occidentia - segunda via - poemas de orlando lopes
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Occidentiasegunda via
1. prvia
poemasOrlando Lopes
2014
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LIVRO UM - LIRA IMAGINRIA ............. 5amor pedacinho .............................................6CANTIGA ..........................................................7FBULA ............................................................8MEKHAN AMOROSA ................................... 10O poeta, em seu infinito passeio pelo infernohumano, finge vera aquilo que devora a alma11ELEGIA AZUL ................................................ 14METAFSICA DA PRESENA ......................... 16UMA TEORIA DO AFETO ............................... 18APOTEGMA .................................................... 19Ainda falta tanto pra escurecer ..................... 20
LIVRO DOIS - LIRA SIMBLICA ......... 23MUDOU-SE O TEMA (ONDE O MAR COMEA)24HAIKAIS MINIMAIS RADICAIS ...................... 26HAPPY BIRD DAY .......................................... 27N.MADE.S.................................................... 28con sidere: quando voc pensa (ou voc dis pensaesse contnuo (dis)pe(r)sar?) .......................... 30Culpa da orelha metafsica ........................... 31
Voc, que cansou de perguntar quem ........ 35NOTURNA ...................................................... 39o ato de desenhar idias ............................... 40UMA ESCADA SOBRE O NADA ..................... 44
LIVRO TRS - LIRA REAL ................. 51ATO DE CRIAO ......................................... 52POTICA ........................................................ 53O poeta no quer que o saibam ..................... 54
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o poeta no nega o que escreve .................... 56(POEMA) ABUSADO COMO ELE S .............. 57
O POEMA QUE DESEJA SE EXPLICAR ......... 58um poema que resiste ................................... 59eu sou o mltiplo deste tempo, o fruto esprio destetempo (o esporo aleatrio ............................... 60CALEIDOSCPIO ........................................... 61Imagine que voc capaz de criar um mundointeiramente................................................... 63AISTHESIS ..................................................... 65FRAGMENTO ................................................. 66
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L L
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Para a Miriam
amor pedacinhode cada um. comum-de-dois,vez de vezes, desejo, deleite.
amor doce (na ponta da lngua) desafogo,
exagero de luz,epifania evidente.
amor efeito de ns mesmos(os dois refeitos),os dois refns por direito.
amor apenas a vida que de si se esquece
e assim se inventa:esboo de ns pra amanh, querncia
permanente.
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CANIGAme ameque te amoquando vocme ama
te amoquando vocme ama
pra eupoderte amar
amemo-noslevescomo (semprecomo) anmonas:acfalos com mil braosdisfarados de ptalas
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FBLAjoo tentaencontrar em
Maria:
o ar mais quente emseu hlitoo peso mais denso doseu corpoo zelo mais extenso do
seu gosto
mas Maria (sesmaria) desvairada e absurda:
seu hlito apenas o frio do suspensoseu corpo
exatamente o ao do costumeseu gosto a certeza dedicada do acaso
que opo pode ter joo?
Joo so como sanso
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furtivo como um livroe vivo como um reflexo desconexo
Joo tem inveja todo dia (sem alvio)Joo no pode nadanesta vidaa no serquerer desquerercrer em maria
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MEKHAN AMOOA
o amorquando
se pea nosconsumir
o amorquandonos seduz
na maisdeliciosamiragem
o amorquando
nos tomaa vistae o horizonte
o amorquandonos deduz
da maisinfanteimagem
o amorquando
nos devolvea nossodesejo
o amorquandonos reduz
maisfuriosavertigem
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O ,
, o poetaem seuinfinito
passeiopelo inferno
humano (le diable- mon hypocryte semblable sont (milliers de milliers!) les autresen nous mmes)
finge vera(o vero
vciodo deverde verdeveras)aquiloque devoraa alma
(: o horrorque emana
- vo rtex -(x)
no nada
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: uma
sobre outra: umarealidade que se ex tendecomo corpoao olhar
(o codex amoroso
(: quando amas
de uma formaou de outrastua alma semprese arrisca
assimcumpre ao corts
amante
(lisda lua : tu nu(a)na rua
e a presena
ob( (s) ex c)ess& v
(a uvae seuvivo
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tudo oque a vida
temde-bom
no confusofiode cada umade nossas
sete vezes sete vezes setevidas)
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ELEGIA ALI
sobe a dorj esmaecidada tua ausncia
e a tua voz aquele lampejocalmo e tmido
do que no sabiahouveras sido ecoa na memriade pequenos ditos
e nos olhares que sabiamse perder no infinito
II
agora s todolarga e vastavaga na memria
a discrio de tuas
pequenssimas (nfimas)grandezas
valemo sol mais distantedo universo
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III
aqui o dia temvinte e seis grausdo sol
e onze velhosque discutemo que fazercom o que resta
do dia
enquanto seuspajens trasgracejamno jornala ltima vitria da Copa
:basta-lhessaber (como a tibastava) que o mundono
todoe apenas
filosofia
sendo(quando muito)literatura ou pde ps: poesia
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MEAFICA DA EENA
I
aquio denso vazio da tua ausnciase faz de silncios amenos
o mais dos gestos se recolhe da memria peremptrio logro o teu corpo agoradesarmadoda carne: a equao sem carne do teu charme
abstrata VnusLisstrata afastada
aquirepete-se: a tua memria descoladao universo sem massao movimento universal e receosodo vazio: o eco evaporado da tua risada
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II
a solido a presena mais completa daperfeiomas insana: a tua falta que me irmana a tua falta que te emana: o quarto a salao trfego nmade da cama
a solido o preo da tua transmigraoa solido expurga da alma a desventura do
erroa mgoaa comiserao (a dor surreal da inexplicao)
solido:assim te transformo em santacrio a minha nica religio: o teu segredo
beleza dog-ma-ti-za-da (a beleza descarnadade tudoa beleza que no existe em vo)
solido parodoxodesconforto de dormoeda da saudade:o peso mais areo
e o lugar mais comum do amor
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MA EOIA DO AFEOafeto: sentimento quieto
hbito completo por um preo espasmdico
arco aberto (no abrupto)
contato difusofato grossogasosa polpa
(semper pulpa)
o carinho amortecido da distnciaa infncia amolecida de um desejoo bocejo envaidecido de um gracejoe vir e ver nas mos o espesso o grave osorrateiro:a coceira engalanada
o gesto corts
derradeiro? o afeto no termina por no haverpeitocerteiro, espera o dia sem brilho de um solvermelhocomete a loucura de no se preocupar mais em
saber:
o afetoanima sem rima um prisma (a sina)que se ilumina:sncope de luz divina
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AOEGMAo amor mesmo assim(um dia amano outro no ama)?
amar encontrar-seno espelho do outro(pra depois tropearno absoluto vazioda indiferena)?
o amor mesmo essacoisa to incomensurvel( slido como um tomoe abstrato como o universo)?
o amor sorte(ou certo acerto
do desejo)?
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A ainda falta tanto
para escurecera noite mal seanuncia (apenaso sono manda dizerque no vire que voc termais uma vez
como companheiraa melancolia)
ests acostumadoo silncio e asolido te guardamh muitote protegem dos
homens e te doo mundoque levas dos olhoss mos
para melhores efeitosde poesia
no s sbiosabes bem dissoainda s jovem(mas a vida pareceque acaba amanhcedoaps a noite maldormida)tua vontade explodir
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e mostrar o tantoe o quanto lhe coubera
de vida(mas a vida explodisseagorate chamariam louco j te chamammansamente
a ningum desafias)
teu desejo mais sincero interromper tudoe todossuspender o tempo
por um instante e
mostrar o que os outrosno vem: a vida esuas segundas (primeiras)geometrias(mas ningum te daro crdito da descoberta descobristes o nadaem ti mesmo
: como provar aos estranhosou mesmo famlia?)
a noite vem vindomuito quentemole modorrentae nada te apetece
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: a nica coisaa se anunciar
o inexorvel vazio(vazio que se sabeum nada e a si mesmose anunciacomo longa noitesem estrelastanto quanto sem sol
foi todo o teu dia)
no s (sim j o sabes) sbio(fosses, no te farias malno te terias acometidoto lenta agonia)a noite vem e tu(s tu) a esperas
por no ter remdio:
por pura (prpura) idiossincrasia
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L D L
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MDOE O EMA (ONDE O MACOMEA)
A aventura o mar ou essa formaQue se forma depois, que vai viverNa memria dos dias?
Egito Gonalves
a vida inteiraprocurar aquela coisa a coisa que nos comea
e encontrar porta de casa
o marque nunca cessa:oceano que se transforma em are maresia nos corrientranha-nos ao nos atravessar
nosso mar (tambm salgado) mais impessoal semi-desumano: ascese de quem no navega
festa mais simples de gua peixe sal (no mar de mitosno oculta monstros infinitosnem tesouros de ouro jias dobres de prata)
mar puro
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gua apenas mareal (e se escorre em nossasveias
porque no nos foi dado choseno no barro de que fomos tomadosemprestados)
sim um mar (que guarda ainda lgrimas de mese esposase sangue de irmos e pais
aquela melancolia sriada misria do caiara)como todos os mares (por mais distantes):malabarum marde prias
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HAIKAI MINIMAI ADICAI
Paro Bith
debelo
azul:degenero
sincerocomo Homero:exaspero
quiseramatria etrea:
o ao da ideia
trao dominadocompasso:
poeta de verso escasso
avessodelicado:
veludo vago
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HA BID DAliso leve e solto
pronto para (sobre)saltos : l vai o pssaro
pass(e)andandoentre nuvenscolunas e colches de ar
passou e passa : passara
inda gora alidefrontegalgagalgo
cumese montes (desconhece
caminhosignora pontes)
: quando reabriresos olhosmal o vers
certo que estarlonge
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N.MADE.nmade o sentido que no se aquieta
nmade o princpio da linha retanmade o alvio da atitude corretanmade o gestoe a mo do poeta
(de fatoenfrenta o nada abismado: vago
d nome a cada pedra tropeadae no contente arrasta o breve acenoda mo deixada em pleno abano)
nmade a fatura que ganha o mundonmade o futuro que vem chegando
(de resto
quase nada sobra ao voto feitosobre a pgina: ela se abrese faz desmandose rasgadesgarra desacatadescartao desumano)
nmade o quecai em desuso
pousausao desengano
nmade
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o que no temenfim
nenhum plano
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: (
()()?)con sidere:quando voc
pensa (ou voc dis pensa esse contnuo(dis)pe(r)sar?)num (em-um : e estando nele (nesse um) ser
(como) ele)ser (e sendo ele com ele (de alguma forma) expa(i)recer)vivo (assim seu prprio (r)ex pirar e dar novavolta ao mundo todo),
pensa nelecom que grau de
complexidade
que fiofaz o teuolhar
quando
nesse outroser elese (a si mesmoao prprio olhar)
per (de per se) corre?
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C
I
(culpada orelha metafsica
: elanela mesma
se equi voca)
o pensamentoquando desentorta(ou sejaquando consegue(plus) ultra passar
a imagemda linha reta)
sai pela portaa fora a dentrodeixa de ter centro
II
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(a orelhano entende
o verso:
incmodode tudoo que
parece
disperso)
o pensamentoreposto emseu molde
(selva geria
in finitabarbr iedes comedida
(toda coisapercebidaen-si-mesma
torna-se des medidade importncia
(a menor (no a maiorcefalia cabralina) dorde cabea
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o maior (no o menor)de todos os enigmas:
a prpria vida (quesemse sabero que
tanto noscon torce (e) entre tece
a(r)ranha(r)riscaa pele de nossaespcie
: descaminhos
coloridosde nossa razoperdida)
assume formasex cntricas
(pensamento
ab solutamentesem razo
pensamentosem sentido
(ps-humano
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artifcio : nossagrande fico)
verdade desaparente
tudo aquilo querealmentese sente)
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,
vocque cansoude se perguntar
quem
decidiste quechegou ahorade ser
:
aceitastea vertigemdo mundo
e as suasestranhasmaneirasde ser
(o mundo nopode maisfugir de ti
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e nem tupodes mais fugir
dele)(vocno paroude sofrer
mas hojesabes
no havermotivos
para recusara imensae delicadssimador de viver
:
sentes doresde todo tipo as tuasas dos outrosas do mundo
inteiro mas no maiste dilacerascom isso
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o excedentedas dores
este o teusiso aprendestea moercom palavras
e s por issosabes que podesuportar
o prazer quase dor de estar vivo)
:
voc
que passoudestapara melhor
(aprendeste amorrere a ressuscitarquase todos
os dias)
no tensoutro remdiosenoolhar o mundono fundo do olho
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no tens
outro remdiosenoeviscerar-se (evanescer-secomo Prometeu)e espremer (aspergir)tua bile:voc
totalmentetransformadoem calcanharde Aquiles
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NONAhoje
anoiteci Schopenhauer:fiquei melanclicotodo spleen
abatido & cansado
a vidaencrespada no crepsculo
pareceudesmascarada : pareceu nada
acomo um coque divaga
farejando
no ardo tempo (antena da sua raa)indecises putrefactase fantasmticas
emplumei-mecom as plumas indivisas
que restaramaps o bote: os restosdo fim do mundosem direitoa devoluo do mote
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o ato de desenhar
idias assemelha-sepor vezesa um ritual de caa
uma palavra(ou uma manada delas)
vaga nasplanciesde uma
fazenda de ar
(e nsagri (doces) cultores
fazendeiros do ar
sedentrios (brbaros)admiradores da alma
sentimos afome ancestralda palavra nova)
(: palavrabicho ingnuo (poro)que deus faz brotar(sacro ofcio)da boca pra fora)
:
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devemos nos acercar
da palavra (daquelapela qual se guiaa manada) mascomo difcil distingui-laentre tantas pelesde lobos e cordeiros
somente possvel
aproximar-secercando-se de cuidados
preciso fingir(a) hora que ela comum(a) hora que ela sagrada entre um ponto e
outrotentar descobrirde que sub instncia feito o seu nada)
chega mesmo a horaem que preciso darum bote
na palavra (o fazendeirosibil-vacilante
espreita)
captur-lade uma s vez
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numa nica bocada(caador macunamico
: chega uma hora emque no pode ter escrpulosnem
nenhuma espcie de carter)
cada poemaguarda as palavrascaadas (imoladas
despeladas destrinchadasesquartejadas : deixadas
prontas para serem saboreadas) de umamaneiradiversa
(a caa espreitosa
e o poema o caador conhececada recanto de sua fazenda de ar oportunista (inclusive maldosoe perverso : especialmente aquele que belo)
(h ( claro) poemas fotossintticoscanibais respeitosos
h mesmopoemas to
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mimticosque no perdem de vistaas verdades eternas
: densas estrelas ansrecontam infinitamentea glria de sera certeza dedicada de cada sol
e sua equidistncia (pura errncia)
h poemas to pequenos(bactrias etreas) eepopeias gidantescas memrias de elefantescantos de mil baleias)
: serpentina eternavoz de vbora (sedentrio caador
estendendo sua rotina) sendo muitobem-vinda s mil bocas indistintasde nosso inferno
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MA ECADA OBE O NADA
a escada, apenas entrevista
imagineuma escadato leveque possa-ser-lhe permitido
o luxode equilibrar-sesobre o nada
devem ser veros e certosos muitos rodopiosque a escada dsobre si mesma
presa que estapenasao infinito
seu maior mistrio ter a substnciado nada
mas ainda assimter um quao menos umalgo a maisquase-salquase-pimentamesmo sopitadosna carapinha
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de um-s (o significado)
:fiat luz (a vontade iluminadavejamosa escada)
...
uma escadadescarnada de tudoo que no seja escada(a escada aindaantesde ser realizada)
...
estando sobre o nadatanto os degrausquanto a prpria ditado igualmente
para outro nada(o mesmo) e para
outros (os nada alheios)nadas (: nossos com
parsas)
um
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degrau
acima ouabaixo
de nada
leva a escada paranenhum lado
: fora do nadapode-se apenas andarde um lado para o outrodentro da escada
: dentro do nadanada se passa
a no ser um degrauem relao aos outros
assimde dito em desditoos que a vema usam (a escada)
sobem e descematravessando de
ponta a ponta oslimites do nada
...
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nos altos e baixosdo nada
sacodem-se emseus falsos fiosas paspaisagenssurreais: milharesdedegraus
de uma nica (a mltiplae infinita) escada
a escada em seu sitio
sendo feita essencialmente
de nadaser possvel perguntar: mase o que- que--que se poderenfim
fazer com essa escada?de onde e para onde podertransportar estes olhosque assaltam incessantes
o redivivo nada?
sendo em seu ntimofeita de nadaesta ser sem dvidasua nica herana certa: tudo o que a escada pode
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oferecer, quando desnudada o prprio nada
sua metafisiologia,sua amorfologia,sua tpica ausente,sua tpica ausncia,sua arritmia indisfarada
: fora de todo o tempo
(pouco antes de existire funcionar a matria
:
nesse momento melhorse mostra (e di
vaga) a escadaque s existe (de facto)enquanto nnada: quandovira coisaela s apenas impresso : aparnciadegenerada)
: fora de todo o espao
a escada e sua demanda
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a escada (tambm
chamada antesgraal alavanca nirvana
epi phainsmeta physisais thesis
mundo que se desmove
em puro comovimento)
manda e desmandano poder que a comanda: a fora da vontadeque declina (e desdenha)do nada
(pois com ele se afinae nele se afaga)dos usos humanos para a escada
h que se ter cuidadoao se pretender usaruma escada que apenas
pode nos levar do nadaao nada: qualquer coisaa mais
perigar o limitede uma existnciato inegvelquanto discutvel
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(ser sempre to palpvel
quanto se puder provar em caso contrriotornar sua solidez ase desmanchar no ar
e assim, insistindoem existir, no hesitarem barbarizar tribunos,
admoestar jurados)
: quando o nada encontraa vontadeo mundo se encontradado:
acaso acasaladosentido reencontrado.
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L L
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AO DE CIAOeste trabalho
que me excede o mais leve:
no se mede em horasno se importa em ser breveno exige fora-esforo sobre-humano
seu cansao o cansao bomdo desengano: a beleza que me habitano fardo: gota que preenche o oceano
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OICAarte? uma famlia de fantasmas
antepassados.
o resto? no belo nem plidono contra, no salto remdio (ainda) desencontrado
poesia? uma amiga que sobrevive longe, e s
vezes manda lembranas.
o resto? no tem importncia (ainda que assima vida no se faa), uma coleo de fatos, o gosto sem espao, pingo sem i, puro traogasto: descansao: bafo: o ensimo dia do barro
poeta? uma mo que embaralha as vistas to
claras do homem. mas tambm o inverso:quimera racionalizada.
o resto? a outra mo que (trapaceira) soletra omundo, cantrida desastrada
poema? o centro momentneo do universo.
o resto? a rbita escusa: o que no temmusa ( o que desencanta e desconversa). coresdissimuladas, sincronias mrbidas, bocasdescaradas. desdesgnio. antiinsgnia. redesvio
: vida atraversada
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O
I
o poeta no querque o saibamno quer que o vejam
mas no quer que digam
que ele no existe
por isso o poeta fica triste
por isso pe o dedo em ristee dispe-se a falar
(coisa que causaespanto a quemtanto acostumou-sea v-lo calar)
:
o que o poeta representa
nas palavras que se pemem cena (da boca para fora)no dizem o momentoem que delas elese retira : no que expirasua presena(e a pgina respira) cada
palavra se pe em mira
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II
em contato com outrosolhos elas respiramoutros ares : vo ao cuencontram Hades(desmentem o prpriomito do almoo dado
de (alguma) graa)
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o poeta no nega o que escreve
(no importa o nome que assina)
trata-se de um poeta talvez dmod( sbrio? srio? que melodia anuncia?)mas no tem moldes da velha rimaseno ocultas por descuidoe picardia
no chega a ser tristeo descontentado poeta:
faz chistes de avesso azofaz armadilhas de poesia(e mesmo que no haja hojequem delas riacaa palavras que esperam
aguardam escaparde dicionarizada agonia
(poemas so curvas que os fatos fazemespasmosentre a memria e a memorabilia:
escorrendo dos dedos aos olhos ouvidospoemas possuem visgo de oftalmofoniaultrapassamsingulares e simplesqualquer fantasia)
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(OEMA) ABADO COMO ELE
se (realmente) verdadeo que tens emmente
nada nem ningum poder tirar (dela) a tuarazo
(: verdade a prpria certezae no apenas sua simplesconfirmao)
uma vez lanadosos dados asim a lgica
no tem maisnenhuma outraopo
: deve (necessariamente)manter uma direo
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O OEMA E DEEJA E
ELICAo poema que deseja se explicar repetitivo (atmesmo no ttulo) um texto que tenta escapar de no ter nenhum sentido um verso que aceita o ridculo aviso da garantia uma voz que deseja resvalar o vaziobuscando fora no suicdio
um poema que vaga procura de seu semelhante(mas Baudelaire e Cervantes tropegam apenasequidistantes)
o poema que deseja se explicar obelo fruto da indolncia
surto virulento que se cospe no mundo emsobreaviso
falsa alvssara: semente viscosa que escapa da boca pulso-epgonoavant la lettrecabea-oca
amenidade desavessa quedesafia o vcioe derrama um mundo de sevcias: den
falsificadodelicado jardim sem delcia
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um poema que resisteum poema que resisteganha uma guerra
peleja contra a massa:arremeda toda a gente(quem entende sua benesse?)
estendendo braos eleutrios desidrios dessimtricos mandados pelo acaso mais fortuito
(de seu viocaso algum duvideresta apenas sombreada vida
alheia (mas vida) contrapletoradesvencilhada edesguarnecidamonomania
flutuando na aurora)
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( eu sou o mltiplo deste tempo, o fruto espriodeste tempo (o esporo aleatrio, o esparrotransitrio no fundo do poo da modernidade).Eu sou a mscara suprema minhas
perfumarias to romnticas que se assinala
na cadncia hermtica semimacunamicainaugrafada na calada da noite. Aoite. Eu souaoite semntico: trago pnico esse tirano aos trapos, farrapos, antes sbios sapos, quese entrevendilham neste templo perdulrio. Notenho tempo: tenho o meu ossrio, meus ossossacros, meu cccix, meu pescoo entalado pelocaldo delegado a ermo meu estado.
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CALEIDOCIOPerguntas bvias que deviam ser feitasaos poetas (com as respostas bviasque deveriam ser dadas por eles)
por que voc escreve?escrevo porque tenho verve. escrevo porquemeu sangue uma tinta que ferve. escrevo
porque assim a minha alma se acalma. escrevopra ver se algum bate uma palma. escrevo prater silncio. escrevo pra ver se me conveno demim mesmo. escrevo porque me invento.
escrevo porque sou tenso (no porque souintenso). escrevo porque existo de verdadequando penso. escrevo porque no penso semolhos e mos (aprendi que olhos e mos tm agramtica peculiar de gestos e cores formasvolumes onde tenho sentimentos).
sobre o que voc escreve?escrevo sobre o que tem verve. escrevo sobresangue, sobre tinta que ferve. escrevo sobrealmas que no tm calma. escrevo sobre aquiloque pode virar uma palma. escrevo sobre osilncio. escrevo meus argumentos. escrevo o
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que invento. escrevo o que tenso (no o que intenso). escrevo sobre o que existe quando
penso. escrevo sobre o que est diante dasminhas mos e olhos (escrevo sobre o que elesme dizem sobre o que me do de sentimento).
para quem voc escreve?escrevo pra quem tem verve. escrevo pra quem
tem no sangue tinta que ferve. escrevo praquem tem alma (mesmo que eu no possa dar aela a calma). escrevo pra quem pode bater
palma. escrevo pra quem gosta de silncio.escrevo pra quem precisa convencer-se de simesmo. escrevo pra quem se inventa. escrevo
pra quem tenso (no pra quem intenso).
escrevo pra quem existe quando pensa. escrevopra quem pensa com as mos dos olhos(aqueles que querem o sentimento de gestos e
formas em movimento).
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I
I
imagineque voc capaz
de criarum mundointeiramente
(um mundointeirode repente
aparecendona medidado teu punhoe da tua mo
: tudo aquilo queem tese
poderia serdado compreenso)
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II
cada pedacinhoapenas dependendode tua vontade
para existir
mas existindoto perfeitamenteque nem precisas
atentar para quasenada : quase tudono teu mundo(como no nosso)no pode (dipo cosmolgico) evitaraquilo que dele
se possaesperar : deusex machina
natura que nopra de encontrartrans formao
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AIHEI
e nissoa vidavem vindo
(perdurandoo instantneotantode existir)
e nos trespassando
: vamos sendo(ou deixandode ser) ns mesmostransformados
em poesia(: dessa formaque a vidadeixa de seroca cascavazia
apenaspara virarsubstncia coisa a sersentida)
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FAGMENOe foi assim
que a poesiafez de mimo que (ela?eu?) quis
o sentimentode um triz
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