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Foto: Miguel Chikaoka

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O desenvolvimento da Amazônia foipautado nas últimas décadas pelo investimentoem grandes projetos de colonização, mineraçãoe, mais recentemente, de geração de energia(usinas hidrelétricas). Tais obras, invariavelmente,resultaram na ocupação desordenada dapaisagem, a um alto custo ambiental. Desde oinício da ocupação da região, mais de 60milhões de hectares de florestas (uma áreaequivalente ao território francês) deram lugara pastagens extensivas de baixa produtividade,geradoras de poucos empregos3. Mais de 80%desse desmatamento ocorreu nos estados doPará, Mato Grosso e Rondônia4. No entanto,tal modelo de desenvolvimento não foi capazde promover avanços significativos no padrãode distribuição de renda da população.Atualmente, cerca de 43% da populaçãoamazônica possui renda per capita abaixo dalinha de pobreza e por volta de 1% dos maisricos da população detém 11% da renda total,enquanto 50% dos mais pobres ficam comapenas 15%.

Esta estratégia de desenvolvimento paraAmazônia, contudo, parece ainda ser aescolhida pelos governos locais e pelo Governo

Federal para o futuro da região. Não somentedo ponto de vista econômico ou social, mastambém sob o prisma ambiental, os planospara o desenvolvimento da região reunidos noPrograma Avança Brasil5 tendem a repetir errosdo passado, promovendo grande perda derecursos naturais sem que, ao menos, seuscustos ambientais e sociais sejamcontabilizados. Entre estes custos estãorelacionados ao avanço do desmatamento esuas implicações para o clima regional e global,bem como para as populações da Amazônia6.Nesse sentido, discute-se, neste artigo, asinterfaces entre floresta, clima regional edemandas sociais originadas da atual política dedesenvolvimento para região. Embora nãotenha sido a intenção dos autores fazer uma

DESMATAMENTO PODE TORNAR A AMAZÔNIAMAIS QUENTE E SECA

As florestas da Amazônia são fundamentais para a manutenção do clima regional. Mas estudosvêm demonstrando que o atual ritmo de desmatamento e o aumento do efeito estufa podem

trazer alterações no clima amazônico. Sem a floresta, as chuvas seriam reduzidas em 20 a 30% ea temperatura média subiria de 3 a 5oC. Mas as autoridades ainda insistem no velho modelo dedesenvolvimento com base em grandes projetos e na utilização predatória e não planejada dos

recursos da região.

Paulo Moutinho1

Liana Rodrigues2

1 Coordenador do Programa de Mudanças Climáticas do IPAM • [email protected] Assistente de pesquisa do Programa Mudanças Climáticas do IPAM • [email protected] Atualmente, um terço da área coberta por pastagens encontra-se abandonada.4 INPE 2000. Monitoramento da Floresta Amazônica por Satélite.5 http://www.abrasil.gov.br/6 Nepstad, D.; Nepstad, D.C.; Capobianco, J.P.; Barros, A.C.; Carvalho, G.; Moutinho, P.; Lopes, U. & Lefebvre, P. Avança Brasil:

os custos ambientais para a Amazônia. Belém: IPAM, 2000, 24p. www.ipam.org.br.

Desde o início da ocupação daregião, mais de 60 milhões dehectares de florestas virarampastagens extensivas de baixaprodutividade, geradoras de

poucos empregos.

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revisão aprofundada sobre a temática, espera-se que este texto contribua com informaçõescientíficas e políticas que possam auxiliar asociedade amazônica nas discussões sobre asconseqüências socioambientais resultantes dasdecisões tomadas pelos seus governantes emrelação ao desenvolvimento da região.

Custos das queimadas podem chegar a9% do PIB da região

As florestas da Amazônia são fundamentaispara a manutenção do clima regional e, emparte, do clima global. Elas são capazes debombear para atmosfera cerca de 7 trilhões7 detoneladas de água, via evapotranspiração8

(Figura 1), fornecendo assim o vapor necessáriopara manter o clima da região úmido echuvoso. Além disso, a conversão de água emvapor esfria o ar, fazendo com que as florestasfuncionem como verdadeiros condicionadoresde ar gigantes. Diversos estudos, contudo, vêmdemonstrando que, com o atual ritmo dedesmatamento, combinado ao aumento doefeito estufa, o clima amazônico poderá sofrer,no futuro, alterações significativas, tornando-se mais seco e quente. Estima-se que, sem afloresta, as chuvas sofreriam reduções da ordemde 20 a 30%9 e a temperatura média subiria de3 a 5oC10 .

As conseqüências destas mudanças para osecossistemas e a economia da região não seriamnada animadoras. Um resultado direto destaredução de umidade seria o aumento dosincêndios florestais e das queimadas, os quaisseriam potencializados pela ocorrência cada

vez mais freqüente, por conta do aquecimentoglobal11 , de intensos episódios de El Niño. Estecenário futuro pode ser avaliado olhando-separa o passado. Durante o ano de 1998,quando o El Niño mais intenso do séculoocorreu (ver box p. 208), cerca de 30% dafloresta amazônica estava sob risco deincêndio (Figura 2). Neste mesmo ano, 13milhões de hectares de floresta em péqueimaram no estado de Roraima12 e, sem queos governos e a mídia se dessem conta, outros25 milhões de hectares de florestas foramatingidos pelo fogo no sul do Pará e norte doMato Grosso13. A maior parte das florestasatingidas pelo fogo em 1998 foi aquelaexplorada pela indústria madeireira, podendo-se afirmar que os incêndios se deram emfunção da exploração não planejada. Essa faltade planejamento, geralmente, produz grandesaberturas no dossel da floresta. Por exemplo:uma única árvore de valor comercial, extraídasem os devidos cuidados, pode danificar outras2014. Com o surgimento de clareirasprovocadas pela extração, o interior da florestafica exposto ao sol, perdendo umidade etornando-se, assim, mais inflamável.

7 (500.000.000 ha de floresta X (365 X 4 mm de água/dia) X 10 toneladas/mm - que evapora das folhas - por hectare).8 Vapor de água oriundo da evaporação e da transpiração das plantas.9 Nobre, C.A.; Sellers, P. J. & Shukla, J. 1991. Amazonian deforestation and regional climate change. J. Climate 4: 957-988.10 Lean, J. & Warrilow, D.A. 1989. Simulation of the regional climatic impact of Amazon deforestation. Nature 342: 411-413;

Henderson-Sellers, A.; Dickinson, R.E.; Durbidge, T.B.; Kennedy, P.J.; McGuffie, K. & Pitman, A.J. Tropical deforestation: modellinglocal to regional-scale climate change. Journal Geophysics Research 98: 7289-7315, 1993.

11 Trenberth, K.E. & Hoar, T.J. El Niño and climate change. Geophysical Research Letters, 24, 3057-3060, 1997.12 Kirchhoff, V.W.J.H. & Escada, P.A.S. O megaincêndio do século – 1998. Transtec Editora, 1998.13 Diaz, Maria del Carmen Vera; Nepstad, Daniel; Mendonça, Mário Jorge Cardoso; Motta, Ronaldo Seroa da.; Alencar, Ane;

Gomes, João Carlos; Ortiz, Ramon Arigoni. O Prejuízo Oculto do Fogo: Custos Econômicos das Queimadas e Incêndios Florestais naAmazônia, 2002. www.ipam.org.br

14 Veríssimo, A.; Barreto, P.; Mattos, M.; Tarifa, R. & Uhl, C. Logging impacts and prospects for sustainable forest amangementin an old Amazonian frontier: the case of Paragominas. Forest Ecology and Management 55: 169-199, 1992.Uhl, C. & Vieira, I.C.G. Ecological Impacts of Selective Logging in the Brazilian Amazon: A Case Study from the ParagominasRegion of the State of Para. Biotropica 21: 98-106, 1989.

As florestas da Amazônia sãofundamentais para a manutençãodo clima regional e, em parte, doclima global. Elas são capazes debombear para atmosfera cerca de7 trilhões de toneladas de água.

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Levando-se em consideração que cerca de10.000 a 15.000 km2 de florestas são exploradaspor ano na Amazônia15, a área disponível paraação do fogo no futuro será imensa, assim comoserão imensos os prejuízos econômicos. Para seter uma idéia dos custos econômicosrelacionados ao fogo, somente no ano de 1998,quando o El Niño estava atuante, as perdaseconômicas sofridas pela produçãoagropecuária com as queimadas acidentaischegaram à US$ 67 milhões16. Os custos para asaúde no mesmo período também foramrelevantes, uma vez que as queimadas eincêndios nas florestas produzem grandequantidade de fumaça, levando milhares depessoas com problemas respiratórios aoshospitais. Os gastos com o tratamento destaspessoas pelo Sistema Único de Saúde (SUS)somaram US$ 11 milhões.

O maior custo econômico associado ao fogona Amazônia, contudo, é resultado do carbonoperdido com os incêndios florestais. Seconsiderados os preços entre US$ 3,5/ton e US$20/ton17 existentes hoje no expoente mercadointernacional de carbono, que vem surgindo emfunção de acordos independentes entre países, eda perspectiva de entrada em vigor do Protocolode Quioto (ver box p. 211) , as perdas podemchegar a 9% do PIB da Amazônia (que é de 55bilhões de dólares, de acordo com o IBGE). Ouseja, cerca de US$ 5 bilhões nos anos em que o ElNiño está presente.

Todos estes custos associados ao fogodevem ser somados àqueles relacionados àquebra da safra agrícola, à perda debiodiversidade, à redução do nível de água nashidrelétricas e aos possíveis impactos sobre apopulação, no sentido de distribuição de rendae queda na geração de empregos.

Os efeitos ambientais podem tambémextrapolar os limites amazônicos. Do ponto devista do clima global, os incêndios florestais eas queimadas na Amazônia podem resultar noagravamento do efeito estufa. Um estudorecente do IPAM18 estimou que, durante o ElNiño de 1998, os incêndios florestais emitirampara atmosfera cerca de 250 milhões detoneladas de C resultantes da queima de 26milhões de hectares. Esse volume é comparávelaos 200 milhões de toneladas de C por ano queo desmatamento na região emite paraatmosfera. Um clima mais seco e com maisincêndios e queimadas promoveria, portanto,aumentos significativos das emissões de gasesque provocam o efeito estufa.

Populações da Amazônia têm direito aum clima equilibrado

O fenômeno das mudanças climáticastranscende as preocupações científicas eeconômicas, afetando diretamente a tutela dosdireitos fundamentais do cidadão em Estadosdemocráticos de direito. Num cenário dealteração climática estaremos nos deparandocom diversas violações de direitosfundamentais como o direito a um meioambiente ecologicamente equilibrado (aquidenominado direito a um clima equilibrado) eaté mesmo do direito à vida, em sua acepçãomais ampla. Tais direitos e garantiasfundamentais estão previstos em nossa

Com o El Niño de 1998, osincêndios florestais emitiram paraatmosfera cerca de 250 milhões de

toneladas de carbono resultantes daqueima de 26 milhões de hectares.

15Nepstad, D.C.; Verissimo, A.; Moutinho, P.; Nobre, C. Empobrecimento da floresta amazônica pela extração madeireira e pelofogo: indo além das estimativas de desmatamento. Ciência Hoje 27(157): 70-73, 2000.

16 Del Carmen, 2002. op. cit.17

Nordhaus, W.D. To snow or not snow: the economics of greenhouse effects. Economic Journal, v. 101, p. 920-937, 1994; 2.Peck,S.C.; Teisburg, T.J. A model for carbon emissions trajectory assessment. Energy Journal, v. 13, n. 1, p. 55-77, 1992;Madison, D.J. The shadow price of greenhouse gases and aerosols. Norwich: University College London and University of East Anglia,Centre for Social and Economic Research on Global Environment, 1994. mimeo.

18 Del Carmen. op. cit.

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Constituição de 198819 e também em diversostratados internacionais20 ratificados peloEstado brasileiro e, portanto, com força de leino ordenamento jurídico interno.21

É com base nesses dispositivos legais que aspopulações afetadas pelas mudanças climáticaspodem se capacitar a fim de buscar a garantiade seus direitos mais elementares.

O direito à vida é o mais fundamental dosdireitos. É condição para a existência e oexercício de outros direitos e, portanto, temsido tratado na esfera internacional como umdireito não derrogável. Isso quer dizer que este

direito assume tamanha importância que nãopode ser negado em nenhuma hipótese. Nemmesmo em situações emergenciais, sejam estasprovocadas por eventos naturais (climáticosque poderiam demandar a declaração de umestado de calamidade) ou políticos (porexemplo, a declaração de um estado sítio).22

Quando se fala em uma violação do direitoà vida em um cenário de mudança climática,não se está prevendo um desaparecimento emmassa das populações afetadas da Amazônia –ainda que esta possibilidade exista para osEstados-ilhas do pacífico com o aumento donível do mar – porque este direito não pode serinterpretado de forma estreita. Em outraspalavras, expressão “estar vivo” não pode serconsiderada em seu significado restrito. Assim,o direito de “estar vivo” compreende acima detudo a dignidade da pessoa humana23, edignidade adquire-se com a garantia dos demaisdireitos fundamentais como o direito àmoradia, saúde, alimentação adequada,educação e trabalho. A propósito, o marcohistórico para estabelecer que direitosfundamentais são direitos básicos e que,portanto, devem ser universais, indivisíveis einterdependentes foi a Conferência de Viena,realizada em 1993. Naquele momento acomunidade internacional reafirmou os ideaisadotados pela Declaração Universal de DireitosHumanos (1948) e incluiu princípios quepassaram a ser a base para se discutir aexigência de direitos econômicos, sociais eculturais, e sua relação com os direitos civis epolíticos.

Neste contexto, o direito à vida assume umcaráter bem mais amplo que deve serconsiderado principalmente quando se trata de

19 A Constituição Federal, artigo 225, dispõe que: “Todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de usocomum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

20 Neste sentido, vide: Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas, e, Pacto de San José da Costa Rica(Convenção Americana de Direitos Humanos) da Organização dos Estados Americanos (OEA).

21 A aplicabilidade imediata dos tratados internacionais na legislação interna pressupõe a provação do tratado por meio de decretolegislativo (leia-se pelo Congresso Nacional) e a posterior promulgação do texto através de decreto pelo Presidente da República.

22 Neste sentido, cf. Steiner & Alston. International Human Rights in Context: law, politics and morals. Oxford, 2000, p. 154-156.23 A Constituição Federal define que são fundamentos de um Estado Democrático de Direito: a soberania, a cidadania, e dignidade

da pessoa humana, dentro outros (art. 1o ). Cf. Moraes, Alexandre de. Direito Constitucional. 12

a Ed. São Paulo: Atlas, 2002.

O que é o “el niño”?

El Niño (menino em espanhol) pode serdefinido como o aumento anormal datemperatura na superfície do OceanoPacífico tropical, na costa oeste daAmérica do Sul (área em vermelho nomapa). Este fenômeno ocorre emintervalos de dois a sete anos epermanece por um período de doze adezoito meses. No Brasil, os efeitos do ElNiño resultam no aumento das chuvasno sudeste do país e de secas intensas nonorte e nordeste.O fenômeno foi particularmente intensodurante o biênio de 1997/1998, quandograndes incêndios ocorreram naAmazônia. Estima-se que, durante esteperíodo, cerca de 4 milhões de hectaresde florestas amazônicas tenham sidoatingidos pelo fogo.

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situação que envolva direitos sociais e difusos24

como o direito ao meio ambiente sadio (que,por sua vez, envolve o direito a um climaequilibrado). Isso que dizer que, diante de umaameaça cientificamente comprovada, nãopodemos esperar que as conseqüênciascomecem a ocorrer para depois pensarmos emmedidas para remediá-las, ainda mais quandose tem a constatação de que existe um ciclovicioso, que pode chegar a um estágioirreversível, já demonstrado neste trabalho,provocado pelos incêndios florestais, aliados aofenômeno de El Niño e à exploração madeireira.

Considerando-se os prejuízos à saúdehumana provocados pelos incêndios florestaiscada vez mais freqüentes, várias implicaçõesnos levam a uma associação destes prejuízoscom o direito à vida. O direito à saúde25, seconsiderado além do mero direito à prevençãode uma epidemia ou à cura de uma doença, esim como uma das garantias inerentes aocidadão, assume um papel crucial sem o qualnão pode haver qualidade de vida e, portanto,dignidade em um Estado Democrático deDireito.

Por fim, importa lembrar que, numcenário de alteração climática, muitas dessasviolações que já ocorrem no presente serãosubstancialmente agravadas se providênciasimediatas direcionadas à prevenção não foremtomadas pelo poder público em todas asinstâncias e pela sociedade civil em geral.

É possível usar os recursos da regiãode maneira sustentável

A garantia de manutenção, a longo prazo,do clima chuvoso da Amazônia passa,necessariamente, por mudanças drásticas nomodelo de desenvolvimento atual. Tais

mudanças deverão estar baseadas, via de regra,no reconhecimento de que o clima e o bem estar dapopulação da região dependem da manutenção degrandes extensões de floresta em pé (embora nãonecessariamente intactas). Este é opressuposto básico a ser considerado pelosgovernos da Amazônia. Ainda, para que talpressuposto seja respeitado, será precisotambém que se leve em conta:1. Os custos ambientais envolvidos em ações

governamentais relacionadas a obras deinfraestrutura ou a políticas setoriais dedesenvolvimento (energia, por exemplo).

2. A necessidade de se estabelecer e estimularas políticas de uso sustentável de recursosnaturais.

3. Que estas políticas sejam direcionadas nosentido de fortalecer a governança local.

Esta última abordagem centra-se no fatode que, além do Estado, a iniciativa privada e asociedade civil são efetivos atores dodesenvolvimento. Estes exercem a autoridadeeconômica, política e administrativa para ogerenciamento de um país ou de uma regiãoatravés das instituições, permitindo aoscidadãos e setores sociais a articulação deseus interesses, o exercício de seus direitos, amediação de diferenças e o efetivocumprimento de suas obrigações.26

Em um modelo alternativo dedesenvolvimento, o governo deve

estimular a renovação defronteiras antigas para manter

um clima equilibrado, promoverdistribuição de renda e

crescimento econômico.

24 Para Mazzilli, “difusos são interesses ou direitos transindividuais de naturezza indivisível, de que sejam titulares pessoasindeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato”. Cf. Mazzilli, Hugo Nigro. A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo. São Paulo:Saraiva, 1998.

25 A CF, art. 193 dispõe que: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantida mediante políticas sociais e econômicas quevisem à redução do risco de doenças de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,proteção e recuperação”.

26 Bandeira, P. Participação, articulação de atores sociais e desenvolvimento regional. Texto para Discussão 630. Brasília: IPEA, fev., 1999.

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Neste modelo alternativo de desenvol-vimento, o governo, para manter o direito aum clima equilibrado na região, ao mesmotempo em que promove distribuição de rendae crescimento econômico, deve estimular arenovação de fronteiras antigas através deincentivos para as atividades econômicaspromissoras. Ao mesmo tempo, devem seraplicados mecanismos efetivos de gestão efiscalização, com a participação dos diferentessetores da sociedade, para reprimir o avançopara novas áreas de fronteira e garantir aconservação em larga escala dos recursosnaturais além daquela que já é feita através dasunidades de conservação que, atualmente,protegem somente 4% das florestas da região.Este processo conduziria a uma redução naquantidade de terras disponíveis e aoconseqüente aumento do seu valor de mercado,o que incentivaria a implantação de culturasperenes, o manejo florestal de baixo impacto eoutros sistemas mais sustentáveis de produçãocomo o plantio direto27, levando a umdesenvolvimento socioeconômico daspopulações locais.28 Em relação aos investimentosem infra-estrutura básica, estes devems e r integrados a políticas rurais e dedesenvolvimento sustentável para a regiãocomo forma de se obter um cenário degovernança e, portanto, diferente do modeloatual. Desta forma, para garantir os direitossocioambientais do povo amazônico, incluindoo direito a um clima equilibrado, será necessárioque a ocupação da região se dê:1. Através de um zoneamento do uso da terra

que restrinja atividades agrícolas em áreasinadequadas para tais atividades (áreas comafloramentos rochosos, topografiaacidentada e solos inundáveis).

2. Através da promoção de tecnologias quemelhorem a produtividade e a susten-

tabilidade agrícola (tais como a transiçãopara culturas perenes) através da criação deincentivos.

3. Através de políticas para a utilizaçãosustentável de áreas de reserva legal porpequenos produtores (incluindo aí o manejoflorestal de baixo impacto).

4. Através da extensão da assistência técnicapara produtores familiares e pequenosagricultores.

5. Através de linhas de crédito (incluindo créditoextra por prestação de serviços ambientais,como o ProAmbiente29 por exemplo).

6. Através de investimentos em estradassecundárias e vicinais de modo a acompanharas melhorias com pavimentação das rodoviasprincipais, bem como a facilitar acomercialização dos produtos locais e oacesso à saúde, educação e serviços técnicos.

Ainda, será preciso que se tenha umprocesso de decisão política embasado emconsultas públicas prévias capazes de envolvergrupos locais, em geral pouco consultados,sejam eles pequenos ou grandes. Finalmente,é fundamental que as instituições ambientaisdo Estado exerçam efetivo controle e

27 O plantio direto é uma técnica de preparo do solo baseada em não revolvimento do solo, rotação de culturas, uso de culturas decobertura para formação de palhada e manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas (Embrapa, 2002).

28 Carvalho, G.; Moutinho, P.; Nepstad, D.; Mattos, L.; Santilli, M. An Amazon Perspective on the Forest-Climate Connection: Opportunityfor Climate Mitigation, Conservation and Development? Environment, Development and Sustainability. No prelo.

29 Programa de desenvolvimento sustentável da produção familiar rural da Amazônia. Este programa está sendo proposto pelasFETAGs, MONAPE e COIAB e conta com apoio técnico do IPAM e FASE e apoio governamental do MMA, MDA, SCA, PPG7,PDA, SPRN.

Os Mecanismos de DesenvolvimentoLimpo (MDL) estão previstos no âmbitodo Protocolo de Quioto (Box p. 211) eprevêem que os países industrializados,os quais têm metas de reduções deemissões de gases que promovem o efeitoestufa, possam desenvolver projetos quecontribuam para o desenvolvimentosustentável de países que estão sedesenvolvendo. Estes projetos ajudariamos países industrializados a cumprirem assuas metas de redução.

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monitoramento do uso da terra (já há tecnologiapara isso, como a empregada no estado do MatoGrosso)30 e que criem políticas de incentivos àsatividades econômicas de vocação florestalcomo a extração de borracha, castanhas, óleose exploração madeireira de baixo impacto,como estratégias para reprimir a conversão deflorestas para expansão de pastagens.

Uma transição do modelo atual dedesenvolvimento estabelecido na Amazôniapara outro mais sustentável é perfeitamentepossível se houver vontade política, sendoorientada pelo reconhecimento efetivo doprincípio básico de “ação e reação” entre açõesde desenvolvimento e a natureza. É precisotambém lembrar que a Amazônia se encontraem uma situação privilegiada para a promoçãodo desenvolvimento sustentável. Apesar daenorme área já desmatada, pode-se dizer que a

floresta encontra-se em seus estágios iniciais deexploração (há ainda 80% de área florestada).Isto é, ainda temos tempo para ações em outradireção que não aquela da destruição total. Aocontrário do que ocorre em outras áreastropicais do planeta e do que ocorreu na regiãoda mata atlântica brasileira, onde o que resta éatuar na preservação do que sobrou, naAmazônia é possível promover odesenvolvimento econômico utilizando osrecursos florestais de maneira sustentável.

Para se promover este desenvolvimentoserá preciso, contudo, uma considerável lutapolítica nos próximos anos e uma participaçãoefetiva da sociedade na cobrança de seus direitospor um ambiente saudável, já que os setoreseconômicos e políticos comprometidos com omodelo predatório e os interesses de curtoprazo, dentro e fora da região, ainda imperam.

30 Por este sistema, é exigida dos proprietários de terra, a localização de suas propriedades em uma imagem de satélite (Landsat),antes que seja emitida a licença de queimada ou desmatamento. Tal sistema possibilitaria monitorar a área na propriedade jádesmatada pelo proprietário e se este cometeu alguma irregularidade, desmatando além do que foi licenciado.

rússia ainda não ratificou protocolo de quioto

Protocolo de Quioto, cunhado durante a Conferência das Partes (COP - sendo cada parteum país) da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC)realizada na cidade de Quioto, no Japão, em 1997. Assinado por 84 países, tem comoobjetivo alcançar metas específicas de redução de emissões de seis gases que contribuempara o efeito estufa. O Protocolo estabeleceu que os países industrializados (listados noAnexo I do Protocolo) devem reduzir suas emissões totais de gases de efeito estufa entre2008 e 2012 (primeiro período de comprometimento) a níveis, em média, 5.2% abaixo dasemissões registradas em 1990. O Protocolo está preste a entrar em vigor. Basta apenas queum país, a Rússia, o ratifique, o que deverá acontecer durante a COP 2003.

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Figura 2. Mapa indicando as áreas de floresta sob elevado risco de incêndio (áreas em laranja e marrom)em dezembro de 1998, ano em que ocorreu o El Niño mais intenso do século. O risco é baseado naquantidade de água estocada no solo até 10 metros de produndidade . Os pontos vermelhos indicamos focos de incêndio em áreas abertas (pastos e campos agrícolas) e que podem servir de pontos deignição do fogo florestal. Fonte: Nepstad, D Nepstad, D.C., J.P. Capobianco, A.C. Barros, G. Carvalho,P. Moutinho, U. Lopes & P. Lefebvre (2000). Avança Brasil: os custos ambientais para a Amazônia. IPAM,Belém, 24p.

Figura 1. Cerca de 50% do vapor d’água (setas verticais) responsável pelas chuvas na Amazônia éoriundo do oceano. Este vapor é carreado para o interior do continente (setas horizontais) e se precipitaem forma de chuva. Contudo, o restante do vapor é produzido dentro da própria Amazônia, comoresultado do processo de evapotranspiração das árvores das florestas. Desta forma, metade da chuvaque ocorre em regiões a oeste da Amazônia provém do vapor produzido pelas florestas a leste. Com oavanço do desmatamento, este ciclo pode ser rompido provocando reduções nos índices de precipitação.Adaptado de Salati E. 2001. Mudanças climáticas e o ciclo hidrológico na Amazônia. pg. 153-172. inCausas e dinâmica do desmatamento na Amazônia. Ministério do Meio Ambiente, Brasília, DF.

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A região compreendida entre a rodoviaTransamazônica e os rios Xingu, Tapajós eAmazonas é uma área de aproximadamenteoito milhões de hectares, com florestas densasde terra firme, igapós e várzeas. Existem ali 29núcleos rurais comunitários que compreendemaproximadamente 125 comunidades ondevivem cerca de 15 mil pessoas. No lado lestedessa região situa-se o município Porto de Moz,hoje sinônimo do embate entre a populaçãocomunitária e madeireiros que, de formacriminosa e devastadora, atuam na extração derecursos naturais. Com uma taxaformalmente alfabetizada de 67,5% dapopulação, precários serviços sanitários e umadistribuição de renda extremamente desigual,o município tem um dos mais baixos índices dedesenvolvimento humano do Pará.

A região é caracterizada pela completainexistência de títulos legais de propriedade deterra. Fazendeiros e madeireiros se apropriamda floresta sem grandes complicações. Emgeral, posseiros que vivem às margens dos riosou da rodovia Transamazônica são os únicosque têm algum direito de propriedadereconhecido pelo Governo, mesmo quando nãodispõem de títulos de posse da terra.

Os madeireiros não enfrentam problemascom as autoridades ambientais, que nãodispõem de recursos suficientes para afiscalização, nem com o município, já que asautoridades locais dos poderes Executivo e

Legislativo também estão envolvidas com aextração e o comércio de madeira. A situaçãofundiária da região e a ausência do poderpúblico facilitam a grilagem das terras.

A produção madeireira da região cresceurapidamente. Em 2001, por exemplo, apenas orio Jaurucu, afluente do Xingu, foi responsávelpelo escoamento da produção de cerca de 50mil metros cúbicos de madeira em tora pormês, durante a época da safra2. Commaquinário pesado e produção elevada, asmadeireiras aumentaram enormemente osimpactos na floresta. Comunitários e pequenosextratores, que inicialmente comercializavamcom as empresas, vêm sendo retirados doprocesso.

INVASÃO DE MADEIREIROS AMEAÇA A FLORESTA EAS POPULAÇÕES TRADICIONAIS DE PORTO DE MOZ

Comunidades se unem contra madeireiros que atuam ilegalmente no Município desde 1970 esolicitam ao IBAMA a criação da Reserva Extrativista Verde Para Sempre. Os grandes empresários,entre os quais figuram vários políticos da região, usam a força e a violência para demonstrar que

não estão dispostos a mudar seus métodos devastadores de exploração de madeira.

Cláudio Wilson Barbosa1

1 Coordenador do Comitê de Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz.

2 Dossiê A questão fundiária do município de Porto de Moz, 2001. Documento elaborado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Portode Moz e pela Paróquia São Bráz – Igreja Católica, encaminhado à CPI da Grilagem de Terras na Amazônia, em 23 de maio de 2001.

As florestas do município de Portode Moz estão sendo divididas entre

grandes empresas madeireiras efazendeiros que disputam a bala

grandes áreas.

Segundo levantamentos realizados peloSindicato dos Trabalhadores Rurais de Porto deMoz e pelo Comitê de DesenvolvimentoSustentável, as florestas do município de Portode Moz estão sendo divididas entre grandesempresas madeireiras e fazendeiros quedisputam a bala grandes áreas. Como uma dasconseqüências disso, no início do mês de abril

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de 2002, dois homens foram assinados no rioJaurucu na disputa entre duas madeireiras. Asterras apoderadas são de tamanho absurdo,algumas delas chegam a mais de 300 milhectares, invadindo áreas de comunitários.Nessas grandes áreas griladas moram milharesde famílias, que daqui a poucos anos não terãomais terra nem para sua segurança alimentar.Os comunitários são intimidados verbal efisicamente, as suas áreas “fiscalizadas” por“funcionários” armados das madeireiras.

Fator agravante é a prepotência e o abusode poder do prefeito do Município, GersonSaviano Campos (PSDB) e do seu pequenogrupo que aterroriza a população, a fim dedefender seus interesses particulares que sãomuitas vezes criminosos. O prefeito abusa dosrecursos e funcionários públicos, ameaçalideranças, causa um clima de terror entre apopulação e utiliza sua emissora de rádio paradifundir suas idéias de progresso, quebeneficiam somente a ele próprio. As setepeças judiciais movidos contra o prefeito peloMinistério Público Federal e por particulares,entre inquéritos e processos, foram arquivadas.

Temendo a perda de suas terras tradicionaise o colapso acelerado da madeira e de outrosrecursos naturais da região, as liderançascomunitárias criaram um movimento deresistência: o “Comitê de DesenvolvimentoSustentável de Porto de Moz”, integrado porvárias organizações locais. Em 1999, o Comitêe as comunidades rurais organizadas chegaramà conclusão que só uma reserva extrativista iriagarantir a preservação da área e manter aintegridade das terras usadas pelos habitantesdo local. Em 2001, o projeto ganhou um nome:Reserva Extrativista Verde para Sempre e oapoio do governo federal através do ConselhoNacional de Desenvolvimento e PopulaçõesTradicionais (CNTP), um departamento doInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renováveis (IBAMA).

Município foi ocupado na época áureada borracha

A ocupação das terras da região ocorreu naépoca da borracha, por volta da década de 1940,com a migração nordestina. As pessoas vinham

para a região trabalhar na extração do látex daseringueira. Os moradores locais, além de “tirara borracha”, extraíam o leite da maçaranduba,pele de animais, castanha-do-Pará, além depescarem peixe-boi e pirarucu. A madeira eraextraída com machado, calango e jangada. Atéa década de 70, os grandes patrões foram ZéJulio, a família Silva e José Bolamarque. Estesforneciam mantimentos (sistema deaviamento) e utensílios gerais aos seringueirosque, por sua vez, extraíam os produtos acimamencionados para pagar a conta. Praticamentenão sobrava nada. Toda a produção dosseringueiros era destinada a pagar as dividascom o patrão. Isso gerava uma duplaexploração:a) O seringueiro não podia vender o produto a

outro proprietário (patrão), pois eraconstantemente vigiado. Se isso ocorresse,era certo que o seringueiro seria morto peloscapangas do patrão.

b) As mercadorias e utensílios adquiridos nestesistema tinham seus preços quadruplicados.Isso fazia com que o seringueiro nunca

RESERVA EXTRATIVISTA – umaalternativa para as comunidades

As reservas extrativistas (Resex) sãoáreas protegidas por lei, destinadas àconservação e ao manejo sustentável dosrecursos naturais, realizados porpopulações tradicionais que residem naárea. A discussão para criação de Resex estágarantida pela Lei 9.985/94, que preconizaa criação de Unidades de Conservação emtodo o País como instrumento deconsolidação de políticas públicas deproteção ambiental, editadas peloMinistério do Meio Ambiente (MMA).

A responsabilidade pela criação daResex é do Governo Federal, mas são oscomunitários que devem se organizar esolicitar sua criação. A Resex garante àsfamílias que vivem no local o direito de usoda terra, permitindo que elas continuemvivendo das atividades econômicas quetradicionalmente executam, aliadas àconservação dos recursos naturais.

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pagasse sua “dívida” e sempre ficasse nasmãos do patrão. Quem ditava os preços dosmantimentos e utensílios e também doproduto extraído pelo seringueiro era opatrão. Quando o seringueiro tirava “saldo”,o patrão pagava, mas logo mandava seuscapangas para eliminar a pessoa e trazia odinheiro de volta. Existem várias históriasque envolviam os nomes do coronel JoséJulio em Porto de Moz e do senador JoséPorfírio, em Souzel.

A partir de 1995, com adiminuição da madeira em cidadescomo Breves e Portel, A região de

Porto de Moz passou a ser“O Paraíso da Madeira”.

Embora sendo explorado e subordinado, oseringueiro tinha uma floresta a sua frente. Nãohavia disputa por outros recursos naturais nempelo domínio da terra. Isso garantia àpopulação fartura na mesa, ainda que faltassemoutros suprimentos. A abundância de peixe,caça e produtos florestais como a bacaba, opatauá e o açaí garantia uma vida farta dealimentos.

Com o declínio da borracha na década de60, o produto mudou, passou a ser a madeiraem tora. A facilidade para se extrair madeiraera tão grande que os moradores do rio Juarucucontam que o cedro caía com a folhagem norio; não eram necessários caminhões ou outrosmaquinários para extrair a madeira.

Até a década de 70 a madeira era cortadacom machado, extraída manualmente dafloresta e transportada em jangadas. Não haviaexploração comercial em larga escala na região.A partir de 1995, com a diminuição da madeiraem grandes centros produtores no estado doPará, como Breves, Portel, Paragominas eTailândia, a região de Porto de Moz passou a servista como “o paraíso da madeira”, com muitasflorestas intactas, de fácil acesso, semproblemas com a fiscalização do IBAMA e nemcom o Município, já que as autoridades locaisdos poderes executivo e legislativo tambémestão no negócio de extração de madeira.

Exploração de madeira começou em 1970

Conseguimos identificar, no histórico daprodução madeireira de Porto de Moz, quatrociclos distintos, a saber:

• Primeiro ciclo (1970 a 1982 )• Primeiro ciclo (1970 a 1982 )• Primeiro ciclo (1970 a 1982 )• Primeiro ciclo (1970 a 1982 )• Primeiro ciclo (1970 a 1982 )

Surgiu nesta época a exploração damadeira em tora, extraída através do sistemacalango-jangada. A relação comercial quepredominava ainda era baseada em trocas(escambo), embora comecem a surgir algunspequenos proprietários.

Os compradores de madeiras (patrões),em geral, vendiam mercadorias (alimentos,roupas, armas, munição, combustível,ferramentas etc.) primeiramente aos“enviados”, que por sua vez contratavam osextrativistas (o “tirador” de madeira e osdiaristas) para a execução da exploração, caçaou coleta. Os extrativistas compravam asmercadorias do “enviado”, sendo o pagamentofeito em madeira cortada ou outros produtosda época.

O modo de vida do “enviado” nuncamudava, porém, ele tinha acesso ao dinheiro,mesmo que por pouco tempo. A estratégiado patrão era fazer com que seus enviadoscomprassem tudo dele e assim sempreficavam com dívida “impagável”. Porém,quem era realmente “lesado” era aquele queextraía a madeira – o diarista – que nuncaconseguia “ver a cor do dinheiro”. Leia oseguinte depoimento de um diarista: “...nossa preocupação era a alimentação dascrianças, mas isso tinha em grande quantidade,era só ir na mata. Então a gente se preocupavacom açúcar, café, óleo, roupas...nós não tinha aidéia de que o que estávamos fazendo no fundoera espantar ou acabar com o futuro de nossosfilhos. Hoje para se encontra uma caça é muitodifícil”.

A madeira era tirada na beira do rio, e nãose adentrava na mata, porque não erapossível, e também existia em grandequantidade na be i ra do r io . Com oesgotamento dos estoques de madeira dasmargens dos rios, surgiu a necessidade deadentrar a floresta.

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• Segundo Ciclo: (1982 a 1990)• Segundo Ciclo: (1982 a 1990)• Segundo Ciclo: (1982 a 1990)• Segundo Ciclo: (1982 a 1990)• Segundo Ciclo: (1982 a 1990)

Nesta etapa surgiram as madeireiras deporte médio, com mais recursos, quepermitiam a entrada de máquinas pesadascaminhões, balsas, rebocadores, moto-serras.Chegavam a buscar madeira até 5 km mataadentro.

O sistema de exploração nesse períodosofreu mudanças com o surgimento de novospatrões ao lado dos antigos. Os novos patrõespassaram a ser aqueles que eram proprietáriosde caminhões. Muitos dos “enviados” da faseanterior conseguiram comprar caminhões deseus antigos patrões. O pagamento era feitoem madeira. Os novos patrões eram osgerenciadores do trabalho, contudo, em algunscasos, eles contratavam um motorista quecuidava de contratar um grupo para explorar amadeira. Em outros casos, eles mesmos erammotoristas e faziam a contratação daequipe.Também houve casos de novos patrõesterem dois caminhões e usarem os doisesquemas.

Geralmente, o grupo para exploração eraconstituído de trinta pessoas, com as seguintesfunções: os exploradores “demarcavam” a áreae colocavam os “piques”. Outro grupopreparava a estrada para os caminhões. Depoisvinham os operadores de moto-serra e a equipedo caminhão, constituída de catraqueiros,motorista, cozinheiro e caçador.

Como os novos patrões entravam nasáreas? Realizavam o contrato de compra demadeira com o posseiro. Somente eraconsiderada área de posse aquela que tivesse nomáximo 500 metros de frente para o rio ouigarapé e 2 quilômetros de fundo. Fora disso aárea era considerada de posse do patrão, e quemquisesse entrar e extrair madeira deveria pagarpara ele. Nem o posseiro tinha direito extrairmadeira na área. Somente caças e coletas erampermitidas.

Os extratores de épocas passadas setransformaram em posseiros. Os posseirostambém viviam subordinados ao novo modelode patrão. Raramente o posseiro conseguiareceber dinheiro das mãos do patrão. Isso sóacontecia quando os valores eram pequenos.Quando era um bom saldo, o madeireiro

(patrão) sempre inventava a desculpa de quenão tinha dinheiro naquele momento e que osaldo deveria, então, ser trocado pormercadorias vendidas por ele mesmo. Semperspectivas econômicas e sem informações, oscomunitários foram coagidos e, muitas vezes,aliciados pelas empresas madeireiras paraexplorar a floresta e vender diretamente a elasa madeira, ou aos intermediários. Isso quandoas madeireiras procuram as comunidades. Namaioria das vezes, elas invadiam o território doscomunitários à força.

• T• T• T• T• Terceiro ciclo: (1990 a 1996)erceiro ciclo: (1990 a 1996)erceiro ciclo: (1990 a 1996)erceiro ciclo: (1990 a 1996)erceiro ciclo: (1990 a 1996)

Esse período não apresenta característicastão distintas do anterior. Mas já apresenta umprocesso de disputa pela apropriação dosrecursos naturais mais definida e fortementeagressiva ao meio ambiente. Com oesgotamento da madeireira de grandes centrosabastecedores, como Paragominas, Breves,Tomé-Açu e outros, as madeireiras iniciaram oprocesso de migração para Porto de Moz.Chegaram com caminhões mais sofisticados,balsas com rebocadores potentes, tratores paraabrir estradas.

As comunidades e/ou comunitáriosenvolvidos na extração madeireira foramgradativamente deixando de “participar” daatividade, uma vez que as madeireirasperceberam que não precisariam doenvolvimento dos ribeirinhos para extrairmadeira das florestas. Bastava entrar nasflorestas e fazer o que quisessem.

Ocorreu em quase toda região, exceto napequena comunidade ribeirinha São João doCupari, que se levantou no ano de 1989 contradois madeireiros que ousaram invadir a área deuso coletivo. Aqui começa aparecer a

As comunidades envolvidas naextração madeireira foramdeixando de “participar” da

atividade, pois as madeireirasperceberam que não precisavammais dos ribeirinhos para extrair

madeira das florestas.

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verdadeira face do IBAMA. Na época, uma lídercomunitária (Socorro Barbosa) foi fazer adenúncia junto ao órgão em Altamira. Quandoretornou, os madeireiros já sabiam que haviasido ela a autora da denúncia. A irmã de ummadeireiro aguardava a líder em frente de casacom um revólver calibre 38 para assassiná-la.Após longa resistência, a comunidade São Joãoconseguiu expulsar os madeireiros.

• Quarto Ciclo: (1996 a 2003)• Quarto Ciclo: (1996 a 2003)• Quarto Ciclo: (1996 a 2003)• Quarto Ciclo: (1996 a 2003)• Quarto Ciclo: (1996 a 2003)

Nessa época, está praticamente acabada aextração de madeira nos grandes centrosprodutores, como Breves, Paragominas eTailândia.

Os patrões atuais se valem do loteamentoda terra e da grilagem. O patrão-caminhoneiroentra no lote do posseiro para fazer estradas eextrair madeira, auto intitulando-se dono dolote do posseiro e não levando em conta os 2quilômetros de fundo que considerava antes.Faz um acordo com o posseiro para retirar umadeterminada espécie de madeira, mas esseacordo não é respeitado se outras espécies deseu interesse forem encontradas. Todas asespécies de interesse na área são extraídasmuitas vezes sem o consentimento doposseiro.

Diante disso, o posseiro (frustrado ou commedo) vende para o caminhoneiro oumadeireiro seu lote por um preço geralmenteirrisório, ou troca a terra por moto-serra, motoa diesel ou mercadorias. O posseiro passa entãoa procurar outra área para se instalar ou vaipara a cidade. Em certos casos, os posseirostornam-se peões do madeireiro, podendo atétrabalhar fiscalizando a área para outromadeireiro não entrar.

Grilagem de terras é a base daexploração ilegal

A região de Porto de Moz é caracterizadapela inexistência de títulos legais depropriedade de terra. Fazendeiros e madeireirosse apropriam da floresta sem grandesproblemas. A divisa socialmente aceita é o“pique” – uma picada aberta na floresta quetermina onde começa a posse de um outro

“dono ”. A divisa é limpa anualmente oumantida pela força das armas.

Duas instituições governamentaisdisputam a legalização das terras – o Institutode Colonização e Reforma Agrária (INCRA) eo Instituto de Terra do Pará (ITERPA). OINCRA considera terras da União (EstadoFederal) para fins de colonização uma imensafaixa de 100 km de cada lado da rodoviaTransamazônica, e questiona títulos depropriedade concedidos pelo ITERPA ou pelogoverno do estado do Pará. A “disputa” pelacompetência entre órgãos federais e estaduais,tanto na questão fundiária quanto na questãoambiental, imobiliza muitas vezes açõescabíveis.

Em geral, posseiros que vivem na margemdos rios são os únicos que têm direitos legaisreconhecidos pelo Governo, mesmo quandonão dispõem de títulos de propriedade da terra.Em média, as posses de beira de rio têm 100hectares – em geral, 500 metros de frente parao rio e dois quilômetros de fundo – e sãocadastradas pelo INCRA. Atrás desses 2 km,impera o vale-tudo.

O madeireiro ou intermediário compramadeira de uma área e inclui a compra do lotede terra no recibo de compra e venda, sem queo posseiro perceba ou entenda a transação.Com o recibo de compra e venda e a possereconhecida, é possível conseguir umaautorização de desmatamento ou de manejoflorestal junto ao IBAMA. Este método foimuito comum no passado.

O madeireiro compra terras de posseiroscom ou sem cadastro do INCRA, geralmentede 100ha. A finalidade é somente usar a áreacomo porto para embarque de toras econseguir autorização de exploração doIBAMA. “Grileiros” são contratados parademarcar as terras, além da posse. Com orecibo de compra e venda, o madeireiroconsegue tirar a escritura pública da área nocartório de registro de imóveis. De algumaforma, toda a área (posse+área grilada) passa ater documentos aptos ao licenciamento deatividades de exploração que são solicitadas aoIBAMA. Contudo, a área passa a ser exploradaanualmente e muito além dos 100ha e amadeira comprada pode ser, assim,

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“esquentada” na área legalizada. É possível que,neste caso, funcionários do INCRA e IBAMAparticipem do processo.

Uma posse já estabelecida é adquirida ouarrendada para a abertura de estradas rumo àregião a ser explorada. Uma infra-estruturabásica é construída ao longo da estrada abertapelo madeireiro, para dar a impressão quevárias posses existem há algum tempo no local.O próximo passo é apresentar pessoas comodetentoras das posses e solicitar uma declaraçãodo ITERPA.

Em muitos casos, a grilagem de terras temcomo único objetivo a produção de madeira.Posteriormente, a área é abandonada e pode virou não a ser invadida para fins agropecuários,já que existem estradas abertas.

A situação é tão alarmante que, em maiode 2001, o Sindicato dos Trabalhadores Ruraisde Porto de Moz e a Igreja Católica, através daparóquia local, encaminharam um dossiê à“CPI da Grilagem de Terras na Amazônia”.Contudo, com a proximidade do término dostrabalhos da Comissão, os dados não foramutilizados.

Comunidades locais querem criarReserva Extrativista

O Comitê de DesenvolvimentoSustentável de Porto de Moz é representadopor quatro entidades executivas do município:Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR),Associação dos Pescadores Artesanais,Associação de Mulheres Campo-Cidade eColônia de Pescadores de Porto de Moz.Também participam quatro Associações RuraisComunitárias e a Igreja Católica, através daComissão Pastoral da Terra (CPT), que apóia omovimento. Mas recentemente, o Comitê temainda o apoio do Greenpeace, do Movimentopelo Desenvolvimento da Transamazônica eXingu (MDTX) de Altamira, da Federação dosÓrgãos de Assistência Social e Educacional(FASE), do Fórum Amazônia Oriental (FAOR)e do Serviço Alemão de Cooperação Técnica eSocial (ded).

As comunidades rurais representadas peloComitê desejam criar uma Reser vaExtrativista (Resex) na região e impedir a

Receita para legalizar madeira ilegal

Existem muitas formas de “legalizar” amadeira retirada ilegalmente da floresta. Aprática descrita abaixo é muito comum econsiste em apresentar um plano de manejocom um volume de madeira muito maior aser explorado na área, a fim de garantir umaboa quantidade de Autorização de Transportepara Produtos Florestais (ATPFs).

11111ooooo passo: passo: passo: passo: passo: A equipe de inventário mede odiâmetro das árvores na floresta e “estima”os valores de altura – quanto maior este valor,maior será o volume. Árvores que não serãoabatidas, porque são ocas, tortas etc. tambémdevem ser contabilizadas para aumentar ovolume a ser autorizado. Também é comumaumentar o número de árvores das espéciesde interesse. O IBAMA não tem comoconferir todas as árvores na vistoria decampo. Por vezes, baseia-se em algumaspequenas parcelas amostrais na floresta parachecar os dados do inventário apresentadosno plano de manejo. No entanto, esteprocedimento não tem validade estatísticaalguma.

22222ooooo passo: passo: passo: passo: passo: Após a aprovação do plano demanejo, é dada a autorização do volumegeométrico de madeira a ser explorado (essevolume considera a árvore como um cubo,com casca, costaneira e oco, quando existir).No entanto, no transporte das toras e naprestação de contas, o madeireiro utiliza ovolume Francon (como se a tora fosse umquadrado, excluindo casca e costaneira). Ovolume Francon será sempre menor que ovolume geométrico; portanto o madeireiroterá um ganho de saldo no volumeautorizado.

33333ooooo passo: passo: passo: passo: passo: Com um bom saldo de ATPFsna mão, o madeireiro poderá negociar asAutorizações com outros madeireiros,comprar ou explorar madeira em outras áreas- tudo com o devido respaldo legal nomomento da prestação de contas, daaveriguação de estoque no pátio ou no ato davenda de seus produtos.

Fonte::::: Greenpeace, O Mapa da Disputa, 2002.

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extração ilegal e predatória de madeirarealizada por grandes empresas.

A proposta de criação de uma unidade deconservação destinada ao uso sustentável dosrecursos pelas comunidades vem sendodiscutida desde 1999, quando foi criado umgrupo de trabalho em Porto de Moz. Em abrilde 2000, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais,representando as comunidades, encaminhouofício (010/2000) solicitando a criação da reservaao INCRA, IBAMA, ITERPA e SecretariaExecutiva de Ciência, Tecnologia e MeioAmbiente do Governo do Estado do Pará(SECTAM). A SECTAM chegou a enviar seustécnicos para Porto de Moz, mas não deucontinuidade aos trabalhos. Por sua vez, o IBAMA,através do Centro Nacional de Desenvolvimentoe Populações Tradicionais (CNPT), abriu umprocesso (02001.007795/01-48) para o estudo deviabilidade de criação da reserva. Em novembrode 2001, foi realizado o primeiro seminário para acriação da Reserva Extrativista no município dePorto de Moz. Considerado um sucesso, oevento contou com a participação de 300lideranças comunitárias que escolheram umnome para a reserva: VVVVVerererererde para Semprde para Semprde para Semprde para Semprde para Sempre.e.e.e.e.

Um exemplo que mostra que o caminhoapontado pela instituição de uma reservaextrativista é possível é a comunidade São Joãodo Cupari. Lá, existe uma grande reserva demadeira na área comunitária e grandequantidade de peixes que servem de alimentode boa qualidade sem nenhum custo. Isso éfruto de longos anos de organização social e deluta pela conservação do meio ambiente.

De modo semelhante à comunidade de SãoJoão, outras nove localidades demarcaram seusterritórios conhecidos como áreascomunitárias. São áreas de uso coletivo, onde apopulação local usa de forma racional osrecursos naturais. Um outro exemplo é acomunidade Acay. Ela percebeu a diminuiçãode peixes no rio e decidiu lutar contra a pescapredatória por geleiros. Os comunitáriosvenceram e hoje há novamente abundância depeixes.

Essas experiências bem sucedidas deramorigem à proposta da reserva extrativista Verdepara Sempre, como uma maneira de conter ouevitar um desastre socioambiental maior e

garantir terra e vida melhor para todos osmoradores da margem esquerda do rio Xingu.

Embora o poder político e econômicotenha respondido com violência e difamação àproposta das comunidades, os comunitáriosestão fazendo um profundo trabalho desensibilização em todas comunidades.

Madeireiros, fazendeiros, políticos locais eo poder executivo do estado do Pará são contraa criação da Resex Verde para Sempre pordiferentes razões.

Comunidades organizadas representamum “perigo” para madeireiros e fazendeiros,que não querem perder as terras griladas e ofácil acesso às florestas. Como muitos prefeitose vereadores dos municípios da região estãoenvolvidos com as ilegalidades da exploração demadeira ou são proprietários de madeireiras efazendas, eles mantém o discurso de que areserva inviabilizaria o desenvolvimentoeconômico regional.

No primeiro seminário sobre a criação daReserva, realizado pelo CNPT, a pressão destestrês segmentos contra a proposta foiinsuficiente, apesar da presença de algunsmadeireiros de peso, como o prefeito de Portode Moz, Sr. Gérson S. Campos e o Sr. EliasSalame – presidente da Assossiação dasIndústrias Exportadoras de Madeira do Estadodo Pará (AIMEX).

Já no segundo seminário, realizado nacomunidade Santa Maria do Uruará, nomunicípio de Prainha (PA), em fevereiro de2002, o recado foi mais enfático. As liderançasdaquela região, que não estavam tão bemarticuladas e em número muito menor, foramimpedidas de falar. O CNPT teve documentosrasgados e a reunião foi cancelada. O prefeitoda cidade, Sr. Gandor Hage, aliado aosmadeireiros, discursou de pé sobre a mesacontra os técnicos do CNPT/IBAMA. Cerca de

São João do Cupari é um exemploda viabilidade da instituição deuma reserva extrativista e deuorigem à proposta da Reserva

Verde para Sempre.

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3 Autos de infração IBAMA nos 370009 e 370010 séries D e Termos de apreensão e depósito Ibama nos

0232602, 0232603, 0232604e 0232605 séries C.

600 moradores da área urbana de Prainha eMonte Alegre foram estrategicamente levadospara o evento com o intuito de tumultuá-lo.

O Governo do Estado e seus órgãos,SECTAM e ITERPA, são oficialmente contra acriação da Resex, sob diferentes alegações. ASECTAM afirma que o processo deve sertransparente e que o órgão nunca foi chamadopara discutir o assunto – fato que não éverdadeiro. Uma sessão especial para discutir acriação de Resex no Estado, realizada em 04 dejunho de 2002 na Câmara dos Deputados doPará, a pedido de Cézar Colares (PSDB) e JoséGeraldo (PT), foi marcada pela total ausência doEstado, fato lembrado pelos próprios deputadosligados ao governo presentes na reunião.

Por sua vez, o presidente do ITERPA, Sr.Ronaldo Barata, em seu ofício 067/2002-PG,encaminhado ao governador Almir Gabriel,demonstra desconhecer o que é uma Resex econfunde grilagem de terras, ilegalidade edestruição com desenvolvimento, quandoafirma “.. .trata-se de área com ocupaçãotradicional, atividade madeireira intensa e que, aconcretizar-se a designação da área como reservaextrativista, representaria sério impedimento parao desenvolvimento econômico daquela região, namedida em que o conjunto de princípios queembasam o conceito de reserva extrativista contémcaráter fortemente restritivo, representando o riscode engessamento para o desenvolvimento daquelaregião.”

Grandes madeireiros usam a forçapara reprimir protestos

Cansados da inércia do governo federal eestadual e do “modelo de desenvolvimento”defendido pelo Governo do Pará, 600comunitários bloquearam o Rio Jaurucu, emPorto de Moz, entre os dias 19 e 21 de setembrode 2002, para protestar contra a destruição dasflorestas e pedir a criação urgente da ReservaExtrativista Verde para Sempre, exatamentequatorze anos depois da morte do seringueiro

e ativista ambiental Chico Mendes. Osmanifestantes fecharam o rio de 200 metros delargura, a principal via de escoamento demadeira ilegal, com mais de 50 barcos. Somentecomunitários e pessoas doentes podiam passar.O Greenpeace, a CPT, o MDTX, a FASE e oFAOR, dentre outras organizações, uniram-seao protesto para apoiar a luta das comunidadespela proteção da sua terra, freqüentementeinvadida por madeireiros.

Em geral, dentro do Município, oclima está envenenado pela

violência física e verbal exercidapelas madeireiras e pelo poder

público.

Durante o protesto foram detidas duasbalsas com 189 toras (786 m³) de espéciesdiversas vindas de exploração ilegal3. Ocomandante Edson André Salviano Campos seapresentou como o responsável pela madeira eo destino, segundo ele, seria a empresaMaturu. O barco “Comandante Campos III” ea balsa “Rainha de Rondônia”, utilizados para otransporte da carga, já haviam sido apreendidospelo IBAMA um mês antes, com madeira ilegalno rio Maruá, Porto de Moz. Naquela época –agosto – o fiel depositário dos equipamentos eda madeira foi o Sr. Gérson Saviano Campos.

A Indústria de Madeira Maturu Ltda. é depropriedade de Rivaldo Saviano Campos,Francimeire Saviano Campos e Fina AndréiaParafita Campos. Rivaldo S. Campos évereador em Porto de Moz e Francimeire éadvogada. Ambos são irmãos de Gérson SavianoCampos, prefeito da cidade de Porto de Moz esócio-proprietário da Exportadora Cariny,madeireira com sede na cidade. O prefeito temuma série de multas por desmatamento,extração e transporte ilegal de toras e é contraa criação da Reserva Extrativista Verde paraSempre.

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Apesar da presença da polícia, a reação dosmadeireiros foi violenta. No início damadrugada do dia 20/09, a tripulação de umadas balsas soltou as amarras que a prendiam àmargem do rio e começou a avançarrapidamente em direção a seis dos pequenosbarcos, com mulheres e crianças que dormiam.Um bote inflável do Greenpeace empurrou abalsa até a margem do rio para que os barcosdos comunitários tivessem tempo de desviar dabalsa e impedir uma tragédia. O comandantedo barco-empurrador, André Campos, reagiucom violência e três pessoas ficaram feridas.

No dia 21/09, uma repórter da TV Recordperdeu suas fitas e, junto com ativistas doGreenpeace e a assessora de imprensa doFAOR, foi agredida no aeroporto da cidade dePorto de Moz por um grupo ligado aosmadeireiros locais. O prefeito estava presentee incitava o grupo. No mesmo dia, e quase namesma hora, o coordenador do Comitê, Sr.Cláudio W. Barbosa, era agredido do outro ladoda cidade pelo mesmo grupo. Seu bote e motorforam destruídos e incendiados nas ruas dacidade. Na semana seguinte, no dia 27/09, oscomunitários e irmãos Zildo Baleiro eRaimundo Baleiro foram espancados por umgrupo de seis homens comandados por EdsonAndré Salviano Campos, irmão do prefeito, emfrente à Prefeitura Municipal da cidade.

Em geral, dentro do Município, o clima estáenvenenado pela violência física e verbalexercida pelas madeireiras e pelo poder público,que somente visa os benefícios destasmadeireiras e dos grandes fazendeiros.

O Comitê conta com a simpatia da maioriada população rural e urbana. A Associação doComércio e os pequenos e médios madeireirosestão simpatizando com o Comitê, pois sãoafetados econômica e politicamente pelagrilagem das terras e pela hegemonia do grupodo prefeito.

Até agora, muito pouco foi feito e, sempropostas concretas, o Governo do Estadodo Pará mostra sua face, compactuando como quadro de ilegalidades e violência daregião.

Comunidades têm demandas urgentes

Diante do quadro atual, as comunidades,representadas pelo Comitê, exigem o seguinte:• Suspensão, pelo governo, das autorizações de

exploração madeireira em escala industrial naárea da futura reserva.

• Interrupção imediata da compra, porempresas do Brasil e do exterior, de madeiraproveniente da região em disputa até que areserva seja criada.

• Criação urgente, pelo Governo Federal, dareserva extrativista Verde para Sempre.

• Apoio governamental à criação decooperativas de produtores e pequenosextratores e projetos sustentáveis dedesenvolvimento comunitário.

• Presença de forças policiais estaduais efederais para evitar conflitos e garantir o fimda violência na região.

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A vida física, social e espiritual indígenaestá intimamente ligada à terra, aos animais, àsplantas, às águas. Os índios, por sua sabedoria,sempre viveram em plana harmonia com anatureza, o que tem garantido a suasobrevivência, bem como a perpetuação deseus costumes e crenças.

A Constituição Federal de 1988reconhece que os Povos Indígenas têm direito aconservar e promover seus modos de vida.Garante também alguns meios para isso, comoa posse inalienável da terra e a proteção de todosos seus bens ( Art. 231 d 1o 4o e 6o ).

Diante disso, poder-se-ia pensar que osPovos Indígenas, que por 500 anos forammassacrados, finalmente viveriam em paz. Maso 22 de abril de 2000, na Bahia, mostrou que asleis não bastam para garantir aos índios seusdireitos. Enquanto os presidentes do Brasil e dePortugal celebravam com pompa os “500 anosdo Brasil”, mais de 3.600 representantes de 140Povos indígenas de todo o país eram reprimidosviolentamente pela polícia federal e estadualnas ruas. Os índios queriam dizer ao Brasil e aomundo que não tinham nada para celebrar eque desejavam “Outros 500”, diferentes dosvividos até então. Na ocasião, os PovosIndígenas assinaram um documento compropostas e exigências indispensáveis para aconstrução dos “Outros 500” (ver anexo).

Uma das exigências é a aprovação doEstatuto dos Povos Indígenas, que vem sendodiscutido por lideranças indígenas de todo o

país desde 1991. Projetos já foramencaminhados à Câmara dos Deputados, masjamais colocados em pauta. Entretanto, em2001, foi aprovado por uma Câmara Especial osubstitutivo do deputado Luciano Pizzato (PFL/PR), frontalmente contrário a todas aspropostas das lideranças (ver box p. 233).

Outra reivindicação do documento lavradona Bahia é a revogação do Decreto 1.775/96 –editado pelo Presidente Fernando Henrique emlugar do Decreto 22/91, do ex-presidenteCollor. Tal medida colocou em revisão todas asterras indígenas que já estavam demarcadas,gerando uma situação de extrema instabilidade.De acordo com o Decreto 1.775/96, apenas asterras registradas e reservadas ou dominiais sãoconsideradas realmente demarcadas. Todas asoutras ainda estão sujeitas a revisão, podendoser reduzidas ou não demarcadas, dependendodo entendimento do governo.

De acordo com a CNBB, o decreto abriu apossibilidade de que terceiros particularesfaçam uso de títulos de posse ou propriedade

BELO MONTE AMEAÇA DIREITOSCONSTITUCIONAIS DOS POVOS INDÍGENAS

Quatro comunidades indígenas da Volta Grande do Xingu serão diretamente afetadas peloprojeto, que não foi discutido com os moradores índios e não-índios da região. Repete-se, com

Belo Monte, a sanha dos Grandes Projetos na Amazônia, nos quais a população local tem sido aúltima preocupação dos governos.

Antonio Anaya1

De acordo com o Decreto 1.775/96, apenas as terras registradas e

reservadas ou dominiais sãoconsideradas realmente

demarcadas. Todas as outras aindaestão sujeitas a revisão, podendoser reduzidas ou não demarcadas.

1Membro do CIMI Norte II • [email protected]

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considerados nulos pela Constituição Federalde 1988. Permite também que estados emunicípios se oponham às demarcações.

No Brasil, em apenas nove meses (janeiro aoutubro de 1996), 155 áreas ficaram sujeitas acontestações. No Pará, 11 terras indígenasforam contestadas, e um dos principaiscontestadores foi o Governo Estadual.

Assim, pautados pelo modelo dedesenvolvimento neoliberal, os governos Federale Estadual têm atingido em cheio ascomunidades indígenas, ao estimular a execuçãodos chamados “Grandes Projetos” (ver quadro p.232), inclusive facilitando o caminho legal paraa pilhagem das suas terras. Os Povos Indígenasidentificam os Grandes Projetos, sobretudo ashidrelétricas, como alguns dos grandes males2

que ferem os seus direitos constitucionais eameaçam a sua sobrevivência física, espiritual ecultural (ver quadro p. 234).

(e não só a estes), o da construção da UHE deTucuruí (PA), veremos de que forma o projetode implantação de Belo Monte tende aperpetuar problemas já conhecidos, como amigração, a disseminação de doenças e osconflitos em terras indígenas, além de ferir aConstituição, ao infringir os direitos garantidosaos índios.

Abordaremos também as pol ít icaspúblicas planejadas para ‘resolver o problemaenergético’ no país (nas quais a Amazônia,em especial o Pará, aparecem como merosfornecedores de energia), além das estratégiasdos governos Federal e Estadual parajustificar e legitimar grandes projetos comoo de Belo Monte. Veremos que o adiamentoda votação do Estatuto dos Povos Indígenas ea chamada Crise Energética são alguns dessesartifícios.

A maioria dos nossos dados e informaçõesfoi coletada nas entidades que trabalhamdiretamente com os, como a FundaçãoNacional do Índio (FUNAI), o ConselhoIndigenista Missionário (CIMI), o InstitutoSócio-Ambiental (ISA) e organizaçõesindígenas como Associação dos Povos Tupi doAmapá, Pará e Maranhão (AMTAPAMA). Emalguns casos, consultamos os seus centros dedocumentação, em outros, as suas publicaçõesou sites na internet. Trabalhamos tambémcom informações de testemunhas diretas(índios). Sem contar a contribuição das equipesdo CIMI que trabalham diretamente com osPovos Indígenas no enfrentamento do tema emquestão.

Ao longo dos seus 30 anos de vida, oCIMI, entidade ligada à CNBB, sempreesteve ao lado dos Povos Indígenas na luta peloreconhecimento e concretização dos seusdireitos constitucionais (direito à vida, à terra,à saúde, à educação, à cultura). Ao decidircontribuir para o OOOOO b s e rb s e rb s e rb s e rb s e r v a t ó r i ov a t ó r i ov a t ó r i ov a t ó r i ov a t ó r i o d ad ad ad ad aCCCCCidadaniaidadaniaidadaniaidadaniaidadania com o presente tema3, o CIMINorte II espera chamar a atenção para o

Os Povos Indígenas identificam osGrandes Projetos, sobretudo ashidrelétricas, como alguns dos

grandes males que ferem os seusdireitos constitucionais e

ameaçam a sua sobrevivênciafísica, espiritual e cultural.

2 No ano de 2002, a Campanha da Fraternidade, promovida pela CNBB, teve como título: Fraternidade e Povos Indígenas e, como lema:“Por uma terra sem males”.

3 O tema dá continuidade ao primeiro relatório do CIMI Norte II no Observatório da Cidadania do Pará - 1999: A questão indígenano Pará, onde se analisa a demarcação das terras indígenas, algumas invasões e a questão da saúde indígena.

Nesse texto, busca-se verificar o realcompromisso dos governos federal e estadual emrelação à posição explícita dos povos indígenascontra os grandes projetos, em especial contraas hidrelétricas e hidrovias. . . . . Posição baseada nosgravíssimos impactos e mudanças que elestrazem para as comunidades.

Focaremos a análise no polêmico projetodo Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, norio Xingu, contextualizando-o no âmbito dosprojetos de políticas energéticas do governo.Mediante uma breve análise das conseqüênciasde outro caso de afronta aos direitos indígenas

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desrespeito com que os Povos Indígenas vêmsendo tratados por seguidos governos, emnome de um desenvolvimento que, na verdade,tem como maiores beneficiadas grandesmadeireiras, mineradoras, construtoras eempresas elétricas, que muitas vezesrepresentam grandes grupos estrangeiros, deolho nos recursos da Amazônia.

Hidrelétricas planejadas até 2015atingem comunidades indígenas doPará

As hidroelétricas já inundaram 3,4 milhõesde terras produtivas no país e deslocaram maisde um milhão de pessoas. Todo mundo sabe queos impactos incidem diretamente sobre omodelo de vida das populações indígenas eoutras minorias vulneráveis.

Entre as principais conseqüências que aexpansão do setor elétrico tem trazido adiversas comunidades indígenas, podemoscitar:• a realocaçãorealocaçãorealocaçãorealocaçãorealocação de comunidades para outras

regiões, muitas vezes acompanhada derupturas em seus estilos de vida;

• o a l a g a m e n t oa l a g a m e n t oa l a g a m e n t oa l a g a m e n t oa l a g a m e n t o de grandes parcelasterritoriais, incluindo áreas consideradassagradas;

• a invasãoinvasãoinvasãoinvasãoinvasão das terras indígenas;• a diminuição da disponibilidadediminuição da disponibilidadediminuição da disponibilidadediminuição da disponibilidadediminuição da disponibilidade da caça e

a redução das áreas cultiváveis;• a proliferação de doençasproliferação de doençasproliferação de doençasproliferação de doençasproliferação de doenças.

Durante o governo Sarney (1985-1990) foiimposto à nação o Plano Nacional de EnergiaElétrica 1987-2010, através da Eletrobrás. Previapara a Amazônia a construção de 76 UsinasHidrelétricas, com dinheiro vindo do exterior.O Plano não foi debatido no CongressoNacional e foi profundamente criticado porcientistas e técnicos brasileiros.

No Brasil, já foram construídas mais deduas mil barragens - e o Plano Eletrobrás 2015prevê a construção de outras 496. Só na regiãoamazônica, onde se encontram as maioresreservas hídricas do país, o Plano 2015 prevê aimplantação de 121 usinas hidrelétricas. Dessas121, 85 estão em fase de estudos (Couto,1996).O problema é que essas áreas coincidem com

as áreas habitadas por diversas comunidadesindígenas. Direta ou indiretamente, elas serãoafetadas. Isso significa estar em uma situaçãode constante ameaça.

De acordo com os dados da FUNAI,existem 156 áreas geograficamente distribuídasno país que interferem ou interferirão nofuturo nas comunidades indígenas por causa daexpansão do setor elétrico. Dessas áreas, 65%estão situadas na Região Norte. O Pará ocupa oterceiro lugar, com 21 áreas de interesse.

O quadro a seguir mostra algumas dasobras que ameaçam, além da biodiversidade daregião, a saúde, a cultura e a sobrevivência dosPovos Indígenas do Pará.

A experiência mostra que os grandesprojetos não respeitam os direitos daspopulações residentes nos locais deimplantação. As mudanças e os impactostrazidos por eles desestruturam fisicamente,culturalmente e espiritualmente comunidadesinteiras, deixando para trás suas histórias, seusantepassados, seus lugares sagrados etc.

No Brasil, já foram construídasmais de duas mil barragens – e o

Plano Eletrobrás 2015 prevê aconstrução de outras 496. Só na

região amazônica, onde seencontram as maiores reservas

hídricas do país, o Plano 2015 prevêa implantação de 121 usinas

hidrelétricas.

De acordo com os dados daFUNAI, existem 156 áreas

geograficamente distribuídas nopaís que interferem ou interferirão

no futuro nas comunidadesindígenas por causa da expansão

do setor elétrico. Dessas áreas,65% estão situadas na RegiãoNorte. O Pará ocupa o terceiro

lugar, com 21 áreas de interesse.

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Fonte: CIMI norte II; CEDOC. 2001.

OBRA

UHE Tucuruí

UHE Cachoeira Porteira

UHE Chuvisco

UHE Belo Monte (Kararaô)

UHE Iriri

UHE Jarina

Hidrovia Araguaia-Tocantins (Santa Isabel)

Hidrovia do Tapajós

Hidrovia do Rio Capim

UHE Complexo do Xingu (Jarina,Kokraimoro, Ipixuna, Babaquara e BeloMonte, no rio Xingu)

UHE Marabá

UHE Apiacás

UHE Paru Novo (Tumukumaque)

ANDAMENTO

DO PROJETO

executada

planejada

planejada

planejada

planejada

planejada

planejada

planejada

planejada

planejada

executada

planejada

planejada

POVOS AMEAÇADOS

Gavião, Asurini, Parakanã, Guajajara,Krikati

Xipaia -Kuruaia, Wapixana, isolados

Wai-Wai, Arara, Juruna

Arara, Juruna, Parakanã, Xikrin,Xipaia-Kuruaia, Kayapó, Araweté

Kayapó, Arara, Xipaia-kuruaia

Kayapó

Karajá

Munduruku, Apiaká, Kayabi

Amanayé

Apiterewa, Arara, Araweté, Bacajá,Xipaia-Curuaia, Koatinemo

Gavião

Kayabi

Apalaí, Wayana

O mau exemplo de Tucuruí

A construção da hidrelétrica de Tucuruí éum exemplo triste dessa realidade, e por issomesmo válido como parâmetro. A inundaçãode 2.430km2 para o reservatório atingiu asáreas Asurini, Gavião, Suruí, Parakanã e Xikrin.Também as terras Guajará e Krikati foramafetadas, pela construção das linhas detransmissão (Santos & Nacke, 1988, 1991).Além dos efeitos diretos acarretados peloalagamento de extensas áreas – como oaumento da densidade de mosquitos (Bulcão,1994; Couto, 1996; Figueiredo & Ricci, 1989;Tadei, 1994) e a circulação do plasmódio emanimais (Arruda, 1985) – a utilização depotentes desfolhantes como o Tordon 101 BR(picloran 2,4 D) e Tordon 155 (picloran 2,4,5T)para a limpeza das áreas de servidão das linhasde transmissão entre Tucuruí e Barcarena4,

com fins de controlar o crescimento davegetação, resultou na morte de animais,contaminação dos cursos de água e episódios deintoxicação exógena aguda (Couto, 1996). Nacomunidade indígena dos Gaviões observou-se,na década seguinte, a ocorrência inusitada de doiscasos de câncer (uma leucemia e um sarcoma departes moles) em adultos jovens da áreaIndígena Mãe-Maria, nas proximidades de linhasde transmissão de alta tensão elétrica (Koifmanet al., 1998; Vieira Filho, 1994).

O Relatório final da “CPI de Barragens”,concluída em 1991 em Belém, faz referência aopapel do índio na construção da UHE de Tucuruí:

“O Genocídio que vem ocorrendo com os ovosindígenas nos últimos 500 anos apenas foiconfirmado na política energética brasileira. AHidrelétrica de Tucuruí não foi exceção: ou os índioseram desconsiderados nos planejamentos ou eramvistos como obstáculos”.

4 Cerca de 800km de extensão por 100m de largura.

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Irregularidades marcam a história deBelo Monte

Em 1989, quando tentava aprovar oprojeto de construção da Hidrelétrica deKararaô, a Eletronorte foi derrotada pelo facãoda índia Tuíra5. Acreditou-se que a idéia deconstruir uma hidrelétrica no Xingu havia sidoabortada. Mas, animada pela crise nacional deenergia e o apagão, a empresa voltounovamente à carga, reapresentando o velhoprojeto, com uma ‘roupa’ nova.

A condução do processo para a construçãoda barragem foi feita de forma tendenciosa eparcial, obviamente em favor de interessesalheios às comunidades locais. Vejamos algunstrâmites ‘suspeitos’:• Licitação Pública: a Ea Ea Ea Ea Eletronorteletronorteletronorteletronorteletronorte contratou a contratou a contratou a contratou a contratou a

Fundação de Pesquisa da Universidade Federaldo Pará (FFFFFADESPADESPADESPADESPADESP), para fazer o Estudo deImpacto Ambiental - Relatório de ImpactoAmbiental (EIA-RIMA), sem licitaçãosem licitaçãosem licitaçãosem licitaçãosem licitaçãopúblicapúblicapúblicapúblicapública. A Eletronorte alega que agiu assimporque a FADESP tinha uma notóriacompetência.

• O Congresso Nacional não foi consultadopara que tivessem início os Estudos de ImpactoAmbiental, contrariando a Constituição.

• O Licenciamento para a realização do EIA-RIMA era competência do IBAMA, e não daSECTAM, já que o rio Xingu é interestadual.

Atualmente, quatro comunidadesindígenas - Juruna, Kayapó-Xikrin, Arara eXipaya habitam a região da Volta Grande norio Xingu, onde haverá interferência direta doprojeto de construção da UHE Belo Monte. Apopulação destas comunidades soma mais de900 pessoas.

Os impactos do projeto de Belo Monteserão de grande gravidade, não somente porcobrir 400km² de floresta nativa como tambémpor acarretar: migração dos peixes; interrupçãodo transporte fluvial (sendo os rios o únicomeio de acesso às áreas indígenas Paquiçamba,do povo Juruna; e Potikrõ, do povo Kayapó-

Xikrin); mudança do regime de vazões;mudança na qualidade da água; alteração dacomposição da fauna aquática; redução dafertilidade natural das várzeas, erosão dasmargens; afogamento e degradação dabiomassa; alterações microclimáticas; retençãoe deposição de nutrientes e de material sólidoem suspensão na água; destruição da faunaterrestre, interrupção de suas rotasmigratórias; alterações na produção pesqueira;proliferação de doenças endêmicas;deslocamento forçado de populações;inundações de sítios arqueológicos; alteraçõesdas dinâmicas social, econômica, política eambiental dos Povos Indígenas da região, entreoutros.

Abaixo da barragem, o rio ficarápraticamente seco. Os índios utilizam essesrios. Com a seca, os animais mudarão seushábitos alimentares e isso atinge as populaçõesindígenas que se alimentam da caça. A falta denavegação vai perturbar a vida dessascomunidades. Os índios da Aldeia Paquiçambaficarão ilhados entre o canal artificial e o rioseco. Será construída uma estrada asfaltadapara dar acesso à barragem nos limites da áreaindígena, deixando a aldeia em situação deconstante vulnerabilidade.

Mesmo assim, em maio de 2002, oProcurador Geral da República, Dr. GeraldoBrindeiro, recomendou ao Supremo TribunalFederal a suspensão da liminar contra osestudos de Belo Monte, dando parecer favorávelà Eletronorte.

Atualmente, quatro comunidadesindígenas – Juruna, Kayapó-

Xikrin, Arara e Xipaya habitam aregião da Volta Grande no rio

Xingu, onde haverá interferênciadireta do projeto de construção da

UHE Belo Monte. A populaçãodestas comunidades soma mais de

900 pessoas.

5 Em uma reunião com diversas comunidades indígenas, na época em que a Eletronorte pretendia construir a UHE de Kararaô, umaíndia colocou um facão no rosto do presidente da empresa, protestando contra o projeto.

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Isso mostra que grande parte dos EIA-RIMA tem um objetivo util itário. Ocontratado dificilmente apresentará resultadosdiferentes ou contrários aos esperados pelocontratante. Na verdade, os principaisbeneficiários do Complexo de Belo Monte sãoos grandes grupos econômicos do Estado, comoa Eletronorte e a Vale do Rio Doce, que jáprometeu consumir 50% a mais do queconsome hoje de energia.

Governo vende Belo Monte como asolução para o ‘apagão’

O governo do Pará segue à risca asorientações do governo FHC. E este se guiapelas orientações do FMI. Entre essasorientações estão a privatização de empresaspúblicas e o aumento das exportações. Não hádúvida que a “política do apagão”, foi criadapara justificar a construção de váriashidrelétricas no país. Especificamente no Pará,o Complexo Hidrelétrico de Belo Monte. Osanalistas afirmam que ele vai acabarprivatizado e que a energia produzida seráexclusivamente exportada, já que o Pará nãoprecisaria dela, sendo atualmente o terceiromaior exportador de energia do Brasil.

Mesmo com o embargo da obra, aEletronorte tem aproveitado o apoio doGoverno Federal, do Governo do Estado e degrande parte da Assembléia Legislativa do Parápara pressionar a sociedade civil, fazendo-aengolir Belo Monte. Foi o que aconteceu naúltima semana de abril de 2002 em Altamira,por ocasião de uma “sessão especial” sobre BeloMonte. Os únicos que puderam falar foram aEletronorte e os deputados governistas, quetentaram convencer a população de que tudoque não foi feito até agora só acontecerá se for

construída a barragem da usina. A nenhumaliderança popular de Altamira, e nem mesmoao Bispo da prelazia, foi concedida a palavra(Jornal Liberal, 02.05.2002).

A estratégia faz parte da intensivapropaganda da Eletronorte para minimizar osimpactos da obra e destacar que o projeto é asolução para o desenvolvimento do Estado e asalvação energética para o país.

A posição dos deputados governistas emfavor da implantação da Hidrelétrica foiconfirmada o dia 15 de maio de 2002, quandocomeçou a ser votado o requerimento dosdeputados Cezar Colares (PSDB) e Nadir Neves(PL), para que a Assembléia Legislativamanifestasse ao Presidente Fernando Henrique,ao Governador Almir Gabriel e ao presidenteda Eletronorte, Antônio Muniz Lopes, o “seuseuseuseuseum a i s i rm a i s i rm a i s i rm a i s i rm a i s i r rrrrr e s t r i t o a p o i o à c o n s t re s t r i t o a p o i o à c o n s t re s t r i t o a p o i o à c o n s t re s t r i t o a p o i o à c o n s t re s t r i t o a p o i o à c o n s t r u ç ã o d au ç ã o d au ç ã o d au ç ã o d au ç ã o d ahidrelétrica de Belo Monte”hidrelétrica de Belo Monte”hidrelétrica de Belo Monte”hidrelétrica de Belo Monte”hidrelétrica de Belo Monte”. O requerimentofoi subscrito por quase todos os deputados.

Movimentos de base reagemdenunciando aliciamento

Preocupados com o andar do processo deconstrução das barragens, no dia 1o de junhodo 2002 os Povos Indígenas Juruna, Xipaya,Curuaya, Kaiapó e Arara realizaram o IEncontro dos Povos Indígenas da Volta Grandedo rio Xingu. A seguir, um trecho dodocumento final do encontro:

“Nós Povos Indígenas (Juruna, Xipaya,Curuaya, Kaiapó e Arara), reafirmamos anossa posição contrária à construção doComplexo Hidrelétrico do Belo Monte erepudiamos todas as tentativas do Governo,através da Eletronorte, de aliciamento dascomunidades indígenas e ribeirinhas parabuscar nosso apoio. Repudiamos também adecisão do Procurador Geral da República, Dr.Geraldo Brindeiro, em recomendar ao SupremoTribunal Federal parecer favorável à Eletronorte... Consideramos desenvolvimento, o direito devivermos em nossas terras de acordo com osnossos costumes e tradições, garantindo adignidade de vida no presente e no futuro atodas as gerações. .... Não vamos ficar só comesse encontro, vamos lutar com todas as nossas

Abaixo da barragem, o rio ficarápraticamente seco. Com a seca, os

animais mudarão seus hábitosalimentares e isso atinge aspopulações indígenas que se

alimentam da caça.

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forças, e a nossa força é a nossa cultura, parafazer valer os nossos direitos garantidos por lei”(documento final do I Encontro dos Povosda Volta Grande do Xingu).

Também o Movimento pelo Desenvol-vimento da Transamazônica e do Xingu(MDTX) tem se manifestado contra BeloMonte, especialmente pela forma autoritáriapela se pretende fazer a sociedade civil engoliro projeto. Em carta enviada ao ProcuradorGeral da República, Geraldo Brindeiro, assinadatambém por entidades como a Fundação Viver,Produzir e Preservar (FVPP), o Grupo de TrabalhoAmazônico (GTA), a Federação dos Trabalhadoresna Agricultura (FETAGRI/Regional) e o CIMI,tal posição fica bem clara:

“(...) A Eletronorte utiliza-se do poder de umaestatal para aliciar prefeitos, fazer propagandaenganosa na grande mídia e nos meios locais.Nosso principal líder, Ademir Federicci, foiassassinado no dia 25 de agosto do ano passadoquando denunciava as irregularidades daextinta Sudam na região e levantava umvigoroso movimento contra as barragens noXingu (...) Diante desses pontos de vista, Sr.Procurador, é preciso ouvir outras vozes que nãoapenas a tecnocracia da Eletrobrás. Nossoprojeto visa aproveitar os recursos da floresta edo Rio Xingu compatibilizando desenvolvimento,crescimento econômico e conservação da base derecursos naturais. Sobre esse projeto queremosdiscutir com o Governo. Porém, a construção deconsensos de tal nível não é possível com apressa, o autoritarismo e o receituário obrerista(sic) da Eletronorte”.

Projeto anti-índio

Existem hoje, no estado do Pará, cerca de20 milhões de hectares de terras indígenas jáinvadidas ou ameaçadas – seja por invasores,

seja pelo estabelecimento de grandes projetos(CIMI, 2002; FUNAI, 2000). A demora paraencontrar soluções e retirar os invasores dessasáreas é um bom termômetro para medir aatuação do governo no exercício de seu dever.Muitas vezes, essa demora pode ser classificadacomo omissão.

Na verdade, pelos indicadores aquiapresentados, fica evidente um projeto anti-indígena não confessado - seja por omissãode responsabilidades constitucionais emdefender os direitos indígenas, seja porfavorecimento à implantação de grandesprojetos em terras indígenas em benefício deinteresses de grupos econômicos nacionais einternacionais6.

Basta lembrar que mais de 50% das terrasindígenas no Brasil ainda não foram demarcadase mais de 80% das demarcadas encontram-seinvadidas ou ameaçadas por grandes projetos,como o da Hidrelétrica de Belo Monte.

Reconhece-se, nos países mais desenvolvidoscomo a França e os EUA, que o tempo dasgrandes hidrelétricas já acabou. Nos anossetenta do século passado elas eram símbolo dedesenvolvimento, mas nos anos oitenta foramduramente criticadas e desacreditadas.Estranhamente, no Brasil, os governosparecem enxergar só a solução das barragensao problema energético – e, para construí-las,não medem atitudes. Evidentemente que, emparalelo, existe uma corrida de construtoras eempreiteiras aos processos de licitação. Élegítimo que nos perguntemos, como cidadãos,a quem interessa promover a construção debarragens hidroelétricas no Brasil? E, comocidadãos preocupados com o destino daAmazônia: por que o Pará deveria prestar-semais uma vez ao papel de fornecedorirrestrito de recursos, a ponto de apostar emuma obra que vai gerar um imenso impactosocioambiental e que é desnecessária ao Estadoe ao país?

6 A demissão de Glênio da Costa Álvares da presidência da FUNAI, no primeiro semestre de 2002, vem confirmar essa tese. Eleestava atrapalhando os privilégios e os interesses das mineradoras, madeireiras e garimpeiros nas terras indígenas, garantidospelo atual governo.

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Por que o Estatuto dos PovosIndígenas ainda não foi votado?

O Estatuto dos Povos Indígenas é umprojeto de Lei (lei 2.057/91) que visasubstituir a Lei 6.001/1973 e trata sobre agarantia dos direitos dos índios, tal qualprevista na Constituição Federal.

Desde junho de 1991, l iderançasindígenas de todo o país têm se reunido evêm apresentando propostas à Câmara dosDeputados, mas elas nunca entram na pautapara votação. Entretanto, em 2001, aComissão Especial criada na Câmara paraapreciar os projetos de lei sobre um novoEstatuto para os Povos Indígenas aprovou osubstitutivo do deputado Luciano Pizzato(PFL/PR).

Na proposta de Pizzatto, a abertura dasterras indígenas para mineração ocorre semcritérios rigorosos. A autorização é concedidasem um “motivo especial”, de interessepúblico, bastando que não exista maisminério a ser explorado em outra área não-indígena. A licença é dada pelo PoderExecutivo, mais vulnerável a pressões, e nãopelo Congresso Nacional. A pesquisa e alavra são analisadas e decididas numa únicaetapa e, o mais grave: o contrato entre ao contrato entre ao contrato entre ao contrato entre ao contrato entre acomunidade indígena e a empresa, é feitocomunidade indígena e a empresa, é feitocomunidade indígena e a empresa, é feitocomunidade indígena e a empresa, é feitocomunidade indígena e a empresa, é feitoa n t e s m e s m o d o r e q u e r i m e n t o d ea n t e s m e s m o d o r e q u e r i m e n t o d ea n t e s m e s m o d o r e q u e r i m e n t o d ea n t e s m e s m o d o r e q u e r i m e n t o d ea n t e s m e s m o d o r e q u e r i m e n t o d econcessão de lavra e da audiência públicaconcessão de lavra e da audiência públicaconcessão de lavra e da audiência públicaconcessão de lavra e da audiência públicaconcessão de lavra e da audiência públicaque deverá avaliar o Relatório de Impactoque deverá avaliar o Relatório de Impactoque deverá avaliar o Relatório de Impactoque deverá avaliar o Relatório de Impactoque deverá avaliar o Relatório de ImpactoAmbiental.Ambiental.Ambiental.Ambiental.Ambiental.

Os índios afirmam que o deputadoPizzato não ouviu de fato as comunidades

indígenas nem incorporou suas propostas,redigindo um projeto de le i quesistematiza todos os interesses do grandecapital, nacional e internacional, sobre suasterras, seus rios, suas florestas, seusconhecimentos milenares, sobre as riquezasdo solo e do subsolo dos seus territórios.

Em abril de 2001, durante a AssembléiaGeral dos Povos Indígenas, foi aprovada umanova proposta de Estatuto dos PovosIndígenas já apresentada à Câmara dosDeputados. Nela, os Povos Indígenas exigemque a utilização dos recursos hídricos epotenciais energéticos seja precedida deconsulta e participação das comunidades, daelaboração de estudos antropológicos, daavaliação de impactos ambientais e que seguarde respeito aos territórios sagrados e àmemória das comunidades.

Existem, então, duas propostas deEstatuto: uma governamental, querepresenta o interesse de grandes grupos ejá foi apreciada, e outra indígena, que sequerfoi mencionada ou incorporada. É evidente,portanto, que a demora na votação doEstatuto e a má vontade em apreciar aproposta das lideranças indígenas está ligadaa interesses corporativos, à tentativa detornar ainda mais vulneráveis os povos e asáreas indígenas, facilitando a ação deinvasores e abrindo as portas para apenetração da iniciativa privada e aimplantação de grandes projetos.

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Os outros 500

Estas são as mais importantes exigências assentadas no documento final da Conferência dos Povos eOrganizações Indígenas do Brasil, em Coroa Vermelha, Bahia, no dia 21 de abril de 2000.• Revogação do decreto 1.775/96;• Garantia e proteção das terras indígenas;• Ampliação dos limites das áreas insuficientes para a vida e o crescimento das famílias indígenas;• Devolução dos territórios reivindicados pelos diversos povos indígenas do Brasil inteiro;• Desintrusão (retirada dos invasores) de todas as terras demarcadas, indenização e recuperação das áreas

e dos rios degradados;• Reconhecimento dos povos ressurgidos e seus territórios;• Proteção contra a invasão os territórios dos povos isolados;• Desconstituição dos municípios instalados ilegalmente em áreas indígenas;• Respeito ao direito de usufruto exclusivo dos recursos naturais contidos nas áreas indígenas, com atenção

especial à biopirataria;• PPPPParalisação da construção de hidraralisação da construção de hidraralisação da construção de hidraralisação da construção de hidraralisação da construção de hidrelétricas, hidrovias, ferrovias, rodovias, gasodutos em andamentoelétricas, hidrovias, ferrovias, rodovias, gasodutos em andamentoelétricas, hidrovias, ferrovias, rodovias, gasodutos em andamentoelétricas, hidrovias, ferrovias, rodovias, gasodutos em andamentoelétricas, hidrovias, ferrovias, rodovias, gasodutos em andamento

e indenização pelos danos causados pelos projetos já realizadose indenização pelos danos causados pelos projetos já realizadose indenização pelos danos causados pelos projetos já realizadose indenização pelos danos causados pelos projetos já realizadose indenização pelos danos causados pelos projetos já realizados;• Apoio à auto-sustentação, com recursos financeiros destinados a projetos agrícolas, entre outros, para as

comunidades indígenas;• Imediata aprovação da Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho;• Aprovação do Estatuto dos PAprovação do Estatuto dos PAprovação do Estatuto dos PAprovação do Estatuto dos PAprovação do Estatuto dos Povos Indígenas, que tramita no Congrovos Indígenas, que tramita no Congrovos Indígenas, que tramita no Congrovos Indígenas, que tramita no Congrovos Indígenas, que tramita no Congresso Nacional, conformeesso Nacional, conformeesso Nacional, conformeesso Nacional, conformeesso Nacional, conforme

aprovado pelos povos e organizações indígenasaprovado pelos povos e organizações indígenasaprovado pelos povos e organizações indígenasaprovado pelos povos e organizações indígenasaprovado pelos povos e organizações indígenas (PL 2.057/91);• O fim de todas as formas de discriminação, expulsão, massacres, ameaças às lideranças, violência e

impunidade. Apuração imediata de todos os crimes cometidos contra os povos indígenas nos últimos 20anos e punição dos responsáveis. Exigimos respeito às culturas, tradições, línguas e religiões dos diferentesPovos Indígenas do Brasil;

• A punição dos responsáveis pela esterilização criminosa das mulheres indígenas, a critério dacomunidade;

• Que a verdadeira história deste país seja reconhecida e ensinada nas escolas, levando em conta os milharesde anos de existência das populações indígenas nesta terra;

• Reestruturação do órgão Indigenista, seu fortalecimento e sua vinculação à Presidência da República,através de uma Secretaria de Assuntos Indígenas, consultando-se as organizações de base quanto à escolhados secretários;

• Que o presidente da Funai seja eleito pelos povos indígenas com indicação das diferentes regiões do Brasil;• A educação tem que estar a serviço das lutas indígenas e do fortalecimento das nossas culturas;• Que seja garantido o acesso dos estudantes indígenas às universidades federais sem o vestibular;• Reforma, ampliação e construção das escolas indígenas e oferta de ensino em todos os níveis, garantindo-

se o magistério indígena e educação de segundo grau profissionalizante;• Fiscalização da aplicação de verbas destinadas às escolas indígenas, criando um Conselho Indígena;• A educação escolar indígena e o atendimento à saúde devem ser de responsabilidade federal. Rejeitamos as

tentativas de estadualização e municipalização;• Que a Lei Arouca, que institui um subsistema de atenção à saúde dos Povos Indígenas, seja aplicada;• Fortalecer e ampliar a participação ativa das comunidades e lideranças nas instâncias decisórias das

políticas públicas para os Povos Indígenas, em especial, que os Distritos Sanitários Espaciais Indígenastenham autonomia nas deliberações;

• O atendimento de saúde deve considerar e respeitar a cultura do povo. A medicina tradicional deve servalorizada e fortalecida;

• Formação específica e de qualidade para professores, agentes de saúde e demais profissionais indígenasque atuam junto às comunidades;

• Que seja elaborada uma política específica para cada grande região do país, com a participação amplados povos indígenas e de todos os segmentos da sociedade, a partir dos conhecimentos e projetos de vidaexistentes;

• Fortalecer o impedimento da entrada das polícias Militar e Civil de dentro das áreas indígenas semautorização das lideranças;

• Exigimos a extinção dos processos judiciais contrários à demarcação das terras tradicionais ocupadas pelospovos indígenas.

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Fotograma: Samuel dos SantosParticipante das oficinas de fotografia artesanal, promovidas pelo Projeto Pratinha, coordenado pela Igreja Episcopal Anglicanado Brasil (IEAB) / Amazônia.

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Hoy, ONGs, grupos de base, sindicatos,movimientos sociales y los que hablan, engeneral, en nombre de la “sociedad civilorganizada” reconocen la importancia departicipar de redes, forums, o articulaciónes.ABONG Regional Norte, Forum de Defensa delos Derechos del Niño y del Adolescente, Forumde la Amazonas Oriental, Forum Carajás, Forumde Mujeres de la Amazonas Paraense, Forumcontra la Violencia e Impunidad, Grupo deTrabajo Amazónico, Red de la AmazonasOriental, Red Brasil/Pólo Pará, ForumPermanente de Debates de Amazonas, Coaliciónpor los Pueblos Amazónicos y su MedioAmbiente y varios otros.

Organizaciones complejas como redes oforums son nuevas formas de relacionarse yorganizarse, visando una nueva concepción deacción política. Las redes corresponden, comoformato de organización e interactivo, anuevas utopías de la democracia: relacionesde carácter más solidario, más horizontales,más abiertas al pluralismo, a la diversidad y a lacomplementariedad, en consonancia con unanueva ética política, transnacional, que está engestación.2 Esa nueva concepción de acción dela política y de la ciudadanía tiene muchosnombres y tipos de redes temáticas; forums deONGs y movimientos sociales; asociaciones deONGs, semejantes a los forums, pero conmayor grado de institucionalización; redes deinformación y de reflexión; intercambio deexperiencias... Y podemos constatar que todaslas entidades que contribuyeron para esta

FORTALECIENDO EL TRABAJO EN RED: LAEXPERIENCIA DEL FORUM DE AMAZONAS

ORIENTAL (FAOR)

Jan Rogge1

publicación del ObserObserObserObserObservatorio de lavatorio de lavatorio de lavatorio de lavatorio de la Ciudadanía Ciudadanía Ciudadanía Ciudadanía Ciudadaníaparticipan de una o más redes de alcance regionalo nacional, criando o construyendo así, unaverdadera tela de araña de informaciones y deintercambio de informaciones.

Las redes, en general, son organizaciones conmenor grado de institucionalidad y con unaprospectiva más temporaria o pragmática,cuyos eslabones son sus múltiples miembros,entre ellos, principalmente, las ONGs. Seprocura aprovechar el efecto multiplicador deun proyecto colectivo para la movilización derecursos, para la acción y presión política, paraaumentar el impacto y la credibilidad de posiblesdenuncias, etc.

“El trabajo de cada uno en general es visto comoprivativo, algo que, fuera las evaluaciones a lasque las entidades eventualmente, son obligadas asometerse, no se somete a una apreciación colectiva.Vemos que el trabajo en forums supone un cambio decultura por parte de las ONGs y organizacionespopulares y el reconocimiento de que estamos cadauno y todos juntos en búsqueda de soluciones”3

En los últimos diez años hemos vivido unaverdadera corrida para ese tipo de organizaciónque, teóricamente, procura juntar las fuerzas ydar más visibilidad a las cuestiones levantadaspor un conjunto de actores. Si el número de talesarticulaciones puede impresionar, parecetambién relevante su oscuridad ( ellas, a veces,ni son conocidas por sus propios miembros),las pocas informaciones y especificidadesdisponibles sobre sus características y a falta deconocimiento sobre sus actividades. Si, sobre el

1 Forum de la Amazons Oriental, cooperante de Servicio Alemán de Cooperación Técnica y Social (ded) • [email protected] •www.faor.org.br • www.dedbrasil.org.br.

2 Scherer-Warren, Ilse. Cidadania sem fronteiras: ações coletivas na era da globalização. São Paulo: Huitec, 1999, p. 33.

1 Leroy, J.P. Fóruns: renovar e ampliar a participação cidadã reflexão proposta a partir da observação do Fórum de Rondônia. Rio de Janeiro,Fase, 1996.

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papel, es posible diferenciar a los Forums/Redesdeclarados como tal de entidades clasistas orepresentativas (por ejemplo la COIAB,FETAGRI, ABONG4), es mucho máscomplicado sber cuales son las organizacionescolectivas que, de hecho, trabajan en red, y loque eso significa realmente. Eso trae por lomenos dos consecuencias negativas:

1) Las políticas de desarrollo regionalesenfrentan dificultades para identificar a susinterlocutores, lo que dificulta los procesos departicipación de la sociedad civil promovidos porellas.

2) La construcción de una identidadamazonense, consecuencia del conjunto deiniciativas dedicadas a la promoción de laciudadanía en escala regional, se vuelve difícil, yde esa forma cuestiona el objetivo deimplantación de un modelo de desarrollo socio-ambiental, alternativo al modelo predatoriohasta entonces característico en esta región.

El Forum de la Amazonas Oriental es unared mixta, plural y horizontal. Por ser un Forumamplio, con entidades miembros en los cuatroestados de Amazonas Oriental, Amapá, Pará,Maranhão y Tocantins él se somete, por lanaturaleza de su organización, a la realidadpolítica y a la dinámica de sus entidades y desus intereses. El FAOR vivió varias fases quequeremos delinear aquí brevemente, mostrandolas posibilidades y limitaciones de un tipo deorganización que va ganando cada vez másimportancia dentro de un mundo complejo einter-relacionado, dominado por un capitalismocada vez menos industrial y cada vez más“informacional” donde temáticas locales yregionales se asocian necesariamente a lasnacionales e internacionales o globales. Sinembargo, este puente entre el global y el local yla comunicación de un dato creciente deinformación todavía es, para nosotros, un grandereto, pues vivimos en una región donde lapobreza, la falta de oportunidades por una vidamás digna y la violencia(sea privad o pública)hacen aparecer, por ejemplo, cuestiones

ambientales como secundarias o el acceso a lainternet como un privilegio solamente paraalgunos.

Histórico, el camino

El Forum de Amazonas Oriental fuefundado el 20 de junio de 1993 durante la IConferencia de la Sociedad Civil Organizadasobre el Medio Ambiente y Desarrollo: Combateal Hambre y a la Miseria en Amazonas.Estuvieron presentes durante la primeraconferencia del FAOR, en Benevides (Pará), 178participantes de 94 entidades de variadasorígenes(ONGs sociales y ambientales,sindicatos rurales y urbanos, entidades de laIglesia Católica, asociaciones de comunidades,Universidad, movimientos urbanos y rurales,forums, partidos e instituciones del PoderPúblico). En esta ocasión fueron electas ochoentidades para formar la coordinación: laFederación de Órganos para la Asistencia Socialy Educacional –FASE(Programa Amazonas), laSociedad de Preservación de Recursos Naturalesde Amazonas – SOPREN, Instituto UniversidadPopular –UNIPOP, Central Única de lostrabajadores – CUT, Grupo Ecológico del Xingu– – – – – GEX, Centro de Estudios y Defensa del negrode Pará –CEDENPA, Instituto de Divulgaciónpara Amazonas –IDA, Central de MovimientosPopulares – CMP.

La fundación del FAOR se debe,indirectamente, a los desdoblamientos de la IIConferencia de la Organización de las NacionesUnidas sobre el medio Ambiente y Desarrollo,llevada a cabo en Río de Janeiro, en 1992, en lacual la sociedad civil organizada de Brasil logrómanifestarse en la formulación ymonitoramento de políticas públicas. Lafundación de un forum para Amazonas Orientalera la consecuencia también de otrasarticulaciones y eventos, entre los cualescitamos la creación, en 1990, del Forum Brasileñode ONGs y Movimientos Sociales para el MedioAmbiente y el Desarrollo (articulación principalde las ONGs brasileñas durante el Eco 92)y del

4 Coordinación de las Organizaciónes Indígenas de la Región Amazónica, Federación de los Trabajadores Rurales en la Agricultura,Asociación Brasileña de las Organizaciónes Non Governamentales.

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237ObserObserObserObserObservatório da Cidadania - Pvatório da Cidadania - Pvatório da Cidadania - Pvatório da Cidadania - Pvatório da Cidadania - Pará:ará:ará:ará:ará: políticas públicas e controle popular (nº 2) •

cual el FAOR hoy ya es miembro; en 1991, laactual fundación de la Asociación Brasileña deONGs –ABONG; y en 1992, la creación delGrupo de Trabajo Amazonense –GTA.

El FAOR fue concebido como un forum dearticulación para democratizar las políticaspública y de una plataforma estratégica dediscusión sobre desarrollo y sustentabilidad enAmazonas, tanto en la ciudad como en el campo.Institucionalmente, el FAOR está compuestopor importantes y tradicionales entidadespopulares de la región que, desde hace décadasluchan por los derechos sociales, preservaciónambiental y mejoría de calidad de vida de lapoblación. Los mayores responsables por laarticulación del FAOR en la época de sufundación fueron entidades de Belén.

Ante la aprobación del proyecto de apoyoinstitucional al FAOR en 1995, presentado porChristian Aid a la Comunidad Europea, laentidad tuvo una actuación muy tímidareuniéndose muy poco y solamente paraalgunos eventos. En este período el principalmomento fue un Seminario Internacional sobreBiodiversidade. El apoyo institucional de laComunidad Europea le posibilitó al LFAORmantener un escritorio con un equipoprofesional de cuatro personas para concentrarseen algunas lineas de acción como educaciónambiental (prioridad en 1996), Agenda 21 localy de Amazonas en parceria con el GTA(prioridaden 1998), y la discusión sobre la re-estructuración del Consejo Estatal del MedioAmbiente COEMA(prioridad en 1999). Fueposible también mantener con regularidad unapolítica de comunicación intra-institucional através del periódico Faor em Foco. Hoy, la pequeñaestructura administrativa que cuenta con unasecretaría administrativa y, desde 2001, con uncooperante del Servicio Alemán de CooperaciónTécnica y Social (DED) , es mantenida,principalmente, por contribuciones de la FASEy de la UNIPOP.

En 2000, finalmente, salió el primerObserObserObserObserObservatorio de la Ciudadanía Pvatorio de la Ciudadanía Pvatorio de la Ciudadanía Pvatorio de la Ciudadanía Pvatorio de la Ciudadanía Paráaráaráaráará, que diomás visibilidad al proyecto FAOR hasta ahora.El Observatorio de la Ciudadanía es unaexperiencia piloto de controlar a las políticaspúblicas a nivel regional. Para publicación 2000,fueron elaboradas 10 relaciones sectoriales y

temáticas sobre indicadores del desarrollo delEstado de Pará y un estudio de evaluación deldesempeño parlamentar de los deputadosestatales.

Esa iniciativa inédita logró importantesrepercusiones en la prensa, propiciando másvisibilidad a las entidades participantes en eldebate sobre desarrollo.

Cultura de trabajar en red:¿Qué es eso?

El FAOR dio preferencia, a partir de 2001, auna actuación des-centralizada conresponsabilidades colegiadas, valorizando elconcepto de cultura de red, la reflexión sobre lasposibilidades y limitaciones de un proyectocolectivo y el papel de cada uno. . . . . Evaluamos quela participación en un proyecto colectivo setienen garantías de éxito solamente si este haceparte de un plano anual de las entidadesparticipantes, si esa participación trae, ademásde algunas ganancias, también obligaciones aesas entidades, más aún cuando la participaciónocurre dentro de la línea de acción donde laentidad está especializada.

El objetivo del FAOR es interferir enpolíticas públicas en Amazonas Oriental deforma propositiva – principalmente en las áreassociales y ambientales – y capacitar susmiembros para el control de ellas, teniendo envista la construcción de un desarrollodemocrático y sustentable y la defensa de losderechos humanos(civiles y políticos,económicos, sociales, culturales y ambientales).Para alcanzar su objetivo, el FAOR buscafortalecer el concepto y la cultura de trabajaren red. Para consolidar esa cultura esfundamental pensar y ejercer el auto-sustentode la propia red para su continuidad. Esteobjetivo requiere un cambio en la política deorganización y de presupuesto tanto de lasentidades como de sus financiadores, quedeberían honrar explícitamente la participaciónen redes.

Las conferencias del FAOR de 1993 (enBenvevides, con 178 participantes de 94entidades), 1997 (en Belén con 56 participantesde 46 entidades) y 2001 (Imperatriz con 233participantes de 119 entidades) han sido

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conferencias no solamente del propio Forum.Cuentan con un sentido más amplio y con unaparticipación más extensa: Fueron conferenciasde la sociedad civil organizada en el ámbitopopular. El mejor ejemplo de la dinámica des-centralizada que caracteriza la cultura de trabajoen red es exactamente el ObserObserObserObserObservatorio de lavatorio de lavatorio de lavatorio de lavatorio de laCiudadanía de PCiudadanía de PCiudadanía de PCiudadanía de PCiudadanía de Paráaráaráaráará. En este proyecto colectivo,sus participantes empezaron un interesanteproceso de capacitación y análisis de control depolíticas públicas a nivel local y regional sindepender, de antemano, de recursos de terceros.

Estamos convencidos de la importancia dearticulaciones como el FAOR, pues corresponden

a una estrategia de la sociedad civil de fortalecerprocesos colectivos para enfrentar una sociedadcada vez más diferenciada y/o fragmentada y unmedio ambiente cada vez más violentado.

El FAOR quiere ser, cada vez más, un actorcolectivo con condiciones técnicas y políticaspara articular ONGs e movimientos sociales,para ayudar a alterar ese modelo de desarrollodevastador y de exclusión instalado en la regiónamazonense re-direccionándolo para la creaciónde oportunidades que favorezcan laparticipación efectiva y la mejoría de la calidadde vida para todos los pueblos de amazonas conpreservación ambiental.

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STRENGTHENING THE NETWORK: THEEXPERIENCE OF THE FÓRUM DA AMAZÔNIA

ORIENTAL (FAOR)

Jan Rogge1

1 Fórum da Amazônia Oriental (Eastern Amazon Forum), cooperation partner of the Technical and Social Cooperation Service(DED) – [email protected]; www.faor.org.br; www.dedbrasil.org.br.

2 Scherer-Warren, Ilse. Cidadania sem fronteiras: ações coletivas na era da globalização. São Paulo: Hucitec, 1999, p. 33.

3 Leroy, J.P. Fóruns: renovar e ampliar a participação cidadã reflexão proposta a partir da observação do Fórum de Rondônia. Rio de Janeiro:Fase, 1996.

Today’s NGOs, base groups, unions, socialmovements, and all entities speaking in thename of the “organized civil society” recognizethe importance of their participation innetworks, forums, or any other form ofarticulation. Consequently, in Amazonia onecan find networks and forums for any taste:ABONG North Region, Child and AdolescentRights Defense Forum, Eastern AmazonianForum, Carajás Forum, Pará AmazonianWomen’s Forum, Forum Against Violence andImpunity, Amazonian Working Group,Eastern Amazon Network, Brazil/Pará CenterNetwork, Permanent Forum for Debates onthe Amazonia, Coalition for the AmazonianPeoples and their Environment, and manyothers.

Complex organizations such as networksand forums are new forms of relation andorganization targeting at a new conception ofpolitical action. Networks, as an organizationaland interactive form, correspond to a newdemocracy utopia: relations reinforcingsolidarity, more horizontal and open todiversity, pluralism, and complementarity,according to a newly born transnationalpolicy.2 This new concept of political citizenaction has lots of names and types: Thematicnetworks; NGOs and social movementforums; NGOs associations, which are similarto forums, with a higher level ofinstitutionalization; information andexamination networks; experience interfaces...One may notice that all the contributing

organizations for the publication of theCitizenship WCitizenship WCitizenship WCitizenship WCitizenship Watchatchatchatchatch are members of one ormore regional or national network, thuscreating and building up a true web of relationsand information exchange.

In general, networks are organizationsenjoying a lower degree of institutionalization,working on a more pragmatic and temporaryframework. Their links are their multiplemembers and, among them, the NGOs. Themultiplying factor of a collective project isshared for obtaining resources, politicalpressure and action, increasing the impact andcredibility of eventual denunciations, etc.

“In general, individual work is consideredprivate and, except for the required evaluationseventually submitted by the entities, this work isnot submitted for a collective appraisal. The workin the forums is seen as an assumption of culturalchange on the part of the NGOs and popularorganizations, and is recognized as a joint searchfor solutions.”3

During the past ten years, we have seen atrue rush for the formation of this type oforganization, which, theoretically, is designedto gather forces and disseminate issues thatinterest a group of actors. If in one hand thenumber of such articulations is impressive, onthe other hand their obscurity also seemsrelevant (sometimes, they are not even knownby their own members), as well as the lack ofinformation and qualification about theircharacteristics, and lack of knowledge on their

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activities. If it is possible – at least on the paper– to differentiate Forums/Networks as suchfrom class representatives (such as Coiab,FETAGRI, or even ABONG4), it is much morecomplicated to know which collectiveorganizations really network and what doesthis really mean. This has, at least, twonegative consequences:

1) Regional development policies find itdifficult to identify their discussion partners,making it difficult to start civil societyparticipation processes.

2) It is difficult to construct theAmazonian identity – a consequence of theinitiatives promoting citizenship at a regionallevel – challenging the objectives of theimplementation of a social and environmentaldevelopment model as an alternative to thepredatory model imposed until then.

The Eastern Amazonian Forum is amultiple, plural, and horizontal network. It isa broad Forum, with members in the fourstates of the Eastern Amazon: Amapá, Pará,Maranhão, and Tocantins, and by the natureof its organization, it is submitted to thepolitical context and dynamics of itsparticipating organizations and their interests.FAOR has gone through several phases, whichwe would like to briefly describe, showing thepossibilities and limitations of a type oforganization which is becoming more andmore important in a complex and interrelatedworld, dominated by a less industrial and moreinformational capitalism, where local andregional themes are necessarily associated withnational, international and global ones.However, the bridge between global and local,as well as the increased exchange ofinformation still is – for us – a big challenge,since we live in a region where poverty, lack ofopportunity to live a more decent life, andviolence (both private and public) makeenvironmental issues or grant internet access,for instance, only to a few people look lessimportant.

The history, the path

The Eastern Amazonian Forum wascreated on June 20, 1993, during the 1st

Organized Civil Society Conference onEnvironment and Development: FightingHunger and Poverty in Amazonia. DuringFAOR’s first conference, in Benevides (Pará),178 persons from 94 organizations (social andenvironmental NGOs, rural and urban unions,Catholic Church representatives, communityassociations, universities, rural and urbanmovements, forums, political parties, andpublic administration institutions) werepresent. At that time, eight entities werechosen to form the coordination team:Federation of Organizations for SocialAssistance and Education – FASE (AmazoniaProgram), Society for the Preservation ofAmazonian Natural Resources – SOPREN;Popular University Institute – UNIPOP;Unified Workers Center – CUT; EcologicalGroup from Xingu – GEX; Center for theStudy and Defense of the Negroes from Pará –CEDENPA; Amazonia DisseminationInstitute – IDA; Center of Popular Movements– CMP.

FAOR’s creation is an indirect result ofthe 2nd United Nations Conference onEnvironment and Development, in Rio deJaneiro, 1992, where the Brazilian organizedcivil society was able to be heard in the creationand monitoring of public policies. Thebeginning of a Forum for the EasternAmazonia was a consequence of otherarticulations and events, such as the creationof the Brazilian Forum of NGOs and SocialMovements for the Environment andDevelopment, in 1990 (key articulator duringthe Earth Summit 92), from which FAOR is amember; the creation of the BrazilianAssociation of NGOs – ABONG, in 1991; andthe creation of the Amazonian Working Group– GTA, in 1992.

FAOR was conceived as an articulationforum for democratization of public policies

4 Coordination of the Indian Organizations of the Amazon Region, Agriculture Workers Federation, Brazilian Association of Non-Governmental Organizations.

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and a strategic platform for discussingdevelopment and sustainability in Amazonia,both in rural and urban areas. As an institution,FAOR comprises important and traditionallypopular organizations in the region, whichhave been fighting for decades to enhancesocial rights, environmental preservation, andupgrading life quality for the population. Thekey actors behind FAOR’s articulations at thetime of its creation were organizations fromBelém.

Before the approval of the institutionalproject, presented to the EuropeanCommunity by Christian Aid, in 1995, FAORhad a very shy performance, meeting not veryoften and only during other events. At thattime, a key moment was the InternationalSeminary on Biodiversity. The institutionalsupport from the European Communityallowed FAOR to have an office with fourprofessionals working on some action lines,such as environmental education (priority in1996), Local and Amazonian Agenda 21together with GTA (priority in 1998), and thediscussion on the restructuring process for theState Council for the Environment – COEMA(priority in 1999). It was also possible tomaintain a regular intra-institutionalcommunication policy, through the bi-monthly paper Meio and the weeklynewsletter Faor em Foco. Today, the smalladministrative structure has one secretary,and, since 2001, a cooperation partner fromthe Technical and Social Cooperation Service(DED) and is maintained mainly throughcontributions from FASE and UNIPOP.

Finally, in 2000, the first issue of theObserObserObserObserObservatório da Cidadania do Pvatório da Cidadania do Pvatório da Cidadania do Pvatório da Cidadania do Pvatório da Cidadania do Paráaráaráaráará (Para’sCitizenship Watch) was published and putFAOR under the public eyes. The CitizenshipWatch is a pilot experience in monitoringpublic policies at a regional level. For apublication, 10 sector/thematic reports werepresented about development indicators forthe State of Pará along with a study on theHouse of Deputies performance of local statedeputies. This pioneer initiative enjoyed awide press coverage, resulting in morevisibility for the participant organizationsduring the debates on development.

Networking culture: What is this?

From 2001 on, FAOR gave priority to adecentral ized action with col legiateresponsibilities, enhancing the networkingculture concept, analyzing possibilities andlimitations of a collective project and the roleof each member. Participation in a collectiveproject will be successful only if suchcollective project is included in the annualplanning of the participant members, if theparticipation brings not only benefits, butalso obligations for the organizations, and ifthe participation takes place according to thelines of action in which each organization hasits expertise.

FAOR’s objectives are intervention on thepublic policies of Amazonia through proposals– particularly in social and environmental areas– building its members’ capacity formonitoring such policies, aiming at theconstruction of a democratic and sustainabledevelopment, and defense of human rights(civil, political, economic, social, cultural andenvironmental rights). In order to attain suchobjectives, FAOR tries to reinforce the conceptand the culture of networking. This culturewill be consolidated by thinking about andexercising the self-sustainability of thenetwork. This requires a change in theorganizational policy and budget practices ofthe member organizations and financialpartners, by honoring, in particular, thenetwork participation.

The FAOR conferences in1993 (inBenevides, with 178 attendants from 94organizations), in 1997 (in Belém, with 56attendants from 46 organizations), and in 2001(in Imperatriz, with 233 attendants from 119organizations) were not only the Forum’sconferences. They had a wider range: theywere conferences of the organized civil societyin the popular field. The best example of thenetworking culture is the ObserObserObserObserObservatório davatório davatório davatório davatório daCidadania do PCidadania do PCidadania do PCidadania do PCidadania do Paráaráaráaráará (Para’s CitizenshipWatch). The participants of this collectiveproject have initiated an interesting process ofcapacity building and monitoring analyses ofpublic policies at local and regional level,without depending on external funding.

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We are convinced of the importance ofarticulations such as FAOR, as they representcivil society’s strategy to reinforce collectiveprocesses to face a growing fragmentationand/or discrimination of the society in a moreand more depleted environment. FAORwants to be a collective actor, with politicaland technical expertise, articulating NGOs

and social movements in order to help andchange the devastating and segregativedevelopment model currently being used inthe Amazon region, redirecting it towardsthe creation of opportunities for effectiveparticipation and better life quality for all theAmazonian peoples, with environmentalpreservation.

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AEBAAEBAAEBAAEBAAEBAAssociação dos Empregados do BASAAssociação dos Empregados do BASAAssociação dos Empregados do BASAAssociação dos Empregados do BASAAssociação dos Empregados do BASA

A AEBA é uma entidade que congrega o pessoal da ativado Banco da Amazônia (BASA), com duas finalidadesprincipais: a busca do desenvolvimento regional de acordocom a metodologia DESCA; e a defesa de fortalecimentodo BASA e de seus empregados.www.aeba.org.br

BANCO DO POVOBANCO DO POVOBANCO DO POVOBANCO DO POVOBANCO DO POVO

O Banco do Povo de Belém é a única experiência no Brasilque, além de apoiar a economia popular, incentivaempreendedores/as iniciantes e em situação de risco social,além de jovens em busca do primeiro emprego. De final de1998 até 2002, o Banco do Povo emprestou R$ 11 milhões,beneficiando 6,5 mil empreendimentos, gerando e/oumantendo 70 mil empregos diretos e indiretos. Em 2001,recebeu o prêmio Gestão Pública e Cidadania promovidopela Fundação Getúlio Vargas e a Fundação FORD, com oapoio do [email protected]

CEDECA/EMAÚSCEDECA/EMAÚSCEDECA/EMAÚSCEDECA/EMAÚSCEDECA/EMAÚSCentro de Defesa da Criança e do AdolescenteCentro de Defesa da Criança e do AdolescenteCentro de Defesa da Criança e do AdolescenteCentro de Defesa da Criança e do AdolescenteCentro de Defesa da Criança e do Adolescente

O Movimento República de Emaús é uma organizaçãonão-governamental, sem fins lucrativos, que atua napromoção e defesa dos direitos das crianças e adolescentesem Belém do Pará há mais de trinta anos. Busca melhorescondições de vida para crianças e adolescentes em situaçãode risco social; além de sensibilizar a sociedade para a auto-gestão de direitos e participação política nos movimentosorganizados; estimular a formação de uma juventudecidadã; produzir estudos e pesquisas na área infanto-juvenile intervir juridicamente em situações de violação dedireitos. O Centro de Defesa da Criança e do AdolescenteEmaús (CEDECA/EMAÚS) foi o primeiro centro de defesacriado no Brasil como resposta jurídica e social às violaçõesdos direitos da criança e do adolescente.www.emauscrianca.org.br

CEDENPACEDENPACEDENPACEDENPACEDENPACentro de Estudos e Defesa do Negro do PCentro de Estudos e Defesa do Negro do PCentro de Estudos e Defesa do Negro do PCentro de Estudos e Defesa do Negro do PCentro de Estudos e Defesa do Negro do Paráaráaráaráará

Fundada em 1980, o CEDENPA é uma entidade sem finslucrativos, que tem como principal objetivo estimular aauto-valorização do povo negro. Atua de forma articuladacom instituições religiosas, ONGs e demais movimentossociais comprometidos com a luta pela conquista e garantiados direitos humanos e com a efetivação da justiça socialpara negros e não [email protected]

CEPEPOCEPEPOCEPEPOCEPEPOCEPEPOCentro de Estudos e PCentro de Estudos e PCentro de Estudos e PCentro de Estudos e PCentro de Estudos e Práticas de Educação Práticas de Educação Práticas de Educação Práticas de Educação Práticas de Educação Popularopularopularopularopular

O CEPEPO iniciou suas atividades em 1978, quando umgrupo de pessoas se juntou em caráter voluntário paraatuar na área de Educação Popular. Os trabalhosdesenvolvidos pelo CEPEPO em sua maioria se deram naperiferia urbana de Belém, muito voltados às idéias de PauloFreire. O CEPEPO contribuiu na criação da Comissão dosBairros de Belém (CBB), entidade federativa que luta emfavor dos interesses da maioria da população marginalizadade Belém. Atualmente, a entidade obtém ajudainternacional por intermédio de três agências européiasvinculadas à Igreja Católica e duas vinculadas às chamadasáreas ecumênicas, que hoje são responsáveis por 90% desua sustentação financeira.

CIMICIMICIMICIMICIMIConselho Indigenista MissionárioConselho Indigenista MissionárioConselho Indigenista MissionárioConselho Indigenista MissionárioConselho Indigenista Missionário

Ao longo dos seus 30 anos de vida, o CIMI, entidade ligadaà Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),sempre esteve ao lado dos Povos Indígenas na luta peloreconhecimento e concretização dos seus direitosconstitucionais: o direito, à vida, à terra, à saúde, àeducação, à cultura, entre outros. O CIMI Norte II temsede em Belém - [email protected]

COMITÊ DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELCOMITÊ DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELCOMITÊ DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELCOMITÊ DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELCOMITÊ DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELDE PORDE PORDE PORDE PORDE PORTO DE MOZTO DE MOZTO DE MOZTO DE MOZTO DE MOZ

Em 1995, nasceu o movimento de resistência da cidade,criando o comitê com quatro entidades: Sindicato dosTrabalhadores Rurais de Porto de Moz, Associação dosPescadores Artesanais, Associação das Mulheres Campo-Cidade e Colônia de Pescadores de Porto de Moz. Nosprimeiros anos o Comitê, além de se preocupar com ouso sustentável dos recursos naturais, ajudou naorganização das comunidades rurais (hoje são 10organizações, representando 2.400 associados) e nacriação da Rádio Comunitária de Porto de Moz.

CUTCUTCUTCUTCUTCentral Única dos TCentral Única dos TCentral Única dos TCentral Única dos TCentral Única dos Trabalhadorrabalhadorrabalhadorrabalhadorrabalhadoreseseseses

O final da década 70 e o início dos anos 80, no Brasil, forammarcados por um amplo processo de reorganização dasociedade civil. Após anos de ditadura militar, diversossetores sociais passaram a expressar publicamente suaindignação. A fundação da Central Única dos Trabalhadores– CUT, em 1983, foi fruto desse amplo movimento dequestionamento ao autoritarismo e de luta pela democraciae pela cidadania. Vale lembrar que a legalização da entidade

entidades que compõem o observatório

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só foi possível a partir da promulgação da Constituição de1988. No Pará, a CUT existe desde 1984. Seu primeiropresidente foi o trabalhador gráfico Paulo Roberto Galvãoda Rocha, atual deputado federal pelo Partido dosTrabalhadores (PT)[email protected]

DIEESEDIEESEDIEESEDIEESEDIEESEDepartamento Intersindical de Estatística e EstudosDepartamento Intersindical de Estatística e EstudosDepartamento Intersindical de Estatística e EstudosDepartamento Intersindical de Estatística e EstudosDepartamento Intersindical de Estatística e EstudosSócio-EconômicosSócio-EconômicosSócio-EconômicosSócio-EconômicosSócio-Econômicos

A idéia do DIEESE surgiu a partir da mobilidade dostrabalhadores, no ano de 1953, quando vários sindicatos– Metarlúrgicos, Têxteis, Gráficos, Vidreiros, Marceneirose Bancários – criaram o Pacto de Unidade Sindical, apósrealizarem greves contra a carestia. Assim, em 1955nasceu o DIEESE. Até então, só existia o índice oficialpara servir de parâmetro nas negociações salariais. ODIEESE possui escritórios regionais em quatorze estadosdo país, além da sede nacional em São Paulo, onde trabalhaa maior parte de seus 180 funcionários. No Pará, estápresente desde 1985. Cada Escritório Regional é dirigidopelo movimento sindical local, sendo os diretores eleitosem assembléias anuais, quando todos os sócios sãochamados a [email protected]

FASEFASEFASEFASEFASEFederação de Órgãos para Assistência Social e EducacionalFederação de Órgãos para Assistência Social e EducacionalFederação de Órgãos para Assistência Social e EducacionalFederação de Órgãos para Assistência Social e EducacionalFederação de Órgãos para Assistência Social e Educacional

A FASE é uma das primeiras ONGs do Brasil. Foi fundadana década de 60, em pleno regime militar. Tem sede no Riode Janeiro e escritórios em outros sete estados brasileiros.Seu trabalho de formação de lideranças e organização demovimentos sociais é bastante conhecido no âmbito doterceiro setor. Na Amazônia, está presente há três décadas,desenvolvendo ações políticas, educativas e organizativasjunto aos movimentos sociais rurais e urbanos locais efavorecendo o desenvolvimento sustentável edemocrático da região. É uma das entidades que sedestacam na base do FAOR.www.fase.org.br • [email protected]

GEMPACGEMPACGEMPACGEMPACGEMPACGrupo das MulherGrupo das MulherGrupo das MulherGrupo das MulherGrupo das Mulheres Pes Pes Pes Pes Prostitutas do Estado do Prostitutas do Estado do Prostitutas do Estado do Prostitutas do Estado do Prostitutas do Estado do Paráaráaráaráará

O GEMPAC promove, desde 1987, a auto-organizaçãodas Prostitutas no Pará e está baseado nos princípiosdemocráticos e de igualdade entre mulheres e homens,lutando para garantir respeito, reconhecimento e acessoaos mecanismos de cidadania às prostitutas. O grupodesenvolve suas ações através de quatro linhas básicas:Organização Política das Prostitutas, Saúde Preventiva,Combate ao Trabalho Infantil e Geração de Renda. Paratal conta com convênios e projetos junto ao Ministério daSaúde, ICCO e Prefeitura de Belé[email protected]

IPAMIPAMIPAMIPAMIPAMInstituto de PInstituto de PInstituto de PInstituto de PInstituto de Pesquisa Ambiental da Amazôniaesquisa Ambiental da Amazôniaesquisa Ambiental da Amazôniaesquisa Ambiental da Amazôniaesquisa Ambiental da Amazônia

O IPAM é uma entidade não governamental sem finslucrativos, criada em maio de 1995. O Instituto unepesquisadores e educadores que compartilham docompromisso de gerar informações científicas e formarrecursos humanos que sirvam de base para um futuroambientalmente mais saudável e socialmente mais justopara a Amazônia.www.ipam.org.br

MOPROMMOPROMMOPROMMOPROMMOPROMMovimento de Promoção da MulherMovimento de Promoção da MulherMovimento de Promoção da MulherMovimento de Promoção da MulherMovimento de Promoção da Mulher

O Movimento de Promoção da Mulher (MOPROM)foi fundado em 1967, inicialmente ligado à igrejacatólica, e tinha o objetivo de atender mulheres emsituação de prostituição. Posteriormente o trabalhotomou uma abrangência maior, incluindo tambémoutras mulheres em situação de risco social. Hoje, oMOPROM conta com duas creches, real izaanualmente o Seminário INTERINTERINTERINTERINTERTECTECTECTECTEC- IntercâmbioTécnico Cultural para a atualização da mulher e temvários outros projetos voltados para mulheres,adolescentes e crianç[email protected]

MDTXMDTXMDTXMDTXMDTXMovimento pelo Desenvolvimento daMovimento pelo Desenvolvimento daMovimento pelo Desenvolvimento daMovimento pelo Desenvolvimento daMovimento pelo Desenvolvimento daTTTTTransamazônica e Xinguransamazônica e Xinguransamazônica e Xinguransamazônica e Xinguransamazônica e Xingu

O Movimento pelo Desenvolvimento daTransamazônica e Xingu (MDTX) ou Fundação Viver,Produzir e Preservar é uma ONG fundada em 1991que conta com 113 entidades de 14 municípios daregião da Transamazônica, Xingu e Santarém-Cuiabá.Atua na condução, discussão e implementação de umprojeto de desenvolvimento sustentável paraconsolidação da produção familiar e contenção dodesmatamento, além de lutar contra a implantação degrandes projetos como a Hidrelétrica de Belo Monte eentrada da soja na regiã[email protected]

NAEANAEANAEANAEANAEANúcleo de Altos Estudos AmazônicosNúcleo de Altos Estudos AmazônicosNúcleo de Altos Estudos AmazônicosNúcleo de Altos Estudos AmazônicosNúcleo de Altos Estudos Amazônicos

O Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) é umNúcleo de integração da Universidade Federal do Pará,fundado em 1973. Objetiva formar pesquisadores edocentes para as instituições de ensino de nívelsuperior e de pesquisa na região amazônica. Tem umarica experiência em pós-graduação interdisciplinar,contando com cursos de especialização, mestrado edoutorado.www.naea.ufpa.br

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245ObserObserObserObserObservatório da Cidadania - Pvatório da Cidadania - Pvatório da Cidadania - Pvatório da Cidadania - Pvatório da Cidadania - Pará:ará:ará:ará:ará: políticas públicas e controle popular (nº 2) •

IBASEIBASEIBASEIBASEIBASEInstituto Brasileiro de Análises Sociais e EconômicasInstituto Brasileiro de Análises Sociais e EconômicasInstituto Brasileiro de Análises Sociais e EconômicasInstituto Brasileiro de Análises Sociais e EconômicasInstituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas

O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicos écoordenador do Grupo de Referência do Observatório daCidadania no Brasil, sendo uma entidade pública a serviçoda cidadania e da democracia. Participa e apóia iniciativasque tenham com escopo a defesa e a promoção dos direitoshumanos, da justiça e do bem-estar social. Desde o ano2000, o Ibase faz parte do Comitê Organizador do FórumSocial Mundial.www.ibase.br

INESCINESCINESCINESCINESCInstituto de Estudos SocioeconômicosInstituto de Estudos SocioeconômicosInstituto de Estudos SocioeconômicosInstituto de Estudos SocioeconômicosInstituto de Estudos Socioeconômicos

Criado em 1979, o Instituto de Estudos Socioeconômicos(INESC) é um ator político que atua como intermediárioentre o Congresso e a sociedade civil organizada, com oobjetivo de contribuir para a construção da democracia.Desenvolve ações relativas à aprovação de leis, peloCongresso Nacional, que concedam base legal às

Grupo de Referência no Brasil

políticas públicas. O INESC atua, principalmente, noacompanhamento e interlocução das seguintes temáticas:Criança e Adolescente, Agrária e Agrícola, Índio e MeioAmbiente, Gastos Públicos, Política Internacional.www.inesc.org.br

PBSDPBSDPBSDPBSDPBSDProjeto Brasil Sustentável e DemocráticoProjeto Brasil Sustentável e DemocráticoProjeto Brasil Sustentável e DemocráticoProjeto Brasil Sustentável e DemocráticoProjeto Brasil Sustentável e Democrático

O Projeto Brasil Sustentável e Democrático, que tem opatrocínio institucional do Fórum Brasileiro de ONGs eMovimentos Sociais para o Meio Ambiente e oDesenvolvimento, representa o esforço compartilhado deum grupo de cinco organizações não-governamentais edois centros universitários que formam a sua coordenaçãoinstitucional. A gestão do Projeto está a cargo da FASE.Brasil Sustentável e Democrático tem parceria daFundação Heinrich Böll e da Fundação Ford, participandotambém de articulações internacionais de discussão queincluem a rede européia dos “Amigos da Terra” e o InstitutoWuppertal da Alemanha.brasilsustentavel.fase.org.br

SDDHSDDHSDDHSDDHSDDHSociedade PSociedade PSociedade PSociedade PSociedade Paraense de Defesa dos Diraraense de Defesa dos Diraraense de Defesa dos Diraraense de Defesa dos Diraraense de Defesa dos Direitos Humanoseitos Humanoseitos Humanoseitos Humanoseitos Humanos

A Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanossurgiu em 1977, ainda no contexto da Ditadura Militar.Na época, tinha como objetivos a defesa dos atingidos porviolência e das vítimas de violação de direitos humanos. Àmedida em que a conjuntura política do país foi-semodificando, a SDDH também ampliou seus objetivos,que hoje são basicamente três: (a) garantir a participaçãoda sociedade civil nas políticas públicas, (b) garantir a defesados direitos humanos em casos de violação ou iminênciade violação e (c) participar na formação da cultura dosdireitos [email protected]

UNIPOPUNIPOPUNIPOPUNIPOPUNIPOPInstituto Universidade PInstituto Universidade PInstituto Universidade PInstituto Universidade PInstituto Universidade Popularopularopularopularopular

O Unipop é uma ONG de educação popular, de utilidadepública estadual, fundada em 1987 por 15 entidades dosmovimentos sociais populares e igrejas. Tem como missãoinstitucional o fortalecimento da identidade político-sociale cultural de grupos jovens, movimentos sociais,organizações populares e igrejas atuantes na Amazônia,através de processos formativos, orientados porestratégicas políticas, democrático-populares e ecumênicasque fortalecem a cultura de mobilização, organização eparticipação cidadã[email protected]

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Assossiação Brasileira dasOrganizações Não-GovernamentaisAto das Disposições ConstitucionaisTransitóriasAssociação dos Empregados do BASAAssossiação das IndústriasExportadoras de Madeira do Estadodo ParáPesquisa de Assistência Médico-SanitáriaAgência Nacional de Energia ElétricaPrograma Áreas Protegidas daAmazôniaBanco do Estado do ParáBanco da AmazôniaBanco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e SocialCadastro Geral de Empregados eDesempregadosConta de Compensação deCombustíveisCentro de Referência, Estudos e Açõessobre Crianças e AdolescentesCentro de Defesa da Criança e doAdolescenteCentro de Estudos e Defesa do Negrodo ParáCaixa Econômica FederalCentrais Elétricas do ParáCentro de Estudos e Práticas deEducação PopularConselho Estadual de SaúdeConselho Indigenista MissionárioConsolidação as Leis do TrabalhoComissão Mundial sobre MeioAmbiente e DesenvolvimentoCentral de Movimentos PopularesCentro Nacional de DesenvolvimentoSustentado das PopulaçõesTradicionaisCompanhia de Desenvolvimento eAdministração da Área Metropolitanade BelémCompanhia de Habitação do ParáCompanhia de Saneamento do ParáConselho de Secretários Municipais deSaúdeComissão Parlamentar de InquéritoComissão Pastoral da TerraCentro Regional de Atenção aos MausTratos na InfânciaCentro de Tratamento IntensivoComunidades Urbanas paraRecuperação AceleradaCentral Única dos Trabalhadores

Divisão de Atendimento aoAdolescenteDelegacia de Crimes Contra aIntegridade da MulherServiço Alemão de CooperaçãoTécnica e SocialDireitos Econômicos, Sociais eCulturaisDepartamento Intersindical deEstatística e Estudos Sócio-EconômicosDepartamento Municipal de Água eEsgotoDepartamento Nacional de Obras eSaneamentoDoenças Sexualmente TransmissíveisEstatuto da Criança e do AdolescenteEstudo de Impacto Ambiental -Relatório de Impacto AmbientalEmpresa de Assistência Técnica eExtensão RuralFederação de Órgãos para AssistênciaSocial e EducacionalFundo de DesenvolvimentoEconômico do EstadoFederação dos Trabalhadores naAgriculturaFundo Monetário InternacionalFundo Constitucional de Financiamentodo NorteFundação Cultural do Município deBelémFundação Nacional do ÍndioCentro de Referência em EducaçãoAmbiental – Escola Bosque ProfessorEidorfe MoreiraFundação Parques e Áreas Verdes deBelémFundação Viver, Produzir e PreservarGrupo Ecológico do XinguGrupo de Mulheres Prostitutas doEstado do ParáGrupo de Trabalho AmazônicoInstituto Nacional do Meio Abiente edos Recursos Naturais RenováveisInstituto Brasileiro de Análises Sociaise EconômicasInstituto de Divulgação para AmazôniaInstituto Médico LegalInstituto Nacional de Colonização eReforma AgráriaInstituto de Estudos SocioeconômicosInstituto de Pesquisa Ambiental daAmazôniaInstituto de Terras do ParáLaboratório de Estudos da Criança

ABONG

ADCT

AEBAAIMEX

AMS

ANEELARPA

BANPARÁBASA

BNDES

CAGED

CCC

CECRIA

CEDECA

CEDENPA

CEFCELPA

CEPEPO

CESCIMICLT

CMMAD

CMPCNPT

CODEM

COHABCOSANPA

COSEMS

CPICPT

CRAMI

CTICURA

CUT

DATA

DCCIM

DED

DESC

DIEESE

DMAE

DNOS

DSTECA

EIA-RIMA

EMATER

FASE

FDE

FETAGRI

FMIFNO

FUMBEL

FUNAIFUNBOSQUE

FUNVERDE

FVPPGEX

GEMPAC

GTAIBAMA

IBASE

IDAIML

INCRA

INESCIPAM

ITERPALACRI

glossário de siglas

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MDTX

MMAMNDH

MOPROMMP

NAEAOEAOIT

OMSONGONU

PABPBSD

PEAPEDPIB

PIDESC

PLPLANASA

PMBPMSS

PRODEEM

PROGER

PRONAFPSDBPNSB

PTRENCOR

Movimento pelo Desenvolvimento daTransamazônica e do XinguMinistério do Meio AmbienteMovimento Nacional de Defesa dosDireitos HumanosMovimento de Promoção da MulherMinistério PúblicoNúcleo de Altos Estudos AmazônicosOrganização dos Estados AmericanosOrganização Internacional do TrabalhoOrganização Mundial de SaúdeOrganização Não-GovernamentalOrganização das Nações UnidasPiso de Atenção BásicaProjeto Brasil Sustentável e DemocráticoPopulação Economicamente AtivaPesquisa de Emprego e DesempregoProduto Interno BrutoPacto Internacional de DireitosEconômicos, Sociais e CulturaisPartido LiberalPlano Nacional de SaneamentoPrefeitura Municipal de BelémPrograma de Modernização do SetorSaneamentoPrograma de DesenvolvimentoEnergético de Estados e MunicípiosPrograma de Geração de Emprego eRendaPrograma Nacional de Agricultura FamiliarPartido Social Democrata BrasileiroPesquisa Nacional de SaneamentoBásicoPartido dos TrabalhadoresReserva Nacional de Compensação deRemuneração

Reservas ExtrativistasRegião Metropolitana de BelémServiço Autônomo de Água e Esgotode BelémSecretaria de Assistência à Saúde doMinistério da SaúdeSecretaria de Coordenação daAmazôniaSociedade Paraense de Defesa dosDireitos HumanosSecretaria Estadual de Ciência,Tecnologia e Meio AmbienteSecretaria Estadual da FazendaSecretaria Municipal de CoordenaçãoGeral e Planejamento e GestãoSecretaria Estadual de SegurançaPúblicaSecretaria Municipal de HabitaçãoSecretaria Municipal de AgriculturaSecretaria Municipal de EducaçãoSecretaria Municipal de SaneamentoSecretaria Estadual do de Saúde ParáSecretaria Municipal de UrbanismoSistema de Informação do PotencialHidrelétricoSistema Nacional de Informaçõessobre SaneamentoSociedade de Preservação dosRecursos Naturais da AmazôniaSuperintendência para oDesenvolvimento da AmazôniaSistema Único de SaúdeUsina HidrelétricaInstituto Universidade PopularUnidade de Tratamento IntensivoZonas Especiais de Interesse Social

RESEXRMB

SAAEB

SAS/MS

SCA

SDDH

SECTAM

SEFASEGEP

SEGUP

SEHABSEMAGRI

SEMECSESANSESPA

SEURBSIPOT

SNIS

SOPREN

SUDAM

SUSUHE

UNIPOPUTI

ZEIS

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249ObserObserObserObserObservatório da Cidadania - Pvatório da Cidadania - Pvatório da Cidadania - Pvatório da Cidadania - Pvatório da Cidadania - Pará:ará:ará:ará:ará: políticas públicas e controle popular (nº 2) •

c o m u n i c a ç ã oKarina Ninni & Andréa Pinheiro