tcc estoque de carbono do solo sob Àreas de florestas nativas queimadas em 2010 v4

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EDIU CARLOS DA SILVA JUNIOR ESTOQUE DE CARBONO E NUTRIENTES DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010, NO ACRE. RIO BRANCO - AC 2013

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Page 1: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

EDIU CARLOS DA SILVA JUNIOR

ESTOQUE DE CARBONO E NUTRIENTES DO SOLO SOB ÀREAS DE

FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010, NO ACRE.

RIO BRANCO - AC

2013

Page 2: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

EDIU CARLOS DA SILVA JUNIOR

ESTOQUE DE CARBONO E NUTRIENTES DO SOLO SOB ÀREAS DE

FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010, NO ACRE.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Agronômica, Centro de Ciências Biológicas e da Natureza, Universidade Federal do Acre como parte das exigências para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Agronômica.

Orientador: M.Sc. Antônio Willian Flores de Melo

RIO BRANCO - AC

2013

Page 3: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

3

Dedico

A Deus, autor e consumador da minha fé

Ao meu pai Ediu Carlos da Silva

A minha mãe Maria da Conceição Paulino de Sousa Silva.

Ao meu irmão Eider Carlos Paulino Silva.

Ao meu irmão Javã Sousa Costa.

A minha irmã Anne Maria Paulino de Sousa Silva

A minha irmã Jane Maria Paulino de Sousa Silva

Aos meus professores, orientadores e todos aqueles que contribuíram de alguma

maneira para minha formação acadêmica profissional, exemplos e lições de vida.

Page 4: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

4

AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal do Acre e a Coordenação do Curso de

Engenharia Agronômica pela atenção e dedicação durante todo o curso, Juntamente

com o Secretário Alan e o nosso amigo Zé Alves que sempre estavam dispostos a

resolver os “pepinos” na coordenação em quaisquer circunstâncias.

Ao meu Orientador e Professor Antônio Willian Flores de Melo, pela

oportunidade da Bolsa PIBIC no Laboratório de Solos da Universidade, pela

paciência, amizade e ensinamentos.

A Dr. Aureny Maria Pereira Lunz pelo exemplo de vida, estágio e

oportunidade na Embrapa, pelos ensinamentos e amizade.

Ao Professor Dr. José Ribamar Torres da Silva pela Bolsa no PET-

Agronomia, onde foi meu primeiro estágio, logo que comecei agronomia, agradeço

pela amizade, brincadeiras e lições de vida, me ensinando acima de tudo a ser um

profissional ético de respeito, e muita dedicação em nossas metas.

Aos amigos estagiários e bolsistas do laboratório de solos: Marcelo,

Elaine, Angelita e Edmilson os quais pude compartilhar duvidas, experiências e a

amizade.

Ao funcionário do Laboratório de solos Luiz Paiva pela ajuda nas análises

químicas do trabalho de pesquisa.

Aos colegas de curso, Josiane, Shyrlene, Thalles, Jonatas, Mariana,

Rayany, Julho, Nathália, Romário, Anderson, Rosália, Jessé, Adenhauer,

Shumacher, Maycon, Suely, Willian, Brunna, Aldenice, Suelen e todos os outros que

se fizeram presentes nos momentos bons e ruins desta caminhada, compartilhando

tudo.

Aos amigos, Lucas Lopes e Jussandro Kochemborger, pela amizade,

apoio, companheirismo, conselhos, brincadeiras e piadas de cada dia, e

principalmente a convivência e por sempre estarem dispostos a ajudar.

Page 5: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

5

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Estoque de Carbono do solo sob floresta queimada e floresta

sem queima................................................................................................................24

GRÁFICO 2 – Densidade dos solos sob floresta queimada e floresta sem queima..26

GRÁFICO 3 – pH do solo sob floresta queimada e floresta sem queima..................27

GRÁFICO 4 – Saturação por Bases do solo sob floresta queimada e floresta

sem queima...............................................................................................................28

GRÁFICO 5 – Estoque de Ca do solo sob floresta queimada e

floresta sem queima...................................................................................................29

GRÁFICO 6 – Estoque de Mg do solo sob de floresta queimada e floresta

sem queima................................................................................................................29

GRÁFICO 7 – Estoque de K do solo sob floresta queimada e floresta

sem queima................................................................................................................30

GRÁFICO 8 – Estoque de P do solo sob floresta queimada e floresta sem queima.30

GRÁFICO 9 – Saturação por Alumínio do solo sob floresta queimada e

floresta sem queima...................................................................................................31

Page 6: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

6

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Ciclo global do Carbono com estoques nos diferentes compartimentos

da Terra e fluxos de carbono ....................................................................................17

FIGURA 2 – Principais processos no solo que influenciam no conteúdo de

carbono......................................................................................................................19

Page 7: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

7

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Granulometria média das camadas superficiais do solo da área

de floresta queimada (FCQ) e floresta sem queima (FSQ)........................................25

TABELA 2 – Estoque de nutrientes, carbono e densidade do solo em Floresta

Queimada (FCQ) e Floresta sem queima (FSQ)........................................................32

Page 8: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................13

2.1 A AGROPECUÁRIA BRASILEIRA E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

GLOBAIS...................................................................................................................13

2.2 DINÂMICA DAS QUEIMADAS NA AMAZÔNIA...................................................15

2.3 CICLO DO CARBONO: ATMOSFERA-VEGETAÇÃO-SOLO..............................17

2.4 ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO.................................................................19

3 OBJETIVOS............................................................................................................21

3.1 GERAL.................................................................................................................21

3.2 ESPECÍFICO........................................................................................................21

4 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................21

4.1 COLETA DE DADOS...........................................................................................21

4.2 ANÁLISE DE LABORATÓRIO.............................................................................22

4.3 ANÁLISE DOS DADOS........................................................................................23

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................23

5.1 ESTIMATIVA DO ESTOQUE DE CARBONO DA FLORESTA QUEIMADA (FCQ)

E FLORESTA SEM QUEIMA (FSQ)..........................................................................23

5.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS SOLOS DE FLORESTA QUEIMADA (FCQ)

E FLORESTA SEM QUEIMA (FSQ)..........................................................................24

5.3 ESTOQUE DE NUTRIENTES DOS SOLOS DE FLORESTA QUEIMADA (FCQ)

E FLORESTA SEM QUEIMA (FSQ)..........................................................................26

6 CONCLUSÃO.........................................................................................................35

7 BIBLIOGRAFIA......................................................................................................36

Page 9: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

9

RESUMO:

Historicamente as mudanças de uso da terra resultaram em grandes perdas de

nutrientes do solo, aumento de gases de efeito estufa, com destaque para o caso de

desflorestamento, em que é comum o uso de queimadas. Portanto o estudo

presente teve como finalidade quantificar e comparar o estoque de carbono e

nutrientes de solos de floresta nativa, verificando os efeitos da ação das queimadas

de 2010 nestes solos do estado do Acre. O trabalho foi realizado na estrada

Transacreana, Fazenda Talismã, km 9, Rio Branco, Acre. Os dados experimentais

foram analisados em DIC em esquema de parcelas subdivididas do tipo 2x3x11

em que os tratamentos (2) foram a área de floresta queimada (FCQ) e floresta

sem queima (FSQ), as repetições (3) foram as trincheiras alocadas

aleatoriamente, e as profundidades formaram as subparcelas (11). As análises

químicas e de densidade do solo foram avaliadas nas camadas de 0-5, 5-10, 10-20,

20-30, 30-40, 40-50, 50-60, 60-70, 70-80, 80-90 e 90-100 cm. Após a análise de

variância, comparando os resultados dos tratamentos, obteve-se um estoque de

carbono de 33,120 Mg.ha-1 para a FCQ e 43,456 Mg.ha-1 para a FSQ. Os valores de

saturação por bases (V%) apresentaram significância nas camadas de 30-40, 40-50,

60-70 e 80-90 cm, e nestas a FSQ apresentou as médias respectivas de 34,36 %;

31,89 %; 29,24 % e 23,44 %. Analisando os valores de Saturação de Alumínio do

solo, observou-se significância na camada de 40-50 cm, sendo que a FCQ

apresentou maior Sat. Al que o tratamento de FSQ, com médias de 85,66% e

56,21% respectivamente. Diante dos resultados obtidos nas condições avaliadas no

presente trabalho verificamos que as queimadas não afetam o estoque de carbono

do solo de floresta nativa a longo prazo. As análises realizadas para comparar os

solos com os tratamentos FCQ e FSQ demonstraram que o processo de queima não

afetou o pH e o estoque de nutrientes do solo.

Palavras-chave: efeito estufa, matéria orgânica, uso da terra.

Page 10: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

10

ABSTRACT

Historically changes in land use resulted in large losses of soil nutrients, increased by

greenhouse gases, notably the case of deforestation, it is common to use fire.

Therefore the present study aimed to quantify and compare the stock of carbon and

nutrients from soils of native forest, checking the effects of the action of these soils

burned 2010 in the state of Acre. The study was carried out on the road

Transacreana, Talisman Farm, km 9, Rio Branco, Acre. The experimental data were

analyzed by DIC in a split-plot type 2x3x11 in which treatments (2) were the area of

forest burned (FCQ) and unburned forest (FSQ), repetitions (3) trenches were

randomly allocated, and depths formed the subplots (11). The chemical analyzes and

bulk density were evaluated in the layers: 0-5, 5-10, 10-20, 20-30, 30-40, 40-50, 50-

60, 60-70, 70-80, 80-90 and 90-100 cm. After analysis of variance, comparing

treatment outcomes, we obtained a carbon stock of 33,120 Mg ha-1 for the FCQ and

43.456 Mg ha-1 for the FSQ. The values of base saturation (V%) were significant in

the layers 30-40, 40-50, 60-70 and 80-90 cm, and in these the FSQ presented the

respective averages of 34.36%, 31.89% , 29.24% and 23.44%. Analyzing the values

of aluminum saturation of the soil, there was a significant in the layer of 40-50 cm,

and the FCQ treatment was showed largest Sat. Al than FSQ treatment, averaging

85.66% and 56.21% respectively. The results obtained under the evaluated

conditions in this study found that the fires did not affect the soil carbon stock of

native forest in the long term. The analyzes performed to compare soils with

treatments FCQ and FSQ showed that the burning process did not affect the pH and

the stock of soil nutrients.

Keywords: greenhouse, organic matter, land use.

Page 11: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

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1 INTRODUÇÃO

A Amazônia Brasileira vem sofrendo nos últimos anos danos intensos

referentes a ações da humanidade relacionadas às mudanças de uso da terra e

atividade agropecuária, que têm levado ao aumento da concentração atmosférica de

gases responsáveis pelo efeito estufa. Os gases CO2, N2O, CH4, CFC‟S, entre

outros, destacando-se o dióxido de carbono (CO2), pelo fato de ter maior emissão

em termos de massa (7,9 ± 1,2 Pg ano-1) e ser responsável por 60% da força

radiativa da atmosfera, desde o início do período industrial (SÁ et al., 2007).

Como resultado desse aumento na concentração de gases na atmosfera,

alterações nas variáveis climáticas têm sido verificadas ao longo do último século, e

uma das consequências mais graves, indicada inclusive no último relatório do Painel

Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas – IPCC (2007) é o aumento médio

da temperatura do planeta em, no mínimo 1,8°C, até o final deste século, o que pode

promover modificações sensíveis na atividade agrícola de várias regiões. As demais

consequências projetadas a partir das mudanças climáticas globais já observadas

são preocupantes no que se refere a qualidade de vida e sustentabilidade agrícola e

ambiental a longo prazo (COSTA et al., 2008).

O fogo associado ao desmatamento atua como principal responsável pela

emissão de grandes quantidades destes gases por vários processos distintos,

incluindo a queimada de floresta nas áreas que estão sendo desmatadas para

agricultura e pecuária, incêndios florestais e queimada de capoeiras, pastagens, e

diferentes tipos de savanas (Fearnside, 2002).

Os principais focos atuais de queimadas na Amazônia são associados à

agricultura, em especial em escala familiar, e à pecuária, correspondendo,

respectivamente, à prática de preparo de área para plantio utilizada secularmente

pelos agricultores familiares da Amazônia e de várias regiões tropicais, conhecida

como agricultura itinerante, migratória ou de corte-e-queima, e à queima de pastos

com infestação de plantas invasoras (pastos degradados) para a sua renovação (SÁ

et al., 2007).

Em termos de efeitos no solo, a ação do fogo acarreta diversas mudanças de

natureza física, química e biológica. Há uma tendência em favorecer a erosão, pela

remoção da cobertura vegetal e da cobertura morta representada pela camada de

Page 12: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

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serrapilheira e destruição da matéria orgânica que deixa o solo exposto ao impacto

das gotas de chuva, à alteração dos agregados do solo, em especial em solos de

textura arenosa, levando à compactação próxima a superfície do solo, à redução na

porosidade, infiltração, transpiração, deixando o solo vulnerável à erosão pela água,

que afeta quantitativa e qualitativamente a taxa de escorrimento, particularmente em

terrenos inclinados (Zanini; Diniz, 2006).

Levando em consideração a ciclagem predominante no sistema florestal

biologicamente regulada, com intensa ciclagem de matéria orgânica, é de se esperar

que a ciclagem de carbono e nutrientes seja alterada na medida direta em que as

intervenções na floresta sejam efetuadas, com maior ou menor alteração da

cobertura e da biomassa vegetal (NOBRE; NOBRE, 2002.), uma série de estudos

recentes sobre o papel das florestas tropicais da Amazônia no ciclo de carbono abre

a possibilidade de que também as florestas tropicais estejam desempenhando um

papel importante como sumidouros de CO2 (TONELLO, 2007).

Machado (2005) afirma que os ecossistemas terrestres que compreendem a

vegetação e o solo são considerados atualmente como um grande sumidouro de

carbono, especialmente os solos. O autor ainda acrescenta que há várias maneiras

pelas quais o manejo apropriado da biosfera terrestre, particularmente do solo,

possa resultar em significativa redução na emissão dos gases de efeito estufa. Os

solos das diferentes florestas no mundo apresentam maior estoque de carbono que

a vegetação, especialmente os solos de floresta boreal (regiões geladas) e os

campos das regiões temperadas (pradarias nos EUA e pampas da América do Sul).

Fearnside (2001) já ressaltava que uma grande contribuição do setor florestal

brasileiro na mitigação do efeito estufa não está somente no sequestro de carbono,

mas também na manutenção dos estoques atuais de carbono, ou seja, evitar a

emissão de CO2 por meio da degradação acelerada ou queima do material vegetal.

Esta conservação do estoque de carbono por meio das florestas também

auxilia na redução dos impactos das mudanças climáticas sobre as florestas

remanescentes (Gullison et al., 2007). Portanto, reduzindo o desmatamento evita-se

a emissão de gases do efeito estufa (GEE), e consequentemente, as alterações no

clima que poderiam afetar negativamente a produção de biomassa das mesmas.

Page 13: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

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Segundo Souza (2005) o CO2 emitido pelo solo é um importante componente

em todo o processo de ciclagem do carbono, bem como influencia diretamente nas

concentrações de CO2 na atmosfera, sendo que um incremento nas concentrações

deste elemento culmina em maior efeito estufa, consequentemente em aumento na

temperatura média global, ocasionando sérias consequências climáticas e

ambientais.

Em virtude das questões que envolvem as mudanças climáticas globais, uma

série de trabalhos científicos tem objetivado quantificar os reservatórios de carbono,

bem como determinar os fatores que controlam a dinâmica desses reservatórios

(MELO, 2003).

Portanto a pesquisa presente teve como finalidade estudar os solos sob

floresta nativa queimada e sem queima, com o objetivo de quantificar e comparar o

estoque de carbono e nutrientes destes solos e verificar os prováveis efeitos da

queima na capacidade de armazenamento de CO2 e dinâmica dos nutrientes destes

solos que sofreram a queimada de 2010 no estado do Acre.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A AGROPECUÁRIA BRASILEIRA E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS

A agricultura moderna ou de alta tecnologia, que surgiu a partir da Revolução

Verde, na década de 1970, tem como premissa básica o aumento na produtividade,

utilizando elevados níveis de insumos e sementes melhoradas. Entretanto, a

intensificação da agricultura tem causado efeitos negativos, pela excessiva utilização

e dependência de recursos naturais não renováveis e consequente poluição

ambiental. A agricultura brasileira vem se apresentando nos últimos tempos como

uma atividade que contribui e ao mesmo tempo é prejudicada pelas mudanças

climáticas globais.

Recentes estudos têm mostrado a ocorrência de aumento na concentração de

dióxido de carbono, metano, monóxido de carbono, óxido nitroso, óxidos de

nitrogênio e ozônio na atmosfera devido à atividade antrópica atribuída cerca de

20% ao setor agrícola, e em grande parte associada a países mais desenvolvidos,

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têm causado impacto no balanço de radiação solar do Planeta, tendendo ao

aquecimento da superfície da terra (LIMA, 2002).

O aquecimento global provocado pela emissão de gases de efeito estufa

figura um dos maiores paradigmas da atualidade científica. As previsões de modelos

climáticos divulgados têm despertado a atenção e o interesse não apenas para as

variações climáticas sazonais, mas também para os efeitos que possíveis mudanças

climáticas podem causar. Independentemente de qualquer teoria é evidente que a

partir do século XVIII, início da revolução industrial, houve um aumento da emissão

de gases na atmosfera que vem acentuando nas últimas décadas. Esta emissão

desordenada é preocupante, pois interfere nas concentrações atmosféricas, levando

a modificações nas condições climáticas do planeta, fenômeno denominado de

efeito estufa (CONTI, 2005).

A atmosfera seca da Terra é constituída principalmente por nitrogênio (N2;

78,1% do volume), oxigênio (O2; 20,9% do volume) e argônio (Ar; 0,93% do volume).

Estes gases possuem interação limitada com a radiação emitida pelo Sol e não

interagem com a radiação infravermelha emitida pela Terra. Entretanto, há uma série

de gases traços como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O)

e ozônio (O3) que absorvem e emitem radiação infravermelha. Estes gases traços,

também denominados gases de efeito estufa, ocupam menos que 0,1% do volume

da atmosfera e possuem relevante papel no balanço energético da Terra. A

atmosfera contém também vapor d‟água (aproximadamente 1% do volume), que

também é um gás de efeito estufa natural (MACHADO, 2005).

A Terra sempre passou por ciclos naturais de aquecimento e resfriamento, da

mesma forma que períodos de intensa atividade geológica. Entretanto, atualmente a

atividade industrial e agropecuária está afetando o clima terrestre na sua variação

natural. Durante os primeiros cinco anos do século XXI, mapas de anomalias de

temperatura em relação ao período de 1951-1980 demonstraram que houve, de

modo geral, aquecimento no planeta. Contudo, este aumento foi maior nos

continentes do que nos oceanos, e também nas maiores latitudes do Hemisfério

Norte (HANSEN et al., 2006). Isto sugere que a atividade humana desempenha fator

determinante no aquecimento (MARENGO; SOARES, 2003).

No Brasil, mais de 70 % da emissão dos gases causadores do efeito de

estufa (GEE) está relacionado com a mudança de uso da terra e a atividade

agropecuária (Brasil, 2009). Segundo Six et al. (2002) a conversão de áreas com o

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corte e queima de vegetação natural, seguida pelo cultivo do solo, resulta em

mudanças na dinâmica da matéria orgânica do solo (MOS), com aumento das

emissões de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) da

biosfera para a atmosfera (BERNOUX et al., 2001), que causam a elevação da

temperatura média e, consequentemente, as mudanças climáticas globais.

O recente estudo divulgado pelo “Painel Intergovernamental de Mudanças

Climáticas” mostra que os impactos do aquecimento global podem ser catastróficos

(IPCC, 2007). Ainda não se sabe as consequências destas alterações em longo

prazo, pois o período de observação é muito curto. Nos países industrializados o

debate em torno do aquecimento global e as suas possíveis consequências é

intenso. De acordo com o IPCC, considerando os efeitos naturais e antropogênicos

no ajuste dos dados observados e simulados, a previsão é a de que a temperatura

global deverá aumentar entre 1,4 a 5,8 °C nos próximos 100 anos (PINTO et al.,

2004).

Nesse contexto, o crescimento do setor agropecuário com a conversão da

vegetação nativa em diferentes formas de uso da terra, é necessário conhecer as

fontes emissoras dos GEE a fim de colaborar com um diagnóstico mais exato para

as tomadas de decisões mitigadoras do aquecimento global (SIQUEIRA NETO et al.,

2011).

2.2 DINÂMICA DAS QUEIMADAS NA AMAZÔNIA

O fogo tem sido um agente modificador do ambiente desde os estádios de

formação da terra. Utilizado em algumas regiões do mundo e proibido em outras,

tem dado motivo para uma grande polêmica. Na Europa Continental, o uso do fogo,

como controle da vegetação, é proibido. Na Inglaterra, era permitido em condições

muito especiais para controle de certas doenças. Recentemente, com o uso de

novas alternativas, também está proibido (JACQUES, 2003).

A atual dinâmica de queimadas na Amazônia é resultado da interação de

diversos fatores no contexto exploratório dos recursos naturais e diferentes

processos produtivos extrativistas, agropecuários e mineradores. Segundo Coutinho

(2005) a política agrária adotada durante muitos anos na região, limitada a

simplesmente assentar ou „lançar‟ o homem no campo, favoreceu o estabelecimento

e manutenção de antigas estruturas das relações sociais e agrárias, privilegiando as

Page 16: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

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classes economicamente dominantes e, portanto, as grandes propriedades. O

desfecho dessa dinâmica de ocupação é a atual fase da Amazônia, na qual a

rentabilidade obtida com a prática de atividades extrativistas, pecuárias e agrícolas

transformou-se na principal força propulsora da expansão e transformação da

fronteira (BECKER, 2005).

Queimada não é sinônimo de incêndio. A queimada é uma tecnologia

agrícola, praticada há milhares de anos pelos indígenas brasileiros (coivara),

incorporada na prática agrícola dos povoadores portugueses do século XVI e

também pelos agricultores italianos, alemães, poloneses, japoneses etc. que

migraram para o Brasil, a partir do final do século XIX e início do XX (MIRANDA,

2003). O uso do fogo é uma prática generalizada na agricultura brasileira. Ao

contrário dos incêndios, as queimadas agrícolas atingem pequenas áreas, têm hora

para começar e acabar, e são controladas pelos agricultores. Eles utilizam o fogo

como uma tecnologia agrícola em diversos momentos nos sistemas de produção,

desde o preparo das terras até a pré e pós-colheita. Seus danos ambientais são

limitados e têm um caráter mais crônico do que agudo (EMBRAPA, 2000).

As queimadas são uma tecnologia agrícola muito utilizada na região

amazônica, nos mais diversos sistemas de produção. O fogo é praticado por

diversos grupos indígenas e detectado com frequência em unidades de conservação

onde, em princípio, não deveria ocorrer. Porém grande parte das queimadas

amazônicas tem origem nas atividades agrícolas. No vasto domínio das diversas

agriculturas existentes na Amazônia, o fogo pode estar associado ao desmatamento,

à renovação de pastagens, ao manejo de capoeiras, à eliminação de resíduos

agrícolas, ao controle de pragas, à colheita da cana-de-açúcar e do algodão etc.

Trata-se de um fenômeno complexo, cuja compreensão da dinâmica espacial e

temporal exige estudos específicos, espaciais e multi-temporais (MIRANDA et al.,

2006).

Na Região Amazônica, para as práticas agropecuárias, a vegetação original é

normalmente derrubada e queimada antes da implantação da culturas ou das

pastagens. Como resultado de incorporação no solo das cinzas proporcionadas

pelas queimadas, ocorrem grandes modificações, principalmente nas propriedades

químicas do solo. Há um aumento do pH, das bases trocáveis e do P, e uma

redução do Al trocável e da porcentagem de saturação de Al. Essas modificações no

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17

solo, com a queima, garantem o sucesso, pelo menos nos primeiros anos, dos

cultivos de subsistência (VEIGA; FALESI, 1986).

Os incêndios são eventos indesejáveis pois nesses casos, o fogo fica fora de

controle afetando áreas indesejáveis, como nascentes, florestas, moradias, etc. De

origem acidental ou criminosa, eles podem atingir grandes áreas, causando

prejuízos ao patrimônio público e privado, além de graves danos ambientais. Isso se

torna mais comum em anos de seca.

Spera et al. (2000) explica que a ação do fogo provoca uma série de

modificações de natureza física, química e biológica no solo. Muitos autores

referem-se ao uso do fogo como método de manejo de solo condenável, atribuindo-

lhe possível ações degradantes e esterilizantes do solo.

2.3 CICLO DO CARBONO: ATMOSFERA-VEGETAÇÃO-SOLO

Os quatro principais compartimentos de carbono na Terra são: oceanos,

atmosfera, formações geológicas contendo carbono fóssil e mineral e ecossistemas

terrestres (biota + solo). Na Figura 1 observa-se uma representação esquemática

dos diferentes compartimentos de carbono na Terra com seus estoques e

respectivos fluxos.

Figura 1. Ciclo global do Carbono com estoques (em Pg C = 105 g C) nos diferentes compartimentos

da Terra e fluxos de carbono (em Pg ano-1

). Adaptado de MACHADO (2005).

Page 18: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

18

Na Figura 1 constata-se que o maior compartimento de carbono na Terra é

aquele presente nos oceanos (38000 Pg C), seguido do compartimento presente nas

formações geológicas (5000 Pg C). O carbono das formações geológicas consiste

de 4000 Pg C presentes no carvão, 500 Pg C no petróleo e 500 Pg C no gás natural.

O compartimento de carbono do solo (2500 Pg C) é o maior nos ecossistemas

terrestres (aproximadamente 4 vezes o compartimento de C da vegetação é 3,3

vezes o carbono da atmosfera) e é constituído pelo carbono orgânico (1500 Pg C) e

mineral (1000 Pg C). O carbono orgânico representa o equilíbrio entre o carbono

adicionado ao solo pela vegetação e o perdido para as águas profundas e,

finalmente, para os oceanos via lixiviação como carbono orgânico dissolvido (0,4 Pg

C) ou para a atmosfera via atividade microbiana como dióxido de carbono em solos

aerados ou metano em solos saturados com água. Entretanto, pouco se sabe sobre

valores precisos de perdas de carbono do solo para a atmosfera (MACHADO, 2005).

O carbono orgânico do solo está presente na matéria orgânica viva, que

corresponde a menos de 4% do carbono orgânico total do solo e na matéria

orgânica morta, que corresponde à maior parte do carbono orgânico total do solo

(cerca de 98%) (THENG, 1987).

O carbono da matéria orgânica viva (CMOV) subdivide-se no carbono

presente nos microrganismos (60-80% do CMOV), consistido principalmente de

fungos e bactérias, nos macrorganismos (15-30% do CMOV) consistido, por

exemplo, por minhocas, ácaros e térmitas terrestres e, finalmente, nas raízes (5-

10% do CMOV). Quanto ao carbono da matéria orgânica morta (CMOM), o carbono

se subdivide na matéria macrorgânica ou seja, resíduos vegetais recém adicionados

ao solo e no húmus (80-90% do CMOM), que consiste de substâncias não húmicas

(30% do carbono do húmus) representadas pelos ácidos orgânicos de baixo peso

molecular (ex. ácido cítrico, ácido ftálico, ácido malônico) e substâncias húmicas

(70% do carbono do húmus) representadas pelos ácidos húmicos, ácidos fúlvicos e

huminas. Quanto ao carbono inorgânico representado pelos carbonatos no solo, sua

participação é insignificante, estando presente em ambientes restritos como os solos

da região semi-árida do Brasil. Apesar do CMOV estar presente em proporção bem

menor que o CMOM as importâncias se igualam, pois os micro e macrorganismos,

pelas suas atividades no solo, se constituem num dos principais fatores

responsáveis pelas transformações do CMOM, resultando em acúmulo ou perdas

(na forma de CO2) de carbono orgânico do solo. (MACHADO, 2005).

Page 19: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

19

As taxas de adição e a qualidade do carbono da vegetação dependem muito

do clima (principalmente temperatura do ar e chuvas), do tipo de vegetação

(gramíneas decompõem-se mais lentamente que plantas leguminosas) e da

fertilidade do solo (solos férteis resultam em plantas maiores que contêm, por sua

vez, mais carbono a ser depositado no solo). Os resíduos de plantas (ex. folhas,

galhos, frutos) que caem sobre o solo são gradualmente alterados por meio da

fragmentação física, interações entre a fauna do solo e microrganismos e formação

de húmus. Os processos de decomposição e taxas de transformação são fortemente

influenciados pelo clima, tipo e qualidade da matéria orgânica, associações químicas

e físico-químicas da matéria orgânica com os componentes minerais do solo e pela

localização da matéria orgânica no solo (BATJES, 1999).

Os três principais processos responsáveis pelo sequestro de carbono nos

solos são a humificação, agregação e sedimentação. Ao mesmo tempo, os

processos responsáveis pelas perdas de carbono no solo são a erosão,

decomposição, volatilização e lixiviação (Figura 2).

Figura 2. Principais processos no solo que influenciam no conteúdo de carbono. Adaptado de Lal et al. (1997).

2.4 ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO

A quantificação de estoque de carbono do solo consiste essencialmente em

dois passos:

1. amostragem de solo no campo para análise de carbono total e densidade do solo;

Page 20: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

20

2. determinação de carbono total em amostras e quantificação dos estoques em Mg

C ha-1.

A densidade do solo (ρ, g cm-3), antigamente denominada de densidade

aparente ou global do solo, corresponde à massa de solo seco por unidade de

volume, ou seja, o volume do solo ao natural, incluindo os espaços porosos (CURI et

al., 1993).

O teor de carbono do solo diminui exponencialmente com a profundidade,

normalmente, 39-70% do carbono orgânico total na camada de 0-100 cm de solo

mineral está presente nos primeiros 30 cm e 58-81% nos primeiros 50 cm. Perdas

ou aportes de carbono do solo são maiores no horizonte superficial (0-15 cm), que

deve ser amostrado de maneira sistemática, pois conforme o manejo do solo pode

ser balanceado por perdas em profundidade (WATSON et al., 2000).

No âmbito das mudanças climáticas globais, o solo e suas diferentes formas

de uso e manejo estão em foco (COSTA et al., 2008), sobretudo porque o solo é

considerado fonte ou sumidouro de CO2 atmosférico (CARVALHO et al., 2009),

dependendo do manejo adotado.

Quando ecossistemas nativos são alterados por atividades antrópicas, como

é o caso das queimadas o equilíbrio dinâmico é quebrado e, normalmente, as

entradas de C são menores do que as saídas, o que conduz à redução da

quantidade e modificação da qualidade da MOS (CERRI et al., 2008).

Conforme Machado (2005) diferente das reservas de carbono fóssil, o

carbono do solo não é permanente e pode, a curto ou longo prazo, se transferir para

a atmosfera. Assim, não pode compensar na totalidade as emissões oriundas da

queima de combustíveis fósseis. Pelo solo ser o maior compartimento de carbono

nos ecossistemas terrestres e poder estocar carbono pela agricultura

conservacionista (ex. sistema plantio direto), a humanidade pode, com o uso

adequado do solo, retardar ou amenizar os impactos negativos da mudança

climática global.

Page 21: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

21

3 OBJETIVOS:

3.1 OBJETIVO GERAL:

O presente Trabalho tem por objetivo quantificar o estoque do C e nutrientes

do solo em uma área de floresta no estado do Acre, onde ocorreram queimadas no

ano de 2010, usando para tal, metodologia IPCC /UNFCCC para quantificação do

carbono total do solo.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Selecionar uma área para amostragem representativa para o estado;

Marcar a área onde estão abertas as trincheiras para coleta de solo;

Retirar amostras do solo para análise laboratorial;

Quantificar o carbono e nutrientes das amostras;

Estimar o estoque de carbono armazenado no solo selecionado;

Associar o estoque de carbono com demais nutrientes do solo;

Verificar se houve perda ou aumento do C no solo advindo de queimadas

ocorridas no ano de 2010 em uma floresta nativa no Acre.

4 MATERIAL E MÉTODOS

A área de estudo fica localizada na estrada Transacreana, km 9, Fazenda

Talismã, Rio Branco-AC, Brasil, em solo classificado como ARGISSOLO AMARELO

Eutrófico típico (ACRE, 2006). O clima é do tipo Am (quente e úmido com curta

estação seca) na classificação de Koppen.

O presente estudo foi executado em três (3) fases sendo a metodologia

utilizada resumidamente detalhada a seguir:

4.1 COLETA DE DADOS

Foram alocadas parcelas em duas áreas distintas. Em cada área foram

distribuídas três parcelas onde ocorreu a queimada e nas proximidades da mesma

área, alocadas três parcelas onde não ocorreu a queimada, isso para possibilitar

uma comparação do estoque de C e nutrientes do solo que havia antes da queima.

Page 22: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

22

Nas parcelas alocadas, foram coletados os dados de campo (variáveis

independentes) que foram utilizados na quantificação do carbono armazenado

(variável dependente). Este tipo de coleta é conhecida como método direto.

Os dados experimentais foram analisados em Delineamento Inteiramente

Casualizado (DIC), em esquema de parcelas subdivididas do tipo 2x3x11 no qual

os tratamentos foram a área de floresta queimada (FCQ) e floresta sem queima

(FSQ), as repetições foram as trincheiras (3), alocadas aleatoriamente, sendo

três parcelas onde ocorreu a queima e três parcelas onde não ocorreu a

queima, totalizando seis parcelas (6) e as camadas na trincheira formaram as

subparcelas (11).

Na área foram abertas 6 (seis) trincheiras, medindo 2 x 1,5 x 1,2 m

(comprimento x largura x profundidade). As coletas foram feitas em uma parede de

cada trincheira, nas camadas 0-5, 5-10, 10-20, 20-30, 30-40, 40-50, 50-60, 60-70,

70-80, 80-90 e 90-100cm.

4.2 ANÁLISE DE LABORATÓRIO

Após a coleta das amostras no campo, estas foram transferidas para o

laboratório onde foram preparadas (secas ao ar, moídas e passadas em peneira de

2 mm) para a quantificação dos nutrientes.

As amostras para a densidade do solo foram igualmente transferidas para o

laboratório, e secas a 105 °C até peso constante para a determinação da massa de

solo.

Todas as análises foram realizadas no Laboratório de Fertilidade do Solo da

Universidade Federal do Acre. Em cada uma dessas amostras foi analisado a

densidade aparente (g.cm-3), concentração e estoque de carbono e nutrientes. A

densidade aparente das amostras de solos foi determinada utilizando o método do

anel volumétrico de Kopec (Embrapa, 1997).

A concentração de carbono orgânico total foi determinada pelo processo de

oxidação da matéria orgânica, por via úmida, com dicromato de potássio 0,1667 mol

L-1 sem aquecimento (Walkley; Black, 1934). O teor de carbono é obtido

indiretamente pela diferença entre a quantidade total de redutor (dicromato) utilizada

e a quantidade restante após a oxidação do carbono.

Page 23: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

23

O estoque de carbono e nutrientes foram determinados utilizando a densidade

aparente do solo (g.cm-3), considerando a espessura da camada de solo h (m) e sua

respectiva concentração (mg.dm-3), e o resultante expresso em Mg.ha-1.

As análises químicas do solo foram avaliadas nas profundidades 0-5, 5-10,

10-20, 20-30, 30-40, 40-50, 50-60, 60-70, 70-80, 80-90 e 90-100 cm, sendo

analisado teores de C.Org, P, K+, Ca2+, Mg2+, Na+, Al3+, H+, e pH, das amostras de

solos. Foi utilizado para tais análises a metodologia descrita pela Embrapa (1997).

4.3 ANÁLISE DOS DADOS

Os resultados das análises foram submetidos à análise de variância e quando

estes indicaram significância, foram avaliados por tukey a 5% de significância.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 ESTIMATIVA DO ESTOQUE DE CARBONO DA FLORESTA QUEIMADA (FCQ)

E FLORESTA SEM QUEIMA (FSQ)

Observando a dinâmica do carbono, em ambos os tratamentos obtivemos um

decréscimo natural deste estoque em profundidade da superfície até a subsuperficie

no solo. No solo sob FCQ as médias variaram de 0,76 a 6,16 Mg.ha-1, já para o solo

de FSQ as médias variaram de 2,0 a 7,87 Mg.ha-1.

Após a análise de variância, comparando os resultados dos tratamentos de

floresta com queima (FCQ) e floresta sem queima (FSQ) observamos diferença no

estoque de carbono total do solo nas profundidades de 70-80, 80-90 e 90-100,

sendo que a Floresta sem queima apresentou maior estoque de carbono, com as

respectivas médias em Mg.ha-1: 2,58; 2,43; 2,00 (Gráfico 1).

Analisando a soma das médias das camadas até 100 cm de profundidade,

obtemos um estoque de carbono de 33,120 Mg.ha-1 para a FCQ e 43,456 Mg.ha-1

para a FSQ.

Carvalho et al. (2002), ao comparar o estoque de carbono de uma floresta e

pastagem em cronossequência, encontrou um estoque de carbono total do solo a

30 cm de profundidade de 30 Mg.ha-1 no solo da floresta, e para pastagem

Page 24: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

24

(Brachiaria brizantha) 50 Mg ha-1. Eles também observaram que a razão C/N e

lignina/celulose sobre a superfície e raízes também são fatores importantes que

estão relacionados com os estoques de carbono do solo após o desmatamento, pelo

fato de determinar a decomposição e capacidade de armazenamento de carbono no

solo e suas perdas no sistema.

Gráfico 1. Estoque de Carbono do solo sob

floresta queimada e floresta sem queima.

Os resultados observados apontam que apesar da diferença do estoque de

carbono entre a FCQ e FSQ na subsuperficie do solo, não houve efeito significativo

causado exclusivamente pelas queimadas, onde se esperava um efeito nas

camadas superficiais, já que tendem a apresentar maior quantidade de matéria

orgânica e são influenciadas diretamente pelo processo de queima da matéria

orgânica. Por isso devemos considerar que a ação de outros fatores físicos ou

químicos podem ter influenciado em tais resultados observados.

5.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS SOLOS DE FLORESTA QUEIMADA (FCQ)

E FLORESTA SEM QUEIMA (FSQ)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

C.Org (Mg.ha-1)

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Pro

fun

did

ad

e(c

m)

FCQ

FSQ

Ediu Carlos
Realce
Page 25: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

25

Freitas et al. (2000) ressaltaram o papel da argila na estruturação do solo e

em proteger a matéria orgânica do solo contra a decomposição, em sistemas que

apresentam ausência de revolvimento do solo.

Conforme a granulometria dos solos estudados, a FSQ apresenta maior teor

de argila, no entanto os valores observados não são significativamente diferentes

dos encontrados na área de FCQ, o que exclui, portanto a possibilidade de ter

influenciado nos resultados (Tabela 1).

Tabela 1. Granulometria média das camadas superficiais do solo da área de floresta

queimada (FCQ) e floresta sem queima (FSQ).

Área Profundidades (cm) Areia

(g.kg-1) Silte

(g.kg-1) Argila (g.kg-1)

FCQ

0--5 739 151 110

5--10 682 198 120

10--20 630 223 147

20--30 634 203 163

30--40 585 228 187

40--50 571 226 203

50--60 556 227 217

60--70 539 218 243

70--80 521 222 257

80--90 512 218 270

90--100 496 211 293

FSQ

0--5 568 268 164

5--10 542 278 180

10--20 479 308 213

20--30 469 304 227

30--40 436 284 280

40--50 414 273 313

50--60 397 280 323

60--70 372 281 347

70--80 355 275 370

80--90 335 291 374

90--100 316 298 386

Para a densidade do solo não houve diferença significativa entre os

tratamentos de FCQ e FSQ (Gráfico 2). Ao passo que obteve variação de 1,00 a

1,43 g.cm-3 na densidade média da Floresta sem queima, em uma tendência de

Page 26: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

26

crescente aumento da densidade nas camadas mais profundas do perfil do solo

devido a sua granulometria apresentar predominante proporção de argila nas

camadas mais profundas.

0.8 0.9 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8

Densidade (g.cm-3)

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Pro

fun

did

ad

e(c

m)

FCQ

FSQ

Gráfico 2. Densidade dos solos sob floresta

queimada e floresta sem queima

5.3 ESTOQUE DE NUTRIENTES DOS SOLOS DE FLORESTA QUEIMADA (FCQ)

E FLORESTA SEM QUEIMA (FSQ)

O pH dos solos dos tratamentos de floresta queimada e sem queima não

apresentaram diferença significativa, com valores variando entre 4,23 e 5,5

conforme o Gráfico 3.

Page 27: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

27

0 1 2 3 4 5 6 7pH

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Pro

fun

did

ade

(cm

)FCQ

FSQ

Gráfico 3. pH dos solos sob floresta queimada e

floresta sem queima.

Conforme Corrêa e Aronovich (1979) estudando a influencia da queima

periódica sobre a vegetação e sobre a fertilidade dos terrenos de pastagens,

observaram que a queima apresentou efeito positivo sobre o pH do solo, que

consequentemente melhora a disponibilidade dos nutrientes nas condições

estudadas.

A Saturação por bases dos solos da floresta queimada (FCQ) e sem queima

(FSQ) apresentaram significância nos resultados analisados nas camadas de 30-40,

40-50, 60-70 e 80-90 cm, e nestas profundidades a FSQ apresentou maior V (%),

com as médias respectivas de 34,36 %; 31,89 %; 29,24 % e 23,44 % (Gráfico 4).

Page 28: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

28

Gráfico 4. Saturação por Bases do solo

sob floresta queimada e floresta sem queima.

O gráfico acima reflete bem as consequências da ação do fogo sobre o solo e

nutrientes de maneira universal, apesar de que individualmente, ou seja, observando

a dinâmica de cada nutriente no perfil do solo, não houve diferença estatística que

comprovasse a redução e perca de nutrientes resultantes da queimada na floresta

(Tabela 2).

Já em trabalhos desenvolvidos por outros autores, foram observados

resultados diferentes, como o caso de Bono et al. (1996) que constatou que o uso

contínuo do fogo tem como consequência a exposição do solo ao impacto das gotas

de chuva, aumentando a compactação e a erosão, além de interromper

gradualmente o ciclo de retorno da matéria orgânica, diminuindo a capacidade de

troca de cátions, a retenção de água, a perda de nutrientes do sistema,

principalmente N, S e K.

De maneira sucinta, as análises realizadas para comparar os solos com os

tratamentos sob floresta queimada (FCQ) e sem queima (FSQ) demonstraram que o

processo de queima não afetou o pH, o estoque e dinâmica de alguns nutrientes do

solo como Ca (Gráfico 5), Mg (Gráfico 6), K (Gráfico 7) e P (Gráfico 8).

-20 0 20 40 60 80 100 120

V (%)

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Pro

fun

did

ade

(cm

)

FCQ

FSQ

Page 29: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

29

Gráfico 5. Estoque de Ca do solo sob

floresta queimada e floresta sem queima.

-0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2

Mg (Mg.ha-1)

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Pro

fun

did

ad

e(c

m)

FCQ

FSQ

Gráfico 6. Estoque de Mg do solo sob

Floresta queimada e floresta sem queima.

-0 .4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8

Ca (Mg.ha-1)

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Pro

fun

did

ad

e(c

m)

FCQ

FSQ

Page 30: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

30

0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

K (Mg.ha-1)

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Pro

fun

did

ad

e(c

m) FCQ

FSQ

Gráfico 7. Estoque de K do solo sob

floresta queimada e floresta sem queima.

Gráfico 8. Estoque de P do solo sob

floresta queimada e floresta sem queima.

Para os valores de Na, na camada de 80-90 cm a FSQ obteve média de

0,005 Mg.ha-1 e a FCQ 0,001 Mg.ha-1. Já para as demais camadas não houve

significância entre os dois tratamentos (Tabela 2).

-0.005 0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025

P (Mg.ha-1)

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Pro

fun

did

ad

e(c

m)

FCQ

FSQ

Page 31: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

31

Para os estoques de Al e H do solo, não houve diferença significativa entre os

tratamentos de FCQ e FSQ (Tabela 2). Foram observados valores bastante

expressivos de Al em ambos os tratamentos, que caracterizam tipicamente os solos

florestais estudados de maneira geral no estado do Acre.

Conforme Veiga e Falesi (1986) é possível que com a queimada, a redução

no teor de Al trocável possa reduzir a capacidade do solo de fixação de P, o que

pode tornar vantajosa a queimada no solo a curto prazo, pela melhor disponibilidade

de P após a queimada.

Os valores de estoque de SB e T também não diferiram estatisticamente entre

os tratamentos de FCQ e FSQ (Tabela 2).

Analisando os valores de Saturação de Alumínio do solo, observou-se

significância na camada de 40-50 cm, sendo que a FCQ apresentou maior Sat. Al

que o tratamento de FSQ, com médias de 85,66% e 56,21% respectivamente

(Gráfico 9).

Gráfico 9. Saturação por Alumínio do solo sob

floresta queimada e floresta sem queima.

-40 -20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

Sat. Al (%)

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Pro

fun

did

ade

(cm

)

FCQ

FSQ

Ediu Carlos
Realce
Ediu Carlos
Realce
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32

Tabela 2. Estoque de nutrientes, carbono e densidade do solo em Floresta Queimada (FCQ) e Floresta sem queima (FSQ).

Trat. pH(1)

Ca(2) Mg(3) K(4) Na(5) Al(6) H(7)

C. Org(8)

P(9) SB(10) T(11) V(12) SAT. Al(13)

DS(14)

Mg. ha-1 Cmolc.dm-3 % g.cm-3

-------------------------------------------profundidade 0 - 5 cm------------------------------------------- FCQ 4,86 a 0,359 a 0,066 a 0,047a 0,001 a 0,014 a 0,017 a 6,16 a 0,013 a 4,36 a 7,63 a 57,07 a 6,11 a 1,13 a FSQ 5,5 a 0,623 a 0,138 a 0,045 a 0,002 a 0,010 a 0,015 a 7,87 a 0,007 a 8,77 a 11,97 a 73,30 a 2,41 a 1,00 a

-------------------------------------------profundidade 5 - 10 cm------------------------------------------

FCQ 4,47 a 0,142 a 0,047 a 0,023 a 0,001 a 0,041 a 0,015 a 3,30 a 0,004 a 1,94 a 5,26 a 36,90 a 27,89 a 1,20 a FSQ 5,4 a 0,356 a 0,115 a 0,028 a 0,001 a 0,040 a 0,023 a 4,19 a 0,003 a 4,56 a 8,96 a 50,87 a 13,59 a 1,23 a

-------------------------------------------profundidade 10 - 20 cm-----------------------------------------

FCQ 4,3 a 0,280 a 0,107 a 0,042 a 0,002 a 0,148 a 0,033 a 5,68 a 0,002 a 1,80 a 5,52 a 32,66 a 40,61 a 1,33 a FSQ 5,13 a 0,649 a 0,309 a 0,046 a 0,003 a 0,168 a 0,042 a 6,34 a 0,004 a 4,46 a 9,01 a 49,53 a 23,87 a 1,33 a

-------------------------------------------profundidade 20 - 30 cm-----------------------------------------

FCQ 4,27 a 0,165 a 0,096 a 0,026 a 0,003 a 0,203 a 0,031 a 4,34 a 0,002 a 1,31 a 5,45 a 24,01 a 56,97 a 1,30 a FSQ 4,83 a 0,629 a 0,295 a 0,047 a 0,004 a 0,275 a 0,044 a 4,89 a 0,001 a 4,20 a 9,67 a 43,44 a 34,71 a 1,37 a

-------------------------------------------profundidade 30 - 40 cm-----------------------------------------

FCQ 4,23 a 0,065 a 0,062 a 0,022 a 0,002 a 0,340 a 0,028 a 4,15 a 0,001 a 0,65 a 5,33 a 12,14 b 80,68 a 1,40 a FSQ 4,83 a 0,565 a 0,238 a 0,033 a 0,004 a 0,476 a 0,041 a 3,95 a 0,002 a 3,59 a 10,45 a 34,36 a 51,85 b 1,37 a

-------------------------------------------profundidade 40 - 50 cm-----------------------------------------

FCQ 4,23 a 0,051 a 0,039 a 0,030 a 0,003 a 0,361 a 0,024 a 2,92 a 0,001 a 0,48 a 5,05 a 9,50 b 85,66 a 1,40 a FSQ 4,8 a 0,510 a 0,262 a 0,028 a 0,004 a 0,558 a 0,041 a 3,22 a 0,002 a 3,53 a 11,08 a 31,89 a 56,21 b 1,37 a

-------------------------------------------profundidade 50 - 60 cm-----------------------------------------

FCQ 4,27 a 0,042 a 0,045 a 0,027 a 0,001 a 0,424 a 0,027 a 1,97 a 0,001 a 0,47 a 5,76 a 8,17 a 87,74 a 1,40 a FSQ 4,7 a 0,467 a 0,274 a 0,031 a 0,004 a 0,668 a 0,038 a 3,13 a 0,002 a 3,37 a 11,40 a 29,55 a 61,14 a 1,40 a

-------------------------------------------profundidade 60 - 70 cm-----------------------------------------

FCQ 4,3 a 0,043 a 0,049 a 0,032 a 0,001 a 0,499 a 0,024 a 1,67 a 0,001 a 0,49 a 6,06 a 8,15 b 88,67 a 1,43 a FSQ 4,67 a 0,440 a 0,292 a 0,034 a 0,004 a 0,671 a 0,040 a 2,84 a 0,001 a 3,31 a 11,31 a 29,24 a 61,12 a 1,43 a

Page 33: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

33

-------------------------------------------profundidade 70 - 80 cm-----------------------------------------

FCQ 4,37 a 0,047 a 0,056 a 0,026 a 0,002 a 0,500 a 0,021 a 1,17 b 0,001 a 0,55 a 6,05 a 9,14 a 87,75 a 1,40 a FSQ 4,57 a 0,364 a 0,224 a 0,033 a 0,005 a 0,683 a 0,039 a 2,58 a 0,001 a 2,78 a 11,22 a 24,75 a 66,66 a 1,37 a

-------------------------------------------profundidade 80 - 90 cm-----------------------------------------

FCQ 4,33 a 0,051 a 0,045 a 0,019 a 0,001 b 0,517 a 0,022 a 0,99 b 0,001 a 0,49 a 6,13 a 7,99 b 89,34 a 1,40 a FSQ 4,53 a 0,344 a 0,241 a 0,034 a 0,005 a 0,748 a 0,042 a 2,43 a 0,002 a 2,68 a 11,41 a 23,44 a 68,44 a 1,43 a

-------------------------------------------profundidade 90 - 100 cm-----------------------------------------

FCQ 4,3 a 0,054 a 0,032 a 0,022 a 0,001 a 0,598 a 0,023 a 0,76 b 0,002 a 0,41 a 6,48 a 6,31 a 91,73 a 1,47 a FSQ 4,47 a 0,319 a 0,175 a 0,033 a 0,004 a 0,812 a 0,031 a 2,00 a 0,001 a 2,31 a 11,17 a 20,66 a 74,09 a 1,37 a

(1)Potencial de Hidrogênio.

(2)Cálcio.

(3)Magnésio.

(4)Potássio.

(5)Sódio.

(6)Alumínio.

(7)Hidrogênio.

(8) Carbono orgânico.

(9)Fósforo.

(10)Soma de bases.

(11)Capacidade de troca de cátions.

(12)Saturação por bases.

(13) Saturação por Alumínio.

(14) Densidade. Médias seguidas da mesma letra em cada coluna

não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5%.

Page 34: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

34

Observando a Tabela 2, verificamos que os níveis de Na+1, Mg+2, K+1, P e

Ca+2 dos solos do Acre são consideravelmente baixos, resultados das altas taxas de

intemperismo incidentes sobre esta região durante milhões de anos (Jordan, 1986).

E mesmo com a ação da queimada afetando a superfície do solo florestal, não

houve interferência no estoque de nutrientes do solo.

Normalmente o aumento na disponibilidade de P (Serrasolsas & Khanna,

1995) e no teor de bases trocáveis (Rheinheimer et al., 2003) no solo são

observados imediatamente após a queima, em conseqüência do acúmulo de cinzas

na superfície do solo. Porém Knicker (2007) explica que esses efeitos desaparecem,

em médio prazo, na lixiviação dos nutrientes pela ação de chuvas, o que resulta em

concentrações que podem chegar a valores inferiores aos observados em solos que

não sofreram ação do fogo.

Em condições similares ao presente trabalho, Dick et al. (2008) comparando

solos de pastagem natural e queimada, observaram que na camada de 0-5 cm o

teor de Mg+2 trocável foi maior na pastagem natural, e os teores de Ca trocável

apresentaram a mesma tendência apesar de não haver significância estatística

devido o alto coeficiente de variação apresentado para este nutriente.

Ediu Carlos
Realce
Page 35: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

35

6 CONCLUSÃO

Diante dos resultados obtidos nas condições avaliadas no presente trabalho conclui-

se que:

1- As queimadas não influenciaram a longo prazo o estoque de carbono do solo em

floresta.

2- O processo de queima não influenciou o pH, e o estoque de nutrientes do solo.

Ediu Carlos
Realce
Page 36: TCC ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO SOB ÀREAS DE FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010 V4

36

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