ocorrÊncia de oÍdios em espÉcies de ipÊ - lucas emanuel n. gonçalves

1
INTRODUÇÃO RESULTADOS E DISCUSSÃO Os ipês são árvores consideradas extremamente ornamentais, sendo umas das mais usadas na arborização de praças e ruas, e excelente para ruas estreitas e sob fiação aérea (Lorenzi 1998). As plantas utilizadas para arborização urbana são destacadamente afetadas por doenças que representam um grande fator de destruição da qualidade paisagística destas espécies nos centros urbanos. Auer (2001) aponta que o oídio é uma doença caracterizada por um crescimento branco bem visível, em manchas esparsas nas folhas. Em condições de temperatura amena e alta umidade, as folhas podem ficar totalmente cobertas por propágulos fungicos. Existem 15 registros de táxons identificados de fungos causadores de oídios em espécies de Tabebuia spp., dentre eles os gêneros são Oidium sp., Ovulariopsis sp., Steptopodium sp., Erysiphe peruviana , Uncinula sp. e Phyllactinia sp. (Farr & Rossman, 2011) (Tab 1). O objetivo desse trabalho é apontar a ocorrência de dois táxons de fungos causadores de oídios incidentes em espécies de ipê utilizadas na arborização urbana das cidades de Urutaí, GO e Cascavel, PR. CONCLUSÕES Os táxons da fase anamórfica e teleomórfica em T. serratifolia foram Streptopodium tabebuiae e Uncinula sp., e para T. impetiginosa Oidium sp. e Uncinula sp. Foi verificado nas amostras a incidencia simultânea do mesmo teleomorfo contrapondo os registros de literatura. O fungo Uncinula sp. é o teleomorfo mais frequentemente observado nas estações de seca (inverno) em plantas de ipê no Brasil. BIBLIOGRAFIA AMANO, K. (HIRATA). Host range and geographical distribution of the powdery mildew fungi. Japan Sci. Soc. Press, Tokyo, 741 pages. 1986. BRAUN, U., AND TAKAMATSU, S. PHYLOGENY OF ERYSIPHE, Microsphaera, Uncinula (Erysipheae) and Cystotheca, Podosphaera, Sphaerotheca (Cystotheceae) inferred from rDNA ITS sequences - some taxonomic consequences. Schlechtendalia 4: 1-33. 2000. BAKER, R.E.D., AND DALE, W.T. Fungi of Trinidad and Tobago. Mycol. Pap. 33: 1-123. 1951. DIANESE, J.C., TESSMANN, D.J., AND FURLANETTO, C. Reinstating Oswaldina icarahyensis as the name of the anamorph of Apiosphaeria guaranitica. Sydowia 46: 233-237. 1994. FERREIRA, F., AND MUCHOVEJ, J. Asteromidium Tabebuiae sp. nov. from Brazil. Mycotaxon 30: 97-100. 1987. HYDE, K.D., FRÖHLICH, J., AND TAYLOR, J.E. Fungi from palms. XXXVI. Reflections on unitunicate ascomycetes with apiospores. Sydowia 50: 21-80. 1998. INÁCIO, C.A., AND DIANESE, J.C. Some foliicolous fungi on Tabebuia species. Mycol. Res. 102: 695-708. 1998. MENDES, M.A.S., DA SILVA, V.L., DIANESE, J.C et al. Fungos em Plantas no Brasil. Embrapa-SPI/Embrapa-Cenargen, Brasilia, 555 pages. 1998 MINTER, D.W., RODRÍGUEZ HERNÁNDEZ, M., AND MENA PORTALES, J. Fungi of the Caribbean: an annotated checklist. PDMS Publishing, 946 pages. 2001. PIEPENBRING, M. Checklist of fungi in Panama. Preliminary version. Puente Biol. 1: 1-190. 2006. URTIAGA, R.[Host index of plant diseases and disorders from Venezuela - Addendum]. Unknown journal or publisher : 268. 2004. OCORRÊNCIA DE OÍDIOS EM ESPÉCIES DE IPÊ Gonçalves, Lucas. E. N.¹; Paz-Lima, Milton. L.² ¹Universidade Estadual de Goiás – Estudante do curso de Engenharia Florestal, ²Instituto Federal Goiano Campus Urutaí - Agronomia MATERIAL E MÉTODOS Os sintomas iniciais da doença foram de colônias circulares com crescimento micelial-branco-radial, com aparência úmida, sobrepondo-se lesões semi- encharcadas de mesmo formato nas superfícies dos limbos. Em T. serratifolia a pulverulência superficial das estruturas fungicas é mais abundante. O micélio de Oidium sp. sofreu hiperparasitismo pelo fungo Ampelomyces sp. (Fig. 1). As amostras de T. impetiginosa de Urutaí (GO), apresentaram a incidência de Oidium sp. no verão (2011), e no período do inverno (2011) observou-se a incidência do teleomorfo Uncinula sp. nas amostras de T. serratifolia oriundas de Cascavel (PR) observou-se incidência de Streptopodium tabebuiae no período do verão e no inverno observou-se incidência do teleomorfo Uncinula sp. sensu Hanlin & Menezes (1996). Em T. impetiginosa o fungo Uncinula sp. apresentou ascocarpos de diâmetro de 33(38,5)44 x 36(38,4)45 μm e apêndices de dimensões de 37(38,11)46 x 2(2,71)3 μm e seu anamorfo ( Oidium sp.) apresentou conídios primários de 30- (19)-10x12,5-(10,65)-7,5 μm e conidióforos de 130-(68,43)-37,5 x 10-(8,75)-7,5) μm. Em T. serratifolia o fungo Uncinula sp. (teleomorfo) apresentou ascocarpos de dimensões de 28(34)41 x 3(3,14)4 μm e seus apêndices 37(38,11)46 x 2(2,71)3 μm e seu anamorfo ( Streptopodium tabebuiae) apresentou conídios dimorfos solitários primário, lanceolado ápice acuminado de base arredondada e secundário clavado a elíptico ovóide com ápice e base arredondaos, apresentarando as dimensões de 67,5(80)82,5x17,5(20)25 μm. (Fig 1 e Tab. 1). Espécies Hospedeiras Tabebuia impetiginosa – Brasil (Mendes et al . 1998)Tabebuia serratifolia - (Brasil (Mendes et al. 1998), Tabebuia sp.: - Brasil (Mendes et al. 1998); Costa Rica – (Amano, 1986), Tabebuia spectabilis Austrália - (Amano, 1986). Tabebuia avellanedae - Brasil (Mendes et al. 1998), Tabebuia rósea - Venezuela – (Urtiaga, 2004), Tabebuia serratifolia - Brasil (Mendes et al. 1998), Tabebuia sp. - Brasil (Mendes et al. 1998) Tabebuia rosea – Venezuela (Amano, 1986) E Tabebuia spp. – Brasil (Braun et AL. 2000), Tabebuia campensis – EUA (Glawe, 2010), Tabebuia sp. – Brasil (Mendes et al. 1998), Tabebuia impetiginosa – Brasil (Inácio, C.A. et al. 1998) Tabebuia sp. - Brasil (Mendes et al . 1998), Tabebuia serratifolia - Brasil (Mendes et al. 1998) Tabela 1. Ocorrências de fungos causadores de oídios em diferentes espécies de Tabebuia spp. no mundo. Tabela 1. Listagem das formas anamorficas e teleomorficas fungos causadores de oidios identificados nas amostras de ipe amarelo (Tabebuia serratifolia) e ipe roxo (Tabebuia impetiginosa). Hospedeiras Anamorfo Teleomorfo Tabebuia serratifolia Streptopodium tabebuiae e Oidium sp. Cascavel – PR (Fevereiro 2011) Uncinula sp. Cascavel – PR (Maio 2011) Tabebuia impetiginosa Oidium sp. Urutaí – GO (Abril-2010, Fevereiro-2011) Uncinula sp. Urutaí – GO (Junho-2011) Figura 1. Sintomas e sinais de oídios incidentes em ipês-roxo ( Tabebuia impetiginosa) e ipê amarelo (Tabebuia serratifolia). A. sintomas em ipês-roxo, B. recobrimento amplo da com superfície micélio fungico de folhas de ipê roxo, C. folíolo com manchas esparsas, brancas e pulverulentas em folhas de ipê-roxo, D. necrose na face abaxial de ipê-roxo, E.F. e G conidióforo, célula conidiogênica e conídio de Oidium sp. em ipê-roxo, H. e I. conídios de Oidium sp. em ipê-roxo, J. conídio de Oidium sp. germinado emitindo tubo de germinação e apressório de ipê-roxo, K. ascocarpo cleistotecial de Uncinula sp. em ipê-roxo, L. conídio secundário de Streptopodium tabebuiae em ipê-amarelo, M. ascas de Uncinula sp. infectando folhas de ipê- roxo, N. conídio primário e secundário de Streptopodium tabebuiae incidentente em ipê-amarelo, O. presença de picnídio de Ampelomyces sp. hiperparasitando Oidium sp. em folhas de ipê roxo, P. apêndices do ascoma de Uncinula sp. presente em ipê-amarelo, Q. ascas e cleistotecio de Uncinula sp. infectando folhas de ipê- amarelo.

Upload: milton-lima

Post on 21-Jul-2015

2.138 views

Category:

Technology


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: OCORRÊNCIA DE OÍDIOS EM ESPÉCIES DE IPÊ - Lucas Emanuel N. Gonçalves

INTRODUÇÃO

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os ipês são árvores consideradas extremamente ornamentais, sendo umas das mais usadas na arborização de praças e ruas, e excelente para ruas estreitas e sob fiação aérea (Lorenzi 1998). As plantas utilizadas para arborização urbana são destacadamente afetadas por doenças que representam um grande fator de destruição da qualidade paisagística destas espécies nos centros urbanos. Auer (2001) aponta que o oídio é uma doença caracterizada por um crescimento branco bem visível, em manchas esparsas nas folhas. Em condições de temperatura amena e alta umidade, as folhas podem ficar totalmente cobertas por propágulos fungicos. Existem 15 registros de táxons identificados de fungos causadores de oídios em espécies de Tabebuia spp., dentre eles os gêneros são Oidium sp., Ovulariopsis sp., Steptopodium sp., Erysiphe peruviana , Uncinula sp. e Phyllactinia sp. (Farr & Rossman, 2011) (Tab 1).

O objetivo desse trabalho é apontar a ocorrência de dois táxons de fungos causadores de oídios incidentes em espécies de ipê utilizadas na arborização urbana das cidades de Urutaí, GO e Cascavel, PR.

CONCLUSÕESOs táxons da fase anamórfica e teleomórfica em T. serratifolia foram Streptopodium tabebuiae e Uncinula sp., e para T. impetiginosa Oidium sp. e Uncinula sp. Foi verificado nas amostras a incidencia simultânea do mesmo teleomorfo contrapondo os registros de literatura. O fungo Uncinula sp. é o teleomorfo mais frequentemente observado nas estações de seca (inverno) em plantas de ipê no Brasil.

BIBLIOGRAFIAAMANO, K. (HIRATA). Host range and geographical distribution of the powdery mildew fungi. Japan Sci. Soc. Press, Tokyo, 741 pages. 1986.BRAUN, U., AND TAKAMATSU, S. PHYLOGENY OF ERYSIPHE, Microsphaera, Uncinula (Erysipheae) and Cystotheca, Podosphaera, Sphaerotheca (Cystotheceae) inferred from rDNA ITS sequences - some taxonomic consequences. Schlechtendalia 4: 1-33. 2000.BAKER, R.E.D., AND DALE, W.T. Fungi of Trinidad and Tobago. Mycol. Pap. 33: 1-123. 1951.DIANESE, J.C., TESSMANN, D.J., AND FURLANETTO, C. Reinstating Oswaldina icarahyensis as the name of the anamorph of Apiosphaeria guaranitica. Sydowia 46: 233-237. 1994.FERREIRA, F., AND MUCHOVEJ, J. Asteromidium Tabebuiae sp. nov. from Brazil. Mycotaxon 30: 97-100. 1987.HYDE, K.D., FRÖHLICH, J., AND TAYLOR, J.E. Fungi from palms. XXXVI. Reflections on unitunicate ascomycetes with apiospores. Sydowia 50: 21-80. 1998.INÁCIO, C.A., AND DIANESE, J.C. Some foliicolous fungi on Tabebuia species. Mycol. Res. 102: 695-708. 1998.MENDES, M.A.S., DA SILVA, V.L., DIANESE, J.C et al. Fungos em Plantas no Brasil. Embrapa-SPI/Embrapa-Cenargen, Brasilia, 555 pages. 1998MINTER, D.W., RODRÍGUEZ HERNÁNDEZ, M., AND MENA PORTALES, J. Fungi of the Caribbean: an annotated checklist. PDMS Publishing, 946 pages. 2001.PIEPENBRING, M. Checklist of fungi in Panama. Preliminary version. Puente Biol. 1: 1-190. 2006.URTIAGA, R.[Host index of plant diseases and disorders from Venezuela - Addendum]. Unknown journal or publisher : 268. 2004.

OCORRÊNCIA DE OÍDIOS EM ESPÉCIES DE IPÊGonçalves, Lucas. E. N.¹; Paz-Lima, Milton. L.²

¹Universidade Estadual de Goiás – Estudante do curso de Engenharia Florestal, ²Instituto Federal Goiano Campus Urutaí - Agronomia

MATERIAL E MÉTODOS

Os sintomas iniciais da doença foram de colônias circulares com crescimento micelial-branco-radial, com aparência úmida, sobrepondo-se lesões semi-encharcadas de mesmo formato nas superfícies dos limbos. Em T. serratifolia a pulverulência superficial das estruturas fungicas é mais abundante. O micélio de Oidium sp. sofreu hiperparasitismo pelo fungo Ampelomyces sp. (Fig. 1). As amostras de T. impetiginosa de Urutaí (GO), apresentaram a incidência de Oidium sp. no verão (2011), e no período do inverno (2011) observou-se a incidência do teleomorfo Uncinula sp. nas amostras de T. serratifolia oriundas de Cascavel (PR) observou-se incidência de Streptopodium tabebuiae no período do verão e no inverno observou-se incidência do teleomorfo Uncinula sp. sensu Hanlin & Menezes (1996). Em T. impetiginosa o fungo Uncinula sp. apresentou ascocarpos de diâmetro de 33(38,5)44 x 36(38,4)45 μm e apêndices de dimensões de 37(38,11)46 x 2(2,71)3 μm e seu anamorfo (Oidium sp.) apresentou conídios primários de 30-(19)-10x12,5-(10,65)-7,5 μm e conidióforos de 130-(68,43)-37,5 x 10-(8,75)-7,5) μm. Em T. serratifolia o fungo Uncinula sp. (teleomorfo) apresentou ascocarpos de dimensões de 28(34)41 x 3(3,14)4 μm e seus apêndices 37(38,11)46 x 2(2,71)3 μm e seu anamorfo (Streptopodium tabebuiae) apresentou conídios dimorfos solitários primário, lanceolado ápice acuminado de base arredondada e secundário clavado a elíptico ovóide com ápice e base arredondaos, apresentarando as dimensões de 67,5(80)82,5x17,5(20)25 μm. (Fig 1 e Tab. 1).

Agente etiológico Espécies Hospedeiras Oidium sp. Tabebuia impetiginosa – Brasil (Mendes et al. 1998)Tabebuia serratifolia - (Brasil

(Mendes et al. 1998), Tabebuia sp.: - Brasil (Mendes et al. 1998); Costa Rica – (Amano, 1986), Tabebuia spectabilis Austrália - (Amano, 1986).

Ovulariopsis sp. Tabebuia avellanedae - Brasil (Mendes et al. 1998), Tabebuia rósea - Venezuela – (Urtiaga, 2004), Tabebuia serratifolia - Brasil (Mendes et al. 1998), Tabebuia sp. -

Brasil (Mendes et al. 1998) Phyllactinia sp.

Tabebuia rosea – Venezuela (Amano, 1986)

Erysiphe peruviana (Syd.) U. Braun &

S. Takam.(= Uncinula)

Tabebuia spp. – Brasil (Braun et AL. 2000), Tabebuia campensis – EUA (Glawe, 2010), Tabebuia sp. – Brasil (Mendes et al. 1998), Tabebuia impetiginosa – Brasil

(Inácio, C.A. et al. 1998)

Uncinula sp

Tabebuia sp. - Brasil (Mendes et al. 1998), Tabebuia serratifolia - Brasil (Mendes et al. 1998)

Tabela 1. Ocorrências de fungos causadores de oídios em diferentes espécies de Tabebuia spp. no mundo.

Tabela 1. Listagem das formas anamorficas e teleomorficas fungos causadores de oidios identificados nas amostras de ipe amarelo (Tabebuia serratifolia) e ipe roxo (Tabebuia impetiginosa).

Hospedeiras Anamorfo Teleomorfo

Tabebuia serratifolia Streptopodium tabebuiae e Oidium sp.

Cascavel – PR

(Fevereiro 2011)

Uncinula sp.

Cascavel – PR

(Maio 2011)

Tabebuia impetiginosa Oidium sp.

Urutaí – GO

(Abril-2010, Fevereiro-2011)

Uncinula sp.

Urutaí – GO

(Junho-2011)

Figura 1. Sintomas e sinais de oídios incidentes em ipês-roxo (Tabebuia impetiginosa) e ipê amarelo (Tabebuia serratifolia). A. sintomas em ipês-roxo, B. recobrimento amplo da com superfície micélio fungico de folhas de ipê roxo, C. folíolo com manchas esparsas, brancas e pulverulentas em folhas de ipê-roxo, D. necrose na face abaxial de ipê-roxo, E.F. e G conidióforo, célula conidiogênica e conídio de Oidium sp. em ipê-roxo, H. e I. conídios de Oidium sp. em ipê-roxo, J. conídio de Oidium sp. germinado emitindo tubo de germinação e apressório de ipê-roxo, K. ascocarpo cleistotecial de Uncinula sp. em ipê-roxo, L. conídio secundário de Streptopodium tabebuiae em ipê-amarelo, M. ascas de Uncinula sp. infectando folhas de ipê-roxo, N. conídio primário e secundário de Streptopodium tabebuiae incidentente em ipê-amarelo, O. presença de picnídio de Ampelomyces sp. hiperparasitando Oidium sp. em folhas de ipê roxo, P. apêndices do ascoma de Uncinula sp. presente em ipê-amarelo, Q. ascas e cleistotecio de Uncinula sp. infectando folhas de ipê-amarelo.