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O TEATRO COMO RECURSO DIDÁTICO NA RECONSTRUÇÃO
DE CONTEÚDOS SOBRE ALGUMAS PARASITOSES
Janete Gava1
Lourdes Aparecida Della Justina2
RESUMO: Este artigo resulta do projeto de implementação escolar do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná, desenvolvido no Colégio Estadual Padre Anchieta, Ensino Fundamental e Médio, com a turma do 7º ano B, matutino. As aulas da disciplina de ciências com abordagem apenas teórica, em geral são cansativas, diminuindo assim o interesse e a concentração dos alunos. Nessa perspectiva, torna-se necessário que o professor busque metodologias que amenizem essa dificuldade. Algumas são as atividades de expressão lúdica que atraem a atenção dos alunos e podem construir um mecanismo que potencializarão a aprendizagem. Neste sentido, o presente trabalho objetivou o desenvolvimento acerca de Parasitoses Intestinais, mais especificamente a Esquistossomose e a Ascaridíase, com a construção de recursos diversos, tais como: cartazes, paródias, filmes e elaboração e encenação de peças teatrais. Todas estas atividades foram baseadas na metodologia de ensino dos três momentos pedagógicos. Assim, este artigo não teve a intenção de ensinar teatro e outros recursos lúdicos, mas fazer uso dos mesmos, como instrumentos de ensino de ciências na temática Parasitose. Possibilitou ainda a percepção do quanto o uso das atividades lúdicas como, por exemplo, o teatro pode mudar o cotidiano de uma sala de aula, onde tais atividades motivam os educandos e alunos a novas descobertas no que tange o conteúdo da disciplina de ciências.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino de ciências; lúdico; teatro; parasitoses.
ABSTRACT: This paper is the result of the implementation project school of Educational Development Program - EDP of the Paraná State Paraná, developed in the State College Padre Anchieta elementary and high school with the class of 70 year B during the morning. The lessons of science class with only theoretical approach in general are tiring, thus decreasing the interest and concentration of students. In this perspective, it becomes necessary for the teacher methodologies seek to mitigate this difficulty. An alternative activity is playful expression that attracts students' attention and can build a mechanism that will empower learning. In this sense, the present work aimed at the development of intestinal parasites on more specifically Schistosomiasis and Ascariasis, with the construction of different resources, such as posters, skits, movies and preparation and staging of plays. All these activities were based on the methodology of teaching the three pedagogical moments. Thus, this scheme is not intended to teach theater and other recreational resources, but make use of them as instruments of science teaching in the subject parasitosis. It also enabled the perception of how the use of recreational activities such as theater, can change the daily life of a classroom, where such activities motivate teachers and students to new discoveries regarding the content of the science class.
Key-words: teaching of science, playful, theater, parasitosis.
1 Colégio Estadual Padre Anchieta – EFM. Assis Chateaubriand/PR. Professora PDE. Graduada em Ciências –
Habilitação em Matemática. E-mail: [email protected] e/ou [email protected]. 2 Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE- Ciências Biológicas, Cascavel/PR. Professora Doutora.
E-mail: [email protected].
INTRODUÇÃO
Todo ser humano pode beneficiar-se de atividades lúdicas, tanto pelo aspecto
de diversão e prazer, quanto pelo aspecto da aprendizagem. Por meio de atividades
lúdicas explorando e refletindo sobre a realidade, a cultura na qual vivemos,
incorporamos e, ao mesmo tempo, questionamos regras e papéis sociais. Podemos
dizer que nas atividades lúdicas, ultrapassamos a realidade transformando-a através
da imaginação. A incorporação do teatro, do jogo e de brincadeiras na prática
pedagógica, desenvolve diferentes capacidades que contribuem com a
aprendizagem, ampliando a rede de significados construtivos tanto para as crianças
como para os jovens (MALUF, 2006).
Este trabalho sobre parasitoses humanas teve como objetivo levar o aluno a
conhecer as características gerais, o ciclo de vida, identificar o vetor da doença,
seus sintomas, bem como as medidas profiláticas, por meio de recursos lúdicos, tais
como: teatro, cartazes, filmagens e paródias. No caso do teatro este pode prevalecer
no tempo, ao ser lembrado pelos alunos no decorrer de suas vidas, assim como os
conceitos científicos e outros conhecimentos trabalhados podem ficar marcados na
memória dos sujeitos. O lúdico, na forma de teatro, pode propiciar um novo canal de
interatividade, dando ao educando a oportunidade de mostrar os valores e
criatividade, reconstruindo um aprendizado prazeroso e de qualidade.
Ao longo desses anos, trabalhando a disciplina de ciências, percebemos a
dificuldade de concentração e construção dos conteúdos perante uma metodologia
tradicional. Há de alguma forma um abismo entre o saber do cotidiano e o saber
científico. Infelizmente, estamos vivendo na segunda década do século XXI, sem
que tenhamos conseguido socializar o conhecimento sendo ainda um grande
desafio para a sociedade e a escola. A educação é considerada um instrumento de
transformação social, assim sendo, a escola não pode continuar ignorando o que
acontece ao seu entorno, anulando e marginalizando as diferenças nos processos
por meio dos qual forma e instrui os alunos.
Em relação ao ensino de ciências, Silveira, Ataíde e Freire (2009, p.253)
afirmam que na atualidade é evidenciado um crescimento nas atividades de
divulgação científica. Essas atividades ocorrem em diferentes espaços, como é o
caso do teatro, no qual “é possível ensinar e divulgar a ciência de forma mais
envolvente, interativa e prazerosa, além da escola em espaços informais de
educação”.
No contexto atual, o ser humano busca a felicidade, independentemente de
sua cultura, de suas características étnicas, de sua classe social ou do seu nível de
escolaridade. Assim, pais, mães e professores desejam, geralmente, o melhor para
a criança, para o jovem e para o adulto, tanto na escola como também em outros
espaços de seu cotidiano (KÜLL; OLIVEIRA; SILVA, 2010).
Para tanto, uma forma é buscar tecer um elo entre a ciência e a arte. A
articulação entre a ciência e a arte através do teatro pode ser um meio para a
promoção de uma educação científica que seja abrangente, que não fique apenas
nos conceitos isolados, mas que contemple os aspectos relacionados com a
natureza do conhecimento científico, como os processos e os valores envolvidos na
sua construção. O teatro como forma de arte, pode traduzir-se em prática
interdisciplinar e sendo assim, um aliado na rede de comunicação partilhada entre
os diversos domínios dos saberes, onde a ciência promove o desenvolvimento por
meio do conhecimento e o teatro pode possibilitar a religação e a recriação do
conhecimento (MARQUES; FRAGATEIRO, 2009).
Ao longo da história da humanidade, filósofos e educadores percorreram
caminhos diversos na tentativa de mostrar quão importantes é a arte para a
educação. Faz-se necessário mostrar esses caminhos. Platão acreditava que a
educação deveria iniciar de maneira lúdica para que as crianças pudessem
desenvolver a tendência natural de seu caráter, pois sem essa atmosfera lúdica,
elas não seriam adultos educados e bons cidadãos. Aristóteles achava que educar
através do lúdico preparava-as para a vida, proporcionando-lhes ao mesmo tempo
prazer. São Tomás de Aquino adaptou a filosofia de Aristóteles à fé católica, desde
que, essa fosse recreação pura. Na Renascença, estudiosos tornaram-se
professores e o teatro começou a florescer. Naquela época cultivava-se a arte de
falar, prática essa realizada através de diálogos. Rabelais introduziu o teatro, a
dança, o canto artístico, a modelagem, o estudo da natureza e os trabalhos manuais
nas escolas da França. Rosseau considerava o homem no homem e a criança na
criança. .Se tentarmos inverter essa ordem, produziremos frutos precoces, que não
terão nem maturação nem sabor, e logo estarão estragados e isso seria aplicado na
primeira fase da educação da criança, utilizando-se da ludicidade (RUIZ-MORENO
et al., 2005)
Nesta perspectiva, a inserção do teatro como atividade lúdica pode atuar no
sentido de transformar e inovar o processo de ensino e aprendizagem voltada para o
conhecimento científico, sendo um instrumento de informação, observação e
estabelecimento de relações dos conhecimentos adquiridos em sala de aula com o
cotidiano do aluno. A atividade do teatro no ensino de ciências poderá tornar a aula
mais agradável e dinâmica, motivando os alunos a participarem ativamente da
construção do próprio conhecimento, o que poderá trazer mudanças significativas,
quando os mesmos poderão expressar sentimentos e emoções (RUIZ-MORENO et
al., 2005).
Há desafios a serem enfrentados no mundo contemporâneo, particularmente
os relativos às transformações pelas quais a educação escolar necessita passar,
cujo saberes e práticas tradicionais dão sinais de esgotamento, onde o ensino e a
aprendizagem ocorrem pela mera transmissão e recepção mecânica de informação.
O contato com a linguagem teatral ajuda crianças e adolescentes a perderem a
timidez, a desenvolverem e priorizarem a noção de trabalho em grupo, a se saírem
bem em situações onde é exigido o improviso e a se interessarem mais por textos e,
autores variados. O teatro é um exercício de cidadania e um meio de ampliar o
repertório cultural de qualquer estudante.
Nesse panorama:
Utilizar o teatro aliado à educação, oportuniza-se aos educandos um conhecimento diversificado e lúdico, existindo um clima de liberdade onde o aluno libera as suas potencialidades, expressando seus sentimentos, emoções, aflições e sensações, pois é um meio de expressão para o aluno. Quando o educando interpreta um personagem ou dramatiza uma situação, revela uma parte de si mesmo, mostrando como sente, pensa e vê o mundo. É uma atividade artística que permite ao aluno expressar-se, explorando todas as formas de comunicação humana. O teatro amplia o horizonte dos alunos, melhora sua autoimagem e colabora para torná-los mais críticos e abertos ao mundo em que vivem (CARDOZO; LOPES; GIACOMELLI, s/d, p. 3-4).
São vários os tipos de teatro, mas citaremos na sequência alguns deles com
base no que diz Lima (2011). O Teatro de Máscaras ocorre desde os tempos
remotos, nos quais os homens usavam máscaras, pintadas em couro e adornos de
penas, esculpidos em madeira, feitos de madeira e conchas, nos rituais religiosos ou
desenhada no próprio rosto. Os estudantes gostam muito de vestir máscara
principalmente de super-herói. Ao confeccionarem suas máscaras os alunos podem
usar, cartolina, tecido, saco de papel, jornal, material de sucata e outros. No caso do
Teatro de sombras, trata-se de uma arte muito antiga, originou-se na China e se
espalhou pela Europa. É uma atividade muito divertida que estimula a criatividade.
Consiste em manipular figuras em focos de luz projetando suas sombras em uma
tela. As figuras de sombras são chamadas de silhuetas ou bonecos de sombras.
Podem ser silhuetas chapadas ou tridimensionais articuláveis ou não.
Para Lima (2011) o Teatro de Fantoches tem sua origem na antiguidade,
quando se modelavam bonecos de barro, conseguindo mais tarde a articulação da
cabeça e membros para fazerem representação. No Nordeste brasileiro
principalmente em Pernambuco, esta tradição permanece até hoje. Para
confeccionar os fantoches podem ser utilizados: sucata, fita crepe, saco, durex, rolo
de papel higiênico e tinta. Também podem utilizar luvas, pintura em meia e mãos
com caneta esferográfica, carvão e tintas especiais. Faz-se necessário que os
alunos explorem todos os movimentos dos dedos e braços. No caso do Teatro de
Vara, é uma variação do teatro de fantoche, onde estes são sustentados por uma
vara, podendo ser feito com cartolina, bolinha de isopor, de papel, colher de pau,
palito de churrasco, garfos vestidos com roupas de pano, palito de picolé, copinhos
de plástico sustentados por palitos. O fantoche de cone é muito encontrado em
feiras livres e circos populares, podendo representar uma figura humana ou um
animal, basta segurá-lo pela vareta e dar-lhes o movimento de acordo com a
situação.
Já no Teatro Auto, no princípio, era apresentado em solenidades cristãs. Com
o aparecimento de grandes autores, o “auto” transcendeu essa finalidade, tornando-
se gênero autônomo e de alto significado literário. No Teatro Moralidade, dramas
litúrgicos, se debatiam as questões sob a prática do comportamento e do destino
final do homem. Tinha um caráter mais intelectual do que mistério e os milagres.
No caso da Pantomima, trata-se de um jogo teatral realizado por gestos. Uso
de características fortes sem uso de palavras, às vezes tem um contexto social.
Objetiva o divertimento, a socialização, a coordenação motora e aprende a usar o
corpo como um todo. O Teatro de Comédia é uma forma popular de representação
teatral marcada pela improvisação, comicidade e emprego de personagens.
Percebe-se hoje, que ao aderir a propostas diferenciadas no ensino, como a
inserção de teatro na disciplina de ciências, a escola deve garantir aos seus
educandos a aprendizagem dos conteúdos, habilidades e valores necessários à sua
participação social. Conforme Coll et al. (2000), os conteúdos designam o conjunto
de conhecimentos e formas culturais, cuja assimilação e apropriação pelos alunos é
considerada essencial para seu desenvolvimento e socialização.
O conteúdo conceitual (saber) precisa ser ampliado de forma procedimental
(saber fazer) e atitudinal (ser). Conteúdos conceituais são aqueles que se referem a
fatos, informações pontuais e restritas, como nomes, datas ou acontecimentos
particulares. O conceito não é um processo concluído, eles podem ser alterados à
medida que se estabelece relação com outros conceitos, portanto, ampliando a
aprendizagem. Conteúdos procedimentais referem-se ao “saber fazer”, ou seja, às
técnicas, às estratégias, aos métodos, à destreza. São procedimentos que
estimulam a refletir sobre o modo de realizar como certas ações em vez de apenas
executá-las mecanicamente, ou seja, as ações devem estar relacionadas a algum
problema conceitual que se pretende resolver (CAMPOS; NIGRO, 1999).
Conteúdos atitudinais (ser), vão além das exigências comportamentais como:
prestar atenção à aula, demostrar respeito ao professor, pontualidade, etc. Referem-
se a sentimentos, atitudes que cada educando dá para certos fatos e normas. A
aprendizagem de conteúdos atitudinais está relacionada à forma como as atividades
são consideradas. O conteúdo concreto de ensino e as relações afetivas e pessoais
são estabelecidos durante a aprendizagem (CAMPOS; NIGRO, 1999).
A atividade educativa foi desenvolvida, na metodologia de ensino de
momentos pedagógicos proposta por Delizoicov e Angotti (1994). Primeiro Momento:
problematização inicial – devem ser apresentadas questões e situações para
discussão, lançar dúvidas evitando dar explicações, explorar a experiência do aluno
relacionando à realidade que ele tem sobre o conteúdo de ciências a ser trabalhado.
Segundo Momento: organização do conhecimento – neste momento sob a
orientação do professor será organizado e sistematizado o conteúdo específico que
foi problematizado inicialmente, pois o aluno sozinho não tem condições de
organizá-los para compreender e aplicar o conhecimento em ciências. Terceiro
Momento: aplicação do conhecimento – é neste momento que será verificado se
realmente o aluno consegue relacionar o conhecimento abordado e sistematizado no
segundo momento com as questões e discussões lançadas no primeiro momento,
analisando e interpretando essas e outras situações explicadas, com o seu
cotidiano.
Quanto ao assunto trabalhado que foi parasitoses internas, percebemos uma
nítida relação com o déficit da aprendizagem. É sabido que as parasitoses internas
atingem uma população mais jovem principalmente na idade escolar, e que é
responsável por dificultar o desenvolvimento físico e cognitivo por consequência da
desnutrição.
As parasitoses mais comuns são Giárdia lâmblia(giardiase), Ascaris
lumbricoides, Trichuris trichuria (helmintiases) e Ancylostomas duodenalis e suas
transmissões e contaminação estão diretamente relacionadas com as condições de
higiene sanitária de uma comunidade. Portanto, podemos dizer que se trata de um
problema que se enquadra na esfera da saúde pública, necessitando de uma política
séria para o saneamento básico (MANFROI; STEIN; CASTRO, 2009). Conforme
Magalhães, Quadros e Oliveira (2009) as parasitoses internas são mais comuns em
locais onde a população não tem acesso à rede de esgoto, ou melhor, não possuem
saneamento básico. A ignorância básica de higiene pessoal, o cuidado no preparo
dos alimentos aumenta a incidência dessas doenças não só no Brasil como no
mundo e, nos países pobres essa incidência é maior.
CONTEXTO E DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
A investigação ocorreu com 26 alunos do 7º ano, matutino do Colégio
Estadual Padre Anchieta, Ensino Fundamental no ano de 2013. O estudo
desenvolvido acerca de parasitoses intestinais humanas, na metodologia de ensino
de momentos pedagógicos, com a inserção de atividades lúdicas, especialmente o
teatro. Esta pesquisa se constitui em um estudo de caso. De acordo com Lüdke e
André (1986, p. 17):
O caso é sempre bem delimitado, devendo ter seus contornos claramente definidos no desenrolar do estudo. O caso pode ser similar a outros, mas é ao mesmo tempo distinto, pois tem interesse próprio, singular. (…) O interesse, portanto, incide naquilo que ele tem de único, de particular, mesmo que posteriormente venham a ficarem evidentes certas semelhanças com outros casos ou situações. Quando queremos estudar algo singular, que tenha um valor em si mesmo devemos escolher o estudo de caso.
Este trabalho não teve a intenção de ensinar teatro, mas fazer uso do mesmo,
utilizando a dramatização como instrumento de ensino. O estudo sobre parasitoses
humanas teve como objetivo levar o aluno a conhecer as características gerais, o
ciclo de vida, identificar o vetor da doença, seus sintomas, bem como as medidas
profiláticas, através de recursos lúdicos, tais como: teatro, cartazes, filmagens e
paródias. No caso do teatro este poderá prevalecer no tempo, ao ser lembrado pelos
alunos no decorrer de suas vidas, assim como os conceitos científicos e outros
conhecimentos trabalhados que poderão ficar marcados na memória dos sujeitos. O
lúdico, na forma de teatro, poderá propiciar um novo canal de interatividade, dando
ao educando a oportunidade de mostrar os valores e criatividade, reconstruindo um
aprendizado prazeroso e de qualidade. Ao pensar em uma nova metodologia
encontramos a oportunidade de desenvolver de forma lúdica o conteúdo sobre
parasitoses humanas, trabalhando em sala o desenvolvimento do conhecimento
mediante uma abordagem lúdica.
Deste modo, espera-se que a metodologia diferenciada no ensino de ciências
pela inserção desta abordagem, aponte para resultados benéficos e significativos e
que resultarão numa melhor apropriação dos conteúdos pelos educandos.
Para o desenvolvimento desta unidade, elaborada segundo os três momentos
pedagógicos de Delizoicov e Angotti (2000) envolvendo o teatro como atividade
lúdica, apresenta uma estrutura geral: problematização Inicial, organização do
conhecimento e aplicação do conhecimento.
Primeiro momento: Houve a aplicação de um questionário para os alunos,
como instrumento pré-avaliativo para levantar quais as percepções que esses
possuíam sobre os dois parasitas: platelmintos da espécie Schistosoma mansoni e o
nematódeo Ascaris lumbricoides. Nesta etapa, questionamos sobre: ciclos de vida,
transmissão, contaminação, características, sintomas, prevenção e tratamento.
Segundo momento: Neste momento se fez a apresentação propriamente dita
do conteúdo sobre as parasitoses. Assim, tornou-se oportuno uma palestra com
profissional da área da saúde. Também a apresentação em Power Point, pelo
professor, contendo as explicações das características, ciclos de vida,
contaminação, transmissão prevenção e tratamento. E como finalização deste
momento pedagógico, foram realizadas atividades para melhor reconstrução do
conteúdo, tais como confecção de cartazes, elaboração de histórias em quadrinho,
discussão e produção de vídeos.
Terceiro momento: Como atividades finais, o professor dividiu a turma em
dois grupos, onde cada grupo ficou com um tipo de parasitose. Os grupos se
reuniram em contra turno sob a orientação do professor, cada grupo escreveu a
peça teatral sobre o tema sorteado e posteriormente encenaram suas peças para os
outros alunos, equipe pedagógica e direção. Logo após, foi aplicado um segundo
questionário para verificar se houve ou não entendimento do conteúdo. Na tabulação
e análise dos dados foram construídos gráficos para nos certificarmos de que o
objetivo deste projeto realmente se efetivou.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na Figura 01 pode-se observar o conhecimento dos sujeitos investigados
quanto ao conteúdo parasitoses, no que se refere aos conceitos de: parasitas
internas; exemplos de organismos parasitas; ciclo de vida; modos de transmissão e
contaminação; formas de prevenção; e, profilaxia, onde se evidenciou que 70% dos
sujeitos tinham pouco conhecimento, associado a nomes de doenças, como barriga
d’água. Dos sujeitos apenas 20% demonstraram nenhum conhecimento alegando
que nunca tinham ouvido falar sobre o assunto e a nomenclatura em pauta. Já em
10% foi evidenciado conhecimento aprofundado ao emitirem falas que denotavam o
reconhecimento dos termos, como ascaridíase, esquistossomose, entre outras, bem
como os hábitos de higiene.
Figura 01: Conhecimento antes da implementação sobre parasitoses dos sujeitos
investigados.
70%
10%
20%
CONHECIMENTO SOBRE PARASITOSES -7º ANO B - PERÍODO MATUTINO - COLÉGIO ESTADUAL PADRE ANCHIETA. ANTES DA
IMPLEMENTAÇÃO
POUCO CONHECIMENTO CONHECIMENTO APROFUNDADO NENHUM CONHECIMENTO
Conforme Magalhães, Quadros e Oliveira (2009) é preocupante esse
desconhecimento pela maioria dos alunos participantes deste trabalho de conceitos
básicos relacionados a parasitoses internas. Também há falta de hábitos preventivos
quanto essas doenças, como constatado na Figura 02.
Figura 02: Práticas preventivas de parasitoses efetuadas pelos sujeitos investigados antes da implementação.
Na Figura 02 observa-se que 50% às vezes efetuam práticas de prevenção
como lavar as mãos antes das refeições e após ir ao banheiro; higienização
adequada de frutas e verduras; submissão a exames laboratoriais anuais de fezes,
entre outros. Da amostra, 30% sempre executam essas práticas preventivas e 20%
nunca tomam tais cuidados.
Figura 03: Conhecimento após a implementação sobre parasitoses dos sujeitos investigados.
30%
20%
50%
COMPORTAMENTO PREVENTIVO DE HIGIENE - ALUNOS DO 7º ANO B - COLÉGIO ESTADUAL PADRE ANCHIETA - PERÍODO
MATUTINO. ANTES DA IMPLEMENTAÇÃO.
SEMPRE NUNCA ÀS VEZES
CONHECIMENTO SOBRE PARASITOSES - 7º ANO B - COLÉGIO ESTADUAL PADRE ANCHIETA - PERÍODO MATUTINO. DEPOIS DA
IMPLEMENTAÇÃO.
POUCO CONHECIMENTO
CONHECIMENTO APROFUNDADO
NENHUM CONHECIMENTO
Na Figura 03 evidenciou-se que após o desenvolvimento do módulo didático
houve uma mudança em relação ao demonstrado na Figura 01. Neste momento
88% demonstraram conhecimento aprofundado do conteúdo sobre parasitoses
trabalhado. Apenas em 12% verificou-se pouco conhecimento e nenhum
conhecimento não foi evidenciado na amostra instigada.
Figura 04: Práticas preventivas de parasitoses efetuadas pelos sujeitos investigados após a
implementação.
Na Figura 04 fica demonstrado que 73% praticam hábitos preventivos no que
tange às parasitoses internas e 19% às vezes e 8% continuam sem prevenir-se de
tais doenças.
Os resultados corroboram a relevância do trabalho lúdico no ensino
fundamental para a reconstrução do conhecimento conceitual, bem como atitudinal e
procedimental, conforme se verifica nos resultados explicitados de forma
comparativa nas Figuras 05 e 06.
SEMPRE 73%
NUNCA 8%
ÀS VEZES 19%
COMPORTAMENTO PREVENTIVO DE HIGIENE- 7º ANO B - PERÍODO MATUTINO - COLÉGIO ESTADUAL PADRE ANCHIETA - DEPOIS DE IMPLEMENTAÇÃO
Figura 05: Gráfico comparativo do conhecimento antes e após a implementação do módulo didático.
Figura 06: Gráfico comparativo da prática preventiva antes e após a implementação do módulo didático.
Um fator importante evidenciado no desenvolvimento do módulo didático com
a inserção de atividade lúdica, na forma de teatro, está no fato de que ela poderá
prevalecer no tempo, ao ser lembrado pelos alunos no decorrer de suas vidas, assim
POUCO CONHECIMENTO
CONHECIMENTO APROFUNDADO
NENHUM CONHECIMENTO
70%
10%
20%
12%
88%
0%
CONHECIMENTO SOBRE PARASITOSES - 7º ANO B -PERÍODO MATUTINO - COLÉGIO ESTADUAL PADRE ANCHIETA - ANTES E DEPOIS
DA IMPLEMENTAÇÃO
ANTES DA IMPLEMENTAÇÃO
DEPOIS DA IMPLEMENTAÇÃO
SEMPRE NUNCA ÀS VEZES
30%
20%
50%
73%
8%
19%
COMPORTAMENTO PREVENTIVO DE HIGIENE - 7º ANO B - COLÉGIO ESTADUAL PADRE ANCHIETA - PERÍODO MATUTINO. ANTES E DEPOIS
DA IMPLEMENTAÇÃO
ANTES DA IMPLEMENTAÇÃO
DEPOIS DA IMPLEMENTAÇÃO
como os conceitos científicos e outros conhecimentos trabalhados ficarão marcados
na memória dos sujeitos. Nesta perspectiva conforme Reverbel (1997, p.22):
Nosso objetivo na escola não é ter um aluno-ator, um aluno-pintor ou um aluno-compositor, mas sim dar oportunidades a cada um de descobrir o mundo, a si próprio e a importância da arte na vida humana.
O tema contemplado neste artigo propiciou um novo canal de interatividade,
dando ao educando a oportunidade de mostrar os valores e criatividade,
reconstruindo um aprendizado prazeroso de qualidade no contexto do ensino de
ciências.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao pensar uma nova metodologia é que encontramos a oportunidade de
desenvolver de forma lúdica o conteúdo de ciências mais especificamente a
esquistossomose e a ascaridíase, trabalhando em sala de aula o teórico, a
comunicação oral e escrita que resultou numa dramatização.
O teatro está intimamente ligado aos conteúdos de ciências, onde facilitou o
entendimento e auxiliou na socialização entre os educandos. E mais, o teatro na
escola permitiu ao aluno uma enorme “gama” de aprendizado podendo citar outro
exemplos a criatividade, a coordenação, a memorização o vocabulário, além de
tonar as aulas mais agradáveis e dinâmicas, motivando os educandos a participarem
mais efetivamente da construção do conhecimento. Porém, o lúdico deve ser
utilizado como um recurso a mais para facilitar o ensino de ciência.
Ao verificar os resultados obtidos durante a aplicação e execução do teatro,
bem como as demais atividades como cartazes e pequenas filmagens, pode-se
perceber como contribuíram e muito para a melhoria do processo ensino
aprendizagem.
Os objetivos para o ensino de ciências mais especificamente as parasitoses
foram cumpridos uma vez que se fez possível por meio do teatro trabalhar os ciclos
de vida, formas de transmissão e contaminação e a prevenção dessas parasitoses.
Espera-se que este artigo possa servir de apoio para os educadores que
queiram transformar sua prática e ao mesmo tempo dar ao educando a possibilidade
de desenvolver as suas habilidades intelectuais e sociais de forma prazerosa.
REFERÊNCIAS
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