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Guia Ilustrado O Projecto Life+ MARPRO Conservação de espécies marinhas protegidas em Portugal continental

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Guia Ilustrado

O Projecto Life+

MARPROConservação de espécies marinhasprotegidas em Portugal continental

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INTRODUÇÃO

O projecto LIFE+ MarPro (LIFE09 NAT/PT/000038)

- Co-financiado pelo programa LIFE+ e pela Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem (SPVS).- Parceiro coordenador: Universidade de Aveiro; Parceiros associados: Universidade do Minho,

Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), Instituto Português do Mar e da Atmosfera(IPMA) e Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

- Duração: de Janeiro de 2011 a Dezembro de 2015.

Objectivos Gerais:- Propor novos sítios Natura 2000 em ambiente oceânico, especialmente para o bôto (Phocoena pho-

coena), o roaz (Tursiops truncatus) e para a pardela-balear (Puffinus mauretanicus);- Fornecer dados que permitam a implementação das Directivas Aves e Habitats, através de meca-

nismos de análise da evolução do estatuto de conservação das espécies-alvo do projecto e dos seushabitats;

- Contribuir para a redução de conflitos entre pescas e cetáceos/aves marinhas, através da imple-mentação de soluções que visem a diminuição das capturas acidentais e da predação;

- Criar elos de comunicação entre os utilizadores do meio marinho, promovendo o consenso sobre aimplementação de sítios Natura 2000 em ambiente marinho.

Design: ASTROPENTA. Fotografia: SPVS, CEMMA, SPEA, João Quaresma, Ricardo Guerreiro, Luís Ferreira,Isabel Oliveira, Pedro Gomes, Ana Henriques, Joana Miodonski, Nuno Oliveira, Diana Feijó, Débora Marujo, XulioValeiras.Textos: MarPro. Ilustração: ©Tokio. Imagens © autores. 2012®.Impressão: Feito SL. Dep Legal: VG 541-2013

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O aumento da pressão humana sobre os sistemasmarinhos tem alertado para a necessidade dedesenvolver esforços de conservação ambiental. Asespécies de cetáceos e aves marinhas que utilizamzonas costeiras sob influência de actividadeshumanas são particularmente vulneráveis e a suaconservação é um processo complexo e emconstante mutação. O desenvolvimento de novastecnologias e o aumento da exploração de recursosadiciona novas componentes de pressão sobre osoceanos e sobre as espécies marinhas. Deste modo,as medidas de conservação e gestão implementadaspara a conservação das populações de cetáceos eaves marinhas em várias partes do mundo devem sercontinuamente reavaliadas, adaptando-se às novasameaças que vão surgindo.

A conservação eficaz dos cetáceos e avesmarinhas depende do conhecimento de váriosaspectos da sua ecologia populacional e do impactodas actividades humanas sobre as suas populações.Todavia, devido ao meio que utilizam, muito pouco sesabe acerca da história natural destes predadoresmarinhos. No caso das aves marinhas, estas vivem amaior parte da sua vida no mar, vindo a terra apenasdurante a época de reprodução. No caso doscetáceos, todo o seu ciclo de vida decorre no mar,aparecendo na costa apenas em situações dearrojamento. Adicionalmente, estes animais utilizamextensas áreas durante toda a sua vida, têm zonasdistintas de alimentação e usam rotas de migraçãoque podem abranger zonas vastíssimas, impossíveisde monitorizar. Na verdade, o conhecimento queexiste sobre alguns destes animais resulta do estudode indivíduos encontrados mortos nas praias. Nocaso das aves marinhas, é possível obter informaçãoadicional sobre algumas espécies nos períodos emque vêm a terra para se reproduzirem.

A implementação de medidas de conservação egestão implica o conhecimento de característicascomo o tamanho, estrutura e distribuição daspopulações, taxas de mortalidade, reprodução e demigração das várias populações. É igualmenteimportante conhecer a composição da dieta e terinformação sobre o uso do habitat por parte destesanimais, incidindo especialmente nas áreas utilizadaspara alimentação e reprodução. Com a integração detoda esta informação será possível conhecer oestado de conservação destas populações e avaliar oimpacto das interacções com actividades humanastais como a pesca, o tráfego marítimo ou aexploração de novas tecnologias de produção deenergia.

O meio marinho é um sistema bastantediversificado, com cadeias tróficas complexas econstitui um recurso fundamental para odesenvolvimento das sociedades actuais. Assim,torna-se crucial entender o funcionamento destemeio e entender o papel dos vários organismos queo utilizam. O papel dos cetáceos e aves marinhasengloba uma vertente social, uma vez que estasespécies são bastante carismáticas e um recurso

Importância da conservação de cetáceos e aves marinhas

Porto de Setúbal: ©CEMMA

O meio marinho é um sistemacomplexo e diversificado e umrecurso fundamental para as

sociedades actuais

©CEMMA

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importante para várias actividades humanas como é ocaso do turismo (um dos principais sectores daeconomia portuguesa, com grande importância emtermos de criação de emprego). As actividades deturismo da natureza, nomeadamente a observação deaves marinhas e cetáceos, têm registado umcrescimento acentuado nos últimos anos.Adicionalmente, e devido a programas deconsciencialização ambiental, as sociedadesmodernas estão cada vez mais interessadas emutilizar produtos “amigos do ambiente” e por isso énecessário incrementar a disponibilidade de produtoscom certificação (“eco-labelling”), sinalizando asactividades que não põem em causa a integridade dosecossistemas, e neste caso, a integridade daspopulações de cetáceos e aves marinhas.

Os cetáceos e aves marinhas têm também umavertente ecológica e funcional no funcionamento domeio marinho, podendo ser utilizados comoindicadores do bom estado de conservação doecossistema marinho e da sua produtividade. Amaioria destes animais são predadores de topo,podendo ter uma forte influência na estrutura efuncionamento das comunidades, por exemploatravés da modelação das características docomportamento e da biologia das suas presas e dosseus competidores. Em teoria, a remoção dedeterminados predadores de topo pode levar a umaumento do número de presas que ficariamdisponíveis para outros predadores, e que por suavez, poderiam ter um forte impacto de predaçãonoutras componentes do ecossistema. A perda deuma ou várias espécies leva a que o ecossistemaperca biodiversidade, complexidade física eresiliência.

AmeaçasA percepção de que as actividades exercidas pelo

Homem podem ameaçar seriamente asustentabilidade das espécies e ecossistemasmarinhos levou a que o tema “perda debiodiversidade” seja uma das maiores preocupaçõesambientais do último século. Muitos bens e serviçossão actualmente obtidos a partir dos ecossistemasmarinhos de forma insustentável, causandosobre-exploração dos recursos, destruição efragmentação dos habitats e poluição. Além disso, oreduzido número de programas de consciencializaçãodo público, particularmente dos utilizadores dooceano, e a falta de planos de conservação e gestãodireccionados ao meio marinho agravam a situação.

As populações de cetáceos e aves marinhas sãoigualmente ameaçadas por outros factoresantropogénicos: a captura acidental em artes depesca, o declínio das populações de presas e adegradação do ambiente podem comprometer aviabilidade das populações destas espécies.

Adicionalmente, certos aspectos da biologia destesanimais marinhos levam a que sejam particularmentevulneráveis às actividades humanas. Comopredadores de topo, estes animais são o reservatóriofinal dos poluentes acumulados ao longo da cadeiatrófica.

Embora muitas das espécies de cetáceos e avesmarinhas estejam protegidas por legislação e acordosinternacionais, existem ainda situações de exploraçãodirecta de algumas espécies. Felizmente, taissituações não ocorrem em águas portuguesas.

Praia da Barra, Aveiro: ©CEMMA

©CEMMA

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A falta de conhecimento sobre a diversidademarinha e a dificuldade em observar a maioria dasespécies, levam a que o público apresente aindapouca sensibilidade em relação à necessidade deconservação destes animais.

Com o projecto LIFE MarPro pretende-se obterinformação de base para a implementação da RedeNatura 2000 para as espécies-alvo do projecto e osseus habitats, bem como implementar acçõesconcretas que contribuam para um estado deconservação favorável das suas populações. Destemodo, através das acções do projecto pretende-se:

- Propor áreas oceânicas ao abrigo da RedeNatura 2000 e definir planos de gestão econservação para o bôto, o roaz e a pardela-balear.

- Estabelecer um programa sustentável, a longoprazo, para a vigilância e monitorização do estado deconservação das populações com o auxílio de umsistema de informação geográfica actualizado.

- Promover um desenvolvimento sustentável daspescarias portuguesas e propor a implementação deboas práticas e acções de redução de capturasacidentais na actividade pesqueira que ocorre naságuas portuguesas.

- Estabelecer um mecanismo financeirosustentável que permita a implementação demedidas de mitigação para reduzir as capturasacidentais em todas as pescarias.

- Avaliar o grau de interacção biológica através dacompetição pelos mesmos recursos entre aspescarias e as espécies-alvo do projecto.

- Aumentar a consciencialização e envolvimentode todas as partes interessadas e do público emgeral relativamente às Directivas Aves e Habitats eespécies de interesse comunitário.

Portugal possui uma tradição marítima bastante

forte, constituindo a pesca uma fonte de rendimentoimportante, principalmente para as comunidadescosteiras, muitas das quais são quaseexclusivamente dependentes deste meio desubsistência e das actividades com ele relacionado.As variadíssimas artes de pesca reconhecidas aolongo da costa podem ser agrupadas em 6 tiposdistintos: cerco, arte envolvente – arrastante, redesde emalhar e tresmalho, redes de arrasto,armadilhas e linhas com anzóis. Relativamente àsembarcações de pesca, estas podem serclassificadas segundo a área de operação (locais,costeiras e longínquas) ou segundo o tipo de artesusadas (arrasto, cerco e polivalente).

A pesca local é feita principalmente por pequenosbarcos tradicionais que operam dentro da área dejurisdição da Capitania em que estão inscritos eáreas de jurisdição adjacentes. Estas embarcaçõesutilizam mais do que uma arte de pesca (redes deemalhar e de tresmalho, linhas com anzóis earmadilhas), podendo operar, nalguns casos, até às30 milhas.

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Contributos do projecto

Embarcação de cerco: ©Diana Feijó

Portugal possui artes de pescamuito diversificadas que variam

regionalmente. © Isabel Oliveira

Artes de pesca

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A pesca costeira é feita por barcos com maiorpotência e caracteriza-se por pescar em áreas maisdistantes da costa (dentro e fora da ZEE portuguesa).Esta pesca engloba embarcações polivalentes,cercadoras e arrastões. A pesca longínqua engloba apesca noutros países.

ArrastoPor pesca do arrasto entende-se qualquer método

de pesca em que o barco reboca uma arte de arrasto.As redes de arrasto são geralmente compostas porum saco (fundo da rede), as barrigas (peças de redeque unem o saco às asas) e as asas. O arrasto podeser de fundo, no caso de a rede ser rebocada junto aofundo, ou pelágico, quando a rede é rebocada a meiaágua. Nos arrastos, a abertura horizontal da rede éassegurada pelas portas de arrasto, sendo a aberturavertical da rede mantida por meio de flutuadores (cabode flutuação) e lastros (arraçal). Em particular noarrasto de fundo, as portas podem estar munidas deuma sapata de aço que é destinada a suportar ocontacto com o fundo.

Os principais grupos de espécies-alvo do arrastosão os crustáceos e os peixes. Entre estasdestacam-se: a gamba, o lagostim, a faneca, ocarapau, o verdinho, a pescada e o besugo.

CercoO cerco é uma pescaria particularmente utilizada

para capturar peixes pelágicos que agregam ouformam cardumes na coluna de água. A suaoperacionalidade consiste em detectar um cardume,normalmente utilizando aparelhos electrónicosacústicos (por exemplo, sondas) para a detecção depeixe, e circunscrever o cardume usando redes quepodem ter 500 a 1000 metros de comprimento e entre80-150 metros de altura dependendo do tamanho daembarcação. Normalmente é utilizada uma pequenaembarcação (chalandra ou chata) como auxiliar àmanobra, fixando uma das pontas da rede enquanto aembarcação principal (cercadora) circunda o cardumee completa o círculo. O processo de circundar ocardume chama-se largada da rede.

As principais espécies-alvo do cerco são ospequenos pelágicos: a sardinha, a cavala e o carapau.Também são capturadas outras espécies pelágicascomo é o caso do biqueirão e do carapau-negrão.

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Embarcação de arrasto: ©Nuno Oliveira

Embarcação de cerco: ©Pedro Gomes

Embarcação de cerco: ©Diana Feijó

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PolivalenteUma das principais características da frota

polivalente é o uso de mais que uma arte de pesca.Um dos principais factores que faz com que hajaalternância na arte de pesca utilizada é o lucro daexploração sendo, por vezes, utilizadas emsimultâneo diferentes artes de pesca numa mesmaviagem. De um modo geral, as principais artes depesca utilizadas pela frota polivalente são as redesde emalhar e tresmalho, linhas com anzóis earmadilhas.

1. Redes de emalhar e tresmalho: São redes deformato rectangular, que se mantêm em posiçãovertical. Estas redes são normalmente usadas emconjunto, sendo cada pano designado de “peça” e oseu conjunto de “caçada”. Quando a “peça” éconstituída por um só pano de rede, trata-se de umarede de emalhar. No caso de a “peça” ser formadapor três panos sobrepostos em que os exteriores, as“albitanas”, têm malhagem superior ao pano do meio,designado por “miúdo”, trata-se de uma arte detresmalho. No caso das redes de emalhar, asprincipais espécies-alvo são a pescada, o tamboril ea faneca. Já no caso das redes de tresmalho, asespécies-alvo são os linguados, as raias e oschocos.

2. Linhas com anzóis: Este grupo de artes depesca inclui métodos e instrumentos muitodiversificados mas que se caracterizam pela

utilização de linhas e de um ou mais anzóis. De todasas artes deste grupo, aquela que é mais utilizadapela pesca artesanal é o palangre ou aparelho deanzóis. Este é constituído por uma linha madre deonde pendem os estralhos, na extremidade dosquais se prendem os anzóis. Estes aparelhos sãoiscados com sardinha, cavala, lula ecaranguejo-pilado ou isco artificial. Estes aparelhossão arrumados em caixas, celhas ou caixotes. Asprincipais espécies-alvo deste tipo de arte são orobalo, a faneca, o congro e o peixe-espada preto,entre outras.

3. Armadilhas: Grupo de artes de pesca passivasque capturam as presas atraindo-as para o seuinterior, facilitando a entrada e impedindo oudificultando a saída (covos), ou funcionando comoabrigo (alcatruz). Os covos são armadilhas de gaiola,com diversas formas e tamanhos, geralmenteconstruídas a partir de uma estrutura rígida queserve de suporte para as redes que delimitam ocompartimento onde as presas ficam retidas; emregra estas artes são iscadas. Os alcatruzes sãoarmadilhas que funcionam como abrigo, estandoparticularmente destinados à captura do polvo. Tantoos covos como os alcatruzes são fundeados em teiasconstituídas por um número variável de artes, asquais estão presas a uma linha madre por cabosfinos (denominados alfoques).

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Embarcação polivalente: ©SPEA

Linhas e anzóis: ©Débora Marujo

Redes de tresmalho: ©Ana Henriques Armadilha: ©CEMMA

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Embarcação de Xávega: ©Nelson Silva-fotolia.com

Xávega: ©Isabel Oliveira

Embarcação de Xávega: ©SPVS

XávegaA xávega é uma arte de pesca com rede

envolvente-arrastante de alar (puxar) para apraia, sendo composta essencialmente por umsaco na região central prolongado por duaslongas asas, nos extremos das quais estãopresos os cabos de alagem. A operação depesca consiste no cerco de uma determinadaárea junto à costa, a partir de umaembarcação. A rede é alada para a praia coma utilização de aladores adaptados a tractores.As principais espécies capturadas por esta artesão os pequenos pelágicos como a cavala, asardinha e o carapau.

Xávega: ©Isabel Oliveira

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ObservaçãoÉ possível observar cetáceos a partir da costa em

qualquer época do ano! Esta tarefa será mais difícilnos dias de chuva e com mar picado, mas com boascondições meteorológicas é possível observarroazes, golfinhos-comuns e bôtos com relativafacilidade. Em algumas zonas da costa é tambémpossível observar baleias-piloto e grampos. No quese refere às aves, é possível observar uma maiordiversidade de espécies, tais como a pardela-baleare o alcatraz, e ainda patos-pretos, gaivotas,guinchos, cagarras, moleiros, tordas-mergulheiras eairos. Ocasionalmente, é possível observar espéciesoceânicas como os painhos.

A validação das observações efectuadas noâmbito de programas de monitorização de cetáceose aves marinhas a partir da costa ou no mar, requera obtenção de um conjunto mínimo de dados (emcada ponto de observação). Apenas as observaçõesrecolhidas com base nesta metodologia poderão servalidadas e inseridas numa base de dados de nívelregional ou nacional.

- Registo de dados do esforço de observação:com o auxílio de binóculos e telescópios “varre-se” asuperfície do mar por períodos de 15 minutos, atéperfazer o mínimo de 1 hora, registando-se a data, olocal, os avistamentos e dados ambientais, como oestado do mar, vento e visibilidade.

- Registo de um avistamento: anotar a data elocal da observação; hora de início e fim do períodode observação; hora e duração do avistamento;ângulo e distância do avistamento ao observador;

espécie avistada ou descrição do animal(características e comportamentos que permitamidentificar a espécie); número de crias presentes;anotações sobre o comportamento observado (seestão parados, em movimento, a saltar) etc.

Quando observamos uma ave marinha, os dadosmínimos a recolher são: data e local da observação;hora de início e fim de observação, hora doavistamento; espécie avistada ou descrição da ave,características que permitam identificar a espécie;observações sobre o comportamento (se estão emjangada, em voo, em alimentação, à procura dealimento ou associados a barcos de pesca ou aoutros animais).

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©SPVS

©CEMMA

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Das cerca de 90 espécies de cetáceos conhecidasa nível mundial, 25 foram já identificadas em PortugalContinental, incluindo 18 que pertencem à sub-ordemdos odontocetes (cetáceos com dentes) e 7 àsub-ordem dos misticetes (cetáceos com barbas).Algumas das espécies de cetáceos que ocorrem naságuas portuguesas, tais como a baleia-anã, ogolfinho-comum, o golfinho-riscado, o roaz, o bôto e ogrampo, são consideradas residentes. No entanto,para a maioria das espécies o seu padrão deocorrência é desconhecido ou classificado comoocasional ou raro.

Até à implementação do projecto LIFE MarPro, ainformação sobre a distribuição e ocorrência decetáceos nas águas continentais portuguesas eraquase exclusivamente baseada em dados dearrojamentos (situações em que um ou mais cetáceosdão à costa).

O registo dos arrojamentos de mamíferosmarinhos na costa continental portuguesa é feito deforma sistemática desde 1977, altura em que foicriada a Rede Nacional de Arrojamentos. São váriasas entidades oficiais e particulares que recolheminformações sobre arrojamentos, canalizado-as

depois para o Instituto da Conservação da Natureza edas Florestas. A detecção e registo dos arrojamentossão fundamentais para o estudo dos cetáceos poispermitem avaliar padrões de distribuição espacial etemporal, bem como recolher amostras para váriosestudos de índole biológica. Adicionalmente, arealização de necrópsias pormenorizadas permiteobter informação importante sobre o estado de saúdedo animal bem como determinar a causa de morte ouevidenciar sinais de interacção negativa com artes depesca ou captura acidental.

Embora o registo sistemático e análise dos animaisarrojados seja uma componente crucial para obtençãode informação sobre as espécies, também éimperativo realizar uma monitorização contínua dasua ocorrência ao longo da costa portuguesa.

EvoluçãoPensa-se que os cetáceos evoluíram a partir de

mamíferos artiodáctilos terrestres, tendo ocorridovárias fases de transição desde o ambiente terrestrepara o ambiente marinho. Os Pakicetidae são o grupomais ancestral de cetáceos e eram mamíferos comcascos que viveram no Eoceno, há cerca de 50milhões de anos. Seguiram-se os Ambulocetidae, cujogénero mais conhecido é o Ambulocetus, que repre-sentavam a transição entre o ambiente de água docepara o ambiente marinho. Seguiram-se outros gruposde cetáceos primitivos e, actualmente, a ordemCetacea inclui 2 sub-ordens, Odontoceti e Mysticeti,que divergiram de um ancestral comum há cerca de25 a 35 milhões de anos.

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CETÁCEOS

Em Portugal continental estãoidentificadas 25 espécies de cetáceos,

sendo 18 odontocetes e 7 misticetes.

Ambulocetus, cetáceo primitivo.

©CEMMA

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O tipo de dieta dos primeiros cetáceos originouuma separação em dois grandes grupos: os que sealimentavam através da filtração de pequenosanimais deram origem aos misticetes ou cetáceoscom barbas, e os que se alimentavam de peixes,cefalópodes ou mesmo outros mamíferos marinhosderam origem aos odontocetes ou cetáceos comdentes.

Os misticetes possuem estruturas córneas naparte marginal do palato chamadas barbas, e queestão presentes em todas as baleias. As barbas sãoplacas compactas que possuem sedas robustas noseu interior e que se desfiam nos extremos formandoum emaranhado de fios, tal como uma rede. Asespécies de baleias do grupo dos rorquais tambémtêm uma elevada capacidade de retenção de águana cavidade bucal graças à expansão das estrias(também chamadas pregas gulares) localizadas nazona da garganta. A água que introduzem na boca éeliminada pela pressão da língua, que actua comoum pistão, expulsando a água por entre as barbas,ficando apenas o alimento retido na boca.

Os odontocetes, caracterizam-se por teremdentes, em contraste com os misticetes queapresentam barbas. A forma e número de dentes ébastante variável dentro deste grupo e estavariabilidade dependeu de adaptações na procura dealimento e tipo de presas de que se alimentam.

Adaptações ao ambiente aquáticoEm termos evolutivos, os cetáceos sofreram

várias adaptações que são características

específicas deste grupo. Dentro destas adaptaçõesdestacam-se as seguintes:

Perda dos membros posterioresOs cetáceos actuais não possuem membros

posteriores e a presença de ossos pélvicos vestigiaisé a única evidência de que os seus ancestraisevolutivos possuíam estes membros. A perda dosmembros posteriores permitiu uma melhoradaptação ao meio aquático, tornando os seuscorpos mais hidrodinâmicos.

HiperfalangiaOutra adaptação evolutiva é o desenvolvimento

de hiperfalangia (maior número de falanges – ossosdos dedos). Esta adaptação permitiu umaachatamento e alongamento das barbatanaspeitorais e uma maior estabilidade no meio aquático.

Telescopia do crânioOs cetáceos modernos sofreram transformações

do crânio que consistiram no alongamento dos ossosfrontais (maxilas superior e inferior) e na migraçãodas aberturas nasais para o topo do crânio. Emtermos adaptativos, esta alteração do crânio permitiuuma cabeça mais alongada, e por issohidrodinâmica, e uma melhor adaptação ao meioaquático.

Dentição homodonte e polidonteOs odontocetes apresentam uma dentição

polidonte e homodonte ou seja, possuem váriosdentes e todos são similares. Esta dentição permiteagarrar e orientar o peixe antes da deglutição.

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©CEMMA

Alimentação dos rorquais ©CEMMA

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A evolução registada nos cetáceos concedeu-lhesuma elevada especialização que lhes permite passartodo o seu ciclo de vida no ambiente aquático. Estegrupo teve que responder às necessidades denatação, mergulho, comunicação e procura dealimento num meio totalmente distinto do dos seusancestrais terrestres.

Os seus corpos tornaram-se alongados efusiformes permitindo um maior hidrodinamismo. Osmembros anteriores tornaram-se achatadosadquirindo a forma de barbatanas para serem usadascomo estabilizadores e leme, e os membrosposteriores desapareceram. Desenvolveram umabarbatana caudal sem suporte ósseo e uma poderosamusculatura associada que lhes permite impulsionar ocorpo para a frente e adquirir velocidadesconsideráveis. A presença de pêlos no corpo,característica distintiva dos mamíferos, ocorre aindasob a forma de alguns pêlos vestigiais localizados namaxila superior e cabeça de alguns cetáceos, masapenas na fase embrionária.

A evolução para a actual ausência de pêlos foitambém importante para melhorar a capacidadehidrodinâmica, diminuindo assim o atrito durante anatação. O hidrodinamismo dos seus corpos foi aindamelhorado com a migração dos testículos para acavidade abdominal e a presença dum pénis retráctil.No caso das fêmeas, as glândulas mamárias foramtambém interiorizadas, estando em contacto com oexterior através de fendas mamárias.

No meio aquático, a perda de calor é cerca de 25vezes superior à do ar, pelo que os cetáceos, sendoanimais homeotérmicos (mantêm a temperaturainterna do corpo constante), tiveram que desenvolvermecanismos para se adaptarem a este ambienteadverso. Deste modo, desenvolveram uma espessacamada de gordura para isolamento térmico, quefunciona também para armazenamento de energia eproporciona maior capacidade de flutuação. Alémdisso, as trocas de calor são reguladas através de ummecanismo de contracorrente que depende de umsistema complexo de vasos sanguíneos, bastantedesenvolvido nas barbatanas, que funcionam comojanelas térmicas. As zonas denominadas por janelastérmicas são áreas periféricas que permitem atransferência do calor em excesso durante períodosde elevada actividade.

Além de permitir a termorregulação, o sistemavascular dos cetáceos é muito importante durante adenominada “resposta ao mergulho”. A “resposta aomergulho” consiste num conjunto de alteraçõesfisiológicas que incluem a redução do batimentocardíaco e uma redistribuição muito rápida do fluxosanguíneo para o cérebro, pulmões e coração emdetrimento de zonas periféricas, o que lhes permiteeconomizar oxigénio e assim suportar longosperíodos sem respirar. O sangue possui uma elevada

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©CEMMA

©unlisted images/fotosearch.com

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concentração de hemoglobina e os músculospossuem uma elevada concentração de mioglobina,aumentando assim a capacidade de fixar oxigénio.Para suportar a pressão exercida no corpo durante omergulho, o volume dos pulmões é reduzido evitandoassim a formação de bolhas de azoto causadoras deembolias. O diafragma é orientado diagonalmentesendo mais longo e forte do que nos outrosmamíferos, permitindo assim a libertação de grandesquantidades de ar em pouco tempo.

Os cetáceos não bebem água do mar e retiramtoda a água que necessitam do alimento. Pararesponder a um ambiente salgado, desenvolveramrins lobulados altamente eficientes. Cada lóbulo –designado renículo – funciona como um rimindividual e, no caso das baleias de barbas, os rinspodem ter até cerca de 3000 renículos.

Em termos de órgãos sensoriais, o olfacto éreduzido ou inexistente mas a visão está adaptadade modo a que os cetáceos possam ver dentro e forade água.

Adicionalmente, os cetáceos odontocetesdesenvolveram também um especializado sistema

de eco-localização que permite a navegação e adetecção de presas. Este sistema funciona como umradar: o som, em forma de cliques, é produzido nossacos aéreos e orientados e emitidos pelo melão(estrutura de gordura especializada existente nafronte). Quando o som atinge um objecto (ou presa)é reflectido sob a forma de eco e recebido através degordura especializada localizada nas maxilas. Esteeco é processado pelo cérebro criando uma imagemdo objecto.

ComportamentoOs cetáceos possuem um desenvolvimento

cognitivo extremamente complexo, apresentando umelevado grau de socialização. O tacto e a expressãocorporal são muito importantes, bem como acapacidade de imitação que demonstram, sendo abase da aprendizagem de comportamentos nosanimais juvenis. Os cetáceos têm também umrepertório acústico específico para cada espécie emesmo para cada população, sendo possívelreconhecer vários “idiomas”. Apresentam igualmenteum trabalho cooperativo na procura e captura dealimento.

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Esquema de funcionamento da eco-localização.

Espiráculo

Melão

Gordu raanterior

Crânio

Ouvido

Gordura maxilar

Sacos aéreos

Mandíbula

Som emitido

Som recebido

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Outros nomes: inglês, common dolphin;castelhano, delfín comum; francês,dauphin-commun; galego, golfiño común.

Nome Científico: Delphinus delphis

Descrição: são animais esguios com bicoproeminente. Possuem cerca de 40-50 dentescónicos de 2,5 mm de diâmetro (como a ponta deum lápis) por hemi-maxila. Os indivíduos destaespécie apresentam uma coloração negra nodorso formando uma zona triangular invertida ao nívelda barbatana dorsal. Nos flancos apresentam umamancha amarela ou castanho-claro até metade docorpo que passa a cinza na parte posterior. O ventretem coloração branca. Quando adultos, os machossão ligeiramente maiores do que as fêmeas podendomedir até 2,3 m de comprimento e pesar mais de 100kg. A barbatana dorsal é alta e falciforme.

Biologia: o golfinho-comum alimenta-se de peixespequenos que se agregam em cardumes consumindoigualmente várias espécies de cefalópodes. Na costaportuguesa, a presa preferencial é a sardinha. Fazmergulhos de curta duração e pode atingir os 70 m de

profundidade. A gestação dura cerca de 10 meses e acria nasce com cerca de 90 cm. A amamentação duracerca de 4 meses. É uma espécie bastante gregáriasendo possível encontrar grupos de várias centenasde indivíduos. Os grupos são constituídos por animaisde diferentes idades, embora possa existir algumasegregação sexual. Estima-se que possam viver atéaos 25-30 anos.

Distribuição: é a espécie de cetáceo maisabundante na costa portuguesa. Encontra-sedistribuída de Norte a Sul, sendo frequente tantopróximo da costa como em zonas mais oceânicas.Esta espécie integra a grande maioria dosarrojamentos detectados na costa portuguesa.

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Golfinho-comum

©João Quaresma

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Outros nomes: inglês, striped dolphin;castelhano, delfín listado; francês, dauphinbleu et blanc, dauphin rayé; galego, golfiñoriscado.

Nome Científico: Stenella coeruleoalba

Descrição: são animais esguios e combico proeminente. Possuem cerca de 40-50dentes cónicos de 2,5 mm de diâmetro (comoa ponta de um lápis) por hemi-maxila.Apresentam uma coloração escura no dorso ebastante clara no ventre que pode variar desdebranco a rosa claro. Apresenta uma risca escura quevai desde o olho até à região anal e outra maispequena que vai desde o olho até à barbatanapeitoral. A área por cima destas riscas apresenta-secomo uma pincelada de um cinzento claro (quasebranco) que se estende do bico até à barbatanadorsal. Os adultos medem cerca de 2,5 m e podempesar até 150 kg, sendo os machos ligeiramentemaiores que as fêmeas. A barbatana dorsal é alta efalciforme.

Biologia: alimentam-se de cefalópodes e peixese quando estão à procura de alimento podemmergulhar a profundidades que vão de 200 a 700 m.

A gestação é de 12 meses, a cria nasce com cercade 90 cm e é amamentada quase até aos 12 mesesde idade. Estima-se que a maturidade sexual sejaatingida entre os 7-15 anos nos machos e 5-13 anosnas fêmeas. Podem viver até cerca de 30 anos.

Distribuição: com uma distribuição em maresquentes e temperados é uma espécie cosmopolita dehábitos oceânicos, com preferência por zonas deelevada profundidade. Em Portugal, distribui-se naproximidade do talude da plataforma continental ouem zonas próximas dos 1000 m de profundidade.Ocorrem arrojamentos desta espécie em toda acosta portuguesa.

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Golfinho-riscado

©João Quaresma

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Outros nomes: inglês, bottlenosedolphin; castelhano, delfín mular; francês,grand dauphin; galego, arroaz.

Nome Científico: Tursiops truncatus

Descrição: animal de corpo robustopodendo atingir os 3,8 m de comprimento.Os dentes (entre 20 a 25 dentes porhemi-maxila) são cónicos e pontiagudoscom 7,5 mm de diâmetro. Apresenta umacoloração predominantemente cinzenta. Apesar dodorso ser ligeiramente mais escuro não é visível umadelimitação de cor evidente em nenhuma zona: ocinzento mais escuro estende-se desde o bico até àponta posterior da barbatana dorsal, sendo cada vezmais claro desde os flancos até à zona ventral.Apresenta uma barbatana dorsal alta e falciforme. Sãoconhecidas duas variantes morfológicas associadas ahabitats distintos: os roazes oceânicos são animaismaiores, com uma coloração mais escura e combarbatanas peitorais mais pequenas, e os roazescosteiros são animais de menores dimensões.

Biologia: alimentam-se de peixes e cefalópodesque podem capturar a mais de 100 m deprofundidade. A maturidade sexual varia com o sexo,

sendo atingida entre os 8 a 14 anos nos machos eentre os 5 a 12 anos nas fêmeas. O período degestação dura cerca de 1 ano e a cria nasce comcerca de 100 cm. A amamentação dura entre 12 a 20meses, fazendo com que o ciclo reprodutor possadurar entre 2 a 3 anos. A longevidade estimada é de30 a 40 anos.

Distribuição: está presente em todas as águasquentes e temperadas dos oceanos, ocupandodiversos tipos de habitats, tanto costeiros comooceânicos. Em Portugal, existe uma populaçãoresidente no estuário do Sado. São frequentes nazona das Berlengas e canhão da Nazaré e estãodistribuídos um pouco por toda a costa portuguesa.

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Roaz

©João Quaresma

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Outros nomes: inglês, long-finnedpilot whale; castelhano, calderón; francês,globicéphale commun, globicéphale noir,dauphin pilote; galego, caldeirón.

Nome Científico: Globicephala melas

Descrição: apresenta uma cabeçaproeminente e bulbosa com um bico muitocurto, quase imperceptível e os dentes (cerca de 8 a12 dentes por hemi-maxila) têm 14 mm de diâmetro.Apresenta uma coloração cinza-escura, quasenegra, com uma zona ligeiramente mais clara atrásda barbatana dorsal. Na região ventral apresentauma marca acinzentada em forma de âncora que seestende da garganta até à zona genital. A barbatanadorsal tem uma base larga e inclinada para trás. Asbarbatanas peitorais são muito compridas, estreitase pontiagudas. Apresenta dimorfismo sexual emrelação ao tamanho corporal e à forma da barbatanadorsal: os machos podem atingir os 6 m decomprimento enquanto as fêmeas atingem apenas 5m sendo a forma da barbatana dorsal mais côncavanos machos e mais triangular nas fêmeas.

Biologia: alimentam-se preferencialmente decefalópodes, especialmente lulas, embora tambémcomam espécies gregárias de peixe quandodisponíveis. Apesar de os grupos mais frequentesserem constituídos por cerca de 10 a 20 animais,

apresentam um comportamento gregário, sendopossível encontrar grupos constituídos por centenasde indivíduos. Podem ser observados em associaçãocom outras espécies de cetáceos, como o roaz ougrandes baleias. A maturidade sexual é atingida aos13 anos nos machos e aos 8 anos nas fêmeas. NoAtlântico norte, a época de reprodução ocorre entreAbril e Setembro e a gestação dura 15 meses. Ascrias nascem com cerca de 1,5-2 m, 70-80 kg depeso e são amamentadas durante 23 a 27 meses. Alongevidade é estimada em 25 anos.

Distribuição: amplamente distribuída nas águassubpolares e temperadas do Atlântico norte ehemisfério sul. É uma espécie predominantementeoceânica, ainda que possa aproximar-se de zonascosteiras, principalmente devido ao movimento depresas. Em Portugal desconhece-se se a espécie éresidente ou visitante, embora seja vista com maisfrequência na zona norte de Portugal na margem daplataforma continental.

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Baleia piloto

©João Quaresma

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Outros nomes: inglês, Risso’sdolphin; castelhano, calderón gris;francês, dauphin de Risso, grampus;galego, arroaz boto.

Nome Científico: Grampus griseus

Descrição: mede entre 3 e 4 metrose pode pesar mais de 400 kg de peso.Tem um corpo robusto e uma cabeçaproeminente e bulbosa com um bicomuito curto, quase imperceptível. Afronte não é muito pronunciada eapresenta uma depressão na partecentral. Apresenta apenas 3 a 7 dentes,unicamente nas hemi-maxilas inferiores,com 10 mm de diâmetro. Tem umabarbatana dorsal alta e peitorais longas epontiagudas. Apresenta uma coloraçãocinzenta com mancha branca no ventre e os animaismais velhos apresentam várias cicatrizes que lhesconferem um aspecto riscado e quase totalmentebranco. Os juvenis nascem com uma coloraçãocinzenta e com a cabeça cor de canela, passandoposteriormente por uma fase escura, durante a qualadquirem um tom quase negro.

Biologia: alimentam-se quase exclusivamente decefalópodes. Os machos atingem a maturidade sexualaos 12 anos e as fêmeas aos 6 anos. A gestação dura16 meses e a cria, que nasce com cerca de 120 a 150cm de comprimento, é amamentada durante cerca de20 meses. São animais gregários vivendo em grupos

com cerca de 12 animais. A longevidade é estimadaem cerca de 25 anos.

Distribuição: o grampo tem uma vasta área dedistribuição, estando presente nas águas quentes etemperadas de todos os oceanos. Habitam águasprofundas e zonas de talude da plataformacontinental, preferencialmente entre os 400 e 1000metros de profundidade. Em Portugal a espécieocorre ao longo de toda a plataforma continental,podendo ser avistada em zonas de menorprofundidade e mais perto da costa onde a plataformaé mais estreita.

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Grampo

©CEMMA

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Outros nomes: inglês,harbour-porpoise; castelhano, marsopa;francês, marsouin commun; galego, toniña.

Nome Científico: Phocoena phocoena

Descrição: tem um corpo pequenomas robusto. Geralmente, no norte daEuropa os adultos não excedem 1,5 m e 70kg sendo as fêmeas ligeiramente maioresque os machos. Na Península Ibérica sãoregistados animais de maiores dimensões podendoexceder os 2 m de comprimento e os 80 kg de peso.Os dentes (22 a 27 dentes por hemi-maxila) têm aforma de pá com cerca de 5 mm de diâmetro. Acoloração do bôto pode ser variável masnormalmente é cinzento escuro no dorso, clareandoaté à zona ventral que é branca. Em alguns animaispodem notar-se linhas escuras entre a boca e asbarbatanas peitorais. Apresenta um focinho curtosem bico perceptível. Tem as barbatanas escurassendo a barbatana dorsal pequena e nitidamentetriangular.

Biologia: são normalmente animais solitáriospodendo por vezes ser observados em grupospequenos de 2 a 5 indivíduos. Os grupos maisfrequentes são compostos pela progenitora e a cria.Têm um comportamento considerado tímido eafastam-se das embarcações. Alimentam-se de

espécies demersais e bentónicas, mas também deespécies de peixe pelágicas que formam cardumes.A maturidade sexual ocorre aos 3-4 anos de idade ea gestação é de 10-11 meses. As fêmeaspermanecem com as crias durante 8 a 12 meses epodem procriar anualmente, pelo que algumasfêmeas engravidam enquanto ainda amamentam ascrias do ano anterior.

Distribuição: habitam as águas subpolares etemperadas de todo o hemisfério norte. É umaespécie costeira observada em zonas deprofundidade inferior a 200 m, estuários e baías. EmPortugal, distribui-se ao longo de toda a costaembora seja mais frequente na zona norte, entre oPorto e a Nazaré e na zona da Arrábida e Costa daGalé em zonas bastante próximas da costa. Umaterceira zona de maior ocorrência é a região algarviaentre Sagres e Albufeira.

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Bôto

©unlisted images/fotosearch.com

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Outros nomes: inglês, minke whale;castelhano, rorqual menor; francês,baleinoptère à museau pointu, petit rorqual;galego, balea alibranca.

Nome Científico: Balaenopteraacutorostrata

Descrição: tem um corpo alongado ecabeça pontiaguda onde se observa uma crista rostraldesde o espiráculo até à boca. Apresenta umacoloração cinzento-escura na zona dorsal e branca nazona ventral e parte dos flancos. As barbatanaspeitorais apresentam uma mancha brancacaracterística. Possui 50 a 70 pregas na zona ventrale cerca de 300 barbas brancas ou amareladas. Osadultos atingem cerca de 10 metros de comprimento.Tem uma barbatana dorsal alta, pontiaguda e curvalocalizada a cerca de dois terços do comprimentototal. O sopro é baixo e quase imperceptível. Quandoemerge é possível observar o espiráculo e abarbatana dorsal ao mesmo tempo.

Biologia: são normalmente animais solitáriosembora se observem grupos de 2 a 3 animais. Noentanto, durante a migração podem observar-segrupos maiores, podendo associar-se a outrasespécies de cetáceos, tais como roazes ou

baleias-corcundas. São animais curiosos podendoaproximar-se de embarcações. Alimentam-se devárias espécies de peixe que formam cardumes etambém de pequenos crustáceos. Durante aalimentação estão frequentemente associados a avesmarinhas. Atingem a maturidade sexual entre os 7 e 8anos e o período de gestação dura cerca de 10meses. As crias nascem com cerca de 3 m e 300 kg esão amamentadas durante 4 a 6 meses.

Distribuição: amplamente distribuída em ambosos hemisférios, desde as regiões polares às regiõessubtropicais. Acredita-se que existam três populaçõesisoladas a nível mundial: a do Pacífico, a do AtlânticoNorte e a do hemisfério sul. Esta espécie ocorre numagrande diversidade de habitats, desde zonas costeirasa zonas oceânicas. Podem encontrar-se na zona daplataforma continental em profundidades inferiores a200 m. Em Portugal, a baleia-anã é vista regularmenteao longo de todo o ano.

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Baleia-anã

©João Quaresma

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Outros nomes: inglês, fin whale; castelhano,rorqual común; francês, rorqual commun; galego,balea común.

Nome Científico: Balaenoptera physalus

Descrição: as fêmeas medem cerca de 19 m e osmachos 20 m, podendo atingir máximos de 23 m epesar 70 toneladas. Apresentam uma coloraçãocinzenta escura no dorso e branca no ventre. Écaracterística a sua assimetria de coloração nacabeça, onde o maxilar inferior esquerdo é negro e odireito é branco. A barbatana dorsal, posicionada noterço posterior do corpo, é falciforme e curvada paratrás. A cabeça é achatada e representa cerca de 1/5do comprimento total. Possui uma crista que vai desdea ponta da cabeça até aos orifícios respiratórios.Apresenta cerca de 70 a 100 pregas ventrais e 350 a400 barbas que também apresentam assimetria decoloração, tal como as mandíbulas (negras do ladoesquerdo e brancas no lado direito).

Biologia: alimentam-se de pequenos crustáceos(krill) ou peixe. Atingem a maturidade sexual entre os4 a 8 anos de idade com um comprimento médio de18 m nos machos e 19 m nas fêmeas. O período degestação dura entre 11 a 12 meses, nascendo as criascom cerca de 6 m e 3,5 toneladas. Estima-se quepossam viver até aos 50 anos.

Distribuição: é uma espécie oceânica,amplamente distribuída em todos os oceanos. Aolongo das costas europeias, parte da sua populaçãoefectua migrações ao longo da plataforma continentalem direcção ao Norte na Primavera, e para Sul noOutono. Estas migrações são efectuadas entre zonasde grande produtividade, em latitudes altas, e zonasde águas mais quentes em latitudes baixas, ondeocorre a maior parte dos nascimentos. Algunsindivíduos efectuam migrações de menor amplitude eoutros são, muito provavelmente, residentes,ocorrendo durante todo o ano a Oeste da PenínsulaIbérica.

Baleia comum

©CEMMA

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A denominação ave marinha não tem valortaxonómico, funcionando apenas como referência aouso do habitat de um determinado grupo de espécies.A alimentação no mar e a reprodução em terra são ascaracterísticas mais comuns destas aves ainda que,algumas delas, apresentem um carácter marinhosazonal ou ocasional.

Em Portugal Continental podemos encontrarespécies de aves marinhas pertencentes a váriosgrupos taxonómicos. Temos as ordens dos (i)Procellariiformes, (ii) dos Pelecaniformes e (iii) dosCharadriiformes.

EvoluçãoAs aves evoluíram a partir dos dinossauros

carnívoros bípedes do Jurássico há 150-200 milhõesde anos. A sua evolução deu origem às cerca de10.000 espécies actuais. As primeiras aves marinhassurgiram no período Cretácico há 145,5-65 milhões deanos e as famílias de aves modernas datam doperíodo Paleogénico. As aves apresentam umaelevada diversidade e, hoje em dia, habitampraticamente todos os habitats terrestres e marinhos.

Adaptações ao ambiente aquáticoA maioria das aves marinhas são migradoras e

especializaram-se no voo de longo curso emcondições meteorológicas adversas. Possuemgrandes superfícies de asa e adaptações ósseas paradiminuir o seu peso corporal, e desenvolveramestratégias de voo que aproveitam os ventosmarinhos e as correntes de ar produzidas pelas ondasdo mar.

Plumagem (abrigo e impermeabilidade): dadasas condições extremas em que vivem, as avesprecisam de gordura corporal isolante do frio e daplumagem impermeável para não molhar o corpo emorrer de frio. Além disto, a glândula uropigial, situadana base da cauda, encontra-se muito desenvolvidanas aves marinhas, o que lhes permite segregar umóleo especial com o qual cobrem a sua plumagem, demodo a impermeabilizá-la, espalhando-a com o bicoenquanto arranjam as penas. Curiosamente oscorvos-marinhos não utilizam esta glândula,melhorando as condições hidrodinâmicas durante omergulho, o que faz com que, à saída da água,tenham que permanecer de asas abertas de modo asecarem-se, numa posição típica da espécie.

Salinidade: A exigência fisiológica de água éreduzida nas aves marinhas devido à ausência deglândulas sudoríparas e devido ao processo deexcreção uricotélica, através da qual eliminam oexcesso de azoto sob a forma de ácido úrico. Obtêma pouca água de que necessitam através do peixe eoutros alimentos, e algumas espécies, como asgaivotas, bebem água doce em terra. O excesso desal dos alimentos e da água salgada que podemingerir é eliminado por umas glândulas especiaislocalizadas nas fossas nasais.

Insolação: Para superar o excesso de calorpodem refrescar-se colocando-se à sombra, podemdeslocar-se para a água e agitar a garganta. Atravésde alguns comportamentos especializados, tal como a

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AVES MARINHAS

©CEMMA

©SPVS

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defecação nas zonas escamosas das patas, podemrefrescar-se devido à evaporação dos líquidos.

Alimentação: As estratégias de alimentação sãodiferentes segundo as espécies, ou seja, possuemum amplo espectro trófico. Algumas espécies depainhos e de gaivotas alimentam-se de peixe,plâncton ou matéria orgânica que apanham àsuperfície. Os corvos-marinhos, os airos e astordas-mergulheiras movimentam-se perfeitamentedebaixo de água, usando as patas palmadas e asasas para se deslocarem debaixo de águapermitindo uma maior eficiência na captura das suaspresas, maioritariamente peixe. Os alcatrazes estãoadaptados a mergulhos verticais e profundos a partirde grandes altitudes. O seu bico robusto não possuiorifícios nasais para suportar a entrada na água apósum mergulho picado de cerca de 20 metros de altura.Os garajaus e gaivinas alimentam-se de pequenospeixes que capturam mergulhando à superfície, porvezes após peneirarem sobre a sua presa. Osalcaides ou moleiros, para além de terem umaestratégia de alimentação semelhante à dasgaivotas, são bastante oportunistas, perseguindooutras espécies de aves marinhas para lhes roubar oalimento – comportamento denominado porcleptoparasitismo.

ComportamentoAs aves marinhas caracterizam-se por ter uma

grande longevidade e criar em colónias,normalmente multiespecíficas, que podem atingirmilhares de exemplares. Podem ter um caráctercosteiro ou oceânico, e muitas delas apenas voltama terra para se reproduzirem.

As gaivotas e os corvos-marinhos são as avesmarinhas mais costeiras, vivem junto à linha decosta. Ao fim do dia agrupam-se em praias oufalésias rochosas para descansar. Algumas espécies

têm uma distribuição mais ampla, viajando rio acimapara longe do ambiente marinho. Por exemplo, ocorvo-marinho-de-faces-brancas pode ser observadoem barragens ou tanques de aquacultura do interiordo país. As pardelas de menor dimensão podem serobservadas nas águas costeiras em busca debancos de peixes. O alcatraz, os painhos e ascagarras frequentam águas mais afastadas da costa.

Algumas aves possuem anilhas com finalidadecientífica. Se observar ou encontrar alguma aveanilhada, viva ou morta, anote os seus dados ecomunique-os, uma vez que são dados muitoimportantes para os investigadores que asmarcaram.

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©CEMMA

©CEMMA

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Outros nomes: inglês, balearic shearwater;castelhano, pardela balear; francês, puffin desbaléares; galego, pardela balear.

Nome Científico: Puffinus mauretanicus

Descrição: é uma pardela de pequenasdimensões, com cerca de 33 cm decomprimento e com 85-90 cm de envergadurade asa. O dorso é castanho-acinzentadoenquanto o ventre é branco-acastanhado sujo,com pouco contraste entre o escuro e o claronos flancos, cabeça e peito. Existe algumavariação de tons de plumagem dentro destaespécie, podendo ir do quase totalmenteescuro, semelhante a uma pardela-pretaPuffinus griseus (embora esta seja de maioresdimensões), a plumagens semelhantes a umapardela-sombria Puffinus puffinus, mas nuncaapresentando o padrão preto e branco.

Biologia: nidifica em pequenas cavidadeslocalizadas em penhascos e pequenas ilhas noarquipélago das Baleares, colocando um ovoem cada época de nidificação. Não sereproduzem até ao terceiro ano. A reproduçãoocorre maioritariamente entre Fevereiro eJunho. Alimenta-se de pequenos peixespelágicos que se movem em cardumes nacoluna de água da plataforma continental. Éuma espécie mergulhadora que muitas vezesse associa a golfinhos e atuns, na perseguiçãode presas. Por vezes alimentam-se dasrejeições dos barcos de pesca, principalmentedurante a época reprodutora.

Distribuição: distribui-se pelo Mediterrâneoocidental na época de reprodução, migrandoaté ao golfo da Biscaia essencialmente noinverno. É um dos procellariiformes mais fáceisde observar ao longo da costa portuguesa,mantendo-se frequentemente perto do litoral.Esta espécie é mais comum fora da época dereprodução, entre Junho e Outubro. A costaportuguesa é um dos locais mais importantes anível mundial para a invernada desta espécie,com grandes concentrações registadasprincipalmente nas IBAs marinhas do CaboRaso e da Figueira da Foz.

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Pardela-balear

©Ricardo Guerreiro

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Outros nomes: inglês, manx shearwater;castelhano, pardela pichoneta; francês, puffin desanglais; galego, furabochos atlántico.

Nome Científico: Puffinus puffinus

Descrição: semelhante à pardela-balear Puffinusmauretanicus, é uma pardela de pequena dimensão,com um comprimento de 30-38 cm e umaenvergadura de asa de 76-89 cm. Tem umacoloração preta fuliginosa uniforme nas partessuperiores e branca nas inferiores, sendo bemdemarcada a transição de uma tonalidade para aoutra.

Biologia: a reprodução é muito semelhante à dapardela-balear. Tem início em Março e prolonga-seaté Agosto, formando colónias em ilhas costeiras ouoceânicas no Atlântico Norte. As colónias dereprodução mais importantes estão localizadas nasilhas do Reino Unido e Irlanda. O seu ninho é umapequena cavidade no solo. Alimenta-seprincipalmente de pequenos peixes pelágicos, etambém alguns cefalópodes e crustáceos. As presassão capturadas em mergulho de busca quandosozinhos ou em pequenos bandos.

Distribuição: é uma espécie de hábitospelágicos, difícil de avistar da costa, mais observadaapós tempestades com ventos predominantes de

noroeste. Em Portugal Continental, a suaobservação é mais frequente durante o pico depassagem migratória para sul, entre finais de Agostoe finais de Outubro. A migração desta espécie incluigrandes paragens ao longo das suas viagens entreos locais de nidificação e as áreas de invernada,sendo localizadas estas últimas ao largo docontinente Sul Americano, principalmente nas águasdo Brasil.

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Fura-bucho-do-Atlântico, Pardela-sombria

© Xulio Valeiras

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Outros nomes: inglês, Cory's shearwater;castelhano, pardela cenicienta; francês, puffin cendré;galego, pardela cincenta.

Nome Científico: Calonectris diomedea

Descrição: é a maior pardela do Atlântico tendoum comprimento entre 45-56 cm e uma envergaduraentre 112-126 cm. Distingue-se facilmente dasrestantes aves marinhas pelo bico amarelo, pelasasas brancas bordeadas a castanho nas partesinferiores e pelo tipo de voo muito característico,produzindo um arco entre as pontas das asaspronunciado sobre o mar.

Biologia: nidificam entre Abril e Outubro emcavidades localizadas em falésias, grutas e fajãs emilhas. Alimentam-se essencialmente de peixes,cefalópodes e crustáceos que capturam emmergulhos mais ou menos superficiais. Muitas vezesseguem embarcações de pesca para se alimentaremde rejeições.

Distribuição: a cagarra é comum ao longo dacosta portuguesa, especialmente durante a época dereprodução, devido às colónias localizadas noArquipélago das Berlengas. No entanto, os maioresgrupos são avistados nos meses finais da época dereprodução, entre Agosto e Outubro, quando se

aproximam frequentemente de terra. Após areprodução fazem migrações de longa distância(transequatoriais) para o Atlântico sul, passando a suaépoca não-reprodutora ao largo do Brasil ou da Áfricado Sul. As maiores colónias ocorrem nos Açores.

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Cagarra

© Luis Ferreira

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Outros nomes: inglês, madeiran storm petrel;castelhano, paíño de Madeira; francês, océanite deCastro; galego, paiño de Madeira.

Nome Científico: Oceanodroma castro

Descrição: tem um comprimento médio de 20cm, uma envergadura de asa de 45 cm e pesa entre44 e 49 g. Possui uma coloração escura com a zonado uropígio branca. É muito semelhante aopainho-de-cauda-forcada Oceanodroma leucorhoa,mas com uma menor dimensão das asas, a quaseausência de manchas pálidas na parte superior dasmesmas, a cauda mais quadrada e uma maiorlargura da banda branca uropigial.

Biologia: a época de reprodução varialocalmente nas colónias. Existem populações deInverno, que nidificam entre Setembro e Fevereiro, epopulações de Verão, que nidificam entre Março eSetembro. Os ninhos localizam-se em ilhas ou ilhéusque não tenham qualquer tipo de predador, pois nãotêm qualquer defesa contra predadores. A visita àscolónias é estritamente nocturna. Alimentam-se decrustáceos planctónicos, peixes, lulas e outramatéria orgânica que apanham à superfície da água.Ocasionalmente realizam mergulhos poucoprofundos.

Distribuição: é uma ave pelágica que ocorre emáguas temperadas. Em Portugal reproduz-se nascostas rochosas do Farilhão Grande (Arquipélagodas Berlengas), e nos arquipélagos da Madeira e dosAçores. Pouco se sabe sobre a distribuição destaespécie fora da época de reprodução.

Outros nomes: inglês, european storm petrel;castelhano, paíño europeo; francês, océanitetempête; galego, paiño europeo.

Nome Científico: Hydrobates pelagicus

Descrição: é o painho de menor dimensão queocorre nas águas europeias, com um comprimentomédio de 15 cm e uma envergadura de 37 cm, tendouma dimensão semelhante à andorinha-dos-beiraisDelichom urbicum. Apresenta uma coloração escurana parte superior e a zona do uropígio é branca.Distingue-se pela presença de uma barra branca naparte inferior das asas, completamente ausente nasrestantes espécies que ocorrem em Portugal.

Biologia: a nidificação ocorre entre Maio eSetembro, e os ninhos localizam-se nos solos deilhas rochosas. Alimenta-se principalmente depequenos peixes, lulas e crustáceos, mas tambémde medusas. Ocasionalmente, segue os barcos depesca onde se alimenta de rejeições.

Distribuição: é uma espécie pelágica queraramente é observada a partir de terra. No início deJunho, utilizam a nossa costa como corredormigratório em direcção às colónias de reprodução doNordeste do Atlântico. As suas principais colóniasestão localizadas nas ilhas Faroe, Irlandesas, ReinoUnido e Islândia, havendo algumas colónias maispequenas nas Canárias e Mediterrâneo. Tal comopara os restantes painhos, a sua distribuição fora daépoca de reprodução continua por descobrir.

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Roquinho Alma-de-mestre

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Outros nomes: inglês, leach storm petrel;castelhano, paíño boreal; francês, océanite cul-blanc;galego, paíño gallado.

Nome Científico: Oceanodroma leucorhoa

Descrição: é o painho de maior dimensão queocorre nas águas portuguesas com um comprimentomédio de 22 cm e envergadura de asa de 48 cm.Apresenta uma mancha branca na zona do uropígio(relativamente longa e em forma de V), cauda forcada,barras alares visivelmente pálidas na face superiordas asas, face inferior das asas escura e asas maispontiagudas e proporcionalmente mais longas.

Biologia: a época de reprodução é variáveldependendo do local, formando colónias em encostasou planaltos de ilhas, geralmente entre as rochas, mastambém em solo macio entre árvores. Existempequenas colónias localizadas na Irlanda, Noruega,Ilhas Faroe e Islândia. Nas ilhas britânicas a época dereprodução decorre de Maio a Setembro. A dietabaseia-se em pequenos peixes, lulas e crustáceosplanctónicos. Por vezes seguem mamíferos marinhosalimentando-se das suas sobras ou fezes.

Distribuição: ocorre com alguma frequência juntoa terra, sobretudo durante ou logo após grandestemporais. Trata-se de um migrador de passagemjunto à costa continental portuguesa, podendo serencontrado principalmente no período entre Setembroe Novembro. Em alto mar pode ser observada embandos de dimensão apreciável. Não se conhecemmais pormenores acerca da sua distribuição fora daépoca de reprodução.

Outros nomes: inglês, northern gannet;castelhano, mascato; francês, fou de bassan; galego,mascato.

Nome Científico: Morus bassanus

Descrição: o alcatraz é uma ave da ordem dosPelecaniformes. Esta é a maior ave marinha queocorre habitualmente em águas portuguesas, com umcomprimento médio de 92 cm e uma envergadura deasa de 175 cm. Apresenta asas compridas e estreitas,bico comprido e pontiagudo e a cabeça e o pescoçoprojectados bem para a frente, permitindo umadistinção rápida das outras espécies marinhas. Osadultos têm a cabeça amarelada, padrão preto naponta das asas e branco no resto do corpo. Os juvenistêm uma plumagem castanha-acinzentada, que vaievoluindo ao longo dos anos tornando-seprogressivamente mais branca, passando por 5 fasesde plumagem até chegar a adulto. Caçammergulhando com voos picados de grande altura epossuem adaptações especiais no bico, como arobustez e a ausência de orifícios nasais para evitar aentrada de água.

Biologia: nidifica apenas em colónias no norte daEuropa. Apresenta uma reprodução sazonal entreMarço e Setembro. Normalmente reproduz-se emgrandes colónias localizadas em penhascos dealgumas ilhas, mas também, por vezes, em áreascontinentais. Alimenta-se de peixes pelágicos que namaioria são capturados por mergulho profundo degrandes alturas; perseguem ainda embarcações depesca alimentando-se das rejeições.

Distribuição: é abundante ao longo de toda acosta portuguesa, sendo facilmente detectado a partirde terra. Apesar de ocorrer durante todo o ano, podemocorrer concentrações de centenas de aves duranteos picos de passagem migratória para sul em Outubroe Março.

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Alcatraz, Ganso-patolaPainho-de-cauda-forcada

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Outros nomes: inglês, european shag;castelhano, cormorán moñudo; francês, cormoranhuppé; galego, corvo mariño cristado.

Nome Científico: Phalacrocorax aristotelis

Descrição: a galheta ou corvo-marinho-de-crista,tem um comprimento médio de 70 cm e umaenvergadura de 100 cm. Apresenta uma cor negrairidescente, com o bico amarelo. Durante a época dereprodução, macho e fêmea exibem uma crista deplumas inconfundível na cabeça. Os juvenisapresentam cor dorsal castanho-escura e clara noventre. Podem ser vistos muitas vezes pousados emterra com as asas abertas. De facto, uma vez que asua plumagem carece de impermeabilização, depoisde mergulharem têm que dedicar algum tempo àsecagem das penas.

Biologia: nidifica em fendas e cavernas depenhascos ou falésias, sendo os ninhos construídoscom vegetação marinha e destroços. Alimentam-sede uma ampla gama de peixes bentónicos,demersais e pelágicos. Persegue as suas presasnadando debaixo de água.

Distribuição: esta ave marinha é de distribuiçãolocalizada e restrita à faixa costeira. É pouco comumà escala nacional, com mais de 75% da suapopulação a nidificar no Arquipélago das Berlengas.Embora seja de fácil observação nos locais ondeocorre, principalmente na zona de Peniche, Cabo daRoca, Cabo Espichel e costa sudoeste. É umaespécie residente.

Outros nomes: inglês, common murre;castelhano, arao común; francês, guillemot de troil;galego, arao dos cons.

Nome Científico: Uria aalge

Descrição: são aves com cauda curta e asasestreitas com um comprimento médio de 40 cm euma envergadura de asa de 21 cm. A cabeça epartes superiores são castanhas escuras e as partesinferiores brancas. É muito semelhante a umatorda-mergulheira Alca torda, mas com um bico finoe pontiagudo. As patas projectam-se para além daponta da cauda curta.

Biologia: usa preferencialmente águas daplataforma continental. Espécie monogâmica,gregária nos locais de reprodução. A sua época dereprodução inicia a meados de Maio e termina emAgosto. Normalmente não fazem ninho depositandoum único ovo directamente sobre a rocha. Trata-sede uma espécie sensível a predadores,especialmente gaivotas. Alimentam-sepreferencialmente de espécies de peixes pelágicosapesar de espécies bentónicas também seremimportantes. Perseguem as suas presas debaixo deágua, à semelhança dos pinguins. Podem fazergrandes agregações durante a alimentação.

Distribuição: é sobretudo uma ave marinhainvernante que ocorre ao longo de toda a costacontinental portuguesa, sendo mais comum àmedida que se avança para norte. Em Portugal,outrora foi a espécie mais abundante a nidificar noArquipélago das Berlengas, embora actualmente apopulação seja residual.

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Galheta Airo

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Outros nomes: inglês, razorbill; castelhano, alcacomún; francês, petit pingouin; galego, arao romeiro.

Nome Científico: Alca torda

Descrição: tem um comprimento médio de 38 cme envergadura de asa de 21 cm. Tem umacombinação de características distintivas, com umbico grosso e robusto com linhas brancas e comlados achatados, partes superiores pretas e partesinferiores brancas desde o pescoço até à cauda.Embora seja facilmente confundível com o airo Uriaaalge, não apresenta projecção das patas para alémda cauda e a tonalidade é preta ao contrário do airoque é castanho escuro.

Biologia: reproduzem-se em ilhas, rochascosteiras e falésias colocando o ovo directamentesobre a rocha nua, se bem que podem juntaralgumas pedras e detritos no local. A posturarealiza-se entre Maio e Junho, e as crias abandonamo ninho a meados de Julho. Os adultos alimentam-sede peixes pelágicos e, em Portugal durante o Invernoa sardinha é bastante importante na dieta. Procuramo seu alimento com mergulhos que por vezes podematingir os 120 metros de profundidade.

Distribuição: é uma espécie invernante emigradora, que utiliza os sectores menos profundosda plataforma continental portuguesa, nuncapousando em terra. Por vezes ocorre relativamenteperto da costa e também na foz dos rios. Éfacilmente observável durante a passagemmigratória, que se dá entre Outubro e Novembro,para sul, e novamente entre finais de Março e Maiopara norte.

Outros nomes: inglês, great skua; castelhano,skúa; francês, skua; galego, palleira grande.

Nome Científico: Stercorarius skua

Descrição: ave de aspecto pesado com umcomprimento médio de 59 cm, do tamanho de umagaivota de dimensão grande. Apresenta umacoloração escura com manchas brancas nas penasprimárias na face superior e inferior das asas. Tempenas centrais largas com pontas arredondadas nãoprojectadas. Os adultos apresentam marcas pálidasna cabeça e dorso, enquanto os juvenis apresentamo corpo arruivado. Apresentam um batimento deasas poderoso e pouco amplo, com um voo rectilíneoquando em trânsito, ao contrário das gaivotas quepossuem um tipo de voo com oscilações. Estaespécie encontra-se com pouca frequência emgrupos grandes, sendo mais regularmenteobservada isolada ou em pequenos bandos.

Biologia: a nidificação ocorre desde Maio atéfinais de Agosto, e é vagamente colonial, masaltamente territorial. Cria em ilhas em terreno planocom alguma vegetação. A maioria das avesreproduz-se a cerca de 1 km do seu local denascimento. Tem uma dieta variada devido a ser umpredador oportunista, e persegue frequentementeoutras aves marinhas para lhes roubar o alimento.

Distribuição: ocorre frequentemente ao longo detoda a costa portuguesa, podendo ser localmentecomum. O alcaide pode ser observado em maioresnúmeros próximo da costa na passagempós-reprodução, que ocorre entre Setembro eOutubro.

Torda-mergulheira Alcaide, Moleiro

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Outros nomes: inglês, common tern; castelhano,charrán común; francês, sterne pierregarin; galego,carrán común.

Nome Científico: Sterna hirundo

Descrição: esta ave tem um comprimento entre31 e 35 cm e uma envergadura de asa de 77 a 98cm. Apresenta um barrete negro, característico dasespécies do género Sterna, que na plumagem deVerão se estende da testa até à nuca. Tem um bicovermelho pontiagudo com a ponta preta, patas curtase vermelhas e parte superior do corpo e asas de umcinzento muito pálido.

Biologia: nidifica numa ampla variedade dehabitats em áreas costeiras e interiores desde o níveldo mar até altitudes superiores a 4.000 metros. Aolongo da costa mostra uma preferência para nidificarem superfícies rochosas planas, praias arenosas,dunas, vegetação inter-dunar ou em vegetação emestuários, lagoas costeiras e sapais. A época dereprodução inicia em Junho e termina em Agosto.Alimenta-se principalmente de peixes e outrosorganismos aquáticos, e ocasionalmente insectos.

Distribuição: esta espécie ocorre ao longo dacosta durante as passagens migratórias e éfrequentemente observada nos meses de Maio eJunho, e Setembro e Outubro. É uma espécienidificante irregular em Portugal, com registos dereprodução no estuário do Tejo e do Sado.

Outros nomes: inglês, sandwich tern;castelhano, charrán patinegro; francês, sternecaugek; galego, carrán cristado.

Nome Científico: Sterna sandvicensis

Descrição: é uma das maiores espécies dogénero Sterna, com um comprimento médio entre 37e 43 cm e envergadura de asa entre 85 e 97 cm. Emplumagem de Verão possui o característico barretepreto que cobre a cabeça até aos olhos e apresentaasas de cor cinzento-prateado e corpo branco.Distingue-se da andorinha-do-mar-comum Sternahirundo pela combinação de bico comprido, pretocom ponta amarela e patas curtas e pretas.

Biologia: durante a época de reprodução formamcolónias em ilhas de areia, ilhotas rochosascalcárias, dunas de areia, praias de seixos e deltasextensos. A dieta desta espécie consiste empequenos peixes pelágicos, bem como camarões eanelídeos.

Distribuição: ocorre em Portugal na orla costeira,nos estuários dos rios, zonas portuárias e em zonasde ria durante todo o ano, com observações maisfrequentes entre o final do Verão e o Inverno. Osindivíduos que passam ou invernam nas nossaságuas provêm das colónias das ilhas Britânicas e doMar do Norte, que se reproduzem entre Maio e Julho.

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Andorinha-do-mar-comum Garajau

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Outros nomes: inglês, mediterranean gull;castelhano, gaviota cabecinegra; francês, mouettemélanocéphale; galego, gaivota cabecinegra.

Nome Científico: Ichthyaetus melanocephalus,Larus melanocephalus

Descrição: tem um comprimento médio de 37 cme uma envergadura de asa de 98 cm. Durante oInverno, apresenta uma pequena mancha de penasescuras atrás do olho, bico vermelho e grosso e patasvermelhas. Na Primavera e no Verão, a cabeçatorna-se preta, criando um forte contraste com o bicovermelho. Os juvenis e os imaturos desta gaivota sãomais difíceis de distinguir. Enquanto os juvenispossuem uma barra alar preta característica e umamancha que envolve o olho, os imaturos são quasecompletamente brancos, com algumas penas escurasna ponta das asas.

Biologia: nidificam em locais com árvores oucanaviais em zonas costeiras, sapais e lagoas. Naépoca de reprodução a sua dieta consiste em insectosterrestres e aquáticos, gastrópodes, pequenos peixese roedores. Fora da época de reprodução comempeixes, moluscos, insectos, anelídeos, frutos esementes.

Distribuição: é uma espécie costeira, localmenteabundante no litoral sul de Portugal, escasseandomais para norte. Pode formar concentraçõeslocalizadas de alguns milhares, principalmente nazona do Cabo Raso. Tem hábitos pelágicos maspoderá ser observada nas zonas costeiras de manhãcedo e ao fim da tarde, especialmente durante abaixa-mar. É invernante, sendo o melhor período deobservação de Outubro a Março.

Outros nomes: inglês, black headed gull;castelhano, gaviota reidora; francês, mouette rieuse;galego, gaivota chorona.

Nome Científico: Chroicocephalus ridibundus,Larus ridibundus

Descrição: é uma gaivota relativamente pequenacom um comprimento médio de 38 cm e envergadurade asa de 91 cm. Por baixo é branca e por cima éprateada. As asas são cinzentas com um triângulobranco nas primárias. O bico e as patas sãovermelhos. A partir de Março, os adultos envergam aplumagem nupcial (capuz castanho, cor dechocolate). Pode formar bandos de centenas oumilhares de indivíduos e mistura-se frequentementecom outras espécies de gaivotas.

Biologia: o ninho é construído com vegetaçãosobre canas partidas, pequenos montes de terra, oumesmo sobre terra seca, gramíneas ou areia.Geralmente nidifica em colónias densas com osninhos colocados a uma média de 1 metro dedistância. A alimentação consiste em insectos,anelídeos e invertebrados marinhos, e também podecomer peixes, roedores e sementes. Fora da época decria a sua alimentação também inclui resíduosorgânicos domésticos.

Distribuição: Espécie invernante e migradoramuito comum no litoral e estuários, e também emzonas interiores com barragens, lagoas, pauis outerrenos agrícolas inundados. É uma espécienidificante rara em Portugal, com registosreprodutores recentes no estuário do Mondego.

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Gaivota-de-cabeça-preta Guincho

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Outros nomes: inglês, yellow-legged gull;castelhano, gaviota patiamarilla; francês, goélandleucophée; galego, gaivota patiamarela.

Nome Científico: Larus michahellis

Descrição: é uma gaivota grande com as patasamarelas. O seu tamanho é variável conforme o sexotendo um comprimento entre 52 a 68 cm e umaenvergadura de asa entre 120 a 155 cm. O dorso easas são prateadas com pontas pretas e “pérolas”brancas. O bico é também amarelo. Os imaturos do1º ano são castanhos e é quase impossíveldistingui-los das gaivotas-de-asa-escura. Nosindivíduos do 2º e 3º anos já é visível o dorsoprateado.

Biologia: o ninho é construído com vegetação,penas e restos, sendo preferencialmenteposicionado perto ou sob arbustos, em praiasrochosas e ilhas de areia, falésias e ilhas fluviais. Aespécie reproduz-se em colónias de gruposmono-específicos ou mistos. A dieta desta espécieconsiste em peixes, invertebrados, répteis, pequenosmamíferos, lixo, vísceras e ovos de aves.

Distribuição: residente muito comum em toda acosta litoral portuguesa. Embora entre nos estuáriosnormalmente não se distancia muito da foz, sendomais escassa em meios estuarinos do que agaivota-de-asa-escura Larus fuscus. Nidifica na orlacosteira, sobretudo do Cabo Carvoeiro para sul. Paraalém da grande colónia localizada no Arquipélagodas Berlengas, também se encontra em grandesdensidades na costa algarvia. Há cerca de umadécada começou também a nidificar em telhados dezonas urbanas, com registo em Viana do Castelo,Porto, Peniche, Cascais, Lisboa, Lagos, Portimão eFigueira da Foz.

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Gaivota-de-patas-amarelas

©Jesús Menéndez

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As tartarugas marinhas são animais vertebradosaparentados com répteis antigos anteriores aosdinossauros e constituem verdadeiros fósseis vivosnum planeta conquistado pelos mamíferos.

Actualmente, todas as sete espécies de tartarugasmarinhas, com excepção da tartaruga-australiana(Natator depressus), estão incluídas na ListaVermelha da IUCN para espécies ameaçadas. Atartaruga de Kemp (Lepidochelys kempii), atartaruga-imbricada (Eretmochelys imbricata) e atartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) possuemum estatuto de conservação de “criticamenteameaçada”, a tartaruga-comum ou tartaruga-bôba(Caretta caretta) e a tartaruga-verde (Chelonia mydas)possuem um estatuto de “ameaçada”, e atartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) é considerada“vulnerável”.

Devido à sua natureza amplamente migratória, aconservação das tartarugas marinhas requercooperação internacional por forma a assegurar amanutenção de um estatuto de conservação favoráveldas suas populações.

As ameaças às tartarugas marinhas variam deregião para região, mas de um modo geral osprincipais factores de risco são a degradação esobre-exploração do meio marinho e dos habitatscosteiros e as elevadas taxas de captura acidentalpelas frotas pesqueiras mundiais. Ao longo dos anostodas estas ameaças, têm conduzido a um declínioacentuado das populações de tartarugas marinhas,tornando a sua sobrevivência cada vez mais incerta eaumentando o risco de extinção para algumasespécies.

A avaliação do actual estado de conservação daspopulações de tartarugas marinhas é um processobastante complexo uma vez que a avaliação é feitaapenas tendo em conta a informação proveniente donúmero de ninhos nas praias. Esta informação nãofornece uma imagem correcta do que se passa comtodas as populações de tartarugas marinhas.

Por ser um dos grupos de animais que já existemhá milhares de anos, por percorrerem milhares dequilómetros e por levarem cerca de uma década aatingir a maturidade sexual, as tartarugas marinhasconstituem um importante indicador do estadoambiental das zonas costeiras, bem como doambiente marinho quer a nível global, quer a nívellocal. Além disso, graças à sua natureza carismática eao seu ciclo de vida pouco conhecido, elas captam aatenção não só a nível científico, mas também a níveleducacional.

As tartarugas marinhas são consideradas espéciesemblemáticas para a conservação, tanto a nível localcomo internacional, pois conservar as tartarugasmarinhas significa proteger os oceanos e as áreasmarinhas costeiras, protegendo assim um complexoecossistema do qual depende a sociedade humana.

Em Portugal Continental, as diferentes artes depesca afectam as tartarugas marinhas de formasdistintas, e principalmente são afectados animaisjuvenis ou sub-adultos. Por exemplo, no palangre astartarugas ficam acidentalmente presas nos anzóis aotentarem alimentar-se do isco ou das própriascapturas. As redes de emalhar e tresmalho, pela suaoperacionalidade, são a arte mais problemática nanossa costa, causando a morte por afogamentodevido ao emanharamento. Por outro lado, os cabosdos alcatruzes dificultam a navegação, havendo aindaa considerar a possibilidade de emaranhamento.

Outras ameaças que afectam as tartarugasmarinhas em outras regiões do mundo incluem acaptura directa e o desenvolvimento costeiro emzonas de nidificação, a poluição, o aquecimento globale a predação.

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TARTARUGAS MARINHAS

São répteis antigos anteriores aosdinossauros e constituemverdadeiros fósseis vivos

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EvoluçãoA origem das tartarugas remonta ao período

Triássico (220-200 milhões de anos), tendo astartarugas marinhas modernas aparecido há cercade 120-130 milhões de anos, no Cretácico.

Todos os géneros e espécies actualmenteexistentes tiveram origem no princípio do Eoceno ePleistoceno, há 60–100 milhões de anos.

As tartarugas marinhas actuais pertencem a duasfamílias:

- Cheloniidae, com 4 géneros vivos: Caretta,Chelonia, Eretmochelys e Lepidochelys;

- Dermochelydae, com um único género,Dermochelys.

Adaptações aquáticasAs tartarugas marinhas actuais estão

perfeitamente adaptadas à vida no mar: as suasbarbatanas estão transformadas em pás ou remos,úteis para a natação, não apresentando dedos bemdiferenciados.

Apresentam capacidade de retracção limitada,isto é, não conseguem esconder a cabeça ou aspatas dentro do corpo como fazem as tartarugasterrestres ou anfíbias.

A sua taxa metabólica lenta permite-lhes ficaremsubmersas por longos períodos de tempo.

Carácter distintivoAs tartarugas apresentam uma série de

caracteres distintivos que as diferenciam dos outrosrépteis, nomeadamente:

- a perda da dentição a favor de uma ranfoteca(bico córneo) e,

- a carapaça óssea a que estão soldadas asvértebras torácicas e as costelas (excepto natartaruga-de-couro).

Em vez da carapaça óssea, a tartaruga-de-couro,apresenta uma pele rígida de aparência coriácea queprotege a carapaça, com cristas ou quilhas na partedorsal.

As carapaças têm duas partes: dorsal ou costal eventral ou plastrão.

Porque arrojam?As condições climatológicas extremas que se

registam no inverno podem facilitar o arrojamento detartarugas marinhas. Com efeito, a predominância deventos de sul e sudoeste podem arrastar astartarugas juvenis para as praias portuguesas,podendo mesmo registar-se algumas mortes outraumatismos graves devido à ingestão de areia,entrada de água nos pulmões ou embate contrarochas.

Algumas das situações de arrojamento podem serresultado de interacções com artes de pesca. Algunsanimais chegam a apresentar restos da arte depesca, como é o caso do palangre, em que muitasvezes o anzol ainda vem preso ao animal.

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Tartaruga comum ©CEMMA

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Em outros casos, os animaisapresentam problemas pulmonares emconsequência de terem ficado presos esubmersos durante longos períodos detempo em redes de emalhar ou noarrasto.

As tartarugas marinhas que arrojamvivas são transportadas para centros dereabilitação onde se realizam análisesde diagnóstico de possíveis patologias,para depois se iniciar o tratamento maisadequado.

O processo de recuperação dastartarugas marinhas é bastante lento,mas uma vez recuperadas, astartarugas-marinhas são devolvidas aosoceanos, contando, muitas vezes, coma ajuda da Autoridade Marítima.

A recolha de informação a partir deanimais arrojados é uma boaoportunidade para identificar as causasde morte (patologias, captura acidental,etc.), obter padrões de distribuição eavaliar os níveis de captura acidental.Por sua vez, estes dados podem aindacontribuir para aumentar aconsciencialização sobre a necessidadeda aplicação de medidas deconservação para as tartarugasmarinhas em águas portuguesas.

©SPVS

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Outros nomes: inglês, leatherback turtle;francês, tortue luth; espanhol, tortuga laúd; galego,tartaruga de coiro.

Nome Científico: Dermochelys coriacea

Descrição: é a maior tartaruga marinha queexiste, atingindo um tamanho médio de 170 a 190cm, com um peso próximo dos 300 Kg. A principalcaracterística desta espécie é a ausência de placascórneas a proteger o corpo. Em substituição destaspossui uma pele grossa e rígida de aparênciacoriácea que protege a carapaça de formasemelhante a um alaúde, mais largo na parte anteriore estreitando progressivamente em direção à parteposterior; possui sete cristas ou quilhas na partedorsal e cinco no plastrão (zona ventral). Tambémnão possui unhas. A sua coloração é negra-azulada,com manchas claras e irregulares no dorso, sendomais clara na zona ventral, onde apresenta umplastrão de cor branca devido ao elevado número demanchas brancas.

Biologia: é um animal oceânico e solitário,aproximando-se da costa para se alimentar ereproduzir. É uma espécie omnívora, manifestandouma preferência por medusas e outros animais decorpo mole mas ingerindo igualmente crustáceos,equinodermes, peixes, cefalópodes e moluscos ecomplementando a sua dieta com algas e plantasmarinhas. Navega a uma profundidade média de 62metros, tendo já sido registadas imersões superioresde 1000 metros. Possui adaptações anatómicas efisiológicas que lhe permitem manter a temperaturacorporal próxima de 25ºC podendo assim frequentaráguas cujas temperaturas variam entre os 6ºC e os15ºC. Existe um dimorfismo sexual pouco acentuado:os machos possuem o plastrão côncavo e maisafunilado na zona posterior e a sua cauda é maislonga do que nas fêmeas. Estas costumam ter umacicatriz rosada sobre a cabeça, devido à cópula. Amaturidade sexual é atingida aos 13-14 anos e aépoca de reprodução vai desde Abril a Novembro.

Nidificação: nidificam a intervalos de 2 a 3 anos,fazendo ninho 4 a 7 vezes por temporada. Colocamem média 100 ovos por ninho que são incubadosdurante cerca de 65 dias. Ao contrário das outrasespécies de tartarugas marinhas, a

tartaruga-de-couro pode mudar de praia denidificação, embora continue a nidificar na mesmaregião.

Distribuição: está presente em todos os oceanospodendo distinguir-se duas subespécies:Dermochelys coriacea coriacea, típica do oceanoAtlântico e que entra ocasionalmente noMediterrâneo e Dermochelys coriacea schegelii,típica dos oceanos Índico e Pacífico. Os animais quevisitam as nossas costas provêm das zonas denidificação da costa atlântica americana edeslocam-se utilizando a corrente do Golfo, sendonadadores muito activos.

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Tartaruga de couro ©CEMMA

Tartaruga-de-couro

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Entre 1978 e 2012 foram registados 250exemplares de tartaruga-de-couro arrojados oucapturados acidentalmente na costa continentalportuguesa, com uma percentagem de 8% dearrojamentos vivos. Os arrojamentos são maiscomuns na costa ocidental centro e norte(compreendida entre Peniche e Caminha), durante osmeses de Primavera, Verão e Outono. O comprimento

dos exemplares arrojados ronda os 180 cm.Relativamente à causa de arrojamento, 59% dasocorrências deve-se a factores antropogénicos -captura acidental em artes de pesca. A maioria dosarrojamentos de tartarugas-de-couro com evidênciasde morte por captura acidental apresentava sinais deinteracção com redes de emalhar.

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©SPVS ©SPVS

©SPVS

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Outros nomes: inglês, loggerhead sea turtle;francês, tortue caouanne; espanhol, tortuga boba;galego, tartaruga común.

Nome Científico: Caretta caretta

Descrição: a sua carapaça tem um tamanhomédio entre 90 – 100 cm, com um peso de 90 a 150Kg. Tem uma cabeça grande e robusta e o seu corpoestá protegido por placas córneas. A forma dacarapaça é ovalada, mais longa do que larga e comas margens mais ou menos serradas. Os juvenispossuem três quilhas dorsais nas placas córneas eas margens da carapaça serradas, caracteres quedesaparecem com o crescimento. Possui duasunhas em cada barbatana podendo, com ocrescimento, perder uma. A sua coloração varia entrecastanho e vermelho na zona costal, sendo maisclara na zona ventral, que apresenta uma cor maisamarela ou creme.

Biologia: São animais solitários de hábitosmenos oceânicos do que a tartaruga-de-couro,aproximando-se bastante da costa, podendo mesmoentrar em rias, zonas estuarinas e desembocadurasde grandes rios. É uma espécie omnívora, que sealimenta de medusas, esponjas, moluscos,cefalópodes, equinodermes, e peixes, podendo, emalgumas ocasiões, alimentar-se de animais marinhosmortos. A sua profundidade média de navegação éde cerca de 10 metros. O dimorfismo sexual é pouco

acentuado, sendo possível verificar que os machospossuem uma carapaça mais estreita na zonaposterior e apresentam uma cauda mais longa doque as fêmeas. A maturidade sexual é atingida aos15-20 anos.

Nidificação: nidificam a intervalos de 2 a 4 anos,construindo 3 a 6 ninhos por temporada, com umintervalo de 12 a 14 dias. Colocam em média entre100 a 126 ovos, que demoram cerca de 60 dias aincubar.

Distribuição: regiões tépidas, tropicais esubtropicais do Mediterrâneo, Atlântico, Índico ePacífico. Existem também registos desta espécie empaíses do nordeste da Europa como a Noruega e asIlhas Britânicas.

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Tartaruga-Boba, Tartaruga-comum

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Zonas de cria: (i) Atlântico Oeste:Flórida e Carolina nos EUA, Cuba,Península do Iucatão no México, Colômbiae Brasil; (ii) Atlântico Este: Senegal e CaboVerde, e (iii) Mediterrâneo: Turquia, Israel,Argélia, Tunísia, Líbia e Chipre.

É a espécie mais comum nas costasibéricas e região macaronésica. É tambémcomum no Mediterrâneo, dado que nasIlhas Baleares se situa uma importanteárea de alimentação; ao sul da PenínsulaIbérica ocorrem passagens entre oAtlântico e o Mediterrâneo, com apresença de adultos e juvenis no Mar deAlboran.

O primeiro registo de arrojamento deuma tartaruga-boba em Portugal data de1982. Até 2012 foram registados 391arrojamentos de Caretta caretta, com27.6% de arrojamentos vivos e com umapercentagem de arrojamentos maiselevada nos meses de Primavera e Verão.É claramente a espécie de tartarugamarinha mais comum em águas da costacontinental portuguesa.

Os arrojamentos são mais comuns nacosta sul – Algarve, talvez devido àproximidade desta região com a entradado Mediterrâneo. O comprimento médiodos animais detectados ronda os 55 cm, oque corresponde na sua maioria a juvenise sub-adultos. Quanto às causas dosarrojamentos, 62% tiveram causasantropogénicas, dos quais 68.6%resultaram de captura acidentalconfirmada e 25.2% foram identificadoscomo resultantes de provável capturaacidental. Além disso, 3.5% dos casosforam vítimas de derramamento depetróleo, 1.7% resultaram de colisão comembarcações e 0.9% dos casosresultaram da ingestão de lixo. EmPortugal continental, a captura acidentalde Caretta caretta é mais frequente emredes de emalhar.

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©FozCanis

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Anotações/observações

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