objetivos desenvolvimento milÉnio - portugal [ipad - 2004]

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  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

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    DesenvolvimentoMilnio

    OBJECTIVOSS DEEDO

    RELATELATRIOIO DEEPORTUGALPORTUGAL

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    Desenvolvimento

    OBJECTIVOS

    DO

    Milnio

    DE

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    RELATRIO DE PORTUGAL

    OBJECTIVOS DE

    Milnio

    DODesenvolvimento

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    Ficha Tcnica

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio de Portugal

    EDIO:

    Direco de Servios de Planeamento Financeiro e Programao

    Instituto Portugus de Apoio ao Desenvolvimento

    Ministrio dos Negcios Estrangeiros

    CONTACTO:

    Av. da Liberdade, 192, 3. 1250-147 Lisboa

    Tel.: (351) 213 176 700

    web: www.ipad.mne.gov.pt

    e-mail: [email protected]

    Novembro 2004

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    NDICE

    1. Introduo 7

    2. A poltica de desenvolvimento e os instrumentos focalizados nos MDGs 112.1. A poltica de Desenvolvimento 112.2. A eficcia da Ajuda 12

    Afectao de recursos 12Harmonizao e Coordenao 13Modalidades de Ajuda 15

    2.3. Coerncia das polticas para o desenvolvimento 16

    3. Contribuio para os MDGs 1-7 173.1. Polticas, linhas de orientao e iniciativas especficas focalizadas em cada MDG 173.2. Principais desafios 20

    4. Implementao dos compromissos relativos MDGs 7 e 8 23Objectivo 7 Meta 9 Sustentabilidade Ambiental 23Objectivo 8 Ajuda Pblica ao Desenvolvimento 28

    Objectivo 8 Acesso aos Mercados 32Objectivo 8 Sustentabilidade da Dvida 35

    5. Prioridades e aces em direco a 2015 37

    6. Concluses 41

    Anexo 1 Lista dos Objectivos, Metas e Indicadores do Milnio 43

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    A pobreza extrema em que vivem milhes de mulheres e homens tem um custo social

    profundo e representa uma perda irreparvel no potencial das respectivas sociedades no ime-diato, porque impede a criao de riqueza e exige gastos sociais a que os oramentos de cada

    Estado no podem dar resposta. Num mundo cada vez mais globalizado e interdependente,

    a reduo das profundas desigualdades entre os pases desenvolvidos e em desenvolvimento,

    entre as populaes que auferem condies de bem-estar e as que vivem abaixo do limiar

    da pobreza, assume-se no s como um imperativo tico e moral, mas tambm como uma

    prioridade em termos de segurana. A reduo do fosso entre os pases desenvolvidos e os

    pases mais pobres tornou-se, assim, o desafio mais importante no quadro da cooperao

    para o desenvolvimento. A Cooperao s faz sentido na perspectiva do desenvolvimento

    sustentado, colaborando para a melhoria das condies de vida das populaes, particular-mente das mais afectadas pelos desequilbrios econmicos e contribuindo gradualmente

    para a reduo da dependncia da ajuda externa.

    A Declarao do Milnio, adoptada em 2000, por todos os 189 Estados Membros da

    Assembleia Geral das Naes Unidas, veio lanar um processo decisivo da cooperao glo-

    bal no sculo XXI. Nela foi dado um enorme impulso s questes do Desenvolvimento, com

    a identificao dos desafios centrais enfrentados pela Humanidade no limiar do novo mil-

    nio, e com a aprovao dos denominados Objectivos de Desenvolvimento do Milnio (MDGs)1

    pela comunidade internacional, a serem atingidos num prazo de 25 anos, nomeadamente:

    1. Erradicar a pobreza extrema e a fome.2. Alcanar a educao primria universal.

    3. Promover a igualdade do gnero e capacitar as mulheres.

    4. Reduzir a mortalidade infantil.

    5. Melhorar a sade materna.

    6. Combater o HIV/SIDA, a malria e outras doenas.

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio de Portugal | 7

    1. Introduo

    1 Millenium

    Development

    Goals: A lista

    completa dos8 objectivos,

    das correspon

    dentes

    18 metas a

    atingir e dos

    48 indica-

    dores, consta

    do Anexo I.

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    7. Assegurar a sustentabilidade ambiental.

    8. Desenvolver uma parceria global para o desenvolvimento.

    Foram ainda a estabelecidas metas quantitativas para a maioria dos objectivos, com vista

    a possibilitar a medio e acompanhamento dos progressos efectuados na sua concretiza-

    o, ao nvel global e nacional.

    Declarao do Milnio, sucederam-se um conjunto de conferncias internacionais,

    nomeadamente a Conferncia sobre o Financiamento do Desenvolvimento que teve lugar,

    em Maro de 2002, em Monterrey. O chamado Consenso de Monterrey veio, por um lado,

    reafirmar o empenho da comunidade doadora e dos pases beneficirios da ajuda na pro-

    cura de fontes de financiamento inovadoras e alternativas, na criao de um novo esprito

    de parceria e de um novo conceito de cooperao para o desenvolvimento, assentando numa

    abordagem holstica colocando a tnica na inter-relao entre o comrcio, o financiamento

    e o desenvolvimento. Significou, por outro lado, a renovao da vontade poltica da comu-

    nidade de doadores relativamente aos MDGs, com especial destaque para a erradicao dapobreza.

    A UE que , no seu conjunto, responsvel por mais de 50% da APD mundial, afirmou-

    se como um parceiro-chave deste processo, tendo contribudo activamente para o processo

    resultante da Conferncia sobre o Financiamento do Desenvolvimento, com base nos seguin-

    tes compromissos fundamentais assumidos no Conselho Europeu de Barcelona, de 2002:

    Aumentar o volume da APD/RNB de cada Estado Membro para pelo menos 0,33% at

    2006, para que a mdia da UE possa ser, nessa data de 0,39% representando um

    aumento extra, anual, de 7 bilies de dlares at 2006.

    Adoptar at 2004, medidas concretas no que respeita coordenao das polticas e harmonizao de procedimentos.

    Adoptar medidas no sentido de um maior desligamento da ajuda.

    Identificar bens pblicos globais.

    Explorar novas e inovadoras fontes de financiamento.

    Apoiar a reforma dos sistemas financeiros internacionais e reforar a contribuio

    dos PED2 para o processo de tomada de decises econmicas a nvel internacional.

    Prosseguir esforos para assegurar a sustentabilidade da dvida no contexto de uma

    iniciativa HIPC3 reforada.

    Aumentar o volume de ajuda para fomentar o comrcio.A Cimeira Mundial do Desenvolvimento Sustentvel, realizada em Joanesburgo, em

    Setembro de 2002, veio, finalmente, fornecer um impulso fundamental ao estabelecimento

    das Parcerias (entre pases do Norte e pases do Sul e entre os sectores pblico e privado),

    fechando, assim, um tringulo do qual faz parte tambm a Conferncia de Doha da Organizao

    Mundial do Comrcio4 (OMC).

    8 | Introduo

    2 PED Pases

    em Desen-

    volvimento.

    3 HIPC

    Heavily

    Indebted PoorCountries.

    A iniciativa

    HIPC foi lan-

    ada em 1996.

    4 Na IV

    Conferncia

    Ministerial

    da OMC,

    realizada em

    2001 em

    Doha, Qatar, a

    OMC apelou a

    um reforo doapoio dos pa-

    ses doadores

    no mbito da

    assistncia tc-

    nica e capaci-

    tao institu-

    cional na rea

    do comrcio.

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    Portugal tem participado e acompanhado toda esta discusso nas vrias instncias inter-

    nacionais, com fortes implicaes para a cooperao para o desenvolvimento. Os compro-

    missos assumidos por todos os doadores foram tambm compromissos assumidos pela

    Cooperao Portuguesa, consubstanciando-se no objectivo ltimo da luta contra a pobreza,

    com vista sua erradicao, objectivo central dos MDGs.

    Em Setembro de 2005, a Assembleia Geral das Naes Unidas dever fazer um balano

    dos progressos efectuados na concretizao desta nova agenda global. O objectivo o de per-

    ceber at que ponto esto a ser, ou no, atingidas as metas definidas para os objectivos tra-

    ados, com base em relatrios a apresentar, em 2004, pela comunidade doadora e pelos pa-

    ses em desenvolvimento, como parte de um esforo internacional de monitorizao,

    acompanhamento e medio dos progressos at agora realizados.

    Cabe, assim, comunidade doadora, em que Portugal est inserido, reportar a sua con-

    tribuio, especialmente no que respeita ao Objectivo 8 Desenvolvimento de uma Parceria

    Global para o Desenvolvimento focalizada na ajuda ao desenvolvimento, no acesso aosmercados e na sustentabilidade da dvida. O presente relatrio visa cumprir essa demanda,

    tentando, para o efeito seguir a matriz acordada no seio da Unio Europeia. Assim, o rela-

    trio de Portugal abordar igualmente uma anlise da contribuio para os Objectivos 1 a 7.

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio de Portugal | 9

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    QUADRO I

    Estimativas baseadas nos compromissos dos doadores feitosna Conferncia Financiamento do Desenvolvimento

    Pas APD lquida 2002 % APD/RNB($ Milhes)

    2002 2006

    ustria 520 0.26 0.33Blgica 1,072 0.43 0.46

    Dinamarca 1,643 0.96 0.83

    Finlndia 462 0.35 0.42

    Frana 5,486 0.38 0.47

    Alemanha 5,324 0.27 0.33

    Grcia 276 0.21 0.33

    Irlanda 398 0.40 0.63

    Itlia 2,332 0.20 0.33

    Luxemburgo 147 0.77 1.00

    Holanda 3,338 0.81 0.80

    Portugal 323 0.27 0.33Espanha 1,712 0.26 0.33

    Sucia 1,991 0.83 0.87

    Reino Unido 4,924 0.31 0.40

    UE MEMBROS, TOTAL 29,949 0.35 0.42

    Austrlia 989 0.26 0.26

    Canad 2,006 0.28 0.34

    Japo 9,283 0.23 0.26

    Nova Zelndia 122 0.22 0.26

    Noruega 1,696 0.89 1.00

    Sua 939 0.32 0.36

    Estados Unidos 13,290 0.13 0.17

    CAD MEMBROS, TOTAL 58,274 0.23 0.29

    Fonte: CAD/OCDE.

    10 | Introduo

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    2.1. A poltica de Desenvolvimento

    Portugal tem vindo a desenvolver a sua poltica de cooperao para o desenvolvimento

    no respeito pelo cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milnio ( MDGs) defi-

    nidos pelas Naes Unidas, dando prioridade aos sectores da educao, da sade, do governo

    e sociedade civil e dos servios sociais, aos quais acrescenta uma actuao transversal na

    formao e no apoio capacidade administrativa do pas beneficirio, com vista ao objec-

    tivo ltimo da reduo da pobreza. Dada a ligao que dever inegavelmente existir entre a

    promoo da segurana e do desenvolvimento como condies indispensveis para a con-

    cretizao dos MDGs, a cooperao portuguesa com os pases parceiros tem vindo a ser subs-

    tancialmente direccionada para reas directamente relacionadas com a paz, segurana e esta-bilidade poltica, como , por exemplo, o caso do reforo das capacidades administrativas,

    da governao democrtica, do respeito pelos Direitos Humanos ou do reforo das capaci-

    dades de manuteno da paz africanas.

    Os compromissos internacionalmente assumidos pelo Estado Portugus encontram-se

    reflectidos nos objectivos gerais da poltica portuguesa de cooperao para o desenvolvimento

    formulados na estratgia governamental, centrada em valores como a procura da paz, a soli-

    dariedade, a promoo e consolidao da igualdade social, democracia e direitos humanos.

    Num quadro poltico orientado para a promoo do desenvolvimento econmico, social

    e cultural sustentvel dos pases receptores da ajuda, a reduo da pobreza tem sido, assim,uma preocupao central da Cooperao Portuguesa, determinando a concentrao das nos-

    sas intervenes, tanto do ponto de vista geogrfico como sectorial.

    Em termos geogrficos, a regio da frica Sub-sahariana permaneceu como prioritria

    para a cooperao portuguesa, tendo como principal destino os cinco Pases Africanos de

    Lngua Oficial Portuguesa (PALOP)5. frica o continente que conhece hoje as maiores difi-

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio de Portugal | 11

    2. A poltica de desenvolvimentoe os instrumentos focalizados nos MDGs

    5 Angola,

    Cabo Verde,

    Guin Bissau,

    Moambique

    e So Tom

    e Prncipe.

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    culdades no arranque de um processo de desenvolvimento sustentvel, que possibilite a inte-

    grao das suas economias na economia global, facto bem evidenciado pelo baixssimo ndice

    de participao no comrcio e no investimento mundiais. Compreende-se por isso que, neste

    contexto, e atendendo s relaes histricas e culturais de Portugal com todas as principais

    regies do continente sejam estas as zonas de concentrao prioritria da cooperao por-

    tuguesa. Por outro lado, o envolvimento e empenho de Portugal, desde 1999, no processo

    de reconstruo e desenvolvimento de Timor Leste, confere a este jovem pas o lugar de

    principal beneficirio da ajuda portuguesa.

    Em termos sectoriais, as prioridades da Cooperao Portuguesa tm sido, ao longo dos

    ltimos anos, racionalizadas, com base em dois critrios fundamentais.

    O primeiro diz respeito s necessidades mais prementes dos pases parceiros, claramente iden-

    tificadas nos documentos orientadores das estratgias de desenvolvimento desses pases.

    Exactamente por serem Pases Menos Avanados (PMA)6, na classificao das Naes Unidas,

    estes pases tm mltiplas carncias em todos os sectores econmicos, sociais e institucionais.O segundo critrio relaciona-se com a mais-valia especfica da cooperao portuguesa, num

    contexto de envolvimento de vrias cooperaes bilaterais e multilaterais em cada pas. Os

    factores que conferem cooperao portuguesa potencialidades nicas radicam, sobretudo,

    na lngua portuguesa, no conhecimento histrico apontando, assim, para uma concentrao

    nas reas da educao e da formao, e do enquadramento institucional, desde o reforo da

    capacidade do Estado promoo de condies de governao.

    2.2. A eficcia da Ajuda

    Afectao de recursosA Cooperao Portuguesa canaliza a maior parte da sua ajuda externa bilateralmente,

    atingindo uma mdia de 65% do total da APD entre 1995 e 2003. At 1998, mais de 97%

    da APD bilateral era direccionada a pases com os mais baixos nveis de rendimento per

    capita, nomeadamente os PALOP, todos localizados na frica Sub-sahariana. Todavia, a ajuda

    desembolsada para Timor Leste desde 1999, na sequncia do apoio prestado por Portugal

    ao processo de autonomia daquele pas, alterou esta predominncia e modificou o perfil de

    alocao de recursos at a constante na ajuda portuguesa. Timor Leste, constituiu-se desdeento o principal recipiente da APD lquida (32%), seguido de Moambique (17%), Cabo

    Verde (12%), Angola (8%), So Tom e Prncipe (7%) e, por fim, a Guin-Bissau (6%).

    A alocao geogrfica de recursos tem vindo a ser estabelecida entre Portugal e os seus

    parceiros em funo dos seus instrumentos de planeamento, dos seus planos e estratgias

    de desenvolvimento e do seu desempenho e capacidade de absoro e gesto dos fundos dis-

    12 | A poltica de desenvolvimento e os instrumentos focalizados nos MDGs

    6 Os PMA so

    um grupo de

    50 pases clas-sificados pelas

    Naes

    Unidas como

    sendo os mais

    pobres do

    mundo. Trinta

    e quatro des-

    ses pases

    situam-se em

    frica.

    Aproxima-

    damente 600

    milhes de

    pessoas vivemnestes pases.

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    ponibilizados. Por outro lado, a racionalizao de meios financeiros postos disposio da

    cooperao, no contexto geral da poltica de conteno da despesa pblica, exige que Portugal

    assuma critrios e princpios de concentrao na afectao de recursos a pases e sectores

    especficos, representativos de uma mais-valia.

    As contribuies de Portugal pela via multilateral tm oscilado entre os 28% e os 35%

    durante 1995-1998, descendo para 19% em 1999. Contudo, esta reduo est mais relacio-

    nada com o aumento de 62% da ajuda bilateral entre 1998 e 1999, em particular pelo

    aumento do apoio a Moambique e Timor Leste, do que devido a uma quebra sbita das

    contribuies multilaterais, que normalmente flutuam de acordo com o ciclo de pagamen-

    tos feitos s maiores instituies financeiras internacionais. Em 2002 e 2003 a mdia da

    ajuda multilateral situou-se nos 42%. A grande parcela da ajuda multilateral portuguesa

    canalizada atravs da Unio Europeia, por via das contribuies para o Fundo Europeu de

    Desenvolvimento (FED) que financia a ajuda da UE para os Pases ACP 7, e para o Oramento

    da Comisso Europeia de Ajuda Externa que financia a ajuda aos pases em desenvolvimentono contemplados pelo FED. A APD portuguesa via UE absorveu cerca de um quarto da ajuda

    entre 1995 e 1998, 90% em 1999, situando-se numa mdia de 66% entre 2000 e 2003.

    Entre 1995 e 2003, as Agncias, Fundos e Comisses das Naes Unidas contaram com 10%

    da ajuda multilateral, que tambm se repartiu maioritariamente pelos Bancos Regionais de

    Desenvolvimento (11%) e pelo FMI, BM e OMC8 (7%).

    Harmonizao e CoordenaoO compromisso relativo Harmonizao e Coordenao o de tomar, at ao final de

    2004, medidas concretas de coordenao de polticas e harmonizao de procedimentos,tanto ao nvel da CE como dos EM, incluindo a aplicao da Recomendao do CAD/OCDE.

    Coordenao

    H hoje um reconhecimento que a maior eficcia da ajuda pode ser conseguida atravs

    de uma maior coordenao de polticas, de harmonizao de procedimentos e de uma com-

    plementaridade entre programas bilaterais e multilaterais. A coordenao e a harmonizao

    visam a reduo da carga administrativa imposta aos pases parceiros, assegurando que a

    ajuda fornecida pelos doadores se paute pela coerncia e evite duplicaes. A coordenao

    pressupe actividades vrias como a troca de informao, reunies formais e informais, espe-cializao dos doadores, harmonizao de procedimentos, maior complementaridade entre

    polticas, esquemas de centralizao de recursos e implementao dos programas de forma

    conjunta.

    No contexto europeu, a UE tem encorajado a partilha de informao de forma a permi-

    tir um conhecimento generalizado das actividades planeadas e dos instrumentos utilizados.

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio de Portugal | 13

    7 Conjunto

    de 79 Estados

    de frica,Carabas e

    Pacfico que

    tm um acord

    de cooperao

    privilegiado

    com a Unio

    Europeia.8 Fundo

    Monetrio

    Internacional,

    Banco Mundia

    e Organizao

    Mundial do

    Comrcio.

  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

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    Essa partilha traduzida em reunies regulares entre representantes dos EM, onde Portugal

    se encontra representado, e da Comisso Europeia. Assiste-se, tambm, a uma preocupao

    crescente em manter as partes informadas sobre polticas, avaliaes, misses, estudos e

    informaes vrias sobre actividades a decorrer e planeadas. Trata-se de um forte instru-

    mento de coordenao de forma a que os programas da Comisso Europeia e dos EM pos-

    sam ser definidos de forma a evitarem duplicaes e a permitirem uma complementaridade

    entre polticas e procedimentos.

    Tambm ao nvel do CAD/OCDE, Portugal tem participado em reunies regulares pro-

    movidas pela Task Teamsobre Harmonizao e Alinhamento. Estes encontros representam,

    tambm, umforumde partilha de boas prticas, de dificuldades encontradas e de novas abor-

    dagens ao desenvolvimento.

    Ao nvel bilateral, a programao da cooperao portuguesa tem como pressuposto que

    a coordenao e harmonizao para serem eficazes, devem ser coordenadas e lideradas pelo

    pas parceiro. Com esse fim, a programao construda sob as Estratgias de Reduo daPobreza dos parceiros e facilitada pelo grau de dilogo, de consulta e de cooperao mtua

    permitindo identificar sectores prioritrios e reas onde a harmonizao possvel.

    O apoio oramental a Moambique9 representa um exemplo da integrao de Portugal

    no processo coordenado de auxlio ao desenvolvimento do pas com outros doadores. Esta

    participao no grupo de apoio macro-financeiro possibilitar, ainda, um maior dilogo com

    as autoridades moambicanas e um acompanhamento da execuo do PARPA10 atravs do

    PAF 11 (Quadro de Avaliao do Desempenho). A participao de Portugal no TFET Trust

    Fund for East Timor12 um fundo multilateral administrado pelo IDA13, no valor global de

    176 MUSD, que visa apoiar a reconstruo e desenvolvimento de Timor Leste, conta comooutro importante exemplo de coordenao entre doadores, na sequncia dos compromissos

    assumidos na Conferncia de Doadores de Tquio. Por outro lado, a interveno portuguesa

    no sector da sade em Timor Leste tende a direccionar-se para a assessoria jurdica, capa-

    citao do sistema de sade e formao, por forma a estar inserida numa estratgia de com-

    plementaridade com outros parceiros, dado que a Comisso Europeia, elegeu a sade como

    sector prioritrio para a sua interveno at 2006. Portugal actua ainda em parceria com os

    Estados Unidos atravs do Projecto Tripartido Portugal/EUA/STP de Controlo da Malria14.

    Harmonizao

    Portugal comprometeu-se, no seio da Unio Europeia, a implementar a harmonizao

    de polticas, prticas e procedimentos no sentido de uma maior eficcia da ajuda. Com esse

    propsito, tem participado na Task Teamsobre Harmonizao e Alinhamento (CAD/OCDE)

    e adoptou o documento do cad Harmonising Donor Practices for Effective Aid Delivery, apre-

    sentado no Frum de Roma, em Fevereiro de 2003.

    14 | A poltica de desenvolvimento e os instrumentos focalizados nos MDGs

    9 Portugal

    comprometeu-

    -se com 1,5

    MUSD anuais,

    para o trinio

    2004-2006.

    10 Plano de

    Aco para a

    Reduo da

    Pobreza

    Absoluta.

    11 Performance

    Assessment

    Framework.

    12 Portugal

    assumiu-se

    como um dos

    principais

    financiadoresao comprome-

    ter-se com

    uma verba de

    50 MUSD.

    13 Internatio-

    nal

    Development

    Association

    Banco

    Mundial.

    14 Em So

    Tom ePrncipe a

    malria res-

    ponsvel por

    60% dos bi-

    tos tanto em

    crianas

    quanto nos

    adultos.

  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

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    A fim de implementar os compromissos para a coordenao e harmonizao da ajuda,

    foi definido um Plano Interno de Aco com vista discusso e disseminao das Boas

    Prticas adoptadas pelo CAD e que se traduziu em vrias actividades, nomeadamente, na

    elaborao de um documento-sntese (com resumo e traduo para portugus das Boas

    Prticas e da Declarao de Roma) bem como um workshop sobre o tema. Este Plano tem

    como objectivo final a elaborao de um Plano Nacional de Aco para a Harmonizao.

    No contexto europeu, Portugal tem participado nas reunies do Grupo Ad-hoc sobre

    Harmonizao, que apresentou um Relatrio relativo implementao dos Compromissos

    de Barcelona e de Monterrey e da Declarao de Roma. Este relatrio ser apresentado ao

    Conselho de Assuntos Gerais e Relaes Externas (CAGRE) a 22-23 de Novembro de 2004,

    com o objectivo da adopo, pelo Conselho, de um Plano de Aco da UE para a coordena-

    o e harmonizao. Por sua vez, este Plano de Aco ser apresentado ao Frum de Alto

    Nvel (HLF) sobre Harmonizao e Alinhamento para a Eficcia da Ajuda, a ter lugar em

    Paris, em Maro de 2005.Portugal tem como pressuposto que a base para uma cooperao mais coordenada e efi-

    caz passa pela adopo das estratgias de reduo da pobreza elaboradas e apresentadas

    pelos pases parceiros. Com esse objectivo, a programao estratgica construda sob as

    estratgias de reduo da pobreza dos nossos parceiros (e.g. Plano de Desenvolvimento

    Nacional de Timor Leste), ou enquadramentos similares, de modo a facilitar o ownership e

    a liderana dos Governos parceiros.

    A programao portuguesa tambm concebida numa base tri-anual e, por pas, de modo

    a permitir alguma previsibilidade dos fluxos de ajuda, facilitadores de uma melhor gesto

    por parte do Governo parceiro. Refira-se que os documentos de estratgia tm j uma estru-tura que basicamente a do Quadro Comum para os Documentos de Estratgia por Pas,

    pressuposto essencial para uma harmonizao de procedimentos e prticas.

    Com vista a fortalecer as capacidades dos parceiros, a Cooperao Portuguesa tem orientado

    gradualmente a sua assistncia tcnica, quer na rea das finanas pblicas, da estatstica,

    ou outras, para que ela seja geradora de uma efectiva formao e capacitao institucional.

    Um dos principais objectivos da harmonizao, a reduo da carga administrativa dos

    parceiros, passa pela adopo de novas modalidades de ajuda coordenadas com doadores e

    parceiros. Um exemplo, o facto de Portugal ter iniciado em 2004, o apoio oramental a

    Moambique, no mbito do Programa de Apoio ao Oramento.

    Modalidades de AjudaPortugal assume como uma das modalidades principais do seu programa bilateral, a

    Cooperao Tcnica (CT) que visa, sobretudo, a formao e capacitao locais. Esta CT adopta

    vrias formas, nomeadamente, formao de professores, envio de cooperantes, concesso de

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio de Portugal | 15

  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

    18/48

    bolsas, inclusive bolsas internas (formao no pas parceiro), assistncia tcnica para reor-

    ganizao das administraes dos parceiros, atravs de apoios vrios na rea financeira, das

    estatsticas, entre outras.

    A cooperao portuguesa est, cada vez mais, a estruturar-se numa lgica integrada, atra-

    vs de uma progressiva transferncia da educao/formao feita no exterior, para uma edu-

    cao/formao concebida com o pas e nele realizada, recorrendo participao efectiva

    dos recursos humanos locais. Esta modalidade de cooperao encontra-se enquadrada pelos

    Programas Indicativos de Cooperao, que por sua vez, so construdos sob as Estratgias

    de Reduo da Pobreza dos parceiros, de modo a garantir uma resposta eficaz s necessi-

    dades e prioridades sectoriais desses pases.

    Uma outra modalidade predominante de ajuda relaciona-se com o apoio macro-econ-

    mico, tais como o apoio ao dfice oramental, o perdo da dvida e outras aces relacionadas.

    Saliente-se que a APD portuguesa assume essencialmente a forma de donativos, atin-

    gindo estas uma mdia superior a 90% da ajuda.

    2.3. Coerncia das polticas para o desenvolvimento

    A coerncia das polticas refere-se sintonia e compatibilidade entre as vrias polticas

    nacionais, como a agricultura, o ambiente, o comrcio, a emigrao, a segurana, etc. e a

    poltica de cooperao para o desenvolvimento, particularmente no que se refere ao objec-

    tivo de reduo da pobreza. Reduzir a incoerncia e introduzir medidas que visem tornar

    as polticas dos pases doadores mutuamente convergentes nesta matria um desafio con-sidervel, mas torna-se vital para uma perspectiva e integrao globais das estratgias dos

    pases doadores.

    Portugal tem assumido esta preocupao e necessidade, porm, no dispondo, a poltica

    de desenvolvimento, de um estatuto hierrquico preponderante relativamente a outras pol-

    ticas, quer a nvel interno quer a nvel comunitrio, e havendo objectivos contraditrios entre

    as diversas polticas para os quais se tm de encontrar solues de compromisso, o resul-

    tado nem sempre favorvel aos pases em desenvolvimento. O papel dos responsveis pela

    cooperao (quer a nvel interno quer a nvel comunitrio) tem sido, assim, o de procurar

    sensibilizar os responsveis por outros domnios polticos para os efeitos destas polticassobre os pases em desenvolvimento. Portugal dispe, contudo, de umforumprivilegiado de

    discusso a Comisso Interministerial para a Cooperao (CIC) em cuja sede esta pro-

    blemtica poder ser abordada e desenvolvida15.

    16 | A poltica de desenvolvimento e os instrumentos focalizados nos MDGs

    15 A CIC um

    rgo tcnico

    de apoio do

    Ministro dos

    Negcios

    Estrangeiros

    com um secre-

    tariado perma-nente, que

    visa um

    melhor acom-

    panhamento

    do planea-

    mento e exe-

    cuo descen-

    tralizada da

    poltica de

    cooperao.

    Este

    secretariado,

    dirigido pelo

    Presidentedo IPAD,

    funciona

    como instru-

    mento de

    coordenao.

  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

    19/48

    3.1. Polticas, linhas de orientao e iniciativas especficas

    focalizadas em cada MDG

    A reduo da pobreza, embora pressuponha mltiplas abordagens e deva ter em conta

    tanto os constrangimentos como as oportunidades de cada pas, no dispensa, antes pres-

    supe, uma poltica orientada para o reforo e o aprofundamento da democracia, a consoli-

    dao da paz e a preveno dos conflitos, a integrao progressiva de todas as economias na

    economia mundial, mediante polticas econmicas sustentadas que tenham na devida conta

    os aspectos sociais e ambientais, a igualdade entre homens e mulheres e o reforo da capa-

    cidade de todos os agentes, pblicos e privados.

    A APD portuguesa constitui um inputchave no apoio aos principais pases parceiros napersecuo dos MDGs dado, por um lado, serem maioritariamente PMA e, por outro, estar

    a APD directa ou indirectamente ligada ao Objectivo 1 de reduo da pobreza. Com os prin-

    cipais destinatrios da cooperao portuguesa, Portugal partilha, como se disse, um meio

    de comunicao privilegiado a lngua portuguesa. O factor lingustico justifica uma maior

    interveno nas reas da educao e da formao, enquanto que a experincia histrica,

    naquilo que nos legou de matrizes comuns em algumas reas, aponta para a importncia

    de se apoiar o enquadramento institucional, desde o reforo da capacidade do Estado pro-

    moo de condies de governao. Este princpio de concentrao tem ainda em conta os

    objectivos estratgicos e as necessidades definidas por cada um dos principais pases bene-ficirios.

    A educao bsica, a alfabetizao e o acesso escolaridade esto na primeira linha de

    prioridades para a criao de condies para o desenvolvimento econmico e social dos pases

    beneficirios da ajuda Objectivos 2 e 3. A educao/formao assume-se, cada vez mais,

    como factor de desenvolvimento individual e colectivo dos cidados e das sociedades, como

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio de Portugal | 17

    3. Contribuio para os MDGs 17

  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

    20/48

    finalidade desse mesmo processo de desenvolvimento e como base essencial promoo da

    igualdade do gnero e ao fim das diferenas no acesso ao ensino. Por outro lado, a educa-

    o/formao um processo permanente (direito e possibilidade de regresso, em diversos

    momentos da vida, ao sistema de ensino), conducente quer ao incremento de aptides peda-

    ggico-tcnico-cientficas para insero e interveno consciente na profisso e na transfor-

    mao social, quer ao desenvolvimento das responsabilidades de cidadania e melhoria da

    qualificao acadmica dos recursos humanos. neste quadro que se justifica o forte inves-

    timento da cooperao portuguesa na educao/formao, ao nvel dos ensinos bsico, secun-

    drio e superior.

    Assim, no mbito do Ensino Bsico Portugal desenvolve, entre outros, Programas de

    Apoio ao Sistema Educativo na Guin-Bissau, Cabo Verde, S. Tom e Prncipe e Timor Leste,

    bem como, Programas de Reabilitao de Escolas que envolvem a recuperao das infra-

    -estruturas e do equipamento escolar dos PALOP e de Timor Leste. Visando suprimir as

    necessidades locais de falta de professores, Portugal apoia o envio de professores com adupla misso de assegurar a leccionao de disciplinas em que h carncia de docentes e a

    formao em exerccio.

    O Programa de Bolsas de Ensino e estgios, por seu lado, foi revisto no mbito do objec-

    tivo de reformulao dos mecanismos de programao da ajuda e no sentido da orientao

    da sua atribuio coincidir com as reas consideradas fundamentais para o cumprimento

    das metas de desenvolvimento sustentado delineadas pelos respectivos pases, tendo sempre

    em conta a formao local.

    A participao activa das mulheres e raparigas na sociedade uma contribuio essen-

    cial para o progresso do desenvolvimento e sua sustentabilidade Objectivo 3. Neste con-texto, a Cooperao Portuguesa tem vindo cada vez mais a privilegiar a execuo de aces

    de valorizao do papel da mulher no desenvolvimento das sociedades dos pases parceiros.

    Tais aces visam contribuir para o aumento de oportunidades de expresso de opinio e de

    participao na tomada de decises, nveis de escolaridade e condies nutricionais e de

    sade. Moambique tem sido um especial foco de ateno nesta matria. Muito embora

    Moambique, em algumas reas, apresente indicadores relativamente positivos nesta matria,

    sendo o pas da frica Austral com maior ndice de participao feminina no processo de

    tomada de deciso ao mais alto nvel, a vulnerabilidade do papel da mulher na sociedade

    moambicana ainda elevada, levando a que a promoo de condies para a mulher mere-am a maior ateno no contexto da cooperao para o desenvolvimento.

    As intervenes nesta rea estendem-se, ainda, sobretudo, a Angola e Cabo Verde, com

    maior incidncia no domnio da sade materna Objectivo 5 e, por analogia, na redu-

    o da mortalidade infantil Objectivo 4 , mas tambm ao nvel da criao de melhores

    condies para a insero das mulheres na vida activa e aumento da sua autonomia. So

    18 | Contribuio para os MDGs 17

  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

    21/48

    disso exemplo, o Projecto de Internato Complementar em Ginecologia Obstetrcia em Cabo

    Verde, que visa a formao dos profissionais de sade, designadamente na especialidade de

    ginecologia/obstetrcia atravs da implementao local do internato complementar; o Projecto

    Desenvolvimento Scio-comunitrio da Misso de Corimba, Angola, para instalao de um

    Lar de Meninas rfs em situao de risco; a Alfabetizao de crianas, jovens e mulheres

    no municpio do Cambambe-Dondo, em Angola; e o Projecto de Concesso de Micro-cr-

    dito a mulheres na Guin-Bissau.

    Sem prejuzo da continuidade dos programas e projectos em curso, Portugal procura

    melhorar a eficcia e visibilidade da interveno no sector da sade Objectivos 4, 5 e 6 ,

    atravs da preparao de aces que visam dar maior nfase educao para a sade, pre-

    veno da doena, prestao de cuidados primrios, capacitao local de quadros e tc-

    nicos e melhoria das condies de funcionamento das unidades hospitalares. As princi-

    pais linhas orientadoras ao nvel da sade incluem ainda, a expanso e melhoria da cobertura

    dos cuidados primrios atravs de programas especiais para grupos-alvo tais como as mulhe-res e as crianas.

    Desta forma, as intervenes desenvolvidas integraram dois dos principais objectivos

    estratgicos, de acordo com as orientaes internacionais de luta contra a pobreza: por um

    lado a promoo dos cuidados de sade primrios, por outro a luta contra as doenas trans-

    missveis e as grandes endemias, nomeadamente o HIV/SIDA, a malria e a tuberculose.

    Salienta-se, nestes domnios, o Projecto do Centro Hospitalar de S. Tom e Prncipe, do

    qual se destacam as aces de assistncia mdica diferenciada, a formao em exerccio de

    quadros e pessoal de sade, o fornecimento de medicamentos e equipamento hospitalar e

    a assistncia tcnica gesto hospitalar. Destaque ainda para o Plano de Interveno emreas Prioritrias no Sector da Sade em Angola, nomeadamente nas novas vertentes rela-

    tivas ao combate meningite, ao tratamento de resduos hospitalares e formao. Portugal

    actua ainda em parceria com outros doadores atravs do Projecto Tripartido Portugal/EUA/STP

    de Controlo da Malria, que abrange as vertentes de Formao de Profissionais de Sade e

    de Acompanhamento tcnico e cientfico de uma interveno piloto, bem como utiliza as

    vantagens inerentes s parcerias pblico-privadas ao contribuir para o Global Fund to Fight

    AIDS, Tuberculosis and Malaria16.

    Sendo um membro activo de praticamente todas as instncias internacionais dedicadas

    aos problemas de ambiente e desenvolvimento Objectivo 7, Portugal assume responsa-bilidades especiais no apoio ao desenvolvimento de pases com os quais tem laos histricos

    muito particulares, como o caso dos PALOP e Timor Leste. A relao privilegiada que

    Portugal tem, permite assim o desenvolvimento de potencialidades muito favorveis imple-

    mentao dos objectivos de Desenvolvimento Sustentvel naqueles pases. Portugal destaca

    as iniciativas ao nvel das Aces de formao no mbito da avaliao de impacto ambiental,

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio de Portugal | 19

    16 Corres-

    pondendo

    ao apelo

    do Secretrio

    Geral das NU,

    foi criado,

    em 2001

    um Fundo

    Mundial

    de luta conta

    a SIDA,

    Malria e a

    Tuberculose,

    mais

    conhecido

    como o Fundo

    Global Sade.

    O Fundo

    aberto tanto

    ao sector

    pblico como

    ao privado e

    utilizado para

    apoio ao

    desenvolvi-

    mento e

    implementa-

    o de planos

    de estratgia

    nacionais diri

    gidos para o

    combate s

    trs doenastransmissveis

    Todo este pro-

    cesso dever

    ser liderado

    pelas autorida

    des polticas

    nacionais e

    envolver todos

    os sectores da

    sociedade

    comunidades

    locais, ONG,

    sector privado

    A maiornfase deve

    ser dada ao

    reforo das

    capacidades

    dos sistemas

    de sade

    dos pases

    parceiros.

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    cursos de Administrao Local, realizao de Cursos de Gesto Ambiental. Salienta tambm

    o apoio documental e informativo na rea do ambiente; a criao e implementao do Parque

    Natural das Lagoas da Cufada na Guin-Bissau; os projectos no mbito de abastecimento de

    gua e saneamento; a reabilitao ambiental da Ilha de Moambique saneamento bsico;

    e ainda, o planeamento, gesto de recursos hdricos e valorizao de recursos humanos.

    A cooperao multilateral caracteriza-se, por seu lado, pela participao financeira e tc-

    nica em programas especficos das Naes Unidas, do Banco Mundial, da OCDE, cujos

    objectivos se prendem com o desenvolvimento sustentvel em pases em desenvolvimento.

    No seguimento da Cimeira de Joanesburgo foram estabelecidas parcerias/iniciativas inter-

    nacionais, no mbito global, regional e sub-regional com o objectivo de apoio prtico imple-

    mentao da Agenda 21 e actividades de desenvolvimento sustentvel nos pases em desen-

    volvimento, em particular pases menos desenvolvidos, pases em desenvolvimento constitudos

    por pequenas Ilhas bem como pases com economias em transio.

    A Unio Europeia, consciente da necessidade do estabelecimento de medidas pragmticase coordenadas no mbito da gesto dos recursos hdricos, desenvolveu uma Iniciativa sobre

    a gua para a concretizao de parcerias estratgicas, a qual visa criar uma maior eficcia

    no desenvolvimento relacionado com a gua atravs da disponibilizao de uma plataforma

    para coordenar e evidenciar as actividades presentes e futuras.

    Portugal, Espanha e o Mxico so os pases lderes na Componente Latino-americana

    desta Iniciativa cujos objectivos so o abastecimento de gua e saneamento, a gesto inte-

    grada de recursos hdricos e preveno contra eventos extremos (cheias e secas). Os traba-

    lhos desta Iniciativa esto a ser desenvolvidos em reunies de Directores Gerais da gua da

    Comunidade Ibero-Americana.

    3.2. Principais desafios

    A reforma em curso do dispositivo da cooperao portuguesa visa racionalizar e melhorar

    a eficcia da ajuda e cumprir os compromissos assumidos internacionalmente. O desafio

    consiste, a partir daqui, em alcanar os objectivos de reduo da pobreza adoptados no mbito

    da Cimeira do Milnio das Naes Unidas, assegurando que os objectivos e princpios defi-

    nidos encontrem expresso nas prioridades estabelecidas e nos programas e aces a desen-volver. O novo quadro de aco da ajuda pblica ao desenvolvimento portuguesa tem tam-

    bm por referncia os documentos estratgicos por pas e as respectivas prioridades sectoriais.

    O quadro estratgico do IPAD procura estar em consonncia com sugestes recolhidas

    das nossas embaixadas e dos demais intervenientes pblicos e privados da cooperao para

    o desenvolvimento. O IPAD pretende aplicar de uma forma coerente, eficaz e actualizada

    20 | Contribuio para os MDGs 17

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    um quadro estratgico de cooperao que assegure a luta contra a pobreza, o combate s

    desigualdades e excluso social nos pases em desenvolvimento, como ainda reflicta a preo-

    cupao posta na definio e no enriquecimento de conceitos que permitam uma melhor

    coordenao de todas as suas actividades e uma harmonizao de processos e procedimen-

    tos, orientando a sua actuao, ao nvel operacional, pelos seguintes objectivos:

    Aumento da eficcia da ajuda portuguesa ao desenvolvimento atravs de uma maior

    coordenao das intervenes bilaterais e multilaterais e de um reforo do acompa-

    nhamento das aces no terreno;

    Maximizao dos recursos tcnicos e financeiros disponveis, promovendo uma maior

    coordenao das intervenes desenvolvidas pelas entidades pblicas e por outros

    agentes nacionais;

    Reforo dos mecanismos de programao financeira da cooperao, nomeadamente

    atravs do Programa Oramental da Cooperao Portuguesa no Estrangeiro (P5),

    visando o cumprimento das metas assumidas internacionalmente de dedicar 0,33%do RNB ajuda pblica ao desenvolvimento;

    Apoio participao da sociedade civil, particularmente das organizaes no gover-

    namentais para o desenvolvimento e dos agentes individuais de cooperao, na tarefa

    solidria do progresso das sociedades e economias menos avanadas.

    A questo da reviso da metodologia de planeamento financeiro da APD e da sua ora-

    mentao assume-se como particularmente relevante tendo em conta o compromisso aceite

    internacionalmente por Portugal. A mobilizao financeira adicional que o cumprimento

    deste objectivo implica mereceu uma anlise cuidada, tendo em considerao que muito

    desse reforo teria origem no Oramento de Estado e que o pas se encontrava a viver umaconjuntura financeira pouco favorvel.

    Deste forma, verificou-se que, para Portugal poder atingir o mencionado objectivo, as

    necessidades de acrscimo total da despesa efectiva, at 2006, rondariam entre os 120 e os

    150 Meuros, o que representava, a manterem-se os actuais nveis de execuo do oramento

    da cooperao e a capacidade de absoro por parte dos nossos pases parceiros, um incre-

    mento anual no oramento da cooperao da ordem dos 50 Meuros.

    Este aumento, traduzido numa taxa de crescimento anual de cerca de 15%, representa-

    ria um esforo bastante pesado, a menos que a mesma pudesse vir a ser atenuada, quer atra-

    vs de uma melhoria nos mecanismos de eficcia da ajuda que permitisse melhorar o graude execuo das aces programadas e a capacidade de absoro por parte dos pases desti-

    natrios da ajuda, quer por uma concentrao da despesa nos sectores com maior capaci-

    dade de transformar essa despesa em ajuda pblica ao desenvolvimento.

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio de Portugal | 21

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    Objectivo 7 Meta 9 Sustentabilidade Ambiental

    A obrigatoriedade da integrao do ambiente nos diversos sectores econmicos (condi-

    o sine qua non do desenvolvimento sustentvel) dos Estados Membros da Unio Europeia

    foi oficialmente reconhecida no Artigo 6. do Tratado de Amsterdo, e nos ltimos anos,

    Portugal tem desenvolvido um amplo trabalho neste sentido. Temas transversais e multi-

    -abrangentes, marcados fortemente pela agenda internacional, dos quais se destacam as alte-

    raes climticas e a Estratgia Nacional de Desenvolvimento Sustentvel, tm facilitado e

    imperado a concretizao de iniciativas conjuntas neste sentido. Transportes e energia so

    sectores que j tm diversos compromissos e iniciativas conjuntas nesta matria, tal como

    vai acontecendo com a agricultura, as florestas e as pescas, com a indstria e o turismo.Gradualmente, caminha-se para a integrao das preocupaes ambientais em todas as pol-

    ticas sectoriais e para uma reduo da utilizao dos recursos naturais, mensurvel a sua

    sustentabilidade atravs da utilizao de indicadores.

    Apesar de Portugal ainda apresentar, nas ltimas duas dcadas, tendncias pouco eco-

    -eficientes em termos de indicadores como a intensidade energtica (consumo de ener-

    gia por unidade de PIB) e a intensidade carbnica (emisses de gases com efeito de estufa

    por unidade de PIB) evoluo que deve, no entanto, ter presente o ponto de partida scio-

    -econmico do pas e as capitaes respectivas , outros indicadores h que manifestam

    o esforo nacional em preservar e melhorar os recursos naturais e a bio-diversidade, taiscomo a evoluo da percentagem de rea florestal e de reas protegidas relativamente ao

    total do territrio. Pela sua representatividade no contexto da anlise da integrao de pol-

    ticas, refere-se com mais detalhe o tema das alteraes climticas e, por esta via, os sec-

    tores da energia e dos transportes, assim como, as reas Protegidas e o acesso a gua

    potvel.

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio de Portugal | 23

    4. Implementao dos compromissosrelativos MDGs 7 e 8

  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

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    Alteraes ClimticasA resposta ao nvel nacional problemtica das alteraes climticas iniciou-se com a

    criao da Comisso Interministerial para as Alteraes Climticas (CAC), que elaborou a

    Estratgia Nacional para as Alteraes Climticas em 2001 e promoveu a elaborao do Plano

    Nacional para as Alteraes Climticas (PNAC) durante 2002.

    No ano 2002 as emisses de gases com efeito de estufa ( GEE) de Portugal foram

    +40,5% das emisses de 1990 (considerado como ano base), excedendo assim em cerca

    de 13% o valor de 27% acordado com os Estados-membros da UE para 2008-2012 no

    mbito do Protocolo de Quioto Conveno Quadro das Naes Unidas sobre Alteraes

    Climticas.

    A principal origem de GEE em Portugal est associada ao sector energtico, mais espe-

    cificamente queima de combustveis fsseis. Os sectores da produo de energia (centrais

    termoelctricas e refinarias de petrleo), transportes e indstria so aqueles que, dentro do

    sector energtico, mais contribuem para a produo de GEE. As emisses dos sectores daproduo de energia e dos transportes cresceram 53% e 92% respectivamente nos ltimos

    12 anos. Este aumento no sector dos transportes tem sido causado pelo grande crescimento

    na frota de veculos, proporcional ao facto de, na dcada de noventa, o pas ter investido for-

    temente em infra-estruturas rodovirias. Em 2002, depois da utilizao da energia 17 (78%

    dos GEE), o sector agrcola o segundo maior responsvel pelas emisses de GEE (10%) e

    o nico em que se registou uma reduo nas emisses no perodo 1990-2002 ( 7,4%).

    Tambm em 2002 os processos industriais e resduos representam cerca de 7% e 5%, res-

    pectivamente, e o uso de solventes 0,4% do total das emisses.

    Para fazer face a esta situao, o PNAC tem como objectivo especfico controlar e redu-zir as emisses de GEE tendo em vista o cumprimento da meta estabelecida atravs do

    Protocolo de Quioto e do Acordo de Partilha de Responsabilidade ao nvel da UE. Este Plano

    pretende antecipar os impactos das alteraes climticas e propor as medidas necessrias

    para minimizar esses impactos negativos. A primeira verso do PNAC de 2001 e repre-

    sentou o primeiro passo de um longo processo que envolveu a sua reviso regular e adap-

    tao s evolues que ocorreram a nvel internacional, comunitrio e nacional. Durante o

    ano de 2002 foi revista a primeira verso, culminando com a apresentao de estudos sec-

    toriais em Fevereiro e Dezembro de 2003 (Cenrio de Referncia). Seguidamente desen-

    volveram-se trabalhos com o objectivo de apresentar propostas de medidas adicionais doPNAC e a 15 de Junho de 2004 foi aprovado o PNAC 2004, passo fundamental para que o

    conjunto de instrumentos de poltica elaborados possa ser implementado j a partir de 2005.

    O PNAC assenta, na prtica, numa estratgia de mitigao em blocos de polticas, medidas

    e instrumentos (sectoriais e/ou horizontais), cujo impacto em relao ao cenrio de refe-

    rncia susceptvel de avaliao.

    24 | Implementao dos compromissos relativos MDGs 7 e 8

    17 Incluindo

    produo de

    energia e

    transportes.

  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

    27/48

    Mais recentemente, na sequncia da Directiva referente ao comrcio europeu de licen-

    as de emisses (CELE), foi aprovado o Programa Nacional de Atribuio de Licenas de

    Emisso (PNALE) para o perodo experimental do referido regime de 2005 a 2007. um

    instrumento econmico, ou de mercado, que tem por objectivo contribuir para o cumpri-

    mento economicamente eficiente dos compromissos de Quioto, abrangendo algumas das

    principais actividades nacionais emissoras de GEE. As actividades contempladas no primeiro

    perodo do CELE representavam, em 1990, cerca de 42% do total de emisses de GEE a nvel

    nacional e 43% em 2002. Uma vez que mais de 50% das emisses de GEE nacionais no

    esto cobertas pelo CELE, afigura-se necessrio recorrer a um instrumento econmico-finan-

    ceiro, por forma a tratar com equidade os diferentes sectores. Nesse sentido foi apresentada

    e aprovada como Medida Adicional do PNAC uma Taxa sobre o Carbono e sobre o Metano,

    que visa enviar sinais ao mercado atravs do respectivo impacto nos preos das diferentes

    formas de energia, nos custos das exploraes pecurias e na discriminao do preo dos

    automveis segundo a intensidade em emisses, abrangendo, assim, sectores como os trans-portes, servios, residencial e agricultura.

    Integrao do ambiente no sector energticoEmbora em 2002 se registem diminuies nas emisses de SO218, as emisses de CO2,

    que contribuem com a grande maioria das emisses totais de GEE no sector energtico, con-

    tinuam com tendncia crescente, apresentando um aumento de 53% em relao ao nvel de

    1990. Em 2002 as emisses totais de GEE deste sector de actividade aumentaram 53% em

    relao a 1990.

    O actual quadro energtico diverge, pois, do cumprimento das metas assumidas no Protocolode Quioto, pelo que, no mbito do PNAC 2004 (que integra o PNAC 2002 cenrio de refe-

    rncia e um conjunto de medidas adicionais), no sector da oferta de energia pretende-se:

    reduzir at 2010 em 8,6% as perdas de energia no transporte e distribuio e asse-

    gurar que a co-gerao represente 18% da produo de electricidade;

    melhorar a eficincia energtica ao nvel da procura tendo em vista uma reduo da

    procura de electricidade em 1300 GWh;

    produzir electricidade a partir de fontes renovveis de energia 19;

    introduzir gs natural na Regio Autnoma da Madeira.

    Tm vindo a ser postas em prtica diversas medidas e polticas destinadas a alterar aactual situao.

    Integrao do ambiente no sector dos Transportes

    O sector dos transportes em Portugal, tal como em quase todos os pases da UE, contri-

    buiu, em 2002, com 25% do total das emisses de GEE, representando assim um dos sec-

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio de Portugal | 25

    18 (7%) e NOx

    (1%).

    19 Espera-se

    atingir, em

    2010, 500 MW

    + 400 MW

    de energia

    hidroelctricae 3750 MW

    para outros

    aproveita-

    mentos.

  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

    28/48

    tores em que medidas de reduo das emisses sero mais significativas no cmputo geral.

    Entre 1990 e 2002 verificou-se um aumento de aproximadamente 92% de emisses de GEE

    pelo sector dos transportes.

    No mbito do PNAC so inventariadas um conjunto de polticas e medidas para o sector

    dos transportes, indispensveis ao cumprimento das metas estabelecidas pelo Protocolo de

    Quioto das quais se destacam:

    a converso do actual Imposto Automvel (IA) no Imposto Especial sobre Veculos

    (IEV) e da criao do Imposto nico sobre a Circulao (IC);

    a realizao e implementao do Plano Nacional de Plataformas Logsticas;

    o Acordo Voluntrio entre a Comisso Europeia e a ACEA (Associao Europeia dos

    Fabricantes de Automveis/European Automobile Manufacturers Associations) no sen-

    tido de aumentar a eficincia tecnolgica dos veculos ligeiros de passageiros, supor-

    tado por uma reviso fiscal de incentivo renovao do parque automvel;

    as transferncias modais no transporte de mercadorias interurbano e reduo do trans-porte em vazio na distribuio de curta distncia;

    as transferncias modais em ambiente urbano do veculo particular para os trans-

    portes colectivos.

    Tm tambm vindo a ser postas em prtica algumas outras medidas destinadas a alterar

    a actual situao, das quais se destaca a institucionalizao, em 2003, das Autoridades

    Metropolitanas de Transportes para as regies de Lisboa e do Porto, as quais devero pro-

    ceder a alteraes de fundo na orientao e actividade do sector, nomeadamente um con-

    junto de medidas de gesto de trfego.

    reas ProtegidasPor forma a inverter a perda dos recursos naturais, Portugal est a implementar um con-

    junto de importantes iniciativas: Estratgia Nacional para a Conservao da Natureza e Bio-

    -diversidade; Sistema Nacional de reas Classificadas; Reserva Ecolgica Nacional; Rede

    Natura 2000; Rede Nacional e os Planos de Ordenamento de reas Protegidas.

    Em Portugal a percentagem de reas Protegidas (AP) face ao territrio continental por-

    tugus na ordem de 8%, j superior meta para 2006 (7,5%). A Rede Natura 2000, que

    tem como objectivos fundamentais contribuir para assegurar a conservao dos habitats de

    espcies de aves considerados ameaados ou significativos no espao da EU, ocupa uma reade cerca de 20% do territrio nacional.

    gua Potvel

    Em 2001, 90% da populao portuguesa tinha acesso a gua potvel e 71% da popula-

    o era servida por sistemas de drenagem de guas residuais. Estes valores atingiro, a curto

    26 | Implementao dos compromissos relativos MDGs 7 e 8

  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

    29/48

    prazo, os 100% com a implementao do Plano Nacional da gua e do Plano Estratgico de

    abastecimento de gua e de Saneamento de guas Residuais. De forma a elevar os nveis

    de atendimento da populao, esto em implementao programas Sistemticos de Controlo

    e Vigilncia Sanitria da gua para consumo humano e das guas minerais naturais e de

    nascente, assim como est em elaborao um Plano Nacional de Ambiente e Sade.

    OBJECTIVO 7

    Meta 9 Sustentabilidade AmbientalIndicadores para Portugal 1990 1995 2000 2002 2003

    Proporo de rea terrestre coberta por floresta: 1

    rea Florestal 3,017 (1985) 3,133 3,3492

    % de rea florestal em relao ao territrio

    de Portugal Continental 34% 35% 38%

    Rcio entre a rea protegida (AP) e a superfcie

    terrestre:

    % de AP em relao ao territrio de Portugal

    Continental3 5,5% 6,3% 7,7% 7,7% 7,9%

    PIB por unidade de energia utilizada

    (dl. PPC por kg de equivalente petrleo):

    Consumo de energia final por unidade

    de PIBppc19954 169 176 188 192

    Consumo de energia final por unidade de PIBppc5 132 154 199 207

    Emisses de dixido de carbono per capita

    (toneladas mtricas)6 5,9 6,8 7,6 7,9

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio de Portugal | 27

    1 rea Florestal: Unidade: 1000 ha

    Fonte: at 1995 Plano de Desenvolvimento Sustentvel da Floresta

    Portuguesa, Direco-Geral de Florestas, DGF, 1999; para 2000

    utilizou-se o valor do Inventrio Florestal Nacional (IFN) 3.a Reviso,

    DGF, 2001.

    rea do territrio de Portugal Continental.

    Fonte: INE.2 Este valor refere-se 3.a Rev. IFN, publicada pela DGF em 2001.3 Unidade: % relativa ao territrio de Portugal Continental.

    Fonte: ICN, 2004.

    4 Unidade: tep/10 6 Euros (PIB a preos constantes de 1995).

    Fonte: DGE, 2004 e INE, 2004.5 Energia final, Unidade: tep.

    Fonte: DGE, 2004.

    PIB em paridade do poder de compra.

    Unidade: 10 6 de PPC Milhes de Paridades do Poder de Compra

    (Millions of PPS Purchasing Power Standard).

    Fonte: Eurostat, 2004.6 Unidade: toneladas de GEE (gases com efeito de estufa), medido

    em CO2 equivalente, por habitante.

    Fonte: IA, 2004 e INE, 2004.

  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

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    Objectivo 8 Ajuda Pblica ao Desenvolvimento

    A APD portuguesa est intrinsecamente ligada ao cumprimento dos Objectivos do Milnio.

    Em muitos pases em desenvolvimento, sobretudo nos PMA, a APD o principal, quando

    no o nico meio de atingir os objectivos definidos. Por outro lado, os objectivos so inter-

    dependentes: o desenvolvimento sustentvel requer um progresso simultneo em mltiplos

    objectivos, como reduo da pobreza, educao, sade e ambiente.

    A APD portuguesa canalizada, sobretudo, pela via bilateral constituindo uma mdia de

    65% da ajuda entre 1995 e 2003. Focalizada nos PMA e principalmente direccionada aos

    pases mais pobres da frica Sub-sahariana, a ajuda maioritariamente constituda por dona-

    tivos, contendo uma forte componente de cooperao tcnica.

    Volume e principais beneficirios

    O ratio APD/RNB tem vindo a registar uma evoluo positiva nos ltimos anos, sobretudoem 2002, ao atingir 0.27% (342,3 Meuros), representando uma variao de 14% face a 2001

    (299,7 Meuros). Contudo, em 2003 (282,9 Meuros), a taxa de crescimento da APD foi negativa

    (17%) face ao ano anterior, em virtude de um perodo de apertado controlo do dfice pblico e

    de consolidao oramental, derivadas do cumprimento das regras do Pacto de Estabilidade e

    Crescimento. Ultrapassada essa limitao, Portugal prev retomar em 2004 a tendncia crescente.

    Portugal coloca as suas prioridades de ajuda externa nos cinco Pases Africanos de Lngua

    Oficial Portuguesa (PALOP) Angola, Cabo Verde, Guin Bissau, Moambique e So Tom

    e Prncipe e, mais recentemente, Timor Leste, que constitui desde 1999 o maior benefi-

    cirio da ajuda, absorvendo em mdia, 32% da APD bilateral.frica o continente que actualmente enfrenta as maiores dificuldades no arranque de

    um processo de desenvolvimento sustentvel, que possibilite a integrao das suas econo-

    mias na economia global e, sobretudo, que potencie uma crescente e estvel melhoria do

    nvel de vida das suas populaes. Os pases mais pobres do Sul do Sahara, os mais pro-

    blemticos em todo este contexto, tm sido os parceiros privilegiados de Portugal em ter-

    mos de ajuda externa. O apoio canalizado pela cooperao portuguesa para esta regio do

    globo ultrapassa largamente a mdia do CAD nos ltimos anos, atingindo mesmo os 99.9%

    da APD bilateral (mdia 1991-199220). Esta percentagem manteve-se elevada at 1998 (92.3%),

    porm a partir de 1999, por via da alocao de fundos para Timor Leste, verificou-se umdecrscimo para uma mdia actual de 60% (1999-2003).

    Qualidade da ajuda

    A ajuda portuguesa dirigida aos PMA caracteristicamente elevada, tendo chegado a

    ultrapassar a meta estabelecida pelas Naes Unidas de 0.15% da APD/RNB, situado-se nos

    28 | Implementao dos compromissos relativos MDGs 7 e 8

    20 Fonte

    CAD/OCDE.

  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

    31/48

    0.26% (1991-199221). A partir de 1999, contudo, essa percentagem sofreu um decrscimo

    para os 0.11%, em virtude da APD destinada a Timor Leste no ser estatisticamente consi-

    derada como ajuda aos PMA. Recorde-se que Timor Leste s em 2003 viu revista pela

    ECOSOC22, a sua posio na lista de pases beneficirios e obteve a classificao de PMA.

    At ento, a classificao de Timor manteve-se associada da Indonsia (Outros Pases de

    Baixo Rendimento). Em 2003, o rcio situa-se nos 0.12%, indicado uma nova evoluo posi-

    tiva face a 2002 (0.10%).

    A cooperao tcnica continua a assumir-se como uma forma privilegiada de cooperao

    em virtude dos laos histricos e culturais e da matriz institucional e jurdica semelhante

    entre Portugal e os seus parceiros. Assim, o peso da cooperao tcnica na APD bilateral

    elevado, sempre superior a 50%, assinalando uma tendncia crescente desde 2001 e situando-

    -se, em termos mdios, nos 67%.

    A APD Portuguesa caracteriza-se tambm pelo seu elevado grau de concessionalidade. O

    peso dos donativos no total da APD atinge, em mdia, mais de 90% da ajuda.A APD portuguesa constituda sobretudo por aces de alvio da dvida e de coopera-

    o tcnica, pelo que a ajuda relacionada com o financiamento de projectos e programas

    tem envolvido at ao momento um nmero reduzido de aces e de montante pouco sig-

    nificativo. A ajuda ligada23 tem correspondido essencialmente ao financiamento de pequenos

    projectos e ao apoio a programas de importao de bens de consumo ou de equipamento.

    Num futuro prximo, est prevista a utilizao de formas de apoio que contemplem a

    concesso de crditos de ajuda ligada a projectos de maior dimenso, no quadro das regras

    da OCDE reguladoras deste tipo de financiamentos (Disciplina de Helsnquia). Numa primeira

    fase, os principais beneficirios deste tipo de ajuda devero ser pases do Norte de frica.A nvel multilateral, Portugal tem vindo a envolver-se de uma forma cada vez mais activa

    nas actividades desenvolvidas pelas vrias instncias internacionais e agncias especializa-

    das no mbito da ajuda aos pases em desenvolvimento, conferindo uma maior articulao

    com as polticas de ajuda bilaterais, reforando e complementando, assim, a cooperao

    Estado a Estado.

    Portugal tem sido particularmente activo na participao em inmerosfora internacionais

    relativos a frica, Amrica Latina e sia, actuando ainda com particular nfase no quadro

    da CPLP Comunidade de Pases de Lngua Portuguesa24.

    A cooperao multilateral portuguesa com os pases da frica, Carabas e Pacfico (ACP)tem vindo a ser enquadrada no mbito da UE e dos seus vrios mecanismos, sendo a

    Conveno de Lom, um factor particularmente importante da poltica de cooperao para

    o desenvolvimento e das relaes externas da UE, assente num conjunto de caractersticas

    nicas, que as tornaram num verdadeiro smbolo da poltica comunitria. A presidncia por-

    tuguesa da UE (2000), revelou-se uma oportunidade nica de incremento das parcerias entre

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio de Portugal | 29

    21 Fonte:

    CAD/OCDE.

    22 UN

    Economic and

    Social

    Council.

    23 Os dados

    apresentados

    no quadro

    relativamente

    ajuda desli-

    gada

    correspondem

    aos desembol-

    sos brutos e

    excluem a coo

    perao

    tcnica e os

    custos

    administrati-vos. As aces

    relacionadas

    com a dvida

    so considera-

    das desligadas

    por definio.

    24 A Comu-

    nidade dos

    Pases de

    Lngua

    Portuguesa

    CPLP, criada

    em 17 deJulho de

    1996, um

    frum multila

    teral

    privilegiado

    para o

    aprofunda-

    mento da ami

    zade mtua e

    da cooperao

    entre os seus

    membros:

    Angola, Brasil

    Cabo Verde,

    Guin-Bissau,

    Moambique,

    Portugal,

    So Tom

    e Prncipe e

    Timor Leste.

  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

    32/48

    a Europa e frica, constituindo um forte impulso para a realizao da

    Cimeira do Cairo25 e para as concluses das negociaes UE/ACP, que

    levaram assinatura do Acordo de Cotonou26. Portugal continua a

    acompanhar o processo de seguimento da Cimeira UE-frica do Cairo

    e a liderar a discusso, pelo lado europeu, do tema Preveno e Gesto

    de Conflitos, incluindo as minas terrestres, em colaborao com a

    Comisso Europeia, a Frana e a Blgica.

    No quadro das Naes Unidas, Portugal, no mbito dos acordos

    com o PNUD27 e a UNESCO, tem implementado os mecanismos de co-

    financiamento de projectos para os PALOP e Timor Leste, atravs do

    estabelecimento de trust-funds. Portugal realiza tambm contribuies

    voluntrias para um vasto nmero de agncias e fundos das NU, como

    o Programa Alimentar Mundial, a Habitat, a Organizao Mundial de

    Sade, o Alto Comissariado das NU para os Refugiados, o Fundo dasNaes Unidas para a Populao, assim como, o PNUD e a UNICEF,

    entre outros.

    A participao de Portugal nas Instituies Financeiras Internacionais

    resulta dos compromissos assumidos com as contribuies e partici-

    paes e com as quotas de capital pagas aos diversos organismos. Esta

    participao est sujeita s flutuaes normais, de acordo com o ciclo

    de pagamentos feitos s maiores instituies. As contribuies para o

    Banco Mundial situam-se numa mdia anual de 6 Meuros, enquanto

    que os desembolsos destinados aos Bancos Regionais de Desenvolvimento(Banco Africano, Banco Inter-americano e Banco Asitico), ascendem,

    em termos mdios, a 11 Meuros anuais (1995-2003).

    Portugal mantm ainda importantes contribuies regulares para

    organismos internacionais dedicados proteco ambiental nos pa-

    ses em desenvolvimento, como o GEF Global Environment Facility28

    (1 Meuros anuais) e o Protocolo de Montreal Relativo s Substncias

    que Empobrecem a Camada de Ozono (3 Meuros 2000-2003).

    30 | Implementao dos compromissos relativos MDGs 7 e 8

    25 A Cimeira Europa-frica do Cairo,

    de 3 e 4 de Abril de 2000, e os mecanismos

    de seguimento a institudos vieram marcar

    o incio de uma nova etapa do

    relacionamento da UE com o continente

    africano. Para alm do relacionamento

    tradicionalmente processado ao nvel regional

    (Acordo ACP-CE, Parceria Euro-Mediterr-nica), Sub-regional (UE-SADC, UE-CEDEAO)

    e nacional, passou, desde ento, a existir um

    enquadramento global nico para o

    relacionamento da UE com todo o continente

    africano, agrupando os Estados da frica

    Sub-sahariana (membros do Grupo ACP),

    do Norte de frica (envolvidos na Parceria

    Euro-Mediterrnica) e a frica do Sul (com

    estatuto ACP diferenciado e envolvida, desde

    2000, num Acordo de Comrcio, Cooperao

    e Desenvolvimento, com a UE).

    26 Assinado em Cotonou em Junho de 2000,

    o novo acordo de parceria, em vigor desdeAbril de 2003, permanece como modelo

    nico das relaes Norte-Sul, assente na

    cooperao para desenvolvimento, nas

    relaes econmicas e comerciais e no

    dilogo poltico. A luta contra a pobreza, a

    integrao progressiva dos pases ACP na

    economia mundial e o desenvolvimento

    sustentvel foram a reiterados como

    objectivos da Cooperao UE-ACP, adaptando

    o relacionamento nova realidade

    internacional (nomeadamente na vertente

    comercial) e melhorando a eficcia da ajuda

    atravs de uma racionalizao dos

    instrumentos existentes.

    27 Programa das Naes Unidas para

    o Desenvolvimento.

    28 Estabelecido em 1991, o GEF um fundo

    destinado concesso de recursos aos pases

    em desenvolvimento para projectos

    relacionados com a proteco do ambiente

    global (alteraes climticas, bio-diversidade,

    guas internacionais e proteco

    da camada de ozono).

  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

    33/48

    OBJECTIVO 8

    Ajuda Pblica ao DesenvolvimentoIndicadores de Portugal 1990 1995 2000 2002 2003

    APD lquida desembolsada em % do RNB 0,24 0,25 0,26 0,27 0,22

    APD lquida desembolsada para os Pases Menos

    Desenvolvidos em % do RNB 0,17 0,16 0,16 0,17 0,14

    Percentagem da APD bilateral alocada aos servios

    sociais de base (educao bsica, cuidados de sade

    primrios, alimentao, gua potvel e saneamento)* 4,2 2,5 2,5 3,1 2,9

    APD bilateral desligada (em % do total) 98,1 98,2 33,0 93,7

    Percentagem da APD para pases interiores 0,2 2,5 6,2 9,7 10,5

    Percentagem da APD para pequenos estados insulares

    em desenvolvimento 31,3 28,3 38,3 34,4 33,2

    Fonte: OECD.

    * Calculado numa base bi-anual, para 1995-1996 (coluna 1990); 1997-1998 (coluna 1995); 1999-2000 (coluna 2000); 2001-2002 (coluna 2002).Para 2003, fonte IPAD.

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio de Portugal | 31

  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

    34/48

    Objectivo 8 Acesso aos Mercados

    A Poltica Comercial tem um carcter comum no seio da UE. Enquanto Estado Membro

    da UE, Portugal aderiu, assim, aos compromissos por ela assumidos em matria de comr-

    cio e de desenvolvimento, incluindo no quadro da Iniciativa Everything But Arms, do regime

    comercial estabelecido com os pases ACP ao abrigo do Acordo de Cotonou, assim como do

    acesso concedido ao mercado comunitrio para os produtos provenientes dos pases do Norte

    de frica, sob a parceria Euro-Mediterrnica. A promoo da integrao econmica regional

    nesse mbito tem sido muito valorizada por Portugal, dada a importncia que dever assu-

    mir na insero progressiva das exportaes dos pases em desenvolvimento, incluindo os

    mais carenciados, no mercado mundial.

    Atendendo ao papel fundamental do comrcio e do investimento na promoo do desen-

    volvimento econmico, Portugal continuou, bilateralmente, a focalizar o seu apoio em pro-

    gramas e aces de desenvolvimento do mercado e nos sectores relacionados com o comr-cio como a produtividade agrcola, o desenvolvimento de fontes energticas, incluindo

    energias renovveis e a procurar promover uma mais estreita articulao entre a coope-

    rao pblica e a denominada cooperao empresarial.

    As necessidades em matria de assistncia tcnica relacionada com o comrcio e capa-

    citao institucional no mbito da Agenda do Desenvolvimento de Doha exigem que as vrias

    organizaes internacionais, particularmente vocacionadas nesta vertente, como a OMC, o

    BM, o FMI, a OCDE, a ONU e as suas agncias especializadas, assim como um grupo de doa-

    dores regionais e bilaterais, actuem em estreita colaborao e de forma complementar.

    As iniciativas de cooperao inserem-se, assim, na estratgia definida na 4. ConfernciaMundial da OMC, que passa pelo fortalecimento da assistncia tcnica focalizada nos desig-

    nados novos temas do comrcio internacional (Comrcio e Investimento, Concorrncia,

    Transparncia nos Mercados Pblicos e Facilitao do Comrcio), ou em reas como o Comrcio

    e Ambiente. Estas iniciativas so direccionadas para a capacitao institucional tcnica e humana

    dos organismos homlogos dos pases receptores da APD, em particular nos PMA, PALOP e

    Timor Leste. Mais recentemente tem-se colocado particular enfoque nos designados novos

    temas do comrcio internacional, propondo-se apoiar os pases destinatrios da ajuda nas nego-

    ciaes em curso na OMC, visando o enquadramento multilateral para as diferentes reas.

    O apoio a sectores relacionados com o comrcio, como a produtividade agrcola e o desen-volvimento de recursos energticos, incluindo energias renovveis, permanece como um

    domnio importante da cooperao portuguesa para o desenvolvimento. No quadro da coo-

    perao com Timor Leste, foram tambm desenvolvidas actividades de formulao de estra-

    tgias de desenvolvimento sectorial, abrangendo o turismo, a energia, a geologia e minas,

    visando estimular o investimento e a cooperao empresarial. Foi ainda prestada assistn-

    32 | Implementao dos compromissos relativos MDGs 7 e 8

  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

    35/48

    cia tcnica s autoridades timorenses, atravs de um estudo visando a definio do posicio-

    namento de Timor Leste no contexto econmico internacional.

    Portugal celebrou Acordos de Proteco e Promoo do Investimento com alguns pases

    parceiros (v.g. Moambique e Cabo Verde), bem como Acordos de Dupla Tributao (v.g.

    Angola, Moambique e Cabo Verde), com vista promoo de um clima favorvel ao investimento

    do comrcio bilateral. De forma a promover o comrcio, a erradicao da pobreza e o desen-

    volvimento econmico, foi criado um Conselho Empresarial da CPLP, em Julho de 2004.

    OBJECTIVO 8

    Acesso aos MercadosIndicadores da Unio Europeia e Portugal 1990 1995 2000 2002

    Proporo total das importaes da EU** (medidas em valor

    e excluindo o armamento e o petrleo) com origem nos pases

    em desenvolvimento (excluindo os pases menos desenvolvidos),

    que entraram sem tarifas (%) 33,6* 53,4 47,0

    Proporo total das importaes da EU** (medidas em valor

    e excluindo o armamento e o petrleo) com origem nos pases

    menos desenvolvidos, que entraram sem tarifas (%) 94,0* 97,5 96,7

    Tarifas mdias impostas pela UE** (%):

    a) Produtos agrcolas

    Pases em desenvolvimento (excluindo os pases menos

    desenvolvidos) 13,4* 11,7 11,1

    Pases Menos Desenvolvidos 3,3* 3,0 2,2

    b) Produtos txteis

    Pases em desenvolvimento (excluindo os pases menos

    desenvolvidos) 6,9* 6,2 5,4 Pases Menos Desenvolvidos 0,0* 0,0 0,2

    c) Vesturio

    Pases em desenvolvimento (excluindo os pases menos

    desenvolvidos) 10,6* 10,2 9,6

    Pases Menos Desenvolvidos 0,0* 0,0 0,9

    Apoio estimado agricultura pela UE** em percentagem do PIB 2,2 1,7 1,3 1,2

    Em volume (US$ mil milhes) 132,8 145,9 100,1 107,0

    Percentagem do total da APD bilateral fornecida para capacitao

    de desenvolvimento do comrcio (%)*** 0,7 (2001) 8,9

    Percentagem do total da APD bilateral fornecida para capacitao

    na formulao de polticas e regulamentos comerciais (%)*** 0,0 (2001) 0,1

    Fonte: OECD, International Trade Centre, United Nations Conference on Trade and Development and World Trade Organization.

    * Dados de 1996.

    ** Dados para a globalidade da Unio Europeia.

    *** Dados para Portugal.

    **** Dados disponveis a partir de 2001.

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio de Portugal | 33

    ****

    ****

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    Investimento directo nos pases em desenvolvimentoO investimento directo nos pases em desenvolvimento constitui um factor essencial ao

    crescimento e modernizao econmica, pois propicia a criao de emprego, a aquisio de

    know-how, a transferncia de tecnologia, conferindo dinamismo e vitalidade ao tecido empre-

    sarial local. A melhor utilizao destas vantagens permite melhores hipteses de desenvol-

    vimento.

    O investimento directo de Portugal destinado aos pases em desenvolvimento (PED) tem

    vindo a registar uma tendncia crescente ao longo das ltimas dcadas, apesar da instabili-

    dade poltica verificada em vrias regies e do consequente clima desfavorvel ao investi-

    mento e ao crescimento econmico sustentvel. Essas condicionantes tiveram, porm, um

    efeito negativo entre 2001-2003, para o qual tambm contribuiu o quadro global de reces-

    so econmica vivido em Portugal nos ltimos anos. A tendncia crescente, contudo, foi

    estimulada, pela promoo da cooperao empresarial entre Portugal e os PED inicialmente

    promovida pelo Fundo para a Cooperao Econmica (FCE)29

    , continuada atravs da AgnciaPortuguesa de Apoio ao Desenvolvimento (APAD)30.

    Investimento Directo de Portugal 1989-91 1994-96 1997-99 2001-03para os Pases em Desenvolvimento mdia mdia mdia mdia

    Volume em US$ milhes 12 228 1269 531

    Volume em percentagem do RNB 0,02 0,23 1,21 0,43

    Fonte: OECD.

    Investir nos PED acarreta, contudo, um nvel considervel de risco, originado por facto-

    res de natureza poltica, monetria e catastrfica. Por forma a incentivar o investimentodirecto nestes pases e a minorar os factores de risco, deve o sector pblico trabalhar em

    conjunto com o sector privado. As empresas portuguesas que investem nos PED podem ter

    acesso a um seguro de crdito exportao, garantido pelo Estado Portugus, atravs da

    COSEC (Companhia de Seguro de Crditos, S.A.), que gere, por conta do Estado, a garantia

    de cobertura de riscos de crdito do investimento nacional nos PED. O objectivo provi-

    denciar apoio s exportaes de bens e servios de origem portuguesa para mercados con-

    siderados de risco poltico ou quando esto em causa perodos de risco iguais ou superio-

    res a dois anos. O seguro pode assumir vrias formas consoante os prazos de pagamento

    (curto ou mdio/longo), a natureza dos riscos segurveis (de fabrico e de crdito) e a natu-reza dos crditos (comerciais ou financeiros).

    34 | Implementao dos compromissos relativos MDGs 7 e 8

    29 Organismo

    criado em

    1991.

    30 Criada em

    Agosto de

    1999, a APAD

    veio substituir

    o FCE.

    A APAD e o

    ICP fundiram-

    -se em Janeiro

    de 2003.

    Dessa fuso

    resultou o

    IPAD.

  • 7/29/2019 OBJETIVOS DESENVOLVIMENTO MILNIO - PORTUGAL [IPAD - 2004]

    37/48

    Objectivo 8 Sustentabilidade da Dvida

    A poltica geral de Portugal no tratamento da dvida tem consistido na realizao de ope-

    raes de reestruturao no quadro do Clube de Paris31, ou bilateralmente, em condies

    ditadas em funo do nvel de rendimento e endividamento dos pases devedores.

    Para os pases de baixo rendimento altamente endividados (HIPC), Portugal tem consi-

    derado, para alm dos reescalonamentos em condies altamente favorveis, apoios adicio-

    nais reduo da dvida, tais como esquemas de converso em investimento ou em ajuda,

    salvaguardadas as implicaes de ordem oramental e monetria nos pases devedores. Para

    alm disso, tem ainda considerado o perdo da dvida (para alm dos padres mnimos esta-

    belecidos no Clube de Paris) e a concesso de apoios para pagamento da dvida multilateral.

    De entre os dois esquemas de converso mencionados, Portugal tem utilizado preferen-

    cialmente a aplicao da dvida em investimento, face multiplicao dos seus efeitos, os

    quais, no se esgotando na reduo dogap da Balana de Pagamentos, tm um reflexo directono desenvolvimento econmico do pas, atravs do reforo do seu sector privado.

    A participao de Portugal na iniciativa HIPC inclui:

    A contribuio para o Trust-Fund 22 MUSD no total dos quais 7 MUSD via Unio

    Europeia e 15 MUSD especificamente para Moambique, desembolsados em partes

    iguais em 1998 e 1999.

    O alvio da dvida mediante o perdo ou reescalonamento 218 MUSD no total.32

    O apoio de Portugal sustentabilidade da dvida nos pases em desenvolvimento traduz-

    -se ainda no Acordo de Cooperao Monetria e Cambial com Cabo Verde (em vigor desde

    Maro de 1998). Este acordo contempla a concesso de uma facilidade de crdito anual atao montante de 45 Meuros, destinada ao financiamento de importaes e ao pagamento da

    dvida externa, a ser utilizada em situaes de quebra nas reservas externas, funcionando

    assim como uma garantia complementar da convertibilidade da moeda cabo-verdiana.

    OBJECTIVO 8

    Sustentabilidade da DvidaIndicadores de Portugal 1990 1995 2000 2002 2003

    Perdo da dvida em percentagem da APD 0,0 10,1 60,7 3,6 2,0

    Alvio da dvida HIPC em percentagem da APD lquida 7,2*

    3,4 1,8

    Proporo dos donativos (em % da APD bruta total) 75 72 99 99 100

    Fonte: OECD.

    * Dados de 2001.

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio de Portugal | 35

    31 O Clube de

    Paris, criado

    em 1956, um grupo

    informal de

    credores

    pblicos cujo

    papel encon

    trar solues

    coordenadas e

    sustentveis

    para as dificul

    dades de paga

    mento

    sentidas pelos

    pases endivi-

    dados.

    32 Valor calcu-

    lado pelo

    Banco

    Mundial em

    termos de

    NPV (valor

    actualizado

    lquido).

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    39/48

    O reforo das relaes privilegiadas com o espao lusfono, nomeadamente com os PALOP

    e com Timor Leste, passa em grande medida, seno de forma preponderante, pela prosse-cuo de uma poltica de cooperao para o desenvolvimento que procure promover verda-

    deiramente o desenvolvimento destes parceiros preferenciais. Ser, pois, uma poltica de

    cooperao para o desenvolvimento que contribua para a preservao da paz, para a pre-

    veno de conflitos, para a reduo da pobreza e para a insero harmoniosa destes pases

    na economia mundial.

    A cooperao para o desenvolvimento portuguesa constitui, portanto, um importante

    instrumento da poltica externa do pas e nela se encontram reflectidos princpios funda-

    mentais, tais como o respeito pelos Direitos Humanos e a solidariedade internacional.

    Composta por uma vertente bilateral e uma multilateral, esta ltima tem-se constitudocomo um complemento essencial da primeira e como uma forma de reforar a insero

    da cooperao Portuguesa no contexto mais vasto do sistema internacional de apoio ao

    desenvolvimento.

    Num quadro poltico orientado para a promoo do desenvolvimento econmico, social

    e cultural dos pases beneficirios da ajuda, Portugal assume como principais prioridades:

    Financiamento do Desenvolvimento. Sero, ao longo deste perodo, continuados os

    esforos, em curso, com vista:

    concretizao dos compromissos internacionalmente assumidos relativamente

    canalizao de 0,33% do RNB como APD at 2006 e de 0,5% at 2010; melhoria da eficcia da ajuda incluindo atravs: da concentrao do apoio em

    reas prioritrias (v.g. em funo das necessidades dos pases parceiros), das mais-

    -valias da Cooperao Portuguesa e dos meios e capacidades de gesto existentes;

    da melhoria do impacto das aces de cooperao, mediante uma racionalizao

    acrescida; e do reforo da coordenao interna e no terreno.

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio Relatrio de Portugal | 37

    5. Prioridades e aces em direco a 2015

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    Reforo da estabilidade poltica e desenvolvimento econmico dos pases parceiros .

    O apoio consolidao de um ambiente estvel e democrtico dever permanecer como

    uma prioridade fundamental da cooperao portuguesa com os pases parceiros, a par

    com a promoo do desenvolvimento e do crescimento econmico sustentados onde

    a negociao de acordos de promoo de investimento e para evitar a dupla tributao

    e outros instrumentos macro-econmicos, como a negociao da dvida bilateral e o

    apoio estabilidade cambial e oramental permanecem como instrumentos funda-

    mentais.

    Portugal continuar, por outro lado, a contribuir activamente para a melhoria dos esforos

    internacionais de apoio paz, desenvolvimento e estabilidade poltica, atravs:

    Da promoo de um papel de liderana das Naes Unidas foi nesse sentido que

    o Governo Portugus e o Presidente da Repblica de Moambique, enquanto Presidente

    da Unio Africana, apresentaram, recentemente, uma proposta relativa criao de

    uma Comisso para a Paz e Desenvolvimento, que trabalharia sob o mandato e emcolaborao com o Conselho de Segurana (que manteriam as respectivas reas de

    competncia) e teria como principais objectivos: acompanhar, de forma regular, a

    evoluo de pases em conflito, ou em risco de conflito e garantir a cooperao/coor-

    denao entre as instituies regionais e internacionais. Esta proposta foi reiterada

    pelo Primeiro-Ministro portugus, no quadro da 59. Assembleia Geral da ONU.

    Do reforo do papel da UE neste domnio mediante uma maior coerncia e eficcia

    do apoio Segurana e ao Desenvolvimento e de uma colaborao acrescida com as

    Naes Unidas, que se afigura da maior importncia com vista a um multilateralismo

    eficaz. Reforo do relacionamento com o Continente Africano. Este reforo dever perma-

    necer como uma das principais prioridades da poltica externa portuguesa, tanto bila-

    teral como multilateralmente.

    No quadro do relacionamento bilateral ser de destacar como principais prioridades

    para os prximos anos:

    O incremento das relaes com Angola enquanto maior prioridade da nossa pol-

    tica externa em frica;

    O estreitamento da parceria com Cabo Verde, quer no mbito institucional quer na

    vertente empresarial; A continuao do apoio ao processo poltico e de transio na Guin-Bissau e dos

    esforos de Portugal no desenvolvimento de uma poltica de congregao de von-

    tades e apoios nos diferentes fora internacionais a favor deste pas;

    A continuao do acompanhamento atento dos desenvolvimentos em Moambique,

    um dos pases com melhor potencialidade de estabilidade e crescimento, e onde

    38 | Prioridades e aces em direco a 2015

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    Portugal se apresenta como um dos principais investidores e parceiro comercial e

    de cooperao;

    O apoio capacitao em S. Tom, para que beneficie das perspectivas econmicas

    decorrentes da descoberta de importantes jazidas petrolferas nas guas territoriais

    do arquiplago.

    O estabelecimento de verdadeiras parcerias estratgicas com os PALOP, aproveitando

    o renascimento africano consagrado na Unio Africana (UA) e na Nova Parceria

    para o Desenvolvimento Africano (NEPAD)33.

    Ao nvel multilateral, Portugal continuar a dar a maior prioridade ao reforo do posi-

    cionamento e do apoio concedido ao continente africano no mbito dos diversos fora,

    tanto ao nvel da UE, da ONU e de outras instituies relevantes. Continuar, para

    esse efeito, fortemente empenhado:

    Na promoo do reforo e institucionalizao do dilogo UE-frica;

    No acompanhamento e apoio ao processo