o uso do rpg no ensino de teatro · 2019-06-13 · no primeiro capítulo explico como surgiu o rpg...

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Universidade de Brasília - UNB Instituto de Artes Departamento de Artes Cênicas - CEN Licenciatura em Artes Cênicas Lissa Aryadne Santos Bragança O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Trabalho de Conclusão de Curso Brasília 2017

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Page 1: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Universidade de Brasiacutelia - UNB

Instituto de Artes

Departamento de Artes Cecircnicas - CEN

Licenciatura em Artes Cecircnicas

Lissa Aryadne Santos Braganccedila

O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO UM RELATO DE EXPERIEcircNCIA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso

Brasiacutelia2017

Lissa Aryadne Santos Braganccedila

O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO UM RELATO DE EXPERIEcircNCIA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresen-tado agrave Licenciatura em Artes Cecircnicas comoparte dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeodo tiacutetulo de Licenciada em Artes Cecircnicas

Orientadora Acircngela Barcellos Cafeacute

Brasiacutelia2017

Dedico aos meus avoacutes Francisco das Chagas Santos e Heloiacuteza Vaz dos Santos porsempre me apoiarem na busca pelo meu sonho e acreditarem na minha capacidade Eao meu tio Paulo Ceacutesar dos Santos primeiro grande exemplo artiacutestico que me inspirou

a fazer teatro

AGRADECIMENTOS

Agrave professora Acircngela Barcellos pela orientaccedilatildeo e pela amizade durante todo oprocesso de escrita deste trabalho Tambeacutem agradeccedilo ao meu companheiro Hillander

Ilmar Ferreira Machado pela paciecircncia e por natildeo me deixar desistir

Diga-me e eu vou esquecerMostre-me e talvez eu me lembreEnvolva-me e eu vou entenderConfuacutecio

RESUMO

O trabalho traz a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino de

teatro durante a disciplina de Estaacutegio Supervisionado 2 do curso de Licenciatura

em Artes Cecircnicas Tem como objetivo apresentar novas estrateacutegias de ensino de

teatro para o Ensino Fundamental anos finais Este jogo jaacute eacute utilizada no ambiente

escolar em outras partes do mundo como estrateacutegia metodoloacutegica em vaacuterias aacutereas

do conhecimento e vem demonstrando resultados satisfatoacuterios no desenvolvimento e

aprendizagem dos alunos Traz o conceito de RPG o plano de aula desenvolvido pela

autora as experiecircncias dentro do estaacutegio e exemplos de uso do RPG na escola

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 7

2 O RPG 9

3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO 14

4 O MEU ESTAacuteGIO 21

5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR 27

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 32

REFEREcircNCIAS 34

ANEXOS 36

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO 37

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS 40B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo

proposto 40B2 Aula 2 Primeira partida 41B3 Aula 3 Segunda partida 42B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena 44B5 Aula 5 Estrutura final 45B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio 46

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando comecei a jogar Role-playing Game (RPG) ou ldquojogo de interpretaccedilatildeode papeacuteisrdquo aos meus 11 anos de idade ainda natildeo tinha ideia de que seria atriz um diaTampouco imaginei que esse estilo de jogo seria o meu passa-tempo favorito pelosproacuteximos anos e que se tornaria uma paixatildeo hoje em dia

No primeiro capiacutetulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona Esseeacute um tipo de jogo como o proacuteprio nome sugere onde haacute a interpretaccedilatildeo de papeacuteissendo esses personagens criados dentro de um universo geralmente de fantasia ondeum Mestre narra a histoacuteria e os outros jogadores satildeo protagonistas dela Mas o quede fato nunca iria prever era que teria a ideia de usar o RPG como mecanismo paracriaccedilatildeo de espetaacuteculos Tudo comeccedilou com minha primeira direccedilatildeo dentro do meucurso de Artes Cecircnicas na UnB quando precisei de um mecanismo eficiente e raacutepidopara transformar em espetaacuteculo um livro que natildeo possuiacutea traduccedilatildeo em portuguecircs

No segundo capiacutetulo explico como o meu projeto evoluiu durante a disciplinade Estaacutegio tornando-se uma pesquisa mai apurada Elaborei entatildeo meu plano de aulavisando usar o jogo de RPG como gatilho para despertar o interesse dos alunos emaprender algumas noccedilotildees de teatro presentes no Curriacuteculo em Movimento do DistritoFederal De todas as maneiras possiacuteveis busquei de acordo com o interesse dosalunos inserir percepccedilotildees baacutesicas do teatro como cenaacuterio tipos de palco figurinoadereccedilos maquiagem iluminaccedilatildeo e outras noccedilotildees Fora a parte de interpretaccedilatildeo defato criaccedilatildeo colaborativa do roteiro de um espetaacuteculo e elementos de narrativa A ideiaeacute descontrair o maacuteximo possiacutevel o ambiente da sala de aula e trazer o jogo como ummecanismo de aproximaccedilatildeo com o luacutedico Eacute claro que a arte em si jaacute possui caraacuteterluacutedico no entanto quando fiz meu estaacutegio vi que o pensamento conteudista aindapermeia a realidade dos nossos professores mesmo os de artes O RPG tambeacutemvem com a intenccedilatildeo de estimular a imaginaccedilatildeo dos alunos pois seratildeo eles os cria-dores das histoacuterias que permearatildeo o desenvolvimento e aprendizagem da linguagemteatral Aqui a intenccedilatildeo eacute tornaacute-los sujeitos da criaccedilatildeo do proacuteprio conhecimento atra-veacutes da praacutetica Assim os alunos constroem tambeacutem a autonomia necessaacuteria para sedesenvolverem fora da escola

No terceiro capiacutetulo falo mais sobre o a experiecircncia do estaacutegio em si Durantemeu estaacutegio pude fazer pouca coisa de fato dentro do meu plano de aula Poreacutem foio suficiente para que eu pudesse refletir e chegar agraves conclusotildees aqui propostas Por

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Capiacutetulo 1 INTRODUCcedilAtildeO

conta de uma visatildeo diferente da professora que me acompanhou e talvez por medode ser cobrada dos alunos com aulas mais dinacircmicas apoacutes minha passagem elaacabou por me convencer a mudar meu plano de aula o que dificultou o andamento domeu estaacutegio Poreacutem a experiecircncia me ajudou a perceber como a realidade dos alunosinfluenciaria no jogo e como eu poderia aproveitar isso nas aulas Uma consequecircncianatural do jogo na sala de aula eacute perceber a realidade dos alunos sendo trazida parao RPG Os conflitos internos na famiacutelia e na proacutepria escola podem virar uma histoacuteriadentro do jogo com atos e consequecircncias que podem auxiliar os alunos a chegarem asoluccedilotildees nos problemas do dia-a-dia tambeacutem

No uacuteltimo capiacutetulo eu mostro como o RPG vem sendo utilizado como metodolo-gia de ensino em outros paiacuteses A ideia de utilizar o RPG na escola natildeo eacute ineacutedita e eacutecomprovado que funciona Poreacutem natildeo encontrei nada especiacutefico voltado para o ensinode teatro O educador moderno deve sempre procurar se adaptar e buscar alternativaspara melhorar o desempenho e desenvolvimento dos alunos tanto para a sala de aulaquanto fora dela O RPG eacute uma dessas alternativas na qual eu acredito E claro tembastante abertura se unir com o fazer teatral em vaacuterios aspectos que seratildeo explicitadosnos capiacutetulos seguintes O RPG pode ser educativo terapecircutico e principalmentedivertido Eacute uma metodologia completa e jaacute eacute utilizada em escolas e programas depesquisa em paiacuteses como Dinamarca e Estados Unidos auxiliando nos estudos decrianccedilas com dificuldades sociais e de aprendizagem das mais diversas

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2 O RPG

Antes de falar sobre a minha experiecircncia com o RPG na sala de aula eacute essencialque se entenda como funcionam jogos de RPG para que assim eu possa explicar arelaccedilatildeo que criei entre o jogo e o ensino de teatro para alunos do ensino fundamentalanos finais Segundo o site Mundo das Trevas

Role-playing game tambeacutem conhecido como RPG (em portuguecircs ldquojogo deinterpretaccedilatildeo de personagensrdquo) eacute um tipo de jogo em que os jogadores as-sumem os papeacuteis de personagens e criam narrativas colaborativamente Oprogresso de um jogo se daacute de acordo com um sistema de regras prede-terminado dentro das quais os jogadores podem improvisar livremente Asescolhas dos jogadores determinam a direccedilatildeo que o jogo iraacute tomar (MUNDODAS TREVAS 2014)

A origem do RPG vem de duas fontes a literatura fantaacutestica - que se tor-nou muito popular com obras como O Hobbit (1937) e a trilogia O Senhor dos Aneacuteis(195455) ambos de John Ronald Reuel Tolkien - e os jogos de tabuleiro - especial-mente os de guerra Mas a criaccedilatildeo do jogo em si eacute atribuiacuteda a dois estudantes daUniversidade de Minnesota nos EUA Gary Gygax (1938-2008) foi um desses gran-des precursores criador de um cenaacuterio medieval para jogar com miniaturas chamadoChainmail em 1971 O outro criador foi Dave Arneson (1947-2009) que desenvolveu ocenaacuterio fantaacutestico para RPG Blackmoor tambeacutem em 1971 Foi ele quem criou osprincipais conceitos e regras do que conhecemos hoje do RPG como a presenccedila deum Mestre ou Narrador - este aleacutem de narrar a histoacuteria interpreta os NPCs1 - e asfichas de personagem Os dois criaram juntos o primeiro RPG Dungeons amp Dragons2 publicado pela editora TSR em 1974(LUFTSTARK 2015)

Esse jogo foi importante na minha infacircncia no sentido em que estimulava acriatividade na medida em que as histoacuterias se tornavam cada vez mais profundas ecomplexas com detalhes na narrativa e descriccedilatildeo dos acontecimentos Isso me ensinoua prever as consequecircncias de uma accedilatildeo como num jogo de xadrez onde eacute necessaacuterioprever a jogada do oponente O RPG cria essa prontidatildeo de prever como os dadosvatildeo se comportar e quais as consequecircncias da falha ou sucesso da accedilatildeo ou sejadesenvolve tambeacutem o raciociacutenio loacutegico Essa mistura de loacutegica e criatividade quando

1 Non-player Character - do inglecircs ldquoPersonagem natildeo-jogaacutevelrdquo Eacute um personagem dentro do jogo que natildeopode ser interpretado por um jogador apenas pelo Mestre ou Narrador da campanha

2 Do inglecircs ldquoMasmorras e Dragotildeesrdquo

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Capiacutetulo 2 O RPG

estimulada ajuda a desenvolver na pessoa a perspicaacutecia para resolver situaccedilotildees-problema no dia-a-dia analisar as situaccedilotildees e decidir cooperativamente

ldquoUm jogo tiacutepico une os seus participantes de maneira cooperativa em umuacutenico time que se aventura como um grupo em busca da soluccedilatildeo de enigmas acaccedila de vilotildees ou com intenccedilatildeo de resolver qualquer tipo de conflito emergente nahistoacuteriardquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Esses conflitos encontram um paralelo noteatro dramaacutetico que busca pela catarse3 do espectador em relaccedilatildeo aos conflitos datrama conceito criado pelo filoacutesofo grego Aristoacuteteles no seacuteculo V aC O ponto principaldo RPG eacute criar uma boa histoacuteria que gere essa catarse assim como no drama Nemsempre o que o jogador quer para o personagem eacute bom para o personagem O jogadorpode deliberadamente criar conflitos e situaccedilotildees ruins para o personagem mas quefavoreccedilam a histoacuteria e a identidade do mesmo

ldquoComo romances ou filmes RPGs agradam porque eles alimentam a imagi-naccedilatildeo sem no entanto limitar o comportamento do jogador a um enredo especiacute-ficordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Ou seja o que impera eacute o improviso Essa praacuteticado improviso tambeacutem eacute outro fator que estimula a prontidatildeo em cena e a criatividadena resoluccedilatildeo de problemas tanto na trama quanto durante a interpretaccedilatildeo SegundoRosseto

Improvisar eacute criar jogar arriscar transformar uma ideia num espaccedilo privile-giado para as concepccedilotildees poeacuteticas e simboacutelicas No acircmbito do ensino essefazer pode desencadear processos de aprendizagens que contribuem para aformaccedilatildeo de sujeitos autocircnomos mediados pela intuiccedilatildeo e pelas referecircnciasdramaacuteticas (ROSSETO 2012 p 9)

Como irei explicitar mais a frente esses processos de apredizagem e criaccedilatildeode sujeitos autocircnomos satildeo bastante comprovados no uso do RPG como estrateacutegiapedagoacutegica principalmente para alunos com dificuldades de aprendizagem leves -como dislexia4 e discalculia5 - e graves - como o autismo6

3 Purificaccedilatildeo do espiacuterito do espectador atraveacutes da purgaccedilatildeo de suas paixotildees esp dos sentimentos deterror ou de piedade vivenciados na contemplaccedilatildeo do espetaacuteculo traacutegico

4 Perturbaccedilatildeo na aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondecircncia entreos siacutembolos graacuteficos e os fonemas bem como na transformaccedilatildeo de signos escritos em signos verbais

5 Desordem neuroloacutegica especiacutefica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipularnuacutemeros

6 Distuacuterbio neuroloacutegico caracterizado por comprometimento da interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal e comportamento restrito e repetitivo

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Capiacutetulo 2 O RPG

No jogo de RPG o jogador improvisa em um universo em geral fantaacutesticomas pode existir tambeacutem campanhas ndash como eacute chamada a histoacuteria no RPG ndash quese passam em um contexto histoacuterico e ateacute mesmo atual Eacute possiacutevel criar RPGs depraticamente qualquer tema O que define o jogo satildeo suas regras e natildeo o universoem que ocorre a campanha No ensino de teatro por exemplo podemos criar um jogobaseado em obras de Shakespeare Por exemplo a comeacutedia ldquoSonhos de uma noite deveratildeordquo poderia ser o cenaacuterio onde os jogadores contariam a histoacuteria narrada na obrasem interpretar os personagens principais O jogadores seriam os seres encantados doreino de Oberon e Titania que indiretamente contariam como quatro humanos entraramna floresta e foram enfeiticcedilados por Puck servo de Oberon e como Titania se apaixonoupor um monstro devido ao mesmo feiticcedilo Ou humanos que teriam que lidar com odesaparecimento de Heacutermia Helena Lisandro e Demeacutetrio na floresta

Outro ponto forte eacute que para jogar bem o RPG eacute preciso conhecer bastantesobre o universo em que ocorre a campanha para que se definam os cenaacuterios figurinose tecnologias a serem desenvolvidos Muitos jogadores criam campanhas a partir defatos histoacutericos reais como guerras intrigas poliacuteticas contextos socioeconocircmicosrevoluccedilotildees entre outros Isso gera interesse no jogador em aprender e estimula aleitura Mais adiante irei falar de como planejei minhas aulas para inserir as noccedilotildeesbaacutesicas do teatro - histoacuteria do teatro tipos de palco cenaacuterio figurino maquiagem eoutros - no jogo de RPG

Como em um jogo de estrateacutegia haacute regras que o definem e guiam aquilo queo seu personagem pode ou natildeo fazer A esse conjunto de regras chama-sesistema Como no teatro cada personagem tem uma histoacuteria e deve serinterpretado assim como fazem os atores Diferente de um jogo de estrateacutegiavocecirc natildeo luta contra um adversaacuterio especiacutefico mas vive aventuras em ummundo imaginaacuterio (MUNDO DAS TREVAS 2014 grifos meus)

Percebe-se que no proacuteprio site o jogo jaacute eacute apontado em sua aproximaccedilatildeo como teatro sendo essa mais uma razatildeo que fortalece a presente pesquisa A mecacircnica doRPG funciona mais ou menos como um jogo de improviso teatral semelhante aos quevemos em paacuteginas como YouTube e Facebook e na televisatildeo Por exemplo um jogoonde soacute se pode iniciar as frases com as letras do alfabeto em sequecircncia Natildeo sepode quebrar a regra ou o jogo deixa de existir No RPG as regras satildeo na verdadereferentes ao universo do jogo No universo real existe a lei da gravidade que puxatudo no planeta em direccedilatildeo ao centro da Terra No RPG eacute possiacutevel criar um universoonde essa lei natildeo exista e seja impossiacutevel tocar o solo Sendo assim o jogador deveseguir essa premissa e nunca tocar o chatildeo Outro exemplo pode ser o jogo de ldquopedra

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Capiacutetulo 2 O RPG

papel tesourardquo Nesse jogo a pedra nunca ganha do papel e o papel nunca ganha datesoura Satildeo as regras Meu personagem ldquotesourardquo sempre iraacute perder se lutar contra umadversaacuterio ldquopedrardquo No mundo dos jogos isso se chama counter 7 ou seja o adversaacuterioque tem o que eacute necessaacuterio para atingir o ponto fraco do personagem Nem todos ossistemas de RPG tem possibilidade do counter poreacutem eacute uma regra recorrente nosjogos de aventura com fantasia

A maioria das campanhas de RPG exigem que o jogador crie toda uma histoacuteriaanterior para o seu personagem o background 8 A histoacuteria do universo do jogo eacuteconhecido como lore9 e funciona como um proacutelogo para a campanha que iraacute comeccedilarIsso eacute definido em conjunto entre todos os jogadores

Esse trabalho de criaccedilatildeo do personagem dentro da lore do jogo se assemelhamuito com o trabalho do ator seguindo a linha descrita no livro ldquoA preparaccedilatildeo doatorrdquo de Constantin Stanislavski (1936) Assim como no teatro stanislavskiano noRPG os objetivos do personagem permeiam suas accedilotildees Existe o superobjetivo e osobjetivos menores que satildeo construiacutedos no decorrer do jogo e faratildeo parte da evoluccedilatildeodo personagem No jogo os objetivos e o super-objetivo satildeo chamados de quests10 Existem a quest principal (superobjetivo) e as quests secundaacuterias (objetivos que podemou natildeo interferir no superobjetivo) O personagem estaacute sempre avaliando a situaccedilatildeodiante o do objetivo para entatildeo definir uma accedilatildeo Essa accedilatildeo estaacute sujeita agraves emoccedilotildeesdo personagem e que natildeo estatildeo sujeitas a sua vontade mas agrave do jogador ndash no caso doteatro agrave do dramaturgo autor diretor ou ator ndash e ao processo dentro da lore do jogo ndashou texto dramaacutetico no teatro As accedilotildees do personagem tanto no jogo quanto no teatroproposto por Stanislavski definem quem ele eacute (STANISLAVSKI 1936)

ldquoDiferente do teatro vocecirc natildeo segue um roteiro mas age pelo seu personagemcom liberdade de accedilatildeo limitado somente pelo conjunto de regras do sistema emquestatildeordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Aqui eacute claro se trata do texto dramaacutetico escritoAs regras do sistema da lore e do background do jogo formam um outro tipo de roteiroUm roteiro de accedilotildees possiacuteveis ou natildeo de acordo com o universo Diferente do teatro noRPG os jogadores interpretam os personagens sentados e natildeo haacute a necessidade deuma interpretaccedilatildeo profunda e complexa embora a criaccedilatildeo do personagem o seja Pormais complexas que sejam as accedilotildees e emoccedilotildees do personagem elas satildeo descritas enatildeo interpretadas como no teatro Aqui as decisotildees dos jogadores dependem de rolar

7 Do inglecircs rebater contestar aquele que eacute contra8 Do inglecircs ldquofundordquo ldquosegundo planordquo ldquoexperiecircnciardquo9 Do inglecircs ldquoconhecimentordquo ldquosaberrdquo10 do inglecircs nesse contexto significa ldquobuscardquo ou ldquoprocurardquo

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Capiacutetulo 2 O RPG

dados para acontecerem e virarem accedilotildees Isso ocorre pois os atributos necessaacuteriospara tomar as decisotildees estatildeo descritos em uma ficha e cada atributo possui um valornumeacuterico Para realizar uma accedilatildeo a de socar um oponente por exemplo o jogadorprecisa lanccedilar os dados e o valor deve ser menor ou igual ao valor do atributo de forccediladescrito na ficha (exemplo da ficha na paacutegina 17)

No entanto existe uma variaccedilatildeo do RPG chamada LARP (Live-action role-playing) que significa literalmente interpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivo Essa eacute uma mo-dalidade bem mais proacutexima do que pretendo trabalhar pois aqui a interpretaccedilatildeo seassemelha muito com o fazer teatral As regras do LARP satildeo as mesmas do RPGcom essa uacutenica diferenccedila de que aqui sim os jogadores interpretam teatralmente seuspersonagens

Essa mecacircnica torna o RPG e o LARP oacutetimos aliado na construccedilatildeo colaborativado enredo de um espetaacuteculo Levando em conta essa possibilidade decidir utilizar meuestaacutegio para a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino do teatro parao ensino fundamental anos finais Para isso elaborei um plano de curso detalhandotambeacutem os planos de aula que podem ser vistos em anexo

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3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Imaginemos que cada partida de RPG seja registrada por algueacutem que anota oufilma ou grava tudo que ocorre Imaginemos que esse material seja lapidado e escritono formato de um roteiro de teatro com rubricas e falas Essa produccedilatildeo eacute cem porcento uma criaccedilatildeo colaborativa entre todos os jogadores A partir dela o jogador podeinterpretar o personagem que ele mesmo criou dentro do jogo novamente dessa vezsob o acircngulo do teatro propriamente dito visando o espetaacuteculo A obra que saiu daimaginaccedilatildeo do jogadorator seraacute melhor interpretada por ele pois tem dela propriedadePartindo dessa premissa logrei experimentar essa ideia na minha primeira direccedilatildeodentro da disciplina de Direccedilatildeo 1 do curso de Artes Cecircnicas

Eu queria criar uma peccedila baseada no livro The Asylum for Wayward VictorianGirls de Emilie Autumn Poreacutem o livro natildeo possui ateacute o momento traduccedilatildeo para oportuguecircs e eu natildeo teria tempo de traduzir todas a suas mais de duzentas paacuteginase pedir que meus atores lessem todo o livro Mas eu conhecia o universo do livro esua histoacuteria Poderia criar um roteiro que se passava no mesmo contexto e universo eassim dirigi-lo Soacute que acabei me deparando com outra questatildeo a maioria dos meusatores nunca tinham atuado na vida Conversando com eles notei que tiacutenhamos emcomum a praacuterica do RPG e daiacute surgiu a minha ideia Eu iria organizar um jogo e daiacute eutiraria o roteiro aleacutem disso meus atores teriam propriedade de seus personagens eassim talvez a direccedilatildeo se tornasse mais faacutecil Entatildeo assim eu fiz O problema do RPG edo teatro poreacutem eacute que todos os envolvidos precisam estar presentes A maioria nuncatinha atuado logo natildeo sabiam o quatildeo ruim eacute faltar aos ensaios Isso me impediu delevar a ideia adiante Mas mantive ela guardada ateacute iniciar o meu estaacutegio

RPGs tinham sido uma marca muito forte na minha infacircncia entatildeo imagineique poderia ser na de outros adolescentes Assim adaptei a minha ideia e inseri oensino de noccedilotildees baacutesicos do teatro e fiz um paralelo com a mateacuteria estudada pelosalunos em Histoacuteria A partir disso elaborei meu Plano de aula que seraacute apresentadoda maneira como foi pensado para depois passar ao relato do que foi possiacutevel

No primeiro momento sabendo que enfrentaria o desconhecimento dos alunosem relaccedilatildeo ao jogo planejei um bate-papo sobre jogos A fim de conhecer os alunosuma das primeiras perguntas seria sobre quais jogos os alunos mais gostam Listandoesses jogos a proposta era encontrar o que todos tinham em comum e assim definir deacordo com as respostas dos alunos o que era necessaacuterio para se ter um jogo Listei

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

de antematildeo algumas caracteriacutesticas que eram necessaacuterias para se ter um jogo comojogadores regras e o objetivo do jogo Outra parte desse debate seria para classificare dividir jogos em categorias jogos de tabuleiro cartas esportivos em grupo entreoutras classificaccedilotildees Tambeacutem planejei inserir jogos eletrocircnicos nessas classificaccedilotildeespara assim ampliar o repertoacuterio dos alunos na hora de jogar o RPG

Definindo essa parte a pergunta era sobre o que seriam no entendimento dosalunos jogos teatrais para entatildeo comeccedilar a inserir o conceito de RPG como um jogode interpretaccedilatildeo de papeacuteis e improviso Apoacutes explicar o que eacute o RPG o proacuteximo passoseria explicar as regras e comeccedilar a dividir os grupos (de 4 ou 5 alunos) Juntamentecom as regras os alunos seriam expostos agraves fichas de RPG e escolheriam o universoonde se passaria a aventura Como dito anteriormente a ideia seria usar mateacuteriasestudadas em Histoacuteria por eles naquele bimestre Apoacutes ser definido o Universo iriacuteamoscriar os personagens dentro do contexto (paiacutes e eacutepoca) definidos utilizando algunsparacircmetros por exemplo data de nascimento status social idade signo e uma muacutesicatema para o personagem

A fim de estimular a criatividade dos alunos fazia parte do plano levar viacutedeosde desenhos animados trechos de filmes e jogos de computador que tivessem atemaacutetica de aventura assim como contos curtos de fantasia e aventura A ideia erafazer tambeacutem um exerciacutecio de identificar elementos nas narrativas que os ajudassem acriar durante o jogo de RPG Entre os elementos a identificar estavam o heroacutei (casohouvesse) o vilatildeo (caso houvesse) as criaturas e monstros o enredo o cliacutemax e aconclusatildeo da narrativa Claro que tambeacutem eacute importante definir a espacialidade ou sejaos cenaacuterios e mapas Onde a histoacuteria ocorre e para onde ela se desloca no decorrer dotempo Assim cada grupo construiriam o proacutelogo do jogo de cada grupo a partir doselementos identificados nos viacutedeos e contos Esse proacutelogo seria um guia para o jogopropriamente dito

Dentro do mesmo exerciacutecio deveriam listar os objetos e a vestimenta de umdos personagens dos viacutedeos e contos (a escolha seria de cada aluno) o que ajudaria apersonalizar melhor o personagem que criaram Aleacutem das caracteriacutesticas subjetivase psicoloacutegicas agora deveriam criar as caracteriacutesticas fiacutesicas Eacute claro que aleacutem doproacutelogo do Universo do grupo cada um deveria criar um proacutelogo para o proacuteprio perso-nagem constando quem ele foi e como ele chegou ateacute aliacute no iniacutecio do jogo A seguir aficha do personagem

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Figura 1 ndash Ficha de RPG criada para as aulas

Adaptado ficha do jogo Vampiro A Maacutescara

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

32

Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

33

REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

34

Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

35

Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

38

ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

39

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

40

ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

41

ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

42

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

43

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

44

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

45

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

46

  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 2: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Lissa Aryadne Santos Braganccedila

O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO UM RELATO DE EXPERIEcircNCIA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresen-tado agrave Licenciatura em Artes Cecircnicas comoparte dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeodo tiacutetulo de Licenciada em Artes Cecircnicas

Orientadora Acircngela Barcellos Cafeacute

Brasiacutelia2017

Dedico aos meus avoacutes Francisco das Chagas Santos e Heloiacuteza Vaz dos Santos porsempre me apoiarem na busca pelo meu sonho e acreditarem na minha capacidade Eao meu tio Paulo Ceacutesar dos Santos primeiro grande exemplo artiacutestico que me inspirou

a fazer teatro

AGRADECIMENTOS

Agrave professora Acircngela Barcellos pela orientaccedilatildeo e pela amizade durante todo oprocesso de escrita deste trabalho Tambeacutem agradeccedilo ao meu companheiro Hillander

Ilmar Ferreira Machado pela paciecircncia e por natildeo me deixar desistir

Diga-me e eu vou esquecerMostre-me e talvez eu me lembreEnvolva-me e eu vou entenderConfuacutecio

RESUMO

O trabalho traz a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino de

teatro durante a disciplina de Estaacutegio Supervisionado 2 do curso de Licenciatura

em Artes Cecircnicas Tem como objetivo apresentar novas estrateacutegias de ensino de

teatro para o Ensino Fundamental anos finais Este jogo jaacute eacute utilizada no ambiente

escolar em outras partes do mundo como estrateacutegia metodoloacutegica em vaacuterias aacutereas

do conhecimento e vem demonstrando resultados satisfatoacuterios no desenvolvimento e

aprendizagem dos alunos Traz o conceito de RPG o plano de aula desenvolvido pela

autora as experiecircncias dentro do estaacutegio e exemplos de uso do RPG na escola

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 7

2 O RPG 9

3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO 14

4 O MEU ESTAacuteGIO 21

5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR 27

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 32

REFEREcircNCIAS 34

ANEXOS 36

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO 37

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS 40B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo

proposto 40B2 Aula 2 Primeira partida 41B3 Aula 3 Segunda partida 42B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena 44B5 Aula 5 Estrutura final 45B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio 46

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando comecei a jogar Role-playing Game (RPG) ou ldquojogo de interpretaccedilatildeode papeacuteisrdquo aos meus 11 anos de idade ainda natildeo tinha ideia de que seria atriz um diaTampouco imaginei que esse estilo de jogo seria o meu passa-tempo favorito pelosproacuteximos anos e que se tornaria uma paixatildeo hoje em dia

No primeiro capiacutetulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona Esseeacute um tipo de jogo como o proacuteprio nome sugere onde haacute a interpretaccedilatildeo de papeacuteissendo esses personagens criados dentro de um universo geralmente de fantasia ondeum Mestre narra a histoacuteria e os outros jogadores satildeo protagonistas dela Mas o quede fato nunca iria prever era que teria a ideia de usar o RPG como mecanismo paracriaccedilatildeo de espetaacuteculos Tudo comeccedilou com minha primeira direccedilatildeo dentro do meucurso de Artes Cecircnicas na UnB quando precisei de um mecanismo eficiente e raacutepidopara transformar em espetaacuteculo um livro que natildeo possuiacutea traduccedilatildeo em portuguecircs

No segundo capiacutetulo explico como o meu projeto evoluiu durante a disciplinade Estaacutegio tornando-se uma pesquisa mai apurada Elaborei entatildeo meu plano de aulavisando usar o jogo de RPG como gatilho para despertar o interesse dos alunos emaprender algumas noccedilotildees de teatro presentes no Curriacuteculo em Movimento do DistritoFederal De todas as maneiras possiacuteveis busquei de acordo com o interesse dosalunos inserir percepccedilotildees baacutesicas do teatro como cenaacuterio tipos de palco figurinoadereccedilos maquiagem iluminaccedilatildeo e outras noccedilotildees Fora a parte de interpretaccedilatildeo defato criaccedilatildeo colaborativa do roteiro de um espetaacuteculo e elementos de narrativa A ideiaeacute descontrair o maacuteximo possiacutevel o ambiente da sala de aula e trazer o jogo como ummecanismo de aproximaccedilatildeo com o luacutedico Eacute claro que a arte em si jaacute possui caraacuteterluacutedico no entanto quando fiz meu estaacutegio vi que o pensamento conteudista aindapermeia a realidade dos nossos professores mesmo os de artes O RPG tambeacutemvem com a intenccedilatildeo de estimular a imaginaccedilatildeo dos alunos pois seratildeo eles os cria-dores das histoacuterias que permearatildeo o desenvolvimento e aprendizagem da linguagemteatral Aqui a intenccedilatildeo eacute tornaacute-los sujeitos da criaccedilatildeo do proacuteprio conhecimento atra-veacutes da praacutetica Assim os alunos constroem tambeacutem a autonomia necessaacuteria para sedesenvolverem fora da escola

No terceiro capiacutetulo falo mais sobre o a experiecircncia do estaacutegio em si Durantemeu estaacutegio pude fazer pouca coisa de fato dentro do meu plano de aula Poreacutem foio suficiente para que eu pudesse refletir e chegar agraves conclusotildees aqui propostas Por

7

Capiacutetulo 1 INTRODUCcedilAtildeO

conta de uma visatildeo diferente da professora que me acompanhou e talvez por medode ser cobrada dos alunos com aulas mais dinacircmicas apoacutes minha passagem elaacabou por me convencer a mudar meu plano de aula o que dificultou o andamento domeu estaacutegio Poreacutem a experiecircncia me ajudou a perceber como a realidade dos alunosinfluenciaria no jogo e como eu poderia aproveitar isso nas aulas Uma consequecircncianatural do jogo na sala de aula eacute perceber a realidade dos alunos sendo trazida parao RPG Os conflitos internos na famiacutelia e na proacutepria escola podem virar uma histoacuteriadentro do jogo com atos e consequecircncias que podem auxiliar os alunos a chegarem asoluccedilotildees nos problemas do dia-a-dia tambeacutem

No uacuteltimo capiacutetulo eu mostro como o RPG vem sendo utilizado como metodolo-gia de ensino em outros paiacuteses A ideia de utilizar o RPG na escola natildeo eacute ineacutedita e eacutecomprovado que funciona Poreacutem natildeo encontrei nada especiacutefico voltado para o ensinode teatro O educador moderno deve sempre procurar se adaptar e buscar alternativaspara melhorar o desempenho e desenvolvimento dos alunos tanto para a sala de aulaquanto fora dela O RPG eacute uma dessas alternativas na qual eu acredito E claro tembastante abertura se unir com o fazer teatral em vaacuterios aspectos que seratildeo explicitadosnos capiacutetulos seguintes O RPG pode ser educativo terapecircutico e principalmentedivertido Eacute uma metodologia completa e jaacute eacute utilizada em escolas e programas depesquisa em paiacuteses como Dinamarca e Estados Unidos auxiliando nos estudos decrianccedilas com dificuldades sociais e de aprendizagem das mais diversas

8

2 O RPG

Antes de falar sobre a minha experiecircncia com o RPG na sala de aula eacute essencialque se entenda como funcionam jogos de RPG para que assim eu possa explicar arelaccedilatildeo que criei entre o jogo e o ensino de teatro para alunos do ensino fundamentalanos finais Segundo o site Mundo das Trevas

Role-playing game tambeacutem conhecido como RPG (em portuguecircs ldquojogo deinterpretaccedilatildeo de personagensrdquo) eacute um tipo de jogo em que os jogadores as-sumem os papeacuteis de personagens e criam narrativas colaborativamente Oprogresso de um jogo se daacute de acordo com um sistema de regras prede-terminado dentro das quais os jogadores podem improvisar livremente Asescolhas dos jogadores determinam a direccedilatildeo que o jogo iraacute tomar (MUNDODAS TREVAS 2014)

A origem do RPG vem de duas fontes a literatura fantaacutestica - que se tor-nou muito popular com obras como O Hobbit (1937) e a trilogia O Senhor dos Aneacuteis(195455) ambos de John Ronald Reuel Tolkien - e os jogos de tabuleiro - especial-mente os de guerra Mas a criaccedilatildeo do jogo em si eacute atribuiacuteda a dois estudantes daUniversidade de Minnesota nos EUA Gary Gygax (1938-2008) foi um desses gran-des precursores criador de um cenaacuterio medieval para jogar com miniaturas chamadoChainmail em 1971 O outro criador foi Dave Arneson (1947-2009) que desenvolveu ocenaacuterio fantaacutestico para RPG Blackmoor tambeacutem em 1971 Foi ele quem criou osprincipais conceitos e regras do que conhecemos hoje do RPG como a presenccedila deum Mestre ou Narrador - este aleacutem de narrar a histoacuteria interpreta os NPCs1 - e asfichas de personagem Os dois criaram juntos o primeiro RPG Dungeons amp Dragons2 publicado pela editora TSR em 1974(LUFTSTARK 2015)

Esse jogo foi importante na minha infacircncia no sentido em que estimulava acriatividade na medida em que as histoacuterias se tornavam cada vez mais profundas ecomplexas com detalhes na narrativa e descriccedilatildeo dos acontecimentos Isso me ensinoua prever as consequecircncias de uma accedilatildeo como num jogo de xadrez onde eacute necessaacuterioprever a jogada do oponente O RPG cria essa prontidatildeo de prever como os dadosvatildeo se comportar e quais as consequecircncias da falha ou sucesso da accedilatildeo ou sejadesenvolve tambeacutem o raciociacutenio loacutegico Essa mistura de loacutegica e criatividade quando

1 Non-player Character - do inglecircs ldquoPersonagem natildeo-jogaacutevelrdquo Eacute um personagem dentro do jogo que natildeopode ser interpretado por um jogador apenas pelo Mestre ou Narrador da campanha

2 Do inglecircs ldquoMasmorras e Dragotildeesrdquo

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Capiacutetulo 2 O RPG

estimulada ajuda a desenvolver na pessoa a perspicaacutecia para resolver situaccedilotildees-problema no dia-a-dia analisar as situaccedilotildees e decidir cooperativamente

ldquoUm jogo tiacutepico une os seus participantes de maneira cooperativa em umuacutenico time que se aventura como um grupo em busca da soluccedilatildeo de enigmas acaccedila de vilotildees ou com intenccedilatildeo de resolver qualquer tipo de conflito emergente nahistoacuteriardquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Esses conflitos encontram um paralelo noteatro dramaacutetico que busca pela catarse3 do espectador em relaccedilatildeo aos conflitos datrama conceito criado pelo filoacutesofo grego Aristoacuteteles no seacuteculo V aC O ponto principaldo RPG eacute criar uma boa histoacuteria que gere essa catarse assim como no drama Nemsempre o que o jogador quer para o personagem eacute bom para o personagem O jogadorpode deliberadamente criar conflitos e situaccedilotildees ruins para o personagem mas quefavoreccedilam a histoacuteria e a identidade do mesmo

ldquoComo romances ou filmes RPGs agradam porque eles alimentam a imagi-naccedilatildeo sem no entanto limitar o comportamento do jogador a um enredo especiacute-ficordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Ou seja o que impera eacute o improviso Essa praacuteticado improviso tambeacutem eacute outro fator que estimula a prontidatildeo em cena e a criatividadena resoluccedilatildeo de problemas tanto na trama quanto durante a interpretaccedilatildeo SegundoRosseto

Improvisar eacute criar jogar arriscar transformar uma ideia num espaccedilo privile-giado para as concepccedilotildees poeacuteticas e simboacutelicas No acircmbito do ensino essefazer pode desencadear processos de aprendizagens que contribuem para aformaccedilatildeo de sujeitos autocircnomos mediados pela intuiccedilatildeo e pelas referecircnciasdramaacuteticas (ROSSETO 2012 p 9)

Como irei explicitar mais a frente esses processos de apredizagem e criaccedilatildeode sujeitos autocircnomos satildeo bastante comprovados no uso do RPG como estrateacutegiapedagoacutegica principalmente para alunos com dificuldades de aprendizagem leves -como dislexia4 e discalculia5 - e graves - como o autismo6

3 Purificaccedilatildeo do espiacuterito do espectador atraveacutes da purgaccedilatildeo de suas paixotildees esp dos sentimentos deterror ou de piedade vivenciados na contemplaccedilatildeo do espetaacuteculo traacutegico

4 Perturbaccedilatildeo na aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondecircncia entreos siacutembolos graacuteficos e os fonemas bem como na transformaccedilatildeo de signos escritos em signos verbais

5 Desordem neuroloacutegica especiacutefica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipularnuacutemeros

6 Distuacuterbio neuroloacutegico caracterizado por comprometimento da interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal e comportamento restrito e repetitivo

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Capiacutetulo 2 O RPG

No jogo de RPG o jogador improvisa em um universo em geral fantaacutesticomas pode existir tambeacutem campanhas ndash como eacute chamada a histoacuteria no RPG ndash quese passam em um contexto histoacuterico e ateacute mesmo atual Eacute possiacutevel criar RPGs depraticamente qualquer tema O que define o jogo satildeo suas regras e natildeo o universoem que ocorre a campanha No ensino de teatro por exemplo podemos criar um jogobaseado em obras de Shakespeare Por exemplo a comeacutedia ldquoSonhos de uma noite deveratildeordquo poderia ser o cenaacuterio onde os jogadores contariam a histoacuteria narrada na obrasem interpretar os personagens principais O jogadores seriam os seres encantados doreino de Oberon e Titania que indiretamente contariam como quatro humanos entraramna floresta e foram enfeiticcedilados por Puck servo de Oberon e como Titania se apaixonoupor um monstro devido ao mesmo feiticcedilo Ou humanos que teriam que lidar com odesaparecimento de Heacutermia Helena Lisandro e Demeacutetrio na floresta

Outro ponto forte eacute que para jogar bem o RPG eacute preciso conhecer bastantesobre o universo em que ocorre a campanha para que se definam os cenaacuterios figurinose tecnologias a serem desenvolvidos Muitos jogadores criam campanhas a partir defatos histoacutericos reais como guerras intrigas poliacuteticas contextos socioeconocircmicosrevoluccedilotildees entre outros Isso gera interesse no jogador em aprender e estimula aleitura Mais adiante irei falar de como planejei minhas aulas para inserir as noccedilotildeesbaacutesicas do teatro - histoacuteria do teatro tipos de palco cenaacuterio figurino maquiagem eoutros - no jogo de RPG

Como em um jogo de estrateacutegia haacute regras que o definem e guiam aquilo queo seu personagem pode ou natildeo fazer A esse conjunto de regras chama-sesistema Como no teatro cada personagem tem uma histoacuteria e deve serinterpretado assim como fazem os atores Diferente de um jogo de estrateacutegiavocecirc natildeo luta contra um adversaacuterio especiacutefico mas vive aventuras em ummundo imaginaacuterio (MUNDO DAS TREVAS 2014 grifos meus)

Percebe-se que no proacuteprio site o jogo jaacute eacute apontado em sua aproximaccedilatildeo como teatro sendo essa mais uma razatildeo que fortalece a presente pesquisa A mecacircnica doRPG funciona mais ou menos como um jogo de improviso teatral semelhante aos quevemos em paacuteginas como YouTube e Facebook e na televisatildeo Por exemplo um jogoonde soacute se pode iniciar as frases com as letras do alfabeto em sequecircncia Natildeo sepode quebrar a regra ou o jogo deixa de existir No RPG as regras satildeo na verdadereferentes ao universo do jogo No universo real existe a lei da gravidade que puxatudo no planeta em direccedilatildeo ao centro da Terra No RPG eacute possiacutevel criar um universoonde essa lei natildeo exista e seja impossiacutevel tocar o solo Sendo assim o jogador deveseguir essa premissa e nunca tocar o chatildeo Outro exemplo pode ser o jogo de ldquopedra

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papel tesourardquo Nesse jogo a pedra nunca ganha do papel e o papel nunca ganha datesoura Satildeo as regras Meu personagem ldquotesourardquo sempre iraacute perder se lutar contra umadversaacuterio ldquopedrardquo No mundo dos jogos isso se chama counter 7 ou seja o adversaacuterioque tem o que eacute necessaacuterio para atingir o ponto fraco do personagem Nem todos ossistemas de RPG tem possibilidade do counter poreacutem eacute uma regra recorrente nosjogos de aventura com fantasia

A maioria das campanhas de RPG exigem que o jogador crie toda uma histoacuteriaanterior para o seu personagem o background 8 A histoacuteria do universo do jogo eacuteconhecido como lore9 e funciona como um proacutelogo para a campanha que iraacute comeccedilarIsso eacute definido em conjunto entre todos os jogadores

Esse trabalho de criaccedilatildeo do personagem dentro da lore do jogo se assemelhamuito com o trabalho do ator seguindo a linha descrita no livro ldquoA preparaccedilatildeo doatorrdquo de Constantin Stanislavski (1936) Assim como no teatro stanislavskiano noRPG os objetivos do personagem permeiam suas accedilotildees Existe o superobjetivo e osobjetivos menores que satildeo construiacutedos no decorrer do jogo e faratildeo parte da evoluccedilatildeodo personagem No jogo os objetivos e o super-objetivo satildeo chamados de quests10 Existem a quest principal (superobjetivo) e as quests secundaacuterias (objetivos que podemou natildeo interferir no superobjetivo) O personagem estaacute sempre avaliando a situaccedilatildeodiante o do objetivo para entatildeo definir uma accedilatildeo Essa accedilatildeo estaacute sujeita agraves emoccedilotildeesdo personagem e que natildeo estatildeo sujeitas a sua vontade mas agrave do jogador ndash no caso doteatro agrave do dramaturgo autor diretor ou ator ndash e ao processo dentro da lore do jogo ndashou texto dramaacutetico no teatro As accedilotildees do personagem tanto no jogo quanto no teatroproposto por Stanislavski definem quem ele eacute (STANISLAVSKI 1936)

ldquoDiferente do teatro vocecirc natildeo segue um roteiro mas age pelo seu personagemcom liberdade de accedilatildeo limitado somente pelo conjunto de regras do sistema emquestatildeordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Aqui eacute claro se trata do texto dramaacutetico escritoAs regras do sistema da lore e do background do jogo formam um outro tipo de roteiroUm roteiro de accedilotildees possiacuteveis ou natildeo de acordo com o universo Diferente do teatro noRPG os jogadores interpretam os personagens sentados e natildeo haacute a necessidade deuma interpretaccedilatildeo profunda e complexa embora a criaccedilatildeo do personagem o seja Pormais complexas que sejam as accedilotildees e emoccedilotildees do personagem elas satildeo descritas enatildeo interpretadas como no teatro Aqui as decisotildees dos jogadores dependem de rolar

7 Do inglecircs rebater contestar aquele que eacute contra8 Do inglecircs ldquofundordquo ldquosegundo planordquo ldquoexperiecircnciardquo9 Do inglecircs ldquoconhecimentordquo ldquosaberrdquo10 do inglecircs nesse contexto significa ldquobuscardquo ou ldquoprocurardquo

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Capiacutetulo 2 O RPG

dados para acontecerem e virarem accedilotildees Isso ocorre pois os atributos necessaacuteriospara tomar as decisotildees estatildeo descritos em uma ficha e cada atributo possui um valornumeacuterico Para realizar uma accedilatildeo a de socar um oponente por exemplo o jogadorprecisa lanccedilar os dados e o valor deve ser menor ou igual ao valor do atributo de forccediladescrito na ficha (exemplo da ficha na paacutegina 17)

No entanto existe uma variaccedilatildeo do RPG chamada LARP (Live-action role-playing) que significa literalmente interpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivo Essa eacute uma mo-dalidade bem mais proacutexima do que pretendo trabalhar pois aqui a interpretaccedilatildeo seassemelha muito com o fazer teatral As regras do LARP satildeo as mesmas do RPGcom essa uacutenica diferenccedila de que aqui sim os jogadores interpretam teatralmente seuspersonagens

Essa mecacircnica torna o RPG e o LARP oacutetimos aliado na construccedilatildeo colaborativado enredo de um espetaacuteculo Levando em conta essa possibilidade decidir utilizar meuestaacutegio para a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino do teatro parao ensino fundamental anos finais Para isso elaborei um plano de curso detalhandotambeacutem os planos de aula que podem ser vistos em anexo

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3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Imaginemos que cada partida de RPG seja registrada por algueacutem que anota oufilma ou grava tudo que ocorre Imaginemos que esse material seja lapidado e escritono formato de um roteiro de teatro com rubricas e falas Essa produccedilatildeo eacute cem porcento uma criaccedilatildeo colaborativa entre todos os jogadores A partir dela o jogador podeinterpretar o personagem que ele mesmo criou dentro do jogo novamente dessa vezsob o acircngulo do teatro propriamente dito visando o espetaacuteculo A obra que saiu daimaginaccedilatildeo do jogadorator seraacute melhor interpretada por ele pois tem dela propriedadePartindo dessa premissa logrei experimentar essa ideia na minha primeira direccedilatildeodentro da disciplina de Direccedilatildeo 1 do curso de Artes Cecircnicas

Eu queria criar uma peccedila baseada no livro The Asylum for Wayward VictorianGirls de Emilie Autumn Poreacutem o livro natildeo possui ateacute o momento traduccedilatildeo para oportuguecircs e eu natildeo teria tempo de traduzir todas a suas mais de duzentas paacuteginase pedir que meus atores lessem todo o livro Mas eu conhecia o universo do livro esua histoacuteria Poderia criar um roteiro que se passava no mesmo contexto e universo eassim dirigi-lo Soacute que acabei me deparando com outra questatildeo a maioria dos meusatores nunca tinham atuado na vida Conversando com eles notei que tiacutenhamos emcomum a praacuterica do RPG e daiacute surgiu a minha ideia Eu iria organizar um jogo e daiacute eutiraria o roteiro aleacutem disso meus atores teriam propriedade de seus personagens eassim talvez a direccedilatildeo se tornasse mais faacutecil Entatildeo assim eu fiz O problema do RPG edo teatro poreacutem eacute que todos os envolvidos precisam estar presentes A maioria nuncatinha atuado logo natildeo sabiam o quatildeo ruim eacute faltar aos ensaios Isso me impediu delevar a ideia adiante Mas mantive ela guardada ateacute iniciar o meu estaacutegio

RPGs tinham sido uma marca muito forte na minha infacircncia entatildeo imagineique poderia ser na de outros adolescentes Assim adaptei a minha ideia e inseri oensino de noccedilotildees baacutesicos do teatro e fiz um paralelo com a mateacuteria estudada pelosalunos em Histoacuteria A partir disso elaborei meu Plano de aula que seraacute apresentadoda maneira como foi pensado para depois passar ao relato do que foi possiacutevel

No primeiro momento sabendo que enfrentaria o desconhecimento dos alunosem relaccedilatildeo ao jogo planejei um bate-papo sobre jogos A fim de conhecer os alunosuma das primeiras perguntas seria sobre quais jogos os alunos mais gostam Listandoesses jogos a proposta era encontrar o que todos tinham em comum e assim definir deacordo com as respostas dos alunos o que era necessaacuterio para se ter um jogo Listei

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

de antematildeo algumas caracteriacutesticas que eram necessaacuterias para se ter um jogo comojogadores regras e o objetivo do jogo Outra parte desse debate seria para classificare dividir jogos em categorias jogos de tabuleiro cartas esportivos em grupo entreoutras classificaccedilotildees Tambeacutem planejei inserir jogos eletrocircnicos nessas classificaccedilotildeespara assim ampliar o repertoacuterio dos alunos na hora de jogar o RPG

Definindo essa parte a pergunta era sobre o que seriam no entendimento dosalunos jogos teatrais para entatildeo comeccedilar a inserir o conceito de RPG como um jogode interpretaccedilatildeo de papeacuteis e improviso Apoacutes explicar o que eacute o RPG o proacuteximo passoseria explicar as regras e comeccedilar a dividir os grupos (de 4 ou 5 alunos) Juntamentecom as regras os alunos seriam expostos agraves fichas de RPG e escolheriam o universoonde se passaria a aventura Como dito anteriormente a ideia seria usar mateacuteriasestudadas em Histoacuteria por eles naquele bimestre Apoacutes ser definido o Universo iriacuteamoscriar os personagens dentro do contexto (paiacutes e eacutepoca) definidos utilizando algunsparacircmetros por exemplo data de nascimento status social idade signo e uma muacutesicatema para o personagem

A fim de estimular a criatividade dos alunos fazia parte do plano levar viacutedeosde desenhos animados trechos de filmes e jogos de computador que tivessem atemaacutetica de aventura assim como contos curtos de fantasia e aventura A ideia erafazer tambeacutem um exerciacutecio de identificar elementos nas narrativas que os ajudassem acriar durante o jogo de RPG Entre os elementos a identificar estavam o heroacutei (casohouvesse) o vilatildeo (caso houvesse) as criaturas e monstros o enredo o cliacutemax e aconclusatildeo da narrativa Claro que tambeacutem eacute importante definir a espacialidade ou sejaos cenaacuterios e mapas Onde a histoacuteria ocorre e para onde ela se desloca no decorrer dotempo Assim cada grupo construiriam o proacutelogo do jogo de cada grupo a partir doselementos identificados nos viacutedeos e contos Esse proacutelogo seria um guia para o jogopropriamente dito

Dentro do mesmo exerciacutecio deveriam listar os objetos e a vestimenta de umdos personagens dos viacutedeos e contos (a escolha seria de cada aluno) o que ajudaria apersonalizar melhor o personagem que criaram Aleacutem das caracteriacutesticas subjetivase psicoloacutegicas agora deveriam criar as caracteriacutesticas fiacutesicas Eacute claro que aleacutem doproacutelogo do Universo do grupo cada um deveria criar um proacutelogo para o proacuteprio perso-nagem constando quem ele foi e como ele chegou ateacute aliacute no iniacutecio do jogo A seguir aficha do personagem

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Figura 1 ndash Ficha de RPG criada para as aulas

Adaptado ficha do jogo Vampiro A Maacutescara

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Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

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BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

35

Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

37

ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

38

ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

39

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

40

ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

41

ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

42

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

43

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

44

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

45

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

46

  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 3: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Dedico aos meus avoacutes Francisco das Chagas Santos e Heloiacuteza Vaz dos Santos porsempre me apoiarem na busca pelo meu sonho e acreditarem na minha capacidade Eao meu tio Paulo Ceacutesar dos Santos primeiro grande exemplo artiacutestico que me inspirou

a fazer teatro

AGRADECIMENTOS

Agrave professora Acircngela Barcellos pela orientaccedilatildeo e pela amizade durante todo oprocesso de escrita deste trabalho Tambeacutem agradeccedilo ao meu companheiro Hillander

Ilmar Ferreira Machado pela paciecircncia e por natildeo me deixar desistir

Diga-me e eu vou esquecerMostre-me e talvez eu me lembreEnvolva-me e eu vou entenderConfuacutecio

RESUMO

O trabalho traz a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino de

teatro durante a disciplina de Estaacutegio Supervisionado 2 do curso de Licenciatura

em Artes Cecircnicas Tem como objetivo apresentar novas estrateacutegias de ensino de

teatro para o Ensino Fundamental anos finais Este jogo jaacute eacute utilizada no ambiente

escolar em outras partes do mundo como estrateacutegia metodoloacutegica em vaacuterias aacutereas

do conhecimento e vem demonstrando resultados satisfatoacuterios no desenvolvimento e

aprendizagem dos alunos Traz o conceito de RPG o plano de aula desenvolvido pela

autora as experiecircncias dentro do estaacutegio e exemplos de uso do RPG na escola

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 7

2 O RPG 9

3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO 14

4 O MEU ESTAacuteGIO 21

5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR 27

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 32

REFEREcircNCIAS 34

ANEXOS 36

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO 37

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS 40B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo

proposto 40B2 Aula 2 Primeira partida 41B3 Aula 3 Segunda partida 42B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena 44B5 Aula 5 Estrutura final 45B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio 46

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando comecei a jogar Role-playing Game (RPG) ou ldquojogo de interpretaccedilatildeode papeacuteisrdquo aos meus 11 anos de idade ainda natildeo tinha ideia de que seria atriz um diaTampouco imaginei que esse estilo de jogo seria o meu passa-tempo favorito pelosproacuteximos anos e que se tornaria uma paixatildeo hoje em dia

No primeiro capiacutetulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona Esseeacute um tipo de jogo como o proacuteprio nome sugere onde haacute a interpretaccedilatildeo de papeacuteissendo esses personagens criados dentro de um universo geralmente de fantasia ondeum Mestre narra a histoacuteria e os outros jogadores satildeo protagonistas dela Mas o quede fato nunca iria prever era que teria a ideia de usar o RPG como mecanismo paracriaccedilatildeo de espetaacuteculos Tudo comeccedilou com minha primeira direccedilatildeo dentro do meucurso de Artes Cecircnicas na UnB quando precisei de um mecanismo eficiente e raacutepidopara transformar em espetaacuteculo um livro que natildeo possuiacutea traduccedilatildeo em portuguecircs

No segundo capiacutetulo explico como o meu projeto evoluiu durante a disciplinade Estaacutegio tornando-se uma pesquisa mai apurada Elaborei entatildeo meu plano de aulavisando usar o jogo de RPG como gatilho para despertar o interesse dos alunos emaprender algumas noccedilotildees de teatro presentes no Curriacuteculo em Movimento do DistritoFederal De todas as maneiras possiacuteveis busquei de acordo com o interesse dosalunos inserir percepccedilotildees baacutesicas do teatro como cenaacuterio tipos de palco figurinoadereccedilos maquiagem iluminaccedilatildeo e outras noccedilotildees Fora a parte de interpretaccedilatildeo defato criaccedilatildeo colaborativa do roteiro de um espetaacuteculo e elementos de narrativa A ideiaeacute descontrair o maacuteximo possiacutevel o ambiente da sala de aula e trazer o jogo como ummecanismo de aproximaccedilatildeo com o luacutedico Eacute claro que a arte em si jaacute possui caraacuteterluacutedico no entanto quando fiz meu estaacutegio vi que o pensamento conteudista aindapermeia a realidade dos nossos professores mesmo os de artes O RPG tambeacutemvem com a intenccedilatildeo de estimular a imaginaccedilatildeo dos alunos pois seratildeo eles os cria-dores das histoacuterias que permearatildeo o desenvolvimento e aprendizagem da linguagemteatral Aqui a intenccedilatildeo eacute tornaacute-los sujeitos da criaccedilatildeo do proacuteprio conhecimento atra-veacutes da praacutetica Assim os alunos constroem tambeacutem a autonomia necessaacuteria para sedesenvolverem fora da escola

No terceiro capiacutetulo falo mais sobre o a experiecircncia do estaacutegio em si Durantemeu estaacutegio pude fazer pouca coisa de fato dentro do meu plano de aula Poreacutem foio suficiente para que eu pudesse refletir e chegar agraves conclusotildees aqui propostas Por

7

Capiacutetulo 1 INTRODUCcedilAtildeO

conta de uma visatildeo diferente da professora que me acompanhou e talvez por medode ser cobrada dos alunos com aulas mais dinacircmicas apoacutes minha passagem elaacabou por me convencer a mudar meu plano de aula o que dificultou o andamento domeu estaacutegio Poreacutem a experiecircncia me ajudou a perceber como a realidade dos alunosinfluenciaria no jogo e como eu poderia aproveitar isso nas aulas Uma consequecircncianatural do jogo na sala de aula eacute perceber a realidade dos alunos sendo trazida parao RPG Os conflitos internos na famiacutelia e na proacutepria escola podem virar uma histoacuteriadentro do jogo com atos e consequecircncias que podem auxiliar os alunos a chegarem asoluccedilotildees nos problemas do dia-a-dia tambeacutem

No uacuteltimo capiacutetulo eu mostro como o RPG vem sendo utilizado como metodolo-gia de ensino em outros paiacuteses A ideia de utilizar o RPG na escola natildeo eacute ineacutedita e eacutecomprovado que funciona Poreacutem natildeo encontrei nada especiacutefico voltado para o ensinode teatro O educador moderno deve sempre procurar se adaptar e buscar alternativaspara melhorar o desempenho e desenvolvimento dos alunos tanto para a sala de aulaquanto fora dela O RPG eacute uma dessas alternativas na qual eu acredito E claro tembastante abertura se unir com o fazer teatral em vaacuterios aspectos que seratildeo explicitadosnos capiacutetulos seguintes O RPG pode ser educativo terapecircutico e principalmentedivertido Eacute uma metodologia completa e jaacute eacute utilizada em escolas e programas depesquisa em paiacuteses como Dinamarca e Estados Unidos auxiliando nos estudos decrianccedilas com dificuldades sociais e de aprendizagem das mais diversas

8

2 O RPG

Antes de falar sobre a minha experiecircncia com o RPG na sala de aula eacute essencialque se entenda como funcionam jogos de RPG para que assim eu possa explicar arelaccedilatildeo que criei entre o jogo e o ensino de teatro para alunos do ensino fundamentalanos finais Segundo o site Mundo das Trevas

Role-playing game tambeacutem conhecido como RPG (em portuguecircs ldquojogo deinterpretaccedilatildeo de personagensrdquo) eacute um tipo de jogo em que os jogadores as-sumem os papeacuteis de personagens e criam narrativas colaborativamente Oprogresso de um jogo se daacute de acordo com um sistema de regras prede-terminado dentro das quais os jogadores podem improvisar livremente Asescolhas dos jogadores determinam a direccedilatildeo que o jogo iraacute tomar (MUNDODAS TREVAS 2014)

A origem do RPG vem de duas fontes a literatura fantaacutestica - que se tor-nou muito popular com obras como O Hobbit (1937) e a trilogia O Senhor dos Aneacuteis(195455) ambos de John Ronald Reuel Tolkien - e os jogos de tabuleiro - especial-mente os de guerra Mas a criaccedilatildeo do jogo em si eacute atribuiacuteda a dois estudantes daUniversidade de Minnesota nos EUA Gary Gygax (1938-2008) foi um desses gran-des precursores criador de um cenaacuterio medieval para jogar com miniaturas chamadoChainmail em 1971 O outro criador foi Dave Arneson (1947-2009) que desenvolveu ocenaacuterio fantaacutestico para RPG Blackmoor tambeacutem em 1971 Foi ele quem criou osprincipais conceitos e regras do que conhecemos hoje do RPG como a presenccedila deum Mestre ou Narrador - este aleacutem de narrar a histoacuteria interpreta os NPCs1 - e asfichas de personagem Os dois criaram juntos o primeiro RPG Dungeons amp Dragons2 publicado pela editora TSR em 1974(LUFTSTARK 2015)

Esse jogo foi importante na minha infacircncia no sentido em que estimulava acriatividade na medida em que as histoacuterias se tornavam cada vez mais profundas ecomplexas com detalhes na narrativa e descriccedilatildeo dos acontecimentos Isso me ensinoua prever as consequecircncias de uma accedilatildeo como num jogo de xadrez onde eacute necessaacuterioprever a jogada do oponente O RPG cria essa prontidatildeo de prever como os dadosvatildeo se comportar e quais as consequecircncias da falha ou sucesso da accedilatildeo ou sejadesenvolve tambeacutem o raciociacutenio loacutegico Essa mistura de loacutegica e criatividade quando

1 Non-player Character - do inglecircs ldquoPersonagem natildeo-jogaacutevelrdquo Eacute um personagem dentro do jogo que natildeopode ser interpretado por um jogador apenas pelo Mestre ou Narrador da campanha

2 Do inglecircs ldquoMasmorras e Dragotildeesrdquo

9

Capiacutetulo 2 O RPG

estimulada ajuda a desenvolver na pessoa a perspicaacutecia para resolver situaccedilotildees-problema no dia-a-dia analisar as situaccedilotildees e decidir cooperativamente

ldquoUm jogo tiacutepico une os seus participantes de maneira cooperativa em umuacutenico time que se aventura como um grupo em busca da soluccedilatildeo de enigmas acaccedila de vilotildees ou com intenccedilatildeo de resolver qualquer tipo de conflito emergente nahistoacuteriardquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Esses conflitos encontram um paralelo noteatro dramaacutetico que busca pela catarse3 do espectador em relaccedilatildeo aos conflitos datrama conceito criado pelo filoacutesofo grego Aristoacuteteles no seacuteculo V aC O ponto principaldo RPG eacute criar uma boa histoacuteria que gere essa catarse assim como no drama Nemsempre o que o jogador quer para o personagem eacute bom para o personagem O jogadorpode deliberadamente criar conflitos e situaccedilotildees ruins para o personagem mas quefavoreccedilam a histoacuteria e a identidade do mesmo

ldquoComo romances ou filmes RPGs agradam porque eles alimentam a imagi-naccedilatildeo sem no entanto limitar o comportamento do jogador a um enredo especiacute-ficordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Ou seja o que impera eacute o improviso Essa praacuteticado improviso tambeacutem eacute outro fator que estimula a prontidatildeo em cena e a criatividadena resoluccedilatildeo de problemas tanto na trama quanto durante a interpretaccedilatildeo SegundoRosseto

Improvisar eacute criar jogar arriscar transformar uma ideia num espaccedilo privile-giado para as concepccedilotildees poeacuteticas e simboacutelicas No acircmbito do ensino essefazer pode desencadear processos de aprendizagens que contribuem para aformaccedilatildeo de sujeitos autocircnomos mediados pela intuiccedilatildeo e pelas referecircnciasdramaacuteticas (ROSSETO 2012 p 9)

Como irei explicitar mais a frente esses processos de apredizagem e criaccedilatildeode sujeitos autocircnomos satildeo bastante comprovados no uso do RPG como estrateacutegiapedagoacutegica principalmente para alunos com dificuldades de aprendizagem leves -como dislexia4 e discalculia5 - e graves - como o autismo6

3 Purificaccedilatildeo do espiacuterito do espectador atraveacutes da purgaccedilatildeo de suas paixotildees esp dos sentimentos deterror ou de piedade vivenciados na contemplaccedilatildeo do espetaacuteculo traacutegico

4 Perturbaccedilatildeo na aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondecircncia entreos siacutembolos graacuteficos e os fonemas bem como na transformaccedilatildeo de signos escritos em signos verbais

5 Desordem neuroloacutegica especiacutefica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipularnuacutemeros

6 Distuacuterbio neuroloacutegico caracterizado por comprometimento da interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal e comportamento restrito e repetitivo

10

Capiacutetulo 2 O RPG

No jogo de RPG o jogador improvisa em um universo em geral fantaacutesticomas pode existir tambeacutem campanhas ndash como eacute chamada a histoacuteria no RPG ndash quese passam em um contexto histoacuterico e ateacute mesmo atual Eacute possiacutevel criar RPGs depraticamente qualquer tema O que define o jogo satildeo suas regras e natildeo o universoem que ocorre a campanha No ensino de teatro por exemplo podemos criar um jogobaseado em obras de Shakespeare Por exemplo a comeacutedia ldquoSonhos de uma noite deveratildeordquo poderia ser o cenaacuterio onde os jogadores contariam a histoacuteria narrada na obrasem interpretar os personagens principais O jogadores seriam os seres encantados doreino de Oberon e Titania que indiretamente contariam como quatro humanos entraramna floresta e foram enfeiticcedilados por Puck servo de Oberon e como Titania se apaixonoupor um monstro devido ao mesmo feiticcedilo Ou humanos que teriam que lidar com odesaparecimento de Heacutermia Helena Lisandro e Demeacutetrio na floresta

Outro ponto forte eacute que para jogar bem o RPG eacute preciso conhecer bastantesobre o universo em que ocorre a campanha para que se definam os cenaacuterios figurinose tecnologias a serem desenvolvidos Muitos jogadores criam campanhas a partir defatos histoacutericos reais como guerras intrigas poliacuteticas contextos socioeconocircmicosrevoluccedilotildees entre outros Isso gera interesse no jogador em aprender e estimula aleitura Mais adiante irei falar de como planejei minhas aulas para inserir as noccedilotildeesbaacutesicas do teatro - histoacuteria do teatro tipos de palco cenaacuterio figurino maquiagem eoutros - no jogo de RPG

Como em um jogo de estrateacutegia haacute regras que o definem e guiam aquilo queo seu personagem pode ou natildeo fazer A esse conjunto de regras chama-sesistema Como no teatro cada personagem tem uma histoacuteria e deve serinterpretado assim como fazem os atores Diferente de um jogo de estrateacutegiavocecirc natildeo luta contra um adversaacuterio especiacutefico mas vive aventuras em ummundo imaginaacuterio (MUNDO DAS TREVAS 2014 grifos meus)

Percebe-se que no proacuteprio site o jogo jaacute eacute apontado em sua aproximaccedilatildeo como teatro sendo essa mais uma razatildeo que fortalece a presente pesquisa A mecacircnica doRPG funciona mais ou menos como um jogo de improviso teatral semelhante aos quevemos em paacuteginas como YouTube e Facebook e na televisatildeo Por exemplo um jogoonde soacute se pode iniciar as frases com as letras do alfabeto em sequecircncia Natildeo sepode quebrar a regra ou o jogo deixa de existir No RPG as regras satildeo na verdadereferentes ao universo do jogo No universo real existe a lei da gravidade que puxatudo no planeta em direccedilatildeo ao centro da Terra No RPG eacute possiacutevel criar um universoonde essa lei natildeo exista e seja impossiacutevel tocar o solo Sendo assim o jogador deveseguir essa premissa e nunca tocar o chatildeo Outro exemplo pode ser o jogo de ldquopedra

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papel tesourardquo Nesse jogo a pedra nunca ganha do papel e o papel nunca ganha datesoura Satildeo as regras Meu personagem ldquotesourardquo sempre iraacute perder se lutar contra umadversaacuterio ldquopedrardquo No mundo dos jogos isso se chama counter 7 ou seja o adversaacuterioque tem o que eacute necessaacuterio para atingir o ponto fraco do personagem Nem todos ossistemas de RPG tem possibilidade do counter poreacutem eacute uma regra recorrente nosjogos de aventura com fantasia

A maioria das campanhas de RPG exigem que o jogador crie toda uma histoacuteriaanterior para o seu personagem o background 8 A histoacuteria do universo do jogo eacuteconhecido como lore9 e funciona como um proacutelogo para a campanha que iraacute comeccedilarIsso eacute definido em conjunto entre todos os jogadores

Esse trabalho de criaccedilatildeo do personagem dentro da lore do jogo se assemelhamuito com o trabalho do ator seguindo a linha descrita no livro ldquoA preparaccedilatildeo doatorrdquo de Constantin Stanislavski (1936) Assim como no teatro stanislavskiano noRPG os objetivos do personagem permeiam suas accedilotildees Existe o superobjetivo e osobjetivos menores que satildeo construiacutedos no decorrer do jogo e faratildeo parte da evoluccedilatildeodo personagem No jogo os objetivos e o super-objetivo satildeo chamados de quests10 Existem a quest principal (superobjetivo) e as quests secundaacuterias (objetivos que podemou natildeo interferir no superobjetivo) O personagem estaacute sempre avaliando a situaccedilatildeodiante o do objetivo para entatildeo definir uma accedilatildeo Essa accedilatildeo estaacute sujeita agraves emoccedilotildeesdo personagem e que natildeo estatildeo sujeitas a sua vontade mas agrave do jogador ndash no caso doteatro agrave do dramaturgo autor diretor ou ator ndash e ao processo dentro da lore do jogo ndashou texto dramaacutetico no teatro As accedilotildees do personagem tanto no jogo quanto no teatroproposto por Stanislavski definem quem ele eacute (STANISLAVSKI 1936)

ldquoDiferente do teatro vocecirc natildeo segue um roteiro mas age pelo seu personagemcom liberdade de accedilatildeo limitado somente pelo conjunto de regras do sistema emquestatildeordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Aqui eacute claro se trata do texto dramaacutetico escritoAs regras do sistema da lore e do background do jogo formam um outro tipo de roteiroUm roteiro de accedilotildees possiacuteveis ou natildeo de acordo com o universo Diferente do teatro noRPG os jogadores interpretam os personagens sentados e natildeo haacute a necessidade deuma interpretaccedilatildeo profunda e complexa embora a criaccedilatildeo do personagem o seja Pormais complexas que sejam as accedilotildees e emoccedilotildees do personagem elas satildeo descritas enatildeo interpretadas como no teatro Aqui as decisotildees dos jogadores dependem de rolar

7 Do inglecircs rebater contestar aquele que eacute contra8 Do inglecircs ldquofundordquo ldquosegundo planordquo ldquoexperiecircnciardquo9 Do inglecircs ldquoconhecimentordquo ldquosaberrdquo10 do inglecircs nesse contexto significa ldquobuscardquo ou ldquoprocurardquo

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Capiacutetulo 2 O RPG

dados para acontecerem e virarem accedilotildees Isso ocorre pois os atributos necessaacuteriospara tomar as decisotildees estatildeo descritos em uma ficha e cada atributo possui um valornumeacuterico Para realizar uma accedilatildeo a de socar um oponente por exemplo o jogadorprecisa lanccedilar os dados e o valor deve ser menor ou igual ao valor do atributo de forccediladescrito na ficha (exemplo da ficha na paacutegina 17)

No entanto existe uma variaccedilatildeo do RPG chamada LARP (Live-action role-playing) que significa literalmente interpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivo Essa eacute uma mo-dalidade bem mais proacutexima do que pretendo trabalhar pois aqui a interpretaccedilatildeo seassemelha muito com o fazer teatral As regras do LARP satildeo as mesmas do RPGcom essa uacutenica diferenccedila de que aqui sim os jogadores interpretam teatralmente seuspersonagens

Essa mecacircnica torna o RPG e o LARP oacutetimos aliado na construccedilatildeo colaborativado enredo de um espetaacuteculo Levando em conta essa possibilidade decidir utilizar meuestaacutegio para a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino do teatro parao ensino fundamental anos finais Para isso elaborei um plano de curso detalhandotambeacutem os planos de aula que podem ser vistos em anexo

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3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Imaginemos que cada partida de RPG seja registrada por algueacutem que anota oufilma ou grava tudo que ocorre Imaginemos que esse material seja lapidado e escritono formato de um roteiro de teatro com rubricas e falas Essa produccedilatildeo eacute cem porcento uma criaccedilatildeo colaborativa entre todos os jogadores A partir dela o jogador podeinterpretar o personagem que ele mesmo criou dentro do jogo novamente dessa vezsob o acircngulo do teatro propriamente dito visando o espetaacuteculo A obra que saiu daimaginaccedilatildeo do jogadorator seraacute melhor interpretada por ele pois tem dela propriedadePartindo dessa premissa logrei experimentar essa ideia na minha primeira direccedilatildeodentro da disciplina de Direccedilatildeo 1 do curso de Artes Cecircnicas

Eu queria criar uma peccedila baseada no livro The Asylum for Wayward VictorianGirls de Emilie Autumn Poreacutem o livro natildeo possui ateacute o momento traduccedilatildeo para oportuguecircs e eu natildeo teria tempo de traduzir todas a suas mais de duzentas paacuteginase pedir que meus atores lessem todo o livro Mas eu conhecia o universo do livro esua histoacuteria Poderia criar um roteiro que se passava no mesmo contexto e universo eassim dirigi-lo Soacute que acabei me deparando com outra questatildeo a maioria dos meusatores nunca tinham atuado na vida Conversando com eles notei que tiacutenhamos emcomum a praacuterica do RPG e daiacute surgiu a minha ideia Eu iria organizar um jogo e daiacute eutiraria o roteiro aleacutem disso meus atores teriam propriedade de seus personagens eassim talvez a direccedilatildeo se tornasse mais faacutecil Entatildeo assim eu fiz O problema do RPG edo teatro poreacutem eacute que todos os envolvidos precisam estar presentes A maioria nuncatinha atuado logo natildeo sabiam o quatildeo ruim eacute faltar aos ensaios Isso me impediu delevar a ideia adiante Mas mantive ela guardada ateacute iniciar o meu estaacutegio

RPGs tinham sido uma marca muito forte na minha infacircncia entatildeo imagineique poderia ser na de outros adolescentes Assim adaptei a minha ideia e inseri oensino de noccedilotildees baacutesicos do teatro e fiz um paralelo com a mateacuteria estudada pelosalunos em Histoacuteria A partir disso elaborei meu Plano de aula que seraacute apresentadoda maneira como foi pensado para depois passar ao relato do que foi possiacutevel

No primeiro momento sabendo que enfrentaria o desconhecimento dos alunosem relaccedilatildeo ao jogo planejei um bate-papo sobre jogos A fim de conhecer os alunosuma das primeiras perguntas seria sobre quais jogos os alunos mais gostam Listandoesses jogos a proposta era encontrar o que todos tinham em comum e assim definir deacordo com as respostas dos alunos o que era necessaacuterio para se ter um jogo Listei

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

de antematildeo algumas caracteriacutesticas que eram necessaacuterias para se ter um jogo comojogadores regras e o objetivo do jogo Outra parte desse debate seria para classificare dividir jogos em categorias jogos de tabuleiro cartas esportivos em grupo entreoutras classificaccedilotildees Tambeacutem planejei inserir jogos eletrocircnicos nessas classificaccedilotildeespara assim ampliar o repertoacuterio dos alunos na hora de jogar o RPG

Definindo essa parte a pergunta era sobre o que seriam no entendimento dosalunos jogos teatrais para entatildeo comeccedilar a inserir o conceito de RPG como um jogode interpretaccedilatildeo de papeacuteis e improviso Apoacutes explicar o que eacute o RPG o proacuteximo passoseria explicar as regras e comeccedilar a dividir os grupos (de 4 ou 5 alunos) Juntamentecom as regras os alunos seriam expostos agraves fichas de RPG e escolheriam o universoonde se passaria a aventura Como dito anteriormente a ideia seria usar mateacuteriasestudadas em Histoacuteria por eles naquele bimestre Apoacutes ser definido o Universo iriacuteamoscriar os personagens dentro do contexto (paiacutes e eacutepoca) definidos utilizando algunsparacircmetros por exemplo data de nascimento status social idade signo e uma muacutesicatema para o personagem

A fim de estimular a criatividade dos alunos fazia parte do plano levar viacutedeosde desenhos animados trechos de filmes e jogos de computador que tivessem atemaacutetica de aventura assim como contos curtos de fantasia e aventura A ideia erafazer tambeacutem um exerciacutecio de identificar elementos nas narrativas que os ajudassem acriar durante o jogo de RPG Entre os elementos a identificar estavam o heroacutei (casohouvesse) o vilatildeo (caso houvesse) as criaturas e monstros o enredo o cliacutemax e aconclusatildeo da narrativa Claro que tambeacutem eacute importante definir a espacialidade ou sejaos cenaacuterios e mapas Onde a histoacuteria ocorre e para onde ela se desloca no decorrer dotempo Assim cada grupo construiriam o proacutelogo do jogo de cada grupo a partir doselementos identificados nos viacutedeos e contos Esse proacutelogo seria um guia para o jogopropriamente dito

Dentro do mesmo exerciacutecio deveriam listar os objetos e a vestimenta de umdos personagens dos viacutedeos e contos (a escolha seria de cada aluno) o que ajudaria apersonalizar melhor o personagem que criaram Aleacutem das caracteriacutesticas subjetivase psicoloacutegicas agora deveriam criar as caracteriacutesticas fiacutesicas Eacute claro que aleacutem doproacutelogo do Universo do grupo cada um deveria criar um proacutelogo para o proacuteprio perso-nagem constando quem ele foi e como ele chegou ateacute aliacute no iniacutecio do jogo A seguir aficha do personagem

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Figura 1 ndash Ficha de RPG criada para as aulas

Adaptado ficha do jogo Vampiro A Maacutescara

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Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

41

ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

42

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

43

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

44

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

46

  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 4: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

AGRADECIMENTOS

Agrave professora Acircngela Barcellos pela orientaccedilatildeo e pela amizade durante todo oprocesso de escrita deste trabalho Tambeacutem agradeccedilo ao meu companheiro Hillander

Ilmar Ferreira Machado pela paciecircncia e por natildeo me deixar desistir

Diga-me e eu vou esquecerMostre-me e talvez eu me lembreEnvolva-me e eu vou entenderConfuacutecio

RESUMO

O trabalho traz a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino de

teatro durante a disciplina de Estaacutegio Supervisionado 2 do curso de Licenciatura

em Artes Cecircnicas Tem como objetivo apresentar novas estrateacutegias de ensino de

teatro para o Ensino Fundamental anos finais Este jogo jaacute eacute utilizada no ambiente

escolar em outras partes do mundo como estrateacutegia metodoloacutegica em vaacuterias aacutereas

do conhecimento e vem demonstrando resultados satisfatoacuterios no desenvolvimento e

aprendizagem dos alunos Traz o conceito de RPG o plano de aula desenvolvido pela

autora as experiecircncias dentro do estaacutegio e exemplos de uso do RPG na escola

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 7

2 O RPG 9

3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO 14

4 O MEU ESTAacuteGIO 21

5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR 27

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 32

REFEREcircNCIAS 34

ANEXOS 36

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO 37

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS 40B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo

proposto 40B2 Aula 2 Primeira partida 41B3 Aula 3 Segunda partida 42B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena 44B5 Aula 5 Estrutura final 45B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio 46

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando comecei a jogar Role-playing Game (RPG) ou ldquojogo de interpretaccedilatildeode papeacuteisrdquo aos meus 11 anos de idade ainda natildeo tinha ideia de que seria atriz um diaTampouco imaginei que esse estilo de jogo seria o meu passa-tempo favorito pelosproacuteximos anos e que se tornaria uma paixatildeo hoje em dia

No primeiro capiacutetulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona Esseeacute um tipo de jogo como o proacuteprio nome sugere onde haacute a interpretaccedilatildeo de papeacuteissendo esses personagens criados dentro de um universo geralmente de fantasia ondeum Mestre narra a histoacuteria e os outros jogadores satildeo protagonistas dela Mas o quede fato nunca iria prever era que teria a ideia de usar o RPG como mecanismo paracriaccedilatildeo de espetaacuteculos Tudo comeccedilou com minha primeira direccedilatildeo dentro do meucurso de Artes Cecircnicas na UnB quando precisei de um mecanismo eficiente e raacutepidopara transformar em espetaacuteculo um livro que natildeo possuiacutea traduccedilatildeo em portuguecircs

No segundo capiacutetulo explico como o meu projeto evoluiu durante a disciplinade Estaacutegio tornando-se uma pesquisa mai apurada Elaborei entatildeo meu plano de aulavisando usar o jogo de RPG como gatilho para despertar o interesse dos alunos emaprender algumas noccedilotildees de teatro presentes no Curriacuteculo em Movimento do DistritoFederal De todas as maneiras possiacuteveis busquei de acordo com o interesse dosalunos inserir percepccedilotildees baacutesicas do teatro como cenaacuterio tipos de palco figurinoadereccedilos maquiagem iluminaccedilatildeo e outras noccedilotildees Fora a parte de interpretaccedilatildeo defato criaccedilatildeo colaborativa do roteiro de um espetaacuteculo e elementos de narrativa A ideiaeacute descontrair o maacuteximo possiacutevel o ambiente da sala de aula e trazer o jogo como ummecanismo de aproximaccedilatildeo com o luacutedico Eacute claro que a arte em si jaacute possui caraacuteterluacutedico no entanto quando fiz meu estaacutegio vi que o pensamento conteudista aindapermeia a realidade dos nossos professores mesmo os de artes O RPG tambeacutemvem com a intenccedilatildeo de estimular a imaginaccedilatildeo dos alunos pois seratildeo eles os cria-dores das histoacuterias que permearatildeo o desenvolvimento e aprendizagem da linguagemteatral Aqui a intenccedilatildeo eacute tornaacute-los sujeitos da criaccedilatildeo do proacuteprio conhecimento atra-veacutes da praacutetica Assim os alunos constroem tambeacutem a autonomia necessaacuteria para sedesenvolverem fora da escola

No terceiro capiacutetulo falo mais sobre o a experiecircncia do estaacutegio em si Durantemeu estaacutegio pude fazer pouca coisa de fato dentro do meu plano de aula Poreacutem foio suficiente para que eu pudesse refletir e chegar agraves conclusotildees aqui propostas Por

7

Capiacutetulo 1 INTRODUCcedilAtildeO

conta de uma visatildeo diferente da professora que me acompanhou e talvez por medode ser cobrada dos alunos com aulas mais dinacircmicas apoacutes minha passagem elaacabou por me convencer a mudar meu plano de aula o que dificultou o andamento domeu estaacutegio Poreacutem a experiecircncia me ajudou a perceber como a realidade dos alunosinfluenciaria no jogo e como eu poderia aproveitar isso nas aulas Uma consequecircncianatural do jogo na sala de aula eacute perceber a realidade dos alunos sendo trazida parao RPG Os conflitos internos na famiacutelia e na proacutepria escola podem virar uma histoacuteriadentro do jogo com atos e consequecircncias que podem auxiliar os alunos a chegarem asoluccedilotildees nos problemas do dia-a-dia tambeacutem

No uacuteltimo capiacutetulo eu mostro como o RPG vem sendo utilizado como metodolo-gia de ensino em outros paiacuteses A ideia de utilizar o RPG na escola natildeo eacute ineacutedita e eacutecomprovado que funciona Poreacutem natildeo encontrei nada especiacutefico voltado para o ensinode teatro O educador moderno deve sempre procurar se adaptar e buscar alternativaspara melhorar o desempenho e desenvolvimento dos alunos tanto para a sala de aulaquanto fora dela O RPG eacute uma dessas alternativas na qual eu acredito E claro tembastante abertura se unir com o fazer teatral em vaacuterios aspectos que seratildeo explicitadosnos capiacutetulos seguintes O RPG pode ser educativo terapecircutico e principalmentedivertido Eacute uma metodologia completa e jaacute eacute utilizada em escolas e programas depesquisa em paiacuteses como Dinamarca e Estados Unidos auxiliando nos estudos decrianccedilas com dificuldades sociais e de aprendizagem das mais diversas

8

2 O RPG

Antes de falar sobre a minha experiecircncia com o RPG na sala de aula eacute essencialque se entenda como funcionam jogos de RPG para que assim eu possa explicar arelaccedilatildeo que criei entre o jogo e o ensino de teatro para alunos do ensino fundamentalanos finais Segundo o site Mundo das Trevas

Role-playing game tambeacutem conhecido como RPG (em portuguecircs ldquojogo deinterpretaccedilatildeo de personagensrdquo) eacute um tipo de jogo em que os jogadores as-sumem os papeacuteis de personagens e criam narrativas colaborativamente Oprogresso de um jogo se daacute de acordo com um sistema de regras prede-terminado dentro das quais os jogadores podem improvisar livremente Asescolhas dos jogadores determinam a direccedilatildeo que o jogo iraacute tomar (MUNDODAS TREVAS 2014)

A origem do RPG vem de duas fontes a literatura fantaacutestica - que se tor-nou muito popular com obras como O Hobbit (1937) e a trilogia O Senhor dos Aneacuteis(195455) ambos de John Ronald Reuel Tolkien - e os jogos de tabuleiro - especial-mente os de guerra Mas a criaccedilatildeo do jogo em si eacute atribuiacuteda a dois estudantes daUniversidade de Minnesota nos EUA Gary Gygax (1938-2008) foi um desses gran-des precursores criador de um cenaacuterio medieval para jogar com miniaturas chamadoChainmail em 1971 O outro criador foi Dave Arneson (1947-2009) que desenvolveu ocenaacuterio fantaacutestico para RPG Blackmoor tambeacutem em 1971 Foi ele quem criou osprincipais conceitos e regras do que conhecemos hoje do RPG como a presenccedila deum Mestre ou Narrador - este aleacutem de narrar a histoacuteria interpreta os NPCs1 - e asfichas de personagem Os dois criaram juntos o primeiro RPG Dungeons amp Dragons2 publicado pela editora TSR em 1974(LUFTSTARK 2015)

Esse jogo foi importante na minha infacircncia no sentido em que estimulava acriatividade na medida em que as histoacuterias se tornavam cada vez mais profundas ecomplexas com detalhes na narrativa e descriccedilatildeo dos acontecimentos Isso me ensinoua prever as consequecircncias de uma accedilatildeo como num jogo de xadrez onde eacute necessaacuterioprever a jogada do oponente O RPG cria essa prontidatildeo de prever como os dadosvatildeo se comportar e quais as consequecircncias da falha ou sucesso da accedilatildeo ou sejadesenvolve tambeacutem o raciociacutenio loacutegico Essa mistura de loacutegica e criatividade quando

1 Non-player Character - do inglecircs ldquoPersonagem natildeo-jogaacutevelrdquo Eacute um personagem dentro do jogo que natildeopode ser interpretado por um jogador apenas pelo Mestre ou Narrador da campanha

2 Do inglecircs ldquoMasmorras e Dragotildeesrdquo

9

Capiacutetulo 2 O RPG

estimulada ajuda a desenvolver na pessoa a perspicaacutecia para resolver situaccedilotildees-problema no dia-a-dia analisar as situaccedilotildees e decidir cooperativamente

ldquoUm jogo tiacutepico une os seus participantes de maneira cooperativa em umuacutenico time que se aventura como um grupo em busca da soluccedilatildeo de enigmas acaccedila de vilotildees ou com intenccedilatildeo de resolver qualquer tipo de conflito emergente nahistoacuteriardquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Esses conflitos encontram um paralelo noteatro dramaacutetico que busca pela catarse3 do espectador em relaccedilatildeo aos conflitos datrama conceito criado pelo filoacutesofo grego Aristoacuteteles no seacuteculo V aC O ponto principaldo RPG eacute criar uma boa histoacuteria que gere essa catarse assim como no drama Nemsempre o que o jogador quer para o personagem eacute bom para o personagem O jogadorpode deliberadamente criar conflitos e situaccedilotildees ruins para o personagem mas quefavoreccedilam a histoacuteria e a identidade do mesmo

ldquoComo romances ou filmes RPGs agradam porque eles alimentam a imagi-naccedilatildeo sem no entanto limitar o comportamento do jogador a um enredo especiacute-ficordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Ou seja o que impera eacute o improviso Essa praacuteticado improviso tambeacutem eacute outro fator que estimula a prontidatildeo em cena e a criatividadena resoluccedilatildeo de problemas tanto na trama quanto durante a interpretaccedilatildeo SegundoRosseto

Improvisar eacute criar jogar arriscar transformar uma ideia num espaccedilo privile-giado para as concepccedilotildees poeacuteticas e simboacutelicas No acircmbito do ensino essefazer pode desencadear processos de aprendizagens que contribuem para aformaccedilatildeo de sujeitos autocircnomos mediados pela intuiccedilatildeo e pelas referecircnciasdramaacuteticas (ROSSETO 2012 p 9)

Como irei explicitar mais a frente esses processos de apredizagem e criaccedilatildeode sujeitos autocircnomos satildeo bastante comprovados no uso do RPG como estrateacutegiapedagoacutegica principalmente para alunos com dificuldades de aprendizagem leves -como dislexia4 e discalculia5 - e graves - como o autismo6

3 Purificaccedilatildeo do espiacuterito do espectador atraveacutes da purgaccedilatildeo de suas paixotildees esp dos sentimentos deterror ou de piedade vivenciados na contemplaccedilatildeo do espetaacuteculo traacutegico

4 Perturbaccedilatildeo na aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondecircncia entreos siacutembolos graacuteficos e os fonemas bem como na transformaccedilatildeo de signos escritos em signos verbais

5 Desordem neuroloacutegica especiacutefica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipularnuacutemeros

6 Distuacuterbio neuroloacutegico caracterizado por comprometimento da interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal e comportamento restrito e repetitivo

10

Capiacutetulo 2 O RPG

No jogo de RPG o jogador improvisa em um universo em geral fantaacutesticomas pode existir tambeacutem campanhas ndash como eacute chamada a histoacuteria no RPG ndash quese passam em um contexto histoacuterico e ateacute mesmo atual Eacute possiacutevel criar RPGs depraticamente qualquer tema O que define o jogo satildeo suas regras e natildeo o universoem que ocorre a campanha No ensino de teatro por exemplo podemos criar um jogobaseado em obras de Shakespeare Por exemplo a comeacutedia ldquoSonhos de uma noite deveratildeordquo poderia ser o cenaacuterio onde os jogadores contariam a histoacuteria narrada na obrasem interpretar os personagens principais O jogadores seriam os seres encantados doreino de Oberon e Titania que indiretamente contariam como quatro humanos entraramna floresta e foram enfeiticcedilados por Puck servo de Oberon e como Titania se apaixonoupor um monstro devido ao mesmo feiticcedilo Ou humanos que teriam que lidar com odesaparecimento de Heacutermia Helena Lisandro e Demeacutetrio na floresta

Outro ponto forte eacute que para jogar bem o RPG eacute preciso conhecer bastantesobre o universo em que ocorre a campanha para que se definam os cenaacuterios figurinose tecnologias a serem desenvolvidos Muitos jogadores criam campanhas a partir defatos histoacutericos reais como guerras intrigas poliacuteticas contextos socioeconocircmicosrevoluccedilotildees entre outros Isso gera interesse no jogador em aprender e estimula aleitura Mais adiante irei falar de como planejei minhas aulas para inserir as noccedilotildeesbaacutesicas do teatro - histoacuteria do teatro tipos de palco cenaacuterio figurino maquiagem eoutros - no jogo de RPG

Como em um jogo de estrateacutegia haacute regras que o definem e guiam aquilo queo seu personagem pode ou natildeo fazer A esse conjunto de regras chama-sesistema Como no teatro cada personagem tem uma histoacuteria e deve serinterpretado assim como fazem os atores Diferente de um jogo de estrateacutegiavocecirc natildeo luta contra um adversaacuterio especiacutefico mas vive aventuras em ummundo imaginaacuterio (MUNDO DAS TREVAS 2014 grifos meus)

Percebe-se que no proacuteprio site o jogo jaacute eacute apontado em sua aproximaccedilatildeo como teatro sendo essa mais uma razatildeo que fortalece a presente pesquisa A mecacircnica doRPG funciona mais ou menos como um jogo de improviso teatral semelhante aos quevemos em paacuteginas como YouTube e Facebook e na televisatildeo Por exemplo um jogoonde soacute se pode iniciar as frases com as letras do alfabeto em sequecircncia Natildeo sepode quebrar a regra ou o jogo deixa de existir No RPG as regras satildeo na verdadereferentes ao universo do jogo No universo real existe a lei da gravidade que puxatudo no planeta em direccedilatildeo ao centro da Terra No RPG eacute possiacutevel criar um universoonde essa lei natildeo exista e seja impossiacutevel tocar o solo Sendo assim o jogador deveseguir essa premissa e nunca tocar o chatildeo Outro exemplo pode ser o jogo de ldquopedra

11

Capiacutetulo 2 O RPG

papel tesourardquo Nesse jogo a pedra nunca ganha do papel e o papel nunca ganha datesoura Satildeo as regras Meu personagem ldquotesourardquo sempre iraacute perder se lutar contra umadversaacuterio ldquopedrardquo No mundo dos jogos isso se chama counter 7 ou seja o adversaacuterioque tem o que eacute necessaacuterio para atingir o ponto fraco do personagem Nem todos ossistemas de RPG tem possibilidade do counter poreacutem eacute uma regra recorrente nosjogos de aventura com fantasia

A maioria das campanhas de RPG exigem que o jogador crie toda uma histoacuteriaanterior para o seu personagem o background 8 A histoacuteria do universo do jogo eacuteconhecido como lore9 e funciona como um proacutelogo para a campanha que iraacute comeccedilarIsso eacute definido em conjunto entre todos os jogadores

Esse trabalho de criaccedilatildeo do personagem dentro da lore do jogo se assemelhamuito com o trabalho do ator seguindo a linha descrita no livro ldquoA preparaccedilatildeo doatorrdquo de Constantin Stanislavski (1936) Assim como no teatro stanislavskiano noRPG os objetivos do personagem permeiam suas accedilotildees Existe o superobjetivo e osobjetivos menores que satildeo construiacutedos no decorrer do jogo e faratildeo parte da evoluccedilatildeodo personagem No jogo os objetivos e o super-objetivo satildeo chamados de quests10 Existem a quest principal (superobjetivo) e as quests secundaacuterias (objetivos que podemou natildeo interferir no superobjetivo) O personagem estaacute sempre avaliando a situaccedilatildeodiante o do objetivo para entatildeo definir uma accedilatildeo Essa accedilatildeo estaacute sujeita agraves emoccedilotildeesdo personagem e que natildeo estatildeo sujeitas a sua vontade mas agrave do jogador ndash no caso doteatro agrave do dramaturgo autor diretor ou ator ndash e ao processo dentro da lore do jogo ndashou texto dramaacutetico no teatro As accedilotildees do personagem tanto no jogo quanto no teatroproposto por Stanislavski definem quem ele eacute (STANISLAVSKI 1936)

ldquoDiferente do teatro vocecirc natildeo segue um roteiro mas age pelo seu personagemcom liberdade de accedilatildeo limitado somente pelo conjunto de regras do sistema emquestatildeordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Aqui eacute claro se trata do texto dramaacutetico escritoAs regras do sistema da lore e do background do jogo formam um outro tipo de roteiroUm roteiro de accedilotildees possiacuteveis ou natildeo de acordo com o universo Diferente do teatro noRPG os jogadores interpretam os personagens sentados e natildeo haacute a necessidade deuma interpretaccedilatildeo profunda e complexa embora a criaccedilatildeo do personagem o seja Pormais complexas que sejam as accedilotildees e emoccedilotildees do personagem elas satildeo descritas enatildeo interpretadas como no teatro Aqui as decisotildees dos jogadores dependem de rolar

7 Do inglecircs rebater contestar aquele que eacute contra8 Do inglecircs ldquofundordquo ldquosegundo planordquo ldquoexperiecircnciardquo9 Do inglecircs ldquoconhecimentordquo ldquosaberrdquo10 do inglecircs nesse contexto significa ldquobuscardquo ou ldquoprocurardquo

12

Capiacutetulo 2 O RPG

dados para acontecerem e virarem accedilotildees Isso ocorre pois os atributos necessaacuteriospara tomar as decisotildees estatildeo descritos em uma ficha e cada atributo possui um valornumeacuterico Para realizar uma accedilatildeo a de socar um oponente por exemplo o jogadorprecisa lanccedilar os dados e o valor deve ser menor ou igual ao valor do atributo de forccediladescrito na ficha (exemplo da ficha na paacutegina 17)

No entanto existe uma variaccedilatildeo do RPG chamada LARP (Live-action role-playing) que significa literalmente interpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivo Essa eacute uma mo-dalidade bem mais proacutexima do que pretendo trabalhar pois aqui a interpretaccedilatildeo seassemelha muito com o fazer teatral As regras do LARP satildeo as mesmas do RPGcom essa uacutenica diferenccedila de que aqui sim os jogadores interpretam teatralmente seuspersonagens

Essa mecacircnica torna o RPG e o LARP oacutetimos aliado na construccedilatildeo colaborativado enredo de um espetaacuteculo Levando em conta essa possibilidade decidir utilizar meuestaacutegio para a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino do teatro parao ensino fundamental anos finais Para isso elaborei um plano de curso detalhandotambeacutem os planos de aula que podem ser vistos em anexo

13

3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Imaginemos que cada partida de RPG seja registrada por algueacutem que anota oufilma ou grava tudo que ocorre Imaginemos que esse material seja lapidado e escritono formato de um roteiro de teatro com rubricas e falas Essa produccedilatildeo eacute cem porcento uma criaccedilatildeo colaborativa entre todos os jogadores A partir dela o jogador podeinterpretar o personagem que ele mesmo criou dentro do jogo novamente dessa vezsob o acircngulo do teatro propriamente dito visando o espetaacuteculo A obra que saiu daimaginaccedilatildeo do jogadorator seraacute melhor interpretada por ele pois tem dela propriedadePartindo dessa premissa logrei experimentar essa ideia na minha primeira direccedilatildeodentro da disciplina de Direccedilatildeo 1 do curso de Artes Cecircnicas

Eu queria criar uma peccedila baseada no livro The Asylum for Wayward VictorianGirls de Emilie Autumn Poreacutem o livro natildeo possui ateacute o momento traduccedilatildeo para oportuguecircs e eu natildeo teria tempo de traduzir todas a suas mais de duzentas paacuteginase pedir que meus atores lessem todo o livro Mas eu conhecia o universo do livro esua histoacuteria Poderia criar um roteiro que se passava no mesmo contexto e universo eassim dirigi-lo Soacute que acabei me deparando com outra questatildeo a maioria dos meusatores nunca tinham atuado na vida Conversando com eles notei que tiacutenhamos emcomum a praacuterica do RPG e daiacute surgiu a minha ideia Eu iria organizar um jogo e daiacute eutiraria o roteiro aleacutem disso meus atores teriam propriedade de seus personagens eassim talvez a direccedilatildeo se tornasse mais faacutecil Entatildeo assim eu fiz O problema do RPG edo teatro poreacutem eacute que todos os envolvidos precisam estar presentes A maioria nuncatinha atuado logo natildeo sabiam o quatildeo ruim eacute faltar aos ensaios Isso me impediu delevar a ideia adiante Mas mantive ela guardada ateacute iniciar o meu estaacutegio

RPGs tinham sido uma marca muito forte na minha infacircncia entatildeo imagineique poderia ser na de outros adolescentes Assim adaptei a minha ideia e inseri oensino de noccedilotildees baacutesicos do teatro e fiz um paralelo com a mateacuteria estudada pelosalunos em Histoacuteria A partir disso elaborei meu Plano de aula que seraacute apresentadoda maneira como foi pensado para depois passar ao relato do que foi possiacutevel

No primeiro momento sabendo que enfrentaria o desconhecimento dos alunosem relaccedilatildeo ao jogo planejei um bate-papo sobre jogos A fim de conhecer os alunosuma das primeiras perguntas seria sobre quais jogos os alunos mais gostam Listandoesses jogos a proposta era encontrar o que todos tinham em comum e assim definir deacordo com as respostas dos alunos o que era necessaacuterio para se ter um jogo Listei

14

Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

de antematildeo algumas caracteriacutesticas que eram necessaacuterias para se ter um jogo comojogadores regras e o objetivo do jogo Outra parte desse debate seria para classificare dividir jogos em categorias jogos de tabuleiro cartas esportivos em grupo entreoutras classificaccedilotildees Tambeacutem planejei inserir jogos eletrocircnicos nessas classificaccedilotildeespara assim ampliar o repertoacuterio dos alunos na hora de jogar o RPG

Definindo essa parte a pergunta era sobre o que seriam no entendimento dosalunos jogos teatrais para entatildeo comeccedilar a inserir o conceito de RPG como um jogode interpretaccedilatildeo de papeacuteis e improviso Apoacutes explicar o que eacute o RPG o proacuteximo passoseria explicar as regras e comeccedilar a dividir os grupos (de 4 ou 5 alunos) Juntamentecom as regras os alunos seriam expostos agraves fichas de RPG e escolheriam o universoonde se passaria a aventura Como dito anteriormente a ideia seria usar mateacuteriasestudadas em Histoacuteria por eles naquele bimestre Apoacutes ser definido o Universo iriacuteamoscriar os personagens dentro do contexto (paiacutes e eacutepoca) definidos utilizando algunsparacircmetros por exemplo data de nascimento status social idade signo e uma muacutesicatema para o personagem

A fim de estimular a criatividade dos alunos fazia parte do plano levar viacutedeosde desenhos animados trechos de filmes e jogos de computador que tivessem atemaacutetica de aventura assim como contos curtos de fantasia e aventura A ideia erafazer tambeacutem um exerciacutecio de identificar elementos nas narrativas que os ajudassem acriar durante o jogo de RPG Entre os elementos a identificar estavam o heroacutei (casohouvesse) o vilatildeo (caso houvesse) as criaturas e monstros o enredo o cliacutemax e aconclusatildeo da narrativa Claro que tambeacutem eacute importante definir a espacialidade ou sejaos cenaacuterios e mapas Onde a histoacuteria ocorre e para onde ela se desloca no decorrer dotempo Assim cada grupo construiriam o proacutelogo do jogo de cada grupo a partir doselementos identificados nos viacutedeos e contos Esse proacutelogo seria um guia para o jogopropriamente dito

Dentro do mesmo exerciacutecio deveriam listar os objetos e a vestimenta de umdos personagens dos viacutedeos e contos (a escolha seria de cada aluno) o que ajudaria apersonalizar melhor o personagem que criaram Aleacutem das caracteriacutesticas subjetivase psicoloacutegicas agora deveriam criar as caracteriacutesticas fiacutesicas Eacute claro que aleacutem doproacutelogo do Universo do grupo cada um deveria criar um proacutelogo para o proacuteprio perso-nagem constando quem ele foi e como ele chegou ateacute aliacute no iniacutecio do jogo A seguir aficha do personagem

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Figura 1 ndash Ficha de RPG criada para as aulas

Adaptado ficha do jogo Vampiro A Maacutescara

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 5: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Diga-me e eu vou esquecerMostre-me e talvez eu me lembreEnvolva-me e eu vou entenderConfuacutecio

RESUMO

O trabalho traz a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino de

teatro durante a disciplina de Estaacutegio Supervisionado 2 do curso de Licenciatura

em Artes Cecircnicas Tem como objetivo apresentar novas estrateacutegias de ensino de

teatro para o Ensino Fundamental anos finais Este jogo jaacute eacute utilizada no ambiente

escolar em outras partes do mundo como estrateacutegia metodoloacutegica em vaacuterias aacutereas

do conhecimento e vem demonstrando resultados satisfatoacuterios no desenvolvimento e

aprendizagem dos alunos Traz o conceito de RPG o plano de aula desenvolvido pela

autora as experiecircncias dentro do estaacutegio e exemplos de uso do RPG na escola

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 7

2 O RPG 9

3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO 14

4 O MEU ESTAacuteGIO 21

5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR 27

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 32

REFEREcircNCIAS 34

ANEXOS 36

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO 37

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS 40B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo

proposto 40B2 Aula 2 Primeira partida 41B3 Aula 3 Segunda partida 42B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena 44B5 Aula 5 Estrutura final 45B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio 46

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando comecei a jogar Role-playing Game (RPG) ou ldquojogo de interpretaccedilatildeode papeacuteisrdquo aos meus 11 anos de idade ainda natildeo tinha ideia de que seria atriz um diaTampouco imaginei que esse estilo de jogo seria o meu passa-tempo favorito pelosproacuteximos anos e que se tornaria uma paixatildeo hoje em dia

No primeiro capiacutetulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona Esseeacute um tipo de jogo como o proacuteprio nome sugere onde haacute a interpretaccedilatildeo de papeacuteissendo esses personagens criados dentro de um universo geralmente de fantasia ondeum Mestre narra a histoacuteria e os outros jogadores satildeo protagonistas dela Mas o quede fato nunca iria prever era que teria a ideia de usar o RPG como mecanismo paracriaccedilatildeo de espetaacuteculos Tudo comeccedilou com minha primeira direccedilatildeo dentro do meucurso de Artes Cecircnicas na UnB quando precisei de um mecanismo eficiente e raacutepidopara transformar em espetaacuteculo um livro que natildeo possuiacutea traduccedilatildeo em portuguecircs

No segundo capiacutetulo explico como o meu projeto evoluiu durante a disciplinade Estaacutegio tornando-se uma pesquisa mai apurada Elaborei entatildeo meu plano de aulavisando usar o jogo de RPG como gatilho para despertar o interesse dos alunos emaprender algumas noccedilotildees de teatro presentes no Curriacuteculo em Movimento do DistritoFederal De todas as maneiras possiacuteveis busquei de acordo com o interesse dosalunos inserir percepccedilotildees baacutesicas do teatro como cenaacuterio tipos de palco figurinoadereccedilos maquiagem iluminaccedilatildeo e outras noccedilotildees Fora a parte de interpretaccedilatildeo defato criaccedilatildeo colaborativa do roteiro de um espetaacuteculo e elementos de narrativa A ideiaeacute descontrair o maacuteximo possiacutevel o ambiente da sala de aula e trazer o jogo como ummecanismo de aproximaccedilatildeo com o luacutedico Eacute claro que a arte em si jaacute possui caraacuteterluacutedico no entanto quando fiz meu estaacutegio vi que o pensamento conteudista aindapermeia a realidade dos nossos professores mesmo os de artes O RPG tambeacutemvem com a intenccedilatildeo de estimular a imaginaccedilatildeo dos alunos pois seratildeo eles os cria-dores das histoacuterias que permearatildeo o desenvolvimento e aprendizagem da linguagemteatral Aqui a intenccedilatildeo eacute tornaacute-los sujeitos da criaccedilatildeo do proacuteprio conhecimento atra-veacutes da praacutetica Assim os alunos constroem tambeacutem a autonomia necessaacuteria para sedesenvolverem fora da escola

No terceiro capiacutetulo falo mais sobre o a experiecircncia do estaacutegio em si Durantemeu estaacutegio pude fazer pouca coisa de fato dentro do meu plano de aula Poreacutem foio suficiente para que eu pudesse refletir e chegar agraves conclusotildees aqui propostas Por

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Capiacutetulo 1 INTRODUCcedilAtildeO

conta de uma visatildeo diferente da professora que me acompanhou e talvez por medode ser cobrada dos alunos com aulas mais dinacircmicas apoacutes minha passagem elaacabou por me convencer a mudar meu plano de aula o que dificultou o andamento domeu estaacutegio Poreacutem a experiecircncia me ajudou a perceber como a realidade dos alunosinfluenciaria no jogo e como eu poderia aproveitar isso nas aulas Uma consequecircncianatural do jogo na sala de aula eacute perceber a realidade dos alunos sendo trazida parao RPG Os conflitos internos na famiacutelia e na proacutepria escola podem virar uma histoacuteriadentro do jogo com atos e consequecircncias que podem auxiliar os alunos a chegarem asoluccedilotildees nos problemas do dia-a-dia tambeacutem

No uacuteltimo capiacutetulo eu mostro como o RPG vem sendo utilizado como metodolo-gia de ensino em outros paiacuteses A ideia de utilizar o RPG na escola natildeo eacute ineacutedita e eacutecomprovado que funciona Poreacutem natildeo encontrei nada especiacutefico voltado para o ensinode teatro O educador moderno deve sempre procurar se adaptar e buscar alternativaspara melhorar o desempenho e desenvolvimento dos alunos tanto para a sala de aulaquanto fora dela O RPG eacute uma dessas alternativas na qual eu acredito E claro tembastante abertura se unir com o fazer teatral em vaacuterios aspectos que seratildeo explicitadosnos capiacutetulos seguintes O RPG pode ser educativo terapecircutico e principalmentedivertido Eacute uma metodologia completa e jaacute eacute utilizada em escolas e programas depesquisa em paiacuteses como Dinamarca e Estados Unidos auxiliando nos estudos decrianccedilas com dificuldades sociais e de aprendizagem das mais diversas

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2 O RPG

Antes de falar sobre a minha experiecircncia com o RPG na sala de aula eacute essencialque se entenda como funcionam jogos de RPG para que assim eu possa explicar arelaccedilatildeo que criei entre o jogo e o ensino de teatro para alunos do ensino fundamentalanos finais Segundo o site Mundo das Trevas

Role-playing game tambeacutem conhecido como RPG (em portuguecircs ldquojogo deinterpretaccedilatildeo de personagensrdquo) eacute um tipo de jogo em que os jogadores as-sumem os papeacuteis de personagens e criam narrativas colaborativamente Oprogresso de um jogo se daacute de acordo com um sistema de regras prede-terminado dentro das quais os jogadores podem improvisar livremente Asescolhas dos jogadores determinam a direccedilatildeo que o jogo iraacute tomar (MUNDODAS TREVAS 2014)

A origem do RPG vem de duas fontes a literatura fantaacutestica - que se tor-nou muito popular com obras como O Hobbit (1937) e a trilogia O Senhor dos Aneacuteis(195455) ambos de John Ronald Reuel Tolkien - e os jogos de tabuleiro - especial-mente os de guerra Mas a criaccedilatildeo do jogo em si eacute atribuiacuteda a dois estudantes daUniversidade de Minnesota nos EUA Gary Gygax (1938-2008) foi um desses gran-des precursores criador de um cenaacuterio medieval para jogar com miniaturas chamadoChainmail em 1971 O outro criador foi Dave Arneson (1947-2009) que desenvolveu ocenaacuterio fantaacutestico para RPG Blackmoor tambeacutem em 1971 Foi ele quem criou osprincipais conceitos e regras do que conhecemos hoje do RPG como a presenccedila deum Mestre ou Narrador - este aleacutem de narrar a histoacuteria interpreta os NPCs1 - e asfichas de personagem Os dois criaram juntos o primeiro RPG Dungeons amp Dragons2 publicado pela editora TSR em 1974(LUFTSTARK 2015)

Esse jogo foi importante na minha infacircncia no sentido em que estimulava acriatividade na medida em que as histoacuterias se tornavam cada vez mais profundas ecomplexas com detalhes na narrativa e descriccedilatildeo dos acontecimentos Isso me ensinoua prever as consequecircncias de uma accedilatildeo como num jogo de xadrez onde eacute necessaacuterioprever a jogada do oponente O RPG cria essa prontidatildeo de prever como os dadosvatildeo se comportar e quais as consequecircncias da falha ou sucesso da accedilatildeo ou sejadesenvolve tambeacutem o raciociacutenio loacutegico Essa mistura de loacutegica e criatividade quando

1 Non-player Character - do inglecircs ldquoPersonagem natildeo-jogaacutevelrdquo Eacute um personagem dentro do jogo que natildeopode ser interpretado por um jogador apenas pelo Mestre ou Narrador da campanha

2 Do inglecircs ldquoMasmorras e Dragotildeesrdquo

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Capiacutetulo 2 O RPG

estimulada ajuda a desenvolver na pessoa a perspicaacutecia para resolver situaccedilotildees-problema no dia-a-dia analisar as situaccedilotildees e decidir cooperativamente

ldquoUm jogo tiacutepico une os seus participantes de maneira cooperativa em umuacutenico time que se aventura como um grupo em busca da soluccedilatildeo de enigmas acaccedila de vilotildees ou com intenccedilatildeo de resolver qualquer tipo de conflito emergente nahistoacuteriardquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Esses conflitos encontram um paralelo noteatro dramaacutetico que busca pela catarse3 do espectador em relaccedilatildeo aos conflitos datrama conceito criado pelo filoacutesofo grego Aristoacuteteles no seacuteculo V aC O ponto principaldo RPG eacute criar uma boa histoacuteria que gere essa catarse assim como no drama Nemsempre o que o jogador quer para o personagem eacute bom para o personagem O jogadorpode deliberadamente criar conflitos e situaccedilotildees ruins para o personagem mas quefavoreccedilam a histoacuteria e a identidade do mesmo

ldquoComo romances ou filmes RPGs agradam porque eles alimentam a imagi-naccedilatildeo sem no entanto limitar o comportamento do jogador a um enredo especiacute-ficordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Ou seja o que impera eacute o improviso Essa praacuteticado improviso tambeacutem eacute outro fator que estimula a prontidatildeo em cena e a criatividadena resoluccedilatildeo de problemas tanto na trama quanto durante a interpretaccedilatildeo SegundoRosseto

Improvisar eacute criar jogar arriscar transformar uma ideia num espaccedilo privile-giado para as concepccedilotildees poeacuteticas e simboacutelicas No acircmbito do ensino essefazer pode desencadear processos de aprendizagens que contribuem para aformaccedilatildeo de sujeitos autocircnomos mediados pela intuiccedilatildeo e pelas referecircnciasdramaacuteticas (ROSSETO 2012 p 9)

Como irei explicitar mais a frente esses processos de apredizagem e criaccedilatildeode sujeitos autocircnomos satildeo bastante comprovados no uso do RPG como estrateacutegiapedagoacutegica principalmente para alunos com dificuldades de aprendizagem leves -como dislexia4 e discalculia5 - e graves - como o autismo6

3 Purificaccedilatildeo do espiacuterito do espectador atraveacutes da purgaccedilatildeo de suas paixotildees esp dos sentimentos deterror ou de piedade vivenciados na contemplaccedilatildeo do espetaacuteculo traacutegico

4 Perturbaccedilatildeo na aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondecircncia entreos siacutembolos graacuteficos e os fonemas bem como na transformaccedilatildeo de signos escritos em signos verbais

5 Desordem neuroloacutegica especiacutefica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipularnuacutemeros

6 Distuacuterbio neuroloacutegico caracterizado por comprometimento da interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal e comportamento restrito e repetitivo

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Capiacutetulo 2 O RPG

No jogo de RPG o jogador improvisa em um universo em geral fantaacutesticomas pode existir tambeacutem campanhas ndash como eacute chamada a histoacuteria no RPG ndash quese passam em um contexto histoacuterico e ateacute mesmo atual Eacute possiacutevel criar RPGs depraticamente qualquer tema O que define o jogo satildeo suas regras e natildeo o universoem que ocorre a campanha No ensino de teatro por exemplo podemos criar um jogobaseado em obras de Shakespeare Por exemplo a comeacutedia ldquoSonhos de uma noite deveratildeordquo poderia ser o cenaacuterio onde os jogadores contariam a histoacuteria narrada na obrasem interpretar os personagens principais O jogadores seriam os seres encantados doreino de Oberon e Titania que indiretamente contariam como quatro humanos entraramna floresta e foram enfeiticcedilados por Puck servo de Oberon e como Titania se apaixonoupor um monstro devido ao mesmo feiticcedilo Ou humanos que teriam que lidar com odesaparecimento de Heacutermia Helena Lisandro e Demeacutetrio na floresta

Outro ponto forte eacute que para jogar bem o RPG eacute preciso conhecer bastantesobre o universo em que ocorre a campanha para que se definam os cenaacuterios figurinose tecnologias a serem desenvolvidos Muitos jogadores criam campanhas a partir defatos histoacutericos reais como guerras intrigas poliacuteticas contextos socioeconocircmicosrevoluccedilotildees entre outros Isso gera interesse no jogador em aprender e estimula aleitura Mais adiante irei falar de como planejei minhas aulas para inserir as noccedilotildeesbaacutesicas do teatro - histoacuteria do teatro tipos de palco cenaacuterio figurino maquiagem eoutros - no jogo de RPG

Como em um jogo de estrateacutegia haacute regras que o definem e guiam aquilo queo seu personagem pode ou natildeo fazer A esse conjunto de regras chama-sesistema Como no teatro cada personagem tem uma histoacuteria e deve serinterpretado assim como fazem os atores Diferente de um jogo de estrateacutegiavocecirc natildeo luta contra um adversaacuterio especiacutefico mas vive aventuras em ummundo imaginaacuterio (MUNDO DAS TREVAS 2014 grifos meus)

Percebe-se que no proacuteprio site o jogo jaacute eacute apontado em sua aproximaccedilatildeo como teatro sendo essa mais uma razatildeo que fortalece a presente pesquisa A mecacircnica doRPG funciona mais ou menos como um jogo de improviso teatral semelhante aos quevemos em paacuteginas como YouTube e Facebook e na televisatildeo Por exemplo um jogoonde soacute se pode iniciar as frases com as letras do alfabeto em sequecircncia Natildeo sepode quebrar a regra ou o jogo deixa de existir No RPG as regras satildeo na verdadereferentes ao universo do jogo No universo real existe a lei da gravidade que puxatudo no planeta em direccedilatildeo ao centro da Terra No RPG eacute possiacutevel criar um universoonde essa lei natildeo exista e seja impossiacutevel tocar o solo Sendo assim o jogador deveseguir essa premissa e nunca tocar o chatildeo Outro exemplo pode ser o jogo de ldquopedra

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Capiacutetulo 2 O RPG

papel tesourardquo Nesse jogo a pedra nunca ganha do papel e o papel nunca ganha datesoura Satildeo as regras Meu personagem ldquotesourardquo sempre iraacute perder se lutar contra umadversaacuterio ldquopedrardquo No mundo dos jogos isso se chama counter 7 ou seja o adversaacuterioque tem o que eacute necessaacuterio para atingir o ponto fraco do personagem Nem todos ossistemas de RPG tem possibilidade do counter poreacutem eacute uma regra recorrente nosjogos de aventura com fantasia

A maioria das campanhas de RPG exigem que o jogador crie toda uma histoacuteriaanterior para o seu personagem o background 8 A histoacuteria do universo do jogo eacuteconhecido como lore9 e funciona como um proacutelogo para a campanha que iraacute comeccedilarIsso eacute definido em conjunto entre todos os jogadores

Esse trabalho de criaccedilatildeo do personagem dentro da lore do jogo se assemelhamuito com o trabalho do ator seguindo a linha descrita no livro ldquoA preparaccedilatildeo doatorrdquo de Constantin Stanislavski (1936) Assim como no teatro stanislavskiano noRPG os objetivos do personagem permeiam suas accedilotildees Existe o superobjetivo e osobjetivos menores que satildeo construiacutedos no decorrer do jogo e faratildeo parte da evoluccedilatildeodo personagem No jogo os objetivos e o super-objetivo satildeo chamados de quests10 Existem a quest principal (superobjetivo) e as quests secundaacuterias (objetivos que podemou natildeo interferir no superobjetivo) O personagem estaacute sempre avaliando a situaccedilatildeodiante o do objetivo para entatildeo definir uma accedilatildeo Essa accedilatildeo estaacute sujeita agraves emoccedilotildeesdo personagem e que natildeo estatildeo sujeitas a sua vontade mas agrave do jogador ndash no caso doteatro agrave do dramaturgo autor diretor ou ator ndash e ao processo dentro da lore do jogo ndashou texto dramaacutetico no teatro As accedilotildees do personagem tanto no jogo quanto no teatroproposto por Stanislavski definem quem ele eacute (STANISLAVSKI 1936)

ldquoDiferente do teatro vocecirc natildeo segue um roteiro mas age pelo seu personagemcom liberdade de accedilatildeo limitado somente pelo conjunto de regras do sistema emquestatildeordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Aqui eacute claro se trata do texto dramaacutetico escritoAs regras do sistema da lore e do background do jogo formam um outro tipo de roteiroUm roteiro de accedilotildees possiacuteveis ou natildeo de acordo com o universo Diferente do teatro noRPG os jogadores interpretam os personagens sentados e natildeo haacute a necessidade deuma interpretaccedilatildeo profunda e complexa embora a criaccedilatildeo do personagem o seja Pormais complexas que sejam as accedilotildees e emoccedilotildees do personagem elas satildeo descritas enatildeo interpretadas como no teatro Aqui as decisotildees dos jogadores dependem de rolar

7 Do inglecircs rebater contestar aquele que eacute contra8 Do inglecircs ldquofundordquo ldquosegundo planordquo ldquoexperiecircnciardquo9 Do inglecircs ldquoconhecimentordquo ldquosaberrdquo10 do inglecircs nesse contexto significa ldquobuscardquo ou ldquoprocurardquo

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Capiacutetulo 2 O RPG

dados para acontecerem e virarem accedilotildees Isso ocorre pois os atributos necessaacuteriospara tomar as decisotildees estatildeo descritos em uma ficha e cada atributo possui um valornumeacuterico Para realizar uma accedilatildeo a de socar um oponente por exemplo o jogadorprecisa lanccedilar os dados e o valor deve ser menor ou igual ao valor do atributo de forccediladescrito na ficha (exemplo da ficha na paacutegina 17)

No entanto existe uma variaccedilatildeo do RPG chamada LARP (Live-action role-playing) que significa literalmente interpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivo Essa eacute uma mo-dalidade bem mais proacutexima do que pretendo trabalhar pois aqui a interpretaccedilatildeo seassemelha muito com o fazer teatral As regras do LARP satildeo as mesmas do RPGcom essa uacutenica diferenccedila de que aqui sim os jogadores interpretam teatralmente seuspersonagens

Essa mecacircnica torna o RPG e o LARP oacutetimos aliado na construccedilatildeo colaborativado enredo de um espetaacuteculo Levando em conta essa possibilidade decidir utilizar meuestaacutegio para a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino do teatro parao ensino fundamental anos finais Para isso elaborei um plano de curso detalhandotambeacutem os planos de aula que podem ser vistos em anexo

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3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Imaginemos que cada partida de RPG seja registrada por algueacutem que anota oufilma ou grava tudo que ocorre Imaginemos que esse material seja lapidado e escritono formato de um roteiro de teatro com rubricas e falas Essa produccedilatildeo eacute cem porcento uma criaccedilatildeo colaborativa entre todos os jogadores A partir dela o jogador podeinterpretar o personagem que ele mesmo criou dentro do jogo novamente dessa vezsob o acircngulo do teatro propriamente dito visando o espetaacuteculo A obra que saiu daimaginaccedilatildeo do jogadorator seraacute melhor interpretada por ele pois tem dela propriedadePartindo dessa premissa logrei experimentar essa ideia na minha primeira direccedilatildeodentro da disciplina de Direccedilatildeo 1 do curso de Artes Cecircnicas

Eu queria criar uma peccedila baseada no livro The Asylum for Wayward VictorianGirls de Emilie Autumn Poreacutem o livro natildeo possui ateacute o momento traduccedilatildeo para oportuguecircs e eu natildeo teria tempo de traduzir todas a suas mais de duzentas paacuteginase pedir que meus atores lessem todo o livro Mas eu conhecia o universo do livro esua histoacuteria Poderia criar um roteiro que se passava no mesmo contexto e universo eassim dirigi-lo Soacute que acabei me deparando com outra questatildeo a maioria dos meusatores nunca tinham atuado na vida Conversando com eles notei que tiacutenhamos emcomum a praacuterica do RPG e daiacute surgiu a minha ideia Eu iria organizar um jogo e daiacute eutiraria o roteiro aleacutem disso meus atores teriam propriedade de seus personagens eassim talvez a direccedilatildeo se tornasse mais faacutecil Entatildeo assim eu fiz O problema do RPG edo teatro poreacutem eacute que todos os envolvidos precisam estar presentes A maioria nuncatinha atuado logo natildeo sabiam o quatildeo ruim eacute faltar aos ensaios Isso me impediu delevar a ideia adiante Mas mantive ela guardada ateacute iniciar o meu estaacutegio

RPGs tinham sido uma marca muito forte na minha infacircncia entatildeo imagineique poderia ser na de outros adolescentes Assim adaptei a minha ideia e inseri oensino de noccedilotildees baacutesicos do teatro e fiz um paralelo com a mateacuteria estudada pelosalunos em Histoacuteria A partir disso elaborei meu Plano de aula que seraacute apresentadoda maneira como foi pensado para depois passar ao relato do que foi possiacutevel

No primeiro momento sabendo que enfrentaria o desconhecimento dos alunosem relaccedilatildeo ao jogo planejei um bate-papo sobre jogos A fim de conhecer os alunosuma das primeiras perguntas seria sobre quais jogos os alunos mais gostam Listandoesses jogos a proposta era encontrar o que todos tinham em comum e assim definir deacordo com as respostas dos alunos o que era necessaacuterio para se ter um jogo Listei

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

de antematildeo algumas caracteriacutesticas que eram necessaacuterias para se ter um jogo comojogadores regras e o objetivo do jogo Outra parte desse debate seria para classificare dividir jogos em categorias jogos de tabuleiro cartas esportivos em grupo entreoutras classificaccedilotildees Tambeacutem planejei inserir jogos eletrocircnicos nessas classificaccedilotildeespara assim ampliar o repertoacuterio dos alunos na hora de jogar o RPG

Definindo essa parte a pergunta era sobre o que seriam no entendimento dosalunos jogos teatrais para entatildeo comeccedilar a inserir o conceito de RPG como um jogode interpretaccedilatildeo de papeacuteis e improviso Apoacutes explicar o que eacute o RPG o proacuteximo passoseria explicar as regras e comeccedilar a dividir os grupos (de 4 ou 5 alunos) Juntamentecom as regras os alunos seriam expostos agraves fichas de RPG e escolheriam o universoonde se passaria a aventura Como dito anteriormente a ideia seria usar mateacuteriasestudadas em Histoacuteria por eles naquele bimestre Apoacutes ser definido o Universo iriacuteamoscriar os personagens dentro do contexto (paiacutes e eacutepoca) definidos utilizando algunsparacircmetros por exemplo data de nascimento status social idade signo e uma muacutesicatema para o personagem

A fim de estimular a criatividade dos alunos fazia parte do plano levar viacutedeosde desenhos animados trechos de filmes e jogos de computador que tivessem atemaacutetica de aventura assim como contos curtos de fantasia e aventura A ideia erafazer tambeacutem um exerciacutecio de identificar elementos nas narrativas que os ajudassem acriar durante o jogo de RPG Entre os elementos a identificar estavam o heroacutei (casohouvesse) o vilatildeo (caso houvesse) as criaturas e monstros o enredo o cliacutemax e aconclusatildeo da narrativa Claro que tambeacutem eacute importante definir a espacialidade ou sejaos cenaacuterios e mapas Onde a histoacuteria ocorre e para onde ela se desloca no decorrer dotempo Assim cada grupo construiriam o proacutelogo do jogo de cada grupo a partir doselementos identificados nos viacutedeos e contos Esse proacutelogo seria um guia para o jogopropriamente dito

Dentro do mesmo exerciacutecio deveriam listar os objetos e a vestimenta de umdos personagens dos viacutedeos e contos (a escolha seria de cada aluno) o que ajudaria apersonalizar melhor o personagem que criaram Aleacutem das caracteriacutesticas subjetivase psicoloacutegicas agora deveriam criar as caracteriacutesticas fiacutesicas Eacute claro que aleacutem doproacutelogo do Universo do grupo cada um deveria criar um proacutelogo para o proacuteprio perso-nagem constando quem ele foi e como ele chegou ateacute aliacute no iniacutecio do jogo A seguir aficha do personagem

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Figura 1 ndash Ficha de RPG criada para as aulas

Adaptado ficha do jogo Vampiro A Maacutescara

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

32

Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

33

REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

38

ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

39

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

41

ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

42

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

43

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

44

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

45

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

46

  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 6: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

RESUMO

O trabalho traz a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino de

teatro durante a disciplina de Estaacutegio Supervisionado 2 do curso de Licenciatura

em Artes Cecircnicas Tem como objetivo apresentar novas estrateacutegias de ensino de

teatro para o Ensino Fundamental anos finais Este jogo jaacute eacute utilizada no ambiente

escolar em outras partes do mundo como estrateacutegia metodoloacutegica em vaacuterias aacutereas

do conhecimento e vem demonstrando resultados satisfatoacuterios no desenvolvimento e

aprendizagem dos alunos Traz o conceito de RPG o plano de aula desenvolvido pela

autora as experiecircncias dentro do estaacutegio e exemplos de uso do RPG na escola

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 7

2 O RPG 9

3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO 14

4 O MEU ESTAacuteGIO 21

5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR 27

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 32

REFEREcircNCIAS 34

ANEXOS 36

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO 37

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS 40B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo

proposto 40B2 Aula 2 Primeira partida 41B3 Aula 3 Segunda partida 42B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena 44B5 Aula 5 Estrutura final 45B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio 46

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando comecei a jogar Role-playing Game (RPG) ou ldquojogo de interpretaccedilatildeode papeacuteisrdquo aos meus 11 anos de idade ainda natildeo tinha ideia de que seria atriz um diaTampouco imaginei que esse estilo de jogo seria o meu passa-tempo favorito pelosproacuteximos anos e que se tornaria uma paixatildeo hoje em dia

No primeiro capiacutetulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona Esseeacute um tipo de jogo como o proacuteprio nome sugere onde haacute a interpretaccedilatildeo de papeacuteissendo esses personagens criados dentro de um universo geralmente de fantasia ondeum Mestre narra a histoacuteria e os outros jogadores satildeo protagonistas dela Mas o quede fato nunca iria prever era que teria a ideia de usar o RPG como mecanismo paracriaccedilatildeo de espetaacuteculos Tudo comeccedilou com minha primeira direccedilatildeo dentro do meucurso de Artes Cecircnicas na UnB quando precisei de um mecanismo eficiente e raacutepidopara transformar em espetaacuteculo um livro que natildeo possuiacutea traduccedilatildeo em portuguecircs

No segundo capiacutetulo explico como o meu projeto evoluiu durante a disciplinade Estaacutegio tornando-se uma pesquisa mai apurada Elaborei entatildeo meu plano de aulavisando usar o jogo de RPG como gatilho para despertar o interesse dos alunos emaprender algumas noccedilotildees de teatro presentes no Curriacuteculo em Movimento do DistritoFederal De todas as maneiras possiacuteveis busquei de acordo com o interesse dosalunos inserir percepccedilotildees baacutesicas do teatro como cenaacuterio tipos de palco figurinoadereccedilos maquiagem iluminaccedilatildeo e outras noccedilotildees Fora a parte de interpretaccedilatildeo defato criaccedilatildeo colaborativa do roteiro de um espetaacuteculo e elementos de narrativa A ideiaeacute descontrair o maacuteximo possiacutevel o ambiente da sala de aula e trazer o jogo como ummecanismo de aproximaccedilatildeo com o luacutedico Eacute claro que a arte em si jaacute possui caraacuteterluacutedico no entanto quando fiz meu estaacutegio vi que o pensamento conteudista aindapermeia a realidade dos nossos professores mesmo os de artes O RPG tambeacutemvem com a intenccedilatildeo de estimular a imaginaccedilatildeo dos alunos pois seratildeo eles os cria-dores das histoacuterias que permearatildeo o desenvolvimento e aprendizagem da linguagemteatral Aqui a intenccedilatildeo eacute tornaacute-los sujeitos da criaccedilatildeo do proacuteprio conhecimento atra-veacutes da praacutetica Assim os alunos constroem tambeacutem a autonomia necessaacuteria para sedesenvolverem fora da escola

No terceiro capiacutetulo falo mais sobre o a experiecircncia do estaacutegio em si Durantemeu estaacutegio pude fazer pouca coisa de fato dentro do meu plano de aula Poreacutem foio suficiente para que eu pudesse refletir e chegar agraves conclusotildees aqui propostas Por

7

Capiacutetulo 1 INTRODUCcedilAtildeO

conta de uma visatildeo diferente da professora que me acompanhou e talvez por medode ser cobrada dos alunos com aulas mais dinacircmicas apoacutes minha passagem elaacabou por me convencer a mudar meu plano de aula o que dificultou o andamento domeu estaacutegio Poreacutem a experiecircncia me ajudou a perceber como a realidade dos alunosinfluenciaria no jogo e como eu poderia aproveitar isso nas aulas Uma consequecircncianatural do jogo na sala de aula eacute perceber a realidade dos alunos sendo trazida parao RPG Os conflitos internos na famiacutelia e na proacutepria escola podem virar uma histoacuteriadentro do jogo com atos e consequecircncias que podem auxiliar os alunos a chegarem asoluccedilotildees nos problemas do dia-a-dia tambeacutem

No uacuteltimo capiacutetulo eu mostro como o RPG vem sendo utilizado como metodolo-gia de ensino em outros paiacuteses A ideia de utilizar o RPG na escola natildeo eacute ineacutedita e eacutecomprovado que funciona Poreacutem natildeo encontrei nada especiacutefico voltado para o ensinode teatro O educador moderno deve sempre procurar se adaptar e buscar alternativaspara melhorar o desempenho e desenvolvimento dos alunos tanto para a sala de aulaquanto fora dela O RPG eacute uma dessas alternativas na qual eu acredito E claro tembastante abertura se unir com o fazer teatral em vaacuterios aspectos que seratildeo explicitadosnos capiacutetulos seguintes O RPG pode ser educativo terapecircutico e principalmentedivertido Eacute uma metodologia completa e jaacute eacute utilizada em escolas e programas depesquisa em paiacuteses como Dinamarca e Estados Unidos auxiliando nos estudos decrianccedilas com dificuldades sociais e de aprendizagem das mais diversas

8

2 O RPG

Antes de falar sobre a minha experiecircncia com o RPG na sala de aula eacute essencialque se entenda como funcionam jogos de RPG para que assim eu possa explicar arelaccedilatildeo que criei entre o jogo e o ensino de teatro para alunos do ensino fundamentalanos finais Segundo o site Mundo das Trevas

Role-playing game tambeacutem conhecido como RPG (em portuguecircs ldquojogo deinterpretaccedilatildeo de personagensrdquo) eacute um tipo de jogo em que os jogadores as-sumem os papeacuteis de personagens e criam narrativas colaborativamente Oprogresso de um jogo se daacute de acordo com um sistema de regras prede-terminado dentro das quais os jogadores podem improvisar livremente Asescolhas dos jogadores determinam a direccedilatildeo que o jogo iraacute tomar (MUNDODAS TREVAS 2014)

A origem do RPG vem de duas fontes a literatura fantaacutestica - que se tor-nou muito popular com obras como O Hobbit (1937) e a trilogia O Senhor dos Aneacuteis(195455) ambos de John Ronald Reuel Tolkien - e os jogos de tabuleiro - especial-mente os de guerra Mas a criaccedilatildeo do jogo em si eacute atribuiacuteda a dois estudantes daUniversidade de Minnesota nos EUA Gary Gygax (1938-2008) foi um desses gran-des precursores criador de um cenaacuterio medieval para jogar com miniaturas chamadoChainmail em 1971 O outro criador foi Dave Arneson (1947-2009) que desenvolveu ocenaacuterio fantaacutestico para RPG Blackmoor tambeacutem em 1971 Foi ele quem criou osprincipais conceitos e regras do que conhecemos hoje do RPG como a presenccedila deum Mestre ou Narrador - este aleacutem de narrar a histoacuteria interpreta os NPCs1 - e asfichas de personagem Os dois criaram juntos o primeiro RPG Dungeons amp Dragons2 publicado pela editora TSR em 1974(LUFTSTARK 2015)

Esse jogo foi importante na minha infacircncia no sentido em que estimulava acriatividade na medida em que as histoacuterias se tornavam cada vez mais profundas ecomplexas com detalhes na narrativa e descriccedilatildeo dos acontecimentos Isso me ensinoua prever as consequecircncias de uma accedilatildeo como num jogo de xadrez onde eacute necessaacuterioprever a jogada do oponente O RPG cria essa prontidatildeo de prever como os dadosvatildeo se comportar e quais as consequecircncias da falha ou sucesso da accedilatildeo ou sejadesenvolve tambeacutem o raciociacutenio loacutegico Essa mistura de loacutegica e criatividade quando

1 Non-player Character - do inglecircs ldquoPersonagem natildeo-jogaacutevelrdquo Eacute um personagem dentro do jogo que natildeopode ser interpretado por um jogador apenas pelo Mestre ou Narrador da campanha

2 Do inglecircs ldquoMasmorras e Dragotildeesrdquo

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Capiacutetulo 2 O RPG

estimulada ajuda a desenvolver na pessoa a perspicaacutecia para resolver situaccedilotildees-problema no dia-a-dia analisar as situaccedilotildees e decidir cooperativamente

ldquoUm jogo tiacutepico une os seus participantes de maneira cooperativa em umuacutenico time que se aventura como um grupo em busca da soluccedilatildeo de enigmas acaccedila de vilotildees ou com intenccedilatildeo de resolver qualquer tipo de conflito emergente nahistoacuteriardquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Esses conflitos encontram um paralelo noteatro dramaacutetico que busca pela catarse3 do espectador em relaccedilatildeo aos conflitos datrama conceito criado pelo filoacutesofo grego Aristoacuteteles no seacuteculo V aC O ponto principaldo RPG eacute criar uma boa histoacuteria que gere essa catarse assim como no drama Nemsempre o que o jogador quer para o personagem eacute bom para o personagem O jogadorpode deliberadamente criar conflitos e situaccedilotildees ruins para o personagem mas quefavoreccedilam a histoacuteria e a identidade do mesmo

ldquoComo romances ou filmes RPGs agradam porque eles alimentam a imagi-naccedilatildeo sem no entanto limitar o comportamento do jogador a um enredo especiacute-ficordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Ou seja o que impera eacute o improviso Essa praacuteticado improviso tambeacutem eacute outro fator que estimula a prontidatildeo em cena e a criatividadena resoluccedilatildeo de problemas tanto na trama quanto durante a interpretaccedilatildeo SegundoRosseto

Improvisar eacute criar jogar arriscar transformar uma ideia num espaccedilo privile-giado para as concepccedilotildees poeacuteticas e simboacutelicas No acircmbito do ensino essefazer pode desencadear processos de aprendizagens que contribuem para aformaccedilatildeo de sujeitos autocircnomos mediados pela intuiccedilatildeo e pelas referecircnciasdramaacuteticas (ROSSETO 2012 p 9)

Como irei explicitar mais a frente esses processos de apredizagem e criaccedilatildeode sujeitos autocircnomos satildeo bastante comprovados no uso do RPG como estrateacutegiapedagoacutegica principalmente para alunos com dificuldades de aprendizagem leves -como dislexia4 e discalculia5 - e graves - como o autismo6

3 Purificaccedilatildeo do espiacuterito do espectador atraveacutes da purgaccedilatildeo de suas paixotildees esp dos sentimentos deterror ou de piedade vivenciados na contemplaccedilatildeo do espetaacuteculo traacutegico

4 Perturbaccedilatildeo na aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondecircncia entreos siacutembolos graacuteficos e os fonemas bem como na transformaccedilatildeo de signos escritos em signos verbais

5 Desordem neuroloacutegica especiacutefica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipularnuacutemeros

6 Distuacuterbio neuroloacutegico caracterizado por comprometimento da interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal e comportamento restrito e repetitivo

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Capiacutetulo 2 O RPG

No jogo de RPG o jogador improvisa em um universo em geral fantaacutesticomas pode existir tambeacutem campanhas ndash como eacute chamada a histoacuteria no RPG ndash quese passam em um contexto histoacuterico e ateacute mesmo atual Eacute possiacutevel criar RPGs depraticamente qualquer tema O que define o jogo satildeo suas regras e natildeo o universoem que ocorre a campanha No ensino de teatro por exemplo podemos criar um jogobaseado em obras de Shakespeare Por exemplo a comeacutedia ldquoSonhos de uma noite deveratildeordquo poderia ser o cenaacuterio onde os jogadores contariam a histoacuteria narrada na obrasem interpretar os personagens principais O jogadores seriam os seres encantados doreino de Oberon e Titania que indiretamente contariam como quatro humanos entraramna floresta e foram enfeiticcedilados por Puck servo de Oberon e como Titania se apaixonoupor um monstro devido ao mesmo feiticcedilo Ou humanos que teriam que lidar com odesaparecimento de Heacutermia Helena Lisandro e Demeacutetrio na floresta

Outro ponto forte eacute que para jogar bem o RPG eacute preciso conhecer bastantesobre o universo em que ocorre a campanha para que se definam os cenaacuterios figurinose tecnologias a serem desenvolvidos Muitos jogadores criam campanhas a partir defatos histoacutericos reais como guerras intrigas poliacuteticas contextos socioeconocircmicosrevoluccedilotildees entre outros Isso gera interesse no jogador em aprender e estimula aleitura Mais adiante irei falar de como planejei minhas aulas para inserir as noccedilotildeesbaacutesicas do teatro - histoacuteria do teatro tipos de palco cenaacuterio figurino maquiagem eoutros - no jogo de RPG

Como em um jogo de estrateacutegia haacute regras que o definem e guiam aquilo queo seu personagem pode ou natildeo fazer A esse conjunto de regras chama-sesistema Como no teatro cada personagem tem uma histoacuteria e deve serinterpretado assim como fazem os atores Diferente de um jogo de estrateacutegiavocecirc natildeo luta contra um adversaacuterio especiacutefico mas vive aventuras em ummundo imaginaacuterio (MUNDO DAS TREVAS 2014 grifos meus)

Percebe-se que no proacuteprio site o jogo jaacute eacute apontado em sua aproximaccedilatildeo como teatro sendo essa mais uma razatildeo que fortalece a presente pesquisa A mecacircnica doRPG funciona mais ou menos como um jogo de improviso teatral semelhante aos quevemos em paacuteginas como YouTube e Facebook e na televisatildeo Por exemplo um jogoonde soacute se pode iniciar as frases com as letras do alfabeto em sequecircncia Natildeo sepode quebrar a regra ou o jogo deixa de existir No RPG as regras satildeo na verdadereferentes ao universo do jogo No universo real existe a lei da gravidade que puxatudo no planeta em direccedilatildeo ao centro da Terra No RPG eacute possiacutevel criar um universoonde essa lei natildeo exista e seja impossiacutevel tocar o solo Sendo assim o jogador deveseguir essa premissa e nunca tocar o chatildeo Outro exemplo pode ser o jogo de ldquopedra

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papel tesourardquo Nesse jogo a pedra nunca ganha do papel e o papel nunca ganha datesoura Satildeo as regras Meu personagem ldquotesourardquo sempre iraacute perder se lutar contra umadversaacuterio ldquopedrardquo No mundo dos jogos isso se chama counter 7 ou seja o adversaacuterioque tem o que eacute necessaacuterio para atingir o ponto fraco do personagem Nem todos ossistemas de RPG tem possibilidade do counter poreacutem eacute uma regra recorrente nosjogos de aventura com fantasia

A maioria das campanhas de RPG exigem que o jogador crie toda uma histoacuteriaanterior para o seu personagem o background 8 A histoacuteria do universo do jogo eacuteconhecido como lore9 e funciona como um proacutelogo para a campanha que iraacute comeccedilarIsso eacute definido em conjunto entre todos os jogadores

Esse trabalho de criaccedilatildeo do personagem dentro da lore do jogo se assemelhamuito com o trabalho do ator seguindo a linha descrita no livro ldquoA preparaccedilatildeo doatorrdquo de Constantin Stanislavski (1936) Assim como no teatro stanislavskiano noRPG os objetivos do personagem permeiam suas accedilotildees Existe o superobjetivo e osobjetivos menores que satildeo construiacutedos no decorrer do jogo e faratildeo parte da evoluccedilatildeodo personagem No jogo os objetivos e o super-objetivo satildeo chamados de quests10 Existem a quest principal (superobjetivo) e as quests secundaacuterias (objetivos que podemou natildeo interferir no superobjetivo) O personagem estaacute sempre avaliando a situaccedilatildeodiante o do objetivo para entatildeo definir uma accedilatildeo Essa accedilatildeo estaacute sujeita agraves emoccedilotildeesdo personagem e que natildeo estatildeo sujeitas a sua vontade mas agrave do jogador ndash no caso doteatro agrave do dramaturgo autor diretor ou ator ndash e ao processo dentro da lore do jogo ndashou texto dramaacutetico no teatro As accedilotildees do personagem tanto no jogo quanto no teatroproposto por Stanislavski definem quem ele eacute (STANISLAVSKI 1936)

ldquoDiferente do teatro vocecirc natildeo segue um roteiro mas age pelo seu personagemcom liberdade de accedilatildeo limitado somente pelo conjunto de regras do sistema emquestatildeordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Aqui eacute claro se trata do texto dramaacutetico escritoAs regras do sistema da lore e do background do jogo formam um outro tipo de roteiroUm roteiro de accedilotildees possiacuteveis ou natildeo de acordo com o universo Diferente do teatro noRPG os jogadores interpretam os personagens sentados e natildeo haacute a necessidade deuma interpretaccedilatildeo profunda e complexa embora a criaccedilatildeo do personagem o seja Pormais complexas que sejam as accedilotildees e emoccedilotildees do personagem elas satildeo descritas enatildeo interpretadas como no teatro Aqui as decisotildees dos jogadores dependem de rolar

7 Do inglecircs rebater contestar aquele que eacute contra8 Do inglecircs ldquofundordquo ldquosegundo planordquo ldquoexperiecircnciardquo9 Do inglecircs ldquoconhecimentordquo ldquosaberrdquo10 do inglecircs nesse contexto significa ldquobuscardquo ou ldquoprocurardquo

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Capiacutetulo 2 O RPG

dados para acontecerem e virarem accedilotildees Isso ocorre pois os atributos necessaacuteriospara tomar as decisotildees estatildeo descritos em uma ficha e cada atributo possui um valornumeacuterico Para realizar uma accedilatildeo a de socar um oponente por exemplo o jogadorprecisa lanccedilar os dados e o valor deve ser menor ou igual ao valor do atributo de forccediladescrito na ficha (exemplo da ficha na paacutegina 17)

No entanto existe uma variaccedilatildeo do RPG chamada LARP (Live-action role-playing) que significa literalmente interpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivo Essa eacute uma mo-dalidade bem mais proacutexima do que pretendo trabalhar pois aqui a interpretaccedilatildeo seassemelha muito com o fazer teatral As regras do LARP satildeo as mesmas do RPGcom essa uacutenica diferenccedila de que aqui sim os jogadores interpretam teatralmente seuspersonagens

Essa mecacircnica torna o RPG e o LARP oacutetimos aliado na construccedilatildeo colaborativado enredo de um espetaacuteculo Levando em conta essa possibilidade decidir utilizar meuestaacutegio para a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino do teatro parao ensino fundamental anos finais Para isso elaborei um plano de curso detalhandotambeacutem os planos de aula que podem ser vistos em anexo

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3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Imaginemos que cada partida de RPG seja registrada por algueacutem que anota oufilma ou grava tudo que ocorre Imaginemos que esse material seja lapidado e escritono formato de um roteiro de teatro com rubricas e falas Essa produccedilatildeo eacute cem porcento uma criaccedilatildeo colaborativa entre todos os jogadores A partir dela o jogador podeinterpretar o personagem que ele mesmo criou dentro do jogo novamente dessa vezsob o acircngulo do teatro propriamente dito visando o espetaacuteculo A obra que saiu daimaginaccedilatildeo do jogadorator seraacute melhor interpretada por ele pois tem dela propriedadePartindo dessa premissa logrei experimentar essa ideia na minha primeira direccedilatildeodentro da disciplina de Direccedilatildeo 1 do curso de Artes Cecircnicas

Eu queria criar uma peccedila baseada no livro The Asylum for Wayward VictorianGirls de Emilie Autumn Poreacutem o livro natildeo possui ateacute o momento traduccedilatildeo para oportuguecircs e eu natildeo teria tempo de traduzir todas a suas mais de duzentas paacuteginase pedir que meus atores lessem todo o livro Mas eu conhecia o universo do livro esua histoacuteria Poderia criar um roteiro que se passava no mesmo contexto e universo eassim dirigi-lo Soacute que acabei me deparando com outra questatildeo a maioria dos meusatores nunca tinham atuado na vida Conversando com eles notei que tiacutenhamos emcomum a praacuterica do RPG e daiacute surgiu a minha ideia Eu iria organizar um jogo e daiacute eutiraria o roteiro aleacutem disso meus atores teriam propriedade de seus personagens eassim talvez a direccedilatildeo se tornasse mais faacutecil Entatildeo assim eu fiz O problema do RPG edo teatro poreacutem eacute que todos os envolvidos precisam estar presentes A maioria nuncatinha atuado logo natildeo sabiam o quatildeo ruim eacute faltar aos ensaios Isso me impediu delevar a ideia adiante Mas mantive ela guardada ateacute iniciar o meu estaacutegio

RPGs tinham sido uma marca muito forte na minha infacircncia entatildeo imagineique poderia ser na de outros adolescentes Assim adaptei a minha ideia e inseri oensino de noccedilotildees baacutesicos do teatro e fiz um paralelo com a mateacuteria estudada pelosalunos em Histoacuteria A partir disso elaborei meu Plano de aula que seraacute apresentadoda maneira como foi pensado para depois passar ao relato do que foi possiacutevel

No primeiro momento sabendo que enfrentaria o desconhecimento dos alunosem relaccedilatildeo ao jogo planejei um bate-papo sobre jogos A fim de conhecer os alunosuma das primeiras perguntas seria sobre quais jogos os alunos mais gostam Listandoesses jogos a proposta era encontrar o que todos tinham em comum e assim definir deacordo com as respostas dos alunos o que era necessaacuterio para se ter um jogo Listei

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de antematildeo algumas caracteriacutesticas que eram necessaacuterias para se ter um jogo comojogadores regras e o objetivo do jogo Outra parte desse debate seria para classificare dividir jogos em categorias jogos de tabuleiro cartas esportivos em grupo entreoutras classificaccedilotildees Tambeacutem planejei inserir jogos eletrocircnicos nessas classificaccedilotildeespara assim ampliar o repertoacuterio dos alunos na hora de jogar o RPG

Definindo essa parte a pergunta era sobre o que seriam no entendimento dosalunos jogos teatrais para entatildeo comeccedilar a inserir o conceito de RPG como um jogode interpretaccedilatildeo de papeacuteis e improviso Apoacutes explicar o que eacute o RPG o proacuteximo passoseria explicar as regras e comeccedilar a dividir os grupos (de 4 ou 5 alunos) Juntamentecom as regras os alunos seriam expostos agraves fichas de RPG e escolheriam o universoonde se passaria a aventura Como dito anteriormente a ideia seria usar mateacuteriasestudadas em Histoacuteria por eles naquele bimestre Apoacutes ser definido o Universo iriacuteamoscriar os personagens dentro do contexto (paiacutes e eacutepoca) definidos utilizando algunsparacircmetros por exemplo data de nascimento status social idade signo e uma muacutesicatema para o personagem

A fim de estimular a criatividade dos alunos fazia parte do plano levar viacutedeosde desenhos animados trechos de filmes e jogos de computador que tivessem atemaacutetica de aventura assim como contos curtos de fantasia e aventura A ideia erafazer tambeacutem um exerciacutecio de identificar elementos nas narrativas que os ajudassem acriar durante o jogo de RPG Entre os elementos a identificar estavam o heroacutei (casohouvesse) o vilatildeo (caso houvesse) as criaturas e monstros o enredo o cliacutemax e aconclusatildeo da narrativa Claro que tambeacutem eacute importante definir a espacialidade ou sejaos cenaacuterios e mapas Onde a histoacuteria ocorre e para onde ela se desloca no decorrer dotempo Assim cada grupo construiriam o proacutelogo do jogo de cada grupo a partir doselementos identificados nos viacutedeos e contos Esse proacutelogo seria um guia para o jogopropriamente dito

Dentro do mesmo exerciacutecio deveriam listar os objetos e a vestimenta de umdos personagens dos viacutedeos e contos (a escolha seria de cada aluno) o que ajudaria apersonalizar melhor o personagem que criaram Aleacutem das caracteriacutesticas subjetivase psicoloacutegicas agora deveriam criar as caracteriacutesticas fiacutesicas Eacute claro que aleacutem doproacutelogo do Universo do grupo cada um deveria criar um proacutelogo para o proacuteprio perso-nagem constando quem ele foi e como ele chegou ateacute aliacute no iniacutecio do jogo A seguir aficha do personagem

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Figura 1 ndash Ficha de RPG criada para as aulas

Adaptado ficha do jogo Vampiro A Maacutescara

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Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

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BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

35

Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

37

ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

38

ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

39

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

40

ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

41

ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

42

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

43

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

44

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

45

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

46

  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 7: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 7

2 O RPG 9

3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO 14

4 O MEU ESTAacuteGIO 21

5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR 27

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 32

REFEREcircNCIAS 34

ANEXOS 36

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO 37

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS 40B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo

proposto 40B2 Aula 2 Primeira partida 41B3 Aula 3 Segunda partida 42B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena 44B5 Aula 5 Estrutura final 45B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio 46

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando comecei a jogar Role-playing Game (RPG) ou ldquojogo de interpretaccedilatildeode papeacuteisrdquo aos meus 11 anos de idade ainda natildeo tinha ideia de que seria atriz um diaTampouco imaginei que esse estilo de jogo seria o meu passa-tempo favorito pelosproacuteximos anos e que se tornaria uma paixatildeo hoje em dia

No primeiro capiacutetulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona Esseeacute um tipo de jogo como o proacuteprio nome sugere onde haacute a interpretaccedilatildeo de papeacuteissendo esses personagens criados dentro de um universo geralmente de fantasia ondeum Mestre narra a histoacuteria e os outros jogadores satildeo protagonistas dela Mas o quede fato nunca iria prever era que teria a ideia de usar o RPG como mecanismo paracriaccedilatildeo de espetaacuteculos Tudo comeccedilou com minha primeira direccedilatildeo dentro do meucurso de Artes Cecircnicas na UnB quando precisei de um mecanismo eficiente e raacutepidopara transformar em espetaacuteculo um livro que natildeo possuiacutea traduccedilatildeo em portuguecircs

No segundo capiacutetulo explico como o meu projeto evoluiu durante a disciplinade Estaacutegio tornando-se uma pesquisa mai apurada Elaborei entatildeo meu plano de aulavisando usar o jogo de RPG como gatilho para despertar o interesse dos alunos emaprender algumas noccedilotildees de teatro presentes no Curriacuteculo em Movimento do DistritoFederal De todas as maneiras possiacuteveis busquei de acordo com o interesse dosalunos inserir percepccedilotildees baacutesicas do teatro como cenaacuterio tipos de palco figurinoadereccedilos maquiagem iluminaccedilatildeo e outras noccedilotildees Fora a parte de interpretaccedilatildeo defato criaccedilatildeo colaborativa do roteiro de um espetaacuteculo e elementos de narrativa A ideiaeacute descontrair o maacuteximo possiacutevel o ambiente da sala de aula e trazer o jogo como ummecanismo de aproximaccedilatildeo com o luacutedico Eacute claro que a arte em si jaacute possui caraacuteterluacutedico no entanto quando fiz meu estaacutegio vi que o pensamento conteudista aindapermeia a realidade dos nossos professores mesmo os de artes O RPG tambeacutemvem com a intenccedilatildeo de estimular a imaginaccedilatildeo dos alunos pois seratildeo eles os cria-dores das histoacuterias que permearatildeo o desenvolvimento e aprendizagem da linguagemteatral Aqui a intenccedilatildeo eacute tornaacute-los sujeitos da criaccedilatildeo do proacuteprio conhecimento atra-veacutes da praacutetica Assim os alunos constroem tambeacutem a autonomia necessaacuteria para sedesenvolverem fora da escola

No terceiro capiacutetulo falo mais sobre o a experiecircncia do estaacutegio em si Durantemeu estaacutegio pude fazer pouca coisa de fato dentro do meu plano de aula Poreacutem foio suficiente para que eu pudesse refletir e chegar agraves conclusotildees aqui propostas Por

7

Capiacutetulo 1 INTRODUCcedilAtildeO

conta de uma visatildeo diferente da professora que me acompanhou e talvez por medode ser cobrada dos alunos com aulas mais dinacircmicas apoacutes minha passagem elaacabou por me convencer a mudar meu plano de aula o que dificultou o andamento domeu estaacutegio Poreacutem a experiecircncia me ajudou a perceber como a realidade dos alunosinfluenciaria no jogo e como eu poderia aproveitar isso nas aulas Uma consequecircncianatural do jogo na sala de aula eacute perceber a realidade dos alunos sendo trazida parao RPG Os conflitos internos na famiacutelia e na proacutepria escola podem virar uma histoacuteriadentro do jogo com atos e consequecircncias que podem auxiliar os alunos a chegarem asoluccedilotildees nos problemas do dia-a-dia tambeacutem

No uacuteltimo capiacutetulo eu mostro como o RPG vem sendo utilizado como metodolo-gia de ensino em outros paiacuteses A ideia de utilizar o RPG na escola natildeo eacute ineacutedita e eacutecomprovado que funciona Poreacutem natildeo encontrei nada especiacutefico voltado para o ensinode teatro O educador moderno deve sempre procurar se adaptar e buscar alternativaspara melhorar o desempenho e desenvolvimento dos alunos tanto para a sala de aulaquanto fora dela O RPG eacute uma dessas alternativas na qual eu acredito E claro tembastante abertura se unir com o fazer teatral em vaacuterios aspectos que seratildeo explicitadosnos capiacutetulos seguintes O RPG pode ser educativo terapecircutico e principalmentedivertido Eacute uma metodologia completa e jaacute eacute utilizada em escolas e programas depesquisa em paiacuteses como Dinamarca e Estados Unidos auxiliando nos estudos decrianccedilas com dificuldades sociais e de aprendizagem das mais diversas

8

2 O RPG

Antes de falar sobre a minha experiecircncia com o RPG na sala de aula eacute essencialque se entenda como funcionam jogos de RPG para que assim eu possa explicar arelaccedilatildeo que criei entre o jogo e o ensino de teatro para alunos do ensino fundamentalanos finais Segundo o site Mundo das Trevas

Role-playing game tambeacutem conhecido como RPG (em portuguecircs ldquojogo deinterpretaccedilatildeo de personagensrdquo) eacute um tipo de jogo em que os jogadores as-sumem os papeacuteis de personagens e criam narrativas colaborativamente Oprogresso de um jogo se daacute de acordo com um sistema de regras prede-terminado dentro das quais os jogadores podem improvisar livremente Asescolhas dos jogadores determinam a direccedilatildeo que o jogo iraacute tomar (MUNDODAS TREVAS 2014)

A origem do RPG vem de duas fontes a literatura fantaacutestica - que se tor-nou muito popular com obras como O Hobbit (1937) e a trilogia O Senhor dos Aneacuteis(195455) ambos de John Ronald Reuel Tolkien - e os jogos de tabuleiro - especial-mente os de guerra Mas a criaccedilatildeo do jogo em si eacute atribuiacuteda a dois estudantes daUniversidade de Minnesota nos EUA Gary Gygax (1938-2008) foi um desses gran-des precursores criador de um cenaacuterio medieval para jogar com miniaturas chamadoChainmail em 1971 O outro criador foi Dave Arneson (1947-2009) que desenvolveu ocenaacuterio fantaacutestico para RPG Blackmoor tambeacutem em 1971 Foi ele quem criou osprincipais conceitos e regras do que conhecemos hoje do RPG como a presenccedila deum Mestre ou Narrador - este aleacutem de narrar a histoacuteria interpreta os NPCs1 - e asfichas de personagem Os dois criaram juntos o primeiro RPG Dungeons amp Dragons2 publicado pela editora TSR em 1974(LUFTSTARK 2015)

Esse jogo foi importante na minha infacircncia no sentido em que estimulava acriatividade na medida em que as histoacuterias se tornavam cada vez mais profundas ecomplexas com detalhes na narrativa e descriccedilatildeo dos acontecimentos Isso me ensinoua prever as consequecircncias de uma accedilatildeo como num jogo de xadrez onde eacute necessaacuterioprever a jogada do oponente O RPG cria essa prontidatildeo de prever como os dadosvatildeo se comportar e quais as consequecircncias da falha ou sucesso da accedilatildeo ou sejadesenvolve tambeacutem o raciociacutenio loacutegico Essa mistura de loacutegica e criatividade quando

1 Non-player Character - do inglecircs ldquoPersonagem natildeo-jogaacutevelrdquo Eacute um personagem dentro do jogo que natildeopode ser interpretado por um jogador apenas pelo Mestre ou Narrador da campanha

2 Do inglecircs ldquoMasmorras e Dragotildeesrdquo

9

Capiacutetulo 2 O RPG

estimulada ajuda a desenvolver na pessoa a perspicaacutecia para resolver situaccedilotildees-problema no dia-a-dia analisar as situaccedilotildees e decidir cooperativamente

ldquoUm jogo tiacutepico une os seus participantes de maneira cooperativa em umuacutenico time que se aventura como um grupo em busca da soluccedilatildeo de enigmas acaccedila de vilotildees ou com intenccedilatildeo de resolver qualquer tipo de conflito emergente nahistoacuteriardquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Esses conflitos encontram um paralelo noteatro dramaacutetico que busca pela catarse3 do espectador em relaccedilatildeo aos conflitos datrama conceito criado pelo filoacutesofo grego Aristoacuteteles no seacuteculo V aC O ponto principaldo RPG eacute criar uma boa histoacuteria que gere essa catarse assim como no drama Nemsempre o que o jogador quer para o personagem eacute bom para o personagem O jogadorpode deliberadamente criar conflitos e situaccedilotildees ruins para o personagem mas quefavoreccedilam a histoacuteria e a identidade do mesmo

ldquoComo romances ou filmes RPGs agradam porque eles alimentam a imagi-naccedilatildeo sem no entanto limitar o comportamento do jogador a um enredo especiacute-ficordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Ou seja o que impera eacute o improviso Essa praacuteticado improviso tambeacutem eacute outro fator que estimula a prontidatildeo em cena e a criatividadena resoluccedilatildeo de problemas tanto na trama quanto durante a interpretaccedilatildeo SegundoRosseto

Improvisar eacute criar jogar arriscar transformar uma ideia num espaccedilo privile-giado para as concepccedilotildees poeacuteticas e simboacutelicas No acircmbito do ensino essefazer pode desencadear processos de aprendizagens que contribuem para aformaccedilatildeo de sujeitos autocircnomos mediados pela intuiccedilatildeo e pelas referecircnciasdramaacuteticas (ROSSETO 2012 p 9)

Como irei explicitar mais a frente esses processos de apredizagem e criaccedilatildeode sujeitos autocircnomos satildeo bastante comprovados no uso do RPG como estrateacutegiapedagoacutegica principalmente para alunos com dificuldades de aprendizagem leves -como dislexia4 e discalculia5 - e graves - como o autismo6

3 Purificaccedilatildeo do espiacuterito do espectador atraveacutes da purgaccedilatildeo de suas paixotildees esp dos sentimentos deterror ou de piedade vivenciados na contemplaccedilatildeo do espetaacuteculo traacutegico

4 Perturbaccedilatildeo na aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondecircncia entreos siacutembolos graacuteficos e os fonemas bem como na transformaccedilatildeo de signos escritos em signos verbais

5 Desordem neuroloacutegica especiacutefica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipularnuacutemeros

6 Distuacuterbio neuroloacutegico caracterizado por comprometimento da interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal e comportamento restrito e repetitivo

10

Capiacutetulo 2 O RPG

No jogo de RPG o jogador improvisa em um universo em geral fantaacutesticomas pode existir tambeacutem campanhas ndash como eacute chamada a histoacuteria no RPG ndash quese passam em um contexto histoacuterico e ateacute mesmo atual Eacute possiacutevel criar RPGs depraticamente qualquer tema O que define o jogo satildeo suas regras e natildeo o universoem que ocorre a campanha No ensino de teatro por exemplo podemos criar um jogobaseado em obras de Shakespeare Por exemplo a comeacutedia ldquoSonhos de uma noite deveratildeordquo poderia ser o cenaacuterio onde os jogadores contariam a histoacuteria narrada na obrasem interpretar os personagens principais O jogadores seriam os seres encantados doreino de Oberon e Titania que indiretamente contariam como quatro humanos entraramna floresta e foram enfeiticcedilados por Puck servo de Oberon e como Titania se apaixonoupor um monstro devido ao mesmo feiticcedilo Ou humanos que teriam que lidar com odesaparecimento de Heacutermia Helena Lisandro e Demeacutetrio na floresta

Outro ponto forte eacute que para jogar bem o RPG eacute preciso conhecer bastantesobre o universo em que ocorre a campanha para que se definam os cenaacuterios figurinose tecnologias a serem desenvolvidos Muitos jogadores criam campanhas a partir defatos histoacutericos reais como guerras intrigas poliacuteticas contextos socioeconocircmicosrevoluccedilotildees entre outros Isso gera interesse no jogador em aprender e estimula aleitura Mais adiante irei falar de como planejei minhas aulas para inserir as noccedilotildeesbaacutesicas do teatro - histoacuteria do teatro tipos de palco cenaacuterio figurino maquiagem eoutros - no jogo de RPG

Como em um jogo de estrateacutegia haacute regras que o definem e guiam aquilo queo seu personagem pode ou natildeo fazer A esse conjunto de regras chama-sesistema Como no teatro cada personagem tem uma histoacuteria e deve serinterpretado assim como fazem os atores Diferente de um jogo de estrateacutegiavocecirc natildeo luta contra um adversaacuterio especiacutefico mas vive aventuras em ummundo imaginaacuterio (MUNDO DAS TREVAS 2014 grifos meus)

Percebe-se que no proacuteprio site o jogo jaacute eacute apontado em sua aproximaccedilatildeo como teatro sendo essa mais uma razatildeo que fortalece a presente pesquisa A mecacircnica doRPG funciona mais ou menos como um jogo de improviso teatral semelhante aos quevemos em paacuteginas como YouTube e Facebook e na televisatildeo Por exemplo um jogoonde soacute se pode iniciar as frases com as letras do alfabeto em sequecircncia Natildeo sepode quebrar a regra ou o jogo deixa de existir No RPG as regras satildeo na verdadereferentes ao universo do jogo No universo real existe a lei da gravidade que puxatudo no planeta em direccedilatildeo ao centro da Terra No RPG eacute possiacutevel criar um universoonde essa lei natildeo exista e seja impossiacutevel tocar o solo Sendo assim o jogador deveseguir essa premissa e nunca tocar o chatildeo Outro exemplo pode ser o jogo de ldquopedra

11

Capiacutetulo 2 O RPG

papel tesourardquo Nesse jogo a pedra nunca ganha do papel e o papel nunca ganha datesoura Satildeo as regras Meu personagem ldquotesourardquo sempre iraacute perder se lutar contra umadversaacuterio ldquopedrardquo No mundo dos jogos isso se chama counter 7 ou seja o adversaacuterioque tem o que eacute necessaacuterio para atingir o ponto fraco do personagem Nem todos ossistemas de RPG tem possibilidade do counter poreacutem eacute uma regra recorrente nosjogos de aventura com fantasia

A maioria das campanhas de RPG exigem que o jogador crie toda uma histoacuteriaanterior para o seu personagem o background 8 A histoacuteria do universo do jogo eacuteconhecido como lore9 e funciona como um proacutelogo para a campanha que iraacute comeccedilarIsso eacute definido em conjunto entre todos os jogadores

Esse trabalho de criaccedilatildeo do personagem dentro da lore do jogo se assemelhamuito com o trabalho do ator seguindo a linha descrita no livro ldquoA preparaccedilatildeo doatorrdquo de Constantin Stanislavski (1936) Assim como no teatro stanislavskiano noRPG os objetivos do personagem permeiam suas accedilotildees Existe o superobjetivo e osobjetivos menores que satildeo construiacutedos no decorrer do jogo e faratildeo parte da evoluccedilatildeodo personagem No jogo os objetivos e o super-objetivo satildeo chamados de quests10 Existem a quest principal (superobjetivo) e as quests secundaacuterias (objetivos que podemou natildeo interferir no superobjetivo) O personagem estaacute sempre avaliando a situaccedilatildeodiante o do objetivo para entatildeo definir uma accedilatildeo Essa accedilatildeo estaacute sujeita agraves emoccedilotildeesdo personagem e que natildeo estatildeo sujeitas a sua vontade mas agrave do jogador ndash no caso doteatro agrave do dramaturgo autor diretor ou ator ndash e ao processo dentro da lore do jogo ndashou texto dramaacutetico no teatro As accedilotildees do personagem tanto no jogo quanto no teatroproposto por Stanislavski definem quem ele eacute (STANISLAVSKI 1936)

ldquoDiferente do teatro vocecirc natildeo segue um roteiro mas age pelo seu personagemcom liberdade de accedilatildeo limitado somente pelo conjunto de regras do sistema emquestatildeordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Aqui eacute claro se trata do texto dramaacutetico escritoAs regras do sistema da lore e do background do jogo formam um outro tipo de roteiroUm roteiro de accedilotildees possiacuteveis ou natildeo de acordo com o universo Diferente do teatro noRPG os jogadores interpretam os personagens sentados e natildeo haacute a necessidade deuma interpretaccedilatildeo profunda e complexa embora a criaccedilatildeo do personagem o seja Pormais complexas que sejam as accedilotildees e emoccedilotildees do personagem elas satildeo descritas enatildeo interpretadas como no teatro Aqui as decisotildees dos jogadores dependem de rolar

7 Do inglecircs rebater contestar aquele que eacute contra8 Do inglecircs ldquofundordquo ldquosegundo planordquo ldquoexperiecircnciardquo9 Do inglecircs ldquoconhecimentordquo ldquosaberrdquo10 do inglecircs nesse contexto significa ldquobuscardquo ou ldquoprocurardquo

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Capiacutetulo 2 O RPG

dados para acontecerem e virarem accedilotildees Isso ocorre pois os atributos necessaacuteriospara tomar as decisotildees estatildeo descritos em uma ficha e cada atributo possui um valornumeacuterico Para realizar uma accedilatildeo a de socar um oponente por exemplo o jogadorprecisa lanccedilar os dados e o valor deve ser menor ou igual ao valor do atributo de forccediladescrito na ficha (exemplo da ficha na paacutegina 17)

No entanto existe uma variaccedilatildeo do RPG chamada LARP (Live-action role-playing) que significa literalmente interpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivo Essa eacute uma mo-dalidade bem mais proacutexima do que pretendo trabalhar pois aqui a interpretaccedilatildeo seassemelha muito com o fazer teatral As regras do LARP satildeo as mesmas do RPGcom essa uacutenica diferenccedila de que aqui sim os jogadores interpretam teatralmente seuspersonagens

Essa mecacircnica torna o RPG e o LARP oacutetimos aliado na construccedilatildeo colaborativado enredo de um espetaacuteculo Levando em conta essa possibilidade decidir utilizar meuestaacutegio para a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino do teatro parao ensino fundamental anos finais Para isso elaborei um plano de curso detalhandotambeacutem os planos de aula que podem ser vistos em anexo

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3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Imaginemos que cada partida de RPG seja registrada por algueacutem que anota oufilma ou grava tudo que ocorre Imaginemos que esse material seja lapidado e escritono formato de um roteiro de teatro com rubricas e falas Essa produccedilatildeo eacute cem porcento uma criaccedilatildeo colaborativa entre todos os jogadores A partir dela o jogador podeinterpretar o personagem que ele mesmo criou dentro do jogo novamente dessa vezsob o acircngulo do teatro propriamente dito visando o espetaacuteculo A obra que saiu daimaginaccedilatildeo do jogadorator seraacute melhor interpretada por ele pois tem dela propriedadePartindo dessa premissa logrei experimentar essa ideia na minha primeira direccedilatildeodentro da disciplina de Direccedilatildeo 1 do curso de Artes Cecircnicas

Eu queria criar uma peccedila baseada no livro The Asylum for Wayward VictorianGirls de Emilie Autumn Poreacutem o livro natildeo possui ateacute o momento traduccedilatildeo para oportuguecircs e eu natildeo teria tempo de traduzir todas a suas mais de duzentas paacuteginase pedir que meus atores lessem todo o livro Mas eu conhecia o universo do livro esua histoacuteria Poderia criar um roteiro que se passava no mesmo contexto e universo eassim dirigi-lo Soacute que acabei me deparando com outra questatildeo a maioria dos meusatores nunca tinham atuado na vida Conversando com eles notei que tiacutenhamos emcomum a praacuterica do RPG e daiacute surgiu a minha ideia Eu iria organizar um jogo e daiacute eutiraria o roteiro aleacutem disso meus atores teriam propriedade de seus personagens eassim talvez a direccedilatildeo se tornasse mais faacutecil Entatildeo assim eu fiz O problema do RPG edo teatro poreacutem eacute que todos os envolvidos precisam estar presentes A maioria nuncatinha atuado logo natildeo sabiam o quatildeo ruim eacute faltar aos ensaios Isso me impediu delevar a ideia adiante Mas mantive ela guardada ateacute iniciar o meu estaacutegio

RPGs tinham sido uma marca muito forte na minha infacircncia entatildeo imagineique poderia ser na de outros adolescentes Assim adaptei a minha ideia e inseri oensino de noccedilotildees baacutesicos do teatro e fiz um paralelo com a mateacuteria estudada pelosalunos em Histoacuteria A partir disso elaborei meu Plano de aula que seraacute apresentadoda maneira como foi pensado para depois passar ao relato do que foi possiacutevel

No primeiro momento sabendo que enfrentaria o desconhecimento dos alunosem relaccedilatildeo ao jogo planejei um bate-papo sobre jogos A fim de conhecer os alunosuma das primeiras perguntas seria sobre quais jogos os alunos mais gostam Listandoesses jogos a proposta era encontrar o que todos tinham em comum e assim definir deacordo com as respostas dos alunos o que era necessaacuterio para se ter um jogo Listei

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

de antematildeo algumas caracteriacutesticas que eram necessaacuterias para se ter um jogo comojogadores regras e o objetivo do jogo Outra parte desse debate seria para classificare dividir jogos em categorias jogos de tabuleiro cartas esportivos em grupo entreoutras classificaccedilotildees Tambeacutem planejei inserir jogos eletrocircnicos nessas classificaccedilotildeespara assim ampliar o repertoacuterio dos alunos na hora de jogar o RPG

Definindo essa parte a pergunta era sobre o que seriam no entendimento dosalunos jogos teatrais para entatildeo comeccedilar a inserir o conceito de RPG como um jogode interpretaccedilatildeo de papeacuteis e improviso Apoacutes explicar o que eacute o RPG o proacuteximo passoseria explicar as regras e comeccedilar a dividir os grupos (de 4 ou 5 alunos) Juntamentecom as regras os alunos seriam expostos agraves fichas de RPG e escolheriam o universoonde se passaria a aventura Como dito anteriormente a ideia seria usar mateacuteriasestudadas em Histoacuteria por eles naquele bimestre Apoacutes ser definido o Universo iriacuteamoscriar os personagens dentro do contexto (paiacutes e eacutepoca) definidos utilizando algunsparacircmetros por exemplo data de nascimento status social idade signo e uma muacutesicatema para o personagem

A fim de estimular a criatividade dos alunos fazia parte do plano levar viacutedeosde desenhos animados trechos de filmes e jogos de computador que tivessem atemaacutetica de aventura assim como contos curtos de fantasia e aventura A ideia erafazer tambeacutem um exerciacutecio de identificar elementos nas narrativas que os ajudassem acriar durante o jogo de RPG Entre os elementos a identificar estavam o heroacutei (casohouvesse) o vilatildeo (caso houvesse) as criaturas e monstros o enredo o cliacutemax e aconclusatildeo da narrativa Claro que tambeacutem eacute importante definir a espacialidade ou sejaos cenaacuterios e mapas Onde a histoacuteria ocorre e para onde ela se desloca no decorrer dotempo Assim cada grupo construiriam o proacutelogo do jogo de cada grupo a partir doselementos identificados nos viacutedeos e contos Esse proacutelogo seria um guia para o jogopropriamente dito

Dentro do mesmo exerciacutecio deveriam listar os objetos e a vestimenta de umdos personagens dos viacutedeos e contos (a escolha seria de cada aluno) o que ajudaria apersonalizar melhor o personagem que criaram Aleacutem das caracteriacutesticas subjetivase psicoloacutegicas agora deveriam criar as caracteriacutesticas fiacutesicas Eacute claro que aleacutem doproacutelogo do Universo do grupo cada um deveria criar um proacutelogo para o proacuteprio perso-nagem constando quem ele foi e como ele chegou ateacute aliacute no iniacutecio do jogo A seguir aficha do personagem

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Figura 1 ndash Ficha de RPG criada para as aulas

Adaptado ficha do jogo Vampiro A Maacutescara

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 8: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando comecei a jogar Role-playing Game (RPG) ou ldquojogo de interpretaccedilatildeode papeacuteisrdquo aos meus 11 anos de idade ainda natildeo tinha ideia de que seria atriz um diaTampouco imaginei que esse estilo de jogo seria o meu passa-tempo favorito pelosproacuteximos anos e que se tornaria uma paixatildeo hoje em dia

No primeiro capiacutetulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona Esseeacute um tipo de jogo como o proacuteprio nome sugere onde haacute a interpretaccedilatildeo de papeacuteissendo esses personagens criados dentro de um universo geralmente de fantasia ondeum Mestre narra a histoacuteria e os outros jogadores satildeo protagonistas dela Mas o quede fato nunca iria prever era que teria a ideia de usar o RPG como mecanismo paracriaccedilatildeo de espetaacuteculos Tudo comeccedilou com minha primeira direccedilatildeo dentro do meucurso de Artes Cecircnicas na UnB quando precisei de um mecanismo eficiente e raacutepidopara transformar em espetaacuteculo um livro que natildeo possuiacutea traduccedilatildeo em portuguecircs

No segundo capiacutetulo explico como o meu projeto evoluiu durante a disciplinade Estaacutegio tornando-se uma pesquisa mai apurada Elaborei entatildeo meu plano de aulavisando usar o jogo de RPG como gatilho para despertar o interesse dos alunos emaprender algumas noccedilotildees de teatro presentes no Curriacuteculo em Movimento do DistritoFederal De todas as maneiras possiacuteveis busquei de acordo com o interesse dosalunos inserir percepccedilotildees baacutesicas do teatro como cenaacuterio tipos de palco figurinoadereccedilos maquiagem iluminaccedilatildeo e outras noccedilotildees Fora a parte de interpretaccedilatildeo defato criaccedilatildeo colaborativa do roteiro de um espetaacuteculo e elementos de narrativa A ideiaeacute descontrair o maacuteximo possiacutevel o ambiente da sala de aula e trazer o jogo como ummecanismo de aproximaccedilatildeo com o luacutedico Eacute claro que a arte em si jaacute possui caraacuteterluacutedico no entanto quando fiz meu estaacutegio vi que o pensamento conteudista aindapermeia a realidade dos nossos professores mesmo os de artes O RPG tambeacutemvem com a intenccedilatildeo de estimular a imaginaccedilatildeo dos alunos pois seratildeo eles os cria-dores das histoacuterias que permearatildeo o desenvolvimento e aprendizagem da linguagemteatral Aqui a intenccedilatildeo eacute tornaacute-los sujeitos da criaccedilatildeo do proacuteprio conhecimento atra-veacutes da praacutetica Assim os alunos constroem tambeacutem a autonomia necessaacuteria para sedesenvolverem fora da escola

No terceiro capiacutetulo falo mais sobre o a experiecircncia do estaacutegio em si Durantemeu estaacutegio pude fazer pouca coisa de fato dentro do meu plano de aula Poreacutem foio suficiente para que eu pudesse refletir e chegar agraves conclusotildees aqui propostas Por

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Capiacutetulo 1 INTRODUCcedilAtildeO

conta de uma visatildeo diferente da professora que me acompanhou e talvez por medode ser cobrada dos alunos com aulas mais dinacircmicas apoacutes minha passagem elaacabou por me convencer a mudar meu plano de aula o que dificultou o andamento domeu estaacutegio Poreacutem a experiecircncia me ajudou a perceber como a realidade dos alunosinfluenciaria no jogo e como eu poderia aproveitar isso nas aulas Uma consequecircncianatural do jogo na sala de aula eacute perceber a realidade dos alunos sendo trazida parao RPG Os conflitos internos na famiacutelia e na proacutepria escola podem virar uma histoacuteriadentro do jogo com atos e consequecircncias que podem auxiliar os alunos a chegarem asoluccedilotildees nos problemas do dia-a-dia tambeacutem

No uacuteltimo capiacutetulo eu mostro como o RPG vem sendo utilizado como metodolo-gia de ensino em outros paiacuteses A ideia de utilizar o RPG na escola natildeo eacute ineacutedita e eacutecomprovado que funciona Poreacutem natildeo encontrei nada especiacutefico voltado para o ensinode teatro O educador moderno deve sempre procurar se adaptar e buscar alternativaspara melhorar o desempenho e desenvolvimento dos alunos tanto para a sala de aulaquanto fora dela O RPG eacute uma dessas alternativas na qual eu acredito E claro tembastante abertura se unir com o fazer teatral em vaacuterios aspectos que seratildeo explicitadosnos capiacutetulos seguintes O RPG pode ser educativo terapecircutico e principalmentedivertido Eacute uma metodologia completa e jaacute eacute utilizada em escolas e programas depesquisa em paiacuteses como Dinamarca e Estados Unidos auxiliando nos estudos decrianccedilas com dificuldades sociais e de aprendizagem das mais diversas

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2 O RPG

Antes de falar sobre a minha experiecircncia com o RPG na sala de aula eacute essencialque se entenda como funcionam jogos de RPG para que assim eu possa explicar arelaccedilatildeo que criei entre o jogo e o ensino de teatro para alunos do ensino fundamentalanos finais Segundo o site Mundo das Trevas

Role-playing game tambeacutem conhecido como RPG (em portuguecircs ldquojogo deinterpretaccedilatildeo de personagensrdquo) eacute um tipo de jogo em que os jogadores as-sumem os papeacuteis de personagens e criam narrativas colaborativamente Oprogresso de um jogo se daacute de acordo com um sistema de regras prede-terminado dentro das quais os jogadores podem improvisar livremente Asescolhas dos jogadores determinam a direccedilatildeo que o jogo iraacute tomar (MUNDODAS TREVAS 2014)

A origem do RPG vem de duas fontes a literatura fantaacutestica - que se tor-nou muito popular com obras como O Hobbit (1937) e a trilogia O Senhor dos Aneacuteis(195455) ambos de John Ronald Reuel Tolkien - e os jogos de tabuleiro - especial-mente os de guerra Mas a criaccedilatildeo do jogo em si eacute atribuiacuteda a dois estudantes daUniversidade de Minnesota nos EUA Gary Gygax (1938-2008) foi um desses gran-des precursores criador de um cenaacuterio medieval para jogar com miniaturas chamadoChainmail em 1971 O outro criador foi Dave Arneson (1947-2009) que desenvolveu ocenaacuterio fantaacutestico para RPG Blackmoor tambeacutem em 1971 Foi ele quem criou osprincipais conceitos e regras do que conhecemos hoje do RPG como a presenccedila deum Mestre ou Narrador - este aleacutem de narrar a histoacuteria interpreta os NPCs1 - e asfichas de personagem Os dois criaram juntos o primeiro RPG Dungeons amp Dragons2 publicado pela editora TSR em 1974(LUFTSTARK 2015)

Esse jogo foi importante na minha infacircncia no sentido em que estimulava acriatividade na medida em que as histoacuterias se tornavam cada vez mais profundas ecomplexas com detalhes na narrativa e descriccedilatildeo dos acontecimentos Isso me ensinoua prever as consequecircncias de uma accedilatildeo como num jogo de xadrez onde eacute necessaacuterioprever a jogada do oponente O RPG cria essa prontidatildeo de prever como os dadosvatildeo se comportar e quais as consequecircncias da falha ou sucesso da accedilatildeo ou sejadesenvolve tambeacutem o raciociacutenio loacutegico Essa mistura de loacutegica e criatividade quando

1 Non-player Character - do inglecircs ldquoPersonagem natildeo-jogaacutevelrdquo Eacute um personagem dentro do jogo que natildeopode ser interpretado por um jogador apenas pelo Mestre ou Narrador da campanha

2 Do inglecircs ldquoMasmorras e Dragotildeesrdquo

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Capiacutetulo 2 O RPG

estimulada ajuda a desenvolver na pessoa a perspicaacutecia para resolver situaccedilotildees-problema no dia-a-dia analisar as situaccedilotildees e decidir cooperativamente

ldquoUm jogo tiacutepico une os seus participantes de maneira cooperativa em umuacutenico time que se aventura como um grupo em busca da soluccedilatildeo de enigmas acaccedila de vilotildees ou com intenccedilatildeo de resolver qualquer tipo de conflito emergente nahistoacuteriardquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Esses conflitos encontram um paralelo noteatro dramaacutetico que busca pela catarse3 do espectador em relaccedilatildeo aos conflitos datrama conceito criado pelo filoacutesofo grego Aristoacuteteles no seacuteculo V aC O ponto principaldo RPG eacute criar uma boa histoacuteria que gere essa catarse assim como no drama Nemsempre o que o jogador quer para o personagem eacute bom para o personagem O jogadorpode deliberadamente criar conflitos e situaccedilotildees ruins para o personagem mas quefavoreccedilam a histoacuteria e a identidade do mesmo

ldquoComo romances ou filmes RPGs agradam porque eles alimentam a imagi-naccedilatildeo sem no entanto limitar o comportamento do jogador a um enredo especiacute-ficordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Ou seja o que impera eacute o improviso Essa praacuteticado improviso tambeacutem eacute outro fator que estimula a prontidatildeo em cena e a criatividadena resoluccedilatildeo de problemas tanto na trama quanto durante a interpretaccedilatildeo SegundoRosseto

Improvisar eacute criar jogar arriscar transformar uma ideia num espaccedilo privile-giado para as concepccedilotildees poeacuteticas e simboacutelicas No acircmbito do ensino essefazer pode desencadear processos de aprendizagens que contribuem para aformaccedilatildeo de sujeitos autocircnomos mediados pela intuiccedilatildeo e pelas referecircnciasdramaacuteticas (ROSSETO 2012 p 9)

Como irei explicitar mais a frente esses processos de apredizagem e criaccedilatildeode sujeitos autocircnomos satildeo bastante comprovados no uso do RPG como estrateacutegiapedagoacutegica principalmente para alunos com dificuldades de aprendizagem leves -como dislexia4 e discalculia5 - e graves - como o autismo6

3 Purificaccedilatildeo do espiacuterito do espectador atraveacutes da purgaccedilatildeo de suas paixotildees esp dos sentimentos deterror ou de piedade vivenciados na contemplaccedilatildeo do espetaacuteculo traacutegico

4 Perturbaccedilatildeo na aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondecircncia entreos siacutembolos graacuteficos e os fonemas bem como na transformaccedilatildeo de signos escritos em signos verbais

5 Desordem neuroloacutegica especiacutefica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipularnuacutemeros

6 Distuacuterbio neuroloacutegico caracterizado por comprometimento da interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal e comportamento restrito e repetitivo

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Capiacutetulo 2 O RPG

No jogo de RPG o jogador improvisa em um universo em geral fantaacutesticomas pode existir tambeacutem campanhas ndash como eacute chamada a histoacuteria no RPG ndash quese passam em um contexto histoacuterico e ateacute mesmo atual Eacute possiacutevel criar RPGs depraticamente qualquer tema O que define o jogo satildeo suas regras e natildeo o universoem que ocorre a campanha No ensino de teatro por exemplo podemos criar um jogobaseado em obras de Shakespeare Por exemplo a comeacutedia ldquoSonhos de uma noite deveratildeordquo poderia ser o cenaacuterio onde os jogadores contariam a histoacuteria narrada na obrasem interpretar os personagens principais O jogadores seriam os seres encantados doreino de Oberon e Titania que indiretamente contariam como quatro humanos entraramna floresta e foram enfeiticcedilados por Puck servo de Oberon e como Titania se apaixonoupor um monstro devido ao mesmo feiticcedilo Ou humanos que teriam que lidar com odesaparecimento de Heacutermia Helena Lisandro e Demeacutetrio na floresta

Outro ponto forte eacute que para jogar bem o RPG eacute preciso conhecer bastantesobre o universo em que ocorre a campanha para que se definam os cenaacuterios figurinose tecnologias a serem desenvolvidos Muitos jogadores criam campanhas a partir defatos histoacutericos reais como guerras intrigas poliacuteticas contextos socioeconocircmicosrevoluccedilotildees entre outros Isso gera interesse no jogador em aprender e estimula aleitura Mais adiante irei falar de como planejei minhas aulas para inserir as noccedilotildeesbaacutesicas do teatro - histoacuteria do teatro tipos de palco cenaacuterio figurino maquiagem eoutros - no jogo de RPG

Como em um jogo de estrateacutegia haacute regras que o definem e guiam aquilo queo seu personagem pode ou natildeo fazer A esse conjunto de regras chama-sesistema Como no teatro cada personagem tem uma histoacuteria e deve serinterpretado assim como fazem os atores Diferente de um jogo de estrateacutegiavocecirc natildeo luta contra um adversaacuterio especiacutefico mas vive aventuras em ummundo imaginaacuterio (MUNDO DAS TREVAS 2014 grifos meus)

Percebe-se que no proacuteprio site o jogo jaacute eacute apontado em sua aproximaccedilatildeo como teatro sendo essa mais uma razatildeo que fortalece a presente pesquisa A mecacircnica doRPG funciona mais ou menos como um jogo de improviso teatral semelhante aos quevemos em paacuteginas como YouTube e Facebook e na televisatildeo Por exemplo um jogoonde soacute se pode iniciar as frases com as letras do alfabeto em sequecircncia Natildeo sepode quebrar a regra ou o jogo deixa de existir No RPG as regras satildeo na verdadereferentes ao universo do jogo No universo real existe a lei da gravidade que puxatudo no planeta em direccedilatildeo ao centro da Terra No RPG eacute possiacutevel criar um universoonde essa lei natildeo exista e seja impossiacutevel tocar o solo Sendo assim o jogador deveseguir essa premissa e nunca tocar o chatildeo Outro exemplo pode ser o jogo de ldquopedra

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Capiacutetulo 2 O RPG

papel tesourardquo Nesse jogo a pedra nunca ganha do papel e o papel nunca ganha datesoura Satildeo as regras Meu personagem ldquotesourardquo sempre iraacute perder se lutar contra umadversaacuterio ldquopedrardquo No mundo dos jogos isso se chama counter 7 ou seja o adversaacuterioque tem o que eacute necessaacuterio para atingir o ponto fraco do personagem Nem todos ossistemas de RPG tem possibilidade do counter poreacutem eacute uma regra recorrente nosjogos de aventura com fantasia

A maioria das campanhas de RPG exigem que o jogador crie toda uma histoacuteriaanterior para o seu personagem o background 8 A histoacuteria do universo do jogo eacuteconhecido como lore9 e funciona como um proacutelogo para a campanha que iraacute comeccedilarIsso eacute definido em conjunto entre todos os jogadores

Esse trabalho de criaccedilatildeo do personagem dentro da lore do jogo se assemelhamuito com o trabalho do ator seguindo a linha descrita no livro ldquoA preparaccedilatildeo doatorrdquo de Constantin Stanislavski (1936) Assim como no teatro stanislavskiano noRPG os objetivos do personagem permeiam suas accedilotildees Existe o superobjetivo e osobjetivos menores que satildeo construiacutedos no decorrer do jogo e faratildeo parte da evoluccedilatildeodo personagem No jogo os objetivos e o super-objetivo satildeo chamados de quests10 Existem a quest principal (superobjetivo) e as quests secundaacuterias (objetivos que podemou natildeo interferir no superobjetivo) O personagem estaacute sempre avaliando a situaccedilatildeodiante o do objetivo para entatildeo definir uma accedilatildeo Essa accedilatildeo estaacute sujeita agraves emoccedilotildeesdo personagem e que natildeo estatildeo sujeitas a sua vontade mas agrave do jogador ndash no caso doteatro agrave do dramaturgo autor diretor ou ator ndash e ao processo dentro da lore do jogo ndashou texto dramaacutetico no teatro As accedilotildees do personagem tanto no jogo quanto no teatroproposto por Stanislavski definem quem ele eacute (STANISLAVSKI 1936)

ldquoDiferente do teatro vocecirc natildeo segue um roteiro mas age pelo seu personagemcom liberdade de accedilatildeo limitado somente pelo conjunto de regras do sistema emquestatildeordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Aqui eacute claro se trata do texto dramaacutetico escritoAs regras do sistema da lore e do background do jogo formam um outro tipo de roteiroUm roteiro de accedilotildees possiacuteveis ou natildeo de acordo com o universo Diferente do teatro noRPG os jogadores interpretam os personagens sentados e natildeo haacute a necessidade deuma interpretaccedilatildeo profunda e complexa embora a criaccedilatildeo do personagem o seja Pormais complexas que sejam as accedilotildees e emoccedilotildees do personagem elas satildeo descritas enatildeo interpretadas como no teatro Aqui as decisotildees dos jogadores dependem de rolar

7 Do inglecircs rebater contestar aquele que eacute contra8 Do inglecircs ldquofundordquo ldquosegundo planordquo ldquoexperiecircnciardquo9 Do inglecircs ldquoconhecimentordquo ldquosaberrdquo10 do inglecircs nesse contexto significa ldquobuscardquo ou ldquoprocurardquo

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Capiacutetulo 2 O RPG

dados para acontecerem e virarem accedilotildees Isso ocorre pois os atributos necessaacuteriospara tomar as decisotildees estatildeo descritos em uma ficha e cada atributo possui um valornumeacuterico Para realizar uma accedilatildeo a de socar um oponente por exemplo o jogadorprecisa lanccedilar os dados e o valor deve ser menor ou igual ao valor do atributo de forccediladescrito na ficha (exemplo da ficha na paacutegina 17)

No entanto existe uma variaccedilatildeo do RPG chamada LARP (Live-action role-playing) que significa literalmente interpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivo Essa eacute uma mo-dalidade bem mais proacutexima do que pretendo trabalhar pois aqui a interpretaccedilatildeo seassemelha muito com o fazer teatral As regras do LARP satildeo as mesmas do RPGcom essa uacutenica diferenccedila de que aqui sim os jogadores interpretam teatralmente seuspersonagens

Essa mecacircnica torna o RPG e o LARP oacutetimos aliado na construccedilatildeo colaborativado enredo de um espetaacuteculo Levando em conta essa possibilidade decidir utilizar meuestaacutegio para a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino do teatro parao ensino fundamental anos finais Para isso elaborei um plano de curso detalhandotambeacutem os planos de aula que podem ser vistos em anexo

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3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Imaginemos que cada partida de RPG seja registrada por algueacutem que anota oufilma ou grava tudo que ocorre Imaginemos que esse material seja lapidado e escritono formato de um roteiro de teatro com rubricas e falas Essa produccedilatildeo eacute cem porcento uma criaccedilatildeo colaborativa entre todos os jogadores A partir dela o jogador podeinterpretar o personagem que ele mesmo criou dentro do jogo novamente dessa vezsob o acircngulo do teatro propriamente dito visando o espetaacuteculo A obra que saiu daimaginaccedilatildeo do jogadorator seraacute melhor interpretada por ele pois tem dela propriedadePartindo dessa premissa logrei experimentar essa ideia na minha primeira direccedilatildeodentro da disciplina de Direccedilatildeo 1 do curso de Artes Cecircnicas

Eu queria criar uma peccedila baseada no livro The Asylum for Wayward VictorianGirls de Emilie Autumn Poreacutem o livro natildeo possui ateacute o momento traduccedilatildeo para oportuguecircs e eu natildeo teria tempo de traduzir todas a suas mais de duzentas paacuteginase pedir que meus atores lessem todo o livro Mas eu conhecia o universo do livro esua histoacuteria Poderia criar um roteiro que se passava no mesmo contexto e universo eassim dirigi-lo Soacute que acabei me deparando com outra questatildeo a maioria dos meusatores nunca tinham atuado na vida Conversando com eles notei que tiacutenhamos emcomum a praacuterica do RPG e daiacute surgiu a minha ideia Eu iria organizar um jogo e daiacute eutiraria o roteiro aleacutem disso meus atores teriam propriedade de seus personagens eassim talvez a direccedilatildeo se tornasse mais faacutecil Entatildeo assim eu fiz O problema do RPG edo teatro poreacutem eacute que todos os envolvidos precisam estar presentes A maioria nuncatinha atuado logo natildeo sabiam o quatildeo ruim eacute faltar aos ensaios Isso me impediu delevar a ideia adiante Mas mantive ela guardada ateacute iniciar o meu estaacutegio

RPGs tinham sido uma marca muito forte na minha infacircncia entatildeo imagineique poderia ser na de outros adolescentes Assim adaptei a minha ideia e inseri oensino de noccedilotildees baacutesicos do teatro e fiz um paralelo com a mateacuteria estudada pelosalunos em Histoacuteria A partir disso elaborei meu Plano de aula que seraacute apresentadoda maneira como foi pensado para depois passar ao relato do que foi possiacutevel

No primeiro momento sabendo que enfrentaria o desconhecimento dos alunosem relaccedilatildeo ao jogo planejei um bate-papo sobre jogos A fim de conhecer os alunosuma das primeiras perguntas seria sobre quais jogos os alunos mais gostam Listandoesses jogos a proposta era encontrar o que todos tinham em comum e assim definir deacordo com as respostas dos alunos o que era necessaacuterio para se ter um jogo Listei

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

de antematildeo algumas caracteriacutesticas que eram necessaacuterias para se ter um jogo comojogadores regras e o objetivo do jogo Outra parte desse debate seria para classificare dividir jogos em categorias jogos de tabuleiro cartas esportivos em grupo entreoutras classificaccedilotildees Tambeacutem planejei inserir jogos eletrocircnicos nessas classificaccedilotildeespara assim ampliar o repertoacuterio dos alunos na hora de jogar o RPG

Definindo essa parte a pergunta era sobre o que seriam no entendimento dosalunos jogos teatrais para entatildeo comeccedilar a inserir o conceito de RPG como um jogode interpretaccedilatildeo de papeacuteis e improviso Apoacutes explicar o que eacute o RPG o proacuteximo passoseria explicar as regras e comeccedilar a dividir os grupos (de 4 ou 5 alunos) Juntamentecom as regras os alunos seriam expostos agraves fichas de RPG e escolheriam o universoonde se passaria a aventura Como dito anteriormente a ideia seria usar mateacuteriasestudadas em Histoacuteria por eles naquele bimestre Apoacutes ser definido o Universo iriacuteamoscriar os personagens dentro do contexto (paiacutes e eacutepoca) definidos utilizando algunsparacircmetros por exemplo data de nascimento status social idade signo e uma muacutesicatema para o personagem

A fim de estimular a criatividade dos alunos fazia parte do plano levar viacutedeosde desenhos animados trechos de filmes e jogos de computador que tivessem atemaacutetica de aventura assim como contos curtos de fantasia e aventura A ideia erafazer tambeacutem um exerciacutecio de identificar elementos nas narrativas que os ajudassem acriar durante o jogo de RPG Entre os elementos a identificar estavam o heroacutei (casohouvesse) o vilatildeo (caso houvesse) as criaturas e monstros o enredo o cliacutemax e aconclusatildeo da narrativa Claro que tambeacutem eacute importante definir a espacialidade ou sejaos cenaacuterios e mapas Onde a histoacuteria ocorre e para onde ela se desloca no decorrer dotempo Assim cada grupo construiriam o proacutelogo do jogo de cada grupo a partir doselementos identificados nos viacutedeos e contos Esse proacutelogo seria um guia para o jogopropriamente dito

Dentro do mesmo exerciacutecio deveriam listar os objetos e a vestimenta de umdos personagens dos viacutedeos e contos (a escolha seria de cada aluno) o que ajudaria apersonalizar melhor o personagem que criaram Aleacutem das caracteriacutesticas subjetivase psicoloacutegicas agora deveriam criar as caracteriacutesticas fiacutesicas Eacute claro que aleacutem doproacutelogo do Universo do grupo cada um deveria criar um proacutelogo para o proacuteprio perso-nagem constando quem ele foi e como ele chegou ateacute aliacute no iniacutecio do jogo A seguir aficha do personagem

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Figura 1 ndash Ficha de RPG criada para as aulas

Adaptado ficha do jogo Vampiro A Maacutescara

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 9: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 1 INTRODUCcedilAtildeO

conta de uma visatildeo diferente da professora que me acompanhou e talvez por medode ser cobrada dos alunos com aulas mais dinacircmicas apoacutes minha passagem elaacabou por me convencer a mudar meu plano de aula o que dificultou o andamento domeu estaacutegio Poreacutem a experiecircncia me ajudou a perceber como a realidade dos alunosinfluenciaria no jogo e como eu poderia aproveitar isso nas aulas Uma consequecircncianatural do jogo na sala de aula eacute perceber a realidade dos alunos sendo trazida parao RPG Os conflitos internos na famiacutelia e na proacutepria escola podem virar uma histoacuteriadentro do jogo com atos e consequecircncias que podem auxiliar os alunos a chegarem asoluccedilotildees nos problemas do dia-a-dia tambeacutem

No uacuteltimo capiacutetulo eu mostro como o RPG vem sendo utilizado como metodolo-gia de ensino em outros paiacuteses A ideia de utilizar o RPG na escola natildeo eacute ineacutedita e eacutecomprovado que funciona Poreacutem natildeo encontrei nada especiacutefico voltado para o ensinode teatro O educador moderno deve sempre procurar se adaptar e buscar alternativaspara melhorar o desempenho e desenvolvimento dos alunos tanto para a sala de aulaquanto fora dela O RPG eacute uma dessas alternativas na qual eu acredito E claro tembastante abertura se unir com o fazer teatral em vaacuterios aspectos que seratildeo explicitadosnos capiacutetulos seguintes O RPG pode ser educativo terapecircutico e principalmentedivertido Eacute uma metodologia completa e jaacute eacute utilizada em escolas e programas depesquisa em paiacuteses como Dinamarca e Estados Unidos auxiliando nos estudos decrianccedilas com dificuldades sociais e de aprendizagem das mais diversas

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2 O RPG

Antes de falar sobre a minha experiecircncia com o RPG na sala de aula eacute essencialque se entenda como funcionam jogos de RPG para que assim eu possa explicar arelaccedilatildeo que criei entre o jogo e o ensino de teatro para alunos do ensino fundamentalanos finais Segundo o site Mundo das Trevas

Role-playing game tambeacutem conhecido como RPG (em portuguecircs ldquojogo deinterpretaccedilatildeo de personagensrdquo) eacute um tipo de jogo em que os jogadores as-sumem os papeacuteis de personagens e criam narrativas colaborativamente Oprogresso de um jogo se daacute de acordo com um sistema de regras prede-terminado dentro das quais os jogadores podem improvisar livremente Asescolhas dos jogadores determinam a direccedilatildeo que o jogo iraacute tomar (MUNDODAS TREVAS 2014)

A origem do RPG vem de duas fontes a literatura fantaacutestica - que se tor-nou muito popular com obras como O Hobbit (1937) e a trilogia O Senhor dos Aneacuteis(195455) ambos de John Ronald Reuel Tolkien - e os jogos de tabuleiro - especial-mente os de guerra Mas a criaccedilatildeo do jogo em si eacute atribuiacuteda a dois estudantes daUniversidade de Minnesota nos EUA Gary Gygax (1938-2008) foi um desses gran-des precursores criador de um cenaacuterio medieval para jogar com miniaturas chamadoChainmail em 1971 O outro criador foi Dave Arneson (1947-2009) que desenvolveu ocenaacuterio fantaacutestico para RPG Blackmoor tambeacutem em 1971 Foi ele quem criou osprincipais conceitos e regras do que conhecemos hoje do RPG como a presenccedila deum Mestre ou Narrador - este aleacutem de narrar a histoacuteria interpreta os NPCs1 - e asfichas de personagem Os dois criaram juntos o primeiro RPG Dungeons amp Dragons2 publicado pela editora TSR em 1974(LUFTSTARK 2015)

Esse jogo foi importante na minha infacircncia no sentido em que estimulava acriatividade na medida em que as histoacuterias se tornavam cada vez mais profundas ecomplexas com detalhes na narrativa e descriccedilatildeo dos acontecimentos Isso me ensinoua prever as consequecircncias de uma accedilatildeo como num jogo de xadrez onde eacute necessaacuterioprever a jogada do oponente O RPG cria essa prontidatildeo de prever como os dadosvatildeo se comportar e quais as consequecircncias da falha ou sucesso da accedilatildeo ou sejadesenvolve tambeacutem o raciociacutenio loacutegico Essa mistura de loacutegica e criatividade quando

1 Non-player Character - do inglecircs ldquoPersonagem natildeo-jogaacutevelrdquo Eacute um personagem dentro do jogo que natildeopode ser interpretado por um jogador apenas pelo Mestre ou Narrador da campanha

2 Do inglecircs ldquoMasmorras e Dragotildeesrdquo

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Capiacutetulo 2 O RPG

estimulada ajuda a desenvolver na pessoa a perspicaacutecia para resolver situaccedilotildees-problema no dia-a-dia analisar as situaccedilotildees e decidir cooperativamente

ldquoUm jogo tiacutepico une os seus participantes de maneira cooperativa em umuacutenico time que se aventura como um grupo em busca da soluccedilatildeo de enigmas acaccedila de vilotildees ou com intenccedilatildeo de resolver qualquer tipo de conflito emergente nahistoacuteriardquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Esses conflitos encontram um paralelo noteatro dramaacutetico que busca pela catarse3 do espectador em relaccedilatildeo aos conflitos datrama conceito criado pelo filoacutesofo grego Aristoacuteteles no seacuteculo V aC O ponto principaldo RPG eacute criar uma boa histoacuteria que gere essa catarse assim como no drama Nemsempre o que o jogador quer para o personagem eacute bom para o personagem O jogadorpode deliberadamente criar conflitos e situaccedilotildees ruins para o personagem mas quefavoreccedilam a histoacuteria e a identidade do mesmo

ldquoComo romances ou filmes RPGs agradam porque eles alimentam a imagi-naccedilatildeo sem no entanto limitar o comportamento do jogador a um enredo especiacute-ficordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Ou seja o que impera eacute o improviso Essa praacuteticado improviso tambeacutem eacute outro fator que estimula a prontidatildeo em cena e a criatividadena resoluccedilatildeo de problemas tanto na trama quanto durante a interpretaccedilatildeo SegundoRosseto

Improvisar eacute criar jogar arriscar transformar uma ideia num espaccedilo privile-giado para as concepccedilotildees poeacuteticas e simboacutelicas No acircmbito do ensino essefazer pode desencadear processos de aprendizagens que contribuem para aformaccedilatildeo de sujeitos autocircnomos mediados pela intuiccedilatildeo e pelas referecircnciasdramaacuteticas (ROSSETO 2012 p 9)

Como irei explicitar mais a frente esses processos de apredizagem e criaccedilatildeode sujeitos autocircnomos satildeo bastante comprovados no uso do RPG como estrateacutegiapedagoacutegica principalmente para alunos com dificuldades de aprendizagem leves -como dislexia4 e discalculia5 - e graves - como o autismo6

3 Purificaccedilatildeo do espiacuterito do espectador atraveacutes da purgaccedilatildeo de suas paixotildees esp dos sentimentos deterror ou de piedade vivenciados na contemplaccedilatildeo do espetaacuteculo traacutegico

4 Perturbaccedilatildeo na aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondecircncia entreos siacutembolos graacuteficos e os fonemas bem como na transformaccedilatildeo de signos escritos em signos verbais

5 Desordem neuroloacutegica especiacutefica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipularnuacutemeros

6 Distuacuterbio neuroloacutegico caracterizado por comprometimento da interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal e comportamento restrito e repetitivo

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Capiacutetulo 2 O RPG

No jogo de RPG o jogador improvisa em um universo em geral fantaacutesticomas pode existir tambeacutem campanhas ndash como eacute chamada a histoacuteria no RPG ndash quese passam em um contexto histoacuterico e ateacute mesmo atual Eacute possiacutevel criar RPGs depraticamente qualquer tema O que define o jogo satildeo suas regras e natildeo o universoem que ocorre a campanha No ensino de teatro por exemplo podemos criar um jogobaseado em obras de Shakespeare Por exemplo a comeacutedia ldquoSonhos de uma noite deveratildeordquo poderia ser o cenaacuterio onde os jogadores contariam a histoacuteria narrada na obrasem interpretar os personagens principais O jogadores seriam os seres encantados doreino de Oberon e Titania que indiretamente contariam como quatro humanos entraramna floresta e foram enfeiticcedilados por Puck servo de Oberon e como Titania se apaixonoupor um monstro devido ao mesmo feiticcedilo Ou humanos que teriam que lidar com odesaparecimento de Heacutermia Helena Lisandro e Demeacutetrio na floresta

Outro ponto forte eacute que para jogar bem o RPG eacute preciso conhecer bastantesobre o universo em que ocorre a campanha para que se definam os cenaacuterios figurinose tecnologias a serem desenvolvidos Muitos jogadores criam campanhas a partir defatos histoacutericos reais como guerras intrigas poliacuteticas contextos socioeconocircmicosrevoluccedilotildees entre outros Isso gera interesse no jogador em aprender e estimula aleitura Mais adiante irei falar de como planejei minhas aulas para inserir as noccedilotildeesbaacutesicas do teatro - histoacuteria do teatro tipos de palco cenaacuterio figurino maquiagem eoutros - no jogo de RPG

Como em um jogo de estrateacutegia haacute regras que o definem e guiam aquilo queo seu personagem pode ou natildeo fazer A esse conjunto de regras chama-sesistema Como no teatro cada personagem tem uma histoacuteria e deve serinterpretado assim como fazem os atores Diferente de um jogo de estrateacutegiavocecirc natildeo luta contra um adversaacuterio especiacutefico mas vive aventuras em ummundo imaginaacuterio (MUNDO DAS TREVAS 2014 grifos meus)

Percebe-se que no proacuteprio site o jogo jaacute eacute apontado em sua aproximaccedilatildeo como teatro sendo essa mais uma razatildeo que fortalece a presente pesquisa A mecacircnica doRPG funciona mais ou menos como um jogo de improviso teatral semelhante aos quevemos em paacuteginas como YouTube e Facebook e na televisatildeo Por exemplo um jogoonde soacute se pode iniciar as frases com as letras do alfabeto em sequecircncia Natildeo sepode quebrar a regra ou o jogo deixa de existir No RPG as regras satildeo na verdadereferentes ao universo do jogo No universo real existe a lei da gravidade que puxatudo no planeta em direccedilatildeo ao centro da Terra No RPG eacute possiacutevel criar um universoonde essa lei natildeo exista e seja impossiacutevel tocar o solo Sendo assim o jogador deveseguir essa premissa e nunca tocar o chatildeo Outro exemplo pode ser o jogo de ldquopedra

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papel tesourardquo Nesse jogo a pedra nunca ganha do papel e o papel nunca ganha datesoura Satildeo as regras Meu personagem ldquotesourardquo sempre iraacute perder se lutar contra umadversaacuterio ldquopedrardquo No mundo dos jogos isso se chama counter 7 ou seja o adversaacuterioque tem o que eacute necessaacuterio para atingir o ponto fraco do personagem Nem todos ossistemas de RPG tem possibilidade do counter poreacutem eacute uma regra recorrente nosjogos de aventura com fantasia

A maioria das campanhas de RPG exigem que o jogador crie toda uma histoacuteriaanterior para o seu personagem o background 8 A histoacuteria do universo do jogo eacuteconhecido como lore9 e funciona como um proacutelogo para a campanha que iraacute comeccedilarIsso eacute definido em conjunto entre todos os jogadores

Esse trabalho de criaccedilatildeo do personagem dentro da lore do jogo se assemelhamuito com o trabalho do ator seguindo a linha descrita no livro ldquoA preparaccedilatildeo doatorrdquo de Constantin Stanislavski (1936) Assim como no teatro stanislavskiano noRPG os objetivos do personagem permeiam suas accedilotildees Existe o superobjetivo e osobjetivos menores que satildeo construiacutedos no decorrer do jogo e faratildeo parte da evoluccedilatildeodo personagem No jogo os objetivos e o super-objetivo satildeo chamados de quests10 Existem a quest principal (superobjetivo) e as quests secundaacuterias (objetivos que podemou natildeo interferir no superobjetivo) O personagem estaacute sempre avaliando a situaccedilatildeodiante o do objetivo para entatildeo definir uma accedilatildeo Essa accedilatildeo estaacute sujeita agraves emoccedilotildeesdo personagem e que natildeo estatildeo sujeitas a sua vontade mas agrave do jogador ndash no caso doteatro agrave do dramaturgo autor diretor ou ator ndash e ao processo dentro da lore do jogo ndashou texto dramaacutetico no teatro As accedilotildees do personagem tanto no jogo quanto no teatroproposto por Stanislavski definem quem ele eacute (STANISLAVSKI 1936)

ldquoDiferente do teatro vocecirc natildeo segue um roteiro mas age pelo seu personagemcom liberdade de accedilatildeo limitado somente pelo conjunto de regras do sistema emquestatildeordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Aqui eacute claro se trata do texto dramaacutetico escritoAs regras do sistema da lore e do background do jogo formam um outro tipo de roteiroUm roteiro de accedilotildees possiacuteveis ou natildeo de acordo com o universo Diferente do teatro noRPG os jogadores interpretam os personagens sentados e natildeo haacute a necessidade deuma interpretaccedilatildeo profunda e complexa embora a criaccedilatildeo do personagem o seja Pormais complexas que sejam as accedilotildees e emoccedilotildees do personagem elas satildeo descritas enatildeo interpretadas como no teatro Aqui as decisotildees dos jogadores dependem de rolar

7 Do inglecircs rebater contestar aquele que eacute contra8 Do inglecircs ldquofundordquo ldquosegundo planordquo ldquoexperiecircnciardquo9 Do inglecircs ldquoconhecimentordquo ldquosaberrdquo10 do inglecircs nesse contexto significa ldquobuscardquo ou ldquoprocurardquo

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Capiacutetulo 2 O RPG

dados para acontecerem e virarem accedilotildees Isso ocorre pois os atributos necessaacuteriospara tomar as decisotildees estatildeo descritos em uma ficha e cada atributo possui um valornumeacuterico Para realizar uma accedilatildeo a de socar um oponente por exemplo o jogadorprecisa lanccedilar os dados e o valor deve ser menor ou igual ao valor do atributo de forccediladescrito na ficha (exemplo da ficha na paacutegina 17)

No entanto existe uma variaccedilatildeo do RPG chamada LARP (Live-action role-playing) que significa literalmente interpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivo Essa eacute uma mo-dalidade bem mais proacutexima do que pretendo trabalhar pois aqui a interpretaccedilatildeo seassemelha muito com o fazer teatral As regras do LARP satildeo as mesmas do RPGcom essa uacutenica diferenccedila de que aqui sim os jogadores interpretam teatralmente seuspersonagens

Essa mecacircnica torna o RPG e o LARP oacutetimos aliado na construccedilatildeo colaborativado enredo de um espetaacuteculo Levando em conta essa possibilidade decidir utilizar meuestaacutegio para a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino do teatro parao ensino fundamental anos finais Para isso elaborei um plano de curso detalhandotambeacutem os planos de aula que podem ser vistos em anexo

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3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Imaginemos que cada partida de RPG seja registrada por algueacutem que anota oufilma ou grava tudo que ocorre Imaginemos que esse material seja lapidado e escritono formato de um roteiro de teatro com rubricas e falas Essa produccedilatildeo eacute cem porcento uma criaccedilatildeo colaborativa entre todos os jogadores A partir dela o jogador podeinterpretar o personagem que ele mesmo criou dentro do jogo novamente dessa vezsob o acircngulo do teatro propriamente dito visando o espetaacuteculo A obra que saiu daimaginaccedilatildeo do jogadorator seraacute melhor interpretada por ele pois tem dela propriedadePartindo dessa premissa logrei experimentar essa ideia na minha primeira direccedilatildeodentro da disciplina de Direccedilatildeo 1 do curso de Artes Cecircnicas

Eu queria criar uma peccedila baseada no livro The Asylum for Wayward VictorianGirls de Emilie Autumn Poreacutem o livro natildeo possui ateacute o momento traduccedilatildeo para oportuguecircs e eu natildeo teria tempo de traduzir todas a suas mais de duzentas paacuteginase pedir que meus atores lessem todo o livro Mas eu conhecia o universo do livro esua histoacuteria Poderia criar um roteiro que se passava no mesmo contexto e universo eassim dirigi-lo Soacute que acabei me deparando com outra questatildeo a maioria dos meusatores nunca tinham atuado na vida Conversando com eles notei que tiacutenhamos emcomum a praacuterica do RPG e daiacute surgiu a minha ideia Eu iria organizar um jogo e daiacute eutiraria o roteiro aleacutem disso meus atores teriam propriedade de seus personagens eassim talvez a direccedilatildeo se tornasse mais faacutecil Entatildeo assim eu fiz O problema do RPG edo teatro poreacutem eacute que todos os envolvidos precisam estar presentes A maioria nuncatinha atuado logo natildeo sabiam o quatildeo ruim eacute faltar aos ensaios Isso me impediu delevar a ideia adiante Mas mantive ela guardada ateacute iniciar o meu estaacutegio

RPGs tinham sido uma marca muito forte na minha infacircncia entatildeo imagineique poderia ser na de outros adolescentes Assim adaptei a minha ideia e inseri oensino de noccedilotildees baacutesicos do teatro e fiz um paralelo com a mateacuteria estudada pelosalunos em Histoacuteria A partir disso elaborei meu Plano de aula que seraacute apresentadoda maneira como foi pensado para depois passar ao relato do que foi possiacutevel

No primeiro momento sabendo que enfrentaria o desconhecimento dos alunosem relaccedilatildeo ao jogo planejei um bate-papo sobre jogos A fim de conhecer os alunosuma das primeiras perguntas seria sobre quais jogos os alunos mais gostam Listandoesses jogos a proposta era encontrar o que todos tinham em comum e assim definir deacordo com as respostas dos alunos o que era necessaacuterio para se ter um jogo Listei

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de antematildeo algumas caracteriacutesticas que eram necessaacuterias para se ter um jogo comojogadores regras e o objetivo do jogo Outra parte desse debate seria para classificare dividir jogos em categorias jogos de tabuleiro cartas esportivos em grupo entreoutras classificaccedilotildees Tambeacutem planejei inserir jogos eletrocircnicos nessas classificaccedilotildeespara assim ampliar o repertoacuterio dos alunos na hora de jogar o RPG

Definindo essa parte a pergunta era sobre o que seriam no entendimento dosalunos jogos teatrais para entatildeo comeccedilar a inserir o conceito de RPG como um jogode interpretaccedilatildeo de papeacuteis e improviso Apoacutes explicar o que eacute o RPG o proacuteximo passoseria explicar as regras e comeccedilar a dividir os grupos (de 4 ou 5 alunos) Juntamentecom as regras os alunos seriam expostos agraves fichas de RPG e escolheriam o universoonde se passaria a aventura Como dito anteriormente a ideia seria usar mateacuteriasestudadas em Histoacuteria por eles naquele bimestre Apoacutes ser definido o Universo iriacuteamoscriar os personagens dentro do contexto (paiacutes e eacutepoca) definidos utilizando algunsparacircmetros por exemplo data de nascimento status social idade signo e uma muacutesicatema para o personagem

A fim de estimular a criatividade dos alunos fazia parte do plano levar viacutedeosde desenhos animados trechos de filmes e jogos de computador que tivessem atemaacutetica de aventura assim como contos curtos de fantasia e aventura A ideia erafazer tambeacutem um exerciacutecio de identificar elementos nas narrativas que os ajudassem acriar durante o jogo de RPG Entre os elementos a identificar estavam o heroacutei (casohouvesse) o vilatildeo (caso houvesse) as criaturas e monstros o enredo o cliacutemax e aconclusatildeo da narrativa Claro que tambeacutem eacute importante definir a espacialidade ou sejaos cenaacuterios e mapas Onde a histoacuteria ocorre e para onde ela se desloca no decorrer dotempo Assim cada grupo construiriam o proacutelogo do jogo de cada grupo a partir doselementos identificados nos viacutedeos e contos Esse proacutelogo seria um guia para o jogopropriamente dito

Dentro do mesmo exerciacutecio deveriam listar os objetos e a vestimenta de umdos personagens dos viacutedeos e contos (a escolha seria de cada aluno) o que ajudaria apersonalizar melhor o personagem que criaram Aleacutem das caracteriacutesticas subjetivase psicoloacutegicas agora deveriam criar as caracteriacutesticas fiacutesicas Eacute claro que aleacutem doproacutelogo do Universo do grupo cada um deveria criar um proacutelogo para o proacuteprio perso-nagem constando quem ele foi e como ele chegou ateacute aliacute no iniacutecio do jogo A seguir aficha do personagem

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Figura 1 ndash Ficha de RPG criada para as aulas

Adaptado ficha do jogo Vampiro A Maacutescara

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Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

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BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

35

Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 10: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

2 O RPG

Antes de falar sobre a minha experiecircncia com o RPG na sala de aula eacute essencialque se entenda como funcionam jogos de RPG para que assim eu possa explicar arelaccedilatildeo que criei entre o jogo e o ensino de teatro para alunos do ensino fundamentalanos finais Segundo o site Mundo das Trevas

Role-playing game tambeacutem conhecido como RPG (em portuguecircs ldquojogo deinterpretaccedilatildeo de personagensrdquo) eacute um tipo de jogo em que os jogadores as-sumem os papeacuteis de personagens e criam narrativas colaborativamente Oprogresso de um jogo se daacute de acordo com um sistema de regras prede-terminado dentro das quais os jogadores podem improvisar livremente Asescolhas dos jogadores determinam a direccedilatildeo que o jogo iraacute tomar (MUNDODAS TREVAS 2014)

A origem do RPG vem de duas fontes a literatura fantaacutestica - que se tor-nou muito popular com obras como O Hobbit (1937) e a trilogia O Senhor dos Aneacuteis(195455) ambos de John Ronald Reuel Tolkien - e os jogos de tabuleiro - especial-mente os de guerra Mas a criaccedilatildeo do jogo em si eacute atribuiacuteda a dois estudantes daUniversidade de Minnesota nos EUA Gary Gygax (1938-2008) foi um desses gran-des precursores criador de um cenaacuterio medieval para jogar com miniaturas chamadoChainmail em 1971 O outro criador foi Dave Arneson (1947-2009) que desenvolveu ocenaacuterio fantaacutestico para RPG Blackmoor tambeacutem em 1971 Foi ele quem criou osprincipais conceitos e regras do que conhecemos hoje do RPG como a presenccedila deum Mestre ou Narrador - este aleacutem de narrar a histoacuteria interpreta os NPCs1 - e asfichas de personagem Os dois criaram juntos o primeiro RPG Dungeons amp Dragons2 publicado pela editora TSR em 1974(LUFTSTARK 2015)

Esse jogo foi importante na minha infacircncia no sentido em que estimulava acriatividade na medida em que as histoacuterias se tornavam cada vez mais profundas ecomplexas com detalhes na narrativa e descriccedilatildeo dos acontecimentos Isso me ensinoua prever as consequecircncias de uma accedilatildeo como num jogo de xadrez onde eacute necessaacuterioprever a jogada do oponente O RPG cria essa prontidatildeo de prever como os dadosvatildeo se comportar e quais as consequecircncias da falha ou sucesso da accedilatildeo ou sejadesenvolve tambeacutem o raciociacutenio loacutegico Essa mistura de loacutegica e criatividade quando

1 Non-player Character - do inglecircs ldquoPersonagem natildeo-jogaacutevelrdquo Eacute um personagem dentro do jogo que natildeopode ser interpretado por um jogador apenas pelo Mestre ou Narrador da campanha

2 Do inglecircs ldquoMasmorras e Dragotildeesrdquo

9

Capiacutetulo 2 O RPG

estimulada ajuda a desenvolver na pessoa a perspicaacutecia para resolver situaccedilotildees-problema no dia-a-dia analisar as situaccedilotildees e decidir cooperativamente

ldquoUm jogo tiacutepico une os seus participantes de maneira cooperativa em umuacutenico time que se aventura como um grupo em busca da soluccedilatildeo de enigmas acaccedila de vilotildees ou com intenccedilatildeo de resolver qualquer tipo de conflito emergente nahistoacuteriardquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Esses conflitos encontram um paralelo noteatro dramaacutetico que busca pela catarse3 do espectador em relaccedilatildeo aos conflitos datrama conceito criado pelo filoacutesofo grego Aristoacuteteles no seacuteculo V aC O ponto principaldo RPG eacute criar uma boa histoacuteria que gere essa catarse assim como no drama Nemsempre o que o jogador quer para o personagem eacute bom para o personagem O jogadorpode deliberadamente criar conflitos e situaccedilotildees ruins para o personagem mas quefavoreccedilam a histoacuteria e a identidade do mesmo

ldquoComo romances ou filmes RPGs agradam porque eles alimentam a imagi-naccedilatildeo sem no entanto limitar o comportamento do jogador a um enredo especiacute-ficordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Ou seja o que impera eacute o improviso Essa praacuteticado improviso tambeacutem eacute outro fator que estimula a prontidatildeo em cena e a criatividadena resoluccedilatildeo de problemas tanto na trama quanto durante a interpretaccedilatildeo SegundoRosseto

Improvisar eacute criar jogar arriscar transformar uma ideia num espaccedilo privile-giado para as concepccedilotildees poeacuteticas e simboacutelicas No acircmbito do ensino essefazer pode desencadear processos de aprendizagens que contribuem para aformaccedilatildeo de sujeitos autocircnomos mediados pela intuiccedilatildeo e pelas referecircnciasdramaacuteticas (ROSSETO 2012 p 9)

Como irei explicitar mais a frente esses processos de apredizagem e criaccedilatildeode sujeitos autocircnomos satildeo bastante comprovados no uso do RPG como estrateacutegiapedagoacutegica principalmente para alunos com dificuldades de aprendizagem leves -como dislexia4 e discalculia5 - e graves - como o autismo6

3 Purificaccedilatildeo do espiacuterito do espectador atraveacutes da purgaccedilatildeo de suas paixotildees esp dos sentimentos deterror ou de piedade vivenciados na contemplaccedilatildeo do espetaacuteculo traacutegico

4 Perturbaccedilatildeo na aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondecircncia entreos siacutembolos graacuteficos e os fonemas bem como na transformaccedilatildeo de signos escritos em signos verbais

5 Desordem neuroloacutegica especiacutefica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipularnuacutemeros

6 Distuacuterbio neuroloacutegico caracterizado por comprometimento da interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal e comportamento restrito e repetitivo

10

Capiacutetulo 2 O RPG

No jogo de RPG o jogador improvisa em um universo em geral fantaacutesticomas pode existir tambeacutem campanhas ndash como eacute chamada a histoacuteria no RPG ndash quese passam em um contexto histoacuterico e ateacute mesmo atual Eacute possiacutevel criar RPGs depraticamente qualquer tema O que define o jogo satildeo suas regras e natildeo o universoem que ocorre a campanha No ensino de teatro por exemplo podemos criar um jogobaseado em obras de Shakespeare Por exemplo a comeacutedia ldquoSonhos de uma noite deveratildeordquo poderia ser o cenaacuterio onde os jogadores contariam a histoacuteria narrada na obrasem interpretar os personagens principais O jogadores seriam os seres encantados doreino de Oberon e Titania que indiretamente contariam como quatro humanos entraramna floresta e foram enfeiticcedilados por Puck servo de Oberon e como Titania se apaixonoupor um monstro devido ao mesmo feiticcedilo Ou humanos que teriam que lidar com odesaparecimento de Heacutermia Helena Lisandro e Demeacutetrio na floresta

Outro ponto forte eacute que para jogar bem o RPG eacute preciso conhecer bastantesobre o universo em que ocorre a campanha para que se definam os cenaacuterios figurinose tecnologias a serem desenvolvidos Muitos jogadores criam campanhas a partir defatos histoacutericos reais como guerras intrigas poliacuteticas contextos socioeconocircmicosrevoluccedilotildees entre outros Isso gera interesse no jogador em aprender e estimula aleitura Mais adiante irei falar de como planejei minhas aulas para inserir as noccedilotildeesbaacutesicas do teatro - histoacuteria do teatro tipos de palco cenaacuterio figurino maquiagem eoutros - no jogo de RPG

Como em um jogo de estrateacutegia haacute regras que o definem e guiam aquilo queo seu personagem pode ou natildeo fazer A esse conjunto de regras chama-sesistema Como no teatro cada personagem tem uma histoacuteria e deve serinterpretado assim como fazem os atores Diferente de um jogo de estrateacutegiavocecirc natildeo luta contra um adversaacuterio especiacutefico mas vive aventuras em ummundo imaginaacuterio (MUNDO DAS TREVAS 2014 grifos meus)

Percebe-se que no proacuteprio site o jogo jaacute eacute apontado em sua aproximaccedilatildeo como teatro sendo essa mais uma razatildeo que fortalece a presente pesquisa A mecacircnica doRPG funciona mais ou menos como um jogo de improviso teatral semelhante aos quevemos em paacuteginas como YouTube e Facebook e na televisatildeo Por exemplo um jogoonde soacute se pode iniciar as frases com as letras do alfabeto em sequecircncia Natildeo sepode quebrar a regra ou o jogo deixa de existir No RPG as regras satildeo na verdadereferentes ao universo do jogo No universo real existe a lei da gravidade que puxatudo no planeta em direccedilatildeo ao centro da Terra No RPG eacute possiacutevel criar um universoonde essa lei natildeo exista e seja impossiacutevel tocar o solo Sendo assim o jogador deveseguir essa premissa e nunca tocar o chatildeo Outro exemplo pode ser o jogo de ldquopedra

11

Capiacutetulo 2 O RPG

papel tesourardquo Nesse jogo a pedra nunca ganha do papel e o papel nunca ganha datesoura Satildeo as regras Meu personagem ldquotesourardquo sempre iraacute perder se lutar contra umadversaacuterio ldquopedrardquo No mundo dos jogos isso se chama counter 7 ou seja o adversaacuterioque tem o que eacute necessaacuterio para atingir o ponto fraco do personagem Nem todos ossistemas de RPG tem possibilidade do counter poreacutem eacute uma regra recorrente nosjogos de aventura com fantasia

A maioria das campanhas de RPG exigem que o jogador crie toda uma histoacuteriaanterior para o seu personagem o background 8 A histoacuteria do universo do jogo eacuteconhecido como lore9 e funciona como um proacutelogo para a campanha que iraacute comeccedilarIsso eacute definido em conjunto entre todos os jogadores

Esse trabalho de criaccedilatildeo do personagem dentro da lore do jogo se assemelhamuito com o trabalho do ator seguindo a linha descrita no livro ldquoA preparaccedilatildeo doatorrdquo de Constantin Stanislavski (1936) Assim como no teatro stanislavskiano noRPG os objetivos do personagem permeiam suas accedilotildees Existe o superobjetivo e osobjetivos menores que satildeo construiacutedos no decorrer do jogo e faratildeo parte da evoluccedilatildeodo personagem No jogo os objetivos e o super-objetivo satildeo chamados de quests10 Existem a quest principal (superobjetivo) e as quests secundaacuterias (objetivos que podemou natildeo interferir no superobjetivo) O personagem estaacute sempre avaliando a situaccedilatildeodiante o do objetivo para entatildeo definir uma accedilatildeo Essa accedilatildeo estaacute sujeita agraves emoccedilotildeesdo personagem e que natildeo estatildeo sujeitas a sua vontade mas agrave do jogador ndash no caso doteatro agrave do dramaturgo autor diretor ou ator ndash e ao processo dentro da lore do jogo ndashou texto dramaacutetico no teatro As accedilotildees do personagem tanto no jogo quanto no teatroproposto por Stanislavski definem quem ele eacute (STANISLAVSKI 1936)

ldquoDiferente do teatro vocecirc natildeo segue um roteiro mas age pelo seu personagemcom liberdade de accedilatildeo limitado somente pelo conjunto de regras do sistema emquestatildeordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Aqui eacute claro se trata do texto dramaacutetico escritoAs regras do sistema da lore e do background do jogo formam um outro tipo de roteiroUm roteiro de accedilotildees possiacuteveis ou natildeo de acordo com o universo Diferente do teatro noRPG os jogadores interpretam os personagens sentados e natildeo haacute a necessidade deuma interpretaccedilatildeo profunda e complexa embora a criaccedilatildeo do personagem o seja Pormais complexas que sejam as accedilotildees e emoccedilotildees do personagem elas satildeo descritas enatildeo interpretadas como no teatro Aqui as decisotildees dos jogadores dependem de rolar

7 Do inglecircs rebater contestar aquele que eacute contra8 Do inglecircs ldquofundordquo ldquosegundo planordquo ldquoexperiecircnciardquo9 Do inglecircs ldquoconhecimentordquo ldquosaberrdquo10 do inglecircs nesse contexto significa ldquobuscardquo ou ldquoprocurardquo

12

Capiacutetulo 2 O RPG

dados para acontecerem e virarem accedilotildees Isso ocorre pois os atributos necessaacuteriospara tomar as decisotildees estatildeo descritos em uma ficha e cada atributo possui um valornumeacuterico Para realizar uma accedilatildeo a de socar um oponente por exemplo o jogadorprecisa lanccedilar os dados e o valor deve ser menor ou igual ao valor do atributo de forccediladescrito na ficha (exemplo da ficha na paacutegina 17)

No entanto existe uma variaccedilatildeo do RPG chamada LARP (Live-action role-playing) que significa literalmente interpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivo Essa eacute uma mo-dalidade bem mais proacutexima do que pretendo trabalhar pois aqui a interpretaccedilatildeo seassemelha muito com o fazer teatral As regras do LARP satildeo as mesmas do RPGcom essa uacutenica diferenccedila de que aqui sim os jogadores interpretam teatralmente seuspersonagens

Essa mecacircnica torna o RPG e o LARP oacutetimos aliado na construccedilatildeo colaborativado enredo de um espetaacuteculo Levando em conta essa possibilidade decidir utilizar meuestaacutegio para a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino do teatro parao ensino fundamental anos finais Para isso elaborei um plano de curso detalhandotambeacutem os planos de aula que podem ser vistos em anexo

13

3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Imaginemos que cada partida de RPG seja registrada por algueacutem que anota oufilma ou grava tudo que ocorre Imaginemos que esse material seja lapidado e escritono formato de um roteiro de teatro com rubricas e falas Essa produccedilatildeo eacute cem porcento uma criaccedilatildeo colaborativa entre todos os jogadores A partir dela o jogador podeinterpretar o personagem que ele mesmo criou dentro do jogo novamente dessa vezsob o acircngulo do teatro propriamente dito visando o espetaacuteculo A obra que saiu daimaginaccedilatildeo do jogadorator seraacute melhor interpretada por ele pois tem dela propriedadePartindo dessa premissa logrei experimentar essa ideia na minha primeira direccedilatildeodentro da disciplina de Direccedilatildeo 1 do curso de Artes Cecircnicas

Eu queria criar uma peccedila baseada no livro The Asylum for Wayward VictorianGirls de Emilie Autumn Poreacutem o livro natildeo possui ateacute o momento traduccedilatildeo para oportuguecircs e eu natildeo teria tempo de traduzir todas a suas mais de duzentas paacuteginase pedir que meus atores lessem todo o livro Mas eu conhecia o universo do livro esua histoacuteria Poderia criar um roteiro que se passava no mesmo contexto e universo eassim dirigi-lo Soacute que acabei me deparando com outra questatildeo a maioria dos meusatores nunca tinham atuado na vida Conversando com eles notei que tiacutenhamos emcomum a praacuterica do RPG e daiacute surgiu a minha ideia Eu iria organizar um jogo e daiacute eutiraria o roteiro aleacutem disso meus atores teriam propriedade de seus personagens eassim talvez a direccedilatildeo se tornasse mais faacutecil Entatildeo assim eu fiz O problema do RPG edo teatro poreacutem eacute que todos os envolvidos precisam estar presentes A maioria nuncatinha atuado logo natildeo sabiam o quatildeo ruim eacute faltar aos ensaios Isso me impediu delevar a ideia adiante Mas mantive ela guardada ateacute iniciar o meu estaacutegio

RPGs tinham sido uma marca muito forte na minha infacircncia entatildeo imagineique poderia ser na de outros adolescentes Assim adaptei a minha ideia e inseri oensino de noccedilotildees baacutesicos do teatro e fiz um paralelo com a mateacuteria estudada pelosalunos em Histoacuteria A partir disso elaborei meu Plano de aula que seraacute apresentadoda maneira como foi pensado para depois passar ao relato do que foi possiacutevel

No primeiro momento sabendo que enfrentaria o desconhecimento dos alunosem relaccedilatildeo ao jogo planejei um bate-papo sobre jogos A fim de conhecer os alunosuma das primeiras perguntas seria sobre quais jogos os alunos mais gostam Listandoesses jogos a proposta era encontrar o que todos tinham em comum e assim definir deacordo com as respostas dos alunos o que era necessaacuterio para se ter um jogo Listei

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de antematildeo algumas caracteriacutesticas que eram necessaacuterias para se ter um jogo comojogadores regras e o objetivo do jogo Outra parte desse debate seria para classificare dividir jogos em categorias jogos de tabuleiro cartas esportivos em grupo entreoutras classificaccedilotildees Tambeacutem planejei inserir jogos eletrocircnicos nessas classificaccedilotildeespara assim ampliar o repertoacuterio dos alunos na hora de jogar o RPG

Definindo essa parte a pergunta era sobre o que seriam no entendimento dosalunos jogos teatrais para entatildeo comeccedilar a inserir o conceito de RPG como um jogode interpretaccedilatildeo de papeacuteis e improviso Apoacutes explicar o que eacute o RPG o proacuteximo passoseria explicar as regras e comeccedilar a dividir os grupos (de 4 ou 5 alunos) Juntamentecom as regras os alunos seriam expostos agraves fichas de RPG e escolheriam o universoonde se passaria a aventura Como dito anteriormente a ideia seria usar mateacuteriasestudadas em Histoacuteria por eles naquele bimestre Apoacutes ser definido o Universo iriacuteamoscriar os personagens dentro do contexto (paiacutes e eacutepoca) definidos utilizando algunsparacircmetros por exemplo data de nascimento status social idade signo e uma muacutesicatema para o personagem

A fim de estimular a criatividade dos alunos fazia parte do plano levar viacutedeosde desenhos animados trechos de filmes e jogos de computador que tivessem atemaacutetica de aventura assim como contos curtos de fantasia e aventura A ideia erafazer tambeacutem um exerciacutecio de identificar elementos nas narrativas que os ajudassem acriar durante o jogo de RPG Entre os elementos a identificar estavam o heroacutei (casohouvesse) o vilatildeo (caso houvesse) as criaturas e monstros o enredo o cliacutemax e aconclusatildeo da narrativa Claro que tambeacutem eacute importante definir a espacialidade ou sejaos cenaacuterios e mapas Onde a histoacuteria ocorre e para onde ela se desloca no decorrer dotempo Assim cada grupo construiriam o proacutelogo do jogo de cada grupo a partir doselementos identificados nos viacutedeos e contos Esse proacutelogo seria um guia para o jogopropriamente dito

Dentro do mesmo exerciacutecio deveriam listar os objetos e a vestimenta de umdos personagens dos viacutedeos e contos (a escolha seria de cada aluno) o que ajudaria apersonalizar melhor o personagem que criaram Aleacutem das caracteriacutesticas subjetivase psicoloacutegicas agora deveriam criar as caracteriacutesticas fiacutesicas Eacute claro que aleacutem doproacutelogo do Universo do grupo cada um deveria criar um proacutelogo para o proacuteprio perso-nagem constando quem ele foi e como ele chegou ateacute aliacute no iniacutecio do jogo A seguir aficha do personagem

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Figura 1 ndash Ficha de RPG criada para as aulas

Adaptado ficha do jogo Vampiro A Maacutescara

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Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 11: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 2 O RPG

estimulada ajuda a desenvolver na pessoa a perspicaacutecia para resolver situaccedilotildees-problema no dia-a-dia analisar as situaccedilotildees e decidir cooperativamente

ldquoUm jogo tiacutepico une os seus participantes de maneira cooperativa em umuacutenico time que se aventura como um grupo em busca da soluccedilatildeo de enigmas acaccedila de vilotildees ou com intenccedilatildeo de resolver qualquer tipo de conflito emergente nahistoacuteriardquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Esses conflitos encontram um paralelo noteatro dramaacutetico que busca pela catarse3 do espectador em relaccedilatildeo aos conflitos datrama conceito criado pelo filoacutesofo grego Aristoacuteteles no seacuteculo V aC O ponto principaldo RPG eacute criar uma boa histoacuteria que gere essa catarse assim como no drama Nemsempre o que o jogador quer para o personagem eacute bom para o personagem O jogadorpode deliberadamente criar conflitos e situaccedilotildees ruins para o personagem mas quefavoreccedilam a histoacuteria e a identidade do mesmo

ldquoComo romances ou filmes RPGs agradam porque eles alimentam a imagi-naccedilatildeo sem no entanto limitar o comportamento do jogador a um enredo especiacute-ficordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Ou seja o que impera eacute o improviso Essa praacuteticado improviso tambeacutem eacute outro fator que estimula a prontidatildeo em cena e a criatividadena resoluccedilatildeo de problemas tanto na trama quanto durante a interpretaccedilatildeo SegundoRosseto

Improvisar eacute criar jogar arriscar transformar uma ideia num espaccedilo privile-giado para as concepccedilotildees poeacuteticas e simboacutelicas No acircmbito do ensino essefazer pode desencadear processos de aprendizagens que contribuem para aformaccedilatildeo de sujeitos autocircnomos mediados pela intuiccedilatildeo e pelas referecircnciasdramaacuteticas (ROSSETO 2012 p 9)

Como irei explicitar mais a frente esses processos de apredizagem e criaccedilatildeode sujeitos autocircnomos satildeo bastante comprovados no uso do RPG como estrateacutegiapedagoacutegica principalmente para alunos com dificuldades de aprendizagem leves -como dislexia4 e discalculia5 - e graves - como o autismo6

3 Purificaccedilatildeo do espiacuterito do espectador atraveacutes da purgaccedilatildeo de suas paixotildees esp dos sentimentos deterror ou de piedade vivenciados na contemplaccedilatildeo do espetaacuteculo traacutegico

4 Perturbaccedilatildeo na aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondecircncia entreos siacutembolos graacuteficos e os fonemas bem como na transformaccedilatildeo de signos escritos em signos verbais

5 Desordem neuroloacutegica especiacutefica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipularnuacutemeros

6 Distuacuterbio neuroloacutegico caracterizado por comprometimento da interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal e comportamento restrito e repetitivo

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Capiacutetulo 2 O RPG

No jogo de RPG o jogador improvisa em um universo em geral fantaacutesticomas pode existir tambeacutem campanhas ndash como eacute chamada a histoacuteria no RPG ndash quese passam em um contexto histoacuterico e ateacute mesmo atual Eacute possiacutevel criar RPGs depraticamente qualquer tema O que define o jogo satildeo suas regras e natildeo o universoem que ocorre a campanha No ensino de teatro por exemplo podemos criar um jogobaseado em obras de Shakespeare Por exemplo a comeacutedia ldquoSonhos de uma noite deveratildeordquo poderia ser o cenaacuterio onde os jogadores contariam a histoacuteria narrada na obrasem interpretar os personagens principais O jogadores seriam os seres encantados doreino de Oberon e Titania que indiretamente contariam como quatro humanos entraramna floresta e foram enfeiticcedilados por Puck servo de Oberon e como Titania se apaixonoupor um monstro devido ao mesmo feiticcedilo Ou humanos que teriam que lidar com odesaparecimento de Heacutermia Helena Lisandro e Demeacutetrio na floresta

Outro ponto forte eacute que para jogar bem o RPG eacute preciso conhecer bastantesobre o universo em que ocorre a campanha para que se definam os cenaacuterios figurinose tecnologias a serem desenvolvidos Muitos jogadores criam campanhas a partir defatos histoacutericos reais como guerras intrigas poliacuteticas contextos socioeconocircmicosrevoluccedilotildees entre outros Isso gera interesse no jogador em aprender e estimula aleitura Mais adiante irei falar de como planejei minhas aulas para inserir as noccedilotildeesbaacutesicas do teatro - histoacuteria do teatro tipos de palco cenaacuterio figurino maquiagem eoutros - no jogo de RPG

Como em um jogo de estrateacutegia haacute regras que o definem e guiam aquilo queo seu personagem pode ou natildeo fazer A esse conjunto de regras chama-sesistema Como no teatro cada personagem tem uma histoacuteria e deve serinterpretado assim como fazem os atores Diferente de um jogo de estrateacutegiavocecirc natildeo luta contra um adversaacuterio especiacutefico mas vive aventuras em ummundo imaginaacuterio (MUNDO DAS TREVAS 2014 grifos meus)

Percebe-se que no proacuteprio site o jogo jaacute eacute apontado em sua aproximaccedilatildeo como teatro sendo essa mais uma razatildeo que fortalece a presente pesquisa A mecacircnica doRPG funciona mais ou menos como um jogo de improviso teatral semelhante aos quevemos em paacuteginas como YouTube e Facebook e na televisatildeo Por exemplo um jogoonde soacute se pode iniciar as frases com as letras do alfabeto em sequecircncia Natildeo sepode quebrar a regra ou o jogo deixa de existir No RPG as regras satildeo na verdadereferentes ao universo do jogo No universo real existe a lei da gravidade que puxatudo no planeta em direccedilatildeo ao centro da Terra No RPG eacute possiacutevel criar um universoonde essa lei natildeo exista e seja impossiacutevel tocar o solo Sendo assim o jogador deveseguir essa premissa e nunca tocar o chatildeo Outro exemplo pode ser o jogo de ldquopedra

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Capiacutetulo 2 O RPG

papel tesourardquo Nesse jogo a pedra nunca ganha do papel e o papel nunca ganha datesoura Satildeo as regras Meu personagem ldquotesourardquo sempre iraacute perder se lutar contra umadversaacuterio ldquopedrardquo No mundo dos jogos isso se chama counter 7 ou seja o adversaacuterioque tem o que eacute necessaacuterio para atingir o ponto fraco do personagem Nem todos ossistemas de RPG tem possibilidade do counter poreacutem eacute uma regra recorrente nosjogos de aventura com fantasia

A maioria das campanhas de RPG exigem que o jogador crie toda uma histoacuteriaanterior para o seu personagem o background 8 A histoacuteria do universo do jogo eacuteconhecido como lore9 e funciona como um proacutelogo para a campanha que iraacute comeccedilarIsso eacute definido em conjunto entre todos os jogadores

Esse trabalho de criaccedilatildeo do personagem dentro da lore do jogo se assemelhamuito com o trabalho do ator seguindo a linha descrita no livro ldquoA preparaccedilatildeo doatorrdquo de Constantin Stanislavski (1936) Assim como no teatro stanislavskiano noRPG os objetivos do personagem permeiam suas accedilotildees Existe o superobjetivo e osobjetivos menores que satildeo construiacutedos no decorrer do jogo e faratildeo parte da evoluccedilatildeodo personagem No jogo os objetivos e o super-objetivo satildeo chamados de quests10 Existem a quest principal (superobjetivo) e as quests secundaacuterias (objetivos que podemou natildeo interferir no superobjetivo) O personagem estaacute sempre avaliando a situaccedilatildeodiante o do objetivo para entatildeo definir uma accedilatildeo Essa accedilatildeo estaacute sujeita agraves emoccedilotildeesdo personagem e que natildeo estatildeo sujeitas a sua vontade mas agrave do jogador ndash no caso doteatro agrave do dramaturgo autor diretor ou ator ndash e ao processo dentro da lore do jogo ndashou texto dramaacutetico no teatro As accedilotildees do personagem tanto no jogo quanto no teatroproposto por Stanislavski definem quem ele eacute (STANISLAVSKI 1936)

ldquoDiferente do teatro vocecirc natildeo segue um roteiro mas age pelo seu personagemcom liberdade de accedilatildeo limitado somente pelo conjunto de regras do sistema emquestatildeordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Aqui eacute claro se trata do texto dramaacutetico escritoAs regras do sistema da lore e do background do jogo formam um outro tipo de roteiroUm roteiro de accedilotildees possiacuteveis ou natildeo de acordo com o universo Diferente do teatro noRPG os jogadores interpretam os personagens sentados e natildeo haacute a necessidade deuma interpretaccedilatildeo profunda e complexa embora a criaccedilatildeo do personagem o seja Pormais complexas que sejam as accedilotildees e emoccedilotildees do personagem elas satildeo descritas enatildeo interpretadas como no teatro Aqui as decisotildees dos jogadores dependem de rolar

7 Do inglecircs rebater contestar aquele que eacute contra8 Do inglecircs ldquofundordquo ldquosegundo planordquo ldquoexperiecircnciardquo9 Do inglecircs ldquoconhecimentordquo ldquosaberrdquo10 do inglecircs nesse contexto significa ldquobuscardquo ou ldquoprocurardquo

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Capiacutetulo 2 O RPG

dados para acontecerem e virarem accedilotildees Isso ocorre pois os atributos necessaacuteriospara tomar as decisotildees estatildeo descritos em uma ficha e cada atributo possui um valornumeacuterico Para realizar uma accedilatildeo a de socar um oponente por exemplo o jogadorprecisa lanccedilar os dados e o valor deve ser menor ou igual ao valor do atributo de forccediladescrito na ficha (exemplo da ficha na paacutegina 17)

No entanto existe uma variaccedilatildeo do RPG chamada LARP (Live-action role-playing) que significa literalmente interpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivo Essa eacute uma mo-dalidade bem mais proacutexima do que pretendo trabalhar pois aqui a interpretaccedilatildeo seassemelha muito com o fazer teatral As regras do LARP satildeo as mesmas do RPGcom essa uacutenica diferenccedila de que aqui sim os jogadores interpretam teatralmente seuspersonagens

Essa mecacircnica torna o RPG e o LARP oacutetimos aliado na construccedilatildeo colaborativado enredo de um espetaacuteculo Levando em conta essa possibilidade decidir utilizar meuestaacutegio para a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino do teatro parao ensino fundamental anos finais Para isso elaborei um plano de curso detalhandotambeacutem os planos de aula que podem ser vistos em anexo

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3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Imaginemos que cada partida de RPG seja registrada por algueacutem que anota oufilma ou grava tudo que ocorre Imaginemos que esse material seja lapidado e escritono formato de um roteiro de teatro com rubricas e falas Essa produccedilatildeo eacute cem porcento uma criaccedilatildeo colaborativa entre todos os jogadores A partir dela o jogador podeinterpretar o personagem que ele mesmo criou dentro do jogo novamente dessa vezsob o acircngulo do teatro propriamente dito visando o espetaacuteculo A obra que saiu daimaginaccedilatildeo do jogadorator seraacute melhor interpretada por ele pois tem dela propriedadePartindo dessa premissa logrei experimentar essa ideia na minha primeira direccedilatildeodentro da disciplina de Direccedilatildeo 1 do curso de Artes Cecircnicas

Eu queria criar uma peccedila baseada no livro The Asylum for Wayward VictorianGirls de Emilie Autumn Poreacutem o livro natildeo possui ateacute o momento traduccedilatildeo para oportuguecircs e eu natildeo teria tempo de traduzir todas a suas mais de duzentas paacuteginase pedir que meus atores lessem todo o livro Mas eu conhecia o universo do livro esua histoacuteria Poderia criar um roteiro que se passava no mesmo contexto e universo eassim dirigi-lo Soacute que acabei me deparando com outra questatildeo a maioria dos meusatores nunca tinham atuado na vida Conversando com eles notei que tiacutenhamos emcomum a praacuterica do RPG e daiacute surgiu a minha ideia Eu iria organizar um jogo e daiacute eutiraria o roteiro aleacutem disso meus atores teriam propriedade de seus personagens eassim talvez a direccedilatildeo se tornasse mais faacutecil Entatildeo assim eu fiz O problema do RPG edo teatro poreacutem eacute que todos os envolvidos precisam estar presentes A maioria nuncatinha atuado logo natildeo sabiam o quatildeo ruim eacute faltar aos ensaios Isso me impediu delevar a ideia adiante Mas mantive ela guardada ateacute iniciar o meu estaacutegio

RPGs tinham sido uma marca muito forte na minha infacircncia entatildeo imagineique poderia ser na de outros adolescentes Assim adaptei a minha ideia e inseri oensino de noccedilotildees baacutesicos do teatro e fiz um paralelo com a mateacuteria estudada pelosalunos em Histoacuteria A partir disso elaborei meu Plano de aula que seraacute apresentadoda maneira como foi pensado para depois passar ao relato do que foi possiacutevel

No primeiro momento sabendo que enfrentaria o desconhecimento dos alunosem relaccedilatildeo ao jogo planejei um bate-papo sobre jogos A fim de conhecer os alunosuma das primeiras perguntas seria sobre quais jogos os alunos mais gostam Listandoesses jogos a proposta era encontrar o que todos tinham em comum e assim definir deacordo com as respostas dos alunos o que era necessaacuterio para se ter um jogo Listei

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

de antematildeo algumas caracteriacutesticas que eram necessaacuterias para se ter um jogo comojogadores regras e o objetivo do jogo Outra parte desse debate seria para classificare dividir jogos em categorias jogos de tabuleiro cartas esportivos em grupo entreoutras classificaccedilotildees Tambeacutem planejei inserir jogos eletrocircnicos nessas classificaccedilotildeespara assim ampliar o repertoacuterio dos alunos na hora de jogar o RPG

Definindo essa parte a pergunta era sobre o que seriam no entendimento dosalunos jogos teatrais para entatildeo comeccedilar a inserir o conceito de RPG como um jogode interpretaccedilatildeo de papeacuteis e improviso Apoacutes explicar o que eacute o RPG o proacuteximo passoseria explicar as regras e comeccedilar a dividir os grupos (de 4 ou 5 alunos) Juntamentecom as regras os alunos seriam expostos agraves fichas de RPG e escolheriam o universoonde se passaria a aventura Como dito anteriormente a ideia seria usar mateacuteriasestudadas em Histoacuteria por eles naquele bimestre Apoacutes ser definido o Universo iriacuteamoscriar os personagens dentro do contexto (paiacutes e eacutepoca) definidos utilizando algunsparacircmetros por exemplo data de nascimento status social idade signo e uma muacutesicatema para o personagem

A fim de estimular a criatividade dos alunos fazia parte do plano levar viacutedeosde desenhos animados trechos de filmes e jogos de computador que tivessem atemaacutetica de aventura assim como contos curtos de fantasia e aventura A ideia erafazer tambeacutem um exerciacutecio de identificar elementos nas narrativas que os ajudassem acriar durante o jogo de RPG Entre os elementos a identificar estavam o heroacutei (casohouvesse) o vilatildeo (caso houvesse) as criaturas e monstros o enredo o cliacutemax e aconclusatildeo da narrativa Claro que tambeacutem eacute importante definir a espacialidade ou sejaos cenaacuterios e mapas Onde a histoacuteria ocorre e para onde ela se desloca no decorrer dotempo Assim cada grupo construiriam o proacutelogo do jogo de cada grupo a partir doselementos identificados nos viacutedeos e contos Esse proacutelogo seria um guia para o jogopropriamente dito

Dentro do mesmo exerciacutecio deveriam listar os objetos e a vestimenta de umdos personagens dos viacutedeos e contos (a escolha seria de cada aluno) o que ajudaria apersonalizar melhor o personagem que criaram Aleacutem das caracteriacutesticas subjetivase psicoloacutegicas agora deveriam criar as caracteriacutesticas fiacutesicas Eacute claro que aleacutem doproacutelogo do Universo do grupo cada um deveria criar um proacutelogo para o proacuteprio perso-nagem constando quem ele foi e como ele chegou ateacute aliacute no iniacutecio do jogo A seguir aficha do personagem

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Figura 1 ndash Ficha de RPG criada para as aulas

Adaptado ficha do jogo Vampiro A Maacutescara

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 12: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 2 O RPG

No jogo de RPG o jogador improvisa em um universo em geral fantaacutesticomas pode existir tambeacutem campanhas ndash como eacute chamada a histoacuteria no RPG ndash quese passam em um contexto histoacuterico e ateacute mesmo atual Eacute possiacutevel criar RPGs depraticamente qualquer tema O que define o jogo satildeo suas regras e natildeo o universoem que ocorre a campanha No ensino de teatro por exemplo podemos criar um jogobaseado em obras de Shakespeare Por exemplo a comeacutedia ldquoSonhos de uma noite deveratildeordquo poderia ser o cenaacuterio onde os jogadores contariam a histoacuteria narrada na obrasem interpretar os personagens principais O jogadores seriam os seres encantados doreino de Oberon e Titania que indiretamente contariam como quatro humanos entraramna floresta e foram enfeiticcedilados por Puck servo de Oberon e como Titania se apaixonoupor um monstro devido ao mesmo feiticcedilo Ou humanos que teriam que lidar com odesaparecimento de Heacutermia Helena Lisandro e Demeacutetrio na floresta

Outro ponto forte eacute que para jogar bem o RPG eacute preciso conhecer bastantesobre o universo em que ocorre a campanha para que se definam os cenaacuterios figurinose tecnologias a serem desenvolvidos Muitos jogadores criam campanhas a partir defatos histoacutericos reais como guerras intrigas poliacuteticas contextos socioeconocircmicosrevoluccedilotildees entre outros Isso gera interesse no jogador em aprender e estimula aleitura Mais adiante irei falar de como planejei minhas aulas para inserir as noccedilotildeesbaacutesicas do teatro - histoacuteria do teatro tipos de palco cenaacuterio figurino maquiagem eoutros - no jogo de RPG

Como em um jogo de estrateacutegia haacute regras que o definem e guiam aquilo queo seu personagem pode ou natildeo fazer A esse conjunto de regras chama-sesistema Como no teatro cada personagem tem uma histoacuteria e deve serinterpretado assim como fazem os atores Diferente de um jogo de estrateacutegiavocecirc natildeo luta contra um adversaacuterio especiacutefico mas vive aventuras em ummundo imaginaacuterio (MUNDO DAS TREVAS 2014 grifos meus)

Percebe-se que no proacuteprio site o jogo jaacute eacute apontado em sua aproximaccedilatildeo como teatro sendo essa mais uma razatildeo que fortalece a presente pesquisa A mecacircnica doRPG funciona mais ou menos como um jogo de improviso teatral semelhante aos quevemos em paacuteginas como YouTube e Facebook e na televisatildeo Por exemplo um jogoonde soacute se pode iniciar as frases com as letras do alfabeto em sequecircncia Natildeo sepode quebrar a regra ou o jogo deixa de existir No RPG as regras satildeo na verdadereferentes ao universo do jogo No universo real existe a lei da gravidade que puxatudo no planeta em direccedilatildeo ao centro da Terra No RPG eacute possiacutevel criar um universoonde essa lei natildeo exista e seja impossiacutevel tocar o solo Sendo assim o jogador deveseguir essa premissa e nunca tocar o chatildeo Outro exemplo pode ser o jogo de ldquopedra

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Capiacutetulo 2 O RPG

papel tesourardquo Nesse jogo a pedra nunca ganha do papel e o papel nunca ganha datesoura Satildeo as regras Meu personagem ldquotesourardquo sempre iraacute perder se lutar contra umadversaacuterio ldquopedrardquo No mundo dos jogos isso se chama counter 7 ou seja o adversaacuterioque tem o que eacute necessaacuterio para atingir o ponto fraco do personagem Nem todos ossistemas de RPG tem possibilidade do counter poreacutem eacute uma regra recorrente nosjogos de aventura com fantasia

A maioria das campanhas de RPG exigem que o jogador crie toda uma histoacuteriaanterior para o seu personagem o background 8 A histoacuteria do universo do jogo eacuteconhecido como lore9 e funciona como um proacutelogo para a campanha que iraacute comeccedilarIsso eacute definido em conjunto entre todos os jogadores

Esse trabalho de criaccedilatildeo do personagem dentro da lore do jogo se assemelhamuito com o trabalho do ator seguindo a linha descrita no livro ldquoA preparaccedilatildeo doatorrdquo de Constantin Stanislavski (1936) Assim como no teatro stanislavskiano noRPG os objetivos do personagem permeiam suas accedilotildees Existe o superobjetivo e osobjetivos menores que satildeo construiacutedos no decorrer do jogo e faratildeo parte da evoluccedilatildeodo personagem No jogo os objetivos e o super-objetivo satildeo chamados de quests10 Existem a quest principal (superobjetivo) e as quests secundaacuterias (objetivos que podemou natildeo interferir no superobjetivo) O personagem estaacute sempre avaliando a situaccedilatildeodiante o do objetivo para entatildeo definir uma accedilatildeo Essa accedilatildeo estaacute sujeita agraves emoccedilotildeesdo personagem e que natildeo estatildeo sujeitas a sua vontade mas agrave do jogador ndash no caso doteatro agrave do dramaturgo autor diretor ou ator ndash e ao processo dentro da lore do jogo ndashou texto dramaacutetico no teatro As accedilotildees do personagem tanto no jogo quanto no teatroproposto por Stanislavski definem quem ele eacute (STANISLAVSKI 1936)

ldquoDiferente do teatro vocecirc natildeo segue um roteiro mas age pelo seu personagemcom liberdade de accedilatildeo limitado somente pelo conjunto de regras do sistema emquestatildeordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Aqui eacute claro se trata do texto dramaacutetico escritoAs regras do sistema da lore e do background do jogo formam um outro tipo de roteiroUm roteiro de accedilotildees possiacuteveis ou natildeo de acordo com o universo Diferente do teatro noRPG os jogadores interpretam os personagens sentados e natildeo haacute a necessidade deuma interpretaccedilatildeo profunda e complexa embora a criaccedilatildeo do personagem o seja Pormais complexas que sejam as accedilotildees e emoccedilotildees do personagem elas satildeo descritas enatildeo interpretadas como no teatro Aqui as decisotildees dos jogadores dependem de rolar

7 Do inglecircs rebater contestar aquele que eacute contra8 Do inglecircs ldquofundordquo ldquosegundo planordquo ldquoexperiecircnciardquo9 Do inglecircs ldquoconhecimentordquo ldquosaberrdquo10 do inglecircs nesse contexto significa ldquobuscardquo ou ldquoprocurardquo

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Capiacutetulo 2 O RPG

dados para acontecerem e virarem accedilotildees Isso ocorre pois os atributos necessaacuteriospara tomar as decisotildees estatildeo descritos em uma ficha e cada atributo possui um valornumeacuterico Para realizar uma accedilatildeo a de socar um oponente por exemplo o jogadorprecisa lanccedilar os dados e o valor deve ser menor ou igual ao valor do atributo de forccediladescrito na ficha (exemplo da ficha na paacutegina 17)

No entanto existe uma variaccedilatildeo do RPG chamada LARP (Live-action role-playing) que significa literalmente interpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivo Essa eacute uma mo-dalidade bem mais proacutexima do que pretendo trabalhar pois aqui a interpretaccedilatildeo seassemelha muito com o fazer teatral As regras do LARP satildeo as mesmas do RPGcom essa uacutenica diferenccedila de que aqui sim os jogadores interpretam teatralmente seuspersonagens

Essa mecacircnica torna o RPG e o LARP oacutetimos aliado na construccedilatildeo colaborativado enredo de um espetaacuteculo Levando em conta essa possibilidade decidir utilizar meuestaacutegio para a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino do teatro parao ensino fundamental anos finais Para isso elaborei um plano de curso detalhandotambeacutem os planos de aula que podem ser vistos em anexo

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3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Imaginemos que cada partida de RPG seja registrada por algueacutem que anota oufilma ou grava tudo que ocorre Imaginemos que esse material seja lapidado e escritono formato de um roteiro de teatro com rubricas e falas Essa produccedilatildeo eacute cem porcento uma criaccedilatildeo colaborativa entre todos os jogadores A partir dela o jogador podeinterpretar o personagem que ele mesmo criou dentro do jogo novamente dessa vezsob o acircngulo do teatro propriamente dito visando o espetaacuteculo A obra que saiu daimaginaccedilatildeo do jogadorator seraacute melhor interpretada por ele pois tem dela propriedadePartindo dessa premissa logrei experimentar essa ideia na minha primeira direccedilatildeodentro da disciplina de Direccedilatildeo 1 do curso de Artes Cecircnicas

Eu queria criar uma peccedila baseada no livro The Asylum for Wayward VictorianGirls de Emilie Autumn Poreacutem o livro natildeo possui ateacute o momento traduccedilatildeo para oportuguecircs e eu natildeo teria tempo de traduzir todas a suas mais de duzentas paacuteginase pedir que meus atores lessem todo o livro Mas eu conhecia o universo do livro esua histoacuteria Poderia criar um roteiro que se passava no mesmo contexto e universo eassim dirigi-lo Soacute que acabei me deparando com outra questatildeo a maioria dos meusatores nunca tinham atuado na vida Conversando com eles notei que tiacutenhamos emcomum a praacuterica do RPG e daiacute surgiu a minha ideia Eu iria organizar um jogo e daiacute eutiraria o roteiro aleacutem disso meus atores teriam propriedade de seus personagens eassim talvez a direccedilatildeo se tornasse mais faacutecil Entatildeo assim eu fiz O problema do RPG edo teatro poreacutem eacute que todos os envolvidos precisam estar presentes A maioria nuncatinha atuado logo natildeo sabiam o quatildeo ruim eacute faltar aos ensaios Isso me impediu delevar a ideia adiante Mas mantive ela guardada ateacute iniciar o meu estaacutegio

RPGs tinham sido uma marca muito forte na minha infacircncia entatildeo imagineique poderia ser na de outros adolescentes Assim adaptei a minha ideia e inseri oensino de noccedilotildees baacutesicos do teatro e fiz um paralelo com a mateacuteria estudada pelosalunos em Histoacuteria A partir disso elaborei meu Plano de aula que seraacute apresentadoda maneira como foi pensado para depois passar ao relato do que foi possiacutevel

No primeiro momento sabendo que enfrentaria o desconhecimento dos alunosem relaccedilatildeo ao jogo planejei um bate-papo sobre jogos A fim de conhecer os alunosuma das primeiras perguntas seria sobre quais jogos os alunos mais gostam Listandoesses jogos a proposta era encontrar o que todos tinham em comum e assim definir deacordo com as respostas dos alunos o que era necessaacuterio para se ter um jogo Listei

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

de antematildeo algumas caracteriacutesticas que eram necessaacuterias para se ter um jogo comojogadores regras e o objetivo do jogo Outra parte desse debate seria para classificare dividir jogos em categorias jogos de tabuleiro cartas esportivos em grupo entreoutras classificaccedilotildees Tambeacutem planejei inserir jogos eletrocircnicos nessas classificaccedilotildeespara assim ampliar o repertoacuterio dos alunos na hora de jogar o RPG

Definindo essa parte a pergunta era sobre o que seriam no entendimento dosalunos jogos teatrais para entatildeo comeccedilar a inserir o conceito de RPG como um jogode interpretaccedilatildeo de papeacuteis e improviso Apoacutes explicar o que eacute o RPG o proacuteximo passoseria explicar as regras e comeccedilar a dividir os grupos (de 4 ou 5 alunos) Juntamentecom as regras os alunos seriam expostos agraves fichas de RPG e escolheriam o universoonde se passaria a aventura Como dito anteriormente a ideia seria usar mateacuteriasestudadas em Histoacuteria por eles naquele bimestre Apoacutes ser definido o Universo iriacuteamoscriar os personagens dentro do contexto (paiacutes e eacutepoca) definidos utilizando algunsparacircmetros por exemplo data de nascimento status social idade signo e uma muacutesicatema para o personagem

A fim de estimular a criatividade dos alunos fazia parte do plano levar viacutedeosde desenhos animados trechos de filmes e jogos de computador que tivessem atemaacutetica de aventura assim como contos curtos de fantasia e aventura A ideia erafazer tambeacutem um exerciacutecio de identificar elementos nas narrativas que os ajudassem acriar durante o jogo de RPG Entre os elementos a identificar estavam o heroacutei (casohouvesse) o vilatildeo (caso houvesse) as criaturas e monstros o enredo o cliacutemax e aconclusatildeo da narrativa Claro que tambeacutem eacute importante definir a espacialidade ou sejaos cenaacuterios e mapas Onde a histoacuteria ocorre e para onde ela se desloca no decorrer dotempo Assim cada grupo construiriam o proacutelogo do jogo de cada grupo a partir doselementos identificados nos viacutedeos e contos Esse proacutelogo seria um guia para o jogopropriamente dito

Dentro do mesmo exerciacutecio deveriam listar os objetos e a vestimenta de umdos personagens dos viacutedeos e contos (a escolha seria de cada aluno) o que ajudaria apersonalizar melhor o personagem que criaram Aleacutem das caracteriacutesticas subjetivase psicoloacutegicas agora deveriam criar as caracteriacutesticas fiacutesicas Eacute claro que aleacutem doproacutelogo do Universo do grupo cada um deveria criar um proacutelogo para o proacuteprio perso-nagem constando quem ele foi e como ele chegou ateacute aliacute no iniacutecio do jogo A seguir aficha do personagem

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Figura 1 ndash Ficha de RPG criada para as aulas

Adaptado ficha do jogo Vampiro A Maacutescara

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 13: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 2 O RPG

papel tesourardquo Nesse jogo a pedra nunca ganha do papel e o papel nunca ganha datesoura Satildeo as regras Meu personagem ldquotesourardquo sempre iraacute perder se lutar contra umadversaacuterio ldquopedrardquo No mundo dos jogos isso se chama counter 7 ou seja o adversaacuterioque tem o que eacute necessaacuterio para atingir o ponto fraco do personagem Nem todos ossistemas de RPG tem possibilidade do counter poreacutem eacute uma regra recorrente nosjogos de aventura com fantasia

A maioria das campanhas de RPG exigem que o jogador crie toda uma histoacuteriaanterior para o seu personagem o background 8 A histoacuteria do universo do jogo eacuteconhecido como lore9 e funciona como um proacutelogo para a campanha que iraacute comeccedilarIsso eacute definido em conjunto entre todos os jogadores

Esse trabalho de criaccedilatildeo do personagem dentro da lore do jogo se assemelhamuito com o trabalho do ator seguindo a linha descrita no livro ldquoA preparaccedilatildeo doatorrdquo de Constantin Stanislavski (1936) Assim como no teatro stanislavskiano noRPG os objetivos do personagem permeiam suas accedilotildees Existe o superobjetivo e osobjetivos menores que satildeo construiacutedos no decorrer do jogo e faratildeo parte da evoluccedilatildeodo personagem No jogo os objetivos e o super-objetivo satildeo chamados de quests10 Existem a quest principal (superobjetivo) e as quests secundaacuterias (objetivos que podemou natildeo interferir no superobjetivo) O personagem estaacute sempre avaliando a situaccedilatildeodiante o do objetivo para entatildeo definir uma accedilatildeo Essa accedilatildeo estaacute sujeita agraves emoccedilotildeesdo personagem e que natildeo estatildeo sujeitas a sua vontade mas agrave do jogador ndash no caso doteatro agrave do dramaturgo autor diretor ou ator ndash e ao processo dentro da lore do jogo ndashou texto dramaacutetico no teatro As accedilotildees do personagem tanto no jogo quanto no teatroproposto por Stanislavski definem quem ele eacute (STANISLAVSKI 1936)

ldquoDiferente do teatro vocecirc natildeo segue um roteiro mas age pelo seu personagemcom liberdade de accedilatildeo limitado somente pelo conjunto de regras do sistema emquestatildeordquo(MUNDO DAS TREVAS 2014) Aqui eacute claro se trata do texto dramaacutetico escritoAs regras do sistema da lore e do background do jogo formam um outro tipo de roteiroUm roteiro de accedilotildees possiacuteveis ou natildeo de acordo com o universo Diferente do teatro noRPG os jogadores interpretam os personagens sentados e natildeo haacute a necessidade deuma interpretaccedilatildeo profunda e complexa embora a criaccedilatildeo do personagem o seja Pormais complexas que sejam as accedilotildees e emoccedilotildees do personagem elas satildeo descritas enatildeo interpretadas como no teatro Aqui as decisotildees dos jogadores dependem de rolar

7 Do inglecircs rebater contestar aquele que eacute contra8 Do inglecircs ldquofundordquo ldquosegundo planordquo ldquoexperiecircnciardquo9 Do inglecircs ldquoconhecimentordquo ldquosaberrdquo10 do inglecircs nesse contexto significa ldquobuscardquo ou ldquoprocurardquo

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Capiacutetulo 2 O RPG

dados para acontecerem e virarem accedilotildees Isso ocorre pois os atributos necessaacuteriospara tomar as decisotildees estatildeo descritos em uma ficha e cada atributo possui um valornumeacuterico Para realizar uma accedilatildeo a de socar um oponente por exemplo o jogadorprecisa lanccedilar os dados e o valor deve ser menor ou igual ao valor do atributo de forccediladescrito na ficha (exemplo da ficha na paacutegina 17)

No entanto existe uma variaccedilatildeo do RPG chamada LARP (Live-action role-playing) que significa literalmente interpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivo Essa eacute uma mo-dalidade bem mais proacutexima do que pretendo trabalhar pois aqui a interpretaccedilatildeo seassemelha muito com o fazer teatral As regras do LARP satildeo as mesmas do RPGcom essa uacutenica diferenccedila de que aqui sim os jogadores interpretam teatralmente seuspersonagens

Essa mecacircnica torna o RPG e o LARP oacutetimos aliado na construccedilatildeo colaborativado enredo de um espetaacuteculo Levando em conta essa possibilidade decidir utilizar meuestaacutegio para a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino do teatro parao ensino fundamental anos finais Para isso elaborei um plano de curso detalhandotambeacutem os planos de aula que podem ser vistos em anexo

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3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Imaginemos que cada partida de RPG seja registrada por algueacutem que anota oufilma ou grava tudo que ocorre Imaginemos que esse material seja lapidado e escritono formato de um roteiro de teatro com rubricas e falas Essa produccedilatildeo eacute cem porcento uma criaccedilatildeo colaborativa entre todos os jogadores A partir dela o jogador podeinterpretar o personagem que ele mesmo criou dentro do jogo novamente dessa vezsob o acircngulo do teatro propriamente dito visando o espetaacuteculo A obra que saiu daimaginaccedilatildeo do jogadorator seraacute melhor interpretada por ele pois tem dela propriedadePartindo dessa premissa logrei experimentar essa ideia na minha primeira direccedilatildeodentro da disciplina de Direccedilatildeo 1 do curso de Artes Cecircnicas

Eu queria criar uma peccedila baseada no livro The Asylum for Wayward VictorianGirls de Emilie Autumn Poreacutem o livro natildeo possui ateacute o momento traduccedilatildeo para oportuguecircs e eu natildeo teria tempo de traduzir todas a suas mais de duzentas paacuteginase pedir que meus atores lessem todo o livro Mas eu conhecia o universo do livro esua histoacuteria Poderia criar um roteiro que se passava no mesmo contexto e universo eassim dirigi-lo Soacute que acabei me deparando com outra questatildeo a maioria dos meusatores nunca tinham atuado na vida Conversando com eles notei que tiacutenhamos emcomum a praacuterica do RPG e daiacute surgiu a minha ideia Eu iria organizar um jogo e daiacute eutiraria o roteiro aleacutem disso meus atores teriam propriedade de seus personagens eassim talvez a direccedilatildeo se tornasse mais faacutecil Entatildeo assim eu fiz O problema do RPG edo teatro poreacutem eacute que todos os envolvidos precisam estar presentes A maioria nuncatinha atuado logo natildeo sabiam o quatildeo ruim eacute faltar aos ensaios Isso me impediu delevar a ideia adiante Mas mantive ela guardada ateacute iniciar o meu estaacutegio

RPGs tinham sido uma marca muito forte na minha infacircncia entatildeo imagineique poderia ser na de outros adolescentes Assim adaptei a minha ideia e inseri oensino de noccedilotildees baacutesicos do teatro e fiz um paralelo com a mateacuteria estudada pelosalunos em Histoacuteria A partir disso elaborei meu Plano de aula que seraacute apresentadoda maneira como foi pensado para depois passar ao relato do que foi possiacutevel

No primeiro momento sabendo que enfrentaria o desconhecimento dos alunosem relaccedilatildeo ao jogo planejei um bate-papo sobre jogos A fim de conhecer os alunosuma das primeiras perguntas seria sobre quais jogos os alunos mais gostam Listandoesses jogos a proposta era encontrar o que todos tinham em comum e assim definir deacordo com as respostas dos alunos o que era necessaacuterio para se ter um jogo Listei

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

de antematildeo algumas caracteriacutesticas que eram necessaacuterias para se ter um jogo comojogadores regras e o objetivo do jogo Outra parte desse debate seria para classificare dividir jogos em categorias jogos de tabuleiro cartas esportivos em grupo entreoutras classificaccedilotildees Tambeacutem planejei inserir jogos eletrocircnicos nessas classificaccedilotildeespara assim ampliar o repertoacuterio dos alunos na hora de jogar o RPG

Definindo essa parte a pergunta era sobre o que seriam no entendimento dosalunos jogos teatrais para entatildeo comeccedilar a inserir o conceito de RPG como um jogode interpretaccedilatildeo de papeacuteis e improviso Apoacutes explicar o que eacute o RPG o proacuteximo passoseria explicar as regras e comeccedilar a dividir os grupos (de 4 ou 5 alunos) Juntamentecom as regras os alunos seriam expostos agraves fichas de RPG e escolheriam o universoonde se passaria a aventura Como dito anteriormente a ideia seria usar mateacuteriasestudadas em Histoacuteria por eles naquele bimestre Apoacutes ser definido o Universo iriacuteamoscriar os personagens dentro do contexto (paiacutes e eacutepoca) definidos utilizando algunsparacircmetros por exemplo data de nascimento status social idade signo e uma muacutesicatema para o personagem

A fim de estimular a criatividade dos alunos fazia parte do plano levar viacutedeosde desenhos animados trechos de filmes e jogos de computador que tivessem atemaacutetica de aventura assim como contos curtos de fantasia e aventura A ideia erafazer tambeacutem um exerciacutecio de identificar elementos nas narrativas que os ajudassem acriar durante o jogo de RPG Entre os elementos a identificar estavam o heroacutei (casohouvesse) o vilatildeo (caso houvesse) as criaturas e monstros o enredo o cliacutemax e aconclusatildeo da narrativa Claro que tambeacutem eacute importante definir a espacialidade ou sejaos cenaacuterios e mapas Onde a histoacuteria ocorre e para onde ela se desloca no decorrer dotempo Assim cada grupo construiriam o proacutelogo do jogo de cada grupo a partir doselementos identificados nos viacutedeos e contos Esse proacutelogo seria um guia para o jogopropriamente dito

Dentro do mesmo exerciacutecio deveriam listar os objetos e a vestimenta de umdos personagens dos viacutedeos e contos (a escolha seria de cada aluno) o que ajudaria apersonalizar melhor o personagem que criaram Aleacutem das caracteriacutesticas subjetivase psicoloacutegicas agora deveriam criar as caracteriacutesticas fiacutesicas Eacute claro que aleacutem doproacutelogo do Universo do grupo cada um deveria criar um proacutelogo para o proacuteprio perso-nagem constando quem ele foi e como ele chegou ateacute aliacute no iniacutecio do jogo A seguir aficha do personagem

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Figura 1 ndash Ficha de RPG criada para as aulas

Adaptado ficha do jogo Vampiro A Maacutescara

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 14: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 2 O RPG

dados para acontecerem e virarem accedilotildees Isso ocorre pois os atributos necessaacuteriospara tomar as decisotildees estatildeo descritos em uma ficha e cada atributo possui um valornumeacuterico Para realizar uma accedilatildeo a de socar um oponente por exemplo o jogadorprecisa lanccedilar os dados e o valor deve ser menor ou igual ao valor do atributo de forccediladescrito na ficha (exemplo da ficha na paacutegina 17)

No entanto existe uma variaccedilatildeo do RPG chamada LARP (Live-action role-playing) que significa literalmente interpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivo Essa eacute uma mo-dalidade bem mais proacutexima do que pretendo trabalhar pois aqui a interpretaccedilatildeo seassemelha muito com o fazer teatral As regras do LARP satildeo as mesmas do RPGcom essa uacutenica diferenccedila de que aqui sim os jogadores interpretam teatralmente seuspersonagens

Essa mecacircnica torna o RPG e o LARP oacutetimos aliado na construccedilatildeo colaborativado enredo de um espetaacuteculo Levando em conta essa possibilidade decidir utilizar meuestaacutegio para a experimentaccedilatildeo do RPG como metodologia de ensino do teatro parao ensino fundamental anos finais Para isso elaborei um plano de curso detalhandotambeacutem os planos de aula que podem ser vistos em anexo

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3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Imaginemos que cada partida de RPG seja registrada por algueacutem que anota oufilma ou grava tudo que ocorre Imaginemos que esse material seja lapidado e escritono formato de um roteiro de teatro com rubricas e falas Essa produccedilatildeo eacute cem porcento uma criaccedilatildeo colaborativa entre todos os jogadores A partir dela o jogador podeinterpretar o personagem que ele mesmo criou dentro do jogo novamente dessa vezsob o acircngulo do teatro propriamente dito visando o espetaacuteculo A obra que saiu daimaginaccedilatildeo do jogadorator seraacute melhor interpretada por ele pois tem dela propriedadePartindo dessa premissa logrei experimentar essa ideia na minha primeira direccedilatildeodentro da disciplina de Direccedilatildeo 1 do curso de Artes Cecircnicas

Eu queria criar uma peccedila baseada no livro The Asylum for Wayward VictorianGirls de Emilie Autumn Poreacutem o livro natildeo possui ateacute o momento traduccedilatildeo para oportuguecircs e eu natildeo teria tempo de traduzir todas a suas mais de duzentas paacuteginase pedir que meus atores lessem todo o livro Mas eu conhecia o universo do livro esua histoacuteria Poderia criar um roteiro que se passava no mesmo contexto e universo eassim dirigi-lo Soacute que acabei me deparando com outra questatildeo a maioria dos meusatores nunca tinham atuado na vida Conversando com eles notei que tiacutenhamos emcomum a praacuterica do RPG e daiacute surgiu a minha ideia Eu iria organizar um jogo e daiacute eutiraria o roteiro aleacutem disso meus atores teriam propriedade de seus personagens eassim talvez a direccedilatildeo se tornasse mais faacutecil Entatildeo assim eu fiz O problema do RPG edo teatro poreacutem eacute que todos os envolvidos precisam estar presentes A maioria nuncatinha atuado logo natildeo sabiam o quatildeo ruim eacute faltar aos ensaios Isso me impediu delevar a ideia adiante Mas mantive ela guardada ateacute iniciar o meu estaacutegio

RPGs tinham sido uma marca muito forte na minha infacircncia entatildeo imagineique poderia ser na de outros adolescentes Assim adaptei a minha ideia e inseri oensino de noccedilotildees baacutesicos do teatro e fiz um paralelo com a mateacuteria estudada pelosalunos em Histoacuteria A partir disso elaborei meu Plano de aula que seraacute apresentadoda maneira como foi pensado para depois passar ao relato do que foi possiacutevel

No primeiro momento sabendo que enfrentaria o desconhecimento dos alunosem relaccedilatildeo ao jogo planejei um bate-papo sobre jogos A fim de conhecer os alunosuma das primeiras perguntas seria sobre quais jogos os alunos mais gostam Listandoesses jogos a proposta era encontrar o que todos tinham em comum e assim definir deacordo com as respostas dos alunos o que era necessaacuterio para se ter um jogo Listei

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

de antematildeo algumas caracteriacutesticas que eram necessaacuterias para se ter um jogo comojogadores regras e o objetivo do jogo Outra parte desse debate seria para classificare dividir jogos em categorias jogos de tabuleiro cartas esportivos em grupo entreoutras classificaccedilotildees Tambeacutem planejei inserir jogos eletrocircnicos nessas classificaccedilotildeespara assim ampliar o repertoacuterio dos alunos na hora de jogar o RPG

Definindo essa parte a pergunta era sobre o que seriam no entendimento dosalunos jogos teatrais para entatildeo comeccedilar a inserir o conceito de RPG como um jogode interpretaccedilatildeo de papeacuteis e improviso Apoacutes explicar o que eacute o RPG o proacuteximo passoseria explicar as regras e comeccedilar a dividir os grupos (de 4 ou 5 alunos) Juntamentecom as regras os alunos seriam expostos agraves fichas de RPG e escolheriam o universoonde se passaria a aventura Como dito anteriormente a ideia seria usar mateacuteriasestudadas em Histoacuteria por eles naquele bimestre Apoacutes ser definido o Universo iriacuteamoscriar os personagens dentro do contexto (paiacutes e eacutepoca) definidos utilizando algunsparacircmetros por exemplo data de nascimento status social idade signo e uma muacutesicatema para o personagem

A fim de estimular a criatividade dos alunos fazia parte do plano levar viacutedeosde desenhos animados trechos de filmes e jogos de computador que tivessem atemaacutetica de aventura assim como contos curtos de fantasia e aventura A ideia erafazer tambeacutem um exerciacutecio de identificar elementos nas narrativas que os ajudassem acriar durante o jogo de RPG Entre os elementos a identificar estavam o heroacutei (casohouvesse) o vilatildeo (caso houvesse) as criaturas e monstros o enredo o cliacutemax e aconclusatildeo da narrativa Claro que tambeacutem eacute importante definir a espacialidade ou sejaos cenaacuterios e mapas Onde a histoacuteria ocorre e para onde ela se desloca no decorrer dotempo Assim cada grupo construiriam o proacutelogo do jogo de cada grupo a partir doselementos identificados nos viacutedeos e contos Esse proacutelogo seria um guia para o jogopropriamente dito

Dentro do mesmo exerciacutecio deveriam listar os objetos e a vestimenta de umdos personagens dos viacutedeos e contos (a escolha seria de cada aluno) o que ajudaria apersonalizar melhor o personagem que criaram Aleacutem das caracteriacutesticas subjetivase psicoloacutegicas agora deveriam criar as caracteriacutesticas fiacutesicas Eacute claro que aleacutem doproacutelogo do Universo do grupo cada um deveria criar um proacutelogo para o proacuteprio perso-nagem constando quem ele foi e como ele chegou ateacute aliacute no iniacutecio do jogo A seguir aficha do personagem

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Figura 1 ndash Ficha de RPG criada para as aulas

Adaptado ficha do jogo Vampiro A Maacutescara

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 15: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Imaginemos que cada partida de RPG seja registrada por algueacutem que anota oufilma ou grava tudo que ocorre Imaginemos que esse material seja lapidado e escritono formato de um roteiro de teatro com rubricas e falas Essa produccedilatildeo eacute cem porcento uma criaccedilatildeo colaborativa entre todos os jogadores A partir dela o jogador podeinterpretar o personagem que ele mesmo criou dentro do jogo novamente dessa vezsob o acircngulo do teatro propriamente dito visando o espetaacuteculo A obra que saiu daimaginaccedilatildeo do jogadorator seraacute melhor interpretada por ele pois tem dela propriedadePartindo dessa premissa logrei experimentar essa ideia na minha primeira direccedilatildeodentro da disciplina de Direccedilatildeo 1 do curso de Artes Cecircnicas

Eu queria criar uma peccedila baseada no livro The Asylum for Wayward VictorianGirls de Emilie Autumn Poreacutem o livro natildeo possui ateacute o momento traduccedilatildeo para oportuguecircs e eu natildeo teria tempo de traduzir todas a suas mais de duzentas paacuteginase pedir que meus atores lessem todo o livro Mas eu conhecia o universo do livro esua histoacuteria Poderia criar um roteiro que se passava no mesmo contexto e universo eassim dirigi-lo Soacute que acabei me deparando com outra questatildeo a maioria dos meusatores nunca tinham atuado na vida Conversando com eles notei que tiacutenhamos emcomum a praacuterica do RPG e daiacute surgiu a minha ideia Eu iria organizar um jogo e daiacute eutiraria o roteiro aleacutem disso meus atores teriam propriedade de seus personagens eassim talvez a direccedilatildeo se tornasse mais faacutecil Entatildeo assim eu fiz O problema do RPG edo teatro poreacutem eacute que todos os envolvidos precisam estar presentes A maioria nuncatinha atuado logo natildeo sabiam o quatildeo ruim eacute faltar aos ensaios Isso me impediu delevar a ideia adiante Mas mantive ela guardada ateacute iniciar o meu estaacutegio

RPGs tinham sido uma marca muito forte na minha infacircncia entatildeo imagineique poderia ser na de outros adolescentes Assim adaptei a minha ideia e inseri oensino de noccedilotildees baacutesicos do teatro e fiz um paralelo com a mateacuteria estudada pelosalunos em Histoacuteria A partir disso elaborei meu Plano de aula que seraacute apresentadoda maneira como foi pensado para depois passar ao relato do que foi possiacutevel

No primeiro momento sabendo que enfrentaria o desconhecimento dos alunosem relaccedilatildeo ao jogo planejei um bate-papo sobre jogos A fim de conhecer os alunosuma das primeiras perguntas seria sobre quais jogos os alunos mais gostam Listandoesses jogos a proposta era encontrar o que todos tinham em comum e assim definir deacordo com as respostas dos alunos o que era necessaacuterio para se ter um jogo Listei

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

de antematildeo algumas caracteriacutesticas que eram necessaacuterias para se ter um jogo comojogadores regras e o objetivo do jogo Outra parte desse debate seria para classificare dividir jogos em categorias jogos de tabuleiro cartas esportivos em grupo entreoutras classificaccedilotildees Tambeacutem planejei inserir jogos eletrocircnicos nessas classificaccedilotildeespara assim ampliar o repertoacuterio dos alunos na hora de jogar o RPG

Definindo essa parte a pergunta era sobre o que seriam no entendimento dosalunos jogos teatrais para entatildeo comeccedilar a inserir o conceito de RPG como um jogode interpretaccedilatildeo de papeacuteis e improviso Apoacutes explicar o que eacute o RPG o proacuteximo passoseria explicar as regras e comeccedilar a dividir os grupos (de 4 ou 5 alunos) Juntamentecom as regras os alunos seriam expostos agraves fichas de RPG e escolheriam o universoonde se passaria a aventura Como dito anteriormente a ideia seria usar mateacuteriasestudadas em Histoacuteria por eles naquele bimestre Apoacutes ser definido o Universo iriacuteamoscriar os personagens dentro do contexto (paiacutes e eacutepoca) definidos utilizando algunsparacircmetros por exemplo data de nascimento status social idade signo e uma muacutesicatema para o personagem

A fim de estimular a criatividade dos alunos fazia parte do plano levar viacutedeosde desenhos animados trechos de filmes e jogos de computador que tivessem atemaacutetica de aventura assim como contos curtos de fantasia e aventura A ideia erafazer tambeacutem um exerciacutecio de identificar elementos nas narrativas que os ajudassem acriar durante o jogo de RPG Entre os elementos a identificar estavam o heroacutei (casohouvesse) o vilatildeo (caso houvesse) as criaturas e monstros o enredo o cliacutemax e aconclusatildeo da narrativa Claro que tambeacutem eacute importante definir a espacialidade ou sejaos cenaacuterios e mapas Onde a histoacuteria ocorre e para onde ela se desloca no decorrer dotempo Assim cada grupo construiriam o proacutelogo do jogo de cada grupo a partir doselementos identificados nos viacutedeos e contos Esse proacutelogo seria um guia para o jogopropriamente dito

Dentro do mesmo exerciacutecio deveriam listar os objetos e a vestimenta de umdos personagens dos viacutedeos e contos (a escolha seria de cada aluno) o que ajudaria apersonalizar melhor o personagem que criaram Aleacutem das caracteriacutesticas subjetivase psicoloacutegicas agora deveriam criar as caracteriacutesticas fiacutesicas Eacute claro que aleacutem doproacutelogo do Universo do grupo cada um deveria criar um proacutelogo para o proacuteprio perso-nagem constando quem ele foi e como ele chegou ateacute aliacute no iniacutecio do jogo A seguir aficha do personagem

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Figura 1 ndash Ficha de RPG criada para as aulas

Adaptado ficha do jogo Vampiro A Maacutescara

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 16: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

de antematildeo algumas caracteriacutesticas que eram necessaacuterias para se ter um jogo comojogadores regras e o objetivo do jogo Outra parte desse debate seria para classificare dividir jogos em categorias jogos de tabuleiro cartas esportivos em grupo entreoutras classificaccedilotildees Tambeacutem planejei inserir jogos eletrocircnicos nessas classificaccedilotildeespara assim ampliar o repertoacuterio dos alunos na hora de jogar o RPG

Definindo essa parte a pergunta era sobre o que seriam no entendimento dosalunos jogos teatrais para entatildeo comeccedilar a inserir o conceito de RPG como um jogode interpretaccedilatildeo de papeacuteis e improviso Apoacutes explicar o que eacute o RPG o proacuteximo passoseria explicar as regras e comeccedilar a dividir os grupos (de 4 ou 5 alunos) Juntamentecom as regras os alunos seriam expostos agraves fichas de RPG e escolheriam o universoonde se passaria a aventura Como dito anteriormente a ideia seria usar mateacuteriasestudadas em Histoacuteria por eles naquele bimestre Apoacutes ser definido o Universo iriacuteamoscriar os personagens dentro do contexto (paiacutes e eacutepoca) definidos utilizando algunsparacircmetros por exemplo data de nascimento status social idade signo e uma muacutesicatema para o personagem

A fim de estimular a criatividade dos alunos fazia parte do plano levar viacutedeosde desenhos animados trechos de filmes e jogos de computador que tivessem atemaacutetica de aventura assim como contos curtos de fantasia e aventura A ideia erafazer tambeacutem um exerciacutecio de identificar elementos nas narrativas que os ajudassem acriar durante o jogo de RPG Entre os elementos a identificar estavam o heroacutei (casohouvesse) o vilatildeo (caso houvesse) as criaturas e monstros o enredo o cliacutemax e aconclusatildeo da narrativa Claro que tambeacutem eacute importante definir a espacialidade ou sejaos cenaacuterios e mapas Onde a histoacuteria ocorre e para onde ela se desloca no decorrer dotempo Assim cada grupo construiriam o proacutelogo do jogo de cada grupo a partir doselementos identificados nos viacutedeos e contos Esse proacutelogo seria um guia para o jogopropriamente dito

Dentro do mesmo exerciacutecio deveriam listar os objetos e a vestimenta de umdos personagens dos viacutedeos e contos (a escolha seria de cada aluno) o que ajudaria apersonalizar melhor o personagem que criaram Aleacutem das caracteriacutesticas subjetivase psicoloacutegicas agora deveriam criar as caracteriacutesticas fiacutesicas Eacute claro que aleacutem doproacutelogo do Universo do grupo cada um deveria criar um proacutelogo para o proacuteprio perso-nagem constando quem ele foi e como ele chegou ateacute aliacute no iniacutecio do jogo A seguir aficha do personagem

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Figura 1 ndash Ficha de RPG criada para as aulas

Adaptado ficha do jogo Vampiro A Maacutescara

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 17: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Figura 1 ndash Ficha de RPG criada para as aulas

Adaptado ficha do jogo Vampiro A Maacutescara

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 18: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

Essa ficha seria preenchida da seguinte forma

1) No cabeccedilalho estariam as principais caracteriacutesticas dos personagens definidaspelo jogador

2) Na sessatildeo ldquoAtributosrdquo o jogador rola o dado de dez lados (D10) o nuacutemeroque cair eacute o nuacutemero de pontos que ele tem para distribuir entre os iacutetens dosatributos - por exemplo o nuacutemero que caiu foi 6 cada bolinha eacute um ponto a serldquopintadordquo logo posso escolher pintar duas bolinhas de forccedila uma de destrezamais uma de carisma e duas de percepccedilatildeo

3) O mesmo processo se repete para a sessatildeo ldquoHabilidadesrdquo

4) Na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAntecedentesrdquo eacute preenchida de acordo como proacutelogo do personagem - exemplo o personagem era um mercador logo temhabilidades de compra e venda Da mesma forma que anteriormente um dadoeacute rolado

5) Inda na sessatildeo ldquoVantagensrdquo a coluna ldquoAprendizadordquo eacute deixada em brancopois seraacute preenchida no decorrer do jogo - exemplo o personagem que eramercador encontra um mestre alquimista que o ensina a fazer porccedilotildees a partirdaiacute a habilidade ldquoAlquimiardquo eacute adicionada agrave coluna

6) A coluna ldquoVirtudesrdquo eacute variaacutevel ou seja o personagem pode perder e ganharesses pontos de acordo com o jogo - exemplo o mercador antes muito co-rajoso perde sua coragem ao ser enfeiticcedilado por uma feiticeira e agora tecircmdesvantagem nas lutas que precisa enfrentar

7) Abaixo a coluna de ldquoItensrdquo eacute onde satildeo listados os pertences do personagem

8) ldquoLucidezrdquo e ldquoPrestiacutegiordquo tambeacutem satildeo preenchidas e variaacuteveis no decorrer dojogo

9) ldquoEnergiardquo e ldquoVitalidaderdquo satildeo usadas em momentos de luta tambeacutem variaacuteveisNesse jogo especiacutefico os pontos de vitalidade satildeo extraiacutedos da energia

Essa ficha foi feita com base no jogo Vampiro a maacutescara um RPG que sepassa na eacutepoca atual - ao contraacuterio dos mais claacutessicos que se passam na era medieval- e eacute um cenaacuterio de horror e fantasia urbana e centrado nos vampiros em um mundode fantasia sombria Utilizei essa ficha por jaacute conhececirc-la e ter certo domiacutenio sobreela Fiz eacute claro pequenas modificaccedilotildees na ficha e na forma como seria utilizada paramelhorar o desempenho das aulas e facilitar o entendimento por parte dos alunos

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 19: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

A partir de agora inicia o jogo seguindo as seguintes regras

1) Os jogadores teratildeo as seguintes funccedilotildees um mestre (aquele que conta ahistoacuteria) a sua direita o escrivatildeo (aquele que toma notas) os demais seratildeopersonagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 15 minutos para narrar uma histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados(Ex O personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugirdo paiacutes Se ele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugirnunca mais veraacute a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige osatributos Inteligecircncia e Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontosdesses atributos sejam respectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiropara um atributo e depois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeoSe os pontos nos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha opersonagem tomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemerosnos dados sejam superiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute aoposta)

5) Apoacutes os 15 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora seraacute escrivatildeo e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada quando o mestre dela retornar agrave funccedilatildeode contar a histoacuteria

As anotaccedilotildees das histoacuterias seriam passadas a limpo para compor o portfoacutelio dogrupo um dos objetos de avaliaccedilatildeo Aleacutem disso casa jogador faria seu proacuteprio diaacuteriode bordo anotando experiecircncias impressotildees ou o que achar necessaacuterio e relevante

Depois da primeira partida sendo jogada na mesa iniciaria o trabalho teatralTendo em matildeos o proacutelogo do personagem suas caracteriacutesticas adereccedilos e vestimentao jogador iria comeccedilar a personificar o personagem jogado Iniciando com a claacutessica ca-minhada no espaccedilo e ao poucos trazendo a tona o personagem Primeiro a caminhadaseria para equilibrar o espaccedilo exerciacutecio inicial do teatro bastante simples Depois ojogador iria encontrar a velocidade e o ritmo de caminhada de seu personagem de

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 20: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

acordo com as caracteriacutesticas estabelecidas anteriormente - exemplo se o personagemeacute ansioso tende a ter uma caminhada mais raacutepida Entatildeo adicionariam os elementospeso ou leveza algum tique nervoso olhar do personagem posiccedilatildeo da coluna verte-bral e todas as caracteriacutesticas possiacuteveis para se inserir na caminhada do personagemAgora viriam os comandos pular cair parar em uma pose - esta podendo variar parapose nobre pose aacutegil pose de susto pose de felicidade - entre vaacuterias possibilidades

Depois das caracteriacutesticas fiacutesicas ainda em caminhada os jogadores iriamtrabalhar com a voz e a fala criando uma ou duas frases de efeito para treinar amodulaccedilatildeo de voz e timbre do personagem Caracteriacutesticas como a velocidade dafala a intensidade altura timbre sotaques e ateacute mesmo problemas na fala deveriamser observadas e adicionadas caso necessaacuterio Isso tentando manter a construccedilatildeocorporal e ainda obedecendo a comandos como falar a mesma frase em tom assustadoapaixonado raivoso emocionado e outras possibilidades Aqui novamente tudo seriaanotado em diaacuterio de bordo pessoal Uma sugestatildeo para o portfoacutelio seria fotografar ogrupo em seus personagens

Na proacutexima partida a ser jogada os jogadores jaacute teriam antes seu ritual depersonificaccedilatildeo do personagem inserindo os trejeitos e falas trabalhados na aulaanterior Agora a partida seria jogada em peacute e buscando a realizaccedilatildeo fiacutesica dasaccedilotildees jogadas Com exceccedilatildeo do mestre e do escrivatildeo apenas durante o jogo osjogadores natildeo devem nunca responder como eles mesmos mas como os personagensApoacutes o jogo assim como um ritual de personificaccedilatildeo seria interessante um ritualde despersonificaccedilatildeo Essa ideia surgiu durante a escrita deste trabalho como umaforma de manter o trabalho com o RPG na sala no espaccedilo da aula Mas vamoscontinuar com o plano de curso

Depois de definir tudo isso e tendo jaacute material no portifoacutelio e no diaacuterio debordo os jogadores tecircm agora um espaccedilo para a representaccedilatildeo graacutefica de seuspersonagens ou seja um desenho colagem ou escultura de seu personagem Aquiseria uma oacutetima oportunidade para introduzir conceitos de figurino maquiagem eadereccedilos pois essa primeira representaccedilatildeo seraacute uma base para a construccedilatildeo dofigurino final dos personagens De posse dos trabalhos cada jogador deveraacute falarsobre seu personagem e sobre o trabalho que fez Levaria no miacutenimo trecircs aulas nesseprocesso desde inserir as noccedilotildees agrave conclusatildeo e apresentaccedilatildeo A partir de agora osjogadores devem trazer objetos adereccedilos e figurinos que se aproximem do que criarampara jogar caracterizados

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Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 21: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 3 O RPG NO ENSINO DE TEATRO

O cenaacuterio do jogo tambeacutem deve ser definido tendo como base o exerciacuteciode anaacutelise dos viacutedeos e contos Para definir o cenaacuterio seraacute preciso escolher o tipode palco que os jogadores de cada grupo pretendem utilizar seja ele o palco italianoarena semi-arena ao ar livre ou natildeo Definido o palco e o cenaacuterio os jogadores devemfazer uma maquete levando em conta as percepccedilotildees de cenografia e iluminaccedilatildeo queseratildeo mostradas previamente em aula Devem ser observados os objetos Dependendodo grupo o cenaacuterio no trabalho final pode ser construiacutedo fisicamente ou uma foto damaquete produzida projetada

No decorrer das partidas utilizando as anotaccedilotildees do escrivatildeo o grupo poderaacutedefinir um roteiro que possa ser ensaiado Colaborativamente o grupo define as cenase utilizando o exerciacutecio de anaacutelise de viacutedeos e contos estruturam o roteiro A partir deagora os grupos ensaiam e o trabalho final seria a apresentaccedilatildeo das cenas e exposiccedilatildeodos portfoacutelios e maquetes

Assim fui para a escola Ao chegar na sala de aula me deparei com algunsdesafios por exemplo a visatildeo da professora em relaccedilatildeo ao meu trabalho e agrave realidadedos alunos Muitas coisas que eu gostaria de fazer ela me aconselhou a mudar porconta da situaccedilatildeo social das crianccedilas Segundo ela as crianccedilas natildeo tecircm referecircnciasde histoacuterias filmes ou desenhos animados que pudessem usar de combustiacutevel para ascriaccedilotildees O que se mostrou natildeo ser verdade jaacute que assim que iniciei a explicaccedilatildeo dojogo os alunos logo embarcaram na ideia e comeccedilaram a falar e participar mostrandocapacidade de criar Entretanto a professora os silenciava natildeo deixando que os alunosfalassem suas ideias Isso tudo me atrapalhou bastante e mais uma vez natildeo conseguichegar ao final do meu projeto de estaacutegio com o RPG

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4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 22: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

4 O MEU ESTAacuteGIO

Neste capiacutetulo trago a experiecircncia que me foi possiacutevel realizar do ensino deteatro com base no jogo de RPG efefivada durante a disciplina de Estaacutegio Supervisio-nado 2 do curso de LIcenciatura em Artes cecircnicas Irei comeccedilar falando sobre a escolaonde realizei meu estaacutegio

Paulo Ceacutesar dos Santos eacute atualmente diretor em uma escola puacuteblica no Itapoatildeo CEF Dra Zilda Arns com formaccedilatildeo em Artes Cecircnicas Eacute uma escola de ensinofundamental que atende uma comunidade bastante carente Possui 2232 alunos e 110professores dos quais 6 satildeo de artes Tambeacutem eacute uma escola que se encontra numlocal com histoacuterico de violecircncia dentro e fora dela Eu escolhi estagiar laacute principalmentepor conta de conhecer um professor de artes de laacute Trabalhei com a turma 8ordm ano ldquoIrdquoaacutes terccedilas e quintas-feiras no turno matutino A princiacutepio iria trabalhar tambeacutem comuma turma de 9ordm ano poreacutem a professora me pediu que ficasse apenas com o 8ordmpois a turma de 9ordm ano possuiacutea mais conteuacutedos e ela precisava cumprir o curriacuteculo Aprofessora que me acompanhou eacute formada em Artes Plaacutesticas na Faculdade de ArtesDulcina de Morais

Interessante observar que mesmo as Artes Cecircnicas estando no Curriacuteculo emMovimento a maioria dos professores de Artes do ensino puacuteblico satildeo formados emArtes Plaacutesticas No proacuteprio documento do Curriacuteculo em Movimento no capiacutetulo deArtes Cecircnicas haacute uma criacutetica a essa ldquopreferecircnciardquo pelas Artes Visuais

[ ] embora a disciplina Arte exista na lei seu processo histoacuterico exige apraacutetica de um professor polivalente que deve ministrar todas as linguagensartiacutesticas Em virtude do formato da lei (LDB1996) e a carecircncia de estruturaprofessores acabam optando pelo ensino das artes visuais(SEDF 2014)

O estranho eacute que essa ldquoopccedilatildeordquo parece ser um acordo dentro da proacutepria escolaEm uma outra escola que visitei - ensino meacutedio onde fiz o primeiro estaacutegio este soacutede observaccedilatildeo - havia apenas uma professora de teatro as outras duas eram deArtes Plaacutesticas O acordo era que as duas dariam aula para primeira e terceira seacuteriesdo ensino meacutedio e a de teatro para a segunda seacuterie Na escola onde fiz o segundoestaacutegio os alunos para quem dei aula estavam tendo apenas Artes Visuais O diretorme informou entatildeo que aleacutem dele - formado em Artes Cecircnicas na Faculdade Dulcinade Morais - natildeo haacute nenhum professor de Artes formado em Artes Cecircnicas Satildeo 4

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 23: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

formados em Artes Plaacutesticas e 2 em muacutesica Interessante constataccedilatildeo pois ateacute mesmonas provas de concurso para professor efetivo da Secretaria de Educaccedilatildeo do DistritoFederal a maior parte da prova eacute composta de questotildees de Artes Plaacutesticas(CESPE2017)

Assim que entrei na escola logo no primeiro dia notei que o diretor assinavadocumentos para um sargento da Poliacutecia Militar Ao questionaacute-lo sobre isso ele medisse que a presenccedila da poliacutecia acontece no CEF Dra Zilda Arns porque laacute existe o 17ordmPolo do Batalhatildeo Escolar da PM que atende ao proacuteprio coleacutegio e aos outros coleacutegios doItapoatilde e Paranoaacute O polo constitui-se numa unidade de apoio onde os policiais atendemas demandas da comunidade escolar a qual solicitou maior policiamento e votou emassembleia a permanecircncia do polo na escola a partir do iniacutecio do ano 2015 Segundoele no passado houve casos de ameaccedilas a alunos e funcionaacuterios da escola tantopor alunos quanto por pessoas fora da escola mas nunca ocorreu uma situaccedilatildeo maisgrave Ele contou inclusive que nos arredores da escola haacute risco mesmo durante o diade assaltos e aliciamento de menores o que faz com que muitos pais de alunos mudemseus filhos de escola por medo obrigando as crianccedilas a estudarem mais distante Umfato que me chamou a atenccedilatildeo no discurso do diretor foi que as instalaccedilotildees da escolaforam entregues no ano de 2010 Ou seja em cinco anos de funcionamento a violecircnciase tornou alarmante a ponto de precisar da poliacutecia dentro da escola e a ponto de ospais de alunos abrirem matildeo da comodidade de uma escola proacutexima aos filhos pormedo da violecircncia

Apesar disso aparentemente a poliacutecia oferece certo conforto tanto em alunosquanto em professores e funcionaacuterios O diretor disse ter notado uma diminuiccedilatildeodraacutestica nas brigas dentro da escola e nas ameaccedilas a professores Conta inclusiveque os proacuteprios alunos se sentem mais seguros e permaneccedilem mais tempo em salade aula De fato observei que o ambiente natildeo passa inseguranccedila e medo e natildeo haacutesinal de comportamentos violentos dos alunos E por incriacutevel que pareccedila os alunosnatildeo pareciam se incomodar com a presenccedila de policiais dentro da escola Pareciamsequer notaacute-la Isso fez com que eu estranhasse ainda mais a presenccedila da poliacutecia jaacuteque o ambiente parecia natildeo precisar dela para manter a paz Afinal satildeo adolescentes

Antes de comeccedilar a dar as aulas eu e a professora conversamos sobre meuplanejamento A princiacutepio ela concordou com ele mas depois de iniciadas as praacuteticasme pediu que mudasse o plano e diminuiacutesse o nuacutemero de aulas pois ela precisavadar o assunto do curriacuteculo Esses assuntos satildeo os que estatildeo descritos no Curriacuteculoem Movimento da Secretaria de Educaccedilatildeo do Distrito Federal Para o oitavo anosatildeo eles Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Teatro Renascentista Inglecircs

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 24: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

-Teatro Elisabetano William Shakespeare Comedia DellrsquoArt Goldoni e Moliegravere TeatroRomacircntico Realista e Naturalista Estudo de manifestaccedilotildees e elementos culturais afro-brasileiros e indiacutegenas na cultura brasileira Elementos teatrais presentes em obras dedramaturgos brasileiros representantes das correntes artiacutesticas Romantismo RealismoNaturalismo entre outras Leitura dramaacutetica e anaacutelise de textos teatrais Elementos dalinguagem teatral figurino iluminaccedilatildeo sonoplastia cenaacuterio maquiagem e adereccedilosConsciecircncia corporal e expressividade vocal Jogos dramaacuteticos com elementos de accedilatildeocecircnica Elementos formais da danccedila Movimento Expressivo Montagem Teatral For-maccedilatildeo de plateia (SEDF 2014) No entanto todo esse material pode ser perfeitamentecontextualizado dentro do jogo de RPG o que natildeo me ocorreu na eacutepoca com a clarezaque tenho hoje Me faltaram argumentos para mostrar agrave professora que o conteuacutedoindicado poderia estar contemplado Isso demonstra o caraacuteter conteudista que aindapermeia o pensamento dos nossos educadores Como estagiaacuteria infelizmente natildeo tiveessa ideia de unir a necessidade da professora de dar o conteuacutedo e meu projeto Comoresultado cedi e alterei meu plano de aula

Muita coisa que planejei ser realizada durante as aulas por uma sugestatildeolevemente imposta da professora se tornou tarefa de casa Segundo ela seria maisfaacutecil pois os alunos natildeo levam o material para as aulas quando a atividade eacute presencialNo entanto logo essa sugestatildeo se tornou um empecilho e natildeo funcionou Tudo que eupedia como tarefa de casa eles natildeo faziam Isso quando natildeo faltavam na aula anteriore natildeo faziam ideia do que precisava ser feito As aulas que mais funcionaram foramjustamente aquelas em que eu levei o material para a sala de aula para que os alunosrealizassem a tarefa Como por exemplo quando levei os moldes dos dados de RPGimpressos para que os alunos construiacutessem seus proacuteprios dados Nesse dia eu levei astesouras as colas e laacutepis de cor Todos fizeram e se divertiram provando que de fato amelhor opccedilatildeo para essa turma era fazer as atividades propostas na sala de aula

Outro empecilho foi o fato de a professora natildeo deixar os alunos se expressaremlivremente Quando a turma se animava com algo que eu falava e comeccedilavam ainteragir ela imediatamente os mandava calar Poucas vezes eu consegui algumaresposta dos alunos que natildeo tivesse essa interrupccedilatildeo Entretanto quando ela natildeoocorria a aula fluiacutea da maneira que eu gostaria que fosse mesmo por alguns minutosA interrupccedilatildeo da professora era tanta que nem deixar que os alunos escolhessem osgrupos em que iriam trabalhar ela deixou Segundo ela iria virar bagunccedila e nada seriaresolvido Mesmo contrariada permiti que ela escolhesse os grupos pela chamadaOs alunos natildeo ficaram felizes com isso e muito menos eu Minha ideia com o RPG eacuteacima de tudo dar autonomia para os alunos criarem e aprenderem com suas proacutepriashistoacuterias E essa autonomia foi cortada logo no primeiro contato com o jogo Isso pelo

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 25: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

que eu observei cortou pela metade o interesse dos alunos pela minha propostaque apresentei tatildeo libertadora e foi bruscamente encaixotada pela professora que meacompanhou Precisei conversar com ela a respeito e a partir daiacute houve maior aberturada parte dela mas natildeo total

Durante as aulas percebi que qualquer coisa para a professora era motivopara mandar os alunos para a direccedilatildeo Uma aluna uma vez estava chorando na salade aula porquecirc um outro aluno a chamou de gorda e a postura da professora foiimediatamente mandar a menina para a direccedilatildeo por chorar na sala e atrapalhar a aulaEu me ofereci para conversar com a menina ao inveacutes de lhe dar uma advertecircnciae ouvi dela ldquoNatildeo adianta muita coisa natildeordquo Conversando com a aluna por algunsminutos a aluna conseguiu parar de chorar e voltar a sala de aula A professoramostrou que natildeo procura tanto compreender os alunos mas ldquocumprir com o curriacuteculordquoou seja aquele velho pensamento conteudista Como disse Paulo Freire ldquoensinarnatildeo eacute transferir conhecimento mas criar possibilidades para sua produccedilatildeo ou a suaconstruccedilatildeoldquo(FREIRE 1996 p 12) O proacuteprio diretor da escola concordou comigo queela mandava os alunos para a sala dele agrave toa na maioria das vezes e que usava aautoridade como professora de forma arbitraacuteria

Havia ainda um certo sentimento por parte da professora de que os alunosnatildeo poderiam entrar de maneira alguma no jogo Era como se os professores defato os achassem incapazes de entrarem no jogo por falta de referecircncias Poreacutemestava previsto no meu plano de aula que eu levaria viacutedeos para os alunos e em umaaula levei vaacuterios viacutedeos de animaccedilotildees e jogos para os alunos assistirem Realmentedaquele universo eles natildeo tinham a menor referecircncia E nem havia necessidade deter pois quando eu lhes pedi que criassem os personagens me trouxeram os maisvariados tipos de histoacuterias com outras referecircncias que eles possuiacuteam Como exemploesse aluno que desenhou o personagem dele um super-heroacutei dessa forma

24

Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

25

Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

26

5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

27

Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 26: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Figura 2 ndash Desenho de um heroacutei idealizado por um aluno do 8ordm anoO autor

Essa eacute a maneira como ele acredita ser um super-heroacutei A referecircncia dele eacuteum homem tatuado com duas armas e dois facotildees com duas bombas do lado delePois essa eacute a realidade que esse aluno teve contato E ele vai tirar da realidade dele acriatividade para criar as histoacuterias que ele conseguir criar No dia que levei os viacutedeoslevei Harry Potter O Senhor dos Aneacuteis Caverna do Dragatildeo e notei que eles natildeoestavam interessados pois estava muito longe da realidade deles Se eu peccedilo paraesses alunos desenharem um super-heroacutei e eles me trazem esse desenho eu natildeoposso dizer que estaacute errado e mostrar uma foto do Super-Homem As referecircncias dessealuno serem diferentes das minhas natildeo tornam a perspectiva dele errada Mas soacutenotei quando me entregaram os desenhos algumas aulas depois de eu tentar forccedilaacute-losa referecircncias que eu e a professora acreditaacutevamos serem corretas Isso eacute algo queaquela professora provavelmente natildeo entendia e que aprendi durante o estaacutegio e asdiscussotildees em sala de aula na UnB

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Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 27: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 4 O MEU ESTAacuteGIO

Outro fator que me trouxe dificuldade foi a extrema polarizaccedilatildeo da turmaenquanto um grupo era extremamente disperso e passava a aula brincando muitasvezes usando o celular ou intimidando uns aos outros a outra parte da sala eracompletamente apaacutetica natildeo interagindo nem mesmo entre si Esse uacuteltimo grupo foi omais difiacutecil O grupo das brincadeiras logo entrou na onda do jogo e comeccedilou a interagirmesmo com a professora agraves vezes os impedindo de se expressar Mas o grupo queestava apaacutetico natildeo entrava na brincadeira tatildeo facilmente Tentei interagir diretamentecom eles pedir ajuda com exemplos criar histoacuterias em que eles fossem os personagensmas quase nunca consegui uma resposta afirmativa deles Entretanto quando elesraramente entravam no jogo se mostravam ateacute mais criativos criando histoacuterias combase nas propostas de jogo que eu trouxe

Mais uma problemaacutetica foi somada agraves constantes faltas dos alunos fazendocom que eu nunca tivesse a mesma turma em todas as aulas Os alunos que faltavamcomo era de se esperar ficavam completamente agrave margem da aula Eu tentava trazecirc-lospara o contexto da aula explicando separadamente ou fazendo uma pequena revisatildeono comeccedilo da aula Nem sempre isso contribuiacutea para a inclusatildeo do aluno pois nemsempre eles queriam ser incluiacutedos

No final das contas natildeo consegui realizar meu plano de curso em sua com-pletude Metade das atividades foram realizadas mas natildeo seguiram o objetivo realpois estavam descontextualizadas Isso se deu principalmente por quecirc precisei impro-visar as aulas em que os alunos natildeo traziam as tarefas de casa prontas Assim euprecisei trazer atividades que deveriam estar contidas num contexto especiacutefico paraum momento inoportuno Eu sinto que a professora que me acompanhou apesar deaparentemente apoiar todo o meu projeto se sentiu ameaccedilada talvez por medo queos alunos se interessassem de fato pelo jogo que acabou natildeo acontecendo e depoisfossem cobrar dela aulas mais dinacircmicas Entretanto era visiacutevel que se eu tivesseconseguido trabalhar da maneira que eu gostaria eles teriam se envolvido no jogo

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5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 28: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

Os desafios da docecircncia cresceram com o passar do tempo Natildeo eacute apenascobrado do educador ensinar conteuacutedos mas tambeacutem desenvolver competecircncia econsiderando interdisciplinaridade encorajando o uso do material de aprendizagem emsituaccedilotildees que os alunos enfrentaratildeo no mundo real Eacute preciso levar em consideraccedilatildeo aheterogeneidade dos alunos a sustentabilidade e eacute claro motivar sempre seus alunosa aprender (BALZER KURZ 2015) Esta eacute uma cobranccedila e tanto Como cumpriacute-laAlguns educadores e pesquisadores ao redor do mundo parecem ter encontrado noRPG e no LARP uma alternativa para abranger essas exigecircncias com sucesso

Apesar de natildeo ser tatildeo popular como metodologia de ensino no Brasil umainvestigaccedilatildeo mostra que minha ideia natildeo eacute ineacutedita O RPG natildeo soacute eacute usado na escolacomo eacute uma ferramenta usada por terapeutas que trabalham com pessoas de vaacuteriasidades com vaacuterios tipos de problema de comunicaccedilatildeo e aprendizagem principalmentetranstornos como TDAH1 e Autismo Vou comeccedilar falando na aplicaccedilatildeo na escola emparticular um internato dinamarquecircs chamado Oslashsterskov Efterskole Segundo o siteda escola

Oslashsterskov Efterskole eacute uma escola parcialmente financiada pelo governoparcialmente privada localizada em Hobro na Dinamarca Temos 90 alunosque vivem na escola durante o ano letivo A maioria permanece por um anomas cerca de um terccedilo dos estudantes permanecem por dois anos Os alunostecircm entre 14 e 18 anos e frequentam o 8ordm 9ordm ou 10ordm ano terminando osniacuteveis baacutesicos da escola antes de frequentar o ensino meacutedio ou outros estudosda juventude dinamarquesa(LUNAU 2006)

A princiacutepio eacute de se estranhar que os alunos fiquem apenas um ou dois anosnessa escola Isso ocorre porquecirc o sistema de ensino na Dinamarca se organiza daseguinte forma ensino primaacuterio ensino secundaacuterio ensino superior e efterskole2 Essauacuteltima o caso da Oslashsterskov eacute opcional O estudante tem a opccedilatildeo de ir para uma ef-terskole geralmente apoacutes terminar a educaccedilatildeo primaacuteria Eacute um ambiente de descobertaonde os alunos ficam um tempo longe dos pais para estudar arte muacutesica e descobrir

1 Sigla de Transtorno do Deacuteficit de Atenccedilatildeo com Hiperatividade um tipo de transtorno neuroloacutegico quesurge na infacircncia geralmente como fator geneacutetico e em muitos casos acompanhando o indiviacuteduoem sua vida adulta Ele se caracteriza por sintomas de desatenccedilatildeo inquietude e impulsividade Temaparecido muito nas escolas brasileiras diagnosticado por meacutedicos infelizmente muitas vezes de formairresponsaacutevel

2 do dinamarquecircs ldquodepois da escolardquo

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

30

Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 29: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

algum caminho para a faculdade ou simplesmente para se divertir com outros adoles-centes No caso da Oslashsterskov eacute possiacutevel fazer tudo isso durante aventuras interativasatraveacutes da histoacuteria(PEARL 2015)

A escola foi fundada em 2006 e usa uma variaccedilatildeo do RPG para ensinarseus alunos Essa variaccedilatildeo eacute o LARP (do inglecircs Live-Action Role-Playing Algo comoldquointerpretaccedilatildeo de papeacuteis ao vivordquo) que nada mais eacute que o RPG de uma forma maisteatral mostrando que a cultura daquele paiacutes valoriza naturalmente a linguagem cecircnicaAo inveacutes de jogar sentados em uma mesa os alunos interpretam os personagens comaccedilotildees fiacutesicas e falas e como o nome sugere ao vivo Algo mais proacuteximo do que eupensei para minha direccedilatildeo teatral e que tambeacutem apliquei no estaacutegio supervisionadocom alunos adolescentes

Um dos fundadores e atual diretor da escola Mads Lunau conta que quandose cria um quadro narrativo e se pede que os alunos interajam isso melhora a motivaccedilatildeoe a habilidade de aprender deles pois aprendem dentro do contexto(AJ+ 2017) Emuma entrevista para a paacutegina AJ+ no Facebook publicada no dia 24 de abril de 2017ele disse ldquoNoacutes tentamos ensinaacute-los habilidades do seacuteculo XXI E treinaacute-los a governarum mundo tambeacutem iraacute treinaacute-los a governar o mundordquo(Ibidem 2017)

Em entrevista ao AJ+ Misja Lauridsen uma aluna da Oslashsterskov Efterskolecomentou sobre o aprendizado durante a semana em que estudaram Roma Na ocasiatildeoeles deveriam construir um arqueduto Entretanto ela se divertiu tanto que natildeo percebeuque estudava matemaacutetica enquanto jogava Isso a fez ldquoapreciar matemaacutetica mais doque nunca apreciei a minha vidardquo(AJ+ 2017) Outro aluno Askil Ryan disse na mesmamateacuteria

Ensinar as crianccedilas atraveacutes de experiecircncias reais ao inveacutes de apenas tentarver atraveacutes do olhar do outro isto eacute especialmente relevante em Histoacuteria oucoisas do tipo E fazer isso eacute mais divertido porque isso [RPG] eacute mais divertidoentatildeo vocecirc de fato se lembra [do que estudou](AJ+ 2017)

Aqui eacute possiacutevel fazer o um paralelo com o que diz Acircngela Barcellos em seutexto Ludicidade e Jogo quando traz a questatildeo da bricadeira no mundo ser coisa decrianccedila desvinculado do mundo da seriedade As brincadeiras satildeo em sua maioriauma preparaccedilatildeo para a vida adulta uma espeacutecie de RPG constante de como ser gentegrande ldquobonecas e panelinhas para as meninas carrinhos e ferramentas para os

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 30: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

meninosrdquo(CAFEacute 2005) enquanto crianccedilas e na fase adolescente o RPG oferece todo ocontexto da fantasia e do super-heroacutei que geralmente eacute de interesse desse puacuteblico

No entanto na escola dirigida por Lunau os alunos trabalham natildeo soacute aprendi-zados que imitam a vida adulta mas tambeacutem conhecimentos do curriacuteculo escolar e deforma autocircnoma e independente sem deixar a brincadeira e a diversatildeo de lado Quandose coloca a brincadeira como coisa de crianccedila e afasta o adolescente e o adulto delaafasta-se uma ferramenta poderosiacutessima de ensino ldquoEssa ideia de que a ludicidadeeacute oposta agrave produtividade eacute uma falsa compreensatildeo do significado de luacutedicordquo (CAFEacute2005) Todavia segundo a proacutepria aluna de Oslashsterskov aprender se divertindo aumentaa apreciaccedilatildeo do estudante pelo objeto de estudo Ou seja jogos brincadeiras e brin-quedos satildeo bastante subestimados como ferramentas de produccedilatildeo pela possibilidadeda manifestaccedilatildeo luacutedica que abrem Mas por isso mesmo satildeo utilizados nessa escolapelo poder de aprender que estaacute contido nesse tipo de atividade

Em uma conversa sobre RPG e teatro com membros do grupo de RPG Magosdo Planalto de Brasiacutelia discutimos por exemplo o quanto a histoacuteria na escola daacutepreferecircncia aos fatos em detrimento dos personagens que a compotildeem Da mesmaforma que eacute muito mais interessante estudar quiacutemica fazendo experiecircncias em umlaboratoacuterio Eacute muito mais faacutecil se interessar por estudar quando se pode ser sujeitoativo do proacuteprio aprendizado e melhor ainda quando isso acontece de maneira luacutedica

Lunau faz ainda uma criacutetica ao sistema tradicional de ensino Segundo elenesse sistema o estudante faz tudo na sala de aula na esperanccedila de agradar o pro-fessor Para ele essa eacute uma motivaccedilatildeo estreita que natildeo eacute a melhor motivaccedilatildeo parase entrar na vida profissional (PEARL 2015) Sabemos que o sistema de ensino namaioria dos paiacuteses e principalmente no Brasil utiliza a prova escrita como principalmeio de avaliaccedilatildeo E vaacuterios estudos comprovam que eacute um meio bastante incompletode avaliar o aprendizado do aluno Ainda mais se o aluno possuir alguma dificuldadecom aprendizagem Isso pois o sistema educacional ainda demonstra preferecircncia pelaavaliaccedilatildeo quantitativa em detrimento da qualitativa Assim a anaacutelise do desempenhodo aluno fica restrita a alcanccedilar um nuacutemero natildeo levando em conta o desenvolvimentoe superaccedilatildeo que ele teve o que pode agravar quadros de alunos com transtornosseacuterios de aprendizagemO jogo tambeacutem eacute um oacutetimo gatilho para expressar sentimentosacumulados na escola ou entre a famiacutelia Jack Berkenstock eacute um terapeuta que possuium grupo chamado Bodhana Group em Ephrata na Pensilvacircnia Ele trabalhou comcrianccedilas por 23 anos ateacute que decidiu usar DampD3 quando comeccedilou a trabalhar com

3 Dungeons amp Dragons

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 31: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

adolescentes internados em um estabelecimento educacional ldquoComeccedilamos a vermeninos que tinham problemas familiares trazendo isso para o jogo Isso se chamalsquosangrarrsquo quanto da sua identidade pessoal impacta o personagem que vocecirc estaacute inter-pretandordquo explica ele (BLUME 2017) Aqui se pode fazer tambeacutem um paralelo dessapossibilidade do RPG com o psicodrama onde ldquoatraveacutes do jogo teatral improvisado sevisa exprimir e desenvolver as disposiccedilotildees mentais latentes dissimuladas ou repudiadasda vida mental e principalmente da vida psiacutequicardquo (VICENTE 2005) Eacute exatamenteeste fenocircmeno que foi observado por Berkenstock durante seus trabalhos com RPG Oque prova o potencial do jogo para alcanccedilar o patamar antes citado onde o docentedeve ensinar conteuacutedos desenvolver competecircncias e considerar a interdisciplinaridadefazendo um paralelo entre as situaccedilotildees da sala de aula e a vida real do aluno

O RPG traz para o ensino do teatro uma percepccedilatildeo semelhante ao jogo dra-maacutetico onde tambeacutem podemos trabalhar amplamente ldquoa utilizaccedilatildeo do espaccedilo cecircnico oconhecimento o domiacutenio do corpo a relaccedilatildeo com o outro com os objetos o uso da vozdos gestos e o fazer-se ver e ouvirrdquo(THOMAZ 2007 p 44) Isso somado ao seu caraacutetercolaborativo e potencial imaginativo por parte dos alunos Assim como o jogo dramaacuteticoo RPG tambeacutem propicia uma experiecircncia desenvolvedora da relaccedilatildeo do invidiacuteduo como mundo ampliando as percepccedilotildees da realidade em que estaacute inserido E trazendo essaamplitude para o palco teatral o indiviacuteduo pode construir seus conhecimentos dentrodo jogo de RPG dentro do luacutedico e com total autonomia

Mesmo que natildeo tenha chegado ao ponto de trabalhar a personalidade dosalunos na construccedilatildeo dos personagens da forma como Berkenstock conseguiu pudeapresentar algumas percepccedilotildees de teatro no estaacutegio por exemplo mostrar como ofigurino faz parte da identidade do personagem Observei na sala de aula que eacute bemmais interessante apresentar um objeto experimentaacute-lo e dele deduzir os conceitosque apresentar o conceito sem a experimentaccedilatildeo do objeto Por exemplo uma dasalunas do meu estaacutegio queria ser uma espiatilde da primeira guerra mundial Entatildeo faleipra ela sobre Mata Hari que foi espiatilde naquela eacutepoca Dali seria possiacutevel extrair umfigurino uma idade uma personalidade e outras caracteriacutesticas para a personagemNatildeo eacute diferente do trabalho do ator com alguns papeacuteis E natildeo eacute diferente da alunada Oslashsterskov Efterskole estudando matemaacutetica ao construir um arqueduto

Quando na minha infacircncia e adolescecircncia fui envolvida pelo RPG natildeo per-cebi o quanto de teatro jaacute estava conhecendo Criaacutevamos nossos proacuteprios figurinosmontaacutevamos o cenaacuterio com o que encontraacutevamos na rua e em casa improvisaacutevamosadereccedilos com toda a sorte de objetos e claro interpretaacutevamos muitos tipos de perso-nagens Tiacutenhamos a praacutetica constante de ressignificar objetos e transformar uma pedra

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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

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ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
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Capiacutetulo 5 O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR

em um pedaccedilo de carne ou um graveto numa varinha maacutegica Nos debruccedilaacutevamoshoras na biblioteca pesquisando mitologia grega japonesa celta e noacuterdica para criarnovos jogos Parece a descriccedilatildeo de uma brincadeira de crianccedila Natildeo deixava de serEntretanto quando comecei de fato a estudar o teatro pude ver o quanto eu jaacute conheciagraccedilas ao jogo e o quanto eu poderia aprender mais O RPG acima de tudo despertouem mim a paixatildeo pelo teatro Jogando alguma campanha quando jaacute estava cursandoArtes Cecircnicas era possiacutevel para o jogo e comentar ldquoSabe o que eacute essa quest Eacute oobjetivo do seu personagem dentro do enredoldquo e assim comentar sobre A preparaccedilatildeodo Ator de Stanislavski Ou entatildeo criando o figurino do personagem e imaginaacute-lo emcena

Colocar o jogo do RPGno teatro eacute o que eu muitas vezes desejei apoacutes umacampanha Muita coisa realmente interessante eacute criada Criar na sala de aula e depoiscolocar no palco teatral eacute apenas uma parte do conhecimento criado ao longo dopocesso As percepccedilotildees tanto praacuteticas quanto subjetivas podem ser profundamentevivenciadas pelos alunos e assim transformadas por eles em algo significativo para elesmesmos Eacute quando uma criaccedilatildeo genuiacutena e coletiva dos alunos recebe reconhecimentoE eacute por isso que acredito no poder desse jogo para o ensino do teatro e no teatro comouma nova percepccedilatildeo do mundo para os alunos Pois eacute um lugar amplo na construccedilatildeodo conhecimento artiacutestico

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

39

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

42

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

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ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

44

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

46

  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 33: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A busca por novas metodologias de ensino na vida do educador deve sersempre constante E eacute claro sempre focando o desenvolvimento dos alunos Eacute precisobuscar a realidade deles e adaptar-se de acordo com suas realidades sociais e individu-ais Ao mesmo tempo eacute preciso guiar o aluno para a autonomia e o pensamento criacuteticofazendo-o refletir sobre o mundo e ele mesmo O RPG tem potencial para realizar essefeito Ao criar ele mesmo o contexto de seu aprendizado e de maneira luacutedica o alunocompreende melhor a proacutepria realidade e seu lugar no mundo O jogo eacute uma opccedilatildeobastante promissora mas ainda pouco explorada nas salas de aula

Acredito que um dos principais motivos para o sucesso dos resultados detodos os pesquisadores que trabalham com o RPG e o LARP eacute tambeacutem a ludicidadepresente no jogo Quando o aluno se diverte e gosta de jogar ele se empenha bemmais do que faria sentado em uma sala de aula Fazendo um paralelo entre a minhaexperiecircncia no estaacutegio e os estudos apresentados notei que meus alunos que estavamquietos e tiacutemidos na sala de aula se eu tivesse tido a oportunidade de avanccedilar no meutrabalho teriam tido a oportunidade de desenvolver suas habilidades de expressatildeo ecomunicaccedilatildeo tatildeo bem quanto os alunos de Lunau

Eacute claro que o trabalho do docente tende a se tornar mais prazeroso e divertidotambeacutem Nada mais divertido na posiccedilatildeo de mestre do jogo que criar as aventuras aserem jogadas e levar para os jogadores ver a histoacuteria se desenrolar e os conhecimen-tos serem construiacutedos ao longo da campanha O educador tambeacutem aprende quandoeduca e no RPG pode tambeacutem fazer parte do jogo Nada impede que o professorseja um jogador E eacute bastante interessante colocar os alunos na posiccedilatildeo de mestretambeacutem Eacute um espaccedilo bastante aberto e horizontal onde depois de um tempo haacutede se notar que os alunos vatildeo acabar trazendo eles mesmos as percepccedilotildees teatraisnecessaacuterias inclusive ultrapassando os limites e se aprofundando ainda mais porconta proacutepria Vaacuterias vezes durante meus jogos na adolescecircncia li livros e mais livrossobre mitologias variadas apenas para mestrar uma campanha estudei relevos paracriar mapas e pesquisei vaacuterias eacutepocas para criar cenaacuterios e figurinos Eacute um estiacutemulobastante rico pois envolvidos pelo jogo queremos sempre melhoraacute-lo

Minha experiecircncia na sala de aula natildeo pocircde ser concluiacuteda poreacutem ver que aideia deu tatildeo certo em outras partes do mundo me anima a continuar pesquisando eem breve pocircr minhas ideias em praacutetica dentro do ensino de Artes Agora vejo que posso

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Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

35

Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

38

ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

39

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

40

ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

41

ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

42

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

43

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

44

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

45

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 34: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Capiacutetulo 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

adaptar melhor meu plano de aula para cada turma depois de observar os resultadosdo estaacutegio ao colocar certas atividades para serem feitas em casa Tambeacutem penso emoutras opccedilotildees para o mestre do jogo pois dependendo da turma talvez seja melhorque o professor seja sempre o mestre ou que ele jogue como um personagem e passea funccedilatildeo para um aluno por vez entre outras possibilidades

A dificuldade que se vecirc em criar interesse por teatro nos alunos pode serfacilmente superada ao trazer a ludicidade e o jogo para a sala de aula O caraacutetercooperativo do jogo de RPG vem tambeacutem para incluir todos os alunos mesmo osque possuem dificuldades de aprendizado e socializaccedilatildeo neutralizando algum tipo demarginalizaccedilatildeo que possa ocorrer na sala de aula Eacute um campo que pretendo explorarcada vez mais e em vaacuterias faixas-etaacuterias ambientes e niacuteveis sociais A vivecircncia doRPG na sala de aula tem ainda muita coisa a ser desvelada e aprimorada para o ensinodo teatro

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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

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ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

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ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

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ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

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ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

42

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

43

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

44

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

45

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

46

  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
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REFEREcircNCIAS

AJ+ A School for LARPing 2017 Viacutedeo Disponiacutevel em lthttpswwwfacebookcomajplusenglishvideos949902925151215gt Acesso em 28052017 Citado na paacutegina28

BALZER Myriel KURZ Julia Learning by playing - LARP as a teaching method2015 Disponiacutevel em lthttpsnordiclarporg20150304learning-by-playing-larp-as-a-teaching-methodgt Acesso em 25062017 Citado na paacutegina 27

BLUME Juliana Dungeons and Dragons eacute nova ferramenta de terapeutasque trabalham com adolescentes 2017 Disponiacutevel em lthttphypesciencecomterapeutas-estao-usando-dungeons-dragons-para-fazer-jovens-se-abriremgt Acessoem 25062017 Citado na paacutegina 29

CAFEacute Acircngela Barcellos Ludicidade e Jogo In Dos contadores de histoacuterias edas histoacuterias dos contadores 1 ed Goiacircnia - GO UFG 2005 ISBN 85-7274-255-7Citado 2 vezes nas paacuteginas 28 e 29

CESPE Caderno de provas ndash Conhecimentos Especiacuteficos ndash cargo 3 professor deeducaccedilatildeo baacutesica ndash aacuterea de atuaccedilatildeo artes Brasiacutelia [sn] 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwcespeunbbrconcursosSEE_16_DFarquivos290_SEEDF_003_01pdfgt Acessoem 27072017 Citado na paacutegina 22

FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa 25ed Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) ISBN 8521902433 Disponiacutevelem lthttpwwwapeoesporgbrsistemackfiles4-Freire_P_Pedagogiadaautonomiapdfgt Acesso em 26062017 Citado na paacutegina 24

LUFTSTARK Uma Breve Histoacuteria da Origem do RPG 2015 Disponiacutevel em lthttprolandodadoscombruma-breve-historia-da-origem-do-rpggt Acesso em 26062017Citado na paacutegina 9

LUNAU Mads OslashSTERSKOV IN ENGLISH 2006 Disponiacutevel em lthttposterskovdkkontaktin-englishgt Acesso em 27052017 Citado na paacutegina 27

MUNDO DAS TREVAS O que eacute RPG 2014 Disponiacutevel em lthttpsmundodastrevascompageso-que-e-rpggt Acesso em 21062017 Citado 4 vezes nas paacuteginas 9 1011 e 12

PEARL Mike At This Danish School LARPing Is the Future of Education 2015Disponiacutevel em lthttpswwwvicecomen_usarticleat-this-danish-school-larping-is-the-future-of-education-482gt Acesso em 21062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 28e 29

ROSSETO Robson Jogos e Improvisaccedilatildeo Teatral 2012 84 p Monogra-fia (Licenciatura em Artes) mdash UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Guarapuava - PR Disponiacutevel em lthttprepositoriounicentrobrbitstream123456789791Jogoseimprovisa~AT1textsection~AT1textsterlingoteatralperspectivasmetodol~AgloballetT1textthreesuperiorunhbox

34

Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

35

Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

37

ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

38

ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

39

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

40

ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

41

ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

42

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

43

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

44

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

45

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
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Referecircncias

voidbxdefMessageBreakforsymbollsquotextthreesuperiorrsquoedefT1TS1xdefT1phvmit12T1phvmn12begingrouptracingassignsztracingrestoresztracingcommandsztracingpagesztracingmacrosztracingoutputzshowboxbreadthmneshowboxdepthmnetracingstatsnetracingparagraphsztracinggroupszescapecharmneletMTsubstT1phvmit12defparT1textthreesuperiortextthreesuperiorgicaspdfgt Acesso em 27072017Citado na paacutegina 10

SEDF Curriacuteculo em movimento da educaccedilatildeo baacutesica Ensino Fundamental anos fi-nais Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel em lthttpsissuucomsedfdocs4-ensino-fundamental-anos-finaisgt Acesso em 26062017 Citado 2 vezes nas paacuteginas 21 e 23

STANISLAVSKI Constantin A preparaccedilatildeo do ator 32 ed Rio de Janeiro CivilizaccedilatildeoBrasileira 1936 ISBN 8520002684 Citado na paacutegina 12

THOMAZ Sueli Barbosa O jogo dramaacutetico e o imaginaacuterio de alunos nas aulas de teatroPraacutexis Educativa UEPG Ponta Grossa - PR v 2 n 1 p 43 ndash 50 Janeiro 2007 ISSN18094309 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistas2uepgbrindexphppraxiseducativaarticleview303310gt Acesso em 13082017 Citado na paacutegina 30

VICENTE Luiacutesa Branco Psicodrama Transferecircncia e contra-transferecircncia AnaacutelisePsicoloacutegica ISPA - Instituto Universitaacuterio Lisboa XXIII n 2 p 79 ndash 83 2005 ISSN1646-6020 Disponiacutevel em lthttppublicacoesispaptindexphpaparticleview73gtAcesso em 05082017 Citado na paacutegina 30

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Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

37

ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

38

ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

39

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

40

ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

41

ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

42

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

43

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

44

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

45

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

46

  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 37: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

Anexos

ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

37

ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

38

ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

39

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

40

ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

42

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

43

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

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ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
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ANEXO A ndash PLANO DE CURSO

Apresentaccedilatildeo Este plano de curso apresenta 30haula de teatro como partedo estaacutegio obrigatoacuterio As aulas seratildeo ministradas no CEF Dra Zilda Arns do Itapoatildeno turno matutino de 730 agraves 1230 30 horas divididas em 6 aulas para as turmasde 8ordm e 9ordm anos (15 horas para cada turma) De uma maneira bem luacutedica e partindodo universo dos jogos de RPG esse curso pretende aguccedilar a criatividade dos alunosna criaccedilatildeo de suas proacuteprias estoacuterias a partir de fatos histoacutericos estudados na aula dehistoacuteria Com a criaccedilatildeo de personagens seratildeo trabalhados tambeacutem os conceitos defigurino maquiagem e adereccedilos A partir das histoacuterias criadas com os grupos seratildeotrabalhados a cenografia e a iluminaccedilatildeo assim como a estrutura do teatro em si

Justificativa O ensino do teatro no ensino baacutesico eacute importante natildeo soacute para aformaccedilatildeo de puacuteblico mas para ajudar na compreensatildeo que os alunos tecircm do mundo ede si mesmos Aleacutem disso pode ser uma poderosa ferramenta interdisciplinar ao tratarde questotildees histoacutericas poliacuteticas sociais e filosoacuteficas inserindo tais assuntos de umaoutra perspectiva O teatro tambeacutem ajuda a aguccedilar a imaginaccedilatildeo e a criatividade dosalunos buscando tambeacutem melhorar as relaccedilotildees entre eles e entre eles e o mundo

Objetivo Geral Realizar uma montagem coletiva com texto criado e encenadopela turma a partir de um jogo de RPG para desenvolvimento do conhecimento da arteteatral seus conceitos e suas teacutecnicas

Especiacuteficos

- Promover a interdisciplinaridade e desenvolver trabalho junto ao professor dehistoacuteria para melhor compreensatildeo do mundo isso facilita natildeo soacute a compreensatildeo doconteuacutedo como traz o teatro para um acircmbito mais real ao fazer um paralelo com fatoshistoacutericos

- Construccedilatildeo coletiva (cenaacuterio figurino adereccedilos texto iluminaccedilatildeo persona-gem) ajuda os alunos a desenvolver a noccedilatildeo de coletividade e a entender a importacircnciade valorizar o trabalho do outro

- Exerciacutecio da criatividade dos alunos e valorizaccedilatildeo de suas ideias na criaccedilatildeoao serem ouvidos e terem suas ideias valorizadas os alunos tecircm sua identidaderespeitada

37

ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

38

ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

39

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

40

ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

41

ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

42

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

43

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

44

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

45

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

46

  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 39: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

ANEXO A Plano de Curso

Metodologia RPG (Role-playing Game) baseado no universo e contexto dasaulas de histoacuteria (conteuacutedos jaacute estudados)

A partir de uma ficha de RPG baseada no jogo Vampire the MasqueradeBloodlines reg os alunos iratildeo jogar dados para definir os atributos iniciais a seremdistribuiacutedos na ficha Cada aluno iraacute definir as caracteriacutesticas de personalidade de seuspersonagens a partir dos 4 pilares signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial Em grupos de 4 ou 5 seraacute definido um mestre aquele que iraacute narrar a histoacuteria eimpor desafios aos demais Um dos alunos toma notas enquanto o restante compotildee atrama narrada pelo mestre Essa configuraccedilatildeo eacute rotativa cada mestre teraacute um tempodefinido para narrar sua histoacuteria com os personagens disponiacuteveis (2 aulas)

Depois da primeira sessatildeo do jogo mais pilares de criaccedilatildeo do personagemseratildeo inseridos 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta e episoacutediode transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que o fez se tornar oque eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformou no Batman) Apoacutesdefinidos esses pilares os alunos apresentam os personagens de alguma forma graacuteficacom uma colagem um desenho uma escultura ou um boneco caracterizado (1 aula)

Os jogos iratildeo continuar por mais duas sessotildees ou ateacute que cada grupo tenhauma histoacuteria mais ou menos estruturada que possa ser ensaiada e apresentadaQuando cada grupo tiver uma cena iraacute comeccedilar a caracterizaccedilatildeo dos alunos comopersonagens usando roupas que eles iratildeo trazer de casa acessoacuterios entre outros (1aula)

Apoacutes cada grupo iraacute definir o cenaacuterio de cada cena criando desenhos (visatildeofrontal e de cima mapas) e maquetes Na fase final as histoacuterias criadas seratildeo estru-turadas em um espetaacuteculo de quadros com sequencia escolhida com os alunos (2aulas)

Avaliaccedilatildeo Portfoacutelio do grupo (passos da criaccedilatildeo do personagem desenhosmaquetes rascunhos das histoacuterias e suas versotildees finais) diaacuterio de bordo (impres-sotildees dos alunos com data) auto-avaliaccedilatildeo (evoluccedilatildeo dentro das aulas processo deconstruccedilatildeo trabalho em equipe) avaliaccedilatildeo do professor participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeofinal

Criteacuterios de avaliaccedilatildeo portifoacutelio e diaacuterios de bordo completos (50) resoluccedilatildeode conflitos dentro do grupo (25) apresentaccedilatildeo oral da evoluccedilatildeo do processo atraveacutes

38

ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

39

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

40

ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

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ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

42

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

43

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

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ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

45

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

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  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 40: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

ANEXO A Plano de Curso

do portfoacutelio (25)

39

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

40

ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

41

ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

42

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

43

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

44

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

45

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

46

  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 41: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

ANEXO B ndash PLANOS DE AULAS

B1 Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto

Objetivo Conhecer a turma e sua abertura agrave metodologia aplicada

bull Primeiro momento Sondagem (em roda de conversa)

Quem gosta de jogos

Quem joga algum jogo (futebol vocirclei jogos online jogos de cartas)

Quais as caracteriacutesticas de um jogo (regras objetivo duraccedilatildeo etc)

O que entendem por jogos teatrais

Quais jogos costumam jogar

Quem conhece um tipo de jogo chamado RPG

O que vocecircs entendem por RPG

Quem quer jogar uma partida de RPG

bull Segundo momento As regras do jogo de RPG

Divisatildeo dos grupos (4 ou 5 alunos)

Exposiccedilatildeo da ficha e como preencher (rolando dados)

Definiccedilatildeo dos universos do jogo

40

ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

41

ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

42

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

43

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

44

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

45

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

46

  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 42: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

ANEXO B Planos de aulas

Criaccedilatildeo do personagem (signo data de nascimento muacutesica tema e statussocial)

Avaliaccedilatildeo visto nas anotaccedilotildees das fichas e criaccedilatildeo de personagens

B2 Aula 2 Primeira partida

Objetivo Familiarizar os alunos com o jogo e as regras

bull Primeiro momento Conhecendo histoacuterias

- Viacutedeos

1) Contar a histoacuteria dos viacutedeos com as proacuteprias palavras

2) Identificar personagens (heroacutei vilatildeo demais personagens)

3) Criar listas para o jogo (heroacuteis vilotildees monstros)

4) Criar histoacuteria curta dentro do grupo utilizando as listas (proacutelogo do jogo)

bull Segundo momento A partida

Regras da partida

1) Um mestre (aquele que conta a histoacuteria) a sua direita aquele que toma notasos demais seratildeo personagens da histoacuteria narrada pelo mestre

2) Cada mestre tem 10 minutos para narrar a histoacuteria

3) A pessoa responsaacutevel pelas anotaccedilotildees escreve as narrativas do mestre e asescolhas dos personagens em um relatoacuterio

4) A cada desafio proposto pelo mestre os personagens devem tomar umadecisatildeo Se essa decisatildeo seraacute efetiva vai depender da rolagem dos dados (ExO personagem se vecirc obrigado a decidir entre um casamento e fugir do paiacutes Seele se casar haacute o risco de ser obrigado a ir pra guerra se fugir nunca mais veraacute

41

ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

42

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

43

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

44

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

45

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

46

  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 43: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

ANEXO B Planos de aulas

a pessoa com quem iria se casar Essa decisatildeo exige os atributos Inteligecircnciae Perspicaacutecia por exemplo Supondo que os pontos desses atributos sejamrespectivamente 5 e 3 os dados seratildeo rolados primeiro para um atributo edepois para o outro apoacutes o personagem tomar sua decisatildeo Se os pontosnos dados forem iguais ou inferiores aos pontos da ficha o personage mtomaraacute aquela decisatildeo no curso da histoacuteria Caso os nuacutemeros nos dados sejamsuperiores aos nuacutemeros da ficha a decisatildeo tomada seraacute a oposta)

5) Apoacutes os 10 minutos do mestre atual as funccedilotildees giram para a esquerda assimquem era mestre agora iraacute anotar e um dos personagens se torna mestre

6) A histoacuteria anterior deve ser continuada

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e primeira parte do portfoacutelio (Avalia-ccedilatildeo)

1) Momento em que os alunos fazem suas anotaccedilotildees PESSOAIS no cadernodestinado ao diaacuterio de bordo

2) As anotaccedilotildees das partidas devem ser passadas a limpo para compor o portfoacutelioSEM SER DESCARTADA A PRIMEIRA VERSAtildeO que tambeacutem deve compor oportfoacutelio

B3 Aula 3 Segunda partida

Objetivo Continuar o jogo

bull Primeiro momento O personagem

Atribuiccedilatildeo de novas caracteriacutesticas e caminhada no espaccedilo

1) Equiliacutebrio do espaccedilo

2) Velocidades de caminhada

3) Comandos (pular cair foto etc)

4) Continuaccedilatildeo da caminhada do personagem (peso no corpo trejeitos velocida-des)

42

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

43

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

44

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

45

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

46

  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 44: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

ANEXO B Planos de aulas

5) Introduccedilatildeo de 3 a 4 frases de efeito arma ou poder (se tiver) vestimenta eepisoacutedio de transformaccedilatildeo (um fato que ocorreu na vida do personagem que ofez se tornar o que eacute Exemplo a morte dos pais de Bruce Wayne o transformouno Batman)

bull Segundo momento A partida

Com o mesmo grupo e inserindo as novas caracteriacutesticas dos personagens eacutejogada uma nova partida seguindo as mesmas regras da aula anterior

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio

Avaliaccedilatildeo Seraacute passado o visto nas anotaccedilotildees do diaacuterio de bordo anteriore nas duas versotildees das anotaccedilotildees para o portfoacutelio e haveraacute um tempo para que osalunos escrevam o diaacuterio do dia

bull Para casa

Texto sobre o personagem

1) Em 10 linhas os alunos iratildeo escrever resumidamente a histoacuteria dos persona-gens

2) Seraacute feita uma lista com os objetos pessoais dos personagens suas roupas eadereccedilos

3) Nessa lista deve constar apenas o essencial para a histoacuteria assim os alunosdevem saber por quecirc seus personagens usariam ou teriam aqueles objetos

Apresentaccedilatildeo graacutefica dos personagens

1) Os alunos iratildeo criar um desenho escultura colagem ou alguma outra apre-sentaccedilatildeo graacutefica de seus personagens de acordo com o texto e a lista criadosanteriormente

43

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

44

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

45

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

46

  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 45: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

ANEXO B Planos de aulas

2) Em roda com os projetos prontos os alunos iratildeo falar rapidamente sobre seuspersonagens (Conteuacutedo das fichas e do texto)

OBS para a proacutexima aula pedir roupas dos alunos que possam ser usadaspara a caracterizaccedilatildeo com os personagens

B4 Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena

Objetivo Definir os roteiros das cenas a serem ensaiadas

bull Primeiro momento Jogo e roteiro

1) Com as roupas que os alunos trouxeram todos iratildeo se caracterizar com seuspersonagens

2) Seraacute jogada uma partida (rodada com todos do grupo)

3) A partir das anotaccedilotildees dos jogos anteriores seraacute feito um roteiro da cena a serensaiada

bull Segundo momento Ensaio da cena com a caracterizaccedilatildeo

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e portfoacutelio (avaliaccedilatildeo)

bull Para casa Maquetes dos cenaacuterios

Objetivo Criaccedilatildeo dos cenaacuterios

1) A partir das anotaccedilotildees dos jogos do roteiro e do portfoacutelio cada grupo iraacute definirum mapa (localizaccedilatildeo do cenaacuterio como a rua ou o bairro onde alguma cenaocorre) uma aacuterea interna (casa escola preacutedio) e uma aacuterea externa (jardimparque praccedila floresta)

2) Definir tambeacutem objetos nesses cenaacuterios

44

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

45

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

46

  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 46: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

ANEXO B Planos de aulas

3) Cada grupo iraacute desenhar um mapa simples da maquete que iratildeo construir

4) Na maquete deveraacute ser construiacuteda uma aacuterea interna e uma externa

5) Apoacutes concluiacutedas as maquetes seratildeo fotografadas e iratildeo compor o cenaacuterio dascenas a serem apresentadas

OBS Pedir que tragam as roupas na proacutexima aula

B5 Aula 5 Estrutura final

Objetivo Estruturar um espetaacuteculo de quadros curtos

bull Primeiro momento Apresentaccedilatildeo das cenas

1) Os alunos se caracterizam como personagens

2) Eacute dado um tempo para um ensaio raacutepido

3) Em ordem aleatoacuteria apresentam as cenas

bull Segundo momento Definiccedilatildeo da ordem das cenas e ensaios

1) Apoacutes as apresentaccedilotildees em roda seraacute discutida a ordem das cenas para umpossiacutevel espetaacuteculo

2) Ensaios e direccedilatildeo das cenas juntamente com a professora da turma

3) Ensaio raacutepido ldquopassadatildeordquo com ordem das cenas e marcaccedilotildees

bull Terceiro momento Diaacuterio de bordo e Portfoacutelio

45

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

46

  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio
Page 47: O USO DO RPG NO ENSINO DE TEATRO · 2019-06-13 · No primeiro capítulo explico como surgiu o RPG e como o jogo funciona. Esse é um tipo de jogo, como o próprio nome sugere, onde

ANEXO B Planos de aulas

B6 Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio

Objetivo Avaliar o resultado final

bull Primeiro momento Exposiccedilatildeo dos portfoacutelios e maquetes

1) Os alunos montaratildeo uma exposiccedilatildeo do processo de criaccedilatildeo

2) Organizaccedilatildeo e exposiccedilatildeo a criteacuterio de cada grupo

bull Segundo momento Apresentaccedilatildeo (local e puacuteblico a criteacuterio dos alunos)

1) Ensaio geral com todas as cenas completas

2) Ensaio ldquopassadatildeordquo com marcas

3) Apresentaccedilatildeo

bull Terceiro momento Roda de conversa e avaliaccedilatildeo final

1) Avaliaccedilatildeo dos alunos em relaccedilatildeo a si mesmos ao grupo e agrave professora

2) Avaliaccedilatildeo da professora em relaccedilatildeo a si mesma e a turma

46

  • Folha de rosto
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Sumaacuterio
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • O RPG
  • O RPG NO ENSINO DE TEATRO
  • O MEU ESTAacuteGIO
  • O RPG NO AMBIENTE ESCOLAR
  • CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • Referecircncias
  • Anexos
    • Plano de Curso
    • Planos de aulas
      • Aula 1 Conhecendo o aluno e sua concepccedilatildeo a respeito do jogo proposto
      • Aula 2 Primeira partida
      • Aula 3 Segunda partida
      • Aula 4 Terceira partida e estrutura da cena
      • Aula 5 Estrutura final
      • Aula 6 Apresentaccedilatildeo final e exposiccedilatildeo do portfoacutelio