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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA COORDENAÇÃO DE BIOLOGIA JEHNNIFER RIBEIRO DE MENDONÇA Observações sobre a dispersão de sementes por primatas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2016

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA COORDENAÇÃO DE BIOLOGIA

JEHNNIFER RIBEIRO DE MENDONÇA

Observações sobre a dispersão de sementes por primatas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro – RJ

2016

II

JEHNNIFER RIBEIRO DE MENDONÇA

Observações sobre a dispersão de sementes por primatas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Monografia apresentada à Coordenação de Ciências Biológicas da Universidade Veiga de Almeida como parte dos requisitos para conclusão do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas, ênfase em Ecologia. Orientadoras: Profa. Dra. Uiara Gomes Drª Tânia Sampaio Pereira Msª Cristiane Rangel

Rio de Janeiro – RJ

2016

III

Dedico este trabalho ao meu pai,

minha mãe e meu irmão, pois sem

vocês nada disso seria possível.

Obrigada pelo apoio, carinho e

compreensão. Essa vitória não é só

minha, é nossa!

IV

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ser essencial na minha vida, autor de

meu destino, meu guia, socorro presente na hora da angústia, pois sem ele não teria

forças para concluir essa jornada.

Agradeço especialmente aos meus pais, Marcílio F. de Mendonça e Josefa R.

de Mendonça, e meu irmão, Johnatan R. de Mendonça, que sempre me

incentivaram e proporcionaram as melhores condições para que eu pudesse vencer

cada etapa desta e de todas as jornadas que percorri até hoje. Este trabalho é

dedicado a vocês, que são as pessoas mais importantes da minha vida.

As minhas orientadoras, Uiara Gomes Cabral e Tânia Sampaio Pereira, que

foram ótimas orientadoras, com ótimas criticas construtivas e por ter me ajudando

sempre que precisei. Muito obrigada por terem me aceito, foi muito construtivo e

prazeroso poder trabalhar com vocês.

As minhas orientadoras no estágio Projeto Fauna JBRJ, Gabriela Heliodoro e

Cristiane Rangel, muito obrigada por vocês me ensinarem importância e

responsabilidade que nós temos em estudar e proteger a fauna do JBRJ. Por todos

os conhecimentos passados, de biologia e de vida.

Ao Gustavo e Caco que trabalham na sala com o pessoal do Projeto Fauna,

tornando o ambiente de trabalho o melhor possível. Sempre dispostos a ajudar e de

bom humor, obrigada por serem sempre tão acolhedores e amigos.

A minha amiga e irmã, Tatiane Brito, que sempre esteve comigo nos bons e

maus momentos, me apoiando em tudo que fosse preciso.

Aos meus amigos do estágio, companheiros de trabalho e amigos de

verdade, Marina Bordin, Guilherme Nunan, Mônica Brito, Simone Nogueira e Yasmin

Balzi. Obrigada por sempre estarem comigo e me apoiarem em tudo. Obrigada por

terem se tornado uma nova família para mim.

Aos meus amigos, (não dá pra escrever o nome de todos), pelas alegrias,

tristezas e dores compartilhadas. Com vocês, as pausas entre um parágrafo e outro

de produção melhora tudo o que tenho produzido na vida.

Aos meus professores, que dividiram seu conhecimento, e me deram a

V

oportunidade de ser uma profissional melhor.

Aos meus amigos e colegas de faculdade, Christiane Silveira, Monira Bicalho,

Flavia Tebaldi, Tiago Sousa e Paulo Vitor, por terem me ajudado e terem passado

comigo todos os problemas que enfrentamos desde o início da graduação, e terem

tido força para continuar até aqui.

Ao Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, por ter permitido

realizar meu trabalho e todo o meu estágio.

VI

Deus não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos. Fazer ou não fazer algo só depende de nossa vontade e perseverança!

Albert Einstein

VII

RESUMO

Observações sobre a dispersão de sementes por primatas no Jardim Botânico

do Rio de Janeiro

O macaco-prego (Sapajus nigritus) - nativo- e o sagüi (Callithrix sp.) – exótico-, são primatas residentes e frequentadores do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) e da área de Mata Atlântica local. Sua presença pode trazer danos à coleção científica de plantas vivas do JBRJ ao dispersarem sementes e/ou propágulos no Arboreto e ao consumirem espécimes exóticos da coleção viva do JBRJ e os introduzindo na Mata Atlântica local. O objetivo deste trabalho foi verificar e analisar a possibilidade de dispersão de sementes através das fezes dos primatas Sapajus nigritus, Callithrix jacchus, Callithrix penicillata e híbridos. As sementes foram obtidas entre dezembro de 2014 e setembro de 2016 (estações secas e úmidas), diretamente das fezes dos animais coletadas em campo. As fezes foram filtradas em gaze com soro fisiológico e triadas na lupa. As sementes e/ou propágulos encontrados foram parcialmente identificados e a germinação das sementes foi realizada no Laboratório de Sementes do JBRJ. Foram coletadas 36 de amostras de sagui com os seguintes resultados: 14 amostras possuíam sementes ou propágulos de 8 famílias diferentes. Macaco-prego foram 25 amostras com 30 tipos de sementes e/ou propágulos distribuídos em 14 famílias. As amostras de sementes de espécies/famílias nativas e exóticas germinaram bem atestando a viabilidade das mesmas. Os resultados obtidos com este trabalho indicam que S. nigritus é dispersor mais eficiente que o Callithrix sp., diante da diversidade de vegetais com sementes pequenas e maiores nas amostras de fezes ao longo de todas as estações (seca e úmida).

Palavras-chaves: Callitrirx sp., Sapajus nigritus e Mata Atlântica.

VIII

ABSTRACT

Observations on the dispersal of seeds by primates in the Botanic Garden of

Rio de Janeiro.

The tufted capuchin (Sapajus nigritus) - native - and the marmoset (Callithrix sp.) - exotic - are residents primates and regulars Rio de Janeiro Botanical Garden (JBRJ) and the local Atlantic Forest area. Their presence may damage the JBRJ's scientific collection of living plants by dispersing seeds and / or propagules in the Arboretum and by consuming exotic specimens from the JBRJ living collection by introducing them into the local Atlantic Forest. The objective of this work was to verify and analyze the possibility of seed dispersal through primate feces (Sapajus nigritus, Callithrix jacchus, Callithrix penicillata and hybrids). The seeds were obtained between December 2014 and September 2016 (dry and humid seasons), directly from the feces of the animals collected in the field. The feces were gauze filtered with physiological saline and screened in the magnifying glass. The seeds and / or propagules were partially identified and seed germination was performed at the JBRJ Seed Laboratory. Thirty - six samples were collected with the following results: 14 samples had seeds or seedlings from 8 different families. Monkey-nail were 25 samples with 30 types of seeds and / or propagules distributed in 14 families. Seed samples from native and exotic species / families germinated in well attesting to their viability. The results obtained with this work indicate that S. nigritus is a more efficient disperser than Callithrix sp., Due to the diversity of plants with small and larger seeds in stool samples throughout all seasons (dry and humid).

Keywords: Callithrix sp., Sapajus nigritus, Atlantic forest.

IX

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Vista aérea do JBRJ................................................................................19

FIGURA 2: (A) Sapajus nigritus (macaco-prego) e (B) Callithrix jacchus, Callithrix

penicillata e híbridos (sagui).........................................................................................22

FIGURA 3: Mapa das plataformas de ceva no JBRJ.................................................23

FIGURA 4: (A) Preparação das amostras (B) Filtragem das amostras de fezes......24

FIGURA 5: (A) Plataforma de ceva. (B) Estufa B.O.D. (C) Separação de sementes na lupa. Imagem (D) Laboratório de sementes do JBRJ...........................................25

FIGURA 6: Gráfico de frequência de estruturas presentes em amostras de fezes de Sagui..........................................................................................................................27

FIGURA 7: Gráfico de sementes e/ou propágulos encontrados em amostras de fezes de Sagui.....................................................................................................................28

FIGURA 8: Gráfico de quantidade de sementes e/ou propágulos encontrados nas amostras de fezes do sagui nas estações secas e úmida.........................................29

FIGURA 9: (A) Amostra S004 (B) Amostra S005.......................................................29

FIGURA 10: Gráfico de frequência de estruturas presentes em amostras de fezes de macaco-prego.............................................................................................................32

FIGURA 11: Gráfico das sementes e/ou propágulos encontrados em amostras de fezes de macaco-prego..............................................................................................33

FIGURA 12: Gráfico da quantidade de sementes e/ou propágulos encontrados nas amostras de fezes do Macaco-prego nas estações secas e úmidas.........................34

FIGURA 13: (A) Amostra P001 (B) Amostra P014.....................................................34

FIGURA 14: Gráfico das sementes e/ou propágulos encontrados em amostras dos primatas......................................................................................................................35

FIGURA 15: Gráfico representativo das sementes e/ou propágulos semeados e germinados em amostras de fezes dos primatas.......................................................36

FIGURA 16: (A) macaco-prego (Sapajus nigritus) alimentando-se do fruto Arthocarpus heterophyllus. (B) sagui (Callithrix jacchus, Callithrix penicillata e híbridos) alimentando-se do fruto Eugenia uniflora (pitanga).....................................................................................................................38 FIGURA 17: (A) macaco-prego (Sapajus nigritus) alimentando-se do fruto Psidium guajava (Goiaba) no Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ. (B) sagui (Callithrix jacchus, Callithrix penicillata e híbridos) alimentando-se do fruto Arthocarpus heterophyllus (Jaca) no Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ...........................................................................................................................39

X

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Lista das sementes e/ou propágulos encontradas nas fezes dos primatas......................................................................................................................36

TABELA 2: Espécies de frutos consumidos pelos primatas.......................................37

TABELA 3: Relação das estruturas encontradas nas amostras de fezes de Sagui no período de estação seca¹ de abril a set/2015............................................................56

TABELA 4: Relação das estruturas encontradas nas amostras de fezes de Sagui no período de estação úmida de out/2015 a mar/2016..................................................57

TABELA 5: Relação das estruturas encontradas nas amostras de fezes de Sagui no período de estação seca² de abril a set/2016............................................................58

TABELA 6: Relação das estruturas encontradas nas amostras de fezes de Macaco-prego no período de estação úmida¹ de dez/2014 a mar/2015.................................59

TABELA 7: Relação das estruturas encontradas nas amostras de fezes de Macaco-prego no período de estação seca¹ abril a set/2015..................................................59

TABELA 8: Relação das estruturas encontradas nas amostras de fezes de Macaco-prego no período de estação úmida² de out/2015 a mar/2016..................................60

TABELA 9: Relação das estruturas encontradas nas amostras de fezes de macaco-prego no período de estação seca² de abr a set/2016..............................................61

TABELA 10: Relação das sementes e/ou propágulos encontrados nas amostras de Sagui quanto à germinação no período de estação seca e úmida............................62

TABELA 11: Relação das sementes e/ou propágulos encontrados nas amostras de Macaco-prego quanto à germinação no período de estação seca e úmida..............63

XI

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................12

1.1 ZOOCORIA POR PRIMATAS.........................................................................12

1.2 MATA ATLÂNTICA E PRIMATAS DO JBRJ...................................................14

2. HIPÓTESE........................................................................................................17

3. OBJETIVO GERAL..........................................................................................18

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...........................................................................18

4. METODOLOGIA...............................................................................................19

4.1 ÁREA DE ESTUDO........................................................................................19

4.2 DELINEAMENTO AMOSTRAL.......................................................................21

5. RESULTADOS.................................................................................................26

5.1 AMOSTRAS DE FEZES DE SAGUI...............................................................26

5.2 AMOSTRAS DE FEZES DE MACACO-PREGO............................................30

6. DISCUSSÃO.....................................................................................................40

7. CONCLUSÃO...................................................................................................47

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................48

9. ANEXOS...........................................................................................................56

12

1. INTRODUÇÃO

1.1 ZOOCORIA POR PRIMATAS

O desenvolvimento das plantas inicia-se com a germinação das sementes,

que contêm, no seu interior, o embrião (Guerreiro & Glória, 2003). A dispersão de

sementes é importante para regeneração das florestas tropicais e colonização de

habitats (Van Der Pijl, 1982). Ela também é importante para a recuperação de áreas

degradadas por ações antrópicas e pode beneficiar o estabelecimento,

desenvolvimento e evolução das espécies florestais (Rondon-Neto et al., 2001). De

acordo com Figliolia (1993), o processo de dispersão é complexo e envolve as

relações entre planta e agente dispersores. Acredita-se que entre 50% a 90%, de

todas as árvores das florestas tropicais foram dispersas por animais (Fleming, 1987).

Zoocoria é o termo utilizado para dispersão de sementes por animais e de acordo

com Instituto de Biologia da Universidade de Uberlândia – UFU (2016) a dispersão

por animais (zoocoria) pode ser dividida em três tipos: Endozoocoria: quando a

dispersão é feita através da ingestão e depois liberação da semente nas fezes ou

por regurgito; Sinzoocoria: quando as sementes são deliberadamente carregadas,

principalmente na boca; Epizoocoria: quando as sementes são carregadas

acidentalmente. A variabilidade de padrões de dispersão de sementes fica mais

evidente à medida que os estudos tornam-se mais numerosos e detalhados (Garber

& Lambert, 1998).

As sementes que possuem grandes características de sobrevivência deram

às plantas que as produzem a mais importante vantagem seletiva (Raven, 2001). A

dispersão e a predação de sementes são fortemente relacionados aos fatores

bióticos e aos eventos reprodutivos fenológicos (Neves & Viana, 2008). A dispersão

de sementes é um processo pelo qual as sementes são removidas de perto da

planta mãe para distâncias maiores, em locais seguros, onde a predação e

competição não são tão eficientes, para que a semente ou propágulo tenha maiores

chances de sobrevivência e de gerar descendentes férteis, portanto sendo mais

propício à germinação. É um processo importante dentro do ciclo de vida da maioria

das plantas, especialmente em ambientes tropicais (Howe & Miriti, 2004). Se as

sementes forem dispersas em uma área mais ampla, aumentará a chance de

13

algumas sementes caírem em local favorável facilitando o estabelecimento do

propágulo. A dispersão é feita por diásporos que são as sementes, os frutos, a

planta inteira ou parte dela, ou a junção desses diásporos (Instituto de Biologia da

Universidade de Uberlândia – UFU, 2016).

Os diásporos dispersos por animais são muito importantes para a

manutenção da tentativa de obter recursos para a fauna ao longo do ano (Figliolia &

Kageyama 1995), principalmente em locais que predominam clima sazonal, onde

ocorrem períodos de escassez de frutos como alimentos (Galetti & Pedroni 1994;

Develey & Peres 2000).

A dispersão das sementes é um processo demográfico importante na vida

das plantas por representar a união da polinização com o recrutamento que levará

ao estabelecimento de novas plantas adultas (Harper, 1977). Em união com a

polinização, a dispersão das sementes é um ponto chave para o movimento dos

genes das plantas. Sementes novas apresentadas em uma população não

representam somente novos indivíduos, mas também genótipos distintos. Em geral

sementes dispersas pelo vento prevalecem em florestas secas e a dispersão por

zoocoria ganha mais importância em florestas úmidas (Howe & Smallwood, 1982).

A dispersão das sementes por zoocoria tem grande potencial para influenciar

os padrões de fluxo gênico e a estrutura genética garantindo a viabilidade genética

das populações (Sork et al., 1999; Jordano & Godoy, 2002). Segundo Parron e

colaboradores, (2015) a dispersão de sementes por animais (zoocoria) está entre os

processos naturais mais importantes para que outros processos ambientais existam,

sendo considerado um serviço de suporte.

Os primatas são importantes dispersores de sementes de muitas espécies

frutíferas (Rímoli et al, 2008). A qualidade da dispersão depende do local e do

padrão de deposição das sementes (Howe et al., 1985). Os frutos possuem

características próprias como variação de tamanho, variações de formas e cores que

podem servir para atrair o predador. Assim as sementes menores possuem

vantagens na dispersão quando comparada com sementes maiores devido às

sementes menores possuírem maiores chances de serem engolidas e defecadas

intactas do que as maiores onde o animal retira um pedaço da semente que pode

danificar o embrião e assim não ocorrer à germinação (Lucas & Corlett, 1998;

14

Norconk et al., 1998). Primatas de uma mesma espécie podem dispersar ou predar

sementes de uma mesma espécie de planta em épocas diferentes, dependendo da

disponibilidade de recursos alimentares na época (Gautier Hion et al., 1993; Kaplin

et al., 1998).

1.2 MATA ATLÂNTICA E PRIMATAS DO JBRJ

Da Mata Atlântica nos dias atuais restam apenas 8,5% de remanescentes

florestais acima de 100 hectares do que existia originalmente (SOS Mata Atlântica,

2015). No estado do Rio de Janeiro, a Mata Atlântica equivale a 17% de sua

cobertura original (Rocha et al. 2003). De acordo com a Secretaria Municipal de

Meio Ambiente – SMAC (2016), o município do Rio de Janeiro está todo inserido no

bioma Mata Atlântica, com paisagem de elevações montanhosa cobertas de

vegetação florestal.

Hoje, a Mata Atlântica é considerada um hot spot mundial, devido à sua

grande biodiversidade e por ser considerada ameaçada. Sua composição é um

mosaico de vegetações definidas como florestas ombrófilas densas, abertas e

mistas; florestas estacionais deciduais e semideciduais; campos de altitude,

mangues e restingas (SOS Mata Atlântica, 2015). A Mata Atlântica ocupa o território

do município do Rio de Janeiro o valor de 35.290 ha, ou seja, 28,9% são formados

por Floresta Ombrófila Densa, Restinga, Manguezal (SMAC, 2016).

Na Mata Atlântica, cerca de 90% das árvores produzem frutos carnosos

capazes de atrair animais dispersores. Essas árvores dependem de animais para a

dispersão de suas sementes (Howe & Smallwood, 1982; Jordano & Schupp, 2000).

De acordo com SOS Mata Atlântica (2015), na Mata Atlântica vivem mais de 20 mil

espécies de plantas, sendo 8 mil endêmicas, 270 espécies conhecidas de

mamíferos, 992 espécies de pássaros, 197 répteis, 372 anfíbios e 350 peixes.

O Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) possui uma área de vegetação

natural situada nas encostas da Mata Atlântica adjacente ao arboreto e pertencente

ao complexo montanhoso que compõe o Maciço da Tijuca (Reis, 2008). Assim, o

JBRJ tem importância significativa, por ser um local que abriga um remanescente

florestal de Mata Atlântica (Kato, 2013). Das espécies nativas, em se tratando de

primatas, ocorre a espécie Sapajus nigritus (Goldfuss, 1809), conhecido

15

popularmente como macaco-prego (Silva Junior, 2001).

O macaco-prego (S. nigritus) é endêmico da Mata Atlântica e ocorre no

Sudeste e Sul do Brasil, desde a margem direita do rio Doce (MG e ES) até o Rio

Grande do Sul, e na Argentina na região nordeste (Silva Junior, 2005; Vilanova et

al., 2005). São animais de porte médio, possuindo peso médio para adultos de 3,2

Kg (machos) e 2,3 Kg (fêmeas) (Reis et al, 2008), tem hábitos diurnos, vivem em

grupos sociais, podendo conter vários indivíduos, entre machos e fêmeas jovens,

adultos e infantes e um macho alfa (Freese & Oppenheimer, 1981; Izawa, 1990).

Locomovem-se com grande facilidade em troncos e galhos de árvores,

principalmente para seu forrageio (Silva Junior, 2001).

A espécie alimenta-se de frutos, insetos, flores, pequenos vertebrados,

néctar, brotos e ovos de pássaros. Possui a capacidade de manipulação e destreza

manual utilizando ferramentas para acessar objetos indisponíveis (Reis et al, 2008).

O macaco-prego está diretamente relacionado a dois importantes processos

ecológicos, a dispersão de sementes e o controle populacional de insetos porque

que consomem em grande quantidade desses itens (Parron et al, 2015). Entre os

mamíferos de médio porte os macacos-prego são capazes de sobreviver adaptando-

se em pequenos fragmentos de floresta (Chiarello, 1999), porque possuem uma

grande capacidade de aprendizado e plasticidade comportamental, que permitem

sua adaptação a ambientes antropizados, com alguma cobertura florestal (Ludwig et

al., 2005; Rocha, 2000; Vidolin & Mikich, 2004). Segundo Ludwig e colaboradores

(2005), esse primata pode ser um dos poucos mamíferos provedores de alguns

serviços ambientais de suporte e de provisão em áreas degradadas ou produtivas.

Outros primatas que compõe a fauna da Mata Atlântica são o Callithrix

jacchus (Linnaeus, 1758) e o Callithrix penicillata (E. Greoffroy 1812), conhecidos

popularmente como “sagui” que são consideradas espécies invasoras, por terem

sido introduzidas nas regiões sudeste e sul através do tráfico de animais (Rylands &

Faria, 1993). Segundo a Convenção Internacional sobre Diversidade Biológica –

CDB (1992) na 6ª Conferência das Partes (CDB COP-6, Decisão VI/23, 2002),

Espécie Exótica Invasora é toda espécie que se desenvolve fora da sua área de

origem (distribuição natural) e que pode afetar de forma negativa ecossistemas,

habitats ou espécies. Espécies exóticas representam um risco para espécies

16

nativas, devido à predação, competição, hibridação e transmissão de agentes

patogênicos (Rangel, 2010). As duas espécies invasoras de primatas, o C. jacchus e

o C. penicillata e os híbridos, que são o resultado do cruzamento das duas espécies

exóticas (Rangel, 2010), são encontradas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro

(JBRJ).

Callithrix jacchus, também conhecido como “sagui-do-nordeste”, tem sua

distribuição original pelos estados do Rio Grande do Norte, Alagoas, Pernambuco,

Paraíba, Ceará e Piauí, com uma variedade de tipos de florestas, ocupando os

biomas de Mata Atlântica e Caatinga. (Rylands, 1996; Reis et al, 2008). Callithrix

penicillata, também conhecido como “sagui-de-tufos-pretos” ou “mico-estrela” tem

sua distribuição desde os estados do Maranhão e sudeste do Piauí ate o norte de

São Paulo, incluindo a maior parte do estado da Bahia, Minas Gerais e Goiás,

ocupando o bioma do cerrado (Rylands, 1996). As duas espécies podem conviver,

formando grupos híbridos que podem gerar descendentes férteis (Rangel, 2010). De

acordo com Coimbra-Filho e colaboradores (1993) tal fato foi observado em cativeiro

e em vida livre. Callithrix sp. são animais diurnos e vivem em grupos, usam galhos

de árvores para se protegerem contra intempéries e predadores. São onívoros por

consumirem em grande quantidade uma variedade de itens alimentares e gomívoros

por consumirem exsudatos das árvores (Rangel, 2010). Alimentam-se também de

frutos, flores, néctar, insetos, aranhas, caramujos, lagartos, anuros, ovos e filhotes

de aves (Digby & Barreto, 1998; Maier et al, 1982; Rizzini & Coimbra-Filho, 1981;

Rothe, 1999; Stevenson & Rylands, 1988).

Callithrix jacchus e C. penicillata são espécies bem adaptadas a florestas

secundarias por terem uma grande versatilidade na dieta e sistema de acasalamento

eficaz possuindo uma taxa alta de reprodução e poucos predadores nas áreas que

foram introduzidas. Por isso os grupos das duas espécies e híbridos são bem

distribuídas no Estado do Rio de Janeiro. De acordo com Rangel (2010), a

população de saguis que vive no JBRJ é numerosa e em crescimento. Danificam a

coleção do JBRJ, interagem com funcionários e visitantes e competem por alimento

com outras espécies nativas.

Primatas macaco-prego (S nigritus) e os saguis (C. jacchus, C. penicillata e

híbridos) são residentes e frequentadores do JBRJ e da área de Mata Atlântica local

17

remanescente do Jardim Botânico, também conhecido como Serra da Carioca (Reis,

2008). Por consumirem alimentos de origem vegetal (Reis, et al 2008) podem

prejudicar a coleção científica de plantas vivas do JBRJ e a área de mata

remanescente da instituição. Danos podem acontecer de várias formas: ao

predarem e introduzirem por dispersão de sementes espécies da Mata adjacente na

coleção viva do JBRJ como também podem dispersarem espécies exóticas da

coleção do JBRJ na Mata Atlântica contígua. Diante do exposto algumas questões

podem ser levantadas: esses primatas, macaco-prego (S. nigritus) e o sagui (C.

jacchus, C. penicillata e híbridos) são dispersores viáveis? Quais seriam as espécies

vegetais exóticas ou nativas dispersadas? Essa dispersão tem potencial de impacto

no JBRJ e na Mata Atlântica remanescente?

A importância ecológica da pesquisa reside no fato de serem escassas as

informações sobre a dispersão de sementes por primatas residentes e

frequentadores do JBRJ e da Mata Atlântica contígua. Com esse estudo será

verificado e analisado se os primatas macacos-prego e sagui são reais dispersores

de sementes e quais espécies eles estariam dispersando. Além disso, pretende-se

avaliar se a dispersão pode ser prejudicial ao JBRJ ou a Serra da Carioca, causando

danos à coleção ou à mata contígua ao dispersarem espécies exóticas à Flora local.

2. HIPÓTESE

O macaco-prego (Sapajus nigritus) e os saguis (Callithrix jacchus, Callithrix

penicillata e híbridos) são reais dispersores de sementes exóticas e nativas no JBRJ

e na Mata Atlântica. Assim, alteram a coleção viva do Jardim Botânico dispersando

espécies que não fazem parte da coleção botânica e promovem a dispersão de

plantas exóticas, presentes na referida coleção, na Serra da Carioca, introduzindo

espécies exóticas e com possível potencial invasor na mata.

18

3. OBJETIVO GERAL

O objetivo do presente trabalho é verificar e analisar a possibilidade de

dispersão de sementes por primatas (Sapajus nigritus, Callithrix jacchus, Callithrix

penicillata e híbridos) residentes ou visitantes no Instituto de Pesquisas Jardim

Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), através das fezes dos animais, tanto no JBRJ

quanto em mata contígua.

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Para alcançar o objetivo geral pretende-se:

- Verificar a presença de sementes nas fezes dos primatas;

- Testar a germinação e viabilidade das sementes encontradas, quando em número

suficiente nas amostras;

- Identificar os propágulos e/ou sementes das espécies germinadas e não

germinadas;

- Listar espécies nativas e exóticas encontradas nas amostras de fezes.

- Listar espécies de frutos que foram observados por trabalhos científicos do Núcleo

da Fauna do JBRJ e não foram encontradas sementes e/ou propágulos nas

amostras de fezes.

19

4. METODOLOGIA

4.1 ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi realizado no arboreto do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico

do Rio de Janeiro (JBRJ), localizado na Rua Jardim Botânico, número 1008, Rio de

Janeiro, RJ (22º57’a 22º59’S e 43º13’a 43º14’W) (Figura 1). Sua área abrange 137

hectares, sendo 54 hectares de arboreto plantado com espécies do mundo todo e 83

hectares de remanescentes da Floresta Atlântica (Mendonça et al., 2004).

Figura 1: Vista aérea do Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ. Crédito Google Earth, acesso em 19 de novembro de 2016.

O Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico foi fundado em 13 de junho de

1808 pelo príncipe regente D. João que decidiu instalar no local uma fábrica de

pólvora e um jardim para aclimatização de espécies vegetais originárias de outras

partes do mundo. De acordo com Bediaga e colaboradores (2008), o desafio foi

aclimatar as espécies botânicas que eram consideradas especiarias do Oriente:

baunilha, canela, pimenta e outras. Assim, o JBRJ foi um local de experiências com

20

vegetais enviados de províncias portuguesas. Em geral, aclimatizar uma espécie de

planta significava que o Jardim teria que aperfeiçoar o transporte das sementes e

mudas, construir viveiros para semeá-las e finalmente transplantar os vegetais para

o solo e observar a necessidade de sol, sombra, água e etc. (Bediaga et al. 2008).

Em 21 de abril de 1821, D. João VI retornou para Portugal e seu filho D.

Pedro I, ao assumir o trono, deu prosseguimento às obras iniciadas pelo pai. Em

1824, nomeou seu primeiro diretor botânico, Frei Leandro do Sacramento que era

carmelita e professor de botânica na Academia de Medicina e Cirurgia (Lavôr, 1983).

Frei Leandro do Sacramento aumentou a área cultivada, aterrou alguns locais,

traçou uma cascata, construiu um lago, projetou aléias, inaugurou um relógio do sol,

plantou mangueiras, nogueiras, longanas, pitombas e etc. (Lavôr, 1983).

Atualmente, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), fora das estufas,

possui uma área cultivada cerca de 9 mil exemplares botânico pertencentes a cerca

de 1500 espécies, sendo que apenas 30% representa a flora nacional (Reis, 2008).

Nos canteiros predominam espécies de porte arbóreo, sendo Leguminosae,

Myrtaceae, Palmae (Arecaceae) e Bignoniaceae as famílias botânicas mais bem

representadas. Já nas estufas e nas coleções temáticas a realidade se inverte. Por

exemplo, as coleções de orquídeas e de bromélias juntas somam mais de 8 mil

vasos e mais de 1000 espécies, a maioria absoluta brasileira e obtida em

expedições botânicas realizadas por pesquisadores da Casa nos últimos 40 anos

(Reis, 2008). Bignoniaceae, Passifloraceae e Convolvulaceae são as famílias de

trepadeiras mais encontradas no JBRJ.

A fauna dentro do JBRJ é bastante diversificada. Existem aqueles animais

que são vistos com mais facilidade, que é o caso dos macacos-prego (Sapajus

nigritus), caxinguelês (Guerlinguetus ingrami) e dos saguis (Callithrix jacchus,

Callithrix penicillata e híbridos), 200 espécies aves (dentre as migratórias, residentes

e aquelas que nunca pousam, mas passam pelo alto), alguns répteis como o

calango (Tropidurus torquatus), teiú (Salvator merianae), jiboias (Boa constrictor) e

cobras verdes (Liophis sp), espécies de anfíbios, peixes e muitas espécies de

artrópodes (Nunan, 2015). Apesar da maioria dos animais não serem vistos com

tanta facilidade, existem registros de mamíferos de médio e pequeno porte que

habitam o Jardim, como cuícas (Caluromys philander e Monodelphis americana),

21

gambás (Didelphis aurita), ouriços-caxeiros (Coendou villosus), mãos-peladas

(Procyon cancrivorus), preguiças (Bradypus variegatus), tamandua-mirím

(Tamandua tetradactyla), pacas (Cuniculus paca), quatis (Nasua nasua), lontra

(Lutra sp.), diversas espécies de morcegos e capivara (Hydrochaeris hydrochaeris)

(Rangel, 2005).

O JBRJ abriga também o Núcleo de Conservação da Fauna, que tem como

objetivos o atendimento de socorro à fauna de vertebrados presentes no território do

JBRJ, a identificação taxonômica, observação de animais silvestres em vida livre

(comportamento e/ou dieta e/ou ecologia) para desenvolvimento de pesquisas

científicas e ainda colabora para a orientação ao público e funcionários em relação

ao correto comportamento com a fauna (Núcleo de Conservação da Fauna, 2016).

Este núcleo é lotado regimentalmente na Coordenação de Conservação de Áreas

Verdes / Diretoria de Ambiente e Tecnologia.

4.2 DELINEAMENTO AMOSTRAL

A pesquisa foi realizada com grupos de primatas macacos-prego (S. nigritus)

e de saguis (C. jacchus, C. penicillata e hibridos), residentes e frequentadores do

JBRJ (Figura 2). De acordo com núcleo de Conservação Fauna, (2016) estima-se

que o grupo de macaco-prego possui em torno de 30 indivíduos entre machos e

fêmeas, adultos, jovens e filhotes. Nesse caso optou-se por usa o grupo todo. A

coleta de fezes dos macacos-prego foi feita através de busca ativa e

acompanhamento do grupo. Para a coleta de fezes de sagui foram utilizadas três

plataformas feitas de bambu suspensas nas árvores. Essas plataformas são

cevadas com bananas e armadilhas modelo tomahawk foram colocadas para

captura dos indivíduos e, assim, a coleta das fezes foi realizada nos animais que

frequentam as plataformas e/ou nos que são capturados.

22

Figura 2: (A) indivíduo de Sapajus nigritus (macaco-prego), (B) indivíduo de Callithrix

sp. (sagui) no Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ (Fotos de Alexandre Machado).

Existem cerca de 12 grupos mistos de Callithrix spp. no arboreto do Jardim

Botânico do Rio de Janeiro (Rangel et al., 2009). Para a coleta de fezes de saguis

foram selecionados três grupos de áreas diferentes (Figura 3). Os três grupos

possuem entre 5 a 7 indivíduos Essas plataformas estão localizadas nos canteiros

32C, orquidário e Região Amazônica (o arboreto do Jardim Botânico é dividido em

sessões e canteiros), dentro do JBRJ (Núcleo de Conservação da Fauna, 2016). As

áreas selecionadas para colocação das plataformas foram locais onde já existia

acompanhamento dos grupos para outras pesquisas. A maioria dos indivíduos de

saguis é híbrida, não sendo possível a separação entre espécies, portanto, no atual

estudo adotaremos a identificação como Callithrix sp.

23

Figura 3: Mapa do Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ com a localização das plataformas de capturas de fezes de sagui (Canteiro 32C, Orquidário e Região Amazônica).

As amostras coletadas foram armazenadas em potes de vidros e colocadas

na geladeira para conservação das mesmas. As amostras de fezes desses primatas

foram filtradas através de gaze dobrada em cinco partes, 100 ml de soro e um funil

pequeno de plástico (Figura 4). A filtragem realiza separação das partículas com

maior granulometria das fezes e permite a separação dos propágulos e/ou

sementes, que foram analisados na lupa. Por fim as amostras foram triadas na lupa

(modelo MoticMicroscops smz168), separando possíveis propágulos/sementes para

identificação e germinação (Figura 5).

A coleta e verificação da presença dos propágulos e/ou sementes nas

amostras de sagui e macaco-prego foram divididas entre estações secas (outono e

inverno) e úmidas (primavera e verão). As amostras de sagui foram divididas entre:

Estação seca¹: abril a setembro de 2015 e estação seca²: abril a setembro de 2016;

Estação úmida: entre outubro de 2015 a março de 2016. As amostras de sagui

foram dividas dessa forma, para que facilitasse a coleta, a identificação das

amostras e por terem uma quantidade maior de amostras de saguis do que de

macaco-prego. As amostras de macaco-prego foram divididas entre: Estação

úmida¹: dezembro de 2014 a março de 2015; Estação seca¹: abril a setembro de

24

2015; Estação úmida²: outubro de 2015 a março de 2016 e Estação seca²: abril a

setembro de 2016. O grupo de macaco-prego obteve-se mais dificuldade para a

coleta de fezes, devido os mesmos não possuir ponto fixo e se locomovem por todo

o Jardim Botânico e mata contigua.

As amostras de sementes foram distribuídas em uma caixa plástica

transparente do tipo Gerbox, com papel filtro umedecido com água destilada para

que germinasse. As caixas foram tampadas com a identificação na tampa ou na

parte de baixo do recipiente. As sementes foram expostas à luz artificial em

períodos de 8-16 horas luz em uma estufa de B.O.D a 25 °C para geminação. As

sementes colocadas para germinar foram umedecidas com água destilada três

vezes por semana. A identificação das sementes e/ou propágulos foi realizada com

auxilio de um especialista em sementes e pesquisas bibliográficas. As amostras que

possuíam frutos, como aquênios, e/ou tinham pouca quantidade de sementes e/ou

propágulos (1 a 2) não foram semeadas, a fim de não comprometer uma possível

identificação no futuro, com a ajuda de especialista.

Figuras 4: (A) Becker com a medida do soro e funil pequeno com gaze. (B) Filtragem das amostras de fezes. Núcleo de Conservação da Fauna do Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ. (Fotos: Equipe Fauna – JBRJ, 2016).

25

Figura 5: (A) Plataforma de ceva e acompanhamentos com armadilhas. (B) Estufas B.O.D. (C) Separação de sementes na lupa. (D) Laboratório de sementes do JBRJ. (Fotos: Jehnnifer Mendonça e Simone Nogueira, 2015-2016).

Para cada semente e/ou propágulo identificado foi feita uma pesquisa

bibliográfica (Flora do Brasil) para o reconhecimento se planta nativa ou exótica.

Foram consultados trabalhos científicos desenvolvidos por voluntários do Núcleo de

Conservação da Fauna no JBRJ para listar outros frutos que os primatas

consomem, mas que no presente trabalho não foram encontrados sementes ou

propágulos nas fezes desses animais.

26

5. RESULTADOS

5.1 AMOSTRAS DE FEZES DE SAGUI

Foram coletadas um total de 36 amostras de fezes de saguis durante o

período de abril de 2015 a setembro de 2016 e numeradas S001 a S036. Nas

amostras foram encontradas várias estruturas, entre elas, propágulos (frutos com

sementes), sementes e fragmentos de insetos (Tabelas 3; 4 e 5 – anexo).

No período de estação seca1 foram analisadas 10 amostras (Tabela 3 –

Anexo). Na amostra S001 registrou-se um (01) aquênio de Cyperaceae. Nas

amostras S002, S003, S006 e S007 não foram encontradas sementes, somente

outras estruturas. Nas amostras S004 e S005 foram encontradas sementes

pertencentes à família Rubiaceae (Figura 9). Das 56 sementes encontradas na

amostra S004 40 sementes foram semeadas, germinando 39 em 8-10 dias após a

semeadura. Na amostra S005 foram encontradas 34 sementes, destas 20 foram

semeadas. Quinze (15) plântulas foram obtidas após 8-10 dias. Na amostra S008

foram encontradas seis sementes, que foram semeadas, contudo não houve

germinação, dificultando a identificação. Já na amostra S009 foram encontrados 10

sementes, semeadas e identificadas como Rubiaceae. Somente quatro propágulos

germinaram nesta amostra após 8-10 dias. Na S010 não foram encontrados

sementes e/ou propágulos.

Já na estação úmida foram coletadas e analisadas 10 amostras (Tabela 4 e

10 – em anexos). Na amostra S011 foram encontrados 12 propágulos identificados

como Miconia sp. (Melastomataceae), seis foram semeados e após 13 dias obteve-

se duas plântulas. Foi encontrado somente um (1) propágulo (aquênio) de

Cyperaceae na amostra S012. Foram encontradas dois tipos de sementes na

amostra S013. Dez (10) sementes de Clidemia sp. (Melastomataceae) foram

encontradas na amostra S013A, semeadas e germinadas três sementes entre 8-10

dias. Já na amostra S013B foram encontradas 83 sementes de Miconia albicans.

Quarenta (40) sementes foram semeadas desta amostra e germinaram 23 sementes

após 8-10 dias. Nas amostras S014, S015, S017, S018, S019 e S020 não foram

encontradas sementes ou propágulos apenas outras estruturas, entre elas,

fragmentos de inseto e goma Enquanto na amostra S016 foram encontradas 33

sementes de uma espécie de Rubiaceae. Vinte sete (27) foram semeadas, mas não

27

houve germinação.

Na estação seca2 foram coletadas e analisadas 16 amostras (Tabela: 5 –

Anexos). Nas amostras S021, S022, S023, S024, S028, S029, S030, S031, S032,

S033, S035 e S036 não foram encontradas sementes ou propágulos. Foi encontrada

na amostra S025 uma (1) semente, porém não se obteve identificação tampouco

germinação. Um aquênio de Cyperaceae foi encontrado na amostra S026. Na

amostra seguinte (S027) foram encontradas 35 sementes de Cecropia sp. Após

semear 27 sementes não houve germinação. Uma semente de Fabaceae foi

encontra na amostra S034, semeada, porém não obteve germinação.

A figura 6 indica as frequências das estruturas que fazem parte da dieta dos

saguis no período de estudo. Nota-se uma grande quantidade de goma e

fragmentos de insetos nas amostras. Esses resultados demonstram uma

característica marcante do comportamento dos saguis que é a gomivoria e o como

são generalistas, já que consomem grande variedade de estruturas. As estruturas de

origem abiótica encontradas nas amostras podem ser resultantes de frutos colhidos

no chão.

Figura 6: Representação da frequência de estruturas presentes em amostras de fezes de Sagui, Callithrix jacchus (Linnaeus, 1758), Callithrix penicillata (E. Greoffroy 1812) e híbridos, coletadas em plataformas de ceva distribuídas no Arboreto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), Rio de Janeiro no período de abril de 2015 a setembro de 2016.

23

3 6

13

7 5

1

31

1

34

6

16 13

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Fre

qu

ên

cia

Estruturas

28

A figura 7 apresenta as 14 sementes e/ou propágulos encontrados nas

amostras de fezes de sagui durante o estudo. Oito (8) família/espécies foram

encontradas nas 36 amostras. Três (3) dessas famílias/espécies (Cyperaceae,

Rubiaceae e não identificada) foram encontradas em mais de uma amostra. As duas

(2) sementes e/ou propágulos não identificadas possuem estruturas diferentes.

Assim, acredita-se que pertencem a espécies diferentes.

Figura 7: Representação das sementes e/ou propágulos encontrados em amostras de fezes de Sagui (Callithrix jacchus, Callithrix penicillata e híbridos) coletadas em plataformas de ceva distribuídas no Arboreto do JBRJ, no período de abril de 2015 a setembro de 2016.

A figura 8 indica as sementes e/ou propágulos que foram encontrados nas

estações secas e úmidas das amostras de sagui (Callithrix sp.). Na estação seca¹

foram encontradas cinco (5) tipos de sementes e/ou propágulos nas amostras de

fezes. Na estação úmida também foi encontrado cinco (5) tipos de sementes e/ou

propágulos nas amostras de fezes. Na estação seca² foram encontradas menos

quantidade, quando comparada com a estação seca¹. Foram encontrados quatro (4)

tipos de sementes nas amostras de fezes dos saguis neste período. As amostras

nas estações secas foram bem distribuídas ao longo dos meses. Já na estação

úmida no mês de dezembro foram encontrados dois (2) tipos de sementes nas

1 1

3

1

2

1 1

4

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

Clidemia sp. Cecropiasp.

Cyperaceae Fabaceae Nãoidentificado

Miconiaalbicans

Miconia sp. Rubiaceae

FREQ

UÊN

CIA

FAMÍLIA/ESPÉCIES

29

fezes.

Figura 8: Representação da quantidade de sementes e/ou propágulos encontrados nas amostras de fezes do sagui (Callithrix sp.) do JBRJ, na estação seca¹ (abr. a set/2015), estação úmida (out/2015 a mar/2016) e estação seca² (abr. a set/2016).

Figura 9: Amostra S004 em microscópio óptico (2000 μm) identificada como Rubiaceae. (B) Plântulas da amostra S005 em caixa gebox identificada como Rubiaceae com 15 dias. Laboratório de sementes do JBRJ.

1 1 1 1 1 0 1 1 2 1 0 0 0 0 1 1 1 1 0

0,5

1

1,5

2

2,5

Estação seca ¹ (OUT e INV)

Estações úmidas (PRI e VER)

Estação seca ² (OUT e INV

30

5.2 AMOSTRAS DE FEZES DE MACACO-PREGO

Foram coletadas um total 25 amostras de fezes de macacos-prego durante o

período de dezembro de 2014 a setembro de 2016, numeradas de P001 a P025.

Nas amostras foram encontradas várias estruturas, entre elas propágulos (frutos

com sementes), sementes e fragmentos de insetos. (Tabela 6; 7; 8 e 9 – em anexo).

Na estação úmida foram coletadas e analisadas cinco (5) amostras de fezes

de macaco-prego. Na primeira amostra de macaco-prego (P001) foram encontradas

16 sementes de Impatiens walleriana. Foram semeadas e germinaram 11 sementes

em 8-10 dias. Nas amostras P002 e P003 não foram encontrados propágulos e/ou

sementes, no entanto, outras estruturas florais foram encontradas. Analisando a

amostra P004 foram encontradas quatro tipos de sementes. Quatro (4) sementes de

Erythoxylum pulchrum foram encontradas na amostra P004A. Desta amostra foi

semeada uma (1) semente, que germinou em 15 dias. Na amostra P004B uma (1)

semente de Rubiaceae. Já na amostra P004C foram encontradas duas sementes de

Cecropia sp. que semeadas não germinaram. Apenas uma (1) semente de

Arecaceae foi encontrada na amostra P004D. Foi encontrada uma (1) semente na

amostra P005 não identificada, que semeada não germinou.

Na estação seca¹ foram coletadas e analisadas cinco (5) amostras de fezes

de macaco-prego. Na P006 não foram encontradas sementes e/ou propágulos.

Enquanto nas amostras P007 e P008 foram encontradas dois tipos de sementes.

Uma (1) semente de Erythoxylum pulchrum na amostra P007A, que foi semeada e

não germinou. Já na amostra P007B foram encontradas 12 sementes de Cecropia

hololeuca, semeadas e germinadas 12 sementes em 15 dias. Um (1) aquênio de

Cyperaceae foi encontrado na amostra P008A. Contudo, na amostra P008B, 56

sementes de Miconia sp foram encontradas. Desta amostra, 44 sementes foram

semeadas e germinam quatro (4) em 8-10 dias. Uma (1) semente de espécie de

Rubiaceae foi encontrada na amostra P009, semeada, mas não houve germinação.

Na amostra seguinte (P010) foram encontrados dois tipos de sementes: Cecropia

sp. na P010A e Rubiaceae na P010B. Seis (6) sementes de Cecropia sp. foram

encontradas, semeadas duas (2), porém não obteve-se germinação. Já na P010B

foram encontradas 68 sementes. Desta amostra 40 sementes de Rubiaceae foram

semeadas, contudo, apenas 23 sementes germinaram em 8-10 dias.

Já na estação úmida² foram coletadas e analisadas sete (7) amostras de

31

fezes de macaco-prego. Nas amostras P011 e P0012 foram encontradas sementes

de Rubiaceae. Entretanto na amostra P011 em menos quantidades (quatro

sementes). Elas foram semeadas e germinaram duas (2) em 8-10 dias. Ao contrário

da amostra P012 que foram encontradas 114 sementes. Destas 114 foram

semeadas 28, germinando 16 sementes em 8-10 dias. Sementes de Myrtaceae e

Solanaceae foram encontradas na amostra P013. Duas (2) Eugenia sp. na amostra

P013A e uma (1) semente de Solanaceae na P013B. Amostras P014 e P015A foram

encontradas sementes não identificadas. Na amostra P014 foram encontradas

sementes em uma boa quantidade (pelo menos 247 sementes). Destas 43 foram

semeadas e germinando 23 sementes. Na amostra P015A foram menos

quantidades (20). Desta amostra 11 sementes foram semeadas, germinando seis (6)

sementes. Já na amostra P015B foram encontradas duas sementes de

Cucurbitaceae. Uma (1) semente foi semeada e germinada em 52 dias. Na amostra

seguinte (P016), não foi encontrada sementes e/ou propágulos, apenas estruturas

florais. Duzentas (200) sementes foram encontradas na amostra P017. Desta

amostra volumosa, 30 sementes foram semeadas e germinaram 26 em 8-10 dias.

Na estação seca² foram coletadas e analisadas oito (8) amostras de fezes de

macaco-prego. Na primeira amostra (P018) de desse período foram encontrados

dois tipos de sementes e/ou propágulos. Três (3) Gramíneae foram encontradas na

amostra P018A. Já na amostra P018B foram encontradas 16 sementes não

identificadas. Desta amostra, 10 foram semeadas não havendo germinação. Duas

(2) sementes de Fabaceae foram encontradas na amostra P019. Na amostra

seguinte (P020) foram achadas 36 sementes não identificadas. Desta amostra,

foram semeadas 27 e gerou três (3) plântulas em 12 dias. Já na amostra P021 foram

encontradas sementes de três espécies (Cecropia sp, Miconia sp. e não

identificada). Na amostra P021A foram encontradas duas (2) sementes de Cecropia

sp. Na P021B foram encontradas duas (2) Miconia sp. Na P021C foram encontradas

quatro (4) sementes não identificadas. Nas amostras P022 e P024 não foram

encontradas sementes e/ou propágulos. Quando analisada a amostra P023 foram

identificadas três sementes de Cecropia sp. Desta amostra duas (2) sementes foram

semeadas e germinadas em 45 dias. Foram encontradas 89 sementes de

Rubiaceae na amostra P025. Desta amostra 36 foram semeadas e germinaram 19

sementes em 12 dias.

32

As amostras P014, P015A, P017, P018B, P020 e P021C acredita-se que as

sementes encontradas pertençam à mesma espécie, devido à semelhança do

material analisado, porém não foi possível a sua identificação. A amostra P005 (não

identificada) possuía estruturas diferentes das demais não identificadas, portanto,

pertence à outra espécie.

A figura 10 indica as frequências das estruturas que fazem parte da dieta de

Macacos-prego no período de estudo. Nota-se que houve uma grande variedade de

estruturas encontradas nas 25 amostras analisadas, principalmente, fragmentos de

inseto que foram encontradas em quase todas as amostras (21 amostras). As

estruturas de origem abiótica encontradas nas amostras podem ser resultantes de

frutos colhidos no chão.

Figura 10: Representação da frequência de estruturas presentes em amostras de fezes de macaco-prego (Sapajus nigritus Goldfuss, 1809) coletadas no Arboreto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro-JBRJ, Rio de Janeiro, no período de dezembro de 2014 a setembro de 2016.

18

6

3

19

13

16

9

21

0

3

17

7 5

0

5

10

15

20

25

Fre

qu

ên

cia

Estruturas

33

A figura 11 demonstra as frequências das sementes e/ou propágulos

encontrados nas amostras de fezes de macacos-prego durante a pesquisa. Foram

encontradas 14 família/espécies nas 25 amostras de fezes, porém cinco (5)

famílias/espécies (não identificadas, Rubiaceae, Cecropia sp. Elythroxylum pulchrum

e Miconia sp.) foram encontradas em mais de uma amostra.

Figura 11: Representação das sementes e/ou propágulos encontrados em amostras de fezes de macaco-prego (Sapajus nigritus) coletadas no Arboreto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro-JBRJ, Rio de Janeiro, no período de dezembro de 2014 a setembro de 2016.

A figura 12 indica as sementes e/ou propágulos que foram encontrados nas

estações secas e úmidas das amostras de macaco-prego. As amostras obtiveram na

estação úmida¹ uma frequência de seis (6) de sementes. Já na estação seco¹ (abr. a

set/2015) foram encontradas sete (7) sementes nas amostras de fezes. Na estação

úmida² aumentou o número para oito (8) tipos sementes encontras quando

comparadas a estação úmida¹. Na estação seca² foram encontradas nove (9) tipos

de sementes nas amostras de fezes dos macacos-prego. No mês de fevereiro de

2015 foi o período com mais amostras encontradas entre as estações úmidas. Já

nas amostras das estações secas o mês de agosto de 2016 foi o período com mais

sementes encontradas nas fezes.

1

4

1 1 1

2

1 1 1 1

7

2

6

1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

FREQ

UÊN

CIA

FAMÍLIA/ESPÉCIE

34

Figura 12: Representação da quantidade de sementes e/ou propágulos encontrados nas amostras de fezes do Macaco-prego (Sapajus nigritus) do JBRJ, na estação úmido¹ (dez/2014 a mar/2015), estação seco¹ (abr. a set/2015), estação úmido² (out/2015 a mar/2016) e estação seca² (abr. a set/2016).

Figura 13: (A) Amostra P001 – Plântulas de Impatiens walleriana após 20 dias. (B) Plântulas da amostra P014 em caixa gebox não identificada. Laboratório de sementes do JBRJ.

1 0 4 1 0 2 2 1 0 2 1 1 2 1 2 1 2 1 1 0 4 1 0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5d

ez/1

4

jan

/15

fev/

15

mar

/15

abr/

15

mai

/15

jun

/15

jul/

15

ago

/15

set/

15

ou

t/1

5

no

v/1

5

dez

/15

jan

/16

fev/

16

mar

/16

abr/

16

mai

/16

jun

/16

jul/

16

ago

/16

set/

16

Estações úmida¹s (PRI e VER)

Estação seca ¹ (OUT e INV)

Estações úmidas ² (PRI e VER)

Estação seca ² (OUT e INV)

35

A figura 14 indica as famílias/espécies encontradas nas amostras de fezes

dos primatas (sagui e macaco-prego) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro-JBRJ.

Percebe-se uma grande variedade de família/espécie nas amostras de macaco-

prego, quando comparadas com as amostras de sagui. Em 14 amostras de fezes de

macaco-prego foram encontradas sementes e/ou propágulos. Já em sagui, apenas

oito (8) amostras tiveram sementes e/ou propágulos nas fezes.

Figura 14: Representação das sementes e/ou propágulos encontrados em amostras de fezes dos primatas sagui (Callithrix jacchus, Callithrix penicillata e híbridos) e macaco-prego (Sapajus nigritus) coletadas no Arboreto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro-JBRJ, Rio de Janeiro.

A figura 15 demonstra as sementes encontradas nas fezes dos primatas

(sagui e macaco-prego) que após serem semeadas, obtiveram germinação em

plântulas. Nas 36 amostras de sagui apenas seis (6) amostras que continham

sementes germinaram, contudo, em boas quantidades (Tabelas: 10 e 11 – em

anexo). Nas 25 amostras de macaco-prego, 14 amostras que continham sementes,

germinaram em boas quantidades. Na tabela 10 e 11 (em anexo), indica a

quantidade de sementes germinadas de cada amostra individualmente.

1 1

3

1

2

1 1

4

1 1

4

1 1

2

1 1 1 1

7

2

6

1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Fre

qu

ên

cia

Famílias/Espécies

Sagui

Macaco-prego

36

Figura 15: Gráfico representativo das sementes e/ou propágulos semeados e germinados em amostras de fezes dos primatas sagui (Callithrix jacchus, Callithrix penicillata e híbridos) e macaco-prego (Sapajus nigritus) coletadas no Arboreto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro-JBRJ, Rio de Janeiro.

Na tabela 1 encontram-se listadas as espécies nativas e exóticas amostradas

nas fezes desses primatas. Muitas sementes e/ou propágulos não foram

identificados ou só foram identificados em família ou gênero. Assim, não foi possível

listar todas as sementes e/ou propágulos encontrados. Todas as amostras

identificadas por espécies foram semeadas e germinaram, facilitando a identificação.

Tabela 1: Lista das sementes e/ou propágulos encontradas nas fezes dos primatas (sagui e macaco-prego) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Legenda: S - (Sagui)/ P - (macaco-prego).

Família/Espécies Nome Popular Exótica Nativa Primata

Arecaceae - - - P

Cecropia hololeuca Embaubuçu - X P

Cecropia sp. - - - S e P

Clidemia sp. - - - S

Cucurbitaceae - - - P

Cyperaceae - - - S e P

Erythoxylum pulchrum Arco-de-Pipa - X P

Eugenia sp. - - - P

Fabaceae - - - S e P

Gramíneae - - - P

1 1 1

3

1

2

1 1 1

3

1

4

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

Fre

qu

ên

cia

FAMÍLIA/ESPÉCIES

Sagui

Macaco-prego

37

Impatiens walleriana Maria-sem-vergonha X - P

Não identificado - - - S e P

Miconia albicans Canela-de-velho - X S

Miconia sp. - - - S e P

Rubiaceae - - - S e P

Solanaceae - - - P

A tabela 2 indica a variedade de frutos que esses primatas consomem e não

foram encontradas sementes e/ou propágulos nas amostras de fezes (Figuras 16 e

17). Entre eles, espécies exóticas como o jambo-vermelho (Syzygium malaccense) e

espécies nativas como o cajá-mirim (Spondias mombin).Esse resultado foi obtido

através de trabalhos científicos realizados pelo Núcleo de Conservação da Fauna do

JBRJ.

Tabela 2: Espécies de frutos consumidos pelos primatas (sagui e macaco-prego) do Jardim

Botânico do Rio de Janeiro levantados pelo Marins, 2010; Silva, 2012.

Espécies Nome popular Exótica Nativa

Ardísia humilis Ardísia X -

Ardísia semicremata Coral berry - X

Arthocarpus

heterophyllus Jaqueira X -

Artocarpus incisa Fruta-pão X -

Astrocaryum

aculeatissimum Brejaúva - X

Atalantia buxifolia Guamixira X -

Calyptranthes aromatica Cravo do mato - X

Citrus aurantium Laranja X -

Citrus reticulata Tangerina X -

Coccoloba alnifolia Pau-de-estalo - X

Diospyros philippensis Pêssego da Índia X -

Elaeis guineensis Dendezeiro X -

Eriobotrya japônica Nêspera X -

Eschweilera ovata Biriba-branca - X

Eugenia copacabanensis Princesinha de

Copacabana - X

Eugenia brasiliensis Grumixama - X

Eugenia tomentosa Cabeludinha - X

Eugenia uniflora Pitanga - X

Ficus auriculata Figueira-de-jardim X -

38

Genipa americana Genipapo X -

Gmelina asiática Guimelina X -

Guarea guidonia Carrapeta-verdadeira - X

Hymenaea courbaril Jatobá - X

Lucuma caimito Abiú - X

Mammea americana Abricó do Pará X -

Manilkara zapota Sapoteiro X -

Mangifera indica Mangueira X -

Myrciaria cauliflora Jabuticabeira - X

Psidium guajava Goiabeira X -

Rhipsalis baccifera Cacto-macarrão - X

Rhipsalis sp. Ripsalis - X

Spondias mombin Cajá-mirim - X

Syzygium cumini Jamelão X -

Syzygium malaccense Jambeiro-vermelho X -

Talisia esculenta Pitomba - X

Tapirira guianensis Pau-bombo - X

Theobroma cação Cacau X -

Thevetia peruviana Chapéu-de-napoleão - X

Trema micrantha Crindiúva X -

Triphasia trifólia Limeberry X -

Vitex flavens Tarumã X -

FIGURA 16: (A) macaco-prego (Sapajus nigritus) alimentando-se do fruto Arthocarpus heterophyllus (Jaca) no Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ. (B) sagui (Callithrix sp.) alimentando-se do fruto Eugenia uniflora (pitanga) no Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ. (Fotos: Fernando Pereira e Luciana Silva).

39

FIGURA 17: (A) macaco-prego (Sapajus nigritus) alimentando-se do fruto Psidium guajava

(Goiaba) no Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ. (B) sagui (Callithrix sp.) alimentando-se do fruto Arthocarpus heterophyllus (Jaca) no Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ. (Fotos: Alexandre Machado e Cristiane Rangel).

40

6. DISCUSSÃO

Os resultados indicam que os primatas sagui (Callithrix jacchus, Callithrix

penicillata e híbridos) e macaco-prego (Sapajus nigritus) consomem uma variedade

de estruturas, principalmente frutos com sementes pequenas e medianas. Os

primatas são dispersores importantes por disseminarem várias sementes de

espécies frutíferas (Poulsen et al., 2001; Stevenson et al., 2002; Wehncke et al.,

2003). Realizam um serviço de suporte para os processos naturais quando

dispersam sementes e ao consumirem insetos que atuam como pragas (Guedes &

Seehusen, 2011). As informações descritas na literatura são corroboradas pelos

resultados deste estudo, onde foram encontrados vários fragmentos de insetos nas

estações secas e úmidas (Figuras: 6 e 10).

Observou-se que muitas espécies de frutos possuem sementes grandes

impossibilitando a ingestão (Cáceres & Monteiro-Filho 2007; Lessa . Alguns autores

& Costa 2010) consideram a relação entre tamanho de sementes e tamanho do

dispersor importante, pois podem influenciar no tamanho das sementes ingeridas.

Sendo assim, observou-se que o tamanho do dispersor pode influenciar na

quantidade de vegetais (família/espécies) encontrados nas amostras de fezes. Os

primatas (saguis e macacos-prego) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro

compartilham vários tipos de alimentos. Os macacos-prego por possuírem um porte

maior, acabam “ajudando” os saguis indiretamente quando abrem frutos muito

grandes. Segundo Vilela (2008), os primatas mordem o alimento/fruto, consomem a

parte da poupa e/ou parte comestível do fruto e liberam a semente no solo, por isso

são considerados dispersores dessas sementes. Os Callithrix sp., apesar de serem

animais de pequeno porte, consomem frutos de diferentes tamanhos, porém, quanto

à ingestão de sementes, conseguem apenas consumir sementes pequenas

compatíveis com seu tamanho. Isto pode explicar a pouca variedade de vegetais

(famílias/espécies) encontrados nas amostras de fezes. Observou-se também uma

grande frequência de goma nas amostras de fezes de sagui que está relacionado

com o comportamento de gomivoria. De acordo com Rangel (2010) tal

comportamento é realizado especialmente no período de escassez de alimento,

onde o animal alimenta-se dos exsudatos das árvores e por isso, este

comportamento pode influenciar na quantidade de sementes encontradas nas

amostras de fezes. Alguns autores (Vilela, 2007; Marins, 2010) acreditam que a

41

principal fonte alimentar dos Callithrix é o exsudato, devido ser fonte carboidratos.

Outros estudos sobre comportamento e dieta de sagui do Jardim Botânico (Santos,

2009; Marins, 2010; Silva, 2012) indicam que os animais teriam tendência a

deslocar-se menos para economizar energia ao invés de procurar os recursos

alimentares que fornecessem melhor retorno energético.

De acordo com Izar, (2008) os primatas dispersam sementes relativamente

pequenas, o que pode ser em parte reflexo da metodologia de análise de fezes, e

não de alimentação, pois os animais podem descartar sementes relativamente

grandes, ao invés de ingeri-las. Para Vilela (2007), ocorre uma baixa competição por

alimento entre espécies de S. nigritus e Callithrix sp., ocorrendo assim utilização da

mesma área de uso sem maiores conflitos entre as espécies de primatas.

Os macacos-prego (S. nigritus) consomem frutos maiores ou menores em

várias quantidades (Parron et al., 2015). Por isso, observou-se nas suas amostras

de fezes uma variedade de famílias/espécies. Autores como Janson et al. (1986) e

Izar, 2008, determinaram que o macaco-prego prefere espécies de frutos com alto

valor energético e espécies com alta densidade. Segundo Cunha et al. (2006), no

Parque Nacional da Tijuca, Artocarpus heterophyllus (jaqueira) é o item alimentar

mais importante da dieta do macaco-prego. No Jardim Botânico não é diferente, no

período de frutificação (estação úmida) eles são vistos frequentemente consumindo

esses frutos que possuem sementes grandes (Marins, 2010). Entretanto nem

fragmentos destes aparecem nas amostras de fezes desse primata, pois as

sementes são descartadas sem ingestão. Segundo Vilela, (2007) macacos-prego

possuem uma grande capacidade de manejar e explorar recursos diferentes, sendo

considerados eficientes oportunistas e generalistas por consumir uma variedade de

itens. Por apresentarem essa característica de comportamento podem explorar itens

mais pesados e/ou protegidos por uma casca dura, tais como sementes, meristemas

de palmeiras, nozes e etc. (Visalberghi, 1988). Em vista disso, pode ser este o

motivo de ter se encontrado uma maior diversidade de vegetais (sementes e/ou

propágulos) em suas amostras de fezes do que nas amostras de sagui, que não

utilizam esse recurso de manejar e explorar itens alimentares.

As estruturas abióticas encontradas nas amostras de fezes de macaco-prego

podem ser em razão de coletas obtidas do chão. Macacos-prego são animais bem

42

criteriosos quando se trata de alimento (Núcleo de Conservação da Fauna, 2016).

Já as amostras de fezes de sagui foram coletadas nas armadinhas em contato com

o chão de terra do arboreto do JBRJ.

A observação da germinação das sementes viáveis é importante para a

obtenção de plântulas, que além de auxiliar na identificação das sementes e/ou

propágulos, revelam que a dispersão foi efetivamente realizada (Schupp, 1993).

Mesmo em pequenas quantidades as sementes de famílias/espécies obtidas em

todo período, germinaram bem e produziram plântulas saudáveis. Amostras com

sementes encontradas em grandes quantidades, também estavam viáveis e

revelaram uma boa germinação.

Alguns autores (Janzen 1983; Schupp, 1993) acreditam que a qualidade da

dispersão depende do local e do padrão de deposição das sementes, ainda que a

quantidade seja boa, as sementes podem perder a viabilidade após a passagem

pelo trato digestivo dos vertebrados (Traveset & Verdú 2002; Rodrigues-Pérez et

al., 2005), mas não foi o caso da maioria das espécies vegetais encontradas nas

amostras de fezes neste estudo. Outros fatores que podem influenciar na

germinação das sementes são as características das plantas e o potencial dos

dispersores quando as sementes passam pelo trato digestivo (Lessa, 2013). Jordano

(1992) avaliou que sementes menores podem permanecer presas no sistema

digestivo por um período de tempo maior do que as sementes maiores quando

ingeridas, influenciando na germinação das sementes. Quando a semente fica retida

em um período de tempo maior no trato digestivo, pode reduzir capacidade de

germinação (Murray 1994) ou o tempo de germinação. Algumas sementes podem

ter diversos tipos de bloqueio da germinação e só evoluíram de acordo com a

diversidade de climas e hábitats, germinando quando estiverem em um local

apropriado (Finch-Savage & Leubner-Metzger, 2006).

As características próprias dos frutos e sementes podem afetar a dispersão

de sementes menores, por exemplo, os quais têm maior chance de ser engolidas e

defecadas intactas do que as maiores (Lucas & Corlett, 1998; Norconk et al., 1998),

e probabilidade maior de escapar da predação (Izar, 2008). Todavia, sementes

pequenas têm poucas chances de se estabelecer como plântulas, devido às baixas

reservas de nutrientes e probabilidade menor de suportar as condições

43

desfavoráveis do ambiente (Schupp 1995). Isso pode explicar as diferenças na

capacidade e no tempo de germinação de sementes muito pequenas que foram

encontradas nas amostras de fezes (Figura: 15).

A variação ambiental pode influenciar na germinação de sementes, pois

favorece a sobrevivência das plantas em determinados locais mais do que em outros

(Schupp 1995), portanto, pode ser um fator limitante para a germinação das

sementes. Os experimentos de germinação revelaram que, embora as sementes

permanecessem firmes (sem danos aparentes), após passagem pelo trato digestivo,

elas podem não germinar (Figura: 15), devido às condições ambientais e por ter tido

contato com a acidez do trato digestivo dos primatas.

As sementes da família Rubiaceae foram encontradas com maior frequência

nas fezes desses primatas (Figura: 14). Muitos frutos de Rubiaceae são tipo baga,

globoso a subgloboso, carnoso, epicarpo amarelo a vermelho, com duas a várias

sementes por fruto, envolvidas em polpa doce (Zappi et al., 2007), por isso, são

frutos muito dispersos por aves e mamíferos (Lima et al, 2010). Plantas com frutos

que são dispersos por animais apresentam características, tais como, presença de

uma porção comestível, envolvendo a semente e cores atrativas, que estimulam e

facilitam seu consumo e, consequentemente, a dispersão de suas sementes (Howe

& Smallwood, 1982). Várias famílias /espécies que foram encontradas nas amostras

de fezes desses primatas possuem essa características marcantes em seus frutos.

Também foram encontras muitas sementes não identificadas nas amostras, que

germinaram bem (Tabela 10 e 11- em anexo).

Esses dados indicam que os animais estudados são dispersores de sementes

o ano todo (Figura 8 e 12). Todas as espécies de sementes que foram encontradas

nas amostras fazem parte da vegetação, sejam da coleção viva ou plantas de

ocorrência espontânea presentes no Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ,

2016).

As famílias Melastomataceae e Urticaceae também apresentaram boa

frequência nas amostras de fezes desses primatas. Espécies da família

Melastomataceae possuem frutos tipo cápsula loculicida ou baga, com sementes

numerosas e de várias formas e raro alados (Martins, 2009) e seus frutos escuros,

podem servir de atrativos para aves e mamíferos. Miconia sp., Miconia albincans e

44

Clidemia sp. (Melastomataceae) foram gêneros encontrados nas amostras de fezes

de Sagui e Macaco-prego, estes possuem frutos ricos em carboidratos e sementes

pequenas, facilitando assim a dispersão por vários animais (Snow, 1981). As plantas

da família Urticacea possuem os frutos finos, alongados ou tipo aquênio e quando

maduros a polpa fica estufada e macia com gosto doce (Sato et al., 2008). Cecropia

sp. (Urticaceae) é o gênero mais encontrado nas amostras de fezes dos primatas

analisados. Esse gênero é característico da região Neotropical (Berg, 1978) que

inclui árvores de crescimento rápido e são dispersas por várias aves e mamíferos

(Sato et al, 2008).

Aquênios de Cyperaceae foram encontrados nas amostras de sagui e

macaco-prego. A família Cyperaceae é constituída de plantas herbáceas, de

pequeno a grande porte, frequentemente associadas a áreas alagadas e seu fruto, é

tipo aquênio (seco e simples) (Prata et al., 2008). Por serem frutos secos e simples,

os primatas podem ter se alimentado por estar no período seco e/ou escassez de

alimento, já que todas as sementes encontradas foram nas estações secas tanto de

macaco-prego como de sagui.

As sementes não identificadas de macaco-prego possuíam os mesmos tipos

de estruturas, por isso, acredita-se pertencer à mesma planta que frutifica em todas

as estações (secas e úmidas). Pelas características trata se de um fruto carnoso,

atrativo e com muitas sementes. As plântulas desses frutos não identificados não

obtiveram tamanho suficiente para serem identificadas.

Nas estações seca¹ e seca² as sementes e/ou propágulos foram contínuos,

cinco e quatro tipos respectivamente. Já na estação úmida foram encontrados cinco

tipos de sementes e/ou propágulos nas amostras de fezes. De acordo com Reys et

al., (2005) as comunidades vegetais apresentam período de floração e frutificação

maior na estação úmida (outubro a março), devido ao início das chuvas. Isto não foi

visto no estudo, pois a quantidade de amostras encontradas nas estações seca¹ e

seca² foram relativamente iguais da estação úmida. As sementes encontradas nas

amostras de Macaco-prego foram relativamente bem distribuídas entre estações

úmidas e secas. Assim, constata-se que pode haver uma diversidade vegetal no

Jardim Botânico no período seco e úmido, por se tratar de uma coleção de plantas

nativas e exóticas.

45

As espécies encontradas nas amostras de fezes dos primatas do Jardim

Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ que foram identificadas são na maioria nativas,

contudo, foi encontrada uma espécie exótica (Impatiens walleriana). As espécies

nativas podem ter sido consumidas da Mata Atlântica local, sendo dispersas no

JBRJ. Os levantamentos feitos por Marins, 2010; Silva, 2012 do Núcleo de

Conservação da Fauna mostram vários frutos que os primatas consomem e não foi

encontrada nenhuma estrutura nas fezes (Tabela: 2). Nesta tabela constam

espécies nativas e exóticas. Isso pode indicar que os primatas Callithrix sp. e S.

nigritus estão consumindo espécies do Jardim Botânico e da Mata Atlântica

adjacente. O predomínio de algumas espécies vegetais na dieta dos animais pode

ter sido reflexo do tipo do ambiente utilizado (Galetti e Pedroni, 1994),

provavelmente porque as espécies mais utilizadas são muito abundantes no JBRJ

(Figura 16).

O processo mutualístico entre o agente dispersor e a planta, pode beneficiar

espécies de plantas exóticas que foram introduzidas em novos hábitats, ajudando

estas plantas a superar os obstáculos ao estabelecimento para se tornarem

naturalizadas e, em alguns casos, invasoras (Richardson et al., 2000). Plantas

exóticas introduzidas em alguns habitats podem causar grandes impactos e se

tornam invasoras (Levine et al., 2003). As plantas exóticas produzem descendentes

em número muito elevado, assim, conseguem se dispersar a grandes distâncias e

prontamente competem com espécies nativas (Schneider, 2007). De acordo com

Rejmánek & Richardson (1996) plantas com frutos carnosos são geralmente

consideradas com alta capacidade de invasão. De acordo com por Marins, 2010;

Silva, 2012 muitas espécies de plantas exóticas são consumidas pelos primatas em

grande quantidade.

As interações estabelecidas entre a planta invasora e a fauna nativa também

podem ser negativas para a planta invasora, considerando a herbivoria e a predação

de sementes (Aslan e Rejmánek, 2010). Portanto, apesar da presença de potenciais

dispersores da vegetação exótica, esta última pode não se tornar invasora por haver

uma grande competição com as nativas que também produzem frutos carnosos

(Richardson et al., 2000). Assim, torna-se necessária a realização de um estudo

específico para verificar essa competição na Mata Atlântica contigua no JBRJ.

Segundo Richardson et al., (2000); Aslan & Rejmánek, (2010) a introdução de uma

46

espécie de planta exótica com frutos carnosos pode fornecer novos recursos

alimentares para espécies nativas da fauna em épocas de escassez de alimentos

nativos. Isso pode ser uma vantagem para os primatas que vivem na Mata Atlântica

contígua e não utilizam o Jardim Botânico como local de alimentação e forrageio.

47

7. CONCLUSÃO

Este trabalho se mostra pioneiro no estudo de dispersão de sementes. Os

resultados obtidos com este trabalho indicam que Sapajus nigritus é dispersor mais

eficiente que o Callithrix sp., diante da diversidade de vegetais com sementes

pequenas e maiores nas amostras de fezes ao longo de todas as estações (seca e

úmida). Portanto os primatas podem estar não só colaborando com a dispersão de

espécies nativas na área do Arboreto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ,

como também ampliando a distribuição de espécies exóticas (possivelmente

invasoras) à Flora da Serra da Carioca nas imediações do Jardim Botânico do Rio

de Janeiro.

O JBRJ oferece grande diversidade de alimentos tanto de origem vegetal,

quanto de origem animal para os grupos de S. nigritus e Callithrix sp. não sendo

necessário que funcionários e visitantes os alimentem.

Os primatas (S. nigritus e Callthrix sp.) são dispersores de forma direta,

quando dispersam sementes e/ou propágulos pelas fezes e indiretamente, quando

consomem os frutos e liberam as sementes pelo chão. Os primatas são bons

dispersores de sementes, já que são generalistas em sua alimentação.

48

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ZAPPI D. et al. Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, vol. 5, pp: 259-460. 2007.

56

9. ANEXOS

TABELA 3: Relação das estruturas encontradas nas amostras de fezes de Sagui (Callithrix sp.) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ no período de estação seca¹ (outono-inverno) de abril a setembro/2015. Legenda: G. A. - Grãos de Areia/ F. F. - Fragmentos de Frutos/ B. F. - Botões Florais/ S. I. - Sementes Íntegras/ S. P. - Sementes Partidas/ F. P. - Flores/Pétalas / A. E. - Anteras/Estames/ F. I. - Fragmentos de Insetos/ G. P. - Grão de Pólen/ GM – Goma/ O. P. - Ovos de Parasitos/ F. P. - Fragmentos de Plantas/ P. C. - Pêlos/Cabelos.

G. A. F. F. B. F. S. I. S. P. F. P. A. E. F. I. G. P. GM O. P. F.P P. C.

S001 X Cyperaceae X X X

S002 X X X X

S003 X X X X X X

S004 Rubiaceae X X X X X

S005 X X Rubiaceae X X X

S006 X X X X

S007 X X

S008 X X X Não

identificada X X X X X

S009 X X Rubiaceae X X

S010 X X X

57

TABELA 4: Relação das estruturas encontradas nas amostras de fezes de Sagui (Callithrix sp.) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ no período de estação úmida (primavera-verão) de outubro/2015 a março/2016. Legenda: G. A. - Grãos de Areia/ F. F. - Fragmentos de Frutos/ B. F. - Botões Florais/ S. I. - Sementes Íntegras/ S. P. - Sementes Partidas/ F. P. - Flores/Pétalas / A. E. - Anteras/Estames/ F. I. - Fragmentos de Insetos/ G. P. - Grão de Pólen/ GM – Goma/ O. P. - Ovos de Parasitos/ F. P. - Fragmentos de Plantas/ P. C. - Pêlos/Cabelos.

G. A. F. F. B. F. S. I. S. P. F. P. A. E. F. I. G. P. GM O. P. F.P P. C.

S011 X Miconia sp. X X X

S012 X Cyperaceae X X X

S013 X

Miconia

albicans /

Clidemia

sp.

X X X X

S014 X X X

S015 X X X

S016 X Rubiaceae X X X

S017 X X X

S018 X X X

S019 X X

S020 X X X

58

TABELA 5: Relação das estruturas encontradas nas amostras de fezes de Sagui (Callithrix sp.) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ no período de estação seca² (outono-inverno) de abril a setembro/2016. Legenda: G. A. - Grãos de Areia/ F. F. - Fragmentos de Frutos/ B. F. - Botões Florais/ S. I. - Sementes Íntegras/ S. P. - Sementes Partidas/ F. P. - Flores/Pétalas / A. E. - Anteras/Estames/ F. I. - Fragmentos de Insetos/ G. P. - Grão de Pólen/ GM – Goma/ O. P. - Ovos de Parasitos/ F. P. - Fragmentos de Plantas/ P. C. - Pêlos/Cabelos.

G. A. F. F. B. F. S. I. S. P. F. P. A. E. F. I. G. P. GM O. P. F.P P. C.

S021 X X X X

S022 X X X

S023 X X X X X X

S024 X X X X

S025 Não

identificada X X X X

S026 X Cyperaceae X X X X

S027 Cecropia sp. X X X

S028 X X X X X X

S029 X X X

S030 X X X X

S031 X X X X

S032 X X X X

S033 X X X

S034 Fabaceae X X X

S035 X X X X X

S036 X X X X X X

59

TABELA 6: Relação das estruturas encontradas nas amostras de fezes de Macaco-prego (Sapajus nigritus) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ no período de estação úmida¹ (primavera-verão) de dezembro/2014 a março/2015. Legenda: G. A. - Grãos de Areia/ F. F. - Fragmentos de Frutos/ B. F. - Botões Florais/ S. I. - Sementes Íntegras/ S. P. - Sementes Partidas/ F. P. - Flores/Pétalas / A. E. - Anteras/Estames/ F. I. - Fragmentos de Insetos/ G. P. - Grão de Pólen/ GM – Goma/ O. P. - Ovos de Parasitos/ F. P. - Fragmentos de Plantas/ P. C. - Pêlos/Cabelos.

G. A. F. F. B. F. S. I. S. P. F. P. A. E. F. I. G. P. GM O. P. F.P P. C.

P001 X Impatiens walleriana X X X X X

P002 X X X X

P003 X X X X

P004 X

Erythoxylum pulchrum/

Arecacea/Rubiacea/Cecropia

sp.

X X X

P005 X Não identificada X X X

TABELA 7: Relação das estruturas encontradas nas amostras de fezes de Macaco-prego (Sapajus nigritus) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ no período de estação seca¹ (outono-inverno) abril a setembro/2015. Legenda: G. A. - Grãos de Areia/ F. F. - Fragmentos de Frutos/ B. F. - Botões Florais/ S. I. - Sementes Íntegras/ S. P. - Sementes Partidas/ F. P. - Flores/Pétalas / A. E. - Anteras/Estames/ F. I. - Fragmentos de Insetos/ G. P. - Grão de Pólen/ GM – Goma/ O. P. - Ovos de Parasitos/ F. P. - Fragmentos de Plantas/ P. C. - Pêlos/Cabelos.

G. A. F. F. B. F. S. I. S. P. F. P. A. E. F. I. G. P. GM O. P. F.P P. C.

P006 X X X

P007 X Cecropia hololeuca/

Elythroxulum pulchrum X X X X

P008 X

Cyperaceae/

Melastomataceae

(Miconia sp.)

X X X

P009 X X Rubiaceae X X X X

P010 X Ceropria sp. / Rubiaceae X X X X X X

60

TABELA 8: Relação das estruturas encontradas nas amostras de fezes de Macaco-prego (Sapajus nigritus) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ no período de estação úmida² (outono-inverno) de outubro/2015 a março/2016. Legenda: G. A. - Grãos de Areia/ F. F. - Fragmentos de Frutos/ B. F. - Botões Florais/ S. I. - Sementes Íntegras/ S. P. - Sementes Partidas/ F. P. - Flores/Pétalas / A. E. - Anteras/Estames/ F. I. - Fragmentos de Insetos/ G. P. - Grão de Pólen/ GM – Goma/ O. P. - Ovos de Parasitos/ F. P. - Fragmentos de Plantas/ P. C. - Pêlos/Cabelos.

G. A. F. F. B. F. S. I. S. P. F. P. A. E. F. I. G. P. GM O. P. F.P P. C.

P011 X X Rubiaceae X X X

P012 X X Rubiaceae X X

P013 X X

Myrtaceae

(Eugenia sp.)/

Solanaceae

X X X

P014 X X Não

identificada X X X

P015 X

Não

identificada/

Cucurbitaceae

X X X X X X

P016 X X X X X

P017 X Não

identificada X X X X X

61

TABELA 9: Relação das estruturas encontradas nas amostras de fezes de macaco-prego (Sapajus nigritus) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ no período de estação seca² (outono-inverno) de abril a setembro/2016. Legenda: G. A. - Grãos de Areia/ F. F. - Fragmentos de Frutos/ B. F. - Botões Florais/ S. I. - Sementes Íntegras/ S. P. - Sementes Partidas/ F. P. - Flores/Pétalas / A. E. - Anteras/Estames/ F. I. - Fragmentos de Insetos/ G. P. - Grão de Pólen/ GM – Goma/ O. P. - Ovos de Parasitos/ F. P. - Fragmentos de Plantas/ P. C. - Pêlos/Cabelos.

G. A. F. F. B. F. S. I. S. P. F. P. A. E. F. I. G. P. GM O. P. F.P P. C.

P018 X

Não

identificado/

Gramineae

X X X X X

P019 Fabaceae X X X X

P020 X Não

identificado X X X X

P021 X

Não

identificado/

Cecropia

sp. Miconia

sp.

X X X

P022 X X X

P023 X Cecropia

sp. X X X X

P024 X X

P025 X Rubiaceae X X X X

62

TABELA 10: Relação das sementes e/ou propágulos encontrados nas amostras de fezes de Sagui (Callithrix sp.) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ quanto a germinação no período de estação seca e úmida (abr/2015 a set/2016)

Amostra Sementes

Encontradas

Quantidades

de Espécies

Encontradas

Quantidades

de Sementes

Encontradas

Quantidade

para

Germinação

Houve germinação?

Quantidades de Sementes Germinadas

Identificação

de Sementes

Encontradas

S001 Sim 1 1 0 - - Cyperaceae

S002 Não - - - - - -

S003 Não - - - - - -

S004 Sim 1 56 40 Sim 39 plântulas Rubiaceae

S005 Sim 1 34 20 Sim 15 plântulas Rubiaceae

S006 Não - - - - - -

S007 Não - - - - - -

S008 Sim 1 6 6 Não 0 Não identificada

S009 Sim 1 10 10 Sim 4 plântulas Rubiaceae

S010 Não - - - - - -

S011 Sim 1 12 6 Sim 2 plântulas Miconia sp.

S012 Sim 1 1 0 - - Cyperaceae

S013A Sim 2 10 10 Sim 3 plântulas Clidemia sp.

S013B Sim 2 83 40 Sim 23 plântulas Miconia

albicans

S014 Não - - - - - -

S015 Não - - - - - -

S016 Sim 1 33 27 Sim 0 Rubiaceae

S017 Não - - - - - -

S018 Não - - - - - -

S019 Não - - - - - -

S020 Não - - - - - -

S021 Não - - - - - -

S022 Não - - - - - -

S023 Não - - - - - -

S024 Não - - - - - -

S025 Sim 1 1 1 Não - Não identificada

S026 Sim 1 1 0 - - Cyperaceae

S027 Sim 1 35 27 Não 0 Cecropia sp.

S028 Não - - - - - -

S029 Não - - - - - -

S030 Não - - - - - -

S031 Não - - - - - -

S032 Não - - - - - -

S033 Não - - - - - -

S034 Sim 1 1 1 Não 0 Fabaceae

S035 Não - - - - - -

S036 Não - - - - - -

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TABELA 11: Relação das sementes e/ou propágulos encontrados nas amostras de fezes de Macaco-prego (Sapajus nigritus) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ quanto a germinação no período de estação seca e úmida (abr/2015 a set/2016).

Amostra Sementes

Encontradas

Quantidades

de Espécies

Encontradas

Quantidades

de Sementes

Encontradas

Quantidade

para

Germinação

Houve germinação?

Quantidades de Sementes Germinadas

Identificação de

Sementes

Encontradas

P001 Sim 1 16 11 Sim 8 plântulas Impatiens walleriana

P002 Não - - - - - -

P003 Não - - - - - -

P004A Sim 1 4 1 Sim 1 plântula Erythoxylum

pulchrum

P004B Sim 1 1 0 - - Rubiaceae

P004C Sim 1 2 2 Não 0 Cecropia sp.

P004D Sim 1 1 0 - - Arecaceae

P005 Sim 1 1 1 Não 0 Não identificada

P006 Não - - - - - -

P007A Sim 1 1 1 Não 0 Erythoxylum

pulchrum

P007B Sim 1 12 12 Sim 12 plântulas Cecropia hololeuca

P008A Sim 1 1 0 - - Cyperaceae

P008B Sim 1 56 36 Sim 4 plântulas Miconia sp.

P009 Sim 1 1 1 Não 0 Rubiaceae

P010A Sim 1 4 2 Não 0 Cecropia sp.

P010B Sim 1 68 40 Sim 23 plântulas Rubiaceae

P011 Sim 1 4 2 Sim 2 plântulas Rubiaceae

P012 Sim 1 114 28 Sim 16 plântulas Rubiaceae

P013A Sim 1 2 0 - - Eugenia sp.

P013B Sim 1 1 0 - - Solanaceae

P014 Sim 1 247 43 Sim 23 plântulas Não identificada

P015A Sim 1 20 11 Sim 6 plântulas Não identificada

P015B Sim 1 2 1 Sim 1 plântula Cucurbitaceae

P016 Não - - - - - -

P017 Sim 1 200 30 Sim 26 plântulas Não identificada

P018A Sim 1 3 0 - - Gramíneae

P018B Sim 1 16 10 Não 0 Não identificada

P019 Sim 1 2 0 - - Fabaceae

P020 Sim 1 36 27 Sim 3 plântulas Não identificada

P021A Sim 1 2 0 - - Cecropia sp.

P021b Sim 1 2 0 - - Miconia sp.

P021C Sim 1 4 0 - - Não identificada

P022 Não - - - - - -

P023 Sim 1 3 2 Sim 2 plântulas Cecropia sp.

P024 Não - - - - - -

P025 Sim 1 86 36 Sim 19 plântulas Rubiaceae

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