º urucuia revisitado - linguagemviva.com.br · um enredo aparentemente corri-queiro, mas que...

9
Ano XXVII Nº 333 maio de 2017 O escritor Napoleão Valadares transita, com talento e arte, por diversos gêneros literários. Já pu- blicou mais de uma dezena de li- vros, dentre os quais romances, contos, crônicas, poesia e teatro, além de prestar um bom serviço à literatura aqui produzida, com o Di- cionário de Escritores de Brasília. Escreveu também um livro sobre a obra de Guimarães Rosa: Os Per- sonagens de Grande Sertão: Vere- das. Demonstra conhecimento e domínio das diversas técnicas e capacidade exemplar de constru- ção literária, com o trato fino da lin- guagem, que alcança sempre, em sua lavra, elevado grau de literariedade. No entanto, parece ser de pre- dileção do autor as composições em prosa narrativa, principalmente o romance e o conto. De feição pre- dominantemente regionalista, se- guindo o veio explorado magistral- mente pelo autor de Grande Sertão: Veredas, de quem Napoleão certa- mente recebeu valiosa e salutar in- fluência, seus livros constroem, a par dessa influência, suas próprias veredas, num estilo comedido, sem arroubos e invencionices imperti- nentes, mas com a propriedade e o bom gosto só conquistados pelos escritores de alta linhagem literária. Em geral, suas narrativas retratam o sertão mineiro, tecendo tramas bem articuladas e envolventes, cujos personagens são seres típi- cos das fazendas, dos arraiais, dos povoados de Minas Gerais, especi- almente da região do Urucuia. E o que vem à tona são vidas de gente simples, mas que, nas narrativas do autor ganham significado e es- trutura romanesca, pelas implica- ções existenciais, pelas façanhas que protagonizam, pelas peripéci- as que enfrentam na labuta pela sobrevivência, e pela realização de seus sonhos, na parte que lhes cabe para o cumprimento de seus destinos. URUCUIA REVISITADO Wilson Pereira Aliás, Urucuia é o título do pri- meiro romance de Napoleão Valadares, obra muito bem recebi- da pela crítica. O escritor mineiro Danilo Gomes assim a conceituou: “As catiras, as Festas de Reis, a moda de viola, o linguajar pitoresco que o autor resgata e transforma em arte literária da melhor qualida- de (...) Minas, um mundo, um mun- do de gado e tropa, mula ruana, cavalo rosilho, boi barroso, boiada nas enchentes, grandes rixas. Pon- tas de faca, a desavença de Honório e Jorge”. Do Sertão, último livro de Napoleão Valadares, recentemente lançado, traz um conjunto de con- tos cujo ambiente, os personagens e os motivos temáticos seguem a mesma trilha de seus romances, só que agora fragmentados em peque- nas histórias. E, naturalmente, os personagens são tipos recriados desse mesmo rincão mineiro. Como autêntico urucuiano, nascido em Arinos, onde ainda tem proprie- dade rural, o autor maneja sua ma- téria com conhecimento de causa, demonstra, além de desenvoltura, pela vivência no espaço geográfico, e intimidade, pela convivência com as pessoas que nele habitam e la- butam. Disso resulta preciosa ex- tração de todo um cabedal de cul- tura, de sabedoria viva, pode-se di- zer de sabença, que se subenten- de das ações e atitudes de seus personagens, inspirados na realida- de cotidiana de pessoas simples e humildes, mas com valores e virtu- des humanos sólidos. É o que se percebe, por exemplo, na descrição do personagem Tomazão: “No cum- primento de tratos e compromissos, via-se sempre na obrigação de ser correto e completo, nunca deixan- do acontecer escorrego” (p. 53). E o autor, mesmo quando ex- plora aspectos ou episódios pica- rescos, burlescos, ou tropeços e mazelas, dá tratamento respeitoso e simpático a seus personagens, sem expô-los a vexames ou a ridí- culos humilhantes. O humor está presente em muitas dessas peças narrativas, muito bem contadas, tanto pelo inu- sitado de muitas situações, quanto pela produção/recriação do linguajar caipira daquela gente deveras inte- ressante. Deve o leitor divertir-se com muitos “casos”, que seguem um enredo aparentemente corri- queiro, mas que apresentam de- senlace de surpreendente comicidade, como ocorre, para ci- tar apenas quatro exemplos, em “A Serenata” (p. 9); “Caim” (p. 32); Tomazão, a Mulher e a Outra” (p. 53); e “Égua Sonsa” (p. 103). O toque de humor e a verossi- milhança dos fatos, além da manei- ra descontraída, de uma quase oralidade, como são narrados, em- prestam a muitos dos contos do li- vro um sabor de causos. E isso, salvo engano, não é muito comum entre os contistas brasileiros, sen- do mais frequentemente executado por cronistas. Ocorre-me, em rela- ção à espécie conto, os já um tanto remotos Contos Gauchescos e Casos do Romualdo, de J. Simões Lopes Neto. No entanto, os contos de Napoleão Valadares têm alcance mais amplo – além do cômico – que é, vale ressaltar, o de resgatar e recriar o mundo do sertão urucuiano, com seus tipos huma- nos peculiares, cujo linguajar tipica- mente caipira e regionalista enrique- ce a Língua Portuguesas e a Litera- tura Brasileira. Além disso, o autor tece e costura um tecido cultural, humanístico e existencial de varia- da e bela estampa, arrematado pela expressão de refinado acabamen- to literário. Wilson Pereira é poeta, contista, cronista, professor universitário e Mestre em Literatura Brasileira pela UNB. Napoleão Valadares divulgação

Upload: phamdat

Post on 13-Feb-2019

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: º URUCUIA REVISITADO - linguagemviva.com.br · um enredo aparentemente corri-queiro, mas que apresentam de-senlace de surpreendente ... remotos Contos Gauchescos e Casos do Romualdo,

Ano XXVII Nº 333 maio de 2017

O escritor NapoleãoValadares transita,com talento e arte, por

diversos gêneros literários. Já pu-blicou mais de uma dezena de li-vros, dentre os quais romances,contos, crônicas, poesia e teatro,além de prestar um bom serviço àliteratura aqui produzida, com o Di-cionário de Escritores de Brasília.Escreveu também um livro sobre aobra de Guimarães Rosa: Os Per-sonagens de Grande Sertão: Vere-das.

Demonstra conhecimento edomínio das diversas técnicas ecapacidade exemplar de constru-ção literária, com o trato fino da lin-guagem, que alcança sempre, emsua lavra, elevado grau deliterariedade.

No entanto, parece ser de pre-dileção do autor as composiçõesem prosa narrativa, principalmenteo romance e o conto. De feição pre-dominantemente regionalista, se-guindo o veio explorado magistral-mente pelo autor de Grande Sertão:Veredas, de quem Napoleão certa-mente recebeu valiosa e salutar in-fluência, seus livros constroem, apar dessa influência, suas própriasveredas, num estilo comedido, semarroubos e invencionices imperti-nentes, mas com a propriedade e obom gosto só conquistados pelosescritores de alta linhagem literária.Em geral, suas narrativas retratamo sertão mineiro, tecendo tramasbem articuladas e envolventes,cujos personagens são seres típi-cos das fazendas, dos arraiais, dospovoados de Minas Gerais, especi-almente da região do Urucuia. E oque vem à tona são vidas de gentesimples, mas que, nas narrativasdo autor ganham significado e es-trutura romanesca, pelas implica-ções existenciais, pelas façanhasque protagonizam, pelas peripéci-as que enfrentam na labuta pelasobrevivência, e pela realização deseus sonhos, na parte que lhescabe para o cumprimento de seusdestinos.

URUCUIA REVISITADOWilson Pereira

Aliás, Urucuia é o título do pri-meiro romance de NapoleãoValadares, obra muito bem recebi-da pela crítica. O escritor mineiroDanilo Gomes assim a conceituou:“As catiras, as Festas de Reis, amoda de viola, o linguajar pitorescoque o autor resgata e transformaem arte literária da melhor qualida-de (...) Minas, um mundo, um mun-do de gado e tropa, mula ruana,cavalo rosilho, boi barroso, boiadanas enchentes, grandes rixas. Pon-tas de faca, a desavença deHonório e Jorge”.

Do Sertão, último livro deNapoleão Valadares, recentementelançado, traz um conjunto de con-tos cujo ambiente, os personagense os motivos temáticos seguem amesma trilha de seus romances, sóque agora fragmentados em peque-nas histórias. E, naturalmente, ospersonagens são tipos recriados

desse mesmo rincão mineiro.Como autêntico urucuiano, nascidoem Arinos, onde ainda tem proprie-dade rural, o autor maneja sua ma-téria com conhecimento de causa,demonstra, além de desenvoltura,pela vivência no espaço geográfico,e intimidade, pela convivência comas pessoas que nele habitam e la-butam. Disso resulta preciosa ex-tração de todo um cabedal de cul-tura, de sabedoria viva, pode-se di-zer de sabença, que se subenten-de das ações e atitudes de seuspersonagens, inspirados na realida-de cotidiana de pessoas simples ehumildes, mas com valores e virtu-des humanos sólidos. É o que sepercebe, por exemplo, na descriçãodo personagem Tomazão: “No cum-primento de tratos e compromissos,via-se sempre na obrigação de sercorreto e completo, nunca deixan-do acontecer escorrego” (p. 53).

E o autor, mesmo quando ex-plora aspectos ou episódios pica-rescos, burlescos, ou tropeços emazelas, dá tratamento respeitosoe simpático a seus personagens,sem expô-los a vexames ou a ridí-culos humilhantes.

O humor está presente emmuitas dessas peças narrativas,muito bem contadas, tanto pelo inu-sitado de muitas situações, quantopela produção/recriação do linguajarcaipira daquela gente deveras inte-ressante. Deve o leitor divertir-secom muitos “casos”, que seguemum enredo aparentemente corri-queiro, mas que apresentam de-senlace de surpreendentecomicidade, como ocorre, para ci-tar apenas quatro exemplos, em “ASerenata” (p. 9); “Caim” (p. 32);Tomazão, a Mulher e a Outra” (p.53); e “Égua Sonsa” (p. 103).

O toque de humor e a verossi-milhança dos fatos, além da manei-ra descontraída, de uma quaseoralidade, como são narrados, em-prestam a muitos dos contos do li-vro um sabor de causos. E isso,salvo engano, não é muito comumentre os contistas brasileiros, sen-do mais frequentemente executadopor cronistas. Ocorre-me, em rela-ção à espécie conto, os já um tantoremotos Contos Gauchescos eCasos do Romualdo, de J. SimõesLopes Neto.

No entanto, os contos deNapoleão Valadares têm alcancemais amplo – além do cômico – queé, vale ressaltar, o de resgatar erecriar o mundo do sertãourucuiano, com seus tipos huma-nos peculiares, cujo linguajar tipica-mente caipira e regionalista enrique-ce a Língua Portuguesas e a Litera-tura Brasileira. Além disso, o autortece e costura um tecido cultural,humanístico e existencial de varia-da e bela estampa, arrematado pelaexpressão de refinado acabamen-to literário.

Wilson Pereira é poeta,contista, cronista, professoruniversitário e Mestre em

Literatura Brasileira pela UNB.

Napoleão Valadares

divulgação

Page 2: º URUCUIA REVISITADO - linguagemviva.com.br · um enredo aparentemente corri-queiro, mas que apresentam de-senlace de surpreendente ... remotos Contos Gauchescos e Casos do Romualdo,

Página 2 - maio de 2017

Periodicidade: mensal - www.linguagemviva.com.brEditores: Adriano Nogueira (1928 - 2004) e Rosani Abou Adal

Rua Herval, 902 - São Paulo - SP - 03062-000Tels.: (11) 2693-0392 - 97358-6255

Distribuição: Encarte em A Tribuna Piracicabana, distribuído aassinantes, bibliotecas, livrarias, entidades, escritores e faculdades.

Impresso em A Tribuna Piracicabana -Rua Tiradentes, 647 - Piracicaba - SP - 13400-760

Selos e logo de Xavier - www.xavierdelima1.wix.com/xaviArtigos e poemas assinados são de responsabilidade dos autoresO conteúdo dos anúncios é de responsabilidade das empresas.

Assinatura anual: R$ 100,00semestral: R$ 50,00

Tels.: (11) 2693-0392 - 97358-6255

[email protected]

Raquel Naveira

Raquel Naveira é escritora,poeta e membro da Academia

Sul-Mato-Grossense de Letras.

Dr. Djalma AllegroDra. Ana Martha Ladeira

Advocacia Trabalhista Especializada

Rua do Bosque, 1589 - Cj. 301 - São Paulo - SPTels.: (11) 3393-7164 - 3393-7165 - [email protected]

É sempre bom passeio visitar a Pinacoteca. A cadaida, renova-se o meu fas-

cínio pelo quadro “Saudade”, deAlmeida Júnior.

Almeida Júnior foi um pintor dasegunda metade do século XIX, pre-cursor da temática regionalista e dacultura caipira. Estudou no Rio deJaneiro na Academia Imperial deBelas Artes. D. Pedro II, impressio-nado com seu trabalho, ofereceu-lhecrédito para estudar em Paris, ondeele morou no bairro dos artistas, oMontmartre. Voltou em 1882, rece-bendo o título de “Cavaleiro da Or-dem da Rosa”. Morreu aos quaren-ta anos, apunhalado, vítima de umcrime passional, em frente a um ho-tel de Piracicaba. Foi assassinadopor um primo, marido traído da belaMaria Laura, pivô da tragédia.

Estou em frente ao não menosdramático quadro “Saudade”. Sintoo choque de emoção e beleza. O querepresenta essa cena? Uma mulherna vertical, toda vestida de negro, ocorpo retorcido, encostado à janela.Uma mulher simples, frágil, abatida,de cabelos presos em desalinho. Aboca coberta pelo xale que abafa osoluço, o sufoco. O ambiente é rús-tico. Um chapéu pendurado no altolembra uma presença masculina.Uma presença que é, ao mesmo tem-po, uma ausência. O que nos fazchorar são as coisas ausentes, man-sas, ternas, que moram em nossasnostalgias. Talvez daí tenham brota-do essas lágrimas grossas que es-correm pelo rosto da moça morena.Talvez ela seja uma amanteinconsolável diante da perda, pois édepois da partida que se chora, quese alcança o mundo do desejo ondenão existe o que se abraçar.

O que segura a mulher com aoutra mão? Uma fotografia? Umamensagem? Uma carta? Algo que elalê; que ela contempla com o cora-

“SAUDADE”, DE ALMEIDA JÚNIORção suspirando; que testa os seuslimites; que a leva a outros lugares,outro tempo, outro jeito de ser. Elalê e sua alma responde; está só eacompanhada; sonha o sonho deoutrem; faz seus os significados dossímbolos que ela devora com osolhos; pensa que seu viver não temmais cura; confere o que está nacarta com o que está impresso emsuas lembranças; incorpora o con-teúdo das frases em seu espírito;preenche com palavras e traços ovazio criado pela saudade. A carta ailumina e a revela com seu facho dearte.

A ponta do manto negro estáimóvel, numa passividade absoluta,num silêncio eterno e sem futuro,num luto sem esperança. O desapa-recimento foi definitivo. Ela nuncamais se vestirá de outra cor, só depreto, como as viúvas que viram osnavios de velas negras deixando ocais do porto de pedra com seus fi-lhos, noivos e maridos para que omar pertencesse a Portugal. Sob asaia negra, há uma pomba preta,eros frustrado. O tecido preto reves-te seu ventre, a escuridão gerado-ra, onde ainda operam o vermelhodo útero, das entranhas e do san-gue.

Há um rito de dor no rosto des-sa mulher anônima, banhado da luzque passa pelo chapéu, pelos brin-cos, pela carta e chega até o baúcoberto de linho branco ao seu lado.Há angústia, melancolia, opacidade,espessura, peso, nessa travessia deinfortúnio.

Toda vez que visito a Pinacote-ca, a atração se renova. O sangueportuguês ferve em minhas veias. Oque representa “Saudade”? Uma fan-tasia que se transfigura. Uma cons-tância na adversidade. Uma prova-ção que o negror ceifa, pois a vida émesmo ilusória.

EditorialRepublicamos nesta edição o último editorial escrito a quatro mãos,

poucos dias antes, do falecimento de Adriano Nogueira em 23 de junho de2004. Mês que vem será dedicada a edição ao companheiro de lutas, edi-tor e fundador do Linguagem Viva.

“A Literatura vem conquistando cada vez mais espaço, embora a lutaem prol da democratização da leitura ainda caminhe a passos lentos. Serãorealizadas campanhas pelos órgãos governamentais e pela iniciativa priva-da, mas isto não é suficiente para que o livro seja acessível à populaçãocarente de leitura.

Alfabetizar todos os brasileiros e extinguir a fome de leitura sem enca-rar de frente esta luta será impossível sem o apoio da população, do gover-no e da iniciativa privada.

Acabar com a fome de leitura se torna uma utopia diante da falta deverbas e recursos destinados à cultura. O governo precisa investir na com-pra de livros, em programas de incentivo à leitura e na construção de bibli-otecas públicas.

A cidade de São Paulo possui um número escasso de bibliotecas públi-cas. Se na maior cidade brasileira o número bibliotecas públicas é pequenoe com acervos desfalcados, como o livro poderá ser acessível a toda apopulação e chegar em todos os rincões do País?

Faltam recursos para se investir em compras de livros e construção debibliotecas, em projetos de incentivo à leitura e contratar escritores pararealização de palestras, simpósios e seminários.

Não vamos apenas criticar. Aproveitamos o ensejo para também elogi-ar os profissionais que trabalham no setor cultural e fazem milagres com apouca verba disponível. Vamos elogiar os escritores que cumprem o seupapel no processo de democratização da leitura. Trabalham sem recebercachês e remuneração digna. Vamos elogiar as bibliotecárias que dignifi-cam a Literatura e são personagens importantes na luta pelo incentivo àleitura.

Vamos elogiar também a luta dos profissionais da cultura para manteras casas de culturas e as bibliotecas de portas abertas. Todos trabalhamcom amor, mas não é só de amor que o homem vive.”

Atualmente estamos vivendo um retrocesso cultural. Almejamos que asbibliotecas municipais de São Paulo não sejam privatizadas e que possamcontinuar enriquecendo culturalmente a comunidade paulistana.

Page 3: º URUCUIA REVISITADO - linguagemviva.com.br · um enredo aparentemente corri-queiro, mas que apresentam de-senlace de surpreendente ... remotos Contos Gauchescos e Casos do Romualdo,

Página 3 - maio de 2017

Cartas a Cassandra, deEly Vieitez Lisboa, 2ªedição que acaba de

ser lançada pela Funpec Editora,são um romance epistolar, que de-sassossega e instiga o leitor.

A literatura epistolar no Brasil épequena, se comparada com a pro-dução em França, Inglaterra e Por-tugal. Adquire certa importânciacom Machado e Nabuco, Mário deAndrade e Bandeira, Lobato eGodofredo Rangel, Jackson deFigueiredo e Tristão de Ataíde, maspouco passa disso e são epístolaspropriamente ditas. No caso deCartas, trata-se de romance, pro-vavelmente único no Brasil e porisso destaca-se pela originalidadee qualidade literárias.

Neste romance sustenta-se atese de que “toda mulher éCassandra”. Cassandra, filha dePríamo e Hécuba, irmã de Heitor ePolixena entre dezenove irmãos, foimerecedora de um amor intenso porparte de Apolo, o deus grego daBeleza. Este lhe dá o dom da pro-fecia com o intuito de seduzi-la e apossuir; não conseguindo seu inten-to, o deus a amaldiçoa, mantém-lheo dom de profetizar, mas não o depersuadir, daí seus vaticínios sem-pre caírem em descrédito Na primei-ra carta – chave para a compreen-são de todo o romance – a narra-dora apresenta a trajetória da Mu-lher dividida em quatro fases: juven-tude – momento do sonho; maturi-dade – momento de aquisição doconhecimento; consciência – mo-mento de transição entre desilusãoe decadência; e velhice – momentode encontro da verdade. Até o final,há o desdobramento existencialistadestes quatro momentos.

Escrito em primeira pessoa,inevitável no gênero epistolar, ainterlocutora da narradora é tratada

CARTAS DE DESASSOSSEGOWaldomiro Peixoto

por ‘tu’ por expressar proximidadeentre “eu” (a pessoa que escreve)e “tu” (a pessoa para quem se es-creve). A leitora das cartas é umaespécie de alter ego da narradora,como se fosse a narradora escre-vendo para si mesma.

Um romance rico deintertextualidade, farto de alusõesliterárias, cinematográficas e filosó-ficas, com epígrafes como índicespara compreensão da obra.

As últimas cartas, epifania dostempos derradeiros, resgatam apoesia humana que as anterioresdissecaram e destruíram. O poucolirismo que resistiu durante as his-tórias amargas aflora no final. Aoenfrentar, com sabedoria, os fantas-mas de sua própria alma, a narra-dora supera traumas, frustrações einseguranças, resgata-se o prazerde viver em época de espera e con-sumação.

Esse romance de expiação eredenção pelo sofrimento está en-tre as obras mais notáveis de EVL,por sua densidade humana. Quemo ler atestará a assertiva.

Waldomiro Peixoto é escritor,crítico literário e autor de FacaAmolada, pela Funpec Editora.

Roberto Scarano

Trabalhista - Cível - FamíliaRua Major Basílio, 441 - Cjs. 10 e 11 - Mooca - São Paulo

Tel.: (11) 2601-2200 - [email protected]

OAB - SP 47239Advogado

Com uma barra de ferro namão e o revólver escondi-

do debaixo da camisa, meio trêmu-lo, e, para criar coragem, cheiroduas pedras de crack.

Mais eufórico, escondeu-seatrás da árvore, naquela hora nãomuito tarde da noite e esperou. Pas-sou um carro, sinal aberto. Chega-ram dois, sinal fechado. Pararam.Mas lhe faltou coragem. Eram dois.

Pensava em procurar outroponto quando lá veio um carro, vi-dros fechados, parou com o verme-lho do sinal. Correu rápido, espati-fou a janela ao lado do motorista.Era uma moça nova, que se apa-vorou.

Apontou o revólver para osolhos dela:

- Pra cá a bolsa, rápido, rápi-do. Estouro sua cabeça.

A moça trêmula, passou-lhe abolsa, meio volumosa, de couro. Osinal abria:

- Vai, vai, senão eu te mato.O carro partiu chispante e ele,

abraçado à bolsa sob a camisa,arma grudada ao corpo e presa ao

Caio Porfírio Carneiro

O INÍCIOcinto da calça, andou rápido, dobrouvárias esquinas. Acocorou-se à luzmortiça de um poste. Jogou tudo dabolsa no chão: objetos pessoais,agendas, chaves, documentos, di-nheiro. Algumas cédulas de poucovalor na carteira e trocados soltos.Mais nada.

Meio desiludido, pôs tudo nabolsa e jogou-a na moita ali próxi-ma. Meteu no bolso as cédulas eos trocados. As mãos tremiam.

Desnorteado, pensou em vol-tar para casa. Sentia o revólver nacintura, que conseguira com umamigo, e pagaria pelo empréstimo.O que conseguira mal daria paraisto. Haveria de conseguir um sópara ele.

Gostou da sensação por quepassara. Ainda sentia um friozinhona barriga. Era a primeira vez.

Tomou o caminho de casa.Suspirou confiante. Como início atéque não se saíra mal.

Melhoraria.

Caio Porfírio Carneiro é escritor,contista, romancista, poeta,crítico literário e membro do

Instituto Histórico eGeográfico de São Paulo.

Scortecci lança duas plataformaspara autopublicação de livros

A Scortecci lançou, com o ob-jetivo de disseminar a cultura da lei-tura no Brasil, as plataformas Fá-brica de Livros - destinada aautopublicação de livros para auto-res - e a Print on Demand que pos-sibilita o pedido de impressão de li-vros sob demanda para editoras edistribuidoras.

A Fábrica de Livros, que temcomo objetivo automatizar a publi-cação de livros, permite que o au-tor possa escolher o formato, quan-tidade, tipo de papel, acabamentoe enviar seu conteúdo online. Osexemplares poderão ser retiradosna própria editora ou recebidos noendereço, no prazo de até 10 diasúteis.

A Print on Demand realiza aimpressão de livros sob demandapara editoras e distribuidoras. Asempresas interessadas devem fa-zer um cadastro e realizar a solici-tação.

Os livros são impressos emequipamentos digitais Canon, lídermundial em soluções de imagemdigital, que garantem a qualidadedos mesmos. 

O grupo Scortecci utiliza naprodução de livros quatro equipa-mentos de baixa e alta produçãonos modelos imagePRESS 1135 eOCÉ6000 e OCÉ6000VPE. 

Segundo João Scortecci, dire-tor-presidente do Grupo EditorialScortecci, as ferramentas vão di-fundir ainda mais o interesse pelaleitura no Brasil. “É importante quetodos tenham acesso a leitura. Comas plataformas, mais gente conse-guirá realizar o sonho de publicarum livro e, consequentemente, aspessoas terão mais opções”.

Fábrica de Livros: http://www.fabricadelivros.com.br/ 

Print on Demand: http://www.printondemand.com.br/

Page 4: º URUCUIA REVISITADO - linguagemviva.com.br · um enredo aparentemente corri-queiro, mas que apresentam de-senlace de surpreendente ... remotos Contos Gauchescos e Casos do Romualdo,

Página 4 - maio de 2017

APÓS ter visitado a Ilhamais de uma dúzia devezes, Políbio Alves, es-

critor de ficção e poeta, nascido em1941, na Paraíba, um dos estadosdo Norte brasileiro, ficou enfeitiça-do pelos encantamentos de Cubae, sobretudo, da Havana Velha.

Ele quis espelhar este encan-tamento em seu último livro de poe-mas Havana Velha: olhos de ver jálançado em sua cidade natal, JoãoPessoa, capital do estado brasilei-ro antes mencionado, e o qual osleitores cubanos e de outras latitu-des receberão com muito beneplá-cito.

Alves relata que aos seus ou-vidos chegavam informações ten-denciosas sobre Cuba e a Revolu-ção, porém as mesmas, contradi-toriamente, foram criando uma sor-te de atração.

Dessa maneira, viajou à Ilhacaribenha pela primeira vez, em1996, para participar de um eventopatrocinado pela prestigiada institui-ção cultural Casa das Américas e apartir dessa data e até agora a con-tinuou visitando.

O entrevistado expressa aoGranma Internacional: «Essas via-gens me trouxeram experiênciaspositivas sobre este país. A Ilhamaior das Antilhas é uma pátria delutadores. E dessa construção e re-construção, através dos seus an-cestrais, é que falo no livro de poe-mas, dos fundamentos culturais ehistóricos de Cuba».

Alves, que reside emVaradouro, a parte antiga de JoãoPessoa, a capital do estado daParaíba, um lugar carregado de ri-tuais e lendas, reconhece que exis-

Políbio Alves e seu olhar da Havana VelhaMiguel Ángel Álvarez tem pontos coincidentes entre o lu-

gar onde mora e a Havana Velha edaí nasceu a inspiração para o livro.

No preâmbulo do mesmo reco-nhece que… «um grupo de intelec-tuais e figuras políticas (José Martí,Simón Bolivar, Alejo Carpentier,Nicolás Guillén, Pablo Neruda, JulioCortázar, Che Guevara e Fidel Cas-tro)… aconchegados na dianteira dotempo…. conjuraram-se para criareste livro», reconhecendo a valiosacontribuição deles e sem a qual te-ria sido impossível escrever o poe-ma.

Nas 223 páginas, uma misturade versos livres e hendecassílabos,Alves faz referências insuspeitas(pelo menos vindo de alguém aquem supomos alheio à realidadecubana) a José Martí, a ErnestoLecuona, a Cesar Portillo de la Luz,a Alejandro García Caturla, a Fran-cisco Repilado (Compay Segundo),a Benny Moré, ao movimento musi-cal conhecido em Cuba como o Filin(gênero situado no âmbito da can-ção cubana, que surge nos finais dadécada de quarenta do século XX),a José Antonio Méndez, a JoséMaría López Lledín, conhecido emHavana como O Cavalheiro de Pa-ris, Ernest Hemingway e muitosoutros intelectuais e artistas, cujossinais ainda perduram na HavanaVelha, resultado evidente de um tra-balho criterioso de recopilação dedados e elementos durante suasreiteradas estadas para conformarsua obra, a qual faz parte de umatrilogia, na qual se inclui A leste doshomens (lançada em novembropassado, pela editora Arte y Litera-tura, por ocasião da visita de Alvesa Havana) e A traição deHemingway, cuja trama é baseadaem um encontro fictício entre o es-critor brasileiro e o Prêmio Nobel

norte-americano, tendo como cen-tro, igualmente, a parte antiga dacapital cubana.

Nos fins de 2016, Alves esteveem Cuba, coincidindo com o faleci-mento do Comandante-em-chefeFidel Castro Ruz, de quem afirma:«Fidel é uma pessoa singular. Suamorte não faz minguar valor históri-co, ele continua vivo nosensinamentos da Revolução Cuba-na. É a maior expressão humanistade todos os tempos».

Políbio Alves continua enfeitiça-do pela magia das ruas e casas an-tigas de Havana Velha. Em um dosseus versos expressa: «O cheirointempestivo que vem do tabaco,não cessa no coração da cidade...Graças à franquia da operante con-fraria de Rodrigo de Xerez (…) deolhar extasiado o visitante fica acontemplar todo esse cenário; astraineiras a navegar cada vez maise mais na pomposa Baía. Além daviveza azul, a estranheza azul domar.

Miguel Ángel Álvarez,professor, tradutor e jornalista

cubano, é o editor do JornalGranma Internacional, ediçãoem Português, que circula emCuba e na América Latina comedições em Espanhol, Inglês,

Francês, Alemão,Italiano e Turco.

Tel.: (11) 97358-6255 - [email protected]

Diccionario De La Literatura Cubana,redactora: Marina Garcia, corrector: Jesús Delgado

(Editorial Letras Cubanas - Ciudad de La Habana, Cuba, 1980,Instituto de Literatura Y Linguistica de LaAcademia de Ciencias de Cuba, Tomos I e II).

Quiénes escriben em Cuba - Responden los narradores,de Jorge L. Bernard y Juan A. Pola, Editorial Letras Cubanas,

Cuidad de La Habana, Cuba, 1985, 592 páginas.Reúne biografias e entrevistas.

Ilustrado com fotos e assinaturas dos autores.

Vendemos

Formado em Ciências Admi-nistrativas, Alves morou durantemais de 15 anos no Rio de Janeiroe detém o título honorífico de Cida-dão Carioca. Ali entrou em contatocom os estudantes e suas lutasdurante a ditadura militar, pelo qualesteve na prisão e foi torturado,guardando ainda sequelas dessanefasta época. Durante dois anosfoi editor do suplemento literário dojornal Tribuna de Imprensa e refe-rências a sua pessoa e obra têmsido publicadas em antologias e jor-nais dos EUA, Itália, Alemanha, Por-tugal, Argentina e outros países.

Igualmente, mereceu um ver-bete na Enciclopédia de LiteraturaBrasileira. Dessa forma, foi sendoquebrado o malefício que ronda al-guns poetas locais, que moram lon-ge dos grandes centros culturais,cujos textos, por ocasiões são so-mente conhecidos em sua cidadenatal.

Algumas das obras de Alves jápublicadas são O que resta dosmortos, Varadouro (estes dois pri-meiros impressos em Cuba, pelaeditora Arte y Literatura, em 1998);Exercício Lúdico, Passagem Bran-ca e o mais recente Os RatosAmestrados fazem acrobacias aoamanhecer, em meados de 2016.

Page 5: º URUCUIA REVISITADO - linguagemviva.com.br · um enredo aparentemente corri-queiro, mas que apresentam de-senlace de surpreendente ... remotos Contos Gauchescos e Casos do Romualdo,

Página 5 - maio de 2017

IQue poesia não se faz apenas

com emoção é verdade incontestá-vel, ainda que haja alguns poetasque se dizem populares e desconhe-çam regras básicas da modalidadee, ainda assim, apresentam razoá-veis qualidades. Mas, historicamen-te, todo grande poeta é também umbom teórico, estudioso das diversasformas do poema e conhecedor damétrica. É o caso do poeta portugu-ês Albano Martins, professor, crítico,ensaísta, ficcionista e tradutor, quecarrega mais de 66 anos de produ-ção intensa – são 33 livros de poe-sia, cinco de prosa, alguns de litera-tura infanto-juvenil e de labor aca-dêmico, entre outros.

Obviamente, de sua produção,constavam muitos textos dispersospublicados em jornais e revistas –algumas de duração efêmera – eoutros ainda inéditos, pois apenaslidos por ocasião de homenagens aautores ou durante colóquios ouencontros acadêmicos. Essa lacunavem sendo preenchida com a publi-cação de Circunlóquios, série devolumes que procura arquivar essestextos que se achavam “perdidos” ouà mão apenas de quem se dispuses-se a procurá-los nos arquivos públi-cos.

II Circunlóquios III (Porto, Edi-

ções Universidade Fernando Pes-soa, 2016), na linha dos dois volu-mes anteriores, reúne alguns des-ses textos de vária índole entre oensaio e a crônica, além de recupe-rar quatro entrevistas em que o au-tor discorre sobre a sua concepçãodo mundo, da vida, da arte e da lite-ratura. Recupera ainda prefácios etextos de colaboração em volumese catálogos e uma breve autobiogra-fia publicada nos finais da primeiradécada de 2000, além de quatro tex-tos de homenagem a poetas e estu-diosos: Cruzeiro Seixas, António Ra-mos Rosa (1924-2013), Raul deCarvalho (1920-1984) e o professorbrasileiro Leodegário de AzevedoFilho (1927-2011).

Se circunlóquio constitui figurade linguagem que abriga um discur-so pouco direto, em que o escritorvai demasiadamente além do quepode ser dito em poucas palavras,essa pretensa verborragia é mais doque justificada no caso de AlbanoMartins, tal a grandeza das imagensa que recorre para encontrar a defi-nição perfeita. É o que se pode cons-tatar no discurso que escreveu para

agradecer a homenagem que a Câ-mara Municipal de Vila Nova de Gaialhe prestou pela passagem de seus65 anos de escrita e 46 deininterrupta permanência em territó-rio gaiense.

Nesse discurso, o poeta diz que“a língua portuguesa nasceu molha-da: pelo sangue derramado nas cam-panhas da reconquista, primeiro;pela água dos mares vencidos pe-las quilhas das naus das descober-tas, depois; mas também pela águadas nascentes – a água pura da“fontana fria” de que fala uma boni-ta cantiga de amigo de Pero Meogoque ecoa até hoje na nossa memó-ria e permanece no nosso imaginá-rio poético, quer dizer, no nosso tra-dicional e coletivo vocabulário lírico”.Por aqui se vê que o Albano Martinsprosista nada fica a dever ao AlbanoMartins poeta.

IIINascido em 1930 na aldeia do

Telhado, concelho do Fundão, dis-trito de Castelo Branco, na provín-cia da Beira Baixa, em Portugal,Albano Martins foi professor do en-sino secundário de 1956 a 1976 e élicenciado em Filologia Clássica pelaFaculdade de Letras da Universida-de de Lisboa, exercendo desde 1994funções docentes na UniversidadeFernando Pessoa, do Porto, de ondese aposentou depois de 18 anos detrabalho. De 1980 a 1993, foi funci-onário da Inspeção-Geral do Ensi-no. Foi colaborador (e secretárioanônimo) da revista Árvore (1951-1953). É colaborador do quinzenárioAs Artes Entre as Letras, do Porto.

É autor de 33 livros de poesia,desde que em 1950 estreou comSecura Verde, que recebeu segun-da edição em 2000. São tantos oslivros que seus títulos ocupam qua-tro páginas. Basta ver que sua vas-ta obra foi três vezes reunida em vo-lume, a primeira com o título Voca-ção do Silêncio (Lisboa, ImprensaNacional-Casa da Moeda, 1990),com prefácio de Eduardo Lourenço;a segunda em Assim São as Algas(Porto, Campo das Letras, 2000); ea terceira em As Escarpas do Dia(Porto, Edições Afrontamento,2010), com prefácio de Vitor Manuelde Aguiar e Silva. Seus poemas es-tão traduzidos em espanhol, inglês,italiano, francês, catalão, chinês(cantonense) e japonês.

De prosa, foram cinco livros,dos quais se destacam aqueles de-dicados ao estudo das obras deRaul Brandão (1867-1930) eCesário Verde (1855-1886). Além dequatro livros na área da literatura

infanto-juvenil, organizou outrossete, inclusive antologias dos poe-tas Eugénio de Castro (1869-1944)e Lêdo Ivo (1924-2012).

Nas traduções, está o seu tra-balho mais intenso, com 24 livros pu-blicados. É tradutor de poetas lati-nos, gregos do período clássico, es-panhóis, italianos e sul-americanos.Entre eles, salientam-se GiacomoLeopardi (1798-1837), Rafael Alberti(1902-1999), Nicolás Guillén (1902-1989), Roberto Juarroz (1925-1995)e Pablo Neruda (1904-1973). A tra-dução de Canto General, de Neruda,valeu-lhe, em 1999, o Grande Prê-mio de Tradução APT/Pen Clube Por-tuguês. Por sua tradução de seteobras de Neruda, recebeu do gover-no chileno a Ordem de Mérito Do-cente e Cultural Gabriela Mistral, nograu de grande oficial. Em 10 de ju-nho de 2008, o presidente da Repú-blica Portuguesa também o conde-corou com a Ordem do Infante D.Henrique, no grau de grande oficial.

No Brasil, o poeta aparece naAntologia da Poesia PortuguesaContemporânea (Rio de Janeiro,Lacerda, 1999), organizada porAlberto da Costa e Silva e AlexeiBueno. Tem uma Antologia Poética(São Paulo, Unimarco, 2000), comprefácio de Carlos Alberto Vecchi eorganizada por Álvaro Cardoso Go-mes, autor também da antologia Ofí-cio e Morada (Florianópolis, LetrasContemporâneas, 2011).

Gomes é autor de dois livrosconsagrados ao estudo de sua poe-sia – um deles, A Melodia do Silên-cio: subsídios para o estudo da po-esia de Albano Martins (Lisboa, Edi-tora Quasi, 2005), e o outro, maisrecente, A Poesia como Pintura: aékphrasis em Albano Martins (Cotia-SP, Ateliê Editorial, 2016). Os pro-fessores brasileiros MassaudMoisés, Nelly Novaes Coelho, MariaLúcia Lepecki (1940-2011) eLeodegário A. de Azevedo Filho jálhe dedicaram aprofundados estu-dos.

Também não são poucas as dis-sertações de mestrado ou teses dedoutoramento que lhe têm sidodedicadas no Brasil. Em maio de2016, na Faculdade de Filosofia,Letras e Ciências Humanas (FFLCH)da Universidade de São Paulo (USP),a professora Sonia Maria de AraújoCintra defendeu a tese dedoutoramento “Paisagens Poéticasna Lírica de Albano Martins: Nature-za, Amor, Arte”. Em 1996, naPontifícia Universidade Cató lica(PUC), do Rio de Janeiro, AccacioJosé Pinto de Freitas apresentou dis-

sertação de mestrado sobre a suaobra. Em 2000, o poeta recebeu odoutoramento honoris causa pelaUniversidade São Marcos, de SãoPaulo.

Já a professora GumercindaGonda dedicou 40 páginas de suatese de doutoramento defendida naUniversidade Federal do Rio de Ja-neiro (UFRJ), em 2006, à obra deAlbano Martins. E Jorge Valentim pu-blicou A Quintessência Musical daPoesia: Rodomel Rododentro, umpoema sinfônico de Albano Martins(Porto, Campo das Letras, 2007),tese de doutoramento também de-fendida na UFRJ.

A obra de Albano Martins temmerecido a atenção de alguns dosmais importantes críticos e ensaístascontemporâneos portugueses comoAntónio Cândido Franco, AntónioRamos Rosa, Eduardo Lourenço,Eduardo Prado Coelho (1944-2007),Fernando Guimarães, Fernando J.B. Martinho, Fernando Pinto doAmaral, Vítor Manuel de Aguiar e Sil-va, Luís Adriano Carlos, Joana Ma-tos Frias e José Fernando CastroBranco. Sobre a obra do poeta, LuísAdriano Carlos escreveu O Arco-írisda Poesia (Porto, Campo das Letras,2002). Já Castro Branco escreveu atese de mestrado Estética do Sensí-vel em Albano Martins, apresentadaà Universidade do Porto, publicadaem edição do autor em 2003.

Circunlóquios III, de AlbanoMartins. Porto: Edições Universida-de Fernando Pessoa, 151 págs.,2016. Site: www.ufp.pt

E-mail: ediçõ[email protected]

Adelto Gonçalves

Albano Martins: circunlóquios

Adelto Gonçalves, jornalista,Mestre em Língua Espanhola e

Literaturas Espanhola eHispano-americana e Doutor em

Literatura Portuguesa pelaUniversidade de São Paulo

(USP), é autor de Os Vira-latasda Madrugada, entre outros.

[email protected]

divulgação

Page 6: º URUCUIA REVISITADO - linguagemviva.com.br · um enredo aparentemente corri-queiro, mas que apresentam de-senlace de surpreendente ... remotos Contos Gauchescos e Casos do Romualdo,

Página 6 - maio de 2017

Profa. Sonia Adal da Costa

Revisão - Aulas Particulares

Tel.: (11) 2796-5716 - [email protected]

Novos volumes

Com o tema MULHER: UMMANTO GILANICO DEHUMANISSIMO ACONCHEGO, eiso Volume 13 da coletânea  PALA-VRAS ESSENCIAIS, com participa-ções de Lillian & Manuel Reis, Joanad´Almeida y Piñon, Carlos Firmino,Carlota M. Moreyra, Johanne Liffey,Fê Marques, Celine Abdullah, JoãoBarcellos e Rosemary O´Connor.

Arte de Viver Humanamen-te;  Um Manto Gilânico SobreNós; Bárbara. Um Nome e umaMulher; Leopoldina: a Mulher e aImperatriz nos Estudos de JoãoBarcellos; Leo: era uma vez umaprincesa...; Na Modernidade Oci-dental (sob a bandeira da con-quista e dominação hegemônicado mundo): Filosofia emFoco!; Cecília Meireles: a Mater-na Linguagem da Vivência; e UmEstilo Maternal Na Frente Repu-blicana do Brasil, foram os temasescolhidos.

Já o Volume 12 dac o l e t â n e a   D E B A T E SPARALELOS tem estudoshistoriográficos sob o tema VIVERHISTÓRIA / Parte 2 [a Parte 1 foipublicada em 2012] e conta comCeline Abdullah, João Barcellos,

Johanne Liffey, Hugo AugustoRodrigues e Ronaldo Messias.

Os estudos são: DO ONTEMQUE HOJE SOMOS  _ CelineA b d u l l a h ;   I TA PÈM A    _   J oãoBarcellos [O histórico Fortimd´Itapema e suas Origens];DRUIDAS, ESPIRITAS, KARDEC _ Johanne Liffey;  TREMEMBÉ _ Ronaldo Messias [Dos Bandeiran-tes à Estância Turística, de Felix aCabral]; IMPORTÂNCIADA MAÇONARIA NO EQUILÍBRIOGEOPOLÍTICO _ João Barcellos; BODHRÁN  _ Johanne Liffey [OTambor Da Dança Celta]; OFERRO  _ João Barcellos; ARAÇARIGUAMA / Uma PorteiraNo Sertão _ João Barcellos;  CER-RO YBIRAÇOIABA & MINA DEFERRO _João Barcellos; YBIRAÇOIABA, IPERÓ, ESTRADAGERAL & RIO DE JANEIRO / RO-TAS DO ELDORADO BRASILEIRO _ João Barcellos c/ colaboração deHugo Augusto Rodrigues.

As duas coletâneas são umaedição conjunta de Edicon,TerraNova Comunic, Grupo de De-bates Noética (Brasil) e Centro deEstudos do Humanismo Crítico (Por-tugal).

 [www.noetica.com.br / [email protected]]

PALAVRAS ESSENCIAIS &DEBATES PARALELOS

Ungiste-me a fronteCom o óleo santo

Do teu beijo maternalNa noite em que chorei

Pela primeira vez,Aninhado no teu busto jovem,

Explodindo de emoção!

O tempo passouE passou tão depressa...

Percorremos tantos caminhos,Vencemos tantas lonjuras,E agora, pasmo e triste,

Olho teus olhos cansados,As rugas singrando teu rosto

Tua memória fraquejando,

Escondendo algum desgosto,As dores povoando teu corpo,O rosário tremendo em tuas

mãos.

Cada dia é um suplícioE cada noite uma incógnita

Teus cabelos negros, viçosos,Ficaram tão cinzentos...

Teus lábios guardam um silêncioamargo

Interrompido pelos gemidossuaves.

Oh minha mãe,meu doce e santo refúgio,

mergulho em mil indagaçõesSobre o mistério da vida,

Querendo saciar curiosidadesinúteis.

Debato-me, afoito,Nas ondas inquietas da minha

introspecçãoE, assim, regresso feliz

À longínqua noite de lua cheia

Em que, no esplendor da tuajuventude,

Ungiste-me a fronteCom o óleo santo

Do teu beijo maternal,Enquanto eu chorava pela

primeira vez.

REGRESSORaymundo Farias de Oliveira

Raymundo Farias de Oliveira éescritor, poeta e procurador do

Estado aposentado.

No poçovê-se refletidauma loucura de amor.A Luapresa na águabrilha seu cantocomo um pássarocego.

o poemain

cômodacomo 01 cisco no olho

íngua na línguao verso martela

reverterevelaressoapessoase há poesia

a pedra pousae o poemaalça voa

*minha pátria é a poesiabrinco na corda bambabailo entre inferno & céutenho dor & tenho dúvida

linguagem invenção & melmesmo vivendo tristesou adepto da alegriasou poeta não sou réu

*com gosto de sangue na boca

caminho com a rapaziadanão há rumo nem rima

não há quase nadasó uma vontadedesembestadade fazer chover

poesia na madrugada

ReflexoTeresinka Pereira

PALAVRAS

Teresinka Pereira é escritora epresidente da Associação

Internacionalde Escritores e Artistas.

Aroldo Pereira

Aroldo Pereira é escritor, poetae coordenador do Salão

Nacional de PoesiaPsiu Poético.

Page 7: º URUCUIA REVISITADO - linguagemviva.com.br · um enredo aparentemente corri-queiro, mas que apresentam de-senlace de surpreendente ... remotos Contos Gauchescos e Casos do Romualdo,

Página 7 - maio de 2017

LivrosConcursosNo Chão da Fábrica – contos e novelas, de

Roniwalter Jatobá, Editora Nova Alexandria, SãoPaulo, 352 páginas, R$ 42,00.

O autor é escritor e jornalista. Foi redator daspublicações infanto-juvenis da Editora Abril e daeditora Rio Gráfica (hoje Globo). Colaborou emVersus, Folha de S. Paulo, Movimento, Escrita,Ficção, entre outros. Alguns de seus livros foramselecionados pelo PNBE e escolhidos pela FNLIJpara o catálogo da Feira do Livro de Bolonha (Itália).Tem contos traduzidos para o alemão, inglês,italiano, sueco e holandês.

A obra reúne histórias que têm como temáticaprincipal a classe operária. São relatos sobre otrabalho e a vida de brasileiros que escolheram o mundo urbano de SãoPaulo para realizar o sonho de ter uma vida melhor.

Editora Nova Alexandria: http://www.lojanovaalexandria.com.br/

O Monstro, suspense de fantasia, de Gussde Lucca, Edição do Autor, São Paulo (SP), 265páginas, R$ 35,00.

O autor é jornalista e historiador. Trabalhoucomo repórter e editor nos sites da MTV Brasil eportal iG.

A obra, autopublicada através de umacampanha de financiamento bem sucedida no siteCatarse, é voltada ao público young adult. Osprotagonistas são jovens agricultores comuns enão existem criaturas fantásticas. É uma tramafechada, sem integrar trilogias ou sequências.

As ilustrações dos personagens principaisforam feitas em nanquim pelo artista plástico

Marcio Alessandri, da Cozinha da Pintura, e a capa é assinada pela designere diagramadora Marina Avila.

Guss de Lucca: www.gusssdelucca.com.br

Poesias sem licença para CarlosMarighella, de Carlos Pronzato, Red Editorial, SãoPaulo, 64 páginas. ISBN: 978-85-67877-03-7.

O autor, argentino que reside em Salvador, époeta, escritor, diretor teatral e cineasta.

A obra reúne poemas, fotos históricas ebiografia cronológica de Carlos Marighella.

Segundo Carlos Eugênio Paz Clemente,“Pronzato, Carlos como Marighella, faz filmes etambém faz prosa. Pasme, Carlos é poeta. ComoMarighella. E agora conta em versos quem éMarighella.”

Red Editorial: www.livrariared.com.br

35º Concurso Literário YoshioTakemoto, promovido pela AssociaçãoCultural e Literária Nikkei Bungaku do Brasil,está com inscrições abertas até o dia 15 deagosto de 2017, para as modalidades haicai,poesia, conto e tradução do japonês para oportuguês, shôsetsu (conto), zui-hitsu(ensaio), tanka (poesia lírica), haiku (haicai)e hon-yaku (tradução do português para ojaponês). Os interessados poderão inscrevertrabalhos sob o uso de pseudônimo, em trêsvias, acompanhados de biografia de até dezlinhas. Serão selecionados para receberMenção Honrosa, em cada modalidade, até dois trabalhos. Um trabalhode cada modalidade poderá ser selecionado para receber o PrêmioEspecial. Premiação: Prêmio Especial para a modalidade Conto: R$1.000,00. Prêmio Especial para as demais modalidades: R$ 600,00. Prêmiode Menção Honrosa na modalidade Conto: R$ 500,00. Prêmio de MençãoHonrosa nas demais modalidades: R$ 300,00. Os trabalhos premiadosserão publicados na revista Brasil Nikkei Bungaku, número 58 (março de2018). Cada premiado receberá um diploma e adesão gratuita no primeiroano à Associação Cultural e Literária Nikkei Bungaku do Brasil. Os trabalhosdevem ser encaminhados por via postal para o 35º Concurso Takemoto,Rua Vergueiro, 819, sala 2, São Paulo, SP, 01504-001.Regulamento: www.nikkeibungaku.org.br.

Prêmio Literário da AMULMIG de Prosa e Poesia, promovido pelaAcademia Municipalista de Letras de Minas Gerais, está com inscriçõesabertas até o dia 30 de junho de 2017. Os interessados poderão inscreverapenas um trabalho, em cada categoria, em língua portuguesa, com temalivre, digitados em Times/Arial, tamanho 12, espaço 1,5 e em três vias.Os poemas deverão ter até 30 linhas e os contos até três laudas. Éobrigatório o uso de pseudônimo. Premiação: Medalhas e Diplomas aosnove primeiros lugares de cada categoria. Os textos classificados serãopublicados em antologia virtual no site do Jornal da Academia.

Os trabalhos deverão ser enviados para a Secretária Geral daAcademia Municipalista de Letras de Minas Gerais - Acadêmica Maria Lúciade Godoy Pereira - Rua Rio de Janeiro, 909 – apto. 206 - Centro – BeloHorizonte - MG - 30160-041.

Informações  com  a  Acadêmica Maria Lúcia de Godoy Pereira:[email protected]

II Concurso ALAP “Paranavaí Literária”, categorias poesia emicroconto, promovido pela Academia de Letras e Artes de Paranavaí,com apoio da Fundação Cultural de Paranavaí, está com inscrições abertasaté o dia 30 de junho de 2017. Os interessados poderão inscrever atédois trabalhos em cada categoria. Categorias: Haicai e Poema temáticoO Idoso e a Arte de Envelhecer. Os poemas, com liberdade na forma,com no máximo 50 versos, e o Microconto com no máximo 300 caracteres.

Regulamento e ficha de inscrição: alap.org.br/concurso2017Premiação: Troféus os três melhores trabalhos em cada uma das

categorias e modalidades.

Poemas: II Antologia - 2008 - CANTO DO POETA

Trovas: II Antologia - 2008 - ESPIRAL DE TROVAS

Haicais: II Antologia - 2008 - HAICAIS AO SOL

Débora Novaes de Castro

Opções de compra: Livraria virtual TodaCultura: www.todacultura.com.brvia telefax: (11)5031-5463 - E-mail:[email protected] - Correio:

Rua Ática, 119 - ap. 122 - São Paulo - SP - Cep 04634-040.

Poemas: GOTAS DE SOL - SONHO AZUL - MOMENTOS- CATAVENTO - SINFONIA DO INFINITO –

COLETÂNEA PRIMAVERA - AMARELINHA - MARES AFORA...

Antologias:

Haicais: SOPRAR DAS AREIAS - ALJÒFARES - SEMENTES- CHÃO DE PITANGAS -100 HAICAIS BRASILEIROS

Poemas Devocionais: UM VASO NOVO...

Trovas: DAS ÁGUAS DO MEU TELHADO

Page 8: º URUCUIA REVISITADO - linguagemviva.com.br · um enredo aparentemente corri-queiro, mas que apresentam de-senlace de surpreendente ... remotos Contos Gauchescos e Casos do Romualdo,

Página 8 - maio de 2017

Notícias

Compram-se bibliotecas e lotes de livros usados.

Vendem-se obras de 2ª mão, de todasas áreas do conhecimento humano.

Rua Coronel Xavier deToledo, 234 Sobreloja RepúblicaSão Paulo - SP - (11) 3214-3325 - 3214-3647 - 3214-3646

[email protected] - Face: Sebo Brandão São Paulohttps://www.estantevirtual.com.br/brandaojr

Antonio Candido de Mello eSouza, escritor, sociólogo, crítico li-terário e professor eméritoda USP e da UNESP, faleceu no dia12 de maio, aos 98 anos, em SãoPaulo. Nasceu no Rio de Janeiro a 24 de julho de 1918 e foi casadocom Gilda de Mello e Souza (escri-tora, filosofa, crítica literária e pro-fessora universitária falecida em2005). Foi professor-doutor honoriscausa da Unicamp e da  Universida-de da República  do Uruguai. Leci-onou na UNESP, UNICAMP, Univer-sidade de Paris e foi professor-titu-lar de Teoria Literária e LiteraturaComparada da Faculdade de Filo-sofia, Letras e Ciências Humanas -USP. Agraciado com o PrêmioJabuti, Prêmio Machado de Assis,Prêmio Anísio Teixeira, Prêmio Inter-nacional Alfonso Reyes, PrémioCamões e Prêmio Juca Pato. Autorde O Romantismo no Brasil, Forma-ção da literatura brasileira, entreoutras importantes obras.

Luis Antonio Torelli, presi-dente da Câmara Brasileira do Li-vro, tomou posse, no dia 4 de maio,como presidente do Instituto Pró-Li-vro para o biênio (2017-2019).

Aroldo Pereira e seu filhoSamuel Pereira participarão da 33ªFeira do Livro de Brasília, que serárealizada de 16 a 19 de junho, coma apresentação de recital poético-musical e participação em mesas daprogramação. Aroldo também auto-grafará três livros.

Pilar del Río, jornalista e tra-dutora que preside a Fundação JoséSaramago, e o ensaísta e o tradu-tor Frederico Lourenço participarãoda Flip 2017 que será realizada de26 e 30 de julho, em Paraty (SP).

A Biblioteca Pedro Calmon,antiga Biblioteca Central da Univer-sidade do Brasil, da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro, furtadano ano passado, teve um dos maio-res desfalques de livros raros comos 16 volumes da primeira ediçãodos Sermões de padre AntônioVieira (1610).

Eduardo Mattos Portella, crí-tico,  professor,  escritor,  conferen-cista,  pesquisador, pensador, advogado e político, faleceu no dia 2de maio no Rio de Janeiro. Foi mem-bro da Academia Brasileira deLetras e exerceu o cargo de ministroda Educação no governo JoãoFigueiredo e de secretário de Esta-do de Cultura do Rio de Janeiro (1987- 1988). Nasceu em Salvador a 8 deoutubro de 1932. 

A Academia Brasileira de Le-tras lançou o livro (inacabado) ReiBaltazar, coleção Afrânio Peixoto, doAcadêmico José Cândido de Carva-lho (1914 - 1989). O prefácio é doDiretor de Publicações da ABL Mar-co Lucchesi.

A Câmara Brasileira do Livropromoveu encontro com a comitiva deautores moçambicanos que participa-rão da Flipoços. Foi discutido comoestreitar a relação entre Moçambiquee Brasil e como divulgar a literaturamoçambicana e de língua portugue-sa no Brasil.

Marilda Castanha, autora eilustradora, foi premiada com o NamiConcours 2017, na categoria PurpleIsland, com o livro Sem fim.

Ana Maria Machado, escritoramembro da Academia Brasileira deLetras, será a homenageada na VIIIFLIM — Festa Literária de SantaMaria Madalena, que será realizadade 25 a 27 de agosto, na cidade deSanta Maria Madalena (RJ).

Conversas de Botequim, co-letânea que reúne 20 contos inédi-tos inspirados em canções do sam-bista e compositor Noel Rosa (1910 -1937), organizada por MarceloMoutinho e Henrique Rodrigues, foilançada pela Mórula Editorial. Reú-ne textos de Aldir Blanc, AlexandreMarques Rodrigues, Ana Paula Lis-boa, Cíntia Moscovich, FernandoMolica, Flávio Izhaki, HenriqueRodrigues, Ivana Arruda Leite, LuciCollin, Luisa Geisler, ManuelaOiticica, entre outros.

Um Menino Chamado Vlado,biografia de Vladimir Herzog especi-almente voltada para o públicoinfanto-juvenil, da jornalista e histo-riadora Marcia Camargos, foi lança-do pelo Grupo Autêntica.

A Fundação Biblioteca Naci-onal lançará em maio cinco títulosfrutos das bolsas de pesquisas dainstituição e a reedição de obras ra-ras de seu acervo como 150 anos demúsica no Brasil – 1810/1950, de LuisHeitor, entre outros títulos.

Beatriz H. R. Amaral, escrito-ra, ensaísta, musicista Mestre emLiteratura e Crítica Literária, e GutaAssirati, indigenista e Doutorandaem Direito (Coimbra), participam doProjeto Conversa de Livraria daAlpharrabio, no dia 17 de maio, RuaEduardo Monteiro, 151, em SantoAndré (SP). As autoras autografa-rão os livros, Os Fios do Anagrama,Beatriz H. R. Amaral, e Por entreRios: Umas Palavras, Guta Assirati.w w w . a l p h a r r a b i o . c o m . b r /Maio2017.html

Pessoa Múltiple, antologiabilíngue, poemas de Fernando Pes-soa, tradução e notas de JerónimoPizarro e Nicolás Barbosa, foilançada pela Editora Fondo de Cul-tura Económica - Colômbia.

A Comissão de Educação,Cultura e Esporte do SenadoFederal aprovou, no dia 25 de abril,o Projeto de Lei PLS 212/16, da se-nadora Fátima Bezerra, que instituia Política Nacional de Leitura e Es-crita como estratégia permanentepara a promoção do livro, da leitu-ra, da escrita, da literatura e das bi-bliotecas de acesso público. A pro-posta, seguirá para a Câmara dosDeputados e, se for aprovada semalterações, será encaminhada parasanção presidencial. 

A União Brasileira de Escri-tores do Rio de Janeiro - UBE-RJ está com novo site em http://uberio.wixsite.com/2017.

Eriberto Henrique lançou Po-emas do Fim do Mundo, pela Edito-ra Autografia. A obra reúne poemasreflexivos sobre o fim de um ciclo.

Fundamentos da Clínica Psi-canalítica, de Sigmund Freud, tra-dução de Claudia Dornbusch, Co-leção Obras Incompletas deSigmund Freud, foi lançado pelaEditora Autêntica.

António Paixão, heterônimo li-terário de Durval Noronha GoyosJúnior - presidente da União Brasilei-ra de Escritores -, lançou ShanghayLilly, romance-ficção, pela ChiadoEditora.

Sonia Sales, escritora, poeta,ensaísta, historiadora e membro daAcademia Carioca de Letras, foi agra-ciada o Mérito Cultural Carlos Go-mes no grau de Comendador, pelaSociedade Brasileira de Artes, Cultu-ra e Ensino. A láurea, reconhecidapelo governo federal mediante a por-taria 153 do Ministério da Cultura,será entregue no dia 7 de junho,quarta, às 20h15, no RestauranteLos Molinos, R. VasconcelosDrumond, 526, em São Paulo.  

Affonso Romano deSant’Anna lançou Quase diário –1980 – 1999, pela Editora L&PM. Aobra registra quase duas décadasque mudaram a cara do Brasil, pas-sando pela campanha pelas DiretasJá, a morte de Tancredo Neves, o go-verno Sarney, os sucessivos planospara conter a inflação e a criação doMinistério da Cultura.

Andreia Donadon Leal lança-rá Casa de Baixo, Casa de Cima, Li-teratura Infantil, pela Editora AldravaLetras e Artes, no dia 27 de maio, apartir das 16 horas, no Auditório doICHS/UFOP/MARIANA, Rua CônegoAmando, S/N, Centro, Mariana (MG).

Os Ministérios da Cultura doBrasil e de Portugal criaram no dia 5de maio, durante a 10ª Reunião deMinistros da Cultura da Comunidadedos Países de Língua Portuguesa, oPrêmio Monteiro Lobato de Literatu-ra Infanto-Juvenil com o objetivo depremiar autor e ilustrador dos paísesde Língua Portuguesa, conhecidoscomo lusófonos.

A XI Bienal Internacional doLivro de Pernambuco será realiza-da de 6 a 15 de outubro, no Centrode Convenções, em Olinda (PE). Se-rão homenageados os escritoresFernando Monteiro e Lima Barreto (inmemoriam).

divulgação Boi Tempo

Antonio Candido

Page 9: º URUCUIA REVISITADO - linguagemviva.com.br · um enredo aparentemente corri-queiro, mas que apresentam de-senlace de surpreendente ... remotos Contos Gauchescos e Casos do Romualdo,