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JUSCYO MARIO BARBOSA MARTINS O VOLUNTARIADO EM COMUNIDADE COMO ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO LOCAL: O CASO VILA PILOTO UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO CENTRO DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO LOCAL -MESTRADO ACADÊMICO- CAMPO GRANDE – MS 2005

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JUSCYO MARIO BARBOSA MARTINS

O VOLUNTARIADO EM COMUNIDADE COMO

ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO LOCAL: O

CASO VILA PILOTO

UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO

CENTRO DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO PROGRAMA DE PÓS -GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO LOCAL

-MESTRADO ACADÊMICO - CAMPO GRANDE – MS

2005

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JUSCYO MARIO BARBOSA MARTINS

O VOLUNTARIADO EM COMUNIDADE COMO

ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO LOCAL: O

CASO VILA PILOTO

Dissertação apresentada como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Local – Mestrado Acadêmico, à Banca Examinadora, sob orientação da Profª Drª Maria Augusta Castilho.

UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO

CENTRO DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO PROGRAMA DE PÓS -GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO LOCAL

-MESTRADO ACADÊMICO - CAMPO GRANDE – MS

2005

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BANCA EXAMINADORA

Orientadora – Profª Drª Maria Augusta de Castilho

Universidade Católica Dom Bosco – UCDB

Prof. Dr. Sinclair Mallet Guy Guerra

Universidade de São Paulo – USP

Prof. Dr. Francisco Avelino Junior

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS

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Agradecimentos

A Deus, pela vida, por me iluminar, proteger e capacitar para que, com

dignidade, eu pudesse realizar mais essa conquista pessoal e profissional em

minha vida.

Aos meus pais, pelo exemplo de vida, ensinando a perseverar, estimulando e

abençoando- me para que as dificuldades, o desânimo, enfim, as barreiras eu

possa sempre superar.

A tia Nedes Barbosa de Souza, pelo incentivo, apoio e confiança, o que

ajudou a tornar possível o início e, conseqüentemente a conclusão deste

trabalho.

A tia Irani Barbosa de Castro que graciosamente disponibilizou a sua casa, em

Campo Grande- MS, me acolhendo com carinho, sempre que precisei.

Ao professor Dr Edgar Aparecido Costa, por aparecer num momento de

extrema indecisão que me ajudou, no último instante, a superar a barreira que

me impedia de concretizar a matrícula no mestrado.

A Vice-coordenadora do programa de Pós- graduação em Desenvolvimento

Local – Mestrado Acadêmico, minha professora e orientadora profª Dra Maria

Augusta de Castilho, pela transparência e ética profissional, pelo esforço e

dedicação em me orientar na construção geral deste trabalho, e, mesmo diante

das minhas e das suas dificuldades, pela sua fé e com a graça de Deus, soube

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administrar as responsabilidades da sua vida e me orientar, com sabedoria,

determinação, paciência, compreensão e humildade para que este trabalho

viesse a ser concluído.

Ao Pe. Angel Adolfo Sanchez Y Sanchez pelas informações e apoio.

Ao Pe . Giuseppe Crevacore, pelos conselhos, incentivos e informações.

Ao Padre José Mauro, pela atenção disponível.

Ao Mestre Armando Catrana, diretor do Oratório Centro Juvenil Dom Bosco,

que, dentro das possibilidades, disponibilizou e autorizou que funcionários

colaborassem em parte da pesquisa, respondendo um questionário, o qual

também foi respondido pelos voluntários do local.

Aos meus irmãos e irmãs, pela energia positiva, acreditando na minha vitória

sobre esse desafio.

Aos meus familiares e amigos que depositaram a confiança, o desejo sincero e

positivo, acreditando na minha honestidade e capacidade de concluir este

trabalho.

Aos mestres Leandro Skowronski e Antonio José Teodoro, com ciência do

professor Dr. Antonio Jacó Brand, pela disposição em proporcionar ocasiões

para que eu realizasse as práticas integradoras.

Ao professor Dr. Francisco Avelino Júnior, por contribuir, orientando- me,

para que este trabalho não se perdesse no universo acadêmico.

Ao professor Dr. Sinclair Mallet Guy Guerra, pelas sugestões, objetivando o

enriquecimento do conteúdo deste trabalho.

Ao professor Dr José Luiz Lorenz Silva, pela disposição, em me atender,

alertando- me quanto às possíveis falhas no desenvolvimento deste trabalho.

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A coordenadora do curso de Pós- gradua ção em Desenvolvimento Local –

Mestrado Acadêmico, profª. Dra Cleonice Alexandre Lê Bourlegat, pela

confiança em mim e pela dedicação ao curso e a instituição.

Ao amigo Marcos Evangelista, pelo companheirismo e empenho, ajudando- me

de uma forma geral com seus conhecimentos, principalmente em informática.

Ao amigo Joel Marcos Coggo, pela dedicação em me ajudar na elaboração e

formatação deste trabalho.

A instituição UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), que, pela

intercessão do padre Ângelo Sanches, me concedeu por um período, um

desconto nas mensalidades.

Aos funcionários e colegas da Universidade Católica Dom Bosco, pela

atenção, respeito e compreensão para comigo no decorrer do curso.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 14 CAPITULO 1 REFERENCIAL TEÓRICO 20 1 .1 A COMUNIDADE, O DESENVOLVIMENTO

COMUNITÁRIO E A IMPORTÂNCIA DO VOLUNTARIADO 20

1.1.1 O processo no desenvolvimento comunitário 23 1.1.2 A função do voluntariado 24 1 .2 ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE 24 1 .3 DESENVOLVIMENTO LOCAL 25 1.3.1 Desenvolvimento no local 28 1.3.2 Desenvolvimento para o local 29 1.3.3 Local no sentido territorial 29 1.3.4 A força do desenvolvimento e a ordem local 30 1.3.5 O desenvolvimento humano: partindo de um

novo paradigma 31 1.3.6 O Estado e seu papel 33 1.3.7 A globalização e o desenvolvimento Local 33 1.3.8 O desenvolvimento humano e as atuais polít icas

sociais 35 1.3.9 Promoção do desenvolvimento local em termos

reais 38 1.3.10 Nova Era da economia 43 1.3.11 Patentes e investimentos 43 1.3.12 O Território 44 1.3.13 O Território e modernidade 45 1.3 .14 Território e a atualidade 45

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1.3.15 A territorialidade 47 1 .4 POLITICA, ESPAÇO E RELIGIÃO 49 1.4.1 A igreja e sua política espacial 50 1.4.2 Espaços sagrados 52 1.4.3 O sagrado 52 1.4.4 Es paço Sagrado 55 CAPITULO 2 A COMUNIDADE RELIGIOSA CATÓLICA DA

VILA PILOTO NO MUNICIPIO DE TRÊS LAGOAS/MS 57

2.1 A HISTÓRIA DOS SALESIANOS EM

MATOGROSSO E MATOGROSSO DO SUL 59 2.1.1 Os salesianos em Três Lagoas 64 2.1.2 Contribuição dos salesianos no desenvolvimento

regional 66 2 .2 HISTÓRICO DA VILA PILOTO 68 CAPITULO 3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

COLETADOS 79 CONSIDERAÇÕES FINAIS 91 REFERÊNCIAS 94 ANEXO 99

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LISTA DE FOTOS

Foto 1 VISTA AÉREA DO BAIRRO DE VILA PILOTO 69 Foto 2 ATIVIDADES ESPORTIVAS (FUTEBOL) 70 Foto 3 PRÁTICAS ESPORTIVAS (CAPOEIRA) 71 Foto 4 OFICINA DE CORTE E COSTURA (CURSO) 71 Foto 5 OFICINA DE SERRALHER IA (CURSO) 72 Foto 6 RECICLAGEM DE LIXO – AÇÃO VOLUNTÁRIA PEL O PROJETO

VALORIZAÇÃO DA CRIAN ÇA E DO ADOLESCENTE 72 Foto 7 AÇÃO VOLUNTÁRIA: REFORÇO ESCOLAR . PROJETO

VALORIZAÇÃO DA CRIAN ÇA E DO ADOLESCENTE 73 Foto 8 SOLENIDADE DE ABERTURA DA GINCANA DO CEN TRO

JUVENIL – AÇÃO VOLUNTÁRIA : ORQUESTRA DE VIOLEI ROS 73 Foto 9 SOLENIDADE DE ABERTURA DA 1ª GINCANA JUNINA DO

CENTRO JUVENIL DOM BOSCO REALIZADO COM A JUVENTUDE DA VILA PILOTO, PELOS JOVENS VOLUNTÁRIOS DA PARÓQUIA SANTO AN TONIO 74

Foto 10 BANDA ADORADORES DE DEUS , NUMA AÇÃO VOLUNTÁRIA

NA PARÓQUIA SANTA LUZIA 74 Foto 11 IGREJA N. S ª. DE FÁTIMA DE VILA P ILOTO 76 Foto 12 VISTA PARCIAL DO CEN TRO JUVENIL EM CONSTRUÇÃO 77 Foto 13 CERIMÔNIA DO LANÇAMENTO DA PEDRA FUNDAMENTAL DO

CENTRO JUVENIL DOM B OSCO 77 Foto 14 AÇÃO VOLUNTÁRIA: BANDA ADORADORES DE DEUS

EVANGELIZANDO NO 18 º HALLEL EM FRANCA/S P 78 Foto 15 IMAGEM DO CRISTO RED ENTOR NA SAÍDA DE TRÊS LAGOAS

PARA O ESTADO DE SÃO PAULO 78

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LISTA DE GRÁFICOS – QUADROS - FIGURAS

Tabela 1 EXPORTAÇÕES INETRNACIONAIS – PAISES SELECIONADOS 42 Figura 1 MAPA DO BRASIL – LOCALIZAÇÃO DO MUNICIPIO DE TRÊS

LAGOAS 58 Gráfico 1 FAIXA ETÁRIA 80 Gráfico 2 GÊNERO 81 Gráfico 3 ESTADO CIVIL 81 Gráfico 4 PRIORIDADES E NECESSIDADES MAIS URGENTES PARA UMA

MELHOR QUALIDADE DE VIDA NA COMUNIDADE DE VILA PILOTO 82

Gráfico 5 ENCAMINHAMENTO DAS N ECESSIDADES LOCAIS 83 Gráfico 6 NECESSIDADE DO JOV EM DA COMUNIDADE 84 Gráfico 7 ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES 85 Gráfico 8 VOLUNTARIADO 86 Gráfico 9 O PORQUE DE SER VOLUNTÁRIO 87 Gráfico 10 QUAIS OS BENEFÍCIOS QUE O VOLUNTARIADO TROUXE A

CADA UM, INDIVIDUALMENTE, E À COMUNIDADE? 88 Gráfico 11 QUE ESTRUTURA A IGREJA OFERECE PARA A PRÁTICA DO

VOLUNTARIADO? 88 Gráfico 12 QUAIS AS PRÁTICAS EM QUE O VOLUNTARIADO E A IGREJA

ESTÃO MAIS EMPENHADAS? 89 Gráfico 13 O QUE VOCÊ ACHA DO TRABALHO DOS VOLUNTÁR IOS NA

COMUNIDADE DE VILA P ILOTO E NO CENTRO JUV ENIL? 90

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A ciência é luz, a filosofia é trabalho. A religião é amor. A luz

esclarece. O trabalho aperfeiçoa. O amor santifica. Com a ciência

experimentamos. Com a filosofia concluímos. Com a religião edificamos. A

luz sem trabalho e sem amor pode reduzir- se à beleza inútil. O trabalho sem

amor e sem luz pode ser mera perturbação. O amor sem luz e sem trabalho

pode converter-se em egoísmo fanático.

A ciência, por isso, é senda do progresso. A filosofia, por essa razão é

es trada para o conhecimento. E a religião, por esse motivo, é caminho para a

sublimação espiritual. A luz exalta a inteligência. O trabalho enriquece a

razão. O amor diviniza o sentimento.

Façamos, pois, de nosso roteiro espiritualista, com Jesus Cristo, o

templo vivo, em que a ciência seja cultuada, em que a filosofia se erga em

altar de nosso respeito e em que a religião seja alimento de cada dia em

nossos pensamentos, palavras e ações.

E, alicerçados nessa trilogia de valores universais, estejamos convic tos

de que faremos de nossa fé o santuário sublime que nos conduzirá do mundo

renovado aos eternos braços de Deus.

EMMANUEL

(Psicografado 1978)

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O volun tá r io como in te r locu tor da

comunidade va lo r i za o se r humano ,

p o s s ib i l i tando o Desenvolv imento Local .

(Juscyo Mário Barbosa Martins/jun.2005)

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RESUMO

A presente pesquisa visa manter os pressupostos do mestrado em Desenvolvimento Local inserido na comunidade da Vila Piloto no Município de Três Lagoas-MS, tendo em vista as prioridades e as necessidades que a própria comunidade local deseja para ter uma melhor qualidade de vida na comunidade. Um trabalho de base comunitária deve ocorrer de forma cooperada, procurar alternativas de Desenvolvimento Local. A formação de grupos de voluntariado pode se um caminho para resolver os problemas de ordem social tão visíveis na comunidade da Vila Piloto. Atualmente essa realidade vem sendo percebida através de manifestações que muitas vezes alteram a convivência da sociedade daquele local. Um trabalho sério com o objetivo de construir um futuro melhor, com justiça social é o caminho para a comunidade da Vila Piloto.

Palavras – chave: Desenvolvimento local, comunidade, voluntariado.

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ABSTRACT

The present research aims to keep the purposes of the mastership in Local Development inserted in the community of Vila Piloto in the municipality of Três Lagoas – MS, having in mind the priorities and needs that the own local community wishes in order to have better quality of life. A community – based work must happen in this community, aiming to reach facilitative alternatives of local development. The formation of volunteer groups can be a way to solve the social problems, which are so evident in the community of Vila Piloto. Nowadays this reality has been noticed through manifestations, which, many times, alter the social living of that place. A serious work advised by solidary and responsible agents who are engaged goal the building of a better future with social justice, is the way which will allow the community of Vila Piloto to find solutions for their difficulties, enjoying the benefits that the local development will offer through the solidary cooperation networks.

Key words : local development, community, volunteer wo rk.

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INTRODUÇÃO

A temática apresentada tem em vista a preocupação com o

desenvolvimento local da Vila Piloto 1 que apresenta necessidades urgentes

quanto à qualidade de vida de muitas famílias onde há uma grande clientela

de jovens, os quais muito em breve serão adultos, e nem sequer têm condições

de acompanhar a avalanche de informações e a velocidade da tecnologia, já

que não gozam de uma formação profissional básica ou nenhuma formação.

Este trabalho tem como eixo norteador os mecanismos do

desenvo lvimento local, para que a comunidade possa exercer sua cidadania

com dignidade. Partindo dessa premissa, está espelhada a necessidade de um

trabalho de base comunitária por meio de agentes e a de verificar quais os

anseios da comunidade para que a mesma possa vislumbrar a cidadania plena

dos jovens que vivem na localidade.

A revisão bibliográfica deve permear o presente estudo, identificando o

que é necessário para se diagnosticar a situação vivenciada por jovens e

1 VILA PILOTO – Bairro da periferia do município de Três Lagoas no Estado de Mato Grosso do Sul.

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adultos na comunidade e o que eles realme nte desejam fazer por si mesmos e

pela comunidade.

Como a pesquisa busca aprofundar o conhecimento relativo da vida da

comunidade, principalmente a do adolescente, que às vezes já faz parte do

mundo das drogas, e a do jovem que busca seu primeiro emprego e sente- se

marginalizado pela sociedade, o método usado é o qualitativo, uma vez que

busca uma visão holística da realidade, investigando, processando e

analisando os dados coletados, mensurando suas categorias e atributos tais

como: hábitos, relação, ação, dor, atitude, prazer e preferências, entre outras

variáveis.

Para os dados quantificáveis, foi elaborado um formulário e para coleta

de outras informações (moradores da Vila Piloto) que se julgou pertinente,

optou-se por entrevistas estruturadas, possibilitando um diálogo mais amplo e

informal e um clima de descontração que visam mais qualidade nas

informações.

Os dados coletados foram selecionados e organizados na intenção de

analisar os elementos básicos, verificando sua inter- relação com o referencial

teórico, a fim de buscar melhor compreensão da comunidade em questão.

Para a coleta de dados, em função da complexidade e profundidade do

problema, utilizou- se:

• Método bibliográfico, estudo de livros, revistas jornais, publicações

técnicas, relatórios e o utros;

• Visitas a bibliotecas, órgãos governamentais, municipais, sindicatos e

associações de classe;

• Uso de roteiros para entrevistas;

• Roteiro para discussão em grupo;

• Roteiro para observação;

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• Uso de pequenas amostras (casos);

• Estudo de caráter exploratório ;

• Entrevista pessoal;

• Aplicação de questionário estruturado;

• Tabulação dos dados, organização e sistematização dos dados coletados

de modo racional para definir o processo de planejamento;

• Análise e interpretação dos dados correlacionados as variáveis,

buscando conhecer o objeto de estudo.

Nesta perspectiva, o presente estudo busca analisar a Comunidade

Religiosa da Vila Piloto no município de Três Lagoas, em Mato Grosso do

Sul, por meio de um diagnóstico da realidade local, detectando lideranças e

outros fatores de relevância, via ações dos agentes comunitários e traçar

metas para o desenvolvimento local, com a participação efetiva da

comunidade local na busca de alternativas visando uma melhor qualidade de

vida dessa população.

Como todo trabalho comunit ário envolve muitas pessoas, há

necessidade de se realizar:

• Planejamento – que deve ter como pressuposto básico: a aplicação de

análises – sistemática e racional – ao processo de desenvolvimento,

buscando torná- lo mais eficiente e passível de responder com maior

precisão às necessidades e aos objetivos da sociedade.

• Participação, em um processo de mobilização social, é ao mesmo tempo

meta e meio. Portanto, não se deve falar de participação apenas como

pressuposto, como condição intrínseca e essencial de um processo de

mobilização. Ela de fato o é. Mas ela deve crescer em abrangência e

profundidade ao longo do processo, o que faz destas duas qualidades,

abrangência e profundidade, um resultado desejado e esperado.

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• Avaliação, quando há diagnose precisa estar p resente, em se tratando de

um processo que visa colher dados no sentido de detectar pontos

positivos, desvios e disfunções, sendo este momento importante para o

sucesso do planejamento e execução de todas as tarefas.

Outro fator considerável da pesquisa é formar cidadãos, isto é, pessoas

capazes de criar e fundar, com os outros, situações desejáveis para todos,

empenhando-se para criar espaços para o exercício pleno da cidadania. Como

a participação é uma aprendizagem, é preciso aprender, entender, decidir e

agir para alcançar os objetivos propostos; e, depois, ser capaz de construir e

viabilizar soluções para outros problemas, como a preservação do meio

ambiente ou a melhoria do trânsito. É possível, ainda, articular-se com outros

grupos para desafios maiores, com soluções e idéias para combater a

violência, o uso e o tráfico de drogas, o desemprego, etc, aprendendo a

conversar, decidir e agir coletivamente, por meio da confiança, capacidade de

gerar e viabilizar soluções para os problemas da comunidade, fundamentos

para a construção de uma sociedade com identidade e autonomia.

Neste contexto, o objetivo geral deste estudo é diagnosticar, juntamente com a população local, as necessidades da comunidade da Vila Piloto, além de verificar se a mesma possui alternativas de desenvolvimento local. Quanto aos objetivos específicos, destacam- se:

• Identificar, juntamente com os atores da comunidade, as necessidades

mais urgentes para o desenvolvimento da comunidade da Vila Piloto;

• Envolver o maior número de pessoas na p roposta de trabalho;

• Envolver mães, jovens e crianças em atividades religiosas, de lazer e

desportivas;

• Contatar e envolver lideranças políticas para atendimento dos

problemas pertencentes ao poder público;

• Considerar a participação de todos como uma neces sidade para o

desenvolvimento local.

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Deste modo, no decorrer do trabalho, será respondida a seguinte

pergunta: A comunidade local da Vila Piloto tem predisposição para

desenvolver alternativas de Desenvolvimento Local?

Após a sensibilização da comunidade da Vila Piloto, os agentes

poderão, junto a ela, propor alternativas de Desenvolvimento Local a fim de

melhorar a qualidade de vida da população local, por meio de:

• Formação de grupos de estudos, quanto aos problemas de: saúde,

educação, conscientização da preservação ambiental, lazer e outros;

• Desenvolvimento de ações de entidades e lideranças políticas e

religiosas na solução dos problemas levantados.

A proposta metodológica e as técnicas de trabalho apresentadas têm

como um dos objetivos propiciar o diagnóstico da situação da Comunidade

Religiosa da Vila Piloto, com a finalidade de subsidiar informações referentes

aos problemas existentes naquela comunidade.

A pesquisa foi realizada em três momentos distintos, sendo:

1º Momento – Revisão bibliográfica sobre Desenvolvimento Local,

comunidade, religiosos e outros.

2º Momento – Coleta de dados na documentação existente no

acervo da paróquia onde a comunidade está inserida.

O diagnóstico foi realizado através de fontes primárias com a

finalidade de coletar informações prévias sobre a comunidade.

Averiguar o envolvimento dos órgãos competentes quer seja,

Estadual, Municipal ou entidades não governamentais nas ações

junto à comunidade em tela.

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3º Momento – Realização de pesquisa in loco :

• Observação mais direta dos fatos e dos registros para análise dos pontos

mais emergentes e dos pontos a serem estudados a longo prazo. Nesse

momento foram levantados também os possíveis envolvidos no

processo:

• Cristãos leigos;

• Religiosos (sacerdotes);

• Grupos religiosos vincula dos à comunidade da Vila Piloto e outros.

O estudo está divido em capítulos, assim dimensionados:

• O primeiro capítulo apresenta a conceituação de comunidade e os

trabalhos realizados pelos grupos de voluntários, o processo de

desenvolvimento comunitário, a organização da sociedade bem como

suas intenções no desenvolvimento local e a sua definição, a força

do desenvolvimento local para a resolução de problemas de ordem

econômica, social e ambiental. Trata ainda da globalização em

termos gerais, com ênfase para o desenvolvimento humano e para as

novas políticas sociais em escalas globais. Enfoca, ainda, o

território, a política, o espaço e a religião.

• O segundo capítulo apresenta um estudo do local pesquisado (bairro

de Vila Piloto – Três Lagoas/MS), partindo de um histórico

abrangente do município de Três Lagoas, a participação da

comunidade salesiana presente na cidade desde 1924. Retrata,

também, o município de Três Lagoas no contexto atual, seu

desenvolvimento industrial, a geração de empregos, o comércio;

enfoca o desequilíbrio social gerado pelo rápido crescimento e o

fluxo migratório instantâneo. O histórico da Vila Piloto ilustra a

pesquisa quando retrata as atividades desportivas, artístico-culturais

e de formação humana cristã e profissionalizante.

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• O terceiro estudo é uma análise interpretativa dos dados coletados,

em que são ilustradas questões importantes das necessidades locais,

como a participação do trabalho voluntário.

• As considerações finais enfocam o homem moderno, a necessidade

de sentir- se co mo atores e beneficiários de um processo de

melhoramento gradual e sustentado.

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CAPITULO 1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 A COMUNIDADE, O DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO E A

IMPORTÂNCIA DO VOLUNTARIADO.

Conceituar comunidade é algo um tanto complexo devido à existência

de vários pensamentos quanto ao assunto. Para alguns autores, comunidade

significa todas as pessoas numa determinada área geográfica; para Stewart

(1987, p.89), “comunidade é a sociedade de muitas pessoas em comum;

cooperação religiosa”.

Por ser uma grande sociedade, há necessidade, também, de uma série de

atendimentos, de pessoas que trabalham em comunidade e daquelas que

orientam com as mais diversas habilidades.

Geralmente, os trabalhos comunitários mais bem sucedidos são

executados por voluntários. Formar grupos voluntários é uma necessidade

para o desenvolvimento da comunidade. Atualmente existem programas de

“voluntários comunitários” com excelentes resultados.

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As lideranças religiosas devem estar preocupada s com a formação de

grupos voluntários para desenvolver e assistir os trabalhos sociais necessários

para o desenvolvimento local.

Em toda comunidade há carências, principalmente na área educacional,

na qual há falta de informação quanto à higiene, à saúde , ao meio ambiente,

às drogas, ao abuso sexual e a tantos outros fatores que dependem de muita

orientação, acompanhamento, encaminhamento.

Para formar grupos de voluntários e pensar no bem-estar da comunidade

local, deve haver critérios e organização. Os voluntários devem ser de

diversas idades, desde estudantes até aposentados, com formações diferentes,

devem estar motivados, preocupados com o pensamento social científico

necessário à atenção no campo das relações humanas.

Quanto ao número de participant es do grupo de voluntários do

desenvolvimento da comunidade, deve aceitar sua área de atividade que pode

ser uma quadra, um bairro, um distrito ou outro. Se a definição estrutural é

aceita, a resposta tende a ser rígida quanto ao número específico de pesso as

ou quanto ao território fixo. Se a definição funcional é utilizada, o número e

o tamanho dependerão de como o voluntário da comunidade desempenha seu

papel.

O número de pessoas que pode conseguir um sentido de comunidade

depende dos grupos de pessoas q ue sejam persuadidas a formar uma

associação ativa. O tamanho da área servida é fixada pela resposta que as

pessoas dão ao esforço do voluntário para obter a sua confiança e amizade.

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Ao auxiliar as pessoas na criação de um núcleo maior, o voluntário do

desenvolvimento da comunidade as ajuda a descobrir, por si mesmas, áreas de

interesse comunitário. A área geográfica associada a grupo básico é menor em

relação àquela de um núcleo maior, mais extensa.

No início do processo, a comunidade é definida pelas próprias pessoas

em dois níveis quanto ao tamanho. Os primeiros grupos formados podem

reunir-se com outros grupos de áreas vizinhas ou distantes, criando, assim,

entidades maiores, mais representativas, que darão atenção a problemas de

larga envergadura, que estão além das possibilidades dos núcleos básicos.

O sentido de comunidade não é estático. Começa com um pequeno

grupo, servindo a uma área limitada, e se expande à medida que a experiência

das pessoas envolvidas tende a induzi- las a pensar em termos mais amplos.

Os voluntários não profissionais podem conviver com as pessoas no

estagio inicial da criação da comunidade, e ter a oportunidade de iniciar

processos que os tornam aptos a aumentar a autoconfiança. Não descobrem

somente o interesse da comunidade ; descobrem também que podem obter seu

reconhecimento, juntamente com outros, para influenciar as decisões menores

e, mais tarde, as grandes decisões de importância para o público.

Para Biddle (1969, p.77):

O processo que os vo luntár ios podem a judar os cidadãos a começar é conhec ido como desenvolv imento da comunidade . Def in ido esse t e rmo como um processo soc ia l pe lo qua l os se res humanos podem se to rnar ap tos a v iver melhor e a ob te r maior con t ro le sobre os aspec tos loca is de um mundo em cons tan tes mudanças e che io de f rus t rações .

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Pelo fato de focalizar mudanças na vida das pessoas através do

desenvolvimento de maior técnica para lidar com os problemas que ameaçam

o bem comum, este é um processo considerado educativo.

1.1.1 O Processo no Desenvolvimento Comunitário

O processo de desenvolvimento social pode ter muitas denominações

como: ação comunitária, desenvolvimento da liderança, educação comunitária

ou planejamento social.

De acordo com Biddle (1969, p.79):

Processo refere -se a uma progressão de acontec imentos que é p lane jada pe los par t i c ipan tes a f im de se rv i r aos ob je t ivos que esco lheram progress ivamente . Os acontec imentos nunca se dão numa seqüênc ia f ixa ; o padrão de desenvo lv imen to é sempre o r ig ina l pa ra cada g rupo , e em loca l idade espec í f i ca .

Um voluntário é um privilegiado por contribuir para certos estágios do

processo e por observá- los, o voluntário deve conhecer o processo desde o

início para acompanhar o desenvolvimento de todos os acontecimentos. Deve

ser consciente dos valores admitidos pela população e por ele próprio, já que,

espera ajudar as pessoas a iniciarem um processo normativo de

desenvolvimento. Todos os voluntários do desenvolvimento da comunidade

intervêm na vida das pessoas.

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1.1.2 A Função do Voluntariado

O voluntário pode também ser chamado de animador, tendo papel mais

explícito no decorrer do trabalho. Quando este torna-se animador, ele lida

principalmente com pessoas, com organizações, forças sociais e comunidades,

na medida em que essas entidades sociais influenciam no desenvolvimento do

homem comum. Sua preocupação para com as pessoas e seu relacionamento

íntimo com elas é parte de sua posição vantajosa, como amador e animador

não-profissional.

O papel sui-generis do animador se torna possível quando a pessoa que

trabalha no desenvolvimento da comunidade desiste de agir como o detentor

do saber. O animador não deve agir como médico, enfermeiro ou outro

profissional, sua função é de contribuir auxiliando, aconselhando e

encaminhando as pessoas que necessitam de serviços especializados, e

sugerindo que a própria comunidade possa criar alternativas para um melhor

desenvolvimento social, econômico e político.

1.2 A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE

Na definição de Biddle (1969, p.29), a expressão “Organização da Comunidade” tem uma conotação importante, pelo menos:

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A pr imei ra é inerente ao Serv iço Socia l , gera lmente f inanciada pe las Caixas Comunais . Tendo s ido ampl iado esse s igni f icado de acordo com a modernidade nos moldes de inc lusão como ent idades d e b e m-es ta r soc ia l f inanc iado pe los co f res púb l i cos , o rgan izações c ív icas e mesmo ig re jas e ou t ras a s soc iações vo lun tá r i a s .

Atualmente, a expressão Organização da Comunidade é usada para

caracterizar a criação de associações, particularmente por motivos políticos.

Freqüentemente, os menos favorecidos são mobilizados no ataque à estrutura

do poder local. O objetivo é mais organizativo e menos desenvolvimentista.

Diante desse quadro, um animador deve examinar com cuidado suas

intenções, principalmente, se os seus objetivos são voltados para o bem da

organização. É fácil deslizar para a manipulação de pessoas por outras causas

política ou noutras causas. Mas, se suas intenções visarem principalmente ao

desenvolvimento, é mais provável que ajude as pessoas a se tornarem

conscientes de suas necessidades e a estimularem suas possibilidades de

solucionar os problemas de sua maneira. Sendo assim, elas criarão as

organizações de que necessitam.

1.3 DESENVOLVIMENTO LOCAL

O desenvolvimento local se reduz a um canal de extensão das

prerro gativas básicas do desenvolvimento, o qual já é atuante nas zonas de

desenvolvimento e nas zonas desenvolvidas, às zonas periféricas, carentes ou

pobres de determinado país desenvolvido. Isso se resolve pelo menos em

termos de amenização da injustiça socia l referente a emprego, salário e

participativo aproveitamento dos potenciais locais como geradores de renda e

bem- estar social nas comunidades visadas, até porque, outras esferas,

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sobretudo do governo (federal, estadual e municipal), normalmente já estão

aptos a cuidarem, quando ainda não existentes, das infra-estruturas físicas,

bem como da assistência à saúde, ao lazer e a similares.

O desenvolvimento local pode ser feito gradativamente por qualquer

comunidade, desde que em regime democrático, e sensibil izar-se, mobilizar- se

e organizar-se para que haja uma cooperação de seu próprio bem- estar de

base, como o desenvolvimento da auto-estima, o cultivo da autoconfiança e o

tornar-se capaz, hábil e competente para suas próprias alternativas de rumos

sócio-pes soais futuros quanto a soluções de problemas, no seu âmbito ou fora

dele, partindo, sempre, daquilo que estiver ao alcance, do mais simples para o

mais complexo.

Essas competências, como capacidade, habilidade e aptidão, uma vez

empregadas na comunidade específica ou no país como um todo, terminam

influenciando a favor do mais justo equilibrio entre os atuais mundos

subdesenvolvidos e desenvolvidos, ao menos em perspectiva de longo prazo,

orientando a comunidade envolvida a iniciar, paulatinamente, o romp imento

com o círculo vicioso de dependência assistencialista, que alimenta e gera a

“Cultura da Pobreza”. Em contrapartida, a comunidade torna-se preparada

para interagir e para negociar com as instâncias externas em relação àquilo

que lhe convém, ou não.

O termo “desenvolvimento” é demonstrado por Verhelst (1992, p.86),

da seguinte forma:

O te rmo desenvolv imento t em s ido assoc iado à noção de p rogresso mater ia l e de modernização tecnológica , já te r ia funcionado como “Cavalo de Tróia” , que , ves t ido de sedução do p rogresso , t e r i a ca r regado em seu in te r io r o domín io e a impos ição cu l tu ra i s que desequi l ibram e abalam as soc iedades . É , pois , cer to que a h is tór ia do desenvolv imento , na qua l invar iave lmente se a t r ibu i impor tânc ia

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secundar ia à d imensão cu l tura l , es tão presen tes menta l idades e tnocên t r icas , evo lu t ivas e rac iona l i s tas .

Muitas são as definições de desenvolvimento e de desenvolvimento

local. Para Rozas (1998, p.48):

Desenvolv imento loca l é a o rgan ização comuni tá r ia em to rno de um planejamento para o desenvolv imento , por uma perspec t iva de cons t rução soc ia l , cons t i tu indo ass im em um ins t rumento fundamenta l , de ca rá te r o r i en tador e condutor , de superação da pobreza.

Não se trata de buscar o atendimento às carências materiais, mas a

identificação e a promoção das qualidades, capacidades e competências

existentes na comunidade e no lugar. Mas a superação, mesmo das piores

manifestações da pobreza na atualidade, requer igualmente uma revisão de

conceitos e, sobretudo, de postura.

Para o grupo de estudos coordenado por Vicente Fidelis de Ávila (2001,

p.75), na sua conclusão sobre Desenvolvimento Local:

O verdadei ro Desenvolvimento Local impl ica a formação e educação da própr ia comunidade em matér ia de cu l tura , capac idades , competênc ias e hab i l idades que permitam a e la mesma, ev iden temente com a a juda de todos os agen tes e fa to res ex te rnos – e não o inverso : agenc ie e gerenc ie todo o processo de desenvolv imento da respec t iva loca l idade [ . . . ]

Ainda caracterizando sua conclusão, o grupo de estudos coordenado por

Ávila (2001, p.75), reitera que:

O Desenvolvimento Local só se conf igurará como autênt ico se r e su l t a r dos d inamismos e r i tmos do p rogresso cu l tu ra l da comunidade que cobre a loca l idade a que se re fere , inc lus ive no que

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respei ta , a saber , como discerni r e implementar o sadio desenvo lv imento que se compat ib i l i ze com suas pecu l i a r idades e ca ta l i se suas po tenc ia l idades .

Para Merighi (2004, p.28):

O desenvolv imento loca l , mui tas vezes , é suger ido como processo de exper iênc ias desencadeadoras a part i r de mú l t ip las in ic ia t ivas . No en tan to , e s tes p rocessos fo rmam idé ias que se focam no desdobramento de acúmulos , v i sua l izando a r ran jos progress ivos no te r r i tó r io , em vez de a r ran jos p ré - moldados .

Ressalta S ilveira et alii , (2001, p.24), que:

O campo de fomento ao desenvo lv imen to loca l , na sua expressão ins t i tuc ional ho je no Bras i l , é predominante um complexo de fundamentos e mé todos vo l t ados pa ra o desencadeamento de processos : as metodologias se def inem como indução ou apoio na p rópr ia in tenc iona l idade que as ca rac te r i za , sua implementação não é em s i o desenvolv imento loca l , mas um fa to r impuls ionador , um fa to r v i s to como neces sá r io .

1.3.1 Desenvolvimento no Local

Ao caracterizar o Desenvolvimento no Local, Ávila (2001, p.19) assim

relata:

Desenvolv imento no Loca l (DNL) se r e fe re a um empreend imento ou uma in ic i a t iva a que se a t r ibu i a qua l i f i cação de desenvolv imento , porque pode gerar emprego e expec ta t ivas de a r recadação de impostos e c i rculação de bens e d inhei ro , mas que, na verdade, tem o local apenas co mo sede f í s ica . F icando no loca l enquanto o lucro for ba ixo , empresar ia lmente fa lando, ou va i embora , de ixando o loca l , seus des t roços- fan tasmas , por mui tos e g raves p rob lemas ambien ta i s , f rus t rando a comunidade .

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O modelo brasileiro de implantação de parq ues industriais, e como os

de indústrias isoladas, a partir da década de 40, vem fazendo com que as

populações dos centros mais avançados do país paguem muito caro por esse

tipo de desenvolvimento em termos de ar, água, solo e saúde de modo em

geral, de qualidade de vida.

Estas iniciativas não são Desenvolvimento Local e podem transformar

justamente em problemas contrários ao autêntico “Desenvolvimento Local”.

Para F reitas (2000, p.99):

O te r r i tó r io enquanto p ropr iedade da pessoa compor ta uma apropr iação e uma ident idade pessoal e soc ia l . A cul tura o rgan izac iona l ampl ia a idé ia de t e r r i tó r io , v incu lando -o n ã o à un idade onde o su je i to t r aba lha , mas à empresa to ta l , po ten te e on ipo ten te , e spa lhada pe los qua t ro can tos da t e r r a .

1.3.2 Desenvolvimento para o Local

Quanto ao Desenvolvimento para o Local (DPL), Ávila (2001, p.24),

disserta que:

O Desenvolv imento para o Local (DPL) , se re fere à idé ia de “desenvolv imento” que , a lem de s i tuar no loca l coco sede f í s i ca , ge ra a t iv idades e e fe i tos benéf icos à comunidade e ao s ecoss is temas loca is , bro ta das ins tancias promotoras , vai aos locais -comunidades , mas vo l ta às ins tânc ias p romotoras em te rmos de consecução de suas própr ias f ina l idades ins t i tuc iona is que do rea l , endógeno e permanente desenvolv imento das comunidades - loca l idade v isadas . A grande maior ia dos pro je tos , p rogramas e a t iv idades desenvolv iment i s tas p ropos tos ou rea l i zadas por o rgan i smos nac iona i s ou in t e rnac iona i s , púb l i cos ou p r ivados , t em-s e conotados como “Desenvolv imento Para o Loca l (DPL)” bem como os de cará te r po l í t i co -e le i to ra l ,

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ass i s tenc ia l i s t a , p romociona l i s tas e f i l an t róp icos , de modo gera l , pensado e pos tos em prá t ica por pessoas /en t idades in te resse i ras , o ra s implesmente abnegadas e a te e spec ia l i zadas em ass i s t ênc ia /p romoção humano/ambien ta l .

1.3. 3 Local no sentido territorial

Local no sentido territorial vem do latim territorium , que significa

terreno mais ou menos extenso, mas existem outras definições quando se

tratar das inter- relações humanas.

Segundo Martin (1999, p.176):

Quando se fa la do “ loca l” , es tá se re fe r indo à esca la das in te r-re lações pessoa is , da v ida co t id iana , que sobre uma base te r r i tor ia l const roem sua ident idade . O lugar é es ta base ter r i tor ia l , o cenár io de represen tações e de prá t ica humana que são o cerne de sua singula r idade ; o “espaço da convivênc ia humana” , onde se loca l i zam os desa f ios e a s po tenc ia l idades do desenvo lv imen to .

É fundamental observar que o território adquire um destacado papel

enquanto condição e fator de desenvolvimento, qualquer que seja a

comunidad e considerada.

Gonzalez (1998, p.122) enfatiza que: “Não se trata, portanto, de mero

suporte das ações humanas, mas de um agente que, de acordo com suas

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potencialidades e limitações, pode favorecer ou dificultar o

desenvolvimento”.

Como este é o conceito de território enquanto meio inovador, na medida

em que é considerado fator, não é apenas lócus da inovação, isto é, do

pensamento criativo que, na forma de empreendedorismo, planejado e de

ações, se volta para a solução de problemas sociais, econômicos e ambientais.

1.3.4 A Força de Desenvolvimento e a Ordem Local

Para Bourlegat a força do desenvolvimento e a ordem local são assim

expostos:

De fa to , num universo de eventos cont ingentes , é no luga r que acon tecem as opor tun idades de c r iação de novas o rdens o u a p r o b a b i l i d a d e d e ameaças . Nesse sent ido, é hoje preciso aval iar o lugar , t an to em função de sua p rópr ia o rdem in terna como de sua combinação d ia lé t ica com as in fo rmações de o r igem ex te rna . Ass im, o luga r a tua l , cada vez mais in tegrado ao mundo globa l izado , deve ser ava l iado sob duas ó t icas , ou se ja , de den t ro pa ra fo ra e de fo ra pa ra den t ro . SANTOS 1995 , p .31 , apud BOURLEGAT, 2004) .

Bourlegat ainda enfatiza:

O luga r é o p lano v iv ido . É a e sca la t e r r i to r i a l pas s íve l de se r pe rceb ida , v iv ida , conhec id a e reconhec ida , a t ravés do uso d i re to dos sen t idos do corpo f í s i co . Pode se r o ba i r ro , a p raça , a rua , o condomín io , o lugar ru ra l , desde que poss ib i l i t em o encont ro co le t ivo e re lações de afe t iv idade . O lugar , em s i mesmo, é supor te ma te r i a l pa ra o se r humano ex i s t i r (mora r , p roduz i r , c i rcu la r , amar , conf l i t a r-se com ou t ro ) e

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fon te de recursos na tura i s v i ta i s . Nele , o t raba lho resu l ta em mater ia l idade no espaço soc ia l , ou se ja , cons t ru indo (apud, LÊ BOURLEGAT p .17) .

O lugar, portanto, é onde a vida se desenvolve em todas suas

dimensões. Assim, a ordem interna construída no lugar, tecida pela história e

pela cultura, produz a identidade.

Para Bourlegat, (2004, p.18):

O momento c r ia t ivo da consc iênc ia emerge quando os indiv íduos conseguem in terpre ta r as ra ízes no lugar , nasc ida das re lações p rofundas en t re o homem e seu meio , para vol ta r-s e a mudanças capazes de garan t i r a in tegr idade cole t iva .

1.3.5 O Desenvolvimento Humano: Partindo de Um Novo Paradigma

Coraggio (1996, p.39-40), em explanação sobre o Desenvolvimento

Humano;

De acordo com os informes de Desenvolv imento Humano, vem sendo propos ta e rev is ta , a t ravés de d iá logo , uma nova f i losof ia soc ia l , um s is tema de va lores e cer tas l inhas de pol í t ica or ien tadas pe lo concei to cent ra l de Desenvolvimento Humano (D.H. ) , que ten tam devolver às Organizações das Nações Unidas (ONU), a in f luenc ia in te lec tua l que teve nas décadas de 50 e 60 com pa rad igma do desenvo lv imen to econômico .

E C oraggio (1996, p.40) ainda acrescenta que;

Em pr incíp io , o D.H. fo i de f in ido como o p rocesso de ampl iação do campo de esco lhas da ass i s t ênc ia médica , r enda e emprego , cobr indo o aspecto comple to das escolhas humanas , desde um meio -

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ambiente f í s ico saudável a té as l iberdades econômicas e humanas . Sua p r inc ipa l r eg ra é o inves t imen to na s pe s soas : o c ap i t a l humano .

O autor ainda esclarece que:

[ . . . ] o D.H. preocupa -se tan to com o desenvolv imento das capac idades humanas como com sua u t i l i zação produt iva , não de um enfoque se to r i a l ( educação , saúde ou ou t ros se rv iços soc ia i s ) , ma s de um desenvo lv imen to das pessoas e pe las pessoas . Coraggio , ( 1996, p .40) .

E quanto às definições de Desenvolvimento Humano, Coraggio (1996,

p.41) esclarece:

[ . . . ] D.H. não começa com nenhum modelo pré -de te rminado . Inspira -se nos ob je t ivos a longo p razo de uma soc iedade . Obje t ivos es tes que cada soc iedade es tabe lecerá en t ra em cont radição com a de f in ição de l inhas espec í f i cas de po l í t i cas com uma pre tensa va l idade universa l , recorrendo com isso à dois mecanismos usuais no t raba lho in te lec tua l :

Jus t i f ic a m-se a s po l í t i cas p ropos ta s em t e rmos do des t ino co le t ivo da to ta l idade soc ia l , nes te caso a soc iedade g loba l , conf iando em que os va lo res que insp i ram essas po l í t i cas e a lóg ica do a r razoamento t e rminarão por convencer agen tes soc ia i s e po l í t i cos de que as adotem;

Para conectar -se com a in te l l igents ia in ternacional , e labora -se uma in formação es ta t í s t i ca que mos t ra aparen tes homogene idades e regu la r idades en t re soc iedades mui to d iversas , fo rmulando um quadro para ava l ia r compara t ivamente a e f icác ia das açõ e s p ropos tas .

1.3.6 O Estado e seu Papel

Quando se trata de destinar recursos, a autonomia dos Órgãos

Internacionais quanto aos governos doadores é limitada, chegando a que o

Estado seja de países industrializados ou em desenvolvimento, continua sendo

um ator principal nesta proposta. (PNUD, 1993)

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Em uma ocasião marcada pela globalização, as urgências de governo

mundial deverão logicamente assumir maior distinção. Como conseqüência, o

conceito de autodeterminação nacional deverá ser redefinido, enquanto os

processos básicos da economia passam a estar cada vez mais determinados em

escala mundial. Encarregando das necessidades específicas de cada setor ou

região, parece requerer instâncias mais próximas à sociedade: um Estado

descentralizado ou organizações da me sma sociedade civil. Isto traz a questão

das mediações entre múltiplas comunidades humanas e o poder: o problema da

representação e da legitimidade do poder social.

Coraggio (1996, p.48) enfatiza:

Desse pon to de v i s t a , j á não cabe mais do topo , mas das b a s e s d a soc iedade mund ia l , cabe p reocupar-se com a poss ib i l i dade de que , com as melhores in tenções , as po l í t i cas soc ia i s se jam de l ineadas e implementadas por ins tânc ias supra e subnac iona is , enquanto a ins tância cujos mecanismos de legi t imação e par t ic ipação fo r am mais explorados , o Es tado nacional f icar ia debi l i tado, l imi tado a fac i l i t a r um en to rno adequado pa ra a a t iv idade p r ivada .

1.3.7 A Globalização e o Desenvolvimento Local

O desenvolvimento local pode ser visto de diferentes pontos de vista.

Alguns sob o aspecto do desenvolvimento econômico, outros quanto aos

aspectos competitivos, dependendo de regiões ou das comunidades, voltando-

se mais para as questões financeiras, tributárias e geração de receitas. A

globalização vem ao contrário, com o objetivo de reforçar a importância do

desenvolvimento local, visando a criação da formação de identidades e de

diferenciação entre as regiões e comunidades, para que se possa enfrentar um

mundo de extrema competitividade.

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Esse ponto de vista econômico busca estratégias que tornam as

comunidades, regiões e países, mais competitivos dentro do contexto

globalizado.

Ao se tratar de diferenciação, estão inclusas a competição e as

desigualdades, por isso, é muito importante oferecer melhores condições para

atrair bons investimentos. Essa é a visão mais extrema de desenvolvimento

local, dando ênfase à questão do crescimento econômico, independente da

criação ou não de maiores desigualdades sociais. Assim, poder, capacitação e

conhecimento, continuarão e, conseqüentemente, a renda, cada vez mais,

tenderá a ficar na mão de poucos, com desigualdades cada vez maiores.

Deste modo, é possível pensar no desenvolvimento num contexto local,

reforçando as preocupações com os aspectos sociais. Outras visões, menos

extremistas, ainda enfatizam o desenvolvimento econômico sem questionar o

padrão atual de desenvolvimento em termos subjetivos. Neste contexto,

reforça-se a relevância da globalização na realidade atual, cobrando ajustes

estruturais na economia e nas organizações, para adaptar ao novo contexto

globalizado.

Na afirmação de F ranco (2000, p.38):

A tua lmen te c resce a conv icção de que é p rec i so b ro ta r a ação c idadã da co le t iv idade em que v ivem os exc lu ídos soc ia i s , es tabelecendo -se espaços é t ico -po l i t i cos a l t e rna t ivos de desenvolv imento loca l , compat íve is com a rea l idade dos seres

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humanos envolv idos , de forma a e fe tuar os laços de so l idar iedade que podem promover suas v idas .

1.3.8 O Desenvolvimento Humano e as Atuais Políticas Sociais

Como conseqüência da dívida externa que afeta as políticas

compensadoras focalizadas principalmente nas camadas mais pobres, as novas

políticas denominadas de ajuste estrutural foram impostas aos governos da

América Latina por meio de dupla condicionalidade de créditos do Fundo

Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM) Quando essas

políticas foram experimentadas na região tiveram de sofrer adaptações como

conseqüência de seus efeitos sociais regressivos.

Para S tewart (1987, p.31), houve um hiato quanto a esses efeitos como relata:

Na década de 80 , quase não se pres tou a tenção ao problema espec í f ico dos pobres , enquanto mui tas das po l í t i cas propos tas (embora de a lgum modo, p rovave lmente , necessá r ias ) g rav i ta ram de fo rma adversa sobre e les . No en tan to , na segunda metade da década houve uma mudança s ign i f i ca t iva na a t i tude das ins t i tu ições f inance i ras in te rnac iona is , e o bem- es ta r dos pobres duran te o a ju s t e pa s sou a s e r ob j e to exp l í c i t o de p r eocupação .

Mesmo que o FMI não tenha mudado o sentido de seus programas, o

Banco Mundial incluiu em suas recomendações algumas ações dirigidas à

compensação dos efeitos negativos apresentados pelo reajuste sobre

determinados grupos (Ex: planos de construção de obras públicas para reduzir

o desemprego, fundos de alimentação de mulheres grávidas e criança s,

direcionamento do gasto social e subsídios específicos para alimentos),

desempenhando um papel importante nas agências da ONU como o PNUD,

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Unesco e o Unicef. (CORNIA, et.al ., Ajuste com rosto humano, 1987: apud

JOLLY, 1991)

Contudo, durante o período de 1986-1988, o elemento central das

políticas do Banco Mundial, vinculadas às dimensões sociais do ajuste, foi a

redistribuição de um gasto social decrescente, mediante uma série de medidas

cujo efeito sobre os setores pobres não foi ainda avaliado: impostos diretos ao

consumo, redução de subsídios para a agricultura e indústria, redestinação

para os setores sociais (saúde, educação, subsídios de alimentos) do gasto

público remanescente (em alguns países até 40% do gasto fiscal continua

sendo dedicado ao pa gamento dos juros da dívida externa).

Por isso, os dados,

[ . . . ] cor roboram que as ins t i tu ições f inance i ras in te rnac iona is opera ram com e f ic iênc ia como organ i smos a r recadadores da d ív ida . Se tomarmos o con jun to de pa í se s , o gas to em saúde e educação como proporção do PNB, d iminu iu em dez e aumentou apenas em cinco. Vis to que na maior ia dos casos es ta d iminuição apl icou -s e a uma renda per cap ta menor , o e fe i to l íquido fo i uma queda substancia l do gas to rea l per cap ta em saúde e educação . ( STEWART , 1987)

A partir de 1989, e associado com o informe sobre a pobreza, do Banco

Mundial, P overly (1990, p.108) acrescenta:

A ênfase a l te rou -se p res t ando agora menos a t enção aos novos pobres e mais à medida como os p rogramas de nu t r i ção e fundos e spec i a i s des t inados a benef ic ia r os pobres em gera l , s ign i f icando foca l i za r os p rogramas nos mais pobres , em condições de recursos decrescentes . ( in PNUD, 1990)

No contexto dos programas de ajuste estrutural, a focalização do gasto

social na pobreza era, no melhor dos casos, ambígua, deixando de ser uma

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intervenção para compensar os efeitos sociais da crise do ajuste. No entanto,

mesmo fundamentando-se na preocupação pelos mais pobres, não pretendiam

atacar as causas da pobreza.

Agências focalizadas, como o Unicef, detectaram a necessidade de um

“ajuste com rosto humano”, mediante a ação em favor dos grupos mais

vulneráveis (C ORNIA , 1993). Mas era necessária uma fundamentação não

apenas moral, mas também econômica. A pobreza adquiriu uma nova

centralidade no discurso quando o Banco Mundial difundiu seu informe de

1990, no qual se propõe que:

[ . . . ] um progresso ráp ido e po l i t i camente sus ten táve l com respe i to à pobreza pode ser a lcançado mediante uma es t ra tég ia que engloba dois e lementos igua lmente impor tan tes . O pr imei ro é p romo v e r o u s o produt ivo do recurso mais abundante dos pobres : o t raba lho . I s to r equer po l í t i cas que cana l i zem (harness ) os incent ivos de mercado, as ins t i tu ições socia is e pol í t icas , a inf ra -es t ru tura e a tecnologia para ta l f ina l idade . O segundo é prover serv iços soc ia i s bás icos aos pobres . Atenção bás ica da saúde , p lane jamento fami l ia r , nu t r ição e educação bás ica fundamenta l são especia lmente impor tantes . ( B A N C O M U N D I A L, Worl , Development Repor t . et . a l . POVERLY , 1990)

De acordo com o Banco Mundial, não se produz um dilema entre

crescimento e redução de pobreza, visto que a passagem de um padrão de

desenvolvimento de um trabalho intensivo, eficiente e o investimento no

capital humano dos pobres contribuiu para um célere crescimento em logo

prazo. Por outro lado, o conflito em curto prazo seria “[...] entre os interesses

dos pobres e dos não-pobres”.

1.3.9 Promoção do Desenvolvimento Local em termos reais

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O termo globalização tem sido amplamente empregado pelos cientistas sociais.

Para alguns estudiosos, como Lemos (2000, p.8):

Globa l i zação é um processo un ive r sa l e an t igo de un i fo rmização ou un i f i cação ou , a inda padron ização de métodos , p rocessos , en tendimentos , concei tos que t iveram in ic io , conforme os mais an t igos reg is t ros h i s tór icos , na Babi lônia espalhando -se para a Ás ia Menor e toda a Europa e que , na a tua l idade , os modernos meios de comunicação levam, a uma velocidade e span tosa , a t odos o s s e r e s do p l ane t a .

A globalização tem por características alcançar, dentro do contexto da

competição, melhores resultados em menor tempo e com menores custos.

Na verdade é o “SUMMUM BONUM”, é a busca do resultado ideal da

criação, circulação de bens ou serviços, e do bem- estar geral. É uma poderosa

força impulsionadora do mundo em direção a uma convergência para a

uniformização, alterando conceitos de fronteiras e de soberania,

transformando inimigos tradicionais em parceiros, tais como os USA X Japão,

vários países da Europa no campo da União Européia, o Brasil, Paraguai e

Uruguai unidos no MERCOSUL.

Esta uniformização é carro chefe de todas as transformações políticas,

científicas e sociais, é o que levou o homem que foi ao mar para pescar, em

função dos interesses econômicos, a enfrentar os perigos dos oceanos. Ela

está a transformar o mundo de “multinacional” para o “mundo global”, onde

os povos empobrecidos ou isolados estão ansiosos para usufruir os atrativos

da modernidade.

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Dizer qual é a melhor estratégia não é mais uma questão de opinião,

mas de necessidade, uma vez que as comunicações em âmbito mundial levam

a toda parte as possibilidades modernas de aperfeiçoamento, para tornar mais

fácil o trabalho, aumentar o padrão de vida e proporcionar o entretenimento.

As necessidades do mundo se homogenizam irrevogavelmente, fazendo com

que a corporação multinacio nal fique absoluta.

O processo de globalização inclui uma renovação nas instâncias

políticas de âmbito mundial, como é o caso do sistema da Organização das

Nações Unidas (ONU). Uma preocupação central daqueles que pensam em

termos de uma ordem e um “governo mundial” democrático é a de como evitar

que a globalização gere mais empobrecimento e exclusão, o que afetaria as

possibilidades de uma paz mundial que poderiam dar estabilidade e

sustentação às tendências mais positivas em curso.

Em resposta a essa questão, da parte de alguns da Organização

Internacional, surgiu um novo paradigma: o Desenvolvimento Humano (DH).

Da mesma forma como aconteceu com o paradigma do Desenvolvimento

Econômico, esta resposta poderia levar à uniformização, em nível mundial, de

esquemas conceituais, sistemas de informação e políticas.

Para Coraggio (1996, p.23), citando o PNUD:

De acordo com esses novos ind icadores , resu l tan tes da combinação de índ ices de educação , saúde , expec ta t ivas de v ida e rendas – as décadas perdidas para o desenvo lv imen to econômico podem se r agora v i s t a s como décadas ganhas para o Desenvolv imento Humano, e dessa perspec t iva , a Amér ica La t ina se r ia uma das r eg iões benef i c i adas . (PNUD, 1993 , p .23) .

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No tocante a outros indicadores quantitativos de Desenvolv imento

Humano, (como expectativa de vida ao nascer e níveis educacionais), a

região, em seu conjunto, localiza-se de maneira similar ou até melhor com

respeito a outras (PNUD, 1993). Como conseqüência, as metas universais

uniformes de DH propostas para o ano 2000 estariam mais próximas na

América Latina do que em outras regiões em desenvolvimento.

Entretanto, para quem propõe metas e destina recursos em nível

mundial, isso significa que completá- las na América Latina requer chegar aos

mais inacessíveis, ao s ainda não-alcançados com as políticas sociais. Como

conseqüência, seria fácil atingir uma melhoria nos indicadores globais de

Desenvolvimento Humano investindo em outras regiões em pior situação.

Sua situação relativamente melhor em termos de desenvolvimento

econômico permite argumentar que a América Latina, mais que solicitar um

argumento da ajuda externa, deve re-dirigir parte de suas próprias receitas

religados ou ainda, apelar ao crédito de desenvolvimento reembolsável como

via de acesso a novos recursos.

Coraggio (1996, p.25) salienta que:

Oura a l te rna t iva á a t ra i r inves t imentos ex te rnos d i re tos , adap tando as pol í t icas , ins t i tu ições e soc iedade para poder compet i r pe lo capi ta l mundia l com outras regiões do mundo. Na mesma l inha pode-se a rgumen ta r que a p r inc ipa l “a juda” que se pode ofe recer à Amér ica La t ina é a redução da pro teção dos mercados dos pa í ses indus t r ia i s .

Em se tratando de desenvolvimento local, não se objetiva

definitivamente o que se pretende.

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Para F ranco (2000, p.40), isto é ma is evidente, já que:

Ainda não se sabe exatamente o que se pre tende quando se fa la em desenvolv imento loca l . Na verdade , dever ia se cons idera r que uma sociedade se desenvolve quando passa a v iver melhor e aper fe içoando a v ida de seus membros . Mas , não é no rma lmen te esse o c r i t é r io que p reva lece , v i s to que , conforme já comentado , no aspec to econômico t ende a se r excess iva .

Constata-se que certas localidades, cuja população vivia em situação de

pobreza, conseguem dar um salto no processo de desenvolvimento. Mais

tarde, nas situações em que isso acontece, pode-se perceber que,

normalmente, populações antes marginalizadas passam a ter acesso à

cidadania e aos recursos da vida moderna.

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Nos países desenvolvidos, há assimetria no processo de globalização. O ranking internacional mostra que a participação nas exportações mundiais também é dominada pelos grandes países, dentro do processo de globalização, e, mesmo tomando como exemplo a tríade, certamente encontra- se desempenho econômico diferenciado.

Para exemplificar essa situação, a tabela 1 a seguir mostra essa diferenciação.

Tabela 1. Exportações Internacionais – Países Selecionados PAÍSES EXPORTAÇÕES (US$)

PARTICIPAÇÃO NAS EXPORTAÇÕES MUNDIAIS

Estados Unidos 683 12,6

Alemanha 540 10,0

Japão 388 7,2

França 307 5,7

Reino Unido 273 5,1

I t á l i a 241 4,5

Canadá 214 4,0

China 184 3,4

Hong Kong 173 3,2

Coréia do Sul 133 2,5

México 118 2,2 Cingapura 110 2,0

Espanha 109 2,0

Bras i l 51 0,9

Acumulado 3 .524 Fonte : LACERDA, Antonio Correa . A global ização da Economia . Dados OMC, 2005.

O Japão apresentou, na década de 80, uma taxa de crescimento muito

baixa (enfrentou até recessão nos últimos anos), mas também uma taxa de

desemprego que não é muito maior do que a dos Estados Unidos. Finalmente,

a Alemanha (que só nos últimos dois anos começou a apresentar maiores taxas

de crescimento) ainda apresenta uma taxa de desemprego elevada, superior a

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10%. Isso mostra que, mesmo entre os países desenvolvidos, há assimetria no

processo da globalização, porque certamente o espaço de um dentro do

fenômeno internacional está mudando, baseado em novos paradigmas.

O melhor desempenho fica por conta dos Estados Unidos, que há

quatorze anos cresce a taxas expressivas, com o elevado aumento da

produtividade propicia do pela chamada nova economia, movimentada pelas

empresas ou ligadas à internet ou que a usam como meio de alcançar maior

participação no mercado. Esse fenômeno coloca os Estados Unidos em

situação privilegiada, a ponto de sua balança comercial acusar um déficit

elevado que vem sendo financiado pelo crescente fluxo de capitais que o país

recebe, não só por possuir um volume muito grande de empresas

internacionais no Exterior, mas também pelo fato de atrair muitos capitais

para financiar esse déficit.

A comparação do déficit em conta corrente, que mede a situação da

balança de pagamentos dos países, mostra que, enquanto o Japão e as nações

da área do Euro apresentam superávits em transações correntes, os Estados

Unidos registram déficits crescentes.

1.3.10 Nova Era da Economia

A nova era econômica é inteiramente reconhecida como governada pela

globalização e pelo conhecimento, o que muitos estudiosos do assunto

apresentam.

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Os países latino- americanos e asiáticos demonstram diferença nos

gastos com patentes e patenteamento, analisando o nível geral de evolução

das capacidades sociais devidas ao aprendizado nacional dos dois grupos. 0.

1.3.11 Patentes e Investimentos

As patentes são resultados da atividade tecnológica, sendo concedidas

em determinado território para solicitantes que podem ser residentes ou não.

Nos finais dos anos 80, o número de patentes concedidas na Coréia não era

superior ao do Brasil. Entretanto, o número de solicitantes de origem

doméstica era mais elevado: 30% da Coréia, em 1989, e apenas 5 % do Brasil.

1.3.12 O Território

Os territórios são formas, mas os territórios usados, são objetos e

ações, sinônimos de espaço humano, espaço habitado.

Para definir território, baseia- se em várias noções, dentre elas se

encontra a definição de Santos (1994, p.69), em sua explanação sobre

território:

A noção de ter r i tór io , herdada da modernidade incompleta e do legado de concei tos puros , tan tas vezes a t ravessando os séculos p ra t i camente in tocados . É o uso do t e r r i tó r io em s i mesmo, que faz de le ob je to de ana l ise socia l . Tra ta -se de uma fo rma impura , um híbr ido , uma noção que , por i s so mesmo, carece de cons tan te revisão h is tór ica . O que e le tem de permanente é ser o quadro de v ida . Seu en tend imen to é , po i s , fundamenta l pa ra a fas t a r o r i sco de

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a l i enação , o r i sco de pe rda do sen t ido da ex i s t ênc ia ind iv idua l e co le t iva , o r i sco da renúnc ia ao fu tu ro .

Portanto, atualmente deve-se insistir na relevância do papel da ciência,

da tecnologia e da informação. Em se tratando de território, não basta falar de

mundializaçã o e de informação, deve-se aprofundar o processo de

conhecimento desse aspecto da realidade total.

Carlos (1996, p.39) acrescenta:

Há também lugares de terminados onde as ações não se f ixam de forma cont ínua pois o uso é esporádico , o que marca o que podemos chamar de uma “ te r r i to r ia l idade móvel” . I s to é também aquela do encontro - reencont ro e contempla a s imul tane idade: pode -se fa la r em formas de aproximação de “uso temporár io” e i r regular no tempo, mas que guarda uma te r r i to r ia l idade marcan te no p lano s imb ó l i c o dos hab i t an tes da me t rópo le .

E a autora ainda exemplifica:

[ . . . ] como é o caso da avenida paul i s ta , em São Paulo , que acabou ganhando s ign i f i cado do encont ro , da comemoração , da re iv indicação, da fes ta , e que para o c idadão da metrópole dá a sensação de per tencer ao lugar e a uma comunidade . (CARLOS, 1996, p .40) .

1.3.13 O Território e Modernidade

Vive- se atualmente uma noção de território herdada da modernidade

incompleta e do seu legado de conceitos puros, o que muitas vezes atravessa

praticamente os séculos.

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Ao longo dos séculos, caminhando da antiga comunhão individual dos

lugares com o Universo à comunhão global de hoje: a interdependência

universal do território. Ao longo do caminho, o Estado-Nação foi um divisor

de águas, entronizando uma noção jurídico-política do território, fruto do

conhecimento e da conquista do mundo, desde o Estado Moderno e o

iluminismo, a era da valorização dos recursos conhecidos como naturais.

Atualmente, a natureza é histórica, até mesmo o meio ambiente. Seu

valor “local” é relativo.

O território, era a base, o fundamento do Estado-Nação que, ao mesmo

tempo, o moldava. Agora, é quando vive- se uma dialética do mundo

verdadeiro, evoluído da noção, tornada antiga, de Estado Territorial para a

noção pós- moderna d e transnacionalização do território.

1.3.14 Território e a Atualidade

A informação e a tecnologia são hoje, papel da ciência. Ao se tratar de

território, é importante falar não só de globalização ou mundialização, deve -

se a aprofundar o processo de conhecimento do aspecto da realidade total.

Para Santos (1994 p.15):

Os ter r i tór ios são formas , mas os te r r i tór ios usados são ob je tos e ações , s inôn imo de espaço humano , e spaço hab i t ado . Mesmo a aná l i se da f lu idez pos ta a se rv iço da compet i t iv idade , que ho je rege as re lações econômicas . De um lado t e m-se uma f lu idez v i r tua l , o fe rec ida por ob je tos c r i ados pa ra fac i l i t a r e s sa f lu idez e que são , cada vez mais obje tos técnicos . Mas os obje tos não dão uma f lu idez v i r tua l , porque a rea l vem das ações humanas , que são cada vez mais ações in fo rmadas , ações normat izadas .

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Ao partir dessa realidade, o que se encontra no território, atualmente,

são novos recortes, além da antiga categoria de região: sendo então a nova

construção do espaço e do novo funcionamento de território, é o que se chama

de horizontalidade e verticalidade. As horizontalidades serão os domínios da

contigüidade, daqueles lugares vizinhos reunidos por uma continuidade

territorial, enquanto as verticalidades seriam formadas por pontos distantes

uns dos outros, ligados por todas as formas e processos sociais. François

Perroux, partindo dessa premissa, que legou aos geógrafos o conceito de

espaço banal e solicitou que este fosse testado no Brasil por um de seus

discípulos, Jacques Bouduville. A idéia de e spaço banal deve ser levantada

em oposição à noção que o território ganha hoje nas disciplinas territoriais: a

noção de rede.

Na atualidade, o território pode ser formado de lugares contínuos e de

lugares em rede. Os lugares formam redes e o espaço banal.

Na realidade, o acontecer solidário se apresenta sob três formas no

território atual: um acontecer homólogo, um acontecer complementar e um

acontecer hierárquico.

O acontecer homólogo é aquele das áreas de produção agrícola ou

urbana, funcional a qual pode ser chamada também de densidade

informacional. O resultado é a aceleração do processo de alienação dos

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espaços e dos homens, no qual um componente é a enorme mobilidade atual

das pessoas. Por isso o direito local e o direito internacional estão se

transformando, a fim de reconhecer naqueles que não nasceram num lugar

poderem também intervir na vida política desse lugar.

É preciso refletir sobre o conflito entre, de um lado, o ato de produzir e

de viver, função do processo direto da produção e as formas de regulação

ligadas e, de outro, instâncias da produção. Com isso renova-se a importância

do fator trabalho, configurado pela técnica do território no campo e na cidade,

ligado ao processo da produção, e com resultados controlados, cujo valor é

ditado por relações distantes. Essa nova Geografia do trabalho é um dado

importante no entendimento da sociedade atual.

1.3.15 A Territorialidade

A noção de territorialidade procura evidenciar as interfaces entre a

dimensão territorial e sociocultural.

Territorialidade refere-se as relações entre o individuo ou o grupo

social e seu meio de referência, manifestando-se nas várias escalas

geográficas - uma localidade - uma região ou um país - e expressando um

sentimento de pertencimento e um modo de agir em um dado território.

A territorialidade reflete o mundo territorial em todo sua abrangência e

em suas múltiplas dimensões – cultural, política, econômica e social.

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Para Albagli (1997, sp):

A te r r i to r ia l idade como a t r ibu to humano , é pr imeiramente condic ionado po r va lo re s e no rmas soc ia i s , que va r iam de soc iedade pa ra soc iedade , de um per íodo para out ro .A te r r i tor ia l idade não t raduz , por tan to , apenas uma re lação com o meio : e la é uma re lação t r i angu la r en t re os a to res soc ia i s mediada pe lo espaço .

O espaço denominado territorialidade se desenvolve a partir da

coexistência dos atores sociais em um dado espaço geográfico, engendrando

um sentimento de sobrevivência do coletivo e as referências sócioculturais ali

presentes.

Para Veiga (2005, p.28),

Não deve r i am se r numerosos , en tão , economis t a s f avoráve i s a po l í t i ca s de desenvo lv imen to r eg iona l , ou de o rdenação t e r r i to r i a l . Ocor re o con t rá r io porque não ignoram que concen t ração econômica , coesão soc ia l e d i spa r idades e spac ia i s t ambém prec i sam ser contempladas com a s l en t e s da equ idade , e não apenas da e f ic iênc ia .

A rigor, essa oposição entre eficiência e equidade desapareceria se a

primeira não fosse reduzida à apenas a alocação.

Vantagens distributivas e ambientais deveriam ser componentes da

própria eficiê ncia. Infelizmente, economistas não são treinados para racionar

desta forma. Por isso, programas explícitos de desenvolvimento regional se

apóiam em critérios de equidade. Ainda assim não falta quem entenda

desenvolvimento apenas como redução da pobreza, ficando assim autorizado a

desqualificar políticas governamentais com foco espacial ou territorial.

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1.4 POLÍTICA, ESPAÇO E RELIGIÃO.

Ao chegar no século XXI, a geografia dedicou- se muito mais ao

entendimento das discussões polít icas e religiosas do espaço, as quais devem

ser analisadas de acordo com vários aspectos.

A organização interna dos territórios da igreja é dinâmica, móvel no

espaço, sendo que os espaços religiosos se modificam há muitos séculos, quer

seja por fragmentação das paróquias ou por c riação de novas dioceses.

Acontecimentos importantes levam a uma transformação; mesmo sendo como

recuo ou avanço, o território é modificado, surgindo como outro que melhor

corresponde à afirmação do poder.

Assim, Elineau (1999, p.43), afirma que:

A visib i l idade da t rans formação te r r i to r ia l ho je não é percep t íve l se não es tudarmos mapas e tex tos re la tando re t rocedimentos , os des locamentos das f ron te i ras , a s c r i ações ou o desaparec imento de te r r i tó r ios .

Para S ack (1986, p.39), “desde a Idade Média, a paróq uia representa

uma unidade politico- religiosa da igreja. São territórios religiosos nos quais

se efetua a ação político-espacial de controle”. Esses territórios foram

modificados ao longo dos séculos. Os constantes arranjos aconteceram por

diferentes motivos como eventos sociais e econômicos, situações

demográficas e fatos históricos relevantes.

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O sentimento religioso do homem preocupou sociólogos e muitos outros

estudiosos do assunto. O sagrado se relaciona com a fé que a sociedade

desenvolve por meio de atividades religiosas para conservar os sentimentos

coletivos em intervalos regulares, reforçando sua unidade e identidade.

A religião volta a constituir papel relevante no espaço. Partidos

políticos e valores religiosos alimentam grupos sociais; alguns assumem

identificação, claramente nas sociedades declaradas pós-comunistas. Em

algumas sociedades, a dimensão cívica envolve o sagrado e alimenta

reivindicações étno-religiosas, como a dos palestinos, judeus, islâmicos,

católicos, protestantes, numa grande variedade. (ELIADE, 1992)

A religião é verdadeiramente uma experiência de forças coletivas e,

como tal, se evolui e se transforma.

1.4.1 A Igreja e Sua Política Espacial

Ao descrever a igreja e suas demarcações, bem como sua hierarquia, Elineau (1999,

p.10) explana:

Em seus dois mil anos de história, elaborou um sistema hierárquico complexo que viabilizou suas metas e suas políticas. Nesse aspecto refere-se a Igreja física ou visível, isto é, a territórios religiosos demarcados, sendo dos quais controlado e dentro dos quais a autoridade é exercida por um profissional religioso. A hierarquia se inscreve nos limites de uma paróquia que abarca diversas unidades de povoamento ligadas a uma matriz, sede da paróquia.

E o autor ainda acentua que:

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A visibil id ade da t ransformação te r r i to r ia l a tua lmente não é percep t íve l se não es tudando mapas e t ex tos re la tando os re t roced imentos , os des locamentos das f ron te i ras , a s c r i ações ou o desaparec imento de t e r r i tó r ios . ( i b id , p .10 )

Desde a antiguidade a igreja represe nta uma unidade político-religiosa

com territórios sendo modificados.

Para S ack (1986, p.46):

Na Idade Média a paróquia já represen tava uma unidade pol í t ico -re l ig iosa da Igre ja . São te r r i tór ios re l ig iosos nos quais se e fe t iva a ação pol í t ico -e s p a c i a l e con t ro le . Es tes t e r r i tó r ios fo ram modi f icados ao longo dos sécu los . Os sucess ivos a r ran jos aconteceram por d i fe ren tes mot ivos , como acontec imentos soc ia i s e econômicos , s i tuações demográf icas e fa tos h i s tó r icos re levantes .

Para o geógrafo Jean René Bertran (1999, p.11), dois questionamentos,

entre tantos, são relevantes e objetos de estudo:

A pa róqu ia r epresen ta seus pa roqu ianos , um lugar s imból ico , sendo que cada hab i t an te se ins i ra sem grandes ques t ionamentos e , na maior ia das vezes , desenvolve uma for te iden t idade re l ig iosa com o lugar . Contudo , se o espaço sagrado da paróquia favorece o exerc íc io da fé e a conv ivênc ia re l ig iosa do sagrado , de ou t ro l ado , a un idade paroquia l não é v iáve l sem a presença de um re l ig ioso especia l izado. Sendo que o páro co , aux i l i ado por ou t ros agen tes re l ig iosos , organiza a v ida re l ig iosa , e assegura a permanência do sagrado e , conseqüentemente , a es tab i l idade da ins t i tu ição re l ig iosa . A pa róqu ia , em sua d imensão espac ia l , r e f l e t e a concen t ração e a d i spersão dos paroquianos ; reage à modi f icação de seus l imi tes e à re-d is t r ibu ição do c le ro . Se o f luxo de migrantes pa ra a c idade impõe a c r i ação de pa róqu ias u rbanas , podendo supor então o abandono da zona rura l . O equi l íbr io te r r i tor ia l paroquia l pode res is t i r ao desequi l íb r io demográf ico e à mobi l idade c rescen te da popu lação? A ig re ja pode ignora r a evo lução demográ f ica e suas conseqüênc ias sobre o e spaço e suas fo rmas? ( in PNUD, 1993)

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Para Rosendall e Correa (2001, p.10), “A ação política da Igreja e as

novas localizações do sagrado podem ser empiricamente analisadas”.

1.4.2 Espaços Sagrados

A representatividade da igreja para Durkheim (1999, p.47), tem o seguinte

significado:

A igreja representa o lugar de culto e recolhimento, sendo verdadeiramente o símbolo do sagrado e de sua permanência. O espaço religioso favorece as relações entre o sagrado e o profano. As coisas sagradas estão no centro de um sistema de interdições e tabus que são acessíveis unicamente aos padres e apresentam entre si, relações de coordenação e subordinação, que são veneradas pelos crentes reunidos numa comunidade moral chamada igreja.

A política da igreja, segundo Rosendall e Correa (2001, p.13):

A política episcopal caminha, assim, no sentido de contentar o sentimento religioso de seus filiados. Porém, a Igreja tem sua própria política espacial; na França, a partir do século IV, o processo do cristianismo converte a população, constrói igrejas e centros religiosos, dividindo o país em milhares de paróquias, recobrindo o país, em milhares de paróquias, recobrindo com uma fina malha o território francês.

No Brasil, novos santuários são criados, são igrejas dedicadas a uma devoção

específica, ocorrendo em períodos históricos distintos, mas por motivos parecidos: o

aumento demográfico e a dificuldade dos paroquianos em realizar a peregrinação aos

santuários existentes, distantes de suas paróquias.

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1.4.3 O Sagrado

O sagrado se apresenta como elemento estruturante e estruturado da

sociedade.

Na abordagem de Bordieu (1987, p.61), ao se reportar à hipótese de

Durkheim da gênese social dos esquemas de pensamento, de percepção, de

apreciação, ação e a própria divisão de classes “[...] a religião contribuía para

a própria imposição (dissimulada) dos princípios de estruturação da percepção

e do pensamento do mundo e, em particular, do mundo social”.

Naturalmente, o sistema de práticas e o discurso religioso, ao

atribuírem um princípio norteador transcendental da vida, imprimem uma

nova lógica à realidade, tornando-a uma maior representação, um conjunto de

conceitos e explicações geradas no dia-a-dia da experiência do sagrado. Essa

análise parte do pressuposto de que o sagrado é o centro do fato religioso.

Sendo a s s im, f az-se necessár io um d ia logo bem mais e fe t ivo en t re a c iência e a re l ig ião . Mas não se pode condic ionar o sagrado aos l imi tes das c iênc ias humanas ou ace i ta r o idea l i smo da to ta l ob je t iv idade c ien t i f i ca . (ROSENDAHL, 2001 , p . 4)

Portanto, categorizar o sagrado não é trabalho fácil. O sagrado é pleno

de atributos de transcendência.

A religião foi a primeira tentativa para uns e obstáculos para outros,

feita pelo homem de retornar às suas origens. É o processo de busca do

equilíbrio perdido entre o permanente e o provisório. No principio, o criador

(Deus) e a criatura (Homem) estavam unidos por uma ligação cósmica e

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universal. Com a ruptura dessa ligação (Adão e Eva) com o divino (Deus), o

homem passou a viver a nostalgia da perda, do abandono, da solidão e do

sofrimento. Iniciou-se o processo de busca das suas origens primeiras.

Na verdade, o homem nunca aceitou sua orfandade divina. Sua grande

meta passou a ser a ligação com a paternidade (Criador) e a maternidade (Mãe

Natureza). Com o processo de decadência moral e ética, a religião (Religare)

veio a ser instrumento da retomada do elo perdido. (ELIADE, 1992) O

espírito religioso, ao longo da história humana, contribui para organizar o

caminho de volta, através da harmonização do conflito entre o permanente e o

provisório.

A p ro funda nos t a lg i a do homem re l ig ioso é hab i ta r um mundo d iv ino , t e r uma ca sa semelhante à casa dos deuses , ta l qual fo i r ep resen tada mais t a rde nos t emplos e san tuá r ios . Em suma, e s t a nos ta lg ia r e l ig iosa expr ime o dese jo de v iver num cosmos puro e san to , t a l como era no começo, quando sa iu das mãos do cr iador . (E L Í A D E, 1992 , p .57 )

Esse espaço é também chamado pelas tradições como centro do mundo,

topografia sagrada, ponto de referencial com o sagrado.

Através da hierofania (espaço sagrado), o homem conseguiu fazer uma ruptura ou

corte no tempo e espaço e estabelecer a ligação cósmica com o universo na busca das suas

origens primeiras. A eucaristia, na missa católica, é um exemplo dessa busca.

Nas tradições greco- romanas, hindus, caldaica, judaica, egípcia e maia,

a evolução do homem na busca do divino pode ser dividida em quatro eras ou

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momentos históricos: idade do ouro, da prata, do bronze e do ferro. Todas as

descobertas da ciência moderna encontram-se, de algum modo, referendadas

nos Vedas, Iching, Alquimia, Astrologia, Cabala e nas religiões antigas.

A freqüência da manifestação do sagrado, apesar da diversidade

religiosa e ritual, apresenta um caráter único.

1.4.4 Espaço Sagrado

O espaço sagrado é tão forte de valores elevados que o homem religioso

transcende sua existência. É por meio de símbolos e rituais que o sagrado

exerce sua função de mediação entre a divindade e o homem.

Para Rosendall (2002, p.22),

A organ ização do sagrado no te r r i tó r io de fo rma endógena cons t i t u i-se em uma d inâmica móve l no espaço . A pa róqu ia t ambém é um lugar s imból ico , onde o ca tó l ico desenvo lve uma ident idade re l ig iosa com o lugar . O sagrado se apresenta como e lemento es t ru turante e es t ru turado da soc iedade . A te r r i tor ia l idade do sagrado ser ia um espaço de representação e apropr iação s imból ica de de te rminado espaço sagrado , sendo sua mate r i a lidade o p rópr io t e r r i tó r io ins t i tuc iona l izado .

O pensamento religioso e sua situação num mundo carregado de valores

religiosos permite que o homem identifique espaços de qualidade diferentes

dos outros. Espaço sagrado é diferente de todos os outros espaços.

Para Bordieu, (1987, p.33),

O sagrado é fundamenta l pa ra o homem, na medida em que para e le a a lma é imor ta l e , pa ra v ive r bem na t e r ra e ap resen ta r-s e p u r o d ian te de Deus após a mor te carna l , esse homem serve -s e d e s ímbolos r i tos para a ce lebração de fes tas e ce r imônias re l ig iosas . Os r i tos são co le t ivos e é a t ravés de les que as pessoas se conhecem. O que es tabe lece o r i to é a ident idade que , a t ravés das mani fes tações ex te r io res , congrega a comunidade re l ig iosa .

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O homem religioso tem a necessidade de viver numa atmosfera

impregnada do sagrado; sendo esse o motivo pelo qual se elaboram técnicas

de construção do sagrado. O trabalho humano de consagrar um espaço sagrado

tem revelado que o mundo é, para o homem religioso, um mundo sagrado.

Ao que afirma K lisberg (1999, p.90):

La cul tura cruza todas lãs d imensiones Del capi ta l socia l de uma soc iedad . La cu l tura subyace los componentes bás icos cons iderados capi ta l soc ia l , como la conf ianza , e l compor tamento cúr io , e l grado de asocia t iv idad. Las re lac iones en t re cu l tura e desarro lho son de t odo o rdem, y a sombra l a e scasa a t enc ion que s e l e s ha p re s tado .

Para Berger (1976, p.102), “[...] o homem enfrenta o sagrado como uma

realidade imensamente poderosa, distinta dele. Essa realidade a ele se dirige,

e coloca a vida numa ordem dotada de significado”.

O espaço profano é o oposto do espaço sagrado. Não é possível

nenhuma orientação verdadeira. O sagrado e o profano jamais se misturam,

sempre se opõem.

O espaço sagrado e o espaço profano estão sempre vincula dos a um

espaço social. A ordenação do espaço requer sua distribuição entre o sagrado

e o profano; é o sagrado que delimita e possibilita o profano.

Eliade (1992, p.35) apreciou o significado geográfico dessa construção,

tendo uma visão do centro simbólico como sendo uma manifestação

reveladora do sagrado em que:

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[ . . . ] e spaço sagrado , consagrado por uma h ie rofan ia , ou r i tua lmente cons t ru ído , e não um espaço profano, homogêneo, geométr ico . . . O que t emos aqu i é a geográ f ica mí t i ca sagrada , a ún ica espéc ie efe t ivamente rea l , em opos ição à geograf ia p rofana , ob je t iva , de ce r ta fo rma abs t ra ta e não essenc ia l .

Neste contexto, para a geografia mítica, o espaço sagrado é o espaço

real, quer seja ele materializado em certos objetos, quer nos símbolos

cósmicos. Desta maneira, isola-se do espaço profano que o circunda.

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CAPITULO 2 A COMUNIDADE RELIGIOSA DA VILA PILOTO NO

MUNICIPIO DE TRÊS LAGOAS/MS

Três Lagoas, chamada assim graças às três lagoas existentes na cidade,

está situada à margem direita do rio Paraná, a 02 quilômetros da divisa do

Estado de São Paulo, conforme mostra o mapa a seguir.

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Mapa 01 – Localização do Município de Três Lagoas - MS

Os primeiros moradores fixaram- se na região no final do século XIX.

Em 1914, foi criada a Vila de Três Lagoas. Nos anos sucessivos, aos 15 de

junho de 1915, foi emancipada, tornando-se município do então Estado de

Mato Grosso.

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A estrada de ferro da extinta Noroeste que ligava São Paulo a Corumbá,

construída em meados de 1912, teve no tável importância no desenvolvimento

da cidade.

Outro marco no crescimento econômico e populacional foi a construção

da Usina Hidroelétrica de Jupiá, iniciada em 1961 em funcionamento desde

1969, mesmo que tenha ficado pronta em junho de 1974. A bacia hid roelétrica

é formada pelas águas represadas dos rios Paraná e Sucuriú. Atualmente, Três

Lagoas conta com cerca de 85.000 habitantes. Sua economia baseia- se

prevalentemente na pecuária e no comércio. Nos últimos anos, recebeu várias

industrias têxteis e ali mentícias as quais lhe conferiram notável pujança.

2.1 A HISTÓRIA DOS SALESIANOS EM MATO GROSSO E MATO

GROSSO DO SUL

No dia 18 de junho 1894 inicia- se a caminhada da Missão Salesiana de

Mato Grosso, com a tomada de posse da paróquia de São Gonçalo do Porto,

em Cuiabá e, no ano seguinte, iniciou- se a evangelização dos índios Bororós

da Colônia Teresa Cristina.

Sob o impulso dinâmico do Padre Malan, que substituiu Don Lasagna, a

Missão expande suas tendas, abrindo a Escola Agrícola de Santo Antonio, no

Coxipó da Ponte e, em 1899, inicia -se o noviciado. Com o abandono da

Colônia Tereza Cristina, é aberto o Colégio Santa Tereza, em Corumbá, e o

Oratório São Miguel, na vizinha cidade de Ladário.

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Em 1902, é retomada a evangelização dos índios bororós, com a

abertura da Colônia Sagrado Coração nos Tachos; em seguida, em 1905, da

Imaculada no Rio das Garças, abandonada em 1922; São José do Sagradouro,

em 1906, e de Gratidão Nacional, em Palmeiras, abandonada em 1920, após a

morte do diretor, Pe. José Thannhuber .

Em 1914, é criada a Prelazia de Registro do Araguaia, e os salesianos

assumem a paróquia da sede e a escola, sendo fechada em 1975. Em fins de

1918, há uma primeira tentativa de aproximação com os índios xavantes, sem

resultados, nas proximidades do Rio das Mortes, abandonada três meses

depois.

Em 1919, no Sul do Estado, é assumida a paróquia de Aquidauana, a

qual, no ano de 1930, foi entregue aos padres redentoristas, juntamente com a

paróquia de Miranda, atendida por dois anos pelo Pe. João Crippa.

Em 1921, é criada a paróquia de Santa Rita do Araguaia, hoje a cidade

de Alto Araguaia, Mato Grosso onde, por dois anos, o Prelado fixa sua

residência.

Neste período, a Inspetoria volta sua atenção ao sul do Estado, sob o

comando do Pe. Carrá, e assume as paróquias de Campo Grande e Três

Lagoas, em 1924.

No ano de 1925, o Pe. João Crippa compra, em Campo Grande, dois

terrenos (lotes) para iniciar o Oratório São José, mais conhecido como

“Capelinha”.

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A paróquia de Ponta Porá foi assumida, em 1925, pelos sa lesianos, que,

em 1943, a entregam aos Pares redentoristas.

Sob o comando do Pe. Dalla Via, a Inspetoria estende suas tendas ao

vizinho Estado de Goiás, assumindo, a convite de Dom Emanuel Gomes de

Oliveira, a direção do Ginásio Anchieta, em Bonfim, atual Silvânia.

No mesmo ano, em Campo Grande, é adquirido o Ginásio Pestalozzi,

denominado Ginásio Municipal Dom Bosco, atual Colégio Dom Bosco.

Em 1932, chega o Pe. Carletti, e a Inspetoria expande então suas

atividades, abrindo, em Guiratinga –MT, o Instit uto Bom Jesus, que foi

fechado em 1975. Neste mesmo ano, é retomada a tentativa de aproximação

dos índios xavantes, interrompida, em 1934, pela morte dos padres Fuchs e

Sacilotti.

Em 1934, é reaberto o noviciado do Seminário da Conceição, em

Cuiabá, MT, com a chegada da primeira turma de clérigos da Itália e, no ano

seguinte, são abertos os cursos de Filosofia e Teologia. Ainda em 1934, Pe.

César Albisette assume a paróquia de Poxoréo, mais tarde sede da Operação

Mato Grosso e de um Centro Juvenil e Curso Profissionalizante.

Em 1937, o Pe. Chovelon retoma a iniciativa de aproximação com os

índios xavantes, viajando pelo rio Araguaia e pelo rio das Mortes.

Em 1938, é reassumida a paróquia de Alto Araguaia e, em anexo, uma

escola primária. Em 1953, é criado o curso ginasial. Em 1989 são suspensas

as atividades escolares.

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Em 1941, Pe. João Pian dá inicio, na capital goiana, ao Ateneu Dom

Bosco.

No ano seguinte, a convite de Dom Mourão, a Inspetoria assume a

direção do Ginásio Diocesano, depois Colégio Dom Henrique, na cidade de

Lins, Oeste do Estado de São Paulo.

Em 1944, o cinqüentenário da Missão é assimilado pela reabertura do

noviciado na Chácara São Vicente, do Externato São José, anexo à Capelinha,

em Campo Grande, e do Colégio Dom Bosco, na cidade de Tupã, na Alta

Paulista, cujas atividades são encerradas em 1975.

Neste período, anexa à paróquia de Três Lagoas, funcionava uma escola

paroquial substituída depois pelo Ginásio Bom Jesus, extinto anos mais tarde.

Padre Guido, sucessor do Pe. Carletti, transferiu a sede da Inspetoria de

Cuiabá para Campo Grande, Colégio Dom Bosco. Em 1949, Pe. Colbacchini

fixa residência em Xavantina para uma nova aproximação com os índios

xavantes e, em Campo Grande, é assumida a direção do seminário diocesano,

cujas atividades são interrompidas em 1970 por determinação da Diocese.

Por vo l ta de 1950 , após a t rans fe rênc ia do

Ginás io Anchie ta , do Ateneu Dom Bosco para a

Inspetor ia de São João Bosco, são aber tos os

co lég ios de Araça tuba e de Lucél ia , ambos no

Estado de São Paulo . As a t iv idades em Lucél ia

fo ram suspensas em 1985 .

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Em 1953, é reaber ta a res idência de Santa

Terez inha para a tender aos xavantes , sendo

fechada novamente em 1962. Os xavantes , em

1956 , p rocuram as co lôn ias de Sangradouro e de

Merur i .

O grupo de Meruri, em 1958, é transferido para a nova colônia de São

Marcos. Ainda em 1956, Pe. André Capelli fixa residência na Serraria, atual

Indápolis, iniciando uma pequena escola agrícola, evoluída para Escola

Agrícola Dom Bosco e atual Colégio Dom Bosco, com anexo, em 1985, do

noviciado.

No mesmo ano de 1956, Pe. Guilherme Muller assume a paróquia de

Barra do Garças. Em Cuiabá, o aspirantado é transferido para Coxipó da

Ponte, deixando o seminário para aspirantes do clero diocesano, sob a direção

do Pe. João Durowre.

Em 1962, o seminário é transferido para o novo prédio na Várzea

Grande MT, ainda sob a direção dos salesianos, até 1989.

Na ges tão do Pe . João Gre iner , é cons t ru ída A

Casa de Ret i ro na Chácara São Vicente , e , no

Colégio Dom Bosco, o prédio da 14 de ju l h o ,

onde, em 1962, é ins ta lada a Faculdade Dom

Aquino de F i losof ia , Ciênc ia e Le t ras , embr ião

das Facu ldades Unidas Ca tó l ica de Mato Grosso

(FUCMT), t ransformada em Univers idade

Cató l ica Dom Bosco (UCDB), em 1993, e seguida

por ou t ras facu ldades em Lins e A r a ç a t u b a .

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Em 1961 , Pe . Ernes to Saks ida abre , em Corumbá,

a c idade Dom Bosco , pa ra a tender à juven tude

abandonada da c idade . Mais ta rde , Pe . Ferb in i

ins ta la no mesmo loca l , com a judas

in te rnac iona is , a Esco la Indus t r ia l .

Em 1964, na gestão do Pe. Jacuz zi, é aberto, no bairro Santo Antonio,

em Campo Grande, o Oratório Paulo VI, abrigando depois a Escola Rui

Barbosa, a paróquia N.S. Auxiliadora e, por último, o estudantado filosófico.

No mesmo ano, Pe. Constantino abre, em Maracajú, uma escola, cedida mais

tarde ao Governo do Estado.

Em 1976, a Inspetoria transfere a sede para o Oratório São José,

inaugurando, mais tarde, o prédio onde foi instalado o Museu Dom Bosco.

No ano de Centenár io , são inauguradas a Casa do

Sonho, na Chapada , e Nova Esperança , em

Rondonópo l i s , com a pa róqu ia San ta Terez inha .

Mesmo com tantas atividades, há Inspetoria em Lins, Araçatuba, Três

Lagoas, Indápolis, Campo Grande, (São João Bosco, São José e N.S.

Auxiliadora), em Corumbá (N.S. Auxiliadora e Dom Bosco), em São Gonçalo,

em Cuiabá e N.S. da Piedade, ainda em Cuiabá, no Coxipó, além das

paróquias nas dioceses de Cuiabá, Corumbá e Barra do Garças e da paróquia

de Maracajú. Isto é uma representação e colaboração da Missão Salesiana na

construção do Reino de Deus na terra sonhada por Dom Bosco.

2.1.1 Os Salesianos em Três Lagoas

Os sa les ianos chegaram a Três Lagoas em 1924.

Canonicamente ed i f icada em 1927 , fo i

reconhecida como Casa Sales iana MSMT Santo

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Antonio de Três Lagoas , seu pr imei ro pároco fo i

Pe. Agost inho Colle . (Arquiv os da Casa Paroquia l

San to Anton io Três Lagoas MS) .

A segui r , car ta de fundação da Casa Sales iana de

Três Lagoas t raduzida l i te ra lmente pe lo Padre

Giuseppe Crevacore (2005) , do “Decre to de

e reção canônica de uma casa” , como cons ta no

o r ig ina l em l a t im, em a n e x o .

Dec re to de e r eção canôn ica de uma Casa Nº 81 (?) .

Sociedade de São Francisco de Sales Pe lo s ingular favor e bondade da Divina Providência , nos fo i concedido de abr i r uma nova Casa na loca l idade de Três Lagoas para educar a juventude p obre na r e l i g i ão , na v i r t ude e na dou t r ina . I s so na ve rdade nos es t imula a r ender g raças ex t raord iná r i a s de coração a Deus , tendo proporc ionado, com a sua munif icência novos e opor tunos meios , com os quais podemos t rabalhar sempre mais nas obras de ca r idade pa ra a Sua g ló r i a . E i s so no mesmo tempo nos leva a e r ig i r canonicamente es ta nova Casa conforme as p rescr ições das Cons t i tu ições da Nossa Soc iedade e dos San tos Cânones . Por tan to , cons ide radas d i l igen temente todas a s co i sas , t endo conhec ido c la ramente que es tava em ordem tudo o que é requer ido dos Sacrossan tos Cânones e das Nossas Cons t i tu ições para es ta ereção canônica , em modo especia l a respei to do benepláci to da Sé Apostó l ica e do consent imento do Ordinár io do lugar , Nós , F i l ippo Rinaldi , Rei tor Maio r da Soc iedade de São Franc isco de Sa les , em v i r tude das Faculdades a Nós concedidas pe la Sagrada Congregação que pres ide os Negócios das Congregações re l ig iosas , no d ia 20 de Se tembro de 1927, por meio do Rescr i to Nº 5742/27 , e r ig imos canon icamente a Casa na loca l idade de Três Lagoas . Dedicamos es ta casa ass im canonicamente e re ta a Santo Antônio Conf . E a t r ibu ímos a e l a todos e cada um dos p r iv i l ég ios e g raças espi r i tua is que gozam as out ras leg í t imas Casas da Nossa Sociedade . E des t inamos a mesma como Cas a pa ra os Sacerdo tes da Nossa Paróquia Santo Antônio e para os Miss ionár ios que t raba lham ne la e como ora tór io nos d ias de fes ta , e a un imos à Inspe tor ia Sa les iana , canonicamente e re ta , que tem como Pat rono Santo Afonso Mª de Liguor i no Bras i l , reg . Mat to Grosso e a

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es tabe lecemos sob a ord inár ia au tor idade e jur i sd ição do Super ior Maio r des t a Inspe to r i a . Enf im recomendamos àque les a quem in te ressa , que obse rvadas todas as normas ju r íd icas . Promovam e se p reocupem, na medida do poss íve l , t ambém de out ras obras car i ta t ivas , que a Nossa Soc iedade rea l iza como par te da f ina l idade do Ins t i tuo , espec ia lmente em favor dos ado lescen tes , que a inda se podem conc i l i a r com a f ina l idade prec ípua da Casa . Tur im, 1 de ou tubro de 1927 Secretário Reitor Maior

Sac . Ph .Rin a l d i

2.1.2 Contribuição dos Salesianos para o Desenvolvimento Regional

Há mais de um século, os salesianos de Dom Bosco chegaram a Mato

Grosso, na cidade de Cuiabá, procedentes do Uruguai, com o principal

objetivo de contatar as nações indígenas da Região Centro-Oeste do Brasil.

Ao longo de mais de um século, além de fundar diversas Missões entre os

indígenas, a Missão Salesiana de Mato Grosso construiu um sólido sistema de

educação em escolas, faculdades e universidades; implantou obras sociais e

centros de formação profissional e contribuiu expressivamente para a

evangelização, formação da cultura e progresso dessa região. A sede da

instituição se encontra em Campo Grande-MS, possui 21 casas, atendidas por

150 salesianos que se dedicam intensamente à promoção da vida na região.

A MSMT abrange uma série de atividades intermediadas por colégios e

instituições de ensino superior, que contribuem para a manutenção das obras

sociais, paróquias, missões indígenas e obras com raízes profundas na vida

social e cultural dos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e a região

oeste de São Paulo, realizando atividades filantrópicas em favor de jovens,

adolescentes, crianças, idosos, adultos e portadores de necessidades especiais,

e das classes menos favorecidas. Todas as áreas de desenvolvimento humano

são atendidas, assim como grande parte da população na região.

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A MSMT é uma entidade católica, beneficente, cultural- educativa e de

assistência social. Atualmente, é uma das maiores Organizações Não-

Governamentais na área educativa e de promoção social da juventude destes

estados, com total aceitação e reconhecimento de autoridades e da sociedade

em geral.

A cidade de Três Lagoas, atualmente recebe um fluxo migratório muito

grande devido à geração de empregos nas indústrias, e nas micro- indústrias e

no comércio local.

Por um lado, é muito positivo o atual crescimento populacional, mas

por outro, há o desequilíbrio social. As drogas se proliferam mais, os abusos

sexuais também tendem a crescer, os danos ambientais tornam- se

incontroláveis e tantos outros pontos de desequilíbrio social. As autoridades

ou órgãos públicos pouco fazem para minimizar os problemas que vão

aumentando numa velocidade irrefreável.

Um trabalho de desenvolvimento local, que venha acompanhado e

associado ao progresso, decorrente de uma visão positivista, voltado para o

crescimento de indicadores econômicos (resolvendo o problema do

desemprego), seria um dos caminhos a percorrer.

Martin enfatiza que (1999, p.172), “o desenvolvimento local ou a escala

humana deve ser entendido como a satisfação das necessidades humanas,

fundamentais através do protagonismo real e verdadeiro de cada pessoa”.

Entende-se que se criar as condições para que a comunidade exerça este

protagonismo e se afigure como o ma ior desafio para que o desenvolvimento

local aconteça.

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O Brasil está diante de realidades locais nas quais persistem algumas

ausências muito importantes como a cidadania, a identificação sociocultural e

territorial e a do sentido de vizinhança. E os bairros de todas as cidades

brasileiras, na sua maioria, vivem esse drama.

Para minimizar os problemas de ordem social visível na comunidade da

Vila Piloto, há grande necessidade de formação de grupos voluntários com o

objetivo de ajudar os cidadãos a organiza r um trabalho de desenvolvimento

local. (ver foto 1)

2.2 HISTÓRICO DA VILA PILOTO

A construção do bairro Vila Piloto Jupiá iniciou, em 1966, para abrigar

os funcionários que iriam trabalhar na obras do Complexo Hidroelétrico de

Urubupungá.

Segundo informações da Secretaria de Habitação do Município de Três

Lagoas, no bairro habitam dez mil moradores, sendo que, muitas destas

famílias (cerca de 45%), vivem sem infra-estrutura básica, já que falta

energia, saneamento básico e rede de esgoto. A situação se agravou com a

invasão das 350 casas que estavam sendo construídas pela prefeitura, a qual

iniciou o projeto de edificação de um conjunto habitacional neste bairro, mas,

devido à ocupação indevida de tais casas, o trabalho foi interrompido,

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transformand o o conjunto residencial numa grande favela. As famílias que ali

residem possuem renda per capita de cerca de um salário mínimo e são

compostas, em média por 5 pessoas.

Foto 1 - Vista aérea do bairro de Vila Piloto

Fonte : Sec re ta r i a de Desenvo lv imento e Cul tu ra de Três Lagoas – 1966

Frente a essa realidade, o Centro Juvenil e de Formação Profissional

Jesus Adolescente (2005), se constitui hoje um espaço singular para o resgate

de cerca de 450 crianças, adolescentes e jovens, os quais são atendidos

diariamente pelo projeto e se encontram em situação de risco, assim como são

os portadores de necessidades especiais, aos quais são oferecidas

oportunidades de aprendizagem e qualificação profissional, como também,

atividade lúdico-esportiva, artístico-cultural e de Formação Humana Cristã.

(ver fotos de 2 a 9)

Dentre as atividades oferecidas pelo Centro Juvenil, estão:

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• Formativas: Reunião (aos sábados), Celebração da Palavra de Deus e

Jornadas e Retiros (periódicos);

• Lúdico- Esportivas: Jogos e Lazer (aos sábados e aos domingos para

todos), futebol, basquete, voleibol, capoeira, natação, xadrez (duas

vezes por semana em hora e dia marcado);

• Banda musical, coral infantil, coral juvenil, (Ver foto nº 14) aula de

violão, dança, artesanato, curso de italiano (até para adultos);

• Profissionalização: a partir de maio de 2005, serão oferecidos cursos de

formação profissional para jovens acima de 16 anos bem como

portadores de necessidades especiais, como marcenaria, mecânica,

secretar iado, informática, cabeleireiro, entre outros.

Foto 2 – Atividades Esportivas (futebol)

Foto : MARTINS, Juscyo Mar io Barbosa ( Junho /2005) .

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Foto 3 – Práticas Esportivas (capoeira)

Foto: MARTINS, Ju scyo Mar io Barbosa ( Junho /2005) .

Foto 4 – Oficina de Corte Costura (Curso)

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Fo to : MARTINS, Juscyo Mar io Barbosa ( Junho /2005) . Foto 5 – Oficina de Serralheria (Curso)

Foto : MARTINS, Juscyo Mar io Barbosa ( Junho /2005) .

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Foto 6 – Reciclagem de Lixo – Ação Voluntária pelo projeto

valorização da criança e do adolescente.

Foto: MARTINS, Juscyo Mario Barbosa (Junho/2005) .

Foto 7 – Ação Voluntária: Reforço Escolar. Projeto Valorização da Criança e do Adolescent e.

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Foto : MARTINS, Juscyo Mar io Barbosa ( Junho /2005) . Foto 8 – Solenidade da 1ª Ação Global dos 90 anos do Município de Três Lagoas – Ação Voluntária: Orquestra de violeiros.

Foto : MARTINS, Juscyo Mar io Barbosa ( Junho /2005) .

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Foto 9 – Solenidade de Abertura da 1ª Gincana Junina do Centro Juvenil Dom Bosco realizado com a juventude da Vila Piloto, pelos Jovens voluntários da paróquia Santo Antonio.

Foto : MARTINS, Juscyo Mar io Barbosa ( Junho /2005) . Foto 10 – Banda Adoradores de DEUS, numa ação voluntária na paróquia Santa Luzia .

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Foto : MARTINS, Juscyo Mar io Barbosa ( Junho /2005) .

O bairro, arquitetonicamente, foi projetado em forma circular e

dividido em seis setores. O Centro Juvenil e de Formação Profissional está

localizado em um desses setores circulares, de propriedade da Prefeitura

Municipal de Três Lagoas, e cedido à Missão Salesiana por 99 (noventa e

nove) anos, a partir de junho de 2003.

A Igreja Nossa Senhora de Fátima, da Vila Piloto, pertence à

Congregação Salesiana e desenvolve várias ações comunitárias, tais como:

• Pastoral da criança (um trabalho assistencial às crianças carentes da

comunidade);

• Vicentinos (visitas aos doentes e necessitados, distribuição de cestas

básicas, etc);

• Ovisa (um movimento de orientação para vivência sacramental de

casais);

• Grupo de Oração RCC (catequese, equipe de dízimo, equipe litúrgica).

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As ações têm iniciativas a partir dos coordenadores das equipes, os

quais, juntamente com o pároco, também oferecem apoio.

Festeja-se o “dia da padroeira Nossa Senhora de Fátima” (ver foto 10)

em 13 de maio, quando se celebra anualmente a missa, organizam procissão,

quermesse, bingo e muitas outras atividades. É uma data festiva para a

comunidade do local e de bairros vizinhos e se estende por mais dois dias.

Como destaque da religiosidade católica em Três Lagoas, a comunidade

local construiu um monumento dedicado a Cristo. (ver foto nº 15)

Foto 11 – Igreja N. Sª. de Fátima de Vila P iloto

Foto : MARTINS, Juscyo Mar io Barbosa ( Junho /2005) .

O Centro Juvenil e de Formação Profissional Jesus Adolescente, (ver

foto 12 e 13), designa- se como um ambiente cristão, por suas medidas sócio-

educativas de prevenção, acomp anhamento, orientação e formação

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profissional para crianças, adolescentes e jovens, a fim de que venham a ter

uma vida digna e oportunidades de se prepararem para o futuro.

Foto 12 – Vista Parcial do Centro Juvenil em Construção

Foto : MARTINS, Juscyo Mar io Barbosa ( Junho /2005) . Foto 13 – Cerimônia do lançamento da pedra fundamental do Centro Juvenil Dom Bosco.

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Foto : MARTINS, Juscyo Mar io Barbosa ( Junho /2005) . Foto 14 – Ação Voluntária: Banda Adoradores de DEUS evangelizando no 18° Hallel em Franca São Paulo.

Fonte : Mar t ins , Juscyo Már io Barbosa ( Se tembro /2005)

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Foto 15 – Imagem do Cristo Redentor na Saída de Três Lagoas para o estado de São Paulo.

Foto : MARTINS, Juscyo Mar io Barbosa ( Junho/2005) .

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CAPITULO 3

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS

A análise dos dados coletados na comunidade da Vila Piloto vem

corroborar com o interlocutor (voluntário) na comunidade, evidenciando

possibilidades de realizar um trabalho voltado para o Desenvolvimento Local.

A comunidade pesquisada apresenta um percentual de 0,8%, sobre

temas diversificados, objetivando oferecer dados concretos da realidade local,

demonstrados por meio de gráficos e análise dos mesmos.

Foram pesquisados 80 residentes fixos da Vila Pilo to, dentre os quais se

inserem aqueles com idade entre 15 e 20 anos, bem como os de 21 a 30, os de

31 a 40anos e os acima de 40 anos, cuja coleta de dados foi realizada entre os

meses de maio, junho e julho de 2005.

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3.1 DADOS PESSOAIS

O dados coletados, bem como a pesquisa, são compostos por 3 níveis de

avaliação que se seguem.

Gráfico 1 – Faixa etária

13,24

36,7633,82

16,18

0

5

10

15

20

25

30

35

40

De 15 a 20 AnosDe 21 a 30 AnosDe 31 a 40 Anos

Acima de 41 anos

Neste gráfico, foi levantada a faixa etária dos entrevistados. Destaca-se

uma homogeneidade dos moradores com faixa etária de 21 a 40 anos em uma

média de 24%, sendo esta a população influente nas decisões da comunidade,

dado o grau de importância que ela representa para a referida comunidade.

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Gráfico 2 - Gênero

39,71%

60,29%

Masculino

Feminino

No gráfico 2, a definição de sexo determina e enfatiza quais são os

principais atores da comunidade, já que, para os comunitários, são os homens

que discutem propostas e delegam às mulheres as conquistas da família.

Esta distribuição não significa, entretanto, que as mulheres são

ignoradas nas decisões tomadas pela comunidade. Por diversos momentos elas

se fazem presentes nas votações de implementação de cursos, distribuição de

cestas básicas, na organização de eventos.

Gráfico 3 – Estado Civil

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23,53%

1,47%

8,82%

39,71%

26,47%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

Solteiro

Casado

Separado/Divorciado

Viúvo

Outros

O estado civil predominante na comunidade é o de casado, em seguida

vem o solteiro e, a seguir, outros que em sua maioria são amasiados.

Esta variedade determinada pelo estado civil dos entrevistados

corrobora para as variantes de necessidades que a comunidade busca realizar.

Nos depoimentos dos pais, existe uma preocupação em oferecer aos

filhos um espaço de conforto, tranqüilidade e segurança na comunidade em

que vivem.

3.2 QUESTÕES SOBRE AS NECESSIDADES LOCAIS

Gráfico 4 - Prioridades e Necessidades mais Urgentes para uma Melhor

Qualidade de Vida na Comunidade de Vila Piloto.

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23%

18%20%

27%

12%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%Saúde

Segurança

Educação

Infra- EstruturaUrbana(Luz,Saneamento básico,Asfalto) Lazer

Ao analisar o gráfico 4, é interessante observar que, indistintamente de

sexo, idade ou estado civil, as necessidades e prioridades mais indicadas

foram infra- estrutura (27%) e saúde (23%), o que denota com bastante clareza

que, para a comunidade, há a necessidade de infra-estrutura para se ter uma

vida digna, para que se possa exercer a cidadania plena

É importante ressaltar que os outros três itens (educação, segurança e

lazer), também assumem papel determinante na comunidade, uma vez que os

habitantes (18%), desejam maior segurança no bairro.

Gráfico 5 - Encaminhamento das necessidades locais.

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32%

41%

18%

9%

Líder de BairroVereadorPrefeitoPároco

Ao se proceder a leitura do gráfico 5, pode-se enfatizar que o vereador

ainda se constitui a principal figura para as aspirações de desenvolvimento da

comunidade.

Não obstante o líder de bairro seja o agente dentro da vila que significa

a esperança na busca de desenvolvimento local, constatou- se que as escolhas

foram diversificadas. O prefeito, com 18%, foi o terceiro numa lista de

lideranças, quando na realidade deveria estar à frente, pois, partem dele as

principais prerrogativas para questões relevantes já enfatizadas anteriormente.

O pároco, com 9% significa uma esperança que já está exaurida, uma vez que

só é acionado quando as outras autoridades constituídas não se apresentam

para resolver questões prioritárias senão àquelas de cunho religioso.

Gráfico 6 - Necessidade do Jovem da Comunidade.

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27%

20%19% 18%

6%

10%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

Emprego

Educação

Lazer

Saúde

Religião

Segurança

O que se destaca no gráfico 6 é uma paridade entre todos os itens

perguntados (educação, lazer, saúde), enfocando as necessidades que, não só

entre os mais velhos, com idades que variam de 31 e 41 anos acima, há

preocupação com temas tão importantes; os jovens que responderam o

questionário (num universo de 30 jovens pesquisados), informam que também

carecem de uma infra-estrut ura social para um desenvolvimento local

adequado.

Preocupam-se até mesmo com a religiosidade, buscando, na fé,

respostas para seus anseios. O ponto principal nesta questão foi o emprego

que é sinônimo, para muitos, da realização não só do indivíduo, mas da

comunidade local como um todo.

Gráfico 7 - Atendimento das Necessidades.

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39%

13%

21%

27%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40% Parceria EntrePrefeitura eComunidade

Ação Voluntária - Uniãode grupos existentesna comunidade

Através da Paróquialocal

Através de projetossociais advindos doempresariado

O gráfico 7 exemplifica bem o que a comunidade espera daqueles que a

governam. A parceria entre prefeitura e comunidade representa, para os

locais, o que a governança pública pode fazer para, junto com a comunidade,

buscar alternativas para a solução dos problemas comunitários. A seguir, os

entrevistados elegeram os projetos sociais advindos do empresariado, tais

como: primeiro emprego, centros de treinamento profissional, etc.

Já para 21% do público alvo, a paróquia local é o caminho para os

convives no auxílio de tais indagações, com projetos voltados à integração da

comunidade com os benefícios de estruturas sociais capazes de alicerçar o

desenvolvimento local.

A ação volunt ária, que obteve 13%, é o caminho mais viável para tais

conquistas. A união dos grupos que existem dentro da comunidade, tais como

grupos de oração, grupos de jovens, l ions clube e rotary clube local, entre

outros formadores de opinião, formam um conjunto de forças capazes de gerar

idéias que podem proporcionar meios de realizar os anseios mais prementes

dessa comunidade.

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3.3 QUESTÕES SOBRE O INTERLOCUTOR (VOLUNTARIADO) E A

RELIGIÃO

Gráfico 8 - Voluntariado.

51%

38%11%

Sim

Não

As Vezes

De acordo com o gráfico 8, a maioria dos conviventes se dizem

voluntários, o que simboliza a estrutura social dentro da comunidade de Vila

Piloto. Estes voluntários são, em sua maioria, homens e mulheres com idade

entre 21 e 41 anos. São adultos que se colocam a disposição de seus parceiros

da comunidade para num trabalho cooperativo na concepção de novas idéias e

na ação de sensibilizar os convives da própria comunidade. Já 38% não são

voluntários e estes representam aqueles que “não têm tempo” ou, os que

simplesmente ignoram os saberes que o voluntariado produz; nesta faixa

etária estão os entrevistados de 15 e 20 anos.

Os questionados, na faixa estaria acima de 41 anos, perfazem 11% da

totalidade, exercem o voluntariado apenas quando ele é imposto pela

necessidade pessoal ou até mesmo quando solicitad os.

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Gráfico 9 - O porquê de ser voluntário

63%

18% 19%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Para ser útil acomunidade e aopróximoRealizaçãopessoal

Realizaçãoespiritual

A interpretação dos dados do gráfico 9 denota que aqueles que se

tornaram voluntários o fazem para serem úteis ao próximo e à comunidade. A

realização pessoal é o que 18% dos entrevistados sentem quanto à prática do

voluntariado, por se sentirem importantes para si próprios e para a

comunidade. Para 19%, ser voluntário é uma realização espiritual, é a

integração entre a fé e voluntariado na busca de soluções para o

desenvolvimento local. “[...] é que, embora De us esteja em toda parte, há

locais em que ele se manifestou e basta que os fiéis queiram comemorar tal

evento para que essas lembranças efetivamente sejam preservadas no

imaginário religioso.” (HALBWACKS, 1999, p.68).

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Gráfico 10 - Quais os Benefícios que o Voluntariado trouxe a cada um,

individualmente, e à Comunidade?

14%21%

39%

26%

0%

10%

20%

30%

40% O exercício da cidadania

A troca de experiências

O resultado dereivindicaçõesNão souberam responder

O gráfico 10 mostra o quanto é importante a interação e integração de

pessoas na prática do voluntariado, pois, para 39% dos entrevistados, a troca

de experiências é fator determinante; a seguir vem o exercício da cidadania e

o resultado de reivindicações, com média de 24%, é a força da comunidade

trazendo benefícios para o desenvolvimento local.

Gráfico 11 – Que Estrutura a Igreja oferece para a Prática do

Voluntariado?

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45%

1%

28%26%

0%

5%

10%

15%

20%25%

30%35%

40%

45%

ReligiosoFinanceiroPsicológico

Espiritual

A interpretação destes dados, no gráfico 11, tem como objetivo

sinalizar a função da igreja junto à comunidade local, bem como seu raio de

atuação.

Para 45% dos entrevistados, a igreja alimenta a fé e é alicerce para o

princípio do voluntariado; para uma média de 27%, ela atua junto à

comunidade promovendo reuniões com os grupos 2 e com a própria

comunidade, oferecendo orientações de cunho psicológico, objetivando o

resgate daqueles que se sentem excluídos, como também a orientação

religiosa na catequização de pessoas que não se sintam incluídas no convívio

da paróquia local. “A identidade religiosa seria uma construção histórico-

cultural socialmente reconhecível do sentimento de presença

religiosa”.(ROSENDAHL e CORREIA, 2001, p.48).

Gráfico 12 - Quais as Práticas em que o Voluntariado e a Igreja estão

mais Empenhadas?

2 Grupos de : Assoc iação de moradores , de o ração , pas to ra l da c r i ança .

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4%

30%29%

37%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Resgatar crianças ejovens de ruaEvangelização

OrientaçãoprofissionalNão souberamresponder

Na analise do gráfico 12, podemos ressaltar que, para a maioria dos

entrevistados, os excluídos de modo geral são prioridade para a prática do

voluntariado. A seguir, a orientação profissional enfoca a igreja como o

caminho de inserção junto ao mercado de trabalho em cursos promovidos por

ela. Para 29%, a igreja é o ponto crucial para que a comunidade se desenvolva

com harmonia. Acreditam na força da fé para superar barreiras.

Gráfico 13 - O Que Vo cê Acha do Trabalho dos Voluntários na

Comunidade de Vila Piloto e no Centro Juvenil?

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Gráfico 13

48%

37%

15%

0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

ÓtimoBomRegularRuim

No gráfico 13, vale ressaltar que 15% dos entrevistados acreditam que o trabalho dos voluntários é fraco. Mas estes não são voluntários e nem atuam no voluntariado, e se apropriam dos benefícios que o voluntariado traz para si e para sua família, entretanto dão pouco ou nenhuma importância aos mesmos. A grande maioria, 48%, vê o papel do voluntário como determinante para o desenvolvimento local, acredita na importância da valorização do ser humano e do crescimento do voluntariado.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a chegada do III Milênio da era cristã, percebe-se a necessidade

do homem contemporâneo em buscar a sua verticalidade.

Com a perda do referencial sagrado, paradoxalmente, o homem moderno

tentou buscar o sagrado através dos tesouros cátaros e templários, a Arca da

Aliança, o Graal, entre outros referenciais puramente de valores místicos e

não materiais. Para o conhecimento tradicional, é a busca do espiritual não

pela verticalização, mas pela horizontalização e pelo profano que o homem

deseja. O turismo, as escavações em busca de tesouros e objetos sagrados

foram apenas desejo de poder e posse material. Para as tradições o homem

contemporâneo, não há entendimento que o valor desses objetos é apenas

espiritual.

O cenário pós- industrial criou condições favoráveis para o

desenvolvimento de valores individuais, há muito, perdidos. A tendência cada

vez maior da internalização e integração das atividades econômicas, políticas,

sociais e culturais trouxe, na sua contrapartida, a necessidade de preservação

de identidade geográfica, lingüística, religiosa e histórica do homem pós-

industrial. O conhecimento científico, a informação, a comunicação em tempo

real e o domínio de novas tecnologias serão a base desse novo milênio.

As forças que movem a globalização estão presentes na produção, no

comércio, no consumo, na tecnologia, na informação, em praticamente todos

os segmentos da atividade humana contemporânea, influenciando na criação

de novos hábitos e em diferentes visões de mundo. A conseqüência imediata

Page 101: O VOLUNTARIADO EM COMUNIDADE COMO ALTERNATIVA … · 1.1.2 A função do voluntariado 24 1.2 ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE 24 1.3 DESENVOLVIMENTO LOCAL 25 ... é senda do progresso

dessa realidade vem sendo percebida através de manifestações concretas em

que se alteram papéis da sociedade.

Os níveis de crescimento do desenvolvimento local dependem dos

trabalhos realizados democraticamente e estabelecem um relacionamento

satisfatório com a sociedade, com a finalidade de alcançar os objetivos de

ordem social e proteção ao meio ambiente, tendo como base a administração

sustentável do patrimônio natural do território e atendimento às necessidades

das populações presentes e futuras.

É importante selecionar os desafios da equidade social e indagar os

padrões de consumo das sociedades, determinando os espaços máximos e

mínimos, disponível per-capita entre consumo e a necessidade do

desenvolvimento econômico das camadas de baixa renda, ou pobreza

concebida socialmente.

O equilíbrio e a integração devem ser preocupação sócio- econômico-

cultural, fundamentais para a preservação da vida huma na na terra.

A ansiedade por respostas está no centro da renovação pela qual passa a

sociedade e, por isso, é preciso mais compromisso com o ser humano na busca

da qualidade de vida das comunidades, regiões e municípios, tornando-os

mais competitivos dentro do contexto globalizado.

Constatou-se com esta pesquisa que a comunidade da Vila Piloto esta

desenvolvendo alternativas de desenvolvimento local, baseadas no trabalho do

voluntariado, principalmente religioso (católico), objetivando com tais

a t iv idades a construção de um futuro com crescimento econômico, justiça

social e uso adequado dos recursos disponíveis como parte de um contexto,

onde a solidariedade aparece como uma força coesa na busca de um caminho

voltado para a cooperação, fraternidade, paz e amor.