oficina de redacao 2014-2

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FGV GRatuito

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  • GRADUAO 2014.2

    OFICINA DE REDAOAUTORES: BEATRIZ CASTILHO COSTA, CARLOS VICTOR NASCIMENTO DOS SANTOS,

    FABRCIO DIAS, IZABEL SAENGER NUEZ, LEONARDO SEIICHI SASADA SATO, MONIQUE GELLER MOSZKOWICZ, PAULO RICARDO FIGUEIRA MENDES,

    RAFAEL ANTONIO BRAEM VELASCO

  • SumrioOfi cina de Redao

    INTRODUO ..................................................................................................................................................... 3

    UNIDADE I ......................................................................................................................................................... 8Aula 1: Fichamento. ...................................................................................................................................... 8Aula 2: Resumo. 12Aula 3: Resenha. 15

    UNIDADE II ...................................................................................................................................................... 23Aula 4: Texto acadmico. ............................................................................................................................. 23Aula 5: Texto jurdico. ................................................................................................................................. 29Aula 6: Produo de texto individual. .......................................................................................................... 40

  • OFICINA DE REDAO

    FGV DIREITO RIO 3

    INTRODUO

    A. OBJETO GERAL DA OFICINA

    Desenvolver habilidades de redao em textos argumentativos, acadmi-cos e jurdicos a partir das referncias bibliogrfi cas bsicas das disciplinas do segundo perodo.

    B. MTODO PARTICIPATIVO

    O material apresenta aos alunos o roteiro das aulas, breve exposio sobre os temas a serem desenvolvidos e indicao bibliogrfi ca complementar.

    A utilizao do presente material didtico obrigatria para que haja um aproveitamento satisfatrio do curso. Assim, imprescindvel que seja feita a leitura do material antes de cada aula, bem como da bibliografi a bsica indicada previamente.

    C. CRITRIOS DE AVALIAO

    Os alunos sero avaliados da seguinte forma: i) Seis pontos relativos s avaliaes feitas em sala de aula, previamente acertadas pelos tutores de for-ma conjunta; ii) Dois pontos relativos participao, conforme critrios de acompanhamento coletivo; e iii) Dois pontos relativos aos trabalhos desen-volvidos durante cada Ofi cina, a critrio de cada tutor.

    Para a aprovao, o aluno deve obter uma mdia igual ou superior a 7,0 (sete), bem como ter a freqncia mnima de 75% (setenta e cinco por cento) das Ofi cinas.

    D. ATIVIDADES PREVISTAS

    A Ofi cina contar com a elaborao de textos, a fi m de aplicar a teoria aprendida prtica.

    E. CONTEDO DA OFICINA

    Em sntese, o curso ser composto pelas seguintes unidades:

  • OFICINA DE REDAO

    FGV DIREITO RIO 4

    IntroduoUnidade IAula 1: Fichamento.Aula 2: Resumo.Aula 3: Resenha.Unidade IIAula 4: Texto acadmico.Aula 5: Texto jurdico.Aula 6: Produo de texto individual.

    PLANO DE ENSINO

    Apresentamos abaixo quadro que sintetiza o plano de ensino da disciplina, contendo a ementa do curso e os objetivos de aprendizado almejados com a matria.

    ATIVIDADE COMPLEMENTAR OBRIGATRIA

    Ofi cina de Redao.

    CDIGO:

    GRDDIRATCO046

    CARGA HORRIA

    30 horas

    EMENTA

    Problematizar o contedo do texto. Compreender os elementos de textos em forma de fi chamento, resumo e resenha. Elaborar fi chamento, resumo e resenha. Reconhecer os elementos de textos acadmicos e jurdicos. Operar elementos de textos acadmicos e jurdicos. Utilizar argumentos em lingua-gem simplifi cada. Desenvolver posicionamento prprio. Redigir texto indi-vidual. Redigir texto coletivo.

  • OFICINA DE REDAO

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    OBJETIVOS

    Objetiva-se que o aluno desenvolva as seguintes competncias e habilidades:i) Desenvolver tcnicas de elaborao de instrumentos de leitura acadmica; ii) Aprimorar a habilidade de construo de textos objetivos, coerentes, coe-sos e adaptados s linguagens acadmica e jurdica; e iii) Incentivar a produ-o de textos individuais e coletivos, com a cooperao entre os alunos.

    METODOLOGIA

    A metodologia de ensino participativa, com nfase na produo de tex-tos em sala de aula. Para esse fi m, a leitura prvia obrigatria mostra-se fun-damental.

    BIBLIOGRAFIA OBRIGATRIA

    Todos os textos indicados pelos professores das disciplinas do segundo perodo.

    BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

    Como elaborar uma resenha. In: Manual de Redao PUCRS. Pontifcia Uni-versidade Catlica do Rio Grande do Sul. Disponvel em: . Acesso em: 24 jul. 2014.

    Linha Editorial da Revista de Direito GV. Disponvel em: . Acesso em: 24 jul. 2014.

    Normas para a elaborao de uma resenha. Disponvel em: . Acesso em: 24 jul. 2014.

    ABRAMOVAY, Pedro. O direito Achado no Parlamento: uma experincia do-cente. In: Cadernos FGV Direito Rio Vol. 6. Rio de Janeiro: Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundao Getlio Vargas, 2011.

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    ARCOVERDE, Maria Divanira de Lima. ARCOVERDE, Rossana Delmar de Lima. Produzindo gneros textuais: A resenhaI. Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN, 2007

    ARES, Amanda Maria Medeiros Lpez et allii. Norma para Elaborao de Referncias. 2010. 33f. Manual Biblioteca Mario Henrique Simonsen, Fundao Getulio Vargas, 2010. Disponvel em: . Acesso em: 24 jul. 2014.

    BATISTA, Nanci da Costa, SILVA, Fabio Vieira. Novo manual de redao ofi cial. 2 edio. Rio de Janeiro, 2013.

    BASTOS, Snia. Orientaes para a elaborao de resenha. SP: Universidade Anhembi Morumbi, 2009. Disponvel em: . Acesso em: 14 jul. 2014.

    DAMIO, Regina Toledo; HENRIQUES, Antonio. Curso de Portugus Ju-rdico. So Paulo: Atlas, 2000.

    DIMOULIS, Dimitri. Manual de introduo ao estudo do direito. So Paulo: RT, 2010, p. 133.

    ECO, Umberto. Como se faz uma tese? 13 ed. Presena: Lisboa, 1996.

    FIORIN, Jos Luiz. Savioli, Francisco Plato. Para entender o texto: leitura e redao. So Paulo: tica, 1990.

    FERRAZ JUNIOR, Trcio Sampaio. Introduo ao Estudo do Direito: tcni-ca, deciso e dominao.4 ed. So Paulo: Atlas, 2003.

    GARCIA, Othon Moacyr. Comunicao em Prosa Moderna. RJ: Editora FGV, 2001.

    GOLDENBERG, Miriam. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Cincias Sociais. 8 ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.

    GOMES Junior, Luiz Manoel. FISS, Owen. In: SALLES, Carlos Alberto de (Coord.). Um novo processo civil: estudos norte-americanos sobre jurisdio, Constituio e sociedade. Trad. Daniel Porto Godinho da Silva; Melina de Medeiros Rs. So Paulo: Ed. RT, 2004. Revista de Processo 119.

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    LOUSADA, Eliane, Lilian Santos Abreu Tardelle. Resumo: Leitura e produo de textos tcnicos e acadmicos. So Paulo: Parbola, 2004.

    MEDEIROS, Joo Bosco. Redao cientfi ca: a prtica de fi chamentos, resumos e resenhas. 11 ed. So Paulo: Atlas, 2013.

    MARTINS, Tlio; MORENO, Claudio. Portugus para Convencer: Comuni-cao e persuaso em Direito. SP: tica, 2006.

    NERY, Rodrigo Luiz. Apostila de Linguagem Jurdica. Disponvel em: Acesso em: 29 jul. 2014.

    RAE Revista de Administrao de Empresas. Manual de Redao. 2007. 39 f. Manual Escola de Administrao de Empresas de So Paulo, Fun-dao Getulio Vargas, 2007. Disponvel em: . Acesso em: 24 jul. 2014.

    ROSSET, Luciano. Critrios para fazer uma resenha. Disponvel em: . Acesso em: 24 jul. 2014.

    SCARTON, Gilberto. Guia de produo textual: assim que se escreve... Porto Alegre: PUCRS, FALE/GWEB/PROGRAD, 2002. Disponvel em: . Acesso em: 14 jul. 2014.

    XAVIER, Ronaldo Caldeira Xavier. Portugus no Direito: Linguagem Foren-se. Rio de Janeiro: Forense, 2002.

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    1 GOLDENBERG, Miriam. A arte de pes-quisar: como fazer pesquisa qualitativa em Cincias Sociais. 8 ed. Rio de Janei-ro: Record, 2004, p. 84.

    2 MEDEIROS, Joo Bosco. Redao cien-tfi ca: a prtica de fi chamentos, resumos e resenhas. 11 ed. So Paulo: Atlas, 2013. p. 102.

    UNIDADE I

    AULA 1: FICHAMENTO.

    I. TEMA

    Fichamento.

    II. ASSUNTO

    Anlise e produo de fi chamento.

    III. OBJETIVOS ESPECFICOS

    O objetivo desta Ofi cina consiste em apresentar as noes iniciais da pro-duo de um fi chamento.

    IV. DESENVOLVIMENTO METODOLGICO

    No existe uma norma sobre o modelo que deve ter um fi chamento, uma vez que se trata de uma tcnica de pesquisa, uma ferramenta para a realizao das pesquisas e leituras. Os autores que estudam metodologia da pesquisa divergem sobre como um fi chamento (ou uma fi cha de leitura) deve ser feito e qual deve ser o seu contedo. Certo que o fi chamento uma forma que o pesquisador tem para registrar e organizar as ideias que leu em um livro, artigo ou qualquer outro material de pesquisa e, assim, ordenar o seu pen-samento, de modo que no precise voltar a ler a obra fi chada, quando for escrever seus textos e trabalhar na produo da sua pesquisa.

    Antes de fazer o fi chamento, o aluno deve ler o texto com ateno: Ao fi char um livro, somos obrigados a ler com profundidade, buscando com-preender cada ideia e categoria utilizada. Aps essa leitura, todos os autores fi chados, passam a ser nossos amigos ntimos.1 Assim, todo o fi chamento deve ser precedido de uma leitura atenta do texto e o leitor depende de outras habilidades para fazer um bom trabalho, entre elas: capacidade de analisar o texto, separar as suas partes, examinar como elas se relacionam e como o tex-to se relaciona com outros textos, assim como ter a competncia de resumir as ideias do texto.2

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    Durante a leitura, se o livro for seu (e no for raro), rabisque, anote, grife, cole notas, use cores. Trave uma verdadeira conversa com o autor. S no faa isso, jamais, em livros da biblioteca, de uso comum, que tambm sero usados por outros colegas.

    Para fazer o fi chamento algo imprescindvel, de modo que voc no te-nha que fi car retornando a biblioteca quando for escrever o seu texto. Inicie sempre pelos dados da obra, no cabealho do seu texto, seguindo as nor-mas de organizao de referncias bibliogrfi cas da ABNT: SOBRENOME, Nome (AUTOR). Ttulo da Obra. Edio. Cidade: Editora, ANO.

    Ex.: SIMMEL, Georg. Questes fundamentais da Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

    Lembre-se que voltar a biblioteca apenas para coletar uma referncia muito chato e essa uma formas de evitar a acusao de plgio.

    Alguns autores que escrevem sobre metodologia da pesquisa separam em tipos de fi chamento. Majoritariamente, podemos dizer que h dois tipos de fi chamento: o (1) fi chamento de citaes e (2) o fi chamento de resumo ou contedo, ambos esto contidos dentro do que chamaremos aqui de fi -chamento de leitura. Os fi chamentos de citaes so aqueles que contam so-mente com as transcries diretas de trechos do texto pesquisado, constando a pgina onde se encontra o trecho recortado, escrito entre aspas. Esse tipo de citao facilita a tarefa do redator do texto, de elaborar o seu trabalho textual, em dilogo com as ideias do livro consultado.

    Um exemplo de citao direta: Trecho da comdia humana, o crime, o criminoso, o binmio penal delinquente e vtima, as circunstncias humano--sociais de ambos, tudo precisa ser explicado, compreendido, entendido, para que se condene, [...] para que se julgue enfi m (Bonfi m, 2000, p.12). Quan-do uma parte do texto for suprimida, recomenda-se sinalizar a supresso com colchetes e reticncias, de modo que posteriormente o pesquisador no es-quea que h um trecho faltando.

    O fi chamento chamado como de resumo ou contedodeve ser feito com as prprias palavras do leitor, resumindo as principais ideias do texto, a partir da sua leitura. Nesse tipo de fi chamento o pesquisador pode fazer as suas prprias perguntas para o texto e buscar respond-las no fi chamento.

    O fi chamento , portanto, uma tcnica desenvolvida por pesquisadores para facilitar a realizao das suas pesquisas, ele pode ser feito de diversas formas e ter caractersticas diversas, de acordo com a inteno que o leitor tem para o seu uso. Trabalharemos aqui com as fi chas de leitura, tipo mais amplo, que comporta tanto o resumo das ideias expostas no texto, quanto a insero de citaes, transcries diretas do texto, quando o pesquisador entender necessrio.

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    Nos moldes do que prope o professor Umberto Eco, entre os diversos tipos de fi chas, as indispensveis so as fi chas de leitura: ou seja, aquelas em que se anotam com preciso todas as referncias bibliogrfi cas relativas a um livro ou a um artigo, se escreve o seu resumo, se transcreve algumas citaes--chave, se elabora uma apreciao e se acrescenta uma srie de observaes (Eco, 1996, p.143). Elas servem, portanto, para a organizao das ideias re-sultantes de uma leitura crtica.

    Para fazer uma leitura crtica e densa de um texto, a professora Miriam Goldenberg sugere que o leitor levante questes ao longo da atividade, tais como: (1) Qual o objetivo do autor? (2) Com que outros autores est dialo-gando (explcita e implicitamente)? (3) Quais as categorias e conceitos uti-lizados (como so defi nidas (os)?)? (4) Quais as suas hipteses de trabalho? (5) Qual a metodologia utilizada em sua pesquisa? (6) Qual a importncia de seu estudo no campo em que est inserido? (O que o autor diz sobre isso? E o que eu acho?)? (7) O autor sugere novos estudos? (8) Resumo do livro. (9)Avaliao crtica do livro (pessoal).

    H muitas formas de fazer o fi chamento e cada pesquisador acaba desen-volvendo o seu mtodo preferido para uns mais importante transcrever trechos e passagens, para outros resumir ideias, mas como diria Eco, depois de uma leitura crtica e profunda, um mtodo standard para sua produo seria: (1) indicao bibliogrfi ca precisa; (2) informaes sobre o autor; (3) breve (ou longo) resumo do texto; (4) citaes extensas; (5) comentrios pes-soais.

    Voc deve comear, ento, inserindo a referncia do texto no cabealho, como j dissemos anteriormente, respeitando a formatao da ABNT acredite, isso ser muito til, posteriormente. As informaes sobre o autor (item 2) so importantes para situ-lo dentro de uma escola de pensamento, referindo onde estudou, quem foram os demais autores que produziram ao mesmo tempo. Lembre-se que a pesquisa e as escolas de pensamento so fei-tas em grupos, em tempos e lugares e especfi cos e, ainda, os pesquisadores encontram-se em eventos e discutem seus trabalhos, trocam e so infl uencia-dos por seus colegas, por isso entender de onde fala o autor to importante para o trabalho.

    O resumo do texto (item 3) so as notas, com as suas palavras, do que foi lido, de modo que seja possvel lembrar da obra como um todo com uma leitura rpida do texto contido no fi chamento. Nesse caso, o captulo em que falaremos sobre um bom resumo, aqui na apostila, deve ser lido. As citaes extensas (item 4) so as transcries dos trechos mais interessantes, para que depois o material seja facilmente citado quando for elaborar um trabalho es-crito, por exemplo. Com os fi chamentos eletrnicos fcil transferir os dados para outros arquivos, referenciando a obra e facilitando a produo do texto resultante da pesquisa, assim como a organizao de seus estudos.

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    Os comentrios pessoais (item 5) fazem parte da leitura crtica do texto. Podem ser feitos em cores diferentes e com vrios destaques. aqui que aparecem as novas ideias, as novas teorias, uma vez que o conhecimento construdo nessa troca entre pesquisadores, que publicam as suas pesquisas. Nunca deixe de registrar um insight, ele pode ser til quando for voltar aos textos lidos para realizar os seus estudos e produzir as suas pesquisas.

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    3 MEDEIROS, Joo Bosco. Redao cien-tfi ca: a prtica de fi chamentos, resumos e resenhas. 11 ed. So Paulo: Atlas, 2013. p., p. 128).

    AULA 2: RESUMO.

    I. TEMA

    Resumo.

    II. ASSUNTO

    Anlise e produo de resumo.

    III. OBJETIVOS ESPECFICOS

    O objetivo desta Ofi cina consiste em apresentar as noes iniciais da pro-duo de um resumo.

    IV. DESENVOLVIMENTO METODOLGICO

    De acordo com a norma NBR 6028:2003, da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT), o resumo consiste na apresentao concisa dos pontos relevantes de um documento.

    Nas lies de Joo Bosco Medeiros, o resumo uma apresentao sinttica e seletiva das ideias de um texto, ressaltando a progresso e a articulao de-las. Nele devem aparecer as principais ideias do autor do texto.3

    O resumo um instrumento adequado tanto para a aprendizagem reda-cional, quanto para o aprimoramento da leitura. Um leitor que capaz de resumir um texto com suas prprias palavras demonstra ter compreendido as ideias nele expostas. (MEDEIROS, 2013, p. 137).

    Na elaborao de um resumo, podemos destacar quanto ao contedo, os seguintes elementos:

    1) O assunto do texto;2) O objetivo do texto;3) A articulao das idias;4) As concluses do autor do texto a ser resumido

    O resumo deve ser redigido de forma objetiva, evitando-se a repetio de frases inteiras do texto original. Deve-se respeitar a ordem em que as ideias so apresentadas e no deve apresentar juzo valorativo ou crtico.

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    O resumo deve dispensar a consulta ao texto original, ou seja, deve ser compreensvel por si mesmo.

    A norma NBR 6028: 2003 da ABNT faz uma classifi cao dos resumos em crtico, indicativo e informativo.

    1) Resumo crtico: possui fi nalidade interpretativa. Nele aparecem co-mentrios e juzos de valor, sendo tambm chamado de resenha crtica;

    2) Resumo indicativo: indica somente os pontos principais do texto, sem apresentar dados qualitativos ou quantitativos. No dispensa a leitura do texto original. tambm conhecido como descritivo. Refere-se s partes mais importantes do texto;

    3) Resumo informativo: tambm conhecido como analtico. Pode dispensar a leitura do texto original. Deve abordar o objetivo do texto, mtodos e tcnicas, resultados e concluses. No h comen-trios pessoais ou juzos de valor. Este tipo de resumo indicado para artigos acadmicos e artigos cientfi cos.

    A norma NBR 6028: 2003 da ABNT estabelece que deve-se evitar o uso de pargrafos no meio do resumo. Portanto, o resumo deve ser constitudo de apenas um pargrafo.

    Podemos destacar como tcnicas de elaborao de resumos:1) Ficha tcnica do texto (Nome completo do autor. Ttulo da obra.

    Local de publicao do texto. Editora. Ano. Pginas);2) Tipo de texto (literrio, didtico, acadmico);3) Resumo do contedo (assunto do texto, objetivo, mtodos, crit-

    rios utilizados, concluses do autor da obra resumida).

    Segundo Jos Luiz Fiorin e Francisco Plato Savioli, em Para entender o texto: leitura e redao (1990, p. 420), trs elementos devem ser observados na elaborao de resumos. So eles: as partes fundamentais do texto; a progres-so das ideias apresentadas e a correlao das partes do texto.

    Para reduzir as difi culdades na elaborao de resumos, deve-se ler o texto do incio ao fi m, sem interrupes. Nesta fase, deve-se responder a seguinte questo: de que trata o texto a ser resumido? Na segunda leitura do texto, ao encontrar difi culdades na decodifi cao das palavras, deve-se recorrer ao dicionrio. Na terceira fase, o texto deve ser dividido, conforme suas ideias e temas. Aps estas trs fases, o resumo deve ser elaborado com as prprias palavras de quem o escreve.

    Na elaborao de resumos, alguns passos devem ser seguidos:1) Leitura de todo o texto para compreender a ideia do conjunto;2) Reler o texto, sempre que necessrio, esclarecendo dvidas e cone-

    xes das palavras e pargrafos;

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    3) Segmentar o texto em blocos de ideias que tenham unidade de sen-tido. sublinhando, assinalando as ideias principais;

    4) Retirada de elementos do texto que no sejam relevantes;5) Registro de informaes gerais do texto;6) Seleo das ideias principais;7) Construo de frases que incluam vrias ideias expostas no texto;8) Elaborar a redao fi nal do resumo com palavras prprias, procu-

    rando enca dear os segmentos resumidos na progresso em que sucedem no texto.

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    AULA 3: RESENHA.

    I. TEMA

    Resenha.

    II. ASSUNTO

    Anlise e produo de resenha.

    III. OBJETIVOS ESPECFICOS

    O objetivo desta Ofi cina consiste em apresentar as noes iniciais da pro-duo de uma resenha.

    IV. DESENVOLVIMENTO METODOLGICO

    A resenha um texto elaborado autoralmente sobre alguma obra: livro, texto, conjunto de obra do autor, fi lme, pea de teatro. Assim, trata-se de um trabalho que registra as impresses e posicionamentos pessoais acerca de uma obra, podendo indicar tambm detalhes. possvel identifi car dimenses da obra, como o nmero de pginas, o debate em que se insere, marcas caracte-rsticas do autor, crticas.

    Cada tipo de resenha precisa se adequar aos objetivos a que se prope. Uma resenha acadmica, para ser publicada, mais complexa que uma rese-nha descritiva, para uso prprio. Apesar das diferenas, em ambos os casos a resenha precisa ser capaz de informar o leitor sobre a obra resenhada, forne-cendo as informaes necessrias para posicionar os possveis interessados.

    Frente ao crescente volume de publicaes, torna-se cada vez mais difcil acompanhar todas as obras em torno de cada interesse. As resenhas, ento, ajudam a orientar a ateno dos interessados para obras especfi cas. Sendo autorais, permitem ainda o posicionamento crtico do autor, que pode inter-pretar a obra, posicion-la em meio a outras discusses, e traar relaes da obra com elementos que lhe sejam externos.

    Uma vez que o objetivo da resenha de divulgar a obra e a impresso do autor, seu papel acaba sendo muito mais efmero que o objeto resenhado. Por isso mesmo costumam ser veiculadas em jornais e revistas, embora existam publicaes acadmicas que compilem grandes volumes de resenhas. Devi-

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    do ao seu carter informativo e de formao de opinio, a resenha deve ser direta, com pouca extenso. Resenhas acadmicas costumam ter entre 3 e 7 pginas.

    Tipos de resenha

    A resenha resumo consiste em um texto que resume as ideias ou informa-es contidas na obra resenhada. O resultado um texto com os principais pontos sobre a as ideias presentes na obra. Uma resenha descritiva tende a descrever a obra. Informa as caractersticas fsicas, as ideias, a sucesso de dados e argumentos para sustentar as ideias, levanta a metodologia, emba-samento terico, identifi ca debates. Por fi m, a resenha crtica incorpora os elementos dos outros tipos anteriores, mas precisa avanar em termos de in-terpretao, aprofundamento de aspectos e relao com outras obras.

    este o tipo mais comum no mundo acadmico, pois faz necessria uma compreenso das ideias do texto, destaque a pontos que incrementam o de-bate geral (ou que meream ser criticados), e relacionamento com outros autores, obras ou debates. Em resumo, a resenha crtica elabora uma avalia-o sobre a obra resenhada, destacando os aspectos positivos e negativos, for-necendo ainda uma opinio do autor sobre o objeto resenhado. Para tanto, necessrio que o autor tenha conhecimentos na rea, pois ao fi m se redige uma avaliao crtica.

    Objetos

    Certamente a maior parte das pessoas j teve algum contato com rese-nhas. As mais comuns versam sobre fi lmes e livros literrios, sobre os quais os espectadores e leitores elaboram uma descrio, expressam suas opinies e manifestam uma avaliao. Aqui ser dada uma ateno especial a resenhas acadmicas, que podem ter como objeto textos, livros, o conjunto de escritos de um autor, ou o balano de um debate acadmico.

    Por que elaborar resenhas?

    As leituras acadmicas costumam ser feitas em grandes volumes, e inter-ligadas umas s outras. A elaborao de resumos ou fi chamentos pode ser insufi ciente para colocar as leituras em dilogo entre si, ou para registrar as impresses do leitor. Para tanto, o ideal que se recorra s resenhas, pois permitem o registro de opinies complexas sobre o texto e entre textos, assim

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    como de impresses e posicionamentos. A depender das intenes do leitor, as resenhas podem tambm ser um veculo de divulgao tanto das obras re-senhadas quanto das posies do resenhista. Mesmo que no seja publicada, a resenha um excelente instrumento de leitura e estudos.

    Como fazer uma resenha?

    O esforo para a redao de uma resenha, se for bem planejado, pode co-mear j quando da leitura do objeto a ser resenhado. Quanto melhor o autor dominar a obra, melhor e mais fcil ser a redao da resenha. Ou seja, uma boa leitura far diferena. Antes mesmo do incio da leitura possvel atentar para elementos que podero ser utilizados na futura redao.

    Alguns tpicos podem ser elencados para levantar questes sobre o texto. Seguem abaixo exemplos de pontos a que se pode atentar:

    1) Data, local e contexto da publicao da obra, ou de sua edio;2) Identifi cao do autor, sua formao, outras publicaes, debates

    em que se envolveu, propostas gerais;3) Qual o tema tratado pelo autor? Qual o debate em que se insere?

    Quais so os autores utilizados para sustentar ou contrapor a suas proposies?

    4) Qual o problema colocado pelo texto? Qual a posio do autor perante o problema?

    5) Quais so seus argumentos principais? So sustentados pelos mto-dos, dados e bibliografi a utilizados?

    6) Suas abordagens ao tema e ao problema so apropriadas para suas propostas?

    7) Quais so suas contribuies para o debate?

    ELEMENTOS DE FORMA

    1) Forma e formatao

    Devem ser seguidas as orientaes da ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas). comum que universidades elaborem compilaes de regras, para melhor orientar seus trabalhos. No caso da Fundao Getlio Vargas, a Biblioteca Mario Henrique Simonsen possui sua Norma para Ela-borao de Referncias (2010). Peridicos da instituio tambm podem guiar a redao dos trabalhos acadmicos que se proponha a publicar, dentre os quais a resenha. A Linha Editorial da Revista Direito GV possui requisitos gerais de formatao.O Manual de Redao (2007) da RAE Revista de

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    Administrao de Empresas, por exemplo, possui um tpico exclusivo para redao e formatao de resenhas.

    2) Ttulo

    Informa o tom que se quer dar resenha. Em geral, j adianta alguma posio do autor, ou a contribuio que a obra fornece, uma crtica, o debate em que se insere, ou um tema em que se queira aprofundar. Como a resenha direta e pouco extensa, o ttulo pode ser menos objetivo, pois no prejudi-car a compreenso do que se quer afi rmar.

    3) Referncia

    Dentro do padro da rea. Em resenha acadmica, usa-se o padro ABNT.

    4) Dados biobibliogrfi cos do autor e da obra

    necessrio levantar quem o autor, que outras obras publicou, infor-maes sobre a obra, com que autores dialoga, e o contexto de sua produo (ano, local, captulo de livro, obra de arte dentro de coleo, volume de livro dentro de tomo, livro composto por compilao de artigos).

    5) Descrio, resumo e sntese da obra

    Basta que constem os pontos centrais da obra e um plano geral, que d noo de seu conjunto. As ideias podem ser organizadas de diversas formas, sob escolha do autor. Podem seguir o plano de captulos, ou podem ser agru-padas conforme temas, recortadas segundo interesses especfi cos, organizadas seguindo a ordem de exposio de ideias, etc. Ao menos um ponto da obra, entretanto, deve ser melhor esmiuado, com uma anlise mais aprofundada.

    Em resumo, nesta parte devem tambm constar o assunto ou tema, o pro-blema elaborado pelo autor, a posio do autor perante o problema, hiptese, suas ideias centrais, argumentos principais, metodologia, dados, concluso do autor.

    6) Avaliao crtica, com posicionamento pessoal

    Como elemento central na redao da resenha, o posicionamento crtico deve aparecer fundamentada e claramente no texto. Como a prpria resenha redigida com o intuito crtico, o ideal que o esse posicionamento atravesse todo o texto, num formato em que no fi que apenas como um ltimo tpico ao fi m da resenha.

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    Por isso o prprio ttulo da resenha pode expressar a tnica do que ser dito. fundamental que a opinio crtica seja fundamentada e que no se contradiga com outros pontos levantados na resenha. Mesmo que a resenha seja crtica, preciso saber escrever a crtica. prudente que a crtica e os posicionamentos sejam moderados e respeitosos, mas h tambm resenhas agressivas e debochadas, o que no convm numa linguagem acadmica.

    Alguns pontos gerais podem ser imediatamente trazidos crtica: as ideias do autor em relao ao debate travado, coerncia do texto, sua validade, ori-ginalidade, profundidade, clareza, contribuio efetiva para o debate.

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    ATIVIDADE

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    Leia o texto acima, uma resenha sobre um escrito de Owen Fiss. O texto apresenta as caractersticas mnimas de uma resenha? Quais so essas caracte-rsticas? A resenha atingiu os objetivos a que se prope?

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    Compare esta resenha com o texto anterior. Em que se assemelham? Quais as diferenas?

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    4 DIMOULIS, Dimitri. Manual de introdu-o ao estudo do direito. So Paulo: RT, 2010, p. 133.

    UNIDADE II

    AULA 4: TEXTO ACADMICO.

    I. TEMA

    Texto acadmico.

    II. ASSUNTO

    Anlise e produo de texto acadmico.

    III. OBJETIVOS ESPECFICOS

    O objetivo desta Ofi cina consiste em apresentar as noes iniciais da pro-duo de um texto acadmico.

    IV. DESENVOLVIMENTO METODOLGICO

    Por mais que isso incomode aos gnios,o modo mais frequente de exerccio

    da inteligncia a repetio.

    Jaques Rancire, o mestre ignorante.

    Linguagens

    Uma das primeiras e mais marcantes experincias do aluno de graduao o estranhamento da linguagem utilizada no meio jurdico. Traduzir o ju-ridiqus parece uma das principais tarefas de aprendizado. Isso acontece por que: a) muitos termos utilizados no direito so desconhecidos da maioria da populao; b) muitas palavras da lngua comum adquirem signifi cados par-ticulares no direito; c) o estilo de redao utilizado em diversos documentos jurdicos apresenta muitas particularidades que difi cultam a compreenso.4

    No entanto, com o tempo se percebe que muitas dessas expresses so as-similadas naturalmente com a leitura e a escrita ao longo do curso. Afi nal de contas, o desenvolvimento da habilidade do uso da linguagem (lida, escrita e falada)faz parte do prprio processo de formao do aluno.

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    5 Dicionrio de fi losofi a Nicola abbag-nano

    6 A expresso dogmtica e zettica do fi lsofo do direito Theodor Viehweg e foi adotada no Brasil pelo professor Trcio Sampaio Ferraz Junior. Dogm-tica signifi ca doutrinar, ensinar; possui uma linguagem direitva (dever-ser) e preocupa-se em possibilitar uma deciso e orientar uma ao. Zettica signifi ca perquirir, perguntar; tem uma funo mais especulativa, possui uma linguagem informativa (ser), procura favorecer o conhecimento de algo. FER-RAZ JUNIOR, Trcio Sampaio. Introduo ao Estudo do Direito: tcnica, deciso e dominao.4 ed. So Paulo: Atlas, 2003, p. 39-51.

    Segundo o dicionrio de fi losofi a, linguagem o uso de signos inter-subjetivos, que so os que possibilitam a comunicao. Por uso entende-se: possibilidade de escolha (instituio, mutao, correo) dos signos; possibi-lidade de combinao de tais signos de maneiras limitadas e repetveis.5 Fun-damental na linguagem a estratgia de comunicao. A comunicao pres-supe um locutor (autor) e um destinatrio (auditrio). Logo, a linguagem uma estratgia de comunicao do locutor de acordo com o seu destinatrio.

    Uma simples situao revela como essa estratgia de comunicao impor-tante: um bom advogado deve no s saber formular tecnicamente o pedido ao juiz, mas tambm explicar para seu cliente o andamento do processo e seus direitos. Portanto, a habilidade de adaptar ao destinatrio a linguagem favorece o seu prprio objetivo: comunicar.

    Linguagem jurdica e linguagem acadmica

    Todo aluno de graduao se depara com uma linguagem diferente quando entra na faculdade. Essa linguagem pode ser chamada de acadmica. As especifi cidades do curso de direito permitem dizer que existe uma linguagem prpria dessa rea: a linguagem jurdica. De certa forma, ento, a lingua-gem acadmica no direito a linguagem jurdica.

    Existe, no entanto, uma necessria diferenciao entre prtica forense e produo acadmica. As estratgias de redao de um documento jurdico (sentena, petio, parecer) so diferentes da elaborao de um texto acad-mico (monografi a, artigo). Embora todas devam primar pelas qualidades co-muns de escrita como coerncia, coeso e clareza; elas se destinam a objetivos diferentes e no se confundem. O aluno deve ser habilitado a redigir tanto o documento jurdico quanto o texto acadmico, sendo iniciado nas duas prin-cipais reas de atuao do curso de direito: como operador (juiz, advogado, promotor) e professor-pesquisador.

    A ciso entre uma formao jurdica e outra acadmica gerada pela prpria natureza das matrias do currculo: dogmtica e zettica.6 As matrias dogmticas so aquelas ligadas a um ramo especializado do direito como o penal, empresarial e constitucional. As zetticas so ligadas teoria do direito (ex. introduo ao estudo do direito) ou algum ramo ligado s cincias sociais e humanas (ex. ideologias mundiais).

    Existe uma diferena na linguagem e na forma de analisar o fenmeno jurdico nas disciplinas com enfoque dogmtico e zettico. Enquanto as matrias dogmticas utilizam uma linguagem predominantemente prescri-tiva/diretiva, as matrias zetticas utilizam uma linguagem mais descritiva/informativa.A primeira analisa o direito desde uma perspectiva interna; a segunda, desde uma perspectiva externa.

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    7 Sobre a necessidade de uma formao jurdica para a atuao no processo legislativo ver: ABRAMOVAY, Pedro. O direito Achado no Parlamento: uma experincia docente. In: Cadernos FGV Direito Rio - Vol. 6. Rio de Janeiro: Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundao Getlio Vargas, 2011.

    O aluno de direito deve saber lidar com ambas. A sua formao bsica no pode prescindir delas, porque so complementares. O direito uma cincia social aplicada e como tal requer uma formao humanstica e, ao mesmo tempo, uma formao pragmtica voltada decidibilidade dos confl itos.

    Alm desses motivos pedaggicos gerais existe uma razo prtica: o campo de atuao no se restringe prtica forense ou acadmica.Basta pensar, por exemplo, nas competncias necessrias para o auxlio no processo de elabo-rao normativa: quem elabora precisa tanto da tcnica de escrita jurdica e conhecimento da rea especfi ca, quanto dimensionar o aspecto poltico, o contexto da mudana legislativa e seus possveis efeitos.7

    Portanto, essencial o aluno conhecer, manejar e redigir as diversas formas textuais.

    Tipologia de textos

    Os gneros textuais podem ser tcnicos ou acadmicos e podem ser clas-sifi cados pelas espcies de textos, linguagem predominante e foco da investi-gao. Para facilitar a visualizao dos diversos tipos de textos que o aluno de direito ir se defrontar segue um esquema:

    TCNICOACADMICO

    (enfoque dogmtico)

    ACADMICO(enfoque zettico)

    TextosParecer, petio,

    sentena

    Doutrina,artigo de matria

    dogmtica, comentrios de jurisprudncia e

    legislao

    Tese,artigo de matria zettica, relatrio

    de pesquisa de campo

    LinguagemPredominante

    Prescritiva/diretiva Prescritiva/diretivaInformativa/

    descritiva

    Foco da investigao

    Aplicao e inter-pretao do direito

    Interpretao e problematizao da aplicao do

    direito

    Direito como dado de pesquisa

    emprica ou analtica

    Texto acadmico

    As espcies de textos acadmicos variam segundo o tamanho em longos e curtos. Os longos esto relacionados ao grau acadmico. Temos assim: na graduao a monografi a ou trabalho de concluso de curso; no mestrado a

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    dissertao e no doutorado a tese. A monografi a um estudo de curto alcance dedicado a um tema especfi co. A dissertao um estudo de mdio alcance dedicado a mapear o conhecimento produzido sobre um determinado tema. A tese um estudo de longo alcance que exige, alm do mapeamento apro-fundado de um determinado tema, a formulao de um pensamento original.

    Os trabalhos curtos so: fi chamento, resumo, resenha, relatrio e artigo acadmico.

    Alguns textos especfi cos da rea do direito so: apresentao de caso, co-mentrios de jurisprudncia, comentrios de legislao e doutrina.

    Estrutura artigo acadmico

    O melhor exemplo de texto acadmico o artigo porque, embora curto, ele rene as caractersticas fundamentais de todos os textos autorais e a prin-cipal forma de divulgar uma pesquisa. O artigo um trabalho curto (at 40 pginas), que apresenta os resultados de uma pesquisa realizada segundo um mtodo e que submetido aos demais membros da comunidade acadmica.

    importante adaptar a redao do artigo ao pblico-alvo, porque ele deve defi nir a linguagem e a necessidade de explicao pormenorizada. Um texto que se destina comunidade de especialistas diferente de um texto redigido para divulgao para o pblico em geral.

    O artigo possui: 1) Elementos pr e ps-textuais: ttulo, nome do autor, resumo, palavras-chave, sumrio, bibliografi a, anexo; e 2) Elementos textuais: introduo, desenvolvimento, concluso.

    1) Ttulo e nome do autor

    O ttulo deve ser de preferncia o mais transparente possvel, ou seja, dizer o mximo possvel sobre o tema central do artigo, sua forma de abordagem e delimitao do objeto (Ex. Crescimento da populao carcerria nos Gover-nos Lula e Dilma). Normalmente para expressar outra ideia com palavras di-retas, especifi car o tema ou a forma de analisa-lo, se separa o ttulo com dois pontos (Financiamento de Campanhas: o Brasil em perspectiva comparada).

    O nome do autor ou dos autores logo no incio identifi ca quem escre-veu e deve conter a qualifi cao do autor (ex. graduando FGV Direito Rio). Pode tambm conter outras informaes como: instituies a que est ligado, obras anteriores, profi sso e contato.

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    2) Resumo, palavras-chave e sumrio

    O resumo a parte inicial que descreve suscintamente o contedo do arti-go e permite ao leitor acessar seu contedo sem ter que ler todo o artigo, dan-do informaes sobre tema (assunto dentro de uma rea de conhecimento), objeto (o que pesquisado) e mtodo (como pesquisado). Para ampliao da divulgao importante escrever resumos em outras lnguas (Abstract, Rsum, Resumen).

    As palavras-chave (keywords, motscl, palabras-clave) so expresses que sintetizam os temas centrais do artigo e que facilitam a busca do pblico interessado.

    O sumrio a exposio da diviso do texto, da ordem da anlise dos temas tratados. Artigos curtos podem no possuir sumrio ou sequer alguma diviso marcada. Essa diviso aconselhvelem artigos longos.

    De qualquer forma, mesmo sem uma necessidade expressa, o rascunho de uma diviso do texto, ainda que curto, pode auxiliar bastante na redao, uma vez que indica um caminho a ser seguido, com a sucesso dos temas a serem tratados.

    3) Bibliografi a, citao, dados e fontes

    A bibliografi a constitui a fonte literria utilizada para a pesquisa. O levan-tamento e estudo da bibliografi a parte fundamental do processo pr-reda-o. Por meio da pesquisa bibliogrfi ca se conhece os principais autores que tratam do tema e suas posies. Tambm se conhece o que foi escrito e ana-lisado e em que sentido o artigo a ser escrito pode contribuir para o debate.

    A referncia bibliogrfi ca se encontra no fi nal do artigo e permite a con-sulta pelo leitor das fontes do autor (nome dos autores consultados, obra, editora, edio, ano da publicao). As menes ao longo do texto feitas s ideias de outro autor so as citaes, que podem ser: diretas, com a utilizao de aspas; ou indiretas, com a redao com as prprias palavras do que quis dizer o autor (parfrase). A citao feita por meio de notas de rodap ou por meio do nome do autor e ano da publicao entre parnteses.

    O que no pode em hiptese nenhuma ser feito transcrever as palavras de outro autor sem as aspas, ou substitu-las por outras com o fi m de enganar o leitor, sem mencionar o verdadeiro autor. Essa prtica confi gura plgio e transgride a tica acadmica.

    Os dados utilizados tambm devem conter as fontes (origem da informa-o) e, no caso de pesquisa quantitativa, a forma de levantamento dos dados. Grfi cos e tabelas podem vir ao longo do texto ou em anexo no fi m do artigo. Outras fontes que se considerem importantes e no sejam acessveis como:

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    documentos antigos, matrias antigas de jornais, relatrios de pesquisa de campo e outros; tambm podem ser anexados.

    4) Introduo, desenvolvimento e concluso

    A introduo apresenta o tema, o contexto histrico e terico em que est inserido, a motivao do autor para escrev-lo, as principais referncias a se-rem utilizadas, a metodologia, a caracterizao do problema, a justifi cativa e a hiptese. Por fi m, defi nede forma clara o objetivo do trabalho e o caminho a ser percorrido para alcan-lo, podendo antecipar algumas concluses.

    O desenvolvimento o desencadeamento do tema por meio de expli-caes sucessivas, seguindo uma determinada ordem lgica. Normalmente contm a reviso da literatura sobre o tema, um conjunto de informaes necessrias para entend-lo (defi nies, descries, exemplos, dados estats-ticos) e deve possuir uma coerncia interna na exposio (ex. quando se fala de determinados fatos histricos, seguir uma ordem cronolgica divida por perodos).Quando longo, costuma ser dividido em subtemas que possuem objetivos prprios dentro do contexto maior do tema central.

    A concluso apresenta os resultados da pesquisa, as inferncias possveis do que foi exposto, o alcance ou no do objetivo proposto, a confi rmao ou no da hiptese. A exposio das ideias centrais que surgiram ao longo do trabalho e uma resposta-sntese ao problema proposto.

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    8 XAVIER, Ronaldo Caldeira Xavier. Por-tugus no Direito: Linguagem Forense. Rio de Janeiro: Forense, 2002. p. 1.

    AULA 5: TEXTO JURDICO.

    I. TEMA

    Texto jurdico.

    II. ASSUNTO

    Anlise e produo de texto jurdico.

    III. OBJETIVOS ESPECFICOS

    O objetivo desta Ofi cina consiste em apresentar as noes iniciais da pro-duo de um texto jurdico.

    IV. DESENVOLVIMENTO METODOLGICO

    A lngua portuguesa e o Direito

    Na prtica jurdica cotidiana o sistema lingustico se apresenta como ins-trumento essencial para a realizao da atividade do operador do direito. Atravs do uso da palavra, o jurista desenvolve seu ofcio: interpreta normas, redige peties, elabora defesas orais, julga posies contrapostas, emite deci-ses, pareceres, argumenta, persuade, etc.

    No exerccio da profi sso acabamos por descobrir que o direito aponta para uma evidente necessidade do uso dinmico da palavra8 e assim sendo, o domnio da lngua portuguesa se mostra como uma condio imperativa para o manuseio do aparato jurdico.

    A interpretao dos textos legais e a capacidade de se expressar de modo ade-quado e efi caz no intuito de fazer valer o ponto de vista que se entende mais correto ou que se mostra mais favorvel ao interesse em jogo se constituem como as principais atividades do operador do direito e assim sendo, o correto uso da linguagem a ferramenta essencial para a prtica jurdica rotineira.

    Da a necessidade, num primeiro momento, de conhecimento acerca dos termos jurdicos e os seus respectivos signifi cados para a operacionalizao da linguagem jurdica.

    O vocabulrio jurdico extenso e a sua apreenso pelo usurio demanda tempo e o exerccio constante do ato comunicativo jurdico. Todavia, alguns

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    9 Manual de linguagem jurdico-judi-ciria / Departamento de Taquigrafi a e Estenotipia. 6. ed. Porto Alegre : Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul, Departamento de Artes Grfi cas, 2012. Disponvel em: http://www.tjrs.gov.br/docs/manuais/ma-nuais.html ou http://www.tjrs.gov.br/setores/taquigrafi a/index.html

    10 De acordo com Regina Toledo Damio e Antonio Henriques, lxico (...) um inventrio aberto com nmero infi nito de palavras, podendo ser acrescido e enriquecido no s pelo surgimento de novos vocbulos, mas tambm por mudanas de sentidos dos j existentes na lngua. Do mesmo modo, observa a autora que vocabulrio o uso do falante, a seleo e o emprego de palavras pertencentes ao lxico para realizar a comunicao humana in. DAMIO, Regina Toledo; HENRIQUES, Antonio. Curso de Portugus Jurdico. So Paulo: Atlas, 2000, p. 37

    11 Polissemia (francs polysmie) substantivo feminino.1 [Lingusti-ca]Propriedadedeumapalavraoulo-cuo que tem vrios sentidos. 2. [Lingustica] Conjunto dos v-rios sentidos de uma palavra ou locu-o. Fonte: Dicionrio Priberam. Dis-ponvel em http://www.priberam.pt/DLPO/polissemia.

    12 Vocbulo aqui entendido no seu sentido mais amplo: qualquer disposi-tivo legal que prescreva ou proba uma conduta.

    13 DAMIO, Regina Toledo; HENRIQUES, Antonio. Curso de Portugus Jurdico. So Paulo: Atlas, 2000, p.26

    vocbulos se mostram frequentes no cotidiano jurdico e assim, o conheci-mento acerca do signifi cado e o correto uso destas expresses e palavras tarefa que se torna obrigatria.

    Abaixo seguem alguns exemplos de termos e palavras usuais que fazem parte do cotidiano do jurista:

    Abjudicar, ao monitria, acrdo, a destempo, boa-f, benfeitorias, bens semoventes, carta precatria, colenda, comodato, consumerista, de-cndio, decujo, deferimento, derrogar, despacho ordinatrio, despender, destarte, dispndio, egrgio, elidir, emenda, ementa, esposar, exceo da verdade, f pblica, fi deicomisso, frum fratricdio, gizar, hasta pblica, ilidir, ilustrssimo, impronncia, incontinenti, incontinente, inobstante, insipiente, interdito, juzo, jri, justa causa, lide, litisdenunciado, m-f, malversao, mandado, mandato, massa falida, mxime, meritrio, mo-nitria, nua propriedade, parricdio, ptrio poder, perfunctrio, preques-tionamento, prevento, pr-labore, questo despicienda, ratifi car, retifi car, reconveno, redibir, redimir, relegar, repristinar, salvo-conduto, se por al, sob a gide, sobrestar, teleolgico, termo circunstanciado, transladar, usucapio, usufruto, uxrio, veredito, voto-vogal, etc.9

    Destacamos que as expresses e as palavras acima mencionadas so partes integrantes do lxico10 da lngua portuguesa, e a incidncia daquelas ocorre principalmente quando da utilizao da norma culta da lngua portuguesa. Porm, ressaltamos que alguns desses termos e palavras so de uso prprio do campo do direito, e ali, adquirem signifi cados prprios que por vezes diferem do seu signifi cado na linguagem ordinria. Tal fenmeno, denominado po-lissemia11, ser discutido mais adiante.

    O trabalho dos operadores do direito se constitui em grande parte na ta-refa de expor/motivar atravs do uso da linguagem uma determinada posio acerca das normas12 do ordenamento jurdico, na busca de um resul-tado que represente o interesse ali defendido. Neste sentido, nas palavras de Regina Damio e Antonio Henriques temos que

    No confronto de posies, a linguagem torna-se mais persuasiva por perseguir o convencimento do julgador que, por sua vez, resguarda-se da reforma de sua deciso, explicando, na motivao da sentena, os mecanismos racionais pelos quais decide. O ato comunicativo jurdico no se faz, pois, apenas como linguagem enquanto lngua (conjunto de probabilidades lingsticas postas disposio do usurio), mas tam-bm, e essencialmente, como discurso, assim entendido o pensamento organizado luz das operaes do raciocnio, muitas vezes com estru-turas preestabelecidas, e. g., as peas processuais.13

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    14 NERY, Rodrigo Luiz. Apostila de Linguagem Jurdica. Disponvel em: Acesso em: 29 jul. 2014.

    Como bem salientado pelos autores acima citados, a prtica jurdica acaba por revelar a existncia de um discurso prprio utilizado pelos operadores do direito. Os textos legais (leis, resolues, decretos, portarias, contratos), a jurisprudncia criada pelos rgos estritamente jurdicos (varas, cmaras, tribunais superiores), a doutrina de autores do direito (livros, artigos, textos acadmicos) revelam uma linguagem prpria que em muitos momentos se distancia do uso tradicional e cotidiano da linguagem ordinria.

    O direito se apropria por vezes de palavras e sentenas frasais que ad-quirem, dentro do mencionado campo, signifi caes que lhe so exclusivas, compondo deste modo, um vocabulrio prprio, hermtico, exclusivamente jurdico.

    Nestes termos, na sua apostila de linguagem jurdica14, o professor Rodri-go Luiz Nery realiza uma acertada classifi cao acerca destas polissemias que permeiam o campo do direito, e revela assim a existncia de um proceder jurdico prprio, no que toca ao uso da lngua portuguesa:

    1) termos que possuem o mesmo signifi cado na lngua corrente e na linguagem jurdica, por exemplo, hiptese, estrutura, confi ana, reunio, critrio, argumentos, etc.;

    2) termos de polissemia externa, isto , termos que possuem um sig-nifi cado na lngua corrente e outro signifi cado na linguagem jurdica, por exemplo: sentena na lngua corrente signifi ca uma frase, uma orao; j na linguagem jurdica, signifi ca a deciso de um juiz; ao na linguagem corrente signifi ca qualquer ato praticado por algum, na linguagem jurdica a manifestao do direito subjetivo de agir, isto , de solicitar a interveno do Poder Judicirio na soluo de um confl ito, podendo, assim, ser sinnimo de processo, demanda;

    3) termo de polissemia interna, isto , termos que possuem mais de um signifi cado no universo do Direito, por exemplo: prescrio (prescrever) pode signifi car na linguagem jurdica: determinao, orientao, por exemplo: A lei prescreve em tais caso que se aplica o art.... pode tambm signifi car a perda de um direito pelo decurso do prazo, por exemplo: O direito de agir, em tais casos, prescreve em dois anos.

    4) termos que s tem signifi cao no mbito do Direito, no tm outro signifi cado a no ser na linguagem jurdica, por exemplo, usuca-pio, enfi teuse, anticrese, acrdo, etc.;

    5) termos latinos de uso jurdico; por exemplo: caput, data venia, ad judicia, etc

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    15 Juridiqus um neologismo em voga no Brasil para designar o uso desnecessrio e excessivo do jargo jurdico e de termos tcnicos deDireito. Embora tenha conotao pejorativa, a ideia de juridiqus como jargo pro-fi ssional tem ganhado cada vez mais espao na sociedade letrada por causa de sua crescente utilizao na imprensa e nos meios de comunicao de massa. No jornalismo jurdico, por exemplo, costuma-se dizer que reprteres e redatores que reproduzem em suas matrias os termos rebuscados utiliza-dos pelos entrevistados (como juzes e advogados) so contaminados pelo juridiqus (assim como, nojornalismo econmico, o so pelo economs). De modo geral, a opinio do senso co-mum de que o juridiqus, a no ser quando empregado por juristas ou em contextos apropriados (como em jul-gamentos ou no processo legislativo), denota fl oreio excessivo da lngua e subterfgio desnecessrio a termos pouco conhecidos do grande pblico. Fonte: http://pt.wikipedia.org/

    16 Para maiores informaes sobre pro-postas para simplifi cao e esclareci-mento do juridiqus, consultar a Car-tilha Legal. Disponvel em http://www.tjrj.jus.br/documents/10136/1607514/cartilha-legal.pdf

    17 Associao dos Magistrados Brasilei-ros. O judicirio ao alcance de todos: noes bsicas de Juridiqus / Associa-o dos Magistrados Brasileiros. 2.ed. Braslia: AMB, 2007, p. 8

    18 BATISTA, Nanci da Costa, SILVA, Fabio Vieira. Novo manual de redao ofi cial. 2 edio. Rio de Janeiro, 2013.

    19 BATISTA, Nanci da Costa, SILVA, Fabio Vieira. Novo manual de redao ofi cial. 2 edio. Rio de Janeiro, 2013, p. 15

    Diante dos exemplos acima indicados, nota-se claramente que a lingua-gem jurdica, por vezes, necessita da traduo do operador do direito. O fato que se mostra controverso em relao determinada norma, a demanda civil de um cidado frente s suas necessidades cotidianas, as reclamaes de um hipottico consumidor; necessitam da interveno do operador do direito para que ganhem vida, e no apenas no que diz respeito capacidade postulatria ligada profi sso, mas sim, em grande parte, pela simples tra-duo da linguagem jurdica.

    Mas isto no quer dizer que a linguagem jurdica deva ser um labirinto de palavras e expresses que preza mais pela forma do que pelo contedo.

    Atualmente, inclusive, existem vrios movimentos que criticam seve-ramente a utilizao do denominado juridiqus15, devendo se destacar a campanha pela simplifi cao do juridiqus promovida pela Associao dos Magistrados do Brasil (AMB)16, que obteve como resultado fi nal, a produo de um livreto, de onde destacamos o seguinte trecho:

    (...) o Judicirio distancia-se do pblico pela postura excessivamen-te formal, pela produo de material eventualmente incompreensvel para o cidado comum, por sentenas com linguagem e vocabulrios complicados, por exemplo, e pela estrutura insufi ciente de prestao de informaes bsicas.17

    No mesmo sentido, salientamos a observao contida no Manual de Re-dao Ofi cial do Ministrio Pblico do Estado do Rio de Janeiro18 no que toca necessidade de simplifi cao da linguagem, numa concentrao de esforos que privilegiam a observncia da coeso, da conciso e da clareza na redao jurdica em detrimento do uso desnecessrio de jarges jurdicos, de termos eruditos e formaes frasais rebuscadas, que por vezes difi cultam compreenso do texto:

    A linguagem escorreita, prpria da norma culta padro da Lngua Portuguesa, no subentende o emprego de termos rebuscados e de dif-cil compreenso. Tampouco existe uma forma especfi ca de linguagem administrativa, mas sim qualidades comuns a qualquer bom texto: cla-reza, coeso, conciso, correo gramatical.19(fl . 15)

    E assim, temos que (a) a transmisso do mximo de informaes com um uso mnimo de palavras, a conteno no emprego de adjetivao excessiva, (conciso), (b) a busca da imediata compreenso do texto pelo leitor, a pro-cura pela uniformidade do tempo verbal em todo o texto, o uso das palavras e expresses em seu sentido mais comum (clareza) e (c) a interligao entre

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    20 BATISTA, Nanci da Costa, SILVA, Fabio Vieira. Novo manual de redao ofi cial. 2 edio. Rio de Janeiro, 2013, p. 18-19

    21 http://www.direitoaeducacao.org.br/como-fazer-peticoes/

    palavras, oraes, perodos e os pargrafos atravs de referentes textuais (coe-so) so a chave para uma boa redao jurdica.

    Atravs do uso de pronomes, advrbios, conjunes, artigos e da correlao entre os tempos verbais, as partes de um texto se conectam, garantindo sequ-ncia quilo que se pretendeu expor. Um texto que no se mostra coeso, difi -cilmente compreendido, e deste modo, o propsito da redao frustrado.

    No que toca coeso textual, vale destacar, ainda, os principais tipos, para uma melhor visualizao do modo em que tal articulao gramatical realiza a conexo seqencial do texto, dada a sua importncia quando da redao jurdica:

    Coeso Referencial: um elemento faz referncia a outro elemento do texto.

    Coeso Recorrencial: a realizada pela repetio do vocbulo ou de estruturas frasais semelhantes.

    Coeso Sequencial: realizada pelos conectores, ou seja, palavras ou expresses responsveis pela criao de relaes semnticas (causa, condio, fi nalidade, etc.).20

    Resumindo: a necessidade de conhecimento do vocabulrio jurdico condio inerente ao exerccio da advocacia. Todavia, o uso excessivo de jar-ges tcnicos, assim como a opo por uma redao rebuscada, que por vezes acena para um discurso vago que preza mais pela forma do que pelo conte-do, devem ser evitados, sob pena de comprometimento das principais carac-tersticas de um bom texto jurdico: a conciso, a clareza e a coeso.

    Peas processuais

    Ultrapassado o debate acerca do vocabulrio jurdico, o prximo ponto a ser abordado traz algumas consideraes acerca do principal instrumento de trabalho do jurista: as peas processuais.

    Longe de tentar apresentar os todos os tipos de peas, todos os nomes de aes existentes no ordenamento jurdico brasileiro que iro ser ensinados no decorrer do curso de direito buscaremos apresentar a estrutura bsica deste tipo textual, dado que a construo destes textos se repete na maioria das peties que compem o mundo jurdico.

    Para prosseguirmos, um primeiro questionamento deve ser feito: para que peticionar? Para que elaborar peas processuais?

    Tal indagao deve ser respondida de imediato, e para isso, nos utilizare-mos do esclarecimento constante no site da ao educativa21, dada a simpli-cidade e a efi cincia empreendida na resposta:

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    A Constituio brasileira garante a todas as pessoas o direito de pedir informaes de seu interesse particular ou de interesse coletivo; pedir a implementao de seus direitos ou de direitos de outros; de denunciar ilegalidades ou abusos de poder, entre outros, por meio de petio (art. 5, XXXIV, a, CF). Para isso, deve-se apresentar autoridade ou a um rgo do poder pblico um documento escrito, gratuito, contendo os pedidos e razes.

    Deste simples extrato de texto surgem os pontos essenciais que compem os primeiros passos para a redao de uma pea processual: (i) identifi cao de situao de violao de direitos, (ii) identifi cao do rgo/ autoridade responsvel pela resoluo desta situao.

    Identifi cados estes dois pontos, inicia-se a redao da pea.Em primeiro lugar trataremos da (i) situao de violao de direito: supo-

    nhamos que dado consumidor, ao comprar uma geladeira numa loja qual-quer, no tenha recebido a mercadoria em sua casa, embora tal proceder tenha sido acordado no momento da compra.

    Ora, o pagamento foi feito, a compra realizada, o frete devidamente adi-cionado ao valor inicial do produto. Indaga-se: porque no ocorreu a en-trega? Aps diversas trocas de ligaes telefnicas entre o consumidor e a administrao da loja, o problema no foi resolvido.

    Temos aqui uma ntida situao de violao de direitos: embora o consu-midor tenha pago pelo produto, este no foi entregue pelo comerciante.

    No caso hipottico o consumidor teria direito a exigir o cumprimento fora-do da obrigao, nos termos da oferta, apresentao ou publicidade, aceitar outro produto ou prestao de servio equivalente ou rescindir o contrato, com direito restituio de quantia eventualmente antecipada, isto, conforme o disposto no art. 35 da Lei n 8.078/1990 (Cdigo de Defesa do Consumidor).

    Ou seja, conforme prescrito pela norma jurdica, quando no houver a entrega do bem adquirido, o consumidor tem o direito de exigir uma dessas possibilidades acima elencadas do fornecedor do produto.

    Ciente dos seus direitos, o consumidor entra em contato com a loja que lhe vendeu a geladeira, e exige a resciso do contrato. Muito embora em evidente descumprimento da lei, o gerente da loja se mostra irredutvel e informa que no h modo de atender o pedido do cliente.

    Irresignado, o hipottico consumidor resolve mover o aparato judicirio para ver atendida a sua demanda. Ser proposta, ento, uma ao judicial, para que cesse a violao ao direito garantido por lei.

    E assim caminhamos: (ii) para quem dever ser endereada a petio que ser devidamente elaborada? Qual o rgo competente para julgar tal deman-da? Justia Estadual, Juizado Especial Cvel, Justia Federal, Tribunal do Jri?

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    22 BATISTA, Nanci da Costa, SILVA, Fabio Vieira. Novo manual de redao ofi cial. 2 edio. Rio de Janeiro, 2013, p. 25

    De novo, alertamos: a competncia para julgar matrias defi nida por lei, e no decorrer do curso do direito, o assunto ser plenamente abordado.

    Assim, nos utilizando de atalhos que a didtica nos fornece isto, claro, nos apropriando de robusta simplicidade informamos que tanto a Jus-tia Estadual quanto o Juizado Especial Cvel so competentes para julgar a demanda do hipottico consumidor (e aqui se desconsidera os meandros jurdicos que so pertinentes a cada competncia).

    Vamos supor que o consumidor opte pelo Juizado Especial Cvel, dada a gratuidade que este meio judicial lhe confere. Ou seja, a petio ser ende-reada ao magistrado responsvel por atender as demandas de determinada rea geogrfi ca.

    O endereamento a primeira informao a ser preenchida numa petio, o cabealho da pea processual. Como j dito anteriormente o direito se utiliza da norma culta na lngua portuguesa, e assim sendo, necessrio se faz a correta utilizao dos pronomes de tratamento.

    Abaixo, apresentamos uma tabela22 como os principais pronomes de trata-mento, a respectiva abreviatura, o vocativo e a utilizao prtica do pronome:

    Abreviatura Tratamento Vocativo Usado para

    V. Ex. Vossa Excelncia Excelentssimo

    Altas autoridades do governo e ofi ciais ge-nerais das Foras Armadas. Em documentos ofi ciais, o seu uso costuma englobar presi-

    dentes de instituies, diretores de servio e altas autoridades em geral

    V. Mag. Vossa Magnifi cncia Magnfi co Reitores das universidades

    V. Rev. Vossa Reverncia /

    Vossa Reverendssima Reverendo Sacerdotes em geral

    V. S. Vossa Senhoria Senhor Diretores de Autarquias Federais, Estaduais e

    Municipais.

    Com as informaes at aqui apresentadas teremos como cabealho para a situao hipottica o seguinte texto:

    EXCELENTSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ES-PECIAL CVEL DA (COMARCA OU FORO REGIONAL DA COMARCA)

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    FGV DIREITO RIO 36

    Corretamente endereada, a prxima tarefa ser a (iii) identifi cao das partes litigantes. Um exemplo, conectado ao caso aqui utilizado como para-digma, ser mais elucidativo:

    (nome do demandante, nacionalidade, estado civil, profi sso, nmero do RG e do CPF/MF) residente e domiciliado na cidade X, (endereo), vem, por meio desta, propor a presente ao em face de (nome da empresa), inscri-ta no CNPJ/MF sob o n Y, localizada no (endereo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:

    A seguir, temos a (iv) narrativa dos fatos. Esta seo da pea processual tem o condo de relatar o ocorrido, os fatos que levaram proposio da ao.

    No caso aqui utilizado como exemplo, o consumidor comprou uma ge-ladeira no dia 22/12/2013, na loja QWE, tendo efetuado o pagamento no dia 23/12/2013, e at o presente momento no recebeu o produto em sua residncia. O consumidor tentou resolver o problema com a loja, mas no foi atendido nas suas demandas.

    A narrativa histrica fator determinante para a correta apreciao do Poder Judicirio. Nesta seo da pea processual todos os detalhes fticos de-vem ser informados, assim como documentos que confi ram verossimilhana narrativa elaborada devem ser anexados petio redigida para que o rgo julgador possa ter uma viso detalhada do ocorrido.

    Conectada narrao dos fatos, temos a seo da pea processual que trata do (v) direito violado. Esta a parte da petio que conjuga o ocorrido (fatos) com o desrespeito a determinado preceito jurdico.

    nesta seo que o operador, por vezes, interpreta a norma, descreve a violao da parte litigada s normas do ordenamento jurdico, pontuando os artigos que no foram desrespeitados pelo, agora, ru. O jurista empreende esforos no sentido de indicar para o Poder Judicirio que a conduta do ru ali questionada, vai de encontro determinada norma jurdica.

    Para tanto, alm da utilizao da correta linguagem jurdica capaz de ex-pressar tecnicamente as violaes cometidas pela outra parte, o operador se utiliza de julgamentos anteriores (jurisprudncia) que tenham decidido de acordo com a tese ali exposta por ele, se empossando da palavra de autoridade conferida a estes julgados.

    Ainda, o advogado pode se utilizar de doutrinas construdas por autores do campo do direito, no intuito de corroborar o que se afi rma na pea, numa tentativa de convencer o rgo julgador de que o entendimento ali exposto o correto, o que deve prevalecer.

    Ao fi nal, temos (vi) o pedido. Conjugando os fatos ocorridos com o di-reito violado, o operador do direito, de maneira objetiva e direta, expe ao

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    FGV DIREITO RIO 37

    julgador suas pretenses jurdicas, indicando para tanto os dispositivos legais que fundamentam seu pedido.

    Cumpre ressaltar, por fi m, que a pea aqui apresentada a saber, uma petio inicial possui caractersticas prprias que por vezes se diferem de outras peas processuais que pertencem ao ordenamento jurdico brasileiro (eg.: recurso de apelao, agravo de instrumento, embargos de declarao, embargos infringentes, alegaes fi nais, contrarrazes, e isto sem mencionar outros atos comunicativos jurdicos, tais quais, pareceres, promoes, etc).

    Todavia, destacamos que as estruturas bsicas aqui apresentadas so parte integrante de quase todas as peas processuais que sero ensinadas ao aluno no decorrer do curso de direito.

    ATIVIDADE

    As boates do Estado de So Paulo tero, a partir de agora, uma nova exi-gncia ao seu regular funcionamento: a instalao de cmeras em suas depen-dncias. Com a aprovao da Lei Estadual n. ___/20xx, os donos de casas de show e boates tero que se adequar s novas exigncias para terem seu regular funcionamento, sob pena do pagamento de alta multa e at mesmo ter decretado o encerramento de suas atividades. Na exposio de motivos da lei acima, so indicados dados estatsticos que indicam alto ndice de violn-cia dentro de eventos organizados por casas de show, boates e similares, tais como estupros, leses corporais, homicdios, furtos, etc. Vejamos a lei:

    Lei n. ___ de 20xx:

    Art.1. As casas de show, boates e similares devem instalar cmeras em suas dependncias, devendo preservar as fi lmagens sob sua respon-sabilidade por um perodo no inferior a noventa dias.

    1.. A no observncia ao procedimento indicado no caput resul-tar na aplicao de multa no valor de R$ 50.000,00.

    2.. A reincidncia do descumprimento do disposto no caput re-sultar na aplicao de multa no valor de R$ 250.000,00 e no encerra-mento das atividades das casas de show, boates e similares.

    Art. 2. A Lei entra em vigor no dia da sua aplicao.

    So Paulo, xx de xxxxxxx de 20xx.Estado de So Paulo.

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    A nova lei gerou enormes discusses. Vejamos algumas delas:1) O Grupo Aufolia, com sede no Estado de So Paulo, nacional-

    mente conhecido pela realizao das maiores micaretas j ocorri-das em solo nacional, pretende enquadrar-se na lei acima. Com o objetivo de evitar os fatos narrados na exposio de motivos da lei acima e contribuir realizao mais ampla e segura de seus even-tos, o Grupo Aufolia busca meios de enquadrar as micaretas que organiza nova lei. O seu maior obstculo o do enquadramento das atividades que realiza nas ruas, ainda que com autorizao da re-serva e uso do espao pblico pelo Municpio, como casa de show, boate ou similar;

    2) Um grupo de micarateiros desfavorvel aplicabilidade da lei. Para eles, as micaretas tm por caractersticas: a realizao dos even-tos em locais pblicos e de fcil acesso, a inexistncia de cmeras que fi lmem o ocorrido em eventos deste porte, a preservao e li-berdade de seus freqentadores. Segundo um micareteiro que no quis se identifi car:a) um absurdo permitir que fi lmem eventos como a micareta.

    Isso seria acabar com a essncia do evento. O pai da minha namorada, por exemplo, trabalha na polcia. J pensou se rola alguma confuso e sem querer me fi lmam l? Game over pra mim, n?!

    3) A Procuradoria do Estado de So Paulo, por sua vez, defende a instalao de cmeras inclusive em micaretas devido ao alto ndice de furtos, leses corporais, danos ao patrimnio pblico, homic-dios, estupros e desaparecimentos de alguns freqentadores aps o evento, alm da baixa fi scalizao da participao de menores em eventos deste porte.

    4) Acadmicos defendem que a micareta representa um evento que tem recuperado a essncia do carnaval: permitir o trnsito e con-vivncia (ainda que curta!) de pessoas de diferentes classes, raas, credo etc. Para eles, o fato se justifi ca principalmente pela caracte-rstica inexistncia de registros que estabeleam ou criem qualquer tipo de vnculo entre os freqentadores. A instalao de cmeras em eventos deste porte descaracterizaria o evento, aproximando-o de seu fi m.

    5) Moradores de locais prximo s micaretas reclamam da convivncia com os baladeiros. Segundo os moradores, no h qualquer respeito lei do silncio, as ruas fi cam muito sujas, o desrespeito comum e seus fi lhos e netos presenciam cenas que difi cultam a educao que tentam transmitir dentro de casa. Uma moradora desabafa:

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    FGV DIREITO RIO 39

    a) Poxa, a gente tenta ensinar aos nossos fi lhos o que certo e errado, mas no adianta. O desrespeito e imoralidade imperam nesses lugares. Um dia desses minha fi lha perguntou quando ela vai poder namorar: ela s tem 4 anos!!! J que no tem como proibir, a instalao de cmeras certamente diminuiria o nme-ro ou inibiria esses sem-vergonhas!

    6) Associaes de comerciantes so completamente contrrias ideia da instalao de cmeras em micaretas. De acordo com relatos, eventos como a micareta geram enormes lucros aos comerciantes e a instalao de cmeras poderia diminuir o nmero de freqenta-dores, o que poderia gerar enormes prejuzos aos seus negcios.

    7) O debate chega ao Supremo Tribunal Federal, que, diante de todos os posicionamentos acima, obrigado a se manifestar sobre o caso.

    Estamos em uma Audincia Pblica. Nosso dever debater o caso aci-ma e demonstrar aos Ministros do Supremo Tribunal Federal cada uma das questes envolvidas na resoluo de um caso como esse. Cada um de vocs dever, ento, representar um dos interesses listados e elaborar uma petio direcionada ao STF. Na petio, vocs devero ter como preocupao: a des-crio objetiva dos fatos, o desenvolvimento do raciocnio que poder garan-tir o direito pleiteado e a determinao clara e direta do pedido. Utilizem os chamados pedidos subsidirios ou alternativos (na eventualidade de o pedido a no ser atendido, requeremos b) e os pedidos cumulativos (requeremos a, b e c).

    As peties devero ser entregues ao fi nal da ofi cina.

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    FGV DIREITO RIO 40

    AULA 6: PRODUO DE TEXTO INDIVIDUAL.

    I. TEMA

    Produo de texto individual.

    II. ASSUNTO

    O Anlise e produo de um texto individual (argumentativo).

    III. OBJETIVOS ESPECFICOS

    O objetivo desta Ofi cina consiste em apresentar as noes iniciais da pro-duo de um texto individual (argumentativo).

    IV. DESENVOLVIMENTO METODOLGICO

    O texto argumentativo pode ser defi nido como uma modalidade textual na qual o autor defende uma opinio, um posicionamento ou uma tese, bus-candoo convencimento do leitor. Diferentemente de modalidades textuais que se prope apenas a transmitir ao leitor um determinado contedo, o texto argumentativo se caracteriza pelo objetivo principal de convenc-lo.

    Ao analisarmos textos argumentativos, necessrio detalhar dois compo-nentes fundamentais deste gnero textual, quais sejam: tese e argumentos.

    A tese pode ser defi nida como a ideia principal contida no texto, ou seja, a proposio passvel de ser depreendida da leitura. Os argumentos, por sua vez, gravitam em torno da tese, servindo-lhe de amparo de validade.Resu-midamente, pode-se apontar que a tese a concluso que o autor defende no texto e os argumentos so os elementos que justifi cam a concluso. Vale ressaltar que um argumento pode ter como base diferentes fundamentos (e.g. emprico, ftico, religioso, histrico, etc).

    Em relao ao argumento emprico importante notar que este utiliza da-dos concretos obtidos a partir da observao de fenmenos naturais ou sociais. Dentro do universo jurdico, argumentos empricos podem ser utilizados, por exemplo,no contexto de uma anlise teleolgica de uma deciso judicial.

    Suponha um caso hipottico de uma ao judicial na qual se discute se uma comunidade indgena deve ser removida de suas terras para que neste local seja construda uma usina hidreltrica. Em tal cenrio um argumento

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    FGV DIREITO RIO 41

    emprico que poderia ser utilizado contrariamente construo da hidrel-trica seria o de que a construo geraria alguns danos ambientais especfi cos, como a extino de uma espcie de planta. Neste caso o risco de danos am-bientais deveria estar acompanhado de estudos de impacto ambiental que comprovariam a ameaa e que dariam ao argumento uma natureza emprica.

    Deste modo, a tese (i.e. a usina hidreltrica no deve ser construda) reforada atravs do argumento emprico (i.e. tal fato poder conduzir ex-tino de uma espcie de planta).

    Abaixo apresentaremos uma possvel estrutura a ser utilizada por um texto argumentativo. Porm, importante fazer a ressalva de que esta apenas uma dentre vrias estruturas de texto argumentativo que pode ser utilizada. Afi nal, mais importante do que o contedo de diferentes pargrafos a forma pela qual o escritor utiliza os argumentos para reforar a tese e, para tanto, no existe forma pr-determinada.

    1 pargrafo: Introduo com apresentao da tese a ser defendida;

    Um dos maiores desafi os geopolticosatuais enfrentados pelo Brasil a in-tegrao regional com os pases do Mercosul, Bloco Econmico criado com a inteno de proporcionar desenvolvimento e reduo das barreiras alfandeg-rias entre os pases membro. Todavia, o real avano da integrao entre os pa-ses sul-americanos integrantes do Mercosul no ocorreu conforme planejado e alguns analistas equivocadamente alegam que o desenvolvimento do Bloco poderia ser contrrio ao crescimento econmico de alguns pases membro.

    2 pargrafo: H o desenvolvimento da tese com fundamentos argumentativos;

    O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avano do Mercosul po-deria reduzir a capacidade dos pases individualmente considerados de adotar medidas protecionistas que no curto prazo podem ser favorveis ao cresci-mento econmico.

    3 pargrafo: A concluso desenvolvida com uma proposta de inter-veno relacionada tese.

    Algumas dicas a respeito da estrutura do texto:1) O incio do texto deve ser dedicado apresentao das questes que

    sero tratadas e conter de imediato a tese principal;

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    FGV DIREITO RIO 42

    2) Os diferentes argumentos utilizados devem possuir entre si uma conexo lgica, de modo que a assertiva que pode ser depreendida de um deles no enfraquea a assertiva do outro argumento. Na realidade, o escritor deve buscar argumentos que se reforam mutu-amente;

    3) Ao fi nal do texto interessante encerr-lo com expressa meno tese fi nal, detalhando como os argumentos trazidos reforam a tese pelo texto proposta.

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    FICHA TCNICA

    Fundao Getulio Vargas

    Carlos Ivan Simonsen LealPRESIDENTE

    FGV DIREITO RIO

    Joaquim FalcoDIRETOR

    Srgio GuerraVICE-DIRETOR DE ENSINO, PESQUISA E PS-GRADUAO

    Rodrigo ViannaVICE-DIRETOR ADMINISTRATIVO

    Thiago Bottino do AmaralCOORDENADOR DA GRADUAO

    Andr Pacheco Teixeira MendesCOORDENADOR DO NCLEO DE PRTICA JURDICA

    Cristina Nacif AlvesCOORDENADORA DE ENSINO

    Marlia ArajoCOORDENADORA EXECUTIVA DA GRADUAO