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Objectivos de Desenvolvimento do Milénio Relatório de Progresso 2005 República de Angola Ministério do Planeamento

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Objectivos de Desenvolvimento

do Milénio

Relatório de Progresso2005

República de AngolaMinistério do Planeamento

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Copyright © 2005PNUD- Angola Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.Rua Major Kanhangulo, nº 197 - C.P. 910 , Luanda, Angola

Capa e design gráfico: Sérgio Piçarra - [email protected]: Unicef-Angola; Fundo de Apoio Social; e Sérgio Piçarra

Tiragem: 2.000 exemplares

A reprodução de dados constantes neste Relatório é permitida, desde que citada a fonte.

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ABREVIATURAS....................5QUADRO DOS OBJECTIVOS

METAS E INDICADORES DOPROJECTO MILÉNIO................. 7

PREFÁCIO..........................11

INTRODUÇÃO.................... 13

OBJECTIVOS........................13

ANTECEDENTES..................14

ESTRATÉGIA DE COMBATE ÀPOBREZA .......................... 15

PROGRESSO DOSOBJECTIVOS DEDESENVOLVIMENTO DOMILÉNIO NO PERÍODO 2001-2004 ...................................17

OBJECTIVO 1: ERRADICAR APOBREZA EXTREMA E AFOME.....................................19

META 1: REDUZIR PARA METADE,ENTRE 1990 E 2015, A PERCENTAGEMDA POPULAÇÃO COM UM RENDIMENTO

INFERIOR A 1 DÓLAR POR DIA.. .. . . 20META 2: REDUZIR PARA METADE,ENTRE 1990 E 2015, A PERCENTAGEMDA POPULAÇÃO QUE SOFRE DE FOME................................................26

OBJECTIVO 2: ASSEGURAR OENSINO PRIMÁRIOUNIVERSAL..........................29

META 3: GARANTIR QUE TODOS OSRAPAZES E RAPARIGAS TERMINEM OCICLO COMPLETO DO ENSINO

PRIMÁRIO..................................... 32

OBJECTIVO 3: PROMOVER AIGUALDADE DO GÉNERO E OEMPOWERMENT DASMULHERES...........................37

META 4: ELIMINAR A DESIGUALDADEDE GÉNERO NO ENSINO PRIMÁRIO ESECUNDÁRIO SE POSSÍVEL ATÉ 2005,E EM TODOS OS NÍVEIS ATÉ 2015....38

OBJECTIVO 4: REDUZIR AMORTALIDADE EM CRIANÇASCOM MENOS DE 5 ANOS....39

META 5: REDUZIR EM DOIS TERÇOS ATAXA DE MORTALIDADE DE MENORESDE CINCO ANOS, ENTRE 1990 E 2015.....................................................40

ÍNDICE 2005

Objectivos deDesenvolvimento

do Milénio

Relatório deProgresso

2005

OBJECTIVO 5: MELHORAR ASAÚDE MATERNA................43

META 6: REDUZIR EM TRÊS QUARTOSA TAXA DE MORTALIDADE MATERNA,ENTRE 1990 E 2015......................44

OBJECTIVO 6: COMBATE AOHIV/SIDA, A MALÁRIA EOUTRAS DOENÇAS............. 47

META 7: DETER E COMEÇAR AREDUZIR A PROPAGAÇÃO DO VIH /SIDA............................................48META 8 (1): DETER E COMEÇAR AREDUZIR A INCIDÊNCIA DE MALÁRIA E

OUTRAS DOENÇAS GRAVES............ 51META 8.(2): CONTROLAR E COMEÇARA INVERTER A TENDÊNCIA ACTUAL DE

PROGRESSÃO DA TUBERCULOSE.....53META 8.(3): CONTROLAR E COMEÇARA INVERTER A TENDÊNCIA ACTUAL DA

TRIPANOSSOMIASE.........................55META 8.(4): CONTROLAR E COMEÇARA INVERTER A TENDÊNCIA ACTUAL DA

DOENÇA DE MARBURG...................57

OBJECTIVO 7: GARANTIR ASUSTENTABILIDADEAMBIENTAL......................... 59

META 9: INTEGRAR OS PRINCÍPIOS DODESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NASPOLÍTICAS E PROGRAMAS NACIONAIS,INVERTENDO A ACTUAL TENDÊNCIAPARA A PERDA DE RECURSOS

AMBIENTAIS...................................60META 10: ATÉ 2015, REDUZIR PARA AMETADE A PERCENTAGEM DE PESSOASQUE NÃO TÊM ACESSO A ÁGUA

POTÁVEL.......................................63META 11: MELHORARCONSIDERAVELMENTE A VIDA DE PELOMENOS 100 MILHÕES DE HABITANTES DE

BAIRROS DEGRADADOS, ATÉ 2015.....65

OBJECTIVO 8:DESENVOLVER UMAPARCERIA GLOBAL PARA ODESENVOLVIMENTO.......... 69

META 12: DESENVOLVER UM SISTEMACOMERCIAL E FINANCEIRO MAISABERTO REGULAMENTADO, PREVISÍVELE NÃO DISCRIMINATÓRIO. INCLUI OCOMPROMISSO DE BOA GOVERNAÇÃO,DESENVOLVIMENTO E REDUÇÃO DAPOBREZA.......................................70

META 13: ATENDER ÀSNECESSIDADES ESPECIAIS DOS PAÍSESMENOS DESENVOLVIDOS. INCLUI TAXAS

E QUOTAS DE LIVRE ACESSO PARA ASEXPORTAÇÕES, REFORÇO DOPROGRAMA DE REDUÇÃO DE DIVIDABILATERAL OFICIAL; E ODA MAISGENEROSA PARA OS PAÍSESCOMPROMETIDOS COM A REDUÇÃO DA

POBREZA.......................................74META 15: NEGOCIAR DE FORMAABRANGENTE OS PROBLEMAS DADIVIDA DOS PAÍSES EM DESENVOLVI-MENTO ATRAVÉS DE MEDIDASNACIONAIS E INTERNACIONAIS DEFORMA A TORNAR A DIVIDA SUSTEN-TÁVEL A LONGO PRAZO...................82META 16: EM COOPERAÇÃO COM OSPAÍSES EM DESENVOLVIMENTO,DESENVOLVER E IMPLEMENTARESTRATÉGIAS QUE PERMITEMTRABALHO APROPRIADO E PRODUTIVO

PARA A JUVENTUDE........................86META 17: EM COOPERAÇÃO COMEMPRESAS FARMACÊUTICAS, PERMITIRO ACESSO AOS MEDICAMENTOSESSENCIAIS DISPONÍVEIS NOS PAÍSES

EM DESENVOLVIMENTO...................88META 18: EM COOPERAÇÃO COM OSECTOR PRIVADO DISPONIBILIZAR ASVANTAGENS DAS NOVAS TECNOLOGIAS,ESPECIALMENTE NA INFORMAÇÃO E

NAS COMUNICAÇÕES......................89

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ABREVIATURAS RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

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ABREVIATURAS

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QUADRO DOS OBJECTIVOSMETAS E INDICADORES DOPROJECTO MILÉNIO

RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

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QUADRO DOS OBJECTIVOS METAS E INDICADORES DO PROJECTO MILÉNIO

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

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QUADRO DOS OBJECTIVOSMETAS E INDICADORES DOPROJECTO MILÉNIO

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

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QUADRO DOS OBJECTIVOSMETAS E INDICADORES DOPROJECTO MILÉNIO

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PREFÁCIO RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

a Cimeira do Milénio em 2000 deSetembro, Angola figurava dentreos 191 países que adoptaram a

Declaração do Milénio como um com-promisso solene e global para promo-ver a paz e desenvolvimento. A Decla-ração do Milénio, os objectivos deDesenvolvimento do Milénio - ODM -produziram um conjunto de alvos limi-tados no tempo, até 2015, para reduzirpara metade a pobreza, fornecer ali-mento a todas as famílias, enviar todasas crianças à escola, travar a dissemi-nação do VIH/SIDA etc.

A parceria global foi abraçada atravésde iniciativas importantes a nívelregional sob os auspícios da UniãoAfricana. Angola aderiu à Nova Par-ceria para o Desenvolvimento de Áfri-ca - NEPAD e ao Mecanismo Africanode Revisão de Pares (APRM). Estesprocessos complementam a Declara-ção do Milénio visando uma melhorgovernação, satisfação dos direitoshumanos e responsabilização de to-dos os actores estatais e não esta-tais. Conquistada a Paz em Abril de2002 é visível uma melhoria substan-cial do ambiente político, económicoe social.

No plano político restabeleceu-se umclima de convivência democráticaentre os diversos partidos, podendoexercer as suas actividades em todoo território nacional. É um fruto daPaz único.

O País assegurando a Paz, prepara-separa eleições livres e democráticas. AAssembleia Nacional aprovou o indis-pensável pacote legislativo: Lei dosPartidos Políticos, Lei do RegistoEleitoral, Lei da Observação Eleitoral,Lei Eleitoral e o código de CondutaEleitoral. A Comissão Eleitoral, comtodos os seus membros, já se encon-tra constituída.

A nível económico, os últimos anosrevelaram melhorias significativas,reflectindo as medidas adoptadas dereconstrução nacional e de estabili-zação monetária e financeira. No pe-

ríodo 2002-2004 a taxa média anualde crescimento do PIB foi de 10% eprevendo-se que se aproxime dos16%. Os resultados são ainda, natu-ralmente, pouco visíveis na produ-ção agrícola, já que só no ano tran-sacto foi concluído o processo dereassentamento de 4 milhões de ha-bitantes deslocados e está em vias deconclusão a reinserção do quase meiomilhão de refugiados e de mais de100 mil ex-militares. Também se en-contra ainda na sua fase inicial a des-minagem, a reabilitação e constru-ção de infraestruturas que possibili-tarão a retoma do mercado interno.

A taxa média de inflação passou demais de 100% em 2002 para 31%em 2004. A taxa de câmbio da moedanacional desde 2003 estabilizou faceao dólar.

O défice fiscal passou de 7.8% em2003 para um superavit de 0.6% em2004. As reservas líquidas passaramde 1 mês de importações em 2003para 2,4 meses em 2004.

A nível social, e designadamente nosdomínios mais directamente relacio-nados em os objectivos de desenvol-vimento do Milénio, os avanços regis-tados são desejáveis, reflectindobasicamente o tempo de maturaçãodos efeitos, por exemplo mais rápidonos indicadores de escolaridade doque nos indicadores sanitários.

A reinserção de quase 4,5 milhões dehabitantes, um terço da população dopaís, gera obviamente novas pres-sões sobre os sistemas sociais locaisque necessitam de tempo pararesponder. Dois a três anos é aindaperíodo muito curto. Angola esperaque este enorme esforço que vemrealizando, fundamentalmente comrecursos próprios seja reconhecidopela Comunidade Internacional. Sócom um reforço significativo da suaajuda, poderá Angola acelerar opasso na direcção dos ODM, quer naredução da pobreza quer na satisfaçãode necessidades sociais básicas.

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PREFÁCIO

N

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

Igualmente se torna necessário inten-sificar o investimento público nos se-ctores sociais e nas actividades gera-doras de emprego para os mais po-bres, visando a realização dos objecti-vos de redução da pobreza.

O Governo deu, por outro lado, pas-sos importantes para estender a Ad-ministração do Estado a todo o terri-tório. Por sua vez, a presença efec-tiva do Estado ajuda a organizar ofornecimento de serviços sociais bá-sicos como escolas, postos de saúde,

segurança e fornecimento de benspúblicos como água e electricidade.

O Relatório de Progresso de 2005sublinha a necessidade de se refor-çaras políticas em todas as áreas dosODM e assegurar a convergência daspolíticas sectoriais. Devemos ainda sublinhar, que asinformações estatísticas oficiais, pelasua natureza precária, ainda nãoabrangem todos os domínios possí-veis de serem monitorados e avalia-dos no âmbito dos MDGs.

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PREFÁCIO

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INTRODUÇÃO RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

O presente relatório apresenta oprogresso na implementação dos oitoObjectivos do Desenvolvimento doMilénio (ODM) em Angola no período2001-2004.

Os oito Objectivos acima mencionadosestão divididos em cinco partes articu-ladas de seguinte forma1 :

Diagnóstico e Tendências: Avaliaa situação actual e analisa as pers-pectivas para a implementação dosobjectivos;

Desafios: Analisa os constrangi-mentos que deverão ser ultrapassa-dos/eliminados de forma a dar cum-primento às metas do objectivo visa-do;Políticas e Programas: Apresenta

as acções de acordo com as políticase programas desenvolvidas peloGoverno Angolano;

Prioridades para Assistência aoDesenvolvimento: Apresenta asalternativas de assistência junto acooperação internacional.

Capacidade de monitorizaçãodos objectivos

O quadro de pobreza existente emAngola é consequência de um nú-mero complexo de factores, entre osquais se destaca a longa guerra civil.A guerra civil não só levou à des-truição generalizada das infraes-truturas de transporte, de ensino e desaúde, mas deslocou também partesignificativa dos recursos humanospara actividades não produtivas. Coma celebração da Paz, o Governo con-centrou esforços na extensão da so-berania do Estado em todo o terri-tório nacional. Neste acto de exten-

são da soberania, o esforço foi direc-cionado para a reimplantação da ad-ministração pública e para criar con-dições para a actuação do sector pri-vado. Adicionalmente, adoptou-se

uma política de descentralização,acompanhada pela melhoria da ofertade serviços públicos, nomeadamentede bens e serviços sociais.

O Governo tem-se confrontado comrecursos humanos insuficientes paraa dimensão da operação de recons-trução e relançamento da economiaangolana. Outro factor condicio-nante, foi a fraqueza institucional doPais, que está a exigir um reforço dacapacidade de gestão, tanto públicaquanto do sector privado. Sublinha-se que, neste período, a Assistênciaao Desenvolvimento foi muito pe-quena, o que levou o Estado a arcarcom a grande maioria das despesasde financiamento da reconstrução erelançamento da economia.

Em consequência deste quadro, ori-entado para a extensão da soberaniado Estado a todo o território nacional,a reconstrução das infraestruturaseconómicas e sociais (estradas, hos-pitais, escolas, habitação e sanea-mento) foi mais lenta que o desejado,o que não será alheio ao facto do Paíster contado essencialmente com osseus próprios recursos, não se tendoregistado o prometido reforço daAjuda, uma vez conquistada a Paz.

O tempo decorrido após Abril de 2002(Acordo de Paz) é ainda relativa-mente curto, nomeadamente emsituação de pós-conflito, pelo que,

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OBJECTIVOS

Os oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio que serão examinados são os seguintes:

1. Erradicar a Pobreza Extrema e a Fome;2. Alcançar o Ensino Primário Universal;3. Promover a Igualdade de Género e o Empowerment das Mulheres;4. Reduzir a Mortalidade de Crianças com Menos de 5 anos;5. Melhorar a Saúde Materna;6. Combater o VIH/ SIDA, a Malária e Outras Doenças;7. Assegurar a Sustentabilidade Ambiental;8. Desenvolver uma parceria global para o desenvolvimento.

1 Este relatório respeita aestrutura do Relatório dosODM 2003 (que seguiu nassuas linhas gerais deapresentação o formatoindicado pelo escritório dogrupo de Desenvolvimentodas Nações Unidas emrelação aos relatórios porPaís) procurando assimfacilitar a análise da evoluçãodos indicadores.

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OBJECTIVOS RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

apesar dos progressos já registados,o grau de realização das metas dosOMD não poderá deixar de estarainda afastado dos níveis previstos,em particular no sector da Saúde.

ANTECEDENTES

Presentemente, nos Países em de-senvolvimento, mais de 800 milhõesde pessoas sofrem de subnutrição.Cerca de 100 milhões de crianças emidade escolar não frequentam oensino e cerca de 60% das mesmassão do sexo feminino. Mais de milmilhões de pessoas vivem commenos de 1 dólar americano por dia.Cerca de 1,8 mil milhões de pessoasvivem em Países cujos regimes polí-ticos não respeitam as liberdades de-mocráticas, políticas e cívicas. Cerca

de 900 milhões de pessoas perten-cem a grupos étnicos, religiosos, ra-ciais e linguísticos que enfrentamdiscriminações (PNUD 2004). E isto,apesar dos progressos observadosnas últimas décadas.

Reconhecendo estes problemas, lí-deres mundiais firmaram o compro-misso de acabar com a pobreza nomundo durante a Cimeira do Miléniodas Nações Unidas realizada em

Setembro de 2000. Declararam o seucompromisso para com as pessoas,não só dos seus próprios Países, masde todo o mundo. Os 189 Países par-ticipantes na Cimeira, entre eles An-gola, adoptaram a Declaração do Mi-lénio, comprometendo-se a fazer opossível para atingir, no século XXI,objectivos fundamentais da Huma-nidade, incluindo a erradicação dapobreza, a promoção da dignidadehumana e a concretização da paz, dademocracia e da sustentabilidadeambiental. Da Declaração, nasceram os Objecti-vos do Desenvolvimento do Milénio(ODM) – um conjunto de 8 objec-tivos, 18 metas e 48 indicadores –que estabelecem metas concretas,limitadas no tempo, para avançar nodesenvolvimento e reduzir a pobrezaaté 2015, ou mais cedo.

ANGOLAAngola viu-se confrontada durantemais de 3 décadas em conflitosmilitares, que em decorrência da suaacção destruidora, deixaram o Paíscom uma complexa e difícil situaçãoeconómica e social. Cerca de 70% dasua população, encontra-se em situa-ção de pobreza. De entre 177 Paísesmencionados no Relatório do Desen-volvimento Humanos de 2004, Ango-la está classificada em 166ª lugar,

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68% da população angolana vivia, em 2000/2001, abaixo da linha da pobreza (correspondente a 1,70 dólaresamericanos por dia) e 26% da população vivia em extrema pobreza (0,75 dólar americano por dia).

Os níveis de escolarização são baixos devido, fundamentalmente, à baixa oferta de serviços de educação (como falta deinfra-estruturas e professores), à baixa qualidade dos serviços prestados e ao acesso limitado a recursos financeiros por

parte da população. As desigualdades de género são significativas. Em 2001, as mulheres constituíam 70% da força de trabalho do sector

informal e continuam a ser poucas as que desempenham cargos públicos. A taxa de alfabetização entre indivíduos maioresde 15 anos é de 82,2% para os homens e de apenas 53,8% para as mulheres.

A esperança média de vida dos angolanos é de 40 anos, a décima mais baixo do mundo.A taxa de mortalidade infantil em Angola é das mais altas do mundo onde 1 em cada 4 crianças morre antes de atingir 5anos de vida.A taxa de mortalidade materna também apresenta valores muitos altos com 1,700 por cada 100 mil nascimentos.Mais de 55% dos partos não são assistidos.

A malária é a principal causa de mortalidade, tanto entre adultos como entre crianças. Estima-se que a taxa de prevalência de VIH/SIDA entre indivíduos de 15 a 49 anos, em 2003, era de 3,9%. O número de órfãos devido ao SIDA é de 110 milhares de crianças.

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

com um IDH de 0,387 (PNUD 2004). A pobreza em Angola contrasta comas potencialidades em recursos natu-rais que o País oferece e com as suasriquezas minerais. Angola é o segun-do maior produtor de petróleo naÁfrica Subsariana e o quarto maiorprodutor de diamantes do mundo.Para além dos recursos minerais, An-gola beneficia de boa pluviosidade,terras aráveis, água, florestas, pescacosteira e do interior, e uma rara ri-queza de fauna e flora. O potencialeconómico oferecido por estes recur-sos ainda está por ser avaliado.

Em Setembro de 2000, Angola jun-tou-se a mais 191 Países para assinara Declaração do Milénio, comprome-tendo a Nação numa parceria globalpara reduzir a pobreza, melhorar asaúde e promover a paz, os direitoshumanos, a igualdade de género e asustentabilidade ambiental.

ESTRATÉGIA DECOMBATE À POBREZA

A celebração do acordo de paz em Abrilde 2002, trouxe a Angola uma nova es-perança sobre o seu futuro. Neste qua-dro, o Governo de Angola desenvolveua sua Estratégia de Combate à Pobreza(ECP), oficialmente apresentada emJaneiro de 2004. Esta estratégia surgenum contexto de consolidação da paz ena sequência dos objectivos e priori-dades fixados nos Programas do Go-verno, que advogam a necessidade dese promover um desenvolvimento eco-nómico e social abrangente e susten-tável. A ECP foi ligada ao Programa deReabilitação e Reconstrução pós-confli-to – PRR.

A ECP estabelece um quadro de ori-entações de política para abordar oproblema da pobreza em várias fren-tes. A estratégia apoia-se numa abor-dagem multi-sectorial que procuradar resposta ao problema multi-di-mensional da pobreza. Para alcançaros objectivos, o Governo identificou

as seguintes áreas de intervençãoprioritária: Reinserção Social; Desmi-nagem; Segurança Alimentar e De-senvolvimento Rural; VIH/SIDA;Educação; Saúde; Infra-estruturasBásicas; Emprego e Formação Pro-fissional; Governação; e Gestão Ma-croeconómica.

O Governo aprovou e implementa,actualmente, o Programa Geral doGoverno 2005 – 2006, cujo objectivoestratégico se insere no programa deErradicação ou Redução da pobreza.

DESAFIOS

Com base no que foi exposto sur-gem, naturalmente, as questões: Se-rá que Angola conseguirá até 2015dar resposta aos compromissos as-sumidos com a assinatura da De-claração do Milénio? Será que os ins-trumentos desenvolvidos e em de-senvolvimento são suficientes paragarantir a concretização dos Objec-tivos de Desenvolvimento do Milénioaté 2015?

Não são ainda conhecidos os alvosoperativos do País para todos os indi-cadores identificados. É necessário,entretanto, desenvolver estratégiaspara aumentar as capacidades deabsorção do País e fortalecer a coe-rência entre os processos de plani-ficação e o Orçamento Geral do Esta-do (OGE).

Urge obter uma análise dos finan-ciamentos necessários para atingir asMetas dos ODM fazendo a distinçãoentre as despesas do agregado fami-liar, despesas do governo e finan-ciamento externo. É imperativo queacções transparentes, realistas ebaseadas em cálculos concretos se-jam também adoptadas. Sem a im-plementação destas medidas, o ver-dadeiro potencial que os recursosnaturais e minerais de Angola podemintroduzir no seu processo de desen-volvimento, estará fortemente con-dicionado e manterá profundas assi-

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OBJECTIVOS

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

metrias sociais. A articulação daspolíticas governamentais com osObjectivos do Desenvolvimento doMilénio é factor chave para a dimi-nuição da pobreza.Importa reter, ainda, que na base daanálise da evolução dos indicadores,para cada um dos Objectivos do Milé-nio, deve coexistir, sobretudo, o senti-mento de que, constituem os mes-mos, um compromisso partilhado en-tre os Países em vias de desenvol-vimento e os Países desenvolvidos.Um desafio para o qual ambos Paísesdetêm papeis diferentes, mas relati-vamente ao qual o desempenho decada só pode ser analisado e inter-pretado à luz do outro.

Finalmente, no contexto dos princi-pais instrumentos legislativos inter-nacionais sobre os Direitos Huma-nos, já ratificados por Angola - in-cluindo o Pacto sobre os DireitosCivis e Políticos e o Pacto sobre osDireitos Económicos, Sociais e Cul-turais - surge o desafio de, no âm-bito de cada um dos ODM, consoli-dar as iniciativas que introduzemum impacto positivo na promoçãodos Direitos Humanos.

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OBJECTIVOS

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PROGRESSO DOS OBJECTIVOS RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

Os diversos sectores analisados emseguida, apresentaram diferentes está-gios de evolução em relação à imple-mentação dos Objectivos do Milénio emAngola. Entretanto, um factor comum atodos estes sectores está relacionadocom a escassez de estatísticas actua-lizadas que permitissem medir objecti-vamente os diversos indicadores queintegram a matriz de monitoria dos Ob-jectivos. Os dados disponíveis permi-tiram, contudo, constatar que de ummodo geral que a evolução do País emdirecção aos Objectivos foi reduzida. Orelatório reconhece ainda como pontopositivo o facto de se ter verificado aexistência no País de ampla legislaçãoque cria condições propícias para a im-plementação dos ODM. Há necessidade,no entanto, de fazer face à carência derecursos humanos e de capacidade ins-titucional para incrementar o combate àpobreza.

O Processo de Preparação eApropriação Nacional do Relatório

O processo de preparação do presenterelatório foi dirigido pelo Ministério doPlaneamento com a assistência dasNações Unidas sob liderança do PNUD.Com vista a integração deste processocom o que resultou na elaboração daEstratégia de Combate à Pobreza (ECP),as mesmas instituições governamentaisque integraram a comissão responsávelpela elaboração da ECP fizeram parte daequipa Técnica Nacional constituída paraeste relatório. Para além do Ministério doPlaneamento (MINPLAN), integraramainda a equipa nacional os ministériosdas Finanças (MINFIN), da Saúde (MIN-SA), da Educação (MED), da Agriculturae Desenvolvimento Rural (MINADER), daAssistência e Reinserção Social (MI-NARS), da Administração Pública, Em-prego e Segurança Social (MAPESS), daFamília e Promoção da Mulher (MIN-FAMU), do Urbanismo e Ambiente (MI-NUA), da Energia e Águas (MINEA), doComércio (MINCO) e da Justiça (MIN-JUS). Fizeram ainda parte da equipanacional o Instituto Nacional de Esta-tística (INE), o Instituto Nacional da Cri-

ança (INAC) e o Fundo de Apoio Social(FAS).

Para além do PNUD, outras agências dasNações Unidas, como o FNUAP, o UN-HRO, a FAO, o UNICEF, o PAM, o UNHCRe o Banco Mundial, participaram activa-mente neste processo.

Com vista a facilitar uma ampla parti-cipação neste processo, foram realizadosdois seminários técnicos, que contaramcom a participação, em média, de cercade quadro dezenas de participantes,representando as instituições acimareferidas. O primeiro seminário ocorreunos dias 11 e 12 de Julho do correnteano nas instalações do INAC e resultouna elaboração de um relatório comcontribuições ao relatório, para além deter permitido uma expansão e actua-lização dos dados estatísticos utilizadosna versão preliminar analisada. Osegundo seminário teve lugar no dia 11de Agosto no Hotel Trópico e visavafundamentalmente uma reapreciação dorelatório após a integração das con-tribuições saídas do seminário anterior.Também foi possível a elaboração de umdocumento contendo contribuições adi-cionais ao relatório.

Devido por um lado à escassez de dadosestatísticos actualizados e, por outro, ànatureza da grande maioria dos indi-cadores que integram a matriz de moni-toria dos Objectivos de Desenvolvimentodo Milénio (indicadores de impacto), ametodologia adoptada para o presenterelatório previa um maior enfoque naanálise do quadro de políticas criadotendo em vista o alcance das metas domilénio em 2015, que incidiu, funda-mentalmente, na realização de entre-vistas com responsáveis de diferentesorganismos, análise de relatórios secto-riais, planos e programas de desen-volvimento relacionados com as Metas,tendo em atenção a identificação delacunas que possam retardar o avançona concretização dos Objectivos deDesenvolvimento do Milénio.

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PROGRESSO DOS OBJECTIVOS DEDESENVOLVIMENTO DO MILÉNIO NOPERÍODO 2001-2004

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OBJECTIVO 1:

ERRADICAR A POBREZA EXTREMA

E A FOME

Foto:

Unic

ef

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META1 RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIA

Angola apresenta um conjunto de in-dicadores sociais ainda muito baixosque a colocam entre os Países maismenos desenvolvidos do mundo sob oaspecto do desenvolvimento humano.De entre os 177 Países relacionadosno Relatório de DesenvolvimentoHumano de 2004 do PNUD, Angolaficou classificada em 166º lugar, ao

nível do Índice de DesenvolvimentoHumano (IDH).

Em 2000-1, estimava-se que cerca de68% da população angolana viviaabaixo da linha da pobreza (corres-pondente a 1,70 dólares americanos pordia), 26% dos quais em situação deextrema pobreza (com menos de 0,75dólar americano por dia) 2.

Outro indicador que ilustra bem onível de pobreza é a medida de desi-gualdade na distribuição dos rendi-mentos. Enquanto o PIB per capita,mais do que duplicou (cerca de132,7%) no período entre 2000 e2004 (ver quadro), o coeficiente deGini, um indicador do nível de desi-gualdade na distribuição do rendi-

mento, aumentou de 0,52 para 0,62,no período entre 1994/5 e 2000/1.

No período 2001/2004 e com o fina-lizar da guerra em Abril de 2002, oEstado angolano pôde restabelecer-seem todo o território nacional. Houveregresso de grande parte dos desloca-dos. Estima-se que 98% dos4.392.888 deslocados já foram reins-talados até Maio 2005. Foi registado o

regresso de 313.817 refu-giados correspondentes a68,7 % do total, dos quais97.716 foram repatriadosde forma organizada. Po-rém, a desminagem dasáreas agrícolas e a recu-peração das infra-estru-turas destruídas durantea guerra tem avançado deforma lenta.

Os dados apresentadosna tabela que se segue

não revelam qualquer dimensãorigorosa do desemprego a nível na-cional. Trata-se, tão somente, dosmovimentos do mercado de empre-go registado nos 34 centros deemprego instalados em todo o País(dos quais seis localizados em Lu-anda).

Na análise destes dados, deve ter-se emconta o desfasamento entre as qua-

lificações damão-de-obra disponí-vel e aquelas exi-gidas pelo mer-cado de trabalho.Não obstante, a

criação de cen-tros integradosde “emprego eformação profis-

sional”, que têm demonstrado exercerum impacto positivo sobre o ajusta-mento do mercado de emprego, amagnitude do problema de desempregoa nível nacional sugere claramente duasleituras: a redução da procura dos cen-tros de emprego e das agências priva-das de colocação e, por outro lado, asbaixas qualificações em média, apresen-

20

Meta 1:

Reduzir parametade, entre

1990 e 2015, apercentagem dapopulação comum rendimento

inferior a 1 dólarpor dia.

Indicadores da Pobreza(%)

Fonte: INE, IDR 2000/01Nota: ND: dados não disponíveis

Comportamento do PIB per capita(valores em USD)

Fonte: Ministério do Planeamento

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

tada pela mão-de-obra angolana.

B) DESAFIOS

O principal desafio de Angola é direc-cionar, de forma eficiente, os recursosnecessários para a redução da grandepobreza existente no País. O custo deimplementação da actual Estratégia deCombate a Pobreza (ECP) está estimadoem cerca de US$3,15 mil milhões para operíodo 2003/2006, o que representauma média de pouco mais de US$0,790milhões em cada ano de implemen-tação. O nível de investimentos públicos,reduziu de cerca de 7,2% do ProdutoInterno Bruto (PIB) em 2002 para cercade 4,4% do PIB em 2004. No entanto, tomando-se o índice so-

bre o fosso de pobreza, que indica adistância média entre os rendimentosde um indivíduo pobre e a linha depobreza, pode ter-se uma ideia dovolume de rendimentos necessáriospara elevar este indivíduo pobre aonível da linha de pobreza. Estima-tivas, com base nos dados do Inqué-rito sobre Despesas e Receitas de

2000/2001, colocam este fosso derendimentos ao nível dos cerca de

US$ 2,8 mil milhões ao ano, o que re-presentaria cerca de 24,9% do PIBde 2002.

Diante destas estimativas, conclui-se, da importância de assegurar umnível de investimentos públicos(superior ao actual - 4,4% do PIB em2004) que introduza o impacto dese-jável sobre o nível de emprego e asatisfação das necessidades da popu-lação mais pobre.

No quadro do esforço de investi-mento do Governo Angolano, bemcomo a participação da comunidadeinternacional deve, em particular,

atender-se ao papel central que oemprego e a formação profissionaldevem desempenhar na diminuiçãodo Índice de pobreza. Um desafioimportante coloca-se, portanto, aonível da dinamização do mercado detrabalho, estimulando, por um lado, acriação de actividades geradoras derendimento, e por outro lado, facili-

21

META1

Comportamento do Mercado de Emprego

Fonte: Ministério de Administração Pública,Emprego e Segurança Social

Indicadores Relativos do Investimento Público

Fonte: Ministério do Planeamento

2A actualização de

informação sobre osIndicadores Básicos e Bem-estar da população (QUIEB)angolana está ainda na fasede preparação. No INEexiste um plano de cincoanos (2002-2006) aprovadopelo Conselho de Ministrosque engloba uma boa partede recolha de informaçãoestatística.

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tando a valorização do capital huma-no, peça fundamental de estratégiade desenvolvimento nacional. Tendoem conta a importância dos recursosproduzidos pelas empresas interna-cionais que operam no sector petro-líferos e diamantes, a sua conscien-cialização e envolvimento no proces-so de formação de mão-de-obra e decriação de emprego constituirá umimportante factor de luta contra apobreza no País.

C) POLÍTICAS E PROGRAMAS

O Governo de Angola tem vindo aimplementar investimentos públicoscom impacto na redução da pobreza,dos quais salientamos os seguintes:

I - Reabilitação e Modernizaçãodas Infraestruturas de Transporte:

A Construção Civil e Obras Públicassão sectores que criaram empregoem 2004: 163.905 postos de trabalhodirectos, dos quais 4.106 no sectorpúblico e os restantes no sector pri-vado. Nas telecomunicações, as ini-ciativas de liberalização têm permi-tido a criação e operação de novasempresas privadas. No âmbito doPrograma de Emergência para a Re-paração das Infraestruturas, proce-deu-se à reabilitação da rede de es-tradas asfaltadas, que conta com8.953 km:

132 km de estradas, com carácter

definitivo;1054 km de estradas, com carácter

básico, executada por empreiteiros:2614 km de estradas, com carácter

básico, executada por administraçãodirecta do INEA:

Pontes metálicas montadas: 32 pon-tes, correspondentes a 721m linea-res;

Pontes construídas de betão arma-do: 4.

Por outro lado, está em curso o “Es-tudo para o Programa de ReabilitaçãoUrgente dos Portos da República deAngola” financiado pelo Japão (Agên-cia de Cooperação Internacional, JI-CA) que visa os seguintes objectivos:

elaboração de um Plano de Curto Pra-zo de Reabilitação de Portos (Luanda,Lobito, Namibe e Cabinda) até 2010,elaboração do Plano de Emergênciade Reabilitação de Portos, com im-plementação parcial, elaboração doplano de acção para melhoria da ges-tão/operação dos portos e capaci-tação dos recursos humanos em ope-ração/manutenção.

II – Recursos Hídricos e EnergiaEléctrica:

Apesar de Angola ter uma rede hidro-gráfica rica e diversificada, com umescoamento superficial anual estima-do em cerca de 140 Km3, constata-seainda alguma debilidade no forneci-

22

Fontes de Financiamento dos Projectos e Acções do Sector das Obras Públicas para o Biénio 2005-2006

Ministério das Obras Públicas, Programa para o biénio, 2005-2006, Luanda, 2004.

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mento de água para consumo dasfamílias e fins industriais. A infra-estrutura hidráulica de Angola estáorientada, principalmente, para asatisfação das necessidades da pro-dução de energia eléctrica, atravésde barragens de diferentes portesassociadas a centrais geradoras deenergia. Também, existem barragensde regulação de caudais que garan-tem o fornecimento de energia emperíodos de estiagem e o aproveita-mento de vastas extensões de terre-nos aráveis a jusante destes empre-endimentos. As principais barragensdo País estão apresentadas no qua-dro abaixo.

Com o início da actividade comercialda Central Hidroeléctrica de Capanda,primeira fase com dois grupos de 260MW, aumentou-se a capacidade defornecimento de energia eléctrica doSistema Eléctrico Norte, cujos bene-fícios se reflectiram nas regiões deLuanda e Malange, onde as locali-dades de Malange e Cacuso passarama ser alimentadas a partir de Capan-da. A reabilitação do G.T.G do Biópio,cujo arranque, no final de 2004, re-forçou significativamente a capaci-dade de produção de energia eléctri-ca para a região de Benguela, per-

mitiu reduzir as restrições no forne-cimento de energia que existiam nes-ta região. A reparação e ampliação dacapacidade instalada da Central Hi-droeléctrica do Luquixe, permitiu me-lhorar o fornecimento de energia elé-ctrica à cidade do Uíge.

Verifica-se um aumento da produçãoe consumo de energia eléctrica.Assim, de acordo com os dados esta-tísticos disponíveis3, os sistemaseléctricos da ENE, que abrangem aquase totalidade do território nacio-nal, produziram 2.243,4 GWh, em2004, valor que representa um acrés-cimo de 12 % em relação à produção

do ano anterior que foi de 1.995GWh. A energia consumida em 2004foi de 1.636 GWh, superior a de 2003que foi de 1542GWh. A ponta máxi-ma de produção da ENE registou-seem Dezembro de 2004 e foi de 365MW. Estes acréscimos são, em gran-de parte, justificados pela melhoriada operacionalidade dos sistemaseléctricos e, como consequência, amaior disponibilidade de potência pa-ra atender à procura.

Note-se que, no âmbito do emprés-timo da China, doze acordos indi-

23

Fonte: Ministério da energia e Águas, Programa de desenvolvimento do sector das Águas, Luanda, Janeiro de 2004.

3 Ministério doPlaneamento, Direcçãode Estudos ePlaneamento, BalançoPrograma 2004 doGoverno, Luanda, 2005.

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viduais de crédito já foram assinadosconcernentes aos sectores estraté-gicos de energia e águas, com im-pacto evidente sobre a vida daspopulações. Por exemplo, a cidadecapital, Luanda, pode contar comduas novas linha de transportação deenergia, uma proveniente de Cam-bambe e Capanda (3ª linha de 220kV), outra entre a subestação deLuanda Sul e Cazenga (linha de 220KV, numa extensão de 60 km).

A ENE tem ainda outros projectos adesenvolver a curto e médio prazostais como o reforço das Subestaçõesdo Cazenga e Viana com transforma-dores de 60 MVA cada, a construçãoda Subestação do Luanda Sul 220/60/15 kV, 120 MVA, a instalação deuma turbina a gás de 80 MWna Quile-va,Benguela. O Governo vai tambémconstruir, até ao fim de 2005, vintecentrais de captação de águas sub-terrâneas, parte de um investimentopúblico avaliado em mais de três mi-lhões de dólares americanos em dife-rentes municípios da cidade capital,Luanda.

III - Programas Direccionados MaisDirectamente à População Pobre

Além dos investimentos públicos aci-ma mencionados, o programa doGoverno para o combate à pobrezainclui também os seguintes projectosque afectam mais directamente a po-pulação pobre, de que se salientam,a título exemplificativo:

a) Programa de Microcrédito, doMinistério da Família e Promoçãoda Mulher (MINFAMU).Desde 1999, o MINFAMU está a im-plementar um programa de micro-crédito dirigido essencialmente àsmulheres residentes em áreas urba-nas e rurais das províncias de Luan-da, Bengo, Cabinda, Bié, Malange,Benguela, Huambo, Huila e Namibe.Dados relativos a este Programa,revelam que em 2004 cerca de 20Organizações Não Governamentaisestavam empenhadas na implemen-

tação deste Programa, beneficiando,directamente, cerca de 18 mil pes-soas, e indirectamente, assumindouma média de 5 pessoas por agre-gado familiar, cerca de 90 mil.

Considerando a magnitude da inci-dência de pobreza no País, estimadaem cerca de 68%, ou cerca de 10milhões, fica evidente que este Pro-grama não atingiu, ainda, o nível deabrangência que seria desejável,representando apenas cerca de 1%deste universo. No entanto, o surgi-mento de novos bancos comerciais(Banco Sol e Novo Banco) a operar naárea de micro-finanças e o crescenteinteresse demonstrado por outrosbancos já estabelecidos no mercado ecom uma abrangência nacional maior(BCI e BPC), pode estimular a expan-são deste Programa para outrasprovíncias bem como a multiplicaçãode iniciativas similares.

b) Fundo de Apoio Social (FAS):Os Fundos Sociais têm como obje-ctivo, alcançar os grupos vulnerá-veis e pobres através de uma inter-venção rápida e dirigida, criandooportunidades de emprego, princi-palmente trabalho de baixo rendi-mento e não especializado, atravésdo financiamento de projectos pú-blicos de infra-estruturas, nomea-damente, estradas, pontes, siste-mas de saúde e escolas. Em Angola,o FAS opera desde 1994, com finan-ciamento proveniente principal-mente do Governo e do Banco Mun-dial (IDA), implementando projectosligados à construção e reabilitação deescolas do 1º nível, abastecimento deágua e saneamento básico (fontená-rios, poços tubulares, latrinas e ou-tros). Actualmente, presente em 12das 18 províncias do País4 , o FAS im-plementou cerca de 1.666 projectos(687 no período 1994-2000 e 979 noperíodo 2000-2003) que beneficia-riam uma população estimada emcerca de 2,4 milhões. Durante a suaterceira fase, iniciada em 2003 e aser implementada até 2007, o FASconta executar uma carteira de 2.345

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projectos avaliados em cerca de US$120 milhões. A população beneficiáriaestá estimada em cerca de 3 milhõesde pessoas. Comparando estesnúmeros com o efectivo da populaçãopobre, mesmo quando a populaçãode beneficiários do FAS é tomada emvalores cumulativos, é evidente queuma parte substancial da totalidadeda população pobre não está ainda aser abrangida por estes programas,embora seja já muito significativa emrelação à população em situaçãoextrema de pobreza (26%, ou seja2,6 milhões de pessoas).

c) Programa Geral de Desmobili-zação e Reintegração Sócio-profis-sional dos Ex-militares:Este programa abrange os desmobi-lizados e seus dependentes, resul-tantes dos acordos de Bicesse e Lusa-ka, incluindo o Memorando de Enten-dimento do Lwena. Até Maio de 2005,o Instituto de Reintegração Sócio-Profissional dos Ex-Militares (IRS-EM)tinha registado cerca de 202.951 ex-militares desmobilizados, dos quais98.098 relativos ao Memorando doLwena, cuja estimativa de dependen-tes directos é de cerca de 406.214pessoas. O custo total do programa está ava-liado em cerca de US$ 127 milhões,dos quais US$ 33 milhões foram doa-dos pelo IDA e US$ 48 milhões sãoprovenientes de doadores bilaterais.

d) Programa de Reassentamentoe Assentamento dos DeslocadosInternos: até Março de 2005 foramreassentados e assentados nas suaszonas de origem, ou de preferência,cerca de 98% dos cerca de 4.5 mi-lhões de deslocados internos identi-ficados depois da conquista da paz.Os restantes 2% do total das popu-lações deslocadas, corresponde aonúmero de pessoas que, de uma for-ma ou de outra, se integraram nasrespectivas comunidades acolhe-doras.

D) PRIORIDADES PARA A ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

As principais prioridades no com-bate à pobreza em Angola são acriação de emprego e formaçãode mão-de-obra, o desenvolvi-mento da iniciativa privada e oaumento significativo de investi-mentos públicos, em particular nossectores sociais e de reabilitação deinfraestruturas, procurando, assim,diminuir a pobreza, a população vul-nerável, principalmente refugiados edeslocados.

Outra prioridade, prende-se coma necessidade de melhorar a ima-gem do País perante a comunidadeinternacional através de medidas queaumentem a transparência e a credi-bilidade do Estado. Estas medidaspermitem,consequentemente, incre-

25

4 O FAS tem expandidoprogressivamente a suacobertura geográfica, estan-do neste momento presentenas províncias de Cabinda,Zaire, Bengo, Luanda,Kwanza Sul, Ben-guela,Namibe (todas no litoral doPaís) e as provín-cias daHuila, Cunene, Huambo eBié (estas mais no interiordo País).

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mentar o poder do País na negocia-ção de créditos externos, maximi-zando o acesso a financiamentosmultilaterais e bilaterais com baixoscustos, minimizando a necessidadede empenhar garantias de petróleo. Arecente negociação de linhas decrédito com a China é um sinal deconcretização das mudanças neces-sárias para atrair novas fontes derecursos externos.

E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO EMONITORIZAÇÃO

A capacidade de Avaliação e Moni-torização da Erradicação da Pobrezacontinua ainda condicionada por faltade recursos humanos capazes degarantir uma recolha permanente dosdados estatísticos.

Meta 2:Reduzir para metade, entre 1990e 2015, a percentagem dapopulação que sofre de fome.

A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIA

Com a obtenção da paz em Abril de2002, grande parte das famílias,outrora deslocadas, regressou àssuas zonas de origem. Estas, ante-riormente dependentes da ajuda hu-manitária, passaram a produzir paraauto-consumo. Apesar da inexistên-cia de fontes recentes sobre consumofamiliar, pode-se concluir que o retor-no de parte da população às zonas deprodução agrícolas tem levado amelhoria na oferta de alimentos.Persistem, contudo, alguns factoreslimitativos do aumento da produ-ção, nomeadamente, o estado dedegradação das infraestruturas decomunicação, a dificuldade no pro-cesso de distribuição dos produtos(consequência da lenta reabilitaçãoda rede viária e da reabilitação depontes) e a existência de um inci-piente sistema de conservação e pro-cessamento de produtos agro-pecu-ários. Estes factores impedem o nor-mal escoamento da produção para os

grandes centros de consumo e desin-centivam o aumento da produção nomeio rural. No período 2002/2004 re-gistaram-se evoluções positivas,mas modestas, nas produções deraízes e tubérculos e de cereais euma regressão na produção de legu-minosas, reflectindo também a evolu-ção das condições climatéricas.O elevado número de vias de comu-nicação (estradas e pontes) ainda porreabilitar, continua a manter o mer-cado interno de alimentos bastantefragmentado. Produções são perdidaspor falta de vias de escoamento. Estasituação desencadeia uma grandepressão sobre os preços finais dosalimentos que acabam por chegar aoconsumidor muito inflacionados.Em 2001, a incidência de mal nutri-ção crónica global entre criançasmenores de 5 anos era de 45%. Esteindicador é de tipo estrutural e re-flecte a exposição destas crianças asituações de escassez alimentar du-rante longos períodos da sua fase decrescimento.

B) DESAFIOS

O Orçamento Geral do Estado (OGE)para o exercício de 2005 destina cer-ca de 3,06% das despesas públicaspara o sector da agricultura, pescas emeio ambiente. Diante da magnitudedo problema da segurança alimentar,essa despesa deverá ser aumentada,para não comprometer os compro-missos de País em relação aos ODM,nomeadamente no que concerne àmelhoria das condições de nutriçãoda população.Com o fim do conflito armado, o Go-verno tem vindo a implementar ac-ções visando a recuperação de infra-estruturas e da promoção e reinser-ção social, baseado em actividadeseconómicas geradoras de rendi-mento, promovendo assistência téc-nica e formação. Entretanto, estasiniciativas são ainda ténues. A fome,que constitui a face mais visível dapobreza extrema, ainda atinge partesignificativa da população angolana,em particular da mais jovem, con-forme demonstra os Índices de pre-

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valência de má-nutrição na popula-ção infantil.

C) POLÍTICAS E PROGRAMAS

O incentivo à segurança alimentar eao desenvolvimento rural são doisdos principais objectivos do programaque visa satisfazer as necessidadesalimentares internas e relançar aeconomia rural, uma das áreas vitaispara o desenvolvimento sustentável deAngola. Acções como o desenvolvimento

do sector tradicional e o sector empre-sarial agro-pecuário, inseridas no pro-grama ECP (Estratégia de Combate àPobreza), são duas prioridades do Pro-grama do Governo, 2005-2006. Tendo em vista este objectivo, o Go-verno está a promover o sector agro-pecuário, concentrando-se nas cul-

turas de cereais, leguminosas, raí-zes e tubérculos, café, produtos depesca continental/artesanal, a cria-ção de pequenos ruminantes e gadobovino, considerados tradicional-mente como os produtos de base dadieta alimentar da população ruralangolana. Na estratégia de segurança alimentar,insere-se o desenvolvimento partici-pativo das populacões rurais. Fazemparte das políticas e programas nocombate à fome e à pobreza, progra-

mas de crédito, capacitação e diversi-ficação de soluções institucionais (agên-cias públicas, grupos comunitários, or-ganizações participativas), apoio à des-centralização e reformas do sector pú-blico. Há, também, a promoção do desen-volvimento das capacidades locais, en-volvendo relações entre os grupos co-

27

Fonte: GEPE, Gabinete de Segurança Alimentar, MINADER

Fonte: MICS, 2001Nota: ND: dados não disponíveis; ** Tendência Pessimista

Indicadores de mal nutrição (%)

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munitários, ONGs e empresas, atravésdo financiamento de pequenos investi-mentos.

D) PRIORIDADES PARA A ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

O Governo tem implementado pro-gramas de relançamento do sistemaagrícola no País como forma de de-senvolver um sector que sofre da fal-ta de uma politica agrícola e das se-quelas de guerra. O Governo tem vin-do a priorizar a recuperação de infra-estruturas que promovem o rápido

desenvolvimento do sector agro-pecuário.A promoção do desenvolvimento sus-tentável dos recursos e de activida-des-piloto para criar condições de re-lançamento de outras actividades, taiscomo, micro-finanças, extensão ru-ral, pequenos regadios, produção deleite, suinicultura, avicultura e api-cultura, é também da prioridade dosector e pretende garantir a seguran-ça alimentar das populações, está con-sagrada no Programa do Governo2005-2006 como altamente prioritáriacomo primeiro passo para a consti-tuição de um Cluster Alimentação.

E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO EMONITORIZAÇÃO

Avaliação do Progresso na Imple-mentação do Objectivo 1

A concentração de esforços do Estado

em estender a sua soberania a todo oPaís, explica o ainda fraco desempe-nho na implementação do objectivo 1.O PGG 2005-2006 apresenta duas pri-oridades básicas: o combate à fome eà pobreza e a estabilidade social. Pararesponder a este objectivo, O PGG2005-2006 coloca a recuperação da pro-dução nacional como núcleo central doPrograma, que garantirá o encadea-mento entre os investimentos públicos eprivado. Espera-se que, com os recur-sos adicionais provenientes da alta dopetróleo e o reforço do apoio da comuni-

dade internacional, Angola saia do perí-odo de transição acima mencionado eintensifique a prioridade real aos in-vestimentos nas áreas agrícolas, so-ciais e de infraestruturas, criando con-dições para a concretização dos ODM. O período de 2001 a 2004 é ainda relati-vamente curto para se avaliar mudan-ças estruturais na economia, principal-mente tendo-se em conta que, no iní-cio desse período, o País se encontra-va em guerra.

Considerando-se o quadro anterior oprogresso na implantação do ODM podeser o seguinte:

Probabilidade de atingir o objectivo- Razoável

Nível actual do alcance do objectivo- Fraco

Nível de políticas existentes: - Razoável

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OBJECTIVO 2:

ASSEGURAR O ENSINO PRIMÁRIO UNIVERSAL

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A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIAS

Com o fim da guerra, o Governo, atra-vés do seu Programa para 2003, como apoio de parceiros, construiu oureabilitou escolas em todas as provín-cias do País, o que resultou numa ex-pansão na oferta de serviços de edu-cação, nomeadamente no ensino pri-mário. Com efeito, o número total deefectivos escolares no ensino primá-rio, passou de cerca de 1,3 milhõesde alunos em 2000 para cerca de 2,5milhões em 2003, representando umataxa de crescimento geral de 24%.Por outro lado, os dados demonstram

que esta expansão dos serviços deeducação teve um efeito espacial, jáque provocou uma importante inver-são na distribuição dos efectivosescolares entre a região litoral e ointerior do País. Assim, enquanto em2000, os efectivos escolares das pro-víncias do litoral representavam cercade 57,7% do total do de efectivos noensino primário contra 42,3% dasprovíncias do interior, em 2004, aproporção de alunos das provínciasdo litoral passou a representar cercade 39,7% do total de alunos doprimeiro nível contra cerca de 60,3%das províncias do interior.

Convém, no entanto, referir, que ape-sar do alargamento do acesso aosserviços de educação, persistem ain-da significativas disparidades por se-xo. A taxa de crescimento médio anu-al de rapazes matriculados no EnsinoPrimário foi quase o dobro da taxapara as raparigas, 30,6% e 16,3% aoano, respectivamente. O crescimento dos efectivos escolaresacima referido provocou, um aumento

nas taxas de escolarização, tendo ataxa bruta crescido de cerca de56,7% em 2000 para cerca de 91,1%em 2003, e a líquida de cerca de38,2% para 49,1% no período de2000 a 2002.

De qualquer forma, os constrangi-mentos que tipificam o sector da edu-cação em Angola, continuam bem pa-tentes nos dados disponíveis e devemser devidamente caracterizados, ten-do em vista o compromisso da educa-ção universal para 2015 assumido noâmbito dos ODM.

Um destes constrangimentos é onível de desempenho e eficiênciaescolares. Uma importante proporçãodas crianças que entram no sistema,permanecem nele por um períodoacima do que seria desejável. Estaproporção pode ser captada, subtra-indo a taxa líquida à taxa bruta deescolarização. Em média, cerca de23% dos alunos (ou seja cerca de 1em cada 4 alunos) que entra nosistema permanece nele acima dotempo desejável. Os dados revelam,ainda, que este fenómeno tende apiorar, já que entre 2000 e 2002, aproporção de alunos nesta situaçãopassou de cerca de 18,5% para cercade 30%.

O baixo nível de desempenho e efici-ência escolares reduz o fluxo de en-trada de novos alunos no sistema namesma proporção, arrastando peno-sas consequências para o desenvol-vimento dos resultados do Sistemado Ensino. Isto significa dizer que,por mais que a oferta de serviços sejaexpandida, através da construção de

30

Meta 3:

Garantir quetodos os

rapazes eraparigas

terminem ociclo completo

do ensinoprimário.

Fonte: Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística do Ministério da Educação

Alunos Matriculados no Ensino Primário2000-2003

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

escolas, a meta de educação primáriauniversal não será atingido, sem quese veja resolvida a questão do de-sempenho e eficiência escolares.

Afim de se ultrapassar este problema,três outros constrangimentos, que so-bre ele têm relação directa, devemser resolvidos. Um destes factores é aentrada tardia das crianças na escola.Efectivamente, segundo os dadosdisponíveis, apenas cerca de 22,0%das crianças com 6 anos - a idaderecomendada para o início da educa-ção formal - ingressam no sistema deensino. O problema do acesso aoregisto de identidade, foi identificadocomo uma das principais causas, masoutras causas de natureza socio-económica podem influenciar esteindicador.

As elevadas taxas de reprovação e deabandono escolar são os outros doisconstrangimentos que devem ser ul-trapassados. Os níveis de reprovaçãoe de abandono escolar podem sercaptados a partir da análise das taxasde conclusão, que indicam a propor-ção de alunos que concluem o ensinoprimário após 6 anos de escolariza-ção5 . As taxas de conclusão forammuito baixas no período entre 2000 e2003, sendo em média de 21,6%.Isto significa dizer que apenas 1 emcada 5 crianças em idade de terminaro ensino primário consegue efectiva-mente cumpri-lo.Devem assinalar-se também duastendências na evolução do SistemaEducativo: uma que se prende com adimensão do sistema, a qual tem re-

velado uma evolução muito positiva,outra que traduz uma produtividadedo sistema bastante deficitária. Deentre os factores endógenos e exó-genos que explicam uma entropiainterna, pode evidenciar-se o nível derendimento dos agregados familiarescomo um dos principais. Segundodados do inquérito MICS de 2001, afrequência do ensino básico para ascrianças pobres atinge os 35% (1ºquintil) enquanto que para os ricos

(5º quintil) se situa à volta dos 77%.

B) DESAFIOS

Na estratégia de combate a pobreza,o sector da educação é uma das pri-oridades na medida que o seu orça-mento está na segunda posição e apa-rece com 15% do orçamento totalpara a redução da pobreza. Entre-tanto, o OGE, para 2005, atribui cer-

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Fonte: Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística, Ministério de EducaçãoNota: ND: Dados não disponíveis

Indicadores de Escolarização no Ensino Primário(%)

Evolução das Taxas de Escolarização (Líquidas e Brutas)e da Taxa de Conclusão

(%)

5 O sistema educativoAngolano está a serreformado. Fruto destareforma, o ensinoprimário passará a serde seis classes em vezde quatro.

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ca de 7,14% de despesa pública parao sector da educação, dos quais cercade 0,58% estão destinados para aconstrução e aquisição de equipa-mentos para as escolas primárias. Hánecessidade de melhorar a eficáciainterna através de:

Redução da Taxa de Abandono donível actual (13,9% em 2003) para9,8% em 2010 e 6,9% em 2015;

Redução da Taxa de Repetênciado nível actual (26,3% em 2003)para 18,7% em 2010 e 13,2% em2015;

Aumento da Taxa de Promoção donível actual (59,8% em 2003) para71,5% em 2010 e 79% em 2015.

Aumento da Taxa de Conclusãodo nível actual (36% em 2003) pa-ra 61,6% em 2010 e 80% em 2015.

Adicionais desafios são:

Melhoria da gestão, reforço daparceria com os organismos nacio-nais e internacionais e melhoria dosistema de informação.

Implementação no sistema deensino da política nacional de pre-venção e combate às ITS´s e VIH/SIDA

Reforço da capacidade institucio-nal para a promoção e generaliza-ção das Línguas Nacionais comomeio de ensino;

Introdução de um sistema deavaliação da qualidade das apren-dizagens baseado em indicadoresmínimos previamente definidos pa-ra cada disciplina, até 2015;

Implementação de um novo mo-delo de gestão descentralizada dosistema educativo até 2010;

Melhoria das condições de tra-balho e dos recursos humanos emfunção da Reforma Educativa.

Reforço institucional para a pro-moção e a implementação de umaPolítica de Educação Ambiental noSistema de Educação.

C) POLÍTICAS E PROGRAMAS

Angola está a implementar diversasacções visando o reforço da educa-ção:

a) Identificação, formação e recru-tamento de agentes educativos. Em2003, foram recrutados 29.184 docen-tes para poder fazer face ao cresci-mento do número de alunos. Em 2004,as estimativas apontavam por 23.377docentes a recrutar. Com o projecto daformação contínua, apoiado pela UniãoEuropeia, foram capacitados mais de10.000 professores entre 1998 eJaneiro de 2005.

b) Focalização dos currículos paraaprendizagens básicos. No âmbitoda Reforma Educativo em curso,foram produzidos novos manuais deensino primário com vista a melhoriados conhecimentos dos alunos e aqualida-de do ensino.

c) Recuperação e implementação deinfraestruturas físicas. O Ministérioda Educação, através do programa deinvestimentos públicos e com o apoiodos seus parceiros, tem estado a cons-truir e reabilitar as infraestruturas es-colares. As diferentes igrejas acredi-tadas em Angola e também outrasorganizações da sociedade civil desen-volvem acções educativas como aconstrução e reabilitação das escolas.Importa salientar que mais de 10.000salas de aulas foram construídasentre 2000 e 2003.

d) Disponibilização de material es-colar. A gratuidade do ensino abran-ge, apenas, o não pagamento da ins-crição e da propina. O pagamento dematerial escolar, incluindo os livros, éda responsabilidade das famílias. Ten-do em conta o rendimento médio damaioria das famílias angolanas, o seucusto pode ser considerado demasia-do elevado. A incapacidade das famí-lias para adquirir o material escolarcondiciona o princípio da equidade.Raramente existem bibliotecas nasescolas ou qualquer material biblio-gráfico que possibilite aos professo-res colmatar a carência de materiais

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didácticos. Nestas condições, o pro-cesso de ensino/aprendizagem teránecessariamente de se ressentir comevidentes prejuízos para o rendimen-to escolar.

e) Diminuição da disparidade emequidade geográfica. Foi elaboradoum programa, aprovado pelo Conse-lho de Ministros, de emergência nasprovíncias mais afectadas pela guer-ra. A estratégia de combate à pobrezadefine as prioridades geográficas deacordo com o princípio da equidade,colocando em primeiro plano as pro-víncias mais afectadas pela guerra.

f) Reforço da capacidade de ges-tão, planeamento e supervisão.Desde o ano 2001, está em curso aimplementação de acções de forma-ção para os gestores do sistema deensino ao nível local. Na área da pla-nificação, merecem destaque as ini-ciativas de elaboração da carta esco-lar e de melhoria do sistema de infor-mação estatística.

g) Mobilização de recursos. OGoverno de Angola tem mobilizadorecursos através de vários projectos,tais como: Fundo de Apoio Social ePrograma de Emergência, com recur-so ao financiamento do Banco Mun-dial; construção e apetrechamento de173 salas de aula na cidade de Luan-da, com recurso à cooperação japo-nesa; projecto de formação em ges-tão escolar com a cooperação fran-cesa; projecto de construção, ape-trechamento, formação de docentes eprodução de manuais escolares com oBrasil; linha de crédito da China; eprojecto de apoio ao ensino primárioem Angola com a União Europeia.

h) Investimento no capital huma-no para a recuperação e reinser-ção social. O Ministério da Educaçãofez um levantamento do universo denovas crianças bem como do efectivode docentes para fazer face a estedesafio. Nas províncias foram ergui-das escolas com apoio das comuni-dades, demonstrando o desejo de re-cuperação do tempo perdido duranteo conflito armado. Em 2003, foram

admitidos cerca de 800.000 alunos eem 2004, entraram 502.485, o queperfaz um total de 1.261.210 alunos.Foram desenvolvidas acções na áreada alfabetização. Entre 2000 e 2003,foram alfabetizados 631.913 adultos,dos quais 61% eram mulheres.

Segundo o inquérito sobre indicadoressociais, a taxa de alfabetização dogrupo etário dos 15 aos 24 anos deidade, é de cerca de 71% enquantoque a das mulheres se situa em cercade 63%.

D) PRIORIDADES PARA A ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

E previsível que o número de parceirosque apoiam o sector aumente à me-dida que diversos doadores saíam dasactividades de emergência para umapoio ao desenvolvimento do sector. Oprograma integrado de ensino dequalidade da UNICEF que apoiara oMED na formação de professores, nadistribuição de material escolar e naelaboração da carta escolar. Os pro-gramas do Banco Mundial e do BancoAfricano de Desenvolvimento concen-tram as acções na construção e reabi-litação das escolas, na formação deprofessores e distribuição de manuaisescolares. A União Europeia irá incidiras acções no reforço institucional, pla-nificação, gestão, avaliação e forma-ção no ensino primário.

E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO EMONITORIZAÇÃO

O sistema nacional de informação es-tatística é confrontado com muitosproblemas que limitam a sua capaci-dade de recolha, tratamento e produ-ção de dados. Há grande insuficiênciade uma informação estatística opor-tuna e abrangente que permita a pla-nificação, o acompanhamento e ava-liação da qualidade de prestação deserviços do sistema educativo.

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Avaliação do Progresso na Im-plementação do Objectivo 2

Nos últimos anos registou-se umcrescimento muito elevado de crian-ças que regressaram ou ingressaramno sistema escolar, bem como umexpressivo recrutamento de novosdocentes.

Porém, verificou-se uma importanteproporção de crianças que perma-necem no sistema escolar por umperíodo acima do que seria desejável.Em média, cerca de 23% dos alunos(ou seja cerca de 1 em cada 4 alunos)que entra no sistema permanece neleacima do tempo normal. Adicional-mente, as taxas de conclusão forammuito baixas no período entre 2000 e2003, sendo em média de 21,6%.Isto significa dizer que apenas 1 emcada 5 crianças em idade de terminaro ensino primário consegue efectiva-mente cumpri-lo.

O sistema nacional de educação estáa ser reformado. O Projecto de PlanoNacional de Educação para Todos foisubmetido a consulta em 2004, com aparticipação de todos os parceirosnacionais e internacionais. Este docu-mento define o quadro das interven-ções para que o País possa atingir asmetas de educação para todos.Verifica-se que o OGE 2005 previauma alocação de 7.14% para o sectorde educação. É importante que as do-tações orçamentais para o sector da

educação atinjam o marco de 20%,recomendado pela UNESCO no qua-dro do programa Educação para To-dos.

Considerando-se o quadro anterior, oprogresso na implantação do ODMpode ser o seguinte:

Probabilidade de atingir o objectivo- Razoável

Nível actual do alcance do objectivo- Razoável

Nível de políticas existentes -Razoável

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OBJECTIVO 3:

PROMOVER A IGUALDADE DO GÉNERO E A CAPACITAÇÃO DAS MULHERES

Foto:

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A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIA

Os dados disponíveis em 2002, de-monstram que a taxa líquida de esco-larização no ensino primário é pararapazes e raparigas de 56,8% e41,3% respectivamente. Evidenciaeste indicador, as desigualdades degénero em Angola na educação.

Para o aumento da taxa líquida de es-colarização verificada para o períodode 2000 a 2002, de 38,2% para49,1% contribuíram os acréscimos de35,9% para 41,3% na referida taxapara as raparigas e os, consideravel-mente superiores, para os rapazes,de 40,1% para 56,8%.

Também para as taxas brutas de es-colarização, a tendência crescente,de 56,7% em 2000 para 91,1% em2003, registou comportamentos deamplitude diferenciada para rapazese raparigas: 52% para 76,6% nasraparigas e 60,3% para 123,3% nosrapazes.

No ensino secundário, as raparigascontinuam em desvantagem com re-lação aos rapazes não atingindo, ain-

da, os 50% (48% em 2002).

Na vida activa as mulheres consti-tuíam, em 2001, 70% da força detrabalho do Sector Informal, mascontinuam em minoria em cargos pú-blicos. A taxa de alfabetização entreos indivíduos maiores de 15 anos éde 82,2% para homens e 53,8% paramulheres.

Pelos dados referidos que se repor-tam, todavia, a 2002, pode-se cons-tatar que Angola se encontra aindarelativamente distante dos ODM. Será importante reapreciar esta situ-ação com dados mais recentes.

B) DESAFIOS

Os desafios principais que devem serconsiderados para o cumprimento doObjectivo de Promover a Igualdadeno Género, são os seguintes:

a) Reduzir a desigualdade de génerode cariz geográfico. O fim da guerraem Angola abriu novas perspectivaspara reduzir a diferença entre género

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Meta 4:

Eliminar adesigualdade de

género no ensinoprimário e

secundário sepossível até2005, e em

todos os níveisaté 2015.

Fonte: Ministério de Educação, Ministério de Emprego e Segurança Social, MINFAMUNota: (a) dados referentes a 2000, constantes do Relatório de Desenvolvimento Humanos de 2002

Indicadores de Promoção de Género(%)

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nas áreas rural e urbana, entre pro-víncias do interior e do litoral.

b) Eliminar as desigualdades de gé-nero no Ensino Primário e Secundárioe alcançar até 2015 a igualdade entresexos na educação.

Para responder a estes dois desafiosprincipais é fundamental assegurar ainteracção entre os vários sectores go-vernamentais envolvidos na concreti-zação do objectivo e a definição clarados programas e projectos e dos indi-cadores que, a eles associados, faci-litarão a avaliação dos progressos.

C) POLÍTICAS E PROGRAMAS

O Plano de Acção de Educação paraTodos, 2001-2015 compromete-se aaumentar, assegurar o acesso, a per-manência, a qualidade das aprendi-zagens e a plena participação de to-dos angolanos e a eliminação das dis-paridades entre rapazes e raparigas.O Programa Nacional de Género nocontexto do Sistema Educativo 2001-2005 do Ministério da Educação rea-liza, com apoio do UNICEF, campa-nhas de combate ao analfabetismo.Nessas campanhas participam activa-mente as igrejas, associações e orga-nizações não-governamentais. A nãoatribuição de subsídios para os alfa-betizadores e a fraca adesão de rapa-rigas e mulheres têm constituído osprincipais constrangimentos do pro-grama.

O Ministério da Educação pretendereduzir as disparidades de género noEnsino Primário e Secundário até ofim de 2005, e alcançar, até 2015, aigualdade de género na educação,assegurando o acesso pleno e equi-tativo a uma educação básica de qua-lidade para as raparigas e rapazes,condições que deverão contribuirpara iguais possibilidades de sucesso.

O Plano de Acção para o Biénio 2005-2006 do Ministério da Família ePromoção da Mulher prevê a criaçãode Centros de Formação Profissional

para mulheres em 10 províncias e odesenvolvimento de uma Base de Da-dos sobre género, com o duplo ob-jectivo de pretender a monitoria daparticipação da mulher no processode desenvolvimento político, eco-nómico e social e de contribuir paraum melhor e consubstanciado pla-neamento e na tomada de decisãopolítica.O Governo aprovou uma Estratégia so-bre Género que está a implementaraté 2005 para acelerar a participaçãoda mulher nas posições de Respon-sabilidade nos domínios social, econó-mico, político e familiar a todos os ní-veis e em todas as etapas da vidarespeitando os princípios de igualdade,desenvolvimento e paz.

D) PRIORIDADES PARA A ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

Com o objectivo principal de acelerara participação das mulheres na ocu-pação de cargos de responsabilidadenas diferentes esferas sócio-econó-micas, o Estado continuará a refor-çar os acordos com as organizaçõesbilaterais e multilaterais como oPNUD, UNIFAM, UNICEF e FNUAPpara assistência nos domínios consi-derados como prioridade do Minis-tério da Família e Promoção da Mu-lher (MINFAM).

E) CAPACIDADE DE AVALIA-ÇÃOE MONITORIZAÇÃO

Qualquer análise que se pretenda fa-zer para avaliar a promoção da igual-dade de género e eliminação das dis-paridades entre sexos no ensino pri-mário e secundário, enfrenta, umagrande insuficiência de apoio em in-formação estatística como conse-quência da insuficiência de quadrosespecializados desde o nível local,municipal, provincial e central.

Avaliação do Progresso na Imple-mentação do Objectivo 3

Na vida activa, as mulheres consti-tuíam, em 2001, 70% da força de

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trabalho do sector informal e con-tinuam a ser em número reduzido asque detêm cargos públicos. Quantoà proporção de mulheres com as-sento na Assembleia Nacional, a si-tuação baixou de 15,5% para 12,3%de 2000 para 2002. No GovernoCentral, 15% dos 80 ministros evice-ministros são mulheres e dos384 responsáveis pela governação

local regista-se uma participação de3,4% mulheres. Na magistratura ju-dicial (com um total de 344 magis-trados) e na diplomacia (402 diplo-matas) 16,9% e 21,9%, respectiva-mente, são mulheres. A taxa de al-fabetização entre indivíduos maioresde 15 anos é de 82,2% para homense 53,8% para mulheres.

Para reduzir a desigualdade de génerono mundo do trabalho e na educaçãoé fundamental assegurar a interacçãoentre os vários sectores governa-mentais envolvidos na concretizaçãodos ODM. Há necessidade de umadefinição clara dos programas e pro-jectos e dos indicadores que, a elesassociados, facilitarão a avaliação dosprogressos dos ODM no género.

O Governo aprovou uma Estratégiasobre Género que está actualmente aser implementada. Entretanto, paraacelerar a participação da mulher po-bre na sociedade é necessário aoEstado elaborar a Política Nacional doGénero; a Lei contra a violência do-

méstica e reforçar a capacidade ins-titucional dos ministérios no tocante agénero. Haverá necessidade de maiorempenho financeiro do Estado – oOGE não identifica especificamentequalquer programa sobre género – eda comunidade internacional.

Considerando-se o quadro anterior oprogresso na implantação do ODM

pode ser o seguinte:

Probabilidade de atingir o objectivo- Razoável

Nível actual do alcance do objectivo- Fraco

Nível de políticas existentes -Razoável

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OBJECTIVO 4:

REDUZIR A MORTALIDADE EM CRIANÇAS COM MENOS DE 5 ANOS

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A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIA

A taxa de mortalidade infantil de An-gola é ainda uma das mais altas domundo, sendo a malária a principalcausa de morte entre as crianças commenos de 5 anos. As informações de2001 constantes do anterior relatóriodos ODM, quando comparadas comas de 2003, revelam não ter havidomelhoria nos indicadores deste obje-ctivo. Observou-se, contudo, um pro-

gresso no número de crianças imu-nizadas contra o sarampo, que au-mentou de 53,4% em 2001 para 62%em 2004, muito embora o nível decobertura permaneça relativamentebaixo. O controlo da poliomielite éigualmente um dado aceite.

Para reverter a alta taxa de morta-lidade infantil prevalente em Angola eatingir as metas do milénio, grandesesforços deverão ser investidos naconstrução e no equipamento das uni-dades sanitárias, em particular dosserviços materno-infantil em todasprovíncias.

Os indicadores acima referidos sãovisualizados no gráfico a seguir:

B) DESAFIOS

Os desafios traçados pelo Ministérioda Saúde nesta área encontram-seno Plano Estratégico para a ReduçãoAcelerada da Mortalidade Materno-Infantil em Angola (2004-2008), queassume como uma das principaismetas, até 2015, a redução da taxade mortalidade de crianças com me-nos de 5 anos para 104 crianças pormil nados vivos. No âmbito do Pro-

grama Alargado de Vacinação (PAV) eno contexto do Plano Bienal 2005-2006 foram definidas as seguintesmetas:

pelo menos, 80 % das unidadessanitárias realizem actividades devacinação de rotina;

pelo menos, 80 % das criançastenham acesso às actividades devacinação de todos os antigénios;

75 % dos profissionais envolvidosnas actividades de saúde materno-infantil estejam capacitados para avacinação;

pelo menos, 80 municípiostenham uma cobertura vacinal deDTP3 e de 80 % na vacinação derotina;

todos municípios deverão ter emfuncionamento um sistema de vigi-lância epidemiológica sensível, paratodas doenças imuno-preveníveis epotencialmente epidémicas, no âm-bito do sistema de vigilância epide-miológica integrada;

o Governo deverá assegurar, empelo menos 50 %, a compra de va-cinas para a rotina.

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Meta 5:

Reduzir emdois terços a

taxa demortalidade

de menores decinco anos,

entre 1990 e2015

Fonte: Relatório de Desenvolvimento Humano 2004

Indicadores de Redução da Mortalidade Infantil

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C) POLÍTICAS E PROGRAMAS

No Plano Estratégico para a Reduçãoda Mortalidade Infantil, especifica-mente pelo sarampo no período 2002–2006, foram definidas várias estra-tégias:

Reorganização e Reforço do siste-ma de imunização;

Controlo de doenças tais como erra-dicação da poliomielite, vigilância dasPFAs, controlo do sarampo, eliminaçãodo tétano materno e neonatal, controloda febre-amarela, prevenção de defici-ência de vitamina A.

No quadro do Programa Alargado de

Vacinação (PAV) foi elaborado um pla-no bienal para o período 2005-2006com o principal objectivo de aumentara população infantil vacinada e a co-bertura dos serviços de vacinação derotina. Iniciativas de reforço institu-cional, de implementação de um sis-tema de vigilância epidemiológicasensível e de disponibilização de va-cinas de rotina em quantidades sufi-cientes são contempladas por estePrograma.

D) PRIORIDADES PARA A ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

O Governo continua a necessitar derecursos financeiros para o aumentoda qualidade dos serviços de saúdeinfantil, apoio às campanhas de vaci-nação de rotina e expansão da rede

sanitária. Um esforço conjunto e ar-ticulado entre o Governo Angolano ea Comunidade Internacional deverácontribuir para superar as dificulda-des encontradas na integração dasacções tendo em vista a melhoria dosserviços de cuidados primários.

E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO EDE MONITORIZAÇÃO

O quadro abaixo demonstra que háainda grande carência de informaçãosobre a mortalidade infantil, com me-nos de 5 anos, a nível nacional. A in-formação existe, mas por falta dequadros bem treinados em matéria

de estatística, torna ainda difícil a or-ganização da informação estatística.Para reverter esta tendência reco-menda-se a formação intensiva dosquadros do sector.

Avaliação do Progresso na Imple-mentação do Objectivo 4

Os factores que determinam a mor-talidade infantil são vários, tais comoo estado de saúde da mãe e da pró-pria criança, deficiências nutricionais,condições de saneamento e habita-ção. Todos estes factores são pre-cários para mais de metade da popu-lação angolana. Em consequência, ataxa de mortalidade de criançasmenores de 5 anos de Angola é aindauma das mais altas da Africa. Isto é260 por 1.000 nados vivos em 2003.

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

A média da Africa do Subsahara erade 177 para o mesmo ano.

O Governo tem uma estratégia paradiminuir a mortalidade infantil defini-da no Plano Estratégico para a Redu-ção Acelerada da Mortalidade Mater-no-Infantil em Angola (2004-2008).Os recursos para financiar esta estra-tégia estão no OGE 2005, que apre-senta, entretanto, uma alocação de4,78% para o sector saúde em geral.Angola está ainda longe da metaODM de 104 por 1.000 nados vivos.

A conclusão é que o Governo conti-nua a necessitar de recursos finan-ceiros para o aumento da qualidadedos serviços de saúde infantil, apoioàs campanhas de vacinação de rotina

e expansão da rede sanitária. Um es-forço conjunto e articulado entre oGoverno Angolano e a ComunidadeInternacional, deverá contribuir parasuperar as dificuldades encontradasna integração das acções, tendo emvista a melhoria dos serviços de cui-dados primários para reduzir a taxade mortalidade infantil.

Considerando o quadro anterior, o pro-gresso na implantação do ODM podeser o seguinte:

Probabilidade de atingir o objectivo- Razoável

Nível actual do alcance do objectivo- Fraco

Nível de políticas existentes -Razoável

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OBJECTIVO 5:

MELHORAR A SAÚDE MATERNA

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A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIA

As estimativas para a taxa de morta-lidade materna apontam para 1400 a1700 mortes por 100.000 nados vi-vos (valores obtidos a partir da con-solidação de dados administrativosprovenientes de centros de prestaçãode serviços de saúde materno-infantilnas várias províncias do País)6 .

A cobertura da assistência institucionaldos partos é bastante reduzida-apenas 22,5% dos partos em Angolasão realizados nos hospitais. A grandemaioria é realizada por parteiras tra-dicionais (Direcção Nacional de SaúdePública, Plano Estratégico Nacional2002-2007). Relativamente aos partosassistidos por pessoal de saúde qua-lificado, registou-se entre 2001 e2003, no total de partos estimados,uma ligeira redução (24 e 22,5% res-pectivamente). Estes dados demons-tram uma cobertura pré-natal e departo incipientes (ver tabela abaixo).Relativamente aos dados sobre Pla-

neamento Familiar pode concluir-seque existe um fraco recurso a méto-dos contraceptivos, com uma cober-tura estimada em 2,8% (DNSP, PlanoEstratégico Nacional 2002-2007). Deuma forma geral, houve progressosnas áreas de Planeamento Familiar,particularmente na utilização dosserviços disponíveis. Apesar dosavanços, falta ainda muito por fazertanto na área de cobertura como nosmétodos em uso e qualidade de con-sulta.

B) DESAFIOS

Mantêm-se os grandes desafios assi-nalados no relatório anterior, em par-

ticular a necessidade de formação ereciclagem do pessoal de saúde, depreparação de condições para os par-tos e tratamento das suas compli-cações e da mobilização de recursos.

A principal meta para 2015, traçadapelo Ministério de Saúde no seu docu-mento “Plano Estratégico Nacional deSaúde Reprodutiva (2002-2006) ” éde reduzir a mortalidade maternapara 350 mortes por 100.000 nados.

C) POLÍTICAS DE PROGRAMAS

Existe um Plano Estratégico Nacionalde Saúde Reprodutiva, onde as Polí-ticas e Programas do Governo naSaúde Materna entre 2002 e 2006 es-tabelecem:

A assistência aos cuidados obs-tétricos a partir do acompanha-mento antes, durante e depois doparto.O tratamento das ITS/SIDA. Os hábi-tos sócio-culturais da população, ad-

ministração de sangue inseguro, o re-duzido recurso ao uso de preserva-tivos e a fraca qualidade dos serviçosde diagnóstico e tratamento destasdoenças. A situação torna-se preocu-pante e o sexo feminino parece ser omais atingido.

A saúde reprodutiva dos adoles-centes. Um estudo feito em Luandapelo MINSA, em 1997, revelou que,embora 72% dos jovens conheça asformas de transmissão e de preven-ção das DTS e como evitar uma gra-videz, somente 13% faziam recurso apreservativos ou utilizavam algumoutro método de contracepção. Foiintroduzida a experiência do preser-

44

Meta 6:

Reduzir em trêsquartos a taxade mortalidadematerna, entre

1990 e 2015.

Fonte: Ministério da Saúde

Indicadores de Mortalidade Materna e Cobertura de Partos

6 A informação

sobre a taxa de

mortalidade

materna do

Relatório MDG -

2003 refere-se à

maternidade

Lucrécia Paim de

Luanda (1850 no

ano 2000).

META6

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

vativo feminino que deverá ser for-talecida e estendida a todo o terri-tório nacional no âmbito da presta-ção de serviços de qualidade a umdos grupos prioritários de saúdereprodutiva.

D) PRIORIDADES PARA A ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

Houve um aumento do apoio daFNUAP e da UNICEF na componenteda saúde reprodutiva, principalmen-te, na formação técnica, fornecimen-to de KITs de parto seguro, forma-ção, apoio técnico na elaboração dasnormas terapêuticas.

A assistência Internacional para me-lhorar a Saúde Materna deve incidir,sobretudo, na capacitação dos técni-cos e quadros, na reabilitação e ape-trechamento das redes sanitárias dascidades até ao nível das comunas eno estímulo ao surgimento de organi-zações comunitárias.

E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO EMONITORIZAÇÃO

Comparando este quadro com o dorelatório anterior, constata-se que acapacidade de recolha de dados, deinformação dos inquéritos recentes ede acompanhamento estatístico não

evoluiu. Se queremos ter um instru-mento de avaliação permanente, acon-selha-se um refrescamento dos técni-cos trabalhando com a informação dematerna infantil.

Avaliação do Progresso na Imple-mentação do Objectivo 5

Angola encontra-se bastante aquémda meta de melhoria da saúde ma-terna. O ODM prevê a meta de 350mortes por 100.000 nados vivos, en-quanto que em 2003 os dados apon-tavam para uma média entre 1.400 a1.700 mortes por nados vivos em An-gola.

Considerando-se que a saúde mater-na é muito frágil e que a cobertura daassistência institucional dos partos ébastante reduzida- apenas 22,5% dospartos em Angola são realizados noshospitais - a meta para 2015, traçadapelo Ministério de Saúde no seu docu-mento “Plano Estratégico Nacional deSaúde Reprodutiva (2002-2006), dereduzir a mortalidade materna para350 mortes por 100.000 nados é bas-tante optimista. Há pouco respaldo fi-nanceiro para tal. Adicionalmente, ve-rifica-se uma fraca capacidade insti-tucional para realizar as politicas eprogramas públicos.

Considerando-se o quadro anterior, oprogresso na implementação do ODMpode ser o seguinte:

Probabilidade de atingir o objectivo- Razoável

Nível actual do alcance do objectivo- Fraco

Nível de políticas existentes -Razoável

45

META6

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OBJECTIVO 6:

COMBATE AO HIV/SIDA, MALÁRIA E OUTRAS DOENÇAS

Foto:

Unic

ef

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIA

Apesar de todos progressos regista-dos, a pandemia continua a expandir-se, particularmente na África sub-sahariana, onde se encontram maisde 75% dos infectados (ONUSIDA2004). O HIV/SIDA é responsável pormais de 45 milhões infectados, maisde 20 milhões de mortes, cerca 15 milnovos infectados por dia, e mais de 14milhões de crianças órfãs. Na Áfricasub-sahariana, 57% dos infectadossão mulheres (Relatório de Progressodo Milénio - Informe de 2005, NU)

Angola faz parte duma região querepresenta uma esperança para semudar a tendência da epidemia emÁfrica. Graças ao isolamento do Pais

e encerramento das fronteiras, cau-sado pela longa guerra civil, houveuma redução da mobilidade internacom os Países vizinhos. Este factolevou a que, embora já graves, os nú-meros em Angola sejam inferioresaos dos Países vizinhos.

Segundo estimativas da ONUSIDA, em2004 cerca de 350.000 Angolanosadultos (com idades compreendidasentre os 15-49 anos) viviam com oHIV/SIDA. De 1985 até Fevereiro de2005 registou-se no País um total acu-mulado de 16.700 de casos registadosde SIDA, o que corresponde a cercade 14% do total de casos de infecçãoestimados2. Esta situação deve-se,possivelmente, à insuficiente percep-ção da magnitude da infecção e funda-mentalmente aos fracos conhecimen-tos sobre os métodos de prevenção,

assim como os débeis serviços de dia-gnóstico e de bio-segurança.

A prevalência do HIV em adultos emAngola é de 2,8%, resultado encon-trado com base no estudo nacional deseroprevalência do HIV em mulheresgrávidas (15-49 anos) que frequen-taram consultas pré-natal em 25 pon-tos sentinela do País (PNLS/OMS CDCATLANTA – 2004). Todavia, deverá serutilizada prudência na extrapolaçãodestes dados, atenta à circunstânciados indicadores relativos ao HIV/SIDAoscilarem sensivelmente de acordocom a metodologia de recolha da in-formação utilizada. De salientar queos números prevalecentes em adultosse mantêm mais ou menos constantesnos últimos anos. Porém, a estabili-

zação não significa necessariamenteque esteja a diminuir a incidência e avelocidade de transmissão da doença.

B) DESAFIOS

Como consequência de 3 décadasde guerras vividas no País, sãonotórios os factores relevantespara a disseminação do HIV. Os fa-ctores são o processo de rápida ur-banização, as migrações e as des-locações forçadas das populações,a elevada taxa de analfabetismo, apoligamia, as relações sexuais des-protegidas, a prostituição, o altoíndice de infecções de transmissãosexual (ITS) e, finalmente, a des-truição de redes sanitárias, levandoa uma limitada qualidade de servi-ços prestados, bem como a circu-lação rodoviária internacional de

48

Meta 7:

Deter ecomeçar a

reduzir apropagação

do VIH/SIDA

Fonte: Ministério da Saúde( * )Nota: Em 2004 a prevalência do VIH/SIDA é de 2,8

Prevalência do HIV/SIDA em alguns Grupos de População (%)

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

mercadorias no sul do País, aumen-tando a prostituição.

Os desafios principais do Governosão o de manter o nível de preva-lência de 2,8% entre as grávidas e,naturalmente, trabalhar na reduçãoda prevalência. Outros desafios sãoos seguintes:

De um modo geral, os principaisprogramas que já foram iniciados,prosseguem na implementação daspolíticas de combate a SIDA, inclu-indo marketing e uso de preser-vativos. Porém, os desafios estãona falta de recursos e capacidadeinstitucional para manter o actualprograma. O projecto-piloto paracombate à transmissão vertical ini-ciou-se, com certas dificuldades em2003, nas maternidades dos hospi-tais centrais de Luanda, Benguela,Cabinda e Huila. Porém, os recur-sos humanos são insuficientes paracobrir as necessidades nas áreasestratégicas previstas no Plano Es-tratégico Nacional;

Os recursos financeiros disponi-bilizados não permitem cumprir osobjectivos estabelecidos no PlanoOperacional de forma a se obteruma resposta capaz para reverterou manter o quadro actual da epi-demia e para satisfazer os com-promissos assumidos, como porexemplo, a extensão do diagnósticoe tratamento do VIH/SIDA e outrasITS em Centros de Aconselhamentoe Testagem Voluntária (CATV) e aextensão da terapia anti-retroviralem outras províncias. Continua aregistar-se dificuldade em manter ofornecimento de reagentes para odiagnóstico do HIV nos CATV exis-tentes.

C) POLÍTICAS E PROGRAMAS

Foi aprovada a lei nº 8/04 de 1 deNovembro 2004 sobre as pessoasinfectadas pelo HIV. Adicionalmen-te, os seguintes programas encon-tram-se em implementação em An-gola:

i) Fortalecimento das Acções deInformação, Educação e Comu-nicação

Programas educativos e informativossobre as ITS (Infecções de Trans-missão Sexual)/HIV/SIDA, nos meiosde comunicação social, falada, escritae televisiva;

Elaboração, reprodução de mate-rial educativo (brochuras, manuais,dísticos, cartazes, camisolas, cha-péus, lapiseiras, etc.) e distribuiçãodos mesmos a nível Nacional (Insti-tuições Públicas, parceiros da socie-dade civil bem como a organizaçõesinternacionais);

Distribuição de preservativos àsDirecções Provinciais de Saúde, eONG’s;

Folhetos de orientação sobre nutri-ção para pessoas infectadas peloHIV/SIDA;

Folhetos ilustrativos sobre as prin-cipais vias de transmissão e preven-ção do HIV em português e línguasnacionais (Kimbundo, Umbundo, Fio-te,Tchokwé e Kuanhama) ;

Cartazes de sensibilização, a rea-lização de testes de HIV dirigido àmulher grávida;

Manual sobre perguntas e respos-tas sobre infecção HIV/SIDA para apopulação geral.

ii) Prevenção da Transmissão

A Política Nacional consiste na ofertado acesso ao aconselhamento e tes-tagem voluntária, (ATV) visando amudança de comportamentos e aadopção de condutas sexuais respon-sáveis. Um aspecto importante daprevenção secundária tem a ver coma possibilidade de mães infectadascom o HIV/SIDA poderem dar à luzfilhos não infectados. Assim, em Ja-neiro/04, iniciou-se a implementaçãodo Projecto de Prevenção da Transmi-ssão Vertical (mãe/filho), nas Materni-dades periféricas de Luanda, nomea-damente, Kilamba Kiaxi, AugustoNgangula e Hospital dos Cajueiros e,

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desde Abril do corrente, na Materni-dade Lucrécia Paím.

iii) Apoio ao Diagnóstico Disponi-bilização de Medicamentos para oTratamento

Em Março/04 foi inaugurado o Hospi-tal-dia Esperança, cujo objectivo é ode contribuir para o melhoramento daqualidade de vida dos pacientesseropositivos e doentes do SIDA, ofe-recendo gratuitamente consultas ex-ternas de infecciologia, meios de dia-gnóstico clínico, laboratorial e radio-lógico, anti-retrovirais e medica-mentos contra as infecções oportu-nistas. Para além desta unidade hos-pitalar, também está a ser imple-mentado o tratamento anti-retroviralnos hospitais nacionais e, o corte datransmissão vertical (mãe-filho) estáa ser realizado nas Maternidades deLuanda (acima mencionado) e Cabin-da. Ainda no âmbito da prevenção datransmissão vertical (mãe e filho), emAgosto/04, foi inaugurado o ex-Hos-pital de Cabassango, actual 28 deAgosto, na Província de Cabinda.

iv) Diminuição do Impacto Indivi-dual e Social. Fortalecimento doSistema de Vigilância Epidemioló-gica

Foram realizadas visitas de supervi-são a todas as províncias do Paístendo já sido realizadas visitas nasprovíncias da Huíla, Namibe e Cune-ne, com vista a obter informaçõessobre: estado de organização e fun-cionamento das comissões e dosprogramas provinciais de luta contrao SIDA, organização do sistema derecolha de informação, levantamentodos CATV geridos por parceiros,áreas técnicas e de intervenção des-tes, estado de organização e funcio-namento dos laboratórios, assim co-mo a capacidade para o manuseiodos ARV’s.

D) PRIORIDADES PARA A ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

Para a luta contra HIV/SIDA, o apoio

da comunidade internacional aos es-forços do Governo continua a consti-tuir prioridade para facilitar a imple-mentação de um plano de acção mul-tisectorial consubstanciado na criaçãode condições para diagnóstico com-pleto, programação, adequação e de-senvolvimento dos projectos à reali-dade do País. As principais priorida-des definidas são:

i) Extensão dos CATV (Centros deAconselhamento e Testagem Volun-tária) às capitais provinciais da Huila,Huambo e Benguela e municípios quese justifiquem.ii) Aquisição e distribuição de equi-pamentos e material de laboratórioàs províncias da Huila, Cunene, Luan-da e Benguela;iii) Compra de reagentes para diag-nóstico das infecções correntes, ras-treio do HIV e outras doenças trans-missíveis;iv) Elaboração, reprodução e distri-buição de material informativo, edu-cativo e comunicativo e sua distri-buição por todo o País em portuguêse línguas Nacionais;v) Formação e/ou capacitação demédicos, técnicos de laboratórios,enfermeiros, psicólogos e assistentessociais, acerca do manuseamento,tratamento e seguimento clínico, la-boratorial, psicológico e social daspessoas infectadas e afectadas peloHIV e doentes de SIDA, das provín-cias de Cabinda, Huambo, Benguela,Huila, Lunda Sul e Norte, Moxico, K.Kubango e Malanje;vi) Expansão da implementação doPPTV nas províncias de Cabinda,Benguela, Cunene e Huíla;vii) Reforço de parceria com ONG’sNacionais;viii) Reposição do Stock de anti-retrovirais;ix) Capacitação de técnicos nas dife-rentes áreas do Instituto de LutaContra o SIDA.x) Expansão do laboratório do Hos-pital Esperança para exames demicrobiologia e fungos;xi) Compra e distribuição de preser-vativos masculinos a nível nacional.

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E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO EMONITORIZAÇÃO

O sistema nacional de informação es-tatística é confrontado com muitosproblemas que limitam a sua capa-cidade de recolha, de tratamento ede produção de dados. Qualquer aná-lise que se pretenda fazer enfrentainsuficiências de apoio em informa-ção estatística, em consequência dainsuficiência de quadros especializa-dos, a nível local, municipal, provin-cial e central.

A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIA

A incidência da malária aumentou noperíodo 200/2003, passando a atingir22% da população naquele últimoano, contra 16% em 2000, como severifica no quadro respectivo.

Assim, a incidência da malária conti-nua preocupante e tem sido a prin-cipal causa da mortalidade materna einfantil. O Governo tem envidado es-forços para inverter este quadro,através de campanhas de sensibi-lização em todo território nacional,precedida de medidas preventivas desaneamento básico e de informação.A evolução da taxa de incidência da

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Meta 8 (1):

Deter e começar areduzir a incidência demalária e outrasdoenças graves

Fonte: Ministério da Saúde

Incidência de Malária e Outras Doenças (%)

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

malária é visualizada no gráfico a seguir:

B) DESAFIOS

Continuam válidos os desafios apon-tados no relatório anterior. O movi-mento Roll Back Malária (RBM) conti-nua a desempenhar um papel pre-ponderante para melhorar o acessoaos cuidados primários e reforçar asacções preventivas, diagnóstico etratamento de vários casos.

Até 2009, o Plano Estratégico Nacio-

nal de Controlo da Malária pretendeatingir as seguintes finalidades:

i) Reduzir a prevalência da maláriaem Angola de 3 milhões de casos clí-nicos para 900.000 casos nos próxi-mos quatro anos;ii) Diminuir a mortalidade e o im-pacto sócio-económico da malária nodesenvolvimento do País.

C) POLÍTICAS E PROGRAMAS

Existe o Programa Nacional de Com-bate à Malária, cuja intervenção de-pende do plano de acções anuais,inspirado nas actividades do RBM.Este programa tem sido o principalinstrumento de gestão no plano es-tratégico e actuação do Governo paraa redução da mortalidade por maláriaem 50 % até 2010 e reduzir a inci-dência até 1/3 da actual em 2015.

De acordo com as tendências apre-sentadas, será difícil para o País atin-gir o ODM em 2015. Para reverteresta tendência importantes recursosterão de ser mobilizados. A compo-nente malária do Global Found paraAngola são de 35 milhões.

D) PRIORIDADES PARA A ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

Para alcançar as metas do milénio, énecessário priorizar as seguintesacções:i) Diagnóstico e tratamento correcto

da malária;ii)Recuperação das unidades sanitáriase massificação da prevenção;iii) Luta anti-vectorial e pesquisaoperacional para eficácia das medidaspreventivas;iv) Reforço da vigilância epidemio-lógica e controlo de epidemia;v) Implementação de vários pro-jectos financiados pela OMS, UNICEF

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e USAID;vi) Esforços financeiros e técnicospara capacitação dos nacionais do se-ctor de saúde;vii) Criação duma verdadeira capaci-dade de resposta de combate à epi-demia; viii) Acelerar o processo de recons-trução e reposição das infraestruturasde saneamento básico, como formade incrementar os níveis gerais desalubridade; ix) Promover, em conjunto com osparceiros multi e bilaterais, a distri-buição gratuita de mosquiteiros im-pregnados nas zonas de maior inci-dência da malária.

E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO EMONITORIZAÇÃO

O sistema nacional de informaçãoestatística é confrontado com muitosproblemas que limitam a sua capa-cidade de recolha, de tratamento ede produção de dados. Qualqueranálise que se pretenda fazer para aavaliação do sistema de saúde oupara a planificação, encontram umagrande insuficiência de apoio eminformação estatística, em conse-quência da quase inexistência dequadros especializados, desde o nívellocal, municipal, provincial ao central.Entretanto, a capacidade de recolhade informação nesta área conheceu,em relação ao relatório MDG 2003,uma melhoria, pelo que se deve in-vestir muito na capacitação dos técni-cos da área que trabalham na recolhae tratamento de dados.

A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIA

A tuberculose é uma doença socialque envolve problemas que transcen-dem a convencional abordagem mé-dica. Em África durante a última dé-cada, a rápida expansão da TB é ali-mentada pelo HIV, tendo a Organi-zação Mundial da Saúde orientado aelaboração de planos estratégicos na-cionais que reflectem as linhas geraispara o controlo da tuberculose, comvista à concretização das metas pre-conizadas para o presente milénio.

O sistema de informação vem me-lhorando progressivamente. A cober-tura municipal de DOTS evoluiu de44% em 2001, 52% em 2002, 57%em 2003 para 67% em 2004. O nú-mero de casos notificados anual-mente, de acordo com o MINSA, evo-luiu de 19.703, 22.300, 25.000 para26.340, respectivamente em 2001,2002, 2003 e 2004, reflectindo tam-bém o alargamento do sistema denotificação.

O grupo etário mais afectado conti-nua a ser o dos 15 aos 54 anos. Entreos casos notificados, 57% são de ba-ciloscópia, cerca de 25 % são de ba-cilos - copia negativa, 8,2% casos

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Meta 8 (2):

Controlar e começar ainverter a tendênciaactual de progressãoda tuberculose

Fonte: Ministério da Saúde

Incidência de TB (2001-2003)

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são de Tuberculose extra-pulmonar,4% recaída e 1,5% fracassos. Naanálise dos resultados do tratamento,verificou-se uma melhoria na percen-tagem de doentes que são registadospara tratamento, de 24% em 2001para 85% em 2004. A taxa de curados doentes também tem melhorado,ao longo dos anos, passando de46,6% em 2001 para 70% em 2004,ainda inferior à prevista pela OMSque é 85%.

B) DESAFIOS

Nos últimos anos, Angola, e princi-palmente as províncias com mais difi-culdades, tem enfrentado novos de-safios, tais como:

A epidemia da tuberculose porVIH continua a expandir-se, tendocomo principal consequência, o au-mento dos casos co-infectadosTB/VIH;

Emergência da MDT que ocorrecom tratamento inadequado e in-terrompido dos casos;

A crise económica, afectando cer-ca de 68% da população que viveabaixo do nível de pobreza;

Fraca capacidade institucional ecapacitação de pessoal, visando oaumento das notificações;

Insuficiente incorporação e for-mação de novos técnicos;

Fraca mobilização e gestão trans-parentes dos recursos financeiros.

C) POLÍTICAS E PROGRAMAS

Para combater a TB, o instrumentoprincipal do Governo continua a serPNCT. Por conseguinte, a implemen-tação do plano exige a construção deunidades sanitárias nos vários muni-cípios, o que permitirá a expansão dotratamento, por via DOTs a todo ter-ritório nacional até 2007, por formaque 70 % dos casos sejam notifica-dos e 85 % curados.

D) PRIORIDADES PARA A ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

O plano estratégico da TB 2003-2007,estabelece as seguintes prioridades:

Expandir a actual estratégia e oDOTs para que as pessoas infectadascom TB tenham todos acesso a umefectivo diagnóstico e tratamento;

Adaptar esta estratégia para en-frentar os desafios emergentes doVIH e da resistência aos medica-mentos;

Melhorar os mecanismos de avali-ação e monitorização com o sistemade informação estandardizado para adetecção e tratamento dos casos;

Dinamizar o envolvimento comuni-tário em actividades de sensibilizaçãosocial;

Reforçar as parcerias para que asestratégias de controlo da TB sejamadequadas e efectivamente imple-mentadas.

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O envolvimento mais abrangente dacomunidade internacional afirma-sedeterminante para a obtenção dosobjectivos estabelecidos, contrarian-do a tendência das agências multi ebilaterais para secundarizarem doen-ças e outras que não o VIH/SIDA e aMalária. Registe-se que a perfor-mance de Angola no controlo dedoenças como a tuberculose (com in-dicadores positivos, mas ainda insu-ficientes, a nível da taxa de cura) me-rece a atenção e reconhecimento dacomunidade internacional, à qual es-tá reservado o papel de tornar sus-tentável e duradouro este esforço.

E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO EDE MONITORIZAÇÃO

Comparando este quadro com o dorelatório anterior, observa-se umamelhoria em termos de informaçãosobre a tuberculose. Se no relatórioMDG 2003 os elementos de capaci-dade de seguimento originavam umaapreciação fraca, neste momentoesta avaliação é razoável. Neste caso,recomenda-se uma acção contínuade superação de técnicos ligados àrecolha e tratamento de dados esta-tísticos.

A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIA

No relatório anterior, foi realçado quea mosca tsé-tsé habitava em 13províncias e as notificações eram de5000 novos casos por ano. Actual-mente, esta mosca habita em 14 pro-víncias com a incidência média de8000 casos novos por ano, o que in-dica que o quadro epidemiológico dadoença piorou.

As estatísticas de 2004 apontam paramais de 100.000 doentes infectadosem circulação em todo o País. Em2004, foram detectados 2.280 doen-

tes do sono num universo de 356.242pessoas prospectadas, tendo a buscaactiva contribuído em 85% de popu-lação examinada. A conclusão é a deque os esforços têm sido tímidos parainverter a situação no melhoramentodo combate e controlo da Tripanos-somiase. Não foi observado progres-so quanto ao controlo vectorial, devi-do a dificuldades financeiras e opera-cionais. As limitações ao acesso ameios preventivos e terapêuticos nãoforam apenas provocadas pela guer-ra, mas também pela fraca mobilida-de das equipas de prospecção nabusca activa, necessária em todas asprovíncias onde a mosca tsé-tsé é en-démica.

B) DESAFIOS

O Governo, com o apoio da comuni-dade internacional, precisa de recur-sos para poder controlar a doença eevitar a sua expansão para além das14 províncias do País onde a moscatsé-tsé habita e estancar o apareci-mento de mais casos novos. Os prin-cipais desafios apontados no relató-rio anterior não conheceram pro-gresso significativo, sendo necessá-rio encontrar mecanismos expeditospara os enfrentar; com destaque nosseguintes:

Diagnóstico e tratamento de ca-sos;

Vigilância epidemiológica;

Formação de técnicos a todos ní-veis;

Luta anti vectorial e implemen-tação de medidas preventivas;

Reforços na aquisição e distribui-ção de armadilhas nas provínciasendémicas e vizinhas;

Construção de mais hospitais ecentros de tratamento especializa-dos.

C) POLÍTICAS E PROGRAMAS

O Instituto de Combate e Controlo daTripanossomiase (ICCT) continua afuncionar com debilidade, dificultan-do uma lógica de intervenção verti-

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Meta 8 (3):

Controlar e começar a inverter atendência actual datripanossomíase

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

cal, principalmente nas unidades mó-veis, deixando as actividades preven-tivas inoperantes. O Plano Estratégicopara o período 2002-2005 não tem si-do implementado convenientementepara a erradicação da doença, consti-tuindo um sério problema de saúdepública. Para corrigir a situação, o reforço decooperação com a Bélgica, França e aOMS é extremamente importante.Nesta conformidade, o ICCT deve serdotado de recursos técnicos, huma-nos e materiais para levar a bom ter-mo as intervenções de combate à Tri-panossomiase.

D) PRIORIDADES PARA A ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

A Tripanossomiase é um grande pro-blema da saúde pública que exigeuma tomada de medidas regularespara evitar a sua expansão. O planoestratégico para o combate a estadoença no período 2002–2005, temcomo objectivo principal a eliminaçãoda Tripanossomiase. Para o efeito são consideradas as se-guintes prioridades:

Expandir a actual estratégia debusca activa da mosca tsé-tsé,principalmente nas províncias en-démicas e vizinhas;

Implementar protocolos para queas pessoas infectadas sejam diag-nosticadas e tratadas correctamen-te;

Melhorar os mecanismos de in-formação, educação e comunica-ção nas áreas rurais onde, os servi-ços de saúde estiveram ausentesdurante muitos anos;

Prestar apoios de capacitação té-cnica para operacionalizar o plano ea gestão do ICCT;

Adaptar esta estratégia para en-frentar os desafios emergentes datripanossomiase em coordenaçãocom os Países vizinhos infectadospela doença;

Melhorar os mecanismos de ava-liação e monitorização com o siste-ma de informação estandardizadopara a notificação e tratamento doscasos;

Dinamizar o envolvimento comu-nitário em actividades de busca ac-tiva na prevenção e combate à do-ença;

Reforçar a cooperação com OMSe Países que têm apoiado progra-mas de saúde pública;

Acelerar o processo de reconstru-ção e reposição das infraestruturasde saneamento básico, como formade incrementar os níveis gerais desalubridade.

O combate à Tripanossomiase tem, nageneralidade do continente, sido pre-judicado pelos gigantescos recursosdesviados para o combate ao VIH/SIDA e Malária. O Governo Angola-no, só por si, não dispõe de recursos

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META8

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

para combater, simultaneamente e deforma eficaz, todas as frentes epidé-micas que enfrenta, pelo que um en-volvimento mais extensivo da comu-nidade internacional, nesta área, éfundamental.

E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO EDE MONITORIZAÇÃO

Qualquer análise para a avaliação dosistema de saúde ou para a sua pla-nificação, referem uma insuficiênciade apoio em informação estatísticacomo consequência da insuficiênciade quadros especializados, desde onível local, municipal, provincial aocentral. A Tripanossomiase reflecteestas debilidades, necessitando deapoio no quadro de aprimoramentoda informação estatística.

A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIA –POLÍTICAS E PROGRAMAS

Em Angola surgiu em Outubro de2004 uma epidemia conhecida por fe-bre hemorrágica de Marburg que pro-vocou graves problemas sanitários,principalmente na província do Uige,no Norte do País. O Governo Angola-no e a OMS têm envidado esforços nosentido de controlar a expansão des-ta doença. O vírus de Marburg estáassociado à África, supostamente porter sido isolado de um macaco africa-no e todos os outros casos identi-ficados ocorreram em África. Como ovírus de Marburg, existem outros ví-rus que são típicos destas regiões,como o vírus da Ebola, Adenos, quese desenvolveram no ambiente e comsistema particular.

O vírus de Marburg tem uma especi-ficidade que ataca qualquer tipo decélula. Não ataca as células do sistemanervoso, mas ataca as do fígado, baço,rins e as células dos vasos sanguíneos.É um vírus generalista que se reproduz

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Meta 8 (4):

Controlar e começar a inverter atendência actual da doença deMarburg

Fonte: MINSA

Casos Notificados por Municípios da Província do Uíge

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

muito rapidamente, não se conhecen-do bem o seu modo da actuação. A si-tuação foi extremamente grave e levouà tomada de medidas concretas,políticas e práticas que permitiram ate-nuar a expansão desta doença queperturbou não só Angola, mas tam-bém, a comunidade internacional. Nosquadros seguintes, podem observar-seos casos notificados e o controlo daevolução de Marburg em Angola.Deve-se assinalar a excelente e rápidaintervenção da OMS, e outros organis-mos internacionais, com o objectivo desuplementar a fraca capacidade nacio-nal de fazer face à doença de Marburg.Também, o Ministério da Saúde reagiubem, tanto na mobilização dos recur-sos para as áreas afectadas, como nadisseminação da informação às popula-ções.

Avaliação do Progresso na Imple-mentação do Objectivo 6

Como consequência da precária situa-ção do sector de saúde, o período 2001-2004 não apresentou melhoria notratamento de malária, tuberculose edoença do sono. A prevalência do HIVem adultos em Angola é relativamentebaixa em comparação com os paísesvizinhos. A baixa incidência de HIV éconsequência do encerramento defronteiras durante a longa guerra civil.

A comunidade internacional e a OMStêm reagido com rapidez em caso es-

pecíficos, como, por exemplo, o com-bate à doença de Marburg. A saúde éum caso crítico em Angola, dada a faltade capacidades fisicas e humanas parafazer face à situação precária da popu-lação. O Governo tem estado a traba-lhar em programas específicos apre-sentados no PGG 2005-2006, porém adotação orçamental para a saúde em2005 é de apenas 4.78% do total dedespesas do OGE. Há necessidade demelhorar as capacidades institucionaise físicas do sector de saúde para seatingir os ODM preconizados. Considerando-se o quadro anterior, oprogresso na implementação do ODMpode ser o seguinte:

Probabilidade de atingir o objectivo- Razoável

Nível actual do alcance do objecti-vo - Fraco

Nível de políticas existentes -Razoável

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Fonte: MINSA

Evolução da Epidemia de Marburg (desde 13/10/04 a 16/05/05)

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OBJECTIVO 7:

GARANTIR A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Foto:

Sérg

io Pi

çarra

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A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIA

Em Angola, que é um dos maioresprodutores de petróleo na Africa sub-sahareana, a maior parte da popu-lação nas zonas rurais e peri-urbanas,continua a recorrer à biomassa comoa única fonte de energia disponível,devido à escassez e preço de com-bustível. Este facto continua a causara aceleração da desflorestação.

A interrupção das vias de comunica-ção continua a condicionar em grandemedida o abastecimento em meios deprodução agrícola para melhorar oaproveitamento das terras aráveis econsequentemente, evitar a degrada-ção dos recursos naturais com efeitosnegativos sobre o ambiente. A remo-ção do lixo sólido na cidade capital enoutras cidades, bem como o seu tra-tamento, é uma questão que aindanão conseguiu obter uma resposta sa-tisfatória e definitiva.Dos estudos realizados pelo MINUA eo PNUD bem 2005, através do pro-jecto sobre a Biodiversidade, real-çam-se como principais causas de de-gradação ambiental e perda da diver-sidade biológica as seguintes:

Exploração exagerada das espé-cies vegetais

Poluição do solo, água e atmos-fera

Mudanças climáticas acentuadas

Agricultura e Indústria Florestal.

Hábitos sócio-culturais de popula-ções locais, como o uso da lenha ecarvão como combustível, explora-ção de espécies vegetais para finsmedicinais ou rituais tradicionais, cor-te de árvores para a aproveitamentoda madeira e construção de casas ecabanas, queimadas e agricultura itine-rante.

A acção de organizações civis nacio-nais de luta pela protecção do ambi-ente tem sido notável ao nível da de-fesa do ambiente, assim como da sen-sibilização das populações sobre asquestões ambientais. Contudo, os re-sultados não são ainda satisfatórios

devido à falta de fiscalização regularpara fazer cumprir a legislação vigen-te sobre o ambiente.

B) DESAFIOS

Impõe-se a necessidade da aplicaçãodas directrizes do Protocolo de Mon-treal sobre a poluição e segurançaquímica, que preconiza a eliminaçãopaulatina, até 2010, das substânciasque destroem a camada de ozono.Durante o ano 2003 foi feito no País adefesa do Programa que visa a eli-minação das substâncias que destro-em a camada de ozono. No ano 2004,foi feito em 8 províncias, o levanta-mento sobre as substâncias que des-troem a camada de ozono, assimcomo foi organizado um curso de for-mação de formadores sobre as novastécnicas de refrigeração e ar condi-cionado. Em Maio de 2005, realizou-se o 2º curso de formação de forma-dores sobre as mesmas técnicas.

De modo a evitar os danos provoca-dos ao ambiente pelo abate irres-ponsável de árvores das florestas e acaça furtiva, devem ser tomadas me-didas urgentes, destinadas a pôr emprática as politicas de exploração flo-restal sustentável e facilitar o acessoda população das zonas peri-urbanase rurais ao petróleo iluminante a pre-ço razoável em substituição do car-vão e lenha.

No que concerne à protecção especialdos ecossistemas e habitats naturaisde alta diversidade genética e/oucom características de fragilidade,continua em curso, com o apoio daComunidade Internacional, a elabo-ração de estudos que visam a preser-vação dos mangais sobre os rios Chi-loango em Cabinda e também foramainda feitos levantamentos das con-dições ecológicas dos parques nacio-nais e reservas. É urgente a divulga-ção e implementação da legislaçãoambiental vigente e respectiva regu-lamentação. Finalmente, as empre-sas que exploram petróleo e diaman-tes devem ser responsabilizadas pelapreservação das áreas de exploração.

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Meta 9:

Integrar osprincípios do

desenvolvimentosustentável nas

políticas eprogramasnacionais,

invertendo aactual tendênciapara a perda de

recursosambientais

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Adicionalmente, a exploração de pe-tróleo não pode estar em conflito coma pesca no litoral angolano.

C) POLITICAS E PROGRAMAS

A criação do Ministério de Urbanismoe Ambiente (MINUA) e a recente no-meação pelo Presidente da Repúblicade uma Comissão para as questõesurbanísticas de Luanda são provas dointeresse do Governo na resoluçãodas questões de Urbanismo e do Am-biente. Durante o período 2003-2005, foramregistadas as seguintes principaisiniciativas legislativas:

Aprovação da Lei sobre os recur-sos biológicos aquáticos;

Aprovação do Decreto-Lei 51/04que estabelece as normas e proce-dimentos relativos à Avaliação deImpactes Ambientais de projectospúblicos e privados;

Aprovação da Lei 10/04 das Acti-vidades Petrolíferas que proíbe aqueima do gás natural e impõe aprotecção do ambiente nas activi-dades de exploração petrolífera.

Lei de Terras (Lei nº 9/04 de 09de Dezembro)

Lei de Ordenamento do Territórioe Urbanismo (Lei nº 3/04 de 25 deJunho).

Durante o mesmo período, o MINUAzelou pelo cumprimento, cada vezmais acentuado, do disposto na Leide Minas que responsabiliza os con-cessionários pelos danos provocadosao ambiente com as actividades geo-lógicas e mineiras, assim como, noDecreto-Lei 39/09 que procuragarantir a sustentabilidade da pro-tecção ambiental no domínio da ex-ploração petrolífera.Estão em implementação, as seguin-tes acções:

Programa Nacional de Gestão Am-biental (já elaborado, discutido eque aguarda a submissão ao órgãocolegial do Governo);

Estratégia Nacional de Conserva-

ção da Diversidade Biológica e res-pectivo Plano de Acção (elaboraçãoem curso);

Relatório do estado geral do am-biente em Angola (em curso de ela-boração com o apoio do Banco Afri-cano de Desenvolvimento e Gover-no de Angola), como também a ela-boração do Country Program (Elimi-nação total dos SDO´);

Plano Director de Gestão Integra-da da Orla Costeira (o diagnóstico foielaborado e foram já identificados osproblemas e os projectos prioritá-rios, necessitando apenas de fundospara a sua execução);

Programa de Educação e Consci-encialização, em implementação,em parceria com ONG’s, através daintrodução da educação ambientalnos curricula escolares, organizaçãode seminários, palestras, visitas àscomunidades, comemoração do DiaNacional do Ambiente, do Dia Africa-no do Ambiente do Dia Mundial doAmbiente e participação na Campa-nha Limpemos o Mundo;

Programa Nacional de Luta contraa Desertificação: foram elaboradosdois relatórios sobre o Município deTombwa (Namibe) e Município daBaía Farta (Benguela), respectiva-mente.

O Ministério da Agricultura e do De-senvolvimento Rural, através dosInstitutos de Desenvolvimento Agrá-rio e Florestal, tem em curso a exe-cução dos seguintes programas e ac-ções:

Criação de unidades de divulga-ção ambiental integradas nas Esta-ções de Desenvolvimento Agrário(EDA´s);

Inventariação de terras disponíveispara distribuição aos grupos vulnerá-veis;

Implementação do Programa Na-cional de Reflorestamento e imple-mentação do Programa de Combateà Desertificação;

Implementação do Programa deCombate á Erosão;

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Melhoria das técnicas de agricul-tura tradicional.

Com vista a garantir a sustentabi-lidade dos recursos naturais e asse-gurar a conservação e protecção dosecossistemas, com base na Lei Geraldo Ambiente, Lei N.5/98, o Ministérioda Agricultura e DesenvolvimentoRural vem ainda desenvolvendo asseguintes acções:

Definição de prioridades de in-vestimento (Dezembro de 2004);

Elaboração da política florestal,bem como a respectiva legislaçãoatravés de um amplo processo deconsultas públicas;

D) PRIORIDADES PARA A ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

Continuam a constituir prioridadepara assistência ao desenvolvimento,a manutenção de um ambiente pro-pício à qualidade de vida das popu-lações, através de planos territoriaisde desenvolvimento provinciais emunicipais (Plano Director Municipal).A actividade de acompanhamento efiscalização de projectos para a pro-moção do desenvolvimento sustentá-vel não tem sido eficaz, pelo que aexigência de apresentação do estudodo impacto ambiental deve constituirprioridade para a concretização dameta do milénio.

A capacitação de quadros, com o apo-io da comunidade internacional, per-

mitirá a melhor gestão dos recursosambientais, assim como a reinserçãosocial visando atenuar os conflitos en-tre os interesses económicos imedia-tos e a conservação do ambiente e usode terra. Os parceiros para o desenvol-vimento, deverão pressionar as multina-cionais no sentido da sua participaçãoactiva e significativa em programas deresponsabilidade social e ambiental.

Tendo em linha de conta as parceriaspara o desenvolvimento e melhoriadas acções viradas a gestão ambien-tal, é urgente a capacitação, querinstitucional, quer funcional e progra-mática, do MINUA afim do mesmo sercapaz de mobilizar os diferentes apoi-os. Continuam a constituir prioridadepara assistência ao desenvolvimento,a aprovação dos grandes documentosde política, tais como o Programa deGestão Ambiental e a Estratégia Naci-onal sobre a Biodiversidade, afim depropiciar um ambiente adequado àqualidade de vida das populações,através de planos integrados e des-centralizados.

A regulamentação da lei de bases doAmbiente assim como a aprovação deoutros instrumentos jurídicos deveser prioridade para a concretizaçãodo desenvolvimento sustentável per-mitindo, assim, a execução de fasesconcretas para o alcance da Meta doMilénio.

E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO EDE SEGUIMENTO

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Meta 10:

Até 2015, reduzir para a metadea percentagem de pessoas quenão têm acesso a água potável

A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIAS

O MICS 1 de 2001 da UNICEF con-cluiu que 62% da população temacesso à água potável e 59% a sane-amento adequado (i e, acesso ao sis-tema de esgoto organizado ou latrinae tanques sépticos de vários tipos).Essas taxas de cobertura são maisaltas nas áreas urbanas, com 71% e74% de água potável e saneamentoadequado, respectivamente, enquan-to a cobertura rural é de 40% e 25%.Nas áreas urbanas, dos que têmacesso à água potável, 11% terãoacesso à água canalizada e 31% temacesso à fontes públicas ou torneiraspúblicas ou fonte de abastecimentosituadas na sua vizinhança. A nívelrural, dos que têm acesso a água po-

tável, 13% têm água canalizada,29% contam com poços seguros, po-ços e fontes naturais protegidas deáguas da chuva. 21% contam comlagos desprotegidos, rios e cursos na-turais de água. Finalmente, 17% daspessoas (tanto rural quanto urbana)usam poços desprotegidos, fontesnaturais e adquirem água de camiõescisterna. Dos que possuem facilidadede saneamento nas áreas rurais,19% estão ligados a redes técnicasapropriadas, e o resto usa latrinas oufossas sépticas.

Têm sido registadas a nível de Luan-da, melhorias significativas na distri-buiçãp de água, assim como, no pon-

to de captação de água para camiõescisternas. De igual modo, houve umaumento dos pontos de abasteci-mento comunitários (chafariz) e defuros de água subterrânea nas zonasrurais. Entretanto, a situação de abas-tecimento de água às populações nãoconheceu melhorias significativas, emtermos de qualidade e quantidade,pelas seguintes razões:

Na maioria das cidades capitais deprovíncias foram efectivamente rea-lizados consideráveis investimentosem projectos para a recuperação dascapacidades de produção de água dossistemas existentes. Em alguns casosesses sistemas foram ampliados, ten-do os referidos projectos privilegiadoa produção e o tratamento. Todavia,devido ao estado actual de degrada-ção das redes de distribuição, as per-das resultantes situam-se na ordemde 40 a 60%;A inexistência de laboratórios para ocontrolo da qualidade da água (o úni-co laboratório suficientemente equi-pado e operacional é o da EPAL, em

Luanda, e que tem prestado apoio àsprovíncias).

Os actuais níveis de cobertura equalidade de serviço são muito bai-xos, quando comparados com outrosPaíses e com as médias africanas. Asconsequências são os altos níveis dedoenças de transmissão hídrica.Grande parte da população de Luan-da compra água aos vendedores lo-cais, operando com camiões cisternascom preços que variam entre USD 2-16 por m3, o que equivale a 30-60vezes o preço da água canalizada,proveniente do fornecedor públicoEPAL.

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Fonte: Ministério de Energia e Água, Ministério do Ambiente e Urbanismo

Alguns indicadores ao acesso a água e saneamento básico

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Para uma melhor interpretação, osindicadores do quadro acima podemser observados no gráfico a seguir :

B) DESAFIOS

Para aumentar as taxas de coberturados serviços de abastecimento deágua potável e de saneamento, de-vem ser implementadas as seguintesacções:

No meio urbano, assegurar o con-sumo mínimo de 70 litros/hab/dia,através do aumento da produção100 litros /hab/litro e a redução dasperdas na rede para 25%;

Os sistemas de abastecimento deágua das cidades do Bengo, Huam-bo e Uige deverão beneficiar dereabilitação no âmbito do financi-amento da República da China;

A nível de Luanda, o projecto dereabilitação da rede de distribuiçãode água será executado com o fi-nanciamento da RPC;

Nos meios peri-urbanos e ruralassegurar um consumo de 30 litros/hab/dia e 15 litros/hab/dia/pes-soa, a curto prazo, com o aumentodos furos de água subterrânea;

Conclusão dos Planos Directoresde abastecimento de água potáveldas cidades capitais com a instala-ção de pequena ETA;

Reabilitação prioritária dos siste-mas de saneamento das cidades,de acordo com os planos directoresjá existentes ou em curso de pre-paração;

Recolha e tratamento dos resí-duos sólidos;

Melhoria das condições de sanea-mento dos bairros periféricos.

O alvo da estratégia do Governo deAngola para Água e Saneamento éter uma cobertura do sistema desaneamento (rede urbana, fossa,fossas sépticas, e latrinas) de 57%por cento nas áreas urbanas em2003, para 85% em 2016, de 61%para 86% nas áreas suburbanas, e de26% para 65% para áreas rurais.

C) POLITICAS E PROGRAMAS

A aprovação pela Assembleia Nacio-nal, da Lei Geral de Água, a LeiN.6/02, e a sua publicação constituium passo significativo para a reformae o desenvolvimento do sector deÁgua. No entanto, um vasto conjuntode tarefas está em curso para darcorpo à referida lei, das quais sedestacam as seguintes:

Aprovação pelo Conselho deMinistros, dos regulamentos sobreos sistemas de abastecimento pú-blico de água, saneamento de á-guas residuais e de drenagem deáguas pluviais urbanas;

Aprovação pelo Conselho de Mi-nistros do Regulamento de Utiliza-ção geral dos recursos hídricos;

Criação das instituições, tais co-mo, o Instituto Nacional de Recur-sos Hídricos;

Um trabalho intenso está a ser le-vado a cabo pelo Ministério daEnergia e Águas no sentido da mo-bilização e sensibilização das popu-lações, para o uso racional da água,cuidados a ter para garantir a pota-bilidade da água, o saneamento eos resíduos líquidos.

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Indicadores de Progresso sobre a% da População

com acesso a uma fonte de água ea condições de saneamento

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D) PRIORIDADES PARA ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

A recuperação dos sistemas de pro-dução de água assim como a sua am-pliação, a instalação da ETA, a multi-plicação de furos de água subterrâ-nea para o aumento do acesso à águapotável pelas populações das zonasrurais, exigem avultados recursos fi-nanceiros. Assim, na elaboração dosPlanos Directores, no reforço da ca-pacidade institucional, bem como naimplementação de alguns projectosvitais, serão de grande importância oapoio e a assistência das instituiçõesespecializadas das Nações Unidas eda comunidade internacional, semdescurar, a participação da iniciativaprivada e o envolvimento da própriacomunidade local. O desenvolvimen-to de parcerias público-privadas, nor-teadas por princípios de protecçãodos pobres (pró-poor), deverão ser pro-movidas pela Comunidade Interna-cional, promovendo, para o efeito, arealização dos estudos necessários.

E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO EDE SEGUIMENTO

Este indicador não foi tratado no rela-tório anterior. A capacidade de acom-panhamento e avaliação na área es-tatística merece um apoio particular.

Meta 11:

Melhorar consideravelmente avida de pelo menos 100 milhõesde habitantes de bairrosdegradados, até 2015

A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIAS

A maioria dos agregados familiaresem Angola, tanto nas zonas urbanas,como nas zonas rurais, continua a de-bater-se com o problema da falta dehabitação condigna. Devido aos altoscustos dos materiais de construção eos valores excessivamente altos quesão cobrados pela venda clandestinade terrenos e pelo aluguer de resi-dências, a questão habitacional cons-titui a preocupação primordial das fa-mílias em Angola, visto que uma frac-ção considerável da renda mensal dasfamílias é absorvida pelo pagamentodo aluguer da residência.

O recurso à construção de casas pre-cárias nas zonas suburbanas, ou mes-mo urbanas, como consequência deprocessos de migração, provocou si-tuações urbanísticas insustentáveiscom consequências no agravamentodo empobrecimento das populações,deterioração das condições de higienee saneamento, acumulação de lixo,ausência de água potável, de electri-cidade e de serviços de saneamento.

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B) DESAFIOS

A disseminação da construção de ha-bitações por várias estruturas e Ins-tituições, sem obedecer a uma polí-tica integrada e coordenada, favoreceas distorções que se verificam no co-nhecimento real dos problemas habi-tacionais. O reforço da capacidade ins-titucional do Ministério do Urbanismoe Ambiente, através do Instituto Na-cional de Habitação, no âmbito docontrolo e coordenação dos projectoshabitacionais, deve merecer atençãoespecial. A elaboração de um PlanoNacional de Habitação, afigura-se co-mo um imperativo.

Dotar o Instituto Nacional de Habita-ção dos recursos humanos, técnicos efinanceiros capazes de responder deforma eficaz às tarefas a ele acome-tidas, deverá ser uma aposta do Es-tado. Paralelamente a esses esforços,dever-se-á ainda, considerar como de-safios:

Promover e incentivar a constru-ção de habitações sociais ou a cus-tos controlados;

Incentivar a auto construção diri-gida, como forma de fazer participara sociedade civil na resolução dosproblemas habitacionais;

Institucionalizar, com urgência, oFundo de Fomento Habitacional porforma a facilitar a concessão de cré-ditos à habitação às classes maiscarenciadas;

Desenvolver a indústria de mate-riais de construção, com particularenfoque na reabilitação das cerâmi-cas e no relançamento da produçãode cimento;

Promover a requalificação dos bair-ros suburbanos melhorar/equiparas moradias e bairros degradados.

C) POLITICAS E PROGRAMAS

Tendo em vista a crítica situação ur-bana de Angola, para alcançar a metado milénio, o Ministério do Urbanismoe Ambiente preconiza as seguintesacções:

Elaborar planos de intervençãono domínio habitacional através daconcertação da actuação com o Mi-nistério das Obras Públicas e os Go-vernos Provinciais;

Trabalhar na captação de recur-sos financeiros para implementaçãodos projectos em carteira;

Elaborar e rever a legislação e re-gulamentação no domínio da habi-tação, atendendo e articulando comum conjunto amplo de questões: se-gurança, cadastro, produção e abas-tecimento de materiais de constru-ção, sistema de auto-ajuda, servi-ços e envolvimento do sector pri-vado;

Promover a construção de habita-ção social, da auto-construção e soba forma cooperativa;

Elaborar a Política Nacional de Habi-tação;

Elaborar a Lei-Quadro sobre a Habi-tação;

Elaborar, em concertação com osGovernos Provinciais, Planos de Re-alojamento para as populações quevivem em áreas degradadas;

Promover a construção por partede empresas, cooperativas e outrasentidades de novos fogos e projec-tos imobiliários para as populaçõescarentes;

Construção de infra-estruturas debase e saneamento nas habitaçõesnovas.

D) PRIORIDADES PARA ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

A prioridade da ajuda internacionaldeverá incidir na formulação de umfigurino de estatísticas que permitaavaliar permanentemente, a evoluçãodo mercado habitacional e permitaassim, adoptar políticas habitacionaisconsistentes. O Sector não se en-contra em condições de apresentarum programa concreto, dada a dis-persão de responsabilidades pelosdistintos órgãos do Estado na execu-ção de projectos habitacionais, peloque urge a necessidade de se refor-

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çar e clarificar o papel institucional doMINUA neste domínio. Por outro lado,existe toda uma necessidade de seimplantar um sistema estatístico nodomínio habitacional por forma a aju-dar os órgãos competentes na for-mulação de políticas habitacionais con-sistentes e em função da realidade doPaís. Em relação ao melhoramentodas condições de habitabilidade, afi-gura-se necessário priorizar, as se-guintes acções:

Avaliação regular das necessida-des de habitação nas zonas urba-nas, suburbanas e rurais;

Elaboração e revisão da legisla-ção e regulamentação sobre a habi-tação, considerando as questões desegurança, cadastro, sistema de fi-nanciamento, envolvimento do se-ctor privado, a produção e abasteci-mento de materiais de construção;

A desactivação das minas anti-pessoal e outros engenhos explosi-vos em todo o território nacionalcom potencial agrícola e próximodas zonas habitacionais até 2006;

Promoção da construção por par-te de empresas, cooperativas e ou-tras entidades de novos fogos eprojectos imobiliários para as popu-lações carentes.

Há necessidade de apoio para o refor-ço de capacidade do sector urbano,domínio em que as agências interna-cionais podem e devem intervir no

sentido de apoiar a definição de umapolítica habitacional e urbanística, bemcomo apoiando as estruturas públicasresponsáveis pela implementação dasmesmas.

E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO EDE SEGUIMENTO

A capacidade de avaliação e acompa-nhamento precisa de apoio genera-lizado, em particular em matéria deinformação estatística e de formula-ção de Planos de Habitação.

Avaliação do Progresso na Imple-mentação do Objectivo 7

O País dispõe já de uma legislaçãoambiental. Porém, é necessário refor-çar a capacidade institucional para apli-car esta legislação. Em consequência,a implementação do objectivo 7 noperíodo 2001-2004 apresentou redu-zido progresso na operacionalidadeda legislação para se obter um de-senvolvimento sustentável.

As responsabilidades nesta área sãopartilhadas com a comunidade inter-nacional, como seja a ratificação eaplicação do protocolo de Kyoto epressionando as grandes petrolíferaspara uma maior consciencializaçãosocial e ambiental. Para melhor pre-servar o meio ambiente de Angola,urge que o Estado aumente as exi-gências de estudos de impacto ambi-ental apresentados pelas empresas

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petrolíferas e diamantíferas. Adicio-nalmente, considerando que a pobre-za é um factor negativo para o desen-volvimento sustentável, a diminuiçãoda pobreza, em si, ajudará na imple-mentação do objectivo nº 7 dos MDGs.

Não se verificou progresso substan-cial na implementação de politicas deexploração florestal sustentável, assimcomo na implementação das medidastendentes à substituição dos combus-tíveis lenhosos por outras fontes deenergia. No entanto, foram desenvol-vidos alguns projectos pelo Departa-mento Nacional de DesenvolvimentoEnergético do MINEA consubstancia-dos na instalação de sistemas de ener-gia solar no meio rural.

Em relação à capacidade institucio-nal, julga-se ser importante prover oMINUA, ao nível de toda extensão doterritório nacional, com recursos hu-manos qualificados e meios financei-ros adequados, por forma a cumprircom a sua missão, que consiste não sóna produção de instrumentos jurídicose adesão a convenções internacionais,mas também, e sobretudo, na monito-rização e controlo da implementaçãodos referidos instrumentos, por partede todas instituições, sejam elasprivadas ou públicas.

No acesso à água e saneamento emAngola, a oferta inadequada de águapotável e saneamento adequado con-tinuam a figurar entre as causas quecontribuem para os altos níveis demortalidade, principalmente nas crian-ças. Devido à saturação dos sistemasurbanos de abastecimento dos princi-pais centros urbanos, os níveis deabastecimento de água potável man-têm-se bastante baixos, em relaçãoaos padrões internacionais, com umvalor médio de 50 litros por dia porhabitante, contra os 150 litros reco-mendados.

Quanto ao saneamento urbano, ape-nas as cidades de Luanda, Huambo,Namibe, Lobito e Benguela são servi-das com cobertura parcial por redes

de esgotos e águas residuais, sendoainda precária a situação em relaçãoàs águas residuais. Só Lobito e Ben-guela possuem sistema de depuração(construído no âmbito do Projecto deReabilitação Urbana e Ambiental deLobito e Benguela).

A aprovação da Lei Geral de Água, jámencionada, é a base para se podermelhorar a oferta de água a populaçãopobre. O objectivo 7 só poderá seratingido se investimentos forem con-centrados na recuperação das infra-estruturas existentes, evitando a per-da de 50% no sistema de forneci-mento de água, e no aumento de suacapacidade de acordo com a evoluçãoda procuraConsiderando-se o quadro anterior oprogresso na implementação do ODMpode ser o seguinte:

Probabilidade de atingir o objecti-vo - Razoável

Nível actual do alcance do objecti-vo - Fraco

Nível de políticas existentes -Fraco

68

META11

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OBJECTIVO 8:

DESENVOLVER UMA PARCERIAGLOBAL PARA O DESENVOLVIMENTO

Foto: Unicef

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIAS

No plano de desempenho macro-eco-nómico, desde 2002, verifica-se umaredução substancial da inflação, aestabilização das taxas de câmbio e aexpansão do sistema bancário, o lan-çamento êxitoso de títulos do bancocentral, e do tesouro. Contudo, a altataxa de juro vigente (50%), não in-centiva o relançamento da economianão petrolífera. Assim, Angola conti-nua uma típica economia de enclave,dependente de importações genera-lizadas de bens que poderiam serproduzidos internamente, principal-mente do sector alimentar.

Em 2003/2004, verifica-se uma esta-bilização macroeconómica. No domí-nio fiscal, o défice recuou para 7,8%,em 2003 e houve um superavit de0,6%, em 2004. A taxa de inflaçãoacumulada passou de 76%, em 2003a 31%, em 2004. As reservas exter-nas líquidas aumentaram de um mêsde importação a 2,4 meses de im-portação. Por conseguinte, a depre-ciação monetária observada em tem-po da guerra foi estancada. Assim,desde 2003, a taxa de câmbio damoeda nacional estabilizou-se dentrodo intervalo de 86 a 88 Kwanzas pordólar.

O sistema bancário e financeiro co-nhece uma rápida expansão. O volu-me de depósitos em moeda nacionalduplicou em 2003, de 15% a 30% dototal de recursos, ao mesmo tempoque o volume de depósitos em dóla-res baixou de 85% para 70%. Outrosinal da consolidação do sistema ban-cário e financeiro, é o lançamentoêxitoso de títulos (Banco Central, Te-souro). Nota-se uma abertura dosistema financeiro com o apareci-mento de novos bancos estrangeiros,principalmente portugueses. O pro-grama de liberalização da políticacambial tem sido acelerado desde2003. Quanto a taxa de juro nominalsobre empréstimos em Kwanza, bai-xou de 100,5% em 2003 a 50% em2005; mesmo, assim, uma taxa proi-

bitiva para os investimentos no sectoragro-industrial.

A.1) O Compromisso de AngolaPerante a Comunidade Internacional

O compromisso de boa governação éa meta mais importante para se de-senvolver uma parceria global para odesenvolvimento em Angola. Nesseaspecto, a existência de condiçõespara eleições livres é a peça funda-mental do processo de normalizaçãopós-guerra da sociedade angolana.Com este objectivo, a Assembleia Na-cional aprovou o pacote regulamen-tar relativo ao processo eleitoral quedeverá ser promulgado pelo Presi-dente da República. O Chefe de Esta-do solicitou o pronunciamento do Tri-bunal Supremo; o acórdão emitidopor este órgão, nas vestes do Tribu-nal Supremo, permitiu a rectificaçãoda Lei Eleitoral (alínea d do Artigo17°) pela Assembleia Nacional. A Co-missão Eleitoral, com todos os seusmembros, encontra-se já constituídae em funcionamento.

Deste pacote, distinguem-se as se-guintes leis: Lei dos Partidos Polí-ticos, Lei do Registo Eleitoral, Lei deObservação Eleitoral, Lei Eleitoral e oCódigo de Conduta Eleitoral. Porém,com vista à realização das eleiçõesgerais previstas em 2006, o Conselhode Ministros aprovou os recursos fi-nanceiros considerados necessáriospara o registo dos cidadãos em idadede voto, num montante de US$85Milhões de dólares. Este montante te-rá proveniência do Orçamento Geraldo Estado.

No intuito de abrir o sistema finan-ceiro às populações mais carencia-das, o Governo proporcionou a cria-ção no seio do Banco Nacional de An-gola do Núcleo de Micro-finanças e osurgimento no mercado financeiro dequatro bancos comerciais operandonesta área: Banco Sol, Novo Banco,BCI e BPC.

Por outro lado, a proposta de Lei do

70

Meta 12:

Desenvolverum SistemaComercial e

Financeiro maisaberto, regula-

mentado,previsível e nãodiscriminatório.

Inclui o compro-misso de boagovernação,

desenvolvimen-to e redução da pobreza

META12

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

Sistema de Pagamentos de Angola,instrumento necessário na gestãodos riscos comerciais, foi aprovadapela Assembleia Nacional, na suasessão plenária do dia 31 de Maio de2005. Este diploma visa regular osdireitos e garantias dos operadoreseconómicos nos processos de liqui-dação das obrigações.

A.2) O Compromisso da Comuni-dade Internacional perante An-gola

A Ajuda ao Desenvolvimento regis-tou, em termos absolutos, níveisrecord em 2004 (79 Biliões de USD).Todavia, regista, simultaneamente, onível mais baixo, de sempre, em pro-porção do rendimento dos Países do-adores. Significa isto uma clara assi-metria entre a acumulação de riquezano mundo desenvolvido e o cresci-mento da ajuda aos Países mais po-bres. Somente cinco Países (2004)atingiram o objectivo de alocar pelosmenos 0.7% do PNB à ajuda ao de-senvolvimento. Países como os EUA eo Japão afectam, respectivamente,0.16% e 0.15%.

Por outro lado, é reconhecido o carác-ter assimétrico dos mercados inter-nacionais e a forma como os mes-mos, directa e indirectamente, pena-lizam os Países em Vias de Desenvol-vimento. Neste particular, as políticascomerciais de matriz proteccionista,emanadas do Continente Europeu edos Estados Unidos da América, pe-nalizam o esforço de desenvolvi-mento económico do mundo em de-senvolvimento.

O contributo da comunidade interna-cional para o processo de reconstru-ção de Angola ressente-se desta ten-dência geral. Com efeito, sendo certoque a ajuda internacional à Angolacresceu em termos absolutos, nãodeixa de ser verdade que esse cres-cimento não deixa, em termos relati-vos, de estar bem aquém do impostopelo desafio da reconstrução nacio-nal.

B) DESAFIOS

A pobreza é visível e extensa em An-gola e é o maior impedimento para opróprio desenvolvimento. Assim, omaior desafio para o Governo é a ur-gente redução da pobreza generali-zada do País. Esse compromisso en-volve:

a)Promover a participação da

população pobre na gestão da

Sociedade e do Estado;

b)Criar empregos,

c)Descentralizar a gestão pública,

d)Reforçar a capacidade adminis-

trativa do Estado;

e)Incentivar a participação da

sociedade civil na elaboração e

acompanhamento dos orçamentos

públicos,

Por outro lado, o desafio que se im-põe aos parceiros para o desenvol-vimento é o de evoluir de um registomarcadamente humanitário e de emer-gência, para um apoio consistente aoprocesso de desenvolvimento econó-mico e social. Estamos, pois, peranteum desafio quantitativo e qualitativo:

Quantitativo, na exacta medida emque o esforço de reconstrução do Paísexige mais recursos materiais;

Qualitativo, atenta à circunstânciade estarmos perante um momentode mudança do paradigma da ajudaao desenvolvimento da República deAngola, evoluindo de um quadro hu-manitário e de emergência, para ummodelo de parceria para o desenvol-vimento sustentável. Esta mudançaqualitativa requer uma nova abor-dagem por parte da comunidade in-ternacional no relacionamento comAngola.

C) POLÍTICAS E PROGRAMAS

O Conselho de Ministros de Angolaaprovou em Maio de 2005 váriosprotocolos que visam o fomento do

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META12

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

desenvolvimento económico e social,nomeadamente:

Protocolo sobre os Assuntos Jurí-dicos (legais) que permite a aplicaçãoe interpretação dos instrumentos ju-rídicos, bem como a assessoria àsinstituições da SADC;

Protocolo contra a Corrupção queproporciona a nível da região um ins-trumento que auxilie os Estados mem-bros na Luta contra a corrupção;

No contexto sub-regional, em 2003,Angola adoptou o Plano EstratégicoIndicativo do Órgão de Defesa e Se-gurança (SIPO) da SADC que repre-senta um guião necessário para osPaíses membros, na implementaçãodo Protocolo sobre Políticas e Coo-peração em matéria de Defesa e Se-gurança, durante os cinco próximosanos.

No plano comercial, a liberalização docomércio externo aumentou desdeque Angola aderiu à OMC. A pautaaduaneira foi simplificada e as tarifasreduzidas. No plano sub-regional, An-gola prepara a implementação concre-ta do Protocolo do Comércio da SADCque prevê que 85% de todo o volumede trocas comerciais atinja o nívelzero (0) da tarifa pautal. Entretanto,Angola formou um grupo multi-sec-torial a fim de preparar a negociaçãodo Acordo de Parceria Económicaentre a União Europeia e a SADC, noâmbito dos acordos revistos de Co-tonou (UE/ACP)

Em 2004, o Governo procedeu à ade-são formal do País ao Mecanismo Afri-cano de Revisão pelos Pares (APRM);a fase seguinte consistirá em convi-dar o Secretariado de APRM a fim deconduzir estudos de avaliação, o queserá um sinal forte de engajamentodo Governo para uma transparênciana gestão do destino das pessoas eda coisa pública7 .

Em 2004, o Governo procedeu à ade-são ao ‘’EITI - Extractive IndustriesTransparency Initiative’’. Como sinalforte de respeitar os seus engaja-

mentos acerca desta iniciativa, o Go-verno publica regularmente no siteWeb do Ministério das Finanças um rela-tório dos seus rendimentos petrolífe-ros.

No quadro da Comunidade Económi-ca dos Estados da África Central(CEEAC), pretende-se criar o EstadoMaior Regional, a Brigada Regional,da qual deverão fazer parte efectivosmilitares dos onze Estados membros8.A ideia de criação de unidades mili-tares operacionais qualificadas, e empermanente estado de alerta, resultade uma deliberação do Conselho de Mi-nistros da CEEAC, realizado, em Bra-zaville, no Congo, em Dezembro de2004.

Conclui-se, deste modo, que Angolatem dado passos concretos no sen-tido da abertura crescente da sua eco-nomia e correspondente integração nocomércio e outras formas concretasde cooperação a nível mundial e re-gional. Todavia, atenta à debilidadeestrutural e infraestrutural de umaeconomia em reconstrução, deverá otecido produtivo nacional ser alvo deapoios sustentados, por parte do Go-verno e da comunidade internacional,de forma a garantir, progressiva-mente, uma inserção competitiva deAngola e da sua economia nos Mer-cados Mundiais. A este nível, registe-se a debilidade da ajuda internacionalna construção da competitividade daeconomia e das empresas Angolanas,debilidade esta evidenciada em dé-beis acções de assistência material etécnica às empresas Angolanas, comespecial ênfase para as PME’s emer-gentes.

D) PRIORIDADES PARA ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

Dois tipos de prioridades podem sersistematizados.

1. Captação de Ajuda Interna-cional para o Esforço Angolano deDesenvolvimento

A meta de boa governação é uma con-

72

8 Angola, Burundi,Camarões, Congo-Brazzaville, Chade,

Guiné-Equatorial,República Centro Afri-

cana, São Tomé ePríncipe, Gabão,

Ruanda e RepúblicaDemocrática do Congo.

META12

7 Vicente Pinto deAndrade, estudo sobre

Angola para imple-mentação do Mecanis-

mo Africano de Revisãopelos Pares (MARP),

Luanda, UNDP, Maio de 2005.

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dição “sine qua non” para o aumentoda assistência ao desenvolvimento deAngola. Todavia, da comunidade in-ternacional espera-se, também, umempenho, adequado, em quantidadee qualidade, à magnitude do esforçode reconstrução nacional. Passados 3anos sobre a pacificação do cenáriopolítico-militar, a comunidade inter-nacional tarda em assumir o papelque dela se espera em Angola, não setendo concretizado, até agora, a pro-metida Conferência de Doadores. Nosúltimos anos, há a registar o incre-mento da Ajuda ao Desenvolvimen-to, por parte da União Europeia e al-guns doadores bilaterais.

2. Facilitar a Integração Justa deAngola no Sistema Comercial eFinanceiro Mundial

A este nível, muito há por fazer. Oapoio material e de assistência téc-nica internacional às empresas An-golanas é praticamente inexistente,fora do sector mineral. A comunidadeinternacional pode apoiar o esforçode construção da competitividade daeconomia e das empresas Angolanas,indispensável ao objectivo do desen-volvimento sustentável, assente numsector privado dinâmico e gerador deemprego, capaz de assumir, progres-sivamente o controlo da economia. Aafirmação da competitividade da eco-nomia Angolana é um dos vectoresfundamentais do aprofundamento dademocracia, sendo certo que a capta-

ção de investimento privado – nacio-nal ou estrangeiro – é também tribu-tário da boa governação e da trans-parência.

E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO EDE SEGUIMENTO

Observou-se nestes três últimosanos, uma melhoria significativa dossistemas de informação relativos aosseguintes domínios:

Estatísticas do comércio externo;Estatísticas monetárias;Estatísticas sobre rendimentos dosector petrolífero.

A análise da meta 13 está focalizadana necessidade de se diversificar aeconomia angolana para a criação deempregos orientados para a popu-lação pobre. Esta diversificação daprodução irá, consequentemente, au-mentar o tipo de exportações que de-verão estar livres de quotas de ex-portação. No que diz respeito aos compromis-sos assumidos pela Comunidade In-ternacional no quadro desta meta,importa referir que, presentemente,cerca de dois terços das exportaçõesdos Países em vias de desenvolvi-mento são isentas de taxas e impos-tos nos Países desenvolvidos de des-tino.

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META13

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A) DIAGNOSTICO E TENDÊNCIA

A diversificação da economia ango-lana é fundamental na luta contra apobreza e na criação de empregos. Osector petrolífero, só por si, não podecontribuir fortemente para a criaçãode emprego para a população pobre.Com vista ao relançamento da econo-mia não petrolífera, o Governo inter-vém com acções que promovem e fo-mentam a actividade empresarial atra-vés das instituições especializadas,tais como o Instituto Nacional de Apoioà Pequena e Média Empresa (INA-PEM), o Fundo de Desenvolvimento Eco-

nómico e Social (FDES) e a Agência Na-cional de Investimento Privado (ANIP).

AJUDA INTERNACIONAL

FAS (Fundo de Apoio Social)

São os fundos disponibilizados peloGoverno de Angola e pelas doaçõesde alguns Governos e instituições es-trangeiras que permitem o financia-mento pelo FAS dos projectos solici-tados pelas comunidades ou pelasrespectivas administrações. Durantea vigência do crédito FAS II (Novem-bro 2000 – Dezembro 2003), o nívelde desembolso foi de 40.652.305,92USD. (sendo 32,6 milhões provenien-tes do crédito IDA, 2,4 milhões dedólares do governo angolano, 3,3milhões de dólares do governo da No-ruega, 240.000 dólares da USAID,75.000 dólares da Shell, 97.000 dóla-res da British Petroleum, 14.000 doGoverno italiano e 847.000 do Reinoda Suécia). Em termos de financia-mento, 979 sub-projectos foram con-templados dos 1.172 previstos, sen-do 36,3% no sector de educação,9,9% na saúde, 41,2% na água e sa-neamento, 11,4% no sector econó-mico e produtivo, e 1,2% do sectorambiental9 .

APD (ODA)

Observa-se que a ajuda pública ao de-senvolvimento tem a seguinte evo-lução10 : As duas componentes da APD são AjudaHumanitária e Ajuda ao Desenvolvi-mento a longo prazo. Segundo a basede dados de OCDE, durante o ano 2003,a APD foi de 499 milhões de dólaresamericanos; a distribuição, abaixo,mos-tra a locação dos fundos da APD por se-ctor: 48% para a Assistência Huma-nitária, 34% para Sectores Sociais, in-cluído Educação, Saúde e outros. O rácioda APD líquida em relação ao PNB terá

sido de 4,6%11 . Daqui se infere da neces-sidade imperiosa de alteração do para-digma da APD em Angola. Com efeito,Angola necessita de reconstruir a suabase económica, desafio este que re-quer o apoio da comunidade internaci-onal. Expurgando o petróleo e os diaman-tes, recursos naturais finitos e expor-

74

9 Fonte: Fundo de ApoioSocial, Relatório Final de

Actividades, FAS II,

11 Http://www.rocde.org

12 Os dados para 2004ainda não estão

disponíveis no Web Siteda OCDE no momento da

elaboração desterelatório; portanto não é

possível conhecer astendências da APD do

ano 2004 e a seguir.

META13

Meta 13:

Atender às neces-sidades especiaisdos Países menos

desenvolvidos.Inclui taxas e quo-tas de livre acesso

para as exporta-ções, reforço do

programa deredução de dividabilateral oficial; e

ODA mais genero-sa para os Países

comprometidoscom a redução da

pobreza

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tados com reduzida incorporação devalor acrescentado, os Países desen-volvidos têm beneficiado de forma as-simétrica do comércio com Angola. Noquadro dos objectivos do Milénio, écompromisso da comunidade interna-cional colaborar com Angola na altera-ção deste “status quo”, seja através doaumento da APD (em termos absolu-tos), seja através da alteração da estru-tura qualitativa da mesma.

AJUDA HUMANITÁRIA

Note-se que a tendência é para umadiminuição de ajuda humanitária;cerca de 40%, em 2004 em relaçãoao 2002, ano que marcou o fim daguerra com a assinatura dos Acordosde Luena. O quadro abaixo apresentaos principais doadores de ajuda hu-manitária.

75

Assistência humanitária total por doador

Fonte: www.OCHA/FTS, Julho de 2005.

META13

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Para o ano 2005, até ao mês de Ju-lho, o montante total da ajuda huma-nitária apenas é de 25.254.685 dóla-res americanos, dos quais 5.850.000de dólares americanos destinados aocombate a febre hemorrágica de Mar-burgo. Com o fim da situação de emer-gência, a tendência natural será paraum progressivo recuo do peso relati-vo da ajuda humanitária na APD.

AJUDA AO DESENVOLVIMENTO A LONGO PRAZO

UNDAF

A Estratégia de Combate a Pobreza(ECP) apresentada pelo Governo deAngola identifica as prioridades naci-onais essenciais para o processo dereconciliação e recuperação nacionalque se iniciou com a assinatura depaz em Agosto 2002. O Quadro deAssistência para o Desenvolvimentodas Nações Unidas (UNDAF) reco-nhece e procura responder às priori-dades mencionadas na ECP. Os doisQuadros, conjuntamente, procuram con-tribuir para o alcance dos Objectivosde Desenvolvimento do Milénio (ODM).

Os grandes eixos compartilhadospelas Agencias das Nações Unidas noâmbito do UNDAF resumem-se ao re-forço de capacidades nacionais, apoi-ando a prestação de serviços sociaisbásicos, melhoramento de sistemasde governação e implementação deprogramas para criar meios de vidasustentáveis, na defesa e respeitopelos direitos humanos e promoçãoda mulher e garantir a participação co-munitária nas decisões que afectam oseu bem estar e futuro.

Todavia, importa ter presente que, sen-do o combate à pobreza a prioridadecentral da acção de Governo e Comu-nidade Internacional, o esforço de de-senvolvimento não pode, nem deve,ser reduzido a este denominador co-mum. Com efeito, o desafio do desen-volvimento sustentável exige uma soci-edade democrática e livre, assente nu-ma economia saudável, em que, à ge-

neralidade dos cidadãos esteja asse-gurada uma existência digna e libertada sombra da fome e da pobreza. As-sim, o combate à pobreza, resolvendoos problemas inadiáveis de hoje, po-derá transformar-se numa hipoteca so-bre o futuro, caso não se criem as con-dições estruturais e infraestruturais pa-ra a afirmação da economia Angolanaenquanto fonte primeira de combate àexclusão, pobreza e fome.

FMI

As inconclusivas negociações entreFundo e Governo de Angola, têm con-dicionado, de alguma forma, o Pro-gresso do País rumo ao cumprimentodos objectivos do Milénio. A inexistên-cia de acordo entre FMI e Angola temconduzido a um aumento da divida ex-terna, contraída no mercado internaci-onal e condicionado a realização daConferência de Doadores, bem como aconvocatória do “Clube de Paris” pararenegociação da divida externa de An-gola.

Banco Mundial

O Banco Mundial reiniciou, em 2003,as suas actividades em Angola numquadro de cooperação interina procu-rando apoiar o Governo no estabele-cimento de um ambiente capaz de re-ter ajuda e promover crescimento sus-tentável. Quatro grandes projectos es-tão em curso:

ADRP (Projecto de desmobilização eReintegração Social em Angola): 33 mi-lhões de dólares, em subvenções;EMTA (Projecto de Assistência Técnicae Gestão Económica): 16,6 milhões dedólares;FAS (Fundo de Acção Social): 55 mi-lhões de dólares;HAMSET Projecto (HIV/AIDS, Malária,Tuberculose): 21 milhões, em subven-ções.

Angola, identificada como LICUS(Low Income Country Under Stress),disponibilizou em cooperação com oPNUD, 4,8 milhões de dólares para

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

um projecto-piloto suportando a rein-tegração dos ex-combatentes. Com excepção do projecto “EMTA”(orientado para o reforço das capa-cidades de gestão macro-económicado Estado), as restantes iniciativasem curso no País sob financiamentodo Banco Mundial estão ainda orien-tadas para a ajuda de emergênciae/ou humanitária. Encontra-se em fa-se de lançamento um Programa Mul-tisectorial da Recuperação Económica.

PNUD

Durante o período de guerra, o PNUDcoordenou de forma eficiente a ajudahumanitária prestada a Angola. Logoapós a assinatura, em 2002, dos acor-

dos de paz, esforços intensos têm via-bilizado o reassentamento das popu-lações e gradual retoma da vida normalnas zonas rurais.

No período pós-guerra, o PNUD vemapoiando os esforços do Governo nosentido de uma melhor gestão dosrecursos originados pela exploraçãodos recursos naturais do País, comparticular ênfase para o petróleo, colo-cando-os ao serviço do desenvolvi-mento económico e da melhoria daqualidade dos serviços sociais. Parale-lamente, os programas do PNUD pro-curam assegurar que os processos in-ternos da Governação são melhorados,cimentando uma cultura de responsa-bilidade e transparência civicas, mobili-zando, simultaneamente, ajuda inter-nacional para o esforço de capacitaçãodos recursos humanos, indispensávelpara elevar a performance da adminis-tração pública nacional.

Deste modo, o impulso principal doprograma do PNUD é promover o de-senvolvimento institucional e capacitaras comunidades, num contexto dademocratização e descentralização pa-ra melhor governação.Além do acima exposto, o PNUD foi se-leccionado pelo Governo para ser oPrincipal Recipiente de todas as com-ponentes por parte do Fundo Global pa-ra a tuberculose – SIDA – Malária. Osdesembolsos já se iniciaram e devemchegar a 91 milhões de dólares ameri-canos em cinco anos.

PAM

O Programa Alimentar Mundial das Na-ções Unidas12, PAM, recebeu do Gover-

no japonês uma doação de 1 milhão dedólares para financiar o programa dealimentação escolar (merenda escolar)que abrange cerca de 130.000 criançasnas províncias de Huambo e Kwanza-Sul e para as campanhas de sensibi-lização sobre o problema de SIDA. Atéao final de 2005, o PAM conta contem-plar neste programa, cerca de 200.000crianças. Porém, 120.000 adultos estãoa ser apoiados pelo PAM em programasde comida pelo trabalho.

UNICEF

Para atender às necessidades das cri-anças, em Angola, o Fundo das Na-ções Unidas para a Criança (UNICEF)investirá, neste ano cerca de 25 mi-lhões de dólares, contra os 30 mi-lhões, no ano passado. Este mon-tante servirá ao Ministério da Saúdena luta contra a mortalidade infantil e

77

http://mirror.undp.org/angola/LinkRtf/ang_ecorep2005.doc

Orçamento do Programa para o período de 2005 a 2008: 1.000 USD

12 Declaração deRichard Corsino,representante doPAM em Angola, inJornal de Angolade 2 de Junho2005, p. 4.

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

materna onde se priorizam a vacina-ção das crianças e a luta contra a ma-lária, a diarreia, as doenças respira-tórias e a má nutrição13. Assim, emMarço deste ano, deu-se o primeiropasso na implementação do Plano“Dias Municipais da Saúde da Crian-ça” que visa a redução da mortalida-de materno - infantil.

FAO

As actividades do Programa da FAOem Angola, no período em análise,articularam-se em dois eixos funda-mentais: actividades de emergênciae de transição para o desenvolvi-mento e actividades ligadas ao for-talecimento das capacidades institu-cionais e de apoio à produção, comcarácter de desenvolvimento. No âm-bito das actividades da FAO para operíodo 2002-2007, destaca-se o se-guinte sobre a proveniência dos fun-dos já recebidos.

Outros fundos adicionais estão igual-mente previstos para novos projectosa desencadear ao longo do período(2005–2007). A sua repartição, emfunção da origem dos mesmos, apre-senta-se da seguinte forma: FundosPróprios (USD 1.050.000), a seremempregues em projectos no quadroda cooperação técnica com o Governopara o reforço da capacidade institu-cional; doações multi e bilaterais(USD 6.214.300) incluindo EURO2.750.000 para acções de apoio àmelhoria dos sistemas de produção,segurança alimentar, apoio institu-cional, produção e multiplicação desementes e apoio à pesca artesanal.

FNUAP

O IV programa de cooperação entre oUNFPA e o Governo angolano (1997-2000), foi aprovado em US$15 mi-lhões: $9.6 milhões de fundos regu-lares e 5.4 milhões de outras fontes.Inicialmente, o programa foi esten-dido para 2002 devido a guerra e foimais tarde estendido para 2004, paraharmoniza-lo com as outras agências

do Grupo das Nações Unidas para oDesenvolvimento (UNDG).

Na área de estratégias de populaçãoe desenvolvimento, o Programa con-tribuiu para o melhor envolvimentodo Governo em questões de popu-lação. O Comité Técnico Intersec-torial (CTI) consolidou a sua posiçãocomo orgão central de coordenaçãodo Programa de População. Como re-sultado do prévio Programa, as ques-tões de género e população e desen-volvimento estão agora integradasnos curricula de educação formalcomo parte da reforma educativa emcurso.

Na área de saúde reprodutiva, osresultados mais importantes foram oaumento da disponibilidade e aces-sibilidade a serviços de saúde repro-dutiva de qualidade nas três provín-cias cobertas pelo Programa (Ben-guela, Huíla e Luanda). O Programatambém prestou assistência de saúdereprodutiva de emergência aos deslo-cados de guerra e contribuiu para odesenvolvimento de uma estratégianacional de saúde reprodutiva. Naprovíncia de Luanda o Programa de-senvolveu com sucesso uma estra-tégia para proporcionar aos adoles-

78

Fonte: FAO-Angola: Portofolio of Projects na Activities 2002-2007.

USD

13 Entrevista deMário Ferrari,

representante daUNICEF, in Jornal de

Angola, p. 4, 29 deMaio de 2005.

META13

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centes informações e serviços desaúde reprodutiva. Esta estratégia foireplicada nas províncias de Benguelae Huíla. Na área de género, o progra-ma contribuiu para a formulação eaprovação do plano estratégico emquestões de género.

O quarto Programa contribuiu aindapara o desenvolvimento de uma poli-tica nacional de saúde reprodutiva, eajudou a actualizar as normas emodelos de saúde reprodutiva em1999. Em 2003, esta politica foi actu-alizada, para incluir uma componentede saúde reprodutiva do adolescente.O Programa também contribuiu parao desenvolvimento do plano estraté-gico nacional do VIH/SIDA.

Uma das lições aprendidas foi a ne-cessidade de descentralizar as acti-vidades ao nível provincial, de formaa responder às necessidades de cadaProvíncia. O Programa explorou ca-nais alternativos e inovadores para aprestação de serviços e informaçãode Saúde Reprodutiva, educação eactividades de educação e comuni-cação. As organizações não governa-mentais (ONGs) tiveram um maiorenvolvimento em novas iniciativas.

Para o V Programa de Cooperaçãoentre o UNFPA e o Governo angolanoa implementar entre 2005-2008estão previstos $15,5 milhões dedólares, sendo 8,4 milhões de fundosregulares e os restantes 7,1 milhõesa mobilizar de outras fontes. A metado V Programa é contribuir para oprocesso de reconstrução e reduçãoda pobreza e melhorar a qualidade devida do povo angolano através de:(a) promoção de saúde e direitos re-produtivos, melhorar o acesso à in-formação e serviços de saúde re-produtiva; (b) reduzir a incidência doVIH/SIDA e mortalidade materna; (c)reduzir a disparidade de género edesigualdade entre homens e mu-lheres; e (d) melhorar o equilíbrio en-tre o crescimento demográfico e re-cursos. O programa proposto base-ando-se nas lições aprendidas, refor-

çará a descentralização da execuçãodo Programa anterior e melhorará acoordenação do mesmo. À semelhan-ça do anterior, O V programa terá du-as componentes: estratégias de po-pulação e desenvolvimento, e saúdereprodutiva. A advocacia e género se-rão questões transversais.

BAD/FAD

O Banco Africano de Desenvolvimentoassinou em Agosto de 2005 com oGoverno, o quadro de assistência novalor de 47 milhões de dólares ame-ricanos para o período de 2005-2008.

EC/FED

Segundo a estratégia da ComissãoEuropeia sobre a ajuda a Angola, co-mo aderente à Convenção de Co-tonou EC/ACP, três domínios sãocontemplados:

A consolidação da paz e o reforço doEstado de Direito;A boa governação e o reforço da so-ciedade civil;A redução da pobreza, com enfoquesobre a segurança alimentar e secto-res sociais.

Para o período 2002-2007, está pro-gramado um montante de 210 mi-lhões de euros, dos quais 146 mi-lhões de euros destinados às situa-ções de emergência e imprevistas; asalocações do FED são de 64 milhõesde euros.

B) DESAFIOS

O grande desafio da meta 13 é au-mentar a produção não extractiva eas exportações não petrolíferas a fimde gerar emprego para população ediminuir a dependência em relaçãoao petróleo. Atenta a magnitude dosinvestimentos em causa, a coopera-ção e ajuda internacionais serão de-terminantes na construção da com-petitividade da economia Angolana,em geral, e do indispensável capitalsocial em particular.

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

Entretanto, segundo os indicadoresapresentados pelo Banco Mundial,ainda não existe no País um climafavorável aos investimentos privados,nacionais ou estrangeiros. Com efei-to, constata-se uma grande morosi-dade no arranque de um projecto denegócio, na celebração de um contra-to e no registo de uma empresa: emJaneiro de 2004, por exemplo, o iní-cio de um negócio levava 146 dias enecessitava 14 procedimentos. Toda-via, a lei de investimento privado pa-ra além de pretender reduzir a buro-cracia, facilita os processos legais econcede uma série de garantias aoinvestidor privado, como o repatria-mento de capitais.

A legislação do investimento privado,ao equiparar o investimento estran-geiro ao nacional, configura um es-forço sério e determinado do Governono sentido da abertura da economia ede dinamização do sector privado.Trata-se de um ponto de partida rele-vante e importante para uma acçãoestruturante da comunidade interna-cional, visando a construção da com-petitividade da economia Angolana. Isto explica, entre outros factores, adelicada posição que Angola ocupa

em termos de competitividade em-presarial e de crescimento, de acordocom a classificação do Fórum Econó-mico Mundial, em Outubro de 2003:95ª entre 95 Países, em competitivi-dade empresarial, e 100ª entre 102Países, em competição de cresci-mento14. Contudo, a ANIP (AgênciaNacional do Investimento Privado) eo Guichet Único da Empresa, estru-turas do tipo one-stop shop, foram jácriadas no intuito de acelerar os pro-cedimentos ligados a constituição dasempresas e de seu financiamento.

C) POLITICAS E PROGRAMAS

A diminuição de taxas e quotas de ex-

portação, ou livre acesso para as fu-turas exportações não petrolíferas deAngola, e a luta para a redução dadivida bilateral oficial são prioridadespara Angola. Nesta fase inicial, criti-ca, os recursos de petróleo e dia-mante, por si próprios, não são sufi-cientes para atender aos Objectivosde Desenvolvimento do Milénio (ODM).

Adicionalmente, o Plano EstratégicoIndicativo de DesenvolvimentoRegional (RISDP) foi aprovado quan-

80

Fonte: World Development Report 2005, A Better Investment Climate for Everyone, The World Bank, pp. 248-249.

Indicadores do clima de investimento: Angola na SADC

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

do da Cimeira de Chefes de Estado eGoverno da SADC, em Agosto de2003, em Dar-es-Salam (Tanzânia).O RISDP representa uma plataforma,através da qual, os Países da regiãolevam a cabo a sua integração eco-nómica para um desenvolvimentosustentável. Este plano estabelece osobjectivos e metas a alcançar nospróximos quinze anos que são coin-cidentes com os ODM.

Investimento Privado

Em 2004, houve um crescimento dossectores não extractivos, como espe-lha bem o quadro abaixo sobre asintenções de investimento privadoregistadas pela Agência Nacional doInvestimento Privado15.

Em 2004, as intenções de inves-timentos cresceram em relação a2003 na ordem de 108,3% ou seja deUSD 160,2 milhões para USD 333,8milhões. Destacam-se os sectoresdas pescas, comércio, indústria ex-tractiva, transformadora e do turismoe hotelaria. Entretanto, o sector deagricultura, importante para a gera-

ção de receitas e produção de ali-mentos, diminuiu em 37,7% em ter-mos absolutos, tendo, todavia, dupli-cado o número de projectos apro-vados. Simultaneamente, o sector daspescas viu os investimentos subiremde forma espectacular, de menos de1 milhão de USD em 2003, para maisde 30 milhões de USD em 2004. Opotencial de criação de emprego in-duzido pela dinâmica do investimen-to privado (mais do dobro em 2004do que em 2003), afirma-se comoum sinal particularmente positivo pa-ra o esforço de redução da pobreza,sendo, também, um primeiro resul-tado visível do esforço desenvolvidopelo Governo no sentido de uma ma-ior abertura da economia nacional.

D) PRIORIDADES PARA A ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

A prioridade da acção de Governo eComunidade Internacional deveráresidir, numa primeira etapa, na re-construção da base económica naci-onal (seja no plano estrutural seja noplano infraestrutural) para, numasegunda etapa, evoluir para a cons-

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Fonte: Dados trabalhados à partir de informação da Agência Nacional do Investimento privado ANIP

Projectos aprovados por ano (USD)

14 Laurence Clarke,Representante Residente doBanco Mundial, Discursopronunciado aquando dolançamento conjunto dosrelatórios do Banco Mundial edas Nações Unidas sobre oSector Privado, Luanda, 14de Maio de 2005.

15 Ministério do Planea-mento, Direcção de Estudose Planeamento, BalançoDefinitivo Programa 2004 doGoverno.

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trução da competitividade da econo-mia nacional, aposta fundamental àsustentabilidade do processo de de-senvolvimento humano e económicodo País. De igual modo, o reforço docapital social como forma de me-lhorar o ambiente geral de negócios,deverá afirmar-se como prioridadecomplementar da assistência ao de-senvolvimento.

E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO EDE ACOMPANHAMENTO

A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIAS

O Governo angolano beneficiou doapoio das instituições internacionais(UNCTAD, FMI) em termos de capa-citação na gestão da dívida externa.

Em 2004, o montante da dívida ex-terna estava avaliada em 8,889.2 milmilhões de dólares, sendo 4,199.0mil milhões de dólares junto dos ban-cos e empresas e 4,324.5 mil milhõesde dívida oficial bilateral; enquantoque a dívida multilateral é, somente,

e de forma ilustrativa, de 365.7 mi-lhões de dólares. O rácio dívida/PIBbaixou de 66,7%, em 2003 para 48,1% em 2004, segundo uma estimativarecente. Este rácio, já baixo e comuma parte multilateral insignificante,dificulta o acesso às facilidades HIPIC.

B) DESAFIOS

O principal desafio a cumprir no âm-bito desta meta será o de negociarcondições mais favoráveis para a dí-

vida contraída durante o período emque o País se encontrava em guerra.Para que tal se torne possível, é in-dispensável a organização de uma Con-ferência de Doadores e que se con-cretize a Reunião do Clube de Paris.

C) POLÍTICAS E PROGRAMAS

Desde 2000, no âmbito do programade reformas, o Governo angolanotem vindo a tentar negociar, sem êxi-to, um acordo global com as organi-zações internacionais acerca da suadívida, dada a ausência de um Acordocom o FMI. O Governo optou, assim,por negociar directamente como osPaíses credores. Conseguiu reduçõesda dívida de um valor global de 107biliões de Kwanzas equivalente ao 1,3Bilião de dólares americanos, com osseguintes países: Rússia, Portugal,Polónia, Hungria e Alemanha16 .

Porém, verifica-se que, enquanto nos

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Meta 15:

Negociar de forma abrangente osproblemas da divida dos Paísesem desenvolvimento através demedidas nacionais einternacionais de forma a tornar adivida sustentável a longo prazo

META15

16 Website do

Ministério das

Finanças, Abril

de 2005.

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anos 2002 e 2003, o endividamentoconsistiu no financiamento do déficefiscal, em 2004, o principal justifica-tivo de endividamento foi a realizaçãode novos investimentos em infraes-truturas e reconstrução. Trata-se, na-turalmente, de um indício positivo,directa consequência da pacificaçãodo contexto político-militar e funçãode um natural realinhamento daacção governativa.

Graças ao aumento rápido das expor-tações do petróleo, o serviço da dívi-da em percentagem das exportaçõesdos bens e serviços baixou de 41%,em 2001 para 18% e 21%, respec-tivamente, em 2003 e 2004. Mesmocom este nível de 21%, há uma forteretenção de recursos nacionais, queseriam úteis para a realização dosODM.

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Fonte: BNA/DEE

Dívida externa de curto, médio e longo prazo (Mil milhões de USD)

META15

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Divida Bilateral

Angola, com base no trunfo do petró-leo, passou a explorar alguns bene-fícios de acordo com credores privi-legiados. As principais linhas de cré-dito recentes são com a China, Ale-manha, Israel, Portugal e Brasil.

1) Crédito Chinês

No âmbito do acordo de empréstimo,assinado em Março de 2004, entre oGoverno de Angola e o Banco deImportação e Exportação da China,controlado pelo Estado Chinês (Exim-bank), o Governo Angolano definiucritérios de acesso das empresas aocrédito, bem como as regras e osprocedimentos sobre a subcontrata-ção de empresas angolanas para arealização de sub-empreitadas. As-sim, a selecção das empresas angola-nas será feita na base de um concur-so restrito entre as empresas cons-tituídas há mais de dois anos e quetenham a sua situação jurídica, fiscale contabilística regularizada.

O empréstimo chinês que comportaduas fases, com um prazo de reem-bolso de 12 anos e períodos de ca-rência variáveis em função dos pro-jectos, não podendo ser inferior a 3anos nem superior a 5 anos, é de 2mil milhões de dólares. A taxa de juroé com base na LIBOR, acrescida deum spread de cerca de 1%.

A primeira fase, no valor de mil mi-lhões de dólares, inclui 25 contratosdos quais foram já adjudicados vinte eum e dentro destes:

3 Contratos estão em curso, novalor total de 72,6 milhões de dóla-res destinados ao reforço e melhoriada rede de distribuição de energiaeléctrica a Luanda, à aquisição detractores e alfaias agrícolas e deequipamentos para a reabilitação deestradas terciárias e à compra de1.500 veículos pesados a serem en-tregues aos proprietários que perde-ram as suas viaturas na sequênciado conflito armado;

18 Contratos em fase de apro-vação pelo Eximbank, no valor totalde 886,8 milhões de dólares desti-nados à construção de 18 institutospolitécnicos, 17 institutos médios e18 escolas secundárias do II e IIIníveis, a reabilitação das redes deabastecimento de água a Luanda eao Huambo, a modernização de qua-tro perímetros agrícolas e a reabili-tação da estrada Luanda/Negage,passando pelas cidades de Caxito eUíge, numa extensão de 371 quiló-metros;

4 Contratos na área da saúde emfase de adjudicação concernentes àconstrução de 10 centros de saúde eseis hospitais municipais e a reabili-tação de quatro hospitais provinciais.

A subcontratação de empresas ango-lanas para participar no processo dereconstrução do País é um passo im-portante para geração de rendimen-to, emprego e transferência de tecno-logia.

A segunda fase, no valor de mil mi-lhões de dólares, pode ser utiliza-da, pelo Governo de Angola, após aconclusão de todas as formalidadesprevistas na fase anterior. Note-seque a linha de crédito chinês é aprincipal fonte de financiamento doPrograma de Investimentos Públicos(PIP) para o período 2005/06. Por ou-tro lado, a China tornou-se na segun-da compradora do petróleo angolano,seguindo os Estados Unidos de Amé-rica. Durante o ano 2003, os EstadosUnidos e a China adquiriram, respec-tivamente, 38,4% e 21,5%. Esta afectação de recursos é alta-mente convergente com a Estratégiade Combate à Pobreza e os ODM. To-mando em consideração o montantetotal dos projectos em curso e emfase de aprovação, a Educação repre-senta 41,9%, Energia e Águas 22,9%,os Transportes e Obras Públicas 21,2%e a Agricultura 14%.

2) Outras linhas de crédito

O quadro a anterior apresenta os princi-

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META15

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pais créditos à exportação ou linhas decrédito alocados a empreendimentosligados ao Programa de InvestimentoPúblico:

D) PRIORIDADES PARA ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

Além da obtenção de recursos finan-

ceiros, outra prioridade será obter as-sistência externa para fortalecer acapacidade de negociação da dividaexterna com os diversos tipos de cre-dores. Adicionalmente, medidas na-cionais e internacionais terão de serimplementadas de forma a tornar adivida sustentável a longo prazo. Asmedidas nacionais serão o fortale-

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Fonte: Dados originais do Eximbank (China)

Linha de crédito do Eximbank da China)

Fonte: Ministério das Finanças, Julho de 2005.

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cimento da equipa do governo, prin-cipalmente ao nível do BNA, de nego-ciação com os credores. A nível inter-nacional, será de fortalecer a posiçãode Angola face a outros Países atra-vés da formação de um tipo “Clubede Luanda”, que poderia aglutinar osPaíses PALOPs devedores para senegociar a divida do PALOPs em blo-co, tendo também em consideração arecente decisão do G8 sobre reduçãoda divida.

A criação de trabalho para a juven-tude angolana depende da revitali-zação do sector produtivo, principal-mente da agricultura e da reabilita-ção e modernização das infraestrutu-ras. Todos os sectores consideradoscomo prioritários para a actividadeeconómica estão ligados à melhoriada qualidade de vida dos jovens, no-meadamente educação e saúde, re-construção de infra-estruturas de trans-porte e de energia.

Meta 16:

Em cooperação com os Países emdesenvolvimento, desenvolver eimplementar estratégias quepermitem trabalho apropriado eprodutivo para a juventude

A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIAS

A actual taxa de desemprego dos jo-vens de 15 aos 24 anos está esti-mada em 37%. Torna-se, então, fun-damental investir na qualificação dosjovens Angolanos, para garantir mão-de-obra adequada e aumentar acompetitividade estrutural e produti-vidade da economia Angolana. O es-forço de reconstrução da economiaAngolana será, nas primeiras etapas,fortemente intensivo em mão-de-obra,pelo que é de esperar uma contrac-ção do desemprego. Todavia, este fa-cto não poderá comprometer o futu-ro, desviando jovens em idade esco-

lar de uma formação consentânea comos desafios que o futuro do País impõe.

B) DESAFIOS

Os desafios que o Governo Angolanotem que enfrentar para prover em-pregos produtivos são enormes, ten-do em vista o elevado grau de jovensna população do País. Actualmente, o

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E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃOE SEGUIMENTO

META16

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País tem uma população estimada emcerca de 14,7 milhões de habitantes,dos quais 60% têm idade inferior a20 anos.Nas próximas décadas a populaçãojovem irá duplicar. Governo e parcei-ros deverão activamente trabalhar nosentido da qualificação da juventudeAngolana, não hipotecando, em nomeda garantia da sobrevivência, a cons-trução de um futuro melhor. Significaisto, criar condições para que todo ojovem Angolano possa ter acesso àeducação e à construção de compe-tências necessárias para a consolidaçãoda competitividade estrutural futura daeconomia Angolana.

C) POLÍTICAS E PROGRAMAS

O Governo assinou uma ConvençãoFinanceira com os Bancos comerciais,BPC e Banco Sol, para financiar ope-rações de micro-crédito e de créditoao consumo com um montante de 10milhões de dólares. O objectivo é depromover modelos de geração deemprego e de renda, sobretudo paraos jovens e mulheres, chefes deagregados familiares. Algumas cate-gorias sócio-pro-fissionais são visa-das, nomeadamente professores, en-fermeiros, pequenos produtores agrí-colas e equiparados, e outros profis-sionais de importância similar. Os em-préstimos serão concedidos à taxa dejuro específica. As populações dasprovíncias a serem contempladas, nes-

ta primeira fase, são: Bié, Huambo,Huíla, Benguela, Kwanza-Sul, Malange,Uíge, Cabinda e Luanda.Também, o alargamento dos Centrosde Formação Profissional, criação dasEscolas de Ciência e Tecnologia noâmbito do ensino superior visa darformação profissional aos jovens paraterem mais probabilidade de ingressono mercado de trabalho.O Governo tem em preparação umaPolítica de Juventude e adoptou me-didas específicas de apoio ao empre-go que englobe todas as dimensõesnecessárias ao desenvolvimento dosjovens. Será decisiva também a cria-ção e expansão de uma fileira de en-sino técnico e tecnológico.

D) PRIORIDADES PARA ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

A prioridade será a definição e im-plementação de uma política de ju-ventude. Adicionalmente, será neces-sário o ordenamento das actividadesrelacionadas com o ensino superiorestimulando a abertura das fileirastecnológicas, ao contrário de que severifica presentemente. É imperativa,uma política activa de construção decompetências de futuro, assegurandoo acesso à educação e formação in-dispensáveis para a construção deuma oferta de emprego qualificada eadequada ao desafio de uma econo-mia competitiva no futuro.

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E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO E SEGUIMENTO

META16

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Meta 17:

Em cooperação com empresasfarmacêuticas, permitir o acessoaos medicamentos essenciaisdisponíveis nos Países emdesenvolvimento

A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIAS

A percentagem de população comacesso aos medicamentos essenciaisdisponíveis, numa base sustentável, éínfima em Angola. Actualmente, deacordo com a OMS, apenas uma pe-quena parcela da população tem aces-so aos medicamentos essenciais17. Um projecto de produção de medica-mentos essenciais foi implantado nadécada de 1990 com os apoios do BADque teria três unidades de produçãosituadas em Malange, em Luanda eoutra em Benguela. O investimentototal foi de US$32 milhões. Este pro-jecto asseguraria medicamentos es-senciais para todo o País. A unidadeprodutiva de Luanda, Bairro do Palan-ca, foi completada e a de Malange so-freu imensos atrasos. A unidade deLuanda, porém, nunca chegou a atingirmais do que 30% de sua capacidadede produção, devido principalmente afalta de recursos para a importação dematérias-primas. O projecto foi consi-derado padrão para Países em Desen-volvimento, com equipamentos e tec-

nologias de ponta, e possuía uma im-portante componente de formação depessoal científico angolano, que tinhapor objectivo duplicar o número de far-macêuticos no País. A empresa consti-tuída para gerir o projecto foi a Ango-médica UEE, Produção e Comercio deMedicamentos.

B) DESAFIOS

Trata-se de colocar à disposição daspopulações medicamentos de quali-dade a preço acessível. Trata-se, tam-bém, de redinamizar as infraestruturasdesenvolvidas com o apoio do BAD,colocando-as ao serviço dos objectivosde desenvolvimento do País.

C) POLÍTICAS E PROGRAMAS

Neste momento, o Governo procede àreestruturação das unidades farma-cêuticas e prevê-se a publicação denova legislação sobre comercializaçãoe distribuição de medicamentos.

D) PRIORIDADES PARA ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

Há necessidade de reforçar as cam-panhas de sensibilização sobre aaquisição, utilização e conservaçãodos medicamentos.

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E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO E SEGUIMENTO

META17

17 PNUD, Relatório doDesenvolvimento

Humano 2004: dados mais recentes

segundo inquéritorealizado em 1998-

1999 pela OMS.

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Meta 18:

Em cooperação com o sectorprivado disponibilizar asvantagens das novas tecnologias,especialmente na informação enas comunicações

A) DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIAS

A elaboração pelo Governo, em Agos-to de 2005, da lei de imprensa criacondições para melhorar o sector deinformação em Angola.

Em 2001, na sequência do diagnós-tico que aponta as principais causasdo fraco desenvolvimento das teleco-municações no País, nomeadamentea inexistência de recursos financeirosadequados para a reposição e moder-nização das infraestruturas, a escas-sez de pessoal qualificado e os sériosimpedimentos resultantes de factoresexternos ao sector, o Governo elabo-rou “O Livro Branco para o Desenvol-vimento das Telecomunicações”, nu-ma perspectiva de quatro anos, istoé, até 2005. O objectivo foi promovero desenvolvimento sustentável dosserviços de uso público para um aces-so universal aos cidadãos e à socie-dade em geral. Assim, foi necessáriodefinir:

As formas de promoção da parti-cipação dos diversos intervenien-tes no sector;

As metas para enquadramentoda intervenção do Estado;

As estruturas para a regulaçãodos operadores de serviços;

Um quadro legal propício aos in-vestimentos do sector público;

As formas e mecanismos para acriação e o desenvolvimento de ca-pacidade humana e tecnológica na-cional;

Um papel a assumir por Angolano contexto das telecomunicaçõescontinentais e globais.

De acordo com o cenário traçado ten-do em conta os condicionalismos dealtura, foram considerados os se-guintes indicadores globais de desen-volvimento18:

Assinala-se a extensão do sistemade telecomunicações através defibra óptica às províncias da Huíla,Namibe e Cunene (60 Milhões USD,desde 2002).

B) DESAFIOS

O grande desafio é a consolidação doprocesso de liberalização das teleco-municações coberto pela nova lei deimprensa de Agosto de 2005, per-mitindo intervenções de muitos maisoperadores no mercado. Outro seriao de conceber um “Master Plan” parao uso das novas tecnologias em An-gola, com o objectivo de melhorar osníveis de informação e comunicaçõesdo País. Há urgência em modernizaras telecomunicações em Angola. Paraisso, o Governo terá que dar priori-dade, entre outras, à implantação eampliação do Programa de Investi-

89

18 Conselho deMinistros, LivroBranco sobre aPolítica das teleco-municações emAngola, Luanda,2001, p. 17.

Fonte: Ministério das Telecomunicações e Correios, DNT, 2004.

Teledensidade

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mento Público (PIP) que aloca recur-sos para as telecomunicações. O PIPprevisto para 2004 foi75.673.236.317,00 Kwanzas, dosquais:

em projectos de subordinaçãocentral: 42.516.343.342,00 Kwan-zas; seja 56%;

em projectos de subordinaçãolocal (Programa de Melhoramentoda Oferta dos Serviços Sociais Bá-sicos): 33.156.892.975,00 Kwan-zas; 44%.

em termos de execução financeira,o PIP atingiu o valor de Kz:56.950.716.016,00 Kwanzas dosquais:

- em projectos de subordinaçãocentral: 34.136.019.551,00 Kwan-zas; seja 56%;

- em projectos de subordinaçãolocal (Programa de Melhoramentoda Oferta dos Serviços SociaisBásicos): 22.814.696.465,00 Kwan-zas; 44%.

C) POLÍTICAS E PROGRAMAS

A aprovação da seguinte legislaçãoconstitui um passo importante do go-verno angolano no sentido da ada-ptação às condições jurídico-legais daintegração da região. A constituição de uma Comissão In-terministerial especificamente pararesponder aos desafios que a Socie-dade de Informação coloca, consti-

tuiu uma medida importante, do Go-verno de Angola, para a promoção desinergias que decorrem da colocaçãodas TICs ao serviço do desenvolvi-mento do País.

D) PRIORIDADES PARA ASSIS-TÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO

Há um grande espaço de manobra noâmbito do Estado para fomentar a in-trodução das novas tecnologias, es-pecialmente na informação e nas co-municações.

E) CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO EACOMPANHAMENTO

Avaliação do Progresso na Imple-mentação do Objectivo 8

A existência de condições para elei-ções livres é a peça fundamental doprocesso de normalização pós-guerrada sociedade angolana. Com este ob-jectivo, a Assembleia Nacional apro-vou o pacote regulamentar relativoao processo eleitoral, promulgado pe-lo Presidente da República. O Chefede Estado solicitou o pronunciamentodo Tribunal Supremo; o acórdão emi-tido por este órgão, nas vestes do Tri-bunal Supremo, permitiu a rectifica-ção da Lei Eleitoral (alínea d do Artigo17°) pela Assembleia Nacional.

Deste pacote, distinguem-se as se-guintes leis: Lei dos Partidos Políti-

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Fonte: Ministério das Telecomunicações e Correios, DNT, 2004.

Enquadramento legal do sector das telecomunicações

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RELATÓRIO DE PROGRESSO 2005

cos, Lei do Registo Eleitoral, Lei deObservação Eleitoral, Lei Eleitoral e oCódigo de Conduta Eleitoral. Porém,com vista à realização das eleiçõesgerais previstas em 2006, o Conselhode Ministros aprovou os recursos fi-nanceiros considerados necessáriospara o registo dos cidadãos em idadede voto, sem registo anterior, nummontante de US$85 Milhões de dóla-res. Este montante terá proveniênciado Orçamento Geral do Estado. Vá-rias acções estão em curso ou em pre-paração, nomeadamente, as emen-das propostas à Constituição, a imple-mentação da Comissão Nacional deEleições e a fixação da data exacta darealização das eleições

O trabalho para jovens é precárioneste quadro económico não diver-sificado e com o sector agrícola aindaem fase de arranque. De acordo como PGG-2005-2006, em 2003 a forçade trabalho ocupada seria estimadaem cerca de 633 mil activos, aosquais se poderiam acrescentar cercade 2 milhões de pessoas ocupadas nosector agrário de subsistência. Tendoem conta a numerosa população jo-vem, maioritariamente com poucaqualificação, que chega ao mercadoanualmente, verifica-se que o merca-do de emprego, fora da economia deenclave, ainda é bastante restrito pa-ra absorver esta procura da popu-lação jovem.

A combinação da renegociação da dí-vida externa com a entrada de novos

créditos bilaterais são as fontes derecurso para reconstrução da econo-mia, onde a assistência ao desenvol-vimento é fundamental para cobrir aexiguidade de financiamentos do OGEe do sector privado nacional. A tãoprometida ajuda internacional, obtidauma vez a paz e lançadas reformasfundamentais, tarda em chegar. Aquase totalidade do esforço de re-construção nacional vem sendo reali-zada com recursos próprios ou ob-tidos de forma bilateral. Os evidentessucessos obtidos na estabilizaçãomacro-económica não foram ainda de-vidamente reconhecidos.

Em relação à grande escassez de me-dicamentos para a população pobre eos preços impeditivos dos medica-mentos essenciais, sugere acções eestudos dirigidos para apoiar amedicina tradicional em Angola. Seriaassim estruturado um sector do sabertradicional e poderia suplementar aoferta de medicamentos essenciais.

Considerando-se o quadro anterior, oprogresso na implantação dos ODMpode ser o seguinte:

Probabilidade de atingir o obje-ctivo - Razoável

Nível actual do alcance do obje-ctivo - Razoável

Nível de políticas existentes -Razoável

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