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Muito se tem falado sobre a intensidade das chuvas de verão,mas pouco se tem comparado com anos anteriores.Será que a chuva está mesmo tão acima da média histórica anual? Muito se tem falado sobre a intensidade das chuvas de verão,mas pouco se tem comparado com anos anteriores.Será que a chuva está mesmo tão acima da média histórica anual? nformativo do GOA #14 - Fevereiro 2014 - Departamento de Física - CCE - UFES www.astro.ufes.br Que Chuva é Essa ou que Mundo é Esse? Márcio Malacarne simnoticias.com.br Durante a estação mais quente e chuvosa, muito se tem falado sobre a intensidade das chuvas, mas pouco se tem comparado com anos ante- riores. Será que a chuva está mesmo tão acima da média histórica anual? Muitas vezes, a média não é su- ficiente para avaliar um conjunto de dados. Vamos exercitar um pou- quinho de matemática básica. Por exemplo, quando afirmamos que a média de chuva em Dezembro é de 250mm, não significa muito. Pode existir anos em que a chuva não passou de 40mm [1], em Vitória, como em 1998, o ano mais quente da atualidade, segundo a Meteoro- logia. Em outras palavras, a média está 6,5 vezes acima do valor míni- mo de quantidade de chuva. Da mesma maneira podemos ter anos em que a chuva seja até quase 2 vezes superior a média. Por isso, usa-se o desvio padrão para se determinar até onde, para cima ou para baixo, a grande maioria dos dados estão. Resumindo o assunto Está tudo dentro da normalidade. Nós que estamos errados. Não po- demos culpar apenas a Natureza ou as chuvas torrenciais e acumulativas de verão aos recentes "desastres" ocorridos quase todos os anos. O forçamento econômico e so- cial, ou melhor, o modelo padrão de economia que vivemos, força as pessoas a migrarem e ocuparem locais inadequados para moradias, ruas e estradas, como em encostas de morros, várzeas e margens de rios e córregos. O resultado já sabemos: são desli- zamentos e enchentes que a cada ano tem provocado maior prejuízo tanto as pessoas como aos bem públicos. Por que não combate a causa do problema? Porque esses são momentos ím- pares para os administradores pú- blicos. São nesses períodos de "de- sastres" que chovem de declaração de estado de emergência, o que pos- sibilita o desvio de verbas públicas. A imprensa também tem sua parcela de culpa. Ela divulga pro- pagandas mitigadoras ou compen- satórias de atividades de altos ris- cos ambientais e climáticos, como mineradoras, grandes latifúndios e até petrolíferas. Essas são as gran- des responsáveis por grande parte dos "desastres" atuais. Por último vem o ser humano. Em sua maioria domável, se ludi- bria com essas propagandas e não percebem o quanto são enganados ou se deixam enganar. Para que o governo gastou tanto dinheiro com macrodrenagens em tantas cidades se o caos continua? Então cabe a minoria não domável se levantar contra este modelo destruidor e que ainda tenta culpar a natureza. [1] Aproveitamento da Água da Chuva Para Fins Não Potáveis na Cidade de Vitória (ES) Equipe GOA Área de Várzea ocupada irregularmente, em Vila Velha.

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Page 1: Observativo 14

Muito se tem falado sobre a intensidade das chuvas de verão, mas pouco setem comparado com anos anteriores. Será que a chuva está mesmo tãoacima da média histórica anual?

Muito se tem falado sobre a intensidade das chuvas de verão, mas pouco setem comparado com anos anteriores. Será que a chuva está mesmo tãoacima da média histórica anual?

nformativo do GOA #14 - Fevereiro 2014 - Departamento de Física - CCE - UFES www.astro.ufes.br

Que Chuva é Essa ou queMundo é Esse?

Márcio Malacarne

simnoticias.com.br

Durante a estação mais quente echuvosa, muito se tem falado sobrea intensidade das chuvas, mas poucose tem comparado com anos ante-riores. Será que a chuva está mesmotão acima da média histórica anual?

Muitas vezes, a média não é su-ficiente para avaliar um conjuntode dados. Vamos exercitar um pou-quinho de matemática básica. Porexemplo, quando afirmamos que amédia de chuva em Dezembro é de250mm, não significa muito. Podeexistir anos em que a chuva nãopassou de 40mm [1], em Vitória,como em 1998, o ano mais quenteda atualidade, segundo a Meteoro-logia. Em outras palavras, a médiaestá 6,5 vezes acima do valor míni-mo de quantidade de chuva. Damesma maneira podemos ter anosem que a chuva seja até quase 2vezes superior a média.

Por isso, usa-se o desvio padrãopara se determinar até onde, paracima ou para baixo, a grandemaioria dos dados estão.Resumindo o assuntoEstá tudo dentro da normalidade.

Nós que estamos errados. Não po-demos culpar apenas a Natureza ouas chuvas torrenciais e acumulativasde verão aos recentes "desastres"ocorridos quase todos os anos.

O forçamento econômico e so-cial, ou melhor, o modelo padrãode economia que vivemos, força aspessoas a migrarem e ocuparemlocais inadequados para moradias,ruas e estradas, como em encostasde morros, várzeas e margens derios e córregos.

O resultado já sabemos: são desli-zamentos e enchentes que a cada anotem provocado maior prejuízo tantoas pessoas como aos bem públicos.Por que não combate a causado problema?Porque esses são momentos ím-pares para os administradores pú-blicos. São nesses períodos de "de-sastres" que chovem de declaraçãode estado de emergência, o que pos-sibilita o desvio de verbas públicas.

A imprensa também tem suaparcela de culpa. Ela divulga pro-pagandas mitigadoras ou compen-satórias de atividades de altos ris-cos ambientais e climáticos, comomineradoras, grandes latifúndios e

até petrolíferas. Essas são as gran-des responsáveis por grande partedos "desastres" atuais.

Por último vem o ser humano.Em sua maioria domável, se ludi-bria com essas propagandas e nãopercebem o quanto são enganadosou se deixam enganar. Para que ogoverno gastou tanto dinheiro commacrodrenagens em tantas cidadesse o caos continua?

Então cabe a minoria nãodomável se levantar contra estemodelo destruidor e que aindatenta culpar a natureza.[1] Aproveitamento da Água da ChuvaPara Fins Não Potáveis na Cidade deVitória (ES)

EquipeGOA

Área de Várzea ocupada irregularmente, emVila Velha.

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Informativo do GOA #14 Fevereiro 2014

Efemérides Astronomicas

A partir do Nº13 o Informativo Observativo será escrito também por estudantes de diversas áreas. Com isso, contribuímos para o aperfeiçoamento de sua crítica,sua escrita e reforçando nossa missão, ampliando nossas ações transdisciplinares. Envie também suas opiniões.

Editorial

FONTE: Almanaque Astronômico 2014 - CEAMIG

C-2014A4:Confirmado o

primeiro cometadescoberto por

brasileirosO dia 16 de janeiro entrará para a

história da astronomia brasileira. Umgrupo de cientistas mineiros conse-guiu detectar e confirmar a desco-berta do primeiro cometa brasileiro.Batizado de C/2014 A4 SONEAR, oobjeto foi descoberto pelos astrô-nomos Cristovão Jacques, EduardoPimentel e João Ribeiro de Barros,no dia 12 de Janeiro de 2014, uti-lizando o telescópio de 450 milí-metros instalado no observatórioSONEAR, localizado em Oliveira,Minas Gerais.

Um dia após a detecção inicial, osastrônomos Ernesto Guido, NickHowes e Martino Nicolini, ligadosao Observatório Remanzacco, naItália, coletaram imagens a partir deum telescópio robótico instalado emSiding Spring, na Austrália, confir-mando a existência do cometa.

Após 3 dias de observações, em16 de janeiro de 2014 a União As-tronômica Internacional confirmoua descoberta dos astrônomos brasi-leiros, batizando oficialmente deC/2014 A4 SONEAR o primeiroobjeto desse tipo descoberto noBrasil por brasileiros.

De acordo com os estudos recen-tes, C/2014 A4 SONEAR é um co-meta de orbita parabólica, prova-velmente originado na nuvem deOort. Quando detectado, se encon-trava a cerca de 5,68 UA da Terra e6,33 UA do Sol. (UA=Unidade As-tronômica, equivalente a cerca de149.5 milhões de km). Sua orbita é

altamente inclinada em 121 grause atingirá o periélio em 11 de se-tembro de 2015, quando passará a3,82 AU do Sol, cerca de 571 mi-lhões de quilômetros.

Fonte:http://www.apolo11.com/cometa_73p.php?titulo=C%2F2014_A4_Confirmada_a_descoberta_do_primeiro_cometa_brasileiro&posic=dat_20140116-090226.inc

Imagem do C/2014 A4 SONEAR feita por Ernesto Guido, Nick Howes e Martino Nicolini

Observatório

Remanzacco,Apolo11.com

Page 3: Observativo 14

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Para boa parte do Brasil, esta carta representa a posição aproximada dosastros no céu nas seguintes datas:

01 de Fevereiro 23h00min14 de Fevereiro 22h00min28 de Fevereiro 20h00min

Como usar a Carta Celeste

Para entender a carta, posicione-a sobre a cabeça e observe de baixo para cima, lendo as instruções no contorno.A linha azul (o Equador Celeste) representa o limite entre o Hemisferio Celeste Sul e o Hemisfério CelesteNorte, é a projeção da Linha do Equador terrestre no céu. Os nomes dos Astros estão com inicial maiúscula e osdas CONSTELAÇÕES em caixa alta. As principais estrelas das contelações ocidentais visíveis nesta carta estãounidas por linhas. A "grande mancha azul" é a Via Láctea, a nossa galáxia, que infelizmente não conseguimosvisualizar das cidades devido à poluição luminosa.

Informativo do GOA #14 Fevereiro 2014

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Informativo do GOA #14 Fevereiro 2014

Horário de Verão: Uma proposta de mudançaPara termos uma mudança mais natural possível, propômos uma mudança de meia hora em cadaestação, ora para mais, ora para menos.

Equipe GOA: Bolsistas: Danilo Croce, José Miranda. Colaboradoras/es: Júlio Xavier Valle,Alessandra Vieria, Estevão Prezentino Sant'anna, Jonathan Janjacomo e Paula Zanotelli.Coordenação: Márcio Malacarne.Textos, projeto gráfico e diagramação: Equipe GOA. Revisão: Sandro De Souza e Equipe GOA.Contatos: (+55 27) 4009 7664 www.astro.ufes.br - [email protected]. F. Ferrari, 514, Cep 29075910, Vitória-ES.

Este impresso foi criado usando programas livres: Debian Linux, Gimp, Stellarium, Scribus, Inkscape, OpenOffice.

Expediente

ProExPró-Reitoria

de Extenção

Direito de Comparti lhar eAdaptar sob a mesma licença

(CC BY-NC-SA 2.5 BR)

Muita gente culpa o Horário de Ve-rão por acordar e ainda está escuro oupor ter sol até 20h, mas não percebe queno Verão o dia é mais longo que a noite.

A hora era uma característica ex-tremamente local. Antigos viajantestinham que acertar o relógio toda vezque chegavam a uma cidade nova. Oacerto de horas era feito através doSol: o meio-dia representava o pontomais alto que a estrela alcançava.

Somente nos EUA, a pouco mais deum século atrás, existiam mais de 70 ho-rários diferentes. As medidas de horá-rios diferentes passou a criar dificulda-des. Para resolver estes problemas, emmeados do século XIX, a Grã-bretanhacriou um único horário para todo o país.Contudo, internacionalmente o proble-ma continuava.

Em 1894, foi realizada a Conferên-cia Internacional do Primeiro Meridia-no, cuja proposta era padronizar a uti-lização mundial da hora legal. Foi en-tão criado os fusos horários como co-nhecemos hoje, dividindo o globo em24 diferentes horários.

Resolvido o problema dos fusoshorário, continuava o problema da luzdo dia variar ao longo do ano: ora odia era mais longo, ora mais curto. Foientão que o inglês William Willett, em1907, lançou um panfleto intitulado“Desperdício da Luz Diurna” a fim deaproveitar melhor a luz do dia e aomesmo tempo estimular o lazer e aeconomia de energia.

A luz do dia é maior no Verão do

que no Inverno, principalmente nasregiões mais próximas dos pólos, e odia varia ao longo do ano, fazendoque haja um afastamento da horalegal para a hora local. Para aproveitarmelhor a luz solar, os animais emuitas pessoas que vivem no meiorural, mudam gradativamente seushorário de levantar, de acordo com oSol, ora mais tarde, no Inverno, porvolta das 6h, ora mais cedo, no Verão,por volta das 4h30, caso não houvesseo Horário de Verão.

No Brasil o Horário de Verão foiinstituído pela primeira vez no verãode 1931/1932. As regiões que tem asmaiores variações de luz são as dis-tantes das regiões equatoriais. Mais aoNorte ou ao Sul do Equador. Aqui re-presentamos o Verão no hemisférioSul (dia longo) e Inverno no hemis-fério Norte (noite longa).

Há dezenas de países que utilizam oHV. Regiões equatoriais não utilizam oHV devido a pouco variância sazonaldo período com luz diurna. É por isso

que não existe o HV nas regiões Nortee Nordeste do Brasil.

Para termos uma mudança maisnatural possível, poderíamos usar asidéias de Willett e propôr uma mudan-ça de meia em meia hora em cada es-tação, ora para mais, ora para menos.Assim, em março e junho retiraria ½ h,e em setembro e dezembro aumentaria½ h. Com a mudança mais suave, nos-so sistema biológico se adapitaria mui-to mais facilmente. Poderíamos chamareste horário de “Horário da Qualidadede Vida (HQV)”.

O fuso de ½ h não é novidade. Hádez fusos horários com defasamento deX½ do Tempo Universal Coordenado(TUC ou UTC, sua sigla em ingês)sendo X um número inteiro de 1 a 12.Por exemplo, Irã (TUC + 3h30min),Austrália Meridional (TUC + 10h30min)e Venezuela (TUC – 4h30min). Há aindatrês fusos horários com defasamento deX.3/4 (Xh+45 min), como o Nepal(TUC + 5h45min).

Alguns pensam que o HQV, mu-dando meia em meia hora, a cada trêsmeses, atrapalharia as comunicações etransporte. Ao contrário, facilita, poisjá temos uma tecnologia para tanto.

No Brasil a principal justificativapara o HV é a economia de energia.Quem sabe daqui a alguns anos oprincipal motivo da adoção do horárioserá a qualidade de vida.Assine a petição na página:www.cce.ufes.br/goa/horario.verao.html

As regiões que tem as maiores variações de luz são asdistantes das regiões equatoriais.