o som na televisão música sertaneja e rede globo

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  • 1. Ano 1, n 1 | 2011, inverno[REVISTA CONTEMPORNEA DOSSI CONTEMPORANEIDADE] ISSN [2236-4846] O Serto na Televiso: Msica Sertaneja e Rede Globo*Gustavo Alonso**H algum tempo as duplas do chamado sertanejo universitrio vm chegando s praiascariocas. No obstante ainda possvel encontrar pessoas indiferentes ao gnero, que afirmamsequer conhecer canes de duplas como Victor & Leo, Fernando & Sorocaba, Jorge & Matheus,Maria Ceclia e Rodolfo, Bruno e Marrone, Joo Bosco & Vinicius, entre outros. De fato,diferentemente do velho sertanejo, cujos principais artistas foram logo mapeados (e em parterepudiados) pelos cariocas na poca do primeiro boom do gnero nos anos 1990, o sertanejouniversitrio ainda engatinha no reconhecimento instantneo, especialmente entre as classesmdias e altas.Em conversas recentes com amigos prximos, pouqussimos foram os que conseguiramcantar uma msica da dupla Victor & Leo, talvez a mais bem sucedida de todas as duplas doatual sertanejo universitrio, sendo Victor Chaves o compositor que mais arrecadou direitosautorais em 2009 em todo o Brasil1.H de se demarcar que nos dias atuais o meio musical apresenta-se cada vez mais divididoem guetos e, com a crise da indstria fonogrfica e o advento msica atravs da internet, estcada vez mais difcil (e paradoxalmente ao mesmo tempo mais fcil) entrar em contato com ogrande sucesso popular do momento. Diante de tantas opes no mundo do MP3 e dos vdeosdo Youtube, de fato possvel viver uma vida inteira sem se dar conta da popularidade dos atuaissertanejos.No entanto, muitos dos meus amigos logo se rendem ao fato de que j ouviram a duplaVictor & Leo. Basta que se cante uma parte da msica Deus e eu no serto, de autoria de doprprio Victor Chaves, compositor de quase todas as canes da dupla. Cabe lembrar que acano esteve na abertura da novela Paraso, produzida em 2009, pela TV Globo2. Ao ouviroutras canes da dupla como Borboletas, Fada ou Lembranas de amor, grande parte de meuscolegas declara j t-las ouvido em algum lugar. A msica sertaneja atual est constantemente*Artigo recebido em setembro de 2010 e aprovado para publicao em maro de 2011.** Doutor em Historia pela Universidade Federal Fluminense.1 Ver dados do ECAD: http://www.ecad.org.br/ViewController/publico/RankingAutoral.aspx - consulta em10/01/20112Abertura da novela Paraso http://www.youtube.com/watch?v=-ZX6C5wT00g) consulta em 10/01/2011. 222

2. [O SERTO NA TELEVISO: MSICA SERTANEJA E REDE GLOBO * GUSTAVO ALONSO]na mdia, mas passa despercebida pela maioria de ns, especialmente entre a classe mdiacarioca.O Rio de Janeiro representou, desde o primeiro boom da msica sertaneja nos anos 1990,um espao de resistncia ao gnero, visto pelos crticos culturais como um modismo, umafalsificao da msica caipira e/ou um passo a mais da indstria cultural na conquista eusurpao dos valores populares. A capital carioca foi um dos ltimos lugares no pas atingidospela msica de Chitozinho & Xoror, Leandro & Leonardo, Matogrosso & Mathias, Zez DiCamargo & Luciano e outros.Em parte a reao do Rio de Janeiro, e especialmente das classes mdias e altas, se deve aorepdio mudana de centro cultural do pas. No custa lembrar que o samba, gnerogenuinamente carioca ficou associado nacionalidade brasileira ao longo do sculo XX. Queoutro gnero capaz de tambm representar o pas? Direitas e esquerdas cariocas parecem ter seunido num repudio que durou pelo menos 20 anos, at a invaso sertaneja na virada 1989/1990.No custa lembrar que, por exemplo, Chitozinho & Xoror comearam a carreira em 1970 eque a partir de 1982, com o sucesso de Fio de cabelo, j vendiam um milho de discos todos osanos. Milionrio & Jos Rico, que comearam em 1973 e Leo Canhoto & Robertinho em 1969.Todas estes artistas foram mapeados como sertanejos, pois incorporavam instrumentosestrangeiros sua msica: guitarras, baterias, teclados e baixos no caso do rock-sertanejo deLeo Canhoto & Robertinho e Chitozinho & Xoror; e trompetes, tololochos (um tipo de viologrande) mexicanos e harpas paraguaias. O auge desse processo aconteceu em fins da dcada de80. Diante da conquista de todo o pas, apenas coube ao Rio capitular.Mas nem todos entregaram todos os pontos.O que raramente contado que o repudio das classes mdias cariocas, muito saudosistasdos tempos ureos da msica popular, leia-se samba dos anos 30/ 40 e MPB dos anos 1960/70,contou com apoio da Rede Globo de Televiso.A TV de Roberto Marinho no olhou com bons olhos a popularidade da msica sertaneja eresistiu o quanto pode colocar o gnero em sua programao, especialmente nas novelas globais,o grande produto de luxo da emissora, vendida para vrios pases ao redor do planeta. Muitos demeus interlocutores me dizem que os sertanejos sempre estiveram na Rede Globo e que esta foifundamental para o sucesso do gnero. A primeira afirmao uma meia verdade; a segundauma falcia.Durante o boom sertanejo da virada dcada, entre 1987 e 1994, a Globo lanou dozecanes sertanejas nas trilhas sonoras de suas novelas:223 3. Ano 1, n 1 | 2011, inverno[REVISTA CONTEMPORNEA DOSSI CONTEMPORANEIDADE] ISSN [2236-4846] 1) No rancho fundo, de Chitozinho & Xoror em Tieta, novela das 20hs, de 14 de agosto 1989 a 31 de maro de 1990; 2) Luar do serto, de Roberta Miranda em Tieta; 3) Saudade, de Christian & Ralf em "Pacto de sangue", novela de 20hs, de maio a 23 de setembro de 1989; 4) Nuvem de lgrimas, de Faf de Belm e Chitozinho & Xoror em "Barriga de aluguel", novela das 18hs, de 20 de agosto de 1990 a 1 de junho de 1991; 5) Amor clandestino, de Joo Mineiro & Marciano em Meu bem, meu mal, 20hs, de 20 de outubro 1990 a 18 de maio de 1991; 6) Voc ainda vai voltar, cantada por Leandro & Leonardo em Felicidade, novela das 18hs, exibida de 7 de outubro de 1991 a 30 de maio de 1992; 7) Cabecinha no ombro com Fagner e Roberta Miranda em "Pedra sobre pedra", 20hs, de 6 de janeiro a 31 de julho de 1992; 8) Brincar de ser feliz, de Chitozinho & Xoror em Pedra sobre Pedra; 9) Eu te amo (And I Love her), de Zez Di Camargo & Luciano, em Perigosas Peruas, 1992; 10) Pensando em minha amada, Chitozinho & Xoror, em Mulheres de Areia, 19hs 1993; 11) No olhe assim, por Leandro & Leonardo em Deus nos Acuda, novela das 19hs, exibida de 31 de agosto de 1992 a 27 de maro de 1993; 12) Eu s penso em voc (Always on my mind), cantada por Zez di Camargo & Luciano (partic. especial Willie Nelson) em Fera Ferida, novela das 20hs, de 15 de novembro de 1993 a 16 de julho de 1994. primeira vista pode parecer que a msica sertaneja tocava muito na Globo. No entanto,h de se considerar alguns pontos. Nesta lista h duas canes (Eu s penso em voc e Eu teamo) que no foram compostas por msicos brasileiros e o processo de mediao pelo qualpassou foi diferente das outras canes. de se considerar que ambas as canes gravadas porZez Di Camargo & Luciano conseguiram espao nas novelas globais tambm porque eramverses j conhecidas do repertorio internacional. A original And I love her, por exemplo, foicomposta por John Lennon e Paul McCartney em 1965, gravada por Roberto Carlos em 1984(autor da verso) e gravada por Zez e seu irmo 26 anos depois da original. 224 4. [O SERTO NA TELEVISO: MSICA SERTANEJA E REDE GLOBO *GUSTAVO ALONSO]A quarta cano, Nuvem de lgrimas, um enorme sucesso simultneo na voz de Faf deBelm e Chitozinho & Xoror, foi a porta de entrada para a msica sertaneja atravs de umfiguro da MPB. A dupla paranaense foi aceita na Globo em parte por que recebeu o avalabenoador de Faf. H de se demarcar que a modernizao do som levada a cabo por esta dupladesde meados da dcada de 1980 no a tornou aceitvel para os diretores globais. Os olhares smudaram quando houve um aval de Faf. Mas, mesmo ela, sofreu patrulha por parte da MPBpor gravar msicas que no se adequavam ao padro de bom-gosto das classes mdias e altas.De qualquer forma, o aval de Faf ajudou a carreira dos irmos paranaenses. Igualmente,Roberta Miranda dependeu da mozinha de Fagner em Cabecinha no ombro.A relativa incorporao de Chitozinho & Xoror e Roberta Miranda diz muito sobre oaval global no inicio do boom sertanejo. Alm do aval de artistas conhecidos, eles precisaramincorporar composies clssicas. Lamartine Babo e Ary Barroso eram os compositores de Norancho fundo, cuja primeira gravao de 1931. O compositor Paulo Borges comps o clssicoCabecinha no ombro lanada em 1957 e Catulo da Paixo Cearense escreveu Luar do Serto em1914. Todas elas bem anteriores ao boom dos anos 1990 o que denota que os sertanejos tiveramque pisar no freio e conceder aos globais uma associao s canes tradicionais do campobrasileiro. espantoso, de qualquer forma, notar que Roberta Miranda no entrou na programaoglobal atravs de alguma de suas inmeras composies, mas atravs de compositoresconsagrados. Tampouco Zez Di Camargo, outro profcuo compositor do perodo, conseguiuentrar na programao da rede carioca, e teve que gravar verses de sucessos internacionais.Legitimados como caipiras ou estrangeiros, o aceite de cantores sertanejos se deu medianteduas pautas: a) o esquecimento de suas trajetrias estticas modernizadoras dentro da msicasertaneja; b) atravs da associao ao tradicional som do campo.A incorporao de Chitozinho & Xoror com canes prprias s trilhas da Globoaconteceu apenas em 1992. Era o auge da msica sertaneja e a Globo cedia, aos poucos, espaopara a dupla que tinha, poca, mais de vinte anos de carreira. Leandro & Leonardo, Chrystian& Ralf e Joo Mineiro & Marciano tambm conseguiram romper o bloqueio global comcomposies originais, mas em vez de regra, essas canes foram excees. Diga-se depassagem, que Amor Clandestino foi a nica cano de Joo Mineiro & Marciano que entrou naprogramao global na longa e exitosa carreira da dupla de 1973 a 1991, e que ao longo dos anos80 teve vrios sucessos, entre eles Seu amor ainda tudo e Ainda ontem chorei de saudade. 225 5. Ano 1, n 1 | 2011, inverno[REVISTA CONTEMPORNEA DOSSI CONTEMPORANEIDADE] ISSN [2236-4846]A Rede Globo foi uma tradicional apoiadora da msica caipira e ao longo dos anos 1980veiculou programas ligados s razes do campo brasileiro, especialmente o Som Brasil,apresentado por Rolando Boldrin (e posteriormente por Lima Duarte) entre 1981 e 1989. Entreos artistas ligados esttica caipira estavam Almir Sater, Renato Teixeira, Pena Branca &Xavantinho, Inezita Barroso, Diana Pequeno, Papete, Sergio Reis e o prprio Rolando Boldrin3.A identidade caipira catalisada nos anos 70 e 80 em oposio ao sucesso sertanejo exprimiaem parte os desejos de determinados setores urbanos que buscavam resgatar as razes rurais damsica brasileira. Esses msicos e seu pblico tinham um discurso comum de valorizao dariqueza musical genuinamente brasileira. Defendiam a msica do caipira tradicional, quesupostamente no se rendia aos ditames da indstria cultural, e repudiavam a importao deinstrumentos e o que entendiam como espetacularizao da msica rural. Artistas da MPB,como Milton Nascimento, Fagner, Elba Ramalho, Sivuca, Hermeto Paschoal, Gilberto Gil e Fafde Belm tambm se apresentaram no programa Som Brasil, selando uma aproximao com amsica caipira que j havia sido apontada desde meados dos anos 70.Os sertanejos, vistos na poca pelos caipiras como falsificadores da tradio camponesanacional, foram excludos do programa da TV Globo. O que a Globo fazia em 1989 era nadamais nada menos que a continuao de uma poltica esttica de privilgio dos caipiras frenteaos sertanejos, mesmo que abrindo novas brechas devido presso do sucesso popular.Mesmo considerando todas estas canes sertanejas lanadas em trilhas sonoras globaisdurante oito anos, muito pouco se levarmos em conta a enxurrada de sucessos sertanejos navirada da dcada. importante lembrar que o sucesso das canes sertanejas aconteceuindependente das vontades dos diretores da trilhas globais. Canes presentes no imaginriocoletivo de largos setores populares brasileiros foram esquecidas pela emissora. Clssicos dorepertrio de Chitozinho e Xoror como Meu disfarce, Foge de mim, Nascemos pra cantar,Evidncias, O rio, Somos assim, Meninos do Brasil, Deixa e Tudo por amor ficaram de fora. DeLeandro & Leonardo, a Globo no se importou com o sucesso popular de Entre tapas e beijos,Pense em mim, Desculpe mas eu vou chorar, Paz na cama ou Sonho por Sonho. De Zez DiCamargo & Luciano ficaram de fora Cama de capim, Corao em pedaos, Saudade bandida,Salva meu corao e at o mega-sucesso o amor! Isto para ficar apenas nas duplas e canesmais conhecidas!3Diante do auge da msica sertaneja nos anos 90, pode parecer que este grupo de artistas caipiras nunca teve muitaexpresso. Contudo, isto est muito longe da realidade. Havia uma radical oposio entre os dois grupos da msicarural, que foi se acirrando na medida em que a msica sertaneja conseguia cada vez mais popularidade. 226 6. [O SERTO NA TELEVISO: MSICA SERTANEJA E REDE GLOBO * GUSTAVO ALONSO] No entanto h um fato curioso acerca da incorporao de o amor pela TV Globo: ela foirelida duas vezes em trilhas da emissora, nunca pela dupla sertaneja. A primeira vez aconteceuem 1999, oito anos depois da gravao original, na novela Suave Veneno.Naquelaoportunidade Maria Bethnia regravou a cano no disco A fora que nunca seca com bastanterepercusso. A segunda vez aconteceu dezoito anos depois da gravao original, quando aemissora carioca resolveu inclu-la na trilha sonora de Caras e bocas, novela de 2009. Em vezda verso original de 1991, os produtores da trilha preferiram uma verso em hebraico de fato, isso mesmo, hebraico! A verso bastante interessante, embora pouqussimos na face da Terrasejam capazes de entender uma palavra sequer da cano tema dos personagens Hannah eBenjamin, um casal de jovens judeus.Mais limpas, tanto a verso cantada por pelosdesconhecidos G & Lilaz (a cano em hebraico chama-se Ahava) quanto de Maria Bethniaso bastante sintomticas da releitura da MPB acerca da msica sertaneja. Os produtores tiraramos excessos do canto operstico e vibratos da verso original. A instrumentao estridente quetanto choca os ouvidos das classes altas e mdias tambm foi removida. Mais contidas, menosmelodramticas, as verses cumprem um papel bastante interessante na releitura dos clssicosda msica sertaneja. Curiosamente a verso hebraica tem uma leve pegada de reggae, numaconfuso globalizatria tpica da poca atual, e nem por isso menos bela. Durante o auge da msica sertaneja, entre os anos de 1987 e 1994, a Globo produziu cercade 40 novelas, cada uma delas com trilhas nacional e internacional, sendo que cada disco tinhapor volta de 12 a 15 canes. Cerca de 480 canes nacionais foram gravadas em oito anos:apenas 12 eram cantadas por sertanejos, sendo seis de fato originais. Nos corredores da TV Globo imperava o padro esttico da MPB, razo pela qual estesartistas eram quase sempre elencados pela emissora. Em oito anos de trilhas Gal Costa teve 11participaes, Caetano Veloso 10 e Maria Bethnia 9 vezes. O pianista Cesar Camargo Marianoe o saxofonista Lo Gandelman tm mais canes (3 cada) do que a dupla Zez Di Camargo &Luciano (2 apenas). A refinada cantora Ithamara Koorax, desconhecida do grande pblico, tevetrs oportunidades em novelas da Globo, mais do que Leandro & Leonardo (2). Mesmo aps suamorte, Elis Regina teve mais participaes (2) que Chrystian & Ralf (1). A desconhecida bandaHomem de bem teve mais participaes (2) que Joo Mineiro & Marciano. Ivan Lins (6),Milton Nascimento (5), Joo Bosco (8) e at o ento decadente Lo Jaime (5) tmindividualmente mais canes nas trilhas do que Chitozinho & Xoror. Enquanto Zizi Possicompareceu quatro vezes nas trilhas, duplas sertanejas de enorme sucesso popular como Rick &Renner, Joo Paulo & Daniel e Matogrosso & Mathias, sequer foram lembradas. 227 7. Ano 1, n 1 | 2011, inverno[REVISTA CONTEMPORNEA DOSSI CONTEMPORANEIDADE]ISSN [2236-4846] O historiador Paulo Cesar de Arajo encontrou fenmeno semelhante em sua pesquisasobre a msica brega nos anos 1970 (Arajo, 2003). As trilhas sonoras da emissora, smbolodo padro Globo de qualidade, no aceitavam artistas como Odair Jos, Waldick Soriano eAgnaldo Timteo em suas faixas. Em contrapartida, a emissora do Jardim Botnico, tradicionalapologeta do regime ditatorial, incorporava a MPB em suas trilhas. Este paradoxo ainda maisimpressionante se levarmos em conta que a MPB construiu seu imaginrio ao longo dos anos1970 associando-se resistncia a ditadura. Nos anos 1980, a Rede Globo foi menos resistente aos bregas: de Agep a Jos Augusto,de Wando a Gilliard, de Gretchen a Elymar Santos, todos eles encontraram abrigo nas trilhas daemissora. O Rock nacional tambm encontrou abrigo na TV Globo quase sem resistncia.Aemissora prontamente incorporou o novo movimento bem no inicio da dcada de 1980,chancelando msicos do gnero em sua programao. Marina foi a primeira desta gerao a seragraciada com a incorporao global da cano Nosso estanho amor (com participao deCaetano Veloso na gravao) na trilha de Plumas e paets, novela de 1980. Lulu Santos teveTesouros da juventude includa em O amor nosso, de 1981. Em 1982 ele emplacou Temposmodernos na novela Sol de vero, da mesma forma que a Blitz com o hit Voc no soube meamar. Neste mesmo ano o Baro Vermelho teve includa a cano Down em mim na novelaFinal feliz. Ritchie entrou com Menina Veneno em 1983 na novela Po-po, beijo-beijo. Muito atenta ao movimento que surgia, a emissora carioca incluiu os cinco primeirosartistas do Rock nacional a despontar. A incluso de suas msicas se deu exatamente no mesmoano de lanamento de seus LPs, o que demonstra que a Globo no estava simplesmenteaproveitando sucessos consolidados, mas ajudando a forjar o Rock nacional. No entanto, aemissora carioca raramente lembrada como uma das foras que ajudaram a criar o gnero. Em parte isso se explica por que associar-se a Globo comprometer-se com o imaginriodo apoio aos ditadores. Tambm a memria da MPB procura no se atrelar s trilhas sonorasglobais, silenciando-se sobre esta associao. incmodo lidar com o paradoxo de cantar aresistncia e entrar na maior emissora do pas. A primeira obra a quebrar este silncio foi o livrode Paulo Cesar de Arajo, ao problematizar a produo da MPB diante do que era a produo daindstria cultural da poca, ou seja, a msica cafona dos anos 70 (Arajo, 2003). O autorpercebeu que a memria da MPB frequentemente procura se desvincular da associao ao 228 8. [O SERTO NA TELEVISO: MSICA SERTANEJA E REDE GLOBO * GUSTAVO ALONSO]mercado, embora tenha sido tambm ela, um produto comercial da cultura de massa,especialmente no incio de sua gestao nos anos 604.Se a Globo ajudou a difundir o rock nacional, o mesmo no se pode dizer acerca da msicasertaneja, cujo fortalecimento popular e mercadolgico no passou de forma decisiva portrmites legitimatrios das novelas globais. importante frisar que as novelas globais soimportantes veculos para popularizao de canes em todo territrio nacional em horrionobre, auxilio que no contemplou a msica sertaneja.No se pode dizer que a Globo foi contra a msica sertaneja ostensivamente, afinal ossertanejos se apresentaram em programas globais como Domingo do Fausto e Globo deOuro, assim como tiveram especiais de fim de ano produzidos pela emissora entre os anos de1990 e 1992. A Globo no se manteve alheia chegada do gnero s capitais do Sudeste, masmanteve discreta aceitao da msica sertaneja, bastante caracterstica de suas prpriasambigidades.A incorporao gradual da msica sertaneja levou a disputas internas naemissora. O diretor geral do ncleo de eventos e programas da emissora, Aloysio Legey, lembraque no foi fcil romper o padro Globo de especiais de fim de ano: Em 1995 tive que lutarpara convencer a cpula da Globo a fazer Amigos, o primeiro especial de fim de ano comduplas caipiras. O especial teve mais audincia que os de Xuxa, Roberto Carlos e Renato Arago5.O principal produto da empresa de Roberto Marinho so as novelas, exportadas para vriospases. A partir de 1973 a Globo comeou a criar aquilo que ficaria conhecido como padroGlobo de qualidade, um requisito bsico para toda sua programao. Dr. Roberto no queriaser um mero alienador das massas, como acusavam as esquerdas, mas tinha pretenseseducativas. Para atingir tal padro os dirigentes globais comearam uma limpeza. destapoca a demisso de Chacrinha, visto pelos diretores como por demais popularesco.Oapresentador s voltaria emissora uma dcada depois, mais limpo e contido. No campomusical o padro Globo de qualidade significou a incorporao da MPB s trilhas sonoras darede, em detrimento dos bregas, como enfatizou Paulo Cesar de Arajo. Como principaisvitrines da emissora, no foram considerados de bom tom pelos diretores globais, poisexpunham um pas sujo, exagerado, simples, banal. deste mesmo diagnstico quepadeceu, em parte, a msica sertaneja no inicio dos anos 1990.4O historiador Marcos Napolitano chegou a concluses semelhantes sem, no entanto, problematizar as trilhassonoras da emissora carioca (Napolitano, 2001).5Veja, Ouro na garganta, Veja, 19/05/1999. 229 9. Ano 1, n 1 | 2011, inverno[REVISTA CONTEMPORNEA DOSSI CONTEMPORANEIDADE]ISSN [2236-4846] A pequena proporo da msica sertaneja nas trilhas globais cumpre um papel fundamentalna construo da noo de bom-gosto almejada pela empresa de Roberto Marinho. Nestemesmo pacto estavam juntos os direitistas elitistas, que haviam apoiado o golpe e a ditadura, e asesquerdas que a ela se opuseram. Chama a ateno o fato de que o processo de virtual excluso da msica sertaneja dasnovelas nacionais no aconteceu somente na TV Globo. A TV Manchete produziu duas novelasde temtica rural exatamente no perodo de auge da msica sertaneja: em 1990, Pantanal fezmuito sucesso mostrando uma parte do pas at ento pouco conhecida por muitos brasileiros.No ano seguinte foi a vez de Ana Raio e Z Trovo, outro grande sucesso da emissora deArnaldo Bloch. No caso da primeira foram lanados trs LPs com canes de Ivan Lins, Simone, OrlandoMoraes, S & Guarabira, Joo Bosco, Maria Bethnia, Caetano Veloso e outros artistas todosligados ao mundo urbano da MPB. O terceiro LP da novela era de canes instrumentais (!),regidas e compostas pelo maestro Marcus Viana, que fizeram pano de fundo s belas imagens depaisagens pantaneiras que apareciam com freqncia nas telas de todo o pas. Os nicos msicosrurais a aparecer nas trilhas de Pantanal foram Srgio Reis e Almir Sater. No entanto cabeapontar que ambos se viam (e eram vistos pela MPB) com msicos caipiras, verdadeirosrepresentantes do campo brasileiro, opositores da msica sertaneja. Era clara a associaoconstruda pela TV Manchete que avalizava uma construo feita ao longo dos anos 1970/80acerca do elo MPB-caipiras. Na novela seguinte, Ana Raio e Z Trovo, a Manchete abriu espao para uma nicamsica de Chitozinho & Xoror, Cowboy do Asfalto, um grande sucesso da dupla. Foi a nicaexceo. Na trilha sonora composta por dois discos com msicas nacionais, o novo gnero deChitozinho & Xoror ficou meio deslocado entre Chico Buarque, Lenine, Marcus Viana, MariaBethnia, Almir Sater, Renato Borghetti, Marcus Viana, e outros. A cano Cowboy do Asfaltoera usada nas cenas de rodeio vivenciadas pelos personagens principais. Apesar do enormesucesso dos sertanejos exatamente neste perodo, a emissora Manchete ignorou as outras canesestouradas nas rdios populares. De forma que a poltica da Globo em relao, importante frisar, no era simplesmenteos desmandos de alguns poucos diretores ou do chefe geral Roberto Marinho. Tratava-se de umaforma de analisar a produo musical brasileira do perodo, prtica que era reproduzida emoutras emissoras e rgos da imprensa em geral. Jornais e revistas das classes mdias e altas do 230 10. [O SERTO NA TELEVISO: MSICA SERTANEJA E REDE GLOBO *GUSTAVO ALONSO]pas por longos perodos evitaram falar no sucesso popularesco dos sertanejos, e quando ofaziam era sempre num tom de desprezo e pouco compreensivo com o fenmeno social em tornodaqueles artistas que surgiam.Para se ter uma ideia do que est se falando aqui, basta citar o exemplo do Jornal doBrasil. Em meados da dcada de 1980, quando o dirio passou por uma grande reformulao.Sob o comando de Zuenir Ventura a partir de 1986, o Caderno B se modernizou. Passou apublicar com frequncia textos de personalidades da msica e incorporou o rock nacional, antesodiado. Jornalista como Arthur Dapieve, Luiz Carlos Mansur e Jamari Frana passaram aescrever com frequncia, defendendo rock at ento muito combatido pelo tradicional jornalSe o Rock se tornava aceitvel para o jornal mais tradicional do Rio de Janeiro, o mesmono se pode dizer sobre a msica sertaneja. No incio da dcada de 1980 o jornalista poltico doJornal do Brasil, Ricardo Kotscho, ficou espantado com o sucesso de Chitozinho e Xoror portodo o pas e props uma reportagem ao editor Zuenir Ventura: Num frila [reportagem free-lance] que fui fazer no Sul, acompanhando as andanas de uma dupla sertaneja desconhecida, pelo menos para mim, assisti ao surgimento de um novo fenmeno musical. A dupla atendia pelo nome artstico de Chitozinho e Xoror. Viajavam num nibus branco sem luxos e por onde passavam atraam multides, que cantavam junto com eles seu primeiro sucesso: Fio de cabelo. Propus a histria ao meu amigo Zuenir Ventura, mestre de todos ns, mas ele no quis nem saber: L vem voc com essa histria de caipira paulista. Aqui no meu caderno, no. Num fim de semana em que o velho Zu estava de folga, tramei a publicao da matria com seu adjunto, Paulo Adrio, caipira de So Paulo (KOTSCHO, 2006: 147-8)6.De fato, aps essa matria inicial Kotscho fez algumas reportagens sobre a msicasertaneja. Apesar da simpatia, numa das reportagens mais eloquentes, intitulada A explososertaneja, a matria do experiente jornalista era aberta com fotos de Milionrio & Jos Rico eChrystian & Ralf. Ao lado do texto, antes da frase inicial, havia o desenho de um pingim (degeladeira) e a palavra Brega, de forma a demarcar aos leitores do jornal a fria que era a talonda sertaneja7.Apesar das claras diferenas polticas de um Jornal do Brasil e da TV Globo, por exemplo,suas posturas estticas eram muito semelhantes. Constata-se assim que a prtica global dedesprezar sucessos populares de determinada vertente no era um ato isolado, mas um ethos6A matria a qual se refere Kotscho foi realizada no festival Discoviso, promovido em Canela, Rio Grande do Sul,em 1983.7A exploso sertaneja, Jornal do Brasil, 24/04/1987. 231 11. Ano 1, n 1 | 2011, inverno[REVISTA CONTEMPORNEA DOSSI CONTEMPORANEIDADE] ISSN [2236-4846]incorporado em grande parte das classes mdias e altas e seus meios de comunicao, noobstante as diferenas polticas destes meios.Este quase silncio acerca dos grandes sucessos sertanejos por parte da Globo durou pelomenos at 1996. Em 23 de dezembro de 1995 foi ao ar o primeiro programa Amigos, umprograma de fim de ano dos sertanejos. Quando se fala dos sertanejos, a principal lembrana dosenso comum apela a este programa, que era um especial de fim de ano sem o peso depenetrao como o de uma novela. Ainda assim, o Amigos se tornaria semanal apenas em seultimo ano, 1999.Especiais globais de fim de ano no eram novidades para os sertanejos. As principaisduplas j tinham tido programas de fim de ano na emissora: Chitozinho & Xoror em 1990 e1992, Zez Di Camargo & Luciano em 1991 e Leandro & Leonardo em 1991 e 1992 (este ltimoum programa mensal). A grande diferena da incorporao global em 1996 foi que neste anouma trilha de novela marcou a virada das televises brasileiras acerca da msica sertaneja: O Reido Gado. O folhetim de Benedito Ruy Barbosa, veiculada de 17 de junho de 1996 a 15 defevereiro de 1997, num total de 209 captulos, foi o responsvel pela incorporao da msicasertaneja Rede Globo de Televiso.Quase todos os grandes nomes sertanejos estavampresentes, de Chitozinho & Xoror a Roberta Miranda, Zez Di Camargo & Luciano a Leandro& Leonardo, de Joo Paulo & Daniel a Chrystian e Ralf. Pela primeira vez os sertanejosentraram em definitivo no horrio nobre, ainda que misturados a nomes da MPB como OrlandoMoares, Djavan, Z Ramalho, Dominguinhos e cantores caipiras como Almir Sater e SrgioReis, que faziam ponta na novela como a dupla fictcia Pirilampo e Saracura.A partir de O Rei do Gado tornou-se relativamente normal incorporar os cantoressertanejos. No entanto cabe lembrar que em 1996 a msica sertaneja j no estava to emevidencia como no inicio da dcada, apesar de ainda continuar forte. No fim das contas a Globodemorou para incorporar os sertanejos. Depois desta data tentou compensar: msicas sertanejasestiveram presentes em Vira-lata (1996), O amor esta no ar (1997), Era uma vez (1998), Torrede Babel (1998-1999), Terra Nostra (1999-2000), Amaznia (2007), Chocalate com Pimenta(2003-2004), Amrica (2005) e A favorita (2009), alm da trilha do seriado Carga Pesada(2003). As outras emissoras tambm incorporaram os sertanejos em suas novelas. Na TVRecord a trilha de Estrela de fogo (1998-1999) era quase que integralmente composta de msicassertanejas; o SBT produziu a novela Amor e dio (2002), que tinha abertura cantada por 232 12. [O SERTO NA TELEVISO: MSICA SERTANEJA E REDE GLOBO * GUSTAVO ALONSO]Christian e Ralf; na novela Jamais te esquecerei (2003) havia participao de Chitozinho &Xoror, Chrystian & Ralf e Guilherme & Santiago na trilha sonora.Mas voltemos a Victor & Lo. A cano da abertura, a melanclica Deus e eu no serto,no foi a primeira a ser adaptada pelos diretores globais. Um ano antes Tem que ser voc jhavia tocado na novela A favorita. Alis, esta novela denota uma transio na produo detrilhas globais. Pela primeira vez, alm dos tradicionais discos com canes nacionais einternacionais, foi lanado o disco A favorita Sertanejo. A msica sertaneja ganhava maisespao: de Chitozinho & Xoror a Rud & Robson, de Leonardo a Daniel, de Roberta Miranda aJorge & Matheus, de Edson & Hudson a Bruno & Marrone, de Victor & Renan a Hugo Pena &Gabriel, um novo espao foi produzido pela emissora para veicular novos artistas que surgiam.No apenas na trilha, mas o prprio melodrama incorporou a temtica das desavenas de umadupla sertaneja feminina desfeita pelo destino. O serto estava na televiso.A trilha de Paraso (2009) tambm foi na mesma linha, mas neste caso foram dois discossomente com canes sertanejas que serviam de trilha para a novela rural. Quase vinte anosdepois do primeiro boom dos msicos sertanejos, a Globo aceitou e incorporou em definitivo onovo gnero.Paraso era uma refilmagem da novela homnima de 1982, escrita por Benedito RuyBarbosa. Na primeira estavam presentes Srgio Reis, Almir Sater, Z Geraldo, GuilhermeLamounier, todos eles identificados ao mundo caipira, e artistas da MPB como Jorge Bem eNey Matogrosso. Os nicos sertanejos daquela poca presentes na trilha eram Milionrio & JosRico, com Minha paixo. A cano da dupla foi lanada originalmente no LP de 1979, trs anosantes da TV Globo a incorporar, de forma que a Globo pouco ajudou a promover a msica. Oque chamou a ateno dos diretores globais para Milionrio & Jos Rico foi o sucesso nacional einternacional de Estrada da vida, cano e filme de mesmo nome, que levou a dupla a cantar,literalmente, at na China8. Nos CDs de Paraso da verso de 2009 os sertanejos foram forra etomaram a dianteira no nmero de canes, mas ainda convivendo com os caipiras Srgio Reis eAlmir Sater. As fronteiras entre sertanejos e caipiras parecia estar perdendo o sentido.No obstante, curioso que o tema de abertura de Deus e eu no serto seja bastante triste,saudosista e ligada a uma matriz temtica caipira, embora a dupla tenha claramente umapostura moderna diante do debate esttico do sertanejo atual.No obstante, o fato de a Globo8Em 1984 a Milionrio & Jos rico visitaram a China e fizeram uma srie de shows a convite do governo chinsque, estimulado pelo sucesso popular do filme da dupla entre os cidados chineses, resolveu chama-los. Os reissertanejos. Veja, 24/09/1986. 233 13. Ano 1, n 1 | 2011, inverno[REVISTA CONTEMPORNEA DOSSI CONTEMPORANEIDADE]ISSN [2236-4846]ainda preferir um tema nostlgico de Victor & Lo para embalar um enredo sobre uma roaverdadeira parece demonstrar um rano global cultivado por anos. Cabe perguntar: qual aimportncia de apontar uma verdade sobre o campo e/ou o campons? Ou, num questionamentoa la Bourdieu: qual o campo do campo?Nunca vi ningum Viver to felizComo eu no sertoPerto de uma mata E de um ribeiroDeus e eu no sertoCasa simplesinha Rede pra dormir De noite um show no cu Deito pra assistir Deus e eu no serto Das horas no seiMas vejo o claro L vou eu cuidar do choTrabalho cantandoA terra a inspirao Deus e eu no serto No h solido Tem festa l na vila Depois da missa vouVer minha meninaDe volta pra casa Queima a lenha no fogo E junto ao som da mata Vou eu e um violoDeus e eu no serto...BibliografiaARAJO, Paulo Cesar de. Eu no sou cachorro, no: msica popular cafona e ditadura militar.Rio de Janeiro: Record, 2003.ALONSO, Gustavo. Simonal : Quem no tem swing morre com a boca cheia de formiga. Riode Janeiro: Record. (no prelo)234 14. [O SERTO NA TELEVISO: MSICA SERTANEJA E REDE GLOBO * GUSTAVO ALONSO]ALONSO, Gustavo. O per da resistncia In: Pieiro, Tho Lobarinhas & Motta, Marcia.Histria do Rio de Janeiro, vol. 3. (no prelo, 2011) ou atravs do stio:http://www.historia.uff.br/nec/se%C3%A7%C3%B5es/artigosALONSO, Gustavo. Quando a verso mais interessante que o fato: a construo do mitoChico Buarque. In: Rolland, Denis; Reis Filho, Daniel Aaro. Intelectuais e modernidades.Rio de Janeiro: FGV. 2010; ou atravs do stio:http://www.historia.uff.br/nec/se%C3%A7%C3%B5es/artigosKOTSCHO, Ricardo. Do golpe ao planalto. So Paulo: Companhia das Letras, 2006.NEIVA, Ana Lucia. Chitozinho e Xoror: Nascemos para cantar. Prmio. So Paulo. 2002.NEPOMUCENO, Rosa. Musica caipira: da roa ao rodeio. Editora 34. So Paulo. 1999.DAPIEVE, Arthur. BRock: o rock brasileiro dos anos 80. So Paulo: Editora 34, 1995.NAPOLITANO, Marcos. Seguindo a cano: engajamento poltico e indstria cultural na MPB(1959-1969). So Paulo: Annablume/FAPESP. 2001.QUADRAT, Samantha Viz.. El Brock y la memoria de los aos de plomo en el Brasildemocrtico. In: JELIN, Elizabeth e LONGONI, Ana (orgs.). Escrituras, imgenes y escenariosante la represin. Buenos Aires: Siglo XXI, 2005.Sites ConsultadosECAD: http://www.ecad.org.br/ViewController/publico/RankingAutoral.aspx - consulta em10/01/2011Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=-ZX6C5wT00g (Abertura da novela Paraso) consulta em 10/01/2011.235