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ALERTA CHIKUNGUNYA – 2015 1. Introdução: A Chikungunya (CHIK) é uma doença transmitida por vetores, Aedes aegypti e Aedes albopictus, causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV), que pertence ao gênero Alphavírus, da família Togaviridae. Foi descrita pela primeira vez na década de 50 durante uma epidemia na Tanzânia, em 2013 chegou ao Caribe e às Américas, tendo os primeiros casos de transmissão autóctone da doença sido confirmados no início de 2014 nestas regiões. O termo Chikungunya, que significa “aqueles que se dobram”, tem origem na Tanzânia. Este termo faz referência à aparência encurvada dos pacientes em decorrência das fortes dores musculares e articulares. Embora a febre de Chikungunya não seja uma doença de alta letalidade, tem elevada taxa de morbidade associada à artralgia persistente, que pode levar à incapacidade e, consequentemente, redução da produtividade e da qualidade de vida. 1 CHIKUNGUNYA: Febre de início súbito maior que 38,5ºC e artralgia ou artrite intensa de início agudo, sendo residente ou tendo visitado áreas endêmicas ou epidêmicas até duas semanas antes do

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Page 1: OBSERVAÇÃO · Web viewBoletim Epidemiológico Monitoramento dos casos de dengue, febre de chikungunya e febre pelo vírus Zika até a Semana Epidemiológica 48, 2015. Volume 46

ALERTA CHIKUNGUNYA – 2015

1. Introdução:

A Chikungunya (CHIK) é uma doença transmitida por vetores, Aedes aegypti e Aedes

albopictus, causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV), que pertence ao gênero Alphavírus,

da família Togaviridae.

Foi descrita pela primeira vez na década de 50 durante uma epidemia na Tanzânia, em

2013 chegou ao Caribe e às Américas, tendo os primeiros casos de transmissão autóctone

da doença sido confirmados no início de 2014 nestas regiões.

O termo Chikungunya, que significa “aqueles que se dobram”, tem origem na Tanzânia. Este

termo faz referência à aparência encurvada dos pacientes em decorrência das fortes dores

musculares e articulares.

Embora a febre de Chikungunya não seja uma doença de alta letalidade, tem elevada taxa

de morbidade associada à artralgia persistente, que pode levar à incapacidade e,

consequentemente, redução da produtividade e da qualidade de vida.

2. Epidemiologia:

América:

Nas Américas, em outubro de 2013, teve início uma grande epidemia de chikungunya em

diversas ilhas do Caribe. Em comunidades afetadas recentemente, a característica

marcante são epidemias com elevadas taxas de ataque, que variam de 38% a 63%.

Figura 1. Distribuição dos casos de chikungunya no mundo.

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CHIKUNGUNYA: Febre de início súbito maior que 38,5ºC e artralgia ou artrite intensa de início agudo, sendo residente ou tendo visitado áreas endêmicas ou epidêmicas até duas semanas antes do início dos sintomas ou que tenha vínculo epidemiológico com caso confirmado.

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Figura 2. Distribuição dos casos de chikungunya nas Américas.

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Brasil: Em 2015, até a SE 48 (início de dezembro), foram notificados 17.131 casos autóctones

suspeitos de febre de chikungunya. Destes, 6.724 foram confirmados, sendo 374 por critério

laboratorial e 6.350 por critério clínico-epidemiológico; 8.926 continuam em investigação.

Figura 3. Distribuição dos casos importados e dos casos autóctones de febre de chikungunya, por município e Unidade da Federação de residência, Brasil, 2014 - 2015.

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São PauloTabela 1. Distribuição dos casos confirmados de chikungunya importados e local provável

de infecção, notificados no Estado de São Paulo; 2015.

3. Modo de Transmissão:

Sua transmissão ocorre pela picada dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, os

mesmos vetores da dengue, quando estes se encontrarem infectados pelo vírus

chikungunya.

4. Quadro Clínico:4.1 Infecção assintomática: 3% a 28%, sendo que o número de pacientes que

necessitarão de atendimento é elevado.

4.2 Doença aguda - Febre súbita (tipicamente maior que 39°C) e artralgia intensa,

podendo apresentar poliartrite, cefaleia, mialgias (lombalgias), náuseas, vômitos, exantema, conjuntivite. Esta fase dura de 3 a 10 dias (média de 7 dias) e a febre, de

poucos dias até uma semana.

4.3 Doença Subaguda - Após 10 dias, a maioria dos pacientes sentirá uma melhora na

saúde geral e na dor articular. Porém, após este período, alguns pacientes

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apresentam persistência ou agravamento da artralgia, incluindo poliartrite distal,

exacerbação da dor articular nas regiões previamente acometidas na primeira fase e

tenossinovite hipertrófica subaguda em punhos e tornozelos.

4.4 Doença crônica - Sintomas, principalmente dor articular e musculoesquelética,

podem persistir por mais de três meses e geralmente apresentam comportamento

flutuante. A prevalência desta fase é muito variável entre os estudos, podendo atingir

mais da metade dos pacientes. Em alguns casos, as alterações podem persistir após

3 a 5 anos. O sintoma mais comum é o acometimento articular persistente nas

mesmas articulações atingidas durante a fase aguda, caracterizado por dor com ou

sem edema, limitação de movimento, deformidade e ausência de eritema, com

apresentação poliarticular e simétrica, mas pode ser assimétrica e monoarticular.

Grupos de risco para quadros mais graves: extremos de idade (neonatal) e a

idade avançada, presença de comorbidades (história de convulsão febril, diabetes, asma,

insuficiência cardíaca, alcoolismo, doenças reumatológicas, anemia falciforme, talassemia,

hipertensão), uso de alguns fármacos (aspirina, anti-inflamatórios e paracetamol em al-tas doses).

5. Diagnóstico diferencial: Os diagnósticos diferenciais são dengue e zika vírus (Tabela 2):

Tabela 2. Características principais dos diagnósticos diferencias dengue x chikungunya x zika

6. Exames específicos - Diagnóstico laboratorial

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AS AMOSTRAS DEVEM SER COLETADAS NO PERÍODO RECOMENDADO PARA EVITAR FALSO NEGATIVO.

6.1 Opções Diagnósticas Fleury:a. Sorologia-IgM e IgG – ELISA: em soro ou plasma a partir do 4º dia do início

dos sintomas.

6.2 Opções diagnósticas no Instituto Adolfo Lutz (IAL):a. Pesquisa de ácidos nucléicos virais – RT-PCR em Tempo Real ou RT-PCR

convencional - até o 8º dia do início dos sintomas

b. Sorologia-IgM e IgG – ELISA: em soro ou plasma a partir do 4º dia do início dos

sintomas.

6.3 Amostra - volumes: Sangue: 7ml

Soro ou plasma: 4ml

Líquor: 2 ml

6.3 Acondicionamento da amostraGeladeira: 8h

Freezer: > 8h em temperatura (- 20°C)

7. Exames inespecíficos:

Pacientes “não grupo de risco”, sem sinais de gravidade, sem critérios de internação:

exames inespecíficos a critério médico.

Hemograma: OBRIGATÓRIO para os pacientes do grupo de risco.

Hemograma, bioquímica, transaminases, creatinina e eletrólitos: OBRIGATÓRIO em

pacientes com sinais de gravidade ou com critérios de internação.

8. Manejo do paciente:

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Figura 4. Classificação de risco do paciente com suspeita de chikungunya

Figura 5. Conduta Clínica dos pacientes com suspeita de chikungunya

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Figura 6. Orientações para domicílio

Referência:

São Paulo. Coordenadoria de Controle de Doenças. Centro de Vigilância Epidemiológica

“Prof. Alexandre Vranjac" Divisão de Dengue. Informe técnico Chikungunya, outubro 2014.

Coordenação de Vigilância em Saúde. Informe Técnico Chikungunya. São Paulo: Prefeitura

e São Paulo; 2014.

CDC. Chikungunya in the Americas [internet]. Atlanta: CDC, 2014. Disponível em:

http://www.cdc.gov/chikungunya/geo/americas.html (Acessado em 23 de dezembro de

2014)Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico Monitoramento dos casos de dengue,

febre de chikungunya e febre pelo vírus Zika até a Semana Epidemiológica 48, 2015.

Volume 46. N° 44 – 2015.

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