experimento. Ao final de

cada sessão, o aparelho era higienizado com álcool etílico 5% v/v, para retirar o

cheiro do animal anterior.

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Figura 6. Labirinto em Cruz Elevado

3.6. Teste de discriminação de objeto novo:

No primeiro dia foi executada a ambientação dos animais que permaneceram

em uma caixa acrílica durante 3 minutos no período da manhã e mais 3 minutos no

período da tarde. No dia seguinte, pela manhã, os animais foram colocados na

mesma caixa contendo dois objetos iguais (fase de familiarização, figura 7 A)

durante 5 minutos. Para testar a memória de curto prazo, após um período de 3

horas um dos objetos foi trocado por um novo objeto (de cor e formato diferentes)

(Figura 7 B) e, durante 5 minutos, a exploração dos objetos foi filmada. Após 24

horas testamos a memória de longo prazo mantivemos um dos objetos familiar e

adicionamos outro objeto novo, também distinto em relação àqueles do teste

anterior (Figura 7 C), sendo a exploração filmada durante 5 minutos. Ao final de

cada sessão, o aparelho era higienizado com álcool etílico 5% v/v, para retirar o

cheiro do animal anterior. Consideramos que o animal estava explorando o objeto

quando este se aproximava com o focinho a uma distância de cerca de 1 centímetro

do objeto. O tempo (t) de exploração de cada objeto foi registrado e a razão de

discriminação (D) foi calculada como: a razão entre o tempo de exploração do

objeto novo subtraído do tempo de exploração do objeto familiar em relação ao

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tempo total de exploração dos dois objetos e expressado percentualmente, (Stuart

et al., 2013), de acordo com a seguinte fórmula:

D= (t [novo]-t [familiar]) / (t [novo] +t [familiar]) *100

Figura 7. Teste de discriminação de objeto novo. As figuras A, B e C

representam os objetos utilizados nos períodos de familiarização, memória de curto

e longo prazo, respectivamente.

3.7. Fracionamento Isotrópico

Para avaliar o número de células do hipocampo, especificamente a

quantidade de neurônios, utilizamos a técnica denominada fracionamento

isotrópico (HERCULANO-HOUZEL, S e LENT, R. 2005).

Três filhotes machos de cada grupo, com idade de 42 dias de vida,

foram perfundidos com salina heparinizada e, em seguida, com solução de

paraformaldeído 4% em tampão fosfato 0,1M, pH 7.4. Os hipocampos foram

dissecados, pesados e submetidos ao fracionamento em um vidro

homogeinizador com 3mL de solução de dissociação (40mM de citrato de

sódio e 1% de triton X-100). Assim que o tecido apresentou-se perfeitamente

homogeneizado na solução de dissociação, com auxilio de uma pipeta

Pasteur foi transferido para tubos de centrifugação graduados e o volume

final (vf) foi precisamente ajustado com PBS 0,1M para 14mL.

Para determinar o número total de núcleos e de núcleos de neurônios,

homogeneizamos, manualmente, 20 vezes a solução por tombamento,

imediatamente uma alíquota de 1mL foi retirada e centrifugada por 5’ a

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6000rpm. O sobrenadante foi descartado e o pellet foi suspendido para 1mL

com PBS. Este procedimento foi repetido três vezes.

Após a última lavagem o pellet foi suspendido e encubado à

temperatura ambiente por 24hr com anti-NeuN mouse lgG (1:200 em PBS;

Chermicon, Temecula, CA). No dia seguinte a alíquota foi lavada três vezes e

os núcleos foram encubados com anticorpo secundário, Alexa Fluor® 488

goat Anti-Mouse lgG 3 (y3) (1:200 em 40% PBS, 10 NGS (normal Goat

Sorum) e 50% DAPI) por 2 horas. Novamente, os núcleos foram lavados e

suspendidos em 200µl de PBS para contagem dos núcleos de neurônios em

microscópio de fluorescência.

Após a homogeneização mecânica, uma alíquota de 10µl foi aplicada à

câmera de Neubauer. Após 5’ de espera, foi feita a leitura, contando

primeiramente os núcleos marcados com DAPI, tendo em vista que este

reagente marca todos os núcleos indiscriminadamente (endotélio, células da

glia, neurônios). Em seguida, trocou-se o filtro azul do microscópio pelo filtro

verde, realizando a contagem dos núcleos marcados com Alexa 488

(marcador de núcleos de neurônios).

A contagem do núcleo de neurônios só foi considerada válida para

marcações (DAPI e Alexa 488) que se sobrepunham. Para cada animal,

todos os núcleos, bem como os núcleos marcados por NeuN, foram contados

em 176 quadrantes. Cada quadrante contém 4nL, desta forma, o volume final

foi de 704nL. O número total de células e neurônios por grama de hipocampo

foi calculado da seguinte forma: Número total de núcleos * 1000000/704 =

núcleos em 2 ml. Dividindo por 2, teremos o total de núcleos por ml. Em

seguida, dividimos o número de células por ml pela massa do hipocampo,

obtendo assim, o número de células por grama.

3.8. Imunoistoquímica

Os animais (n = 3 por grupo) de cada grupo (NPP, NPE, LPP, LPE)

foram anestesiados com ketamina (75mg/kg) e xilasina (10mg/kg), através de

aplicação intraperitoneal. Os níveis de anestesia foram controlados pelo

monitoramento do reflexo corneal. A perfusão foi realizada com o auxílio de

uma bomba peristáltica de perfusão, mantendo-se a pressão média de

120mmHg. Cada animal foi perfundido por 15 minutos com solução salina

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heparinizada a 5% em temperatura ambiente e 20 minutos com solução de

paraformoldeído a 4%.

Após a perfusão, os encéfalos foram fixados por imersão em

paraformoldeído a 4% por 2 horas. Após a fixação, o material foi incluído em

paraplast e, através de um micrótomo rotativo, cortes de 5 µm foram

coletados em lâminas silanizadas. Os cortes histológicos, aderidos em

lâminas silanizadas foram desparafinizados e posteriormente submetidos a

recuperação antigênica no vapor, em tampão citrato, pH 6,0 por 30 min. Após

as lâminas esfriarem, foram realizadas lavagens em PBS (0,1M, pH 7,4) por

três vezes (5 minutos cada).

Findado este processo, os cortes foram incubados com anticorpos

primários SOX 2 Mouse (Sta. Cruz) com diluição de 1:200 e Ki-67 rabbit

(Abcam) com diluição de 1:200, diluídos em BSA 1%, overnight, sob

refrigeração. Após lavagem com PBS (4 vezes com intervalos de 5 minutos),

os cortes foram expostos ao anticorpo secundário específico, conjugado com

fluorocromos (Alexa 555 e 488) em temperatura ambiente, durante 2 horas.

Após lavagens sucessivas com PBS, a lâmina foi montada com vectashield

contendo DAPI. A análise das imagens foi realizada em microscópio confocal

a laser.

3.9. Análise Estatística dos Resultados

Os resultados experimentais foram expressos como média ± EPM.

Estabelecida à distribuição gaussiana dos resultados obtidos, procedeu-se a analise

estatística dos resultados utilizamos teste t de Student, teste de rank ou ANOVA

com post-hoc de Bonferroni quando apropriado para as comparações,

respectivamente de dois grupos ou mais de dois grupos analisados

simultaneamente. Em todos os testes o nível de significância adotado foi de 5% (P <

0,05).

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25

4. RESULTADOS

A prole de animais oriundos de mães submetidas à restrição proteica

gestacional, grupo LP, apresentou menor massa corporal no dia do nascimento

comparativamente aos animais NP (6.28 ± 0.57 g, n=76 vs. 6.19 ± 0.5 g, n=70) ,

no entanto, esta diferença não foi estatisticamente significativa (Figura 8). A partir

do sétimo dia de vida a diferença de peso entre os grupos foi significativa, sendo

que em LP o ganho de peso foi menor, comparativamente a NP, como mostra os

resultados de massa corporal no 7º (17.36 ± 2.06 g, n=34 vs. 10.84±1.9g, n=32),

14º (28.64 ± 4.5 g, n=67 vs. 16.06 ± 1.9 g, n=62) e 21º (49.58 ± 7.58 g, n=71

vs.22.27 ± 3.19 g, n=63) dia de vida (Figura 8). No 42º dia a diferença de peso foi

mantida, sendo que os animais NP submetidos ao ambiente enriquecido

apresentaram redução significativa da massa corporal comparativamente àqueles

mantidos no ambiente padrão (181.8 ± 5.5 g vs. 158.5 ± 7.3 g). Entre LPP e LPE

não houve diferença significativa (118.5 ± 2.4 g vs. 112.7 ± 3.9 g).

Quanto à massa encefálica, quando ponderada pela massa corporal dos

animais as diferenças relativas são significativas, já que o peso dos animais LP é

significativamente menor (NPP: 0.53 ± 0.04g; NPE: 0.63 ± 0,04g; LPP: 0.76 ±

0.06g; LPE: 0.79 ± 0.07g). Entretanto, quando comparamos somente os valores

absolutos da massa encefálica não são observadas diferenças estatísticas

significativas (NPP: 0.86 ± 0.07g; NPE: 0.93 ± 0.06 g; LPP: 0.93 ± 0.06 g; LPE:

0.93 ± 0.07 g, Figura 9) entre todos os grupos estudados.

Não houve diferença na massa hipocampal ponderada pela massa encefálica

(NPP: 0.039 ± 0.008g; NPE: 0.035 ± 0.006g; LPP: 0.038 ± 0.01g; LPE: 0.039 ±

0.008g). Também na massa hipocampal absoluta não observamos diferença entre

os grupos (NPP: 0.05 ± 0.01g; NPE: 0.04 ± 0.008 g; LPP: 0.046 ± 0.016 g; LPE:

0.046 ± 0.01 g, Figura 10).

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Figura 8. Massa dos animais NP e LP do dia do nascimento até o final do período de

amamentação (A). Repare nas fotos, a diferença de tamanho entre os animais no período de

amamentação (C-E). Após exposição aos diferentes ambientes durante 21 dias esta diferença

ainda foi mantida (B).*P<0.05; *** P<0.0005.

Figura 9. Massa do encéfalo no 42º dia de vida, dividida pela massa dos animais e massa

absoluta do encéfalo dos animas dos quatro grupos . *P<0.05; ** P<0.005.

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Figura 10. Massa do hipocampo esquerdo no 42º dia de vida, dividida pela massa do encéfalo e

massa hipocampal absoluta.

Pela técnica de fracionamento isotrópico observamos que não houve

diferença significativa no número de células totais nos hipocampos dos animais

estudados (NPP: 9269.409 x 103 ± 3055.642 x 103; NPE: 12033.14 x 103 ±

3730.842 x 103; LPP: 10399.97 x 103 ± 843.5232 x 103; LPE: 11563.06 x 103 ±

1172.047 x 103, N=3, Figura 11). Já o número de neurônios foi significativamente

reduzido nos animais do grupo LPP quando comparado aos outros três grupos,

entretanto, a permanência no ambiente enriquecido durante 3 semanas (LPE)

levou ao reestabelecimento do número de neurônios (NPP: 6253.068 x 103 ±

2198.868 x 103; NPE: 6521.314 x 103 ± 732,4741 x 103; LPP: 3324.018 x 103 ±

763.3779 x 103; LPE: 5344.112 x 103 ± 551.5624 x 103, N=3, Figura 11).

Figura 11. Número de núcleos totais e de núcleos de neurônios em relação à massa do

hipocampo. *P<0.05; ** P<0.005.

Assim, observamos que a restrição proteica durante a gestação e a

amamentação acarretou em alteração a proporção entre neurônios e outros tipos

celulares presentes no hipocampo (células da glia e endoteliais) e esta foi

NPP

NPE

LPPLPE

0.03

0.04

0.05

0.06

0.07

Massa h

ipo

cam

po

(g)

NPP

NPE

LPPLPE

0.02

0.03

0.04

0.05

0.06

Massa h

ipo

cam

po

/en

céfa

lo(g

)

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parcialmente reestabelecida àquela observada nos animais controle após

permanência no ambiente enriquecido (Figura 12).

Figura 12. Porcentagem de neurônios e células da glia e endoteliais em relação à massa do

hipocampo.

4.1 Imunoistoquímica

A formação hipocampal e a zona subventricular (SVZ) dos ventrículos

laterais são regiões onde grandes números de novos neurônios continuam a ser

produzidos na vida adulta. As células que originam na SVZ migram para o bulbo

olfatório e se diferenciam em interneurônios locais, enquanto que no hipocampo,

novos neurônios tem origem na zona subgranular (SGZ) do giro denteado (DG) a

partir de uma população local de células radiais que atuam como células

progenitoras neuronais (NPCs).

A figura 13 apresenta o número de mitoses, de células tronco (stem cells)

e de mitoses de células tronco observadas na zona subgranular (SGZ) e na

camada granular (GL) do giro denteado hipocampal (GD) na prole de animais dos

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grupos NPP, NPE, LPP e LPE avaliados. Os resultados mostram inicialmente,

uma expressiva e significante redução de células em mitose, de células tronco e

de mitoses de células tronco na prole de animais cujas mães foram submetidas à

restrição proteica gestacional (LP), seja na camada granular bem como

subgranular do giro denteado.

Os estudos evidenciam claramente, que a exposição dos animais ao

ambiente enriquecido promove expressiva recuperação do processo de

proliferação celular, particularmente de células tronco. Estas observações podem

ser evidenciadas, por imunoistoquimica do giro denteado (Figura 14) e da zona

subventricular (Figura 15) próximo aos ventrículos laterais e, pelas representações

gráficas da Figura 13.

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Figura 13. O gráfico representa o número de mitoses, de células tronco (stem cells) e de mitoses

de células tronco observadas nas camadas subgranular (SGL) e granular (GL) do giro denteado

hipocampal (GD) na prole de animais NP. NPE, LP e LPE avaliados. *P< 0.05; ** P<0.005.

GIRO DENTEADO

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Figura 14. Imagens representativas obtidas pela técnica de imunoistoquimica de regiões do

hipocampo avaliando o número de mitoses e de células tronco, nas regiões subgranular e granular

do giro denteado. A esquerda dos painéis são apresentados os grupos das proles estudadas cujas

mães foram submetidas (LPP) ou não (NPP) a restrição proteica na gestação e amamentação e

expostas a ambiente enriquecido após amamentação (LPE e NPE).

Sox 2 DAPI

Sox 2

Sox 2

Sox 2

Ki67

DAPI

DAPI

DAPI

Ki67

Ki67

Ki67

merge

merge

merge

merge

NPP

NPE

LPE

LPP

GIRO DENTEADO

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Figura 15. Imagens representativas obtidas pela técnica de imunoistoquimica de regiões

subventriculares próximas aos ventrículos laterais, avaliando o número de mitoses e de células

tronco. A esquerda dos painéis são apresentados os grupos das proles estudadas cujas mães

foram submetidas (LPP) ou não (NPP) a restrição proteica na gestação e amamentação e

expostas a ambiente enriquecido após amamentação (LPE e NPE).

Sox 2 DAPI

Sox 2

Sox 2

Sox 2

Ki67

DAPI

DAPI

DAPI

Ki67

Ki67

Ki67

merge

merge

merge

merge

NPP

NPE

LPE

LPP

SUBVENTRICULAR

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TESTES COMPORTAMENTAIS

4.2 Teste de Monitoramento de Atividade: A distância percorrida pelos

animais foi considerada como a somatória dos diversos deslocamentos de

posições monitoradas pelo equipamento. Os resultados demonstraram que nos

animais NP o ambiente enriquecido aumentou significativamente a atividade

locomotora dos animais. Já no grupo LP, embora tenhamos observado um

discreto aumento em LPE, a diferença não foi significativa comparativamente, a

LPP (Figura 16, tabela 2).

A velocidade média dos animais foi calculada como a distância percorrida de

um determinado ponto a outro, dividida pelo tempo gasto pelo animal para

percorrer esta distância. Também com relação à velocidade, houve aumento

significativo nos animais NPE comparativamente aos NPP e não foi significativa

entre LPP e LPE (Figura 16, tabela 2).

Figura 16. Resultados obtidos pelo monitor de atividades. Nas imagens superiores temos

representados exemplos dos deslocamentos de animais NP e LP da mesma prole um mantido em

ambiente padrão e outro em enriquecido. Nos gráficos temos os valores da distância e velocidade

de deslocamento de cada grupo. *P<0.05; ** P<0.005.

Quanto à atividade, pulos, movimentos ambulatórios e vezes que ficou em pé,

em posição exploratória ortostática, o padrão de diferenças observadas foram as

mesmas encontradas nos resultados anteriores, ou seja, maior na prole NP

submetida ao EA, comparada a animais controles e a LPE. Assim, observa-se

aumento significativo destes parâmetros somente nos NP submetidos ao

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ambiente enriquecido (Figura 17, tabela 2). Somente a quantidade de vezes que o

animal ficou em posição ortostática apresentou um decréscimo significativamente

menor no LPP quando comparado ao NPP (Figura 17, tabela 2).

O software considera movimentos estereotipados sempre que ocorre detecção

de movimentos repetitivos em leituras seguidas, sem que o centro de massa do

animal seja alterado. Estes movimentos representam atitudes dos animais quando

estes estão se coçando, ou com movimentos repetitivamente mastigatórios ou da

cauda. Os animais LP apresentaram redução significativa dos movimentos

estereotipados e o ambiente enriquecido não promoveu qualquer alteração

significativa neste parâmetro (Figura 18, tabela 2).

A diferença entre o tempo que os animais permaneceram no centro ou nas

bordas da arena foi significativamente diferente. Desta forma, a prole LP

apresentou tendência em permanecer maior tempo nas a bordas e evitar o centro

da arena (Figura 19, tabela 2). O ambiente enriquecido aumentou

significativamente os movimentos de rotação dos animais NP e LP (Figura 19,

tabela 2).

Tabela 2. Valores obtidos no monitor de atividades NPP NPE LPP LPE

Distância 7608±839 11000±732 6944±736 8050±953

Velocidade 25.36±2.8 36.67±2.4 23.15±2.4 26.83±3.2

Atividade 67.5±6.9 89.9±5.7 61.22±6.5 65.16±7.3

Movimentos ambulatórios 52±5.7 73.31±4.7 46.94±4.9 53.58±6.3

Em pé 25.2±2.9 34.5±2.9 16.9±1.7 20.3±2.2

Pulos 3.9±0.8 7.3±0.6 3.3±0.4 5.2±0.6

Movimentos estereotipados 713±33 721±17 626±27 610±35

Movimentos rotacionais 7.2±1.2 14.2±1.4 7.9±1 11.3±1.5

Tempo nas bordas 294±1.4 293±1 296±0.9 295±0.9

Tempo no centro 5.5±1.4 6.4±1 2.9±0.9 4.4±0.9

Os valores representam as médias ± DP.

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Figura 17. Nas imagens superiores temos exemplos da taxa de variação das atividades por

segundo, obtidas pelo monitor de atividades, nos animais dos grupos NP e LP provenientes das

mesmas mães. Nos gráficos temos os valores da atividade (em segundos) e o número de pulos,

movimentos ambulatórios e de vezes que ficaram em pé. *P<0.05; ** P<0.005; ***P<0.0005.

NPP

NPE

LPPLPE

0

50

100

150**

****

Ati

vid

ad

e

NPP

NPE

LPPLPE

0

50

100

150

***

**

Mo

vim

en

tos a

mb

ula

tóri

os

NPP

NPE

LPPLPE

0

20

40

60

80

******

*

**

Em

NPP NPE LPP LPE

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Figura 18. No gráfico temos os valores obtidos no monitor de atividades, de movimentos

estereotipados apresentados pelos animais. *P< 0.05; ** P<0.005.

Figura 19. Nas imagens superiores temos exemplos do deslocamento dos animais obtido pelo

monitor de atividades. Os gráficos representam o tempo que os animais permaneceram nas

bordas e no centro, bem como o número de rotações. *P< 0.05; ** P<0.005; ***P<0.0005.

4.3 Teste em Labirinto em cruz elevado: Os animais do grupo NPP

permaneceram percentualmente, um tempo (%) significativamente maior na arena

central (NPP: 23 ±1.2 %; NPE: 16.8 ± 1%; LPP: 15 ± 1.8%; LPE: 14.3 ± 1%,

Figura 20). Embora não tenhamos observado diferença significativa entre NPP e

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LPP quanto à permanência e entrada nos braços abertos, o ambiente enriquecido

aumentou significativamente estes parâmetros nos dois grupos (NPP: 13.8 ± 9%;

NPE: 21.7 ± 11%; LPP: 14.8 ± 10%; LPE: 26.3 ± 7.2%, Figura 20). Indicando

diminuição significativa no comportamento que reflete ansiedade.

Consequentemente, os resultados nos braços fechados foram opostos a estes

(NPP: 86.18±9; NPE: 78.2± 11; LPP: 85± 10; LPE: 73.6± 7, Figura 20).

Figura 20. Os gráficos representam os resultados comportamentais obtidos no Labirinto em Cruz

Elevado. *P< 0.05; ***P<0.0005.

4.4 Quantidade de bolos fecais: Não observamos alteração quanto ao

número de bolos fecais entre NPP e LPP durante os cinco minutos de

observação, entretanto, o ambiente enriquecido diminuiu significativamente este

número indicando redução no comportamento que reflete medo (Figura 21).

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Figura 21. O gráfico representa o número de bolos fecais apresentado pelos quatro grupos avaliados. *P< 0.05; ** P<0.005; ***P<0.0005.

4.5 Teste de discriminação de objeto novo: O ambiente enriquecido modificou

significativamente a razão de discriminação elevando a habilidade dos animais NP

(708 ± 166% vs. 1562 ± 180%) e LP (725 ± 263% vs. 1672 ± 388%) em

discriminar o objeto novo e o familiar em curto prazo de tempo (Figura 22). Já em

longo prazo não observamos diferença significativa entre os grupos (NPP: 1074 ±

197%; NPE: 1105 ± 219%; LPP: 1123 ± 352%; LPE: 1343 ± 398%).

Figura 22. O gráfico representa a razão de discriminação de objeto novo e familiar apresentadas

pelos quatro grupos avaliados. *P< 0.05; ** P<0.005.

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5. DISCUSSÃO

Em países desenvolvidos e em desenvolvimento a desnutrição

materno-infantil está associada às importantes repercussões sobre a saúde

de suas populações. Déficit nutricional em diferentes graus e períodos da

vida perinatal modifica consideravelmente o desenvolvimento e a maturação

de tecidos e órgãos chaves (TONKISS et al 1988) envolvidos no bem-estar

dos indivíduos. Isto se deve a alterações no desenvolvimento ontogênico,

vinculada à manifestação programada de alterações no desenvolvimento

morfológico e funcional de órgãos e sistemas. A programação fetal por

desnutrição ou restrição proteica, leva a exposição fetal aumentada aos

glicocorticoides maternos. Os corticosteroides modulam alterações

estruturais no sistema nervoso atuando tanto no volume quanto na estrutura

fina podendo alterar o número de sinapses e a morfologia dendrítica

neuronal.

A organogênese em diferentes espécies é altamente controlada e

fatores adversos podem alterar o desenvolvimento dos órgãos e sistemas

promovendo desordens morfológicas e funcionais que repercutem sobre a

saúde do indivíduo adulto. Assim, as alterações impostas pelo ambiente

durante a ontogênese podem ter efeitos, deletérios ou adaptativos

permanentes que em situações específicas aumentam o risco de

manifestação de doenças, principalmente, metabólicas e cardiovasculares na

idade adulta (BARKER, 2005; GLUCKMAN, 2006).

O desenvolvimento do sistema nervoso em mamíferos é dependente

de fatores internos e externos ao próprio sistema. No entanto os fatores

externos têm recebido cada vez mais atenção, devido a sua grande influência

na neuroplasticidade. Assim, a deficiência de nutrientes durante a gestação

pode resultar em anormalidades estruturais e/ou funcionais no sistema

nervoso central bem como em déficits cognitivos na prole (REYES-CASTRO

et al., 2010, ANDRADE et al., 1991, DIAZ-CINTRA et al., 1991).

O estresse gestacional afeta diversas regiões neurais incluindo

hipocampo, amígdala, corpo caloso, neocortéx, cerebelo e hipotálamo e

frequentemente resulta em redução no volume dos tecidos que compõem

estas estruturas. A formação hipocampal tem sido alvo de diversos estudos

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40

devido a sua importância na plasticidade neural, na neurogênese e na

regulação de processos cognitivos. Dessa forma, este estudo buscou avaliar

os efeitos da restrição proteica, durante a gestação e amamentação, sobre a

estrutura do hipocampo, suas funções sobre a memória e emoções

(ansiedade/medo) bem como sobre a composição celular desta estrutura

cerebral e, a influência sobre estes parâmetros morfológicos e

comportamentais, da exposição da prole de ratos machos ao ambiente

enriquecido.

Os resultados do presente estudo confirmaram a redução da massa

corporal ao nascer dos animais do grupo LP, como já descrito por nosso

grupo neste modelo de estresse nutricional (restrição proteica gestacional)

(MESQUITA et al, 2010a; 2010b). Adicionalmente, aos 42º dia de vida, a

diferença de peso foi mantida, sendo que os animais NP submetidos ao

ambiente enriquecido (AE) apresentaram redução expressiva da massa

corporal comparativamente àqueles mantidos no ambiente padrão. Por outro

lado, entre LPP e LPE não houve diferença significativa na massa corporal.

Desde a primeira semana de vida os machos da prole de ratas submetidas à

restrição proteica gestacional apresentaram massa corporal reduzida em

comparação às ninhadas controle, sendo que esta diferença se acentuou

progressivamente até o final dos experimentos, no 42o dia de vida. Para

entender tal diferença, incluindo o período de lactação, devemos considerar a

deficiência de conteúdo proteico no leite materno, em função das mães terem

sido alimentadas ainda com ração pobre em proteína (6% de proteína), o que

tem sido associado á redução no desenvolvimento físico dos animais

(ROCINHOLI et al., 1997; FUKUDA et al., 2002 e FUKUDA et al., 2007).

Os resultados da prole de ratos submetidos à ambiente enriquecido

por 3 semanas após o término da amamentação reproduz resultados

contraditórios observados na literatura. Sejam os animais controles ou

aqueles oriundos de mães submetidas á restrição proteica durante a

gestação/amamentação, estes apresentam massa corporal significantemente

menor quando expostos ao ambiente enriquecido. Dados semelhantes na

literatura, consideram o fato dos animais trocarem de ambiente e interagirem

mais entre si, o que poderia explicar tal diferença de peso. Estes dados não

foram confirmados por Lima (1992), onde não houve influência da

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estimulação sobre aspectos ponderais dos ratos estudados. No entanto,

vários estudos não confirmam os estudos de Lima e confirmam o que é

descrito no presente estudo, ou seja, que a desnutrição proteica quando

imposta no período de desenvolvimento embrionário, promove redução

significativa da massa corporal da prole estudada (de OLIVEIRA e ALMEIDA,

1993; SILVA e ALMEIDA, 2006; FRANÇOLIN-SILVA et al, 2006;

HERNANDES et al 2007 e CABRAL e ALMEIDA, 2008). Assim, os dados

apresentados no presente trabalho confirmam estudos prévios mostrando

que a desnutrição quando imposta durante o período do desenvolvimento do

SNC, tanto no período pré-natal quanto durante a lactação, pode acarretar

efeitos irreversíveis particularmente, sobre a massa corporal,

independentemente do ambiente ao qual o animal é submetido

posteriormente (de OLIVEIRA E ALMEIDA, 1983; MORGANE et al, 2002;

SILVA E ALMEIDA, 2006).

Além dos prejuízos relacionados ao desenvolvimento físico de ratos, a

desnutrição proteica poderia acarretar comprometimento no desenvolvimento

do sistema nervoso central (SNC), reduzindo ramificações dendríticas

(LOPES et al., 2013), o número de terminais sinápticos, e a mielinização em

todo SNC (LIMA et al, 1999). A literatura tem mostrado que tanto o estresse

crônico quanto o tratamento farmacológico com corticosteroides (p.ex.,

dexametasona) induzem a atrofia de dendritos dos neurônios piramidais de

CA3 (FUCHS et al., 1995; MAGARINOS e MCEWEN, 1995; WOOLLEY et al.,

1990). Mais especificamente, as alterações estruturais na região CA3 do

hipocampo dorsal têm sido relatadas como consequência neural de estresse

crônico (WATANABE et al, 1992b. MAGARIÑOS et al 1996; MCEWEN e

MAGARIÑOS, 1997; LAMBERT et al, 1998. VYAS et al., 2002;

MCLAUGHLIN et al, 2009. CHRISTIAN et al., 2011). Por outro lado, diversos

estudos têm relatado que quando estas condições são impostas no início da

vida pós-natal, ocorre diminuição no comprimento e nos pontos de

ramificação dos neurônios apicais de CA1 e CA3 (SOUSA et al., 2000;

WATANABE et al., 1992). Estes efeitos podem ser suprimidos por inibidores

químicos (LUINE et al., 1993; MAGARINOS e MCEWEN, 1995a,b;

WOOLLEY et al., 1990) sugerindo que os hormônios do eixo HHPA podem

modular a morfologia dendrítica no hipocampo (SOUSA et al., 2000). Estudos

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que avaliam a celularidade (número e composição) no modelo de restrição

proteica gestacional, são desconhecidos.

Alterações na regulação do eixo HHPA são componentes consistentes

em vários tipos de transtornos afetivos, como depressão, transtornos de

pânico e transtorno obsessivo-compulsivo (GREEN et al., 2011). Os

esteroides adrenais parecem ser fator crucial na remodelação estrutural do

hipocampo (MCEWEN, 1999). Os receptores de mineralocorticoides

hipocampais medeiam a neurogênese do hipocampo enquanto que os

receptores de glicocorticoides estão envolvidos na supressão da sua

morfologia (FUJIOKA et al., 2006). O estresse induz a retração dendrítica de

CA3, no entanto estes efeitos podem ser prevenidos bloqueando a síntese de

esteroides (MAGARIÑOS e MCEWEN, 1995). Em estudo prévio no nosso

laboratório observamos aumento significativo, de cerca de 130%, na

concentração sérica de corticosterona em ratos com 16 semanas de idade

que sofreram restrição proteica gestacional (TORRES et al., 2012) e este

pode ser um fator crucial envolvido na remodelação estrutural do hipocampo,

como observado neste estudo. No entanto, nosso estudo não foi capaz de

responder se a atrofia dendrítica de CA3, vista anteriormente, associada á

expressiva redução no número de neurônios observadas aqui, está

relacionada com subdesenvolvimento in utero ou é resultante de uma

adaptação pós-natal para a fisiologia programada na vida adulta. Estudos

posteriores devem ser realizados para avaliar, os níveis de corticosterona e

sua ação sobre a formação hipocampal em diferentes fases do

desenvolvimento.

Em ratos, existem evidências de que a função pós-natal do eixo HHPA

pode ser alterada por eventos pré-natais. Tais alterações podem ocasionar,

no adulto, exposição cronicamente aumentada a glicocorticoides bem como

resposta exacerbada a estímulos estressantes. Essas alterações são

geralmente atribuídas a modificações na capacidade de retroalimentação

hipotálamo-hipofisária de esteroides, decorrente de um down-regulation de

receptores condicionado por alterações na expressão de genes reguladores

para receptores de glicocorticoides (para revisão ver WELBERG e SECKL,

2001). Alterações na expressão destes receptores podem levar, em longo

prazo, à disfunção na regulação da concentração plasmática de ACTH e de

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glicocorticoides. Em fetos de porcos, foi determinada a presença de RNAm

para GR por todo o cérebro, sendo a maior concentração encontrada nos

núcleos paraventriculares (NPV) hipotalâmicos. Já o RNAm para MR está

presente exclusivamente no sistema límbico (hipocampo, amígdala, e giro

dentado) ocorrendo maior concentração no hipocampo (LINGAS, et al.,

1999). Estes autores demonstraram, em porcos, que a restrição nutricional

materna altera a expressão destes receptores em períodos gestacionais

relacionados ao maior desenvolvimento neural. Já em ratos, do 5º ao 8º dia

de vida ocorre extensa maturação neuroendócrina com rápida expressão de

MR e GR (DOBBING e SANDS, 1979).

Particularmente no presente estudo, a desnutrição materna

gestacional não ocasionou modificações significativas na massa encefálica e

hipocampal dos animais LP, independentemente da submissão dos mesmos

a ambiente enriquecido. Como descrito acima com relação ao peso cerebral,

mas não confirmado aqui, estudos prévios relataram aumento do peso dos

cérebros de animais submetidos a diferentes protocolos de AE

(ROSENZWEIG, KRECH et al., 1962; ISO, SIMODA et al., 2007). O presente

estudo pelo menos sob aspecto morfológico ponderal confirma a teoria do

"cérebro egoísta", um paradigma recente que postula que, para manter

estável seu próprio fornecimento de energia, o cérebro modula o

metabolismo de energia na periferia regulando tanto a alocação quanto a

ingestão de nutrientes. Apresentaremos entretanto neste trabalho, a

constatação de que as alterações ponderais observadas, não correspondem

as intensas modificações na composição citológica, particularmente

hipocampal, dos diferentes grupos experimentais. Embora pareça que as

alterações nutricionais promovam redução ponderal irreversível na massa

corporal, e não no encéfalo e em algumas de suas estruturas fundamentais, a

composição e estrutura neuronal e sua recuperação a partir de células

primordiais, são profundamente modificadas pela restrição dietética materna

e, surpreendentemente, pela exposição ao ambiente enriquecido. Assim,

como veremos a frente a teoria do cérebro egoísta pode expandir nosso

entendimento sobre a adaptação ao estresse e a neuro-regeneração em

estados neuro-comportamentais tidos como anormais. Não podemos afastar

a possibilidade que a redução da massa corporal dos animais LP decorra dos

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excessivos níveis de corticosteroide circulante nesta linhagem (ADLARD E

SMART, 1972) bem como da redução da secreção hipotalâmica hipofisária

de hormônio de crescimento.

O recurso do ambiente enriquecido vem sendo utilizado

terapeuticamente em diversas doenças neurológicas. A formação hipocampal

e a zona subventricular (SVZ) dos ventrículos laterais são regiões onde

grandes números de novos neurônios continuam a ser produzidos na vida

adulta. As células originadas no SVZ migram para o bulbo olfatório e se

diferenciam em interneurônios locais, enquanto que no hipocampo, novos

neurônios tem origem na zona subgranular (SGZ) do giro denteado (DG) a

partir de uma população local de células radiais que, atuam como células

progenitoras neuronais (NPCs). No presente estudo, como mostra a figura

17, constatamos que o número de mitoses, de células tronco (stem cells) e

de mitoses de células tronco nas camadas subgranular (SGL) e granular (GL)

do giro denteado hipocampal (GD) na prole de animais NP, NPE, LP e LPE

avaliados apresentam diferenças significativas. Inicialmente, redução

expressiva e significante de células em mitose, tanto de células tronco quanto

de outras células na prole de animais cujas mães foram submetidas à

restrição proteica gestacional (LP), seja na camada granular bem como na

zona subgranular do giro denteado. Adicionalmente, nossos resultados

mostram que neste modelo de estresse nutricional materno, a exposição da

prole de ratos machos ao ambiente enriquecido, promove aumento

expressivo da proliferação celular, particularmente, de células precursoras

neuronais. Estas observações podem ser evidenciadas, por imunoistoquimica

do giro denteado e da zona subventricular, próximo aos ventrículos laterais e,

pelas representações gráficas.

Nossas observações vão ao encontro de estudos realizados nas

últimas décadas, em diferentes modelos de camundongos knockout para

doenças genéticas como síndrome do X-frágil (WILL, GALANI et al., 2004) e

camundongos Ts65Dn parcialmente trissômicos, usados como modelo para

estudo da síndrome de Down (MARTINEZ-CUE, BAAMONDE et al., 2002),

que evidenciam melhora em testes cognitivos quando expostos ao AE.

Modelos experimentais para estudo de doenças neuro-degenerativas como

esclerose lateral amiotrófica (STAM, NITHIANANTHARAJAH et al., 2008),

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doença de Parkinson (JADAVJI, KOLB et al., 2006) e doença de Alzheimer

(JANKOWSKY, MELNIKOVA et al., 2005), além modelos de ratos

transgênicos para doença de Huntington (VAN DELLEN, BLAKEMORE et al.,

2000), mostram diminuição da perda celular encefálica e maior tempo para

início dos sintomas motores quando os animais foram expostos ao ambiente

enriquecido. Uma série de estudos relata melhora na recuperação motora e

cognitiva dos animais que sofreram injúrias cerebrais isquêmicas e foram

submetidos ao AE, além de demonstrarem diminuição da área cortical

infartada, aumento nas células progenitoras de astrócitos e oligodendrócitos,

bem como de células-tronco neurais (JOHANSSON e BELICHENKO, 2002;

RISEDAL, MATTSSON et al., 2002; KOMITOVA, MATTSSON et al., 2005).

Nos modelos experimentais em epilepsia o ambiente enriquecido demonstrou

aumentar a resistência a crises e diminuir déficits cognitivos associados, além

de levar a inúmeras alterações a nível celular (YOUNG, LAWLOR et al.,

1999; FAVERJON, SILVEIRA et al., 2002; KOH, CHUNG et al., 2005), como

veremos especificamente mais adiante.

Como citado acima, pela técnica de fracionamento isotrópico

observamos que não houve diferença significativa no número de células

totais nos hipocampos dos animais estudados, independentemente do grupo

experimental. Por outro lado, de modo inédito, demonstramos que o número

de neurônios foi significativamente reduzido nos animais do grupo LPP

quando comparado aos outros três grupos. Assim, percentagem significativa

das células encontradas no hipocampo deste animais corresponde a células

da glia. No entanto, a exposição deste grupo ao ambiente enriquecido

durante 3 semanas (LPE) levou ao reestabelecimento do número de

neurônios para percentuais próximos ao dos grupos controles. Desta forma, o

presente estudo demonstra que a restrição proteica durante a gestação e a

amamentação causa alterações expressivas na proporção entre neurônios e

outros tipos celulares presentes no hipocampo (células da glia e endoteliais),

sendo que esta proporção foi reestabelecida àquela observada nos animais

controle após permanência no ambiente enriquecido. Pelo que sabemos esta

é a primeira vez que se demonstra alterações da constituição citológica e da

recuperação destas alterações pela exposição dos animais a ambientes

enriquecidos.

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Embora estes resultados sejam inéditos quando considerado o modelo

de estresse nutricional utilizado no presente estudo, investigações anteriores

sobre AE têm demonstrado a ocorrência de modificações tais como aumento

da massa cerebral e espessamento das camadas corticais, além de aumento

na proteína total encefálica (BENNETT, ROSENZWEIG et al., 1969). Estudos

posteriores a estes, demonstraram alterações decorrentes do AE a nível

bioquímico e celular (VAN PRAAG, KEMPERMANN et al., 2000). Uma

grande variedade de parâmetros de plasticidade foi demonstrada, como

aumento da neurogenêse (KEMPERMANN E GAGE, 1999; VAN PRAAG,

KEMPERMANN et al., 2000), da gliogênese e das arborizações dendríticas

(NAKAMURA, KOBAYASHI et al., 1999). Kemperman et al., (1997),

demonstraram aumento da camada granular secundário ao ganho de 15% de

neurônios granulares no GD de camundongos submetidos ao AE. Outros

autores relataram aumento significativo da densidade sináptica e do número

total de sinapses nos animais ambientalmente estimulados (ROSENZWEIG e

BENNETT, 1996; IP, GIZA et al., 2002), além de importante aumento da

plasticidade cortical relacionada à maior expressão de genes como o gene

Arc, envolvido no processo molecular da plasticidade celular (PINAUD,

PENNER et al., 2001). Estas alterações induzidas pelo AE foram associadas,

pelo menos em parte, a alterações como a inibição da morte celular por

apoptose na região hipocampal e ao aumento de fatores neurotróficos, como

o fator neurotrófico derivado da glia, fator neurotrófico derivado do cérebro,

neurotrofina 3 e fator de crescimento do nervo (YOUNG, LAWLOR et al.,

1999). Além disso, diversos autores descreveram que o ambiente enriquecido

possui efeito protetor no envelhecimento celular (NAKAMURA, KOBAYASHI

et al., 1999; WILL, GALANI et al., 2004; LORES-ARNAIZ, BUSTAMANTE et

al., 2006). No entanto, estudos até o momento utilizando diferentes modelos

experimentais não demonstraram alterações na composição celular (relação

glia/neuronal) de áreas do SNC, como descrita no presente estudo no

hipocampo, bem como a sugestão aventada aqui de que parte importante

desta regeneração ocorra por um aumento de mitoses de células tronco

advindas de áreas granulares e sub-granulares do giro denteado.

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Procurando associar possíveis alterações morfológicas descritas acima,

encontradas na prole de animais programados pelo estresse nutricional, a

alterações de atividade, memória, cognição e comportamentais, os animais

foram submetidos a testes de monitoramento de atividade, ao labirinto em

cruz elevado e ao teste de discriminação de objeto novo.

Sabe-se que o sistema límbico, particularmente o hipocampo exerce

papel central no processo de memória/cognição e no controle das emoções

(SQUIRE e ZOLA, 1996). Para avaliar as funções de aprendizado e memória

utilizamos o teste de discriminação de objeto novo. O ambiente enriquecido

modificou significativamente a razão de discriminação elevando a habilidade

dos animais NP e LP em discriminar o objeto novo e o familiar em curto prazo

de tempo. Este efeito discriminatório foi mais acentuado nos animais

programados. Já em longo prazo não foi observada qualquer diferença entre

os grupos estudados.

O primeiro estudo propondo medir a preferência espontânea de ratos

em explorar elementos novos data da década de 50, quando Berlyne

observou que ratos gastam mais tempo explorando novos objetos do que

objetos familiares (BERLYNE, 1950). Ennaceur e Delacour, na década de 80,

associaram a preferência dos animais pela novidade à memória de

reconhecimento (ENNACEUR, DELACOUR, 1988), fazendo com que os

animais explorem demoradamente os objetos nunca vistos. A técnica

experimental aqui utilizada apresenta vantagens, dentre as quais não

requerer treinamento prévio ou a exposição a estímulos aversivos, pode ser

conduzido em sessões de curta duração e, não requer privação de água ou

alimento e utiliza equipamentos e objetos simples (BEVINS, BESHEER,

2006). Diversos modelos experimentais avaliando memória de

reconhecimento são descritos em animais (DIX, AGGLETON, 1999;

ENNACEUR et al, 2005; FERNANDES, 2005; FORWOOD et al, 2007;

REGER, HOVDA, GIZA, 2009). Dix e Aggleton (1999), em estudos de

discriminação entre objetos novos observaram que os animais despendem

mais tempo explorando objetos novos ou em localizações e contextos não

reconhecidos fazendo com que elementos e situações que antes constituíam

novidades passam a ser familiares no final do procedimento. Ennaceur et al.,

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(2005), demonstraram que animais possuem preferência espontânea por

objetos novos e por objetos em localizações diferentes daquelas previamente

encontradas, enquanto Forwood et al., (2007), constataram que ratos

discriminam estímulos visuais novos daqueles já encontrados previamente,

mesmo quando os estímulos utilizados referem-se ao uso de imagens

bidimensionais para a discriminação.

Estudo realizado por Reger, Hovda e Giza (2009) investigou a

preferência de ratos em diferentes idades (20-23 dias; 29-40 dias; acima dos

50 dias) no sentido de reconhecer se a capacidade de memória é

influenciada pelo amadurecimento cerebral. Os testes confirmaram que

mesmo os animais jovens (20-23 dias) gastam mais tempo explorando o

objeto novo, em comparação à exploração do objeto previamente

encontrado. Baseando-se nesses estudos que avaliaram a preferência dos

animais em explorar elementos novos, trabalhos foram desenvolvidos a fim

de verificar se o dano na região hipocampal pode afetar a memória de

reconhecimento, já que o comprometimento do hipocampo, pode

comprometer o desempenho de animais nas tarefas que medem a memória

de reconhecimento através da preferência espontânea (VNEK, ROTHBLAT,

1996; CLARK, ZOLA, SQUIRE, 2000; ROSSATO et al, 2007; GOOD et al,

2007; CACERES et al, 2010; BROADBENT et al, 2010).

Vnek e Rothblat (1996), estudando animais com lesões do hipocampo

dorsal em tarefas de discriminação visual demonstraram que os animais

lesionados tiveram desempenho inferior comparado aos animais controles na

tarefa descrita. Mais tarde, Clark et al (2000) também demonstra que ratos

submetidos a lesões hipocampais por radiofrequência tiveram menor

desempenho em testes de reconhecimento de objetos. Em 2007, Rossato et

al., (2007), analisaram se a infusão hipocampal de inibidor da síntese de

proteínas em ratos causaria comprometimento na retenção de informações

necessárias para a memória de reconhecimento de objetos em diferentes

tarefas. Concluíram que o déficit na síntese proteica hipocampal alterou a

capacidade dos animais em relação à memória de reconhecimento, indicando

o papel fundamental do hipocampo na estocagem da informação e no

processo da memória.

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Coincidente com as alterações citológicas observadas no presente

estudo, Good et al (2007), promoveram morte neural pela injeção da toxina

ácido ibotênico em ratos e em seguida expuseram os animais a testes de

memória de reconhecimento. A análise histológica dos cérebros mostraram

perda igual ou superior a 70% de neurônios na região hipocampal. Os

resultados indicaram que a lesão hipocampal comprometeu a memória de

reconhecimento. Em 2010, Caceres et al., (2010) realizaram lesões

hipocampais através da administração de radiação nos primeiros três dias de

vida de ratos. Os animais testados 30 dias depois demonstraram associados

ás alterações histológicas hipocampais, déficits comportamentais avaliados

através do teste de esquiva inibitória e de memória de reconhecimento. Estes

animais apresentaram menor índice de reconhecimento de objetos

comparados ao grupo controle.

A despeito das alterações histológicas identificadas na prole de

animais cujas mães foram submetidas a dieta hipoproteica (redução no

número de neurônios) e, das evidencias experimentais mostrando que a

lesão hipocampal com redução do número de células promove alterações de

memória, o presente estudo não mostrou diferença significativa

comparativamente ao grupo controle normoprotéica. Entretanto, a exposição

dos animais ao AE promoveu elevação na capacidade de memória de

reconhecimento, mais acentuada no grupo LP. Esta maior capacidade de

reconhecimento nos animais programados pode estar relacionado ao

aumento expressivo da diferenciação e do número de neurônios no giro

denteado. É importante ainda destacar o papel da atividade motora e

capacidade de exploração na fase de aquisição dos testes que envolvem

memória de reconhecimento. Problemas relacionados a atividade motora,

como aqueles efetivamente identificados nos animais LP ou a pouca

exploração por parte destes animais durante esta fase podem ter

comprometido o incremento da memória de reconhecimento.

Os dados relativos a avaliação da distância percorrida pelos animais

demonstraram que nos animais NP o ambiente enriquecido aumentou

significativamente a atividade locomotora dos animais. Já no grupo LP,

embora tenhamos observado um discreto aumento em LPE, a diferença não

foi significativa comparativamente, a LPP. A velocidade média calculada dos

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animais mostrou aumento significativo nos animais NPE comparativamente

aos NPP e não foi significativa entre LPP e LPE. Os animais LP também

apresentaram redução significativa dos movimentos estereotipados e o

ambiente enriquecido não promoveu qualquer alteração significativa neste

parâmetro. Adicionalmente, o ambiente enriquecido aumentou

significativamente os movimentos de rotação dos animais NP e LP. Estas

observações não mostram alterações relevantes da atividade locomotora

induzida pela exposição materna a restrição proteica, entretanto, o AE elevou

significativamente a atividade motora dos animais NP e em menor proporção

da prole LP em relação aos seus controles. Estes resultados sugerem que as

diferenças nos padrões hipocampais citológicos observado em NP e LP não

modificam a resposta motora ou estas observações histológicas do

hipocampo não têm qualquer relação com a modulação desta atividade neste

modelo experimental.

Como comprovado neste estudo, trabalhos experimentais prévios

utilizando ambiente enriquecido evidenciaram melhora significativa nos testes

comportamentais e de memória, provavelmente de forma secundária às

alterações anatômicas e citológicas como descritas aqui e por outros autores

(ROSENZWEIG e BENNETT, 1996; BROWN, COOPER-KUHN et al., 2003).

Xu e colaboradores (Xu, Ye et al., 2009) estudaram o efeito do AE em ratos

Sprague-Dawley submetidos à insulto isquêmico cerebral. O AE teve

consequências benéficas nos animais testados no labirinto em cruz elevado e

levou ao aumento do número de sinapses parietais e da densidade pós-

sináptica do hipocampo e do córtex parietal. Veena et al (2009)

demonstraram melhora nos sintomas depressivos concomitantemente ao

aumento de células hipocampais em ratos Wistar submetidos a estresse

crônico seguido de exposição ao AE. Na área comportamental demonstrou-

se que o AE melhora o desempenho de animais nos mais variados testes

cognitivos, sensoriais, motores e afetivos (ROSENZWEIG E BENNETT,

1996; YOUNG, LAWLOR et al., 1999; RUTTEN, VAN ALBADA et al., 2002;

VEENA, SRIKUMAR et al., 2009), como na habituação avaliada através do

teste de campo aberto (KOH, CHUNG et al., 2005; AMARAL, VARGAS et al.,

2008), reflexo de sobressalto (ISO, SIMODA et al., 2007) e, labirinto em cruz

elevado e labirinto radial de oito braços (LORES-ARNAIZ, BUSTAMANTE et

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al., 2007). Não esta claro qual o tempo necessário de exposição ao AE para

gerar benefícios e em que momento de início à exposição ocorre maior

ganho cognitivo. Amaral et al., (2008) demonstraram que um período curto,

de uma semana apenas (aqui submetemos os animais a 3 semanas

continuas ao AE), já leva a benefícios no campo cognitivo. Os autores

também relataram que os benefícios podem perdurar durante vários meses, e

que esse tempo é diretamente proporcional ao tempo de exposição ao

ambiente enriquecido. Ademais, os pesquisadores enfatizaram que os

achados dos efeitos do ambiente enriquecido no cérebro são diversificados,

pois há inúmeros modelos de AE, e que variam quanto ao tempo de

exposição e de duração e quanto a idade de início da exposição.

O teste do labirinto em cruz elevado (LCE) é um dos testes animais para

o estudo de medo/ansiedade mais utilizados por diversos grupos de pesquisa

em todo o mundo. O teste, validado inicialmente por Handley e Mithani em

1984, é baseado no comportamento natural dos animais, não oferecendo

nenhum tipo de punição aos mesmos. O equipamento utilizado neste teste é

constituído por dois braços abertos unidos perpendicularmente a dois braços

circundados por paredes (braços fechados) e foi a princípio utilizado para

avaliar o comportamento de ratos. Os autores do teste observaram que os

animais, ao serem colocados no centro do aparelho, demonstravam clara

tendência a explorar os braços fechados, em detrimento dos abertos. A

exposição dos ratos a situações naturalmente ameaçadoras, representadas

pela altura e pelo espaço aberto, explicaria a maior aversão para explorar os

braços abertos. No presente estudo os animais do grupo NPP permaneceram

percentualmente, um tempo (%) significativamente maior na arena central.

Embora não tenhamos observado diferença significativa entre NPP e LPP

quanto à permanência e entrada nos braços abertos, o ambiente enriquecido

aumentou significativamente estes parâmetros nos dois grupos (NPE e LPE),

indicando redução significativa do comportamento de medo/ansiedade, nas

proles, independentemente de LP ou NP, submetidas ao AE.

Avalizando os resultados obtidos no teste do labirinto em cruz elevado,

aqui não observamos resultados diferentes quanto ao número de bolos fecais

das proles NPP e LPP durante os cinco minutos de observação, entretanto, o

ambiente enriquecido diminuiu significativamente este número indicando

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redução no comportamento de medo e ansiedade. O teste do labirinto em

cruz elevado tem sido amplamente utilizado tanto para a descoberta de

novos agentes ansiolíticos, quanto para investigar as bases psicopatológicas

e neuroquímicas da ansiedade. Sua ampla utilização por pesquisadores de

todo o mundo se deve a simples e rápida utilização; utilizar equipamento

barato, podendo ser construído facilmente; ser eficaz na detecção de

modificações comportamentais, sem que seja necessário o condicionamento

aversivo, como ocorre com testes como o teste de punição da pressão à

barra ou o teste do beber punido de Vogel. É considerado, portanto, um teste

baseado em respostas naturais dos animais. Assume-se que os braços

abertos do labirinto combinam dois componentes naturalmente aversivos aos

animais: ser um ambiente novo e ser um espaço aberto, uma vez que não

possuem paredes protetoras. Em contraste, os braços fechados por paredes

altas representam, ao animal, um ambiente que oferece proteção contra

estímulos potencialmente nocivos, tais como a presença de predadores.

Quando o animal é colocado no labirinto para que o explore livremente

durante um período de tempo determinado, o animal tende a explorar os

braços abertos somente durante 20 a 25% do tempo, sugerindo que a

possível aversão causada por esses braços realmente exista. Esse

parâmetro (tempo total de permanência nos braços abertos do modelo),

portanto, representa um forte índice relacionado à ansiedade. Este foi

sensivelmente atenuado em nosso estudo pelo AE, predominantemente no

grupo LP. Contrariamente a esta resposta, quando os animais são tratados

com compostos conhecidos por aumentar os níveis de ansiedade (compostos

ansiogênicos), acabam passando mais tempo acuados nos braços fechados

do que explorando os braços abertos.

Com relação aos parâmetros observados, além do tempo total de

permanência em cada um dos braços e do número total de entradas alguns

pesquisadores também consideram na análise outras medidas, consideradas

comportamentais, tais como o número de vezes que o animal explora a

extremidade dos braços abertos, número de vezes que se levanta contra as

paredes dos braços fechados, entre outras medidas. Este teste, entretanto,

possui algumas limitações. Uma delas é o fato de que seu valor como teste

preditivo para a ação de determinadas drogas, p.e. agonistas serotonérgicos,

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ainda permanece incerto. Isso sugere que, na verdade, o teste produz

diferentes tipos de ansiedade.

A literatura tem mostrado que a desnutrição pode provocar alterações

no sistema nervoso central (SANTUCCI et al, 1994; CINTRA et al, 1997;

ALMEIDA et al, 1996; MORGANE et al, 2002). Entretanto, diferente de

estudos na literatura, nossos experimentos em ratos submetidos à

desnutrição proteica intrauterina, não apresentaram em estado basal,

modificações no percentual de entradas e de tempo de permanência nos

braços abertos do LCE, quando comparados a prole que não foi submetida à

restrição proteica gestacional. Estudos prévios já demonstraram que os

animais desnutridos entram mais e permanecem mais tempo nos braços

abertos do LCE (ALMEIDA et al, 1993 e FRAÇOLIN-SILVA et al, 2006),

sugerindo que animais apresentam menor resposta de ansiedade e/ou uma

maior impulsividade. Esta redução da ansiedade, não observada no presente

estudo pela técnica de avaliação utilizada, pode estar associada a um

possível efeito da desnutrição proteica neonatal em estruturas cerebrais

como o septo, amígdala e hipocampo, estruturas estas envolvidas na inibição

comportamental (GRAY e MCNAUGHTON, 2000). Assim, no presente estudo

utilizando modelo de programação fetal pelo estresse gestacional, embora

tenhamos observado extensa alteração citológica hipocampal, esta não

refletiu em alterações comportamentais. Por outro lado, a prole de mães

submetidas a restrição proteica gestacional e ao enriquecimento ambiental

permaneceram menos tempo nos braços fechados quando comparados com

animais não estimulados. A estimulação neste caso produziu efeito protetor

ás possíveis alterações comportamentais induzidas pela desnutrição proteica.

Reiterando esta possibilidade, demonstramos alterações significativas na

composição neuronal pós ambiente enriquecido e, outros autores observaram

que a estimulação ambiental, pode ter papel importante na plasticidade

cerebral (CANCEDDA, et al, 2004; ARTOLA, et al, 2006) e

concomitantemente, no comportamento (MORGAN e WINICK, 1980; WILL et

al 2004).

Como referido acima, nossos estudos confirmando dados da literatura,

demonstraram que a prole de mães submetidas á desnutrição proteica

apresentam menor atividade locomotora (ALMEIDA et al, 1991 e 1993).

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Assim animais estimulados, independente do tipo de estimulação,

apresentaram maior locomoção e comportamento exploratório quando

comparados com os ratos não estimulados, mostrando que a estimulação

pode influenciar a atividade locomotora e consequentemente a resposta ao

teste do LCE.

Trabalhos prévios realizados em nosso laboratório, utilizando o teste

do labirinto aquático de Morris, já haviam demonstrado que a memoria

espacial de referência é também hipocampo-dependente (LOPES et al.,

2013). Este teste foi adaptado para verificar também a memória de trabalho

por usar o mesmo modelo experimental e por recrutar as mesmas

habilidades para a execução do teste (KESNER, 2000). Tanto o hipocampo

quanto o córtex pré-frontal estão envolvidos no processamento da memória

espacial (LEE e KESNER, 2003). A aquisição da memória de referência

requer estrutura e funções hipocampais para formar associações espaciais

que permanecem constantes, enquanto que a memória de trabalho pode ser

descrita como um sistema de capacidade limitada que permite processar e

armazenar informações temporariamente (GOLDMAN-RAKIC, 1995) pelo

córtex pré-frontal. Como nos resultados do presente estudo, não

encontramos diferenças significativas entre os grupos LP e NP, em qualquer

um dos parâmetros analisados, sugerimos que tais funções de hipocampais

não foram alteradas com a restrição de proteína gestacional ou os testes não

foram capazes de descriminar alterações comportamentais, claramente

associadas as modificações citológicas encontradas. Em um modelo similar

de restrição proteica gestacional Tonkiss et al., (1994; 1997), também não

encontraram alterações na memória espacial e no aprendizado, nem

tampouco na memória de trabalho (TONKISS e GALLER, 1990). Entretanto

não podemos descartar a hipótese de que, em outros tipos de testes

comportamentais, possamos encontrar alterações nestes parâmetros. Nós já

tínhamos detectado esta dissociação entre função e forma, uma vez que em

estudos anteriores, através da aplicação da análise tridimensional por

coloração de Golgi-Cox no hipocampo dorsal, região ligada ao aprendizado e

à memória demonstramos que a restrição proteica gestacional leva a

diminuição em cerca de 30% no comprimento total de dendritos basal e no

número de intersecções dos dendritos apicais, em um raio entre 50-120 µm

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do pericário, de neurônios piramidais de CA3. Neste estudo, a arquitetura

dendrítica dos neurônios do giro denteado e de CA1 manteve-se inalterada

(LOPES et a., 2013).

Estudos demonstram que a exposição gestacional ao estresse

(WEINSTACK et al., 1992), ou a administração de hormônios do estresse

(FAMELI et al 1994), durante a gestação levam ao aumento na concentração

plasmática de corticosterona na prole. Além disso, diversos estudos vêm

demonstrando que o estresse pré-natal está associado às alterações do eixo

HHPA da prole (para revisão ver CHARIL et al., 2010). Wellman (2001)

verificou que a injeção de corticosterona em ratos adultos, diariamente

durante 3 semanas, provocou reorganização da arborização dendrítica e

redução no comprimento dos dendritos distais de neurônios do córtex pré-

frontal. No entanto, pelo que verificamos não há na literatura qualquer

referencia ás modificações encontradas aqui com relação as modificações do

número e da razão neurônio/glia em estruturas do SNC, particularmente no

hipocampo.

Não existe sincronicidade no desenvolvimento das diferentes

estruturas neurais sendo que cada uma tem seu padrão e tempo específicos

de desenvolvimento durante os períodos pré e pós-natais. Estes processos

envolvem “janelas” diferentes e parcialmente sobrepostas de vulnerabilidade

ao estresse. Assim é difícil determinar o período de maior suscetibilidade á

estressores durante a gestação, desde que a maioria dos estudos com

animais sobre efeitos do estresse gestacional no desenvolvimento do cérebro

envolve roedores e estresse de fêmeas prenhas durante a última semana

gestacional, que é um período de desenvolvimento ativo de várias regiões do

cérebro de roedores. Além disso, estudos em macacos Rhesus feitos por Col

e colaboradores (2003) sugerem que o estresse gestacional pode ter efeitos

neurais similares aos obtidos em roedores. Estes resultados sugerem que se

a proliferação é afetada, os eventos subsequentes como migração podem

também ser afetados. Finalmente, a diferenciação celular pode também estar

afetada neste modelo experimental (RICE e BARONE, 2000).

O presente estudo revelou dissociação entre a resposta do teste

comportamental e alterações no número de neurônios hipocampais, como

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consequência da programação fetal. Assim o significado funcional destas

alterações em termos de impacto absoluto sobre o hipocampo permanece

uma incógnita. A ausência de alterações basais no desempenho destes

testes, ocorreram a despeito de redução no número de neurônios no giro

denteado do hipocampo. Vários autores têm sugerido que a atrofia observada

no hipocampo pode ser uma resposta compensatória para proteger o

hipocampo de danos adicionais (OHL e FUCHS, 1999; MCEWEN, 2001;.

BARTOLOMUCCI et al., 2002; de QUERVAIN et al., 2009).

Os achados deste estudo representam o impacto pré e perinatal da

desnutrição proteica correspondente à situação de estresse nutricional, no

hipocampo que está envolvido no comportamento emocional bem como na

memória e no aprendizado. Nós demonstramos, pela primeira vez, que a

exposição materna a restrição proteica durante o desenvolvimento neural da

prole causa importantes mudanças morfológicas no hipocampo podendo

tornar estes animais vulneráveis a distúrbios neurais na idade adulta. O

presente estudo pelo menos sob aspecto morfológico ponderal confirma a

teoria do "cérebro egoísta", um paradigma recente que postula que, para

manter estável seu próprio fornecimento de energia, o cérebro modula o

metabolismo da energia na periferia regulando tanto a alocação quanto a

ingestão de nutrientes. Neste trabalho, há evidente constatação de que as

alterações ponderais observadas, não correspondem as intensas

modificações na composição citológica, particularmente hipocampal, dos

diferentes grupos experimentais. Embora pareça que as alterações

nutricionais promovam alterações irreversíveis ponderais na massa corporal,

mas não no encéfalo e algumas de suas estruturas fundamentais, a

composição e estrutura neuronal e sua recuperação a partir de células

primordiais, são profundamente modificadas pela restrição dietética materna

e, surpreendentemente, pela exposição ao ambiente enriquecido. Assim,

podemos afirmar que a teoria do cérebro egoísta explica a manutenção da

massa encefálica entretanto, a proporção dos diferentes tipos celulares é

profundamente alterada o que pode expandir nosso entendimento sobre a

adaptação ao estresse e a neuro-regeneração em estados neuro-

comportamentais tidos como anormais. Além disso, devemos ressaltar que,

embora tenhamos observado redução significativa no número de neurônios

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após o período de amamentação, demonstramos pela primeira vez que este

parâmetro é revertido pelo estimulo em ambiente enriquecido.

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6.

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6. CONCLUSÃO

Á análise dos resultados do nosso trabalho permite tirar as seguintes

conclusões:

A. Aspectos Morfométricos:

1. A prole de ratos machos de mães submetidas a restrição proteica

gestacional apresentou redução significativa na massa corporal que

persistiu durante todo o período de acompanhamento e, não foi

revertido pela exposição ao ambiente enriquecido (AE); Ao contrário,

os animais submetidos ao AE apresentaram, independente de

pertencerem ao grupo LP ou NP, incremento na perda ponderal;

2. Esta redução ponderal não foi acompanhada por redução ponderal da

massa encefálica e hipocampal;

3. Não houve diferença significativa no número de células totais nos

hipocampos dos animais estudados, independente do grupo

experimental;

4. Entretanto, o número de neurônios foi significativamente reduzido nos

animais do grupo LPP quando comparado aos outros três grupos. A

manutenção da celularidade hipocampal no grupo LPP se deu por

aumento expressivo de células da glia;

5. A redução neuronal no hipocampo foi associada à redução da

atividade mitótica e do numero de células tronco no giro denteado;

6. A exposição do grupo LP ao ambiente enriquecido durante 3 semanas

(LPE) levou ao reestabelecimento do número de neurônios para

percentuais próximos ao encontrados nos grupos controles;

7. Portanto, o presente estudo demonstra que a restrição proteica

durante a gestação e a amamentação causa alterações expressivas

na proporção entre neurônios e outros tipos celulares presentes no

hipocampo (células da glia e endoteliais), sendo que esta proporção

foi reestabelecida àquela observada nos animais controle após

permanência no ambiente enriquecido;

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B. Aspectos Comportamentais:

1. O presente estudo revelou dissociação entre a resposta aos teste

comportamentais e alterações no número de neurônios hipocampais,

como consequência da programação fetal e neonatal;

2. Os resultados demonstram que a prole de animais LP apresenta

atividade motora semelhante aos controles (NP); entretanto, os

animais NP expostos a ambiente enriquecido aumentam

significativamente a atividade locomotora e capacidade de exploração.

Já no grupo LP, embora tenhamos observado aumento discreto em

LPE, esta diferença não foi significativa comparativamente, a LPP.

3. Quanto a velocidade média dos animais, os resultados demonstram

aumento significativo nos animais NPE comparativamente aos NPP e

ausência de modificações significativas nos grupos LPP e LPE;

4. Embora o estudo não tenha demonstrado diferença significativa entre

NPP e LPP quanto à permanência e entrada nos braços abertos, o

ambiente enriquecido aumentou significativamente estes parâmetros

nos dois grupos, indicando diminuição significativa no comportamento

que reflete medo/ansiedade em ambos os grupos;

5. A redução do medo e ansiedade dos animais expostos a ambiente

enriquecido foi confirmada pela redução do número de bolos fecais

nos grupos NPE e LPE;

6. O ambiente enriquecido elevou significativamente a habilidade dos

animais NP em discriminar o objeto novo em curto prazo de tempo. Já

a memoria de longo prazo não sofreu qualquer modificação nos

grupos estudados.

Desta forma podemos concluir que os achados deste estudo representam

o impacto pré e perinatal da desnutrição proteica correspondente à situação

de estresse nutricional no hipocampo, estando envolvido no comportamento

emocional, bem como na memória e no aprendizado. Nós demonstramos,

pela primeira vez, que a exposição materna a restrição proteica durante o

desenvolvimento neural da prole causa importantes mudanças morfológicas

no hipocampo podendo tornar estes animais vulneráveis a distúrbios neurais

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na idade adulta. Neste trabalho, há evidente constatação de que a ausência

de alterações ponderais do hipocampo não se associa as intensas

modificações na composição citológica dos diferentes grupos experimentais.

Embora pareça que as alterações nutricionais promovam alterações

irreversíveis da massa corporal, mas não no encéfalo e algumas de suas

estruturas fundamentais, a composição e estrutura neuronal e sua

recuperação a partir de células primordiais, são profundamente modificadas

pela restrição dietética materna e, surpreendentemente, pela exposição ao

ambiente enriquecido.

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