o tipo penal

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doloso e culposo

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DIREITO PENAL1. TIPO PENAL1.1. Conceito e Importncia do Tipo

O tipo legal um dos postulados bsicos do princpio da reserva legal. A CF consagra expressamente que no h crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prvia cominao legal (art. 5., inc. XXXIX), deixando lei a tarefa de definir, descrever, os crimes.Importante destacar a teoria do tipo, concebida no ano de 1907, por Ernest Beling, segundo a qual o tipo legal realiza e garante o princpio da reserva legal. Consiste na descrio abstrata da conduta humana feita, pormenorizadamente, pela lei penal e correspondente a um fato criminoso tambm chamado de tipo incriminador. O tipo , ento, um molde criado pela lei, em que est descrito o crime com todos os seus elementos, sendo que algum cometer um delito se realizar uma conduta idntica constante no modelo legal. O conceito de tipo expresso pelo Professor Fernando Capez como o modelo descritivo das condutas humanas criminosas, criado pela lei penal, com a funo de garantia do direito de liberdade.

1.2. Da Adequao Tpica e suas Formas

Adequao tpica o enquadramento do fato ocorrido concretamente ao tipo legal. Trata-se de conceito idntico ao de tipicidade.Alguns doutrinadores, porm, diferenciam, considerando a tipicidade mera correspondncia formal entre o fato humano e o que est descrito no tipo, enquanto a adequao tpica implica um exame mais aprofundado do que a simples correspondncia objetiva, investiga-se se houve vontade, para s ento efetuar o enquadramento. Adequao tpica de subordinao imediata: o ajuste integral, perfeito entre a conduta e o tipo legal, sem que para a sua subsuno se exija o concurso de qualquer outra norma. Adequao tpica de subordinao mediata ampliada ou por extenso: o fato no se enquadra imediatamente na norma penal incriminadora, exige para isto o concurso de outra disposio, p. ex., tentativa (art. 14, inc. II, CP) e concurso de agentes (art. 29) h necessidade de se combinar a norma contida na Parte Geral com o dispositivo da Parte Especial para que ocorra a exata modelagem da conduta norma.As normas que ampliam o tipo penal funcionam como um elo, evitando que o fato fique sem enquadramento tpico so tambm chamadas de norma de extenso ou ampliao da figura tpica.No caso da tentativa, a extenso ocorre no tempo, pois o modelo descritivo alcana o fato momentos antes de sua consumao a conduta s deveria subsumir-se no tipo penal com a consumao, mas a norma que trata da tentativa faz com que retroceda no tempo e alcance o fato antes de sua realizao completa. norma de extenso ou ampliao temporal da figura tpica.No caso da participao, tambm no ocorre correspondncia entre o fato e o tipo, pois o partcipe aquele que no pratica o ncleo descrito na norma, decorrendo da a impossibilidade de adequao direta. O art. 29, do CP liga a conduta do partcipe ao modelo legal. A extenso opera-se de uma pessoa (autor principal) para outra (partcipe), denominando-se norma de extenso ou ampliao espacial da figura tpica.

1.3. Elementos do Tipo Ncleo: designado por um verbo, p. ex., matar, subtrair, constranger, expor etc. Sujeito ativo, em alguns casos: me, funcionrio pblico etc. Sujeito passivo: algum, recm-nascido etc. Objeto material: coisa alheia mvel, documento etc. No homicdio, confunde-se com o prprio sujeito passivo (algum objeto material e sujeito passivo). Referncias ao lugar, tempo, ocasio, modo de execuo, meios empregados e, em alguns casos, ao fim especial visado pelo agente: durante o repouso noturno, com emprego de veneno, para obter vantagem ilcita etc. 2. DOLO2.1. ConceitoExistem trs teorias que falam sobre o conceito de dolo: teoria da vontade: dolo a conscincia e a vontade de praticar a conduta e atingir o resultado. quando o agente quer o resultado; teoria do assentimento ou da aceitao: dolo a vontade de praticar a conduta com a aceitao dos riscos de produzir o resultado. O agente no quer, mas no se importa com o resultado; teoria da representao ou da previso: dolo a previso do resultado. Para que haja dolo, basta o agente prever o resultado. O Cdigo Penal adotou as teorias da vontade e do assentimento: Dolo a conscincia da vontade ou a aceitao do risco de produzir o resultado (art. 18, I, do CP).

2.2. Espcies de Dolo2.2.1. Dolo naturalPara os finalistas, dolo simplesmente querer; a vontade, no importando a conscincia da ilicitude. uma manifestao psicolgica, no havendo juzo de valor.2.2.2. Dolo normativo aquele formado pela conscincia da ilicitude do ato. Para os clssicos, o dolo depende de um juzo de valor. Integra a culpabilidade e tem como elementos a vontade e a conscincia da ilicitude (componente normativo).2.2.3. Dolo genrico a vontade de realizar o verbo do tipo sem qualquer finalidade especial.2.2.4. Dolo especfico a vontade de realizar o verbo do tipo com uma finalidade especial. Sempre que o tipo tiver um elemento subjetivo, haver a necessidade do dolo especfico.2.2.5. Dolo de perigo a vontade de expor o bem a uma situao de perigo de dano. O perigo pode ser concreto ou abstrato. Quando o perigo for concreto, necessria a efetiva comprovao de que o bem jurdico ficou exposto a uma real situao de perigo (ex.: crime do art. 132 do CP). O perigo abstrato, tambm conhecido como presumido, aquele em que basta a prtica da conduta para que a lei presuma o perigo (ex.: art. 10 da Lei de Arma de Fogo). Os Professores Damsio de Jesus e Luiz Flvio Gomes sustentam que os crimes de perigo abstrato no existem mais na ordem jurdica.2.2.6. Dolo de danoExiste quando a vontade de produzir uma efetiva leso ao bem jurdico. Quase todos os crimes so de dolo de dano (ex.: furto, crimes contra a honra etc.).2.2.7. Dolo diretoExiste quando o agente quer produzir o resultado, o dolo da teoria do resultado.2.2.8. Dolo indireto aquele que existe quando o agente no quer produzir diretamente o resultado. Subdivide-se em: eventual: quando o agente no quer produzir o resultado, mas aceita o risco de produzi-lo; alternativo: quando o agente quer produzir um ou outro resultado.2.2.9. Dolo geral ou erro sucessivoConhecido como erro sobre o nexo causal ou aberratio causae; ocorre quando o agente, na suposio de j ter consumado o crime, reinicia a sua atividade criminosa, e s ento atinge a consumao (ex.: A quer matar B por envenenamento; aps o envenenamento, supondo que B j estava morto, A joga o que imagina ser um suposto cadver no rio e B acaba morrendo por afogamento; nesse caso, o erro irrelevante, o que vale a inteno do agente, que responder por homicdio doloso por envenenamento).3. CULPA3.1. Tipo AbertoO tipo culposo um tipo aberto, visto que, em regra, no h descrio da conduta, o legislador apenas a menciona, sem descrev-la. Isso ocorre em razo de serem infinitas as situaes e, caso o legislador enumerasse as condutas culposas, poderia o bem jurdico ficar sem proteo. Compara-se a conduta do agente, no caso concreto, com a conduta de uma pessoa de prudncia mediana. Se a conduta do agente se afastar dessa prudncia, haver a culpa. Ser feita uma valorao para verificar a existncia da culpa.3.2. Excepcionalidade da CulpaS h culpa quando h previso expressa na lei, ou seja, se a lei se omitir, presume-se que no se poder punir a ttulo de culpa (art. 18, par. n., do CP).3.3. Compensao de CulpasNo existe compensao de culpas. O fato de a vtima ter agido tambm com culpa no impede que o agente responda pela sua conduta culposa. Somente nos casos em que existir culpa exclusiva da vtima haver excluso da culpa do agente.3.4. Graus de CulpaNa pena abstrata, no h diferena. Na dosagem da pena, na primeira fase de sua fixao, levado em conta o grau da culpa. So trs: grave, leve e levssima.3.5. Participao no Crime CulposoParte da doutrina sustenta a impossibilidade de participao no crime culposo, visto que a participao uma conduta acessria e no crime culposo no h descrio da conduta, portanto no se pode distinguir a conduta principal da conduta acessria. Existe, ento, a coautoria, visto que todas as condutas sero principais.A outra parte da doutrina sustenta que existe a participao. Quando o agente pratica o verbo do crime ser a conduta principal. Majoritariamente, a 1. posio sustentada, visto que a culpa um tipo aberto, no possuindo, por esse motivo, conduta principal distinta de secundria.

3.6. Espcies de Culpa3.6.1. Culpa inconsciente ou sem previso aquela em que o agente no prev o resultado previsvel.3.6.2. Culpa consciente ou com previsoQuando o agente prev o resultado, que era previsvel. No se pode confundir a culpa consciente com o dolo eventual. Tanto na culpa consciente quanto no dolo eventual o agente prev o resultado, entretanto na culpa consciente o agente no aceita o resultado, e no dolo eventual o agente aceita o resultado.3.6.3. Culpa indireta ou mediataOcorre quando o agente produz um resultado e em virtude deste produz um segundo resultado (ex.: o assaltante aponta uma arma a um motorista que est parado no sinal; o motorista, assustado, foge do carro e acaba sendo atropelado).3.6.4. Culpa imprpriaTambm chamada de culpa por extenso, por assimilao, por equiparao ou discriminante putativa por erro de tipo inescusvel. Ser estudada em erro de tipo.3.7. Elementos do Fato Tpico CulposoSo elementos do fato tpico culposo: conduta voluntria; resultado naturalstico involuntrio; nexo causal; tipicidade; previsibilidade objetiva: a possibilidade de qualquer pessoa ter previsto o resultado; o que se leva em conta se o resultado era ou no previsvel para uma pessoa de prudncia mediana, e no a capacidade do agente de prever o resultado; ausncia de previso: no prever o previsvel. S haver na culpa inconsciente, visto que na culpa consciente h previso; quebra do dever objetivo de cuidado: o dever de cuidar imposto a todos. Existem trs maneiras de violar o dever objetivo de cuidar. So as trs modalidades de culpa.

3.8. Modalidades de Culpa3.8.1. ImprudnciaPrtica de um fato criminoso. a culpa de quem age (ex.: passar no farol fechado). Ocorre durante a ao.3.8.2. Negligncia a culpa de quem se omite. a falta de cuidado antes de comear a agir. Ocorre sempre antes da ao (ex.: no verificar os freios do automvel antes de coloc-lo em movimento).3.8.3. Impercia a falta de habilidade no exerccio de uma profisso ou atividade. No caso de exerccio de profisso, se, alm de haver a falta de habilidade, no for observada uma regra tcnica especfica da profisso, haver a impercia qualificada. Difere-se a impercia do erro mdico visto que este no decorre somente da impercia, podendo decorrer tambm de imprudncia ou negligncia.

4. Do Crime Preterdoloso.

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