o vermelho e o negro, de stendhal

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Resenha: O VERMELHO E O NEGRO, de Stendhal Baseado em fatos reais, O Vermelho e o Negro é uma crítica contundente e primorosamente romanceada à sociedade francesa do período da Restauração — aquele que sucedeu o triunfo da Revolução Francesa —, principalmnete à sociedade parisiense. O jovem Julien Sorel, personagem principal desse livro, é um rapaz de origem simples, que se sente incompreendido entre os seus e aspira ser padre, por acreditar tratar-se de um bom caminho para a ascensão social, sua mais aguda necessidade. Nessa busca, chegará também a usar a farda do exército uma outa alta posição social para quem tem sua origem e secretamente experimenta de verdadeiro fascínio pela figura de Napoleão e seu exército, o que obviamente não era nada bem quisto na época. De inteligência brilhante e ainda muito jovem, Julien surpreende especialmente pelo seu incrível domínio do latim e excelente memória, tendo decorado a Bíblia — e em latim! Com esse perfil e uma desmedida ambição, Julien parece galgar facilmente os degraus da sociedade. Porém, se por um lado nosso herói é tão inteligente, prima pela retórica e pela astúcia ao driblar suas dificuldades na busca por seus muito bem determinados objetivos, por outro, é atropelado por suas paixões e vive duas grandes aventuras amorosas, repletas de escândalos e tragédias. Terá de arcar com as conseqüências de cada uma de suas atitudes, sem nenhuma comiseração da sociedade que tanto almejava quanto odiava. A origem do nome da obra é um tanto polêmica: para alguns, o vermelho faz referência à farda que o personagem usou, cheio de orgulho, e o negro refere-se à cor de sua batina. Porém, há os que liguem vermelho a paixão e negro a morte, dois fortíssimos elementos da trama. Com essa obra, publicada em 1830, o autor Henri Beyle, mais conhecido como Sthendal, marca o início do Realismo na literatura francesa, deixando de lado toda a tradição romântica. A complexidade psicológica de seus personagens, a riqueza com que são abordados os sentimentos humanos, as lúcidas críticas sociais e o brilhante desenvolvimento narrativo fazem desse romance, além de um marco na literatura de todos os tempos, um clássico imperdível para o leitor que anseia por qualidade. Esther Alcântara

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Resenha: O VERMELHO E O NEGRO, de Stendhal

Baseado em fatos reais, O Vermelho e o Negro é uma crítica contundente e primorosamente romanceada à sociedade francesa do período da Restauração — aquele que sucedeu o triunfo da Revolução Francesa —, principalmnete à sociedade parisiense.O jovem Julien Sorel, personagem principal desse livro, é um rapaz de origem simples, que se sente incompreendido entre os seus e aspira ser padre, por acreditar tratar-se de um bom caminho para a ascensão social, sua mais aguda necessidade. Nessa busca, chegará também a usar a farda do exército uma outa alta posição social para quem tem sua origem e secretamente experimenta de verdadeiro fascínio pela figura de Napoleão e seu exército, o que obviamente não era nada bem quisto na época.De inteligência brilhante e ainda muito jovem, Julien surpreende especialmente pelo seu incrível domínio do latim e excelente memória, tendo decorado a Bíblia — e em latim! Com esse perfil e uma desmedida ambição, Julien parece galgar facilmente os degraus da sociedade. Porém, se por um lado nosso herói é tão inteligente, prima pela retórica e pela astúcia ao driblar suas dificuldades na busca por seus muito bem determinados objetivos, por outro, é atropelado por suas paixões e vive duas grandes aventuras amorosas, repletas de escândalos e tragédias. Terá de arcar com as conseqüências de cada uma de suas atitudes, sem nenhuma comiseração da sociedade que tanto almejava quanto odiava.A origem do nome da obra é um tanto polêmica: para alguns, o vermelho faz referência à farda que o personagem usou, cheio de orgulho, e o negro refere-se à cor de sua batina. Porém, há os que liguem vermelho a paixão e negro a morte, dois fortíssimos elementos da trama.Com essa obra, publicada em 1830, o autor Henri Beyle, mais conhecido como Sthendal, marca o início do Realismo na literatura francesa, deixando de lado toda a tradição romântica.A complexidade psicológica de seus personagens, a riqueza com que são abordados os sentimentos humanos, as lúcidas críticas sociais e o brilhante desenvolvimento narrativo fazem desse romance, além de um marco na literatura de todos os tempos, um clássico imperdível para o leitor que anseia por qualidade.

Esther Alcântara