a senda para a perfeição

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A SENDA PARA A PERFEIÇÃO Geoffrey Hodson Do livro de mesmo nome editado pela Editora Teosófica Resumo preparado por André R. Marcondes 2016

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Page 1: A Senda para a Perfeição

A SENDA PARA A PERFEIÇÃO

Geoffrey Hodson

Do livro de mesmo nome editado pela Editora Teosófica Resumo preparado por André R. Marcondes

2016

Page 2: A Senda para a Perfeição

INTRODUÇÃO

Page 3: A Senda para a Perfeição

O homem comum é um emaranhado de fraquezas;

Mas há homens super-humanos que existem além de todas as limitações humanas;

A transformação de homem em Super-homem exige esforço máximo para se realizar com rapidez;

O homem detém o poder para realizar rapidamente tal mudança;

Mas o êxito só é possível se houver dedicação integral à grande Busca;

Deve-se colocar todas as energias e poderes da Alma em tal objetivo, com sinceridade e vontade extremas.

Page 4: A Senda para a Perfeição

A falta de sinceridade é uma das mais potentes barreiras à Senda Oculta. Ela bloqueia o fluxo da razão pura que busca iluminar a mente;

O entusiasmo é fundamental. Deve o aspirante empenhar-se com cada parte de sua natureza e com toda a sua vontade na grande obra;

Super-homens existem. Já trilharam a Senda antes, íngreme e difícil;

A existência de tais seres assegura que o objetivo existe e é alcançável;

O êxito é garantido para todos que persistem com determinação até o triunfo final.

Page 5: A Senda para a Perfeição

Aqueles que alcançam tal estado, impossibilitados de sentir dor, são capazes de curar a dor da humanidade;

Trazem paz à humanidade, luz e instrução àqueles que são capazes de ouvi-los;

Nada há que os vença. Subjugaram todos os inimigos, dentro e fora de si mesmos. Cruzaram todos os obstáculos. Ascenderam a todas as alturas;

Vencedores de todas as fraquezas humanas, são o apoio seguro e infalível para todos os que buscam seu auxílio;

Tornar-se semelhante a eles é a recompensa de todos os que trilham a Senda para a Perfeição.

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Levantem-se todos que aspiram atingir o Objetivo;

Ingressem sem temor na Senda ascendente. Ela existe para vocês. Ela clama por vocês;

Seu destino é alcançá-la com êxito;

Os Super-homens estão atentos aos homens da Terra e prontos para auxiliar todos os que responderem ao chamado;

Se tudo a sua volta parece insatisfatório, se os ganhos e poder mundanos já não preenchem mais seu vazio, então é chegada sua hora;

Levante-se e busque somente o que é real e permanente.

Page 7: A Senda para a Perfeição

Somente a vida espiritual é real e permanente e o poder espiritual é o único poder verdadeiro;

Tome sua resolução com profunda sinceridade;

Decida-se de uma vez por todas em vencer o eu e conduzir seus semelhantes a igual vitória;

Una-se aos que triunfaram sobre o eu e fundiram-se no Eu Uno do Todo.

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1 – O LÊVEDO SECRETO

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No interior de cada homem há um lêvedo secreto em constante atividade;

É o poder flamejante oriundo da Mônada, perpassando o Ego ou Eu Imortal;

Esse levedar é contínuo, mesmo nas personalidades mais vís;

A dualidade e a divergência entre as partes mortal e imortal do homem são mais aparentes naqueles que ainda não despertaram;

O Ego vive sua própria vida, predominantemente interna, em seu próprio mundo.

Page 10: A Senda para a Perfeição

A Vontade, a Sabedoria e a Inteligência estão presentes de forma incipiente desde a Individualização;

Animada interiormente pela Mônada e estimulada exteriormente pela atividade da mente inferior, a Inteligência desenvolve-se paulatinamente através de centenas de vidas;

A Sabedoria e Intuição sucedem-na e, por fim, a verdadeira Vontade do homem assume o direcionamento de toda a sua existência;

Todos os três atributos estão completamente interligados, mas o desenvolvimento de cada um acontece na ordem apresentada.

Page 11: A Senda para a Perfeição

As experiências de determinada vida humana podem tanto acelerar quanto retardar esse processo de expansão Egóica;

Uma vida muito tranquila ou de indulgência não oferece auxílio;

Uma vida criminosa pode acarretar tanto Karma que o Ego pode ficar impedido de tirar proveito em algumas encarnações futuras;

Mas, mesmo sob tais circunstâncias, o Ego interior continua sempre a se desenvolver;

A Mônada impele inexoravelmente para a sua expansão.

Page 12: A Senda para a Perfeição

A Mônada é um flamejante poder espiritual, irresistivelmente impelida à expandir-se;

Antes de ater-se à veículos individuais e evoluir através deles, a Mônada é de caráter universal com seus raios estendendo-se de modo uniforme e indistinto em todas as direções;

Durante longas eras, através dos reinos elemental, mineral, vegetal e animal, a Mônda permaneceu inconsciente com relação à auto expressão. Ela expandiu-se de forma indistinta e não-diferenciada;

Na individualização, seus raios tornam-se paralelos e brilham em sentido descendente, por um caminho predeterminado que atravessa o Ego recém-formado e penetra num único corpo físico no momento da encarnação.

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Os raios monádicos são o lêvedo espiritual no interior do Ego do homem. Mesmo a entrega ao mal não extingue esse fogo monádico;

Por maior que seja a degradação da personalidade, nenhuma Mônada pode jamais falhar;

Personalidades perdidas podem arrancar um porção tão grande do intelecto superior que o processo de individualização deverá repetir-se. E tão logo isso ocorra o poder fermentativo do Fogo monádico reinicia sua atividade;

A vitória do espirito sobre a matéria está assegurada. O poder do espírito é infinito e o da matéria finito e subjulgável.

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Todas as Mônadas formam-se do Fogo Espiritual Uno;

No nível monádico todos partilham intimamente todas as atividades e frutos, todas as realizações e atrasos;

No nível Egóico essa partilha é reduzida e no nível físico essa partilha reduz-se a um mínimo pois a individualidade torna-se mais distinta pela experiência e pelo o karma;

A afirmação da unidade total é apenas possível no nível monádico;

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2 – NA CÂMARA DO SILÊNCIO

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Os passos da Senda da Santidade conduzem à Câmara do Silêncio;

A Câmara é simbólica e o silêncio refere-se ao estado de consciência no qual são silenciadas todas as vibrações da mente inferior, recolhendo-se toda a atenção do mundo externo;

Volta-se totalmente para dentro de si aquele que deseja prosseguir na direção do local de luz e ouvir a Palavra criadora em seu interior;

Ele trará à existência uma verdadeira nova criação;

O neófito deve estar sempre em guarda contra a intromissão de pensamentos e sentimentos egoístas, plenos de desejos.

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Eles corrompem toda a sua natureza e tornam o coração impuro. São, portanto, anátemas;

A Mônada só pode descender em meio à quietude;

Com o silêncio, o Logos interior é capaz de se manifestar criativamente como som oculto que produz ordem a partir do caos, ocasionando o nascimento de um novo homem;

Megulhado no silêncio, o aspirante ouve uma voz que lhe diz:

“Esvazie a mente de todos os preconceitos e permita que a luz brilhe em seu interior. Esvazie o coração de todo desejo e permita que o puro amor brilhe através dele. Esvazie a Alma de toda ambição pessoal e permita que o fogo da aspiração traga a exaltação. Esvazie todo o seu ser do eu e do egoísmo, fazendo com que o altruísmo venha a tornar-se sua mais

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profunda qualidade. Então, poderá ocorrer a iluminação, poderá ser feito progresso, poderá o Eu superior obter maestria sobre o eu inferior. Pratique, portanto, o esvaziamento de si mesmo. Desnude-se do eu. Torne-se nada para que o novo possa surgir de suas profundezas. Sequer a mais ínfima parcela de desejo do eu deverá macular a branca pureza de sua Alma; sequer o mais débil frêmito proveniente do mundo inferior dos desejos deverá romper o silêncio de sua mente. A íntegra do ser deve manter-se em quieta expectativa, como alguém que aguarda a primeira luz da aurora, os primeiros passos de um amigo que se aproxima”

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Coberta pela pureza, enraizada na quietude e estabelecida na expectativa, a Alma do homem recebe a luz de seu âmago e renasce pelo som e pela luz;

A partir daí se inicia uma nova vida, cada vez mais iluminada por uma luz interior e governada por uma voz interior;

Na nova infância espiritual, o Mestre (um Adepto que aceita o discípulo) é guardião e guia;

Na puberdade espiritual a luz e o poder monádicos começam a iluminar e orientar a partir do interior;

No período da adolescência obtém-se a força e a estabilidade;

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Quando ocorre a maturidade espiritual a Alma aparece para o mundo como um Mestre, buscando por sua vez novos candidatos. A Alma tornou-se sua própria luz interior, a voz que até agora a guiava e iluminava;

Por fim, aquele que há muito renasceu morre para o mundo e o planeta que foram seu lar humano, ascendendo a um estado desprovido de mundanalidade. Ali, ele desaparece da visão mortal, imergido na Alma Universal. Ele encontrou e trilhou a senda para a Perfeição.

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3 – A VONTADE UNA

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É na vida oculta que os poderes recônditos do homem são estudados, despertos, desenvolvidos e dominados. Esses poderes são a herança de todo ser humano. São a própria substância da Alma;

Na verdade existe apenas um Poder criador tanto no universo como no homem. Trata-se do poder da Vontade, o irresistível impulso do Espírito puro conduzindo a Vida a descender e exteriorizar-se, a partir da origem e do Centro, abrangendo todo o campo da manifestação e a circunferência;

A Força Una é impessoal, uma energia imbuída de inteligência, um poder autogovernado. É o Âtman dos hindus, a Vontade do filósofo ocidental;

É a base da existência e a força original do Universo.

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Ela é onipresente e onisciente, mas só alcança a onipotência ao fim da era evolucionária;

É o produto primeiro da união do Espírito Universal e do Espaço Universal;

Infinita e inexaurível, a Vontade Una apodera-se da substância do Espaço Universal com cada vez maior poder e crescente penetração;

A vida acompanha o processo de despertar da Vontade e molda em forma a substância impregnada. As formas cedem à Vida assim como a substância cedeu à Vontade;

A sensibilidade no interior das formas aumenta em resposta à pressão em direção à plenitude proveniente do interior e aos impactos provenientes do exterior.

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Aos poucos o Homem se ergue acima de sua condição animal, tornando-se um microcosmo no qual Vontade e Vida estão combinadas em estado de total autoconsciência, como estiveram anteriormente na formação do Universo;

O homem é um ser livre em um Universo regido unicamente pela Lei. No início a liberdade é mal empregada. A Lei ultrajada, ela própria dotada de consciência e de representantes conscientes, torna manifesto os seus desígnios. A dor começa a ensinar o caminho da retidão e fazer o homem aquiescer às leis do Universo;

O impulso em direção à plenitude deve ser autocontrolado, a Vontade de expandir-se não deverá impedir a expansão de qualquer outro indivíduo;

O homem encontra a liberdade completa quando torna-se a própria Lei.

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Por fim ele é finalmente tríplice, formado da Vontade, da Vida e da Lei;

Nesse momento ele começa, de forma consciente e deliberada, a estudar, desenvolver e controlar esses poderes tríplices que estão no seu interior;

Assim, ele estuda Ocultismo, a Ciência da Vida Divina oculta no homem e na Natureza, e ingressa na vida oculta, encontrando e trilhando a Senda Oculta. Ele se volta para dentro de si, no sentido da Vontade de seu Eu mais profundo, o qual representa o Atmã Universal nele centrado em forma de centelha flamejante, um componente da Chama Universal;

Ele busca aquela Vontade, sua única realidade, a matriz de tudo o mais que nele existe, o homem essencial.

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Para todos os buscadores, e para todos os ocultistas, esta constitui a grande Busca de todas as eras;

Seu desempenho na descoberta de si mesmo é o que coroa a vida oculta. O Poder Uno do Universo torna-se cada vez mais seu instrumento;

Aplicado ao homem inferior por meio do intelecto, ele lhe confere poder, ao mesmo tempo que purifica e embeleza a vida e o eu exterior;

A Vontade torna-se mais potente, e a substância perde sua influência. Sendo o elo de conexão entre ambas, o intelecto cresce em conhecimento, força e maestria;

Aquilo que tanto tempo permaneceu oculto vem a manifestar-se abertamente e uma nova vida tem início.

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Uma vida que diz respeito aos atributos sem forma da Natureza e do homem, que são a mente abstrata e o amor-sabedoria dos quais se origina a percepção espiritual;

A macrocosmo passa agora a ser o campo de ação. O microcosmo desaparece para mais uma vez se tornar macrocosmo, pleno de memória e de autoconsciência. Não há mais dualidade;

Eis o objetivo para o homem: aperfeiçoar a parte e, então, entregá-la ao todo;

Tal é, em essência e em linhas gerais, a vida oculta, seu propósito e seu objetivo.

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4 – AS LEIS DA VIDA ESPIRITUAL

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A prática da vida espiritual consiste numa subordinação sistemática do pensamento, do sentimento e da ação às necessidades do desenvolvimento espiritual;

O homem espiritualmente desperto é consciente do impulso inerente e ativo em toda a Natureza para a evolução e coopera com este poder de modo consciente, submetendo-se deliberadamente a ele e aplicando-o de forma concentrada na conduta de sua vida;

As leis da vida espiritual são as leis da Natureza aplicadas ao homem em busca de sua rápida ascensão;

Essas leis são simples em sua essência e não muito numerosas. Uma lei subjaz a todas as leis.

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O ingresso em cada nova etapa de crescimento é acompanhado, e tornado possível, por uma renúncia, uma morte figurada da proteção fornecida à vida durante a fase precedente;

O homem cujo invólucro é o egocentrismo e a acentuada individualidade deve assim remover essas características e substituí-las por aquelas pertinentes à nova fase, a qual é o altruísmo e ausência de sentido de eu.

A primeira regra da vida espiritual é a de que o eu deve morrer, o egoísmo deve ser superado e a acentuada preocupação com o eu deve ser abandonada.

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Desprovido de ego, surge um novo homem cada vez mais unificado com a Vida que a tudo permeia. Esta mudança ocorrerá de forma natural na medida da evolução da raça;

O aspirante apenas acelera esse processo natural, aplicando intensamente sua mente e vontade naquele fim;

Isso exige constante auto-exame sobre o novo objetivo da vida para que se mantenha o tempo todo à frente da mente até que venha a influenciar cada pensamento e cada ato;

Aquele destinado a ser ocultista corporifica uma única idéia: o desenvolvimento acelerado obtido por meio da aplicação de pressão interior de modo regular, consistente e científico;

De acordo com os ciclos do dia, dos meses e da vida o homem emprega seu tempo de uma forma que o conduza ao seu objetivo.

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A cada manhã, aplica-se pressão no sentido de dissolver o ego, a fim de enfraquecer o invólucro e finalmente rompê-lo. Quando o meio dia se aproxima, o estudo ocupa a mente para que os princípios do crescimento natural e acelerado possam ser apreendidos de modo mais completo. No momento em que o Sol atinge seu ápice, a pressão mais intensa é exercida na contemplação DAQUILO (O Uno em tudo e o todo no Uno). O restante do dia é dedicado a uma existência em constante observância dos ideais da vida oculta;

O mundo, os demais homens, o sucesso e o fracasso bem como a crescente ação da lei de causa e efeito tornam-se todos seus instrutores. Ainda que deles desapegado, por meio deles aprende.

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Busca aprender os princípios básicos e leis que produzem os acertos e erros, aplicando a si próprio tais princípios e leis naturais com incansável preocupação;

Então ele se depara com o primeiro dos muitos paradoxos relativos à vida superior, devendo solucioná-lo. Enquanto busca um estado onde haja ausência do eu, ele deve observar-se progressivamente a si próprio;

A auto-observação, mais do que a introspecção, é o ideal;

Tornar-se conscientemente unificado com a Vida Una que perpassa o Cosmo, oferecer àquela Vida expressão mais livre, perfeita e completa e auxiliá-la para que alcance a plenitude e se liberte de outras formas que a aprisionam e até mesmo a torturam – são estas as finalidades da Grande Obra.

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O serviço é a tônica da busca e o Iniciado é antes de mais nada aquele que serve;

O objetivo da auto-observância e do autodesenvolvimento é desaparecer enquanto eu separado, auxiliando todos os outros homens naquela Busca;

O ideal é o de libertar-se da prisão da individualidade do eu, o que se consegue vislumbrando-se constantemente o estado de unidade com a Vida onipresente;

O pensamento é como o agricultor que faz amadurecer a semente do Adeptado no homem sendo também o instrumento utilizado para tal;

A mente é a fonte de limitação e o meio de libertação. Este é o segundo paradoxo.

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A mente do homem é o centro da presença do eu. Portanto, a mente, enquanto agente de separação, deve “morrer”. Por outro lado, a mente é a sede daquele poder através do qual a unidade é inicialmente reconhecida e, então, compreendida;

Assim, na condição de agente que trabalha pela união com o todo, ela deve crescer e frutificar plenamente;

O início das manhãs de cada dia deve ser dedicado ao uso e cultivo da mente, concentrando-se a atenção primeiramente no Eu Superior dentro do aspecto abstrato da mente;

Ele pode ser concebido como luz concentrada em uma área que se estende para muito além do corpo físico. Em seu coração encontra-se a fonte da luz brilhando com uma intensidade central maior. Nela a consciência existe e toda a esfera radiante é dotada de intelecto.

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Ela é a própria essência do intelecto. A atenção é continuamente dirigida para o interior desta esfera que é o veículo da Consciência Divina no homem;

E, assim, passo a passo, através de persistentes esforços, o centro da consciência humana vem a ser transferido do cérebro para o Eu Superior;

Através da meditação diária sobre o Eu Superior com o intuíto de nele atingir a auto-realização, o canal por meio do qual a consciência passa em seu caminho rumo à encarnação, antes do nascimento, pode ser reaberto. Este canal pode ser reaberto pela pura força do pensamento e da vontade;

Ao mesmo tempo, de cima, o Eu Interior, origem do impulso para lançar-se à Busca, envia para o cérebro seu poder e sua luz pela mente e pela emoção.

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Assim, de cima e de baixo, os dois centros de consciência humana, o físico e o mental superior, aproximam-se gradualmente;

Afirmações feitas com energia auxiliam a mente e a vontade a manter o pensamento concentrado e a pressão correta essenciais à realização do objetivo.

Frases adequadas afirmadas mentalmente com profundidade e totalidade de compreensão crescentes, servem à exaltação da consciência;

Repetidas com frequência, com pensamento e vontade concentrados, levarão o homem à atravessar a Ponte dos Imortais.

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Além do Eu Superior que reencarna, nas profundezas do homem está AQUILO, a centelha da Chama Una, o verdadeiro centro da individualidade e da existência do homem, o Eu Monádico;

Devem-se realizar esforços de crescente intensidade para alcançar este Eu mais elevado, mais profundo;

Dia após dia, e mesmo hora após hora, a Mônada é deliberadamente invocada para dentro do Eu Superior e, por meio deste processo, para dentro da vida do homem mortal;

A imagem agora utilizada é a do fogo, assim como foi a luz no estágio anterior. A Mônada é um ser de fogo. Assemelhada a uma centelha, é uma concentração corporificada da Vontade Divina .

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Ingressa-se agora no reino do fogo oculto, na região da chama espiritual, à medida que a autoconsciência Mônádica é alcançada. Os poderes deíficos são, então, tocados. Em uma corrente irresistível e flamejante, a força da Vontade derrama-se para dentro do Eu Superior, perpassando-o, para alcançar e prover de grandes poderes o homem mortal na Terra;

A prática na ação deve acompanhar a prática em pensamento. Se assim não ocorrer, o homem tornar-se-á culpado do grande “pecado” oculto da hipocrisia;

De forma permanente, e não obstante as muitas quedas, a vida do aspirante, dia após dia, hora após hora, torna-se mais espiritual, mais idealista, mais atenciosa e mais humana.

Page 40: A Senda para a Perfeição

Isso permanece assim até que venha a ocorrer uma verdadeira transformação, um processo que culmina na transfiguração do homem mortal na total semelhança do Eu brilhante Imortal, o Eu de Luz;

Afinal aquele Eu de Luz é por sua vez transformado à semelhança do Eu de Fogo e é nesse momento que o homem se torna um super-homem.

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5 – DISCIPULADO

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As experiências de vida de todos os seres humanos constituem um aprendizado;

Todas as experiências, boas ou más, desempenham parte essencial do treinamento do aprendiz no papel que lhe foi designado, papel conhecido pelos Mestres que possuem todos os Egos humanos sob sua custódia;

O papel futuro é o princípio orientador em todo o treinamento dado pelo Mestre Instrutor;

Um grande número de Egos não-despertos está sob a custódio de seus Instrutores. Cada membro do grupo é conhecido individualmente, observado, protegido e cuidado com compassivo interesse.

Page 43: A Senda para a Perfeição

Cada líder Adepto de um dos Sete Raios recebe responsabilidade por um determinado número de Almas;

Em toda a raça humana cada Ego-Mônada está sob a custódia e o cuidado direto do Líder Supremo da Hierarquia de Adeptos, o Senhor do Mundo. Abaixo dele seus Adeptos assumem a direção de grupos em número cada vez menores. Pessoa nenhuma está por um momento sequer fora da consciência dos Adeptos;

Nenhuma maldade ou egoísmo é capaz de fazer cessar tal zelo;

A consciência do Adepto é deliberadamente expandida para incluir milhares ou milhões sob seus cuidados. Sua vida flui para eles e por dentro deles. Sua vontade vivifica-os. Séculos nada representam nesse processo.

Page 44: A Senda para a Perfeição

Os Senhores do Karma também possuem representantes Seus na Terra, em cada continente e em cada nação. O Karma é ponderado com cautela antes, e também depois, de cada novo nascimento. O melhor que se pode providenciar é sempre providenciado. Todo ato benéfico é aproveitado ao máximo e usado para abrandar o sofrimento inseparável dos atos maléficos;

Quando um Ego está despertando espiritualmente, sua missão futura está cada vez mais inserida nos planos dos Adeptos. Após tal estágio, o treinamento passa a ser mais individual e preciso. O Ego em questão, sendo cada vez mais consultado, faz escolhas e coopera mais e mais na retificação das mesmas;

O Ego desperto exige um rápido acerto de débitos kármicos, muitas vezes sem se atentar ao perigo para a personalidade que se torna, então, o crisol de uma possante transmutação.

Page 45: A Senda para a Perfeição

Após muitas vidas e muito sucesso, desenvolvidas as forças e a estabilidade, adotado o idealismo e subjugado o apetite, então o Instrutor Adepto se apresenta àquela Alma;

Primeiramente desconhecido e fora de suas visão, o futuro Mestre inspira e orienta sua vida interior, modelando de certa forma suas circunstâncias externas – tudo para o progresso espiritual;

Então, por fim, ele ingressa naquela vida onde será definitivamente encontrada a Senda da Santidade;

Seu Mestre observa-o, aparece para ele em sonhos, estimula seu desenvolvimento Egóico e pessoal, desperta faculdades latentes e o atrai para o contato com seus superiores no Caminho ascendente, o qual pode conduzí-lo ao discípulado.

Page 46: A Senda para a Perfeição

Para o Ego, o discipulado se constitui numa experiência consciente;

Enquanto dorme o corpo, o Ego, totalmente desperto e cônscio de si mesmo, encontra-se face a face com o Mestre. A questão se se deseja ingressar na Senda sob a orientação do Mestre é então colocada. A liberdade de decisão é plena. Todas as provações e oportunidades são explicadas na íntegra. Há total liberdade para recusar, pedir um prazo ou abraçar de imediato tamanha oportunidade;

Para o ser humano, o discipulado representa a entrada numa fase de desenvolvimento análoga à formação de um broto em uma planta, a promessa de uma nova e revolucionária forma de automanifestação.

Page 47: A Senda para a Perfeição

Para o homem, o caminho da vida onde ele então ingressa é o caminho da abnegação, da autodoação e da auto-entrega as quais culminarão no pleno florescer de uma vida perfeita;

Ser discípulo de um Adepto é o mais raro privilégio e a maior das oportunidades que pode atingir um homem pré-iniciado;

Ingressa-se assim na Senda Oculta da evolução acelerada, partindo da humanidade para a super-humanidade. Uma ponte entre os dois estágios e reinos foi construída por um Adepto para um ser humano individual;

A visão do Mestre, seus supremos cuidados e observações se constituem em enormes incentivos. Nunca mais o discípulo estará sozinho. O poder e a sabedoria do Mestre evocam seus mais elevados amor e reverência.

Page 48: A Senda para a Perfeição

Ele recebe sinais de que o Mestre o está protegendo. O ato de tomar o discípulo como agente e canal de ocasionais precipitações de poder e de força curativa provam ao discípulo, no nível físico, a realidade da relação entre o super-físico e o espiritual;

Sobre ele repousa uma benção que também é concedida, com crescente frequência, àqueles que o cercam;

Seu poder de compreensão aprofunda-se. Sua capacidade intelectual aumenta, seus estudos frutificam e o cérebro e a mente apresentam faculdades inesperadas;

A vida exterior do discípulo não é desprovida de sofrimento, tensão e esforço intenso, por mais plena de luz que seja sua vida interior.

Page 49: A Senda para a Perfeição

A disciplina do corpo, a motivação altruísta em todas as coisas e uma humildade profunda e verdadeira, apesar do sentido crescente de poder e privilégio, deve agora caracterizar sua vida;

Barreiras e tentações sutis confrontam-no e o assolam, provindas do longo e estabelecido hábito do egoísmo;

A vontade constitui o fator que o conduz e o mantém perseverante;

O Fogo Monádico associa-se à Luz Egóica e a vontade de alcançar a realização plena é desperta e trazida à personalidade;

Tal é a função do Mestre Adepto: auxiliar na formação de uma ponte entre a Mônada e o homem terrestre.

Page 50: A Senda para a Perfeição

Somente o fogo da vontade Monádica torna possível a realização da quase super-humana tarefa do rápido auto-aperfeiçoamento;

Por meio da vontade, as tentações que enfrenta são afinal superadas e é vencida a auto-indulgência;

Os poderes e os Seres da Escuridão não deixam de perceber sua crescente força e em colocar obstáculos em seu caminho. Com aguda percepção, descobrem suas fraquezas e deliberadamente intensificam-nas, mesmo quando o Mestre intensifica todos os seus mais elevados poderes;

Embora pareçam inimigos, tais Seres das Sombras provam-se úteis em auxiliar no seu desenvolvimento, trazendo à tona suas fraquezas e forçando-o a reconhecê-las e a reconhecer também a necessidade de substituí-las pelos poderes opostos.

Page 51: A Senda para a Perfeição

As quedas, ainda que tragam dor e sofrimento para o neófito, ao final nunca são decisivas. Na verdade são sempre instrutivas e, no momento devido, a Vontade Monádica o eleva e torna a inspirá-lo para que continue esforçando-se em direção à plena automaestria;

Assim, na maioria das vezes, em segredo, e não raro em isolamento, o Caminho que conduz ao interior é encontrado e trilhado.

Page 52: A Senda para a Perfeição

6 – SETE TIPOS DE DISCÍPULOS

Page 53: A Senda para a Perfeição

O ingresso na Senda do Discipulado indica a germinação da semente do Adeptado, inerente no homem;

A tarefa do Mestre é árdua e onerosa, pois Ele precisa trabalhar com a substância e os atributos dos veículos do discípulo os quais ainda carecem de preparo, testes e aprovação;

O verdadeiro caráter e a verdadeira natureza interior do discípulo não estão ainda desenvolvidos em sua íntegra e expressam-se de modo apenas instintitivo;

A instabilidade e a falta de determinação do homem podem, a qualquer momento, empobrecer o discípulo em termos espirituais, desfazendo, senão obstruindo, a obra do Mestre;

Page 54: A Senda para a Perfeição

A idéia dominante de automaestria absoluta não está ainda completamente desperta no discípulo;

O desejo irrevogável de atingir o desenvolvimento mais elevado no mais curto espaço de tempo ainda não está ativo e manifesto no discípulo;

O aperfeiçoamento e o despertar ocorrem com demasiado vagar em determinados casos;

A qualquer momento, a imprevisibilidade do homem poderá fazer cair por terra os planos e arruinar o trabalho do Mestre;

Mas, com extrema habilidade, o Mestre auxilia o neófito, aconselhando-o pessoalmente ou fazendo-o in absentia, de modo que o discípulo sinta a necessidade de contar apenas consigo mesmo.

Page 55: A Senda para a Perfeição

Os temperamentos dos discípulos variam muito de acordo com seu Raio;

Os homens do 1º Raio, homens de vontade, são persistentes e não raro incontroláveis, apresentando-se excepcionalmente dotados de força de vontade, impulsivos e com tendências extremistas. A imprudência envolve-os quando têm um objetivo em vista. Devem tornar-se homens de poder, Senhores da Vontade, adicionando estratégia e sabedoria à sua ardente vontade;

Os discípulos do 2º Raio, homens de sabedoria e amor universais, podem muito facilmente perder o ânimo, sobretudo quando atingidos pelos desastres que são inseparáveis da Senda. A vontade e a ternura do Mestre reabilitam sua fé habilitando-os a analisar as causas da experiência e as formas de prevenção.

Page 56: A Senda para a Perfeição

Pureza, ausência de máculas e firmeza devem ser desenvolvidas por aqueles que um dia tornar-se-ão os Senhores da Sabedoria e do Amor;

Os aspirantes do 3º Raio, homens de intelecto, podem ser frios e calculistas, não conhecendo, em um primeiro momento, o fogo do amor e do zelo. O hábito do quid pro quo (tomar uma coisa por outra) não é perdido tão facilmente. Tampouco é imediata a renúncia ao auto-interesse. Estratégias e táticas tornam-se fins em si mesmas com o tentador prêmio do prestígio por autorecompensa. Homens assim, orientados pela mente, podem tornar-se frios e cheios de argumentos, desprovidos de zelo e impacientes com o comando do Mestre. Orgulhosos de seu poder mental e de raciocínio podem cair nessa armadilha com frequência.

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A visão mais ampla e os pontos de vista mais abrangentes revelam-lhes os erros da miopia mental, embora logicamente fundamentada. E eles então progridem na Senda, tornando-se homens de visão penetrante e Senhores da Luz;

Os homens do 4º Raio, amantes da beleza, sofrem muito com a imprecisão de seus propósitos, com a perda de entusiasmo, com o repentino volte face (reversão abrupta de atitude e opinião) e com os deslizes de inconsequência;

Somente a beleza tem a capacidade exata de tornar a despertá-los, porém, os atributos dos outros raios, estando também latentes neles, devem ser empregados para elevá-los espiritualmente O fogo do gênio alcança-os com mais facilidade do que com certos outros tipos de homens.

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A luz Egóica inspira-os e instiga-os a ímpetos de intensa e fértil atividade. Elevam-se às alturas pela elaboração artística, pela elaboração de obra de arte maior. Tais discípulos tornar-se-ão um dia homens de gênio nas Artes e Senhores da Beleza;

O homem do 5º Raio, utilizando a mente que raciocina em termos formais, emprega método, ordem e precisão em sua Busca. Mas, por isso, pode tornar-se por demais envolvidos em detalhes da vida oculta, perdendo precioso tempo;

É por vezes um labutador e quando desperto raramente surpreende o Mestre com um grande sucesso ou entristece-o com uma lamentável derrota.

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As qualidades dos outros Raios são necessárias para inflamar aquela mente a qual raciocina com frieza e de onde toda atividade tende a brotar;

Contudo, à medida que a Mente Superior cada vez mais se funde com a inferior, e a busca da verdade abstrata contribui para a procura por fatos concretos, os discípulos do quinto raio estão entre os mais úteis a seus Mestres, constituindo os instrumentos mais confiáveis para ação no mundo exterior;

Eles se tornam especialistas na ciência oculta. Tornam-se homens de conhecimento e Senhores da Luz espiritual e intelectual e, por fim, compartilham as realizações de seus irmãos do terceiro Raio.

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Os discípulos do 6º Raio, devotos e entusiastas são, geralmente, de dois tipos distintos: o místico contemplativo, devoto e quieto e o reformador, pleno de sentimentos ardentes, repletos de zelo. Sempre ansiando por estar ativo em alguma causa escolhida;

O místico sofre de morbidez e o reformador de ação mal-orientada;

O discípulo do sexto Raio, que equilibra suas características naturais com aquelas pertinentes ao terceiro e ao quinto Raios, torna-se um gênio da intuição espiritual e do serviço ativo para a realização dos grandes planos;

Ele precisa de perseverança para compensar a mutabilidade característica da emoção, conquanto exaltada, embora ela constitua o motivo principal de seu prosseguimento ativo na Senda.

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A intolerância fanática e a estreiteza de visão e de propósito prendem os pés e retardam o progresso da tais aspirantes;

Até que estejam livres do passado, a tradição poderá mantê-los presos e agrilhoados. Devem vencer os hábitos arraigados, controlar o ardor passional;

Tornam-se grandes santos com paixão sublimada e Senhores do Yoga da entrega e do auto-sacrifício.

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Os discípulos do 7º Raio, homens de poder na atividade organizada, sofrem muito com os interesses pelos assuntos mundanos;

Bastante arraigada em suas Almas está a tendência de expressar, na total magnificência da aparência exterior e até mesmo com pompa e circunstância, aquele esplendor que eles concebem como sendo o mais elevado atributo da Deidade;

Ocultamente despertos pelo progresso evolucionário, orientados e inspirados por seu Mestre, eles percebem, com crescente intensidade, os lugares relativos da nobreza espiritual e da realeza mundana. Atraídos de modo irresistível pelo esplendor, magnificência e pela abundância sem limites, percebendo-os como atributos do Deus na Natureza e no homem, eles procuram a vida principesca,

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cavalheiresca, e trilham o caminho da realeza. O karma inevitavelmente os treina, limitando-os assim que ingressam em uma senda a qual pode apenas ser trilhada por Almas repletas de profunda humildade;

“Exalte a vida mesmo quando estiver usando a forma. Aperfeiçoe e embeleze a forma como veículo para a vida. Simplifique e controle a forma assim aperfeiçoada e submeta-a às exigências da Vida que se tornará manifesta”. Assim aconselham o Destino e os Mestres. Obedientes, eles buscam a vida interna na Natureza e os poderes secretos do homem;

Os seres humanos do 1º, 3º, 5º e 7º Raios são irmãos espirituais.

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Juntamente com os pertencentes ao 4º Raio, os ocultistas do 7º Raio procuram, através do corpo e da mente, a expressão precisa e bela daquele régio poder o qual percebem na Deidade e cada vez mais reconhecem como sendo seu próprio atributo superior;

Penetrando profundamente nos mistérios ocultos, a mágica passa a ser seu instrumento. O cerimonial oculto, os Ritos sagrados, a intercomunicação entre devas e homens, a geração, a evocação e a distribuição de poder espiritual com a finalidade da vitória da luz sobre a escuridão, da vida sobre a forma – tais pontos lhe dizem respeito à medida que avançam para tornarem-se homens nobres e Senhores da Beleza e do Poder.

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Estes vários tipos de homens, bem como as combinações destes tipos, progridem nos estágios da condição humana e apresentam-se à Hierarquia dos Adeptos, buscando a luz e dela necessitando. Ninguém pode ser recusado. Por férrea lei, a orientação deve estar de acordo com cada um deles em sua procura por aquilo a que aspiram. Escolhem-se Mestres entre os Adeptos, e inicia-se a grande prova para cada um dos discípulos a qual terminará em gloriosa e duradoura vitória ou em humilhante, ainda que temporária, derrota. O divino que se encontra no interior da humanidade é invencível mesmo quando sua corporificação humana desce à constante derrota. O mestre sabe disso e jamais deixa facilmente seu discípulo partir, por mais recalcitrante que ele ou ela se torne. A derrota final é impossível. O sucesso derradeiro é assegurado. É apenas o tempo necessário à realização que está em jogo e, para diminuir esse período, os Mestres tomam como discípulos aqueles que avançaram o suficiente para desejar o privilégio de servir com maior eficiência e viver com maior êxito. É importante para a humanidade o fato de que jamais deixará de ser notado alguém que estiver preparado. Aquele cujo Ego assim se candidatar, jamais será recusado. A Fraternidade de Adeptos serve à humanidade com imaculada precisão e perfeita sabedoria

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7 – O MESTRE É ENCONTRADO

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A oportunidade é a indicação, por parte da Natureza, de que a Alma humana se aproxima da perfeição;

A oportunidade bate à porta da casa onde reside o homem exterior para trazer a mensagem de que o Eu dentro dele está prestes à florescer;

A oportunidade assume muitas formas, embora seja, em todas elas, a mensageira do mundo exterior para o homem interior. Trata-se do verdadeiro sinal de que se está pronto para a grande Busca;

Até que as portas se abram amplamente por si mesmas, o pleno sucesso nesta Busca encontrar-se-á postergado. Portas fechadas constituem o sinal de que o trabalho interior permanece ainda por fazer, que as dívidas não foram pagas, que a força não foi desenvolvida e que a sabedoria continua insuficiente.

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Os que procuram os pés do Mestre e ainda encontram o caminho fechado devem examinar com muito cuidado cada aspecto de seu caráter e, mantendo claramente a idéia do Mestre diante de si, eles devem engajar-se no auto-desenvolvimento preparatório;

Quando é chegada a hora, as portas se abrem e Uma vontade em seu interior dirá “Venha comigo”. É o guia especialmente enviado para conduzir a Alma ao longo do inusitado Caminho, Trata-se do amigo, predestinado desde o passado, o qual apontará a Senda;

Surge então a Senda em si, talvez inicialmente agradável, beirada por perfumadas flores e acessível aos pés do peregrino.

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É possível vê-la estender-se à distância, conduzindo a picos distantes, passando por lugares ermos e desertos onde flores abrem o caminho para areias desérticas, a passagem suave se transforma em rochas e espinhos e ventos mornos passam a ser gélidas lufadas que se acometem sobre o viajante, enregelando o seu próprio coração. A Alma é revigorada nessas situações, pois o espírito e a força de vontade são assim testados;

os amigos falham, o que se prometeu é retirado, as multidões demonstram escárnio, os inimigos realizam suas investidas, a desventura está no encalço do peregrino na Senda cada vez mais íngreme;

A alegria da porta recém-aberta, o aconselhamento do Amigo sempre presente, o Mestre, o conforto e a felicidade das flores relativos à primeira descoberta agora dão lugar à difícil labuta, à íngreme ascensão e à crescente solidão.

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Aqueles que desejarem prosseguir deverão, neste momento, provar-se firmes em seus corações;

Mostra-se o valor dos anos de espera em que se desenvolviam força e caráter. O viajante necessitará deles agora para manter-se sábia e perseverantemente no Caminho;

Mais uma vez ouve-se a Voz:

“Persevere, ó peregrino. Ultrapasse os seus testes, Não permita que fato algum o desencoraje agora; pois descendo a montanha está Aquele que você procura, o Mestre que lhe tem observado à distância. Percebendo agora as suas vitórias, cônscio da fibra de sua Alma, Ele chega para alegrá-lo e auxiliá-lo neste Caminho cruel e cortante qual o fio de uma navalha. Ele conhece bem a Senda, uma vez que a trilhou até o fim.

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Ele é seu Instrutor predeterminado, seu Guia predestinado que o conduzirá às sublimes alturas, ligado a você e a Sua tarefa por laços do Espírito e por obediência à Ordem à qual Ele pertence, a Fraternidade Daqueles que iluminam o Caminho. Mantenha-se avançando em Sua direção, mesmo que você ainda não O veja. Fixe com firmeza seu olhar além, caminhe com cautela e cuidado, mas continue; pois Ele se aproxima” E, afinal, ocorre o grande acontecimento para o qual as portas

abertas mostraram ser um sinal. O Mestre que tanto aguardou a chegada da Alma peregrina veio ao seu encontro na Senda ascendente. O futuro discípulo contempla-o face-a-face. Em Seus olhos, ele vê o conhecimento total de toda a dor que suportou e de toda a lagrima por ele derramada. Tudo o que o aspirante já foi e já fez, todas as suas alegrias, esperanças, quedas e temores são conhecidos, Apesar das quedas Ele vem recebê-lo, e o conhecimento total brilhando em seus olhos traz perfeita paz e evoca o máximo de confiança.

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Feliz o futuro discípulo que percebe o conhecimento que seu Mestre possui a seu respeito e confia Nele desde o início. Infelizes são aqueles que , tendo realizado a jornada até aqui, encontram-se em dúvida e são tentados, tendo sua paz ameaçada. O abandono do caminho ascendente existe para eles de forma potencial. Mas o Mestre, ciente disso, segura e ampara o andarilho e com sua Voz vibra uma música em seu coração e o encoraja;

Esse encontro Instrutor-neófito foi preestabelecido e marca um momento de sua vida enquanto aspirante, a realização de um desejo há muito nutrido e de uma antiga esperança: o encontro face a face com o Mestre. Tal experiência chega para todos aqueles que possuem ardorosa aspiração, que se preparam e planejam sua Busca com sabedoria, fundamentando suas esperanças na força interior, em um caráter estável e no amor invencível e inexaurível para com

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todos os homens e para com tudo o que vive. Pois assim é o amor do Mestre, e semelhante atrai semelhante para o predeterminado local do encontro;

Juntos agora, olham para a estrada que se estende atrás deles. O Mestre aponta o significado, a mensagem e a causa de cada experiência, e aprofunda-se o entendimento das misteriosas leis da vida. Eles olham à frente, e o Mestre indica os estágios do Caminho, as provações e as dificuldades bem como as formas em que podem ser superadas. Olha também para dentro da Alma do discípulo, avaliando poderes e fraquezas e planejando o progresso que deve ser feito;

Assim, o discípulo vem a conhecer a si mesmo; compreende seu passado e prevê seu futuro e sua meta. Já não há mais dúvidas ou questionamentos.

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Estando ao lado do Mestre, ouvindo Sua voz, internamente iluminado por Sua Presença e Seu Poder, o discípulo sabe com toda a certeza que este é seu Caminho, e nenhum outro poderá jamais atraí-lo;

Abaixo e à distância, mas ainda bastante visível, destoante com as vozes dos mercadores a proclamar mental e fisicamente o valor de suas mercadorias, seus preços e os outros pagamentos que elas exigem, ouve-se e vê-se o desassossego do mundo. Olhando atentamente nos olhos do Mestre, o discípulo sabe que seu trabalho está no mundo e que, por sua vez, deverá agora tornar-se o guia de outras Almas questionadoras;

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Em meio à discórdia podem-se escutar várias harmonias. Homens e mulheres corajosos lutam contra os males de onde provém a discórdia. Almas que estão despertando aguardam que se abram as portas, que se aproxime o Guia Espiritual. “Ninguém jamais chamará ou aguardará em vão”, diz o Mestre, “Seja você o guia deles como alguém o foi para você”;

O companheirismo discípulo-Guru é completo. Mesmo que o pupilo falhe, o Mestre não retira seu amor nem deixa de mostrar a direção da Senda ascendente. “Nenhum erro é definitivo”, diz Ele, “Nenhuma falha é irredimível”. Expie, portanto, e transforme sua queda em um degrau para chegar à sabedoria maior e à diminuição dos erros. Cada falha remediada conduz à ausência de falhas, a qual constitui o objetivo.

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8 – A SENDA E O OBJETIVO

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A Alma peregrina, serena em seu interior - por mais tentada que esteja exteriormente – busca a nova fase de sua jornada. Encontra agora o Caminho ainda mais íngreme e pedregoso. Armadilhas ameaçam e emboscadas fazem com que se acautele e se precavenha. A sabedoria aumenta após cada esforço bem sucedido. Seus pés tornam-se mais firmemente estabelecidos na Senda;

O Mestre observa-o sempre e aparece de quando em quando para trazer-lhe novas tarefas, dar conselhos, preveni-lo e encorajá-lo;

A camaradagem é desfrutada entre outros pupilos do mesmo Instrutor, bem como entre aqueles de outros Mestres e Escolas. Todos estão preenchidos de um mesmo desejo: conquistar o eu e servir ao mundo.

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A visão desperta. A carne perde o poder. O corpo é aberto como se fosse uma tumba, removendo-se a “pedra” que o lacrava. O Yoga liberta a Alma que se revela mais elevada, pois passa a conhecer diretamente as leis básicas da vida, obedecendo-lhes. Distingue os poderes e as inteligências a partir dos quais continuamente ocorrem a emanação ordenada e a “perfeição” ordenada do Universo. É agora um homem, amadurecido, capaz de manter-se ereto e sem medo perante as Inteligências e os poderes mais elevados na Natureza. Compreendendo-os. O Poder descende das alturas Monádicas iluminando-o e fortalecendo-o, e assim é trilhada a Senda;

O teste final aguarda-o ainda. Agora ele deve ser encarado, e a vitória final conquistada. É a prova maior de altruísmo, da sujeição última da percepção de ser um eu separado.

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O pensamento do Eu-sou-Eu tem sido inerente à sua Alma por longas eras. O sentido da “seidade” está impresso de forma quase indelével nos próprios átomos de seus veículos. Este conhecimento relativo ao Eu-sou-Eu está gravado em sua mente, impresso nos seus nervos e no seu cérebro, herdado de incontáveis ancestrais. O profundamente arraigado sentido de “seidade” não será extinto com um gesto da vontade e da mente. A quase inextirpável convicção pode apenas ser apagada por vidas de paciente esforço mental e altruisticamente vividas;

Cada experiência da Senda o terá auxiliado. A percepção da Unidade de tudo expande a amplia sua consciências;

As tragédias de perda após perda de tudo o que ele tinha de mais querido, o despojar sua Alma de todo o poder e circunstância externos, o crescente despojamento, pelo qual passou, tais fatos servem para diminuir a energia do pensamento comum da existência de um eu separado.

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Quando chega o derradeiro teste, ele se encontra em parte preparado, mas não integralmente. Nas profundezas de seu Eu interior permanece a marca do pensamento de ter sido criado distinta e separadamente de todos os outros seres da Terra. Agora aquele recôndito núcleo de “seidade” própria deve desaparecer, ser incinerado, extirpado, banido para jamais retornar.;

Inicia-se portanto a abrasadora provação ao final da qual o eu terá desaparecido, restando tão-somente altruísmo. Um a um os auxílios exteriores se dissipam. Amigo após amigo morre para ele ou parece falhar. Organizações. Causas. Movimentos dos quais recebeu apoio enquanto para eles trabalhava – nada disso o sustenta agora.

Interiormente, o sentido de solidão e isolamento aprofunda-se. Não há guia ou amigo. Nem o Guru Adepto pode ajudá-lo agora.

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A Alma deve permanecer sozinha, em cósmica solidão. Surge então o conhecimento de que não há auxílio fora dele mesmo, nenhum Deus a quem possa voltar-se em preces, nenhum Mestre de quem receber algum poder;

Nada existe na vastidão do vazio a não ser o que ele concebe como ele mesmo. Trata-se de indescritível agonia estar assim só, agonia que se transforma em terror, do sofrimento pelo que parece ser uma traição covarde por parte de todos a quem deu sua confiança, uma desilusão na perda do amor, pois não parece haver alguém para verter tal amor;

Neste frio Universo, ele é obrigado a voltar-se para seu interior, para aquilo que pensava ser ele mesmo, e por fim, descobre que não há um eu separado, mas apenas o Grande Eu Uno de Tudo.

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Maravilhado, ele explora esta nova experiência, aos poucos entrando no estado de total ausência de eu;

Paradoxos não podem introduzir-se aqui, pois baseiam-se na separatividade e, nesse momento, ele se encontra diante do Uno apenas;

Quanto mais profunda sua exploração, tanto maior a Unidade que o envolve. Sua antiga maneira de sentir o eu expande-se de maneira incomensurável. Parece-lhe ser ele próprio que se estende em inúmeras formas de manifestação do Uno;

Finalmente não há mais possibilidade de expansão. O eu separado se vai; apenas o Uno permanece, e com o Uno ele se identifica. A tempestade passa. Todos os temores esvaem-se para sempre. A solidão nunca mais irá tocá-lo.

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A escuridão e o vazio se foram. Não tinham existência real salvo enquanto estados de consciência nascidos da ilusão do caráter de separação do eu;

A vida imortal agora lhe pertence pois ele se identificou com a Vida Una Imortal. Assim ocorre com o Adepto, com todos os Adeptos quando o Eu separado é reabsorvido, em total consciência, de volta ÀQUILO em que não pode existir qualquer estado de separação;

Assim é a Senda que se estende diante de todo aquele que busca, encontra e experimenta trilhar o Caminho ascendente. Cada um que é bem sucedido torna a Senda mais fácil para os outros.

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9 – A PRIMEIRA INICIAÇÃO

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Quando o Mestre considera que seu discípulo está suficientemente avançado para ser capaz de passar pelos testes Iniciatórios, Ele o apresenta à assembleia de Adeptos e Iniciados deste planeta;

É um encontro quase sempre superfísico, em um local dedicado a

tais ocasiões; Quando a cerimônia é totalmente superfísica, o corpo do

candidato está profundamente adormecido, tendo o carma físico fornecido tal oportunidade e sendo ele mesmo parte do teste de preparação para o progresso futuro do ponto de vista kármico; pois as circunstâncias de um homem e sua reação a elas refletem o estado de sua consciência, o grau de seu desenvolvimento evolucionário e o estado de sua conta kármica;

As circunstâncias são o guia mais seguro de um homem no que tange a estas questões e representam um fator importante puramente físico no desenvolvimento oculto.

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O ambiente, a condição e a oportunidade foram conquistados conforme a lei, e é por isto que revelam de maneira tão fiel a condição interior de um homem bem como sua relação com a natureza e com os outros homens;

Todas as oportunidades do discípulo de servir e de entrar em contato com o Mestre e a Fraternidade de Adeptos são conquistadas pelo discípulo e são parte de seu karma;

No verdadeiro momento da Iniciação, todas as forças e influências convergem para aquele momento. As configurações zodiaciais e planetárias, tanto no nascimento do discípulo quanto na hora da Iniciação, indicam a potencialidade e o grau de preparação para o Rito;

Os próprios incidentes de contato com os Iniciados e com um Adepto expressam tanto o tranquilo trabalho da natureza

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dentro da Alma humana e sobre Ela, como também a resposta favorável daquela Alma. Nada ocorre por acaso, seja em reinos temporais ou espirituais. Tudo é primeiramente previsto como potencialidade latente, que é aos poucos desperta e desenvolvida e, no momento devido, acelerada por estímulo e treinamento oculto para que se alcance o estado desejado;

A natureza faz concessões com cuidado infalível para os retardatários e para os que estão avançados na evolução, fornecendo com perfeição o que é necessário e o que é de direito para ambos;

Qual Isis, ela recebe, recepciona, auxilia, adota e cuida do aspirante, morto para as ilusões do mundo exterior, vivo para as realidades dos reinos interiores.

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A natureza deve dar seu consentimento antes que possam começar as demoradas preparações e antes de ser realizada a grande cerimônia;

A semente do Adeptado deve existir e estar germinando na Alma do aspirante. A Mônada faz com que aquela semente frutifique. Seu poder flamejante é enviado em resposta à invocação, pelo Mestre, no momento da aceitação do discípulo;

O Mestre ajuda com suma habilidade a planta jovem que se desenvolve dentro do Eu Superior. As raízes terão crescido com firmeza no “solo” da mente, do coração e da vida física, tirando dali o necessário ao seu sustento, pois o Adepto é fruto do idealismo e do esforço feito pelo homem exterior através de muitas vidas.

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Finalmente começa a vida das vidas, aquela encarnação na qual será dado o primeiro Grande Passo de homem para Super-homem;

O idealismo ativo e a intensidade do esforço indicam a condição desperta do Eu Superior e de seu poder para influenciar cada vez mais o homem inferior;

Profundas experiências psicológicas, expressivas do trabalho de um nascimento espiritual, e a transferência da consciência do intelecto concreto para o abstrato e da atitude autocentrada para a altruísta trazem tanto sofrimento quanto alegria, e destes precursores da sabedoria nasce o Iniciado.

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Um Adepto dos mais elevados escalões da Hierarquia Oculta é escolhido para presidir a Iniciação. Abaixo dele é constituída uma Loja. Dois Mestres próximos do discípulo, por afinidade de Raio e de proximidade em encarnações anteriores e na atual do discípulo, apresentam o discípulo ao Iniciador e aos Irmãos reunidos na Assembleia;

A Fraternidade dos adeptos reúne-se para proteger o botão recém-aberto. O Iniciador Único (o Senhor do Mundo) nesta Terra clama pelo fogo concentrado do Senhor Solar, para que chegue ao âmago da flor que lentamente se abre;

Com palavras poderosas e de som majestoso, o Hierofante Adepto traz aquele poder do Sol Espiritual para avivar a chama do Eu Interior e romper a membrana que o encobre, a qual até agora protegeu o germe.

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O eu individualizado, com seu senso de existência separada, nascido há muito tempo no momento da entrada consciente na humanidade, vindo dos hábitos e instintos do animal, deve agora ser renunciado, deve agora desaparecer;

O estado autocentrado é repudiado para sempre pelo Eu Superior do Iniciado. A unidade do Eu com o Eu Maior do Universo é obtida. Quando todos os sinais tiverem indicado o correto grau de preparação, o Iniciador realiza o ato Iniciatório final, no qual morre o antigo Adão e nasce o Cristo Interior.

Visivelmente, de acordo com o grau de hierarquia a que pertence o observador, uma coluna de fogo estende-se desde o local terreno onde a Cerimônia se realiza até o Sol brilhando acima em total esplendor. O candidato é incluído e encoberto por esta coluna em sua extremidade inferior.

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Acima, o Eu Superior do Iniciado brilha radiante com novos raios solares e esferas concêntricas de luz solar;

No topo, a Mônada brilhante e flamejante como estrela prateada na glória do sol espiritual, é temporariamente unificada formando três em um e um em três com o Ego e a personalidade do candidato;

Abaixo, à distância, a forma adormecida, guardada pelas Hostes Angelicais, recebe o esfuziante poder e é vitalizada em suas diversas partes com uma nova capacidade de resposta à sabedoria, ao amor e ao intelecto superior;

Tendo o Candidato passado por todos os testes, o rito é finalizado, é conferido o título de cavaleiro espiritual e esta benção é compartilhado por tudo o que vive.

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O Hierofante retira-se, são feitas as apresentações aos membros da Fraternidade. São realizados os cumprimentos e, por vezes, fazem-se planos para o trabalho futuro;

Quando a manhã chega a Alma retorna para despertar em sua forma física adormecida e para transmitir-lhe, aos poucos, os frutos da experiência daquela noite

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10 – A VIDA DO INICIADO

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O efeito principal sobre a consciência, da passagem pela primeira Iniciação nos Grandes Mistérios consiste no despertar para a atividade e no desenvolvimento acelerado daquele princípio do homem em que reside a faculdade da percepção espiritual direta;

O Eu Superior do Iniciado ingressa no nível de consciência onde a dualidade daquele que conhece e daquilo que é conhecido começa a ser transcendida, enquanto é percebida a unidade de ambos os aspectos;

Este é o novo poder conferido pela Iniciação – compreender a unidade, com percepção e conhecimento a partir do interior e não do processo exterior, até então empregado. O objeto é conhecido a partir de dentro de si mesmo. A observação externa através do princípio humano da mente é suplementada pelo conhecimento interior direto através do princípio da intuição.

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A unidade com o Eu Uno de tudo e com todos os outros Eus é compreendida de forma consciente durante o processo de Iniciação;

O Iniciado goza da plena percepção de que “Sabe que é Uno com tudo”. E com isso, conhece tudo a partir de dentro, em sua natureza interior e essencial;

Ele vê cada objeto a partir de fora e intuitivamente sente com ele a partir de dentro. Assim o conhecimento é obtido de modo rápido e profundo, pois ele começa a ser um verdadeiro vidente capaz de atravessar a forma externa e conhecer a vida interior. Tudo o que entra no âmbito de sua consciência é percebido na totalidade e não parcialmente como o fora até então.

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O efeito desta experiência sobre o homem exterior é a simplificação de suas ideias. A diversidade de desejos, a variedade de conceitos, a multiplicidade de interesses, tudo vais aos poucos sendo reduzido, o que culmina em unicidade de mente e propósito;

O descontentamento com a forma desaparece com o contentamento com a vida. A saciedade com os fatos dá lugar à satisfação com os princípios. Assim, ele pode ser encarado como um simplório pelos que são mundanamente sábios. Contudo ele é conhecido como pessoa simples pelos que são espiritualmente sábios;

O símbolo de tal abençoado estado de Unidade e simplicidade é o do recém-nascido e a Iniciação que o produz é descrita como uma Natividade.

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O Iniciado é como uma criança recém-nascida com a vontade de satisfazer a fome por compreensão mais completa de sua unidade com a Vida Infinita do Universo;

Agora são as profundezes muito mais que as alturas que o atraem, à medida que ele mergulha de forma consciente na Fonte da existência que, para a mente está dentro dele e de todos os seres e coisas;

Esta busca retira uma parte da consciência superior do viajante das preocupações da vida mundana. Sua preocupação por posses, que não as que podem ser imediatamente usadas por ele, diminui. Ele torna-se cada vez mais desapegado deste mundo. Não busca mais pela multiplicidade de fenômenos, mas sim pela crescente compreensão da totalidade da Vida.

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A Vida em tudo que agora representa o ambiente principal do Eu Superior do Iniciado é a própria Alma de todas as Almas, o Princípio que anima o Universo.

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11 – DIFICULDADES E PERIGOS NA SENDA

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o recém-Iniciado enfrenta muitos problemas internos e externos;

São exigidos muitos ajustes à medida que ele aos poucos aprende a viver como alguém que conhece a unidade da Vida e de tudo o que vive;

A auto-identificação com aquela Vida ocorreu por um breve momento durante o Rito Iniciatório, mas não pode ser continuamente mantida num primeiro momento;

Mas a lembrança da experiência influencia-o e o fato da unidade da vida irrompe com crescente frequência em sua mente;

A semente da onipresença frutifica e se desenvolve rapidamente, produzindo a experiência da unidade.

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Isso requer reajustes em suas relações com os outros homens. O bem estar espiritual dos outros torna-se sua principal preocupação, e todo contato mantido guarda em si o motivo de auxiliar, jamais dificultar, as pessoas em seu caminho ascendente.

Todos invariavelmente são vistos como irmãos peregrinos trilhando a Senda para a Perfeição;

Seus chamados inimigos – e seu contingente pode aumentar por determinado período – não lhe causam mais ressentimento ou qualquer reação de sua parte;

Reagir significaria atacar a si mesmo e a tudo o mais que vive.

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A não resistência ao mal a ele dirigido e a forte defesa dos outros que são atacados tornam-se os princípios que guiam sua vida;

Ele reprime a combatividade e retém as precipitadas palavras de autodefesa;

Hábitos da mente, da palavra e da ação que expressam separatividade devem ser suprimidos e superados;

Lentamente a unidade em pensamento, palavra e ação domina e configura seu caráter e sua auto-expressão. Isso produz quietude, uma postura interior que deve ser mantida;

Ele vive cada vez mais a condição de alguém que ingressou em um mundo silencioso, um reino de pensamento e existência onde tudo repousa tranquilamente.

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Mesmo em meio às tempestades da vida, dos conflitos e do sofrimento inseparável da rápida liquidação de seus débitos kármicos, uma parte dele se mantém tranquila nos reinos de consciência mais elevados;

Ele se torna estável como uma rocha em meio às tempestades, imóvel porque enraizado na fonte infinita de sua própria existência;

Assim, o Iniciado cresce, desenvolve seus poderes, enfrenta suas provações, paga seus débitos e estabelece-se, em relação à vida e à existência, na atitude que Lhe é própria de Iniciado;

Sob o constante estímulo do poder Iniciatório estabelecido em seu interior, o Eu Superior se desenvolve, e a vontade e o intelecto se tornam mais fortes e profundos.

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Foi o Fogo Átmico trazido pelo Iniciador Único que opera sem cessar tirando da latência as sementes de todas as faculdades e poderes específicos de seu Raio;

A Corrente de força que Lhe foi impressa opera sem cessar, estimulando-o espiritualmente e conferindo poderes pessoais, dotando cada pensamento, cada palavra e cada ato de uma potência e, portanto, de uma responsabilidade que não costuma estar presente na mesma intensidade nas fases pré-iniciatórias;

Este é o Atmã do Logos Solar com o qual, através da meditação dos Logoi intermediários, do Senhor do Mundo e do Hierofante Adepto, o Ego do Iniciado encontra-se pela primeira vez diretamente ligado, em consciência e poder.

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Tal descensão, bem como a unidade mais consciente com a Fonte central, poderosamente vivifica o Eu Superior em evolução, estimula com grande vigor todos os processos evolucionários e, tanto quanto o eu inferior possa responder de modo inteligente, acelera o progresso em direção ao Adeptado;

A tensão é, portanto, inseparável da vida da Iniciado. Aplica-se constante pressão, vinda do interior, a ambos os eus, Superior e inferior;

A unidade com todas as outras vidas desperta um crescente senso de responsabilidade com relação a elas;

O pesado karma adverso do mundo inteiro é sentido como uma carga em seus próprios ombros, um sofrimento inevitável em seu coração;

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É impossível que não se torne um homem com aflições devido ao sofrimento da humanidade, o qual ele compartilha e devido ao sofrimento próprio que deve suportar à medida que seu karma é forçosamente precipitado e harmonizado;

Mas em seu interior ele é apoiado pelo conhecimento da vida superior, uma força crescente e um êxtase que se renova à proporção que sua consciência interior se expande;

Fundem-se as mentes superior e inferior e esta última ilumina-se com conhecimentos ocultos adquiridos em vidas passadas. O eus precedentes de vidas passadas compartilham com o homem atual o seu conhecimento e o seu poder. A visão e a memória restituem-lhes os frutos de vidas passadas para sempre armazenadas na mente superior, sendo agora conscientemente recebidos pela mente inferior e pelo cérebro.

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A visão da vida e o direcionamento da ação tornam-se cada vez mais intelectuais e aqui repousa o perigo. A mente é a assassina do real;

O egoísmo, a vaidade e o orgulho da realização do objetivo ameaçam a simplicidade e o altruísmo puros do “recém-nascido”;

Ele deve estar em guarda a fim de que não se introduza tal impureza, que é a mácula do eu;

Por vezes ele se sente Divino à medida que o poder solar efunde-se por dentro e através dele. Seus poderes mentais parecem extremamente brilhantes enquanto o intelecto expande-se. “Acautele-se quanto ao orgulho”, alertam seus superiores ao observarem seu poder e confiança crescentes.

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12 – AS SEGUNDA E TERCEIRA INICIAÇÕES

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Evitados os perigos do egoísmo e do orgulho, pelo menos temporariamente, e estando ainda a humildade pura a marcar seu pensamento e sua vida, o Iniciado é mais uma vez apresentado perante uma Assembléia de Adeptos;

Um segundo e mais elevado Rito Iniciatório é realizado permitindo ingresso em um grau mais elevado nos Grandes Mistérios;

Pelos canais abertos na Primeira Iniciação e, aos poucos ampliados desde aquele momento, ele atinge uma penetração mais profunda no oceano ilimitado da Vida Una, recebendo uma medida muito maior de poder solar;

Camadas mais recônditas do intelecto são postas em movimento e profundezas da mente antes não tocadas são acessadas pelo poder flamejante e postas em harmonia com a Mente Solar.

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A vivificação mental é agora intensa. Todo a compreensão e mesmo todo o conhecimento parecem pertencer a ele;

Toda a mente composta pelo intelecto superior e inferior, agora unificados, expande-se de modo maravilhoso, e se o Iniciado do Segundo Grau for, por temperamento, um estudante, ele crescerá muito em compreensão e conhecimento;

O perigo que o ronda também aumenta nesse momento. O orgulho poderá levá-lo ao egoísmo excessivo, à mentalidade fria e sentido de auto-separação;

O fracasso aparece para muitos aspirantes neste estágio. Em suas personalidades eles podem retroceder, mesmo por muitas vidas, à egoísta e separatista do período pré-Iniciatório.

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Mesmo assim, a menos que rejeitem completamente a Senda e se tornem inimigos daqueles que até agora os ajudaram, o Poder interior estará em contínua atividade dentro deles;

O trabalho é um dos grandes protetores contra a ruptura final com os Mistérios. Empenhar-se por uma causa nobre, sobretudo pela melhoria nas condições humanas, servirá como uma ponte a ser atravessada da fase do orgulho intelectual para aquele da visão e humildade espirituais;

Agora a Senda conduz a alturas maiores por caminhos mais íngremes. A transformação do homem inferior à semelhança do superior deve ser realizada. A carne deve tornar-se subserviente ao Espírito.

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Em preparação à futura decensão do Fogo Monádico, quando será alcançado o objetivo do Adeptado, a luz do Eu Imortal deverá brilhar através do corpo mortal;

Um período de retiro e isolamento costuma ser concedido ao peregrino cujo intelecto encontra-se enaltecido na presença daquela Sabedoria que está corporificada em toda a Criação;

O imenso oceano da Vida onde ele primeiramente ingressou no momento do nascimento espiritual terá sido profundamente explorado, e agora aquele Ser cujo veículo é por ele representado atrai à Sua Presença o peregrino em ascenção;

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Ele vê diretamente que as águas da Vida eterna estão imbuídas de consciência. A Inteligência permeia essas águas. A Vida de Deus onipresente é veículo para sua Onisciência – e é à Presença da Deidade Onisciente que o Peregrino comparece;

O esplendor e a tranquila força daquele Poderoso Ser, que é o Agente e a Corporificação da Mente Una Universal, o Demiurgo encarnado na Vida que anima o Universo, são inspiradores de profundo respeito e reverência;

Uma poderosa Figura é vista pelo Iniciado nesta grandiosa experiência, radiante como mil sois, fulgurando com o esplendor daquele Fogo e Luz eternos com os quais Ela coroa a si mesma.

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“Eu sou o Real em meio ao irreal”, canta então a Voz. “Eu sou a Luz além da escuridão, a Imortalidade para a qual, da morte, todos os homens ascendem. Venha tu a Mim”;

Então o Iniciado é recebido Naquele que é o Coração de toda a Criação, assim como, quando o discípulo foi recebido no coração de seu Mestre;

Nessa condição, absorvido para o interior do Coração do Ser, arrebatado por algum tempo ao próprio Centro e Origem de toda Vida, seu intelecto é enaltecido e seus veículos de consciência transfiguram-se;

Ali ele permanece, ainda que temporariamente, livre de quaisquer máculas do eu. Ele vivencia tal exaltação do intelecto que segue a total renúncia por parte do intelecto ao estado do eu-sou.

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Somente quando o eu estiver morto pode o completo estado de ausência do eu ser alcançado e obtida a união com o Eu Uno de Tudo;

Esta, em termos de consciência, é a experiência para a qual é elevado o Iniciado do Terceiro Grau, o transfigurado. Mas ela mais uma vez não está só. Os Adeptos reunidos testemunham seu triunfo e assistem sua realização, a maior conquista da Alma desde sua formação;

As tentações e os testes durante a passagem por tal estágio são quase insuportáveis. Os encantos do poder mundano e da eminência intelectual fazem-se quase irresistíveis;

A Senda para a grandeza e para o serviço eficaz parece envolver a aceitação da estimativa que o homem faz de sua estatura.

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O mundo lhe pede libertação pelo poder intelectual. O ofício, que o tornaria um líder dos homens, abre-se diante dele. Contudo, a aceitação do mesmo poderia fazer dele um escravo da ilusão da separatividade do eu, e o orgulho exerceria suas tentações;

Sua visão do real e do irreal deve ser clara naquele momento. A intuição deve penetrar em meio à fascinação pelo sucesso, tornando perceptíveis a isca e a armadilha nele contidas; O não-Eu deve ser rejeitado em favor do Eu Uno. E exterior em favor do interior. A Senda conduz para dentro e não para fora, conduz da circunferência para o centro;

Apenas um ofício é aceitável nesta hora: aquele selecionado para ele pela Fraternidade de Adeptos à qual sua vida pertence, e tal ofício não é escolhido para ele pelo mundo.

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O trabalho do Hierofante exige abnegação e autoentrega, A liderança mundana dos homens mundanos pode conduzir à autopromoção e, assim, à derrota. Nesta hora o Judas no interior do homem espreita nas sombras, esperando o momento de trair. Este é o teste que antecede e sucede a Iniciação da Transfiguração e por ele terá passado todo o Iniciado transfigurado, a fim de poder encontrar-se entre os seus Companheiros;

Ocorre assim o total retraimento da consciência, partindo de tudo o que se assemelha à forma e chegando ao interior do Coração da Vida;

O Iniciado é recebido pela Vida e é coroado por aquele Poder Deífico do qual a Vida Eterna é o veículo. Nunca mais a forma necessitará iludi-lo e aprisioná-lo, ainda que ele precise retornar à vida da forma, pois agora ele conhece a Vida Eterna Uma e tornou-se um, com Aquilo que nele habita.

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13 – AS QUARTA E QUINTA INICIAÇÕES

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A última provação conducente ao triunfo final, deve ser agora enfrentada. Transfigurado no alto, o Iniciado do Terceiro Grau descende às profundezas por vontade própria. O mundo dos homens deve recebê-lo, ainda que pela última vez. Dívidas pendentes devem ser pagas às nações e aos indivíduos. A natureza exigirá o máximo para que sejam pagas integralmente todas as dívidas contraídas. Toda a dor infligida através de suja longa série de vidas, a qual não tenha sido por ele ainda sanada, deve sê-lo neste momento;

A balança ainda pende contra ele. Através de suas setecentas vidas humanas ou mais, ele terá transgredido a lei da fraternidade, ferindo o próximo. Tudo agora deve ser pago de volta. Tudo o que ele feriu e não sanou deve agora feri-lo para que o equilíbrio perfeito seja obtido.

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Assim, por sua vontade. Ele deve descender das alturas espirituais, nas quais foi transfigurado, para o mundo dos homens onde afigurar-se-á aviltado. Não é ainda o momento de sua derradeira absorção Naquilo com o que temporariamente se unificou. Não é ainda a hora de sua libertação final da humanidade e de todos os seus infortúnios;

Mas a lembrança das aturas está nele presente. O poder da Mônada o apoia. O auxílio infalível daquela Vida na qual ele busca um dia desaparecer é agora para ele seguro, mesmo que a Paixão do sofrimento associado à Quarta Iniciação possa temporariamente privá-lo do conhecimento;

Ele anda em frente, na direção de seu objetivo, ingressando no mais cruel dos tribunais, o falso julgamento da humanidade.

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Ele ainda não é um Adepto e por isso demonstra fraquezas. Ainda não está livre de seus débitos e, por isso, permanece vulnerável. Continua homem e por isso revela humanidade. Sua honra é atacada. Sua régia postura provoca escárnio de homens menores e sua pureza de vida é objeto de zombaria;

Se tem poderes ocultos, com os quais pode defender-se a si mesmo, não lhe será permitido usá-los agora. Poderes sobrenaturais podem apenas ser usados para o trabalho da Fraternidade e para o auxílio de certos homens, jamais para si;

Embora um homem de poder, ele está impotente e indefeso. Mas assim deve ser pois o Absoluto Altruísmo constitui seu objetivo.

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Atingido por cruéis golpes, não tarda o momento em que ele se vê envolto pela escuridão e a dor que o cegam. Seu cérebro paralisa-se pela agonia e por algum tempo sua visão espiritual é perdida, fazendo-o sentir-se totalmente só. Apenas sua vontade interior, invencível, mantém-se durante toda essa aterradora provação, a vontade que jamais se rende mesmo quando tudo o mais falha;

Essa vontade, oriunda do Fogo Monádico descendente, cresce dentro dele chegando a alturas inimagináveis, apoiando-o quando todo o auxílio externo parece ter desaparecido;

Ele, que foi um com a Mente e a Vida Universal, na Paixão torna-se um com a Vontade Universal.

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Ele é então espiritualmente coroado. O Quarto Grande Estágio é transposto. A Quarta Iniciação é então conferida, sendo lavrada a inscrição naquele “livro” onde está escrito o registro indestrutível de sua vida, o Akasha;

Tendo sido pela vontade coroado, revestido e entronado, o Iniciado do Quarto Grau surge daquela Crucificação que envolveu tão-somente seu eu humano, com seu sentido de separatividade. Agora ele é atraído para a unidade com a Vontade Universal;

Nirvana, salvação e libertação aguardam-no para quando seu último trabalho enquanto homem se tiver completado, sua última lição aprendida, seu último poder, desenvolvido e sua derradeira e mais elevada habilidade, dominada.

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Alogos1488926ssim, como Iniciado do Quinto Grau, o vitorioso joga-se no chão e ingressa na paz. A vitória que alcançou enquanto homem é para sempre sua. Nada poderá jamais abatê-lo novamente. Suas dívidas estão pagas, sua libertação completada e ele esta imune de todo mal;

Sendo um Adepto, por fim auto-Iniciado, ainda que possa envolver-se em adversidades para ajudar o mundo, Ele próprio nunca mais se encontrará engajado na guerra, estará para sempre além de toda luta. Em sereno êxtase, Ele vive em unidade com a Vontade, a Vida e a mente do Supremo;

Ascende agora a alturas cuja Senda está além da visão humana, em direção a um Objetivo Cósmico;

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Finalmente, Ele estará perdido para os mundos manifestados aguardando, em total autoconsciência, no limiar do Não-Manifesto, aquele entardecer do Dia Cósmico quando, com Ele, todos deverão mergulhar novamente no Absoluto.

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FIM