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Publicação impressa da exposição Ocupação Vilanova Artigas.

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capa/contracapa:Prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulofoto: André Seiti

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São Paulo, 2015

Patrocínio

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foto: autor desconhecido

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A trajetória de João Batista Vilanova Artigas (Curitiba, PR, 1915 – São Paulo, SP, 1985) é uma prova de que poesia também se faz com concreto, aço, madeira, tijolo – e de que, além de pilares e vigas, a estrutura de uma edificação não pode prescindir de humanismo. Professor, militante político e articulador de instituições culturais, o arquiteto sempre defendeu o caráter artístico e o papel social do seu campo de atuação – ou da profissão que ele ajudou a consolidar no Brasil.

Com o programa Ocupação – que realiza mostras ligadas a nomes fundamentais da arte e da cultura brasileiras –, o Itaú Cultural presta uma homenagem ao autor de obras como o prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) e o Estádio do Morumbi. Elaborada em conjunto com sua família e com o arquiteto Alvaro Razuk, a exposição é apresentada na sede do instituto, em São Paulo, e integra as comemorações do centenário de nascimento de Artigas.

Na internet, o site itaucultural.org.br/ocupacao traz mais informações e conteúdos audiovisuais relacionados a esta e às outras 23 edições do Ocupação.

coordenação editorial Carlos Costa edição Thiago Rosenberg conselho editorial Ana de Fátima Sousa, Claudiney Ferreira, Sofia Fan e Tânia Rodrigues coordenação de design Jader Rosa projeto gráfico e diagramação Yoshiharu Arakaki tratamento de imagens André Seiti e Marcos Ribeiro produção editorial Raphaella Rodrigues revisão Karina Hambra colaboradores Duanne Ribeiro, Joca Reiners Terron, Lucas Girard, Marco Artigas e Maria Hirszman

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ADMIRO OS POETAS. O QUE ELES DIZEM COM DUAS PALAVRAS A GENTE TEM QUE EXPRIMIR COM MILHARES DE TIJOLOS.

foto: autor desconhecido

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ARQUITETURA DA LIBERDADEA POESIA CONCRETA DE VILANOVA ARTIGAS

Por LUCAS GIRARD

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Apesar de ser relativamente pouco conhecido pelo público não especializado, o nome de João Batista Vilanova Artigas está entre os dos maiores arquitetos brasileiros – junto de Oscar Niemeyer, João Filgueiras Lima, Affonso Eduardo Reidy, Lucio Costa, Lina Bo Bardi e Paulo Mendes da Rocha. Premiada interna-cionalmente e objeto de renovado interesse entre profissionais e pesquisadores da área, sua obra continua sendo um norte para o pensamento e a prática de arquitetura e urbanismo no país.

Artigas cursou engenharia civil na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, mas concluiu seus estudos na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), em 1937, com o título de engenheiro-arquiteto. No Brasil,

Detalhe da fachada da Casa Taques Bittencourt, de 1959foto: José Moscardi

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o ensino de arquitetura só se desvincularia do de engenharia em 1948, e a separação entre os dois campos, bem como a consequente autonomia da profissão, é fruto de um mo-vimento do qual Artigas – um dos funda-dores do departamento paulista do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) – participou ativamente. Dedicando-se à docência desde a época em que se graduou, ele não apenas ajudou a criar, naquele ano de 1948, a Facul-dade de Arquitetura e Urbanismo da Univer-

sidade de São Paulo (FAU/USP), instalada inicialmente no bairro de Higienópolis, como também deu forma ao atual prédio da ins-tituição – erguido entre 1966 e 1969. Simul-taneamente à construção do edifício – tido hoje como uma das suas obras mais icônicas –, Artigas ainda propôs uma inovadora refor-ma curricular do curso. Implementada pela FAU/USP, essa reestruturação do ensino da arquitetura acabou sendo adotada por esco-las de todo o território nacional.

Jornal Diário da Noite, 6 de janeiro de 1945

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Sua atuação como professor, no entanto, so-freu algumas interrupções. Membro do Par-tido Comunista Brasileiro (PCB) e dono de um agudo senso crítico no qual assentava o conteúdo de suas lições, Artigas chamou a atenção do aparelho repressivo da ditadura

militar e, já em 1964, recebeu voz de prisão em plena sala de aula, diante de seus alunos. Detido por 12 dias e indiciado novamen-te meses depois, exilou-se no Uruguai e só voltou a lecionar em 1967, sendo compul-soriamente aposentado – com os também

Atendendo à cordial solicitação do general, Artigas prestou seu depoimento no Inquérito Policial Militar (IPM) da USP – e foi preso logo em seguida

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professores Paulo Mendes da Rocha e Jon Maitrejean – em 1969, pouco após a imple-mentação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5), com o qual o regime intensificou seu cerco às liberdades civis e aos direitos políticos. Arti-gas só retornou à faculdade em 1980, com a Lei da Anistia, ocupando o cargo de auxi-liar de ensino. E, para recuperar a função de professor titular da escola – a mesma que ele ajudou a fundar e cujo prédio é um manifesto concreto de seus ideais –, teve de prestar um concurso em junho de 1984, submetendo-se

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a uma banca avaliadora da instituição. Apro-vado no teste, Artigas morreu sete meses depois, em janeiro do ano seguinte.

A casa e a cidade

Por meio de uma bolsa concedida em 1946 pela Fundação Guggenheim, sediada em Nova York, Artigas passou um ano nos Esta-dos Unidos. Lá pôde conhecer mais a fundo o trabalho do norte-americano Frank Lloyd Wright, cujas concepções espaciais, somadas

Artigas, em 1984, durante concurso para recuperar o cargo de professor titular da FAU/USP, perdido em decorrência do AI-5; o tema da arguição foi A Função Social do Arquitetofotos: Abelardo Alves Neto

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às do franco-suíço Le Corbusier, compõem um referencial arquitetônico a que Artigas daria nova forma em inúmeras oportunida-des. Paralelamente, envolvendo-se com pintores como Alfredo Volpi, Francisco Re-bolo e Mário Zanini – com os quais, entre outros, formou o Grupo Santa Helena –, aprimorou seu talento para o desenho e se iniciou no universo das cores – elementos adotados com frequência em sua busca por fundir arte e arquitetura.

Nos anos 1950, Artigas deu início a uma re-flexão sobre a casa brasileira, identificando temas caros à nossa sensibilidade – a posição

da cozinha, por exemplo, como centro da sociabilidade doméstica. Dessa investigação nasceu uma maneira de organizar os espaços que marcou profundamente a produção ar-quitetônica residencial em São Paulo e ge-rou o que alguns historiadores chamaram de Escola de Artigas, ou Escola Paulista de ar-quitetura. Geralmente organizadas em torno de um pátio interno e com aberturas no teto para receber luz natural, essas construções costumam privilegiar os espaços de convivên-cia e se relacionar com o restante do terreno apenas no nível do chão – fechando-se, nos andares superiores, entre paredes de concreto com poucas ou nenhuma janela.

Casa Olga Baeta, de 1956foto: Nelson Kon

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Artigas desenvolveu uma forma de projetar e construir que parte de uma clara definição dos elementos estruturais dos edifícios e faz largo uso do concreto armado, do vidro, da matéria em sua condição mais natural: refle-xos de uma visão educativa, essas premissas tornam possível ver do que a construção é feita e entender como ela se sustenta. Al-guns historiadores associaram esse estilo ao brutalismo – corrente originada na obra tardia de Le Corbusier e marcada pela incorporação de materiais industriais crus, sem revestimen-to. Além de traduzir espacialmente determi-nados conceitos políticos, esse despojamento é, na prática artiguiana, muitas vezes carrega-do de sutilezas, de detalhes que denotam a grande afetividade presente no fundamento

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dos projetos e indicam um domínio raro das várias escalas de cuja combinação depende o sucesso de uma obra arquitetônica.

A imensa poética de seu trabalho não se revela de imediato. Diante dos espaços pro-jetados por Artigas, o que primeiro perce-bemos é uma força material, uma presença monumental. Entramos em um estado de surpresa, suspensão e enlevo, e aos poucos, percorrendo-os, vamos notando os porme-nores arquitetônicos a que Artigas tanto se dedicava. Eles se manifestam por todos os lados: nós os percebemos no encontro en-tre os diferentes materiais; nos contornos de uma coluna, no perfil de uma viga; na manei-ra como a luz natural entra por cima do edifí-

Colunas dos vestiários do São Paulo Futebol Clube, de 1960frame do documentário Vilanova Artigas: o Arquiteto e a Luz (2015), de Laura Artigas

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Lucas Girard é arquiteto, mestrando pela FAU/USP e sócio do 23 SUL Arquitetura.

originar comportamentos e renovar mentalida-des, corporificando valores morais e bandeiras políticas como solidariedade e democracia.

Num momento em que ganham cada vez mais força e relevância as discussões sobre os rumos das grandes metrópoles brasileiras e o lugar do espaço público na construção de uma sociedade mais justa, o legado de Artigas se torna ainda mais importante. Olhar para a sua generosa contribuição é vislumbrar o radical testemunho de um homem que acreditava na cultura como o único caminho para a liberdade – e na cidade como lugar privilegiado para o seu exercício.

cio, trazendo uma qualidade de exterioridade para o interior; no jeito como a construção se integra ao seu entorno por meio de vidraças e jardins; na fluidez com que rampas e planos inclinados conectam os pavimentos, criando meios níveis, sem jamais interromper a con-tinuidade dos percursos – nunca um corte abrupto, nunca um fim de linha.

Todos os trabalhos de Artigas oferecem uma reflexão profunda sobre o sentido de se cons-truir, sobre o sentido da arquitetura e o seu papel nas relações humanas e na paisagem urbana. Em suas mais de 700 obras concluídas, ele mostrou como a arquitetura pode ser um instrumento de transformação social, capaz de

Colégio Doze de Outubro, de 1962foto: José Moscardi

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As páginas a seguir apresentam obras que ilustram características centrais da produção de Ar-tigas – como o diálogo entre a construção e o seu entorno, a iluminação natural, a profusão de espaços de convivência e a preocupação em evidenciar a estru-tura dos edifícios. Os desenhos aqui reproduzidos foram feitos pelo arqui-teto para uma mostra retrospectiva de seu trabalho – apresentada em 1979 em diversas instituições – e hoje pertencem ao acervo do Centro Georges Pompidou, em Paris.

Por DUANNE RIBEIRO e THIAGO ROSENBERG

Consultoria MARCO ARTIGAS

Fotos NELSON KON

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EDIFÍCIO LOUVEIRA (1946/1948)Construída no bairro de Higienópolis, na capital paulista, a obra é um ótimo exemplo de integração entre os espaços público e privado. Os dois blocos de apartamentos que compõem o condomínio ficam nas extremidades de um amplo jardim que, sem ser delimitado por muros, grades ou coisa parecida, se confunde com a Praça Vilaboim, localizada em frente ao conjunto.

Os prédios, um com sete e o outro com oito andares, têm a fachada voltada para o mesmo lado – um olha para as costas do outro, di-gamos –, fazendo com que todas as unidades do edifício tenham as mesmas condições de iluminação e ventilação.

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Sem privilégios: voltados para o mesmo lado, todos os apartamentos do conjunto são igualmente iluminados e ventilados

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Jardim interno aberto para o espaço público, sem muros ou grades

Hall de entrada de um dos prédios: o pilar que se confunde com a escada mostra como Artigas fazia questão de não esconder os elementos estruturais de suas obras

A CASA NÃO TERMINA NA

SOLEIRA DA PORTA.

[Vilanova Artigas]

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O edifício da FAU/USP talvez seja o projeto mais representativo das con-cepções políticas e estéticas que guiavam o trabalho de Artigas. Por mais que, vista de fora e à distância, a construção pareça ser uma espécie de fortaleza de concreto sustentada por finos pilares, ela é de fato uma “escola aberta”, sem portas físicas ou metafóricas que possam se fechar e restringir o acesso de pessoas e ideias.

As salas de aula, os estúdios, a biblioteca e os demais ambientes que com-põem a área interna da obra se organizam em torno de um amplo vão central. Apelidado de “salão caramelo” por causa da cor do seu piso, o local pode ser ocupado pelos alunos da faculdade das mais diversas maneiras.

Todos os pavimentos são interligados por suaves rampas, que tornam mais fluido o percurso pelos espaços. E toda a cobertura conta com domos por onde a luz natural entra e, democraticamente, se espalha pelo prédio.

PRÉDIO DA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (1961/1969)

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“Salão caramelo”: espaço aberto para ações elaboradas pelos alunos da faculdade

Entrada principal do edifício, sem portas, portões ou qualquer outro tipo de barreira

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A luz é para todos: iluminação zenital em toda a cobertura do edifício

PENSEI QUE ESTE ESPAÇO FOSSE A EXPRESSÃO DA DEMOCRACIA. PENSEI QUE [...] NENHUMA ATIVIDADE AQUI SERIA ILÍCITA, QUE NÃO TERIA DE SER CONTROLADA POR NINGUÉM.

[Vilanova Artigas]

foto: André Seiti

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CASA ELZA BERQUÓ (1967)Projetada para a demógrafa Elza Berquó – uma das fundadoras do Centro Brasi-leiro de Análise e Planejamento (Cebrap) –, a residência pode ser vista como um espaço em que o arcaico e o moderno, ou o que há de mais rústico e o que há de mais sofisticado do ponto de vista técnico, convivem em harmonia.

Um dos jardins da casa – localizada no bairro paulistano de Chácara Flora – fica bem no centro da sala, sob uma claraboia móvel que permite a entrada de luz natural. E parte da cobertura se apoia em quatro troncos de árvore dispostos ao redor desse pátio interno. “Com o surgimento de um material chamado neopre-ne”, comentou Artigas em 1984, “foi possível fazer com que a carga do telhado se distribuísse pela área da coluna de madeira e, dali, [pelas] fundações”.

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Troncos de árvore usados como pilares em volta do pátio interno da residência

FIZ ESTA ESTRUTURA DE CONCRETO APOIADA SOBRE TRONCOS PARA DIZER [...] QUE ESSA TÉCNICA TODA DE CONCRETO ARMADO [...] NÃO PASSAVA DE UMA TOLICE IRREMEDIÁVEL EM FACE DAS CONDIÇÕES POLÍTICAS QUE VIVÍAMOS NAQUELE MOMENTO [ANOS 1960]. [Vilanova Artigas]

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Fachada da casa

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pág. 26

infográfico 4

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RODOVIÁRIA DE JAÚ (1973)Subverter – de acordo com “a ideia, o pensamento e a sensibilidade” – o uso co-mum de um elemento. Essa intenção de Artigas fica bastante clara ao observar-mos a rodoviária que ele criou para a cidade de Jaú, no interior de São Paulo.

“O que me encanta”, disse o arquiteto, “é usar formas pesadas e, dialeticamen-te, negá-las”. Os pilares do espaço se dividem, no topo, em quatro braços que lembram as pétalas de um lírio. Assim, aquilo que sustenta todo o peso da construção, e que geralmente é maciço, linear, ganha um aspecto de leveza – intensificado pela luz natural que escorre sobre cada uma dessas “flores” de concreto.

“Que solução engenhosa!”, teria comentado Oscar Niemeyer, conta Artigas. Essa não é, no entanto, a única criação significativa presente na obra. Outras marcas do arquiteto estão lá: a presença da cor – o azul nos corredores de acesso ao terminal, por exemplo –, as rampas e a abertura ao entorno.

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Os acessos à rodoviária estão no mesmo nível da rua e não interrompem o percurso do pedestre

A ARQUITETURA É UMA ARTE. ISSO EU REPITO. NO FUNDO É O DIREITO HUMANO À BELEZA.

[Vilanova Artigas]

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Abrindo-se em “pétalas” e permitindo a entrada de luz natural, os pilares da obra ganham um contraditório aspecto de leveza

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A PARTICIPAÇÃO DE ARTIGAS EM MOVIMENTOS POLÍTICOS

E NO DESENVOLVIMENTO DE INSTITUIÇÕES CULTURAIS

Por MARIA HIRSZMAN

UM HOMEM DE CONVICÇÕES

Artigas (no centro, com casaco claro) e outros membros do PCB em Moscou, 1953foto: autor desconhecido

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Quando deixou sua Curitiba natal e se mudou para São Paulo, em 1934, João Batista Vilanova Artigas encontrou uma cidade com pouco mais de meio mi-lhão de habitantes. Ao mesmo tempo provinciana e efervescente, a capital paulista contava com uma cena cultural restrita, mas estava em franco cresci-mento e era marcada por um profundo anseio de modernização.

Os anos 1930, em São Paulo, foram uma espécie de intervalo entre o baru-lho causado pelos artistas da Semana de 22 – que defendiam uma ruptura com os cânones acadêmicos – e a criação de uma rede de museus e insti-tuições culturais de grande relevo – com destaque para o Museu de Arte de São Paulo (Masp), em 1947, o Museu de Arte Moderna (MAM), em

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1948, e a Fundação Bienal de São Paulo, em 1951. Mas esse intervalo está longe de ser um hiato. É exatamente nele que se en-gendram estratégias, articulam-se grupos e formulam-se políticas de amplo efeito no longo prazo, num processo de amadureci-mento institucional e político do qual Arti-gas participou ativamente.

Pontos de encontro

É ampla a lista de movimentos em cuja gênese ou funcionamento o arquiteto atuou como importante interlocutor. Em 1936, quando começou a frequentar o curso livre de desenho com modelo vivo da Escola de Belas Artes, ele conheceu os artistas Francis-co Rebolo, Fulvio Pennacchi e Virginia, sua futura esposa, e passou a integrar o chamado Grupo Santa Helena. Liderada por Rebolo

Desenhos feitos por Artigas nos anos 1930, época em que frequentava a Escola de Belas Artes

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e instalada no já demolido Palacete Santa Helena, na Praça da Sé, a pequena comuni-dade de pintores – muitos deles imigrantes, de origem proletária – chegou a participar de um grupo maior, a Família Artística Paulista (FAP), que organizou três grandes mostras entre 1937 e 1940. Artigas consta como ex-positor na segunda delas.

A aproximação com artistas como Alfredo Volpi e Clóvis Graciano, que também fizeram parte da FAP, foi fundamental para o desenvol-vimento de seu trabalho como arquiteto e para a crescente importância das questões urbanas em sua obra. “Mudanças na sociedade come-çavam a exigir uma nova postura dos arquitetos e artistas”, comentou Artigas em referência ao projeto de reforma curricular que desenvolveu para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), a

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partir de 1962, com a inclusão do ensino de história da arte, comunicação visual e design. “O caminho do Volpi, por exemplo, foi se en-contrar com os concretistas. Mais tarde eu também me encontrei com eles, não só nas minhas composições arquitetônicas, como no plano do ensino.”

Das cinzas da FAP – segundo o crítico Paulo Mendes de Almeida no livro De Anita ao Mu-seu, de 1961 –, nasce o “clubinho”, como ficou conhecido o Clube dos Artistas e Amigos da Arte. Formada em 1945, a agremiação aca-bou virando um ponto de encontro – como as livrarias Jaraguá, de Alfredo Mesquita, e Brasiliense, de Caio Prado Júnior – para vá-rios intelectuais engajados do período. Foi de lá que surgiu o projeto de criação do MAM, do qual Artigas participou como membro do

conselho de administração e da comissão artística e fazendo a reforma do primeiro es-paço ocupado pelo museu, na Rua 7 de Abril – coincidentemente no mesmo prédio que abrigou o Masp em seus anos iniciais.

Liderança sem protagonismo

Se o interesse pelas artes fez com que Arti-gas se aproximasse de parte importante do núcleo artístico em ação na São Paulo de a partir da segunda metade dos anos 1930, sua atuação profissional e militância política tam-bém foram fundamentais para a sua crescen-te ligação com os movimentos que agitaram a cena cultural do período.

Em 1945, o arquiteto se filiou ao Partido Co-munista Brasileiro (PCB) – agindo ora como

Rascunho de abaixo-assinado pela formação de uma instituição de classe

para artistas plásticos

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moderador, ora como porta-voz, redigindo manifestos políticos e conclamando colegas e amigos para apoiar diversas causas, tanto no campo da arquitetura quanto fora dele. Em 1948, Artigas participou da elaboração de uma revista cultural ligada aos ideais do PCB – a Fundamentos, que circulou até 1955 – e, mais tarde, colaborou com organizações de classe de outros segmentos – como o dos escritores e o dos designers; em 1952, antes de visitar a União Soviética, rumou à Polônia, onde trabalhou para a criação da União Internacional dos Arquitetos (UIA). Entre as grandes bandeiras que assumiu no início dos anos 1950 está o combate à Bienal de São Paulo – chamada por ele, em entre-vista concedida à crítica Aracy Amaral em 1980, de “ponta de lança do imperialismo americano no setor da cultura”.

Artigas (no canto inferior esquerdo), em novembro de 1953, durante comemoração dos 36 anos da

Revolução Russa, na Praça Vermelha, em Moscoufoto: autor desconhecido

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Homem de convicções, Artigas manteve-se sempre pronto para o combate, sem gran-des vaidades. Nunca se preocupou em ocupar o protagonismo. Como explica sua filha, a historiadora Rosa Artigas, “ele nunca foi presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), nem desejou ser. Nunca quis ser diretor da FAU, nunca assumiu postos de comando. Acho que ele tinha uma grande capacidade de liderança e influência que não se manifestava publicamente, mas que dava rumo aos fatos nos contatos e na participa-ção política.  Não sei se era um conciliador, mas era capaz de rever suas posições quan-do se equivocava. Acho que ele tinha um espírito democrático, por assim dizer”.

Maria Hirszman, jornalista e crítica de arte, colabora com diversas publicações, como o Caderno 2, do jornal O Estado de S. Paulo, a Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras e a revista Pesquisa Fapesp. É mestra em história da arte pela Escola de Co-municações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).

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PASSARELAS SEM FUTURO, CIDADE SEM PASSADO

OBRAS PÚBLICAS DE ARTIGAS CORREM O RISCO DE SE TORNAREM

RUÍNAS DO SÉCULO XX

Por JOCA REINERS TERRON Fotos ANDRÉ SEITI

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Somente a glória dos faraós e a proteção dos ETs que os iluminaram, como afirma a lenda, explicam a preservação das pirâmides de Gizé, no Cairo. Com cerca de 4 mil anos, continuam de pé, ao contrário de marcos do século XX que, em meio ao descuido, desabam na metrópole egípcia. Vontade política e consciência pública são fundamentais para a manutenção de importantes obras arquitetônicas. Mas, quando a amnésia cultural se impõe, tais aspectos simples-mente não chegam a existir, pois decorrem da memória, isto é, do conhecimento e da valorização do passado. Tal condição parece impossível para a concepção brasileira de Estado, demasiado personalista e inconsciente para a coisa pública.

Exemplos mais próximos de nós em escala e topografia são as passarelas proje-tadas por João Batista Vilanova Artigas em São Paulo. Passamos por elas sem

Passarela do Largo Padre Péricles: sem futuro à vista

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saber como nasceram, ou quem foi seu pai. Delas não guardamos lembrança, a não ser quando as ultrapassamos a pé ou de auto-móvel. Nossas pegadas as reconhecem sem que a cabeça seja informada de sua relevân-cia, pois, mesmo tombadas pelo Patrimônio Histórico, não há placas que cumpram esse papel. Sabemos o ponto exato no tempo e no espaço em que se iniciam, mas não onde acabam. Talvez não tenham futuro.

Passarelas do caos

Foram seis passarelas projetadas pelo arqui-teto na capital paulista. Em diversas ocasiões, atravessei duas delas sem ter qualquer noção de quem era o seu autor. Atrasado, prestes a perder o voo, não percebi a ferrugem que

corrói as 150 toneladas de aço da que se encontra na Avenida Washington Luís, em frente ao aeroporto de Congonhas. Sem dú-vida, é a mais acidentada de todas. Despre-zada não apenas pelos pedestres, que em sua pressa mal a veem, já veio abaixo duas vezes entre 1974, quando foi instalada, e 2015, atin-gida em ambas as situações por caminhões que também não a viram. No período de sua existência, as únicas manutenções pelas quais passou se deram após esses acidentes de trânsito, ao ser reinstalada. Agora, a atual administração planeja substituí-la, sem infor-mar se o projeto original de Artigas será ado-tado como diretriz.

Vivi quase uma década em Perdizes. Premi-do por urgência diversa, atravessei muitas

Toneladas de aço acidentado em frente ao aeroporto de Congonhas

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vezes a passarela do Largo Padre Péricles: ti-nha fome, e ia ao Ponto Chic que fica diante da igreja de São Geraldo. Sempre de barriga vazia, sentia vertigem ao percorrer o giro he-licoidal que liga a passarela à calçada. Depois de aliviar a larica, entretanto, podia apreciar a elegância de suas curvas, observando o tráfego quase imóvel da Avenida Francisco Matarazzo e a cauda (ou a cabeça, vai saber) do Minhocão exalando fumaça. Comparada a tão horrenda estrutura, a passarela de Artigas, com sua geo-metria indescritível, apequena-se: é uma joia oculta na paisagem cinzenta, breve instante de lucidez em pleno caos.

De modo semelhante, as passarelas da Ave-nida 9 de Julho se erguem com aparência exausta acima dos automóveis e dos pedes-

Uma joia oculta na paisagem cinzenta do Largo Padre Péricles

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tres. Atravesso para cá e para lá a que fica em frente à Fundação Getulio Vargas. Os alvos jalecos dos enfermeiros de folga do Hospital 9 de Julho enfrentam com destemor a fuli-gem do início da tarde. É horário de almoço, a chuva deu uma trégua e a senhora que habita sob a escada cria coragem para sair do caixo-te em que dorme e pedir esmola aos motoris-tas passantes. Com olhares distraídos, entre uma e outra mensagem via WhatsApp, eles não retribuem os pedidos que a mulher faz com voz estridente, acompanhados de um sinal de coraçãozinho feito com polegares e indicadores. Alheia ao reconforto estético sugerido pela beleza arquitetônica do local onde vive, a moradora de rua implora: “Es-tou morta de fome”. No topo da passarela,

Uma das passarelas exaustas da Avenida 9 de Julho

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piso em algumas placas de aço corrugado que empenaram, tornando-se trampolins para suicídios involuntários: se pisadas com ímpeto, bem poderiam lançar um desavisado lá embaixo contra o para-brisa de um ônibus em movimento.

Algumas centenas de metros adiante, na mesma avenida em direção ao centro, a Pas-sarela Doutor Nemr Jorge parece unir com pesar os vidros foscos do prédio do INSS a um mercadinho chinês quase vazio. Na caixa registradora, sem fregueses a atender, o mo-leque oriental joga no celular. Os mantimen-tos nas prateleiras são basicamente garra-fões azuis de água e pacotes de salgadinhos chips. Na paisagem em permanente ruína do

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Infiltração nas cores

Do centro, uma visita ao Ginásio de Gua-rulhos, ou EEPSG Conselheiro Crispiniano, projeto de Artigas & Cascaldi inaugurado em 1962. O prédio passou por reforma en-tre 2013 e 2014, exceto pelo imenso mural pintado a óleo que encabeça o pátio central, em avançado estado de deterioração devi-do a infiltrações. Segundo Marcos Venite, agente de organização escolar e funcioná-rio mais antigo do colégio, o orçamento de 160 mil reais para restauro não foi aprovado. Na imagem, crianças negras brincam de pega-pega, ameaçadas pelas manchas cada dia mais escuras que sobem da base, arran-cando a tinta e se ramificando entre cores vívidas que, em uma hora ou outra, se dissi-

centro da cidade, com seus prédios abando-nados, sua gente deixada para trás, um agra-dável odor de amaciante de roupas chama a atenção. Vem da lavanderia no subsolo do Edifício dos Estados nº 624, onde mãos dobram e desdobram tecidos na penumbra: apesar do degradante panorama urbano, não há cheiro que recorde mais a civilização. Espantado pelo porteiro, retorno à passarela. Ao admirar a economia de meios do concreto ascendente, o que fornece à passarela traços femininos, esguios, percebo que a chuva deixou um lago sobre o caminho. Impedi-da pela água de atravessá-lo, uma moça carrega no colo seu cão-salsicha pelas margens, arriscando-se a uma queda. Com desconfiança igual à do porteiro, o cão me olha de soslaio.

Mural do Ginásio de Guarulhos: de fora da reforma

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parão no vazio. A reforma inepta substituiu o piso original de cacos vermelhos – típicos de obras de Artigas, que os recuperou da tradição popular – por cimento. No entanto, o mais grave ocorreu há dez anos, de acor-do com Venite, ao construírem um prédio adicional: “Foi quando destruíram a ‘Fazen-dinha’ – uma ala de classes de aula feitas de madeira nos fundos da escola e ladeadas por seringueiras – para construir um estaciona-mento. Era a área mais bonita da escola, na minha opinião”. As seringueiras continuam lá, mas agora, em vez de fazerem sombra para crianças, protegem automóveis.

Contra intempéries administrativas, da sala dos professores às classes de alunos, do espe-lho d’água ao vibrante jardim, a Conselheiro

FAU/USP: ainda reluzindo

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Crispiniano permanece com vida: para aferir isso, basta consultar a página da escola na in-ternet, repleta das declarações de saudades dos ex-estudantes de várias gerações.

Em contraste de outro tom, mais existencia-lista e adequado a alunos de ensino superior, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), também projetada por Artigas, parece relu-zir. Recém-reformada e abrigando uma ex-posição de formas arquitetônicas construídas em papelão em seu vão principal, na manhã chuvosa em que a visitei encontrei estudan-tes preguiçosas que se estiravam nas redes em frente ao Centro Acadêmico. Perto da livraria, a sombra de um barbudo se espichou na parede enquanto o dono da sombra jo-

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a cidade vai se conformando no grande hie-roglifo sem solução que é, até o táxi me largar na Avenida Robert Kennedy, em frente à ga-ragem de barcos que Artigas projetou para o antigo Iate Clube Santa Paula. Pingos voltam a cair. A água poluída da represa tem a cor da fumaça, e é possível ver favelas que se agigan-tam na margem oposta. A laje de concreto co-berta de pichos (“GRIf/NOIA/EU GOSTO DE B****A!”) é a triste comprovação de que os ETs não zelam por nossas construções as-sim como o fazem pelas pirâmides faraônicas. Tenho o número do celular do suposto caseiro. Toca, toca, mas não atende. Através da cerca e das correntes, vejo alguém fumando, al-guém que logo desaparece em meio à bruma e ao esquecimento.

gava solitariamente na mesa de sinuca. Dois garotos apertavam um baseado na lancho-nete, enquanto o próprio Artigas, imóvel em um cartaz comemorativo de seu centenário, pareceu bocejar em preto e branco em pro-testo aos pichos e grafites nas paredes que dizem “Não ao museu”.

Rumo à represa de Guarapiranga, muito dis-tante do perfume das lavanderias, as marcas civilizatórias da arquitetura modernista do centro de São Paulo vão sendo substituídas ra-pidamente pela feiura dos galpões abandona-dos e das borracharias enegrecidas, dos barcos fantasmas e das fábricas fechadas. Não estou entre aqueles totalmente imunes à beleza es-pectral da periferia, e a partir de certo ponto

Joca Reiners Terron é escritor, editor e designer gráfico, autor de A Tristeza Extraordinária do Leopardo-das-Neves (Companhia das Letras, 2013). Cumpriu quatro anos de ar-quitetura e urbanismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e se arrepende de ter abandonado o curso.Garagem de barcos – ou barcos fantasmas –

do antigo Iate Clube Santa Paula

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Concepção e realização Itaú CulturalCuradoria Alvaro Razuk, Itaú Cultural e Rosa ArtigasProjeto expográfico Alvaro Razuk e Marcus Vinicius Santos (assistente)

Digitalização de fotos e documentos Laerte FernandesDigitalização de projetos arquitetônicos Jorge Bastos

ITAÚ CULTURAL

Presidente Milú VillelaDiretor superintendente Eduardo SaronSuperintendente administrativo Sérgio M. Miyazaki NÚCLEO DE ARTES VISUAISGerência Sofia FanCoordenação Luciana SoaresProdução executiva Júlia Sottili, Lilian Sales e Silvia Ruiz (terceirizada)

NÚCLEO DE AUDIOVISUAL E LITERATURAGerência Claudiney FerreiraCoordenação Kety Fernandes NassarProdução executiva Paula BertolaEdição de vídeo Karina Fogaça NÚCLEO DE PRODUÇÃO DE EVENTOSGerência Henrique Idoeta SoaresCoordenação Edvaldo Inácio Silva e Vinícius RamosProdução Aline Arroyo (terceirizada), Cristiane Zago, Daniel Suares (terceirizado), Érica Pedrosa Galante, Laís Silveira (terceirizada) e Wanderley Bispo

24 junho a 9 agosto 2015terça a sexta 9h às 20h [permanência até as 20h30]sábado, domingo e feriado 11h às 20h

Entrada franca

Confira a programação paralela à mostra em itaucultural.org.br

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NÚCLEO DE EDUCAÇÃO E RELACIONAMENTOGerência Valéria ToloiCoordenação de atendimento educativo Tatiana PradoEquipe Caroline Faro, Luisa Saavedra, Thays Heleno, Victor Soriano e Vinicius MagnunEstagiários Alan Ximendes, Alessandra Boa Ventura, Amanda de Freitas, Ana Paula Sampaio, Ana Tramontano, Breno Gomes, Bruna Linndy, Carolina Candido, Carolina Luditza, Daiana Terra, Elaine Lino, Felipe Leiva, Felipe Nogueira, Felipe Silvani, Gabriela Akel, Giovani Monaco, Jaqueline Chile, João Bueno, João Leopoldo, Kleithon Barros, Leandro Lima, Marina Moço, Paloma Rodrigues, Rafael Freire, Renata Sterchele, Roger Dezuani, Thais Seixas, Thomas Angelo, Victoria Pinheiro, William Miranda e Willian AugustoCoordenação de programas de formação Samara FerreiraEducadores Bianca Selofite, Carla Léllis, Claudia Malaco, Guilherme Ferreira, Josiane Cavalcanti, Lucas Takahaschi, Malu Ramirez, Raphael Giannini e Thiago Borazanian

NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO E RELACIONAMENTOGerência Ana de Fátima SousaCoordenação de conteúdo Carlos CostaProdução e edição de conteúdo Duanne Ribeiro e Thiago RosenbergEdição do site Duanne RibeiroRedes sociais Renato CorchSupervisão de revisão Polyana LimaRevisão de texto Karina Hambra (terceirizada)Coordenação de design Jader RosaComunicação visual Yoshiharu ArakakiEdição de fotografia André Seiti e Marcos Ribeiro (terceirizado)Relacionamento Jaqueline Santiago e Patricia Recarey (estagiária)Eventos e comunicação estratégica Melissa Contessoto e Simoni Barbiellini

AGRADECIMENTOSAbelardo Alves Neto, Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo, Cristiano Mascaro, Eliana Azevedo Marques, Elza Berquó, Escola da Cidade, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Fernando Fortes, Flávio Motta, Gal Buitoni, Guilherme Motta, Ilana Tzirulnik, Kika Rufino, Laura Artigas, Marco Artigas, Paulo Caruso, Paulo de Mendonça, Paulo Fecarotta, Paulo Naddeo, Paulo Pignanelli, Rita Favali, Rodrigo Queiroz, Sérgio Isaías Yurgel, Silvio Sawaya, Waldenir Regiani e Yola Kneese

O Itaú Cultural realizou todos os esforços para encontrar os detentores dos direitos autorais incidentes sobre as imagens/obras fotográficas aqui publicadas, além das pessoas fotografadas. Caso alguém se reconheça ou identifique algum registro de sua autoria, solicitamos o contato pelo e-mail [email protected].

Centro de Memória, Documentação e Referência | Itaú Cultural

Ocupação Vilanova Artigas / organização Itaú Cultural. – São Paulo : Itaú Cultural, 2015.52 p. : il.

ISBN 978-85-7979-071-3

1. João Batista Vilanova Artigas. 2. Arquitetura moderna. 3. Urbanismo. 4. Exposição de arte – catálogo. I. Instituto Itaú Cultural. IV. Título.

CDD 724.981

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