observação da natureza - prática e técnicas

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  • 8/20/2019 Observação da Natureza - Prática e Técnicas

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    PREFÁCIO - 4 INTRODUÇÃO - 6

    ROUPAS ECALÇADOS - 107

    EQUIPAMENTO - 93

    ÁGUA - 150 CAMPING SELVAGEM - 189

    FOTOGRAFIADE NATUREZA - 62

    NAVEGAÇÃO - 115

    OBSERVACÃO DEAVES - 23

    BINÓCULOS EGRAVADORES - 51

    FOGO - 183 ALIMENTAÇÃO - 204

    C A P Í T U L O 1

    C A P Í T U L O 2

    SUMÁRIO

    OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA

    VIAGENS E TÉCNICAS PARA EMERGÊNCIAS

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    PREFÁCIO

    Desde os primórdios do século XVI a atividadedos naturalistas em campo aumentou gradati-vamente até os dias atuais, atividade esta queabriu novos campos para pesquisa científicacomo a Zoologia, Botânica, Ecologia, Geologiae também nos campos da Física e da Química.Os Naturalistas dos séculos XVIII e XIX, em geral,dominavam todos estes ramos do conhecimen-to, além da Astronomia e Medicina. No Brasila visita de ilustres naturalistas como Spix e von

    Martius, Wied, Darwin, Langsdorff, Natterer, Ba-tes e Wallace, dentre outros, acelerou o interesseda pesquisa de campo no nosso País.

    Atualmente mais e mais naturalistas amadoresadentram campos e florestas em busca de plan-tas e animais, colecionando fotografias, dese-nhos, gravações sonoras e filmagens, cada qualmovido pelo mesmo interesse comum; a nature-za em sua essência. O fenômeno da globalizaçãoabriu fronteiras inexploradas a pesquisa facilitan-do o acesso a áreas remotas nos quatro cantosda terra e disponibilizando grande acervo deinformação antes restrita às universidades, pormeio da internet. Da mesma forma o turismoecológico facilitou em muito o acesso dos ama-dores às áreas inóspitas, como as regiões polarese os desertos, e mesmo as mais altas montanhas

    podem ser alcançadas pelo cidadão comum.

    Este repentino progresso na logística de trans-porte e desenvolvimento da tecnologia, napopularização do acesso a equipamento com-plexos, roupas, alimentos e sistemas de geopo-sicionamento, abrem um universo de perspecti-vas enormes ao naturalista amador, mas cria umparadigma quando se trata do quesito seguran-ça. Partindo dessa premissa, temos a intençãonessa obra de cuidar das diversas técnicas atual-mente em voga na observação da natureza, cui-

    dando também das condutas de segurança queum naturalista amador deve, em nossa opinião,ao menos conhecer na teoria. Numa situaçãode emergência e sobrevivência, o conhecimen-to teórico em técnicas de bushcraft, campingselvagem, navegação, primeiros socorros e ou-tros, podem, ao menos, amenizar a fadiga e oestresse de viagens a locais extremos da terra,como nas florestas tropicais, montanhas e aténos oceanos.

    A prática de observação de aves, a fotografiade natureza, trekking e o turismo ecológico,são atividades inseridas no naturalismo e mes-mo profissionais da área de biologia, geologia,ecologia e na medicina, podem se beneficiar desuas técnicas para trabalhar em campo, seja paraa preparação prévia de uma excursão ou para o

    naturalista amador em férias e que adentra emparques e reservas naturais.

    A observação das aves e da natureza, por exemplo,é uma atividade relaxante e fascinante, que podeser praticada por crianças, jovens e adultos. É umdos hobbies mais apreciados em todo o mundo.

    Estima-se que hoje existam mais de 80.000.000de praticantes, encontrados principalmente empaíses como Estados Unidos, Inglaterra, Alema-nha, Austrália, Japão e outros.

    A observação de aves é realmente uma prática gra-

    tificante e encantadora que gera grande bem-estaremocional, aliviando os níveis de estresse do dia-a-dia. As aves constituem o grupo dos vertebrados maisdifundidos e visualizados na natureza, pois são co-loridos, atrativos, interessantes e encantadores. Nãobastassem tais atributos, muitas espécies cantam co-piosamente, o que tem inspirado a alma dos artistase encantado gerações de pessoas em todo o globo.

    Os observadores de aves também são responsá-veis por grande parte dos conhecimentos adquiri-dos sobre a avifauna de seus países, por acumula-rem fotografias, imagens em vídeo ou gravaçõesdos cantos das aves. Essas atividades geralmenteauxiliam as autoridades competentes no manejode seus recursos naturais e promovem o turismolocal. Pretendemos, por isso, divulgar algumastécnicas de observação de aves e da natureza em

    nosso país, fornecendo elementos para a escolhados equipamentos mais indicados, bem comoorientar sua utilização em campo.

    TOMAS SIGRIST

    Maio de 2014

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    INTRODUÇÃO AOS BIOMAS EECOSSISTEMAS BRASILEIROS

    O bioma é um conjunto de ecossistemas. No Brasil existem seisbiomas principais: a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, o Cer-rado, a Caatinga, os Campos Sulinos, os Mares e Oceanos.

    Um ecossistema é constituído basicamente pelo relevo, pelo clima,

    pela vegetação, pela fauna, pelo solo e pelos rios. O sentido deum ecossistema reúne uma série de ciclos, o energético como o daluz solar, da água, ciclo do ozônio, e do carbono. A convivênciados seres viventes se dá em função de seu tipo de alimentação,formando a chamada cadeia trófica ou alimentar.

    Nessa cadeia ou pirâmide alimentar, os produtores ou vegetais ela-boram diretamente a vida a partir das matérias minerais do soloe dos gases atmosféricos (através da clorofila); os consumidoresprimários se nutrem desses vegetais e servem de alimento, por sua

    vez ao consumidores secundários e terciários. Os decompositores(bactérias, fungos, urubus, etc.) se nutrem de detritos orgânicosde cadáveres e asseguram o retorno da matéria orgânica ao estadomineral, alimentando novamente as plantas.

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    UM MODELO DE PIRÂMIDE ALIMENTARVEGETAÇÃO BRASILEIRA

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    M O D E  L  

     O E   S T  R  U T   U R A L  D E   U M E   C  O  S  S I   S T  E  

    MA 

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    A vegetação típica de cerrado é composta por árvores e arbustos de pequeno porte, de troncos tortu-osos, casca rugosa e galhos com folhas duras. Desenvolve-se em solos pobres e deficientes em certosnutrientes, o que confere à vegetação um aspecto de certa aridez, veja nas fotografias.

    O Bioma Cerrado está localizado essencialmente no Planalto Central do Brasil, nos estados de Goiás,Tocantins e o Distrito Federal, parte dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Gros-so do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia e São Paulo; e também em áreas ao norte nos estados doAmapá, Amazonas, Pará e Roraima, e ao sul, em pequenas “ilhas” isoladas de vegetação no Paraná.

    O Bioma Cerrado possui uma grande quantidade de animais e vegetais de hábitos terrestres e aquáti-cos, muito frequentemente figurados em lendas e crendices populares.

    OS CERRADOS

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    OS CAMPOSAs formações campestres do Brasil englobam três tipos: o Campo Sujo, o Campo Limpo e o CampoRupestre. O Campo Sujo caracteriza-se pela presença evidente de arbustos em meio ao tapete de ervase capim. A savana de cupim é uma simples variação destes campos, mas repleta de cupinzeiros.

    No Campo Limpo, a presença de arbustos é insignificante. Já o Campo Rupestre é semelhante ao cam-po Sujo ou ao Campo Limpo, diferenciando-se apenas por afloramentos de rocha, comun s à paisagem.

    Na foto acima os campos limpos em Goiás e abaixo a mesma fitofisionomia dos campos limpos emSanta Catarina, com bosques de mata subtropical e araucárias em capões isolados.

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    RIOS, MATAS E FLORESTAS

    As florestas englobam os tipos de vegetação com predominância de árvores e podem ser dividas em:

    Mata Ciliar: são matas que crescem na margem dos rios em terrenos não alagados.

    Mata de Galeria: são matas que crescem em terrenos alagados, como as Veredas, por exemplo.

    Mata Seca: são matas situadas em terrenos secos, em geral afastados dos rios e em terrenos elevados.

    Cerradão: são matas de árvores retorcidas semelhantes aos cerrados, embora apresentem árvores bem maiores,como por exemplo, os ipês.

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    A Mata Subtropical da região sul é mais aberta.

    A Mata Atlântica e sua densa vegetação.

    As Restingas são praticamente impenetráveis sem o auxílio de passarelas.

    Os manguezais ocorrem nos estuários de grandes rios.A mata de terra firme da Amazônia e seu denso dossel.

    O Brasil tem poucas Ilhas oceânicas no seu extensolitoral; repleto de praias.

    As Caatingas ocupam a Região Nordeste.

    As matas alagavéis, como as matas de várzea e osigapós, são frequentes na Amazônia.

    Os Palmais são ecossistemas dominados por palmeirasde diversas espécies, como por exemplo, a carnaúba.

       C   o   r   t   e   s   i   a   d   e   L  y   d   i   e   B   a  u   d   e   t

       C   o   r   t   e   s   i   a   d   e   L  y   d   i   e   B   a  u   d   e   t

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    Nesta seção pretendemos divulgar algumas técnicas de es-tudo e observação dos mais variados aspectos da fauna eflora presentes num dado ecossistema.    C

        A    P    Í    T    U

        L    O

        1

        O    B    S    E    R    V    A    Ç    Ã    O    D

        E

        F    A    U    N    A    E    F    L    O    R    A

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    22 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  23CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    OBSERVAÇÃO DE AVES

    As aves constituem o grupo vertebrado mais estudado e fácil de observar em nosso país e muitas dastécnicas de observação utilizadas em Ornitologia podem ser adaptadas à outras áreas da Biologia,Ecologia ou a Etologia.

    Por isso como introdução ao tema, iniciamos esta obra com o estudo das aves.

    Ao praticar as atividades de campo sugeridas a seguir, o naturalista iniciante rapidamente adquire grandefamiliaridade com a fauna em seu local de atuação, obtendo também grande soma de informações quepodem vir a se tornar de grande valia para desenvolvimento da Zoologia Brasileira. O número de ornitó-logos e outros profissionais, atuando no Brasil ainda é insuficiente para os desafios que esse campo de

    pesquisa oferece, e muitos observadores iniciantes ou avançados têm participação decisiva nas pesqui-sas, localizando espécies raras na natureza, obtendo fotografias, imagens e gravações das mais arrediasespécies em campo e disponibilizando seu conhecimento pessoal para a comunidade científica. Algunsclubes de observadores de aves têm como objetivo principal estreitar o envolvimento de amadores eprofissionais, possibilitando a troca de informações por meio de reuniões e encontros esporádicos entreseus associados, ou por meio de periódicos de livre circulação entre os interessados, além de palestras eoutros eventos. O advento da Internet também aproximou em muito essas relações, gerando frutos parao progresso em todas as áreas do conhecimento humano, inclusive em nível internacional. O famosoornitólogo Helmut Sick manifestou este sentimento em sua inestimável obra “Ornitologia Brasileira”:”_Naornitologia de todos os países, os amadores contribuem consideravelmente para a ampliação dos conhe-cimentos. Conhecer, saber mais da interessantíssima vida das aves é o primeiro passo para estimular osentimento de conservar a natureza, que atualmente passa por tantos perigos”.

    Seguindo a sábia premissa desse ornitólogo, divulgamos a seguir, algumas sugestões iniciais para acorreta anotação das observações de campo, com base em nossas experiências pessoais.A completaanotação das observações realizadas em campo em uma caderneta de notas é o primeiro passo a seexecutar com disciplina e dedicação. O melhor é adotar a utilização de cadernetas de bolso com capadura e encadernação costurada, uma vez que esse sistema apresenta certas vantagens em campo, por

    se tratar de produto mais resistente ao constante manuseio.Prefira tomar suas anotações por meio de lapiseiras que utilizam minas de grafite do tipo “B” ou “2B”ao uso inconveniente de canetas esferográficas, cuja tinta desvanece com o passar do tempo.

    Quem preferir utilizar canetas deve investir nos modelos do tipo “caneta para arquivos”, pois estas sãodesenhadas especificamente para o arquivamento de documentos por décadas seguidas.Nessa cader-neta de campo, anota-se o no me completo do observador, seu endereço e dados pessoais para enviopelo correio, em caso de extravio, o que frequentemente acontece em campo.

    Em seguida, numeram-se todas as páginas do caderno e iniciam-se as anotações das observaçõescolhidas em campo.

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    24 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  25CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Na internet acesse:

    www.avisbrasilis.com.br, www.wikiaves.com.br

    www.xeno-canto.org, ww w.ao.com.br, www.ibama.gov.br

    Você pode observar aves a qualquer hora do dia, em todas as estações do ano, nas horas vagas, finaisde tarde e até à noite, quando podemos observar aves noturnas como as corujas, por exemplo.

    O melhor horário para a prática da observação de aves é pela manhã (entre 6 e 10h) e no final da tarde(entre 15 e 18h), pois, assim como os seres humanos, as aves procuram temperatura ambiente maisamena. Dias chuvosos ou nublados não interferem na atividade das aves, mas ventanias muito fortes efrequentes podem inibir a atividade da maioria das espécies.

    Para melhor observar as aves faça uso de um binóculo e tente se aproximar devagar e calmamente dasaves, evitando falar alto e m ovendo-se devagar.

    Leve uma caderneta de bolso e um lápis e anote suas observações.

    Nessa caderneta de campo, anota-se:

    1 - Seu nome completo e local (localidade, município, estado) e Data (dia, mês, ano);

    2 - Horário e condições do tempo (nublado, com sol, frio, calor, geada, vento forte, etc.);

    3 - Biótopo ( cidade, campo, mata, brejo, capoeira, cerrado, caatinga, etc.);

    4 - Cor das pernas, dos olhos e do bico, entre outras;

    5 - Detalhe minucioso do colorido e da plumagem;

    6 - Desenhos: tente esboçar, por meio de desenhos simples, características anatômicas que chamam aatenção ou posturas típicas da ave observada, como no desenho ao lado;

    7 - Compare suas anotações e desenhos com as ilustrações de um guia de campo e discuta suas dú-vidas com seus colegas.

    8 - Pesquise estórias, lendas e crendices populares sobre as aves e animais em sua região, procurandoinformações com pessoas da zona rural e nas comunidades culturais instaladas em sua região.

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    26 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  27CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    O QUE ANOTAR?1 - Local (localidade, município, estado) e Data (dia, mês, ano);

    2 - Horário e condições do tempo (nublado, com sol, frio, calor, geada, vento forte, etc.);

    3 - Biótopo (sub-bosque, dossel, estrato médio ou alto, brejo, capoeira, mata primária, etc) e o habitat(mata Atlântica, cerrado, caatinga, etc.);

    4 - Cor das partes nuas, quando possível, como por exemplo, a cor das pernas, dos olhos e do bico,entre outras;

    5 - Detalhe minucioso do colorido e da plumagem;

    6 - Desenhos: tente esboçar, por meio de desenhos simples, características anatômicas que chamam aatenção ou posturas típicas da ave observada;

    7 - Registros: caso tenha obtido uma foto, uma gravação ou tenha feito filmagens, faça-as constarem

    no corpo da anotação, como um lembrete;8 - Comportamento: anote detalhadamente aspectos do comportamento natural da espécie comopor exemplo:

    • Acompanham bandos mistos?

    • Seguem formigas de correição?

    • Estava construindo um ninho? Como são os ovos? Tente um esboço ou uma foto!

    • Vivem solitários ou aos casais?

    • Como vocalizam? Foi possível obter gravações?

    • Quais seus hábitos alimentares? Foi possível coletar um fruto do qual o pássaro se alimentava con-servando-o em álcool a 70% para análise posterior, ou obteve alguma foto desse fruto, ou ainda umaexata descrição do mesmo como a cor, a forma e até um esboço?

    • Como voa essa ave? Em trajetória ondulada, linha reta ou mergulhando em pleno ar? No caso deaves de rapina ou pescadoras, como capturam suas presas?

    • Usa poleiros verticais ou horizontais? Vivem em águas rasas ou profundas? Empoleira nas copas ounos arbustos baixos?

    • Qual a forma da asa, do bico e da cauda?• A espécie tem hábitos gregários?

    • Como a ave se comporta na presença do observador? Afasta-se apressadamente? Curiosa, aproxima-se deste ou o ignora completamente?

    • A espécie observada apresenta alguma anilha de identificação nas pernas? Os binóculos permitemuma leitura das informações contidas nessas anilhas, no caso de aves de grande porte?

    Cuidados

    Se presenciar atos de agressão contra a natureza, derramamento de petróleo no mar ou derrubadas ilegais,comunique a polícia florestal ou o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) (http:// www.ibama.gov.br)

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    28 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  29CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

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    30 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  31CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Ovo de curiango nas coleções do Museu de Zoologiada USP, acima e abaixo outro da mesma espéciefotografado em Goiás.

    Ninho de choca-do-planalto(Thamnophilus pelzelni).

    NINHOS E AVES MIGRATÓRIASFotografar ninhos é um assunto muito delicado. É difícil traçar uma linha sobre o que é certo e erradoquando se fotografa a nidificação de aves. Assim, no interesse da segurança do pássaro, o melhor éevitar a fotografia em ninhos, ou tomar poucas fotos o m ais rápido possível e se afastar imediatamen-te. As aves são particularmente vulneráveis durante o período migratório, durante o qual elas estãoviajando distâncias extremamente longas, esgotando-se quase ao ponto da morte, e parando apenaspara descansar, reabastecer, e seguir em frente. Procure tratar estas aves com respeito e cautela eminimizar a sua presença, ficando atrás de barreiras de folhagens ou troncos, tanto quanto possível evestindo roupas de cores neutras, como o bege, oliva e cinza.

    As vantagens de ser um observador ou fotógrafo de ética é que você vai sair com as fotografias na-turais que procura, e com a satisfação pessoal de ter observado um momento íntimo na vida de um

    animal sem lhe causar estresse.Aprenda a entender o comportamento animal, saiba quando não interferir no seu ciclo de vida. Se oanimal mostra estresse com sua aproximação, afaste-se. Nunca faça movimentos bruscos.

    Ninho de tejo ou sabiá-do-campo Mimus saturninus.

    É possível identificar fotografias de aves e de seus ovos pela comparação direta por meio de espécimesconservados nos museus, foto abaixo.

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    32 33CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Procure fotografar ou filmar aves em nidificaçãocom teleobjetivas a partir de distâncias conside-ráveis para não estressar as mesmas. Tente fotoscom a técnica de digiscoping (veja na página55) e divulgue suas melhores tomadas em sitescomo o WikiAves (www.wikiaves.com.br). Evitese aproximar mais que o necessário! O manuseio de filhotes só é permitido a profis-

    sionais que desenvolvem pesquisas sob supervi-são do Estado. Nestas fotos, biólogos anilhame colhem amostras de DNA de um ninhego deGuará (Eudocimus ruber), em Santa Catarina,cortesia de Alexandre Grose.

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    34 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  35CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    A abordagem lenta funciona melhor para pássaros empoleirados ou em áreas arborizadas, mas paraas aves terrestres é sempre aconselhável fotografar deitado do chão e lentamente rastejar em direçãoà ave; parando com frequência. Espécimes conservados em museus, acima, podem auxíliar na corretaindentificação das espécies mais difíceis, abaixo.

    Atobá ( Sula dactylatra) anilhado com anilha CEMAVE.

    Caso encontre uma ave morta contento uma anilha metálica ou plástica presa aos pés, recolha o espécime,congelando-o dentro de um saco plástico lacrado se o processo de deterioração não estiver avançado, e levesua coleta para uma universidade ou museu de zoologia próximo de sua residência. Caso o animal se encontreem adiantado estado de putrefação, procure tirar fotos da carcaça, colocando ao lado do espécime uma ca-neta ou outro objeto de uso comum, que permita uma idéia de escala de tamanho. Em seguida, tente retirara anilha e entre em contato com o órgão responsável, seguindo a orientação contida na anilha, ou avise oCEMAVE (Centro de Estudos de Migração das Aves) (http:// www.cemave.org.br), cortesia de Robson S. e Silva.

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    36 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  37CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Latrina de anta (Tapirus terr estris).

    Rastro de tataruga Viração (Podocnemis expansa)

    Rastro de Jacaré (Caiman crocodilus).

    Covil de arraia de rio (Potamotrygonsp.) em tempo de estiagem.

    Fezes de capivara (Hydrochoeris hydrochaeris).

    Pegada fresca de anta (Tapirus terrestris), note a umidade escoando do solo e folhas ainda frescas amassadas.

    Pegada fresca de onça (Panthera onca), o vento ainda não alisou as arestas, nas bordas.

    Dejetos, pegadas e rastros podem ser documentadospor fotografia e depois verificados por especialistas,

    ou em guias especializados. Acima a pegada de umalebre européia (Lepus sp.)

    RASTROS E DEJETOS

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    38 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  39CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Jararaca (Bothrops atrox ), cuidado com o veneno! Cachorro do mato (Cerdocyon thous).

    Penas perdidas de aves podem auxiliar na identificação de espécies ou decarcaças em adiantado estado de putrefação.

    Muitos répteis procuram estradas e rodovias para tomarem banhos de sol e termorregular a temperatura corporale se tornam vítimas de atropelamentos.

    MÉTODOS DE COLETA DE ANIMAISATROPELADOS PARA ESTUDOS

    Conservação: se houver possibilidade de mergulhar a carcaça toda em álcool de uso doméstico ou emsolução de formol, tal medida pode salvar o esqueleto de um espécime de grande interesse para osmuseus de história natural. Diante de uma praia abarrotada de centenas de carcaças de aves marinhas,mortas após fortes tempestades, procure avisar o departamento de Zoologia da universidade maispróxima do local, divulgando o oco rrido aos ornitólogos profissionais para aproveitar a o portunidadede estudo que o local oferece.

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    40 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  41CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Queixada em atitude não agressiva.Acima e abaixo um cateto em atitude agressiva,note os pelos arrepiados.

    Para se defender, ainda que de uma improvávelagressão por certos animais, como os felinos,queixadas e catetos, use um  spray  de pimentapara sua segurança pessoal e também do animalagressor. Um spray de pimenta é muito mais se-guro e eficiente que uma arma de fogo. E m geral

    os animais selvagens fogem da presença huma-na. Portanto evite se aproximar em demasia.

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    42 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  43CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Você pode atrair pássaros e outros animais simplesmente espalhando bananas ou outras frutas dispo-níveis ao longo de trilhas, especialmente nas curvas, para fotografá-los mais facilmente.Bebedourosde água com açúcar precisam ser lavados diariamente para evitar contaminar as aves com fungos.

    Procure fotografar qualquer fruto ou planta associada a alimentação dos animais, colocando um fundobranco ou permitindo uma escala de tamanho com a mão, visando aumentar seus conhecimentos naposterior indentificação desses frutos por meio de livros ou nas instituições de botânica. O acúmulo defotografias com uma relação anotada dos animais que usam estes frutos como alimento, permitirá odesenvolvimento do seu conhecimento no ramo da frugivoria.

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    44 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  45CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    O ponto de fuga de cada espécie varia consideravelmente de animal para animal, e o sucesso da aproximaçãofurtiva depende da sua capacidade em prever estes movimentos e esperar com paciência até que o animalrelaxe voltando a se alimentar ou a beber, dando-lhe outra oportunidade de aproximação de forma gradativa.

    Se você permanecer imóvel por vários minutos após entrar em uma área aberta, os animais voltarão àsua atividade normal e vão se acostumar com você. Nas fo tos acima, os animais se mostram em atitudede alerta ante a aproximação do autor. Nestes momentos você deve se manter imó vel.

    Anta (Tapirus terrestris), farejando em barreiro, excelente local para preparar armadilhas fotográficas e para aconstrução de abrigos de observação adjacentes.

    Tamandua-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), farejando em total imobilidade, mantenha-se contra o vento.

    Ariranha (Pteronura brasiliensis), prestes a mergulhar.Teiú (Tupinambis sp.), com o papo inflado em alerta.

    Quati (Nasua nasua), em fuga. Quando você se aproxima de um animal, fique atento, parando sempre que omesmo o observar com atenção ou quando erguem a cabeça ou as patas ou ainda quando arrepiam os pelos. Catetos (Pecari tayassu) em atitude não agressiva, boa hora para se aproximar.

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    46 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  47CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Acima, veado campeiro Ozotoceros bezoarticus em atitude relaxada, com a cauda abaixada,e abaixo um veado mateiro Mazama americana com a cauda erguida em alerta.

    Cuidado ao se aproximar de jacarés. Embora algumas espécies como o Caiman crocodilus (acima) não re-presentem uma ameaça séria, é melhor se precaver contra outras maiores como o Jacaré-açu Melanosuchusniger (foto abaixo).

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    48 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  49CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Visão noturna de primeira geração. Aspecto visual obtido com um visor noturno.

    A observação de animais noctívagos pode sermelhor executada em noites de lua cheia, cami-nhando por estradas desimpedidas por vegeta-ção ou com a utilização de veículos. Muitos ani-mais utilizam estradas durante a noite para caçarou para evitar predadores.

    Tenha à mão uma boa lanterna com 2.000 a3.800 lúmen de potência e se possível um visornoturno. Os olhos de muitos animais refletem aluz de uma lanterna e podem assim ser localiza-dos. Visualizar animais selvagens às margens derios é mais seguro quando se está embarcado, e

     jacarés e muitos mamíferos ribeirinhos tambémrefletem a luz de lanternas.

    Se caminhar a noite por trilhas, leve um compa-nheiro e use botas e peneiras de cano longo paraevitar cobras. Cuide para não se perder. Jamaismanuseie ou capture qualquer animal selvagem,este procedimento deve ser executado apenaspor pesquisadores licenciados pelo IBAMA. Lem-bre-se de que uma boa foto não vale o estressedesnecessário de um animal.

    Anta

    Curiango

    Curiango

    Urutau encandeado

    Jacaré

    Tamanduá-de-colete

    Jaritataca

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    50 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  51CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Binóculos de boa qualidade são essenciais para observação de animais e mesmo de certos detalhes devegetação, nas copas.

    Existem fatores determinantes na escolha dos binóculos, como sua capacidade de aumento, lumino-sidade, estabilidade da imagem, qualidade óptica, seu peso, entre outros. O primeiro fator determi-nante, o aumento, é normalmente indicado pelos fabricantes através de um número seguido de “X “.Assim, num modelo 8 X 42, o primeiro número ( 8 ) indica um aumento de oito vezes, ou seja, permiteobservar um objeto como se estivéssemos oito vezes mais próximos dele. O segundo número depoisdo “X “ ( 42 ) representa o diâmetro (em milímetros) das objetivas ou lentes frontais do binóculo.Dividindo-se o diâmetro das objetivas pelo aumento, obtém-se o valor da pupila de saída do binóculo.Por exemplo, para o mesmo modelo 8 X 42 anterior, temos: 42 : 8 = 5,25 mm. Quanto maior for a

    pupila de saída de um binóculo, maior será sua luminosidade e capacidade de oferecer imagens clarase nítidas. A dilatação máxima da pupila do olho humano, em condições de pouca luminosidade, estáentre 7,0 mm e 9,0 mm, e em condições de muita luminosidade, entre 2,5 mm e 4,0 mm. Portanto,um binóculo 8 X 56, que proporciona uma saída de pupila de 7,0 mm, é mais adequado para uso emambientes escuros, como no interior de florestas ou em horários de crepúsculo, pois oferece amplaluminosidade. No entanto, usando este mesmo modelo em ambientes abertos e bem iluminados,como acontece nos campos limpos ou nos cerrados, o observador ficaria incomodado pela excessivaquantidade de luz concentrada nas oculares. Nesse caso, seriam mais indicados os modelos com saídade pupila entre 2,5 mm e 4,0 mm, como, por exemplo, um modelo 10 X 25, 8 X 30 ou 10 X 42.

    O campo de vista de um binóculo, outro fator importante, determina a área que se pode observaratravés do aparelho sem movimentar a cabeça. Os fabricantes indicam esse valor através do campoangular (medido em graus) e/ou através do campo linear, onde se mede em metros ou pés a área quepode ser abrangida a uma distância de 1000 metros, ou de 1000 jardas, respectivamente. Quantomaior for o campo de vista de um binóculo, melhores são as chances de se enquadrar rapidamentepequenos pássaros em movimento em ambientes de vegetação densa. De maneira geral, os m odelosmais indicados têm um campo linear entre 95 m e 135 m/1000 m (vide tabela 1). Modelos compactosde binóculos (8 X 20, 10 X 25), ainda que sejam mais leves, e modelos dotados de grande poder de

    aumento (acima de 12X) são os que oferecem menor campo de vista, e seu uso torna-se limitado aáreas abertas como campos e praias.

    No que se refere à estabilidade da imagem, permanece o fato de que quanto maior o aumento e maiora luminosidade do binóculo, maior será seu tamanho e peso e, consequentemente, maior será a possi-bilidade de se obter imagens tremidas. Os melhores aumentos situam-se entre 8X e 10X, e as objetivascom diâmetro abaixo de 56 mm são as mais indicadas. Nos últimos anos, surgiram no mercado binó-culos dotados de sistemas de estabilização de imagem com aumentos entre 12X e 20X, que dispensamo uso de tripés como era recomendado anteriormente pelos fabricantes para os antigos modelos nessafaixa de aumento. Porém, são de alto custo e permanece o fato de oferecerem um campo de vistareduzido. Sua utilização oferece vantagens quando se observa pequenos pássaros.

    BINÓCULOS

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    52 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  53CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Modelo Canon 18x50 ISCom estabilização de imagem

    Modelo Leica Trinovid 8x42 tipo “Roof Prism“

    Binóculo tipo “Porro“ Zeiss

    Binóculo ‘‘open bridge‘‘ Vortex Duplicador de ocular Vortex 

    A qualidade óptica do binóculo também deter-mina seu desempenho no campo. Existem doissistemas ópticos de binóculos: “porro prisms”(em que as objetivas não estão alinhadas comas oculares, porque os prismas não estão total-mente posicionados uns sobre os outros) e “roofprisms” (as objetivas, neste caso, estão alinhadascom as oculares, porque os prismas se posicio-nam exatamente uns sobre os outros, tornandoeste sistema mais compacto que o primeiro).Modelos com sistema prismático do tipo “porro”são mais baratos e podem ser de dois tipos: BK-7(borossilicato) ou BAK-4 (bário-silicato), este úl-

    timo considerado de melhor qualidade por usarcristais de quartzo de alta densidade em sua fa-bricação, propiciando imagens mais definidas.

    É importante que esses sistemas ópticos possu-am um revestimento anti-reflexão (“Coating”),pois isso reduz a perda de luz causada pela re-flexão e refração dos raios de luz que atravessamas lentes e prismas. Geralmente, tal revestimentoé indicado pelo fabricante através dos seguintestermos: 1 - “Coated optics” - indica que uma oumais superfícies em contato com o ar, de umaou mais lentes ou prismas, estão revestidas, 2 -“Fully coated” - indica que todas as superfíciesem contato com o ar estão revestidas, 3 - “Multi-coated” - como no item 1, porém com aplicaçãode múltiplas camadas de revestimento anti-refle-xão, 4 - “Fully multi-coated”.

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    54 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  55CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    TELESCÓPIOS TERRESTRES OU LUNETASPara a observação de aves aquáticas, que se reúnem em bandos nos rios e estuários, e para localizaraves de grande porte pousadas à grande distância nas copas das árvores, ou ainda, monitorar ninhos auma distância segura para não interferir no processo de reprodução de um pássaro, é sempre útil umtelescópio com aumentos na faixa de 20 X a 60 X. Co m aumentos dessa ordem, torna-se indispensávelo uso de um tripé estável, leve e de fácil manejo.

    O mercado oferece modelos com aumento fixo ou com sistema variável de aumentos, tipo “zoom”(entre 15 a 45X ou 2 0 a 60X), ou com intercâmbio de oculares de diferentes aumentos fixos (tipos 20X,30X, 40X, 77X). Alguns modelos permitem acoplar máquinas fotográficas por meio de um adaptadoropcional (digiscoping), atuando então como teleobjetivas (800 mm), ainda que com perda na sualuminosidade (abertura máxima entre f10 e f11). Os modelos mais luminosos possuem objetivas com

    diâmetro entre 60 e 82 mm, e sua saída de pupila, como no caso dos binóculos, varia de acordo como aumento da ocular utilizada. A qualidade da imagem é indicada nos modelos profissionais com assiglas ED ou APO (de apocromático, ou seja, sem aberração cromática).

    Camera adaptada para digiscoping Luneta - Leica Televid com objetiva linear

    Luneta - Leica Televid com objetiva angular

    Ao se trabalhar com lunetas, o uso de tripés se torna indispensável.

    Ninhal de Trinta-réis-preto, Anousminutus visualizado e fotografado pormeio da técnica de digiscoping.

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    GRAVANDO ASVOCALIZAÇÕES DAS AVES

    Para o observador de campo, o conhecimento do canto ede outras manifestações sonoras das aves no ambiente na-tural auxilia na identificação das espécies, tanto quanto aobservação direta das cores. Esse conhecimento torna -se es-pecialmente útil, por exemplo, em ambientes de vegetaçãodensa ou em áreas impenetráveis como brejos e alagadiços,ou no caso de aves de h ábitos noturnos, onde a visualizaçãoe a aproximação das mais furtivas espécies como inhambus,corujas e saracuras se tornam impraticáveis.

    O canto serve para a defesa do território e para o namo-ro. Pássaros como japins, corrupiões, gralhas e gaturamos,conseguem imitar o canto de outras espécies. Os papagaiostambém ficaram populares por suas habilidades nesse setor,imitando a voz humana ou sirenes de ambulâncias, além deoutros sons estranhos.

    Postura de canto do aracuã (Ortalis sp.)

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    58 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  59CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    A gravação das manifestações sonoras das aves é uma técnica muito útil para a documentação daavifauna de certo local ou para estudos sistemáticos por meio da Bioacústica.As gravações dos cantosdas aves também oferecem grande auxílio na aproximação de espécies furtivas ou ainda na atraçãode aves noturnas como as corujas e os curiangos, principalmente em regiões tropicais recobertas pordensas florestas. Tal prática tornou-se acessível aos iniciantes com o advento tecnológico de variadosmodelos de gravadores portáteis compactos e de microfones especiais.Além dos binóculos, é sempreútil, portanto, levar a campo um pequeno gravador de sistema digital, para registrarmos a vocalizaçãodos pássaros e das aves em locais onde a vegetação ofereça dificuldades à locomoção.

    Esses gravadores de uso popular podem ser encontrados sob diferentes marcas e modelos a u m custoaceitável e oferecem a possibilidade de atrair aves ocultas na densa vegetação. Tais aves vocalizammuito próximo ao observador que caminha por uma trilha estreita na floresta, atraídas que são peloplayback do seu canto gravado. Muitas cameras fotográficas e filmadoras permitem a captura de sons

    e dispensam a aquisição de um gravador portátil. Essas gravações constituem excelentes registrospara comparação e especulação posteriores, quando podem ser analisados por peritos ou através dacomparação com CDs de referência.

    Nesses pequenos gravadores podemos checar também a possibilidade de ocorrência de determinadaespécie em nossa área de estudo, ao reproduzirmos gravações de seus cantos por meio de cópias dasfaixas de excelente qualidade dos CDs (Audio Digital Compact Discs) de referência; ou www.xeno-canto.org/?language=pt

    O autor gravando aves em plena floresta amazônica, note o kit de emergência a tiracolo, facão e um ‘’Camel back‘’ para água.

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    TÉCNICAS AVANÇADAS DE GRAVAÇÃOVisando incentivar os iniciantes na importante tarefa de documentar os registros das manifestações so-noras de nossa avifauna, e com isso aumentarmos nosso conhecimento sobre o assunto, divulgamosa seguir algumas técnicas mais avançadas de gravação em campo. Salientamos que as técnicas e aprática da gravação de aves envolve muito menos dificuldades que as técnicas fotográficas apresentadasanteriormente. No entanto, como acontece na fotografia, gravar com qualidade o repertório vocal dasmais furtivas espécies requer a aquisição de equipamentos da melhor qualidade que o mercado oferece.

    O primeiro item a considerar é a escolha de um bom microfone direcional, tipo bastão. Trata-se de uminstrumento que captura apenas os sons provenientes de uma única direção, excluindo ou atenuandoruídos laterais ou sons provenientes de outras partes do ambiente. Alguns mo delos, como os fabrica-dos pela empresa alemã Sennheiser (http://www.sennheiserusa.com), oferecem modelos direcionais

    (ME66) ou ultradirecionais (ME67). Em nossa experiência de campo, podemos recomendar ou sugerircomo possibilidade de escolha o modelo ultradirecional e seus acessórios ou componentes (ME67 longshotgun microphone+K6 power supply+MZW67 windscreen) desse fabricante, que conta com repre-sentantes comerciais no Brasil. Sugerimos também o uso de um suporte supressor de ruídos (shock-mount) como o produzido pelo fabricante brasileiro Sabra-Som (http://www.sabrasom.com.br), mo-delo SSM-1/SL, ou similares. O cabo de conexão do microfone para o gravador deve ser confeccionadoem lojas especializadas do ramo. A utilização de pesadas e incômodas parábolas montadas sobretripés, em substituição aos microfones tipo bastão, é recomendável apenas para trabalhos muito es-pecializados por serem pouco manuseáveis em campo. Como uma última “dica”, recomendamos umaleve aplicação de um repelente de mosquitos, à base de água, sobre a espuma windscren do microfonepara afastar ou inibir o incôm odo zumbir desses insetos durante as gravações em campo. O mercadoatual também oferece gravadores compactos profissionais analógicos ou digitais, em substituição aosantigos e pesados gravadores analógicos de rolo, utilizados há décadas seguidas por profissionais eamadores avançados. Os profissionais de hoje utilizam gravadores digitais “solid state recorder”.

    Suporte Supressor de ruído

    Manoplas

    ME67

    Microfone direcional Senneiser K6

    “Anti-puff“ ou “Windscreen“

    Cabos

    Microfone direcional completamente montado

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    Partes de um microfone direcional.

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    62 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  63CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Cigana (Opisthocomus hoazin)

    FOTOGRAFIADE NATUREZA

    As técnicas e equipamentos para a fo-tografia de natureza são de fácil assi-milação e disponíveis a preços variáveis.Leve em suas andanças pelo campo, aomenos, uma camêra digital compactano bolso ou na m ochila para registrar anatureza em sua essência.

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    FOTOGRAFANDO AS AVESA fotografia da vida selvagem e em especial a das aves demanda paciência, dedicação, domínio dedeterminados equipamentos e técnicas apropriadas de trabalho. Aos interessados nesse tema, e espe-cialmente ao público brasileiro, indicamos a leitura da obra de Lello Piazza (ver bibliografia). Segundoesse autor, a fotocâmera ideal para o fotógrafo de natureza é a do tipo reflexa ou SLR, tanto para o“formato 35 mm” como para o “médio formato” (6x6, 6x7, 6x9), pois tal sistema permite observaratravés da objetiva e por meio de um espelho refletor a mesma imagem que será registrada na películafotográfica. Esse sistema também é o que oferece maior flexibilidade de acessórios como lentes inter-cambiáveis, “flashes”, teleconversores e filtros de correção.

    Um carão ( Aramus guarauna) fotografado numa poça as margens de uma estrada a partir de um veículo em Santana do Araguaia, Pará.

    Durante a filmagem ou fotografando do veículo faça uma aproximação lenta e gradativa e quandofilmar aves aquáticas em torno de lagos ou em rios, tente alugar um barco se disponível. Você ficarásurpreso o quão perto você pode se aproximar das aves em um barco.

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    66 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  67CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    TRILHAS E ARMADILHAS FOTOGRÁFICASA presença de animais selvagens muitas vezes pode ser determinada por suas trilhas no capim alto, areiaou lama. Essas trilhas geralmente possuem um cheiro característico ou catinga e são excelentes locais paraarmadilhas fotográficas. Seguindo essas trilhas, muitas vezes, somos levados a poços de água e locais dealimentação e o rastreamento em geral, é fascinante. Tome cuidado adicional com os grandes felinos, queixa-das e jaritatacas e cuide para não se perder. Algumas trilhas são particularmente infestadas por carrapatos emicuins; use repelente nas pernas.

    Cachorro do mato (Cerdocyon thous) Veado-mateiro (Mazama americana)

    Cateto (Pecari tayassu) Irara (Eira barbara)

    Armadilhas fotográficas podem ser instaladasem estradas repletas de pegadas ou ao longo detrilhas abertas na vegetação por animais, comona foto ao lado, no Parque Nacional das Emas,em pleno campo úmido. Muitas desta câmeraspermitem fotografar ou até filmar a passagemde animais em um determinado local e quandoinstaladas de frente a um ninho, podem acom-panhar o processo reprodutivo de uma ave semcausar transtorno excessivo. Se pretender usardestes recursos com ninhos de corujas, escolhaum modelo com visão noturna, que emite umflash invisível de infra-vermelho, evitando assimcegar a ave em trajetória de voo até a entrada doninho. Se não puder bancar os custos, a melhorética é desistir.

    Armadilha fotográfica Bushnell

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    CÂMERASNeste capítulo, abordaremos a utilização do “formato 35 mm”, por ser o mais usual na fotografiade animais.

    As câmeras SLR de 35mm são fornecidas por inúmeros fabricantes e numa variedade de modelos. Asvantagens tecnológicas associadas ao advento da tecnologia digital baratearam os custos da fotografiae a velocidade de processamento das imagens obtidas. Porém, as opiniões são as mais contraditóriasquanto às vantagens de u tilização do sistema digital frente às películas fotossensíveis.

    Independentemente do tipo e modelo de câmera que você escolher, é recomendável que esta apresen-te os recursos operacionais descritos a seguir:

    Fotômetro: um fotômetro tipo TTL incorporado ao corpo da máquina evita cálculos complexos de

    exposição quando são incorporados às lentes acessórios como filtros e teleconversores, entre outros.Sistema de levantamento de espelho (ou Mirror lock-up): permite erguer o espelho após focar comuma teleobjetiva antes de disparar a foto, evitando-se trepidações na câmera, que normalmente épresa ao tripé. Atenção: não se trata do comando “B”, incluso na maioria das câmeras e utilizado paratempos longos de exposição.

     Auto-bracketing ou auto-escalonamento: sistema automático de exposição que permite variar expo-sições sucessivas de velocidade ou abertura. A subexposição ou superexposição de uma foto é feita apartir da leitura da luz pelo fo tômetro TTL.

    Camêra SLR digital

    TELEOBJETIVASAlém de uma boa câmera fotográfica, torna-se necessário a utilização de Teleobjetivas com distânciasfocais entre 400 e 600 mm, que possibilitam aumentos entre 8 e 12x, como indica a tabela 1:

    Teleobjetivas fixas são preferíveis àquelas dotadas de “zoom”, pois produzem imagens com melhordefinição nas bordas do fotograma.

    Assim como acontece com os binóculos, quanto maior for a luminosidade ou a abertura máxima ofere-cida por uma teleobjetiva, maior o seu tamanho e peso. Consequentemente, maiores serão as chancesde se obter imagens tremidas. A tabela indica algumas categorias de peso em relação ao aumento e àluminosidade para alguns tipos de teleobjetivas:

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    As teleobjetivas leves são também chamadas de “teleobjetivas lentas”, enquanto que as pesadas sãochamadas de “teleobjetivas rápidas”, porque enquanto estas oferecem ajustes de velocidade rápidos,as primeiras se limitam a ajustes de velocidade bem mais lentos. Teleobjetivas “rápidas” são 3 a 4 vezesmais caras que as “lentas”.

    Existem também as chamadas “lentes de espelho” ou catadióptricas (normalmente em versões do tipo500/F8.0, ou 600/F5.6, ou F8.0). São ainda bem mais leves e compactas que as teleobjetivas fixas len-tas citadas anteriormente, mas possuem abertura fixa, não podendo a sua luminosidade ser alteradaa não ser com a utilização de filtros de densidade neutra ou ND, já inclusos normalmente como aces-sórios; porém, são de uso inconveniente em campo. Seu custo é baixo e oferecem imagens inferioresàs teleobjetivas convencionais.

    CAÇA FOTOGRÁFICA ERRANTEEmbora pouco utilizada por fotógrafos profissionais da natureza, acreditamos que a caça fotográficaerrante seja inicialmente um excelente treino para o observador de aves. A qualidade técnica das ima-gens obtidas por meio dessa técnica fotográfica, ainda que deixe a desejar na concepção do f otógrafoprofissional, ao nosso ver é a que permite as imagens mais originais e fidedignas sob certas circuns-tâncias. Frequentemente, no trabalho de observação de campo, somos surpreendidos com a súbitaaparição das mais furtivas espécies, que se colocam a poucos metros do observador, e muitas vezesse põem a executar curiosas demonstrações de seu comportamento natural a despeito da presençahumana. Ao biólogo profissional ou ornitólogo, essa técnica permite documentar a presença de rarasespécies em seu biótopo sem interferir no seu trabalho básico de pesquisa, pois o tempo dispensado aessa atividade é pequeno e esporádico.

    O equipamento a ser u tilizado para a caça f otográfica errante demanda versatilidade e grande rapidezde resposta, conforme a sugestão abaixo:

    - Câmera 35mm SLR programável ou digital SLR

    - Teleobjetiva fixa autofocal 3 00mm, F4.0 / 400 mm, F5.6, preferencialmente dotadas com sistema deestabilização de imagens IS

    - Teleconversor 2x autofocal

    - Filtro SKY para a proteção das lentes

    - Pára-sol apropriado

    - Flash TTL, NG 48 ou maior, munido de acessório para teleobjetiva tipo Beamer

    - Alça tipo bandoleira para a câmera

    - Monopé

     Ardea cocoi 

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    Munido de tal equipamento, o fotógrafo deve caminhar calmamente pela trilha em meio à vegetação,vestindo roupas camufladas e procurando as aves com seus binóculos. A câmera, com a teleobjetivae o flash montado, deve ser carregada no ombro ou pescoço por meio da alça (“bandoleira”) ao ime-diato alcance das mãos. A utilização de um filtro “SKY” assegura boa proteção às lentes objetivas nocaso de quedas ou enroscos acidentais.

    As câmeras programáveis têm a vantagem de selecionar um programa com prioridade de velocidadeque permite fixar uma velocidade de obturação tipo 1/125 ou 1/250. O programa ajusta automatica-mente a abertura apropriada ou aciona automaticamente o flash montado na sapata acima do corpoda câmera, evitando assim a possibilidade de fotos tremidas ou mal expostas, com grande rapidez deresposta. Como essas câmeras programadas já vêm dotadas de um motordrive incorporado ao corpo,aconselhamos, além do automatismo para o sistema de autofocagem e do programa com prioridadede velocidade, a utilização do sistema de auto-escalonamento em ajustes de +1 e -1, subexpondo e

    sobreexpondo de um ponto a leitura auto mática do dispositivo TTL. O funcionamento desses progra-mas é exaustivamente explicado nos manuais de utilização que acompanham as marcas e os modelosde cada fabricante.

    Um monopé pode ser útil para evitar trepidações com teleobjetivas convencionais, mas o ideal é substi-tuir tal artifício por teleobjetivas com sistema de estabilização de imagem IS. Aconselhamos também autilização de um pára-sol montado à objetiva, e ter sempre à mão um teleconversor (1.4x ou 2.0x), poistal acessório aumenta a distância focal da teleobjetiva em 1.5x e 2x respectivamente. Assim, uma tele-objetiva de 300, F4.0 com aumento de 6x montada em um teleconversor 1.4x ou 2.0x corresponde a:

    Finalmente, uma lente zoom 28-80 mm ou algo semelhante permite fotografar plantas, insetos e florespresentes no habitat de uma ave, bem como seu ninho ou os frutos dos quais se alimenta, enriquecen-do assim a documentação das observações realizadas em campo.

    O mais difícil: Abordagem profissional

    A utilização de técnicas avançadas de fotografia para retratar aves requer, em primeira instância, umelemento básico primordial: paciência.

    Obter imagens de alta qualidade das aves e outros animais selvagens em seu habitat natural, sob con-dições adversas de luz, em terrenos íngremes, sob sol forte ou chuva e suportar o assédio de miríadesde mosquitos por longos períodos demanda muita dedicação.

    A parafernália fotográfica a deslocar para o campo exige normalmente preparação prévia, e cadasequência fotográfica requer planejamento e atenção nos mínimos detalhes.

    Equipamento a ser utilizado:

    - Câmera programável

    - Teleobjetiva: 400, 2.8 / 300, 3.8 / 500, 4.0 / 600, 4.0

    - Tripé, propulsor controle remoto

    - Teleconversor 2x 

    - Flash TTL, NG 48 ou maior, munido de acessório para teleobjetiva tipo zoom

    - Alça tipo bandoleira para a câmera

    - Monopé

    Os melhores fotógrafos de natureza, além de ter vasto conhecimento profissional das técnicas foto-gráficas, são também grandes naturalistas de campo. Portanto, o ideal é percorrer inicialmente o localonde se pretende trabalhar, munido basicamente de binóculos para o reconhecimento de terreno emapear as “possibilidades” que a área oferece. Essas “possibilidades” se manifestam sob a forma deuma árvore em floração ou fru tificação para onde acodem espécies polinizadoras ou frugívoras; quan-

    do há o encontro de um ninho com ovos ou filhotes, ou de um local onde os animais se reúnem paradormir ou beber água. Caçadores locais podem ajudar muito nesse aspecto, e orientam na preparaçãode “cevas” ou locais previamente escolhidos onde se colocam frutos, quirera ou outros a trativos. Bar-reiros de sal são excelentes “cevas naturais” que atraem os psitacídeos além dos m amíferos.

    No entanto, como podemos verificar na tabela acima, tal acessório reduz a luminosidade ou abertura

    máxima (F) da lente, podendo ser utilizado apenas sob boas condições de luz.Alguns fotógrafos naturalistas se fazem acompanhar por um auxiliar de campo, que cuida de atrairuma espécie em particular por meio do  playback do canto gravado, até o alcance das lentes do fotó-grafo posicionado em local mais aberto e iluminado.

    A aproximação furtiva da ave a ser fotografada deve ser progressiva, com movimentos lentos, comsequências de disparos entre os intervalos de aproximação.

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    74 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  75CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Garça azul (Egretta caerulea)

    Uma vez definida a escolha da área em que se pretende trabalhar, prepara-se previamente, um escon-derijo ou tenda portátil.

    Essas tendas devem ser confeccionadas com tecidos grossos e resistentes e de cores sombrias, como overde musgo ou o cáqui, ou preferencialmente de tecido tipo “camuflado”, de uso militar, quando sepretende montá-la em áreas arborizadas. Pequenas janelas protegidas por telas ou filós de mosquitei-ros permitem a ventilação interna, e bolsos costurados nas paredes laterais internas acondicionam len-tes e outros acessórios, protegendo-os da umidade do solo. Para prevenir os danos da chuva, mon ta-seuma lona impermeável plástica sobre toda a estrutura.

    Para auxiliar na camuflagem, colocam-se na parte externa galhos com folhas ou outros elementoscomuns na paisagem.

    No interior da tenda, o fotógrafo monta a câmera com a teleobjetiva em um tripé e posiciona uma ou

    mais unidades de flashes no local da ação. Todo o equipamento é conectado por meio de cabos e f iosque ficam dissimulados sob a serrapilheira, a terra ou galhos.

    O ideal é montar várias dessas tendas em locais apropriados ao mesmo tempo, investindo certo tem-po de espera em cada uma delas, e deslocar-se de uma para outra ao longo do dia para evitar oestresse de esperas tediosas. Em se tratando de espécies mais arredias, é melhor entrar no esconderijode madrugada e evitar tais deslocamentos. Visando tirar o máximo proveito do esforço dedicado àmontagem de tais esconderijos, o melhor é desaparecer do local onde foram montados por algunsdias, para que os animais se acostumem com a presença desses esconderijos em seu habitat. No casodas cevas, é melhor voltar para a reposição das iscas apenas ao anoitecer. Se houver necessidade demontar a tenda sobre árvores, é preciso lembrar que a excessiva perturbação causada pelas complexasmanobras de acesso aos galhos e a instalação de toda a parafernália fotográfica podem interferir nasatividades reprodutivas de certas aves fazendo-as abandonarem seus ninhos ou sua prole. Obviamen-te, nenhuma imagem vale tal risco. Tal interferência deve antes ser minimizada pelo uso de andaimesde rápida montagem, com o auxílio de ajudantes locais. Ou, preferencialmente, deve-se instalar umacâmera nas proximidades do local desejado com o auxílio de escadas e controlar seu funcionamentopor meio de controle remoto.

    O monitoramento do local da ação é feito por meio de um telescópio posicionado em esconderijo

    afastado e previamente preparado.

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    76 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  77CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Valorize o conhecimento prático de mateiros locais contratando seus serviços como guias, quandoadentrar em áreas remotas. A distribuição de renda promovida nestas relações, favorece a economialocal e abre a oportunidade para troca de informação sobre os conhecimentos que você deixa aopartir, além dos ganhos pessoais adquiridos com estas comunidades. Na página a o lado algumas avesfotografadas no Monte Arfak, Indonésia, localizadas por mateiros locais. Acima Yunus demonstra suashabilidades com o arco e flecha.

    Cicinnurus magnificus, fêmea acima e macho abaixo. Na foto acima, Poecilodryas a. albispecularis.

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    78 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  79CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Para construir um abrigo de observação camuflado você pode improvisar com materias naturais locais, uti-lizando paus, cipós e folhas de palmeiras ou capim. Uma lona plástica auxilia na vedação em dias de chuva,mas deve ser camuflada com vegetação para eliminar seu efeito artifícial em meio à paisagem natural.

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    80 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  81CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Nessa sequência fotográfica o Amblyornis inornatus foi localizado por mateiros locais no Monte Arfak,a 1.700m de altitude na Indonésia. Com auxílio e cortesia da população local pudemos construir umabrigo fotográfico numa das arenas de exibição, de grande auxílio na ocasião.

    Tente construir um abrigo ou tenda fotográfica no início da manhã e depois deixe-o por algumas horaspara que os animais possam se acostumar com isso. Esteja preparado para passar algumas horas noabrigo e procure levar um pouco de água e co mestíveis com você, nunca se sabe quando os an imais vi-rão. Não fique desapontado se não virem, afinal, eles não têm compromisso com você. Uma das maio-res vantagens de usar um bom tripé é que ele permite compor com precisão. Sempre use um tripé.

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    82 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  83CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Fotografar a partir de seu veículo com a câmera montada e ao alcance das mãos posicionada noassento do passageiro ao lado, é a abordagem preferida para fotografar aves e outros animais, poisé muito difícil se aproximar deles a pé. Muitas das aves ficam empoleiradas sobre o topo de arbustosou em mourões de cerca ao lado da estrada. Se possível, desligue o motor apenas depois de garantiralgumas tomadas.

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    84 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  85CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Borboletas são facéis de fotografar em barreiros.

    Lasaia sp. Diaethria clymena

    Caria mantinea

    Doxocopa pavon Marpezia sp.

    Doxocopa zunilda Tenemis sp.

    Protesilaus sp.

    Rethus periander Doxocopa linda

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    86 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  87CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    Colecione fotos de flores silvestres e seus insetos polinizadores. Após acumular uma coleção icono-gráfica de um mesmo local durante a nos seguidos e em várias estações do ano, leve seu acervo a umespecialista (entomólogo ou botânico), com suas anotações de campo. Seu acervo pode resultar numapublicação científica.

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    88 CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA  89CAP Í TULO 1 - OBSERVAÇÃO DE FAUNA E FLORA 

    FILMANDO A VIDA SELVAGEM

    O advento da tecnologia digital na captura de imagens em vídeo, por meio de filmadoras compactasde fácil manuseio em campo, representou considerável progresso para a documentação dos hábitos ecomportamentos das aves e de outros animais.O mercado oferece aos iniciantes uma imensa variedadede marcas e modelos de filmadoras portáteis para as mais variadas aplicações. Antes de adquirir umamarca ou modelo de f ilmadora, aconselhamos uma pesquisa prévia na Internet so bre as especificaçõestécnicas de cada marca e modelo. Visando facilitar a pesquisa dos consumidores, alguns fabricantesdisponibilizam em seus sites um glossário dos termos técnicos e um a rápida explicação sobre conceitosbásicos sobre o sistema digital de captura de imagens em vídeo, de grande valia aos iniciantes.

    As técnicas de trabalho em campo são similares às tratadas para a fotografia. As técnicas de gravaçãodo canto e o uso do playback colocam certas espécies ao alcance das objetivas da filmadora.

    Esta prática apresenta grande relevância no estudo dos hábitos reprodutivos de no ssas aves, registran-do os pais nos cuidados com o ninho ou registrando as danças de corte em arenas, hábito co mum emcertas famílias como os dançadores Pipridae e os beija-flores Trochilidae. Como na fotografia digital enas gravações das vocalizações, certos programas de “softwares” possibilitam a posterior editoraçãodas imagens obtidas, sendo incluídos como acessórios por muitos fabricantes.

    Filmagem sem tripé. Filmagem com tripé, cortesia de Gerard Baudet.

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    91CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA 

        V    I    A    G    E    N    S    E

        T    É    C    N    I    C    A    S

        P    A    R    A    E    M    E

        R    G    Ê    N    C    I    A    S

       C   A   P   Í   T

       U   L   O

       2

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    92 CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA  93CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA 

    ORGANIZANDO A SUA VIAGEMEMBALE O EQUIPAMENTO ADEQUADO

    O equipamento que você levar com você é em grande parte uma questão de gosto pessoal e do tipo deviagem que planeja, como um dia de caminhada ou uma viagem de uma semana na mata. No entanto,tome algum tempo para escolher o tipo de equipamento que se adapta melhor às suas necessidades.Ninguém deveria se aventurar no campo, sem as habilidades para usar um mapa e uma bússola, pes-quise na internet como fazer isso.

    INFORMAR A ALGUÉM

    Antes de sair para uma viagem de exploração, informe a alguém sobre o seu percurso de destino, eo tempo que pretende demorar. Lembre-se de avisar a pessoa que você retornou, assim que chegar.

    Carregue um telefone celular e combine horários fixos para contatos com terceiros e mantenha seuaparelho desligado para poupar baterias.

    CONFIRA A PREVISÃO DO TEMPO

    Condições climáticas adversas podem transformar uma viagem em uma tragédia. Confira a previsão dotempo antes de sair para sua aventura. O inverno é uma época de extremos, e se você está indo para o cam-po no inverno, não se esqueça de tomar precauções especiais. Esteja preparado e use roupas apropriadas.

    CONTINUE PRATICANDO

    Continue a ler e aprender mais sobre a preparação de sobrevivência na selva. Lembre-se de continuar apraticar as habilidades de sobrevivência que você aprendeu. O melhor momento para começar a prepa-rar a sua viagem é agora, antes de ir para as trilhas! Certifique-se de ter feito a preparação adequada.

    ESCOLHENDO SEU EQUIPAMENTO

    Como dissemos, o equipamento que você leva com você é em grande parte uma questão de gosto pessoal,por exemplo, em uma caminhada de três horas, você provavelmente não precisará de um saco de dormirou um mosquiteiro, mas em uma viagem de 30 dias de mochila, você não pode sobreviver sem eles. É mauplanejamento evitar um kit de primeiros socorros que deve incluir: curativos básicos para bolhas e feridas;

    gaze esterilizada, band-aid.-Medicamentos básicos: analgésico, antisséptico, anti-diarréia, pinças (muito útil para remover peque-nos espinhos, lascas ou carrapatos) e uma tesoura ou uma faca pequena.

    No entanto, não duplicar ferramentas, se você já tem uma faca, você não precisará de outra ferramentade corte no seu kit de primeiros socorros. Certifique-se de saber o que o seu kit contém e como usar osmateriais para primeiros socorros de forma eficaz. Uma boa idéia é adicionar um manual de instruçõesbásicas de primeiros socorros.

    Quando nenhuma ajuda profissional médica está disponível, é essencial que você saiba alguns princípiosbásicos de primeiros socorros e como aplicá-los, mesmo sob estresse.

    Adaptado de: http://www.wilderness-survival-skills.com

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    94 CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA  95CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA 

    O equipamento que você transporta em uma viagem se resume aos itens estritamente necessários,organizados de acordo com as atividades que você planeja executar. No entanto torna-se necessárioorganizar um kit de emergência, que basicamente é sempre o mesmo e que nu nca deve ser esquecidofora de sua mochila ou bolsa a tiracolo. Sua mochila deve ter um peso ideal, que varia de pessoa parapessoa,tendo como regra básica, algo que você consiga carregar sem esforço. Portanto evite escolherequipamentos excessivamente pesados e aqueles supérfluos. Sempre que pensar em comprar algo,procure se informar sobre as dimensões e o peso e se você realmente precisa daquilo. O primeiro itema ser adiquirido é uma mochila ou uma bolsa de alça, ou se preferir um bornal. Se você pretende cami-nhar apenas algumas horas em seus passeios, prefira um bornal ou uma bolsa de tamanho adequadopara carregar o kit de emergência, um celular, pilhas e baterias para seu equipamento e uma pequenagarrafa d’água; possivelmente um lanche. Se você pretende caminhar o dia todo e só retornar a noite,escolha uma mochila modular com bolsos externos.

    Caso planeje caminhar por trilhas por dois dias ou mais, prefira uma mochila estanque, sem compar-timentos externos, com 40 a 60 litros de capacidade, dependendo do seu porte fisíco. Em qualquersituação sempre leve água potável ou mineral. Para passeios curtos, uma garrafa de água mineral 6 50ml será suficiente. No caso de uma caminhada de um dia leve pelo menos 2 litros (em um cantil tipocamel back), a menos que você garanta um fácil reabastecimento no percurso. Para caminhadas devários dias, pensando em acampar a noite, use um cantil de metal, do tipo militar e tenha um ou doissacos plásticos ou aluminizados com capacidade para armanezar pelo menos 5 litros de água. Nesteúltimo caso não esqueça de levar um ‘’filtro’’ ou pílulas de cloro ‘’clor in’’. Em caso de emergênciavocê poderá ferver a água em um cantil de alumínio ou recorrer a purificação e filtragem conformeexplicado na página 156. Não esqueça um bom repelente de insetos e protetor solar. Caso pretendalevar alimentos escolha itens não perecíveis.

    Mochila modular Mochila estanque

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    96 CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA  97CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA 

    Ter um kit de sobrevivência pode tornar a vida muito mais fácil durante uma situação de emergência, eé algo que você carrega em todos os momentos. Geralmente é pequeno o suficiente para caber num abolsa ou mochila, e reúne apenas itens de sobrevivência essenciais, como:

    1-Isqueiro ou pederneira de magnésio e uma faca: em uma situação de sobrevivência você vai sermuito grato por poder acender uma fogueira. Uma faca pequena é ítem indispensável.

    2-Sacos plásticos reforçados para armazenar água com 3 a 5L: suas necessidades exatas de hidra-tação dependem de uma série de fatores, incluindo seu ambiente, nível de atividade, e de sua saúdegeral. Ter uma maneira de transportar e armazenar a água é essencial para a sua sobrevivência. Eurecomendo um cantil de alumínio por sua capacidade de transportar e ferver a água direto na garrafa.Além de um bom cantil, leve um ou dois sacos plásticos reforçados com capacidade para 4 a 5 litros,para armazenar água em seu abrigo.

    3-Filtro de água: Na minha opinião, um filtro de água é outra peça importante que ajuda a reduzir asua demanda por água e lhe dá a capacidade de purificar até mesmo as fontes mais repugnantes. Háuma série de filtros de água de qualidade no mercado, mas até agora só há um que eu recomendo.Veja página 156.

    4-Lona plástica ou Plastilona (2x2m ou 3X3m dependendo de sua estatura) : Sua capacidade deregular a temperatura interna do corpo, e se proteger dos elementos, vai ser extremamente importanteem qualquer tipo de situação de sobrevivência. O tipo de abrigo que você escolher vai depender da suasituação, seu ambiente ou de sua capacidade global para improvisar um abrigo com materiais locais.Um cobertor de emergência é leve e fo rnece bom isolamento térmico adicional.

    5-Alimentos: Embora a comida provavelmente não vá se tornar uma prioridade em uma situação deemergência a curto prazo, é algo que precisa ser considerado após 3 ou 4 dias. Quando se trata deescolher o tipo certo de alimentos de sobrevivência, tenha em mente que as suas necessidades calóricasvão ser muito maiores do que o normal. Barras de cereais, jerked beef, mistura de granolas, nozes esementes são itens que ocupam pouco espaço em sua mochila e fornecem uma enorme quantidadede calorias, proteínas, gorduras e nutrientes essenciais; produtoras de energia.

    Carregue seu equipamento ótico de observa-ção ao imediato alcance das mãos e nuncadentro das mochilas. Prefira usar binóculos de-pendurados ao pescoço ou presos em correiaselásticas pelos ombros. Máquinas fotográficase filmadoras devem ser carregadas nos ombrospor meio de bandoleiras. Acessórios como car-tão de memória, baterias carregadas, flash eoutros devem ser distribuídos em bolsos emcoletes ou nas calças ao imediato alcance dasmãos, em caso de necessidade. Utilize os itenssecundários levados na mochila, nas costas,durante as paradas de descanso. Se você levarlutenas ou filmadoras ou ainda tele -objetivasde longo alcance, não tem jeito, vai ter quecarregar tudo nas mãos.

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    98 CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA  99CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA 

    3 novelos de paracorde 3 mm com 10 m cada Kit de primeiro socorros

    MosquiteiroMochila ou bolsa tiracolo

    Bússola

    Lanterna a dinâmo, recarregável dispensao uso de pilhas e baterias Plastilona 3x2m

    Filtro LifeStraw (Veja na pág. 156)

    Kit de pesca pequeno(Veja na pág. 206)

    Repelente de insetos

    Barra de magnésio, isqueiro e pederneira

    Camel Back ou saco plástico oualuminizado com 3-5 L.

    Pequena faca de bushcraft, modelo Guepardo.(Veja na pág. 101)

    ITENS ESSENCIAIS NO KITDE SOBREVIVÊNCIA

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    10 0 CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA  101CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA 

    CUTELARIAUma faca de sobrevivência na selva é um bem de valor inestimável. Você sempre precisa de uma faca, nãoapenas em uma situação de emergência, mas seu manuseio requer cuidado. Ao escolher a sua faca, agrande questão é muitas vezes a possibilidade de obter uma faca de aço inoxidável ou aço carbono. Ambosos materiais tem suas vantagens e desvantagens, e preços diferentes. A faca de aço inoxidável tende a sermais cara do que uma faca de aço carbono. No entanto, é importante saber que, mesmo uma faca de açoinoxidável, ou “à prova de ferrugem”, pode, eventualmente, sofrer pontos de ferrugem e corrosão. O maisimportante é escolher um modelo com lâmina “full tang” entre 2,5 e 4 mm de espessura e 4 a 8 polegadasde comprimento. Abaixo outros instrumentos úteis.

    Nunca deixe de carregar uma faca em seu Kit deemergência. As facas Mora produzidas na Sué-cia são baratas, leves, resistentes e provavelmen-te a melhor escolha para grupos que pretendempela praticidade. Os demais modelos apresen-tados ao lado refletem uma escolha alternativa

    ou complementar para grupos que pretendemacampar na selva frequentemente. Canivetescom lâminas dobráveis podem ser utilizados,mas não devem substituir uma faca de lâminafixa. Escolha sempre um modelo com lâmina en-tre 2 e 4 mm de espessura.

    Tipo Bushlore ou de Bushcraft, a mais indicada

    Tipo Skiner ou escalpelo, modelo Saico

    Tipo Scandi (www.moraknive.com)

    MODELOS DE FACAS INDICADAS

    Serrotes de poda dobráveis

    Modelo TramontinaModelo Bahco

    Facão, lima e bainha

      w  w  w .  c

       o   n   d   o   r   t   k .  c

       o   m

      w  w  w .   s

       a   i  c   o .  c

       o   m .   b

       r

    Kukri

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    102 CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA  103CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA 

    Forma segura de passar uma faca ao colega.

    Descascando

    Rachando

    Afinando

    Esfarpando

    Lacerando

    Furando

    COMO USAR UMA FACADE FORMA SEGURA

    Outro instrumento de corte recomendável, espe-cialmente para mulheres, é um serrote de poda do-brável (por exemplo: o modelo Tramontina). Segure

    firme a serra pelo cabo e aplique pressão e movi-mento constante da lâmina, mantendo a mão queapoia o galho bem afastado do corte, prevenindoacidentes. A utilização de ferramentas pesadas,como pás, arcos de serra, podões, cegadeiras emachados só pode ser considerada quando seviaja em veículos ou embarcações.

    Faca de Bushcraft da Condor ou Bushlore

    A utilização de facões, parangs ou Kucris deve serevitada por amadores, já que estes instrumentoscausam quase 90% dos acidentes leves ou graves

    em campo. Prefira utilizar uma faca ou um serrotedobrável para evitar acidentes em locais remotos.Caso pretenda usar um facão ou mesmo uma ma-chadinha, apesar das advertências, fique atentoaos procedimentos de segurança abaixo indicados.

    Área de segurança.

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    10 4 CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA  105CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA 

     Na foto acima a planta conseguiu um rebrotamentopois foi podada corretamente próximo ao solo, portan-to, sempre que podar uma planta, procure serrar o maisrente possível ao solo.

    Na foto central houve negligência na poda e a plantanão conseguiu uma cicatrização adequada. A linha ver-melha indica a área ideal de corte que deveria ter sidoaplicado, de baixo para cima.

    Na foto inferior como o co rte foi aplicado na área ideal aplanta gradativamente cicatriza a área afetada e prosse-gue seu desenvolvimento normalmente. Portanto, faça

    o corte o mais rente possível ao tronco.

    Na foto acima para podar um ramo, faça um corte umpouco afastado do tronco evitando uma laceração dacasca no mesmo no momento da queda do ramo. Emseguida remova a parte restante, agora sem o peso dogalho que foi removido, o mais rente possível ao tronco.

    Este cuidado evita doenças causadas por f ungos ou lar-vas xilófogas oportunistas e promove a rápida recupe-ração da árvore.

    Sempre que possível prefira usar madeira morta ouusar a casca, galhos e troncos de árvores tombadas portempestades, já que seu desenvolvimento natural está

    comprometido de qualquer forma. O uso responsáveldos recursos naturais só encontra justificativa para o ob-servador da natureza em casos de emergência. Prefirasempre o uso de redes ao de bivaques de madeira.

    MÉTODOS RESPONSÁVEISDE PODA PARA OBTER

    ESTACAS E MADEIRAVERDE EM ACAMPAMENTOSDE EMERGÊNCIA

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    106 CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA 

    ROUPAS E CALÇADOS Leve poucas roupas em suas viagens. Prefiralavar as peças usadas em rios e lagoas usandoapenas água e sabão de coco. Antes da viagemsepare um ou dois sacos plásticos com capaci-dade para 10 litros e adicione uma medida deamaciante de roupas. Espalhe o produto pelointerior dos sacos e deixe escorrer no avessopara secar ao sol. Depois de seco, volte os sacosao avesso novamente e dobre os mesmos paracompactá-los. No campo basta encher os sacoscom água e deixar a roupa de molho por 20 mi-nutos para eliminar o mau cheiro. Numa emer-gência você pode improvisar o mesmo princípio

    usando carvão de uma fogueira. Deixe suas rou-pas de molho com água e carvão pré-lavado pormeia hora. Depois enxague tudo e coloque demolho com água e flores do campo, disponíveisem certas épocas (prefira as mais perfumadas),amarradas em ramalhetes. Você pode usar fo-lhas de eucalipto ou outras essências se preferir.Evite roupas brancas, podem manchar.

    Tenha sempre um anorak ouuma capa de chuva em sua mochila.

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    108 CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA  109CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA 

    Prefira jaquetas impermeáveis ecasacos com bolsos

    Prefira roupas de cores discretas, o vermelho e outras cores berrantes assustam os animais.

    Use roupas leves e confortáveis

    Use coturnos e polainas em ambientes muitoquentes e úmidos. Coletes fotográficos acomodamequipamentos ao imediato alcance das mãos.

    Use botas de canos longos ou perneiras para seprecaver de picadas de cobra e espinhos. As bo-tas de borracha sao indicadas para ambientes sa-turados de umidade, como florestas tropicais oubrejos e alagadiços. Coturnos de uso militar oubotas de caminhada confeccionados com lonaou couro, sao indicados para ambientes maissecos, como em cerrados e caatingas ou em ter-renos predegosos.

    Prenda seu gravador digital à cintura por m eio deuma ‘’bolsa tipo canguru’’ e conecte o cabo aomicrofone direcional fazendo-o passar pelas cos-tas, deixando-o cair livremente sobre seu ombroao lado dos binóculos, foto à esquerda.

    BOTA DE CAMINHADA

    COTURNO

    BOTA DE BORRACHA

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    110 CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA  111CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA 

    Use calças e coletes com bolsos, bem como camisas fol-gadas e confortáveis a base de tecidos sintéticos respirá-veis e de cores apagadas.

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    112 CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA  113CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA 

       h   t   t   p  :   /   /  w  w  w .  w

       i   l   d   e   r   n   e   s   s  -   s  u   r  v   i  v   a   l  -   s   k   i   l   l   s .  c

       o   m   /   h   o  w  -   t   o  -   s  u   r  v   i  v   e  -

       i   n  -   t   h   e  -  w   i   l   d   e   r   n   e   s   s .   h

       t   m   l

    Apesar de algumas pessoas não considerarem a roupa como um abrigo, eu acredito que é um dos itensmais importantes nesta categoria. Em uma situação de sobrevivência as roupas no corpo, combinadas como que está na sua bolsa ou mochila, será a sua principal fonte de abrigo e proteção. A roupa é portanto asua primeira linha de defesa contra os elementos e a sua escolha é algo que nunca deve ser negligenciado.

    O autor em trabalho de campo, fotografa um ‘‘bower’’ no mon te Arfak, Irian Jaya, Indonésia a 1.700mde altitude. Nesta altitude as matas nebulares saturam a vegetação com a umidade das chuvas inten-sas. Um PARKA ou Anorak, calças impermeáveis, botas de borracha e um saco a tiracolo contendo umkit de sobrevivência se tornam a indumentária ideal.

    Para serem verdadeiramente à prova d’água,

    as capas de chuva devem ser feitas de tecidosimpermeáveis e havendo costuras, a chuva nãopode vazar através das pequenas perfuraçõesfeitas por agulhas durante a confecção. Mesmosendo à prova d’água a umidade não vai passarpelo tecido, mas o suor não pode sair, também.Uma caminhada pela mata gera tanto calor esuor que a única maneira de ficar seco é ter umaroupa que não seja apenas à prova d’água, masque respira a umidade também. “Respirabilida-

    de” e controle de umidade são obtidos atravésde ventilação e / ou pela confecção de tecidossintéticos avançados.

    Aberturas de ventilação permitem que o ar cir-cule pelo vestuário prevenindo o sobreaqueci-mento, confeccionados com malha simples oupor meio de aberturas especialmente concebidascom zíper ou aberturas de velcro que você pode

    abrir e fechar para ajustar a temperatura do seucorpo. Os tecidos do tipo “Dry-fit” ou “Rip Stop”caem em uma das três categorias a seguir:

    1.PVC ou poli-vinil: Totalmente à prova d’água,mas não podem proteger da umidade ou respi-rar sem aberturas exteriores ou painéis de malha.Estes tecidos são geralmente utilizados em reves-timentos básicos de plástico.

    2.Tecidos revestidos: Nylons ou poliésteres comrevestimentos impermeáveis. Tecidos que são reves-tidos em vez de laminados tendem a ser um poucomais macios e menos ruidosos, mas não são assimtão impermeáveis. Alguns exemplos de tecidos re-vestidos incluem: Power-Tex, Ultrex, e Hydroflex.

    3.Tecidos Laminados: Nylons ou poliésteres la-minados em uma membrana microporosa em

    camadas de tecidos colados ou unidos por calor.Laminados são mais impermeáveis que os teci-dos revestidos, mas eles tendem a ser um poucomais duros e mais pesados. Exemplos de lami-nados incluem: Bosui, Dermizax, Go re-Tex, XALT,deer-tex, quiet-tex.

    Portabilidade: Se você precisa embalar e trans-portar a sua capa de chuva para uma longaviagem, é importante ter um modelo compactopara armazenamento em um bolso da mochila.

    TECIDOS IMPERMEÁVEIS

  • 8/20/2019 Observação da Natureza - Prática e Técnicas

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    114 CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA  115CAP Í TULO 2 - V IAGENS E TÉCNICA S PARA EMERGÊNCIA 

    Você sabe o que fazer caso se encontre perdido e sozinho no campo? Pare, pense, observe e planejeantes de entrar em ação. (http://www.wilderness-survival-skills.com/how-to-survive-in-the-wilderness.html)

    1.Parar. Sente-se e permaneça parado até que a frustração, medo, raiva ou fúria desapareçam.

    2.Pense na sua situação. O que você tem que pode ajudar nesta emergência? Sua m ente é sua maiorferramenta de sobrevivência!

    3.Observe seus arredores. Onde você deveria ficar? Se disse para onde estava indo, as pessoas podemestar procurando por você. Existe uma área aberta onde os colegas ou o resgate teriam uma melhor

    chance de vê-lo?

    4.Planeje sua ação. Na maioria dos casos, a prioridade d