o transcendente - no.5

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ANO II - Nº 5 MAIO / JUNHO 2008 O Transcendente Av. Hercílio Luz, 1079 Florianópolis SC 88020-001 Fone: (48) 3222-9572 www.otranscendente.com.br PAG 01.indd 1 23/4/2008 08:35:16

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Edição Maio/Junho 2008

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Page 1: O Transcendente - No.5

ANO II - Nº 5

MAIO / JUNHO2008

O Transcendente • Av. Hercílio Luz, 1079 • Florianópolis • SC • 88020-001 • Fone: (48) 3222-9572 • www.otranscendente.com.br

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02 MAIO / JUNHO - 2008 APRESENTAÇÃO

Jornal bimestral de Ensino Religioso pertencente ao PIME Registrado no Cartório de Registro Civil de Títulos e

Documentos de Pessoas Jurídicas de Florianópolis sob o nº 13Diretor: Pe. Paulo De Coppi - P.I.M.E.

Jornalista Resp.: Yriam Fávero - Reg. DRT/SC nº 800 Redator: Sandro Liesch

Diagramação: Fábio Furtado Leite

SEDE: Av. Hercílio Luz, 1079 - Servidão Missão JovemPARA CORRESPONDÊNCIA:

Cx. Postal 3211 / 88010-970 / Florianópolis / SCFONE: (48) 3222-9572 / FAX-AuTOMáTICO: (48) 3222-9967

EndErEço do JornAL “o TrAnSCEndEnTE”:

Ano II - nº 5 - MAIo / JUnHo - 2008

Site: www.otranscendente.com.brE-mail: [email protected]

•Individual:•Assinatura Coletiva (no CUPoM da página 11)•Assinatura de apoio:•Internacional:

ASSInATUrA AnUAL

r$ 20,00

r$ 35,00r$ 55,00

Vários professores nos escreveram, telefonaram e nos enviaram e-mails louvando a iniciativa e agrade-cendo pela ajuda oferecida. Cito só alguns:

- Adorei o jornal e fiquei muito feliz percebendo que ele veio na hora certa para podermos trabalhar melhor o ER. (Janete)

- Parabéns pela iniciativa de fazer este suporte pedagógico para o ER. É preciso que as pessoas enten-dam e aprendam que a abertura ao transcendente é fundamental na vida do ser humano. Excelente traba-lho. Abraços!!! (Ademir )

- Estão de parabéns pela qualidade. Estou montando um grupo para assinatura coletiva. Sucesso e obri-gado pela iniciativa de um jornal tão ousado para o ensino religioso. Um abraço!!! (Genildo)

- Esta idéia é nota 10!!!! Os professores de ensino religioso que aproveitem... Obrigada é a palavra de ordem. Graças ao bom Deus, a inspiração de fazer esse jornal foi adiante e

agora ele faz parte do nosso cotidiano! (Irmã Lúcia)

- Sou assinante deste jornal e vi o quanto ele diferencia o ER da Catequese. Ele é muito rico e o estou cada vez mais usando como referência na minha caminhada no setor educacio-nal de orientação religiosa. Valeu a pena assinar. Beijos fraternos para a equipe. (Jodalva)

- Parabéns, este jornal foi o melhor apoio pedagógico que recebi. Já fiz assinatura e di-vulguei na secretaria do municipio para que todos os professores tenham acesso. Parabéns e continuem. (Ana Lucia)

Vocês poderão encontrar outros pareceres e sugestões no site: www.otranscendente.com.br.

Agradecemos pelos elogios. Sem dúvida, eles nos animam. No entanto, para progredirmos mais neste trabalho, precisamos também de observações críticas e de ajuda concreta. Gostaríamos, por exemplo, que nos enviassem subsídios já produzidos por vocês e que ti-veram sucesso, como: assuntos mais ligados ao ER ou transversais, dinâmicas, jogos, histórias educativas etc.

Informem-nos ainda sobre a participação dos alu-nos nos concursos lançados no jornal e nos enviem os melhores trabalhos, que poderão se publicados no jornal ou colocados no site.

Informem-nos também sobre o andamento do projeto de vida proposto na pág.11.

É indispensável que nos ajudem na difusão do jornal O TRANSCENDENTE, levando e apresen-tando-o nos encontros de professores de ER, conven-cendo o Secretário de Edu-cação a realizar uma assina-tura coletiva que atenda a todas as escolas.

Trabalhando juntos podemos construir um ER mais aprimorado, produ-zindo conteúdos que facili-tem o trabalho dos professores e que suscitem mais interesse nos alunos por esta área. Se conseguirmos isso, será uma grande vitória para o ER.

A busca do transcendente enriquece e enobrece a vida hoje ameaçada pelo materialismo que invadiu os indivíduos, as famílias e a sociedade, não deixando espaços para os maiores e mais nobres ideais de vida. E as conseqüências estão à vista!

COLEÇÃO EDUCAÇÃO Junto com o jornal, a Equipe de O TRANS-

CENDENTE lançou uma coleção de 10 livros para oferecer, desde já, mais subsídios para os professores. É a Coleção Educação. Já estão nas bibliotecas das

Prezados Coordenadores e Professores de ER,

Muita paz!

Vocês estão recebendo a quinta edição do jornal O TRANSCENDENTE, um jornal re-cém-nascido, mas já mostrando para que veio. A equipe que o idealizou está muito satisfeita pela maneira com que está sendo acolhido. Com a inclusão do “Encarte Pedagógico”, o jornal, já presente em milhares de escolas de todo o Bra-sil, está agora bem mais enriquecido e com 16 páginas. Muitos são os professores que o assi-naram individualmente, mas não podemos es-quecer das Secretarias de Educação (estaduais e municipais) que realizaram assinaturas co-letivas para atenderem a todas as escolas. É a forma mais simples e menos dispendiosa para atender a todos os professores de ER.

A razão do sucesso do jornal O TRANSCEN-DENTE está em seus conteúdos e na boa apre-sentação dos mesmos. Outra razão é o fato de ele atender a uma realidade brasileira: a necessidade de bons subsídios na área do Ensino Religioso.

escolas 3.500 coleções. Nela, os professores encontram um ótimo material para promover uma educação in-tegral. Vejam a apresentação no site: www.otranscen-dente.com.br

Acabamos de lançar o décimo livro da Coleção Educação: SABEDORIA DOS POVOS – 100 histó-rias, contos e fábulas.

ESCLARECENDO OBJETIVOSO que mais queremos com jornal OT é:

• Abrir novos horizontes de paz, de entendimento en-tre povos, culturas e religiões.

• Fazer com que os alunos, desde já, se integrem na luta por um mundo melhor.

• Educar e preparar pesso-as para se preocuparem com a busca do melhor para elas mesmas e para a sociedade. Isso se faz através da educação para a cidadania e para a fra-ternidade.

• Orientar a busca pelo trans-cendente, excluindo a idéia de

um transcendente quebra-galho, um tapa-buraco, como resposta às carências psicológicas, sociais ou econômicas, mas sim de um transcendente que ajude a encontrar o sentido mais profundo da própria existência.

• Valorizar tudo que há de bom, de sublime e que me-rece ser partilhado para o enriquecimento de todos.

Nesta edição, antes de falarmos das diversas religiões, reto-mamos as quatro matrizes religiosas apresentadas, para relem-brar, embora resumidamente, estes conteúdos para os que não chegaram a assinar OT em 2007.

Um grande abraço a todos, alunos e professo-res. E contem sempre com esta equipe.

A capa desta edição quer apre-sentar o grande ideal de uma hu-manidade mais unida e solidária.

É o grande de-sejo de todos os povos, cansados de tantas guerras, injustiças, desigualdades e desesperanças.

As expressões nas faces das pessoas re-tratam as inúmeras culturas e a riqueza de di-versidades que há no mundo. Nesta riqueza cultural e religiosa, o transcendente se mani-festa de todas as formas.

Diante desta realidade, as religiões devem se tornar, cada vez mais, as promotoras de uma maior fraternidade e prática da justiça.

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O ENSINO RELIGIOSO MAIO / JUNHO - 2008 03

O Universo Religioso: as grandes religiões e tendências religiosas atuaisApós meses de pesquisa e muito diálogo com pessoas de várias crenças, os autores apresentam este estudo sobre várias manisfestações religiosas tradicionais e as ten-dências atuais. O objetivo deste livro é oferecer uma compreensão popular das manifestações religiosas presentes em nosso universo.

Este livro é indicado para escolas e para aqueles que buscam conhecer mais e melhor o universo religioso e suas manifestações. Esta obra ajudará a conhecer melhor a religião de cada um e também a do outro, tendo como horizonte um diálogo sincero e aberto na busca de um mesmo objetivo: a construção de um mundo melhor.

Por fim, poderia-se perguntar: Para que conhecer a nossa e as outras religiões? Para melhor conhecer o Transcendente. Professor, adote o “Universo Religioso”. Certamente este livro ajudará muito em seu trabalho.

a antigüidade primitiva, as pessoas tinham atitudes religiosas que, para nós, hoje, são inaceitáveis.

Na época dos clãs, fazia-se oferta ao espírito e a má-xima oferta era o sacrifício humano, às vezes a pessoa mais importante da comunidade, o filho do chefe. Essa pessoa sacrificada passava a ser venerada como um es-pírito. Por isso reis e deuses pertenciam a uma mesma linhagem. E quanto mais deuses existissem, mais sagra-do e inquestionável era o poder da dinastia.

Os altares larários, onde os Etruscos cultuavam os antepassados, eram uma forma de resistência das famílias diante do poder religioso das dinastias e fa-mílias reais. Se a linhagem do governo tinha deuses entre os seus antepassados, a família que tivesse ante-passados veneráveis podia enfrentar as exigências do rei, sem ter que submeter-se servilmente a ele. Por isso, os larários só existiam nas famílias ricas.

O povo que nem possuía nome de família con-tinuava cultuando os espíritos da natureza. Viviam ainda na magia primitiva. Nem questionavam a sua submissão a uma organização imposta, pois escapava aos seus reduzidos conhecimentos.

OS FORTES USAVAM OS DEUSES PARA ESCRAVISAR OS FRACOS

Na época dos clãs, a magia era a religião primi-tiva. Não havia deuses, mas espíritos que podiam ser

protetores ou perigosos. Com as civilizações e as fa-mílias reais, surgem os deuses. Eles representam a or-ganização social nelas vigente. Mesmo assim os espí-ritos da natureza não desapareceram. Pelo contrário: opuseram resistência à institucionalização.

Os detentores do poder econômico, político e religioso utilizam-se desta dependência popular para escravizar as massas e evitar os levantes contra a or-dem estabelecida.

Era crença comum nas religiões antigas que os deuses haviam criado os homens para os servirem. Ao homem cabia cultivar a terra, produzir alimentos e oferecê-los diariamente. A função do homem era tra-balhar para os deuses. Por conseqüência, os soberanos, que eram da linhagem dos deuses, recebiam o mesmo tratamento que era dispensado às divindades.

FATOS ATESTAM A ESCRAVIDãO ATRAVéS DA RElIgIãO

1. No Egito, os grandes túmulos dos faraós, que lhes asseguravam imortalidade, eram construídos por multidões de trabalhadores escravizados. A pirâmi-de de Quéops foi construída com dois milhões de blocos de pedra que pesavam quinze toneladas cada um e que foram arrastadas por grandes distâncias por aproximadamente 10 mil trabalhadores.

2. O rei Ciro, da Pérsia, em suas conquistas, nunca destruía os templos, inclusive dava permissão para reconstruir os que houvessem sofridos destruição. Assim, honrando os sacerdotes e os deuses nacio-nais, garantia a submissão das nações conquistadas.

3. Alexandre - o Grande, da Macedônia, quando conquistava uma cidade, oferecia sacrifícios nos templos às divindades nacionais, e reforçava o po-der dos sacerdotes, fortalecendo assim o seu pró-prio poder.

4. Para conquistar o império Persa, Alexandre en-frentou com trinta mil homens o exército do rei Dario, superior ao dele. O pavor espalhou-se en-tre os persas quando viram que Alexandre trazia à frente de seu exército um sacerdote vestido de branco. Era uma garantia absoluta de que os deu-ses o favoreciam.

RElIgIõES DE InTEgRAçãOSão as religiões dos povos primitivos, cuja or-

ganização não vai além da forma tribal.O homem vive dos produtos da natureza.

Daí a sua tendência para integrar-se nos ritmos da natureza, como meio de assegurar a sua so-brevivência.

A vivência religiosa destes homens esgota-se quase que somente nas suas exigências imediatas para sobreviver. Por exemplo: a fecundidade da mulher que gera os filhos, a reprodução da caça e as colheitas, que os alimentam.

RElIgIõES DE SERVIDãONas religiões de servidão, os deuses aparecem

como grandes senhores do céu, da terra e das re-giões inferiores, aos quais os homens devem ser-viços e homenagem, em troca de benefícios ime-diatos.

Em geral, são religiões de povos de cultura mais desenvolvida, com uma agricultura mais sis-tematizada, com princípios de urbanização, cen-tros comerciais e de uma indústria apreciável.

O aparato econômico e administrativo impri-me nas relações entre o homem e a divindade um caráter burocrático e servil.

RElIgIõES DE lIbERTAçãOO homem encontra-se numa situação de desgraça,

de dor e de castigo. A religião serve para libertá-lo. As causas desta situação ruim e as maneiras e os meios para sair dela são apresentados de diversos modos, conforme as idéias que se tem em relação ao mundo e às atitudes que o homem pode e deve tomar para a sua existência e para a sua sobrevivência no além.

RElIgIõES DE SAlVAçãOOs elementos fundamentais destas religiões são: a

existência de um Deus único; o homem se encontra numa situação de pecado, que pode ser uma desobedi-ência a preceitos divinos positivos e também uma op-ção contrária à ordem estabelecida por Deus; a alma do homem é imortal; portanto, cada um terá uma vida no além; uma vida que será feliz ou triste em conseqüência da opção do bem e do mal vivida no aquém; Deus san-to e justo é também amoroso e misericordioso, por Ele perdoa e reabilita o pecador que se arrepende.

São chamadas religiões de salvação, pois é o próprio Deus que quer a reabilitação e a vida do ho-mem, que se converte de sues pecados.

Esta total dependência de deus, porém, não es-maga a dignidade da pessoa humana. Ao contrário, ela valoriza a sua liberdade e consagra uma profunda responsabilidade da pessoa no esforço consciente de colaboração na atitude salvadora.

RElIgIõES ESPIRITUAlISTASNo século passado surgiram movimentos reli-

giosos sob a novidade do pensamento original a res-peito do problema do espírito, o transe mediúnico e os fenômenos parapsicólogos.

ATITUDES FIlOSóFICASPodemos citar: o Materialismo: tudo é matéria,

não há seres, alma, vida eterna; o Marxismo: filo-sofia de Karl Marx (18818-1883), sobre o qual se baseia o comunismo ateu; o humanismo: o homem é o centro de tudo. O humanismo ateu: nada de objetivo existe; o Teísmo: Deus existe, mas, não se importa conosco; o Agnosticismo: talvez Deus exista, mas não sabemos; a Maçonaria: nasceu na Inglaterra, em 1175, mas se organizou moderna-mente a partir de 1713; a Seicho-no-iê: fundada no Japão, em 1930, significa “lar do progredir infinito” ou “casa pluralidade”; Yoga: é uma técnica e uma filosofia. O corpo e suas funções fisiológicas condi-cionam a situação psíquica, facilitando as funções do corpo, o espírito pode raciocinar melhor e ter afetos mais puros.

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04 MAIO / JUNHO - 2008 CONVERSANDO COM O EDUCADOR

O TRANSCENDENTE: Pela sua experiência na área da educação, qual seria a diferença em se traba-lhar com alunos de escolas da rede pública e alunos de escolas privadas?

PROf. VAlmiR: Creio que a diferença maior se dá pela concepção de educação e pelo “espaço” e valor que o ER ocupa na escola, embora haja outros fatores que precisam ser considerados.É preciso, no entanto, esclarecer e renovar o conceito de ER, sua prática pedagógica, definir conteúdos, natu-reza e metodologia adequada ao universo escolar, como propõem os Parâmetros Curriculares Nacionais, embora considerando o contexto social onde a escola está inserida.

OT: Esta diferença estaria, necessariamente, nos alunos ou nas concepções das próprias escolas: base fundacional, linha metodológi-ca, constituição, público?

PROf. VAlmiR: Todos esses aspectos influen-ciam de alguma forma no jeito de trabalhar com alunos da rede pública e privada. O que não se pode perder de vista é que o aluno aprende melhor o que ele descobre e o que faz sentido para a sua vida. Paralelo a isso, é fundamental que haja coerência institucional, de modo que a proposta pedagógica seja unitária para todas as áreas do conhecimento e todos os segmentos da vida escolar, com objetivos claros e coerentes.

OT: Sobre a disciplina de ER, especificamente, qual seria o motivo de se trabalhar conteúdos tão intensa-mente com as crianças e, de certa forma, se negligen-ciar o ER para adolescentes e jovens?

PROf. VAlmiR: Primeiramente por compreender que a atitude do adolescente de muitas vezes questio-nar e não querer participar está dentro da perspecti-va de auto-definição, o que é absolutamente normal.

Precisamos considerar que vivemos hoje um esta-do difuso de religiosidade. Como trabalhar com um jovem aluno que precisa “se construir” num mun-do “de satisfação pessoal”, da era da “aristocracia do consumo”, do “narcisismo pós-moderno?”.

A escola precisa aprender a trabalhar com o adoles-cente de hoje, com seus vazios, histórias, necessidades e fragilidades. Nesse contexto é que se deve repensar o ER para que se possa contribuir, efetivamente, na construção de um mundo mais justo e fraterno.

OT: Como trabalhar, hoje, o Fenômeno Religioso sem que se perca de vista a possibilidade de o (a) aluno (a), a partir dos conteúdos apresentados e seus desdobramentos, fazer uma escolha religiosa para a sua própria vivência?

PROf. VAlmiR: A antropologia cultural, depois de muitos estudos históricos, deu ao fenômeno re-ligioso o reconhecimento de seu caráter universal. Daí, para que se possa trabalhar o fenômeno reli-gioso, há a necessidade de se acolher com atenção a experiência religiosa não só do aluno, mas da escola como um todo. Há que se considerar os seguintes pressupostos:

1. O Ensino Religioso Escolar deve se justificar em ter-mos educativos, já que a instituição escolar tem como finalidade a educação entendida como um processo que visa ao crescimento integral da pessoa.

2. A educação contemporânea deve ser continuada e per-manente. Portanto, o tempo de escolarização é apenas um “momento” dentro do processo existencial de edu-cação do homem que ocorre ao longo de toda a vida.

3. Se colocamos como objetivo do ER o despertar da religiosidade na criança\adolescente, essa religiosida-de tem que estar presente, e fortemente sentida, no educador, para que ele possa, através da sua prática e metodologia, criar espaços, experiências, para que o aluno possa fazer suas escolhas pautado na ética, como patamar máximo de encontro das religiões.

OT: Enquanto educador, qual sua sugestão para trabalhar no ER temas presentes no dia-a-dia dos adolescentes e jovens, como, por exemplo, namoro e sexualidade?

PROf. VAlmiR: São temas que exigem conheci-mento específico. Então, se faz necessário, primei-ramente, uma boa dose de estudo e de reflexão por parte do educador, e isso vale para todos os temas trabalhados em sala. É necessário também que haja conhecimento para que se possa viabilizar vivências, dinâmicas.

Após essa etapa, sugiro trabalhar esses temas com oficinas, músicas, etc.

OT: Os debates atuais sobre a educação alertam para a necessidade de estudo continuado e constan-te avaliação metodológica e tecnológica por parte das escolas e professores de forma a suprir os sa-beres dos alunos do novo século. Como a escola e o professor podem manter-se atualizados diante da demanda destas necessidades?

PROf. VAlmiR: Apesar de admitirmos ser a pós-modernidade um movimento avassalador das relações interpessoais, acreditamos que o sentido de pertença seja mais profundo que o individualismo e o egoísmo.

Nisso, a escola é o lugar por excelência do encontro social e da manifestação da vida, caracterizados pela busca da compreensão, explorando temas de seu in-teresse, de forma interdisciplinar, com estratégias que considerem este novo perfil de indivíduos e esti-mulando, sobretudo, o diálogo.

OT: Qual é o papel da família na educação dos filhos? Há um comprometimento dos pais com a educação religiosa de seus filhos, ou a escola, por ser confessional, acaba “adotando” essas crianças?

PROf. VAlmiR: O papel da família é primordial, pois a primeira escola se dá na família, sobretudo na educação infantil e até, em parte, do ensino funda-mental, pois nela dever-se-ia aprender as atitudes fun-damentais como: falar, vestir-se, respeitar os outros, conviver com as pessoas de diferentes idades, com-partilhar alimentos, distinguir, em nível primário, o que é bom do que é mau segundo as pautas da comu-nidade à qual pertence.

No desenvolvimento humano esta primeira eta-pa chama-se socialização primária, e é fundamental para que sua entrada na escola – socialização secun-dária - se dê de forma mais prazerosa e frutífera, pois

a criança irá adquirir conhecimentos e habili-dades mais especializados. Daí se faz necessário que a família realize essa socialização primária, pois, do contrário, a criança não constrói es-sas referências, e irá para a escola com ausência desses valores. Um diferenciador muito grande entre as duas socializações é a afetividade que permeia o ambiente familiar.

Precisamos dar início a uma nova etapa nas relações escola/família, onde os papéis serão reconstituídos sob novas bases éticas, políticas e culturais.

Quem sabe, depois disso, o travesseiro que acomoda a cabeça de pais e educadores não seja mais o caos e sim a certeza de que é na dire-ção da unidade que devemos caminhar. Famí-lia e escola trilhando caminhos diferentes para

chegar ao mesmo lugar, ao mesmo objetivo: formar crianças, jovens e adultos seguros e conscientes de seu lugar no mundo.

OT: Professor Valmir, deixe-nos sua mensagem.

PROf. VAlmiR: Não podemos continuar sim-plesmente insistindo, verbalmente, na falta de so-lidariedade, nas injustiças e egoísmos que marcam nossas sociedades, se não estivermos dispostos a ir mais fundo, analisando as raízes mais profundas que explicam esses fatos: valores, símbolos e representa-ções que inspiram e modelam o substrato cultural e religioso do mundo em que estamos inseridos, e que são, em última instância, responsáveis por atitudes de injustiça e de egoísmo.

Somos chamados a dar uma guinada, mudar li-geiramente de rumo e adotar, segundo as circuns-tâncias e os “públicos” aos quais nos dirigimos, uma abordagem religiosa mais clara e explícita, sempre, porém, respeitando a consciência das pessoas e evi-tando as intransigências, os proselitismos e os sectarismos, tão freqüentes em nos-sos dias.

“O que não se pode perder de vista é que o aluno aprende melhor o que ele descobre e o que faz sentido para a sua vida”

O TRANSCENDENTE, mantendo esta página de entrevistas, conversou com o professor Valmir Luiz Delfes, que há

12 anos leciona Ensino Religioso e Filosofia em escolas confessionais. Bacharel em Ci-ências Religiosas, licenciado em Psicologia e pós-graduado em Supervisão, Orientação e Gestão Escolar, o professor Valmir partilha conosco um pouco de sua experiência.

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Page 5: O Transcendente - No.5

UNIVERSO RELIGIOSO05 MAIO / JUNHO - 2008

Primeiramente, é preciso que nos reportemos ao início da história da humanidade. Os primeiros homens e mulheres viam nos fenômenos da na-tureza seres poderosos e os chamavam de deuses. Eles ainda não conseguiam compreender que tipo de fenômenos eram esses.

No decorrer da história, o ser humano foi evoluin-do, acumulando conhecimentos e a sua religiosidade foi alcançando outras dimensões. Assim, surgiram alguns questiona-mentos: quem criou o mundo à nossa volta? E nós, quem somos? De onde viemos e para onde va-mos? E muitas outras questões foram surgindo sem respostas claras e satisfatórias.

Na tentativa de encontrar res-postas a essas questões, originaram-se os mitos. Eles são narrações de verdades essen-ciais para a compreensão da natureza, do univer-so, do ser humano e da sociedade. Os mitos cons-tituem a memória de uma soma de valores e de conhecimentos. É a partir deles que provém a qua-se totalidade das religiões da humanidade, como também as primeiras idéias do transcendente.

Matriz IndígenaConfesso que fiquei encantado com a religiosida-

de indígena! Cada povo indígena com a sua forma particular de se relacionar com o transcendente. Mas há algo que muita gente precisa aprender com os in-dígenas: amar e respeitar a natureza! Para os indíge-nas, a terra é sinônimo de vida, é mãe e, como tal, prestam-lhe o devido respeito.

Vocês estão percebendo que quando conhece-mos o outro aprendemos muito com ele?!

Mas nem tudo são flores. Infelizmente, muitos povos indígenas já desapareceram e outros, devido a

fatores sociais, econô-micos, entre outros, estão em extinção.

E isso acontece não só no Brasil, mas em mui-tas partes do mundo. Que perda para a humanidade!

No entanto, em minhas andanças, vi de perto algu-mas iniciativas para manter

viva a cultura e a religiosidade indígena. Entre elas, quero destacar o ensino de idiomas indígenas em es-colas, o resgate das tradições, das celebrações, das fes-tas, entre outras.

Matriz AfricanaQuando estive na África, aprendendo

um pouco mais sobre a cultura e a reli-giosidade africana, lembrei-me muito do meu Brasil. De fato, no Brasil há uma forte presença e influência da reli-giosidade africana.

Chorei muito ao lembrar o modo com que as pessoas desse con-tinente foram raptadas e enviadas ao Brasil e a outros lugares, onde foram escravizadas. Mas, mesmo passando por todas essas tribulações, os escravos africanos mantiveram viva a religiosidade de seus antepassados.

Tanto na África, quanto no Bra-sil, a religiosidade de matriz africana é manifestada através da comunhão, da partilha, da dança, dos cantos, dos gestos, da comida farta para os seus filhos e filhas e, o que é mais interessante, continua sendo marcada por um profundo respei-

to pelo outro, independentemente de sua religião ou crença.

Infelizmente, ainda hoje, os africanos continuam sendo dis-criminados em muitos lugares do mundo. Aqui, no Brasil, os afro-descendentes, apesar de algumas vitórias, ainda sofrem preconceitos e são margina-

lizados por pessoas ignorantes e por alguns setores da sociedade. O que

podemos fazer para que isso não continue acon-tecendo?

Matriz OrientalO Oriente me fascinou! Os orien-

tais têm uma outra forma de ver o mundo à sua volta e isso dá o “tom” de sua religiosidade. O Oriente é o berço da maioria das chamadas “grandes religi-ões”: O Hinduísmo, o Budis-mom, o Xintoísmo, o Islamis-mo e o próprio Cristianismo.

O aspecto que mais me cha-mou a atenção na cultura e na re-ligiosidade oriental é a busca pelo equi-líbrio e pela harmonia. A meditação, a reflexão e o silêncio não podem ser ignorados, devido à impor-tância na vida e no dia a dia dos orientais.

Uma outra característica bonita que podemos perceber no oriente é o respeito e a convivência pacífica entre as pessoas de diferentes crenças. Infe-lizmente, devido ao fanatismo religioso de alguns grupos, esta convivência pacífica vem sendo ame-açada.

Graças à globalização, a cultura que vem do oriente está chegando até nós e contribuindo para o enriquecimento do ocidente. Sorte a nossa!

Matriz OcidentalAgora, mais “por casa”, dediquei-me a conhecer

mais sobre a religiosidade de matriz ocidental. E quanta surpresa! Este mundo é pequeno mesmo.

Vocês sabiam que a matriz ocidental está fun-damentada em concepções religiosas muito

antigas? Pois é, desde os antigos gregos, os

romanos e os povos nórdicos, a ma-triz religiosa ocidental veio se con-

figurando, passou pelo politeísmo e desembocou em religiões de grandes

manifestações populares, cuja crença é baseada na existência de um único Deus.

Hoje, o cristianismo e o espiritismo, que também se fundamenta na men-sagem evangélica, praticamente são a

“cara” da matriz ocidental. Apesar de existirem muitas divisões

entre os cristãos, vi que há muito respeito entre eles e à religiosidade do outro, pois está

havendo um grande esforço para dialogar e se enri-quecerem mutuamente. E isso é muito bonito! O amor supera todas as divisões.

Uma característica da religiosidade ocidental que me marcou profundamente é o apreço que se dá à solidariedade interna e com os pobres do mundo.

Amigos e amigas, o estudo das religiões deve nos orientar para o amor e para a solidariedade universal.

Bom, amigos, nossa via-gem pelo universo religioso continua e, podem crer, há muita coisa interessante e bonita para a gente apren-der. Venham comigo!

Olá amigos, tudo bem com vocês?!

Chegamos ao final da primeira parte de nossa gran-

de viagem pelo universo religioso. Estou feliz porque fiz muitos amigos, conheci muitas culturas, muitos povos e também pela oportunidade de perceber, pelo mundo afora, as diversas e interessantes manifestações do fenômeno religioso.

Nesta primeira fase de nossa viagem, vi-mos e estudamos as Matrizes Religiosas Indí-gena, Africana, Oriental e Ocidental. Vou reto-mar alguns aspectos bem interessantes desta viagem e expressar algumas impressões pes-soais.

Vamos nessa!

1. Falei que, devido a fatores sociais, econômicos, entre outros, muitos povos indígenas desapare-

ceram. Vocês ouviram falar sobre isso? O que fazer para que os nossos irmãos indígenas

sejam respeitados, valorizados e pos-sam viverem segundo as suas tradições culturais?2. A maioria dos afro-descendentes,

hoje, ainda sofre preconceitos e é dis-criminada. Contem o que vocês sabem

sobre isso. O que nós podemos fazer para conter este bárbaro crime e ajudá-los a viver

dignamente? 3. Quais são as contribuições culturais, religiosas e

filosóficas que recebemos dos orientais e que apa-recem claramente em nossa sociedade?

4. A religiosidade ocidental se espalhou pelo mundo todo com os descobridores e os missionários cris-tãos. Mas, com a fé cristã, chegou também uma extraordinária solidariedade. O que o nos-so país, a nossa turma, e cada de nós pode fazer para as pessoas e os povos mais necessitados?

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Page 6: O Transcendente - No.5

ESPIRITUALIDADES MAIO / JUNHO - 2008 06

Você que já assina e usa este subsídio, difunda-o entre os colegas de Ensino Reli-gioso e outros interessados.

MÃES SÃO TECELÃSChegando ao topo dos Anos Dourados, com

o olhar da imaginação, recordo tantas mulheres e mães que, de muitas formas e em diferentes mo-mentos, marcam presença tecendo a malha dos anos da nossa vida.

Mães são tecelãs apaixonadas que se entrelaçam e acolhem em seu corpo, mente e coração, a vida que se aninha e se engendra.

Com fios de luz e seiva fecunda elas tecem o cor-po do seu bebê, em noites cheias de sonhos e temores, madrugadas insones, em dias de múltiplos desejos e planos.

Tecelãs dedicadas e persistentes, em preces e canções de ninar e mesmo lágrimas silenciosas, com cuidados e agrados, tecem confiança, oferecendo o sen-so de bondade a seus filhos.

Vestem o corpo e a ima-ginação dos pequenos, enquanto colocam babados e laços para dar um toque extra de conforto e gracio-sidade.

Mães são eternas professoras e tecelãs do saber, da curiosidade, do riso, da vontade de descobrir, de construir e de aprender.

São hábeis criadoras de fantasias, de bonecas e tapetes mágicos, para a imaginação dos pequenos.

Também acarinham os cabelos, acalmam, tecem cachos e tranças.

Mães são exímias tecelãs e, quando preciso, rea-tam e apertam nós de afetos, juntam as tramas rebel-des e acreditam na sua arte.

Crêem tanto que não levam tão a sério a esquisi-tice de seus filhos adolescentes que, em certas ocasi-ões, decidem andar às avessas.

Elas bem sabem que eles têm o lado belo da vida, que é o mais importante.

São tantas as mães e tão diferentes, todas belas a seu modo e crentes!

Crêem no milagre da vida, na possibilidade da pri-mavera que, de certa forma, também dependem delas.

Mães tecem com o coração nas mãos, sempre pron-tas para acariciar, afagar, perdoar, esperar e, em prece, aconchegar outras mãos nas suas.

São tecelãs que se inspiram na mais santa das mães - Maria, a Mãe do Divino Mestre - para tecer vestes de seus rebentos.

Essas prendadas tecelãs têm um pouco de Deus, um pouco de anjos e um pouco de fadas ao tecer alen-to e encantamento que nos dão a segurança de serem colo seguro e ombro amigo, que nos permitem fazer beicinho, buscar carinho e alimento para tudo de que precisamos na vida.

MÃES SÃO TECELÃSLOngaMEnTE TESTadaS

Por isso, entendem de fios e desafios, de nós, de la-ços e fitas, de alma que silencia ou que grita.

Mães são tecelãs de bandeiras de paz e são promes-sas de arco-íris que abraçam todas as cores, todas as nu-ances de amores, sonhos desfeitos, amizades refeitas.

Mães são tecelãs de toalhas dupla-face, naturais e aveludadas, para os mais frá-geis, os que se banham, para os que se refazem das quedas e tropeços nos caminhos da vida.

São tecelãs incansáveis de túnicas e mantos que acolhem, abrigam e protegem, de pulô-ver e mantas que abraçam e aquecem nosso corpo e, mui-to mais, o nosso coração, que busca espaço de aconchego e segredo.

Mães tecem ninhos repletos de esperança e alegria. Mães tecem espaços de aconchego e sossego para

um soninho. Mães tecem pavios escondidos para acender a cha-

ma da fé. Mães são tecelãs de mãos ágeis e ternas, extensões

do coração materno de Deus, que se tornam perenes, entregando novelos e retalhos para que outras pessoas, outras mulheres continuem a sua arte.

Benditas mães! Benditos filhos, frutos tecidos de amor!

Benditas tecelãs da vida, cúmplices do Criador!

Zuleides de Andrade, Curitiba - PR Fonte: http://www.abrali.com/015coluna_direita/

ir_zuleides/indice_ir_zuleides_andrade.html

Ao celebrarmos o dia das Mães, é urgente procurarmos recuperar a fertilidade, a fe-cundidade da vida humana. Fomos criados

para dar vida. Se nos negarmos a isso, estamos nos condenando irremediavelmente à morte por esterilidade e por atrofia de nossas capacidades humanas. Em meio a uma cultura esterilizante e desumanizante, celebrar a maternidade é ce-lebrar a dor rapidamente esquecida que dá lugar à alegria que nunca passará.

(Maria Clara Lucchetti Bingemer – teóloga)

Tema: MÃES SÃO TECELÃSAmbiente: Preparar um lindo ambiente para receber as mães com flores, cartazes, painel com figuras ou fotos das mães.

Material para a Dinâmica:

• Fitas-bebê nas cores rosa, azul e branca (20 cm cada)

• Som ambiente.Acolhida:• Na entrada, cada mãe receberá um conjunto de três

fitas.

• Preparar as mães para receberem seus filhos ao final da celebração.

• A coordenadora fará acolhida com uma saudação alegre e festiva, convidando as mães para faze-rem do momento uma oportunidade de reflexão e prece.

• Motivar as mães para olharem para o lado e sauda-rem as mães que estão ao seu lado (dar um tempo para os cumprimentos).

• Convidar as mães para tomarem nas mãos as fi-tas que receberam na entrada e, à medida que ouvirem a declamação do texto, irem tecendo as fitas e formando uma trança, no sentido de “tecer a vida”.

• Ao som de fundo musical apropriado, dar início à de-clamação, pausadamente, criando um clima de sen-timentos e emoções e dando tempo para as mães tecerem as suas fitas.

• Terminada a declamação, a coordenadora poderá retomar a palavra e elaborar algumas questões referentes à dinâmica realizada para as mães meditarem enquanto contemplam as fitas teci-das:

- Quais sentimentos povoaram meu coração du-rante esta reflexão?

- Quais lembranças da vida vieram à minha men-te e ao meu coração?

- Quais são os sonhos que sonho para meu filho, minha filha?

Entrada dos filhos no ambiente:

• As crianças adentrarão no ambiente cantando “Parabéns pra você”, ou um canto especial pre-viamente ensaiado. Caso tenham preparado, en-tregarão um presentinho para as mamães.

Final: Para concluir a celebração, poderá ser feita uma bênção por um sacerdote, pastor ou rezar a oração do Pai-Nosso.

Veja mais: “Mamãe, uma pessoa especial” Livro: Educando para a Vida – Coleção Educação – página 75

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07 MAIO / JUNHO - 2008 RITOS E VIDA

Transformações edesafios da adolescência

Crescer não é tarefa fácil. A adolescência é uma fase da vida permeada por grandes transformações físicas e psíquicas. Em geral, a perda do corpo e dos privilégios infantis, aliada a exigência social de fazer escolhas, cujas repercussões serão sentidas a médio e longo prazo, originam insegurança e sentimento de inadequação para o adolescente.

Os principais desafios que delimitam a passa-gem da adolescência para a vida adulta são: a cria-ção de uma identidade profissional; a conquista da independência financeira e o desenvolvimento de relacionamentos íntimos. As experiências amoro-sas na adolescência são extremamente marcantes (quem não lembra do seu primeiro namorado ou namorada?) e oferecem inúmeras possibilidades de aprendizagem.

Escolhas amorosas na adolescência: pessoa real versus pessoa idealizada

As escolhas amorosas na adolescência tendem a ser realizadas não em função de características re-ais, mas de idealizações a respeito da “pessoa ama-da”. Sob o efeito da paixão, é comum encontrar dificuldades para identificar comportamentos da outra pessoa que sejam considerados inadequados. Em contrapartida, o adolescente tende a super-di-mensionar as qualidades do parceiro ou, mais do que isso, a projetar no outro qualidades que ele não tem.

Para desespero daqueles que estão a sua vol-ta, em especial seus pais e amigos, é comum que o adolescente despreze opiniões contrárias as suas em relação às qualidades e defeitos da “pessoa amada”. Escrevo “pessoa amada” entre aspas, porque em processos de idealização o que é “amado” não é a pessoa em si, mas a fantasia criada a respeito dela.

Namoro na adolescência: quais são os benefícios?

Passada a fase de idealização, é possível iden-tificar, não apenas as qualidades, mas também os defeitos do parceiro. A capacidade de relacionar-se com uma pessoa real, e não mais com uma pessoa “ideal”, é sinal de maturidade. Relacionar-se com

uma pessoa real significa ter que aprender a admi-nistrar as diferenças individuais. Nem sempre o ou-tro aprova aquilo que eu digo ou faço; nem sempre o outro quer fazer o mesmo que eu; nem sempre o que o outro diz ou faz é digno de admiração. Mais importante que perguntar “concordamos em tudo?”, é perguntar “o que fazemos quando discor-damos?”.

Os comportamentos, apresentados pelos adoles-centes nos momentos em que existem conflitos no namoro, dependem, em grande parte, dos modelos de relação oferecidos pelos casais das famílias de origem. Se pai e mãe resolvem, constantemente, seus problemas conjugais aos gritos ou por meio do diálogo respeitoso, é compreensível que o ado-

lescente recorra aos recursos por eles uti-lizados frente a um problema com seu

namorado ou namorada. A riqueza da relação a dois reside

no fato de que o outro possui mode-los de interação diferentes e oferece

ao parceiro, não apenas a possibilidade de avaliar as aprendizagens desenvolvi-

das na família de origem, mas também de aprender novos tipos de interação. O namoro

possibilita ao adolescente ampliar seu repertório comportamental e, conseqüentemente, desenvolver novos recursos para administrar as diferenças indi-viduais.

Outro benefício do namoro, para o desenvolvi-mento dos adolescentes, é a possibilidade de receber e oferecer suporte emocional. Ao compartilhar suas experiências cotidianas, os namorados recebem e ofe-

recem incentivos em relação aos comportamentos que apresentam, considerados socialmente adequa-dos, e repreensões em relação aos comportamentos considerados inadequados. Em função dessa troca de “juízos”, o adolescente, gradualmente, passa a desen-volver maior capacidade para avaliar que compor-tamentos são eficazes ou adequados não apenas em função de suas experiências anteriores, mas também em função das experiências do parceiro.

É importante ressaltar que, na adolescência, o “feedback” oferecido pelo namorado ou namora-

da será, provavelmente, melhor aceito e apro-veitado pelo adolescente do que o “feedba-

ck” oferecido por seus pais. Isso aconte-ce porque as relações de poder entre

os namorados são, em geral, mais equilibradas do que as relações de

poder entre pais e filhos.

Qual é o “segredo” para o estabelecimento e manuten-ção de relações felizes?

É fácil para o adolescente exigir que o namorado ou a namorada se comporte

de determinada maneira para melhor lhe agradar. Difícil é ser generoso a ponto de,

ao se comportar, considerar e respeitar os sentimentos do outro. O tão almejado segredo para o estabelecimento e manutenção de relações felizes, não é encontrar a pessoa certa, mas SER a pessoa certa. A “pessoa certa” é aquela que está disposta a aprender a amar cada vez mais e melhor, cuja felicidade está atrelada ao sorriso e ao bem-estar do outro.

Professores (as), reúnam-se com seus alunos para um momento especial.

Leiam o texto acima, discutam e reali-zem as atividades propostas no Encarte Pedagógico.

A turma vai adorar!E mais, busquem na

Coleção Educação: “Namoro: um proje-

to comum” – Livro Edu-cando para a Vida, páginas 97 à 99.

“Namoro: qualidade ou quantidade”- Livro Como Educar Hoje? Páginas 111 à 113.

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ATUALIDADES MAIO / JUNHO - 2008 08

O TRANSCENDENTE: Muitos pais encontram-se despreocupados, achando que na escola seus filhos re-cebem orientações adequadas sobre o tema “educação sexual”. No entanto, na prática, observa-se um grande despreparo das escolas neste campo. Pela sua experi-ência profissional e como mãe, tem algo a dizer a este respeito?

DRª ClEONiCE: A escola, em seu currículo, ensi-na a anatomia e o funcionamento dos órgãos sexuais. No entanto, nem todos os professores ministram, além da informação, a formação sobre o exercício da sexualidade, que não se restringe a genitalidade, “o fazer sexo”, e sim a todo o envolvimento do ser humano na sua dimensão emocional e sexual. Consi-derar que a escola é responsável pela educação sexual é delegar “a outro” a obrigação essencial de educar, que, na verdade, é dos pais ou responsáveis pela criança/jovem.

OT: Muitos adolescentes já tiveram sua primeira ex-periência sexual. Alguns, inclusive, desde muito cedo, mantêm relações sexuais de forma periódica, sem es-tarem preparados física e psicologicamente para este ato. Qual sua consideração a este respeito?

DRª ClEONiCE: Essa situação confirma que os jo-vens são vítimas da falta de orientação, diálogo e atenção dentro de casa ou que se deixam levar por influências externas como o modismo do “ficar”, querer ser mo-derno e avançado no tempo e, de forma inconseqüente, iniciar o relacionamento sexual. O importante é que o adolescente seja responsável, busque informações, peça orientações e acate os conselhos de quem tem mais ex-periência de vida.

OT: A gravidez precoce, geralmente inesperada, afeta um projeto de vida. Os sonhos e as perspectivas de vida de muitas adolescentes vão por “água abaixo”. O que fazer quando isso acontece?

DRª ClEONiCE: O teste positivo de gravidez é, para a jovem, um grande susto e, às vezes, até motivo de de-sespero. A partir do momento em que uma nova vida surge inesperadamente, não adianta lamentar. A vida é sagrada e, portanto, deve ser preservada. Aborto jamais! É importante, nesse momento, que a adolescente procu-re uma pessoa em quem ela possa confiar sua angústia e que seja seu esteio, dando-lhe orientações e ajuda.

OT: São muito freqüentes, hoje, questões a respeito do aborto, como também em relação ao uso de camisi-nha, pílulas anticoncepcionais, pílula do dia seguinte e outros métodos anticonceptivos. Qual é o seu ponto de vista sobre tais atitudes e que conselhos a senho-ra oferece aos adolescentes e jovens a respeito dessas questões?

DRª ClEONiCE: Os meios de comunicação, principalmente a televisão e a internet, têm o lado positivo de informar sobre o que existe no âmbito de pre-venção da gravidez. Enquanto médica, eu costumo orientar que o relacionamento sexual é atitude de “gente grande”, que quer dizer: pessoa responsável e conhecedora das conseqüências do seu ato. Cabe ao profissional da saúde explanar e orientar os jovens em suas escolhas.

OT: Visto que gravidez na ado-lescência é uma problemática que normalmente “estoura” na escola, qual contri-buição e orientação poderão ser dadas aos educado-res para que eles saibam trabalhar com competência e responsabilidade esta questão junto aos seus alunos e suas famílias?

DRª ClEONiCE: A gravidez na adolescência “es-toura” na vida da jovem mãe, na vida do seu parceiro – pai da criança, nas famílias de ambos e na escola, pois os estudos ficarão prejudicados. Os educadores que realmente trabalham a formação dos alunos, in-dependente da sua disciplina, e vêem nisso sua missão, sabem dar o apoio e as orientações necessárias nesse momento.

OT: É importante lembrar que não somente a garo-ta, mas também o rapaz é responsável pela gravidez precoce. De que forma fortalecer a consciência dos rapazes com referência a esta questão, uma vez que ainda prevalece, em nossa sociedade, um comporta-mento machista de “deixar sobrar para a mulher esta responsabilidade”?

DRª ClEONiCE: Os adolescentes devem ser escla-recidos que, em seu desenvolvimento físico, se dá o amadurecimento e a capacidade de procriar. Muitas vezes os meninos não se dão conta de que já são fe-cundos e que a sua namorada pode engravidar.

Daí a grande dificuldade de o menino se ver como pai quando ainda está pensando em “curtir a vida”, es-

tudar, viajar, sair com amigos, freqüentar baladas e praticar esportes.

O processo de responsabi-lidade sexual deve ser trabalha-do pelos pais desde a infância, sem distinção de sexo. Garo-tos e garotas têm as mesmas responsabilidades diante da gravidez.

OT: Ainda assim, se apesar de tantos esclarecimentos, vier a acontecer uma gravi-dez fora de hora, como os adolescentes devem proceder para não colocar a perder a vida que conceberam – uma criança que vai nascer?

DRª ClEONiCE: Como já dissemos anteriormen-te, a vida é sagrada e dom de Deus. Ele é o dono e Se-nhor da Vida! Mesmo na gravidez inesperada e, num primeiro momento, indesejada, é importante supe-rar os sentimentos de rejeição e partir para a com-preensão e aceitação desse fato novo. Lembremos, no entanto, que uma pessoa da confiança dos dois adolescentes é muito importante para ajudar nessa saudável transformação. O amor sempre con-segue superar as dificuldades e, no caso, gerar um ser amado e equilibrado.

Siga a seqüên-cia entre letras e números que o quadro ao lado propõe e monte a frase. Em se-guida, converse com a sua turma.

Qual é a sua opinião a respei-to desta afirma-ção?

Você concor-da? Por quê?

A ginecologista Cleonice M. Pic-coli Teixeira, entrevistada pelo jornal O TRANSCENDENTE,

nos dá sua opinião sobre este problema cada vez mais difuso e preocupante.

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NOSSO COMPROMISSO MAIO / JUNHO - 2008 09

Os antigos gregos trabalhavam todos os dias. Eles não tinham final de semana, somente paravam de trabalhar por oca-

sião dos feriados religiosos e eventos esportivos, dentre eles os Jogos Olímpicos.

No começo, as Olimpíadas eram conhecidas como Festival Olímpico e faziam parte de quatro grandes festivais re-ligiosos pan-helênicos, celebrados na Grécia Antiga, e assistidos por visitantes vindos de todas as cida-des-estado que formavam o mundo grego.

Homenagem a ZeusO Festival Olímpico era sediado

na cidade de Olímpia, em homena-gem a Zeus – deus supremo da mito-logia grega. Era, portanto, uma oca-sião religiosa, onde o centro de tudo era o grande templo de Zeus. Mais de cem bois eram sacrificados no altar em frente ao templo e seu interior era dominado por uma estátua do deus coberta de ouro.

Os atletas se reuniam, a cada quatro anos, no ve-rão, no Festival Religioso sediado na cidade de Olím-pia. Nessa ocasião, eles deixavam de lado todas as suas divergências.

Caso as cidades gregas estivessem envolvidas em guerras durante a realização dos jogos, proclama-va-se uma trégua sagrada (ekekheiria), que concedia uma espécie de salvo-conduto aos viajantes a cami-nho de Olímpia.

Cada atleta, em frente ao altar, oferecia um sacrifício e rezava antes do começo dos jogos. Mente, corpo e espírito, que formavam o atleta com-pleto, estavam sempre juntos nas competições, lugar para a conversão e para o aprendiza-do. Um comitê organizador decidia se a moral do atleta lhe dava o direito de competir.

Na Era Antiga, como ju-ramento, os gregos, antes dos jogos, faziam uma oração no templo de Zeus para que as competições fossem justas.

Atualmente, no juramen-to, os atletas prometem hon-ra, espírito de boa vontade e esportividade durante os jogos, com o objetivo de diminuir sentimentos nacionalistas.

Quando os valores se invertemO grande ideal olímpico, preconizado no iní-

cio das olimpíadas da era moderna, expressado na frase: “O importante é competir, não ganhar”, já

1. Quem são os “Atletas da Vida” em sua casa, em sua escola, em sua igreja ou na sua comuni-dade? Por que os considera tais?

2. Muitos jovens, que freqüentam academias e pretendem manter seu corpo “malhado”, fazem uso indiscriminado de drogas ana-bolizantes. Qual a sua opinião a esse res-peito?

3. É comum vermos atletas, sobretudo brasilei-ros, fazendo gestos de religiosidade e fé antes das competições. Qual sua consideração sobre isso?

não encontra o mesmo eco em nossos dias, onde o es-porte, em muitos casos, é visto como uma disputa em que, para alguns, ganhar compreende alterar o físico com drogas anabolizantes – o doping. Trata-se de casos isolados, mas que tem se tornado freqüentes e que maculam o espírito dos jogos. Ben Johnson, atle-

ta canadense em Seul – 1988, após ter conquistado a medalha de ouro nos 100m, teve cassada sua medalha pelo Comitê Olímpico Internacional. No Brasil, em junho de 2007, a nadadora Rebeca Gusmão também foi pega em doping nos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro.

O alto valor do investimento para sediar os jogos é outro fator que inverte o espírito dos jo-gos. Devido à macro-estrutura exigida para sediar as Olimpíadas, países de terceiro mundo não têm condições de concorrer com as propostas ofereci-

das pelos países mais desenvol-vidos que muito lucram com este evento.

As olimpíadas da vida

Podemos perceber que o maior Festival Olímpico dos novos tempos acontece, todos os dias, nas Olimpíadas da Vida. Elas também produzem muitos campeões!

A geografia das Olimpíadas da Vida é outra. A cidade não é Olímpia, mas os centros ur-banos, as favelas dos morros, as periferias das cidades, os sertões, os hospitais e as escolas onde as pessoas lutam pelos seus direitos e outras se comprometem volun-

tariamente no serviço aos mais pobres e carentes.É importante espelhar-se nos atletas das Olim-

píadas, mas não podemos esquecer os atletas das Olimpíadas da Vida. Eles não possuem as ágeis habilidades de um competidor olímpico, mas possuem a capacidade de superar os desafios e os obstáculos impostos pelo dia a dia da vida.

Quem são os campeões da vida? Cito só al-guns:

• as crianças que estão nos hospitais vítimas de doenças graves e que, mesmo com dores e sem saber a razão de ali estarem, se rendem ao ca-rinho dos profissionais da saúde esboçando um

sorriso de gratidão.

• as crianças vítimas de maus-tra-tos e abandono que, sem saber por quê, lutam para sobreviver. Muitas destas crianças encontram-se em con-dições de riscos sociais, expostas à exploração infantil e às drogas.

• as mães que lutam pela educação de seus filhos, que buscam resgatar seus filhos das drogas, que perdem noi-tes de sono para cuidar de suas crianças doentes e, pela manhã, seguem para o trabalho fora do lar – em dupla jorna-da de trabalho.

• os pais que, muitas vezes desem-pregados, percorrem quilômetros por dia, de porta em porta, na árdua missão de arrumar um emprego digno que possa suprir as necessi-dades de suas famílias.

• Existem muitos Campeões. Uns são famosos e com medalhas, mas existem outros milhões de campeões e campeãs anônimos (as), sem di-reito a pódio e nem medalhas, mas marcados indelevelmente pela coragem e pela “mania de ter fé na vida”, vencendo, a cada momento, o preconceito, o desemprego, a exploração, a precariedade da saúde e outros tantos desa-fios.

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10 MAIO / JUNHO - 2008 DINAMIZANDO

Olá, amigo (a) Educador (a):

Esta atividade pode trazer excelentes resultados para o seu trabalho e para a vivência dos seus alunos.

No 1º bimestre (edição 04), sugerimos uma reflexão sobre a DIMENSÃO INTRAPESSOAL com o objetivo de levar o (a) aluno (a) a um en-contro consigo mesmo(a).

Neste bimestre trabalharemos a DIMENSÃO INTERPESSOAL - Relacionamento com os ami-gos, com os professores e com a família.

• Faça uma retrospectiva da dimensão trabalhada no bimestre anterior.

Narrador: Queridas crianças! Vencer faz parte da vida! Através desta apresentação poderemos per-ceber quantas pessoas vencem, a cada dia, as Olim-píadas da Vida. Vamos prestar atenção e procurar reconhecer em cada uma delas e em nós mesmos os Campeões da Vida.

CriaNça de rua: Meus amigos! Meu pai aban-donou minha mãe quando eu nasci. Até minha mãe não quer mais saber de mim. Hoje, a rua é a minha casa. Sou vítima das drogas e, muitas vezes, tenho que correr da própria polícia. Acho que existe pou-ca proteção para crianças como eu. Apesar de tudo, gosto da vida e todos os dias defendo-me para não

morrer. Eu também me considero um (a) Campeão (ã) da Vida!

CriaNça doeNte: Amigos, eu sou vítima de uma doença muito grave. Moro mais tempo nos hospitais do que em minha própria casa. Meus pais me amam e eu os amo também. Estou sofrendo mui-to, mas não desanimo. Ah, como gostaria de brincar como uma criança saudável! Por isso tudo eu me considero um (a) campeão (ã) da Vida!

Jovem Com defiCiêNCia físiCa: Colegas, minha condição física não me permite viver como vocês. Minha maior difi-culdade é circular pelas ruas da cidade. As cal-çadas são muito esbura-cadas e existem poucas rampas de acesso aos am-bientes públicos. Contu-do, me esforço para vi-ver serenamente e fazer o bem. Eu me considero um Campeão da Vida!

Pai: Queridas crianças! Eu luto todos os dias para alimentar e educar os fi-lhos. Atualmente estou desempregado. Vocês sa-bem como é difícil para um pai não poder dar o que um filho precisa! Mas, sou um homem de fé. Não desistirei de procurar trabalho, pois é ele que dignifica o homem. Eu também me considero um Campeão da Vida!

mãe: Meus filhos! Assim como a mãe de vocês, eu sou muito trabalhadora. Acordo muito cedo e tomo dois ônibus para chegar ao meu trabalho. Porém, antes de sair, levo meus filhos para a escola. À noi-te, quando volto, limpo a casa, lavo e passo roupas, preparo comida para meus filhos e os ajudo em suas tarefas escolares. Será que eu não serei também Cam-peã da Vida?

morador de rua: Meus amigos! Eu estou morando na rua. Mas não fui eu que escolhi esta vida, mas tudo me levou para isso. Vivo catan-do papéis e latinhas para sobreviver. Sofro muito pelo preconceito. Muitas pessoas pensam que os moradores de rua são vagabundos. Pode ser, mas nem sempre é assim. Eu sou um homem honesto. Pela minha luta me considero um Campeão da Vida!

idoso (a): Meus amigos! Eu também fui criança como vocês. Brinquei, cresci, fui jovem e hoje sou vovô (vovó). Já trabalhei muito, constitui uma fa-

mília e ajudei o meu país a crescer.Vocês pensam que a vida dos idosos é fácil? Além das dificuldades físi-cas, nem sempre somos res-peitados em nossos direi-tos de cidadãos e, às vezes, também não somos respei-tados por nossos próprios filhos e netos. Sim, eu sou um Campeão da Vida!

Narrador: Crianças, vocês perceberam? Todas essas pessoas são “atletas da vida!” Vocês concor-dam? Então vamos sau-dar estas pessoas que nas Olimpíadas da vida são

sinais de amor, de busca da felicidade, de cuida-do e, acima de tudo, de exemplo para todos nós. Que os “campeões da vida” sejam reconhecidos por todos nós e recebam a nossa vibração e o nos-so aplauso. Viva!!!

O (A) professor (a) poderá levar o tema adian-te e ajudar a buscar, na vida de cada aluno (a), um bom motivo para ele (a) sentir-se um (a) Campeão (ã) da Vida, bem como reconhecer em seu papai, mamãe, avós, colegas ou pessoas co-nhecidas um atleta das Olimpíadas da Vida!

Personagens: idoso (a), criança de rua, crian-ça doente, jovem deficiente físico, pai, mãe, morador de rua, narrador.

Cenário: Cadeiras em círculo. Com a ajuda dos alunos, elaborar um cenário no centro da sala que contenha:• tapete grande, lençol ou pano colorido• uma cadeira• seis almofadas• arranjo com folhagens• fundo musical• medalhas feitas de papel dourado (para pen-

durar no pescoço dos personagens ao final da apresentação).

COMO PREPARAR:• Vestir cada participante de acordo com o per-

sonagem que representa

• Poderão ser utilizados grandes lenços coloridos no lugar de roupas e adereços variados.

PARA COMEÇAR: • Som ligado

• Os personagens entrarão em fila e sentarão nas almofadas. A pessoa idosa sentará na cadeira

• Baixar o som e começar a apresentação.

• Estabeleça com a turma novas metas a serem alcan-çadas nesta segunda etapa do Projeto.

• Elabore atividades que os levem a perceberem-se como seres de relacionamentos e afetividades.

• A cada encontro promova com seus alunos momen-tos de retomada das metas estabelecidas e dos passos dados em busca do cumprimento das mesmas.

• Elabore questionamentos que conduzam a turma a repensar seu modo de agir e de se relacionar com as pessoas.

LEMbRE-sE: O sucesso desta caminhada depende muito de você, professor (a), pois, será a partir de sua motivação e habilidade na condução do processo que os alunos poderão encontrar algumas respostas para as sua buscas.

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SABEDORIA E VIDA MAIO / JUNHO - 2008 11

Valor: R$ 100,00 + 10 % de frete Realize seu pedido através:

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Entre o estado consciente e o sonho, deparei-me com uma grande porta. Ao me

aproximar percebi um guardião, que me disse: - Ninguém pode entrar nesta sala. Aqui estão guar-dados os livros da vida. Aquele que conseguir passar por esta porta poderá ter acesso ao seu livro

e modificá-lo a seu gosto. - Minha curiosidade era grande! Afinal,

poderia escolher o meu destino. Insisti muito, e o guardião resolveu ceder: - Está bem, dou-lhe cinco minutos.

- Eu nem podia acreditar! Cinco minutos eram mais do que suficientes para que eu pudesse decidir o resto da minha vida... Poderia apagar e acrescentar o que quisesse no livro da minha vida. Entrei, e a primeira coisa que vi foi o livro da vida do meu pior inimigo. Não agüentei de curiosidade. O que será que estava escrito no livro da vida dele? O que será que o destino reservava para aquela

pessoa que eu não suportava? Abri o livro e comecei a ler: Não me conformei...

Verifiquei que sua vida lhe reservava muitas coisas boas e não tive dúvidas! Apaguei as coisas boas e reescrevi o seu

destino com uma porção de coisas ruins. Logo, vi outro livro... Era de uma

colega de quem eu não gostava. Fiz a mesma coisa... De repente, deparei-me com o meu próprio livro! Nem acreditei. Este era o momento! Iria mudar o meu destino, apagaria todas as coisas ruins e reescreveria somente as boas. Seria a pessoa mais feliz do mundo!

Quando peguei o livro, eis que alguém bateu no meu ombro e me disse:

- Seu tempo acabou! Pode sair. - Fiquei atônito! Mas eu nem tive tempo de ver o

meu livro!!! - Pois é, disse o guardião:- Eu lhe dei cinco minutos preciosos e você poderia

ter modificado o seu livro, mas só se preocupou com a vida dos outros e não teve tempo de ver a sua.

- Baixei a cabeça, cobri as faces com as mãos e sai da sala.

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12 MAIO / JUNHO - 2008 SABEDORIA E VIDA

Aluna: Shara Machado - 8ª SérieTijucas - SC

Finalmente, após sucessivas solicitações de catequistas, pais e educadores, estamos anunciando o lançamento de mais um livro de histórias: “Sabedoria dos Povos: 100 histórias, contos e fábulas”.

Histórias, contos e fábulas têm um potencial mo-tivador de extrema importância para difundir idéias e ensinamentos importantes para a formação de

pessoas de todas as idades.

Adquira-o utilizando:Fone: (48) 3222.9572 / Fax: 3222.9967Site: www.missaojovem.com.br / E-mail: [email protected]

T antas coisas em nossas vidas passam R ápido demais e não conseguimos A companhar as boas coisas que estão ao N osso redor. Nos S urpreende quantas pessoas adquiremC onhecimentos ao longo de suas vidas E não os utilizam em benefício doN osso irmão que está tão próximo.D ependemos uns dos outros para vivermosE m sociedade. O espírito humanitárioN ão pode desaparecer de nossos corações. T odos nós somos responsáveis pela construção de uma vida melhor E m sociedade.

Bruna Moraes Vicente, 7ª série / Tijuicas - SC Aluno: Luiz Fernando - 5ª Série / Tijucas - SC

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